os poemas do hugo serra

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Escola Secundária Artística António Arroio Ano Lectivo 2007/2008 Português

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trabalho para a disciplina de português - 2º período - 2008

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Page 1: os poemas do Hugo Serra

Escola Secundária Artística António ArroioAno Lectivo 2007/2008

Português

Hugo Serra10ºf nº9

Page 2: os poemas do Hugo Serra

Introdução

Nesta Antologia Poética decidi pôr o máximo de poemas “desconhecidos”, ou seja, não colocar só poemas que já conhecia, mas “lançar-me” na pesquisa de novos textos, e talvez de novos autores. Outro dos meus objectivos era ter um fio condutor ao longo de toda a Antologia Poética, era que cada poema tivesse um ou outro aspecto relacionado com o poema anterior ou o poema seguinte.

Da pesquisa efectuada, e consequente selecção reflexiva, decidi que o tema seria «auto-retratos», pois penso que neste tipo de escrita – e ainda que «o poeta seja um fingidor» – existe uma maior e mais acentuada implicação do poeta, ele mesmo, ao pensar e reflectir sobre si próprio, no que quer mostrar, no que quer esconder.

Page 3: os poemas do Hugo Serra

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.Finge tão completamenteQue chega a fingir que é dorA dor que deveras sente.E os que lêem o que escreve,Na dor lida sentem bem,Não as duas que ele teve,Mas só a que eles não têm.E assim nas calhas de rodaGira, a entreter a razão,Esse comboio de cordaQue se chama coração.

Fernando Pessoa

Almada Negreiros, Retrato do Poeta Fernando Pessoa

Page 4: os poemas do Hugo Serra

Auto-Retrato

O’Neil (Alexandre), moreno português,cabelo asa de corvo; da angústia da cara,nariguete que sobrepuja de atravésa ferida desdenhosa e não cicatrizada.Se a visagem de tal sujeito é o que vês(omita-se o olho triste e a testa iluminada)o retrato moral também tem os seus quês(aqui, uma pequena frase censurada…)No amor? No amor crê (ou não fosse ele O’Neil!)e tem velocidade de o saber fazer(pois no amor não há feito) das maneiras milque a semovente estátua do prazer

Mas sofre de ternura, bebe de mais e ri-sedo que neste soneto sobre si mesmo disse…

Alexandre O’Neil

Page 5: os poemas do Hugo Serra

Magro, de olhos azuis, carão moreno,

Magro, de olhos azuis, carão moreno,Bem servido de pés, meão de altura,Triste de facha, o mesmo de figura,Nariz alto no meio, e não pequeno;Incapaz de assistir num só terreno,Mais propenso ao furor do que à ternura;Bebendo em níveas mãos, por taça escura,De zelos infernais letal veneno;Devoto incensador de mil deidades(Digo de moças mil) num só momento,E somente no altar amando os frades,Eis Bocage em quem luz algum talento;Saíram dele estas verdades,Num dia em que se achou mais pachorrento.

Manuel Maria Barbosa du Bocage

Page 6: os poemas do Hugo Serra

Retrato Talvez Saudoso da Menina Insular

Tinha o tamanho da praia o corpo era de areia. E ele próprio era o início do mar que o continuava. Destino de água salgada principiado na veia.

E quando as mãos se estenderama todo o seu comprimentoe quando os olhos desceram a toda a sua fundura teve o sinal que anuncia o sonho da criatura.

Largou o sonho nos barcos que dos seus dedos partiam que dos seus dedos paisagens países antecediam.

E quando o seu corpo se ergueu Voltado para o desengano só ficou tranqüilidade na linha daquele além.Guardada na claridade do olhar

Natália Correia

Natália correia por Artur Bual

Doces águas e claras do Mondego

Page 7: os poemas do Hugo Serra

Doces águas e claras do Mondego,doce repouso de minha lembrança,onde a comprida e pérfida esperançalongo tempo após si me trouxe cego:  de vós me aparto; mas porém não negoque inda a memória longa, que me alcança,me não deixa de vós fazer mudança;mas quanto mais me alongo, mais me achego.  Bem pudera Fortuna este instrumentod'alma levar por terra nova e estranha,oferecido ao mar remoto e vento;  mas alma, que de cá vos acompanha,nas asas do ligeiro pensamento,para vós, águas, voa, e em vós se banha

Luís de Camões

“Camões em Goa”, Júlio Pomar

Identidade

Page 8: os poemas do Hugo Serra

Matei a lua e o luar difuso. Quero os versos de ferro e de cimento. E em vez de rimas, uso As consonâncias que ha no sofrimento.

Universal e aberto, o meu instinto acode A todo o coração que se debate aflito. E luta como sabe e como pode: Da beleza e sentido a cada grito.

Mas como as inscrições nas penedias Tem maior duração, Gasto as horas e os dias A endurecer a forma da emoção.

Miguel Torga

Retrato de Miguel Torga a carvão de Isolino Vaz

Auto-Retrato

Page 9: os poemas do Hugo Serra

Poeta é certo mas de cetineta fulgurante de mais para alguns olhosbom artesão na arte da provetanarciso de lombardas e repolhos.

Cozido à portuguesa mais as carnessuculentas da auto-importânciacom toicinho e talento ambas partesdo meu caldo entornado na infância.

Nos olhos uma folha de hortelãque é verde como a esperança que amanhãamanheça de vez a desventura.

Poeta de combate disparatepalavrão de machão no escaparteporém morrendo aos poucos de ternura.

Ary dos Santos

Auto-retrato

Page 10: os poemas do Hugo Serra

Este que vês, de cores desprovido,

o meu retrato sem primores ée dos falsos temores já despidoem sua luz oculta põe a fé.

Do oculto sentido dolorido,este que vês, lúcido espelho ée do passado o grito reduzido,o estrago oculto pela mão da fé.

Oculto nele e nele convertidodo tempo ido excusa o cruel trato,que o tempo em tudo apaga o sentido;

E do meu sonho transformado em acto,do engano do mundo já despido,este que vês, é o meu retrato.

Ana Hatherly

Pintura de Ana hatherly

Ergo-me pederasta apupado de imbecis,

Page 11: os poemas do Hugo Serra

Ergo-me pederasta apupado de imbecis,divinizo-Me Meretriz, ex-libris do Pecado,e odeio tudo o que não Me é por Me rirem o Eu!Satanizo-me Tara na Vara de Moisés! O castigo das serpentes é-me riso nos dentes, Inferno a arder o Meu cantar! (...) Tu, que te dizes Homem! (...) Vai vivendo a bestialidade na Noite dos meus olhos, vai inchando a tua ambição-toiro 'té que a barriga te rebente rã. (...) Hei-de, entretanto, gastar a garganta a insultar-te, ó besta! (...) Tu chegas sempre primeiro... Eu volto sempre amanhã... Agora vou esperar que morras. (...) E vós também, nojentos da Polític que explorais eleitos o patriotismo! Maquereaux da Pátria que vos pariu ingénuos e vos amortalha infames! E vós também, pindéricos jornalistas que fazeis cócegas e outras coisas à opinião pública! (...) Ah! Que eu sinto claramente que nasci de uma praga de ciúmes. Eu sou as sete pragas sobre o Nilo e a alma dos Bórgias a penar!«A Cena do Ódio», excerto

Almada Negreiros

Auto-retrato de Almada Negreiros

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior

Ser poeta é ser mais alto, é ser maiorDo que os homens! Morder como quem beija!

Page 12: os poemas do Hugo Serra

É ser mendigo e dar como quem sejaRei do Reino de Áquem e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendorE não saber sequer que se deseja!É ter cá dentro um astro que flameja,É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...É seres alma, e sangue, e vida em mimE dizê-lo cantando a toda a gente!

Florbela Espanca

Garota de Ipanema

Olha que coisa mais linda

Mais cheia de graçaé ela menina, que vem e que passa

Page 13: os poemas do Hugo Serra

Num doce balanço a caminho do mar

Moça do corpo douradoDo sol de IpanemaO seu balançado é mais que um poemaé a coisa mais linda que já vi passar

Ai! Como estou tão sozinhoAi! Como tudo é tão tristeAi! A beleza que existe A beleza que não é só minhaE também passa sozinha

Ai! Se ela soubesse que quando ela passaO mundo inteirinho se enche de graçaE fica mais lindo por causa do amor

Só por causa do amor...

Vinicius de Moraes

Retrato de Natália

Hierática cromática socráticapassas branca de neve pela salanebulosa de pele via lácteado único percurso que nos falta.

Page 14: os poemas do Hugo Serra

No teu andar há ventres há tecidosde leve lã circuitos do brocadoduma seda tecida na manhãdos raios dos teus olhos deslumbrados.

Nos teus quadris há cisnes há pescoçosde virgens degoladas há indíciosdo alabastro quente dos teus ossosiluminando claros precipícios.

É isso. Um vestal iluminadauma deusa rangendo uma secretaporta barroca aberta para o nadaque é o docel da cama do poeta.

Ali deitas crianças animaisgemidos e maçãs vagidos atletaspois que amas as coisas naturaiscom a tua carne impúbere e erecta,

Porém tu acalentas tu alentasnossa senhora lenta mãe do escândaloave de carne lírio de placentacom aroma de nardos e de sândalo.

Desinfectante e amante eis que transformasem teus olhos de cânfora as orgiase o teu corpo ânfora é a formaem que a lira da noite vaza o dia.

Alexandre O’Neil

fanny

fanny, a grande

amiga de minha mãe,ossuda, esgalgada,de cabelo escuro e curto,e filha de uma inglesa, 

Page 15: os poemas do Hugo Serra

tinha um sentido práticoextraordinário e eramuito emancipada, paraos costumes da fozdaquele tempo. 

uma vez, estandosozinha no cinema, sentiua mão do homem aseu lado deslizar-lhepela coxa prestou-se a isso e 

deixou-a estar assim,com toda a placidez. mas abriudiscretamente a carteira de pelica,tirou a tesourinha das unhase quando a mão no escuro

se imobilizou mais tépida,apunhalou-a num gestoseco, enérgico, cirúrgico.o homem deu um saltopor sobre os assentos e

fugiu num súbitorelincho damão furada.fanny foi semprede um grande despacho,

na sua solidão muitoocupada num escritório. um diaatirou-se da janelado quinto andare pronto.

Vasco Graça Moura

Mal nos conhecemos

Mal nos conhecemos Inauguramos a palavra amigo! Amigo é um sorriso De boca em boca,Um olhar bem limpo Uma casa, mesmo modesta, que se oferece.Um coração pronto a pulsarNa nossa mão!

Page 16: os poemas do Hugo Serra

Amigo (recordam-se, vocês aí,Escrupulosos detritos?) Amigo é o contrário de inimigo!Amigo é o erro corrigido, Não o erro perseguido, explorado. É a verdade partilhada, praticada. Amigo é a solidão derrotada! Amigo é uma grande tarefa, Um trabalho sem fim,Um espaço útil, um tempo fértil,Amigo vai ser, é já uma grande festa!

Alexandre O'Neill

Anjo ésAnjo és tu, que esse poder Jamais o teve mulher, Jamais o há-de ter em mim. Anjo és, que me domina Teu ser o meu ser sem fim; Minha razão insolente Ao teu capricho se inclina, E minha alma forte, ardente, Que nenhum jugo respeita, Covardemente sujeita

Page 17: os poemas do Hugo Serra

Anda humilde a teu poder. Anjo és tu, não és mulher.

Anjo és.Mas que anjo és tu? Em tua fronte anuviada Não vejo a c´roa nevada Das alvas rosas do céu. Em teu seio ardente e nu Não vejo ondear o véu Com que o sôfrego pudor Vela os mistérios d`amor. Teus olhos têm negra a cor, Cor de noite sem estrela; A é chama vivaz e é bela, Mas luz não têm.-Que anjo és tu? Em nome de quem vieste? Paz ou guerra me trouxeste De Jeová ou Belzebu?

Não respondes- e em teus braços Com frenéticos abraços Me tens apertado, estreito!... Isto que me cai no peito Que foi?...-Lágrimas?-Escaldou-me... Queima, abrasa, ulcera...Dou-me, Dou-me a ti, anjo maldito, Que este ardor que me devora É já fogo de precito, Fogo eterno, que em má hora Trouxeste de lá... De onde? Em que mistérios se esconde Teu fatal, estranho ser! Anjo és tu ou és mulher?

Almeida Garrett

porque os outros se mascaram mas tu não

Porque os outros se mascaram mas tu nãoPorque os outros usam a virtudePara comprar o que não tem perdãoPorque os outros têm medo mas tu nãoPorque os outros são os túmulos caiadosOnde germina calada a podridãoPorque os outros se calam mas tu não

Porque os outros se compram e se vendemE os seus gestos dão sempre dividendoPorque os outros são hábeis mas tu não

Page 18: os poemas do Hugo Serra

Porque os outros vão à sombra dos abrigosE tu vais de mãos dadas com os perigosPorque os outros calculam mas tu não.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Fernando Pessoa

Teu canto justo que desdenha as sombrasLimpo de vida viúvo de pessoaTeu corajoso ousar não ser ninguémTua navegação com bússola e sem astrosNo mar indefinidoTeu exacto conhecimento impossessivo.

Criaram teu poema arquitecturaE és semelhante a um deus de quatro rostosE és semelhante a um deus de muitos nomesCariátide de ausência isento de destinos

Page 19: os poemas do Hugo Serra

Invocando a presença já perdidaE dizendo sobre a fuga dos caminhosQue foste como as ervas não colhidas.

Sophia de Mello Breyner Andresen

As pessoas sensíveis

As pessoas sensíveisAs pessoas sensíveis não são capazesDe matar galinhas Porém são capazes De comer galinhas

O dinheiro cheira a pobre e cheiraÀ roupa do seu corpoAquela roupaQue depois da chuva secou sobre o corpoPorque não tinham outraO dinheiro cheira a pobre e cheira

Page 20: os poemas do Hugo Serra

A roupaQue depois do suor não foi lavadaPorque não tinham outra

"Ganharás o pão com o suor do teu rosto"Assim nos foi impostoE não:"Com o suor dos outros ganharás o pão".

Ó vendilhões do temploÓ construtores Das grandes estátuas balofas e pesadasÓ cheios de devoção e de proveito

Perdoai-lhes SenhorPorque eles sabem o que fazem.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Retrato do herói

Herói é quem no muro branco inscreveO fogo da palavra que o liberta:Sangue do homem novo que diz povoE morre devagar de morte certa.

Homem é quem anónimo por levelhe ser o nome próprio traz abertaa alma à fome fechado o corpo ao breveinstante em que a denúncia fica alerta.

Herói é quem morrendo perfilado

Page 21: os poemas do Hugo Serra

Não é santo nem mártir nem soldadoMas apenas por último indefeso.

Homem é quem tombando apavoradodá o sangue ao futuro e fica ilesopois lutando apagado morre aceso.

Manuel Alegre

Testamento do Poeta

Todo esse vosso esforço é vão, amigos: Não sou dos que se aceita... a não ser mortos. Demais, já desisti de quaisquer portos; Não peço a vossa esmola de mendigos.

O mesmo vos direi, sonhos antigos De amor! olhos nos meus outrora absortos! Corpos já hoje inchados, velhos, tortos, Que fostes o melhor dos meus pascigos!

E o mesmo digo a tudo e a todos, - hoje Que tudo e todos vejo reduzidos, E ao meu próprio Deus nego, e o ar me foge.

Page 22: os poemas do Hugo Serra

Para reaver, porém, todo o Universo, E amar! e crer! e achar meus mil sentidos!.... Basta-me o gesto de contar um verso.

José Régio

Análise de Poema “Porque”

Page 23: os poemas do Hugo Serra

Este poema está inserido numa das linhas temáticas da poesia de Sophia de Mello Breyner Andersen a qual denuncia as injustiças e desigualdades sociais.

O próprio título “Porque” reforça, através da anáfora, a ideia desenvolvida ao longo do poema. Deste modo, parece haver um diálogo entre o sujeito poético e um “tu”, que aparece no primeiro e último versos da primeira estrofe, assim como no último verso das estrofes seguintes.

O sujeito poético põe em evidência as virtudes e qualidades do outro, mostrando um verdadeiro sentimento de admiração, o que nos leva a pensar poder tratar-se de um amigo íntimo. Deste modo, verifica-se uma atitude muito contrastante em relação aos outros e à pessoa amada, nomeadamente através da conjunção adversativa “mas”.

O sujeito poético denuncia a falsidade , “Porque os outros se mascaram”, a astúcia “Porque os outros usam a virtude/Para comprar o que não tem perdão” ( o sujeito poético poderá referir—-se à honra, honestidade, etc.), logo é referido o receio que os outros têm em demonstrar o verdadeiro eu, ao contrário do tu. Os outros são hipócritas ao oferecerem apenas a aparência.

Na segunda estrofe é reforçada a ideia da corrupção, nomeadamente no primeiro e segundo versos, uma vez que os túmulos caiados significam o disfarce, assim sendo simbolizam os segredos, dando uma imagem de hipocrisia, onde está mais explicita esta critica é no segundo verso da segunda estrofe.

Deste modo verifica-se que todo o poema é de intervenção social.

Enquanto os outros se disfarçam para esconder os seus defeitos e pecados, o tu confronta as pessoas com a verdade sem medo de represálias. Assim sendo o tu pode representar aquele que denuncia as injustiças sociais.

Na terceira estrofe verifica-se novamente uma enumeração e oposição de atitudes, logo existe uma crítica ao oportunismo, “Porque os outros se compram e se vendem” e ao calculismo “ E os seu gestos dão sempre dividendo”. Verifica-se ainda no terceiro verso da terceira estrofe novamente a astúcia dos outros que planeiam sempre as suas acções com vista ao lucro.

O vocábulo “abrigo” existente no primeiro verso da quarta estrofe simboliza a dissimulação das acções, visto estas serem feitas às escondidas, a atitude do tu é contrastante com a dos outros, visto este não planear as suas acções independentemente do resultado. O tu é corajoso, pois não tem receio de denunciar as injustiças, dai que o verso diga “E tu vais de mãos dadas com os perigos”

Page 24: os poemas do Hugo Serra

O último verso da quarta estrofe reforça a ideia expressa onde os outros planeiam para atingir lucros ao contrário do tu, este tem uma atitude honesta ao longo de todo o poema.

A figura de estilo mais marcante é a repetição anafórica da conjunção “porque”, para enumerar os defeitos dos outros, as antíteses para mostrar as diferenças entre o comportamento dos outros e do tu e ainda a metáfora “os outros são os túmulos caiados”.

Comentário

Page 25: os poemas do Hugo Serra

Como já referi na Introdução, nesta Antologia Poética tentei ter um fio condutor, que neste caso foi o tema, que pretendi fosse o auto-retrato, mas como no processo de pesquisa não consegui encontrar os vinte poemas exigidos, para não “fugir” muito ao que me havia auto estabelecido, resolvi colocar também poemas em que o poeta escreve sobre pessoas, as suas relações e acções.

Na minha opinião quando um poeta, ou um artista (para o caso de não se considerar um poeta um artista), faz um auto-retrato tem de fazer uma introspecção, e no resultado final poderá ver-se aspectos da vida do autor que o marcaram e que o ajudaram a ser quem é nesse momento em que escreve, pinta, etc.