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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
NÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO - CURITIBA
NELI ALVES DOS SANTOS PISETTA
A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO DE CAMPO NO ENSINO DE GEOGRAFIA
CURITIBA-PR
2014
2
NELI ALVES DOS SANTOS PISETTA
A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO DE CAMPO NO ENSINO DE GEOGRAFIA
Artigo apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional, Diretoria de Políticas e Programas Educacionais, Superintendência da Educação, Secretaria de Estado da Educação do Paraná, como requisito para obtenção do nível III do Plano de Carreira do Magistério Estadual. Orientadora: Profª Drª Helena Midori Kashiwagi
CURITIBA-PR
2014
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A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO DE CAMPO NO ENSINO DE GEOGRAFIA
Neli Alves dos Santos Pisetta1
Helena Midori Kashiwagi2
RESUMO:
As aulas de campo como prática pedagógica no ensino de Geografia servem para atrair a
atenção e interesse dos estudantes principalmente da escola básica, com o intuito de
melhorar o ensino e aprendizagem. Nesse contexto, as viagens pedagógicas são uma
tendência na área da Educação, onde a integração, socialização não ocorrem apenas entre
educadores e estudantes, mas também das famílias com a escola. Já a visita científica
monitorada contribui no processo de ensino e aprendizagem a partir de atividades práticas
que estimulam a observação e permitem aos estudantes a socialização e assimilação dos
conteúdos. A pesquisa teve como objeto de investigação os alunos do nono ano do Ensino
Fundamental do Colégio Estadual São Pedro Apóstolo, município de Curitiba – Paraná.
Nessa abordagem teórico-prática os estudantes participaram em duas etapas diferentes: na
teoria pesquisa sobre o lugar de interesse, nesse caso o Parque Estadual de Vila Velha, e
na prática o trabalho de campo, com foco na observação da paisagem local.
PALAVRAS-CHAVE: Trabalho de Campo. Viagens Pedagógicas. Visita Científica. Vila
Velha.
ABSTRACT:
The field classes as a pedagogical practice serve to attract the attention and interest of
students mainly from primary schools in order to improve teaching and learning. For this, the
educational trips are a trend in education, where integration, socialization occurs not only
between teachers and students, but also integrates families to school. Normally, scientific
guided tour, should help in the teaching and learning process through practical activities that
encourage observation and enable students to socialize and assimilate the contents. The
research had as its object of research students in the ninth year of Elementary Education
State School St. Peter the Apostle municipality of Curitiba - Paraná. In this theoretical-
practical approach students participate in two different stages: research on the place of
interest, in case the State Park of Vila Velha and following the fieldwork, focusing on
observation of the local landscape.
KEYWORDS: Fieldwork. Educational Trips. Scientific Visit. Vila Velha.
1 Licenciada em Geografia. Professora de Geografia do Colégio Estadual São Pedro Apóstolo, da Secretaria de Estado do Paraná (SEED-PR). Trabalho Final resultante do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola para conclusão do Programa de Desenvolvimento Educacional PDE/SEED 2013/2014. E-mail: [email protected]
2 Arquiteta e Urbanista pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Mestre e Doutora em Geografia pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFPR. Atualmente professora de Planejamento Urbano no Setor Litoral da Universidade Federal do Paraná e professora colaboradora no PDE/SEED 2013/2014.
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1 INTRODUÇÃO
Este artigo, proposto no âmbito do Programa de Desenvolvimento
Educacional (PDE) da Secretaria de Educação do Estado do Paraná (SEEDPR),
turma 2013-2014, foi desenvolvido junto ao Departamento de Geografia da
Universidade Federal do Paraná. Nele analisa-se o resultado da implementação do
Projeto de Intervenção Pedagógica, realizado no Colégio Estadual São Pedro
Apóstolo, em Curitiba, tendo como título: “A importância do trabalho de campo no
ensino da Geografia”, e apresenta uma metodologia de ensino que possibilita o
ensino de Geografia para além da simples exposição mecânica dos conteúdos em
sala de aula.
Importante elemento para o desenvolvimento do processo de ensino-
aprendizagem, o trabalho de campo permite ao aluno compreender aspectos de
realidades complexas a partir de elementos empíricos, além de dinamizar o trabalho
do professor e viabilizar uma articulação teórico-prática entre os conteúdos
trabalhados em sala de aula e as observações sobre o lugar visitado.
O local escolhido para esta proposta, a realização de um trabalho de campo,
foi o Parque Estadual de Vila Velha, principal atrativo natural do Município de Ponta
Grossa/PR.
O acesso ao Parque Vila Velha é fácil, e sua visitação possibilita a
compreensão de vários conceitos trabalhados na disciplina de Geografia.
Entretanto, não são todos os alunos que têm ou já tiveram a oportunidade de
conhecer esse patrimônio natural paranaense e, tampouco, de estudá-lo in loco. Por
outro lado, é notória entre os professores de Geografia a dificuldade de transpor
para a sala de aula, aspectos característicos de um determinado local ou região,
mesmo com as facilidades trazidas pelos recursos visuais; acrescenta-se ainda a
percepção de que muitos alunos se sentem entediados nas aulas da disciplina, por
não poder interagir diretamente com o objeto de estudo.
Esse é um problema para o qual as soluções didáticas interessam aos
professores de Geografia e, principalmente, aos alunos, haja vista os benefícios
decorrentes do ensino pautado pelo estudo de campo.
Assim, as atividades propostas estão relacionadas com os conceitos de
lugar, paisagem e natureza, os quais ao serem aplicados articulados ao trabalho de
5
campo, proporcionam uma compreensão analítica do ambiente, sem perder o olhar
local, agregando valores e desenvolvendo atitudes conscientes e participativas em
relação aos espaços diferenciados que compõe o Parque Estadual de Vila Velha.
A fundamentação teórico/prática da Unidade Didática compreende
conteúdos trabalhados por meio de leituras e discussões que propiciam a
construção de conhecimentos referentes à pesquisa realizada e o trabalho in loco,
enriquecidos com o auxílio de palestras, questionários, oficinas e seminários.
No desenvolvimento das atividades propostas nesta Unidade Didática, far-
se-á, também uma abordagem qualitativa, utilizando como metodologia a
observação participativa dos alunos durante as aulas em sala e em campo.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
Apresentam-se, a seguir, informações referentes ao estudo de campo;
trabalho de campo; conceitos de lugar, paisagem e natureza sob a perspectiva da
Geografia; e o Parque Estadual de Vila Velha.
2.1 ESTUDO DE CAMPO: CONCEITOS E INFORMAÇÕES
O estudo de campo é, por definição, uma metodologia de trabalho que tem
como instrumento a observação, pois é a partir dessa e das reflexões que ela enseja
que emerge a consciência que tudo é formado a partir da relação de
interdependência entre os organismos. Além de facilitar a visualização e assimilação
de conceitos expostos de forma didática, permite o entendimento dos vários fatores
que concorrem em um determinado contexto (ALMEIDA, 2013).
De acordo com Marconi e Lakatos (1996), o estudo bibliográfico deve
preceder o estudo de campo, para que o pesquisador tenha um bom conhecimento
sobre o assunto, pois tem como finalidade aprofundar o conhecimento do
pesquisador sobre o tema estudado e também visa clarificar conceitos.
Na Geografia, o trabalho de campo consiste em observar e descrever a
paisagem. Os estudos de Cordeiro e Oliveira (2011) enfatizam o impacto positivo no
ensino e aprendizagem dos conteúdos de Geografia advindos da adoção dessa
metodologia.
Essa metodologia de ensino contribui para uma melhor compreensão dos conteúdos ao relacionar a teoria proposta em sala de aula com os estudos e análises práticas da paisagem do ambiente observado, ampliando os seus horizontes geográficos ao ir além dos textos e das fotografias do livro didático, e permitindo o desenvolvimento de diversas habilidades nos alunos, tais como identificar, distinguir e ampliar os conhecimentos adquiridos nas instituições de ensino, comparando-a com a realidade do lugar em que os envolvidos estão habituados. (CORDEIRO; OLIVEIRA, 2011, p. 3).
Ainda segundo os autores, a metodologia de trabalho de campo “ajuda o
aluno a analisar e refletir sobre a Geografia que o cerca, contribuindo para
7
desenvolver a capacidade de interagir com o conhecimento e com a vida em
sociedade” (CORDEIRO; OLIVEIRA, 2011, p. 3).
2.2 O TRABALHO DE CAMPO NO ENSINO DE GEOGRAFIA: REVISÃO DE
CONTEÚDOS
Uma visita ao Parque de Vila Velha enseja inúmeros questionamentos, tais
como: como se deu o processo de erosão que criou formações magníficas; o que
provocou o desgaste das rochas? A que fator se atribui a coloração única dessa
formação rochosa no Paraná? O que aconteceu por aqui? Datam de quando essas
formações? As condições climáticas e o tipo de vegetação existentes favoreceram o
processo de desgaste das rochas? Como é a hidrografia deste lugar? Quais os
cuidados que se tem com esse parque para garantir a preservação desses
monumentos naturais?
Esses questionamentos surgem ao apreciar a paisagem do local e,
certamente, remeter às imagens produzidas em fotos e vídeos, as quais mesmo com
boa qualidade, não conseguem traduzir fielmente a grandiosidade que se
apresentam e sequer ensejam profundas reflexões sobre os aspectos geográficos
implícitos nesse contexto. E, para compreendê-los, torna-se necessário retomar
alguns conceitos básicos da disciplina de Geografia, notadamente no que se refere
ao lugar, sua paisagem e natureza.
Por essa razão, as primeiras atividades dessa intervenção pedagógica
concentraram-se na revisão de conteúdos, os quais tornam-se necessários para os
alunos compreenderem o objeto de estudo em todas as suas características.
2.3 O LUGAR, A PAISAGEM E A NATUREZA NA PERSPECTIVA DA
GEOGRAFIA
A Geografia é um campo disciplinar que alia análises empíricas com a teoria,
é uma disciplina que estimula a observação e descrição das coisas terrestres. E a
grande importância da Geografia reside nas suas contribuições para o conhecimento
sobre o espaço humano e suas formas de transformação e ocupação.
8
De acordo com Pena (2013), a Geografia vem ao encontro da necessidade
do homem de conhecer o espaço geográfico em todas as suas perspectivas.
A importância da Geografia [...] não está somente nos conhecimentos sobre os nomes de países, suas capitais, dados populacionais, moeda, religião etc., mas também em explicar a dinâmica das ações no espaço, que não desvinculam do tempo. Por exemplo: a dinâmica da transformação dos espaços na cidade, a lógica da produção agrária, a distribuição dos movimentos sociais, a estrutura geomorfológica superficial da Terra, entre outros (PENA, 2013, p. 2).
Pena (2013, p.3) explica, ainda, que o objetivo principal da Geografia é
entender a dinâmica do espaço, as formas de relevo, os fenômenos climáticos, as
composições sociais e os hábitos humanos nos diferentes lugares, dentre outros
aspectos que permitem auxiliar no planejamento das ações do homem sobre esse
espaço.
2.3.1 Entendendo o conceito de Lugar na Geografia
Os estudos de Célia Hempe (2011) mostram que o “lugar” está presente de
diversas formas e, portanto, a importância de seu estudo se evidencia ante a
necessidade de o sujeito compreender o lugar em que se vive, o que lhe permite
conhecer a história e entender as coisas que ali acontecem, sem perder de vista que
as coisas da vida e as relações sociais se concretizam em lugares específicos ao
mesmo tempo. Nessa mesma linha de raciocínio, a autora destaca ainda que são
dois os tipos de lugar que a Geografia estuda:
O primeiro significa: uma área especifica singular, identificada como tal pelo nome, como Brasília, Tóquio, São Paulo, observando que cada um desses lugares individuais é relacionado no índice de um Atlas, habitualmente com seu “endereço” expresso em graus de longitude e latitude. Para que tal lugar e ou cada ponto da superfície da Terra possa ser localizado num mapa, foi criado um sistema de linhas imaginárias chamado de Sistema de Coordenadas Geográficas. O segundo tipo de conceito [...] são os planaltos, desertos, agricultura, áreas metropolitanas. Cada uma dessas expressões designa uma espécie de uma classe ou gênero, organizada segundo um princípio de semelhança ou relação (HEMPE, 2011, p. 2).
Nesse sentido, lugar, entendido como localização, pode ser considerado
tanto como o espaço de vivência quanto o produto resultante de características
históricas, culturais e naturais relacionadas ao seu processo de formação.
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2.3.2 Entendendo o conceito de Paisagem na Geografia
O conceito de paisagem surgiu nas artes plásticas, especialmente, no
Renascimento, em que ela era vista como um cenário decorativo. Na época do
Romantismo europeu (meados do século XVIII), a paisagem era concebida como
sinônimo da natureza. A noção de paisagem estava muito relacionada ao contexto
natural, sem significados sociais explícitos, ocorrendo um distanciamento entre o
homem e a natureza. O incremento dos transportes proporcionou uma nova
interpretação da paisagem, visto que o homem, a partir daquele momento,
principiava a locomover-se, não fazendo um olhar afastado da paisagem, mas
observando a paisagem com visão empírica, aproximando-se assim, da natureza
(COSTA e GASTAL, 2010).
Para a Geografia, segundo Claval (1999), o conceito de paisagem aparece
no final do século XIX, período em que a Geografia Cultural preocupava-se com os
artefatos materiais produzidos no espaço. Enquanto a Geografia Cultural se
interessava, portanto, pelas obras humanas que se inscrevem na superfície terrestre
e imprimem uma expressão característica. As dimensões simbólicas e subjetivas das
culturas existiam, mas não faziam parte do interesse científico da época. Por esse
motivo, a paisagem cultural era analisada através do seu aspecto visível, ou seja,
material.
Contemporaneamente, diferentes elementos formam a paisagem: domínio
natural, humano, social, cultural ou econômico, aspectos esses que se articulam
entre si; por isso a paisagem está em constante processo de modificação, sendo
adaptada conforme as atividades humanas e exatamente a intensidade dessa ação
é que a classifica em três grandes famílias: paisagem natural: que não foi submetida
à ação do homem; paisagem modificada: que é fruto da ação humana que,
exercendo atividades produtivas, a modificaram de modo irreversível. Ainda as
paisagens organizadas: que representam o resultado de uma ação consciente,
planejada, combinada e contínua sobre o meio natural, que é o caso das cidades e
praças, apenas para citar alguns (CERQUEIRA e FRANCISCO, 2013).
Já nas palavras de Milton Santos (1996, p. 83 apud YAZIGI, 2013, p. 8),
paisagem é o conjunto de elementos naturais e/ou artificiais que caracterizam uma
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área; embora se deva destacar que a paisagem é, apenas, a porção da configuração
territorial que é possível abarcar com a visão.
A paisagem como objeto de estudo pode ser abordada de acordo com a
afirmação a seguir:
O estudo da paisagem local não deve restringir à mera constatação e descrição dos fenômenos que a constituem. Deve-se também buscar as relações entre a sociedade e natureza que aí se encontram presentes situando-as em diferentes escalas espaciais e temporais, comparando-as, conferindo-lhes significados, compreendendo-as. Estudar a paisagem local ao longo do primeiro e segundo ciclos é aprender a observar e a reconhecer os fenômenos que a definem e suas características; descrever, representar, comparar e construir explicações, mesmo que aproximadas e subjetivas, das relações que aí se encontram impressas e expressas (BRASIL, 2000, p. 116).
2.3.3 Entendendo o conceito de Natureza na Geografia
Em estudo sobre o conceito de Natureza na Geografia, Kalina Salaib
Spinger (2010), coloca as seguintes considerações:
[...] Especificamente para o conhecimento geográfico o entendimento do que é Natureza é de primordial importância, uma vez que ela constitui-se em um dos conceitos fundantes de nossa ciência. Ao compreender como as concepções de natureza influenciam o pensar, o agir sobre a natureza e sobre a própria construção do conhecimento, é possível inferir como as paisagens e os espaços são organizados,(re)estruturados, (re)interpretados e (re)construídos (SPRINGER, 2010, p. 1).
Para compreender a Natureza na perspectiva contemporânea é preciso
também considerar o campo de estudo da Geografia Humanística, “preocupada com
a morada do homem, e qualquer escala, tem procurado explorar a influência da
natureza e, insistentemente enfocar as intervenções humanas no espaço em busca
incessante da felicidade e da promoção da boa vida” (MELLO, 1993).
Para Seabra (1984 apud DAKIR, 2013) a Natureza pode ser estudada a
partir de duas abordagens distintas: como o mundo material que circunda os
sujeitos, o universo em constante movimento, mudança e transformação; a
sociedade humana; ou num sentido mais restrito, o mundo inorgânico e orgânico
estudado em ciência natural.
A segunda abordagem é a preconizada pelos Parâmetros Curriculares
Nacionais (BRASIL, 1998), que indicam as seguintes possibilidades de
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compreensão da natureza: os elementos biofísicos de uma paisagem – e as
transformações da natureza por seus próprios processos (como erosões, erupções,
mudanças climáticas, dentre outros), ou a natureza transformada pelo trabalho
humano; observando-se que ambas – natureza e sociedade – constituem a base
material física sobre a qual o espaço geográfico é construído.
2.4 OBJETO DE ESTUDO: PARQUE ESTADUAL DE VILA VELHA
Em Vila Velha encontra-se o Parque Estadual de Vila Velha localizado no
município de Ponta Grossa, a 969 metros de altitude, nos campos gerais, com
formosas rochas esculpidas perfeitamente pela natureza durante um longo período
de 350 milhões de anos.
Situado acerca de 80 km de Curitiba e a 20 km da cidade de Ponta Grossa,
Vila Velha há muito tempo consagrou-se como importante polo de visitação turística
(MELO et. al., 2013).
Com uma área de 3.122,11 ha, o Parque Estadual de Vila Velha foi criado
em 12/10/1953, pela Lei nº 2.192 e tombado pelo Departamento de Patrimônio
Histórico e Artístico do Estado do Paraná em 1966 para proteger seus 18 km² de
formações rochosas, classificadas como um dos sítios geológicos brasileiros pela
Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos - SIGEP, devido suas
impressionantes esculturas naturais, esculpidas pelas erosões eólica e pluvial nos
arenitos do Grupo Itararé (MELO et al., 2013; MINEROPAR, 2013; PARANÁ, 2013).
O local, além de sua beleza rústica, constitui espaço ideal para o estudo do
lugar, da paisagem e da natureza; haja visto que as formações rochosas ali
existentes são frutos do processo de erosão provocada pela ação da natureza ao
longo de milênios, sendo que as características da região favorecem essa ação,
marcada pela vegetação de campo e capões de mato esparsos, onde se destacam
as araucárias, árvores singulares que caracterizam o estado do Paraná.
(FONTOURA, SILVEIRA, 2008; MINEROPAR, 2013; MELO et al., 2013;
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA, 2003).
Essas formações rochosas recebem diferentes denominações de acordo
com as figuras às quais se assemelham. Entre as centenas existentes, as mais
facilmente identificadas são a “Garrafa”, o “Camelo”, o “Índio”, a “Esfinge”, a “Taça” e
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a “Proa de Navio”. Destaca-se ainda a “Caverna” conhecida como “Buraco do
Padre”, um anfiteatro subterrâneo com uma queda d'água de 30 metros de altura,
também debaixo da terra (IAP, 2004).
FIGURA 1 - ESCULTURA NATURAL EM ARENITO “TAÇA”.
FONTE: A autora (2013).
Um acidente geográfico de grande beleza cênica na região é a “Lagoa
Dourada”, onde é possível observar diferentes espécies da fauna aquática local. A
lagoa é sustentada por um rio subterrâneo, devido a ação erosiva que desgastou as
rochas e possibilitou a formação de cavernas em seu interior. No fundo da lagoa
existe uma grande camada de mica que faz a água brilhar como se fosse de ouro,
quando da incidência dos raios solares. Esta conjunção de elementos paisagísticos,
reunidos no Parque Estadual de Vila Velha o configura como patrimônio natural
preservado (IAP, 2004).
O Parque dispõe de monitores que acompanham os visitantes durante os
passeios, explicando as características históricas, geológicas, fauna, flora,
vegetação, enfim, guias turísticos que possuem embasamento teórico daquele lugar
e região (GODOY, 2005).
Na década de 2000, o Parque passou por um processo de revitalização e
teve recuperadas algumas de suas áreas que apresentavam sinais profundos de
desgaste devido a ação do tempo. Isso mostra que as estruturas em Arenito podem
ser frágeis, apesar de sua imagem poderosa. Para exemplificar, o Arenito de Vila
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Velha é um tipo de rocha formada pelo processo de compactação e endurecimento
de várias camadas de areia. A formação desses arenitos remonta aproximadamente
300 milhões de anos do Período Carbonífero. Nessa época, a América do Sul ainda
estava ligada à África, à Antártida, à Oceania e à Índia, dando origem a um
supercontinente denominado de Gondwana (SANTOS, 2007).
A modelagem do Arenito do Parque Estadual de Vila Velha, como se
apresenta atualmente, é algo muito recente. Ao longo dos 300 milhões de anos de
existência destas rochas, ocorreram vários eventos geológicos que soterraram umas
sob outras em sequências mais jovens. Abalos sísmicos, movimentos tectônicos
terrestres, em conjunto com a erosão, o recolocou na superfície. O processo erosivo
é responsável pelo Arenito Vila Velha, como se apresenta hoje(MINEROPAR,
2013).
As formas dessas esculturas naturais derivam da ação das águas pluviais,
da ação da energia solar, das mudanças e alterações de temperatura e da atividade
orgânica sobre as rochas. Essa ação erosiva desenvolve-se através de
descontinuidades e de zonas de fraqueza naturais da rocha, como fraturas e falhas,
estruturas sedimentares, textura e cimentação diferenciadas, cuja interação permite
a formação destes maravilhosos monumentos naturais nesta região (MINEROPAR,
2013).
As furnas localizadas no parque e também nas proximidades (como o
Buraco do Padre ou as Furnas Gêmeas) localizam-se em uma região com elevado
número de falhas e fraturas, algumas das quais coincidentes com estruturas das
rochas do embasamento pertencentes ao Grupo Itaiacoca. Pode-se se ressaltar,
ainda, que na região em torno de Vila Velha entre a Serrinha e Ponta Grossa
encontram-se dois horizontes do devoniano que são: Folhelhos de Ponta Grossa e
Arenito de Furnas – sendo que esse último é uma referência ao fato do arenito ter
como característica a formação de grutas e cavernas geralmente verticais. O arenito
e Furnas normalmente se forma sobre um banco de conglomerado de 1 a 2 metros
de espessura (MELO & COIMBRA 1996).
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3 METODOLOGIA
A presente proposta foi elaborada para alunos do 9° ano do Ensino
Fundamental e foi implementada no Colégio Estadual São Pedro Apóstolo,
localizado à Rua Primeiro de Maio, 1160, na Vila São Pedro, em Curitiba/PR; tendo
como objeto de estudo o Parque Estadual de Vila Velha.
A proximidade entre Curitiba e Ponta Grossa e a gratuidade da entrada para
alunos da rede estadual de ensino viabilizaram a execução do trabalho de campo.
A rigor, as aulas de campo na disciplina de Geografia têm por finalidade dar
conta de estudos dos fenômenos que compõem os elementos distribuídos na
paisagem terrestre. Dessa forma, a proposta foi elaborada para estimular o
conhecimento dos alunos em áreas naturais, visando sensibilizá-los para as
questões ambientais e culturais por meio do reconhecimento, entendimento e
aproximação direta com esse patrimônio natural; e, ainda, chamar a atenção deles
para as características peculiares das formações rochosas: a utilização das
geoformas (feições geológicas e geomorfológicas) como atrativos turísticos
palpáveis; uma busca pelo entendimento da necessidade de que se estabeleçam
relações harmônicas entre o homem e o meio, sua morada e fonte de seu sustento;
valorizando a proteção da natureza e consequentemente da Biodiversidade.
Busca-se, com essa estratégia, promover a aprendizagem significativa, ação
que demanda, em um primeiro plano, adequar as atividades à realidade local e a
disponibilidade de infraestrutura para a execução de cada uma delas; estabelecer as
estratégias e práticas, de forma clara, direta, dinâmica e objetiva, abordando os
conteúdos necessários ao entendimento do processo empírico-prático, fornecendo
subsídios para tornar o entendimento dos alunos simples e agradável.
Essas atividades implicam um trabalho pedagógico interdisciplinar, no intuito
de permitir aos alunos conhecer, pensar, agir e interagir na escola e na comunidade,
provocando a reflexão, incentivando o debate o raciocínio e a capacidade de
aprender de forma continuada e permanente.
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Na Tabela 1, as ações implementadas no Projeto de Intervenção Pedagógica
na Escola Estadual São Pedro Apóstolo.
TABELA 1 – AÇÕES REALIZADAS
Nº Data/Carga H AÇÃO
1 06/02/14
(2 h/a) Apresentação do Projeto PDE para comunidade escolar; explanação do
Projeto de Intervenção Pedagógica. Equipe pedagógica da Escola.
2 25/02/14
(2h/a) Apresentação e explanação do Projeto de Intervenção Pedagógica á
Equipe pedagógica da Escola.
3 26/02/14
(8 h/a) Apresentação e explanação do Projeto de Intervenção Pedagógica aos
alunos do 9º ano e formação de equipes de trabalhos.
4 27/02/14
(4 h/a)
Preparação dos conteúdos de pesquisa, preparação das cópias, elaboração das atividades, exercícios e questões sobre o Parque
Estadual de Vila Velha.
5 10/03/14
(3h/a)
Retomada de conceitos fundamentais do conteúdo sobre a Geografia e a História do PEVV, através de aulas expositivas e leitura de textos e
interpretações do mapa da região de Ponta Grossa.
6 12/03/14
(4 h/a) Atividades com mapas do Paraná e do município de Ponta Grossa.
7 19/03/14
(4 h/a) Elaboração do roteiro de pesquisa na internet e livros sobre o PEVV .
8 24/03/14
(8 h/a)
Levando os alunos na sala de informática e biblioteca para pesquisar em livros e sites oficiais o PEVV.
Navegar no Google Earth para fazerem a trajetória da Escola até o PEVV.
9 26/03/14
(4h/a) Levantamento de dados históricos sobre a criação do PEVV.
10 27/03/14
(4 h/a) Planejamento de aula estabelecendo roteiros de atividades a serem
executadas pelas equipes.
11 31/03/14
(4 h/a) Conferindo material de pesquisa por equipes e organizando formatos de
apresentações dos trabalhos em equipes na sala de aula.
12 02/04/14
(4 h/a)
Elaboração de pesquisa: preparação inicial para Compreender a estrutura do PEVV, sua criação, restruturação e
tombamento pelo Patrimônio Histórico.
13 07/04/14
(4 h/a) Conhecendo e identificando a paisagem local do Parque Estadual de Vila
Velha por meio de pesquisa.
14 09/04/14
(4 h/a)
Aula de Pré-Campo (parceria com Expedições Geográficas da UFPR), trabalhos com mapas, interatividade sobre a paisagem local do PEVV
com a utilização da lousa digital pelos alunos.
15 15/04/14 e 22,23 e
28,29 e 30/04 2 h/a e 5h/a
Apresentações das equipes em sala de aula com supervisão da Equipe pedagógica da Escola e da professora PDE.
16 16/05/14
(10h/a) Trabalho de Campo: saída da escola: 8:30 da manhã; retorno 17:30, alunos entusiasmados e encantados com a paisagem local do PEVV.
17 26/05/14
(2 h/a) Aula de Pós-Campo, com mural de fotografias, relatórios, questionários e
redações sobre a paisagem local do PEVV.
FONTE: A autora (2013).
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3.1 ATIVIDADES
A seguir serão apresentadas as dez atividades realizadas onde são
descritos os objetivos, procedimentos, materiais necessários e as formas de
avaliação.
ATIVIDADE 1 – Avaliação Diagnóstica: Questionário para os alunos e sugestão
de trabalho aos colegas professores
O questionário consistiu de dez questões:
1)Você conhece o Parque Estadual de Vila Velha? ( ) Sim ( ) Não 2)Você sabe onde fica o Parque Estadual de Vila Velha? ( ) Sim ( ) Não 3)Pelo que sabe sobre o Parque Estadual de Vila Velha, (considerando o embasamento teórico – pesquisa já realizada ) saberia dizer de que consistem as formações que atraem o interesse de milhares de visitantes todos os anos? 4)Em sua opinião, como se originaram aquelas formações? 5)E sobre Furnas, que integra o conjunto de atrativos naturais do Parque Estadual de Vila Velha, como você pensa que surgiram as grandes cavidades? 6)Como você explica o fenômeno da Lagoa Dourada, outro atrativo do Parque Estadual de Vila Velha? 7)Você sabia que o Parque Estadual de Vila Velha esteve fechado para visitação entre os anos de 2003 e 2004, quando foi recuperado? Em sua opinião, quais foram as razões para essa medida? 8)Você sabe qual o tipo de vegetação e relevo da região onde se encontra o Parque Estadual de Vila Velha? 9)Que dados você conhece sobre o clima daquela região? 10)Você acha possível encontrar formações semelhantes às do Parque Estadual de Vila Velha em outras regiões, como o litoral ou na Região Metropolitana de Curitiba? Justifique sua resposta
Os objetivos desta atividade são descritos a seguir:
• Identificar as dificuldades dos alunos em relação ao ensino-
aprendizagem na disciplina de Geografia;
• Estimular os alunos a pesquisa;
• Propor uma metodologia teórica-empírica, desenvolvendo nos estudantes
a habilidade da observação.
• Permitir aos alunos a socialização dos conhecimentos sobre a Geografia
local do Parque Estadual Vila Velha;
• Oferecer alternativas, na busca de conhecimentos geográficos em relação
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à orientação espacial.
• Diagnosticar e compreender as problemáticas referente a paisagem do
Parque Estadual de Vila Velha para a formulação de atividades a partir da
observação, possibilitando aos alunos expressarem e compartilharem
informações, estimulando discussões e análises.
Os procedimentos consistiram na distribuição dos questionários aos alunos
que são o público alvo do projeto e, depois de respondidos, foram organizados de
acordo com o espelho do livro de Registro de Classe (em ordem alfabética) e
arquivados em pasta própria para aguardar o término das atividades, servindo de
comparação entre o que os alunos sabiam no momento das respostas (antes do
início das atividades envolvendo o trabalho de campo) e o que passaram a dominar
(conhecimentos construídos ao longo dos trabalhos de estudo que possibilitou o
embasamento teórico e de observação in loco).
Os materiais necessários para esta atividade foram: folhas de Questionários
e lápis/caneta.
A avaliação foi feita pela análise do comprometimento dos alunos com o
projeto, ou seja, pelo empenho e participação nas atividades propostas.
ATIVIDADE 2 – Da teoria à pratica
Os objetivos da visita dos alunos do 9º ano ao Parque Estadual de Vila
Velha consistiram em buscar maior entendimento dos alunos à composição da
paisagem natural e humana: ao histórico da demarcação do Parque, à configuração
e distribuição da vegetação, ao uso turístico e à observação e entendimento do
relevo.
Os procedimentos desta atividade consistiram em: após a integração dos
visitantes ao parque, por meio de vídeos e orientações gerais relacionadas com
segurança e preservação ambiental, os alunos foram encaminhados para conhecer
as formações rochosas, orientados a focar sua atenção nos seguintes aspectos: a
riqueza natural, histórica, geográfica, geológica; a questão demográfica da região e
local. Os alunos foram orientados a observar, refletir e anotar suas considerações
sobre as três principais formações da Unidade de Conservação: Arenitos, Furnas e
18
Lagoa dourada.
Os materiais necessários para o trabalho de campo foram: prancheta, papel,
canetas e máquina fotográfica.
A avaliação dos alunos foi feita a partir dos seguintes critérios: qualidade das
anotações e observações feitas durante a visita; interesse demonstrado nas
explicações do guia e da professora.
ATIVIDADE 3 – De volta à sala de aula: a investigação continua
O objetivo foi propiciar aos alunos: situações de reflexão, análise, revisão do
aprendizado na busca da ampliação do saber sobre o tema.
Os procedimentos desta atividade consistiram em convidar os aluno a
debater sobre o que observaram e sobre as anotações que fizeram; construir, em
duplas, painéis contendo informações e ilustrações sobre o que entenderam. Assim,
o professor incentivou os estudos complementares e o debate para dirimir as
dúvidas que porventura ainda existiam e nivelar o conhecimento do grupo.
Os alunos foram orientados a ampliar o conhecimento sobre o tema
observado in loco, a partir de pesquisas feitas na internet, (busca histórica e
geográfica do Parque Estadual de Vila Velha) e puderam consultar os sites Google
Earth, Google Maps, Mineropar, dentre outros.
Essa estratégia possibilitou ao aluno a entender que o trabalho de campo
exige o levantamento bibliográfico preliminar e a pesquisa complementar.
Finalizaram essa atividade com produção textual individual sobre o tema.
Os materiais necessários para esta atividade foram: cartolina, canetas
coloridas, lápis, borracha, régua e fotos produzidas durante a visita; caneta azul,
folhas de papel almaço. Foi utilizado o Laboratório de Informática da escola, para
uso da Internet. Ainda, impressora colorida, papel sulfite, tesoura e cola.
A avaliação foi feita: pela qualidade e precisão das anotações feitas; pela
consistência de suas argumentações; pela organização do trabalho de pesquisa
complementar e elaboração dos painéis; e pela habilidade apresentada no trabalho
em grupo e individual.
19
ATIVIDADE 4 – De volta à sala de aula - Aspectos gerais da e região de Vila
Velha
O objetivo foi favorecer a compreensão da importância da pesquisa para o
alcance dos objetivos do trabalho de campo.
O procedimento consistiram na pesquisa dos alunos em livros e na internet
sobre a História e Geografia do Parque Estadual de Vila Velha com foco na
paisagem, a partir dos sites indicados nesta UD ou outros que o professor entendeu
que devia acrescentar à pesquisa observado a utilização de descritores como “Vila
Velha; clima; relevo; paisagem; cultura”, para facilitar a busca.
Os materiais necessários para esta atividade foram: computadores do
Laboratório de Informática; impressora colorida, papel; canetas coloridas, caneta
azul, lápis, borracha, tesoura, cola, cartolinas.
Os alunos foram avaliados: pela qualidade dos trabalhos; pelo
aprofundamento na pesquisa; pela escolha dos sites a serem utilizados como fonte
de pesquisa; e, ainda, pela capacidade de síntese na transposição dos dados
disponíveis na fonte para o papel (evitando o copiar/colar).
ATIVIDADE 5 – Seminário
Objetivo foi socializar as informações levantadas durante o trabalho de
campo para o grupo.
Os procedimentos desta atividade exigiram que todas as pesquisas dos
alunos estivessem prontas; então foram orientados a realizar as apresentações em
sala de aula sempre em equipes, em seminários. Cada equipe elaborou e respondeu
três questões referente ao tema de pesquisa e repassou para os demais colegas
durante a apresentação. Puderam também reproduzir o mapa de Ponta Grossa,
identificando neste, o Parque Estadual de Vila Velha. Finalizaram essa atividade
com produção textual em grupo sobre o tema.
Os materiais necessários para esta atividade foram: todo o material
produzido (cartazes) desde a visita feita ao Parque Estadual de Vila Velha.
A avaliação foi realizada: pela qualidade do material selecionado e produzido
para a apresentação; nível de conhecimento dos alunos sobre os aspectos
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geográficos observados durante a visita ao Parque Estadual de Vila Velha ; e
qualidade das perguntas elaboradas.
ATIVIDADE 6 – Mural de fotos
O objetivo foi favorecer o trabalho em equipe e valorizar a produção
individual do aluno a partir da construção de um mosaico com as fotos que foram
tiradas durante o trabalho de campo.
Os procedimentos consistiram na reunião e organização das fotos
registradas durante a visita num mural na sala de aula, na forma de um mosaico,
ensejando assim o compartilhamento de objetivos e a valorização do trabalho em
grupo e da produção individual. Finalizaram essa atividade com produção textual
individual sobre o tema.
Os materiais necessários para esta atividade foram: fotos produzidas pelos
alunos, cartolina, cola, fio de nylon, canetas colorida, computador, impressora, papel
sulfite.
Para esta atividade foi avaliado: o interesse, o espírito de equipe; a
solidariedade, o exercício da crítica construtiva; a qualidade do trabalho individual e
em grupo.
ATIVIDADE 7 – Construção de Maquetes
O objetivo consistiu em representar imagens e cenários de forma
tridimensional.
O procedimento consistiu na orientação dos alunos na produção de
maquetes dos cenários observados durante o trabalho de campo, utilizando-se dos
materiais que julgaram adequados (livre escolha. Finalizaram essa atividade com
produção textual individual sobre o tema.
Os matérias necessários para esta atividade foram de livre escolha pelos
alunos.
A avaliação foi feita pela: qualidade das maquetes e fidelidade na
representação em escala.
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ATIVIDADE 8 – Avaliação da Aprendizagem
O objetivo consistiu em identificar o aproveitamento dos alunos sobre o
conteúdo trabalhado dentro da proposta de implementação, que envolveu a visita ao
Parque Estadual de Vila Velha e o desenvolvimento de atividades diversas em sala
de aula.
Os procedimentos desta atividade consistiram em: aplicar o questionário
para os alunos como meio de identificar os seus conhecimentos sobre o Parque
Estadual de Vila Velha após a pesquisa; estabelecer uma comparação entre as
primeiras respostas dadas pelos alunos com as respostas atuais.
Os materiais necessários para esta atividade foram os questionários que
foram aplicados preliminarmente aos alunos no início do trabalho.
A avaliação nesta atividade foi pela análise da melhoria apresentada em
relação às respostas dadas anteriormente e pela qualidade de suas produções
textuais e individuais sobre o tema.
ATIVIDADE 9 – Retomada dos conteúdos e avaliação final acerca da
metodologia de trabalho adotada (estudo de caso)
O objetivo consistiu em debater com os alunos os resultados do trabalho
desenvolvido durante a implementação do projeto de pesquisa.
Os procedimentos desta atividade consistiram em retomar os conceitos de
paisagem, lugar, defendidos acerca da utilização do trabalho de campo como
metodologia no ensino da disciplina de Geografia, explicando aos pais e à
comunidade escolar os resultados obtidos em termos qualitativos (apreciação dos
dois questionários de cada aluno) e quantitativos (apresentar as notas atribuídas aos
alunos em decorrência de seu aproveitamento dentro do projeto de intervenção).
Os alunos também fizeram um mural com todas as fotos produzidas, com
maquetes das formações mais conhecidas, e expuseram seus trabalhos (produções
textuais e fotos) para apreciação.
Os materiais necessários para esta atividade foram: os conjuntos de dois
questionários de cada aluno que participou do projeto; o material produzido pelos
22
alunos durante o desenvolvimento do projeto e fotos produzidas durante o trabalho
de campo.
O projeto foi avaliado pelos próprios alunos, por meio de verbalização da
opinião em público, levando em consideração a qualidade do material produzido e o
nível de desempenho, comprovado pelos conjuntos de avaliações preliminar e
posterior aos trabalhos.
ATIVIDADE 10 – Devolutiva aos pais e à Comunidade Escolar
O objetivo foi prestar contas à comunidade escolar acerca do trabalho
desenvolvido e dos resultados advindos do trabalho de campo como metodologia de
ensino.
Como procedimentos desta atividade foi a recepção dos pais e a
comunidade escolar pela escola para apreciar o resultado do trabalho realizado
pelos alunos que participaram do projeto.
Os materiais necessários para esta atividade foram todos os materiais
produzidos pelos alunos.
A avaliação compreendeu a aceitação do projeto e seus resultados pela
comunidade escolar considerando o nível de conhecimento alcançado pelos alunos
depois do estudo de campo, expresso pela qualidade das produções de textos,
desenhos, maquetes, e a fidelidade na representação em escala.
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4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Na presente seção são apresentados os resultados da pesquisa, ilustrando
as respostas ao questionário após a visita, por meio de gráficos, comparando com
as respostas anteriores. Dos 25 alunos do nono ano do Ensino Fundamental do
Colégio Estadual São Pedro Apóstolo que participaram da visita ao Parque Estadual
de Vila Velha: apenas 12% conheciam o Parque Vila Velha e 88% não conheciam
nem sabiam sua localização.
A questão 3 do questionário trata sobre de que consistem as formações de
Vila Velha, antes da visita: 100% dos alunos não souberam responder; e após a
visita, responderam:
GRÁFICO 1 – DE QUE CONSISTEM AS FORMAÇÕES
FONTE: A autora (2014).
A questão 4 trata da origem dessas formações e antes da visita: 32% dos
alunos responderam que não sabiam e 68% colocaram a Natureza como resposta; e
após a visita, responderam:
Areia 40%
Decomposição de vários elementos
naturais 60%
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GRÁFICO 2 – A ORIGEM DAS FORMAÇÕES
FONTE: A autora (2014).
A questão 5 trata da origem das Furnas e antes da visita: 80% não
souberam responder e 20% colocaram queda de um Meteorito; e após a visita,
responderam:
GRÁFICO 3 – A ORIGEM DE FURNAS
FONTE: A autora (2014).
A questão 6 trata da explicação do fenômeno da Lagoa Dourada e antes da
visita: 100% não souberam responder; e após a visita 100%: responderam que no
fundo da lagoa existe uma grande camada de mica que faz a água brilhar quando
da incidencia dos raios solares.
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A questão 7 trata dos motivos do fechamento do Parque Estadual de Vila
Velha para visitação entre os anos de 2003 e 2004 e antes da visita: 100% não
souberam responder; e após a visita: 100%: responderam que foi devido a riscos de
acidentes para os visitantes.
A questão 8 trata da vegetação e relevo do Parque Estadual de Vila Velha
e antes da visita: 100% não souberam responder; e após a visita: 100%:
responderam que foi vegetação de campo e capões do mato, destacando-se, as
Araucárias e o relevo em forma de ruínas (ruiniforme).
A questão 9 trata do clima da Região onde se encontra o Parque Estadual
de Vila Velha e antes da visita nenhum aluno soube responder e após a visita,
responderam:
GRÁFICO 4 – CLIMA DA REGIÃO DO PARQUE ESTADUAL DE VILA VELHA
FONTE: A autora (2014).
A questão 10 trata se é possível encontrar formações semelhantes às do
Parque Estadual de Vila Velha no litoral ou na Região Metropolitana de Curitiba e
antes da visita nenhum aluno soube responder e após a visita responderam: 40%
Não; 20% Sim e 40% não souberam responder.
A importância de um Projeto nesse nível de proposta, pode ser percebida a
partir da motivação dos alunos e confirmada com o desempenho nas atividades
desenvolvidas.
Os resultados obtidos a partir do envolvimento de todos nos processos
teóricos e práticos foram muito satisfatórios, isso foi percebido, não só pela
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melhoria, observada através das respostas dos questionários, mas também pela
qualidade das produções textuais e individuais (desenhos e maquetes) que foram
excelentes com fidelidade na representação em escala.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A aula de campo como recurso didático proporciona diversos elementos que
favorecem o desenvolvimento do conhecimento geográfico que dificilmente seriam
encontrados somente em aulas teóricas, contribuindo assim, para ampliar o
conhecimento geográfico e o interesse do aluno por esta disciplina escolar.
A aplicação da aula de campo como metodologia de ensino desencadeia
diversos aspectos positivos: altera a rotina dos estudos; relaciona a teoria com a
prática; proporciona uma melhor compreensão do espaço e gera o interesse pela
disciplina. Portanto, é adequado que o professor procure utilizar mais as aulas de
campo em Geografia objetivando tornar esta disciplina, mais prática, dinâmica e
descontraída a partir de uma renovação metodológica. Além de facilitar o trabalho
pedagógico, dando mais significado e propósito aos conteúdos discutidos com os
alunos em sala de aula.
As atividades práticas realizadas com os alunos do nono ano do ensino
fundamental do colégio estadual “São Pedro Apóstolo, município de Curitiba –
Paraná” contribuíram de maneira significativa para o desenvolvimento de diversos
conceitos, procedimentos e atitudes relacionados à Geografia do meio vivenciado
pelos próprios alunos, despertando nos mesmos o interesse e participação nas
aulas de Geografia.
Estas atitudes são favoráveis para desenvolver nos alunos a capacidade de
interagir com o conhecimento e com a vida da sociedade. Tendo esta facilidade, a
formação do aluno obtém mais sentido no objetivo de posição crítica, ética e
participativa frente ao espaço social no qual o mesmo está inserido.
O Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) permitiu-me nesses
dois anos produzir e implementar um trabalho de investigação sobre a contribuição
das aulas de campo no ensino de Geografia. Pode-se observar que durante a
27
aplicação do Projeto, houve grande envolvimento e bom desempenho dos alunos
nas atividades didáticas propostas. Nesse contexto, percebeu-se entre os alunos um
maior interesse na disciplina de Geografia após serem inseridos no processo de
construção do conhecimento, no qual houve a pesquisa teórica, mediada pela
observação, análise, síntese e reflexão dos conteúdos desenvolvidos.
Nesse contexto, esse Projeto de Intervenção Pedagógica apresentou
resultados positivos e boa aceitação por parte dos alunos. A atividade de campo é
atrativa e favorece o aprendizado do aluno, fortalecendo dessa forma o processo de
ensino-aprendizagem.
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