os desafios da escola pÚblica paranaense na … · para que se efetive a cidadania na vida dos...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
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A Construção Identitária de Macabéa e a sua Desconstrução numa Perspectiva Discursiva: os sentidos de ética e estética
em funcionamento
AUTORA: Silmara Aparecida de Andrade 1
ORIENTADORA: Luciana Fracasse2
RESUMO
Para que se efetive a cidadania na vida dos sujeitos é necessária a consciência do respeito, da solidariedade e da justiça, por isso as questões éticas devem permear todas as realidades humanas. E a análise da obra A hora da estrela, de Clarice Lispector, contribuirá para o aperfeiçoamento intelectual, crítico e ético dos sujeitos alunos do 9º. Ano do Ensino Fundamental II, a fim de que se tornem leitores mais atentos e perspicazes numa perspectiva discursiva, justamente por tratar de questões como: dor; determinismo; comodismo; referências às artes: música, pintura, escultura; felicidade; tristeza; perguntas e respostas; morte; religiosidade; virtudes e defeitos de Macabéa; entre outros. Nesse contexto, o objetivo geral é analisar o discurso da obra A hora da estrela de Clarice Lispector, numa perspectiva discursiva, que possibilite o processo de reflexão sobre a condição existencial dos sujeitos, seus pensamentos e atitudes num espaço de questionamentos e significações em torno de valores éticos e estéticos. O referencial teórico que embasa o trabalho com a leitura é a Análise de Discurso de orientação francesa e também leituras referentes às temáticas abordadas na obra A hora da estrela Palavras-chave: A hora da estrela. Análise de discurso. Ética. Estética.
Introdução
Este artigo é o resultado da pesquisa, por nós realizada, no PDE
(Programa de Desenvolvimento Educacional) do estado do Paraná, ao longo
de 2013 e 2014. Tivemos como objetivo aplicar a teoria da Análise do Discurso,
doravante AD, advinda do filósofo francês Michel Pêcheux, na leitura da obra
literária A hora da estrela, de Clarice Lispector, no 9º ano do Colégio Estadual
Professor Amarílio, no município de Guarapuava.
O PDE divide-se em dois anos, no primeiro ocorre afastamento de 100%
da escola, elaboram-se o Projeto de Intervenção Pedagógica e o Material
1 Professora de Língua Portuguesa - PDE 2013, graduada em Letras-Português na Unicentro,
especialista em Gestão de Qualidade na Educação, pela FACINTER e em Educação Especial: atendimentos às necessidades especiais, pela UNIVALE. 2 Docente do Departamento de Letras da Unicentro/Guarapuava. Doutora em Estudos da
Linguagem, pela UEL.
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Didático, que será aplicado no primeiro semestre do ano subsequente, período
que se chama Implementação Pedagógica na Escola.
A escolha do título dessa pesquisa “A construção identitária de
Macabéa e a sua desconstrução numa perspectiva discursiva: os sentidos de
ética e estética em funcionamento” deveu-se justamente pela necessidade da
ética permear todas as nossas ações e, se faz necessário passar aos sujeitos,
desde a mais tenra idade, essa decisão de vida. E a leitura da obra A hora da
estrela, numa perspectiva discursiva, possibilita considerar a linguagem literária
constituída como um lugar em que se materializa a ideologia e um espaço
atravessado por diferentes formações imaginárias e discursivas que balizam a
interpretação e compreensão a serem realizadas, visto que a obra em questão
atualiza diversos saberes e dizeres que são sustentados por memórias
discursivas.
Para que se efetivasse a análise da obra A hora da estrela de Clarice
Lispector, a Análise de Discurso pechetiana forneceu, aos discentes do 9º ano,
a possibilidade de, conforme Alves (2002, p.30) “escalar montanhas”
mentalmente no universo da leitura, uma vez que os conceitos trabalhados
permitiram reflexões sobre a condição existencial dos sujeitos, seus
pensamentos e atitudes num espaço de questionamentos e significações em
torno de valores éticos e estéticos.
O problema norteador da pesquisa foi o questionamento inquietante: “As
vicissitudes existenciais perceptíveis na obra literária A hora da estrela, de
Clarice Lispector, podem instigar a argumentação crítica dos estudantes e a
consolidação de uma civilização mais ética?” E sabemos que para se efetivar a
cidadania na vida dos sujeitos é necessária a consciência do respeito, da
solidariedade e da justiça, por isso as questões éticas devem permear todas as
realidades humanas. A esse respeito, Carneiro declara que:
A ética é a ciência que estuda a conduta dos seres humanos entre si, em sociedade. O que devo fazer? Como agir? Estou certo ou errado? Perante injustiças, o que fazer? – são indagações éticas fundamentais, com as quais nos confrontamos permanentemente, pois a vida nos oferece sempre, a cada dia, por muitas vezes, situações em que devemos buscar o bem ou a verdade em nós mesmos e nos valores que aprendemos (CARNEIRO, 2003, p.38).
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Assim sendo, esse trabalho teve como objetivo principal instigar a
criticidade no sujeito aluno como também a sensibilidade quanto aos sujeitos
macabeicos, além de propiciar mudanças de atitudes no que diz respeito à
ética, por meio de uma análise aprofundada da obra, a partir de analogias da
identidade da protagonista com outras materialidades: letras de música, soneto
e fábula. E, nesses recortes, atualiza-se a voz de Clarice sustentada em
formações ideológicas que a constituem, uma vez que esses textos, direta ou
implicitamente, referenciam ou recuperam temáticas abordadas na obra
literária.
A leitura do livro A hora da estrela não traz necessariamente as
respostas que buscamos, mas desperta questionamentos que nem julgávamos
adormecidos em nós, é como um choque interior que nos desinstala, faz
repensar questões pertinentes como: a ética ou a falta dela, as relações
humanas, os conflitos enfrentados ou negados, os juízos que emitimos
particularmente ou não, os valores e crenças que defendemos.
A personagem protagonista Macabéa é uma multidão atemporal
justamente por representar todas as épocas da história, por isso Clarice julgou
impossível dar apenas um título ao livro, colocando treze, sendo que um
desses múltiplos é a própria Clarice Lispector para significar que se identifica
com muitas dores de Macabéa. A nordestina reúne intimamente muitos sujeitos
inomináveis na sociedade e irrepresentáveis, devido à marginalização a que
foram expostos. Toda a história simplória de Macabéa é o horizonte precário e
sem completude de outros seres macabéicos.
Alguns desses títulos se cruzam, fazendo com que os significados de
passividade e atividade realizem uma interação coerente: “a culpa é minha” e
“eu não posso fazer nada”; “o direito ao grito” e “ela não sabe gritar”, o que
permite considerar alguns títulos como perguntas e outros como as devidas
respostas, dando um tom de fatalidade, que o determinismo impõe.
O tempo em que está inserida a obra é o cronológico, seu determinante
é o relógio que nunca para e nem atrasa, reiterando todas as trágicas e
sofridas experiências num devir constante, visto que as representações do
passado estão no mar do esquecimento, como que dando suporte às gerações
posteriores; e as do tempo presente sofrem a abominável indiferença.
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Nesse contexto, o livro A hora da estrela, em toda sua tessitura, funciona
como um chamamento insistente, é um pedido de auxílio e providências
destinado a todos os sujeitos leitores, inclusive aos que carregam um grito
silencioso, enfim, a obra instiga uma atitude de humanidade, de solidariedade
aos menos validos, irrepresentáveis de todas as épocas.
E há uma representação plangente da sociedade brasileira e dos
excluídos, é uma denúncia da violência, velada ou não, praticada contra a
mulher. Esta é uma temática social muito pertinente, além da exploração
midiática na obra, presente na audiência da Rádio Relógio e no fascínio das
vitrines das lojas. As causas de alienação, somadas à ausência da reflexão
sobre a existência, intensificam os sentidos de angústia da personagem.
Assim sendo, em todo o discurso da obra A hora da estrela, são
formuladas temáticas como: miséria e injustiça social, condição feminina, luta
com palavras (projetando, pela memória discursiva, o poema O lutador, de
Carlos Drummond de Andrade), construção de metáforas, dúvidas e
inquietações existenciais, tais como: vida, morte, dores, religiosidade,
perguntas e respostas, felicidade e tristeza, determinismo, comodismo,
violências diretas e veladas, manifestações artísticas: música e pintura, família
e abandono afetivo.
1. O ato de ler na perspectiva da AD
A leitura é uma prática que possibilita ao leitor revelar-se como ser
humano, e, de acordo com Dell‟Isola (1996, p.75), o sujeito, como agente da
interação texto-leitor, realiza quaisquer leituras com todo o seu ser: “olhos,
ouvidos, sentimentos, pensamentos e a sua bagagem sociocultural. Como
paciente, aquele que se sujeita ao processo interativo, o leitor constitui-se,
representa-se, identifica-se e projeta-se no texto”.
Saber ler implica na percepção de incompletude do texto e ir além do
que é evidente, claro, visto que o texto sempre apresenta vazios, espaços a
serem preenchidas pelo sujeito leitor, considerando suas condições sociais,
ideológicas, culturais, históricas e afetivas. Dessa maneira, é preciso entender
que um texto se constitui ideologicamente, levantar questionamentos, aceitá-lo
ou refutá-lo, tendo uma ação responsiva ao texto, sendo assim, o sujeito leitor
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pode produzir, de um mesmo texto, diferentes leituras, passíveis de variação
de momento para momento, pois a relação leitor/mundo/contexto também é
passível de mudanças: “as novas experiências pessoais interferem nas
impressões que se têm sobre realidade, sobre o modo de ver, de estar e viver
no mundo.” (DELL‟ISOLA, 1996, p.73).
Ao ouvir a programação da Rádio Relógio, a personagem Macabéa não
sabe o significado de muitas palavras, as quais apresentam um alto grau de
complexidade, são elas: designar (p.15); efeméride (p.40); álgebra, eletrônico,
cultura, renda per capita (p.50); mimetismo (p.55) e aristocracia (p.51). E em
algumas conversas com Olímpico3, pergunta por seus sentidos, considerando
que as palavras significam exatamente, sem depender de seus contextos de
produção, realizando um “processo de domesticação das palavras” em que o
sujeito é orientado “para uma leitura de palavras, ler palavra por palavra para
depois interpretar” (KLEIMAN, 1996, p.18).
É perceptível que o conteúdo oralizado na Rádio está num processo
mecânico, reforçando a alienação e ignorância da protagonista, no qual não se
objetiva a compreensão dos ouvintes, ou, ainda, a aplicabilidade desses
conceitos em suas vidas. Desse modo, Macabéa apenas reproduz as palavras
ouvidas que não lhe fazem nenhum sentido, ocorrendo apenas a decodificação
de sons. A ausência de compreensão pode ser explicada pela falta de
conhecimento sobre o assunto.
No leque de reflexões acerca do ato ler, destaca-se também a
perspectiva discursiva, a partir dos estudos realizados em Análise de Discurso
(AD), a qual teve como precursor o filósofo francês Michel Pechêux, nos anos
de 1960. Aqui no Brasil a linguista Eni Puccinelli Orlandi traduziu a maioria de
suas obras e é uma das mais conceituadas autoras em AD.
Fracasse (2012, p.66) afirma que a Análise de Discurso enquanto teoria
de leitura tem o objetivo de explicar o funcionamento de um texto e não apenas
restringir-se à clássica e errônea pergunta „o que o texto quer dizer‟, mas
trabalha a relação entre sujeito, história e língua.
Segundo a autora (2012, p.67-68), as questões suscitadas nos anos
1960 que giravam em torno da leitura e interpretações resultaram no
3 Olímpico foi uma espécie de namorado que não manifestava nenhuma satisfação em estar ao
lado de Macabéa.
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entendimento de que era necessária uma base teórica em que a leitura
pudesse se sustentar. Desse modo, houve uma des-naturalização da leitura e
abriu-se um lugar teórico para o aparecimento da AD (ORLANDI, 2006, p.13-
14). Então, o objetivo de compreender o que significa o ato de ler é a
preocupação da AD, visto que seu compromisso é interrogar a Linguística por
excluir a historicidade, questionar o Materialismo sobre o simbólico, e ainda
distingui-se da Psicanálise por trabalhar a ideologia como matéria ligada ao
inconsciente sem ser absorvida por ele (ORLANDI, 2001a, p.20).
Orlandi (2001b, p.31) afirma que a relação entre sujeito, linguagem e
história é uma constante na AD e reitera que essa relação é exigência de base
na escrita do analista, pois assegura que a linguagem não é transparente:
com a Linguística, ficamos sabendo que a língua não é transparente;
ela tem sua ordem marcada por uma sua materialidade que lhe é
própria. Com o marxismo ficamos sabendo que a história tem sua
materialidade: o homem faz a história, mas ela não lhe é
transparente. Finalmente, com a psicanálise é o sujeito que se coloca
como tendo sua opacidade: ele não é transparente nem para si
mesmo. São, pois, essas diferentes formas de materialidade – de não
transparência – que vão constituir o cerne do conhecimento de cada
um desses campos de saber (ORLANDI, 2006, p.13).
Ao estudar o caráter material do sentido, Pêcheux (apud FRACASSE,
2012, p.71) afirma que: “[...] o sentido de uma palavra, de uma expressão, de
uma proposição etc., não existe “em si mesmo” [...] mas, ao contrário, é
determinado pelas posições ideológicas que estão em jogo no processo sócio-
histórico”.
A realidade é inacessível aos sujeitos que a representam como
imaginação, mas são constituintes desse sujeito. Pêcheux (2002) define o real
como o impossível e considera a história vinculada pelo saber, por meio de
aspectos do marxismo, isto é, o processo de saber remete ao ser o fundamento
daquilo que o constitui.
Coracini (2007, p.60) faz algumas reflexões sobre a presença do outro
na constituição do discurso do sujeito, visto que há heterogeneidade e polifonia
discursiva na constituição dos discursos, havendo uma intersecção das várias
formações discursivas, isto é, a presença do interdiscurso que se sobrepõe ao
intradiscurso. E a autora reitera que a subjetividade é uma espécie de rede
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complexa e que se inter-relaciona, por isso “o sujeito é, assim, fruto de
múltiplas identificações – imaginárias e/ou simbólicas – com traços do outro
que, como fios que se tecem e se entrecruzam para formar outros fios, vão se
entrelaçando e construindo a rede da subjetividade”.
A heterogeneidade é a presença de muitos outros discursos ou já-ditos,
no quais, segundo Authier-Revuz (apud FRACASSE, 2012, p.91) “estão em
jogo o interdiscurso e o inconsciente”. E a autora ainda afirma, numa
perspectiva da psicanálise, que “sempre sob as palavras, outras palavras são
ditas”, o que possibilita outras „vozes escutadas‟ na linearidade do dizer. A ideia
do discurso atravessado pelo inconsciente remete-se a um sujeito complexo,
dividido, não homogêneo em sua linguagem.
Ainda de acordo com Coracini (apud FRACASSE, 2012, p.92), “cada um
de nós tem a ilusão de que faz um, de que é um, de que tem uma identidade,
inventada pelo outro e assumida como sua; ficção que se faz verdade para si e
para os outros”. Nessa ótica, compreende-se a constituição da identidade dos
sujeitos atravessada por representações imaginárias advindas do foco/visão do
outro como sendo o espelho revelador do eu e de seu discurso.
Portanto, a AD procura compreender a linguagem enquanto corpo
simbólico constitutivo do homem e de sua história, sendo sua tarefa
compreender como o material simbólico faz sentido e como ocorre o seu
funcionamento (sentido em relação à situação) e não apenas como conteúdo
(ORLANDI, 2005).
E Michel Pêcheux (2009, p.147) define formação discursiva como “aquilo
que, numa formação ideológica dada, isto é, a partir de uma posição dada
numa conjuntura dada, determinada pelo estado da luta de classes, determina
o que pode e deve ser dito” num enunciado. E ainda ,segundo o autor, “toda
formação discursiva dissimula, pela transparência do sentido que nela há, sua
dependência em relação ao „todo complexo com dominante‟ das formações
discursivas, emaranhado no complexo das formações ideológicas.” Fracasse
(2012, p. 69) também acentua que “para Orlandi, a noção de formação
discursiva é essencial em AD, pelo fato de permitir que se compreenda o
processo de produção dos sentidos, a sua relação com a ideologia e também
fornece ao analista a possibilidade de instituir regularidades no funcionamento
do discurso.”
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Orlandi (2001, 2005) enfatiza que “os sentidos são como se constituem,
como se formulam e como circulam”, destacando estas etapas igualmente
relevantes: 1) o da Constituição: a partir da memória do dizer, fazendo intervir o
contexto histórico-ideológico mais amplo; 2) da Formulação: em condições de
produção e circunstâncias específicas; 3) e da Circulação: ocorre em certa
conjuntura e segundo certas condições.
As formações imaginárias, como explica Pêcheux (1990, p. 83)
funcionam como uma espécie de “jogo de imagens de lugares sociais”, as
quais “supõe, da parte do emissor, uma antecipação das representações do
receptor, sobre a qual se funda a estratégia do discurso”. O autor (1997, p.83-
84) afirma que todo o processo discursivo supõe a existência das formações
imaginárias, as quais designam:
a) a imagem que o locutor tem de si mesmo (Quem sou eu para lhe falar
assim?)
b) a imagem que o locutor tem de seu interlocutor (Quem é ele para que eu
lhe fale assim?)
c) a imagem que o locutor julga que o interlocutor tenha do locutor (Quem é
ele para que me fale assim?)
d) a imagem que o locutor faz do referente (De que eu lhe falo?)
e) a imagem que o interlocutor faz do referente (De que ele me fala?)
Ao considerar as formações imaginárias, responsáveis pela formulação
da obra a ser analisada, temos o locutor como o sujeito Clarice Lispector
transportado para o narrador-personagem Rodrigo, o interlocutor é o sujeito-
leitor, expresso em vários momentos de interrogações e o referente é a história
da Macabéa.
Segundo Orlandi (2001a, p.39), pertencem às formações imaginárias o
processo de antecipação, as relações de força e as relações de sentido, visto
que não é o sujeito fisicamente e nem o lugar que funcionam no discurso, mas
as projeções, as imagens desses sujeitos.
E Fracasse (2012, p. 40) afirma que, de acordo com a Orlandi (2001a,
p.40), as condições de produção abarcam o que é material (a língua sujeita ao
equívoco e à historicidade), o que é institucional (a formação social, em sua
ordem) e o mecanismo imaginário.
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Num gesto de leitura é necessário que o leitor considere as
circunstâncias de produção, visto que formam os sentidos. Nas palavras de
Coracini (2005, p. 27): “não podemos dizer ou fazer o que quisermos em
qualquer lugar e a qualquer momento: há regras, leis do momento que
autorizam a produção de certos sentidos e não de outros.”
Orlandi (2000, p. 33) prioriza que “todo dizer, na realidade, se encontra
na confluência dos dois eixos: o da memória (constituição) e o da atualidade
(formulação). É desse jogo que tiram seus sentidos”. Percebe-se nessas
palavras que o discurso é formado pela historicidade (memória discursiva) e
pela relação com outros discursos. E o leitor precisa compreender “o que é dito
em um discurso e o que é dito em outro, o que é dito de um modo e o que é
dito de outro” (p. 33).
2. Contextualizando os passos da pesquisa
A pesquisa foi organizada a partir das seguintes etapas: elaboração do
Projeto e do Material Didático no primeiro ano do PDE e a Implementação das
propostas pedagógicas com a turma de 9º. Ano. Essa fase foi composta pelas
seguintes etapas: leitura da obra com os alunos; reflexões, exercício filosófico;
seleção de outras manifestações da linguagem que abordam as temáticas
mobilizadas na obra (música, soneto, fábula).
Vale ressaltar que para a realização dessa pesquisa, além do suporte
teórico da AD francesa, recorremos à leituras referentes aos domínios da
Filosofia, da Sociologia, das Artes, da Psicologia, conforme as temáticas
suscitadas na obra: miséria e injustiça social, condição feminina,
metalinguagem, construção de metáforas, dúvidas e inquietações existenciais
(vida, morte, dores, religiosidade, felicidade, tristeza), perguntas e respostas,
determinismo, comodismo, violências diretas e veladas, música e pintura,
família e abandono afetivo.
3. Gestos de interpretação na/da A Hora da Estrela
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Desde a produção das Diretrizes Curriculares Estaduais4, que traz como
conteúdo estruturante o discurso como prática social, fui aprofundando meu
trabalho nessa perspectiva discursiva, mas sem muito embasamento teórico.
Nesse contexto, fui instigada a optar pela teoria da AD em minha pesquisa do
PDE, e a escolha de A hora da estrela foi realmente para superar minhas
expectativas profissionais, considerando a complexidade da linguagem e o
conteúdo tratado por Lispector que, ao mesmo tempo, fala tão alto e com
proximidade aos seus leitores, com raras exceções.
O trabalho com a AD na obra A hora da estrela é uma abordagem
complexa e é necessário selecionar o nível da turma, principalmente quanto à
maturidade intelectual dos alunos. Assim sendo, escolhi o 9º ano por já haver
trabalhado com essa mesma turma no 7º ano (em 2012) e ter, com sucesso,
realizado muitas análises em diferentes materialidades discursivas, as quais
permitiram instigar, até os alunos mais tímidos, às discussões no decorrer do
ano letivo.
Concordo que, em geral, essa faixa etária do 9º ano, não está preparada
para realizar uma análise discursiva de obras literárias da complexidade como
a clariciana. Além disso, pelas experiências vivenciadas em minha prática
pedagógica com diferentes níveis de ensino, tenho observado que mesmo os
alunos do Ensino Médio não se dispõem a participar de discussões e é um
custo descomunal desinstalá-los de seu comodismo de estar “dormindo no
berço esplêndido” do silêncio, que muitas vezes é macabeico, então é bem
relativa a escolha da turma.
E decidi buscar esse caráter epifânico tão clariciano, para mim e meus
alunos do 9º ano, no desafio de aprofundar com eles, tantos mistérios contidos
nessa obra e, a partir disso, podermos aprimorar a nossa humanidade e nos
tornar mais sensíveis quanto às realidades subjetivas, e assim não sermos
surpreendidos diante de alguma situação, pelo questionamento do narrador
Rodrigo: “Quem já não se perguntou: sou um monstro ou isto é ser uma
pessoa?” (p.15).
4 AS DCE – Diretrizes Curriculares da Educação, é uma construção coletiva dos professores do estado com a SEED, num longo processo de discussão coletiva, entre 2004 a 2008. Foram oficialmente publicadas em 2008.
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Nessa perspectiva, trabalhei a biografia da Clarice Lispector para
contextualizar a sua importância no cenário da literatura nacional e até mesmo
internacional. Na fase da Implementação, não evidenciei tanto, falei
rapidamente, mas destaquei o sentimento de culpa que Clarice carregava e
transpunha em sua obra, tanto que o primeiro dos treze títulos é “A culpa é
minha”, seguido de “A hora da estrela”, que realmente é a hora da morte física
de Macabéa, analogia com o luto ressentido, a vida toda, de sua mãe, devido
ao seu adoecimento e falecimento.
Clarice traz o peso da orfandade: perdeu a mãe ainda menina de dez
anos e falhou em salvá-la com seu nascimento, contrariando uma suposta
crença judaica de que o bebê poderia salvar a vida da mãe, isso teria marcado
sua trajetória, então a progenitora passou grande parte de sua vida presa a
uma cadeira de rodas. E um sentimento de culpa primordial acompanhará a
vida inteira da Clarice, como também será marca constituinte de sua escrita
literária.
É importante destacar que a morte é a mais intensa temática da obra, a
ponto de o narrador afirmar que Macabéa “nascera para o abraço da morte. A
morte que é nesta história o meu personagem predileto.” A obra A hora da
estrela é a herança e o testamento literário deixado pela autora, é sua obra-
prima relatando suas inquietações existenciais, é permeada de diversos fatos
biográficos, mesclados nos personagens, visto que a orfandade também é uma
das marcas identitárias da protagonista Macabéa.
No início da Implementação, especificamente na primeira leitura que
realizaram na sala de aula, houve um estranhamento dos alunos e
comentavam que a linguagem da autora exigia, reiteradas vezes, que
retomassem alguns fragmentos lidos, pois os sujeitos alunos realizavam um
autoquestionamento acerca do sentido ou sensação que a leitura lhes causava,
visto que estavam sendo afetados por outros dizeres que perpassam a obra,
pelo viés do interdiscurso, produzindo gestos de interpretação. Nesse sentido,
a escrita de Clarice é altamente desafiadora, desinstala o leitor de seu mundo
comodista e praticamente o força a uma autorreflexão.
Alguns alunos declararam que a leitura da obra foi um pouco viciante,
pois fizeram várias leituras e, desse modo, estavam desvendando sempre algo
a mais da essência de ser e estar no mundo, o que julgaram muito válido. E
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após as leituras e no decorrer da análise das questões elaboradas, foram
conseguindo realizar leituras/interpretações mais consistentes, apropriando-se
de aspectos éticos e estéticos presentes na obra.
A atividade 4 do Módulo I, na fase da Implementação “Ser sensível à
vida macabeica” foi muito produtiva, visto que não sabiam nada sobre a obra,
surgindo comentários dos sujeitos alunos com o seguinte teor: “Como pode
essa atividade ter tantos destaques de mim? Eu conheço pessoas que
apresentam essa ou aquela expressão em sua vida. Até parece que está sendo
realizada uma descrição de mim nas situações que destaquei.” E desse modo,
evidencia-se o sentido existencialista da obra clariciana, o qual permitiu instigar
a curiosidade para a leitura da obra A hora da estrela e para análise
posteriores.
Chamou minha atenção um aluno, conhecido desde o sexto ano, que
destacou todas as frases5 da atividade supracitada, então solicitei que
explicasse em particular, visto que não precisavam expor suas escolhas ao
grupo, mas não soube responder, uma atitude bem típica de sujeito macabeico,
e esse aluno é altamente questionador, participativo, crítico, parece que a
atividade o constrangeu em sua realidade bastante paupérrima, fazendo-o
refletir sobre sua condição de vida e de seus pares, necessitada de mudanças,
mas infelizmente foi transferido para outra cidade no início do 1º Bimestre, por
motivos familiares.
Quanto ao exercício filosófico, expliquei de maneira objetiva os métodos
de dedução e indução, e os fragmentos elencados foram determinantes para
compreenderem as definições, e ainda perceberam o teor filosófico da obra,
presentes com tanta propriedade nos fragmentos destacados, e ainda,
certamente, não era preocupação de Lispector. Assim, os sujeitos alunos
praticaram Filosofia, visto que estudaram os problemas balizadores do existir
da protagonista, bem como a busca do conhecimento e da verdade com
questões pertinentes, permeadas aos valores da estética e da ética,
respaldadas na inteligência e linguagem.
5 As frases escritas no Material Didático contêm afirmações femininas, mas na Implementação
houve adaptações aos sujeitos masculinos, por exemplos: idealiza a namorada, sonha com a princesa encantada, compra ou deseja comprar produtos de beleza por vaidade masculina.
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No que se refere às letras de músicas, retomam as temáticas elencadas
na obra, pois parecem contemplar o universo psicológico e as vivências dos
sujeitos, ocorrendo, assim, certa identificação com determinado estilo musical.
A maioria dos alunos apenas conhecia Modinha para Gabriela, devido à série
passada há pouco tempo na tevê. Além disso, eles apreciaram as músicas que
foram analisadas, justamente por terem apurada sensibilidade estética musical,
exceto Una furtiva lacrima, por ser parte de uma ópera.
Mas é um desafio constante a nós, professores, acordar nosso público
para a necessidade da alma humana se alimentar do que é nobre, positivo,
validado pela história da civilização, visto que a cultura contemporânea, que
não deixa de ser/ter expressões diversas de arte, torna-se, para a maioria,
regra de manifestação artística e tudo que destoa de seus gostos estéticos são,
não raras vezes, facilmente depreciados e desprezados sumariamente, por
exemplo: música clássica, para muitos tem conotação altamente negativa, até
as que têm título religioso.
O trabalho com o soneto “Eu...”, da portuguesa Florbela Espanca foi
interessante, pois, além das analogias do eu poético com Macabéa, registradas
no Material, foi possível perceber muita simetria entre a Macabéa, a poetisa
Florbela Espanca e a Clarice Lispector, tais como: Macabéa tem 19 anos e
busca construir sua identidade e nem tem o registro de sobrenome, e somente
19 anos após a morte de Florbela, por insistência dos seus fãs, é que o pai a
reconhece como filha e deu seu sobrenome, era registrada como filha de pai
incógnito. E aos 19 anos tem seu primeiro casamento, também Macabéa nessa
idade conheceu Olímpico e teve o término do namoro. A portuguesa
matriculou-se no curso de Direito em 1917 e em 1920 (em torno de três anos)
desiste dos estudos, como Macabéa estudou até a terceira série primária
(apenas três anos). Aos 8 anos, a mãe biológica de Florbela mudou para outra
cidade, e, juntamente com seu irmão, sentiu o peso da orfandade, como
Macabéa com 2 anos de idade fica órfã de pai e mãe, e a própria Clarice aos
10 anos fica órfã da mãe. Clarice e Espanca cursam Direito, apenas Clarice
conclui. As autoras também passam por divórcios e são vozes importantes do
feminismo no cenário literário. As duas sofreram preconceitos pela sociedade
machista, no universo das letras, mas souberam se sobressair muito bem e
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realizaram denúncias disso em suas obras, possivelmente, pela formação
acadêmica de Direito.
A fase de elaboração do júri simulado fluiu muito bem, atendi aos
diferentes grupos para orientá-los na estruturação de suas falas (testemunhas,
defesa e acusação), organizei uma apostila com o conteúdo do Material
Didático para estudar com os advogados de defesa e a promotoria, a fim de ser
um respaldo a mais para a elaboração de suas teses. Essa estratégia de
assessoria foi muito proveitosa, pois os sujeitos alunos teceram seus
argumentos, procuraram introduzir as citações do livro, justamente para a obra
balizar as discussões e se comprovar que é possível ser ponto de referência
para discussões, posicionamentos críticos e repensar o estar no mundo, com
vistas a superar as condições macabeicas negativas.
Considerações finais
Paulo Freire, em Pedagogia da Autonomia (1996), reiteradas vezes
utilizou e expressão: “ensinar a pensar certo”, eis o atual e maior desafio dos
educadores contemporâneos, certamente este é o motivo da ênfase de Freire.
A esse respeito, na aula inaugural do PDE em 2007, o governador do Estado
do Paraná, Roberto Requião, proferiu o discurso, expondo o que se deseja
para a escola:
Uma sociedade que não lê, que não discute, que não debate, que não questiona, que não pesquisa, produz escolas que não se inquietam, que não protestam, que não reagem. Queremos escolas vivas, criativas, agitadas. Queremos professores que mobilizam as salas de aulas, que abram horizontes, que descortinem a vida e as maravilhas do conhecimento (REQUIÃO, 2007, p. 6-7).
Portanto, vale destacar que entre os objetivos propostos para essa
pesquisa, o ato de estudar os processos de constituição, formulação e
circulação dos sentidos no discurso da Hora da estrela foi atingido pela
abordagem das muitas temáticas, com os fragmentos relativos a essas
temáticas, presentes em diversas páginas, pontuados ao longo das leituras e
interpretações realizadas. E, nesses momentos, foi possível identificar quais
formações imaginárias os sujeitos alunos possuem em relação a cada tema
trabalhado, uma vez que estavam em contato com materialidade da escrita da
obra. De acordo com Orlandi, (1996, p.12-13), “a Análise do Discurso
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problematiza a atribuição de sentido(s) ao texto, procurando mostrar tanto a
materialidade do sentido como os processos de constituição do sujeito que
instituem o funcionamento discursivo”.
E, ainda, o objetivo de realizar gestos de leitura que propiciem a
autonomia intelectual dos sujeitos alunos, a partir da compreensão,
interpretação, questionamento, reflexão e transformações em suas vivências
cotidianas, ocorreu em uma perspectiva discursiva da obra, que se pautou na
intersecção de vários contextos sócio-históricos e ideológicos, como:
referências biográficas de Clarice Lispector, sua constante preocupação com a
metalinguagem e a escrita, a migração de nordestinos a centros urbanos
brasileiros, a mídia brasileira, especificamente, o rádio e a influência da
propaganda, a constituição da identidade feminina, a Ditadura Militar.
Finalmente, o objetivo de promover uma reflexão filosófica permeada
pela crítica, em que os sujeitos alunos se questionem sobre os diversos
discursos e regras sociais da atualidade, como também dirijam olhares para si
mesmos e percebam a necessidade de ampliar seu senso de ética e estética, e
assim reformulem, positivamente, suas maneiras de ser e de estar em todos os
ambientes. Esse se consolidou nos comentários orais e registros, feitos como
esquemas nos cadernos, e, quando necessário, fiz intervenções também por
meio de perguntas sobre os fragmentos para lhes instigar o interesse em
aprimorar seus próprios discursos. As citações do livro A hora da estrela são
balizadoras de questionamentos que conduzem à expansão do pensamento
crítico e do repensar o estar no mundo. Perissé assegura:
Está aí uma verdade inspiradora. Sinto-me de novo estimulado a
refletir sobre a leitura reflexiva, quero voltar a escrever sobre o
exercício da reflexão, e de como essa reflexão se baseia na arte de
perguntar, e de como o leitor que pergunta a si mesmo está no cerne
do jogo reflexivo, e de como essa reflexão é crítica, e autocrítica, na
medida em que as perguntas solicitam silêncio interior, meditativo,
silêncio que nos permite calar os lugares-comuns (PERISSÉ, 2005,
p.59).
Ao selecionar fragmentos da obra, ou seja, marcar recortes da voz da
autora, foi realizada uma mobilização dos ditos e não ditos de Clarice
atravessados por interdiscursos de sujeitos-leitores sobre os temas e questões
existenciais que tratou nesta ficção. As citações já são uma abordagem
argumentativa/persuasiva do valor da literatura e demonstram como os sujeitos
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são perpassados quando mantêm contato com a obra e, inevitavelmente, o seu
dizer trará marcas de Clarice. Assim, temos delineado o contorno da voz da
autora a partir de alguns fragmentos, sendo possível reafirmar assim a teoria
da heterogeneidade dos discursos.
Para a análise da obra, faz-se necessário não considerar unicamente o
texto literário, constituído em sua materialidade, mas também valorizar os
enunciados, as práticas discursivas nas quais se registram a polifonia. Dessa
maneira será perceptível ou compreensível a heterogeneidade dos discursos e
das memórias que o compõem.
Assim sendo, se valoriza a memória discursiva justamente por seu
caráter múltiplo, diverso e que, na análise da obra literária, é sustentada pelo
enredamento de vários sentidos e demanda/exige uma leitura interpretativa do
discurso.
O sentido de uma palavra, de uma expressão, de uma proposição,
etc., não existe em si mesmo (isto é, em sua relação transparente
com a literalidade do significante), mas, ao contrário, é determinado
pelas posições ideológicas que estão em jogo no processo sócio-
histórico no qual as palavras, expressões são produzidas (isto é,
reproduzidas) (Pêcheux, 2009, p.160).
Depreende-se disso que o sentido é múltiplo, não se repete e nem pode
ser quaisquer sentidos, visto que seria a sua dispersão. E ainda o sentido literal
sofre alterações, do contrário as palavras seriam cheias dos mesmos
significados. E porque o trabalho é com o discurso, o sentido torna-se
conhecido como produção histórica, visto que “o sentido não pertence a
nenhum interlocutor, mas é produzido” (Mariani, 1998, p.31).
A perspectiva discursiva permite a investigação além-sentidos, é um voo
irrestrito da literalidade textual, reiterando a pluralidade de vozes que cada
texto guarda, sendo a memória discursiva o ponto inicial da análise da
materialidade do discurso, em busca de seu espesso significado. A hora da
estrela é um questionamento ao sujeito leitor, traz uma oportunidade ímpar de
reflexão da própria existência. Percebe-se que a obra é mais uma inquietação
que devora quem com ela mantém contato, no único objetivo de apreender a
identidade do ser tão frágil e, ao mesmo tempo, tão humanamente pisado, mas
numa dimensão metafísica de valorização do que é bom, belo, ético, virtuoso.
Também remete, em todo ser realmente humano, a indignação, que instiga à
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exigências de mudanças de realidades opostas e hostis. E ainda a protagonista
se transforma num sujeito muito próximo, com o qual se estabelece certa
identificação e interpela, constantemente, um posicionamento sobre as
realidades por ela vivenciadas.
Com todas as atividades de AD não se buscou investigar quais são os
significados dos fragmentos ou temáticas da obra, mas sim o modo como são
construídos os sentidos. E foram instigadas reflexões e problematizações,
descortinando a ideia errônea de que o texto é claro e quer dizer algo
especificamente e, assim, os sujeitos alunos foram orientados no entendimento
quanto aos múltiplos sentidos possíveis no ato de leitura, em uma perspectiva
discursiva. Enfim, todo esse trabalho elaborado e executado não é de maneira
nenhuma a completude de interpretação, mas a possibilidade e a necessidade
de novas análises que possam expor mais um pouco da riqueza da obra
clariciana estudada.
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