os desafios da escola pÚblica paranaense na …... o jornal na sala de aula: da informaÇÃo ao...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
O JORNAL NA SALA DE AULA: DA INFORMAÇÃO AO CONHECIMENTO CRÍTICO
MACHADO Enio
1
ZANELLA José Luiz2
Resumo: A leitura de textos jornalísticos apresenta uma visão independente de quem faz, e a interpretação desta, depende do nível de conhecimento interpretativo de quem lê. A leitura do jornal feita com criticidade pelos alunos e o apoio do professor dentro deste contexto, pode proporcionar melhor maneira de desenvolver o seu trabalho ou interpretar melhor a realidade. Podemos afirmar que todos os tipos jornais servem como material educativo, independente da sua linha de trabalho. No entanto, deve-se distinguir jornais conservadores de jornais críticos, mostrando as diferenças de concepção de mundo, além de conhecer os conceitos de alienação e ideologia, em uma perspectiva crítica como referência para análise de textos jornalísticos, desenvolver a capacidade do aluno em procurar, organizar e apresentar as informações contidas no texto e proporcionar a formação crítica dos, quanto às informações recebidas no contexto da leitura.
Palavras chave: Leitura; Jornal; Recurso Didático
INTRODUÇÃO
Este artigo é parte de uma investigação ativa e atual de minha prática de
docente que investiguei possíveis abordagens metodológicas que possibilitem
um novo olhar significativo em relação ao conteúdo trabalhado com leitura
críticade jornais com alunos do nono ano do Ensino Fundamental do Colégio
Estadual Barão do Rio Branco do Município de Flor da Serra do Sul-PR.
O trabalho com o jornal na escola visa a superar o baixo rendimento dos
alunos, a partir da melhoria da leitura e da escrita, bem como estimular a
expressão oral e produção textual e entender a informação de como ela foi
construída. Busca-se através deste trabalho, orientar o aluno para uma
interpretação crítica da realidade ou dos fatos através do jornal, mostrando
como essa realidade é exposta na divulgação de uma notícia, o que está por
trás desta informação, quem é que divulga, qual o interesse do jornal divulgar
essa informação, de qual outra maneira essa informação poderia ser divulgada,
qual o objetivo dessa noticia para a sociedade, como interpretar essa notícia?
Ou até mesmo questionar a notícia mais ainda (o quê, quem, quando, onde,
1 Professor de Língua Portuguesa do Colégio Estadual Barão do Rio Branco da rede estadual de Ensino
Fundamental e Médio de Flor da Serra do Sul-Pr. E-mail: [email protected] 2 Professor de Filosofia da Educação da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus de Francisco
Beltrão-PR. E-mail: [email protected]
como e por quê) além de diferenciar os vários gêneros textuais (artigo,
reportagem, classificados, horóscopo etc.)
Para Freire 1989) “percebe-se a importância da leitura, da compreensão
e da interação como o mundo imediato, no qual se está inserido, para a
aquisição da leitura das palavras”(FREIRE, 1989, p.15)
Comunicação é o processo de troca de informações entre um emissor e
um receptor. Um dos aspectos que podem interferir nesse processo é o código
a ser utilizado, que deve ser entendível para ambos. Quando o homem se
utiliza da palavra, ou seja, da linguagem oral ou escrita, dizemos que ele está
utilizando uma linguagem verbal, pois o código usado é a palavra. Tal código
está presente, quando falamos com alguém, quando lemos, quando
escrevemos. A linguagem verbal é a forma de comunicação mais presente em
nosso cotidiano, sendo a palavra escrita ou falada, a forma pela qual nos
comunicamos. Mediante a palavra falada ou escrita, expomos aos outros as
nossas ideias e pensamentos, comunicando-nos por meio desse código verbal
imprescindível em nossas vidas.
A outra forma de comunicação, que não é feita nem por sinais verbais
nem pela escrita, é a linguagem não-verbal. Nesse caso, o código a ser
utilizado é a simbologia. Ao contrário do que alguns pensam, a linguagem não-
verbal é muito utilizada e importante na vida das pessoas. Outra diferença
entre os tipos de linguagens é que, enquanto a linguagem verbal é plenamente
voluntária, a não-verbal pode ser uma reação involuntária, provindo do
inconsciente de quem se comunica. Todo o tipo de linguagem tanto verbal
quanto não verbal deve ser levado em conta a sua importância para a vida dos
alunos, pois ela está presente no seu dia a dia, tanto no campo quanto na
cidade. A utilização de mídias impressas como materiais didáticos na escola
promove o aluno nas mais variadas situações do cotidiano, diante dessa
necessidade: “O que conta, antes do mais, para a escola, para as crianças e
para os professores, não é o aspecto histórico das técnicas e dos método mas
sim a sua adequação às necessidades pedagógicas” (FRENET, 1974, p. 17)..
Buscamos apresentar neste texto o desenvolvimento em sala de aula
uma metodologia para trabalhar com textos de jornais, numa perspectiva crítica
para informar, comunicar, integrar e desenvolver a capacidade do aluno em
refletir sobre à composição textual, desenvolvendo habilidades para uma leitura
de mundo critica.
O trabalho reflexivo do jornal na sala com a intermediação do professor
para ter êxito, deve influenciar a família do aluno em sua casa, que através das
atividades desenvolvidas possa conscientizá-la da importância que ele tem na
vida das pessoas. Diante da relevância do jornal em sala de aula como um
recurso didático, necessito, enquanto professor, de um estudo teórico-
metodológico que me instrumentalize na análise de jornais, possibilitando
assim pensar uma metodologia de ensino em sala de aula que desenvolva nos
alunos uma leitura de mundo critica e um aprendizado significativo da língua
portuguesa.
O texto está organizado em duas partes. Na primeira parte
contextualizamos o estudo sobre o jornal na sala de aula enfocando a escrita, o
professor e o aluno. Na segunda parte, descrevemos o desenvolvimento do
projeto na escola.
1. O JORNAL NA SALA DE AULA
Pensando em melhorar o meu trabalho em sala de aula, utilizei o jornal
como um recurso didático. Penso que o jornal pode contribuir para despertar a
criticidade dos alunos, fornecendo possibilidades de ampliar o trabalho
educativo, estabelecendo relações entre o “eu” e o “mundo”, permitindo leituras
e opiniões diferenciadas muitas vezes referentes ao mesmo assunto, ainda
mais de quando se trata de um assunto referente a atualidade.
O trabalho com o jornal em sala de aula sem ter um objetivo claro do
que se quer, não é suficiente, deixa um “vazio” no trabalho e vira uma
“bagunça” na sala, pois cada aluno vê algo que chama a sua atenção e quer
mostrar para o colega passando o aluno a ser um mero espectador da
aquisição do conhecimento. Não é esse tipo de leitura que nós pretendemos, já
que falamos em leitura crítica, temos que priorizar e intermediar a criticidade da
leitura dos nossos alunos, muitas vezes até escolhendo o assunto a ser
trabalhado.
O uso do jornal na sala de aula
O jornal na sala de aula tem uma boa influência, desde que o aluno com
mais dificuldade em leitura aprenda, até o bom ser ainda melhor. Hanze (2010),
nos coloca ainda, que o jornal é uma maneira de pensar e agir, com resultados
positivos, é um estímulo e prazer na leitura, vincula a realidade social e propõe
alternativas de se ter um bom cidadão, além de se ter um a informação mais
recente.
Um dos motivos que gratifica o professor é sem dúvida, a motivação dos
alunos, além de fazer uma leitura diferenciada e mais bem sucedida de que o
livro didático ou um outro material qualquer, tornando cidadãos mais bem
informados, sem contar o enriquecimento em uma leitura crítica, que esclarece
ao aluno a realidade dos problemas sociais, propicia o desenvolvimento de
raciocínio e aumenta a capacidade de questionar os problemas que surgem no
dia a dia, sem contar com os assuntos que estão mais próximos de sua
comunidade. Especialistas em educação afirmam que o jornal é uma
alternativa a predominância da televisão, que aliena os jovens e cria uma
“dificuldade” aos questionamentos daquilo que está exposto. A leitura de textos
jornalísticos amplia o vocabulário e a compreensão de textos, melhora a
qualidade das intervenções verbais, trás uma visão aberta e atualizada. O
jornal espelha o jogo de interesse da sociedade e o estudante pode
compreender em que sociedade esta vivendo e convivendo, traz para a sala de
aula a sociedade e suas necessidades reais.
O jornal reflete a situação real da sociedade com informações mais
atualizadas. Os textos jornalísticos servem de base para se trabalhar os temas
transversais, além de leitura e interpretação de temas tratados possibilitando
uma oportunidade de ser inserido num mundo diversificado, de informações.
Hanze (2010) ainda coloca em seu texto que o jornal atende a proposta dos
Parâmetros Curriculares Nacionais que trata das matérias que servem de base
para o desenvolvimento dos temas transversais, trabalhando-se, por exemplo,
a questão da ética e da cidadania nos enfoques e tendências, que dão aos
fatos e notícias.
A leitura e a escrita
Atualmente, as informações estão cada vez mais rápidas, percebemos a
necessidade de novas práticas pedagógicas que contribuam para o
desenvolvimento da leitura e da escrita.
É preciso que antecipem que façam inferências, a partir do contexto ou conhecimento prévio que possuem que verifiquem suas suposições – tanto em relação à escrita, propriamente, quanto ao significado (PCN, 1998, p.55-56).
Bakhtin 2003, enfatiza a importância do princípio dialógico, relacionado
às práticas sociais e atividades humanas. Na enunciação o outro está sempre
presente (nem sempre fisicamente); os significados das palavras não são fixos,
podem variar nas diferentes situações, de acordo com o contexto do sujeito.
Bakhtin afirma que a língua é dinâmica e interativa:
A riqueza e a diversidade dos gêneros do discurso são infinitas porque são inesgotáveis as possibilidades da multiforme atividade humana e porque em cada campo dessa atividade é integral o repertório de gêneros do discurso, que cresce e se diferencia à medida que se desenvolve e se complexifica um determinado campo. Cabe salientar em especial a extrema heterogeneidade de gêneros do discurso (orais e escritos), nos quais devemos incluir as breves réplicas do diálogo do cotidiano... (BAKHTIN, 2003, p.262).
As publicações do Ministério da Educação demonstram uma ligação com
a sociedade atual, isso pode instigar a importância do letramento para uma
movimentação social.
Considerando os diferentes níveis de conhecimento prévio, cabe à escola promover sua ampliação de forma que, progressivamente, durante os oito anos do ensino fundamental, cada aluno se torne capaz de interpretar diferentes textos que circulam socialmente, de assumir a palavra e, como cidadão, de produzir textos eficazes nas mais variadas situações (BRASIL, 1998, p. 19).
As DCEs de 2008 de Língua Portuguesa, trazem uma leitura clara de
como o aluno deverá desenvolver esse conhecimento e de entender a prática
da leitura. Praticar a leitura em diferentes contextos requer que se
compreendam as esferas discursivas em que os textos são produzidos e
circulam, bem como se reconheçam as intenções e os interlocutores do
discurso.
É nessa dimensão dialógica, discursiva, que a leitura deve ser a
experiência, desde a alfabetização. O reconhecimento das vozes sociais e das
ideologias presentes no discurso, tomadas nas teorizações de Bakhtin, ajudam
na construção de sentido de um texto e na compreensão das relações de poder
a ele inerentes (DCE 2008, p. 57).
O jornal e o aluno
Primeiramente, o professor precisa saber o objetivo que pretende atingir,
assim, ele torna uma ferramenta pedagógica de grande valia, ele auxilia no
desenvolvimento escolar através da interpretação, da informação,
esclarecendo o aluno da realidade social o desenvolvimento de um raciocínio
lógico, que não se deixe “levar” por uma informação muitas vezes de cunho
político ou propaganda para engrandecimento pessoal.
Dentro desse contexto de trabalho, devemos ensinar a ler todas as
páginas do jornal, de maneira crítica, desde as manchetes aos suplementos, da
propaganda a informação, da parte política a atual, para que ele, o aluno tome
consciência dos mais variados estilos de publicações. Esse trabalho indica uma
maneira diferente de pensar e agir por meio da leitura e manuseio do jornal,
além de proporcionar um estímulo prazeroso de leitura que vincula a realidade
do convívio de muitos colegas ou conhecidos que vivem inseridos no mesmo
contexto e as alternativas para ser um bom cidadão diante dessas informações
recebidas através das leituras.
Muitas reportagens apresentadas em jornais ou revistas podem ser
consideradas como propaganda “ideológica”, pois tem uma linha de defensores
dessa idéia ou um interesse em divulgá-la ou até de promoção pessoal. Como
professor preciso ter esse conhecimento para que meus alunos não se deixem
“levar” por essas ideologias de interesse individual.
Neste contexto, salienta Garcia:
Além da seleção de informações, há outros meios de manipulação dos fatos. Um deles é a fragmentação da realidade, implícita na própria forma como são apresentadas as notícias. Para se adquirir consciência da realidade social é necessário que se percebam as relações entre os diversos fenômenos, obtendo-se a visão de conjunto necessária para ver a sociedade como um todo integrado, em que os fatos econômicos, políticos e culturais sejam vistos tal como se determinam reciprocamente. A grande imprensa, ao contrário, aponta os fatos isolados uns dos outros, mantendo ocultas aquelas relações (GARCIA, 1999, p. 66).
Dessa forma é necessário que o professor esteja preparado para
mostrar ao aluno as diferenças entre o texto que busca uma real situação ou
aquele texto que é simplesmente uma mera propaganda de convencimento do
leitor.
É fundamental, por exemplo, que o professor tenha o conhecimento para
distinguir entre jornais críticos de jornais não críticos ou conservadores.
O Jornal crítico é aquele independente, que relata fatos concretos,
fazendo análises criticas estimulando o leitor ou desmotivando-o, dependendo
da visão que o leitor tem sobre o assunto, apresentando as duas versões dos
fatos, levando o leitor a uma reflexão sobre o assunto.
O texto crítico é redigido por um profissional especializado da área, que
em contato com o assunto a ser criticado produz matérias que serão
apresentado ao leitor. O crítico não pode apresentar uma avaliação subjetiva, e
sim, apresentar uma descrição objetiva que deem sustentação aos seus
argumentos a serem utilizados.
Entendemos por jornais conservadores aqueles que se propõe a
reformas sociais para arrumar a sociedade, logo, estes conservadores
conservariam um status quo, sendo contra as mudanças no sentido de
superação revolucionária da sociedade. Jornais conservadores são os jornais
liberais, pois esta é a ideologia da sociedade capitalista.
Na sala procurou trabalhar o jornal também como uma fonte primária de
informação, pois mostra uma realidade mais próxima do leitor e que pode se
situar e inserir na vida social e profissional apresentando conteúdos variados,
faz o aluno conhecer diferentes posturas ideológicas aprendendo a respeitar os
diferentes pontos de vista.
Os PCNs de 1997 trazem:
A „pedagogia critica social dos conteúdos‟ assegura a função social e política da escola mediante o trabalho com conhecimento sistematizado a fim de colocar as classes populares em condições de uma efetiva participação nas lutas sociais. Entende que não basta ter como conteúdo escolar as questões sociais atuais, mas que é necessário que se tenha domínio de conhecimentos, habilidades e capacidades mais amplas para que os alunos possam interpretar suas experiências de vida e defender seus interesses de classes (PCNs, 1997, p.32).
Percebe-se muitas vezes, o despreparo pedagógico do professor ou até
mesmo a insegurança para se trabalhar com mídias impressas, pois é mais
prático um livro didático que já vem pronto e acabado, pois a pesquisa e a
busca por uma aula dinâmica requer mais trabalhos.
Portanto, pensando em tornar os alunos leitores informados e críticos já
tentei trabalhar o jornal na sala de aula buscando fazer com que eles
entendessem que a leitura do jornal faz parte do dia a dia das pessoas, a
facilidade de acesso aos jornais facilitaria as pessoas entender a leitura de uma
maneira que não se deixassem levar pelo que está escrito, e sim uma
interpretação da realidade, de como essa realidade é exposta na divulgação de
uma notícia, o que está por trás desta informação, quem é que divulga, qual o
interesse do jornal em divulgar essa informação, de que maneira essa
informação poderia ser divulgada, qual o objetivo dessas noticia para a
sociedade, como interpretar essa notícia... Enfim, essas questões me
motivaram a levar para a sala de aula o jornal como um recurso didático.
Trabalhei com vários tipos de jornais, mas não obtive êxito, pois não passei da
informação e percebi que os alunos se interessaram pelo jornal em si, e não
pela informação enquanto conteúdo crítico. Quando pedi para eles que
encontrassem uma notícia, ou algo que mais lhe chamasse a sua atenção, e
depois comentar na sala para os colegas em forma de seminário, verificou,
para a minha surpresa, de uma turma de 25 alunos, 21 alunos interessaram-se
pelas páginas policiais. Por que a violência e não as noticias de interesse
econômico, social ou político? Sendo assim, comecei então a explorar mais os
jornais na sala de aula com os alunos, pois tenho acesso de vários jornais
regionais. Trabalhar as mídias impressas (Jornal na sala de aula) como
material didático promove a formação do aluno em diversas situações de
aprendizagem, pois tem um campo maior de exploração dos acontecimentos
do dia a dia do aluno, do convívio dele com o meio social. Sem contar com a
diversidade de gênero que ele vai se deparar como: entrevistas, editoriais,
notícias, tipos de propagandas, etc. O aluno com essas várias informações de
diferentes linguagens em sua frente, questionando, discutindo, analisando,
construirá com certeza uma linha de pensamento crítico e reflexivo diante do
texto jornalístico. “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as
possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção” (FREIRE,
1996,p.22).
Pensando dessa forma, as mídias impressas, bem como o jornal, já
desde a primeira página já se pode explorar, as informações contidas em
destaques, como as manchetes com o que mais lhe interessa, buscando a
informação que lhe convém no momento.
2. ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO DO PROJETO NA ESCOLA
Esta pesquisa é de caráter qualitativo, empírico, descritivo, numa
perspectiva de pesquisa-ação, mas o seu campo é metodológico, explorando a
capacidade do aluno em desenvolver o seu lado de entendimento, fazendo
uma leitura do que está nas entrelinhas, implícito, e o que está atrás das linhas,
através de uma análise de conteúdo noticiada em jornais.
Educar é preparar para a liberdade. As pessoas são livres porque podem escolher. E só podem escolher quando conhecem alternativas. Sem informação não há alternativa e, portanto, sem alternativa não há liberdade. O bom educador deve estimular a diversidade, torcendo para que seus alunos tenham suas próprias ideias. E mais do que isso, tenha coragem de defendê-las, devidamente fundamentadas, em qualquer situação. E, sobretudo, tenham a coragem e a segurança de se admitirem errados e mudarem de opinião (DIMENSTEIN, 1998, p.07)
Neste contexto, por meio do programa de formação continuada do
Governo do Estado do Paraná, Programa de Desenvolvimento Educacional
(PDE), o professor pode planejar e desenvolver metodologias diferenciadas,
para aplicar na sala de aula, tendo como resultado a produção de
conhecimentos e as mudanças quantitativas e qualitativas na prática escolar da
sala de aula.
Como resultado desse programa de desenvolvimento educacional,
professores puderam aplicar novos conhecimentos e novas práticas
pedagógicas em sala de aula. Realizamos o trabalho com alunos do 9° ano do
Colégio Estadual Barão do Rio Branco Ensino Fundamental e Médio do
Município de Flor da Serra do Sul-Paraná. O trabalho resultante foi também
parte da reflexão dos participantes.
O grupo de trabalho em rede (GTR) foi trabalhado simultaneamente ao
processo de desenvolvimento da implementação do projeto no ambiente
educacional com professores de diferentes regiões do Paraná, participaram
diretamente do Grupo de Trabalho em Rede (GTR), o qual destaca PARANA (2008.
p. 12)
possibilita a inclusão virtual dos Professores da Rede nos estudos, reflexões, discussões e elaborações realizadas pelo Professor PDE, como forma de democratização do acesso aos conhecimentos
teórico-práticos específicos das áreas/disciplinas do Programa.
As atividades de implementação tiveram início com a apresentação na
Semana Pedagógica de fevereiro de 2014, no Colégio Estadual Barão do Rio
Branco para a direção, equipe pedagógica, professores, agentes educacionais I
e II.
Na primeira atividade desenvolvida em sala, foi a apresentação da
Unidade Didática, na sequência, a importância de conhecer e ler jornais. Os
alunos foram falando sobre o conhecimento que tinham a respeito dos jornais
que circulam em nossa região, as notícias mais próximas da realidade local,
tipos de leituras e as impressões sobre o jornal e preferências por tipos de
reportagens. Na sequencia trabalhamos o editorial do jornal, de que o jornal
tem um dono, e as reportagens tem uma linha de pensamento daquele que
mantém o jornal, uma ideologia política. Trabalhamos os tipos de cadernos que
um jornal é composto e sua estrutura organizacional. Com os jornais on line,
trabalhamos as semelhanças e diferenças entre os jornais, entre eles o Jornal
“Le monde diplomatique, Brasil” que não traz propagandas, o qual os alunos
não sabiam que existia esse tipo de jornal que traz conhecimento, além da
informação. A mesma notícia trabalhada com jornais diferentes, com visões
também diferentes. Foram Trabalhados textos jornalísticos analisando se ele é
crítico ou não quanto a realidade social, o porquê esse texto não pode ser
crítico, a opinião do aluno diante do assunto de que o jornal traz, concorda ou
não concorda, o objetivo do texto, quem ele quer atingir, quais os argumento
utilizados para convencer o leitor. Foram realizados trabalhos em duplas e em
círculos em sala de aula para discutir os assuntos da reportagem, tanto com
jornais on line quanto os jornais impressos. Para finalizar, fizemos uma
pesquisa em duplas de alunos no comércio local, para saber quem lê jornais e
quais os assuntos principais dos leitores.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pensando em melhorar o meu trabalho em sala de aula, o jornal é
fundamental na Educação desde que utilizado para despertar a criticidade dos
alunos, fornecendo possibilidades de ampliar o trabalho educativo,
estabelecendo relações entre o “eu” e o “mundo”, permitindo leituras e opiniões
diferenciadas muitas vezes referentes ao mesmo assunto.
O trabalho com o jornal em sala de aula sem ter um objetivo claro do
que se quer não é suficiente, deixa um “vazio” no trabalho e vira uma
“bagunça” na sala, pois cada vê algo que chama a sua atenção e quer mostrar
para o colega passando o aluno a ser um mero espectador da aquisição do
conhecimento, e não é esse tipo de leitura que nós pretendemos, já que
falamos em leitura crítica, temos que priorizar e intermediar a criticidade da
leitura dos nossos alunos.
Primeiramente, o professor precisa saber o objetivo que pretende atingir,
aí sim, ele torna uma ferramenta pedagógica de grande valia, ele auxilia no
desenvolvimento escolar através da interpretação, da informação,
esclarecendo o aluno da realidade social o desenvolvimento de um raciocínio
lógico, que não se deixe “levar” por uma informação muitas vezes de cunho
político ou propaganda para engrandecimento pessoal.
Dentro desse contexto de trabalho, devemos ensinar a ler todas as
páginas do jornal, de maneira crítica, desde as manchetes aos suplementos, da
propaganda a informação, da parte política a atual, para que ele, o aluno tome
consciência dos mais variados estilos de publicações. Esse trabalho indica uma
maneira diferente de pensar e agir por meio da leitura e manuseio do jornal,
além de proporcionar um estímulo prazeroso de leitura que vincula a realidade
do convívio de muitos colegas ou conhecidos que vivem inseridos no mesmo
contexto e as alternativas para ser um bom cidadão diante dessas informações
recebidas através das leituras.
Muitas reportagens apresentadas em jornais ou revistas podem ser
consideradas como propaganda “ideológica”, pois tem uma linha de defensores
dessa ideia ou um interesse em divulgá-la ou até de promoção pessoal. Como
professor preciso ter esse conhecimento para que meus alunos não se deixem
“levar” por essas ideologias de interesse individual.
Além da seleção de informações, há outros meios de manipulação dos fatos. Um deles é a fragmentação da realidade, implícita na própria forma como são apresentadas as notícias. Para se adquirir consciência da realidade social, é necessário que se percebam as relações entre os diversos fenômenos, obtendo-se a visão de conjunto necessária para ver a sociedade como um todo integrado, em que os fatos econômicos, políticos e culturais sejam vistos tal como se determinam reciprocamente. A grande imprensa, ao contrário, aponta os fatos isolados uns dos outros, mantendo ocultas aquelas relações (GARCIA, 1999, p. 66).
Dessa forma é necessário que o professor esteja preparado para
mostrar ao aluno as diferenças entre o texto que busca uma real situação ou
aquele texto que é simplesmente uma mera propaganda de convencimento do
leitor.
O jornal também é uma fonte primária de informação, pois mostra uma
realidade mais próxima do leitor e que pode se situar e inserir na vida social e
profissional apresenta conteúdos variados, faz o aluno conhecer diferentes
posturas ideológicas aprendendo a respeitar os diferentes pontos de vista.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. 4 ed. São Paulo : Martins e Fontes, 2003. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1998. DIMENSTEIN, Gilberto. Programa Folha Educação, 1998. Disponível em: http://www.slideshare.net/marlycalles/504414-alinguagemdosmeiosnoprocessoensinoaprendizagem. Acesso em 31/05/2013. FARIA, Maria Alice de Oliveira. Como usar o jornal na sala de aula. 11º.ed.1ª reimpressão. São Paulo : Contexto, 2013. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. Campinas: Autores associados; São Paulo : Cortez, 1988. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1996. FREINET, Célestin. O jornal Escolar: temas pedagógicos. Lisboa: Editora Estampa, 1974. GARCIA, Nelson Jahr. O que é propaganda ideológica. 8ª ed.- São Paulo; Editora Brasiliense, 1989. GARCIA, Nelson Jahar. Propaganda Ideológica e Manipulação. 1ª Edição em ebooks,1999. Disponível em: http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/manipulacao.html Acesso em 31/05/2013. Acesso em 08 dez. 2013. HAMZE, Amélia. O Jornal em sala de aula. Barretos, 2010. Disponível em: http://educador.brasilescola.com/trabalho-docente/jornal-sala-aula.htm. Acesso em 13 mai. 2013. PARANÁ, Secretaria de Estado de Educação. Diretrizes Curriculares de Educação Básica. Língua Portuguesa.Curitiba : SEED, 2008. VICHESSI, Beatriz. Ler jornal com um olhar crítico, p. 68-71. In: Revista Nova Escola, Ano XXVI, n 245, set. 2011. Sites dos Jornais a serem pesquisados 1- www.folha.uol.com.br 2- www.diplomatique.org.br 3-www.valor.com.br 4-www.oglobo.globo.com 5-www.gazetadopovo.com.br 6-www.brasildefato.com.br
7-www.jornaldebeltrao.com.br 8-www.jornaldafronteira.com.br
9-www.sentineladooeste.com.br