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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Page 1: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · Este material busca a interdisciplinaridade entre Geografia, Arte e História na prática de ensino com alunos do 7º ano do ensino

Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDENCIA DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE / SEED

ADRIANE DE FÁTIMA BORGES

OBRAS DE PORTINARI:

GEOGRAFIA, ARTE E CONHECIMENTO NO ENSINO FUNDAMENTAL

IRATI 2013

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SECRETARIA DE ESTADODA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDENCIA DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE / SEED

ADRIANE DE FÁTIMA BORGES

OBRAS DE PORTINARI:

GEOGRAFIA, ARTE E CONHECIMENTO NO ENSINO FUNDAMENTAL

Caderno pedagógico apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional / PDE como requisito parcial à implantação didática da escola.

Orientador: Prof. Msc. Julio Manoel França

da Silva

IRATI 2013

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Ficha para identificação da Produção Didático-pedagógica – Turma 2013

Título: OBRAS DE PORTINARI: GEOGRAFIA, ARTE E CONHECIMENTO NO ENSINO FUNDAMENTAL

Autor: Adriane de Fátima Borges

Disciplina/Área: Geografia

Escola de Implementação do Projeto e sua localização: Escola Estadual Luiza Rosa Zarpellon Pinto – Ensino Fundamental.

Município da escola: Irati

Núcleo Regional de Educação: Irati

Professor Orientador: Julio Manoel França da Silva

Instituição de Ensino Superior: Universidade Estadual do Centro-Oeste – Campus Irati

Relação Interdisciplinar: Geografia, Arte, História

Resumo: Este material busca a interdisciplinaridade entre Geografia, Arte e História na prática de ensino com alunos do 7º ano do ensino fundamental, tendo como foco de estudo a contextualização dos aspectos sociais trabalhados em alguns conteúdos de Geografia a partir de algumas Obras de Cândido Portinari. Trabalhar as obras de arte, como forma de articulação entre Geografia e Arte, enriquece a compreensão de tais conteúdos. Para as DCEs [...] explicita-se que as disciplinas escolares não são herméticas, fechadas em si, mas, a partir de suas especialidades, chamam umas as outras e, em conjunto, ampliam a abordagem dos conteúdos de modo que se busque, cada vez mais, a totalidade, numa prática pedagógica que leve em conta as dimensões científica, filosófica e artística do conhecimento (PARANA, 2008, p. 27). Para o ensino da Geografia é extremamente importante a formação de um aluno capaz de analisar, refletir e compreender o espaço geográfico, por isso que a leitura de diferentes linguagens faz parte da construção no processo ensino e aprendizagem. Neste sentido, objetiva-se contextualizar conteúdos básicos de geografia a partir das obras: Retirantes, Café e Favelas do artista Cândido Portinari.

Palavras-chave: Cândido Portinari; Geografia; Arte; Interdisciplinaridade;

Formato do Material Didático: Caderno pedagógico

Público: Alunos do 7º Ano Ensino Fundamental

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1. INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como título Obras de Portinari: Geografia, Arte e

Conhecimento no ensino fundamental, dando enfoque à produção de um caderno

pedagógico, sendo esta, uma das atividades propostas no Programa de

Desenvolvimento Educacional (PDE), que será utilizada no momento da

implementação do projeto na escola. Este, por sua vez, será desenvolvido na Escola

Luíza Rosa Zarpellon Pinto, com a turma do 7º ano do ensino fundamental.

O presente trabalho surge com a intenção de provocar reflexões, utilizando

obras de arte de Cândido Portinari, como linguagem não verbal na comunicação dos

conteúdos geográficos, pois o conjunto de reflexões que compõem essa pesquisa

estabelece uma busca da interconexão entre a Geografia, arte e história na

aprendizagem dos conteúdos geográficos. O interesse por essa interconexão tem

sua gênese na prática docente diária, na qual vem se buscando possibilidades

interdisciplinares, procurando explorar a vertente da produção artística nacional,

como uma alternativa a mais para trabalhar os conteúdos da geografia.

É importante priorizar aos alunos o acesso a uma escola de qualidade, que

oportunize a construção de uma sociedade justa, igualitária e que assuma seu papel

como lugar de socialização do conhecimento, com conteúdos disciplinares

contextualizados e relações interdisciplinares. Assim:

(...) explicita-se que as disciplinas escolares não são herméticas, fechadas em si, mas, a partir de suas especialidades, chamam umas as outras e, em conjunto, ampliam a abordagem dos conteúdos de modo que se busque, cada vez mais, a totalidade, numa prática pedagógica que leve em conta as dimensões científica, filosófica e artística do conhecimento (PARANA, 2008, p. 27).

A ênfase do trabalho incide no desenvolvimento de um conjunto de processos

metodológicos, cujo objetivo é promover a leitura e a percepção, contextualizando

conteúdos básicos de Geografia a partir das Obras: Retirantes, Café e Favelas do

artista Cândido Portinari.

A Arte, especialmente as pinturas, possui um grande potencial de abordagem

didática, podendo promover dinamismo e ludicidade nas aulas de Geografia. Neste

sentido, torna-se importante permitir o uso de ferramentas alternativas como: música

dança, cinema, arte, entre outros, visando sempre o desenvolvimento da

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aprendizagem do aluno. As obras do artista Cândido Portinari, contribuirão de forma

significativa para trabalhar as questões sociais brasileiras, de forma contextualizada

e criativa.

Nesse sentido, a imagem é de fundamental importância, uma vez, que está

presente em praticamente todas as atividades que são desenvolvidas no cotidiano

das pessoas, pois estas possuem grande quantidade de informações e significados.

As imagens estão a invadir nossas casas, os painéis e outdoors, acompanhando-nos onde quer que estejamos. Vivemos no mundo das imagens e pouco sabemos sobre elas (...) às vezes elas são tantas e passam tão rapidamente diante de nossos olhos, que mal podemos vê-las e ter a oportunidade de selecioná-las com propriedade (PONTUSCHKA, 2009, p.278).

Portanto, faz-se necessário trabalhar a imagem não somente como ilustração,

mas como complementação, articulando-a com os conteúdos escolares.

Todavia, a linguagem imagética vem de maneira a auxiliar as aulas, indicando

de que maneira podemos olhar e interpretar a materialidade geográfica existente,

permitindo aos professores e alunos explorar diferentes formas de trabalhar em sala

de aula, uma vez que esta nos proporciona saberes, nos ensina através de sua

simbologia, transmite mensagens cumprindo com seu papel, assim como as

palavras os fazem.

“As imagens passam mensagens com uma configuração próxima da

oralidade, o que explica em parte por que os conteúdos das imagens são mais fortes

para as pessoas do que o conteúdo de um texto” (PONTUSCHKA apud ALMEIDA,

p.281).

Desta forma, a linguagem imagética tem como proposta pedagógica a

articulação nas diferentes fases do processo ensino aprendizagem, possibilitando a

interpretação e ao mesmo tempo estimulando um ser crítico em busca de

conhecimento.

Diante do exposto, o presente estudo pretende aliar as disciplinas de

geografia e arte, procurando trabalhar de forma agradável e com possibilidades de

construir conhecimento de forma alternativa e dinâmica.

Para Kaercher apud Castrogiovanni, (2003, p.11), “entender a dinâmica social

é fundamental, pois é a partir dela que se constroem as paisagens”.

Esse é um conceito em que a Geografia e a arte interagem, promovendo um

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diálogo possível de interpretar, analisar, avaliar e compreender melhor a sociedade e

o meio onde vivem.

Desta forma, elaboram-se diferentes estratégias com o propósito de contribuir

com o aprendizado. Este trabalho além de cooperar com o ensino, possibilitará o

entendimento de expressões culturais em diferentes períodos históricos existentes.

2. VIDA DE CÂNDIDO PORTINARI

Este trabalho busca retratar um pouco da vida de Cândido Portinari, um

grande artista brasileiro, que através de sua arte acaba sendo reconhecido no Brasil

e no exterior.

No dia 30 de dezembro de 1903 nasce em Brodoski, no Estado de São Paulo,

numa fazenda de Café, Cândido Portinari, filho de imigrantes italianos, de origem

humilde, recebeu apenas a instrução primária (MUSEU CASA DE PORTINARI,

2013). Em seus primeiros versos, Portinari lembrava a vinda de seus pais, onde

Bento (2003, p.29) os traduz dizendo que “seus pais - imigrantes italianos -

atravessaram o Mediterrâneo e o Atlântico para que ele viesse ao mundo no interior

do Brasil, naquela gleba de areias roxas que ele jamais esqueceria”.

Portinari ainda criança já expressava sua vocação na arte; teve doze irmãos,

e já aos seis anos de idade começou a fazer seus primeiros desenhos, aos nove,

participou durante algum tempo da restauração da igreja de Brodósqui, sendo que

mais tarde ainda auxiliou um escultor “frentista” (MOREIRA, 2003, p.09 apud

HERICKS, 2011, p.15).

Aos 15 anos, foi para o Rio de Janeiro em busca de um aprendizado mais

sistemático em pintura, matriculando-se na Escola Nacional de Belas Artes.

Em 1928, conquistou o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro da Exposição Geral

de Belas-Artes, de tradição acadêmica. Foi para Paris (França), Longe de sua pátria,

saudoso de sua gente, Portinari voltou ao Brasil em 1931 e retratou em suas telas o

povo brasileiro (MUSEU CASA DE PORTINARI, 2013).

Passando “a trabalhar em ritmo muito acelerado, sendo convidado a participar

da comissão destinada a promover uma reforma do Salão Nacional de Belas Artes,

onde pela primeira vez, os artistas modernos foram admitidos. Ainda no ano de

1932, Portinari expõs individualmente no Palace Hotel, no ano seguinte repetiria o

feito. “Portinari legou uma obra pictórica que revela alta tensão espiritual, na medida

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em que se propõe interpretar a existência do povo sob uma visão nova, consciente e

dramática” (VALSECCHI, 1972, p.780 apud HERICKS, 2011, p.15).

A escalada do nazi-fascismo e os horrores da guerra reforçaram o caráter

social e trágico de sua obra, levando-o à produção das séries “Retirantes” e

“Meninos de Brodowski”. No final da década de 50, realizou diversas exposições

internacionais.

Cândido Portinari morreu no dia 6 de fevereiro de 1962, quando preparava

uma grande exposição de cerca de 200 obras a convite da Prefeitura de Milão

(Itália), vítima de intoxicação pelas tintas que utilizava (MUSEU CASA DE

PORTINARI, 2013).

3. A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DE IMAGENS NO ENSINO DE

GEOGRAFIA

No mundo globalizado em que se vive, onde a informação acontece de forma

extremamente rápida, o educador deve ter sempre em mente a preocupação de

estar sempre mudando e refletindo a sua prática de ensino, buscando novas

alternativas metodológicas e didáticas. Para isso, faz-se necessário explorar os mais

variados recursos disponibilizados pelas escolas como a TV multimídia, laboratório

de informática, projetores, lousa interativa, entre outros, que venham a contribuir

para a motivação da aprendizagem dos alunos, principalmente dos conteúdos de

Geografia, para que ocorra de maneira mais prazerosa. Dessa forma, professores e

alunos têm a oportunidade de juntos adquirirem conhecimentos, bem como

socializá-los de maneira crítica, buscando a compreensão do espaço em que se vive

e a possibilidade de mudanças significativas para a transformação da sociedade.

Dantas e Morais (2007) enfatizam que não se pode mais negar que a

imagem, a forma como é produzida e interfere no cotidiano, é um grande patrimônio

cultural legado do Século XX para o XXI. Ela tornou-se uma espécie de carimbo

existencial que acompanha o educador em seu oficio, mesmo que não faça parte do

seu repertório de ações e reflexões no exercício de leitura do mundo. A imagem

ultrapassa o código da escrita e se instaura no seio do processo educativo, trazendo

à superfície o que já se sabia, mas pouco se explorava, ou seja, o fato de que “ver

precede as palavras”.

Sobre o exposto, cabem as palavras de Paulo Freire (1988), em que a leitura

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do mundo precede sempre a leitura da palavra. O ato de ler se veio dando na sua

experiência existencial. A leitura do mundo foi sempre fundamental para a

compreensão da importância do ato de ler, de escrever ou de reescrevê-lo, e

transformá-lo através de uma prática consciente. Berger (1999, p.09), complementa

quando enfatiza que “o ato de ver estabelece nosso lugar no mundo circundante.

Ainda, segundo Berger (apud ZATTA, 2009), o olhar chega antes da palavra,

significando que os seres humanos antes de aprenderem a falar, comunicam-se com

o mundo por meio da visão. Estudos indicam que o aprendizado ocorre através do

gosto em cerca de 1%, do tato 1,5%, do olfato 3,5%, da audição 11% e da visão

83%.

Diante disso, pode-se perceber que o ensino por meio de imagens torna a

aprendizagem mais atrativa para os alunos, visto que sua utilização tem forte apelo

emocional quebrando o ritmo da sala de aula, pois se altera a rotina da sala de aula

quando se utiliza algo diferente, bem como, facilita a apresentação dos conteúdos

pelo professor.

Para Dantas e Morais (2007), vive-se em um mundo imerso de imagens e o

ensino da Geografia tem nelas um campo aberto a ser desbravado. Para além dos

registros cartográficos que se revelam por meio de mapas ou imagens de satélites,

forma-se outro conjunto abrangente de dados e informações que podem ser

perscrutados nas e pelas imagens. Levar a iconografia para a sala de aula se

constitui numa possibilidade de ensinar Geografia numa perspectiva contemporânea

e complexa.

Ainda, para as autoras, a iconografia se impõe à sociedade moderna como

fonte inesgotável de revelações e possibilidades de aprendizagem, da anunciada

unidade terrestre; e, o olhar como caminho para adentrar e compreender o labirinto

espacial em que se transformou a Terra.

Sobre o exposto, La Blache (1985), ao eleger a observação/descrição como

caminho para interpretar a realidade, transforma o geógrafo em um sujeito

privilegiado para olhar e encontrar aquilo que apenas se mostra, sem jamais falar.

Em outras palavras, o geógrafo está imerso no mundo das imagens, estejam elas

grafadas em suportes diversificados, estejam elas disponíveis no grande cenário que

é a paisagem. Ensinar a olhar as imagens do mundo se constitui o desafio do

professor de geografia.

a) Ausubel (1968 apud ZATTA, 2009), ao trabalhar com a psicologia da

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aprendizagem, afirma que o indivíduo dá significado ao que aprende

quando ocorreram as quatro condições a seguir: O material a ser estudado

deve ser significativo, ou seja, os elementos devem ter sentido próprio e não

estar sobrepostos. Um exemplo de quando isso ocorre é buscar a

aprendizagem em geografia das capitais dos países sem estabelecer

nenhuma relação desse conhecimento com a população que as habitam;

b) O aluno deve ter predisposição para a aprendizagem significativa. Essa

predisposição pode ser gerada pela utilização de materiais que movam a

vontade do aluno para que aprenda. Como exemplo disso, tem-se a

aprendizagem de conceitos de cidade com a utilização de imagens em que o

aluno possa comparar o fenômeno tratado e também fazer uso da fala,

diferentemente do que aconteceria se fosse realizado com cópias de livros ou

explicações descontextualizadas;

c) O aluno deve ter uma estrutura cognitiva que permita relacionar o novo

material a ser aprendido com o que já possui. Ou seja, não se pode exigir que

o aluno saiba;

d) O professor deve organizar o conteúdo de forma que contemple os itens a

interpretar uma planta cartográfica se ainda não tem noções de orientação.

Para isso, é necessário fazer uso dos organizadores prévios, ou seja, dos

materiais e conhecimentos que servem para conexão entre o indivíduo que já

sabe e o que ele deve saber. Esses materiais têm maior nível de

generalização e permitem ao aluno que incorpore em sua estrutura cognitiva

o novo material com menor generalização.

Com o exposto, percebe-se que a metodologia, o material didático, a

predisposição do professor e do aluno no processo de ensino aprendizagem são

determinantes para que ocorra uma melhor compreensão sobre o conteúdo, bem

como, para a aprendizagem do conhecimento escolar.

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4. MIGRAÇÃO INTERNA NO BRASIL

O ser humano sempre busca espaços que melhor contribua na sua

sobrevivência. Por sua vez, os deslocamentos populacionais sempre foram e

continuam sendo constantes.

Segundo Ribeiro da Silva (2002), várias são as concepções que surgem

sobre as causas dos processos migratórios, variando de acordo com a abordagem

teórica, no entanto, para que se possa, efetivamente, entender o processo é

necessária, entre outros fatores, a sua vinculação com a mobilidade da força de

trabalho e, portanto, com as necessidades de (re) produção do capital.

Sendo assim, a questão econômica, exerce uma grande influência sobre os

fluxos migratórios no País.

Para Brito (2006), a grande concentração espacial do desenvolvimento da

economia brasileira, comandada pelo processo de industrialização no Rio de Janeiro

e, principalmente, em São Paulo, ampliou os desequilíbrios regionais e sociais,

impulsionando as migrações internas, que transferiram a população do campo para

as cidades, assim como a redistribuíram entre os estados e entre as diferentes

regiões do Brasil.

Essa transferência populacional do campo para a cidade é o que chamamos

de êxodo rural, esta forma de movimento acontece por vários motivos, entre eles,

podemos destacar a industrialização nas cidades, grandes latifúndios e a

mecanização no campo, procura de trabalho com melhor remuneração, fatores

climáticos como seca, enchentes, entre outras, além da busca por qualidade de

ensino, saúde, transportes e a necessidade de infraestrutura geral, resultam neste

processo (INCRA, 2007).

É importante destacar também, que a partir da década de 1980, o

comportamento da mobilidade espacial da população sofreu importantes

transformações. Aqueles movimentos que tinham de um modo geral, como

características básicas migração para grandes centros, passaram a ter como destino

as cidades médias e serem cada vez mais de curta duração (OLIVEIRA &

OLIVEIRA, 2011).

Outra questão que merece destaque é que migrantes estão retornando às

suas regiões de origem. Segundo publicação no Portal Brasil (2011), estudos

também apontam que existe uma inversão de movimentos nas correntes principais

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nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, a redução da atratividade migratória

exercida pelo estado de São Paulo e o aumento da retenção de população da região

Nordeste. No entanto, esta região continua perdendo população, porém em uma

escala bem menor que no passado.

5. VISITA VIRTUAL AO MUSEU CANDIDO PORTINARI

Para visita virtual ao Museu Cândido Portinari, esta deve ser feita por meio do

endereço eletrônico: http://museucasadeportinari.org.br.

Este trabalho busca primeiramente despertar o conhecimento geográfico

através da arte. Onde a escola deve promover situações que estimulem o

aprendizado nos seus alunos. Neste sentido, a visita no museu, mesmo que virtual

serve como um grande potencial educativo. Assim, como os demais museus estes

servirão como fonte de observação, interação e reflexão.

É interessante que sempre auxilie seus alunos, desde como navegar na

internet, bem como a explorarem todo o museu, destacando a parte do Histórico,

Acervo e o Artista.

1º Passo: Primeiramente o professor irá apresentar o artista Cândido

Portinari, bem como algumas de suas obras, destacando aquelas que serão

trabalhadas, neste caso Retirantes, Café e Favelas.

SURPRESAS É O QUE VAMOS VER!!

USANDO A TECNOLOGIA

ENTRAREMOS NO MUNDO

VIRTUAL.

AGORA É HORA DE CONHECER O

Olá Professor!!

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Em seguida propor trabalho em grupos. Dividir a turma, e levar para o

laboratório de informática, onde os alunos farão um resgate histórico das Obras

acima já mencionadas.

Após o trabalho desenvolvido, fazer uma socialização referente o artista e as

Obras estudadas.

2º Passo: É importante que os alunos façam anotações do que despertou a

atenção delas (curiosidades).

3º Passo: Promover uma conversa com os alunos em sala a respeito da visita,

onde cada aluno poderá fazer comentários. É necessário que fique claro para os

alunos, com a ajuda do professor, o que Portinari representa e representou para a

cultura brasileira. (Aproximadamente 4 aulas de 50 min.)

,

Relembrar que Cândido Portinari abrange em suas obras temas cotidianos e

de caráter social. Exemplos de obras: Café, Retirantes e Favelas.

Mais uma vez Professor!!

A SEGUIR, É HORA DE

CONHECER A OBRA

RETIRANTES!!!

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6. SUGESTÕES DE ATIVIDADES (OBRA RETIRANTES)

Cândido Portinari – Retirantes, 1944 Fonte: http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/1/retirantes_portinari.png

A Obra Retirantes de 1944, retrata um período bastante difícil para os

migrantes nordestinos a que a obra se refere.

A série de Obras Retirantes “vem dos tempos de infância de Portinari o seu

contato com os retirantes nordestinos, muitos dos quais entravam em São Paulo em

busca de socorro, de trabalho ou de uma vida nova, passando por Brodósqui”

(BENTO, 2003, p.172).

É importante lembrar que esse processo de migração da região nordeste para

o sudeste especialmente para o Estado de São Paulo, como diz Bento (2003,

p.173), “tomou vulto desde o começo do século XX (...). Era também uma

consequência da intensificação do plantio do café (…). Havia o atrativo de salários

mais altos e de melhores condições de vida”.

Esta Obra retrata um grupo de pessoas com aspecto de desilusão, tristeza,

sofrimento, mostra também algumas aves sobrevoando sobre elas.

Nas grandes secas, a partir do século XVIII os retirantes eram perseguidos por urubus e grandes morcegos famintos, que atacavam ou revoavam em volta dos fugitivos (…). Não havendo, consequentemente, qualquer fantasia nesses pormenores da composição de Portinari, uma das obras de maior dramaticidade da arte brasileira, pelo grupo de pessoas miseráveis que apresenta, entre as quais crianças doentes (BENTO, 2003, p.176).

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Neste sentido, é importante trabalhar a obra levando os alunos a

compreenderem esses movimentos populacionais a partir de uma visão que envolva

a criticidade nas questões históricas, sociais, econômicas, culturais e naturais no

espaço geográfico.

Primeiramente, deve-se trabalhar os processos migratórios externos e

internos dando destaque para este último, uma vez, que a Obra Retirantes envolve

estes movimentos migratórios bem como suas implicações sociais. Importante

diferenciar também os conceitos de migração, emigração e imigração.

Professor, você poderá relacionar a Obra Retirantes de Portinari, com o

videoclip a Triste Partida do Patativa do Assaré. Disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=0s4BbHxpUKY. Em seguida, fazer uma reflexão

com os alunos sobre esta temática.

a) Lançar algumas questões em sala de aula, se algum deles teve que deixar seu

local de origem?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

b) Por quais motivos?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

c) Disponibilizar a obra Retirantes, de 1944. Em seguida pedir para que os alunos

observem a imagem e escrevam.

Quais são os sentimentos que eles (alunos) têm em relação à imagem?

___________________________________________________________________

COM VOCÊ PROFESSOR!!

Agora vamos utilizar os espaços abaixo para resolver as questões.

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___________________________________________________________________

d) Como você imagina que as pessoas da imagem estão sentindo: com medo,

apatia, preocupação, ansiedade, tristeza?Ou outro? Justifique.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

e) Qual é o principal tema abordado nesta obra de arte?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

f) O que esta obra quer revelar?

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

g) Importante que o professor instigue seus alunos, perguntando qual seria a

situação das pessoas, como deveria ser o espaço naquela região, que motivos

levaram as pessoas deixarem o lugar.

De onde vêm?

___________________________________________________________________

h) Têm como destino qual lugar?

___________________________________________________________________

i) O que almejam?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

j) Que sensações podem ter a pessoa que precisa deixar o seu lugar de origem?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

k) Quanto à pintura, qual o motivo das cores frias e enfraquecidas na composição da

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obra?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

l) Na composição também podemos constatar urubus; que interpretação você pode

dar, destacando a presença desta ave na obra?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

m) Desenvolver uma pesquisa no bairro sobre migração com objetivo de entender as

transformações que ocorrem no espaço, levando em consideração questões

culturais, sociais e econômicas. Elaborar perguntas como: Se a pessoa fez

migração?

___________________________________________________________________

n) Qual tipo? Rural urbana? Interna ou Externa?Ou outras?

___________________________________________________________________

o) Quantas pessoas migraram?

___________________________________________________________________

p) Quais motivos levaram a tal movimento?

___________________________________________________________________

q) Em que trabalham?

___________________________________________________________________

r) Melhoraram as condições de vida? Justifique.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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Montar uma tabela sobre os dados levantados no trabalho. O professor

apresenta a tabela e propõe sua análise. (Aproximadamente 10 aulas 50 min.)

7. RETRATANDO UM POUCO DA HISTÓRIA DO CAFÉ

O café hoje é muito conhecido no Brasil e em todo o mundo. Para a autora

Barth (2009), acredita que a planta do café é originária da Etiópia, país do continente

africano, muito embora não se tenha dados confirmados sobre isso. Posteriormente

o café chegou à Arábia sendo esta responsável por difundir-se esta cultura para

demais países.

No século XIV esta bebida não era bem aceita pelos europeus, pois este era

identificado como alimento procedente do lado herege do mundo, associado a um

estimulante pecaminoso. Além da questão religiosa, o café era temido pela ameaça

econômica, pois os comerciantes de vinho viam no café um sério concorrente

(MARTINS, 1997).

Na América o café chegou provavelmente na segunda metade do século

XVII. Já no Brasil esta cultura data de 1727, quando algumas mudas foram trazidas

da Guiana Francesa e plantadas em Belém do Pará. No entanto, a expansão do

café não teve resultados positivos em todo o território brasileiro, na Amazônia e

Nordeste os resultados não foram satisfatórios. Já o Rio de Janeiro transforma-se na

capital do café brasileiro nas primeiras décadas do século XIX mantendo o primeiro

lugar na produção cafeeira até 1860. No Estado de São Paulo esta cultura começa

na década de 1790, somente a partir de 1850, é que fazendeiros paulistas

introduziram imigrantes nessa cultura (BARTH, 2009).

Inicialmente o trabalho nos cafezais era desenvolvido pela mão de obra

escrava. Porém, o cafeicultor passa por crise após a abolição do tráfico negreiro,

este se tornou raro e caro. “Em 1865, uma escrava valia mais que o escravo homem,

pois seu papel reprodutor tornava-a mais valiosa (MARTINS, 1997, p.69).

Na economia, o café proporciona um novo ciclo, criando possibilidades de

acumulação de capital, provocando as condições básicas para o processo de

PROFESSOR PARA FINALIZAR A ATIVIDADE DEVERÁ

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industrialização no Brasil (REVISTA CAFEICULTURA, 2008).

Esta cultura além de muito importante para o desenvolvimento do Brasil,

também desperta talentos na arte. Cândido Portinari, desde muito cedo, ainda

criança, mostra habilidades artísticas. Segundo Barth (2009, p.157):

Os camponeses foram fontes de inspiração para Portinari compor suas obras, reconhecidas e respeitadas internacionalmente. Muitas de suas pinturas retrataram a vida no campo, as esperanças dos trabalhadores rurais brasileiros (…). O olhar rural de Portinari visualizava a força do trabalho braçal e manual dos escravos e camponeses que trabalhavam nas fazendas de café.

Fonte: http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/1/cafe_portinari.png

A Obra Café vai retratar os trabalhadores nas fazendas destacando a

presença de homens e mulheres desenvolvendo o trabalho. “A partir de 1935 a

carreira de Portinari tomaria realmente novo e decisivo impulso graças ao prêmio

conquistado nos Estados Unidos com esta Obra...

Temos destaque que a composição de Portinari era de fato, na época, uma

novidade... “Diferia do realismo dos artistas mexicanos, filiando- se ao

CHEGOU A VEZ DE CONHECERMOS A OBRA CAFÉ

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expressionismo ou ao barroco, que melhor servia para acentuar o caráter social do

trabalho dos colonos de uma fazenda de café de São Paulo” (BENTO, 2003, p.74).

Portinari sempre retratou em suas obras a vida no campo, destacando a

confiança, crença, angústias, sofrimentos sentimentos comuns aos seres humanos.

“Cândido Portinari é uma expressão constante e fiel de nossa cultura, porque

traduzem, em sua arte, as dores e as esperanças de nosso povo” (FABRIS, 1990,

p.37 apud BARTH, p.157).

Nesse sentido, os alunos poderão conhecer melhor Cândido Portinari bem

como, a Obra Café. Acredita-se que será um momento bastante enriquecedor em se

tratando de um dos maiores artistas brasileiros através de sua pintura.

A partir desse contato com a Obra “pretende-se não só desenvolver a

criatividade através do fazer arte. (...) desconstruir para reconstruir, selecionar, re-

elaborar, partir do conhecido e modificá-lo de acordo com o contexto e a

necessidade são processos criadores, desenvolvidos pelo fazer e ver a arte (ANA

MAE, 2000, apud ROSSI, 2009, p.16).

Sugestões de atividades (Obra Café, 1935)

Sendo assim, o professor, bem como, os alunos devem fazer uma re-leitura

da Obra Café, buscando fazer uma análise, procurando sempre uma reflexão

histórica, econômica e social.

Neste momento, o professor poderá entregar uma obra para cada aluno onde

irão fazer uma re-leitura da obra. O professor deve estar sempre auxiliando neste

processo, levando o aluno a questionar sobre a obra, lançando algumas questões:

a) Como é a expressão da fisionomia das pessoas (trabalhadores). Cansaço,

dor, sofrimento, alegria, (outro). Justifique.

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ATENÇÃO PROFESSOR!!!

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b) Que partes do corpo destas pessoas mais chamam sua atenção? Por quê?

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c) Por que você acha que Portinari representou as pessoas desta forma?

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d) Que sensação esta obra lhe transmite?

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e) Estas pessoas retratam o que, quem?

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f) Pedir para aos alunos que façam uma relação através de um texto, dos

camponeses trabalhadores rurais, levando em conta a época em que a obra

foi elaborada, com os camponeses trabalhadores rurais dos dias de hoje.

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Importante que o professor destaque a importância destes trabalhadores

homens e mulheres do campo, na construção e desenvolvimento econômico do

País. (Aproximadamente 7 aulas de 50 min.)

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Sugestões de atividades (Obra Favela, 1957)

Disponibilizar a Obra Favela,

1957 de Cândido Portinari.

Obs: Esta Obra não está disponível aqui, por conta dos direitos autorais. No entanto,

pode utilizar a Obra para trabalhar com seus alunos em sala de aula.

8. CRESCIMENTO DAS CIDADES E AS FAVELAS

Para contar um pouco do histórico e a origem das favelas no Brasil,

destacamos a Cidade do Rio de Janeiro.

A origem das favelas remonta ao Brasil colonial. Na segunda metade do

século XIX fortes movimentos a favor do fim da escravidão levaram alguns escravos

a conseguirem comprar sua liberdade, outros fugiram para quilombos e, em 1988,

com a extinção do regime escravocrata e sem políticas de inserção dos escravos no

mercado de trabalho ou garantias básicas de sobrevivência, acabou gerando

grandes processos migratórios para as cidades de desempregados e

subempregados que, sem condições de comprar sua casa e um lugar adequado,

acabaram se alojando em cortiços e favelas (MAGALHÃES, 2010).

Este processo continuou durante a primeira década do século XX, onde a

cidade se expandiu e em seu interior as favelas foram sendo criadas. Era possível

observar um crescimento vertical no centro e na zona sul, enquanto que nos bairros

da zona norte e dos subúrbios a expansão deu-se através da construção horizontal,

principalmente de casas unifamiliares (FERREIRA, 2009).

NESTE MOMENTO VAMOS TRABALHAR E CONHECER A OBRA FAVELA DE PORTINARI

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Lílian Vaz (1998 apud FERREIRA, 2009) enaltece o fato de que “nas décadas

de 1940-1950 e seguintes assistiu-se à expansão metropolitana e à formação das

periferias”. Nesse período já havia forte pressão para a remoção das favelas e a

população de baixa renda que optava por não sofrer esse tipo de risco, tinha como

alternativa as periferias cada vez mais distantes, onde se multiplicaram os

loteamentos populares. Assim, segundo Vaz (1996 apud FERREIRA, 2009), nos

lotes pequenos, sem infraestruturas urbanísticas, de difícil acesso, e por isso

mesmo, barato, praticava-se a autoconstrução.

No entanto, esse processo ainda continua, uma vez, que temos falta de

políticas públicas que atendam essas demandas.

No censo de 2010, o IBGE diz que o Brasil hoje é um país urbano, onde mais

da metade de sua população se concentra nas cidades, este processo aconteceu

por vários motivos entre eles:

Importante salientar que a urbanização e industrialização estão interligadas, já

que a atividade industrial está localizada na cidade.

O espaço de uma cidade capitalista constitui-se, em um primeiro momento de sua apreensão, no conjunto de diferentes usos da terra justapostas entre si (...). Este espaço é simultaneamente fragmentado e articulado: cada uma de suas partes mantém relações espaciais com as demais, ainda que de intensidade variável. Neste sentido, é importante compreender as relações existentes através dos fluxos que acontece neste espaço, sabendo que o espaço urbano é reflexo da sociedade que nela habita. É bom entender que o espaço urbano é um reflexo tanto de ações que se realizam no presente como também daquelas que se originaram no passado... (CORRÊA, 2002, p.07).

Sendo assim, destaca-se que o processo desordenado do crescimento das

cidades, acarretou grandes problemas sociais, entre eles a favelização. Para Corrêa

(2002, p.29):

A habitação é um desses bens cujo acesso é seletivo (…). Os grupos sociais excluídos têm como possibilidades de moradia os densamente ocupados cortiços localizados próximos ao centro das cidades (…). A casa produzida pelo sistema de autoconstrução em loteamentos periféricos, os conjuntos habitacionais produzido pelo Estado, via de regra também distante do centro, e a favela.

Cândido Portinari, em sua Obra Favelas de 1957, apresenta o lugar de

maneira bastante peculiar retratando as casas bastante simples, o trabalho, através

disso podemos perceber a pobreza, a miséria ao mesmo tempo a batalha de seus

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moradores, nesta mesma obra Portinari destaca a emoção, a música, a amizade, o

artista como forma de expressão e valorização da cultura e do povo brasileiro.

Conduzir seus alunos a perceberem os contrastes socioeconômicos bem

como, os culturais existentes na obra;

Destacar o crescimento das cidades; o processo de urbanização no Brasil

instigando questões de como, a partir de quando e por que motivo o mesmo ocorre .

Vale lembrar que as questões podem ser:

a) Buscar um entendimento sobre a realidade do trabalhador brasileiro rural e

urbano, fazendo uma inter-relação entre estes espaços e estes trabalhadores. Logo

após, o professor pode lançar algumas questões como por exemplo. O que são

favelas?

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b) Qual a localização? Em relação à cidade?

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c) Como vivem as pessoas destes lugares?

PROFESSOR NÃO ESQUEÇA!!!

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d) Faça comentários relacionados à infraestrutura, modelos de habitação, entre

outros.

O questionamento deve ser constante, é bom que o professor levante

algumas temáticas referentes à diferenciação que existe entre o espaço da favela,

para com outros bairros da cidade que não são considerados favelas. Na sequência,

será entreguer uma obra para cada aluno, onde estes irão fazer análise e uma breve

interpretação da mesma. Poderão desenvolver um pequeno texto sobre a análise

feita.

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Em seguida promover uma reflexão a respeito do preconceito que as pessoas

moradoras dessas áreas sofrem. (Aproximadamente 8 aulas de 50 min.)

PROFESSOR!!!

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9. AULA DE CAMPO

Depois de trabalhados os conteúdos de geografia relacionados às obras

Retirantes, Café e Favela de Cândido Portinari, será realizada uma saída de campo

ao Museu Oscar Niemeyer. Para o desenvolvimento desta atividade, o professor

deverá organizar a mesma, através de pesquisa da exposição antes de fazer a

visita, em seguida, delimitará previamente o trajeto, de acordo com os objetivos a

serem alcançados. Feito isso, deverá explicar detalhadamente como será cada

etapa do mesmo e, portanto, deixar claro quais os objetivos a serem atingidos com o

trabalho. (PARANA, 2008, p. 81).

O professor deverá ter conhecimento prévio sobre o Museu, bem como

organizar a hora da saída, autorização da Escola, se necessário do NRE, bem

como, receber a autorização, devidamente assinada, dos pais ou responsáveis.

Para Santa Rosa e Scaléa (2006, p.87) “O acesso ao espaço expositivo e o

contato visual com as obras de arte permite a compreensão das diferentes

propostas artísticas, a identificação de significados expressivos e a sua importância

na formação cultural das comunidades”.

Acredito que a experiência vivenciada enriquece muito o trabalho pedagógico,

contribuindo assim, no processo de ensino e aprendizagem.

Na volta à escola, o professor deverá criar espaços para que os alunos

contem o que mais apreciaram na visita. As obras de arte podem despertar a

capacidade de criar e inventar, por isso, pode ser um bom momento para que os

alunos falem um pouco sobre a sua vida, onde o professor poderá conhecê-los

melhor.

Finalizando a atividade, o professor poderá formar grupos e propor um texto

coletivo sobre a visita, em seguida fazer a leitura dos textos e propor reflexões sobre

os mesmos. (Aproximadamente 8 aulas de 50 min.)

CHEGOU A HORA DE VIAJAR!! AGORA E HORA DE CONHECER O MUSEU!!

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10. RELEITURA DAS OBRAS

Para finalizar o trabalho com a turma, a atividade proposta será uma releitura

das obras trabalhadas, em seguida os alunos devem recriar uma obra.

Na elaboração desta atividade os alunos poderão utilizar outras formas de

linguagens como: pintura, desenhos, escultura, fotografias, grafite, entre outros.

Importante que o professor explique para seus alunos que fazer releitura

diferencia-se de reproduzir a obra, pois para desenvolver esta atividade o aluno

deverá analisar, compreender e interpretar a obra. Para tanto, usará de muita

criatividade.

Após o trabalho já desenvolvido haverá uma apresentação na sala de aula,

podendo ter algumas explanações se necessário.

Finalmente estes trabalhos irão para uma exposição na escola, onde toda a

comunidade escolar terá a oportunidade de apreciar as atividades desenvolvidas.

(Aproximadamente 8 aulas de 50 min.)

REFERÊNCIAS

BERGER, John. Modos de ver. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

BARTH, Glauce Maris Pereira. A leitura do café: suas possíveis relações matemáticas e a perspectiva de gênero. Curitiba: UFPR, 2009. BENTO, Antonio. Portinari. Rio de Janeiro: Léo Christiano, 2003. BRITO, Fausto. O deslocamento da população brasileira para as metrópoles. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142006000 200017&script=sci_arttext>. Acesso em: 09 Set. 2013.

AGORA É A TUA VEZ DE APRENDER BRINCANDO E FAZENDO ARTE!!

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CASTROGIOVANNI, Antonio C. et. al. Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. 4. ed. Porto Alegre-RS: UFRGS, 2003.

CORRÊA, Roberto Lobato. O espaço urbano. 4. ed. São Paulo: Ática, 2002.

DANTAS, Eugênia Maria; MORAIS, Ione Rodrigues Diniz. O ensino de geografia e a imagem: universo de possibilidades. Disponível em: <http://www.ub.edu/ geocrit/9porto/eugenia.htm>. Acesso em: 05 Nov. 2013. FERREIRA, Alvaro. Favelas no Rio de Janeiro: nascimento, expansão, remoção e, agora, exclusão através de muros. 2009. Disponível em: <http://www.ub.edu/geocrit/b3w-828.htm.>. Acesso em: 10 Nov. 2013. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 22. ed. São Paulo: Cortez, 1988. HERICKS, Tânia Cássia de Lima. Mário de Andrade e Cândido Portinari: amizade, um estudo de relação. Rebouças, 2011. 28 folhas. Monografia. Pós Graduação em Arte, Educação e Terapia. Universidade UNAR. INCRA. Políticas públicas evitam êxodo rural no Paraná. 2007. Disponível em: <http://www.incra.gov.br/index.php/noticias-sala-de-imprensa/noticias/5348-polaticas-pablicas-evitam-axodo-rural-no-parana-aponta-ibge>. Acesso em: 11 Set. 2013. LA BLACHE, Paul Vidal. As características próprias da Geografia. In: CHRISTOFOLETTI, Antônio. Perspectivas da Geografia. São Paulo: DIFEL, 1985. MAGALHÃES, João Carlos Ramos. Histórico das favelas na cidade do Rio de Janeiro. 2010. Disponível em: <http://www.ess.ufrj.br/monografias/104058894.pdf>. Acesso em: 10 Nov. 2013.

MARTINS, Ana Luiza. Império do café: a grande lavoura no Brasil – 1850 a 1890. 11. ed. São Paulo: Atual, 1997.

MUSEU CASA DE PORTINARI. A vida: Cândido Portinari. Secretaria da Cultura. Brodowski-SP. Governo do Estado de São Paulo, 2013. Disponível em: <http://museucasadeportinari.org.br/candido-portinari/a-vida>. Acesso em: 17 Set. 2013. OLIVEIRA, Luiz Antonio Pinto de, & OLIVEIRA, Antônio Tadeu Ribeiro de. Reflexões sobre os deslocamentos populacionais no Brasil. 2011. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/reflexoes_ deslocamentos/deslocamentos.pdf>. Acesso em: 12 Out. 2013. PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: Geografia. Curitiba-PR: SEED, 2008. PONTUSCHKA, Nídia Nacib et. al. Para ensinar e aprender Geografia. 3. ed. São Paulo-SP: Cortez, 2009.

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PORTAL BRASIL. Volume de migração dentro do país desacelera desde 1999. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/governo/2011/07/volume-de-migracao-dentro-do-pais-desacelera-desde-1999-aponta-ibge>. Acesso em: 18 Ago. 2013.

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