os desafios da escola pÚblica paranaense … ensino de geografia precisa deixar claro a sua...

18
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3 Cadernos PDE I

Upload: lekhue

Post on 12-Mar-2018

219 views

Category:

Documents


3 download

TRANSCRIPT

Page 1: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE … Ensino de Geografia precisa deixar claro a sua finalidade de formar um sujeito que consiga ler o espaço, analisar o sistema e as estruturas

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE

I

Page 2: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE … Ensino de Geografia precisa deixar claro a sua finalidade de formar um sujeito que consiga ler o espaço, analisar o sistema e as estruturas

UMA PRÁTICA CARTOGRÁFICA PARA ALUNOS DO 6ªANO DO ENSINO FUNDAMENTAL II

Jociane Luzia Góss Menetrier1

Elaine Cristina Soares Surmacz2 RESUMO: O Ensino de Geografia é um dos métodos de alfabetização da sociedade na leitura do espaço geográfico em suas distintas escalas e formas, e para que isso aconteça, os conhecimentos cartográficos se apresentam como um instrumento importante. Observa-se, que grande parte dos alunos que saem do ensino fundamental I, apresentam defasagem no entendimento da cartografia. Assim, dentro de uma proposta de intervenção pedagógica, no Colégio Estadual La Salle – Ensino Fundamental e Médio, localizado no município de Pato Branco – Paraná, propõe-se, analisar e compreender as variadas formas de expressão gráfica das temáticas tratadas no ensino de Geografia com alunos do 6º ano do Ensino Fundamental II. Para respaldar teoricamente as ações de intervenção pedagógica, buscou subsídio na perspectiva crítica de estudiosos do ensino da Cartografia, como Castellar (2010), Francischett (2004), Almeida (2011), Katuta (2002), Passini (2007), Simielli (2007) dentre outros. O estudo concluiu que a cartografia é um eixo importante não apenas para os alunos iniciantes, mas para toda a sociedade.

PALAVRAS-CHAVE: Cartografia. Localização. Geografia.

INTRODUÇÃO

Uma parcela significativa dos alunos que concluem o Ensino Fundamental I

Chegam ao 6º ano do Ensino Fundamental II apresentando dificuldade de

entendimento dos conteúdos cartográficos. As observações realizadas em sala de

aula durante anos como professora da rede pública de ensino do Estado do Paraná

indicam que os professores do Ensino Fundamental I, possuem limitações quando

trabalham conteúdos da disciplina geográfica, em especial os cartográficos. Esse

contexto, ajuda a compreender o porquê dos alunos chegarem ao Ensino

Fundamental II com um déficit de aprendizagem elevado em cartografia.

Em sala, os alunos não dominam os conceitos, os elementos cartográficos e

as técnicas elementares da Cartografia, o que vem dificultar na hora da leitura e da

interpretação de um mapa. Não raro, muitos nunca fizeram uma leitura de mapa,

logo apresentam dificuldade de se orientar no espaço.

1 Professora da rede pública de ensino do Estado do Paraná, participante do PDE 2014, graduada em

Geografia Licenciatura. E-mail: [email protected]

2 Professora orientadora do Departamento de Geografia da Universidade Estadual do Centro Oeste -

UNICENTRO- Campus – CEDETEG - Guarapuava/PR. Mestre em Educação e Ensino de Geografia. E-mail: [email protected]

Page 3: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE … Ensino de Geografia precisa deixar claro a sua finalidade de formar um sujeito que consiga ler o espaço, analisar o sistema e as estruturas

O Ensino de Geografia precisa deixar claro a sua finalidade de formar um

sujeito que consiga ler o espaço, analisar o sistema e as estruturas que produzem a

sua organização, e ainda realize estudos e pesquisas reorganizadoras e

reconstrutoras do espaço.

De acordo com Callai (2005) a Geografia é uma ciência que ajuda a ler o

mundo, ler o mundo da vida, ler o espaço e compreender que as paisagens que

podemos ver são resultados da vida em sociedade, dos homens na busca de

sobrevivência e da satisfação das suas necessidades. Em linhas gerais, esse é o

papel da Geografia na escola.

Diante do contexto apresentado, o objetivo desse trabalho é o uso da

prática cartográfica como recurso de orientação e localização, por meio de

intervenção pedagógica nas aulas de Geografia do Colégio Estadual La Salle Ensino

Fundamental e Médio, localizado no município de Pato Branco – Paraná, dentro do

Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, com alunos de 6º ano do Ensino

Fundamental II.

A intervenção didático-pedagógica realizada buscou ampliar conceitos

geográficos como: a latitude, a longitude e as coordenadas geográficas; desenvolver

noções básicas de alfabetização cartográfica e atividades envolvendo fusos

horários. E ainda, a compreensão das principais escalas, uso da tecnologia (internet)

como complemento do aprendizado em sala de aula e a interpretação de imagens

de satélites. Além da observação e analise de diferentes imagens. Buscando ainda,

relacionar o tema de estudo a textos e imagens; desenvolvendo assim, habilidades

necessárias para a construção do conhecimento cartográfico na escola.

REVISÃO DA LITERATURA

A Cartografia e o Ensino de Geografia

Andrade (1987, p. 14) conceitua a Geografia como “a ciência que estuda as

relações entre a sociedade e a natureza”. Nesse sentido, a Geografia, devido ao seu

objeto de estudo, precisa aproximar-se de outros ramos das ciências, como a

Cartografia, a Matemática, a História, a Antropologia, a Sociologia, a Meteorologia, a

Geologia, a Psicologia, entre outras. Para a Geografia, essas ciências são

Page 4: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE … Ensino de Geografia precisa deixar claro a sua finalidade de formar um sujeito que consiga ler o espaço, analisar o sistema e as estruturas

importantes, pois colaboram para a análise e pesquisa geográfica de forma

substancial.

A cartografia é a “arte de conceber, de levantar, de redigir e de divulgar os

mapas”. Sendo percebida também como: “a representação, sobre uma superfície

plana, folha de papel ou monitor de vídeo, da superfície terrestre, que é uma

superfície curva” (JOLLY, 2004, p.5).

No Ensino de Geografia, algumas vezes o produto da Cartografia (mapa)

serve somente para localização e descrição de elementos espaciais. Isso ocorre ,

segundo Francischett (2004, p. 124) porque “a maioria dos professores que

trabalham com o ensino concebem a Cartografia como a técnica de representar e ler

mapas, desvinculada do contexto da Geografia. Isso traz sérios prejuízos para o

aluno”.

Já nos primórdios de sua institucionalização, ocorrida a partir do século XIX, a

Geografia contemporânea apresenta a preocupação com a questão do uso dos

mapas. Karl Ritter, considerado um dos primeiros geógrafos contemporâneos,

realizou diversos trabalhos onde, não raras vezes, aparecem mapas de várias

regiões do globo (Europa, África, Ásia, etc.). Mesmo assim, sua posição em relação

aos mapas era bastante crítica. Para Ritter os mapas não deveriam ser entendidos

diretamente como um “instrumento” mais sim como um “modelo” inanimado da

Terra, havendo necessidade, portanto, de se tomar precauções para o seu uso

Dessa forma, não poderiam também ser considerados como fundamento para o

conhecimento geográfico e sua utilização deveria ser primordialmente como modelo

de base para o ensino. (MATIAS, 1996).

Conhecer o espaço em que se vive é manter certo domínio sobre ele. Para

muitas espécies vivas o domínio do espaço é essencial. Esse é o caso da espécie

humana. Para dominar o espaço imediato os homens primitivos aprofundaram seus

conhecimentos sobre ele, explorando-o, e depois registrando em cascas de árvores

e paredes de cavernas, através de desenhos, o que de mais importante

encontravam. Com esses mapas os homens das cavernas podiam imaginar

trajetórias e indicar lugares (JOLLY, 2004).

Para Matias (1996) o jogo entre o conhecimento e fé acompanhou o

progresso da cartografia pela história humana. Hoje, temos inúmeros instrumentos

facilitadores do trabalho de conhecer o espaço e tomar decisões sobre ele e esse

enorme avanço foi fruto da preocupação e do desejo. Obviamente o avanço foi lento

Page 5: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE … Ensino de Geografia precisa deixar claro a sua finalidade de formar um sujeito que consiga ler o espaço, analisar o sistema e as estruturas

e gradual. Até se conseguir, por exemplo, a forma da terra arredondada, muito

trabalho foi realizado.

A Cartografia como linguagem, é de amplo valor ao Ensino de Geografia, pois

se trata de um importante meio de comunicação e informação geográfica. O mapa,

um dos seus produtos, sempre esteve associado ao seu ensino. Assim a

Cartografia, no Ensino de Geografia, ajuda a localizar o objeto de estudo, a entender

por que aqui e não em outro lugar; a saber, como é esse lugar; o porquê desse lugar

ser assim; por que as coisas estão dispostas dessa maneira; qual a significação

desse ordenamento espacial; quais as consequências desse ordenamento espacial

(JOLLY, 2004).

É evidente que a cartografia escolar atual é herdeira da modernidade.

Cabendo a ela, por meio do professor de geografia, introduzir o aluno no mundo dos

mapas, explicando-lhe as bases fundamentais, as simbologias, a utilidade, e a

magia, despertando nele o interesse por este verdadeiro texto em desenho, de fonte

abstrata de conhecimento, dos quais não se pode abrir mão.

O jogo entre o conhecimento e fé acompanhou o progresso da cartografia

pela história humana. Hoje, temos inúmeros instrumentos facilitadores do trabalho

de conhecer o espaço e tomar decisões sobre ele e este enorme avanço foi fruto

desta preocupação e deste desejo. Obviamente o avanço foi lento e gradual. Até se

conseguir, por exemplo, a forma da terra arredondada, muito trabalho foi realizado

pontuando as informações obtidas sobre coordenadas geográficas e elementos de

um mapa.

De posse dessas informações começamos aplicar nossa implementação. As

aulas de cartografia não podem ser aulas isoladas do contexto: “agora mapas;

depois teoria…” (KATUTA, 2002, p.44) dá mesma forma que se criticou há algum

tempo o isolamento da geografia física do contexto da humanização do espaço,

pode-se criticar hoje o que muitos livros trazem conteúdos de cartografia

fragmentados, sem qualquer ligação com o conteúdo específico do capítulo que

conclui.

Entende-se que a educação é um processo de formação do ser humano, que

objetiva prepará-lo para a vida, dotando-o de conhecimentos e habilidades que o

tornem capaz de compreender o mundo e intervir conscientemente para modificar a

realidade em que vive, de modo a edificar uma sociedade livre, justa e solidária.

Page 6: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE … Ensino de Geografia precisa deixar claro a sua finalidade de formar um sujeito que consiga ler o espaço, analisar o sistema e as estruturas

Conforme as Diretrizes Curriculares da Educação Básica (2008, p. 83),

“propõem-se que os estudos sejam lidos, pelos estudantes como se fossem textos,

passíveis de interpretação, problematização e análise crítica, e que jamais sejam

meros instrumentos de localização dos eventos e acidentes geográficos”.

Para Katuta (2002), a importância do uso da linguagem cartográfica no ensino

de Geografia, resulta de uma construção teórica prática que vem desde os anos

iniciais e segue até o final da Educação Básica.

Assim o domínio da leitura de mapas é um processo de diversas etapas

porque primeiro é acolhida à compreensão que o aluno tem da realidade em

exercícios de observar e representar o espaço vivido, com o uso da escala intuitiva e

criação de símbolos que identifiquem os objetos. Depois são desenvolvidas as

noções de escala e legenda, de acordo com os cálculos matemáticos e as

convenções cartográficas oficiais.

No entanto, o que se percebe é que professores e alunos de todos os níveis

de ensino ainda possuem grandes dificuldades para lidar com conteúdo de

cartográfico. Observa-se que há um distanciamento entre as mudanças que ocorre

na Geografia acadêmica e na escolar.

Para Carvalho (2008) o mesmo acontece entre a maneira como os alunos se

relacionam com o conhecimento e o que acontece em sala de aula e, assim,

estamos, mais uma vez, diante da impossibilidade entre a Geografia das

universidades e a da escola básica. O autor observa ainda que:

A realidade brasileira revela que o discurso adotado em sala de aula pelo professor ainda está fundamentado, na maioria das vezes, nos manuais didáticos e em discursos apreendidos da mídia. Nessa perspectiva, a memorização passa a ser o objetivo das aulas, a partir das informações obtidas por meio de jornais, programas de TV e internet (CARVALHO, 2008, p. 10).

No entanto dentro da organização curricular, existem alternativas por parte do

professor. Ao mesmo tempo, o aluno chega à sala de aula sem saber o que irá

aprender, começando nesse ponto uma contradição na relação professor-aluno

(CARVALHO, 2008).

Outra contradição bastante vista e que se pode aconselhar é a escolha dos

conteúdos, que necessitaria estar relacionada com uma concepção geográfica para

Page 7: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE … Ensino de Geografia precisa deixar claro a sua finalidade de formar um sujeito que consiga ler o espaço, analisar o sistema e as estruturas

que se possam fundamentar a seleção dos objetivos e a maneira como será

ensinada (CARVALHO, 2008).

Conferi que muitos conteúdos e conceitos ligados às áreas de cartografias e á

Geografia da natureza são muitas vezes deixados de lado.

Diante disso, pergunta-se: qual o papel do Ensino de Geografia nas séries do

fundamental I e II e do médio? Se for para contribuir para a formação do aluno e

ajudá-lo a entender o mundo em que vive, estabelecer relações entre a sociedade e

o meio físico, não é o caso de nos perguntarmos quais são os princípios que

norteiam a organização curricular da Geografia escolar?

Não se pode duvidar que, para responder a essas perguntas, é importante

definir os objetos de aprendizagem em função da interpretação que se fará do

fenômeno geográfico que será estudo. Portanto, a necessidade de se pensar sobre

o que pretendemos ensinar passa por explicar o como, o que e para que estamos

ensinando.

Ao responder essas questões, estamos também levando em conta o que

entendemos por saber escolar, partindo da análise da realidade e considerando que

queremos que nossos alunos ocupem um lugar na vida democrática, saibam fazer

escolhas e compreendam o lugar em que vivem.

O saber escolar encontra-se então, em um contexto de conhecimento e no

âmbito das relações sociais.

Segundo Castellar (2010, p.161) “A principal questão que se destaca está

relacionada com a aprendizagem e o domínio dos saberes. Quando o aluno apenas

memoriza, ou não vê objetivos no que aprende, acaba esquecendo os conteúdos

após aplica-los em uma avaliação”.

No entendimento de Carvalho (2008) ao se versar do domínio dos saberes,

entende-se que não é só aplicá-los de forma mecânica em situações do cotidiano,

mas compreendê-los para que, na aplicação, haja sentido e coerência com a

realidade, ou seja, articular as referências teóricas com a prática. A autora destaca

ainda que:

O desafio está na mediação entre o saber acadêmico e o saber escolar, na medida em que o professor deve incorporara as mudanças propostas pelo sistema escolar e organizar o currículo com base nos pressupostos teórico-metodológicos da geografia e da pedagogia. (CARVALHO, 2008, p.11).

Espera-se, que em uma prática de ensino mais dinâmica, o aluno possa não

apenas dar significado, mas compreender o que está sendo ensinado. Optando por

Page 8: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE … Ensino de Geografia precisa deixar claro a sua finalidade de formar um sujeito que consiga ler o espaço, analisar o sistema e as estruturas

uma metodologia de ensino que envolva o aluno na construção do conhecimento,

espera-se ainda que ele estude a partir de situações do cotidiano e relacione o

conhecimento aprendido para analisar a realidade, que pode ser a local ou a global.

Muitas vezes, é necessário ter uma referência na história, no passado e em outros

lugares do mundo para estabelecer relações com o local e compreender o entorno.

Nessa perspectiva, Carvalho (2008) acredita que é condição para a

aprendizagem significativa não apenas a estrutura do conteúdo, mas como ele será

ensinado, qual será a proposta didática para que estimule as estruturas cognitivas

do sujeito e também qual a base conceitual necessária para que o aluno possa

incorporar esse novo conhecimento ao que ele já sabe.

O professor, ao organizar os conteúdos, deve pensar sobre eles, planejá-los,

imaginar como será a aula e, em seguida, reorganizá-la, sendo esses procedimentos

a base de todas as ideias que se concretizam. Isto é, pensar em como se organiza a

aula, desde os objetivos e conteúdos até o passo-a-passo das atividades. Por isso,

vale considerar os objetivos que serão trabalhados com os alunos. Em linhas gerais,

podem-se destacar alguns objetivos para o ensino de geografia, levando em conta o

seguinte:

Compreender os conceitos geográficos a partir do uso da linguagem

cartográfica e gráfica; reconhecer e fazer uso dessas linguagens e outras com

diferentes gêneros textuais, imagens, audiovisuais, documentais para explicar,

analisar e propor soluções que utilizem os conceitos geográficos em situações do

cotidiano. Nesse caso, na visão de Castellar (2010, p.4):

O professor irá valorizar a capacidade de leitura e escrita do aluno, iniciando uma atividade interdisciplinar para aprofundar conceitos geográficos. Ao utilizar imagens, vídeos, obras de artes ou um texto literário, pode-se estimular o aluno a compreender os conceitos geográficos, considerando não só a capacidade cognitiva, mas os aspectos afetivos e culturais, potencializando a aprendizagem significativa. É importante entender que essas linguagens não são instrumentos ou meras ferramentas, mas são utilizadas como propostas voltadas para o processo de aprendizagem e para a ampliação do capital cultural do aluno.

Deve-se considerar que o currículo escolar não é permanente, pois na visão

de Carvalho (2008) os conteúdos podem ser substituídos a medida que ocorram

mudanças na realidade e no mundo tecnológico e científico. No entanto, eles são

construídos social e culturalmente, o que significa que a escola tem um papel

importante ao possibilitar a difusão do conhecimento em um contexto social, cultural

Page 9: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE … Ensino de Geografia precisa deixar claro a sua finalidade de formar um sujeito que consiga ler o espaço, analisar o sistema e as estruturas

e histórico. É essencial ainda na visão de Carvalho (2008) dar a todos não o ensino

de geografia, mas uma “educação geográfica” cujo fim é conseguir que os homens

não se sintam mal nos seus espaços e meios.

Dentro de suas próprias paisagens e regiões, mas também nas paisagens e

regiões de civilizações que não são as suas [...]. Sendo assim conhecerão as

origens e as evoluções e, compreendendo-as, estarão aptos a agir e transformá-las

com conhecimento de causa (SCHOUMAKER, 1999, p. 32). O autor complementa

afirmando que:

A educação geográfica contribui para que os alunos reconheçam a ação social e cultural de diferentes lugares, as interações entre as sociedades e a dinâmica da natureza que ocorrem em diferentes momentos históricos, isso porque a vida em sociedade é dinâmica, e o espaço geográfico absorve as contradições em relação aos ritmos estabelecidos pelas inovações no campo da informação e da técnica, o que implica, de certa maneira, alterações no comportamento e na cultura da população dos diferentes lugares (SCHOUMAKER,1999, p. 32).

No entanto, com a ampliação do acesso à mídia, multiplicaram-se as

informações do mundo e, para muitos alunos e alguns professores, o conhecimento

geográfico está transmitido pela TV e internet.

Observa-se, portanto, que a Geografia é mais do que possuir essas

informações, e estuda-las significa relacioná-las aos métodos de análise e

processos de aprendizagem. Cabe destacar a importância do papel da Geografia

como disciplina escolar para conhecer o mundo e compreender o mundo.

Na educação geográfica, para obter a compreensão necessária do mundo, é

importante formular hipóteses a partir de observações, para posterior comprovação

e análise. O passo fundamental para esse processo de análise é ter a prática

científica articulada com o desenvolvimento teórico, ou seja, a dimensão da prática

pedagógica e da epistemologia da ciência geográfica.

A orientação: contextualização e uso escolar

A “orientação e as Corridas de orientação” podem se tornar metodologias

extremamente interessantes enriquecedoras no contexto da Cartografia Escolar e da

Geografia. Assim, segundo Friedmann (2003), os dicionários costumam listar muitas

definições para a palavra orientação, entre eles destacam-se “determinar uma

posição ou direção em relação aos pontos cardeais” e “determinar uma direção a

Page 10: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE … Ensino de Geografia precisa deixar claro a sua finalidade de formar um sujeito que consiga ler o espaço, analisar o sistema e as estruturas

seguir, a fim de atingir um destino específico”. De modo geral, esses significados

descrevem o que é orientação (FRIEDMANN, 2003).

A bússola de orientação (ou bússola de campo) tem sua base plana

transparente e seu desenho básico surgiu na Suécia, na década de 1930. A sua

concepção combina vários recursos com intuito de facilitar sua operação. “Pode-se

dizer que a bússola de orientação combina quatro instrumentos: uma bússola, um

escalímetro, um transferidor e um esquadro”(FRIEDMANN, 2003, p.27).

Para Batista et. al. (2008) as diversas técnicas de uso são todas baseadas na

combinação de dois procedimentos básicos: a) determinar a direção correspondente

a do azimute; b) determinar o azimute correspondente a uma direção. Logo, a

relação entre a direção referencial da bússola e dos demais azimutes permite

conhecer diversas direções, bem como facilita a localização e orientação no espaço.

Para o autor “o trajeto, em uma Corrida de Orientação, costuma ser definido

por pontos de passagem que terão de ser percorridos de forma sequencial, sendo

conhecidos formalmente como pontos de controle” (BATISTA, et. al.,2008, p.4). O

critério básico de classificação perpassa pelo “menor tempo obtido no percurso

completo: ponto de partida, postos de controle – na sequencia correta – e ponto de

chegada. (...) Os tempos de partida e de chegada de cada participante são anotados

e o respectivo tempo de percurso é obtido pela simples diferença entre esses

momentos” (FRIEDMANN, 2003, p.67).

METODOLOGIA, RESULTADOS E DISCUSSÕES

O projeto de intervenção foi materializado no Colégio Estadual La Salle,

Ensino Fundamental e Médio, localizado no Município de Pato Branco – PR. Os

alunos selecionados para a implementação, foram alunos do 6º ano do ensino

fundamental II. A proposta intervenção pedagógica se deu a partir da elaboração de

um caderno pedagógico de título “Cartografia: uma prática cartográfica para os

alunos do 6ºano do ensino fundamental II”. Para tanto, fez-se uso de textos

historiográficos, fotografias, vídeos, mapas com diversidades temáticas, filmes

didáticos, atlas geográficos, cartas simples, planta do município de Pato Branco,

papel vegetal, placa de isopor e rosa-dos-ventos.

Pautando-se no embasamento teórico, compreendendo a importância e a

necessidade do contato com a cartografia nos primeiros anos escolares, procurou

Page 11: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE … Ensino de Geografia precisa deixar claro a sua finalidade de formar um sujeito que consiga ler o espaço, analisar o sistema e as estruturas

desenvolver ações que tenham uma aprendizagem significativa de investigação.

Nesse trabalho, a ênfase foi dada na dinâmica do método dialético (prática-teoria-

prática), no qual o processo de investigação deve ser revisado, e considerado assim,

a historicidade dos fatos.

Aos alunos, foi disponibilizado um questionário com dez questões fechadas, o

intuito foi realizar um diagnóstico da turma sobre o entendimento a respeito da

temática a ser trabalhada. Responderam o questionário 25 alunos do 6ª ano do

período vespertino e como resultado tivemos: A questão de um versava sobre “você

já ouviu falar em cartografia?” 32% dos alunos disseram que sim , 68% disseram

não. Nessa situação é possível perceber que o conteúdo cartográfico trabalhado em

sala de aula com o aluno não é entendido por ele como significativo e de uso

cotidiano.

Na segunda questão temos “o que é mapa para você?” Um recurso de

orientação ou algo que propicia a você segurança? 89% dos alunos disseram

que o mapa é um recurso de orientação e 11% disseram que é algo que vem

propiciar segurança. Aqui temos a relação do mapa com a orientação espacial.

Na terceira questão traz “você sabe par que servem as linhas que traçam

o mapa?”. Apenas 10% dos alunos disseram saber, mas quando questionados não

souberam responder e 90% deles disseram não. O que nos diz haver a necessidade

de melhorar a qualidade e a forma de explicar esse tema em sala de aula e de forma

mais concreta e significativa para o aluno.

Na questão de número quatro temos “para que serve a escala de um mapa

?” 87% disseram ser para aumentar o tamanho de uma área no desenho e 13%

disseram ser para redução de área. Essas respostas dão conta que os alunos têm a

noção do uso da escala.

Na questão de número cinco temos “você sabia que através da legenda do

mapa conseguimos fazer a leitura desse mapa?” 55% dos alunos disseram ter

essa informação e 45% disseram não saber. Na questão de número seis perguntou-

se “como você se orienta para vir para a escola?” 80% dos alunos disseram ser

pelos nomes de ruas ou pontos de referências e 20% por meio de placas de trânsito.

Na questão sete perguntou-se “você sabe de que lado o sol nasce?” 79%

disseram sim e 21% disseram não saber. Essa situação reforça a necessidade de

um ensino relacionado ao cotidiano vivido. Na questão de número oito perguntou-se

“você já trabalhou com atlas” 100% dos alunos disseram não ter trabalhado. Essa

Page 12: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE … Ensino de Geografia precisa deixar claro a sua finalidade de formar um sujeito que consiga ler o espaço, analisar o sistema e as estruturas

situação vem reforçar a necessidade de maior contato com materiais cartográficos

para além do livro didático.

Na questão de número nove perguntou-se “quando você precisa se

orientar, que instrumento usa?” 1% dos alunos fizeram referência a bússola, 90%

ao GPS (Sistema de Posicionamento Global) e 9% mencionaram os mapas. Na

ultima questão a de número dez perguntou-se “você conhece a rosa dos ventos?”

99% dos alunos disseram sim e 1% disse não. O trabalho com a rosa dos ventos é

uma atividade que está inserida nos conteúdos de Geografia desde as séries iniciais

do Ensino Fundamental e assim justifica essa intimidade dos alunos. Posterior a

esse diagnóstico inicial, foi possível traçar as ações de intervenção pedagógica.

Para tanto, foram divididas as estratégias de ação em oito passos, que foram

trabalhadas em 32 aulas, com uma turma de 25 alunos como já mencionado.

1ª passo - Inicialmente foram feitas apresentações para os alunos do 6° ano,

turma A do período vespertino, com explicações e informações sobre o Programa de

Desenvolvimento Educacional (PDE).

Posteriormente, foram apresentados aos alunos conteúdos com ênfase na

prática social vivida por eles, baseada em fatos históricos, reais e nos

conhecimentos dos alunos pré-existente sobre Cartografia. A intervenção

pedagógica se deu em oito etapas.

1ª etapa - os alunos percorreram os espaços da escola e os fotografaram,

tanto os espaços abertos como os fechados, bem como, pontos de referências

dentro e no entorno da escola.

2ª etapa - desenvolveu-se com os alunos uma atividade entendida como

lúdica. Um grande labirinto, no qual os alunos tentam encontrar saídas através do

uso da lateralidade. Nessa aula foi confeccionado uma rosa dos ventos e trabalhada

a posição do homem em relação a Terra e seus movimentos. Após trabalhar a teoria

do tema orientação, pontos cardeais, colaterais e subcolaterais, levou-se os alunos

para uma atividade prática. A intencionalidade estava no reconhecimento pelos

alunos das direções e que as indicassem corretamente, localizando o nascente e o

pôr do sol e denominando os pontos de orientação, tendo como referência o próprio

pátio da escola.

Também foi realizada uma atividade com roteiros, nessa, os alunos deveriam

identificar as direções corretas e assim cumpririam a tarefa.

Page 13: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE … Ensino de Geografia precisa deixar claro a sua finalidade de formar um sujeito que consiga ler o espaço, analisar o sistema e as estruturas

3ª etapa - dentro da perspectiva lúdica, os alunos produziram um relógio do

sol, após assistirem um vídeo tutorial, que mostrava passo a passo a confecção.

Nessa atividade foi possível observar que os alunos do 6º ano, não conseguiram

atingir o objetivo proposto. E isso se deu devido às condições meteorológicas na

data, outro fator que contribuiu para de forma negativa foi o grande número de

alunos.

4ª etapa – Deu-se continuidade ao trabalho com aplicação de atividades

referentes ao desenho de mapas (mental) sobre o espaço conhecido, relacionado e

habitado por eles. Vivenciando o conteúdo, com uma de planta baixa da escola, em

grupos os alunos fizessem comparações e argumentação sobre o mapa realizado

por eles e a planta baixa real da escola. Para tanto fizeram uso de símbolos

cartográficos. Nessa atividade o objetivo foi a compreensão de conceito real do

lugar, do espaço geográfico onde vivem.

5ª etapa – Nessa etapa a opção foi pela aula de campo. O local escolhido foi

o quarteirão do colégio. Os alunos fotografaram os pontos de referências, e fizeram

observações. Posteriormente os alunos desenharam o croqui do quarteirão da

escola, indicando o nome das ruas por onde passaram.

Em seguida, em equipes e de posse de fotocópias de um trecho do guia de

ruas da cidade, fizeram uso de uma cartolina e puseram no centro da mesma

diversas fotos produzidas pelos alunos, indicando sua localização no mapa.

Nesse sentido, para a educação geográfica, além de priorizar, em suas

abordagens nas aulas, as análises sobre a organização dos arranjos espaciais das

cidades em função do desenvolvimento industrial e agrário regional, nacional e

mundial, deve também considerar as semelhanças entre os continentes no que se

refere à fauna e a flora.

Entender esses arranjos e as transformações que ocorrem no espaço passa

por compreender que, ao mapear os lugares e os fenômenos, também se deve

considerar o tempo social.

7ª etapa – entendendo que a educação geográfica contribui para que os

alunos reconheçam a ação social e cultural de diferentes lugares, as interações

entre as sociedades e a dinâmica da natureza que ocorrem em diferentes momentos

históricos, isso porque a vida em sociedade é dinâmica, e o espaço geográfico

absorve as contradições em relação aos ritmos estabelecidos pelas inovações no

Page 14: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE … Ensino de Geografia precisa deixar claro a sua finalidade de formar um sujeito que consiga ler o espaço, analisar o sistema e as estruturas

campo da informação e da técnica, o que implica, de certa maneira, alterações no

comportamento e na cultura da população dos diferentes lugares.

O estudo dos fenômenos geográficos em escalas de análise possibilita

superar a falsa dicotomia existente entre o local e o global, na medida em que

amplia-se o olhar. Ou seja, ao mesmo tempo em que se estudam o lugar de vivência

e outros que existem no mundo, o senso comum é rompido, o que favorece a

ordenação dos conteúdos geográficos, o que muitas vezes acaba gerando um

discurso descritivo do espaço geográfico.

Por isso, introduzir Google Earth como uma ferramenta que pode ser utilizada

para realização do mapeamento participativo. A grande popularidade, com interface

e ferramentas de manuseio simples. Nessa atividade desenvolveu-se a noção

espacial e a representação cartográfica usando Google Earth.

Os alunos trouxeram seus tablets e celulares, para trabalharem a localização

da escola na cidade, no Paraná, na América, no mundo. Assim eles fizeram com o

local onde eles moram, ou seja, a casa deles.

7ª etapa – Percebeu-se que a Terra se desloca de oeste para leste em sua

rotação, o que dá a impressão que o sol se desloca de leste para oeste. Deste

modo, entre dois pontos que estejam em longitudes diferentes, aquele que estiver

mais a leste passará primeiro sob o sol, apresentará horas mais avançadas, do que

o outro a oeste.

Tendo em vista a dinâmica do trabalho em questão, como conciliar um mundo

de rápidos deslocamentos e mais rápidas comunicações com a hora verdadeira ou

solar?

Iniciou-se com uma animação, por meio de atividades lúdicas e interativas o

aprendiz é motivado a compreender de forma “mais atrativa” os conceitos chaves

dos fusos horários. Justifica-se a importância deste conteúdo por se tratar de uma

questão atual e com aplicação na vida cotidiana do educando. Entender as horas,

nos diferentes lugares do mundo, torna-se indispensável no atual mundo

globalizado. Neste momento apresentamos o globo terrestre escolar que já possui a

inclinação adequada. Juntamente com os alunos e utilizando a tabela de fuso

horário, analisamos o que estava acontecendo. Porque existe essa diferença de

horário? Após a análise e demonstração da maquete pedimos aos alunos que

simulassem uma conversa com alguém do outro lado do mundo.

Page 15: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE … Ensino de Geografia precisa deixar claro a sua finalidade de formar um sujeito que consiga ler o espaço, analisar o sistema e as estruturas

O registro da atividade foi através da construção de uma estória com o tema:

Meu amigo mora no outro lado do mundo. Para desenvolver essa atividade solicitou-

se aos alunos que fizessem uma estória contando como seria conversar com

alguém que está a 24 horas de diferença de fuso horário. A sala foi dividida em trio,

os alunos escolheram o local com auxílio do atlas escolar, depois do texto pronto

apresentarão a turma.

8ª etapa- o desafio proposto para esse material foi “uma prática cartográfica

para alunos do 6ªano do Ensino Fundamental II”.

Parte-se do princípio de valorização do conhecimento prévio dos alunos, de

sua realidade. Dessa forma, cabe a geografia abordar de forma reflexiva o papel dos

atores sociais no seu espaço, entendendo o conjunto de objetos e ações que o

formam (FERNANDES, GEBRAN, 2010). Assim,

Portanto a partir dessas práticas desenvolvidas com os alunos, foi montado

um livrinho ilustrado com atividades de revisão do conteúdo trabalhado.

Diante da proposta de Intervenção Pedagógica, após a aplicação e

desenvolvimento dos conteúdos propostos, foi possível perceber que os processos e

as ações realizadas foram de grande relevância para o ensino da Geografia, tanto

para o professor quanto para o aluno. Na prática docente foi possível associar os

conteúdos abordados em sala à realidade vivida e observada pelos alunos no

espaço geográfico onde os mesmos estão inseridos.

Em se tratando de um conteúdo que insere o estudo da leitura cartográfica no

espaço e no lugar de vivência, é algo de grande valia para os aluno do 6° ano, uma

vez que trabalhar com situação problema que estejam diretamente ligados ao

cotidiano dos alunos, fará com que eles possam ser melhores preparados para

contribuírem com conhecimentos fundamentais sobre o assunto, já que a grande

relevância do ensino da Cartografia juntamente com a geografia se dá pelo fato de

que aos poucos os alunos estarão sendo inseridos no mundo das representações

gráficas e começarão a conhecer o mundo das projeções, adquirindo uma noção

crescente da linguagem cartográfica, desenvolvendo assim o seu conhecimento

através de uma aprendizagem significante e não apenas por mera reprodução de

conhecimento.

Por meio dos recursos audiovisuais e cartográficos houve uma melhor

aproximação, facilitando assim a observação, identificação, análise, compreensão e

Page 16: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE … Ensino de Geografia precisa deixar claro a sua finalidade de formar um sujeito que consiga ler o espaço, analisar o sistema e as estruturas

interpretação dos lugares, havendo uma interação entre professor, aluno e o

material utilizado.

Trabalhando com mapas foi possível perceber que havia algumas limitações

por parte de alguns alunos, pelo fato de que os mesmos não tiveram nos primeiros

anos escolares, um maior contato com o ensino da cartografia, o que fez com que

esses alunos necessitassem de mais atenção e maiores informações a respeito do

conteúdo que estava sendo desenvolvido.

Nas experiências contemporâneas da prática docente e da escola, são muito

grandes, por isso, tanto a escola como o professor, precisa estar ligados a vida

social atual, para que possam cumprir bem o seu papel perante a sociedade.

Ao final da intervenção, novamente foi apresentado aos alunos o mesmo

questionário diagnóstico inicial. Agora com a finalidade de avaliar a forma trabalhada

da temática.

Todas as respostas apresentaram conhecimento e entendimento das

questões apresentadas. Relacionaram as atividades realizadas em sala com a vida

cotidiana e compreenderam a necessidade dos conhecimentos cartográficos no dia

a dia. As atividades atingiram os objetivos e ainda reafirmou a necessidade do

professor criar diferentes formas de apresentação dos conteúdos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O uso da linguagem cartográfica é de fundamental importância para o

desenvolvimento do cidadão em suas atividades diárias, desde uma simples

indicação de um caminho entre a casa e o local de estudo até mesmo em situações

mais complexas que necessitem de uma análise mais apurada do espaço a sua

volta, as noções cartográficas devem estar presente no intelecto das pessoas,

todavia como já foi explanado, alfabetizar cartograficamente os alunos, desde as

séries iniciais, corresponde em uma atividade pedagógica fundamental para o bom

desenvolvimento da cognição visual do aluno, não só para o seu aprendizado dos

conteúdos geográficos mais também para a vida do aluno que passara a conhecer a

representação do espaço em que vive.

É importante ressaltar a necessidade em ensinar Cartografia nas escolas, de

certo modo partindo das séries iniciais, que são fundamentais para que o indivíduo

Page 17: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE … Ensino de Geografia precisa deixar claro a sua finalidade de formar um sujeito que consiga ler o espaço, analisar o sistema e as estruturas

venha no futuro compreender conceitos não apenas geográficos, mas de diversos

âmbitos de suas relações sociais.

É preciso que a dinâmica da escola permita a manifestação do conhecimento

de professores e alunos, com suas histórias, com suas experiências, com seus

saberes e sua cultura. É importante fazer com que o aluno possa ir construindo seu

conhecimento geográfico de forma crescente no mundo das projeções cartográficas,

permitindo também que os mesmos compreendam melhor o processo de produção e

transformação do espaço geográfico de forma crítica e dinâmica, buscando um

conhecimento cientificamente produzido.

Sendo assim, pode-se concluir que a cartografia é realmente um eixo

importante não apenas aos alunos iniciantes, porém para toda a sociedade mesmo a

cartografia essa que é pouco explorada nos ensinos mais “adiantados” que não

mostra perspectiva de uso e não faz dominar conceitos que perdem a importância

diante da deficiência, ora de profissionais qualificados, ora de materiais para o

ensino cartográfico.

Dessa forma, tanto professor quanto o aluno podem perceber através da

prática e da teoria, o valor entre o significado das aulas e da importância da escola

para ambos, indo além do senso comum. Todo o desenvolvimento do trabalho, as

descobertas, avanços e frustrações foram socializadas no Grupo de Trabalho em

Rede (GTR) a fim de compartilhar as diferentes situações de ensino.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, Manuel Correia de. Geografia, Ciência da Sociedade: uma introdução à análise do pensamento geográfico. São Paulo: Atlas, 1987. BATISTA, Natalia et al. O Mapa de orientação como recurso didático na alfabetização cartográfica. 2008. Disponível em: http://www.cartografia.org.br/cbc/trabalhos/9/178/CT09-3_1404182351.pdf Acesso em 16/12/2015. CALLAI, Helena Copetti. Aprendendo a ler o mundo: a Geografia nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Cad. Cedes, Campinas, vol. 25, n. 66, maio/ago., 2005, p. 227-247. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v25n66/a06v2566.pdf> Acesso em: 16/12/2015. CARVALHO, Anna Maria. Um breve referencial teórico e a educação geográfica. In: Ensino de Geografia - Coleção ideias em ação. 2008. Disponível em:

Page 18: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE … Ensino de Geografia precisa deixar claro a sua finalidade de formar um sujeito que consiga ler o espaço, analisar o sistema e as estruturas

<file:///C:/Users/IDEAL/Downloads/8522106703_ensino_de_geografia.pdf>. Acesso em 27 de outubro de 2015. CASTELLAR, Sônia M. Vanzella. VILHENA, Jerusa. Ensino de Geografia. São Paulo: Cengage Learning, 2010. FERNANDES, Antônio Carlos. GEGRAN, Raimunda Abou. Geografia e prática social: Configurações no espaço da escola. Acta Scientiarum. Education Maringá, v. 32, n. 2, 2010, p. 255-262. Disponível em: < file:///C:/Users/User/Downloads/Dialnet-GeografiaEPraticaSocial-4864787.pdf> Acesso em: 16/12/2015. FRANCISCHETT, Mafalda Nesi. A Cartografia no ensino de Geografia: a aprendizagem mediada. Cascavel, EDUNIOESTE, 2004. FRIEDMANN, Raul M. Fundamentos de orientação: cartografia e navegação terrestre. Curitiba: PROBOOKS, 2003. JOLLY, Fernand. A cartografia. 6. ed. São Paulo: Ed. Papirus, 2004. KATUTA, Ângela Massumi . A linguagem cartográfica no ensino superior ao básico. In: PONTUSCHKA, N. N.; Oliveira, A. V. de (Org.). Geografia em perspectiva. São Paulo: Contexto, 2002. MATIAS, Lindon Fonseca. Por uma cartografia geográfica: uma análise da representação gráfica na geografia. (Dissertação de Mestrado) São Paulo: FFLCH/USP, 1996, 146p. Disponível em: http://www.ige.unicamp.br/geoget/acervo/teses/Por%20uma%20Cartografia%20Lindon.pdf Acesso em: 16/12/2015. PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná. Curitiba: SEED, 2008. Disponível em: www.diaadiaeducacao.pr.gov.br Acesso em: 16/12/2015 SCHOUMAKER, Bernadette Mérenne. Didática da Geografia. Porto: ASA II. 1999.