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Indice

I - A necessidade de distinguir entre as forças plasmadoras etéricas e os tipos de éteresII - Os quatro éteres

Il l - A atuação conjunta dos quatro éteres

PrefácioOs dois ensaios que se seguem foram publicados em 1960 e 1966 em Beitrãge zu einer Erweiterung derHeilkunst nach geisteswissenschaftlichen Gesichtspunkten (Contribuições para uma ampliação da arte médicasegundo os critérios da Ciência Espiritual), Stuttgart, anos 13 e 19. Como têm sido objeto de muita procura,estão sendo reeditados de uma forma ampliada. Acrescentamos um trecho sobre um aspecto etérico queestamos elaborando neste momento. Esses três ensaios contém uma ampla exposição dos quatro éteres, talcomo pode ser feita com base nas indicações de Rudolf Steiner, Eles referem-se a um problema fundamentaldo conhecimento da natureza e do cosmo segundo a Antroposofia, que foi colocado de modo particularna obra de Guenther Wachsmuth Die ãtherischen Bildekrãfte in Kosmos, Erde und Mensch publicada em19241, Neste livro o problema parece estar resolvido, sendo os éteres apresentados como forças plasmadoras.No entanto, nem foi investigado o problema se os éteres e as forças plasmadoras são a mesma coisa, ou coisasdiferentes. A concepção de Wachsmuth, de que os éteres são forças plasmadoras, passou a ser o fundamento detodos os trabalhos antroposóficos relativos ao conhecimento da natureza e do homem, desde a morte deRudolf Steiner (1925) até hoje.

Rudolf Steiner denominou o princípio vital existente na planta, no animal e no homem, de corpoetérico ou vital. Mais tarde ele acrescentou a designação corpo de forças plasmadoras. Estes três termosreferem-se ao mesmo objeto, mas correspondem, em cada caso, a um conteúdo ou aspecto diferente domesmo - da mesma maneira como podemos dizer de uma casa, que ela é feita de madeira ou de pedras, elacontém estes ou aqueles cômodos, é uma casa para fins residenciais ou comerciais. Trata-se da mesma casa,mas o enfoque visa ou o seu material, ou sua divisão espacial ou sua finalidade. Assim, a expressão "corpoetérico" refere-se mais à substancialidade do corpo vital, "corpo vital" às suas funções geradoras de vida,"corpo de forças plasmadoras" mais às forças que dão forma. Cada uma dessas designações do mesmo objeto"corpo etérico" considera uma outra relação com as realidades restantes do mundo.

 As exposições de Wachsmuth até hoje nunca foram objeto de uma anál ise crít ica. Quando foipublicado meu primeiro trabalho sobre A necessidade de diferenciar as forças plasmadoras etéricas e os tipos deéteres, Wachsmu th escreveu uma réplica', a qual , porém, não con tém um argumento objetivo nem parafundamentar a opinião dele, nem para refutar a minha. Devido à aceitação, sem críticas, da exposição deWachsmuth, o seu engano passou para a maior parte da literatura antroposófica secundária.

Rudolf Steiner não fez uma exposição sistemática dos éteres nem das forças plasmadoras. Suasindicações a respeito encontram-se em enorme quantidade em seus livros e outras publicações. Elesempre expôs um ou outro aspecto, tal como resultava dos temas antroposóficos em geral, nos contextosmédicos, pedagógicos, da agricultura e da ciência natural. Nestes artigos não pretendo reunir essasinformações e expor suas relações, mas desenvolver a idéia dessas entidades a partir dos dados básicos deRudolf Steiner - o nome dos éteres, sua seqüência na evolução cósmica e o contraste entre elementos e éteres.Se isso for conseguido, obteremos uma base para compreender as diversas indicações dadas por RudolfSteiner, entendendo-as como fenômenos ou caracterizações particulares da idéia.

Os éteres estão reunidos no corpo etérico formando uma unidade global; eles têm uma atuaçãoorgânica. Além disso, cada éter tem uma atividade própria, atuando então de modo inorgânico, ouseja, fisicamente, Podemos dar o nome de "o etérico" aos diversos aspectos dos éteres e das forçasplasmadoras etéricas, da mesma maneira como chamamos de "o físico", os fenômenos físicos. Acaracterização do etérico é uma tarefa necessária em nossa época, mas ela deve basear-se nas indicações

de Rudolf Steiner. Basiléia, Páscoa de 1974Dr. med. Ernst Marti

1 Guenther Wachsmuth, Die ãtherischen Bildekrãfte in Kosmos, Erde und Mensch. Ein Weg zur Erforschung desLebendigen. 1. Band, (As forças plasmadoras etéricas no Universo, na Terra e no Homem. Um caminho para a pesquisa do elemento vivo. Vol. 1) Stuttgart 1924, 2. Auflage (2 1 Edição), Dornach 1926. 2. Band (Vol. 2): Dieãtherisch Welt in Wissenschaft, Kunst und Religion. Vom Weg des Menschen zur Beherrschung der Bildekrãfte.(O mundo etérico na Ciência, na Arte e na Religião. Sobre o caminho do Homem na superação das forçasplasmadoras) Dornach 1927. Guenther Wachsmuth, Zur Richtigstellung (Como Retificação), Heft 2. (Vol. 2)Mãrz/April 1960 der "Beitrãge zu einer Erweiterung der Heilkunst nach geisteswissenschaftlichenGesichtspunkten".

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IA necessidade de distinguir entre

as forças plasmadoras etéricas e os tipos de éteres

 A ciência moderna não conhece os quatro elementos: fogo, ar, água e terra. Os estados de agregaçãoda matéria, sólido, líquido e gasoso, não são elementos. Na antiga Grécia o conhecimento da natureza

fundamentava-se na compreensão dos quatro elementos. O éter veio juntar-se a eles, quase como um quintoelemento. Aristóteles disse a seu respeito: "Ele é aquilo que é diferente de terra, água, ar e fogo, ele é eterno e

circula eternamente" (de coelo).Esse conhecimento da natureza baseado-na noção dos elementos terminou no início da era

moderna. A abóbada celeste azul, que delimitava o universo qual uma pele, fazendo dele um todo,um organismo no qual todas as coisas tinham seu lugar, deixou de ser o limite do mundo e deu origem à idéiade que o mundo era composto por muitas unidades isoladas. Então a idéia dos elementos, concebida a partir deuma visão do todo, também foi se perdendo. O mundo passou a ser imaginado como uma espécie deagregado. Poder-se-ia dizer, introduzindo uma pequena alteração: "O agregado é a soma da experiência, o

elemento é o seu resultado. É necessário o intelecto para se chegar à soma e a razão para captar o resultado"

(Goethe, Versos em Prosa). A idéia do éter manteve-se por mais tempo na ciência, tendo sido abandonada somente em nosso

século. Em contrapartida, outras entidades cósmicas penetraram como contra-imagens na existência da

ciência e da vida prática: a eletricidade, o magnetismo e atualmente a força que se encontra na base dosfenômenos atômicos. Numa ocasião Rudolf Steiner chamou estas três de "éteres pervertidos".Quando Rudolf Steiner,  junto com a Antroposofia, também deu os fundamentos para um novo

conhecimento da natureza, seu primeiro ato, cuja importância não conseguimos valorizar o suficiente,consistiu numa nova concepção dos quatro elementos. Toda sua obra está permeada de inúmeras indicações,sempre novas, relativas à natureza dos elementos, ao seu inter-relacionamento e à sua evolução. Mas aomesmo tempo ele criou uma nova ciência dos éteres. O éter homogêneo dos gregos revelou-se-lhe comosendo quádruplo: como éteres de calor, de luz, de som e de vida. Ele expôs sua natureza, suas relações com ocosmo e sua origem.

Ora, o que é éter? Continua sendo algo totalmente diferente de terra, água, ar e fogo, embora tenhacom eles uma ligação que obedece certas leis. Rudolf Steiner reconheceu e expôs a origem dos elementos edos tipos de éteres a partir do calor de Saturno. Eles se originam aos pares, um novo par em cada fase daevo luç ão da Terr a: no ant igo Satu rno , o éte r do c alo r e o calo r ( o fogo); no antigo Sol, a luz e o ar; naantiga Lua, o éter sonoro e a água; na Terra, o elemento terrestre e o éter vital. São quatro pares

irmanados, com uma origem comum, sempre um irmão superior e outro inferior, um celeste e outroterreno, que no âmbito da vida se permeiam intimamente e atuam em conjunto, mas que no ámbitodesprovido de vida se separam, embora nunca completamente, em tudo que pertence à natureza. Assimcomo os elementos físicos, os tipos distintos de éteres apresentam características próprias e diferenças quantoà sua natureza, seu comportamento e sua atuação. Considerados em sua totalidade, os éteres representam oque é superior, leve, abrangente, ao passo que os elementos físicos representam o que é inferior, pesado eindividualizado. Os elementos, por assim dizer, têm no centro a base a partir da qual irradiam, os éteres a têmna periferia; os elementos são centrados, os éteres periféricos; aqueles são singulares, tendendo ao ponto,estes são universais, tendendo ao global. Em termos matemáticos, eles se relacionam entre si como o "mais" eo "menos", o positivo e o negativo.

Em seu conjunto eles formam uma unidade que se compõe da corporalidade do universo e dacorporalidade do homem. O corpo humano é físico-etérico, podemos falar de um corpo físico e de um corpoetérico. Procuremos então os elementos no corpo físico! Não há, de início, nenhuma dificuldade em relacionar,por exemplo, os ossos e os dentes com a terra, e o sangue, a linfa, o líquor com a água. Pois o aspecto sólido,

cristalino, é a expressão do elemento terra, assim como o líquido é a manifestação da "água". (A seguir oselementos estarão escritos entre aspas). Mas aí deparamos com algo surpreendente: o sangue, a linfa e olíquor são, cada qual, "água". Mas também a água de chuva, o leite, a gasolina são "água". Cada um destes,no entanto, é algo definido, diferente. Mas o que é "água" em si, sem que se manifeste na veste de umasubstância determinada? Não podemos encontrá-la no âmbito do mundo sensório. Não existe "água" em si,nua, sem uma finalidade que a caracteriza, especifica e individualiza. O mesmo é válido também para osoutros elementos. Em nenhum lugar podemos encontrar os elementos como meros princípios. Eles

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permeiam tudo que é físico, servindo de fundamento, tornando possível sua existência, mas não determinamsua forma particular de existência. Algo ainda deve ser acrescido para criar a realidade de sua finalidade. Omundo físico, como também o corpo humano, se nos apresenta com uma materialidade diferenciada. A "terra",por si só, não é capaz de produzir ouro, quartzo, nem a substância dos dentes e dos ossos; tampouco o "ar"consegue produzir oxigênio, gás carbónico ou o perfume de rosas. Algo mais deve estar presente, capaz deproduzir as diversas substâncias, bem determinadas, a partir dos elementos, O que será?

Rudolf Steiner também deu a solução para este problema. Ele mostrou que os originadores dasdistintas substâncias são as estrelas. As forças estelares criam as diversas substâncias a partir de possibilidadesainda não definidas dos elementos. Rudolf Steiner expôs isso pormenorizadamente  para os planetas: Marte dáorigem ao ferro, Saturno ao chumbo, o Sol ao ouro, etc. 3. As forças das estrelas também podem atuar emconjunto: o antimônio originou-se da atuação combinada dos planetas infra-solares. Mas também asconstelações do zodíaco geram substâncias. As forças de Aries criam o silício, as de Touro o nitrogênio. Emrelação ao zodíaco as indicações de Rudolf Steiner são em número reduzido, sendo este, portanto, umvasto campo para a pesquisa antroposófica. A direção foi apontada: as substâncias são o resultadode atuações estelares conservadas e condensadas nos elementos.

Quando observamos o corpo do homem, ou uma roseira ou um cervo, deparamo-nos não apenascom substâncias diversas, mas também com um grande número de formas e configurações: a figuraindividual do ser humano, a forma da orelha e do nariz, a forma do pé e do casco, a forma das folhas e dasflores, etc. De onde vêm essas formas? Dos elementos? Das substâncias? Os elementos, que facultam aformação de substâncias, não possuem qualquer força plasmadora. No máximo poderíamos considerar aforma cúbica, ou da lua, com expressão dos elementos terra ou água; entretanto essas formas representam

antes um símbolo dessa atuação dos elementos. A química, a física, a cristalografia esclarecem-nos quanto áforça formativa das diversas substâncias. Fica evidente que em certas circunstâncias essas substâncias, namedida em que cristalizam, apresentam formas determinadas. No ent anto, as f ormações que aparecemsão to talmente diferentes das que observamos no corpo humano, na roseira, etc. Nem as substâncias em si,nem as suas combinações, ocasionam as formas e configurações da natureza. Onde, então, está suaorigem?

Uma indicação de Rudolf Steiner pode indicar-nos o caminho. Ele elucidou as manifestaçõesdo corpo descobrindo que o corpo etérico é o arquiteto e construtor do corpo físico. Que faz o arquiteto? Eleelabora os planos e determina as formas do edifício que será construído pelos operários a partir dos materiaisde construção. O corpo etérico configura e constrói o corpo físico; portanto, devemos reconhecê-lo como sendoo originador das formas e das configurações. Que esse raciocínio está seguindo uma via correta é confirmadopelo fato de que o corpo etérico é ao mesmo tempo um corpo de forças plasmadoras, conforme as pesquisasde Rudolf Steiner. O que significa isso? O que é uma força plasmadora?

Será que os quatro éteres por si já são os responsáveis pelo surgimento da forma, isto é, eles são asforças que plasmam? Não! Como os elementos físicos, eles também são incapazes, por si mesmos, de produzirformas. Não é efeito destes o que lhes é atribuído nos livros de Guenther Wachsmuth (a forma cúbica, lunar,etc). Quando reunimos tudo que Rudolf Steiner apresentou sobre cada éter isolado, não encontraremos emlugar algum a essência de uma força plasmadora. Ele tampouco os denomina "forças plasmadoras" ediferencia nitidamente os tipos de éteres e as forças plasmadoras. É preciso acrescentar algo para transformaros éteres em forças plasmadoras, da mesma maneira que algo deve ser acrescentado para transformar osquatro elementos em substâncias concretas. Como os elementos, os éteres constituem apenas a possibilidade,a base das forças plasmadoras. Mas então, o que deve ser acrescentado?

Para responder a essa pergunta temos que elaborar um raciocínio semelhante àquele que levou aoconhecimento dos elementos e das substâncias, para os éteres. Mesmo que ainda não tenhamos acapacidade perceptiva para a observarão direta dos éteres, para a qual é necessária, pelo menos, acapacidade cognitiva da imaginação , podemos alcançar um entendimento suficiente e seguro dessasrelações expresso em conceitos e noções definidas, desde que tenhamos uma visão clara da relação e dos

contrastes que existem entre o físico e o etérico, dos mundos positivo e negativo. Assim como os elementosnunca aparecem de modo genuíno, mas sempre revestidos de um material definido, o mesmo também ocorrecom os éteres, Nenhum éter aparece "nu". Ele está

3 Durante décadas L. Kolisco examinou e comprovou as correlações entre os planetas e os metais. Ver sua obraS t e r n e nw i r k e n i n E r d e n s t o f f e n , Stroud 1952.4 N. do T.: A compreensão deste e de muitos outros termos empregados pelo autor pressupõem o conhecimentodas noções básicas da Antroposofia.

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Envolto por um a força plasmadora. Tomemos isto por enquanto como uma hipótese; é preciso refletir sobre essaJe a soo todos os aspectos comparando-a com os fenômenos da realidade exterior.

Vimos que as substâncias estão relacionadas com forças estelares; com as forçasplasmadoras ocorre o mesmo. Rudolf Steiner confirmou a concepção instintiva de que a forma docorpo humano é plasmada a partir das forças do zodíaco. A título de exemplo, Áries dá forma à fronte e àcabeça, Gêmeos plasma os ombros e os braços, estruturas pares, Peixes os pés. Os planetas formam os órgãosinternos: Vênus os rins, Mercúrio os pulmões, etc.  As forças estelares não exercem toda essa atuaçãodiretamente no âmbito físico (que resultaria na formação de substâncias), mas por intermédio do corpoetérico. Os astros despertam a força plasmadora no âmbito etérico que, por sua vez, ocasiona a forma que

aparece fisicamente. Como, porém, podemos conhecer e aproximar-nos das distintas forças plasmadorasetéricas?

Para formular corretamente a resposta convém realçar o seguinte: na palestra pronunciada naúltima festa de Pentecostes de sua vida, Rudolf Steiner descreve a abóbada azul do céu como o limite do étercósmico. O mundo etérico, o mar dos quatro éteres, estende-se até o firmamento. Eles abarcam em seu seioos quatro elementos. No limite da abóbada celeste aparecem as estrelas. Por intermédio destas5, as forças deseres espirituais penetram no mundo manifesto; trata-se de forças astrais e espirituais. Quando as forçasastrais atuam através das posições das estrelas (ou atuavam nos tempos primordiais), elas estimulam oséteres, e a partir destes criam as forças plasmadoras. As forças espirituais penetram mais profundamente noselementos, gerando neles as substâncias. Rudolf Steiner descreve a totalidade dessas forças como sendo oVerbo Cósmico que ressoa nas estrelas e através delas. Ele investigou e comunicou os diversos sons desseVerbo Cósmico, revelando a relação dos fonemas da fala humana com as estreias. As consoantes estãorelacionadas com as forças zodiacais, o "B" com Virgem, o "M" com Aquário, etc.. As vogaisapresentam parentesco com os planetas, "O" com Júpiter, "I" com Mercúrio. Algo semelhante ele comprovoupara o universo dos sons. A euritmia permite que captemos e experimentemos tudo isso plenamente, sendo elauma chave para o mundo das forças plasmadoras; também devemos a criação desta arte a Rudolf Steiner. Osmovimentos eurítmicos são movimentos do corpo etérico, que se tornam visíveis através do corpo físico, o qual,como que penetrando no corpo etérico enquanto se pratica a euritmia, o segue totalmente. Graças à euritmia(em escala menor, também às outras artes que lidam com a palavra e o som) é possível hoje em dia captar asdiferentes forças plasmadoras e reencontrá-las na natureza. No futuro não será possível a prática de umaciência natural sem esse conhecimento. Todas as estruturas da planta (a formação da folha, do cálice, da flor,do fruto, etc.); todas as formas do homem e do animal (a configuração externa, a formação dos olhos, da pele,dos rins, etc., em todos os seus detalhes), as formas da água (a onda, a rebentação das vagas, a gota, etc.), tudoisso pode ser compreendido e visto como modos de atuação, e formas das forças plasmadoras. Quando seforma o fruto, o glomérulo, os olhos, manifesta-se a força do "B", ao passo que o "M" se manifesta na formaçãoda folha, do lago, das glândulas mamárias. Essas indicações mostram que é possível diferenciar as diferentesforças plasmadoras e reconhece-las pelos seus efeitos.

 Agora cabe perguntar: quantas forças plasmadoras existem? A resposta que pode ser dada éapenas aproximativa. A química conhece mais ou menos noventa substâncias básicas, "elementos" químicos(deixando de lado os transuranianos). Somando todos os gestos fundamentais da euritmia, tanto dos fonemascomo dos tons, o resultado é aproximadamente o mesmo 6. 

 A partir dessas considerações concluímos que as substâncias e as forças plasmadoras têm suaorigem nas estrelas, as primeiras no âmbito físico, as outras no etérico. Aquilo que separamos por meio dopensar, na realidade se nos manifesta como algo unificado, por exemplo, no corpo humano, na rosa. Osobjetos da natureza revelam a forma e a matéria numa unidade, são matéria configurada. A força plasmadoraetérica como que desceu ao mundo sensível gerando a forma. O que em seu próprio âmbito é pura forma emovimento, transforma-se em forma em repouso. A forma de um cervo ou da concha de um caracol é forçaplasmadora que alcançou à imobilidade.

Será que também existe algo equivalente para a matéria, algo que lhe permite elevar-se à regiãodas forças, da periferia? Sim! A própria substância é uma condensação provinda de alturas estelares e podenovamente ascender a elas. Então ela se transforma em  processo. Rudolf Steiner

s N. do T.: Também poderia ser "deste" (do limite). O texto alemão admite ambas as traduções.s A Euritmia é uma manifestação do corpo plasmador. Ela revela, em seus movimentos, gestos e posições, todo oâmbito das forças plasmadoras.

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diz que o ouro metálico que está diante de mim é o processo do ouro que chegou a um estado de repouso. Oprocesso do ouro preenche o universo até a abóbada celeste, Mas também o fígado, como órgão físico, é oprocesso hepático que chegou ao repouso. O processo hepático perpassa todo o organismo, até mesmo ouniverso. Assim, qualquer substância deve ser entendida como um processo em repouso.

Dessa maneira eu capto uma autêntica totalidade. Aquilo que condensa uma estrutura quaternáriaconstituindo uma unidade definida, é o que, num sentido próprio, relacionado às categorias, pode serchamado de substância, por exemplo, ouro, arnica.

Será que tal enfoque tem uma importancia prática? Sim! A distinção entre tipos de éteres e forçasplasmadoras é uma necessidade incondicional; caso contrário, o conhecimento do ser humano e do universobaseado na Antroposofia pode conduzir ao engano. O livro de Guenther Wachsmuth Die atherischen Bildekrafte(As Forças Plasmadoras Etéricas" (Vol.1) não trata das forças plasmadoras mas dos tipos de éteres.Rudolf Steiner sempre diferencia claramente os tipos (ou forças) de éteres e as forças plasmadoras. Porexemplo, no primeiro curso para médicos ele expõe que determinados órgãos são os centros de determinadoséteres, O pulmão é o centro do éter de vida, Mas a forma do pulmão não é devida ao éter vital, mas de uma forçaplasmadora específica do pulmão, a qual, por sua vez, resulta da atuação conjunta de várias forçasplasmadoras (no mínimo uma vocálica e uma consonantal). Só podemos entender essas indicações quandodiferenciamos o tipo de éter da força plasmadora. Algo idêntico ocorre em muitos outros trechos de palestras ecursos de Rudolf Steiner.

Quando lemos os cursos de medicina podemos surpreender-nos pelo fato de que Rudolf Steiner, aodescrever as propriedades terapêuticas de uma planta, aponta quase exclusivamente para sua composiçãomaterial: as substâncias amargas, as substâncias viscosas, determinados sais ou outras substâncias químicas.Raramente ele aponta para a forma da planta. Ele não enfatiza as características da forma, mas dasubstância. Por quê? Quando se trata da produção de um medicamento, movimentamo-nos napolaridade substância - processo, Contudo, quando eu quero tratar alguém com Euritmia Curativa eu recorroàs forças plasmadoras e me situo na polaridade força plasmadora - forma. A diferenciação entre forçasplasmadoras e éte res também será úti l na agricultura, pois os diferentes procedimentos agrícolas movem-

se ou na polaridade substância - processo, ou na polaridade força plasmadora-forma. A afirmação que os elementos só aparecem revestidos de uma substância e os éteres de urna forçaplasmadora, não deve levar à opinião de que o conhecimento e o manejo dos simples elementos ou dos éteressejam supérfluos ou impossíveis. A física trata deles na termologia, aerodinâmica, hidrodinâmica e na mecânica,etc., a tecnologia, a medicina, a agricultura utilizam os elementos. A física é a ciência que se ocupa com oselementos, e é de se esperar que brevemente também com os éteres. A química trata do conhecimento dassubstâncias; a química orgânica é a ciência dos seres vivos, ela lida principalmente com o conhecimento dasforças plasmadoras e dos processos. "Gestalt" (forma, configuração) é o que designa o resultado global, ofenômeno global que decorre da atuação conjunta dos quatro princípios da realidade.

Nenhum dos quatro princípios - força plasmadora, forma, processo, substância -, ocorreisoladamente na natureza. Há uma relação entre processo e força plasmadora, assim como no mundosensório existe a relação entre forma e substância. Todavia, para a cognição é indispensável ter uma noçãoclara de cada uma isoladamente.' "Clareza no detalhe, profundidade no todo, eis os dois requisitos maissignificativos da realidade" (Rudolf Steiner, Introdução às Obras Científicas de Goethe). Assim como ninguém teria

a idéia de falar em ouro, cálcio, leite ou vinho quando pretende tratar dos elementos terra ou água, confundindo-os com estes, tampouco se deveria falar em forças plasmadoras quando se trata de tipos de éteres. Tambémnão se deveria falar em "processo rítmico" quando se trata da unidade substância e processo. Rudolf Steinerevita essa expressão e fala de

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fenômenos rítmicos'. (Apenas em poucos lugares ele diz: processos rítmicos, pois a linguagem nãoproporciona meios suficientes para diferenciar esses fatos claramente também por meio depalavras.)

Quando tenho diante de mim um ser humano, a folha de uma roseira ou um rim, posso contemplá-los do ponto de vista da força plasmadora, das formas, das substâncias e dos processos. Cada vez perceboneles algo diferente. Quando falamos de corpo etérico ou corpo das forças plasmadoras, trata-se de doisaspectos da mesma coisa. O que vale é o seguinte: "O pensar deve conduzir à observação de acordo com a

natureza" (Rudolf Steiner, Introdução ás Obras Científicas de Goethe).  A estrutura quaternária const ituída de

força piasmadora, forma, processo e substância representa o fundamento de um conhecimento da natureza edo homem com base na Ciência Espiritual. Eles mesmos, por sua vez, são como quatro elementos, quatrofundamentos; são os quatro fatos primordiais.

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IIOs Quatro Éteres

O conhecimento da natureza, orientado pelo goetheanismo e pela Antroposofia, baseia-se nosconceitos fundamentais de essência e manifestação. Podemos experimentar a realidade através da percepçãoe do pensar. Por meio da percepção os sentidos propiciam-nos a manifestação (fenômeno); a essência nóscaptamos inicialmente como idéia. Dentro de nós a idéia tem o caráter de uma imagem, nos objetos danatureza ela é uma atuação plena de realidade. Para podermos experimentar a realidade espiritual daessência, são necessárias as capacidades cognitivas superiores da imaginação, inspiração e intuição. Apercepção da idéia dentro da realidade cria as bases para a ciência. Devemos ter clareza sobre a função daidéia na ciência.

Tendo isto em vista, consideremos os quatro elementos e os três estados de agregação da matéria.Sólido, líquido e gasoso derivam da percepção; terra, água, ar e fogo são idéias, que aparecem de maneirasmuito variadas. A água, por exemplo, como chuva, como sangue, como vinho, como gasolina. Ela manifestaas qualidades (percepções) de úmido, frio, líquido, etc. A água é uma entidade espiritual subjacente a tudoque é líquido, úmido, etc.

Os quatro elementos, conhecidos desde a Antigüidade, e os quatro éteres descobertos por RudolfSteiner, são entidades espirituais, cuja realidade espiritual é percebida no mundo dos elementos(elemental) pela imaginação. A consciência comum do mundo objetivo deve procurá-los e reconhecê-los em

suas manifestações no mundo sensório. Para tal, os fenômenos da natureza precisam ser ordenados, comoGoethe o fez de maneira exemplar para a luz, em sua Teoria das Cores. A entidade que Goethe denominou luz é idêntica àquilo que Rudolf Steiner chama de éter de, luz

(ou éter luminoso). Além deste, ainda existem três outros éteres, de acordo com as pesquisas de RudolfSteiner: o éter de calor (ou calórico), o éter de som (ou sonoro, acústico ou químico) e o éter de vida (ou vital),que constituem o fundamento para os fenômenos de temperatura, de sons (ou químicos) e de vida. Os nomesdestes éteres referem-se à esfera onde inicialmente se manifestam. Eles podem atuar isoladamente ou emconjunto. Quando isolados, eles atuam fisicamente, em conjunto eles são o veículo da vida. Por isso devemosprocurar suas manifestações tanto no mundo inorgánico como no orgânico.

Rudolf Steiner esclareceu o aparecimento dos éteres na evolução, e suas relaçõesrecíprocas. Durante a evolução, eles sempre surgem acoplados a um elemento, na seqüência seguinte: éter docalor - fogo, luz - ar, som - água, éter vital - terra. Em cada fase planetária da evolução da terra aparece umnovo par, que caracteriza a fase em questão9. O antigo Saturno consistia de calor - fogo. No antigo Sol juntou-se luz - ar; na antiga Lua, som - água; na Terra, o éter vital e o elemento terra. Portanto, o mundo terrestre

atual consiste de quatro éteres e de quatro elementos. Para conhecer as chamadas entidades infra-sensoriais,eletricidade, magnetismo e a força nuclear, precisamos tomar um ponto de partida particular, que seráapresentado mais adiante.

Cabe agora adquirir uma representação mental satisfatória dos elementos e dos éteres, isto é,estudar os fenômenos do mundo e reconhecê-los de modo correto, como manifestações (evidências)da idéia em questão (éter, elemento). O próprio Rudolf Steiner não aprofundou a descrição dos éteres.Contudo, tomando por base as indicações fundamentais que ele deu, é possível caracterizá-los com maisdetalhes. Para tanto podemos partir do fato investigado por ele, de que os elementos e os éteres secomportam de maneira oposta. Com efeito, o calor de Saturno desdobrou-se em duas correntes evolutivasopostas. Num sentido figurado poderíamos dizer: numa corrente descendente, dando origem ao ar, à água e àterra, e em outra ascendente, dando origem aos éteres luminoso, sonoro e vital. Eles se evidenciam como umtodo, e em cada parte como totalmente opostos, como o negativo e o positivo. Podemos resumir essa relaçãonum esquema, onde os elementos seriam considerados arbitrariamente como sendo positivos:8A luz c om o ent idad e meram ente esp irit ual éum prin cípio ainda m ais elevad o qu e o éter lumin os o.

9 Ne s t e e s t u d o a s e x p r e s sõe s " água " , " s om " , e t c . são s emp r e u s a d a s n o s e n t i d o d e " e l emen t o água " ,"éter sonoro", etc.

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Pelo que aprendemos na escola, e por experiência, temos conhecimento de grande parte dosfenômenos relacionados aos elementos. Tomemos um fenômeno conhecido de um elemento e formemos,inicialmente em pensamentos, a representação contrária a ele, tentando procurá-la como manifestação doéter no mundo das percepções. Para isso, no entanto, é necessário que nos livremos dos conceitosfísicos atuais, que cada um tem dentro de si, e contemplemos os fenômenos sem qualquer opiniãopreconcebida. Para que possa surgir uma imagem completa dos éteres, devemos reunir os diversospontos de vista que serão expostos a seguir, e observar um à luz do outro.

Comecemos com a dupla contrastante ar - luz. Continuamente estamos envolvidos pelo ar epeia luz, vivemos neles. Como é que os percebemos? O ar preenche o espaço entre os objetos, a luz aparecena superfície dos objetos, justamente não no espaço entre eles.  A luz separa, ela recobre cada objeto comum limite de luz e cores. O ar une os objetos de uma sala, a luz separa-os, distingue-os neste,naquele. Em qualquer lugar que estejamos, seja num ambiente fechado ou ao ar livre, encontramo-nossempre numa esfera de luz e de cores que nos envolve como paredes, como céu, etc. A luz cria umlimite, um envoltório, que nos fecha de todos os lados e do qual não conseguimos escapar. Neste

espaço interior ela produz distâncias, condições espaciais: aqui, acolá, atrás, à frente. Podemos vivenciar oque queremos dizer, quando acenaemos uma luz num recinto escuro. Imediatamente tudo se torna visível, aluz delimita os objetos, distingue-os entre si, mostra o lugar que ocupam, suas dimensões e relações noespaço, e reúne tudo num espaço comum, por meio de uma periferia de luz e cores. Com o nascer do solnão só os objetos se tornam visíveis, mas o espaço fica maior. Uma vela flamejante mostra como o espaçofica maior ou menor. Por meio dos olhos, que são órgãos da luz, temos a mesma experiência, quandoolhamos para perto e para longe. Delimitando, envolvendo, a luz cria espaço. Luz e espaço sãoinseparáveis: onde há luz há espaço. A luz é ativa, ela gera espaço; este aparece graças a ela. Em relação aoespaço, o ar é passivo; ele preenche o espaço que está à sua disposição. Ele é conteúdo e não crialimites. - Esta caracterização pressupõe que o espaço não seja um envoltório previamente existente, masuma idéia, que se revela pelo fato de que os objetos estão separados uns dos outros10. A condição e entidadefundamental para a revelação do espaço é a luz, pois ela traz a possibilidade da diferenciação.

 A relação distinta com o espaço aparece também no seguinte: o ar, em si, não tem direção,estrutura, ele é caótico; daí o termo gás, derivado de caos. A luz é estruturada, dirigida, ela irradia da fontede luz em direção à periferia. Assim como o raio de visão sai do nosso olho numa linha reta ideal, a luz é

inteiramente linear. -  A propriedade mais característica do ar é a sua elasticidade: ele pode ser dilatado ecomprimido. O contrário de elástico é quebradiço. A luz é quebradiça, e por isso divisível. Quando batemoscom uma vara no ar, este desvia e se junta atrás da vara. Coloquemos a vara diante de uma velaacesa: aquela divide a luz, que não volta a se juntar, mas continua irradiando dividida, em linha reta.

Uma outra propriedade constitutiva do ar é a tensão. Não existe ar sem que haja um certo grau detensão. A tensão é um efeito interno que cria e mantém a coesão. Podemos rarefazer o ar ao máximo,mesmo assim ele não perde a coesão. A luz apresenta um fenômeno oposto: tudo é, por assim dizer, efeitoexterno, exteriorização. Consideremos, por exemplo, uma fonte de luz, a chama de uma vela. O que elamostra de essencial não é aquilo que a mantém coesa, mas aquilo que dela se desprende, irradiando para aperiferia. A maior ou menor intensidade luminosa, ou seja, um espaço de luz maior ou menor, corresponde aoaumento ou à diminuição da tensão. O fato de a luz ampliar e distender o espaço manifesta-se no âmbito devida orgânico como o fenômeno do crescimento, do alongamento, do aumento do volume. O tamanho de umorganismo, sua espacialidade, são a expressão do éter de luz que nele atua.10 Desde a Antigüidade o espaço tem sido objeto de estudos da ciência. Rudolf Steiner esclareceudefinitivamente o problema do espaço e das três dimensões em seu artigo "O conceito de espaço de Goethe"

em suas introduções às Goethes naturwissenschaftliche Schriften (A obra científica de Goethe), Dornach

1973. Suas conclusões constituem o fundamento imprescindível para também conhecer o etérico.

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 A pressão relacionada com a tensão constitui, por assim dizer, o aspecto polar. Aquela atua defora pra dentro. Observemos o envoltório gasoso da terra (atmosfera). Ele a comprime de fora.O contrário decomprimir é sugar. Logo, se o referido contraste entre os elementos e os éteres reaimnle existe. a luz deve ter umaatividade de sucção. Será que isto acontece? Sim, basta reconhecer os fenômenos envolvidos, A periferia, ohorizonte, quer ele esteja distante ou próximo, atrai nosso olhar, Procuremos manter os olhos abertos e nãover, Podemos perceber, pelo esforço necessário para manter o olhar vazio, como a luz o atrai, levando-o àperiferia, à superfície das coisas. Atualmente explica-se a visão pela entrada dos raios luminosos no olho; aoentrarem, porém, eles levam a nossa consciência para a periferia, para o espaço. De maneira semelhante aluz "puxa" os brotos das batatas armazenadas no porão escuro em direção à claridade, faz com que as flores sevoltem em direção ao sol, acompanhando o seu percurso, Além desse heliotropismo especial, o reino vegetalcomo um todo apresenta um fototropismo, que deve ser bem compreendido. O ar comprime a terra de maneiracentrípeta, de todos os lados. O éter de luz suga a terra de todos os lados, de maneira "periferípeta"". Ocrescimento das plantas evidencia este fato. Em todas as regiões da terra as plantas apresentam atendência de a fastar .-se da terra em di reção à esfera cósmica. Consideremos pinheiros crescendo emlugares opostos da terra e façamos um desenho deles: eles revelam o efeito real de forças "periferípetas", quepossuem um caráter de sucção, enquanto as do ar são compressoras. De acordo com as pesquisas de RudolfSteiner, aquelas fundamentam-se na atuação do éter de luz. A tensão e a pressão do elemento ar manifestamsua tendência em direção ao interior, a um ponto central. A irradiação e a sucção, bem como a delimitação,revelam a relação da luz com a periferia, com a esfera. O ponto é o princípio constitutivo do ar, a periferia é oprincípio constitutivo da luz.

Resumindo os resultados obtidos até agora (ainda haverá outros), podemos dizer: o éter luminosomanifesta-se como algo que irradia, que ilumina, que suga; partindo de fora ele torna as coisas visíveis,

fazendo aparecer seus contornos espaciais, e partindo de dentro ele proporciona a espacialidade dos seresvivos como força do crescimento. E ele separa o interior e o exterior, relacionando tudo com a periferia, que elegera. Seria preciso uma nova palavra para caracterizar sua atuação: o éter de luz "espacializa".

Passando para o par de opostos água - éter de som, podemos partir do fato de a água ser algocontínuo, ela é totalmente constante j2. O contrário de constante, que deve caracterizar o éter sonoro, édiscreto, descontínuo, separado. Observemos, por exemplo, o seguinte fenômeno: quando chove, caem gotasisoladas, que se agrupam numa poça, num riacho, num rio, num lago. No mar não existem mais gotasisoladas, mas apenas uma globalidade. Em contraposição, observemos o que ocorre num concerto sinfônico:ele consiste de muitos tons isolados; a música deixaria de existir se eles conf luíssem. A música só exis tegraças aos intervalos, às distâncias, simultâneas e consecutivas. Ela se baseia numa força que separa,diferencia, embora mantendo uma relação recíproca entre o que está separado. Voltando novamente aoexemplo das gotas de chuva que confluem até o mar: elas juntam-se, resultando numa soma, num todo. Ummapa geográfico que reproduz os cursos de água, evidencia claramente essa tendência de confluência, deabsorção mútua da água. Existe uma contra-imagem disto: uma árvore, A partir de um tronco uno, ela se

divide em ramos e galhos, em folhas, que eventualmente se diferenciam ainda mais. A árvore inteira surgiua partir da seiva, ou seja, de algo aquoso. Por que essa massa aquosa se comporta de modo diametralmenteoposto à água comum? É o éter de som que, atuando nas forças de crescimento, separa o que estava unido,fazendo com que cresça em várias direções. A água apaga a pluralidade; todavia, não a transforma numasoma, mas numa totalidade, numa massa, O éter sonoro divide, produzindo números e relações numéricas:surgem distâncias, frações, duplicações, multiplicações, divisões, podemos somar e contar. A entidadenumérica aparece devido à atuação do éter de som. Por isso Rudolf Steiner também o denomina éter dosnúmeros. Os números são intrinsecamente discretos. - Quando ouvimos um som isolado, inicialmente ele nosparece uma unidade, que nada tem de discreto. Não obstante, algo discreto está na origem de qualquer tom:os dois nós de vibração. Se um tom deve permanecer o mesmo, a distância entre os nós é essencial e tem deser mantida. Os nós que apresentam uma proporção recíproca entre si, são um fenômeno característico daatuação do éter sonoro.

Embora provenham inicialmente de duas raízes distintas, as expressões "discreto" e

"concreto" podem ser utilizadas para dois fenômenos fundamentais opostos, que se manifestam como fusão eseparação. Consideremos, por exemplo, duas gotas de mercúrio, próximas uma à11

N. do R.: O autor usou o termo "periferípeta" para mostrar que a atração é feita pela periferia; a origem do movimentoestá na periferia; "centrífugo", que poderia parecer análogo, tem sua origem no centro e representa uma fugadeste.

12N. do T.: no sentido aproximado de "homogêneo".

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outra. No momento em que elas se tocam elas se juntam; de duas resulta uma, elas fundem-se numa só.Trata-se de um fenômeno primordial do elemento água e ao mesmo tempo uma propriedade essencialda vida. Ele ocorre na fusão de duas células, tal como se dá na fecundação: "concrescere". - O fenômenooposto, a duplicação e a separação, ocorre devido à atuação do éter de som. No mundo inorgânico eleevidencia-se, por exemplo, na formação dos nós dos tons ou nas figuras de Chladni 13; no mundo orgânico,como já foi mencionado, na formação da copa das árvores, na ramificação da planta, como fenômenovisível macroscopicamente do acontecimento fundamental da divisão celular. O processo deafas tamento e c rescimento de uma célula em divisão, revela de maneira admirável a maneira de atuar doéter sonoro. Na divisão celular formam-se primeiro dois nós, os centrossomas, que dão origem e orientam todoo processo de divisão. Quando tentamos reunir numa só, as várias fases da divisão celular, como sãodescritas, por exemplo, numa história da evolução, resulta um processo totalmente análogo ao que ocorre naformação das figuras sonoras de Chladni: "discrescere".- A fecundação e a divisão celular, os fenômenosprimordiais de qualquer vida orgânica, relacionam-se entre si como o elemento água e o éter sonoro. O efeitodessa dupla contrastante faz-se sentir até na vida anímica, como simpatia e antipatia. Finalmente, aseparação dos sexos também têm sua origem nesse âmbito existencial. Toda a existência está permeadapelos efeitos da água e do som.

 Ainda outros contrastes evidenciam-se no mundo da Física. A água é fluída; ela não apenas fluiexteriormente da montanha para o vale, mas ela é intrinsecamente fluída, isto é, desliza por siprópria, desloca-se. Em contrapartida, o éter de som é resistente, forma nós, e segura-os. O éter sonoro nãoatua apenas como som, no âmbito do ar, mas também na água, com a qual está irmanado. Rudolf Steiner

denomina-o também de éter químico, pois ele é o veículo da atividade química. Quimicamente as substânciasligam-se entre si de acordo com relações numéricas; suasforças e relações químicas são manifestações do éter químico. Uma solução de H 2S04 (ácidosulfúrico) está como que impregnada pelas leis numéricas dessa substância. Os componentes materiaisestão dispostos no meio em que se encontram de modo pontual, porém não em pontos arbitrários, mas emnós, que apresentam entre si relações numéricas. A imagem radiológica de um cristal, ou sua fórmulaestrutural tridimensional, evidenciam esse comportamento. Nelas manifestase a tendência de sustentaçãodo éter químico, já mencionada. No cristal os nós estão fixados, ao passo que em solução eles apresentamfluidez, vibração.

O som e a água apresentam, cada um por si, uma polaridade ativa e uma passiva. Isto manifesta-se no som como o contraste entre nó e vibração. O essencial ocorre entre os nós. Na água trata-se docontraste entre embalar e ondular. Consideremos o seguinte: quando jogamos uma pedra num açude,formam-se ondas, que se deslocam do lugar do impacto em direção à margem. Uma rolha que flutua nasuperfície da água, sobe e desce, enquanto as ondas correm. Ela indica que as partículas de água sobem e

descem, ao passo que as ondas se deslocam horizontalmente. Quando estas voltam à imobilidade, aspartículas de água estão em seu ponto inicial. O aspecto essencial é a permanência das partículas no lugar, eo movimento de subida e descida, ao passo que a onda se propaga por cima desse evento; ou seja, a matériapermanece no lugar e a onda lhe é exterior. Não obstante, o princípio da onda é inerente à natureza da água.Isto se manifesta, por exemplo, na formação dos meandros da água em fluxo. Vinculado com a onda e aoscilação, aparece o princípio da repetição. A idéia do movimento natural tem sua origem nos fenômenos dosom e da água aqui esboçados.

 A água ainda possui uma outra qualidade essencial: ela é densa. Em compensação, temos de dizerque o éter sonoro é "frouxo", ele afrouxa, produz aberturas, buracos. A música e o quimismo consistem deintervalos, o aspecto essencial está nos espaços intermediários. Isto se torna evidente na imagem da grade docristal, que consiste de uma série de lacunas. A água é compacta, possui massa. O éter de som é poroso. Amassa está relacionada com o peso. A água pesa, tem peso, elafornece a medida de peso. O éter sonoro é leve e transmite leveza. Voltemos à solução de H 2S04:em realidade os números significam relações de peso das substâncias, mas na solução estas se comportamcomo se não tivessem peso. Uma solução deste tipo é homogênea, ou seja, nas camadas superiores dasolução há tantas partículas materiais como nas camadas inferiores: a gravidade não exerce influência sobrea matéria, sendo superada. Este é o efeito do éter químico. Em relação a um tom, não podemos perguntar:qual é seu peso? O problema pesado - leve, ou seja,13 N. do R: Estas figuras são produzidas colocando-se um pó muito fino sobre uma superfície metálica, que émantida suspensa num ponto, e em cuja borda lateral se passa um arco de violino. De acordo com o tomemitido, o pó assume formas diferentes.

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o peso e o seu oposto, a leveza, pertencem ao âmbito da água e do som, e não, como

freqüentemente se pensa, àquele do ar e da luz .' 4Um tom isolado não revela totalmente a essência do éter sonoro. Quanto à sua natureza íntima este

pode ser reconhecido mais facilmente em sua atuação química. Quando temos uma solução salina, o sal estádistribuído homogeneamente em todo o meio, está integrado neste de maneira uniforme. Em grego, integraruniformemente é: harmonizar. A natureza primordial do éter sonoro é harmonizar. Os homens da Antigüidadevivenciavam esta natureza primordial na harmonia das esferas. Harmonizar, constituir um todo, ordenar,pressupõe que haja algo separado, que deve ser relacionado de modo comedido. Isto é propiciado pelo éter de

som, tornan do-se vis ível, por exemplo, nas figu ras so noras d e Chl adni ou na dis posiç ão d as f olhas de um a planta(no local de ins erç ão do ca ule ).

Resumindo novamente o que foi apresentado, o éter químico ou sonoro pode ser caracterizado comosendo o princípio que separa, distancia, forma nós, uma força de leveza que contrasta com o peso, e cujaatu açã o é har moni zad ora e o rdenad ora . No âmb ito da água e d o som originam-se a medida, o número e o peso.

Quando observamos o par formado pelo elemento terra e pelo éter de vida, a maneira de pensar emcontrastes será part icularmente proveitosa. À pr imeira vista, o éter vital é o éter de compreensão maisdifícil, por não se manifestar numa área particular do âmbito sensório; trata-se da força que vivifica, que nãoé encontrada diretamente no mundo inorgánico.

O elemento terra man ife sta -se como est ado só lid o da mat éri a; o sólido é rígido. O éter vital causa o opos to:a mobi lidade interior. Esta deve s er disti nguida de m ovimento e também de fluidez. Ao fluir, cada com ponentedo líquido se move dentro do todo; no caso do éter vital, cada parte se move de acordo com o sentido do todo. Arigi dez e stá relac ionad a c om a impenetrabilidade; um corpo sóli do de termin a s eu es paço; dois corpos sóli dos nãopodem ocupa r o mesmo espaço ao mesmo tempo. O e lemen to terra rejeit a, afirm ando-s e no exter ior. O ét er v ital éa força que rege a interpenetração interior, a afirmação interior, integrando o interior; ele não repele, mas

absorve, o que constitui a base para a assimilação. isto está relacionado a um outro fato: o corpo sólido temuma superfície; esta depende da natureza da substância, mas sua estrutura é causada por condiçõesexternas, sendo portanto aleatória. O éter vital cria uma "pele" que não depende do exterior, mas de condiçõesinternas, sendo a expressão do int er ior.

O corpo sólido é divisível: posso quebrar um giz em vários pedaços, de modo que cada parte se tornecompletamente independente das outras (isso é diferente no caso do fracionamento do éter sonoro). Tambémposso quebrar uma perna, mas então aparece a força oposta do éter vital: o osso pode consolidar-se, voltando aconstituir um todo. O éter vital cura, sana, propicia a formação

1 4 Exi ste uma experiência simples capaz de proporcionar uma vivência da atuação sugadora eelevadora dos éteres. Trata-se do seguinte: uma pessoa levanta lateralmente um dos braços, até alcançara posição horizontal. Isso acontece sem problema algum. Em seguida ela se coloca ao lado de umarmário, do umbral de uma porta ou de um outro obstáculo semelhante, e tenta levantar o braçolateralmente. Isto não é possível devido ao obstáculo que não pode ser removido. Não obstante, apessoa deve tentar levantar o braço exercendo, com toda sua força, uma pressão com o lado externo dobraço pendente e com o dorso da mão contra o obstáculo, durante meio minuto. A seguir ela deve

retirar o esforço volitivo do braço, isto é, deixá-lo pender relaxado, e dar um passo para frente. Comgrande surpresa constata-se que o braço pendurado relaxadamente se levanta por si, alcançando ouaté ultrapassando a posição horizontal anteriormente almejada. Esta elevação do braço ocorre semqualquer impulso volitivo e sem qualquer esforço. A pessoa tem a sensação que o braço não tem peso,que ele nada para cima ou é sugado para cima. O que aconteceu? Podemos explicar o processo à luz doconhecimento do homem (antropologia) dada pela Ciência Espiritual. O impulso volitivo de levantar obraço, ou seja, um impulso anímico, atua de tal modo sobre o braço que se apodera do corpo etéricodo braço, impulsionando-o para efetuar o movimento, que resulta no movimento do braço físico. Natentativa de levantar o braço contra o obstáculo, a intensa vontade consegue, por assim dizer,desprender o braço etérico do braço físico, e levantá-lo sozinho por um curto lapso de tempo. Quando oimpulso de vontade cessa e não havendo mai s a resistência do obstáculo, o braço etérico puxa atrás desi o braço físico, o que permite a ocorrência da vivência da força etérica que suga e torna leve. ACiência Espiritual mostra que o corpo de qualquer ser vivo, enquanto estiver vivo, está permeado poressa força de leveza. Como o corpo etérico permeia principalmente os líquidos de um organismo comsuas forças, todos os hu mores do corpo são perpas sados por essa força de l eveza, e não estão sujeitos à

força da gravidade. Devido a isso, o sangue circula pelo corpo humano quase sem peso. isto explicaporque ele não se acumula nas pernas, como aconteceria com um líquido qualquer. Isto só ocorrequando o indivíduo adoece e sua força etérica não consegue mais manter todo o líquido sujeito à forçada leveza. O resultado são os pés inchados.

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todo, de algo íntegro, ele completa. Quando cortamos uma minhoca em dois pedaços, cadapedaço se reconstitui para formar um todo: a grama cortada volta a crescer.

O elemento terra e o éter de vida individualizam. Qualquer pedra sempre é apenas uma parte, umpedaço; e por ser divisível, ela é constituída somente de partes, de pormenores. O éter vital também produzcoisas únicas, mas cada único é um todo, uma globalidade, que abarca tudo em si: segundo sua natureza,constitui um indivíduo, e não possui partes, mas membros. O todo vive em seus membros e através deles. Oéter de vida é o princípio que cria a totalidade. Esta é como que representada pela pele intacta, a qual, por assimdizer, é o ponto de partida da atuação do éter vital, que permeia tudo. Essa força age em cada ponto isolado, equalquer ponto se move e atua no sentido do todo; o ponto não é uma parte separada, mas um membro. Isso

torna-se essencial, por exemplo, quando, na doença cancerosa, uma célula se subtrai do domínio daglobalidade e se torna autônoma.

Para um corpo sólido, sua situação espacial é indiferente, fortuita, dependente de fatores externos.O éter vital, do contrário, proporciona a postura, a atitude, a configuração espacial ativa para dentro e parafora. Por exemplo, ele já polariza e orienta o óvulo fecundado. Ele configura o corpo humano para adequá-lo àpostura ereta. - A forma de um corpo sólido é determinada por fatores externos; o mármore é esculpido a partirdo exterior. O éter de vida diferencia a globalidade nas diversas direções do espaço, originando sua forma apartir do interior. Trata-se de um processo plástico que faz surgir a forma a partir de si mesma; é umatotalidade que se dá sua própria forma. Todas as formas dos seres vivos têm sua origem nessa atividadeplástica. O elemento terra dá origem a corpos (volumes), o éter vital cria organismos (corpos que contém vida).

Resumindo, podemos caracterizar o éter de vida como segue: ele vivifica e individualiza de talmodo, que faz surgir totalidades que se delimitam por uma pele, parecendo ser uma unidade que se permeiaem si mesma, se organiza e se dispõe numa ordem. O éter vital gera um organismo estruturado.

Uma outra possibilidade para compreender os elementos e os éteres está no entendimento que aCiência Espiritual tem da gênese do espaço. O físico C. F. von Weizsãcker afirma que o espaço surgiu numdado momento; a Ciência Espiritual consegue indicar quando isto aconteceu: o espaço surgiu no antigo Sol. Agora temos de familiarizar-nos com dois conceitos inusitados: com a idéia da evolução do espaço, e a de doistipos de espaço: o espaço relacionado ao ponto (espaço pontual) e o espaço relacionado ao plano (espaçoplanar). A geometria sintética moderna ensina que o espaço é confinado num todo por um plano situado a umadistância infinita. Ora, o espaço pode ser considerado como tendo sua origem no plano infinitamente distante,ou no centro. No primeiro caso obtemos o espaço planar, no segundo, o espaço pontual. Essas duasrepresentações mentais, puramente geométricas, conceituais, tornam-se realidade quando surge o espaço noantigo Sol. Elas ficam evidentes devido ao aparecimento do ar e da luz, sendo que esta, partindo da periferia,dá origem ao espaço planar, enquanto o ar faz aparecer o espaço pontual. Esses espaços seinterpenetram reciprocamente, a origem de um é o término do outro. Eles relacionam-se entre si como opositivo e o negativo; de acordo com as denominações usadas acima para os éteres e os elementos, o espaçoplanar poderia ser chamado de espaço negativo e o espaço pontual de positivo. - O outro conceito insólito é o

da evolução do espaço. Também o espaço sofre um processo evolutivo, ele não está plenamentedesenvolvido, desde o começo. O espaço plenamente desenvolvido possui três dimensões. Rudolf Steinerrevela que no antigo Sol o espaço possuía apenas uma dimensão, na antiga Lua duas, e somente em nossaatual fase da terra, três. Podemos resumir essas indicações de Rudolf Steiner da seguinte maneira:

Ora, o que significa o espaço no antigo Sol ter sido unidimensional? Isto significa que naquela época sóexistiam entidades unidimensionais, cuja existência fazia o espaço manifestar-se apenas de modounidimensional. A luz e o ar surgiram no antigo Sol; ambos são entidades unidimensionais. O que

caracteriza a unidimensionalidade? A linearidade. Mais acima já apontamos para o caráter radial, linear daluz. Uma condição da unidimensionalidade consiste em que uma entidade a ela sujeita não poder tocar-se a siprópria. A luz satisfaz essa condição. Consideremos uma fonte de luz qualquer: ela irradia radial elinearmente do centro para a periferia, sem qualquer contato consigo mesma. Essa condição também ésatisfeita pelo paralelismo e pelo seguinte

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comportamento (ilustrado no esquema abaixo), realizado pela planta. De acordo com as leis que regem seucrescimento no espaço, as plantas são seres unidimensionais, que nunca se tocam. Observemos umamacieira ou um ranúnculo - notaremos que eles nunca se tocam a si próprios. As plantas observamrigorosamente essa condição; de acordo com a sua natureza elas são unidimensionais, dirigindo-separa a periferia e revelando dessa maneira a atuação do éter de luz. Imaginemos um campo de trigo: oscolmos crescem de modo radial partindo da terra em direção à periferia; consideremos uma árvore copada: elanão cresce de modo radial, retilíneo, mas ramificase, mantendo a unidimensional idade e também afastando-se da terra em direção à periferia. Seutamanho e sua manifestação espacial revelam ser ela um produto do éter luminoso que nela atua. Aramificação da copa evidencia a divisibilidade da luz na esfera orgânica. - A unidimensionalidade do ar deveser procurada no fenômeno da tensão. Esta é a relação recíproca de duas entidades que atuam de modounidimensional. No mundo orgânico o elemento ar manifesta-se como elasticidade; nenhum caule ou colmopode existir sem ela. - A luz e o ar são princípios constitutivos da planta; basicamente esta é um serunidimensional.

Na antiga Lua o espaço se evidencia bidimensional porque a água e o éter de som, que aparecemdurante a fase lunar, são bidimensionais. Uma estrutura de duas dimensões é o plano (superfície). De acordocom sua natureza intrínseca, a água é totalmente plana. Ela mostra sua superfície exterior, mas tambéminteriormente, ela se constitui apenas de planos, seu fluxo é o deslizamento interior de planos entre si.Também a gota é plana segundo sua natureza intrínseca, não possuindo um centro constitutivo. Devemosprocurar a bidimensionalidade do éter sonoro em seu par de nós. Estes não são pontos quaisquer, mas locaisconjugados, coordenados, cuja lei espacial se revela quando fazemos o seguinte raciocínio: uma dasqualidades de uma superfície de água é a sua capacidade refletora. Qualquer objeto na frente de um espelhoaparece como imagem atrás dele, a igual distância. A superfície refletora é real. Consideremos agora o oposto,imaginando que o objeto e sua imagem refletida sejam reais e a superfície refletora imaginária: isto resulta nas

leis dos dois nós, eqüidistantes do plano mediano, não real, o qual lhes dá sua seqüência. O que acabamos dedescrever é a natureza da simetria, das imagens especulares. A simetria é um aspecto fundamental do mundoorgânico. A disposição em pares, o lado esquerdo e direito, é um efeito do éter de som. A folha de uma plantarevela de maneira surpreendente a atuação bidimensional da água e do som: seu aspecto de superfície vem daágua, a simetria do som. A seiva circula nos veios da folha, os processos químicos se realizam nas áreasseparadas de uma folha reticulada.

 A bidimensionalidade também pode ser realizada de outra maneira: pelo contato consigo próprio -quando um todo se porta de tal modo a ter contato consigo próprio, como por exemplo, quando uma linha sefecha formando um círculo ou quando ela se cruza. Observemos uma abelha numa flor, removendo o pólen doseu dorso com suas pernas: ou um gato ao se lavar, tocando continuamente o próprio corpo com a pata e alíngua. O animal não se toca apenas a si próprio, ao comer ele toca o alimento, ao andar, o solo, etc. - Agoradevemos fazer uma distinção precisa: o contato é um estado intermediário, que pode desenvolver-se em duasdireções. O contato pode levar a uma fusão, ou então aquilo que entra em contato pode voltar a separar-se. Oprimeiro fenômeno é um efeito da água, o segundo resulta do éter sonoro, como já foi descrito. Consideremos aevolução dos animais primeiro do ponto de vista do elemento água. Esta forma superfícies. O óvulo fecundadoevolui formando uma blástula, uma formação de superfície. Esta se "interioriza" formando a gástrula. Assuperfícies ectodérmica e endodérmica dobram-se em múltiplas invaginações e evaginações, dando origemaos órgãos internos. O animal está preenchido por planos (superfícies). Atentemos para o seguinte processo: oectoderma sofre uma invaginação e forma o tubo neural; as dobras laterais tocam-se e fundem-se, dandoorigem à medula espinal. Em alguns outros locais partes do corpo também se tocam e se fundem, como porexemplo na linha mediana, o corpo inteiro. Quando isso não ocorre corretamente pode formar-se, por exemplo,o lábio leporino. A fusão está vinculada ao elemento água. Mas nem todas as superfícies do organismo queestão em contato coalescem (por exemplo, os dois folhetos da pleura), para formar um único e enormeamontoado; isto é impedido

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a força separadora do éter sonoro. Ele mantém separados, como elementos isolados, os órgãos e as diversaspartes do organismo. A configuração básica do corpo animai, a formação de duas metades corpóreassimétricas, resulta da atuação do éter de som. Por outro lado, a bilateralidade, o fato de haver um lado direitoe esquerdo, é a condição para que o animal possa tocar-se externamente. A força que age nesse contato nãoé a tendência de fusão da água, mas a força separadora do éter sonoro, As patas não se fundem numa só; asque se tocaram voltam a separarse. Estabeleceu-se apenas um ponto de contato passageiro, e o contato poderepetir-se, ou seja, ser permeado pelo aspecto numérico. O movimento dos animais torna-se possível devidoao contato e à separação. O rastro de uma lebre na neve, formado por discretos pontos, é urna imagem disto.

Do mesmo modo, tocar e separar-se constituem a condição fundamental para o surgimento dos sons, fatoobservável em qualquer instrumento de música. Som e água são elementos constitutivos do animal. Deacordo com as leis que regem sua constituição, o animal é um ser bidimensional .

O elemento terra e o éter de vida possuem uma atuação espacial plena, são tridimensionais. Atridimensionalidade positiva provoca a rigidez da pedra, As dimensões como que se esconderam na rigidez, elassão indiferentes e equivalentes, podendo ser determinadas arbitrariamente ou casualmente apenas de fora,e traçadas mentalmente como eixos x-, y-, z-, por um ponto qualquer da pedra. Os pontos da pedra sãoequivalentes, qualquer um pode ser removido sem prejuízo dos outros, cada um pode tornar-se o centro:Quando eu quebro uma pedra em pedaços, em cada pedaço um ponto novo passa a ser o centro, sem que istoo afete. - No organismo vivo o ponto central torna-se algo real, como por exemplo o núcleo de uma célula.Como representante do elemento terra este é um verdadeiro centro. Isto diferencia a célula de uma gota, quenão possui um centro real. Quando o núcleo celular se divide, ele não permanece como um pedaço mas, pelaforça do éter vital, forma-se uma nova totalidade. Este efeito parte da periferia da membrana celular. - Na

célula e no ser vivo as dimensões não têm o mesmo valor; o éter vital provoca uma diferenciação e provoca aorientação da célula e do organismo em relação ao mundo ambiente. Surgem então as direções em cima-embaixo, direita-esquerda, à frente-atrás. Somente o ser humano alcança a manifestação plena disto; elerealmente é um ser tridimensional. Ele possui três centros: na cabeça, no tórax e na região do quadril. Essestrês centros só se encontram numa disposição realmente humana quando o homem está em pé. Jámencionamos acima que a posição é um aspecto característico do elemento terra, ao passo que a relaçãoativa com o espaço, a postura, caracteriza o éter vital. Isto se realiza no corpo ereto do homem. Evidencia-setambém pelo fato de o homem, a partir disso, determinar todo o espaço; o homem ereto é o ponto de partidade qualquer orientação espacial; dele deriva o que se considera em cima ou embaixo, próximo ou afastado, àfrente ou atrás. Quando eu digo: Diante da casa ergue-se uma árvore, esta formulação oculta a vivência dohomem ereto. Tudo é vinculado ao homem de uma maneira antropomórfica. Só quando nos abstraímos dohomem (e também dos outros seres vivos), a relatividade se torna possível. - O éter vital evidencia-se maisnitidamente no homem, em sua pele, ultrapassando todos os outros elementos da natureza.. Só o ser humanopossui uma pele, no verdadeiro sentido; os outros têm pelo, plumas, escamas, couraças. A pele intacta do

homem envolve o corpo de maneira plástica e elástica, concede-lhe uma unidade e ao mesmo tempo revelaseu interior. Somente o ser humano apresenta-se corado, tem a cor "encarnada". - O elemento terra e o étervital são constitutivos do ser humano. Ele realmente é um ser tridimensional. A conseqüência disso não éapenas que ele seja um individuo, mas seu corpo torna-se a base em que o ser humano pode viver comoindivíduo.

Um outro critério para conhecer os elementos e os éteres resulta da questão sobre o que é

matéria. Em seu livro A Obra científica de Goethe, Rudolf Steiner expôs que "matéria é aquilo quepreenche o espaço", e como tal, um fenómeno do mundo sensório. Matéria e espaço determinam-sereciprocamente. Na evolução da Terra, o espaço apareceu pela primeira vez no antigo Sol. Somente a partirdesse momento pode-se falar também de matéria. O que surge primeiro como matéria, como substância, sãoa luz e o ar. A Ciência Espiritual diz que toda a materialidade é luz condensada. Ora, devemos lembrar que aluz e o ar estão relacionados entre si como o polo positivo e o negativo. Disso decorre que deve haver matériapositiva e negativa. Repetidamente Rudolf Steiner apontou para esse fato. Ainda temos de desenvolver

concepções a respeito da matéria negativa. Um aspecto fundamental nesse sentido é o conhecimento de queos éteres estão para os elementos numa relação de ativo e passivo (conforme a descrição acima do elementoterra e do éter de vida). Portanto, matéria negativa é matéria sob forma ativa. Chegamos assim àsconcepções de processo e substância, expostas repetidamente por Rudolf Steiner. De acordo com isto, e preciso distinguir, por exemplo, entre silício e processo do silício, ouro e processo do ouro. Juntando todasas características dos elementos e dos éteres e considerando-as conforme o critério de matéria positiva enegativa, poderemos entender o problema de substância e processo, um problema que requer uma exposiçãopormenorizada.

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Nas consições precedentes a dupla elemento fogo - éter de calor que, em realidade, estão no início daevolução. foi deixada de lado. Somente agora é possível tratar deles, pois eles se distinguem essencialmentedos três pares já descritos. Afinal, o calor é não-espacial, ele não possui dimensões. O antigo Saturno eraconstituído apenas de calor - fogo. De acordo com as explicações dadas por Rudolf Steiner, calor é "movimentointenso". O contrário é movimento extenso, o qual pressupõe a espacialidade, que só existe a partir do antigoSol. Em Saturno calor e fogo ainda não estão separados, eles constituem uma unidade dinâmica, pois aseparação também pressupõe o espaço (no esquema, eles estão representados juntos, e o resultado de suaunidade é que na terra não existem oito, mas sete esferas de existência, ou seja, três elementos e três éteres,e entre eles, o calor).

Sob que forma, então, existe o calor - fogo? Como tempo! No antigo Saturno surgiu o tempo, como oespaço no Sol. O calor faz aparecer o tempo. Mesmo assim, procuremos diferenciar um pouco o calo r - fogo.Uma característica do elemento fogo é que ele desaparece do mundo das percepções; todos os outroselementos perduram, o calor se dissipa. O éter calórico conduz para o mundo dos fenômenos, ele faz surgir,ele traz, faz amadurecer. O fato de que uma planta começa a x f lorescer num dado momento, que a criançatroca de dentes aos sete anos e chega à puberdade aos catorze anos, é resultado da atuação do éter decalor. Este representa o tempo nascente, o fogo é tempo que dissipa, eles são como o futuro e o passado, quese interpenetram no presente e0 calor gera o tempo. No calor de Saturno não há matéria, pois estapressupõe a existência do espaço, mesmo assim, já existiam silício e ouro no antigo Saturno. A materialidadesob forma de calor deve ser designada substância, diferenciando-se de matéria.

Para podermos entender totalmente os elementos e os éteres, falta ainda um ponto de vista: é aquestão de seu local de origem, sua fonte. Quando descrevemos a luz e o ar, já apontamos para umatendência característica de ambos. O ar dirige-se ao centro, a luz busca a periferia. Rudolf Steiner expôs quetodos os elementos têm a tendência de convergir no centro, ao passo que os éteres têm a tendência de se

dirigir para a periferia. Os primeiros atuam como que a partir de um ponto central, os outros a partir daperiferia. No mundo real o centro da terra é o ponto central dos elementos, ao passo que a esfera celeste, aperiferia do mundo, é a origem periférica dos éteres. Rudolf Steiner denomina aquelas de forças centrais, eestas de forças universais. As forças centrais podem ser captadas matematicamente, elas podem serreconduzidas a um ponto inicial. As forças universais subtraem-se à matemática, já que nenhum cálculo podeter como ponto de partida o infinito. As forças centrais são bem conhecidas da ciência moderna, a tecnologiaaproveita-se delas; as forças universais lhe são desconhecidas, e por isso ela também não conseguecompreender a vida. A descoberta e a descrição das forças universais foi uma das mais importantescontribuições de Rudolf Steiner, que terão um enorme significado no futuro. - Os elementos representam oaspecto físico, os éteres o etérico; o físico carece de vida, o etérico é o verdadeiro reino da vida. Num organismovivo ocorre a atuação conjunta de todos os elementos e éteres. Isoladamente, a atuação dos elementos e doséteres é inorgánica, física. Num ser vivo os elementos constituem o corpo físico e  os éteres constituem o corpoetérico. No universo os dois constituem o corpo da terra e o corpo do universo, sendo ambos organismosvivos. A vida na terra consiste na interpenetração mútua dos corpos etérico e físico. Aquela cessa, quando

eles se separam. O corpo físico então se desintegra e passa a ser uma parte da terra global. O corpo etéricotambém se dissolve e passa a integrar a periferia do universo.

O caráter universal dos éteres tem uma conseqüência importante. Quando os éteres se apoderamde substâncias terrestres, eles as elevam da esfera de influência das forças centrais para o âmbito daperiferia cósmica. Para as substâncias terrestres, todavia, isso significa um processo de dissolução, queRudolf Steiner caracteriza da seguinte maneira:

"Essas forças atuam a partir de todos os lados, tendendo ao ponto central da terra. Elasteriam de dissolver o substancial do domínio terrestre a um estado totalmente carente de forma,desintegrá-lo, se a esse campo de forças não se misturassem as atuações dos corpos celestesextraterrestres que modificam a dissolução".

 À primeira vista parece que não podemos verificar essa descr ição, mas Rudolf Steiner logo indica

como essas relações podem ser observadas:"Na planta podemos observar do que se trata. Nelas, as substâncias da terra são subtraídas

do domínio das atuações terrestres. Elas tendem ao amorfo. Essa transição para o amorfo é modificadapelas atuações solares e outras semelhantes, vindas do espaço cósmico". (Elementos fundamenta ispar a uma am pl iação da Arte de Curar, Capítulo 3, apostila da SBMA).

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111A Atuação Conjunta dos Quatro Éteres

De acordo com o conhecimento do mundo e do ser humano da Antigüidade, os elementos eramrepresentados segundo a sua seqüência natural, de baixo para cima, do elemento terra ao fogo, ou seja,numa ordem aberta. Mas também havia uma representação cíclica, num círculo ou num quadrado, o quesuscita muitas perguntas. Cada dois elementos dispõem-se de modo diagonalmente oposto, os quatro

formam os cantos de um quadrado deitado. Ao fogo cabe o canto

inferior direito, ao ar o canto inferior esquerdo, a água e a terra estão em cima, à esquerda e à direita. Por queagora o fogo está embaixo e a terra em cima? Fazendo a leitura no sentido dos ponteiros do relógio, ou emsentido contrário, entre a terra e o fogo há um salto estranho. Será que existe uma razão para essa seqüência?

O homem moderno não chegaria a ela sem mais nem menos, Para ele, os quatro elementos sãodesconhecidos ou constituem, na melhor das hipóteses, um problema conceitual histórico. O homem deépocas passadas, porém, não conhecia os elementos apenas de modo intelectual, ele sentia-os evivenciava-os. Em certa ocasião Rudolf Steiner descreveu como Aristóteles instruía Alexandre sobre oselementos. Aristóteles os expôs pormenorizadamente em suas obras, e tratou de sua importancia no mundoe no homem.

"Alexandre aprendeu de Aristóteles que aquilo que vive lá fora no mundo, como elemento terra,água, ar e fogo também vive dentro do homem; que o ser humano, nesse sentido, é um autênticomicrocosmo; que em seus ossos vive o elemento terra, que em sua circulação sangüínea e em todos oshumores que ele contém, os humores vitais, vive o ele mento lí qu ido; que o elemento ar atua na respiração ena agitação respiratória, na fala, e o elemento fogo vive em seus pensamentos. Alexandre ainda sabia que

vivia em meio aos elementos do mundo",15 Essa vivência deixou de existir em nossos dias. O homem moderno sente-se totalmente separado

do mundo, ele não sente mais as qualidades da região terrestre em que vive. Ele ainda percebe que fica maisfrio quando ele viaja para o norte, e que fica mais quente quando ele vai para o su116, Em tempos antigos aspessoas sentiam algo semelhante quando iam para o oriente ou para o ocidente. Quando iam em direção aooriente as pessoas sentiam a secura, dirigindo-se ao ocidente percebiam um aumento de umidade. Assimhavia percepções diferentes para os quatro pontos cardeais. Não se trata dos elementos, mas existe umaligação com eles. Isto fica evidente quando os elementos também são vivenciados. Essas vivências não sãoexperiências sensórias, corpóreas, como ocorre com o frio e a umidade, mas vivências interiores, anímicas. Oshomens de épocas passadas sentiam que do nordeste, da região entre o frio e a umidade, chegavam forçasque eles percebiam interiormente como seres, como as entidades vinculadas ao elemento água. Na épocagrega a capacidade para ter essas experiências estava se apagando. Alexandre ainda vivenciou oselementos desse modo graças aos ensinamentos de Aristóteles. Rudolf Steiner descreve-o no mesmocontexto.

"Assim, o discípulo de Aristóteles apontava para nordeste e dizia: sinto que os espíritos daágua atuam na terra a partir de lá. Apontando para o sudoeste ele dizia: sinto os espíritos do ar vindos delá. Apontando para o nordeste ele via principalmente os espíritos da15

Rudolf Steiner: Die Weltgeschichte in anthroposophischer Beleuchtung und als Grundlage der Erkenntnis desMenschengeistes. Palestra de 27 de Dezembro de 1923. GA 233. Dornach 1962.

16 N. do T: O centro dereferência é a Grécia.

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terra se aproximarem deste lado, e apontando para o sudeste, em direção à índia, ele v ia aaproximação dos espíritos do fogo, ou sua presença em seu elemento".

Esta experiência proporcionada pelos elementos foi combinada com a dos quatro pontos cardea is, eassim surgiu o esquema das duas cruzes, relacionadas entre si de modo a formar uma figura deângulos iguais. Tal disposição não decorre, pois, de uma especulação, mas da experiência. Ela revela fatosda natureza e das leis que os regem, quando o homem contempla e investiga o mundo que se situadentro da linha do horizonte. Uma vez constatada essa lei, ela também podia ser aplicada sem a referência aospontos cardeais, revelando sua fecundidade nas cosmovisões da Antigüidade e da Idade Média.

 As experiências vivas já cessaram logo depois da época de Alexandre, mas o esquema da duplacruz perdurou por toda a Idade Média, até a época moderna, como fundamento do conhecimento do serhumano e da natureza, principalmente na arte médica. Não se falava mais em entidades líquidas ou nos

elementos, mas em qualidades, e os quatro elementos eram denominados qualidades primárias, e frio, quente,etc. eram chamados de qualidades secundárias. Na Idade Média essa doutrina foi ampliada, distinguindo-sevários graus de qualidades secundárias, Dizia-se, por exemplo, que o frio da rosa está num primeiro grau, esua secura no segundo". Os medicamentos eram estudados e utilizados de acordo com esse critério. Devido aoexagero dessa classificação em graus, e por terem surgido novas tendências cognitivas, a teoria dos quatro

elementos e das qualidades desapareceu gradativarnente da ciência. Mas os fatos subjacentes nãodesapareceram da natureza e do homem; eles apenas precisam ser entendidos de uma nova maneira. Ohomem moderno não consegue mais vivenciá-los em seu corpo, nem percebe-los como entidadesespirituais. Ele dispõe da percepção e do pensar. Então se evidencia que os quatro elementos, as qualidadesprimárias são idéias, enquanto as secundárias são percepções.

Os elementos não são perceptíveis aos sentidos; eles aparecem em nosso mundo sensorial por meiodas quatro qualidades secundárias, e de tal modo, que cada uma delas é a manifestação da atuação conjunta

dos dois elementos adjacentes. No mundo sensório a umidade manifesta-se como a atuação conjunta doselementos água e ar. As demais relações podem ser deduzidas a partir do esquema.Como os quatro elementos formam um par com um dos quatro éteres, conforme exposto acima,

surge a seguinte questão: será que os quatro éteres podem ser agrupados de maneira cíclica semelhante, istoé, em forma de cruz?

Como os elementos, os éteres são idéias. Quais seriam os fenômenos em que sua atuaçãoconjunta aparece como percepção sensorial? Como os gregos só conheciam um éter não

17 Ver o estudo do Dr. Willem F. Daems "Die Rose ist kalt im ersten Grade, trocken im zweiten" emBe i t rãg e zu einer Erweiterung de r He i l k un s t nach ge i s t e sw i s s ens ch a f t l i c h en E r k enn t n íssen , Vo l . 611972. 20

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diferenciado, eles não conseguiam formular essa pergunta nem responde-la. Nós temos de procurar aresposta racionalmente, e encontrar os fenômenos no âmbito orgânico.

Qual é a percepção sensorial que aparece pela ação conjunta do éter de calor e do éter de luz? Oéter luminoso é a força que dilata e cria espaço, o éter calórico constitui o tempo que amadurece e se aproxima(este tempo atua em conjunto com o fogo e com o calor transitório). Teoricamente podemos caracterizar aatuação conjunta destes éteres como a origem do espaço num lapso de tempo. Tomemos por exemplo umgrão de trigo (no verão), que está germinando no solo: ele brota, alonga-se durante quatro semanas,alcançando eventualmente uma altura de um palmo. Nas seis semanas seguintes ele continua crescendo e

alcança a altura definitiva. O que se evidenciou pela atuação conjunta dos dois éteres? O crescimento dotrigo, o tamanho, a altura da planta.

O que se manifesta pela atuação conjunta do éter de luz e do éter sonoro ou químico? O éter de luzcria o espaço; o éter sonoro separa e ordena, como numa figura sonora de Chladni. A planta em crescimentonão se mantém numa simples linha, num mero caule; ela desenvolve folhas, ramos, flores, frutos.Imaginemos um ranúnculo ou um pé de tomate: formou-se um ser espacial ricamente dividido. Os éteres deluz e de som (ou químico) evidenciam a divisão do espaço. Aparecem membros (partes) e estes sãoseparações e disposições de uma unidade espacial. Também na música podemos falar de gruposdesmembrados, cujo caráter é mais temporal, mas que, ao ressoarem, não deixam de ser também divisõesespaciais.

O que se manifesta através éter sonoro ou químico e o éter de vida? O éter de vida é a forçavitalizante, limitada por uma pele, que gera a globalidade; esta é dividida e ordenada interiormente pelo éterde som. Disso resultam os órgãos, entidades parciais, tais como o fígado, os pulmões, os rins, etc. Cada um édelimitado por uma pele (envoltório), em cujo interior se desenrola um conjunto de processos químicosisolados, uma vida especial.

Que fenómeno resulta da atuação conjunta do éter de vida e do éter de calor? É a globalidadeno tempo: a idade. Numa pessoa de setenta anos de idade, a globalidade foi mantida pelo éter de calor durantesetenta anos no tempo; durante setenta anos continuamente ela gerou e dissipou calor.

Mas também podemos perguntar: O que surge e aparece pela atuação conjunta dos éteressituados diametralmente opostos? Éter de calor e éter sonoro ou químico: quimismo de amadurecimento, comopor exemplo, quando a cereja verde se transforma no fruto doce e maduro. Ou quando as célulasgerminativas, que já estão presentes quando o ser humano nasce, passam a se dividir na puberdade, quandoos hormônios sexuais se tornam ativos. Podemos denominar esses fenômenos químicos que resultam daatuação conjunta dos éteres de calor e químico, de  processos.

Entre o éter de luz e o éter de vida aparece a totalidade em crescimento, em metamorfose.Referimo-nos às transformações de forma pelas quais um ser humano recém-nascido passa até atingir a

idade adulta; ou às alterações plásticas de um ovo de sapo até atingir a forma do animal totalmentedesenvolvido. Podemos denominar isto: elaboração da forma ou configuração.

Estas reflexões sobre a atuação conjunta dos pares de éteres levam à constatação de que emrealidade não apenas dois éteres de cada vez atuam em conjunto, mas sempre todos os quatro, e ainda emtodas as combinações possíveis. Isto é bem evidente na evolução do ovo do sapo até o animal desenvolvido:a estruturação da forma sempre vem acompanhada de processos químicos, o crescimento vem acompanhadoda desmembração e da formação de órgãos, e tudo isso no decorrer da vida.

 Assim encontramos o fundamento da vida. Caracterizamos os efeitos dos éteres nas, manifestaçõesvitais da planta, do animal e do homem. Os éteres são as verdadeiras forças vitais em sua maneira quádruplade agir em conjunto.

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Esse resultado das nossas considerações sobre os éteres corresponde às pesquisas e exposiçõesda Ciência Espiritual Antroposófica. Todos os seres vivos terrestres contêm como fundamento amaneira quádrupla de atuar dos éteres. Rudolf Steiner fala do corpo etérico, que é constituído desses quatroéteres, e é o princípio vital de todos os seres vivos. Todavia, aquilo que descrevemos até agora ainda não é ocorpo etérico. Neste trabalho caracterizamos apenas as forças vitais genéricas que atuam num corpo etérico. Osquatro éteres certamente são capazes de produzir o tamanho, os membros, os órgãos, a forma, os processos,mas só de um modo genérico. Eles atuam de igual maneira no trigo, no sapo e no ser humano. Para que surjauma folha, uma flor, uma mão ou pulmão, outras forças precisam ser acrescentadas aos quatro éteres. Estas

são as forças plasmadoras, de ordem superior, que dirigem os éteres de tal maneira que eles possamproduzir uma folha ou um fruto, uma planta ou um animal. Para que surja uma determinada espécie, umavioleta ou uma rosa, uma truta ou uma andorinha, a força geradora da espécie precisa vincular-se ao evento.Só então se completa a força vital plasmadora, que se revela à pessoa dotada de percepções supra-sensoriais como corpo etérico ou corpo vital, e que pode ser denominada de forma significativa de corpo deforças plasmadoras.

Conforme foi mencionado no primeiro ensaio, as forças plasmadoras podem serinvestigadas. Antes porém, ainda é necessário expor um outro âmbito do mundo, pois os elementos e oséteres ainda não totalizam a plena realidade perceptível aos sentidos. Esta ainda abrange as forças daeletricidade, do magnetismo, etc., as quais, por sua natureza, são opostas aos éteres. Não se trata de forçasperiféricas, relacionadas com o mundo circundante, mas forças centrais, que na realidade natural atuam apartir da terra, como partindo de seu centro, vindas de "baixo", assim como os éteres atuam de "cima", a partirda periferia do mundo. Rudolf Steiner chamou-as de forças cêntricas ou sub-forças. Somente o conjunto doselementos, dos éteres e das sub-forças fornece o fundamento para o mundo, e o material para a atuação das

forças plasmadoras.