Ópera prima 2013 - aline nunes

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O ESPAÇO PÚBLICO NA PERIFERIA UM AGENTE URBANO E SOCIAL FOTO AÉREA FONTE: Google Earth (10/03/2011) FOTOS ENTORNO ESTRUTURA VIÁRIA FONTE: Subprefeitura Freguesia Brasilândia (20/02/2011) População e Estatísticas Vitais FONTE: Fundação SEADE, 2000. A área do projeto está na zona norte da cidade de São Paulo, uma região que cresceu de forma inde- pendente, espontânea e horizontal, enquanto a cidade formal cresceu verticalmente. Assim como acontece em diversas metrópoles, em São Paulo as áreas periféricas são precárias em infra-estrutura devido a falta de planejamento e de investimentos governamentais. São portanto áreas carentes de tudo, incluíndo portanto espaços públicos, principalmente voltados para o lazer. A intervenção é proposta em um terreno público, situado na Brasilândia, localizado próximo a duas ave- nidas de grande porte da região, a Avenida Inajar de Souza e a Avenida Deputado Cantídio Sampaio. Próximo ao terreno encontram-se vários equipamentos públicos, sendo na maioria escolas. É notavél como na região não há a presença de espaços de lazer, carência urbana importante, pois a rua se torna o local de lazer exclusivo das crianças. Também foi fundamental analisar o perfil da população, que acaba tendo a maioria composta por crian- ças e jovens, outro fator relevante para escolha do programa. 1/8

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Concurso Ópera Prima 2013 O ESPAÇO PÚBLICO NA PERIFERIA UM AGENTE URBANO E SOCIAL

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FOTO AÉREA

FONTE: Google Earth (10/03/2011)

FOTOS ENTORNO

ESTRUTURA VIÁRIA

FONTE: Subprefeitura Freguesia Brasilândia (20/02/2011)

População e Estatísticas Vitais

FONTE: Fundação SEADE, 2000.

A área do projeto está na zona norte da cidade de São Paulo, uma região que cresceu de forma inde-pendente, espontânea e horizontal, enquanto a cidade formal cresceu verticalmente.Assim como acontece em diversas metrópoles, em São Paulo as áreas periféricas são precárias em infra-estrutura devido a falta de planejamento e de investimentos governamentais. São portanto áreas carentes de tudo, incluíndo portanto espaços públicos, principalmente voltados para o lazer.A intervenção é proposta em um terreno público, situado na Brasilândia, localizado próximo a duas ave-nidas de grande porte da região, a Avenida Inajar de Souza e a Avenida Deputado Cantídio Sampaio.Próximo ao terreno encontram-se vários equipamentos públicos, sendo na maioria escolas.É notavél como na região não há a presença de espaços de lazer, carência urbana importante, pois a rua se torna o local de lazer exclusivo das crianças.Também foi fundamental analisar o perfil da população, que acaba tendo a maioria composta por crian-ças e jovens, outro fator relevante para escolha do programa.

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INTERVENÇÃO

O terreno está entre a Rua Sebastião José Pereira e a Rua Santa Cruz do Escalvado, e possui um grande platô que abriga um campo de futebol, usado intensivamente por crianças e moradores da região; a partir deste ponto o terreno apresenta inclinação superior a 70%, fato que evitou a ocupação irregular.

Além da topografia acidentada, outra condicionante para a solução proposta foi o terreno estar na confluência de várias vias, o que o transforma em uma grande referência urbana. Após a análise da região como um todo, considerando questões sociais e urbanas, o projeto foi organizado em três áreas principais:

LAZER E ESPORTE - Ampliado a partir da quadra existente: arquibancadas, áreas de

estar e vestiários/sanitários.

CULTURA - Devido a existência de muitas escolas no entorno, proposta de uma

biblioteca, que atende as escolas da vizinhança.

APRENDIZADO - Proposta de oficinas com cursos voltados para a comunidade, princi-

palmente aos jovens.

ARQUITETURA PERIFÉRICA Ao ver os bairros periféricos, é necessário desprender-se dos conceitos estabelecidos, do preconceito, independente de serem lugares que já nasceram estigmatizados pela socie-dade. É preciso ver além disso. As periferias podem ser consideradas as áreas mais “feias” da cidade, considerando-se o ponto de vista mais usual. Realmente não possuem uma organização, as ruas são es-treitas, os passeios são raros, e as casas estão no limite da calçada. As edificações rara-mente possuem acabamento, no máximo exibem pinturas em cores fortes. Esse conjunto de circunstâncias estabelece um confronto entre a racionalidade da cidade formal e planejada e a espontaneidade da cidade dita informal.Mas será mesmo que não existe uma estética nesses lugares? Vários movimentos artistícos, tanto da periferia como da cidade dita formal, buscaram inspirações na arquitetura espontânea existente nas periferias. Logo, como é possível algo que inspira arte, e que é tão urbano, como se tivesse nascido (e nasceu) da cidade, não ser considerada estéticamente na arquitetura contemporânea? E principalmente na arquitetura feita para a periferia?A periferia tem uma identidade espacial e estética próprias, pois nasceu de forma espontânea, sem conceitos estabelecidos, gerando uma espaço rico de convivência. Mais que os espaços, o que mais marca é o dinamismo das construções, sempre imcompletas e sempre com uma variedade de materiais, texturas e cores, incorporados com o passar do tempo, é uma arquitetura do acaso.

VISTA DO TERRENO VISTA EXTERNA DO TERRENO

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INSERÇÃO RELEVO NA MALHA URBANA

IMPLANTAÇÃOMAQUETE FÍSICA BIBLIOTECA

SALAS TEÓRICAS

OFICINAS DE ARTES

APOIO QUADRA

TRILHOS

CONEXÕES URBANASApós análise da topografia e da malha urbana existente, foi possível definir os principais eixos que guiaram

o projeto. Em vermelho, a articulação entre calçadas existentes nas quadras laterais e níveis do projeto,

criando acessos laterais. O aclive do terreno é equacionado de duas maneiras: no eixo amarelo, através

de conjunto de praças e escadas, e em laranja com uso de veículo sobre trilhos. Os taludes são tratados

em parte com vegetação e em parte com arquibancadas, integrando a quadra existente.

Na região mais alta do terreno, área privilegiada, é implantado o conjunto de biblioteca e oficinas.

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PLANTA - NÍVEL 788,00

PLANTA - NÍVEL 790,00

LEGENDA

01. RECEPÇÃO - CONTROLE BIBLIOTECA02. SANITÁRIO - FUNCIONÁRIOS03. CONSULTA ON-LINE04. ESTUDOS EM GRUPO - 36 PESSOAS05. TERRAÇO06. MEZANINO - OFICINA DE ARTES07. OFICINA DE MÚSICA08. SANITÁRIO MASCULINO09. SANITÁRIO FEMININO10. RECEPÇÃO - ACESSO AS OFICINAS E AO BONDE11. CASA DE MÁQUINAS12. CHEGADA DO BONDE13. SALA DE REUNIÃO14. ADMINISTRAÇÃO OFICINAS15. DEPÓSITO16. SANITÁRIOS FUNCIONÁRIOS17. SALA DE AULAS TEÓRICAS18.TERRAÇO - NÍVEL 790,00

CORTE ESQUEMÁTICO SEM ESCALA

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PLANTA - NÍVEL 784,00

PLANTA - NÍVEL 770,00

LEGENDA - NÍVEL 784,00

01. ACERVO - 9500 LIVROS02. SANITÁRIO FEMININO03. SANITÁRIO MASCULINO04. ESTUDOS EM GRUPO - 24 PESSOAS05. ESTUDOS INDIVIDUAL - 20 PESSOAS06. OFICINA DE ARTES07. OFICINA DE MÚSICA08. PÁTIO INTERNO09. DEPÓSITO10. ADMINISTRAÇÃO - BIBLIOTECA11. RECEBIMENTO E CADASTRO12. PREPARO E ENCADERNAÇÃO13. RESTAURO

LEGENDA - NÍVEL 770,00

14. VESTIÁRIOS15. DEPÓSITO - MATERIAL ESPORTIVO16. ACESSO AO BONDE17. BAR18.COZINHA-PREPARO19. DESPENSA20. SERVIÇOS21. ADMINISTRAÇÃO22. SANITÁRIO FEMININO23. SANITÁRIO MASCULINO24. PERGOLADO

CORTE ESQUEMÁTICO SEM ESCALA

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CORTE AA

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VISTA DO TERRAÇO DA BIBLIOTECA (PÁTIO INTERNO)

ENTRADA BIBLIOTECA E SALAS TEÓRICAS

VISTA DO TERRAÇO DA SALAS TEÓRICAS

VISTA DAS PRAÇAS - BIBLIOTECA E ADMINISTRATIVO

PÁTIO INTERNO - MOLDURA DA PAI TERNA

PRAÇAS - VISTA DA BIBLIOTECA

A periferia tem uma identidade espacial e estética própria, pois nasceu de forma espontânea, gerando um espaço rico de convivência. O fragmento está incorporado de modo intrínseco ao lugar, assim como o seu desenho urbano recortado, onde as quadras são quebradas por becos e escadarias e ruas sem saída.A arquitetura é resolvida com estrutura de concreto, lajes nervuradas, vedos em blocos de concreto, tal como aquela praticada na região. O projeto incorpora as soluções encontradas na própria periferia: a possibilidade de uma contrução temporal, onde cada programa pode acontecer independente do outro, a fragmentação dos espaços, que gera maior convivência entre os mesmos, a preocupação com o percurso e a valorização do visual, a possibilidade de descobertas de novos lugares.

A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e de ocre nos verdes

da Favela, sob o azul cabralino, são fatos estéticos.

Oswal de Andrade, Manifesto Pau-Brasil, 1924.