odisseia em revista - 3

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1 Edição de - Setembro de 2011 Nº 03 www.cpodisseia.com/odisseiaemrevista Divisão cúbica do espaço(Escher, 1955) Desbravador dos Sete Mares A Internet e a revolução na comunicação Uma nova perspectiva

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Centro de Pesquisas Odisseia

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Page 1: Odisseia em Revista - 3

1

Edição de - Setembro de 2011—Nº 03

www.cpodisseia.com/odisseiaemrevista

Divisão cúbica do espaço(Escher, 1955)

Desbravador dos

Sete Mares

A Internet e a revolução

na comunicação

Uma nova

perspectiva

Page 2: Odisseia em Revista - 3

2

Direção Geral

Marcelo Lambert

[email protected]

Redação

Raquel Lambert

[email protected]

Editorial

Professor Thiago Abramson

[email protected]

Criação e Diagramador

Leandro Zermiani

[email protected]

Web Design

Leandro Zermiani

www.leandrozermiani.com

Colaboradores nesta edição

Audrey Maceá

Flavio Augusto Camilo

Jonatan Tostes

Marici Harumi Bando

Otávio Pires

Samuel Candido de Oliveira

Thiago Abramson

Vanilson Fickert

Marketing e Circulação

Leandro Zermiani

Alexandre Abramson

Central de atendimento

[email protected]

Equipe

Editorial - 03

A arte na matemática - 06

Turismo - 09

Literatura - 15

Engenharia de Alimentos - 21

Propaganda e vida cotidiana - 22

Filosofia - 24

Sumário

Psicologia - 26

Conexão Odisseia - 20

Page 3: Odisseia em Revista - 3

3

Amigos do Odisseia,

A matemática tem uma ligação estreita com a Arte, quando falamos de

diferentes formas de expressão humana, quase sempre nos lembra-

mos da magnitude do teatro, da plasticidade da pintura e escultura, do encanta-

mento da música, do êxtase causado pela fotografia e pela imagem cinematográfi-

ca. A Matemática faz parte de todas estas formas de expressão humana e também

em outras que o homem ainda criará.

Acompanhe nesta edição, o fascínio da Arte na Matemática, descrita pelo Mestre Flávio Camilo

Um grande abraço a todos e até a próxima revista!

Professor Flavio Augusto Camilo

Mestre em Ensino de Ciências e Matemática

Page 4: Odisseia em Revista - 3

4

CENTRO DE PESQUISAS ODISSEIA

Nossa missão é a democratização do conhecimento e a luta constante

pela emancipação humanas, através da contínua busca de respostas e

construções de questionamentos que levará a humanidade a um equilí-

brio mental, físico e espiritual.

Visite nosso site:

w w w. c p o d i s s e i a . c o m

Conheça nossos projetos

C14 Antáres

Page 5: Odisseia em Revista - 3

5

Civilização Maia História e Pensamento

Adquira o livro do Professor Marcelo Lambert pelo site:

www.marcelolambert.com

Page 6: Odisseia em Revista - 3

6

Matéria da capa

Á

A Matemática tem

uma ligação estreita

com a Arte, quando fa-

lamos de diferentes for-

mas de expressão hu-

mana, quase sempre

nos lembramos da

magnitude do teatro, da

plasticidade da pintura

e escultura, do encan-

tamento da música, do

êxtase causado pela

fotografia e pela ima-

gem cinematográfica. A

Matemática faz parte

de todas estas formas de expressão humana e também em outras que o homem

ainda criará. A noção de infinito dado por Maurits Cornelis Escher, em sua famosa

gravura, onde uma mão desenha a própria mão criando, ou, sua geometria que

nos leva a refletir sobre o real e o irreal, antecipando a Matrix do cinema. A esca-

daria de Escher, nos faz entrar em um mundo onde o verossímil e o inverossímil

se confundem.

A Matemática está na métrica das poesias, no dividir de compassos de uma

música, no tempo de exposição de uma foto, na dinâmica dos números de cenas

que fazem com que nossos olhos detectem o movimento das cenas no cinema,

nas novas tecnologias do 3D, ou seja, o tridimensional geométrico.

Lewis Carrol, em seu livro Alice no País das Maravilhas, apresenta a lógica

matemática como enredo para as passagens de Alice em sua obra, que erronea-

mente é classificada como uma obra de literatura infantil, mas analisando com cui-

dado os detalhes e diálogos de Alice com as personagens é a mais pura tautologia

lógica em sua passagem:

os

Des

en

han

do

-se (E

sch

er,

19

48

)

Page 7: Odisseia em Revista - 3

7

Conselhos de uma Lagarta

(Extraído do Livro “Alice no País das

Maravilhas- Lewis Carrol, primeira publi-

cação em 1865)

Após conversar com a Lagarta Azul,

Alice come um pedaço de cogumelo que

faz com que o seu pescoço cresça de-

masiado. Uma Pomba que ia a passar

no céu assusta-se e grita:

-Uma serpente.

Desenrola-se então o seguinte diá-

logo:

- Eu...Eu sou uma menina! Disse A-

lice, não muito segura, ao lembrar-se do

número de mudanças que sofrera, só

naquele dia.

- Uma bela história, na verdade!

Respondeu a Pomba com profundo des-

prezo.

- Tenho visto muitas meninas na mi-

nha vida, mas nunca vi nenhuma assim!

Não, não! Tu és uma serpente, e não va-

le a pena negá-lo. Creio que me vais di-

zer a seguir que nunca provaste um ovo!

- Claro que já comi muitos

ovos! Respondeu Alice, que dizi-

a s e m p r e a v e r d a d e .

- Mas as meninas comem

ovos, tal como as serpentes,

percebes? Continuou Alice.

- Não acredito! Respondeu

a Pomba.

- Mas se assim é, nesse ca-

so elas são uma espécie de ser-

pentes, é tudo o que posso dizer.

Do ponto de vista formal, a Pomba

tinha razão:

As serpentes (s) têm pescoço com-

prido; Alice (a) também tinha o pescoço

comprido, portanto era uma serpente (s).

No entanto, Alice (a) é uma menina (m),

mas as meninas (m) comem ovos, tal

como as serpentes (s), portanto por su-

bordinação, Alice não é uma serpente

(s>m>a).

Neste pequeno episódio podemos

ver como o professor de lógica Lewis

Carroll contaminou, com questões lógi-

cas, a literatura infantil que escreveu.

Podemos dar outros exemplos do

uso da literatura, na aplicação da Mate-

mática no enredo ficcional. Walt Disney,

também produziu um desenho infantil na

década de 50, intitulado “ Donald no

Mundo da Matemática”, onde o enredo

passa pelos filósofos matemáticos, a ál-

gebra, a aritmética e a geometria, con-

ceitos bastante complexos para uma cri-

ança, mas, que ao ser assistido por es-

tas crianças, oferece uma mescla de di-

versão e apropriação de conhecimento.

Page 8: Odisseia em Revista - 3

8

O Brasil também nos ofereceu e-

xemplos da Matemática na literatura

“infantil”. Monteiro Lobato, com suas his-

tórias que povoaram a mente de muitas

gerações, produziu em um de seus li-

vros, intitulado, “Aritmética da Emilia”,

uma viagem pelo mundo dos números,

uma linguagem muito próxima da crian-

ça, mostrando uma forma de ver a Mate-

mática de forma prazerosa e inesquecí-

vel.

O Brasil produziu um grande pensa-

dor da matemática, que foi um dos pre-

cursores do pensar a Matemática como

articulador de outras áreas do conheci-

mento, pelo seu nome de batismo é pou-

co conhecido fora do âmbito da Educa-

ção Matemática, Prof. Julio Cesar de

Mello e Souza, ou mais conhecido pelo

seu pseudônimo Malba Tahan, que den-

tre suas obras a mais conhecida é “O

homem que Calculava”. Nessa obra fic-

cional, o autor traça desafios matemáti-

cos, onde o leitor,” a criança de todas as

idades”, é levado por um enredo a cami-

nhar pelas histórias das mil e uma noi-

tes, descrevendo e solucionando situa-

ções que apenas a Matemática conse-

gue conceber. Vivemos em um espiral

onde a Matemática está posta de forma

a explicar ou deixar no inconsciente hu-

mano nas palavras do Prof. Julio Cesar

ou Malba Tahan:

“É preciso, ainda, não esquecer que

a Matemática, além do objetivo de resol-

ver problemas, calcular áreas e medir

volumes, tem finalidades muito mais ele-

vadas. Por ter alto valor no desenvolvi-

mento da inteligência e do raciocínio, é a

Matemática um dos caminhos mais se-

guros por onde podemos levar o homem

a sentir o poder do pensamento, a mági-

ca do espírito. A Matemática é, enfim,

uma das verdades eternas e, como tal,

produz a elevação do espírito – a mes-

ma elevação que sentimos ao contem-

plar os grandes espetáculos da Nature-

za, através dos quais sentimos a presen-

ça de Deus, Eterno e Onipoten-

te!” (Malba Tahan, 1961).

- A matemática é mesmo prodigiosa!

Professor Flavio Augusto Camilo

Mestre em Ensino de Ciências e Matemática

[email protected]

Page 9: Odisseia em Revista - 3

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Turismo

Olá Caroneiros

Trabalho com turismo há mais de 20 anos (nossa nem eu imaginava que faz tanto tempo) e sempre me surpreendo com novas descobertas. Recentemente graças a um projeto conheci uma nova faceta de uma bem conhecida região turís-tica – a Baixada Santista.

Os municípios que compõem essa região recebem a cada temporada ou feria-do prolongado milhares de turistas (paulistanos principalmente) que as redes de televisão não cansam de mostrar a longa fila de espera no pedágio. A quase totali-dade vai em busca de sol e praia e esta motivação é totalmente válida. Mas a regi-ão possui muitas outras opções como trilhas, aventura e, para apreciadores de re-ferências históricas como eu, vários locais que remetem ao nosso passado. Colo-nizadores portugueses e missionários religiosos a partir de suas praias fundaram vilas, engenhos, fortes, igrejas, conventos e destruíram várias tribos indígenas também.

Foi em 22 de janeiro de 1532, que Martim Afonso de Sousa funda na ilha de São Vicente a primeira vila do Brasil dentro do processo de assegurar as terras à Portugal. Ergueu se a Câmara, o Pelourinho, a Cadeia e a Igreja, símbolos dessa colonização e bases da administração portuguesa.

O Padre Manoel da Nóbrega, um jesuíta, liderou os primeiros grupos de mis-sionários em terras brasileiras vindos com a missão de catequizar a população in-dígena. Sem entrar no mérito se a ação foi correta ou não, Manoel da Nóbrega, Leonardo Nunes e o hoje beato José de Anchieta tiveram um papel fundamental na história paulista e brasileira e nesta região encontramos vários locais onde esta presença é perceptível.

Em São Vicente, a Biquinha de Anchieta era o local onde o beato catequizava e desde 1553 abas-tecia de água a vila. Neste local encontramos uma estátua em tamanho natural dele.

Estátua de Anchieta e Biquinha em São Vicente – Banco de Imagens Estado São Paulo – crédito Rubens Chiri

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Outros locais interessantes com a mesma referência são: a Casa Martim A-fonso onde está a primeira parede erguida em alvenaria do Brasil, a reprodução da Vila de São Vicente que permite conhecer o cotidiano colonial do século XVI (lojas, tavernas e atores reproduzem uma vila deste período) e a Igreja Matriz de 1757 em sua terceira versão sendo que a primeira foi destruída por um maremo-to, em 1542 e a segunda por piratas. Restaurada em 2006 focou no que seria a estrutura original da Igreja sendo descobertas lápides próximas ao altar e a esca-daria original da entrada.

O povoamento de Conceição de Ita-nhaém foi fundada em 22 de abril de 1532, das mais antiga do Brasil, sendo ele-vado à categoria de Vila, no ano de 1561. Nesta povoação Manoel da Nóbrega, Leo-nardo Nunes e José de Anchieta destaca-ram-se na catequização e apaziguamento dos indígenas que viviam em litígio com os povoadores portugueses (que queriam es-cravizá-los). Vale conhecer a Igreja Matriz de Sant´Anna , Antiga Casa de Câmara e Cadeia - hoje Museu Conceição de Itanha-ém , Convento Nossa Senhora da Concei-ção - localizado no alto do Morro do Ita-guaçu e com as mesmas características arquitetônicas da época do Brasil Colonial.

Matriz de Sant´Anna – Itanhaém – crédi-to Vanilson Fickert

Passarela de acesso a Cama de Anchieta em Itanhaém – crédito Vanilson Fickert

Outro ponto de interesse é a cha-mada Cama de Anchieta. Encra-vada entre os costões da Praia da Gruta e da Praia dos Sonhos, segundo a lenda era o local onde o beato Anchieta buscava repou-so e inspiração. O acesso é atra-vés de uma passarela de 220 metros sobre as pedras, mas o

local sofreu com atos de vandalismo (pixações). Uma triste realidade de um povo que não respeita sua história.

Page 11: Odisseia em Revista - 3

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Cama de Anchieta - Ita-nhaém – crédito Vanilson Fickert

Em Peruíbe encontramos as ruínas do Abarebebê – resquícios a Igreja e o colégio de São João Batista, no séc XVI, construída pelo padre Leonardo Nunes, o primeiro catequizador da região, conhecido pelos índios como Abarebebê - pa-dre voador, por aparentar ir de um local a outro apesar da distância.

Ruínas do Abarebebê – Peruí-

be – Crédito Vanilson Fickert

Em Bertioga o Forte de São João, de 1547 (antigamente conhecido como Forte de São Tiago), protegia a entrada do canal e consequentemente as Vilas de São Vicente e Santos. Além de Anchieta o forte teve a presença do aventureiro alemão Hans Staden que foi capturado por uma tribo dos Tupinambás e conta em seu livro toda a angústia em ser devorado pelos indígenas. Vale a pena a lei-tura para conhecer a realidade no início da colonização.

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Forte de São João – Bertioga - Banco de Imagens Estado São Paulo – crédi-

to Miguel Schincariol

Do outro lado do canal, no Guarujá, encontrava-se o Forte de São Luís (ou São Felipe) também para garantir a segurança das vilas. Hoje restam apenas as bases deste forte. Mas o que mais me impressionou neste mesmo local foram as ruínas da Ermida de Santo Antonio do Guaibê, acessível por uma trilha (trilha da prainha branca) logo ao lado da travessia da balsa Guarujá-Bertioga. Estas ruí-nas estão cobertas pela vegetação com vista ao canal, mas possui uma beleza e uma energia única. A trilha é simples, mas não bem sinalizada – pegue sempre a pista da esquerda, mas vale a pena a caminhada

Ermida do Guaibê – Guarujá – Crédito Vanilson Fickert

Page 13: Odisseia em Revista - 3

13

Vanilson Fickert [email protected]

No Guarujá a Fortaleza da Barra Grande também merece uma visita, apesar que a me-lhor vista da Fortaleza você tem da orla de Santos. Os for-tes eram vitais na sobrevivên-cia destas povoações para evi-tar ataques de outras nações e corsários.

Fortaleza da Barra Grande – Guarujá – Crédito Vanilson Fickert

A cidade de Santos tem como marco de fundação o ano de 1546, mas seu povoa-mento é anterior devido a necessidade de ocupar o território após concluída a instalação da Vila de São Vicente. Do período colonial destacam-se a Casa do Trem Bélico, construí-do entre 1640 e 1646, no local onde foi erguido o primeiro pelourinho da cidade. É uma das poucas edificações militares antigas existentes no País. Outro destaque é o Santuário de Nossa Senhora do Monte Serrat - santa padroeira da cidade a quem se atribui vários milagres como salvar a Vila de Santos de um ataque de piratas holandeses em 1615. Situ-a-se num local de grande beleza cênica. E um importante conjunto barroco - Conjunto do Carmo, com duas igrejas com várias obras sacras de importância. Santos oferece outros grande monumentos históricos principalmente ligados ao período do café mas isso já é uma outra história. Boa viagem.

Page 14: Odisseia em Revista - 3

14

Expedição Odisseia no Mundo Maia

w w w. m u n d o m a i a . c o m . b r

Expedição Odisseia no Mundo Inca

w w w. m u n d o i n c a . c o m . b r

Page 15: Odisseia em Revista - 3

15

Literatura

Desbravador dos Sete Mares

Falar de literatura é falar de história, uma boa história! Portanto, resolvi fazer

uma viagem através dos tempos marcada por muita aventura e descobertas.

Grandes expedições foram realizadas, novas terras conquistadas, papéis, pe-

nas; um homem provido de inspiração e calcado em seu fervor patriótico decide

registrar o amor pela terra natal.

Pouco se sabe de sua vida. Filho de

uma família de pouca nobreza e refém de

seus amores não correspondidos, se auto

-exila em terras africanas onde prestou

serviços militares no qual lhe custaria a

perda do olho esquerdo em virtude das

batalhas disputadas.

Falo de Pero Vaz de Camões, o

“gênio” da literatura portuguesa. Embora

mestre das poesias de forma perfeita

(quanto à forma, métrica, rima e ritmo),

sua obra só ganharia notoriedade após

sua morte. Dividida em duas fases (lírica e épica) sua personalidade se define.

A lírica camoniana retrata o sentimentalismo, a música, doce música embala-

da pelos versos, cujo eu lírico se deleita à ausência da mulher amada, à incerteza

do amor, ao platonismo. Enquanto a épica (ou epopeia) narra a luta de um povo

que busca reconhecimento, notoriedade, através de sua bravura incomensurável.

É disso que se trata a grande obra histórica

de Camões: “Os Lusíadas”.

Reza a lenda de que nosso autor participava

de uma expedição marítima na companhia de su-

a amada Dinamene, a condessa chinesa que ar-

rebatou o coração do poeta. Vítimas de um gra-

ve acidente, a embarcação vai a pico, e na ânsia

de salvar seus manuscritos, Camões esquece-se

de sua amada, que viera a falecer.

Conquanto, essa sua angústia torna seus

poemas ainda mais belos (se é que é possível):

Page 16: Odisseia em Revista - 3

16

Alma minha gentil, que te partiste

tão cedo desta vida, descontente,

repousa lá no céu eternamente

e viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no acento etéreo, onde subiste,

memória desta vida se consente,

não te esqueças daquele amor ardente

que já nos olhos meus tão puro viste

E se vires que pode merecer-te

alguma cousa a dor que me ficou

da mágoa, sem remédio, de perder-te,

roga a Deus, que teus anos encurtou,

que tão cedo de cá me leve a ver-te,

quão cedo dos meus olhos te levou.

Camões possuía gran-

de influência na corte, por

isso, conseguiu que D. Se-

bastião (rei de Portugal,

nessa época) publicasse su-

a epopeia como uma home-

nagem ao povo lusitano.

“Os lusíadas” são for-

mados por dez cantos com-

postos de estrofe real, dis-

posto no esquema rítmico

ABABABCC. Cada canto é

iniciado com uma proposi-

ção (declara o tema e apre-

senta o herói, representante

português), em seguida há

uma invocação (inspiração

poética) e, por fim, a dedi-

catória (obra se dedica ao

rei D. Sebastião); a narra-

ção, então prossegue com a

viagem de Vasco da Gama

e da história de Portugal.

Ao lado dos fatos histó-

ricos, o poema apresenta

episódios inspirados na mi-

tologia Greco-romana. As-

sim, Baco e Netuno comba-

tem os portugueses, Vênus

e Marte os protegem e de-

fendem. Esses personagens

dão um “tempero” na narrati-

va, tornando-a mais insti-

gante e envolvente.

Page 17: Odisseia em Revista - 3

17

Amor é fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente;

É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem

querer;

É solitário andar por entre a gente;

É nunca contentar-se de contente;

É cuidar que se ganha em se perder

É querer estar preso por vontade;

É servir a quem vence, o vencedor;

É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor

Nos corações humanos amizade,

Se tão contrário a si é o mesmo

Amor?

Vale ressaltar algumas passagens dessa celebre obra, como a de “Inês de Castro”

que eterniza um amor proibido (fato real que conta o romance interrompido devido

a desigualdade social, Inês de Castro foi morta para interromper o ciclo amoroso),

o do “Velho do Restelo” onde a vaidade e a cobiça são apontadas como o verda-

deiro motivo da viagem às índias, e o do “Gigante Adamastor”, figura mitológica

criada por Camões para simbolizar o Cabo da Boa Esperança e seus decorrentes

perigos.

É notória a presença da mitologia nessa obra, utilizada estrategicamente para

cantar as glórias lusitanas: “Cessem do sábio grego e do troiano / as navegações

grandes que fizeram / [...] que eu canto o peito ilustre lusitano [...]”, ou seja, Portu-

gal clama por sua identidade e por seu reconhecimento no mundo da descoberta,

por isso pede para que seu povo “pare” de exaltar outros povos, outras culturas, e

espalhem o vigor de sua nação.

O relato de um povo, o retrato da história, descritos em forma de versos. Ca-mões é grande em sua proposta e torna-se ainda maior na realização de sua in-transponível obra que atravessa os tempos e arrebata os corações dos apaixona-dos.

Page 18: Odisseia em Revista - 3

18

Qualquer semelhança não é mera coincidência, Renato Russo (cantor e

compositor, fundador da banda Legião Urbana) parafraseou Camões numa de

suas múcicas, “Monte Castelo”.

Em caráter de curiosidade, abaixo um breve relato sobre a vida Camões,

escrito por ele mesmo:

Carta autobiográfica de Luís de Camões

pesquisada e restaurada por Mara Candeias

Cidade Olisiponense, 9 de Junho de 1580 Encontro-me no leito da morte, enfraquecido pela doença e pela miséria. Não

verei de novo a luz do dia seguinte, porque sei que irei morrer em breve. Por isso,

determinei que havia de escrever uma pequena, mas importante, carta. Aqui, a mi-

nha vida será resumida.

Nasci em Lisboa, em 1524. A minha mãe chamava-se Ana de Sá e Macedo, e o

meu pai, Simão Vaz de Camões. Fiz estudos literários e filosóficos em Coimbra. Aí,

a minha paixão pela poesia nasceu e por ela se conhecem os meus amores, a mi-

nha vida boémia e arruaceira, as minhas alegrias e frustrações, a minha pobreza,

razão pela qual estou morrendo, e também as minhas inquietações transcenden-

tais.

Voltei para Lisboa em busca de em-

prego, mas enamorei-me pela infanta D.

Maria. Este enamoramento foi a causa pe-

la qual me impuseram o exílio em Ceuta.

Combati contra os mouros, mas, infeliz-

Page 19: Odisseia em Revista - 3

19

Cumprido o meu serviço militar, regressei a Lisboa, mas logo fui preso e en-

carcerado na cadeia do Tronco, em 1552, devido a uma rixa com um funcionário

da Corte. Fui libertado em 1553, inteiramente perdoado pelo agredido e pelo Rei.

Mas a vida lisboeta não me contentava, por isso, decidi partir para a Índia, à procu-

ra de aventura.

Aí, comecei a escrever o meu célebre livro, Os Lusíadas. Contudo, mais uma

vez, na Índia não fui feliz, Goa decepcionou-me, como se pode ler no soneto “Cá

nesta Babilónia donde mana”. Tomei parte em várias expedições militares e, numa

delas, no Cabo Guardafui, escrevi uma das mais belas canções, "Junto desse se-

co, fero e estéril monte".

Mais tarde, fui exercer o cargo de provedor – mor de defuntos e ausentes- em

Macau. Voltei a Goa, mas o meu barco naufragou na viagem para a foz do Rio Me-

com. Salvei-me com muita sorte, nadando com um braço e erguendo, com o outro,

o manuscrito da imortal epopeia. Mas esta viagem marcar-me-ia para sempre, por-

que nesta vi morrer a minha amada Dinamene. A esta fatídica morte dediquei os

sonetos do ciclo Dinamene.

Sofri caluniosas acusações em Goa, dolorosas perseguições e duros traba-

lhos, vindo Diogo do Couto a encontrar-me assim em Moçambique, em 1568. Po-

rém, continuei a escrever Os Lusíadas. Em 1569, regressei a Lisboa. Três anos

mais tarde, em 1572, publiquei a primeira edição de Os Lusíadas, que li a sua Ma-

jestade, o Rei D. Sebastião.

Estes meus últimos anos foram amargurados pela doença e pela miséria, e

assim foi a minha vida, cheia de aventura e desgraça, mas o certo é que foi um

grande poeta, fiz o que sempre quis e não me arrependo de nada.

Luís Vaz de Camões

Audrey Macéa

Professora de Gramática e Literatura

e-mail: [email protected]

Page 20: Odisseia em Revista - 3

20

Com apresentação do Professor

Marcelo Lambert, sempre com

muitas novidades com uma

programação diversificada!

Aos domingos, às 17h.

Acompanhem a programação em

nosso site

www.cpodisseia.com

no Canal Odisseia.

Confira as entrevistas visitando o Arquivo do Programa Conexão Odisseia

Page 21: Odisseia em Revista - 3

21

Engenharia de Al imentos

Olá amigos,

No mês passado falamos sobre as principais tendências do mercado de ali-mentos e a busca constante da indústria para traduzir estas tendências em de-senvolvimento de produtos inovadores, que atendam às necessidades do consu-midor. A indústria combina pesquisa e desenvolvimento com a utilização de processos produtivos eficientes e novas tecnologias de produção, de forma a ga-rantir alto padrão de qualidade e custo acessível a seus clientes.

As empresas de ingredientes, forne-cedoras dos diversos segmentos das in-dústrias de alimentos e bebidas, refletem estas tendências e buscam alternativas que auxiliem no constante movimento de evolução da industria alimentícia.

Uma das alternativas de ingredien-tes que podemos destacar é a utilização de produtos substitutos de commodities. Podemos definir o termo commodities como produtos em estado bruto ou com pequeno grau de industrialização, que são produzidos em larga escala e nego-ciados em bolsa de mercados futuros ou no mercado físico. As commodities so-frem oscilações de preços constantes, pois estão suscetíveis a movimentações especulativas de fundos de investimen-tos nas bolsas de mercadorias.

No mercado de alimentos, a soja, a palma, o açúcar, o cacau são exemplos de commodities agrícolas, que são utili-zados como agentes de sabor e/ou tex-tura na formulação de produtos. Por se-rem de natureza agrícola, são suscetí-veis à alterações climáticas durante o período de plantio, produção e colheita, o que pode resultar em quebra de safra

e consequente restrição com relação ao abastecimento para a industria além de comprometimento da qualidade e nova-mente, oscilações de preços.

Neste cenário, as empresas de in-gredientes trabalharam em soluções de substituições totais ou parciais destas commodities, a fim de eliminar ou reduzir a dependência da indústria em relação ao abastecimento e ás flutuações de preços e qualidade destes produtos. Substitutos de açúcar, edulcorantes na-turais, aromas naturais e substitutos de gorduras são exemplos de substitutos totais ou parciais de commodities.

Estes ingredientes, se formulados adequadamente, mantém a mesma per-formance de sabor e de textura do pro-duto final, de forma que as alterações não são percebidas pelo consumidor. Muitas vezes também contribuem para a tendência da saudabilidade, uma vez que promovem redução de calorias e no caso dos substitutos de gorduras, redu-ção do percentual de gorduras trans e gorduras saturadas.

Fiquem atentos às novidades nas gôndolas dos supermercados e não dei-xem de conferir a descrição destes in-gredientes no rótulo da embalagem.

Um grande abraço a todos e até a próxi-ma edição!

Marici Harumi Bando

Engenheira de Alimentos

[email protected]

Page 22: Odisseia em Revista - 3

22

A mudança que a internet causou

na interação entre os consumidores e

empresas não é mais novidade há muito

tempo. Mas como será que essa dinâmi-

ca funciona hoje?

Nem mesmo Marshall McLuhan

que criou o conceito “Aldeia Global” po-

deria imaginar que a internet se tornasse

algo tão importante na vida cotidiana.

Sim hoje a internet é uma

realidade e não há mais vol-

ta. Ela já transformou a for-

ma das pessoas se relacio-

narem. Tudo é digital. Isso é

bom? Deixo para você caro

leitor a procura da resposta.

Acredito que o uso da inter-

net no Brasil precisa amadu-

recer muito ainda. Muitos especialistas

defendem que a revolução da internet

ainda não aconteceu no Brasil, afinal de

contas apenas 43,2 milhões de brasilei-

ros têm acesso à internet em casa ou no

trabalho, isso é pouco se pensamos que

hoje somos um País com mais de 190

milhões de pessoas. Há quem defenda

também que a verdadeira “revolução” da

internet acontecerá principalmente atra-

vés do acesso via celular. Entender o

que a internet pode representar em ter-

mos de acesso ao conhecimento ainda

vai demorar muito tempo para acontecer

no Brasil. Muito ainda precisa ser estu-

dado. Neste artigo vamos procurar man-

ter nossa atenção no papel que a publi-

cidade tem e como as empresas se rela-

cionam com seus consumidores através

da internet.

A interação entre anunciantes e

consumidores através da internet ainda

é processo relativamente novo. Muito a-

inda precisa ser compreendido nestas

interações. Os anunciantes precisam

compreender o hábito do

seu público na internet.

Vou propor um exercício.

Na próxima vez que aces-

sar um grande portal de in-

ternet ou ler seus recados

na rede social em que é ca-

dastrado (a) conte quantos

anúncios aparecem na ja-

nela. Agora conte quantos você se inte-

ressa, ou mais em quantos você se sen-

tiu algum tipo de influência que poderia

se transformar em compra. O hábito de

comprar pela internet cresce cada vez

mais no Brasil, uma pesquisa da E-bit

em parceria com a E-commerce School,

somente no 1º semestre de 2011 o cha-

mado varejo eletrônico faturou R$8,4 bi-

lhões. São realmente números muito ex-

pressivos. E as empresas compreendem

a necessidade da “inserção digital” e es-

tão de olho nesta fatia. Há muito tempo

ações digitais são parte fundamental do

plano de comunicação da maioria dos

anunciantes.

Propaganda e vida cotidiana

A Internet e a Revolução na comunicação

Page 23: Odisseia em Revista - 3

23

Como as empresas estão intera-

gindo com os consumidores através da

internet?

São muitas formas utilizadas hoje

em dia. Algumas nem parecem propa-

gandas. Isso mesmo, o perfil da sua

marca preferida em uma rede social, soa

quase como que algo seu. Mas não é.

Através do perfil, uma empresa pode di-

vulgar seus produtos e serviços ou sim-

plesmente difundir uma mensagem, di-

vulgar um “hot site”. Uma troca de um

simples vídeo pode gerar muito retorno.

Estamos falando de estratégias muito

bem planejadas, muito bem organizadas

e muito bem difundidas. A era do marke-

ting digital. Não é à toa que as chama-

das agências digitais faturaram 1,5 bi-

lhão em 2011. A divulgação principal ain-

da á através dos sites institucionais, mas

as ações em redes sociais são cada vez

mais comuns. A internet não mais utiliza-

da somente como mídia de suporte, em

muitos casos (e o número á cada vez

maior) é a principal ou é a mídia exclusi-

va de uma campanha promocional, por

exemplo. Empresas gerenciaram crises

através de estratégias exclusivas em re-

des sociais. Redes de varejo nacionais

têm parte dos seus negócios voltados

para a internet. Os sites de compra cole-

tiva são utilizados cada dia mais. O hábi-

to de uso do “internauta” define as estra-

tégias das empresas e mais, as estraté-

gias dos anunciantes determinam nossa

navegação. Como disse anteriormente é

um caminho sem volta.

Como o usuário de Internet deve

se relacionar com isso?

A definição não pode ser muito

precisa, mas saiba, cada vez mais os a-

núncios direcionados a você usuários de

internet serão mais pontuais, ou seja,

cada vez mais atenderão as suas neces-

sidades. Os anunciantes estão atentos

aos seus hábitos de navegação e elabo-

radas as estratégias de “propagação” le-

vando em conta os horários de maior a-

cesso, sites acessados com mais fre-

qüência, interações em rede sociais, o

Facebook, devido ao grande sucesso

por aqui, deverá nos próximos meses a-

brir uma filial em São Paulo, isso mostra

como a publicidade na internet deve

crescer muito nos próximos anos. Cabe

a você usuário de internet e consumidor

determinar aquilo que vai consumir, por-

que a oferta de produtos e serviços atra-

vés da internet será cada vez maior.

Com o advento da internet, a co-municação entre empresa com seu pú-blico mudou definitivamente. Cabe aos anunciantes entender como seu público e comporta. Aos consumidores cabe ca-da vez mais a consciência na compra de produtos e no uso da internet.

Nos próximos anos a história no mundo digital ainda vai ser escrita. Isso não é fascinante?

Otávio Pires

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24

Filosof ia

LEIBINIZ E SUA BUSCA PELA COMPREENSÃO DE DEUS

Nesta edição trataremos de um assunto muito

discutido dentro da Filosofia, o momento em que a

discussão racional se depara com Deus, como com-

preendê-lo, se é que é possível.

Leibiniz, filósofo que nasceu no final do século

XVI e início do século XVII, criou alguns conceitos

para provar, de forma racional, que existe a possibi-

lidade de cada homem mortal, compreender Deus, o

infinito ou o todo.

Para isso, o fundamento de seu pensamento é

a idéia do conceito de monada, e o que isso seria

para Leibiniz?

A monada é uma substância simples, visto que

não possui partes. É uma unidade simples, logo não

-composta e indivisível;

1.2. Cada monada é ” um espelho vivo e perpé-

tuo do universo”, e este é regulado em uma ordem perfeita; é o espelho porque

cada monada é uma multiplicidade, com inúmeros compartimentos e a realizar em

referência as outras monadas relações que exprimem todo o universo.

2.1 O que distingue os homens dos animais é o fato daqueles terem o conheci-

mento das verdades necessárias e eternas, ou seja, terem alma racional.

Duas são as espécies de verdade: as de razão e as de fato. Aquelas ” são

necessárias, e o seu oposto, impossível; as de fato são contingentes, e o seu

oposto, possível.” Por exemplo: ” Se o homem é azul, então o homem é azul

ou amarelo.” É uma verdade necessária, eterna e de razão, pois é uma tau-

tologia, logo é uma necessidade lógica que se refere ao verdadeiro.

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Professor Thiago Abramson

[email protected]

As verdades de razão são verdades lógicas e não-empíricas, por isso pode-se até dizer que são a priori. A necessi-dade pode ser compreendida como aqui-lo que é impossível que seja de outra forma. Ao contrário, “está chovendo” é uma verdade contingente e de fato, pois não é sempre o caso que tal expressão assume o valor de verdade “o verdadei-ro”, mas sim só quando chove, ou seja, se e somente se estiver chovendo. É u-ma verdade que precisa de conteúdo, assim é uma verdade material, ou seja, empírica. Contingente, no dito de Rus-sell, significa que é logicamente possível que não existisse. É possível que seja de outra forma. Depois do ganho teórico que Hume nos deu fica fácil compreen-der o porquê da conexão não-necessária entre os fatos. Dentro de um pensamento matemá-tico, se cada homem é uma parte do to-do, uma monada, parte indivisível, indivi-dual, mas compõe o Todo. Se pensarmos em uma questão prática para o conceito de monada teríamos al-go como: Imaginemos um homem que se dei-ta em um gramado em um local de pou-ca luz, e ao olhar para cima vê muitas estrelas no céu. Cada uma das estrelas seriam partes, ou seja, monadas, distin-tas umas das outras, mas que compõem o céu e o infinito, que podemos entender como sendo o Todo. As estrelas não são o Todo mas fazem parte dele, este todo seria a união de todas as partes. Ao homem, como parte, é possível à Leibiniz compreender Deus, à partir das partes e da compreensão de si co-

mo parte da natureza enquanto mani-festação de Deus. Leibiniz creu que conseguiu compreender a natureza ín-tima das coisas, tomou as coisas por sua raiz e as viu verdadeiramente como são.

Deus, de acordo com Leibniz, criou o melhor dos muitos mundos possíveis. “Ora, como há uma infinidade de idéias de Deus e apenas um único pode existir, tem de haver razão suficiente da escolha de deus, que o determine a preferir um e não o outro.” Russell diz que um mundo é possível quando não contradiz as leis da lógica. Segue-se que se Deus é bom, então criou o melhor dos mundos possí-veis, ou seja, aquele que tem um maior excesso de bem sobre o mal. O complexo conceitual lebniziano é a clássica metafísica que busca dar uma fundamentação última ao conhecimento; Leibniz, como Descartes e Espinosa, se depara com o conceito de Deus nessa tentativa de atingir uma base segura e não-contraditória para o conhecer. Sem o conceito de Deus a máquina de con-ceitos de Leibniz não funcionaria, seria apenas como um carro sem combustí-vel. O conceito de Deus é muito impor-tante para a constituição da moral que é gerada pelo sistema metafísico. Em uma extensa quantidade de mundos logica-mente possíveis, Deus escolheu justa-mente o nosso mundo por ser este o melhor de todos ( Se Deus é bom, então escolhe o melhor). Assim, cada um deve se contentar e afirmar sua alegria independente da situação em que se en-contra, pois este é “o melhor dos mun-dos possíveis”.

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26

Psicologia

Uma nova perspectiva

Até o presen-

te momento,

de nossa re-

flexão, cons-

tamos os as-

pectos inibi-

dores da ex-

pressão criativa do homem, que surgi-

ram na ciência, que foram encampados

pela religião e passou para o dia-a-dia,

que foi mostrado na poesia de Fernando

Pessoa, veremos agora algumas possi-

bilidades de saída desta situação.

O homem nunca deixou de se ex-

pressar criativamente, jamais deixou de

inovar, ele nunca parou de “dar a luz” a

coisas novas, mesmo que isto fosse pa-

ra manter a situação vigente.

Vem ocorrendo uma nova transfor-

mação no pensamento científico, esta

mudança começou de maneira mais

contundente por volta de 1900, no cam-

po da física.

Em dois artigos publicados em

1905, Albert Einstein introduziu duas

tendências revolucionarias: a teoria da

relatividade e a nova forma de conside-

rar a radiação eletromagnética – o prin-

cípio da teoria quântica.

Com a formulação da teoria quânti-

ca ficou evidente que a matéria e a luz,

em nível subatômico, são entidades abs-

tratas que se apresentam como onda e/

ou partícula, esta dualidade está ligada

diretamente ao observador.

Seguindo esta perspectiva as certezas do mecanicismo passam a ser tendência de existir ou tendência de ocorrer.

As descobertas e afirmações dos

cientistas modernos mudam completa-

mente as premissas científicas, não e-

xiste mais a ciência desprovida de valo-

res, a descrição objetiva da natureza. O

que é observado pelo cientista está niti-

damente conectado ao seu modelo men-

tal, o distanciamento e a neutralidade ci-

entífica na hora da pesquisa não exis-

tem. Desta forma, os cientistas são res-

ponsáveis por suas pesquisas, intelectu-

al e moralmente, isto traz a nós pesqui-

sadores responsabilidades inimaginá-

veis.

Caso não levemos esta nova reali-

dade em consideração, quando em nos-

so labor científico , estaremos fatalmen-

te reproduzindo algo que a muito vem

sendo realizado: o assassinato da ex-

pressão criativa do ser humano.

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Nós que trabalhamos com o compor-

tamento humano temos visto quão em-

pobrecido estão nossos jovens e crian-

ças, pobreza esta que de alguma forma

somos responsáveis, porém, está em

nossas mãos demonstrar que existe ou-

tra possibilidade além da que estão vi-

vendo. Podemos passar de meros repro-

dutores a grandes e-

xecutores, para que

nossas crianças e jo-

vens tenham a possi-

bilidade de escolher

entre reproduzir ou

criar.

Durante a reflexão

percebemos que o

homem nunca deixou

de se expressar criativamente.

O homem mesmo com um campo res-

trito, sendo obrigado a inovar e avançar

e avançar tendo sempre que levar em

consideração os limites impostos pela

comunidade científica, pela religião, ou

por interesses econômicos, conseguiu ir

avante frente a todas as dificuldades im-

postas.

Os novos paradigmas científicos nos

estimulam a repensar nossa postura,

não só como cientistas, mas como cida-

dãos do mundo. Não nos parece mais

possível produzir ciência pesando em

poucas pessoas, pensando somente em

meu país, na comunidade científica a

qual pertenço, há um contexto muito

maior do que imaginávamos até agora.

Este contexto tem sua dimensão históri-

ca, social, econômica, espiritual e emo-

cional.

Este contexto traz

também uma dimen-

são pessoal, que diz

respeito fundamental-

mente a razão da exis-

tência do ser “... o mis-

tério da existência hu-

mana não consiste a-

penas em viver: é pre-

ciso saber para que se

vive...” ( Dostoievski, 1968,198).

Desta forma entendemos que há a

possibilidade de à medida que o homem

avançar no conhecimento científico, ele

pode avançar no conhecimento de si

mesmo, e à medida que caminhar no co-

nhecimento de si pode avançar no co-

nhecimento científico.

Criar e inovar são coisas natas do ser

humano, quanto maior for nosso arca-

bouço de idéias e experiências, quanto

maior for nossa cosmo-visão, mais livres

seremos, portanto mais criativos.

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Termino esta reflexão com uma poesia:

Criar e Renovar

Viver é para todos os homens.

Criar é para aqueles que são corajosos.

Renovar é para aqueles que são corajosos e ousados.

Nós vivemos porque não morremos,

Criamos porque necessitamos,

Renovamos porque nos angustiamos.

Renovar nossas esperanças e nossas ilusões.

Renovar nossas percepções, e nossas paixões.

Renovar não é simples.

Implica em constante movimento,

Movimento este, que nos torna,

E tudo a nossa volta, algo a ser desvelado.

O desvelamento afasta de nossa existência o tédio e a monotonia.

Assim sendo caminharemos para a felicidade

E para a inteireza que existe entre nós e o universo,

E o universo e nós.

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29

www.cpodisseia.com - No Canal Odisseia

Bibliografia

CAPRA, Fritjof. O ponto de mutação, São Paulo, Cortez editor, 1990.

DOSTOIEVSKI, Fiodor. Os irmãos Karamazov, Rio de Janeiro, Editora Vec-

chi, 3ª ed.1968.

MAY, Rollo. Psicologia e dilema humano,

MORRIN, Edgar. Ciência com consciência, Rio de Janeiro, Bertrand Brasil,

4ª ed.2000.

NACHMANOVITCH, Stephen. Ser criativo, O poder da improvisação na vida

e na arte, São Paulo, Summus Editora, 3ª ed. 1993.

OSTROWER, Fayga. Criatividade e processo de criação, Petrópolis, Editora

Vozes, 15ª ed.2001.

TILLICH , Paul. A coragem de ser, Rio de Janeiro, Editora Paz e Terra, 4ª ed.

1991.

TUFANO, Douglas. Orga. De Camões a Pessoa antologia escolar da poesia portu-guesa. São Paulo, Editora Moderna, 1994.

Samuel Candido de Oliveira

Psicólogo e Teólogo

[email protected]

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Tirinhas Odisséia!!!

Ao olhar nosso quadro político, social e econômico é comum termos vontade de criticá-lo, afinal não vivemos no “melhor dos mundos possíveis”, mas temos que trabalhar para chegar lá. Vamos Transformar!

Sociedade

Economia

Política

Roteiro: Jonatan Tostes Desing: Jarbas Carneiro

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