o que somos e o que poderemos ser

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FILOSOFIA 11.º ano FILOSOFIA 11.º ano Luís Rodrigues O aperfeiçoamento humano O que somos e o que poderemos ser

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Page 1: O que somos e o que poderemos ser

FILOSOFIA 11.º ano

FILOSOFIA 11.º ano Luís Rodrigues

O aperfeiçoamento humano

O que somos e o que poderemos ser

Page 2: O que somos e o que poderemos ser

A humanidade que somos e a que poderemos ser

Fazer com que invisuais vejam, paraplégicos andem e pessoas com senilidade recuperem a memória serão algumas das conquistas científicas possíveis nos próximos anos e envolvem campos como a genética, a neurociência e a engenharia. Por enquanto, o objetivo é a terapia: permitir que pessoas com deficiências ou doenças degenerativas possam ter uma vida semelhante à de pessoas sem esses problemas, ou seja, recuperar as suas funcionalidades.

O aperfeiçoamento humano

FILOSOFIA 11.º ano

Page 3: O que somos e o que poderemos ser

A humanidade que somos e a que poderemos ser

«Mas o que acontecerá quando essas tecnologias forem usadas para aperfeiçoamento: ampliar o “padrão” humano, fazendo-nos mais fortes, rápidos e inteligentes? Que desafios éticos esperam a humanidade quando for possível programar filhos aptos a se tornarem superatletas ou génios? O futuro trans-humano será bom ou mau?»

O aperfeiçoamento humano

FILOSOFIA 11.º ano

Page 4: O que somos e o que poderemos ser

A humanidade que somos e a que poderemos serMais fortes e velozes

Os atletas tentam superar-se todos os dias e, quando um milésimo de segundo pode fazer a diferença, alguns recorrem ao doping com o objetivo de melhorar o seu desempenho. É tanto assim que, desde 1999, existe uma organização, a Agência Mundial Antidoping, que tenta controlar o uso dessa substância.

Com o aperfeiçoamento genético, o uso de drogas pode não ser o único desafio/problema desta agência. Se houver uma alteração no ADN para que o atleta seja mais rápido e/ou musculado, os testes de doping não a detetarão. Começariam, assim, a «desenhar-se» atletas com as caraterísticas apropriadas a cada modalidade. Mas a criação desse ser modificado poderia trazer problemas, como o desenvolvimento de cancro, por exemplo.

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Page 5: O que somos e o que poderemos ser

«Para combater essa nova forma de doping, a AMA aposta no passaporte genético. Este seria similar ao passaporte bioquímico que está a ser implementado atualmente – um perfil específico para o desportista, com vários marcadores bioquímicos, como o nível de enzimas e hormonas. O passaporte permite identificar o uso de doping de maneira indireta, pelo seu efeito nesses marcadores, mesmo que a substância em si não seja detetada. “No caso da versão genética, poder-se-iam detetar mutações ou sequências de ADN que não constavam do passaporte do atleta”, explica o médico.»

Que perspetivas temos então para o futuro? Serão estes «superatletas» banidos de competições oficiais? Haverá um evento em que só eles participarão, uma espécie de Jogos Superolímpicos?

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A humanidade que somos e a que poderemos serMais fortes e velozes

Page 6: O que somos e o que poderemos ser

A humanidade que somos e a que poderemos serMais inteligentes e concentrados

Quem não usou já algum tipo de substância com o objetivo de melhorar as capacidades cognitivas? O café, por exemplo, para se manter acordado! No entanto, nos últimos anos, novas modalidades de melhoramento cognitivo surgiram, como o consumo de drogas que não foram desenvolvidas com esse objetivo.

«O modafinil é usado para tratar narcolepsia, mas parece ter efeitos positivos na memória e no estado de alerta. Por sua vez, o metilfenidato, criado para o tratamento do transtorno do défice de atenção e da hiperatividade, parece aumentar a concentração em indivíduos que não sofrem desse mal.»

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«Um dos principais problemas éticos associados a esse tipo de aperfeiçoamento é que ele ampliaria a desigualdade social, criando uma elite superinteligente, rica e poderosa, além de polarizar a sociedade entre os mais e menos aptos.»

O aperfeiçoamento humano

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A humanidade que somos e a que poderemos serMais inteligentes e concentrados

Page 8: O que somos e o que poderemos ser

A humanidade que somos e a que poderemos serMais inteligentes e concentrados

O filósofo sueco Nick Bostrom, diretor do Instituto do Futuro da Humanidade da Universidade de Oxford, emInglaterra, e a filósofa inglesa Rebecca Roache, do mesmo instituto, apresentam argumentos contra essa visão:

Na sua perspetiva, a tendência é que as formas de aperfeiçoamento fiquem mais baratas com o tempo, tornando-se acessíveis a todos. Os autores sublinham que já vivemos numa sociedade polarizada em diversos grupos, altos e baixos, homens e mulheres, doentes e sadios, escolarizados e analfabetos, mas que não costumam entrar em conflito. Segundo Bostrom, famílias ricas concedem mais oportunidades aos seus filhos, que se traduzem em maior riqueza material mais tarde. «Caso considere essas desigualdades inadmissíveis, a sociedade, em vez de banir a inovação tecnológica, pode lançar mão de outros recursos, como taxar mediante impostos determinados melhoramentos ou a sua subvenção pelo sistema público de saúde», sugere.

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Page 9: O que somos e o que poderemos ser

A humanidade que somos e a que poderemos serTrans-humanistas ou eugenistas?

Os trans-humanistas defendem que o ser humano, tal como é hoje em dia, não é o fim do seu desenvolvimento, mas uma fase ainda precoce. Acreditam no melhoramento físico e cognitivo dos humanos.

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Page 10: O que somos e o que poderemos ser

A humanidade que somos e a que poderemos serTrans-humanistas ou eugenistas?

Por outro lado, os bioconservadores continuam a alertar para os perigos que as novas tecnologias trarão para a sociedade.

«Uma das principais críticas é que o trans-humanismo, na verdade, defende uma nova versão da eugenia, movimento da primeira metade do século XX que procurava a melhoria da espécie humana mediante a promoção da procriação de indivíduos considerados “aptos” e dificultando a de pessoas não dotadas de qualidades “positivas”, como portadores de deficiências físicas e mentais, homossexuais e certas etnias, entre outros.»

«Os métodos de prevenção da reprodução incluíam esterilização obrigatória, abortos forçados, segregação racial, eutanásia e extermínio em massa, o que culminou com o genocídio de milhões de judeus e ciganos na Alemanha nazi.»

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Page 11: O que somos e o que poderemos ser

Os trans-humanistas não aceitam esta crítica. Afirmam que o trans-humanismo defende os princípios da autonomia do corpo e da liberdade procriativa. Ou seja, ninguém deve ser forçado a usar qualquer tipo de tecnologia. Defendem que o deverão fazer para, por exemplo evitar que se nasça com doenças como, por exemplo, a fibrose cística. Assim, as crianças poderiam ter uma vida mais saudável e feliz. Ou até ir mais longe e sentir-se na obrigação moral de «tomar precauções» para garantir essa vida mais saudável e feliz da criança, manipulando, se for preciso, os genes dos embriões.

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A humanidade que somos e a que poderemos serTrans-humanistas ou eugenistas?

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A humanidade que somos e a que poderemos serTipos de humanidade

Bostrom, um dos fundadores da Associação Trans-humanista, pensa que «Preservar a “humanidade” em vez de cultivar a “humanitariedade” significa idolatrar tanto o que temos de mau quanto o que temos de bom.»

O neurocientista sueco Anders Sandberg pensa que a mudança da humanidade e a sua evolução em direção a um ser pós-humano não é um problema, assim como não foi a dos nossos ancestrais símios que passaram a humanos. «Tornaram-se pós-símios e puderam experimentar e realizar coisas como a linguagem, a música e a filosofia. Mas os pós-humanos compartilharão muitas caraterísticas connosco, assim como temos com os símios. Se nos aperfeiçoarmos de maneira cuidadosa, manteremos as boas partes humanas e ganharemos novas habilidades», defende.

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