o quadrilátero em destaque no jn

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QUADRILÁTERO Barcelos Braga Famalicão Guimarães

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Suplemento publicado na edição de 3 de dezembro do Jornal de Notícias

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Page 1: O Quadrilátero em destaque no JN

QUADRILÁTERO

Barcelos

Braga

Famalicão

Guimarães

Page 2: O Quadrilátero em destaque no JN

Foi o tempero da diversidade que os juntou à mesma mesa, já lá vão mais de 10 anos. Isolados, não teriam escala. Juntos, descobrem-se mais for-

tes à medida que descobrem o poder da cooperação, forjada na ação comum: vizi-nhos, os municípios de Barcelos, Braga, Famalicão e Guimarães são um caso sério de am-

bições e potencial, que vence velhos bairrismos de campanário. Estão entre os mais jovens municípios do país. Somam, em conjunto, uma população de 600 mil

pessoas. Polarizam uma universidade, a do Minho, com 20 mil estudantes e 1500 docentes doutorados. Concentram uma tradição e um dinamismo industrial ímpares. E são um polo emergente de vitalidade cultural,

como ficou largamente demonstrado com as realizações da Capital Europeia da Cultura. Nascido para corresponder à necessidade de captação de fundos que pudessem financiar projetos transversais aos quatro municípios (Barcelos, Braga, Famalicão e Guimarães), este Quadrilátero inclusivo, que chamou

para a mesa a universidade e a associação industrial minhotas, enfrenta agora um desafio: o de se transformar num projeto político de afirmação territorial, virado para a internacionalização.

Os mais de 10 anos de caminho andado, em comum, mostram resultados positivos nas grandes vertentes mobilizadas pelo Programa Estratégico de Cooperação do

Quadrilátero: Quadrilátero Digital, Quadrilátero Mobilidade, Desenvolvi-mento Urbano, Quadrilátero Cultural, Quadrilátero Criativo, Qua-

drilátero Empresarial e Quadrilátero em Rede. Mas a ambição de dar expressão política a esta nova cen-

tralidade permanece e germina entre os quatro mu-nicípios deste Quadrilátero que, doravante,

contam com mais um parceiro firme: o nosso Jornal de Notícias.

Este quadrilátero é um pentágono... AFONSO CAMÕES

“ ESTE

QUADRILÁTERO É UM PENTÁGONO

2

Page 3: O Quadrilátero em destaque no JN

4-8

Como se constrói uma

microrregião9

Como nasceu o Quadrilátero?

12-13

Entrevista: presidente da Câmara de

Guimarães

22-29

Reportagem fotográfica nos quatro concelhos

29-31

Retrato de empresa de sucesso:

Bosch

14-15

Estudo da mobilidade: articulação de

políticas

16, 28, 39

Artigos de Opinião

17-19

Retrato de empresa de sucesso:

3B’s20-21

Entrevista: presidente da Câmara de Braga

32-33

Olhar minucioso para o evento internacional

34-35

Entrevista: presidente da Câmara de V. N.

Famalicão

36-37

Agenda 2020 vista a partir do

Quadrilátero

39-41

Retrato de empresa de sucesso:

Riopele42-43

Entrevista: presidente da Câmara de Barcelos

44-46

Retrato de empresa de sucesso: Digital

Games Lab47-49

Espaços da

Quadrilátero

3

Page 4: O Quadrilátero em destaque no JN

UNIÃO É PALAVRA DE ORDEM PARA ENFRENTAR DESAFIOS

territorial com cerca de 600 mil habitantes, dos quais 210 mil residem nos perímetros urba-nos centrais. Estes dados demo-gráficos estiveram na base da fundação desta associação mu-nicipal de fins específicos.

E se os 600 mil habitantes não chegam para inserir a mi-crorregião do Quadrilátero numa NUT II virtual, os 14 municípios que compõem as regiões limítrofes, correspon-dentes às Comunidades Inter-municipais do Cávado e Ave, são mais do que suficientes para fazer, desta região, uma das 231 regiões NUT II euro-peias, pois têm uma população residente que ronda um mi-lhão de habitantes, de acordo

Iniciada para ser um território de experimentação de políticas de planeamento urbano con-juntas, a Associação de Municí-pios de Fins Específicos Quadri-látero Urbano há muito que ul-trapassou o modelo base das re-giões francesas que serviram de exemplo para a sua criação.

Mais do que pensar em que áreas podem trabalhar em conjunto, os municípios de Braga, Barcelos, Guimarães e Vila Nova de Famalicão viram na escala territorial a solução para a maioria dos problemas que assolam a região.

Inseridos no sistema territo-rial composto pelas NUTS III do Cávado e do Ave, os quatro mu-nicípios formam um contínuo

com os Censos de 2011. Mas, como frisa o especialis-

ta em economia territorial e autor da Agenda Base do Qua-drilátero Urbano 2014-2020, José Marques da Silva, “esta não é uma região qualquer”. Tem características específicas que fazem dela um território promissor. Desde logo por ser a região mais jovem do país e uma das mais empreendedo-ras. Isso reflete-se na dinâmi-ca industrial enraizada e na elevada intensidade exporta-dora, onde cada euro importa-do se transforma em 2,3 ex-portados, segundo dados do Eurostat refletidos na Agenda Base do Quadrilátero Urbano.

A proximidade ao aeroporto Francisco Sá Carneiro e ao por-to de Leixões, também são van-tagens, aliadas aos “vizinhos” Galiza e Alto Minho. A massa crítica resultante dos estabele-cimentos de Ensino Superior (Universidade do Minho, Lu-síada e IPCA) insere--se no ter-ritório através da dinâmica em-presarial da Associação Indus-trial do Minho, do Centro Tec-

nológico das Indústrias Têxtil e Vestuário, Parque de Ciência e Tencologia Avepark ou Labora-tório Ibérico Internacional de Nanotecnologia.

Ou seja, cooperação é a pala-vra de ordem para atingir a es-cala pretendida, principalmen-te quando cada um dos quatro municípios tem características tão diferentes. Falar em escala, frisa José Marques da Silva, “não implica esquecer aquilo que cada município tem de bom”. Significa, antes, a adoção de políticas comuns que possi-bilitem o crescimento de, por exemplo, as imagens de marca de cada um dos concelhos.

Assim, a imagem da funda-ção da nacionalidade que Gui-marães tem, a imponência do artesanato de Barcelos, a capa-cidade exportadora de Famali-cão e a fácil mobilidade em Braga, são vantagens que os restantes vão aproveitar. Isto, ao mesmo tempo que se mul-tiplicam os benefícios de des-envolver características que são comuns aos quatro, como é a aposta na Cultura.

COMO SE CONSTRÓI UMA MICROREGIÃO

4

Page 5: O Quadrilátero em destaque no JN

tro Cultural de Vila Flor de Guimarães, Teatro Circo de Braga, Casa das Artes de Fama-licão e Teatro Gil Vicente de Barcelos. É nestas casas que se pode adquirir o cartão, ou através da página do Quadrilá-tero na Internet.

Para além do desconto, o uti-lizador recebe convites para ensaios abertos gratuitos, inaugurações de exposições e outras atividades culturais. Também fica garantida a infor-mação, através da newsletter mensal, para além de benefí-cios específicos que cada uma das “casas” culturais decide atribuir.

Entre 2012 e o ano passado, o número de bilhetes vendidos com desconto passou de 1283 para 3626. Se, em 2012, cada espetáculo realizado tinha uma participação de 2 por cen-to de utilizadores com descon-to, esse número passou para os 7 este ano. Para além disso, o cartão permite perceber até que ponto o utilizador tem ca-pacidade de se deslocar aos municípios vizinhos para as-

sistir a espetáculos. Os dados reportados a se-

tembro deste ano demons-tram que um em cada quatro utilizadores do cartão se des-loca, regularmente, aos con-celhos fora da sua área de resi-dência. Estes números são do agrado dos representantes das quatro autarquias, que tecem rasgados elogios ao sucesso da iniciativa.

Ricardo Rio, presidente da Câmara de Braga, salienta que “é muito fácil recuperar o in-vestimento feito no cartão, na frequência dos muitos even-tos culturais que são realiza-dos nestes quatro equipamen-tos de referência”. Para o au-tarca bracarense, estes núme-ros simbolizam “a qualidade da programação desses mes-mos equipamentos culturais” e espera, por isso, que o cartão continue a ser um fator de atratividade turística.

Já Paulo Cunha, presidente da Câmara de Famalicão, entende que estes resultados são “um si-nal claro das virtudes que este projeto encerra”. Os quatro

ESPECTADORES JÁ POUPARAM CINCO MIL EUROS

Se há exemplo bem-sucedi-do no seio do Quadrilátero é o cartão cultural. Lançado em 2012 com o objetivo de incre-mentar o consumo cultural nos residentes dos quatro mu-nicípios, os números regista-dos até setembro deste ano demonstram que o objetivo já foi cumprido e os espectado-res já pouparam 5 mil euros, no total.

Cada utilizador do cartão poupa, em média, dez euros por ano ao assistir a espetácu-los culturais. Isto, para além de pagar o investimento de 25 euros que o cartão custa. Daí não ser estranho que o núme-ro de cartões vendidos tenha disparado nos últimos dois anos. Dos iniciais 230, a asso-ciação Quadrilátero já regis-tou, este ano, 832 vendas ou renovações, num número que quadruplicou e tem tendência a continuar a crescer.

O custo de 25 euros anuais do cartão tem como principal vantagem o desconto de 50 por cento em todos os espetá-culos organizados pelo Cen-

SucessoRepresentantes

das quatro cidades anunciaram números

e nova imagem do cartão Quadrilátero

COMO SE CONSTRÓI UMA MICROREGIÃO

5

Page 6: O Quadrilátero em destaque no JN

coesão territorial”. E lembra, por fim, que o desafio passa por continuar a fidelizar o público: “Ainda temos muito para per-correr, tendo a noção e a con-vicção de que de facto com este cartão esta aproximação se vai fazendo passo a passo”.

Apesar de Barcelos ter entra-do mais tarde no projeto – fru-to da existência de muitos es-petáculos gratuitos naquele Concelho – o vereador Carlos Brito não duvida que o Muni-cípio barcelense “está a entrar em força neste projeto”. O res-ponsável justifica a adesão motivada com o facto de este ser “uma clara vantagem para o espectro cultural das quatro cidades”.

municípios “permitem uma resposta de base regional em que o cartão é claramente uma ferramenta de aproximação”, acrescenta, ao passo que tam-bém frisa o facto de a programa-ção ser importante: “Os quatro espaços também têm tido a preocupação de concertar a es-tratégia ao nível da programa-ção, para que haja identidade e uma proposta comum”.

Amadeu Portilha, vice-presi-dente da Câmara de Guima-rães, não tem dúvidas de que esta parceria intermunicipal “funcionou” e “com certeza se vai estender a outros domí-nios”. Para o vimaranense, o cartão “teve o condão de per-mitir aproximar e criar maior

PARA ALÉM DO DESCONTO, O UTILIZADOR RECEBE CONVITES PARA ENSAIOS ABERTOS INAUGURAÇÕES DE EXPOSIÇÕES E OUTRAS ATIVIDADES CULTURAIS

COMO SE CONSTRÓI UMA MICROREGIÃO

6

Page 7: O Quadrilátero em destaque no JN

ProgramaçãoPaulo Cunha,

de Famalicão, e Ricardo Rio, de Braga, elogiaram coordenação das quatro

cidades

COMO SE CONSTRÓI UMA MICROREGIÃO

7

Page 8: O Quadrilátero em destaque no JN

FORÇAS

Problemas na acessibili-dade a relevantes polos

tecnológicos e industriais do território e baixa ca-pacidade de fixação de

visitantes

Rede de transportes pú-blicos com baixa cobertu-ra fora dos centros urba-nos e elevada utilização do transporte individual

Forte dinâmica industrial e elevada intensidade ex-

portadora e reforço da capacidade competitiva das indústrias tradicio-nais (moda, design, joa-

lharia, calçado)

Dispersão de empresas e do Sistema Científico e Tecnológico, o que difi-culta o estabelecimento de parcerias e ganhos de

escala

Declínio demográfico em Barcelos e Guimarães, elevados níveis de de-

semprego e níveis ainda reduzidos de qualificação

de empresários, face a médias europeias

Elevada dinâmica de en-tidades regionais, in-fraestruturas e ensino com elevada reputação e massa crítica científica

relevante em vários domínios

DESAFIOS

Facilidade de acesso à rede rodoviária, ferroviá-ria, e relativa proximida-de do Porto de Leixões e do Aeroporto Francisco

Sá Carneiro

Participação no Eixo Atlântico dos quatro

municípios e de Braga e Guimarães na Rede

Portuguesa de Cidades Inteligentes

Complementaridade entre quatro municípios: está presente a especiali-zação em alguns domí-nios da indústria, dos

serviços e da agricultura

COMO SE CONSTRÓI UMA MICROREGIÃO

8

Page 9: O Quadrilátero em destaque no JN

DE ONDE VEIO E PARA ONDE DEVE IR O QUADRILÁTERO

le ano celebra-se o primeiro protocolo e um acordo de prin-cípio com os quatro municí-pios – Braga, Barcelos, Famali-cão e Guimarães – e com a Uni-versidade do Minho. Porém, mais tarde, em 2007, ao optar pela figura jurídica da Associa-ção de Municípios de Fins Es-pecíficos, a Universidade, a As-

Criado em 2003, o Quadrilá-tero materializa-se como Asso-ciação de Município para Fins Específicos em 2007 com o ob-jetivo de implementar as “ações preparatórias” do pro-grama “Política de Cidades Po-lis XXI” no âmbito das Redes Urbanas para a Inovação e Competitividade. Agregando os municípios de Barcelos, Braga, Famalicão e Guimarães, o Quadrilátero encontra-se agora numa encruzilhada. Prestes a entrar num novo ci-clo de financiamento comuni-tário, como se deve posicio-nar? Mantém-se como um mero mecanismo para anga-riar fundos ou recupera a ideia original de ser um grande pro-jeto político de afirmação ter-ritorial e internacionalização?

José Mendes, vice-reitor da Universidade do Minho e coordenador da UMCidades, recorda como surgiu a ideia de uma união minhota que agre-gasse interesse comuns. “Nasce por volta de 2003, no seio da Universidade do Mi-nho, e o principal impulsio-nador foi o então reitor, Gui-marães Rodrigues”, afirma. Na altura, a ideia era conjugar os objetivos de alguns muni-cípios, da Universidade e da Associação Industrial do Mi-nho para dar escala a esta cen-tralidade territorial.

Inicialmente, o objetivo era agregar todas estes parceiros numa única entidade. Naque-

sociação Industrial do Minho e o Centro Tecnológico das In-dústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal (CITEVE) têm de ser colocados num Conselho Estratégico.

O Programa Estratégico de Cooperação do Quadrilátero estruturou-se em sete gran-des operações: Quadrilátero Digital, Quadrilátero Mobili-dade, Desenvolvimento Ur-bano, Quadrilátero Cultural, Quadrilátero Criativo, Qua-drilátero Empresarial e Qua-drilátero em Rede. “A ideia inicial, que era a de obter ca-pacidade para candidatar pro-jetos transversais aos quatro municípios, acabou por ser ra-zoavelmente cumprida”, con-sidera José Mendes, que foi avaliador externo do progra-ma. “Até agora foi uma coisa positiva. Ultrapassou o bair-rismo e pôs as pessoas a falar e a discutir sobre se deveria ha-ver uma unidade supra-regio-nal, mas poderia e deveria dar um salto de natureza política, de escala, para uma afirmação territorial e posicionamento internacional.”

“Para ser uma marca e se afir-mar como centralidade, o Quadrilátero devia ser um pro-jeto de afirmação política. E devia ser fundado num acordo mais ambicioso”, argumenta. Isto porque, para José Mendes, os quatro municípios “isola-dos não têm escala”. Já em conjunto “têm uma popula-

ção de 600 mil pessoas, uma Universidade com 20 mil estu-dantes e 1500 docentes douto-rados em mais do que um mu-nicípio, a indústria de Famali-cão, as multinacionais em Bra-ga e a cultura em Guimarães. Quando juntamos isso tudo, já se pode promover internacio-nalmente para atrair investi-mento direto ou uma promo-ção numa feira turística.”

Segundo o vice-reitor e es-pecialista em Planeamento Estratégico e Desenvolvi-mento e Ordenamento do Território, o desejável seria “criar uma centralidade que tivesse uma assinatura, uma marca territorial e um conjun-to de valências e atrativos para outros voos e que não fosse apenas um instrumento para arranjar uns projetos conjun-tos”. Porém, isso implicaria a delegação de competências, algo que poderá não ser visto com bons olhos pelos autarcas e, principalmente, pelas suas populações.

“Eles respondem perante um eleitorado municipal, o que quer dizer que, no fim do dia, têm de satisfazer os seus munícipes porque não há um eleitorado do Quadrilátero. No limite, creio que até quere-riam dar esse salto, mas o nos-so sistema de organização e ad-ministração de território tem este problema. Eles respon-dem àquele eleitorado e têm é de dar para aquele eleitorado”.

COMO NASCEU O QUADRILÁTERO

9

Page 10: O Quadrilátero em destaque no JN

NÍVEL DE ESCOLARIDADE - 2011

S/ NíVEL DE ESCOLARIDADEBÁSICO 1.º CICLOBÁSICO 2.º CICLOBÁSICO 3.º CICLOSECUNDÁRIOMÉDIO *SUPERIOR

* Tipo de ensino extinto desde abril de 1974

9333

30 188

20 688

20 058

12 261

6887173

10 441

33 911

19 775

30 771

26 282

1435

29 212

12 043

41 867

21 501

27 000

17 593

939

12 469

9573

32 200

20 163

22 038

15 972

1024

11 245

(POPULAÇÃO RESIDENTE COM 15 E MAIS ANOS)

ALOJAMENTOS FAMILIARES CLÁSSICOS

2012

48

30

9

86

42

3

67

47

6

56

03

7 13

8 2

40

32

3 8

68

PODER DE COMPRA PER CAPITA (%)

2011

72

,59

10

4,1

7

85

,78

83

,92

16

1,6

5 21

6,8

8

EMPRESAS NÃO FINANCEIRAS

2012

11

36

8

18

35

5

13

88

7

11

95

5 35

32

3

93

07

6

ALUNOS INSCRITOSNO ENSINO SUPERIOR

2013

32

62

18

99

2

73 14

45

59

96

5

11

4 7

70

BARCELOS BRAGA GUIMARÃES V. N. FAMALICÃO PORTO LISBOA

INFOGRAFIA

10

Page 11: O Quadrilátero em destaque no JN

PESSOAL DE SAÚDEMÉDICOS

2012

18

8 10

15

41

3

27

6

42

56

83

44

PESSOAL DE SAÚDEENFERMEIROS

2012

50

8 13

78

90

5

62

3

50

28

97

88

NADOS VIVOS2012

93

4 16

55

12

29

10

31

18

42

54

09

PRESTAÇÕES SOCIAIS BENEFICIÁRIOS - 2013

1000

ABONODE FAMÍLIA

RENDIMENTO MÍNIMO

BONIFICAÇÃO POR

DEFICIÊNCIA

SUBSÍDIO DE DESEMPREGO

SUBSÍDIO VITALÍCIO

SUBSÍDIO DE ASSISTÊNCIA À 3.ª PESSOA

SUBSÍDIO POR DOENÇA

SUBSÍDIOSOCIAL DE

DESEMPREGO

PESSOAL DE SAÚDEFARMACÊUTICOS

2012

90 16

2

99

94

51

2

14

99

INFOGRAFIA

11

Page 12: O Quadrilátero em destaque no JN

“QUADRILÁTERO PRECISA DE PROJETOS À SUA ESCALA”

Quadrilátero?

Não queria esquecer a marca industrial, mas temos a mar-ca de identidade histórica, do património classificado e ima-terial de capital europeia de cultura. A cultura é um bom exem-

plo de escala. Pelo que sei, o

cartão cultural tem corrido

bastante bem.

Para a dimensão do Quadri-látero, a bilhética é pouco. Eu estou a lutar por uma gestão em rede dos equipamentos culturais de Guimarães. Por que é que não poderá haver uma gestão em rede dos equi-pamentos no Quadrilátero? Coordenados esses recursos, podemos tornar pujante este território. O principal problema dos

municípios do Quadrilátero

é económico, social, político

ou outro?

Eu diria que hoje o problema do Mundo e do país é político. Se as lideranças políticas anda-rem mal, tudo anda mal. Do ponto de vista do cidadão, eu diria que é económico. Este QREN, o 2014-202, é a

última fonte de alimentação

para este espaço?

Obviamente, o Quadrilátero não aguenta mais quatro anos sem ser uma associação dinâ-mica e realizadora. Se não lhe dermos conteúdo bem visível, não tem condições para conti-nuar. Há um problema com os

um projeto sexy, mas com o

único objetivo de ir buscar

dinheiro ao quadro comuni-

tário. Concorda?

Do ponto de vista do conjun-to, podemos competir com ou-tras macrorregiões, porque so-mos um conjunto geográfico muito interessante. Está a assumir uma questão

muito importante que é a

escala. Mas, a escala, só por

si, é uma palavra. Tem de ter

políticas e estratégias.?

O desafio é precisamente esse. Sabermos o que é impor-tante fazer em conjunto. Não basta ter as coisas no nosso ter-ritório. É preciso divulgar o que temos. E essa divulgação, será muito mais forte, se for feita em conjunto. Guimarães tem um gabinete

de promoção de investimen-

to, Braga criou o InvestBra-

ga, as outras câmaras têm ga-

binetes semelhantes. Não fa-

zia sentido um InvestQua-

drilátero, justamente por

causa da escala?

Poderíamos e deveríamos ter criado uma única entidade de promoção e desenvolvimento. Depois, cada um procura áreas específicas, mas deveríamos ter harmonizado. Era bom ha-ver uma estrutura de promo-ção económica e de captação de investimento dessas, um ra-dar que visse globalmente. O que é que Guimarães apor-

ta de mais importante ao

É correto dizer-se que o Qua-

drilátero tem um problema

de identidade?

Ainda não tem uma forte identidade. Precisa de ser ali-cerçada. O Quadrilátero ou será um

projeto político – porque

ainda não é – ou será nada?

Tem de ser um projeto políti-co, porque tem de ter lideran-ça política. E precisa de uma componente política muito forte, porque é uma associação criada por vontade destes qua-tro municípios. Depreende-se que, até aqui,

em vez do famoso lema dos

mosqueteiros – “um por to-

dos e todos por um” –, tem

sido cada um por si? Não foi liderado politica-

mente a não ser na sua funda-ção. Nos últimos anos, não houve reuniões estratégicas de trabalho por parte dos au-tarcas. De certa maneira, re-metemos para a componente técnica todo o processo de afirmação. Acha que o Quadrilátero

pode ou deve assumir um

conjunto de competências

que hoje são das câmaras?

Não. O que se pretende com o Quadrilátero não pertence às competências das câmaras, nem a outras entidades que já operam no território. O Qua-drilátero tem uma escala e pre-cisa de projetos a essa escala. A ideia que dá é de que este é

ENTREVISTA

12

Page 13: O Quadrilátero em destaque no JN

PerfilDepois de oito anos

como vice-presidente, o economista do PS suce-deu a António Magalhães na presidência da autar-

quia vimaranense

autarcas e eu também tenho esse defeito. Na defesa do nos-so território, nós criamos mui-tos muros. E, às vezes, é difícil avançarmos. Isso é possível de ultrapassar se todos estiverem dispostos a destruir um bocadinho do seu muro, mas se um em vez de destruir ainda o levanta mais, isso não funciona. A perceção que eu tenho hoje é a de uma plataforma colabo-rativa sem muros. Não vejo em nenhum dos autarcas que não haja uma atitude proativa de construção. A dificuldade tem sido encontrar projetos envolventes e motivadores a este nível. Tem sugestões?

Um é fácil, mas precisa de mais conteúdos à volta, que seria uma associação para pro-jetos de divulgação. Outro é um projeto económico e que passa, desde logo, pelas in-fraestruturas de mobilidade. Ligar Braga, Famalicão e Bar-celos. De Famalicão a Guima-rães, criar uma linha ferroviá-ria que liga à plataforma logís-tica de Famalicão e segue em alta velocidade. É preciso tra-balharmos numa rede de mo-bilidade ferroviária, mas asso-ciada a logística, criando junto dos terminais enormes arma-zéns onde o pequeno ou mi-croempresário vai acumulan-do produção, até ter dimensão para ir pela via ferroviária.

ENTREVISTA

13

Page 14: O Quadrilátero em destaque no JN

Os municípios do Quadrilá-tero, apesar de próximos en-tre si, têm taxas de utilização do transporte individual ele-vadas, de acordo com o estudo de mobilidade integrada ela-borado pela associação com-posta por Braga, Guimarães, Barcelos e Famalicão. Em mé-dia, 66 por cento das desloca-ções são feitas de automóvel, sendo que metade da popula-ção tem carro e apenas um em cada dez utiliza transporte co-letivo de passageiros.

Para a avaliação dos princi-pais problemas de mobilidade no território dos quatro con-celhos, o estudo identificou quais as principais zonas urba-nas, periurbanas e rústicas. No primeiro caso, as quatro cida-des destacam-se ao nível da concentração de equipamen-tos. Na zona intermédia en-contram-se três núcleos rele-vantes, que são as áreas com-preendidas por Caldas das Tai-pas (Guimarães), Joane (Fa-malicão) e Lousado (Famali-cão). As restantes foram con-sideradas rústicas.

Esta divisão permitiu expor a falta de coesão entre as redes de mobilidade existentes, con-cretamente ao nível ferroviá-rio. De facto, como constatou o estudo, entre 2000 e 2012 re-gistou-se uma diminuição do uso de transporte coletivo de passageiros em todos os con-celhos menos em Famalicão.

Contudo, este também não é um dado positivo para o con-celho famalicense, visto que já era (e continua a ser) aquele em que menos é utilizado este tipo de transporte, com uma percentagem de 6 por cento da população.

Dos dados analisados desta-ca-se o forte crescimento da utilização de transporte indi-vidual. Em Barcelos aumen-tou 17 por cento, de 50 para 67. Em Braga o aumento foi de 12 pontos percentuais, de 53 para 65. Guimarães é, dos quatro, aquele em que o transporte in-dividual é menos utilizado (63 por cento) mas foi o que regis-tou um maior aumento (23 por cento). Já Famalicão apre-

senta o cenário inverso, pois é aquele em que o aumento foi menor (57 por cento para 69) mas é o concelho em que maior percentagem da popu-lação se desloca de carro.

Apesar disso, nem tudo são pontos negativos no que con-cerne à mobilidade. O estudo refere, por exemplo, que “as deslocações a pé representam um peso apreciável”, com cer-ca de 22 por cento. Por outro lado, 84 por cento da popula-ção tem acesso a autoestradas em menos de 10 minutos, o que se torna relevante tendo em conta que a maioria das pessoas se desloca de carro.

Destaque, também, para a boa acessibilidade rodoviária

a equipamentos escolares e de saúde, saturação média global da rede de estradas muito bai-xa (cerca de 25 por cento) e evolução muito positiva dos principais indicadores de si-nistralidade, com uma redu-ção do número de ocorrências em todos os concelhos.

Para a excessiva utilização do transporte individual não é alheio o facto de “em termos médios, os tempos de viagem em transporte coletivo de pas-sageiros serem cerca do dobro dos possibilitados em trans-porte individual”, refere o mesmo documento. Como maiores constrangimentos estão identificadas as necessi-dades de garantir uma oferta ferroviária homogénea a todo o território, nomeadamente em Guimarães, que não tem ligação direta a nenhum dos outros três.

Como medidas concretas, o estudo aponta a prioridade para a criação de um Centro Operacional da Mobilidade que consiga recolher e anali-sar a informação sobre as prin-cipais dinâmicas de acessibili-dade. Segue-se a urgência na criação de pontos de informa-ção, virtual e física, bem como o lançamento de modelos mais atrativos de uso de trans-portes coletivos, como sejam, por exemplo, cartões promo-cionais de mobilidade entre os quatro concelhos.

DOIS TERÇOS DOS HABITANTES

DESLOCAM-SE DE CARRO

ESTUDO DA MOBILIDADE

14

Page 15: O Quadrilátero em destaque no JN

CONTROLO DO ESTACIONAMENTO PARA DISSUADIR

CARROS

Uma das medidas apontadas pelo estudo de mobilidade inte gra-da do Quadrilátero Urbano para fazer face à elevada taxa de utiliza-ção do transporte individual é o controlo do estacionamento. Atual-mente, “a manutenção do papel do automóvel como foco central do espaço das cidades cria maiores dificuldades de afirmação aos modos coletivos no acesso e serviço de distribuição nas zonas ur-banas”, realça o estudo.

Tal facto tem “impactos negativos em termos da qualidade do es-paço público” bem como na “fluidez e segurança de circulação”. A síntese da oferta e procura de estacionamento nas zonas urbanas centrais dos quatro municípios revela que em Braga e Guimarães a oferta na via pública se encontra saturada de dia e de noite, apesar de serem estas as cidades que mais lugares disponíveis têm.

No caso da cidade bracarense, a oferta presente na via pública aponta para um total de 13460 lugares de estacionamento. Destes, mais de 10 mil estão ocupados pela pr ocura legal e cerca de 5 mil pela procura ilegal, o que torna a procura maior do que a oferta. O mesmo acontece com os 7177 lugares disponíveis em Guimarães. Uma das causas para o estacionamento ilegal prende-se com o não pagamento de tarifas em zonas de estacionamento pago.

ESTUDO DA MOBILIDADE

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Page 16: O Quadrilátero em destaque no JN

Um dos problemas da rede urbana nacional está na ausência de cidades de dimensão média, aquilo a que a política de ordena-mento do território francês designa por “ci-dades médias” e que em França é costume considerar com uma população da ordem dos 300 mil habitantes. Em meados dos anos 60, os professores de Urbanismo – Antão de Almeida Garrett e António Barbosa de Abreu – ensinaram-me que um país com uma boa organização ter-ritorial devia ter uma equilibrada hierar-quia de centros urbanos. Isso significava ter sucessivamente: áreas metropolitanas com mais de um milhão de habitantes, cidades grandes com meio milhão, cidades médias e assim sucessivamente até aos agregados com escassas dezenas de milhares.

Nos últimos 50 anos, Portugal cresceu mal. Em mais de 80% do território, no cha-mado interior, perdeu metade da sua popu-lação, enquanto nos restantes 20%, na orla litoral, se verificou uma forte concentração demográfica em torno dos dois polos urba-nos de Lisboa e Porto.

No caso do Porto, já o urbanista inglês – Prof. Percy Johnson-Marshall – que por cá trabalhou e apresentou, em 1975, o Plano da Região do Porto, propusera a Região Me-tropolitana do Porto, como o semicírculo de 50 km de raio tendo o Porto como cen-tro. Na sua opinião, justificavam-se ações de planeamento integrado nesta vasta e complexa área de conurbação urbana, tais eram as interações entre os seus muitos pe-quenos centros urbanos e a natureza dis-

fazem feiras setoriais para a promoção da atividade económica, mas cujo impacto é meramente local. Se se concertassem, a oferta poderia ter outra dimensão atraindo um maior número de agentes e de visitan-tes externos. Falando em termos turísticos a conjugação de esforços poderia permitir a organização de uma agenda comum, de percursos turísticos conjuntos, cuja promo-ção também teria mais eficaz. O quadriláte-ro, como sistema urbano, poderia desem-penhar as funções de uma cidade média, mas para isso teria de ter maior integração à escala do seu território supramunicipal, tanto em matéria de transporte públicos, como de equipamentos urbanos.

Um passo importante poderia ser a trans-formação do Politécnico do Cávado, em Barcelos, no terceiro polo da Universidade do Minho. A UMinho ganhava dimensão e Barcelos beneficiava de um upgrading na oferta de Ensino Superior, com ganhos de racionalidade evidentes.

Porém, há dificuldades pelo facto dos qua-tro municípios estarem distribuídos por duas comunidades intermunicipais (CIM). Como se sabe, no próximo período de pro-gramação 2014-2020 a descentralização da gestão dos fundos estruturais terá em con-ta esse nível de organização territorial, o que para o quadrilátero torna a vida mais difícil. Enfim, tudo muito difícil, por não haver no nosso país o escalão territorial ade-quado entre o nível central e o nível local para fazer política regional com plena legi-timidade.

QUADRILÁTERO TRANSFORMADO

NUMA CIDADE MÉDIA

persa do seu denso povoamento. Dentro deste domínio territorial desta-

ca-se a Área Metropolitana do Porto, cuja geometria política tem vinda a ser altera-da desde que a Lei de Bases das áreas metro-politanas foi aprovada, em 1991. Mas tam-bém são de relevar vários núcleos urbanos com forte protagonismo económico e so-cial, sendo muito importante o eixo urba-no Braga-Guimarães a que se podem natu-ralmente agregar cidades como Barcelos e Famalicão. Foi assim que se terá chegado à noção de quadrilátero e que se gerou algum consenso sobre a vantagem de concertar políticas urbanas entre os quatro municí-pios do coração do Baixo-Minho. Trata-se de um notável avanço, quando são conhe-cidas as velhas rivalidades entre algumas destas cidades, que projetos comuns como o da Universidade do Minho tem vindo a atenuar.

Qual o balanço que se faz desta experiên-cia? Que se saiba, houve convergência en-tre os quatro municípios em matéria cultu-ral, sendo conhecidas as facilidades conce-didas no acesso conjunto às respetivas agendas culturais. Poder-se-ia ir muito mais longe em temas de interesse comum, tan-to de natureza económica como social, em-bora fosse necessário um esforço político dos quatros municípios para definir em conjunto as matérias onde se podiam ex-plorar complementaridades, para raciona-lizar atuações e ter ganhos de escala.

Dou exemplos. Cada um dos quatro mu-nicípios tem recintos de exposições onde

OPINIÃO

L U Í S

B R A G A

D A C R U Z

E X P R E S I D E N T E

D A

C C D R N

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Page 17: O Quadrilátero em destaque no JN

170 investigadores

O 3B’s alberga 170 investigadores de 20

nacionalidades diferentes. Destes, 70 são

doutorados

3B’S

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Page 18: O Quadrilátero em destaque no JN

3B’S: DAS CALDAS DAS TAIPAS PARA

O MUNDO

3B’S

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Page 19: O Quadrilátero em destaque no JN

O que em 1998 era quase um sonho, tornou-se realidade em menos de duas décadas. Hoje, o 3B’s (Biomateriais, Biodegra-dáveis e Biomiméticos) da Universidade do Minho é um dos principais laboratórios a nível europeu e mundial. O seu fundador e diretor, Rui Reis, diz que nunca viu como um obstáculo o facto de esta-rem longe dos grandes centros de investigação. Pelo contrá-rio, ao estarem em Caldas das Taipas têm coisas que não te-riam se estivessem em Bos-ton, Oxford ou Cambridge. Apesar dos muitos convites para “dar o salto”, Rui Reis ga-rante que nunca irá defraudar as expectativas daqueles que acreditaram no projeto.

“As coisas fazem-se sempre com uma certa ambição, mas não é normal termos chegado onde chegamos em tão pouco tempo. Era quase um sonho. Hoje é uma realidade”, confes-sa o diretor do 3B’s. Porém, Rui Reis e o laboratório querem mais. “Achamos que ainda po-demos melhorar. A nossa lógi-ca de funcionamento é crescer e ir para patamares ainda supe-riores.”

As principais áreas de inves-tigação do 3B’s são Engenha-ria Biomédica, Engenharia de Tecidos, Medicina Regenera-

tiva, Nanotecnologia e Células Estaminais. Atualmente, o la-boratório conta com 170 inves-tigadores, sendo que 70 são doutorados. Têm elementos de mais de 20 nacionalidades e conseguiram atraí-los até Caldas das Taipas. “É muito di-ferente estar aqui. Temos a consciência disso. Mas nunca vimos isso como um obstácu-lo. Mesmo sabendo que às ve-zes é verdade, nunca aceito como argu-mento que as coisas são mais difíceis de fazer aqui. Não é por isso que não po-demos com-petir”. E as várias distinções e colabora-ções com prestigiados institu-tos e laboratórios de todo o Mundo provam-no.

Por outro lado, o enquadra-mento regional e o apoio da Universidade do Minho e da Autarquia, que “têm sido in-críveis”, são oportunidades para terem outras coisas que se calhar não teriam noutro local. “Se calhar não nos sentíamos tão úteis e como um exemplo para a comunidade de que é possível fazer coisas de quali-dade aqui”, afirma Rui Reis.

Ao ser “um exemplo de in-vestigação científica”, além dos fatores diretos de gerar empregabilidade oriunda de todo o Mundo e de ajudar a construir uma região de pro-gresso e competitiva, há uma mais-valia emocional para a região. “Damos autoestima às populações. Sinto isso perfei-tamente”, garante o diretor do 3B’s. “Ficam satisfeitas quan-

do aparece-mos nas notí-cias e conse-guimos ser uma bandeira da região”. Daí o apoio e o re-conhecimen-to que a Autar-quia tem pres-tado ao labora-

tório e também a Rui Reis que, no ano passado, foi homena-geado com o título de cidadão honorário de Guimarães.

O investigador tem noção da importância que o organismo que dirige assumiu na região e por isso diz que não seria leal abandoná-lo, apesar dos mui-tos convites que já recebeu. “Quando se assumem com-promissos com uma universi-dade, com a Autarquia e com as populações e com os inves-tigadores não se tem todos os graus de liberdade. Sair seria

defraudar todas as suas expec-tativas”, considera. “Aceitar um convite, mesmo com um salário melhor e outra visibili-dade, seria esquecer que isto foi um processo de construção coletiva e que tudo poderia co-lapsar se saísse e levasse algu-mas pessoas comigo”.

Por isso, Rui Reis e o 3B’s vão continuar a investigar em áreas inovadoras a partir das Caldas das Taipas. Neste mo-mento, há vários projetos in-teressantes em curso. Por exemplo, uma investigação na área da nanomedicina para en-tender as complexidades das relações entre os materiais e as células para a regeneração dos tecidos. Ou outro projeto ino-vador com materiais de ori-gem marítima para aplicação médica. Neste último caso, es-tão a ser realizados estudos para a valorização, no campo da Medicina, de resíduos da in-dústria pesqueira e de algas. “Muito pouca gente tentou utilizar estes materiais para aplicações médicas e eles têm qualidades muito interessan-tes”, explica Rui Reis. Além destes projetos, o 3B’s vai con-tinuar a dirigir o Instituto Eu-ropeu de Excelência na Enge-nharia de Tecidos e Medicina Regenerativa que tem 22 fi-liais em 13 países diferentes.

BandeiraO 3B’s assume-se como

“uma bandeira da região” que “dá autoestima às

populações” sempre que aparece nas notícias

3B’S

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Page 20: O Quadrilátero em destaque no JN

ENTREVISTA

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Page 21: O Quadrilátero em destaque no JN

próprio país. E isso tem de ser potenciado. Obviamente que a questão de ganhar escala e uti-lizar um instrumento como a InvestBraga numa escala supe-rior é algo que está claramente dentro das nossas premissas. Havendo regionalização,

este espaço ainda faz senti-

do?

Faz. Uma coisa é uma natu-reza administrativa formal com competências adstritas. Outra é esta partilha e otimi-zação de recursos em benefí-cio do território e dos seus agentes, desde logo da popula-ção. Quais são as políticas, as

áreas que devem integrar o

quadro comunitário de

apoio? Obviamente, a competitivi-

dade e o apoio à inovação são centrais nesta interligação en-tre o tecido onde se produz o conhecimento e o tecido eco-nómico. As câmaras têm aqui um efeito catalisador e de arti-culação. É o que temos tenta-do fazer em Braga e pode ser

uma cadência de encontros quase mensais. Há uma pre-disposição de todos para iden-tificar áreas que poderão ser mais bem desenvolvidas a uma escala superior mediante a partilha de recursos. Por exemplo...

Posso falar do sistema de ges-tão de transportes, do desen-

volvimento económico e do apoio ao empreendedorismo ou das redes de apoio à educa-ção e da promoção da cultura. São funções que podemos de-senvolver em conjunto, cha-mando à colação outros agen-tes que não os municípios. Em vez do InvestBraga, em

vez do gabinete que Guima-

rães tem de captação de in-

vestimento, não fazia senti-

do haver um InvestQuadri-

látero?

Há oportunidade para essa co-laboração. Há pouco, dizia que este era um projeto sexy. Eu acho que este é um território sexy. Tem a capacidade de ser, em termos de desenvolvimen-to, o território para o futuro do

feito a uma escala superior. Além dos municípios, temos associações e um tecido econó-mico, empresarial e industrial de muito relevo e temos cen-tros de investigação de alta qualidade e estruturas univer-sitárias. São instituições que, agregadas, criam uma massa crítica muito significativa e po-dem, obviamente, potenciar desenvolvimento económico. Cada um dos municípios

aporta determinadas mais-

valias. Braga tem o quê para

dar ao Quadrilátero

Tem muito. A componente da tecnologia, da nanotecno-logia, o trabalho com o hospi-tal e com a Escola de Ciências da Saúde, uma base industrial de vanguarda na área de ele-trónica, as indústrias da meta-lomecânica e outras indústrias especializadas que estão a pro-duzir para o setor da aeronáu-tica ou automóvel. Para lá da-quilo que é um dos grandes atrativos e tem de ser um eixo central do desenvolvimento desta região, que é a compo-nente turística. O principal problema dos

municípios do Quadrilátero

é económico, social, político

ou outro?

Eu diria que é um problema social, no sentido em que, sen-do fruto do económico, se a economia funcionar, os pro-blemas sociais tendem a ser re-solvidos. Neste contexto, o problema do Quadrilátero ain-da tem muito a ver com as di-ficuldades de empregabilida-de, da reconversão do tecido industrial e das insuficiências em termos de qualificação em áreas relevantes. Esse é o gran-de investimento que tem de ser feito. Porque o desenvolvi-mento económico vem atrás e o problema político já está cla-ramente ultrapassado.

Concorda com a afirmação

de que o Quadrilátero tem

um problema de identidade? Não. Acho que durante mui-

to tempo careceu de um com-promisso, de uma vontade po-lítica. Neste momento, isso foi ultrapassado. O lema dos mosqueteiros –

“um por todos e todos por

um” – poderia ser o do Qua-

drilátero, mas o que se tem

visto é cada um por si.

A cultura foi essa. Durante muitos anos, não houve uma claríssima e empenhada von-tade dos autarcas em estabele-cer projetos comuns. Só quan-do o Governo vinculou o aces-so a determinados fundos co-munitários a iniciativas cola-borativas é que começaram a surgir, mas numa lógica muito fracionada. É correto dizer-se que o Qua-

drilátero ou se transforma

num projeto político ou se

arrisca a não ser nada?

Sim. Até porque a ideia de que era um mecanismo para aceder a financiamentos co-munitários está a cair por ter-ra, com as regulamentações do novo quadro comunitário. Este é um projeto sexy, mas

muitos acham que não pas-

sa desse mecanismo para ir

aos fundos. Deve ser mais do

que isso ou não?

Vai ser mais do que isso. Por-que, agora, as câmaras não vão poder usá-lo para esse fim. A continuar, como irá continuar, poderá suscitar uma abran-gência superior à que tem tido. Faz sentido que as câmaras

possam abdicar das suas

competências para que seja

no Quadrilátero que se de-

senvolvam determinadas

estratégias e políticas?

Estamos a conversar muito intensamente. Desde setem-bro de 2013, temos mantido

Perfil

Professor de Economia no ISAG, Ricardo Rio,

apoiado pela coligação PSD-CDS-PPM, terminou com 37 anos de governa-ção socialista em Braga

“O PROBLEMA POLÍTICO JÁ ESTÁ ULTRAPASSADO”

ENTREVISTA

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Page 22: O Quadrilátero em destaque no JN
Page 23: O Quadrilátero em destaque no JN

GNRation Braga

Legado físico da Capital Europeia da Juventude

de 2012, promove atividades artísticas com ênfase no digital

Page 24: O Quadrilátero em destaque no JN

Centro de Inteligência Têxtil

FamalicãoComposta por um consór-cio de associações do se-tor têxtil que se juntaram para promover a competi-

tividade e inovação

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Page 25: O Quadrilátero em destaque no JN

Cruzeiro do Galo Barcelos

Símbolo da “Lenda do Galo” que popularizou

o Galo de Barcelos e lançou a cidade como Capital do Artesanato

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Page 26: O Quadrilátero em destaque no JN

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Page 27: O Quadrilátero em destaque no JN

Plataforma das Artes e da Criatividade

GuimarãesEmblemática herança da Capital Europeia da

Cultura de 2012, alberga exposições, laboratórios

e ateliês

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Page 28: O Quadrilátero em destaque no JN

A POLÍTICA DE CIDADES

NO CICLO 2014-2020

É hoje consensual que as cidades consti-tuem um elemento de enorme importân-cia para o desenvolvimento sustentável da Europa. Estima-se que mais de dois terços da população europeia (cerca de 350 mi-lhões de pessoas) vivam em áreas urbanas, o que releva bem da importância que assu-mem as estratégias que potenciem as suas oportunidades de desenvolvimento. Serão estas estratégias e as políticas que lhes es-tão associadas que permitirão transformar as cidades em espaços de conectividade, de criatividade e de inovação e as transformem em centros de serviços de um espaço terri-torial mais alargado1.

O próprio conceito de cidade está hoje em mutação: de um racional centrado nas suas fronteiras administrativas e tratadas de for-ma mais ou menos hegemónica será neces-sário, hoje, olhar para estes territórios sa-lientando a sua diversidade e especificida-de dentro da própria cidade (por exemplo ao nível mais micro do bairro ou de áreas espe-cíficas) bem como entender que a polis não se limita aos seus limites administrativos mas abrange uma realidade física e socioe-conómica mais alargada como por exemplo no caso das áreas metropolitanas ou na di-fusão de aglomerações urbano-rurais.

Os desafios que se colocam ao desenvol-vimento dos sistemas urbanos implicam, assim, novos modos de governança que tenham em consideração várias escalas territoriais (supraurbanas, infraurbanas e interurbanas) que permitam às cidades trabalhar em conjunto e reforçar a coope-

ração e o funcionamento em rede com ou-tras congéneres.

As Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto desempenham, neste âmbito, um pa-pel essencial. Mas não detêm o exclusivo da cooperação entre cidades próximas.

A política pública, nomeadamente a fi-nanciada pela política de coesão tem, ao lon-go dos anos, apoiado um conjunto de ações de reabilitação do espaço urbano como for-ma de potenciar as condições de atrativida-de e de desenvolvimento económico, e as-sim da competitividade urbana.

O acordo de parceria do Portugal 2020 re-fere explicitamente que, na perspetiva da política e do desenvolvimento urbano, as-sumem relevância os processos de regene-ração e revitalização urbana nos principais nós estruturantes do sistema urbano nacio-nal, contribuindo não só para a competiti-vidade económica e para a atratividade des-ses centros, como também pelo impulso que proporciona à qualidade de vida e bem--estar dos seus habitantes, numa lógica de promoção de cidades mais compactas, pri-vilegiando um uso mais eficiente do solo, menores deslocações dos seus habitantes e uma oferta de maior qualidade e mais racio-nal de serviços públicos e coletivos.

De forma a tornar as cidades mais susten-táveis, as intervenções deverão privilegiar áreas como a eficiência energética, a mobili-dade, a habitação e regeneração urbana, a me-lhoria da eficiência no uso dos recursos, etc. Neste sentido, os apoios deverão prosseguir três grandes prioridades de investimento: i)

transição para uma economia com baixas emissões de carbono; ii) melhoria do am-biente urbano, revitalização das cidades e de áreas intervencionadas no sentido da re-cuperação e descontaminação de zonas in-dustriais abandonadas e iii) regeneração fí-sica, económica e social de comunidades desfavorecidas.

A criação de um eixo autónomo nos Progra-mas Operacionais Regionais focalizado nos centros urbanos especificamente voltados para a promoção do desenvolvimento urba-no sustentável constitui um exemplo (que não o único) da importância atribuída a estas questões no atual ciclo de programação.

Para o efeito, serão mobilizadas neste eixo prioridades de investimento associadas à mobilidade urbana sustentável, ao ambien-te urbano e à regeneração física, económica e social das comunidades e das zonas urba-nas desfavorecidas.

Importa por fim referir que é da responsa-bilidade de todos os níveis de governação (central, regional e local, em particular aos municípios e às entidades intermunicipais em parceria com agentes privados) garantir que o pleno potencial das cidades e aglome-rações urbanas possa ser aproveitado em be-nefício dos seus cidadãos. Será, neste âmbi-to, o melhor contributo para os objetivos mais gerais enunciados no acordo de parce-ria relativos ao crescimento económico e à coesão social e territorial do país.

11 “Cidades de Amanhã – desafios, visões e perspetivas”, Comissão Europeia, 2011

OPINIÃO

M A N U E L

C A S T R O A L M E I D A

S E C R E TÁ R I O

D E E S TA D O D O

D E S E N V O LV I M E N T O

R E G I O N A L

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Page 29: O Quadrilátero em destaque no JN

59 bolseiros

O protocolo entre a Bosch e a Universidade do Minho já permitiu o recrutamento

de 35 engenheiros para a empresa e 59 bolseiros

para a Universidade

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BOSCH

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Page 30: O Quadrilátero em destaque no JN

FUTURO DA MULTIMÉDIA AUTOMÓVEL EM BRAGA

BOSCH

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Page 31: O Quadrilátero em destaque no JN

A Universidade do Minho e a Bosch Braga têm um curso 14 projetos de investigação que irão culminar, pelo menos, no registo de 10 patentes. O âm-bito desta parceria abrange a pesquisa de novos materiais e de ferramentas inovadoras de produção para a tecnologia de interface homem-máquina na condução. Até 2015, o investi-mento total previsto é de 19 milhões e um protocolo assi-nado entre as duas institui-ções já permitiu o recruta-mento de 35 engenheiros para a empresa e de 59 bolseiros para a Universidade.

Em 1990, o principal objeti-vo da Bosch em Braga era a produção de autorrádios atra-vés de uma parceria entre a Blaupunkt e a Grundig. Em 2008, com a alienação da Blaupunkt, da venda direta e dos serviços de pós-venda, a divisão bracarense de Car Multimedia reorganiza-se e passa a dedicar-se ao desen-volvimento e produção de equipamento original para a indústria automóvel. Saem os autorrádios e entra, vinda da Alemanha, a produção de sis-temas de navegação, na altura a última tendência da multi-média automóvel, e de con-troladores de caldeiras e sen-

sores de ângulo de direção. Hoje, Braga é a unidade pro-

dutiva da Bosch Car Multime-dia na Europa e a maior fábrica do grupo em Portugal com cer-ca de 2000 co-laboradores. Especializada em tecnolo-gia e soluções de multimé-dia automó-vel, a unidade acompanhou as mais recen-tes inovações e produz hoje tecnologia de vanguarda. Por exemplo, saem de Braga os “head up displays” para a BMW que permitem que o condutor veja todas as infor-mações de assistência à nave-gação projetadas no para-bri-sas do veículo ou os “clusters” de instrumentos digitais para os principais fabricantes au-tomóveis a nível mundial. Para se ter uma ideia, mais de 90 por cento da produção é exportada.

No ano passado, a Bosch es-tabeleceu uma parceria com a Universidade do Minho para “acelerar o desenvolvimento de produtos e tecnologias ino-vadoras que respondam às úl-timas tendências do mercado,

tais como conectividade, solu-ções integradas e soluções ‘user-friendly’ altamente efi-cientes”, explica fonte da em-presa alemã. Além disso, refor-

çou o investi-mento em in-vestigação e desenvolv i-mento tecno-lógico (I&DT) com a contra-tualização de um projeto de mobilidade no setor automó-vel no valor de

19 milhões de euros que está a ser desenvolvido nas instala-ções da Bosch e da Universi-dade do Minho.

Segundo a Bosch, a Universi-dade do Minho foi escolhida porque, além de aparecer “nos principais rankings de univer-sidades de excelência a nível mundial”, é “referência em Portugal pela qualidade do tra-balho desenvolvido pelos seus investigadores nas mais diver-sas áreas”. Portanto, esta ins-tituição dá garantias de que os produtos e serviços da Bosch “vivam a reputação de quali-dade, fiabilidade e inovação presente na mente dos consu-midores em todo o Mundo”.

Para a empresa, o projeto de

I&DT “já está a trazer conse-quências positivas para as duas entidades envolvidas e para a região”. Desde logo, permitiu a criação de empregos alta-mente qualificados e a reten-ção de talentos com o recruta-mento de 35 engenheiros para a empresa e 59 bolseiros para a Universidade. Por outro lado, “a parceria tem vindo a atrair a atenção dos principais clien-tes, dentro e fora do grupo Bosch, o que traz perspetivas de um desenvolvimento posi-tivo do negócio no futuro” e a “atração de novos projetos para Braga”.

Um dos objetivos da Bosch é, “numa perspetiva de cresci-mento, reforçar o papel como centro de desenvolvimento e de investigação” e “consolidar este ‘know-how’ produtivo com competências de desen-volvimento acrescidas”. Por tudo isto, a Bosch acredita que “é mais do que natural pensar-mos que esta será uma parce-ria para manter no futuro”. Aliás, a empresa revela que já está a preparar uma candidatu-ra para mais um financiamen-to que irá permitir que as tec-nologias de ponta continuem a ser exportadas de Braga e de Portugal para os mercados mundiais.

Investigação

Os 14 projetos em curso irão culminar, pelo me-nos, no registo de dez

patentes. Ao todo, serão investidos 19 milhões de

euros até 2015

BOSCH

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Page 32: O Quadrilátero em destaque no JN

O programa estratégico do Quadrilátero inclui, dentro das ações propostas no âmbito da operação Quadrilátero Cul-tural, a produção e realização de um evento internacional com o objetivo principal de projetar a Associação de Muni-cípios de Fins Específicos para além das fronteiras do territó-rio nacional.

O Evento Internacional do Quadrilátero concebido, e cuja designação proposta é “Conta-minações in the edge”, preten-de estimular, divulgar e pro-mover projetos e iniciativas que, de forma original e inova-dora, explorem o diálogo e os múltiplos cruzamentos criati-vos possíveis em três áreas cen-trais: arte, ciência e tecnologia. A edição de estreia ainda não tem data marcada mas o con-ceito já está desenvolvido.

Assenta, sobretudo, em três tipos de iniciativas. O roteiro “Contextos de Contamina-ção”, que pretende ser um iti-

SEIS EIXOS PARA APROVEITAR FUNDOS COMUNITÁRIOS

nerário de visitação de cariz turístico, lúdico e educativo, em que abordam diferentes contextos relacionados com a investigação e desenvolvi-mento, ciência, tecnologia e arte, exemplificando o poten-cial de contaminação entre es-tas áreas existentes no seio dos quatro municípios.

Há ainda o festival “Frag-mentos de contaminação”, que é um evento de média di-mensão a ocorrer nos diversos espaços do Quadrilátero e que será centrado na apresentação pública de vários projetos como espetáculos, concertos, performances e exposições. O objetivo é que estas explorem as diversas contaminações possíveis entre o universo da arte, da ciência e da tecnologia.

Por fim, está delineado o pro-grama da conferência interna-cional “Dinâmicas de Conta-minação” que pretende divul-gar e sistematizar a mescla possível entre ciência, arte e

tecnologia. Prevê a realização de conversas informais a reali-zar em diferentes espaços do Quadrilátero, a execução de workshops que possibilitem a apresentação e demonstração de alguns projetos de contami-nação, bem como a produção de uma grande conferência in-ternacional capaz de atrair cientistas, investigadores e ar-tistas reconhecidos.

Destaque, também, para a presença da lista de patrimó-nios e manifestações culturais de natureza imaterial que vão estar presentes nestes eventos. No que concerne aos mais rele-vantes existe a olaria e o figura-do de Barcelos, o bordado de Guimarães, os trabalhos em ce-râmica tradicional, os bordados de crivo de Barcelos, os cavaqui-nhos e as violas de Braga, para além de vários artesãos, dos quatro concelhos, que conti-nuam a desenvolver trabalhos em linho e tecelagem, cestaria, madeira, ferro e latoaria.

EVENTO INTERNACIONAL

32

Page 33: O Quadrilátero em destaque no JN

TemasEstão a ser preparados

três eventos para internacionalizar o Quadrilátero

em torno da Arte, Ciência e Tecnologia

GRANDE CONFERÊNCIA INTERNACIONAL ENCERRA PROGRAMA E PRETENDE ATRAIR CIENTISTAS, INVESTIGADORES E ARTISTAS RECONHECIDOS EM TODO O MUNDO

EVENTO INTERNACIONAL

33

Page 34: O Quadrilátero em destaque no JN

“CADA UM TEM A SUA FORÇA, A SUA IDENTIDADE E A SUA MARCA”

ENTREVISTA

34

Page 35: O Quadrilátero em destaque no JN

lógica de identidade, mas não há uma similitude. Cada um tem a sua força, a sua identi-dade e a sua marca, mas sabe-mos unir-nos em torno disso. Que núcleo de competên-

cias deve ser entregue pelas

autarquias ao Quadrilátero?

Faz sentido que as câmaras

abdiquem de competên-

cias?

As câmaras não vão abdicar, têm é que assumir novas. A questão do empreendedoris-mo é um exemplo. É uma área em que a Câmara, muito mais que fazer, tem que criar con-dições para que se faça. Temos de deixar de ser o ator, para passar a ser o coreógrafo, para procurar os melhores atores.

Pode dizer-se que o Quadri-

látero tem um problema de

identidade? Se sim, porquê? O Quadrilátero tem de se

reenquadrar em função das novas circunstâncias, temos que pôr o Quadrilátero ao ser-viço do território. O quadro comunitário Portugal 2020 está muito mais vocacionado para valorizar o território, tor-ná-lo mais competitivo em contexto de rede com os agen-tes locais. Obviamente, tam-bém as câmaras, mas como elementos aglutinadores. Isso exige um processo aprofunda-do, porque eu entendo que tem um contexto de oportu-nidade que vai muito além dos fundos comunitários. Ain-da que não os houvesse, mes-mo assim justificava-se a exis-tência do Quadrilátero. O Quadrilátero ou é um pro-

jeto político ou arrisca-se a

não ser nada? Exatamente. Tem que ser

um projeto político, que reú-na a vontade desde logo dos autarcas, porque têm uma for-ça que não pode ser negligen-ciada. É preciso que esse com-promisso político seja bem se-dimentado, e eu devo confes-sar que tenho notado por par-te dos meus colegas uma enor-me vontade e muito empe-nho para que este projeto seja bem sucedido. A ideia que existe é que até

agora foi cada um por si e

para si, e desde há um ano

que é um por todos e todos

por um. Neste momento, o Quadri-

látero assenta em quatro pila-res que estão coesos e concen-trados num propósito, sabem convergir naquilo que é essen-cial e que deixam à margem aquilo que são as diferenças que existem, porque os terri-tórios são diferentes. Há uma

dem facilitar, convocar os agentes e servir de referen-cial. Fala-se muito em diplo-macia económica a nível in-ternacional, mas também é preciso diplomacia económi-ca dentro de fronteiras. No quadro que agora está a termi-nar, só cerca de seis por cento das empresas portuguesas ti-veram acesso a fundos comu-nitários. E foram as grandes empresas, com dimensão in-ternacional. A nossa ambição é passar de seis para 40 ou para 50. Mas não basta dizer que todos têm acesso aos fundos, porque na prática isso não acontece. Não têm escala, sentem-se afastadas e acham que é impossível chegar lá. As câmaras podem dar dimensão, acompanhamento e aconse-lhamento para que essas opor-tunidades sejam aproveita-das. Um exemplo relativo à ten-

tativa de captação de inves-

timento: no lugar de um In-

vestBraga, não deveria estar

um InvestQuadrilátero?

Isso vai acontecer natural-mente. É a mesma coisa que os espaços culturais. Não existe paralelo, dentro da Europa, equivalente ao Quadrilátero. Podemos, porventura de for-ma ousada, falar aqui numa eurocidade. Não do ponto de vista de os concelhos se fundi-rem, isso é uma ideia errada. O que é desejável são estas plata-formas de interligação e co-municação entre eles. No con-texto europeu, um concelho com 160 mil habitantes é uma cidade pequena. Se nós apare-cermos à Europa como um ter-ritório com 600 mil habitan-tes, é diferente. Essa é a reali-dade que temos de aproveitar. Cada um dos municípios

aporta um conjunto de

mais-valias. O que é que o

PerfilMestre em Ciências Jurí-dico-Políticas por Coim-

bra, Paulo Cunha,43 anos, é o rosto da coliga-ção vitoriosa do PSD e

CDS em Famalicão

seu município tem para dar

para este campeonato? Temos um ADN empreen-

dedor e uma riqueza do ponto de vista da qualificação dos re-cursos humanos. Fomos o melhor concelho para estudar e temos feito um investimen-to muito grande na qualifica-ção do ensino profissional. Do ponto de vista empresarial, temos a marca do têxtil bem vincada, mas temos uma enorme diversidade. O têxtil está muito marcado, mas o Vale do Ave e Famalicão têm muitos setores. E o facto de sermos líderes em setores que começamos a explorar há pou-cos anos, significa que este território, passe a expressão pretensiosa, é um chão fértil. Isso deve-se à dedicação dos empresários, mas deve-se muito à qualificação dos re-cursos humanos. As pessoas são o nosso forte. Onde poria a cruz nesta fra-

se: o principal problema dos

municípios do Quadrilátero

é: a) económico, b) social,

c) político, d) outro? Aposto no “outro”. Acho que

a região tem um défice de in-vestimento público. É um dé-fice que porventura um Go-verno dificilmente agora con-seguirá colmatar. Porque se olharmos para os últimos 20 anos e virmos, do ponto de vis-ta da infra-estrutura pública, a região não recebeu investi-mento proporcional à sua par-ticipação no PIB. Mas eu não quero dizer que agora se deva fazer à pressa uma correção desse défice. Porque porven-tura nós precisaremos de in-vestimento a outro nível, que será mais urgente do que a in-fra-estrutura. Por exemplo, a questão da mobilidade nas quatro cidades é uma questão que queremos resolver.

E é preciso que os autarcas te-nham esta capacidade de às vezes saberem encolher a fa-vor do território. Encolher si-gnifica ajustar a sua dimensão àquilo que o território precisa. Que políticas diferenciado-

ras estão desenhadas, no

âmbito do Quadrilátero,

para aproveitar o próximo

quadro comunitário? Nós já sabemos que dois ter-

ços do Programa Operacional Regional do Norte são dirigi-dos a empresas, emprego e co-nhecimento. São áreas onde as câmaras não tinham ne-nhuma influência, mas de-vem ter, no sentido de serem fatores agregadores, pois têm a dimensão institucional. Po-

ENTREVISTA

35

Page 36: O Quadrilátero em destaque no JN

36

A ESTRATÉGIA COMUNITÁRIA “EUROPA 2020” IDENTIFICA TRÊS VETORES FUNDAMENTAIS DEDICADOS AO CRESCIMENTO E AO EMPREGO NA UNIÃO EUROPEIA

Seis áreasGuia para a internaciona-lização do Quadrilátero identifica vetores para o crescimento empresarial

Page 37: O Quadrilátero em destaque no JN

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Aprovada a 17 de junho de 2010, a estratégia comunitária “Europa 2020” identifica três vetores fundamentais dedica-dos ao crescimento e ao em-prego na União Europeia. A vi-são europeia coincide com os objetivos definidos no âmbito do Quadrilátero empresarial, internacionalização do territó-rio e projeção de estratégias para o futuro.

Em termos europeus, o vetor do “crescimento inteligente” visa desenvolver uma econo-mia baseada no conhecimento e inovação. O “crescimento sustentável” pretende uma economia mais ecológica. Por fim, o “crescimento inclusivo” visa aumentar as taxas de em-prego, bem como a coesão ter-ritorial e social.

Para a prossecução destes ob-jetivos , Portugal vai ter 25 mil milhões de euros em fundos comunitários, para investir até 2020. Estes dividem-se em 16 programas operacionais, regio-nais e temáticos. Para o Progra-ma Operacional Regional do Norte, no qual se inclui o Qua-drilátero, a verba disponível é de 3379 milhões de euros. Há, ainda, mais 12 mil milhões para o país todo, mas divididos pelas temáticas da Competiti-vidade e Inovação, Inclusão So-cial e Emprego, Capital Huma-no, Sustentabilidade e Eficiên-cia no Uso de Recursos, Desen-volvimento Rural e Mar.

De acordo com o guia para a

internacionalização do Qua-drilátero, elaborado no âmbi-to do projeto Quadrilátero Cultural, existem seis vetores considerados “basilares para a melhoria das condições exis-tentes e para a criação de um ambiente favorável à dinâmi-ca e crescimento empresarial.

O primeiro é o desenvolvi-

de associações como esta se po-derem candidatar aos projetos de modernização autárquica com um financiamento de 70 por cento da despesa elegível.

O segundo vetor visa espe-cializar o marketing territorial através da intensificação das ações de divulgação e promo-ção da imagem das cidades e

mento de um modelo institu-cional de governança. Atual-mente, o Quadrilátero é presi-dido, anualmente, por uma au-tarquia diferente. Este foi o modelo seguido, em concor-dância com a recomendação do guia para o Quadrilátero em-presarial. Neste parâmetro, destaque para a possibilidade

região. Segue-se o aprofunda-mento da ligação entre o teci-do empresarial e o Sistema Científico e Tecnológico Na-cional. Aqui, a Universidade do Minho, o Instituto Politéc-nico do Cávado e Ave, bem como a Universidade Lusíada são elementos fundamentais, aliados a centros como o Cite-

RELANÇAR A ECONOMIA COM FUNDOS

EUROPEUS

ve de Famalicão, o Avepark de Guimarães e o Laboratório Ibé-rico Internacional de Nanotec-nologia, com sede em Braga.

Como quarto vetor, surge a criação de espaços e redes de ex-celência para fomentar o em-preendedorismo e os negócios. Como exemplo de iniciativas passíveis de serem cofinancia-das, já existem várias platafor-mas de apoio à criação de em-presas e ideias de negócio, como é exemplo o Concurso de Empreendedorismo da CIM do Ave. De referir que os quatro municípios já têm programas próprios de captação de investi-mento, sendo que nenhum de-les exclui a hipótese de vir a ser criado um projeto regional.

A quinta questão prende-se com a mobilidade e é uma das áreas em que o Quadrilátero mais está focado. Reduzir dis-tâncias, adotar procedimentos bem sucedidos e melhorar as infraestruturas existentes são as prioridades. Como sexto ve-tor de ação, está a qualificação e atratividade do ambiente ur-bano. Neste contexto, o au-mento de residentes com ní-vel de escolaridade de Ensino Superior é um objetivo. Atual-mente, na região do Quadrilá-tero, 12 por cento dos residen-tes têm curso superior. A mé-dia é igual à nacional mas in-flacionada pelos 19 por cento de Braga, sendo que os restan-tes três Municípios estão abai-xo da média.

AGENDA 2020

Page 38: O Quadrilátero em destaque no JN

38

UM QUADRILÁTERO

POUCO POLÍTICO

Quando se juntam 600 mil pessoas, uma grande universidade pública, um dos mu-nicípios mais industriais e algumas das maiores exportadoras nacionais, dois mi-lhares de doutorados, centros tecnológi-cos, a mais experiente estrutura de trans-ferência de tecnologia e de proteção de co-nhecimento no país, um par de grandes la-boratórios internacionais de investigação, um parque de ciência e tecnologia, uns quantos centros de incubação e aceleração de empresas, uma capital europeia da cul-tura, um centro histórico património da Humanidade e dois clubes de futebol pro-fissional de elite, tudo isto num espaço geográfico pontuado por quatro cidades se-paradas entre si por não mais de 20 quiló-metros, qualquer coisa como 10 minutos de automóvel em modernas autoestradas, e distando meia hora de um aeroporto in-ternacional e de um porto de mar, o natu-ral é agarrar a oportunidade, colocar no ter-reno estruturas de coesão e eficiência cole-tiva, arranjar uma marca territorial e ven-der este ativo no espaço internacional.

Assim terão pensado, e bem, Guimarães

Rodrigues, antigo reitor da Universidade do Minho, e os presidentes das câmaras de Barcelos, Braga, Famalicão e Guimarães, quando em 2003 assinaram um protocolo em que se comprometiam a construir em conjunto um modelo de desenvolvimen-to espacial com as cidades a assumirem o papel de motores da região. Acabara de nas-cer o Quadrilátero.

Apesar de um enunciado que indiciava que as desconfianças e rivalidades entre vizinhos poderiam começar a diluir-se, só em 2008, com a assinatura do protocolo de financia-mento entre a Direção-Geral do Ordena-mento do Território e do Desenvolvimento Urbano e os quatro municípios, se passou à ação. Foi desenvolvido um Programa Estra-tégico de Cooperação e criada uma Associa-ção de Municípios de Fins Específicos.

Este desenho acabou, todavia, por se con-verter num mecanismo conjunto dos mu-nicípios para captar fundos comunitários, em valores pouco expressivos e exclusiva-mente a partir de programas de financia-mento nacionais. Sem prejuízo de um par de boas iniciativas, sobretudo na área da

cultura, o Quadrilátero foi definhando e está hoje longe das prioridades dos muni-cípios envolvidos.

Aquela que parecia uma boa ideia corre o risco de se perder nas malhas do nosso mo-delo de gestão do território e, não menos importante, na cultura minhota do mini-fúndio. É que os presidentes de Câmara respondem ao seu eleitorado natural, os seus munícipes, e não sentem motivação em ceder parte da sua autonomia em be-nefício de uma unidade territorial supra-municipal sem qualquer figura adminis-trativa que a legitime.

O problema é que o denso e prometedor ativo com que iniciei este texto só é vendá-vel internacionalmente de forma conjunta. Isto é verdade quando estão em causa ques-tões tão importantes como a atração de In-vestimento Direto Estrangeiro. Ou seja, o Quadrilátero só terá futuro, na plenitude do seu potencial, se for assumido pelos autar-cas como um projeto político, no qual se ex-pressariam territorialmente competências que são hoje exercidas de forma autónoma e disjunta por cada um dos municípios.

OPINIÃO

J O S É

M E N D E S

V I C E

R E I T O R

D A U N I V E R S I D A D E

D O M I N H O

Page 39: O Quadrilátero em destaque no JN

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1084 colaboradores

A Riopele criou 149 postos de trabalho nos últimos anos.

Hoje, a empresa tem 1084 colaboradores. No final dos anos 70, chegaram

a ser 4700

Page 40: O Quadrilátero em destaque no JN

COMO A PAIXÃO SALVOU

A RIOPELE

RIOPELE

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Page 41: O Quadrilátero em destaque no JN

“Com três ou quatro anos, já vinha para aqui brincar. A mi-nha escola foi a fábrica e os meus professores foram os tra-balhadores”. A história de José Alexandre Oliveira, 59 anos, é indissociável da Riopele, em-presa fundada pelo avô em 1927 e da qual é, hoje, presiden-te do Conselho de Administra-ção. Sem esta ligação “apaixo-nada”, José Alexandre já teria fechado as portas da fábrica, como os sócios queriam e os amigos aconselhavam. Mas ele nunca deixou de acreditar. Re-negociou com os principais credores, comprou as quotas dos familiares e pôs em marcha um novo modelo de negócio. Este ano, a Riopele antecipa uma faturação de 78 milhões, quase o dobro de 2010. E nos dois últimos anos criou 149 postos de trabalho, atingindo os 1084 colaboradores.

A Riopele nasceu há 87 anos, com José Dias Oliveira e dois teares, em Pousada de Sarama-gos, Vila Nova de Famalicão. Em 1953, após a morte do pai, José da Costa Oliveira assume a liderança, com apenas 22 anos. Será durante os seus qua-se 50 anos de gestão que a em-presa conhece grande expan-são, tornando-se líder europeia nos tecidos para vestuário a partir de fibras não naturais, em 1977. Nesta era, a empresa emprega 4700 funcionários e, em 1978, até a equipa de fute-bol da empresa, o G. D. Riope-le, sobe à 1.ª divisão.

É neste ano que José Alexan-dre começa oficialmente a tra-balhar na Riopele. “O meu pai empurrou-me muito cedo e hoje agradeço-lhe por isso”, afirma. Na altura, a empresa tem um impacto social e eco-nómico fortíssimo na zona. A casa da avó de José Alexandre, viúva do fundador, era “quase o

departamento social da empre-sa”. “Ela chamava-me e dizia ‘veio cá a Maria e é preciso me-ter os filhos dela’. Eu respondia que já tinha tudo cheio e ela in-sistia ‘mas mete, mas mete’. Ajudava todos”.

Após a morte de José da Cos-ta Oliveira, em 2001, os cinco ramos da família optam por uma gestão partilhada entre-gue a quadros externos. A estra-tégia não resulta e, em 2007, Jo-sé Alexandre Oliveira assume o leme. Leva logo com uma tem-pestade: a crise mundial de 2008/09. “Tivemos de dispen-sar mais de 300 pessoas. A em-presa estava em risco de fechar e todos compreenderam que al-guém teria de sair, para os ou-tros continua-rem”, garan-te. Para o pes-soal, o proces-so foi pacífico, mas para as fi-nanças da Rio-pele foi muito violento.

“As indem-nizações des-capitalizaram a empresa”, recorda Bernardi-no Carneiro, que está na em-presa há 32 anos e é hoje admi-nistrador. Em 2011, entram em negociações com os credores que, para garantir a viabilida-de económica e financeira, exigem que o único membro da família presente na empre-sa, José Alexandre Oliveira, seja o líder do projeto e único sócio. Ele assume a responsa-bilidade e compra as quotas dos familiares, que se afastam em definitivo.

É implementado um plano de modernização do parque in-dustrial, no valor de 10 milhões de euros. A somar à verticalida-de, a flexibilidade tornou-se uma nova vantagem. “Não

apresentamos só o produto in-dicado, mas o produto indicado no tempo indicado”. Focam-se no segmento médio-alto, ade-quam e personalizam propos-tas de valor a cada um dos prin-cipais clientes e avançam para novos mercados: China, Tur-quia ou Rússia.

Apostam na investigação e desenvolvimento através de programas como o “Na-no.Smart”, que melhorou as funcionalidades e característi-cas dos seus tecidos. Por exem-plo, mantendo o conforto, a elasticidade e a respirabilida-de, criaram um tecido que re-pele as nódoas de vinho, azei-te ou café, registado sob a mar-ca “Çeramica Clean”. Por ou-

tro lado, es-treitam as liga-ções às univer-sidades e cen-tros de investi-gação, estimu-lando a criação de ideias e um prémio anual de inovação. Em breve, to-das as áreas de

investigação e de-senvolvi-mento serão agregadas num Polo de Inovação.

Nesta “continuidade evolu-tiva” da Riopele, as pessoas não ficaram para trás. Foi cria-do o Programa Horizontes, para o desenvolvimento de competências e valorização pessoal e profissional dos cola-boradores. “Não é por acaso que a empresa sobrevive. O se-gredo é o know-how existen-te, não do chefe, do engenhei-ro ou do doutor, mas das equi-pas, de toda a gente”, elogia Bernardino Carneiro.

Hoje, o plano começa a dar frutos. Nos mais de 140 mil me-tros quadrados de área coberta, a empresa tem uma capacidade

produtiva de 700 mil metros de tecido por mês. Entre os clien-tes estão Hugo Boss, Giorgio Armani, Versace, Zara ou Cal-vin Klein, e cerca de 98% da produção é exportada.

“Recuando dois ou três anos, ninguém acredita de onde saí-mos e onde estamos agora. Se não tivesse este contacto des-de criança, se tivesse saído da Universidade e depois vindo para aqui, tinha sido mais um a deixar cair a Riopele”, admite José Alexandre Oliveira. Po-rém, por causa do pai e do avô, dos trabalhadores e do nome Riopele, nunca deixou de acre-ditar neste projeto industrial, ao contrário de outros. “Mui-tas das pessoas que, há uns anos, quiseram queimar os têxteis, dizendo que iam aca-bar e que eram um cancro dos tipos dos Ferraris, andam ago-ra a dizer que os têxteis são fan-tásticos. Ainda bem que as pes-soas se convertem. Prefiro tê-los do nosso lado, do que con-tra nós”, considera.

Sobre se as filhas, de 13 e 15 anos, vão a ter a mesma “esco-la” de fábrica, José Alexandre Oliveira diz que não está preo-cupado. “Trago-as aqui e con-to-lhes como era no meu tem-po de criança. Elas gostam de ouvir, mas, como todas as pes-soas daquela idade, acham que não pode ter sido verdade. Não acreditam que eu jogava fute-bol de pés descalços com os trabalhadores ou que as casas não tinham aquecimento”. Garante que a prioridade não é saber se vão ou não seguir as pisadas do pai, do avô e do bi-savô. “O que me preocupa é a continuidade da Riopele, pas-se ela ou não pelas minhas fi-lhas, e é com esse propósito que estamos a preparar equi-pas que trabalhem com a mes-ma paixão e determinação”.

“Çeramica Clean”Fruto da investigação da Riopele, nasceu o tecido

“Çeramica Clean”. Não ab-sorve substâncias que fa-zem nódoas, como café, vinho, azeite e ketchup

RIOPELE

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Page 42: O Quadrilátero em destaque no JN

PerfilO único dos quatro que já vai no segundo mandato. Tem 57 anos, é empresá-rio e independente, em-bora tenha ganho duas vezes nas listas do PS

ENTREVISTA

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Page 43: O Quadrilátero em destaque no JN

uma série de instituições que também devem compartici-par nesse financiamento. Até porque se podem alas-

trar a ambas as CIM.

Tendo em conta a dimensão dos quatro municípios, pode-mos alavancar os outros. Eu di-ria que de uma forma solidária do ponto de vista técnico. E isto é muito fácil de fazer. Se tivermos uma matéria do pon-to de vista jurídico, qualquer um de nós tem juristas. Sob o tipo económico qualquer um de nós tem economistas. E portanto devemos contribuir para esse espaço do ponto de vista técnico, que é um dos problemas com que o Quadri-látero poderá vir a confrontar--se, num futuro próximo, no âmbito do novo quadro. Que núcleo de competên-

cias devem ser entregues

pelas autarquias ao Quadri-

látero? Faz sentido que as

câmaras abdiquem de com-

petências?

Nós temos várias áreas de in-tervenção em que temos de ir muito além dos nossos territó-rios. Aqueles que têm a dinâ-mica e a dimensão devem pen-sar como um todo, neste caso os quatro municípios, mas não nos adianta muito se não alar-garmos a outros. Como digo, qualquer alavancagem que fu-turamente seja feita aqui pelo Quadrilátero tem repercus-sões na envolvente desse pró-prio Quadrilátero. Portanto,

acho muito mais interessante chamar os municípios para uma perspetiva diferente. É possível que esta escala

seja um elemento diferen-

ciador comparativamente a

outras regiões do país?

Eu diria que é o fator diferen-ciador. Nós não podemos ver a nossa região, e essencial-mente o distrito, desligado no seu todo. Até porque do pon-to de vista do interesse temos várias características em con-celhos completamente dife-rentes. Por exemplo, a zona balnear que nós temos aqui, que é Esposende. Quando pensamos no Quadrilátero, pensamos em desenvolvi-mento mas ao mesmo tempo temos de pensar a nível da es-cala empresarial e da explora-ção económica. Nós temos uma série de atividades que, sendo localizadas, todos nós ganhamos se forem postas ao serviço do global. Um exemplo relativo à ten-

tativa de captação de inves-

timento: no lugar de um In-

vestBraga não deveria estar

um InvestQuadrilátero?

Aquilo que for feito um bo-cadinho à escala do distrito, ou das CIM, penso que ganhare-mos todos com essa dimensão. Agora, podemos fazer isto se estivermos desprendidos de determinados complexos. Eu sou daqueles que estou dispo-nível para, se houver um inte-resse muito mais global, ten-tar abdicar de alguns interes-ses locais, sendo certo que, ao abdicar de um interesse local, sei que o global vai beneficiar muito mais. Cada um dos municípios

aporta um conjunto de

mais-valias. O que é que o

seu município tem para dar

para este campeonato? Não é o que podemos contri-

buir mas sim o que podemos ganhar. E eu acredito que o que podemos dar e receber é muito, se formos suficiente-mente inteligentes. Eu dou--lhe um pequeno exemplo: uma gestão diferente nos Transportes Urbanos de Braga. Quando eu falo de criar aqui uma rede intermunicipal não estou a dizer que vamos ter au-tocarros de 15 em 15 minutos, como existe em Braga. Logica-mente que, no caso dos trans-portes, é preciso acautelar aqueles que têm concessiona-do o transporte público. Não estou a falar da possibilidade de os TUB se substituírem ao transporte comum. É para acrescentar, criar circuitos próprios com destinos muito objetivos. Onde poria a cruz nesta fra-

se: o principal problema dos

municípios do Quadrilátero

é a)económico b)social c)po-

lítico d) outro O Quadrilátero tem forçosa-

mente um problema econó-mico-financeiro e tem um problema social muito gran-de, até do ponto de vista do emprego, das dificuldades na Educação. E há um problema que é muito preocupante mas que não estamos a dar muita importância, nós por-tugueses, e acima de tudo os políticos. Nós temos uma perda nos índices de natalida-de que é uma coisa extraordi-nariamente alta. E estamos a falar do distrito mais jovem que, em teoria, devia ser onde há mais nascimentos de crianças. São problemas cujo resultado das medidas que co-mecem hoje só produzem efeito daqui a 20 ou 25 anos. Temos o dever e a responsa-bilidade de resolver, e aqui o Quadrilátero pode ter um pa-pel importante.

Pode dizer-se que o Quadri-

látero tem um problema de

identidade? Se sim, porquê?

O problema de identidade do Quadrilátero tem que ver com a sua duração. Foi estru-turado apenas para o quadro comunitário que está em vi-gência, que é o QREN. E até final do último mandato, a produtividade daquilo que foi a forma como o Quadrilá-tero foi gizado não foi conse-guida. Houve aqui apenas um eixo que eu diria que teve al-gum sucesso, que foi o eixo cultural. Depois, ele perdeu na sua identidade porque é preciso dar-lhe de facto força e cariz político. Neste manda-to já começou a ser dado mas a duração do Quadrilátero está aqui em questão. Temos de discutir se queremos o Quadrilátero e, acima de tudo, que Quadrilátero é que queremos. Concorda, ou não, com esta

afirmação: o Quadrilátero

ou é um projeto político ou

arrisca-se a não ser nada.

Juntando a vontade política, nós temos de lhe juntar a dis-ponibilidade financeira de cada um dos municípios. E isto não é fácil nos momentos que correm. A segunda é que o Quadrilátero não se pode cingir só às quatro cidades. Po-dem ser uma alavanca, mas te-mos de pensar numa dimen-são e dinâmica diferente dos outros municípios. E depois fazer aquilo que foi feito de uma forma sempre muito mo-desta que é chamar toda a so-ciedade civil. Quando falo dis-to falo nos setores do Ensino Superior e empresarial. Para mim, hoje não faz muito sen-tido que as câmaras estejam a sustentar o Quadrilátero do ponto de vista financeiro quando têm, no seu interior,

“SEM VONTADE POLÍTICA O QUADRILÁTERO CAI”

ENTREVISTA

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Page 44: O Quadrilátero em destaque no JN

2,6 milhões

Inaugurado em março, o Digi-tal Games Lab tem laborató-rios de audiovisuais, desen-volvimento de jogos digitais, interfaces e robótica e desen-volvimento de produto. Cus-

tou 2,6 milhões de euros

DIGITAL GAMES LAB

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Page 45: O Quadrilátero em destaque no JN

USAR JOGOS DIGITAIS PARA

“BRINCAR” A SÉRIO

DIGITAL GAMES LAB

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Page 46: O Quadrilátero em destaque no JN

Inaugurado no início deste ano, o Digital Games Lab - Centro de Investigação e Des-envolvimento em Jogos Digi-tais reúne num mesmo teto as principais áreas da Escola Su-perior de Tecnologia (EST) do Instituto Politécnico do Cáva-do e do Ave (IPCA). Localizado no campus de Barcelos, este é um polo de conhecimento e de prática, orientado para o mer-cado e para o produto, que visa a busca da inovação. No seu ca-tálogo, possui projetos premia-dos e jogos que são para ser le-vados muito a sério.

O Digital Games Lab custou 2,6 milhões de euros e nos seus dois mil metros quadra-dos inclui laboratórios de Au-diovisuais, Desenvolvimento de Jogos Digitais, Interfaces e Robótica e Desenvolvimento de Produto. É um espaço de investigação multidisciplinar com infraestruturas e equipa-mentos que dão especial en-foque à área dos jogos digitais. “A aposta nos jogos digitais justifica-se por esta ser uma temática multidisciplinar que engloba as principais áreas da EST: design, informática com uma componente gráfica for-te e a eletrónica com a compo-nente dos interfaces”, explica Nuno Feixa Rodrigues, dire-tor da EST.

No Digital Games Lab, as componentes pedagógica e de

investigação misturam-se, tanto em termos de docentes como de alunos. “Uma insti-tuição de ensino superior para ser uma instituição a sério tem de ter investigação”, jus-tifica Nuno Feixa Rodrigues.

O objetivo do Centro de In-vestigação é juntar todas as valências da EST para “fazer projetos e criar inovação” e tem como grande vanta-gem conseguir ligar rapi-damente todas estas áreas com vista a um objetivo co-mum.

“Muitas vezes, n o u -tras insti-tuições, estas áreas funcionam um pouco isoladas. Aqui, conseguimos juntar todas estas áreas e pessoas, pô-las a falar e a tra-balhar num rumo comum, o que não é nada fácil. Para já, creio que é uma realidade úni-ca a nível nacional, tanto em termos de capacidade humana como de equipamentos”, avança o diretor da EST.

Para aproveitar ao máximo esta capacidade, o Centro quer posicionar-se mais perto do mercado e da investigação aplicada do que da ciência fun-damental pura. Para tal, o Centro e o seu diretor têm

promovido uma série de con-tactos e de reuniões com em-presários para comunicar o potencial que ali está. “Temos tido muita dificuldade em passar a mensagem. Pensava que ia ser mais fácil transmitir o que nós somos e que capaci-dades temos e o que podemos fazer”, lamenta Nuno Feixa Rodrigues. Porém, aos poucos

vão conseguindo. “A gran-de maioria das pessoas

que vêm cá fica sur-preendida com o

que temos”. O diretor

faz ques-tão de

a n u n -ciar que

estão ali para trabalhar e para

aplicar bem aque-les recursos públicos e

que possuem várias mo-dalidades de colaboração.

“Não é por uma empresa não ter capacidade para investir num projeto que nós fecha-mos as portas. Temos também a missão de as apoiar. Desde que vejamos valor nele, te-mos várias formas de traba-lhar num projeto. Obviamen-te, se se quiser um projeto num determinado timing e com uma garantia de sucesso mais elevada, as condições se-rão diferentes”.

Pelos laboratórios da EST já

passaram vários projetos pre-miados. Por exemplo, foi ali desenvolvida e concretizada na totalidade uma “set-top box” revolucionária que ga-nhou um prémio internacio-nal. A Quid Box pode ser con-trolada por gestos ou por voz e, além do tradicional equipa-mento de televisão, inclui aplicações, jogos e videocha-madas com um interface mui-to intuitivo.

Por outro lado, há uma forte ligação ao setor da saúde, gra-ças ao curso de Informática Médica. Neste âmbito, já fo-ram desenvolvidos interfaces robóticos, para serem utiliza-dos em cirurgias, e outras apli-cações, para “jogos” de treino para melhorar e aperfeiçoar técnicas cirúrgicas, um proje-to de realidade aumentada cujo objetivo é projetar infor-mação no próprio paciente en-quanto ele está a ser operado ou juntar em tempo real infor-mação de ressonância magné-tica com o ecógrafo.

Por causa do investimento feito, das boas condições e das pessoas que ali estão a traba-lhar, Nuno Feixa Rodrigues diz que têm uma “enorme res-ponsabilidade”. “Temos todas as condições para estar na li-nha da frente da inovação e fornecer estas condições às empresas e instituições que as queiram aproveitar”.

ComunicaçãoA EST promove contactos e reuniões com os em-

presários para mostrar o seu potencial. As portas estão sempre abertas para novos projetos

DIGITAL GAMES LAB

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Page 47: O Quadrilátero em destaque no JN

BARCELOS Instituto Politécnico do Cávado e do Ave

O Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA), instituição de ensino su-perior público criada em

19 de dezembro de 1994, oferece cursos de licenciatura, mestrados,

especialização tecnológi-ca e pós-graduação, em regime diurno e pós-la-boral. Constituído por

duas escolas, de Gestão e de Tecnologia, promove atividades nos domínios de formação graduada e pós-graduada, com a pre-paração de profissionais

com elevado nível de qualidade.

FAMALICÃO CITEVE

O CITEVE, Centro Tecno-lógico das Indústrias Têx-til e do Vestuário de Por-tugal, é uma organização privada sem fins lucrati-vos com delegações co-merciais no Brasil, Tuní-sia, Argentina, Paquistão, Chile e México. Disponi-biliza às empresas do se-tor do têxtil e do vestuá-rio, principalmente PME (90%), um portfólio de serviços que inclui en-

saios laboratoriais, certi-ficação de produtos, con-sultoria técnica e tecno-

lógica, investigação e desenvolvimento, inova-ção, formação e moda e

design.

GUIMARÃES Avepark

O Avepark é o parque de Ciência e Tecnologia de

Guimarães, implantado a oito quilómetros do cen-tro da cidade. Funciona

desde novembro de 2007 e destaca-se pela incubadora de empresas ligadas à Universidade do Minho. Também é ali

que labora o grupo de in-vestigação 3B (Biomate-riais, Biodegradáveis e

Biomiméticos), que coor-dena o Instituto Europeu de Excelência em Enge-nharia de Tecidos e Me-

dicina Regenerativa.

BRAGA Universidade do Minho A Universidade do Minho (UM) foi fundada em Bra-

ga, em 1973. Também tem dois polos em Gui-marães, mas é em Braga que se concentra a maio-ria das atividades e estu-dantes. Dispõe de 12 es-colas, sendo que a oferta educativa se estrutura fundamentalmente em torno de licenciaturas, mestrados integrados, mestrados e doutora-

mento. Todos estes ciclos de estudos podem ser

frequentados em regime de tempo parcial.

Barcelos

Braga

Famalicão

Guimarães

CIÊNCIA E TECNOLOGIA

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BARCELOS Teatro Gil Vicente

A principal sala de espe-táculos dos barcelenses reabriu no ano passado com uma requalificação

de vulto, após duas déca-das encerrada ao público. O edifício é centenário. Foi inaugurado a 31 de julho de 1902, com uma peça de teatro de revista de assuntos locais, deno-

minada “Barcelos por Dentro”, da autoria de Augusto Soucasaux.

Atualmente, o Teatro Gil Vicente está sob a alçada da vereação da Cultura da Câmara de Barcelos,

que também é responsá-vel pela programação.

FAMALICÃO Casa das Artes

A Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão é um teatro municipal inaugu-

rado a 1 de junho de 2001. A obra do arquite-to Pedro Ramalho – que

remodelou o Teatro Rivo-li, no Porto – distingue-se pela arquitetura ampla,

de grandes janelas rasga-das. Nas paredes do inte-rior, destaca-se a inter-

venção do artista plástico Ângelo de Sousa, que in-troduziu elementos de

cor que evocam ondulan-tes fitas festivas.

GUIMARÃES Centro Cultural

de Vila Flor Nascido em 2005 da re-cuperação do palácio ho-mónimo e espaços adja-centes, o Centro Cultural de Vila Flor é o principal espaço artístico de Gui-

marães. Foi inaugurado a 17 de setembro daquele ano, com um concerto

dos Madredeus e, desde então, já acolheu cente-

nas de eventos. Destaque para a beleza dos jardins que o circundam, premia-dos em 2006 com men-ção honrosa na categoria

espaços exteriores de uso público do Prémio

Nacional de Arquitectura Paisagista.

BRAGA Theatro Circo

Inaugurado a 21 de abril de 1915, é o principal es-paço de espetáculos de Braga e um dos maiores do Norte, com uma sala capaz de albergar 1500

pessoas. Encontra-se classificado como imóvel de interesse público des-de 1983. A tela da boca de cena, com 12 metros de largura por 8 de altu-ra, é da autoria de Do-mingos Costa. A tela da cúpula, da autoria de

Benvindo Ceia, retrata uma dança de ninfas libi-dinosas, e é circundada pela duração de um dia, do nascer do sol ao en-

tardecer, em circuito aberto.

Barcelos

Braga

Famalicão

Guimarães

CULTURA

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Page 49: O Quadrilátero em destaque no JN

BARCELOS Museu da Olaria

Situado em pleno Centro Histórico de Barcelos, o Museu de Olaria foi cria-do em 1963, após a doa-ção de uma valiosa cole-ção recolhida pelo etnó-grafo barcelense Joa-

quim Sellés Paes de Villas Boas. A sua primeira de-signação foi “Museu Re-

gional de Cerâmica”. Mais tarde, passou a chamar-se “Museu de Cerâmica Regional Portuguesa”.

Quando as suas coleções passaram a abranger pra-ticamente toda a olaria nacional, a instituição passou a designar-se “Museu da Olaria”.

FAMALICÃO Casa de Camilo

Considerada a maior me-mória viva de Camilo

Castelo Branco, a Casa de Seide foi o local onde o

escritor concebeu a maior parte da sua obra. O museu ganhou um si-gnificado histórico de

fundamental importância para o conhecimento

profundo da vida e obra do escritor, constituindo cada visita um convite

renovado à leitura de Ca-milo e uma aposta de es-perança na perenidade da cultura e da língua

portuguesa, de que a sua obra constitui afirmação

tão singular.

GUIMARÃES Castelo

Em posição dominante, sobranceiro ao Campo de São Mamede, este monu-mento encontra-se ligado à fundação do Condado Portucalense e às lutas da independência de

Portugal, sendo designa-do popularmente como berço da nacionalidade.

Classificado como monu-mento nacional, em 2007

foi eleito uma das sete maravilhas de Portugal. A

pia onde se afirma ter sido batizado Dom Afon-so Henriques encontra-se

na capela românica da Igreja de São Miguel da Oliveira, no setor oeste

do castelo.

BRAGA Santuário do Bom

Jesus do Monte Este santuário católico

dedicado ao Senhor Bom Jesus é um conjunto ar-quitetónico e paisagístico composto por uma igreja,

um escadório onde se desenvolve a via-sacra do Bom Jesus, uma área de mata (Parque do Bom Jesus), hotéis e um funi-cular. Acredita-se que a primitiva ocupação re-

monte ao início do século XIV, quando alguém terá erguido uma cruz no alto do monte Espinho. Em 1373 já é mencionada

uma ermida no local, sob a invocação da Santa

Cruz. É local de devoção e pereregrinação de fiéis

de todo o Mundo.

Barcelos

Braga

Famalicão

Guimarães

HISTÓRIA E ARTE

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Page 50: O Quadrilátero em destaque no JN

Diretor Afonso Camões

Diretor-Executivo Domingos de Andrade

Diretor de arte Pedro Pimentel

Conceção e paginação Joana Koch Ferreira

e Pedro Pimentel Infografia Cátia Pires

Edição Paula Ferreira

Textos Delfim Machado

e Tiago Rodrigues Alves Fotografia

Global Imagens

Ficha Técnica

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Organização

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Jornal de Notícias 3 de Dezembro

2014

Edição n.º 185