o minuano 127

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Edição 127 de O Minuano, revista do Veleiros do Sul de Porto Alegre, RS, Brasil.

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EXPEDIENTEPALAVRA DO COMODORO

ComodoroNewton Roesch Aerts

Vice-Comodoro EsportivoEduardo Ribas

Vice-Comodoro AdministrativoRicardo Englert

Vice-Comodoro PatrimônioPablo Miguel

Vice-Comodoro SocialEduardo Scheidegger Jr.Conselho Deliberativo

PresidenteLuiz Gustavo Tarrago de Oliveira

Vice-PresidenteCláudio Ruschel

Diretor de Sede e PortoLuiz Vinícius M. de Magalhães

Diretor da Escola de Vela MinuanoBoris Ostergren

Diretor de Parques e JardinsPablo Miguel

Prefeito da Ilha Chico Manoel Luiz Morandi

O Minuano é uma publicação do clube Veleiros do Sul.Fones: 55 (51) 3265-1717 3265-1733 / 3265-1592

Endereço: Av.Guaíba, 2941 Vila Assunção Porto Alegre – Brasil

CEP: 91.900-420E-mails: [email protected]

Twitter: @veleirosdosulSite: www.vds.com.br

PublicaçãoEditor:

Ricardo Pedebos - MTB 5770/RSTextos e Fotos:

Ricardo Pedebos e Ane MeiraFoto Capa:

Carlo Borlenghi / RolexProjeto Gráfico e Diagramação:

Renato NunesFotolitos e Impressão:

Gráfica CalábriaTiragem: 1.500 exemplares

Distribuição: Sócios do VDS, diretorias dos clubes náuticos e marinas do Brasil. Clubes da

Argentina, Chile e Uruguai.

Prezados associados,

Mais uma edição da nossa revista está finalizada. É a terceira de 2012.

A cada nova edição, aumenta a participação de associados colaborando com suas experiências náuticas, diários de bordo, artigos técnicos e em especial de novos patrocinadores, tornan-do sua publicação cada vez mais viável.

Esta Comodoria optou por investir pesadamente em me-lhorias no patrimônio e, consequentemente, no bem-estar do associado, sem esquecer da modernização administrativa e no fomento aos esportes náuticos.

O resultado tem sido excelente, podendo ser observado a cada fim de semana, com o aumento da frequência dos associados, familiares e amigos, bem como num crescente número de velejadores participando dos eventos organizados.

Na área de patrimônio, estamos concluindo o calçamento de um total de aproximada-mente 4.000 metros quadrados, de áreas que facilitarão o acesso a locais muito utilizados, diminuindo e dificuldade de acesso no inverno e poeira no verão.

Também foram concluídas as obras dos quiosques do campo de futebol e da área oeste, bem como das churrasqueiras do mato, totalmente novas e condizentes com as necessidades de conforto e lazer que o associado merece.

A cobertura das oficinas, também foi finalizada, melhorando o atendimento aos associa-dos e dando um novo visual futurístico ao local.

Novo flutuante de 20 metros está sendo colocado no píer de concreto da área leste, junto às churrasqueiras, praticamente finalizando a obra para uso dos associados.

Na ilha Chico Manoel, foram trocadas 28 estacas nos trapiches, que estavam deteriora-das, e realizada cobertura de fibra em todas, evitando infiltração precoce de água. Também foram colocados dois tubulões de borracha, com peso aproximado de duas toneladas cada um e que flutuam, servindo para reduzir as ondas provenientes dos ventos sul e sudeste.

Na área esportiva, as atividades estão de vento em popa, com vários campeonatos sendo realizados. Também está em andamento o projeto Match Race Veleiros do Sul, com resultados excelentes como a vitória da equipe do Veleiros no Sul-americano Open de Match Race, em Belo Horizonte.

No aspecto administrativo, estamos na segunda fase da implantação do novo progra-ma Elite de gestão informatizado. Atualmente o setor administrativo já tem relatórios online da situação de cada associado referente aos pagamentos das contribuições. Na segunda fase iniciaremos o módulo EliteWeb. Estará à disposição dos associados a interatividade, com um ícone de autoatendimento no nosso site www.vds.com.br. O acesso estará disponível (horário comercial) por meio de uma senha a ser enviada a todos os associados, bem como do seu número de matrícula, podendo ser conferida a situação financeira atualizada, o cadastro, alte-ração da senha, segunda via de boleto bancário e também numa fase inicial, a reserva online de áreas sociais, como por exemplo, a Vento Sul.

Cada vez mais, temos certeza do rumo escolhido, ou seja, investir no bem estar do asso-ciado.

Com essa premissa em andamento, a resposta tem sido fantástica, aumentando a satisfa-ção, a participação com sugestões e críticas construtivas e impulsionando cada vez mais nossa embarcação para grandes conquistas.

Bons ventos a todos!Newton Aerts

Comodoro

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Geison Dzioubanov, Ana Barbachan e Gustavo Thiesen foram os vencedores da competição em Minas Gerais

VDS é campeão Sul-Americano de Match Race

O Veleiros do Sul conquistou o título do Campeonato Sul-Americano Open de Match

Race realizado nos dias 25 e 26 de agosto no Iate Clube Lagoa dos In-gleses, em Belo Horizonte (MG). A equipe sob o comando de Geison Mendes Dzioubanov derrotou na fi-nal Renata Decnop (Marinha do Bra-sil-RJ) por 2 a 0 na série de melhor de três regatas.

Nos confrontos para definir o

campeão sul-americano, o barco do VDS velejou sempre na frente en-quanto Decnop sofreu um pênalti em cada uma das regatas e não conseguiu ameaçar o adversário. A competição contou com as melhores equipes de match race do país. O comandante Geison Dzioubanov ressaltou o tra-balho da sua tripulação.

- Fizemos um bom campeonato desde o começo, de todos os mat-ches que corremos perdemos ape-

Três equipes do Projeto Match Race do VDS participaram do campeonato que contou com as melhores tripulações do país

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nas um para a Juliana Motta (RJ), e foi por bico de proa na chegada. A experiência dos velejadores Ana Bar-bachan e Gustavo Thiesen foi funda-mental para vencermos.

Dzioubanov também ressaltou o treinamento das equipes do Projeto Match Race do Veleiros do Sul, que participaram do campeonato.

- Nós fizemos sempre boas pré-largadas procuramos velejar mais pelo vento. Mostramos que estáva-mos bem preparados. A nossa dele-gação contou com três equipes. No final o nosso pessoal ajudou no des-monte dos barcos e guarda do ma-terial, uma disciplina transmitida nos treinamentos no Projeto.

Na classificação geral do Open Juliana Senfft (RJ) ficou em 3º lugar,

A assistente técnica Luciana Castro, do setor de acompanhamento e monitoramento do Ministério do Esporte visitou o clube no dia 7 de agosto para conhecer de perto o Projeto Match Race. Ela assistiu o treinamento das tripulações das categorias de iniciantes e avançados e aproveitou para conversar com os velejadores. Também conheceu as instalações do clube, hangares, guincho, sala de materiais e academia.

Martine Grael (RJ) em 4º e Juliana Motta (RJ) em 5º. A vice-campeã Re-nata Decnop ficou com o título Sul-Americano Feminino.

O Veleiros do Sul participou no Sul-Americano Open com mais duas tripulações: Philipp Grochtmann, Vil-nei Goldmeier e Rodolfo Streibel, 8º lugar, e Alan Willy, Lorenzo Medei-

ros e Martin Rump, 12º. Todos eles pertencem ao Projeto Match Race do Veleiros do Sul que conta com apoio da Lei de Incentivo do Minis-tério do Esporte e patrocínio das em-presas Marcopolo, Randon, Banrisul, Vipal e Ritter. Atualmente participam 15 atletas nos grupos de iniciantes e avançados.

Ministério do Esporte visitou o Clube

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Crioula é o brasileiro destaque na S40

Crioula é o brasileiro destaque na S40

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maior aplauso para a tripulação do Crioula é o reconhecimento da sua garra e talento na raia. Os velejadores que fazem parte da equi-pe da classe S40 que nasceu dentro do Ve-leiros do Sul, têm demonstrado nas compe-tições que o entrosamento e a determinação a bordo fazem aparecer os bons resultados. De junho a agosto, eles foram vice-campeões da Mitsubishi Sailing Cup e na Rolex Ilhabela Sailing Week, e destacaram-se em algumas regatas que chamaram atenção pelas estraté-gias apresentadas na raia.

Nas duas etapas da Mitsubishi Sailing Cup, Ilhabela e Búzios, o Crioula foi o brasi-leiro melhor classificado na competição que teve como vencedor, o Patagônia, da Argen-tina. O tático Samuel Albrecht avalia a parti-cipação do Crioula.

- Encerramos nossa temporada no Brasil com a disputa de três eventos. A Mitsubishi Cup, onde fomos vice-campeões, composta por duas etapas, Ilhabela ficamos em 4º lugar e Búzios em 2º. E na Rolex Ilhabela Sailing Week, onde conquistamos o vice- campe-onato. O balanço é positivo, a equipe vem crescendo e já é mais consistente nos resul-tados. Nós superamos as deficiências que tí-

nhamos na temporada 2011. O Crioula hoje é um barco de chegada, sempre está entre os cinco primeiros colocados nos campeonatos, e isso é importante. Está faltando emplacar um título, ainda não vencemos nenhum e es-tamos trabalhando nesta direção. Já sabemos onde temos que melhorar e os pontos a se-rem aperfeiçoados.

Rolex Ilhabela Sailing Week - O Crioula foi vice-campeão e teve muito perto de ficar com o título da S40, mas um fato polêmico, que extrapolou o evento e foi discutido em âmbito da vela sul-americana, tirou um pou-co o brilho da disputa.

No último dia o Crioula tinha 11 pontos perdidos e o Pajero 9. O Pajero possuía um descarte (3) e o Crioula (5). Foram realizadas duas regatas no dia. A oitava prova foi ven-cida pelo Crioula, mas o Pajero terminou a regata em segundo. O barco gaúcho conti-nuou em desvantagem para a última regata e para vencer o campeonato precisava de um primeiro ou segundo lugar e o Pajero chegar atrás. Qualquer outro resultado perderia.

Polêmica - Ao dar a largada na regata final o Pajero saiu escapado e não retornou para a linha, apesar da sinalização visual da

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Na Mitsubishi Sailing Cup Crioula ficou em segundo lugar

Comissão de Regatas e dos chamados pelo rádio VHF. O barco, que tinha como tático André Fonseca, o Bochecha, continuou no percurso de contravento e mesmo fora da regata foi para cima do Crioula, e todo tem-po atrapalhou o seu adversário. A prova ter-minou com o Carioca em primeiro lugar, o Crioula em quarto e o Pajero desclassificado por OCS. Mas pela pontuação acumulada o título foi do Pajero, por dois pontos de dife-rença, sobre o Crioula.

Levada a questão ao júri internacional, o representante do Pajero alegou que não ou-viu pelo rádio o chamado da Comissão de Regatas e que apenas marcaram o adversário na raia. Por falta de provas o júri considerou que o Pajero não infringiu as regras de má conduta ou antidesportiva.

O comandante “Samuca” diz quais são os próximos desafios do Crioula Sailing Team.

- Seguirá para Buenos Aires, onde par-ticiparemos da última etapa do Circuito Sul Americano de 2012 no início de setembro. No acumulado estamos na 4ª colocação e va-mos brigar para subir na tabela e buscar um lugar no pódio. Após esta etapa, nos concen-traremos nos treinos em Porto Alegre até o

Comemoração brasileira entre argentinos e chilenos

fim do ano, com o Crioula 03, visando nosso grande objetivo, que será o Mundial da classe em janeiro de 2013 no Chile.

A tripulação do Crioula é composta por: Samuel Albrecht, Geison Mendes, Eduardo Plass, Renato Plass, Fabrício Streppel, (Gui-lherme Roth), George Nehm, Alexandre Rosa, Bruni Zirilli e Diego Garay.

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ORION I

Egon Barth adquiriu o Orion I em 1941, em sociedade com José Andino Môna-

co. Ele foi construído em 1936 por Gian Mar-co Gattoni e ficava atracado no trapiche em frente à Av. Brasil com Voluntários da Pátria, em Porto Alegre. Este barco de construção ro-busta, proa de contorno pronunciadamente convexa e de grande lançamento de popa no melhor estilo dos grandes racers, media 12 metros de comprimento, boca de 2m60cm e calado de 1m80cm.

Uma grande reforma feita pelo mestre Baltazar Iglesias da Veiga transformou o gran-de cutter em iole. Egon Barth batizou-o com o nome de Orion, segundo ele, “a mais bela constelação do hemisfério”. Após as obras, o barco foi transferido para o ancoradouro da Pedra Redonda, na enseada a oeste do Mor-ro do Sabiá. A partir daí, passou a navegar intensamente, realizando grandes cruzeiros. Egon Barth, na época, comentou: “Coloca-

mos neste barco o que havia de mais moder-no em aparelhagem para a época”. Passou a navegar com intensidade. Grandes cruzeiros foram efetuados. Em 1944 navegou para Rio Grande. Acumulada a experiência e prática suficiente, o Orion I foi para o mar realizan-do um cruzeiro a Punta del Este, em 1948. Tornando-se o primeiro barco a ostentar a bandeira dos Veleiros do Sul em águas es-trangeiras.

Na viagem ao Uruguai aconteceu um fato hilário. O barco foi rumo ao Iate Clube de Punta del Este. Quando lá chegaram, foram presos pela polícia naval uruguaia porque não tinham documentação exigida na época para viajarem. Assim sendo foram conside-rados clandestinos e então presos. Em Punta

As estrelas que brilharam na classe Oceano

constelação de Órion é fácil de ser enxergada no céu. No seu centro está o Cinturão de Órion, onde se destaca a presença de três estrelas, Mintaka, Alnilam e Alnita, popularmente conhecidas como as “Três Marias”. Por coincidência os três veleiros batizados de Orion tam-bém brilharam na vela brasileira. Eles participaram de regatas internacionais famosas como a Admiral’s Cup, na Inglaterra (Orion III) e Buenos Aires – Rio de Janeiro (Orion II e III), de cruzeiros pioneiros e deixaram a marca da família Barth na classe Oceano nacional.

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Orion I em uma velejada em 1945

Orion I, parada em Rio Grande para a viagem ao Uruguai

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del Este se encontrava, também, o Presidente da República Oriental do Uruguay que soube da prisão dos velejadores. Depois de exami-nar a situação e conhecer o pessoal determi-nou: ”Se desejam desenvolver o turismo em nosso país soltem de imediato os turistas.” Depois do susto nossos velejadores puderam aproveitar as belezas de Punta. Em 1952 foi vendido para um grupo de desportistas que o transferiu para Santos e recebeu o nome de Gaivota.

ORION II

Em 1962, Egon Barth resolveu construir o Orion II, no estaleiro de Roberto Funk.

Seu lançamento aconteceu em 14 de abril de 1965. O barco possuía as seguintes caracterís-ticas: comprimento de 12,5 m, deslocamen-to de 10 toneladas; armado em Iole, deven-do envergar normalmente 80m2 de velame. Possuía oito beliches e primorosa distribuição interna.

Em outubro do mesmo ano, o barco já participava da Regata Porto Alegre/Rio Gran-de, na Festa do Mar, registrando a sua primei-ra vitória. Nesta regata acompanhavam Barth: Bruno Richter, Moeller, Vitor e Paulo Bercht e Ivo Schimidt. Depois do encerramento da regata a tripulação velejou até Montevidéu, retornando em princípios de novembro.

Em fevereiro de 1966 o Orion II seguiu de Porto Alegre para o Rio da Prata a fim de par-ticipar da Regata Buenos Aires/Mar del Plata/ Punta del Este. No dia 16 de fevereiro chega-ram a Montevidéu, pela manhã, substituindo parte da tripulação e de imediato zarparam

para Buenos Aires. O pessoal que estava mais descansado foi conduzindo o barco.

Durante à noite o timoneiro e os ajudan-tes confundiram as luzes da refinaria da cida-de de La Plata com as do canal de acesso ao porto de Buenos Aires. Aconteceu que foram se aproximando da costa e bateram em uma estaca de um velho trapiche, onde o barco ficou preso. Não bastando este acidente, na manhã seguinte um pampeiro (vento forte) arrancou o barco da estaca produzindo um grande rombo e o barco afundou. Não houve feridos, porém os danos materiais foram mui-to grandes. Num grande empenho do Yahct Club Argentino e da Marinha argentina o bar-co foi resgatado. Depois de mais de um ano

Egon Barth no estaleiro Funk, na Tristeza, em 1º de maio de 1964

Orion II em regata próximo ao Clube

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de consertos no casco e em outras partes. O Orion II retornou ao VDS em 13 de junho de 1967 necessitando ainda reconstruir a insta-lação interna.

ORION III

Em 1976, o Orion II foi substituído pelo Orion III, um dos barcos que mais trou-

xe títulos ao Veleiros do Sul e para a vela gaú-cha na época. Projetado especialmente para regatas pertencia a classe IOR “Two Toner”. Sua construção foi toda em madeira lamina-da, medindo 32 pés de rating, calado de 2,19 m, comprimento de 12,5 m, boca máxima

Orion II entrando no porto do Clube no dia do seus batismo, em 14 de abril de 1965

com 3,68 m, altura do mastro de 16, 87 m e área vélica com 90m2. A construção ficou a cargo do estaleiro Barcosul, de Plínio Froener e Darcy Mazin.

O mestre Sérgio Froener foi um dos car-pinteiros navais que ajudou a construir o barco e lembra bem porque foi um trabalho pioneiro para eles: “Orion III foi uma constru-ção inovadora. A partir dele mudamos nosso trabalho. Pela primeira vez usamos madeiras com lâminas mais finas e no final obtivemos menos peso e mais resistência. Lembro bem dos comentários na época, foi uma experiên-cia inovadora na construção de barcos de re-gatas. O Orion era um barco leve e robusto”, conta Sérgio que tinha 23 anos na época.

O desenho do Orion III foi feito pelo con-sagrado estúdio de German Frers, de Buenos Aires. Um dos desenhistas José Alberto Frers veio quatro vezes a Porto Alegre para acom-panhar o desenrolar de sua construção. Em uma de suas visitas explicou: “Procurou-se desenhar um barco para ter uma boa per-formance em todas as condições de vento. É uma embarcação boa para velejar em contra-ventos e com ventos de 20 a 25 nós. Orça em qualquer intensidade de vento.”

A armação do barco em Sloop e a quilha de chumbo pesando quatro toneladas. Frers comentou: “Tivemos o cuidado na distribuição do peso para que não varie quando a tripula-

Dia do lançamento na água do Orion III, em 23 de outubro de 1976

Sérgio Froener ao lado do casco em construção do Orion III no estaleiro Barcosul

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ção está no convés. O desenho do convés foi simplificado ao máximo, para facilitar as ma-nobras da tripulação. Sua tripulação é oito pes-soas. Os barcos desta categoria exigem muito dos tripulantes porque são muito especializa-dos correspondendo a Fórmula 1 dos carros.” O objetivo principal da construção do Orion III foi o de correr a Buenos Aires/Rio de Janei-ro. Em 1977, além de participar da Buenos Aires/Rio, competiu na Admiral’s Cup, obten-do a melhor colocação individual. Em 1979 a família Barth voltou a conquistar o Troféu Seival, encerrando assim, a grande atuação deste barco que foi vendido em 1980 para um iatista carioca.

*Pesquisa Loraine Carvalho, Biblioteca Veleiros do Sul Egon Barth faz um brinde a Netuno no batizado

Em Agosto de 1977 o veleiro “ORION III” participou da Admiral’s Cup, campeonato disputado a cada dois

anos na Inglaterra. O barco pertencia a Egon Barth, veterano velejador do Veleiros do Sul. Projeto de German Frers de 41’, construído no estaleiro Barcosul, de Porto Alegre. Hoje pertence a Kiko Pellicano, segue participan-do de regatas, este ano (2012) em Antigua, Caribe.

TRIpUlAçãOEgon Barth – comandante, Victor Barth – navegador e timoneiro, Nils Ostergren – sail trimmer e tático, Werner Neugebauer – tripulante (estes velejam no “grande oceano”), Andre Barth – tripulante, Léo Penter – tripulante e timoneiro, Jorge Papaléo Vidal – tripulante, Eduardo Scheidegger Jr – tripulante e timoneiro e Carlos Altmayer Gonçalves – tripulante e timoneiro.

Admiral’s Cup: Na época, era o maior campeonato da Europa. Em nível interna-cional perdia em importância apenas para a

Admiral´s Cup:O desafio no Solent

Por Carlos Altmayer Gonçalves (Manotaço)

America’s Cup. Nem os dois grandes circuitos americanos (SORC e Onion Patch) eram tão importantes como a Ad Cup, em parte devi-do a maior participação de países. Cada país era representado por três barcos, com tama-nho limitado conforme o rating IOR, resul-tando em barcos de 37’ a 50’. Participaram em 1977, 19 equipes, total de 57 barcos.

A sede fica em Cowes, Isle of Wight. As regatas são corridas no Solent, área entre a “Isle of Wight” e a costa Sul da Inglaterra, as-sim como no Canal da Mancha (regata média) e também até a costa da Irlanda, por ocasião da maior regata, a FASTNET.

Tripulação: Carlos Altmayer Gonçalves, André Barth, Nils Ostergren, Léo Penter, Werner Neugebauer, Eduardo Scheidegger Jr e Victor Barth. Atrás o comandante Egon Barth

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EqUIpE bRASIlEIRA TIGRE – ICRJ, Fernando Pimentel Duarte.

Barco igual ao Órion, construído em alumí-nio, em Buenos Aires

KAMAIURÁ – ICS, Egon Falkemberg; ou-tro Frers, este um 43’ em fibra, construído em Buenos Aires, no estaleiro Frers.

ORION III – já descrito acima, foi o me-lhor barco da equipe, seguido do Tigre.

A equipe brasileira ficou em 12º lugar. Em 1º Reino Unido, 2º EUA, 3º Hong Kong, 4º Alemanha e 5º Itália

Regatas: A Admiral’s Cup é disputada em paralelo com a “Cowes Week”, esta é anual. São três regatas “inshore”, corridas no Solent, percurso de 15 a 25 milhas. Channel Race: regata média que cruza o canal da Mancha, indo até a costa francesa e retornando, ten-do uma perna em uma das costas, para fazer um triângulo, há várias opções de percurso, a escolha depende do vento. Percurso ao redor de 200 milhas náuticas.

Fastnet Race, a regata longa, larga em Co-wes, segue até a costa da Irlanda, onde fica a Fastnet Rock (uma ilha de pedra com um belo farol), daí retorna à costa da Grã Breta-nha, chegando na cidade de Plymouth, num total de 605 milhas náuticas. Participaram cerca de 300 barcos no total.

O transporte do barco era algo que de-mandava tempo e esforço de parte da tripu-lação. O embarque foi fácil, num navio do Loyd Brasileiro, em Porto Alegre. Orion foi le-vado a motor até o cais do porto e atracamos a contrabordo do navio, sendo então erguido pela grua do próprio. O berço foi enviado pouco tempo antes, de caminhão. Amarra-mos o barco, auxiliando os taifeiros do navio,

Embarque do veleiro no navio Lloyd Liverpool em Porto Alegre

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No convés do barco: Carlos Altmayer Gonçalves, Werner Neugebauer, Eduardo Scheidegger e Victor Barth

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com respeito a pontos de maior resistência para fixação dos cabos, etc.

O navio era esperado no porto de Ha-vre, França, após 30 dias de viagem. A equi-pe de “resgate” era formada por Andre Barth, Eduardo Scheidegger Jr, Jorge Papaleo Vidal e Carlos Altmayer Gonçalves. Chegamos na França e no contato com a agência do Ha-vre, fomos informados que estava atrasado em cinco dias. Plano B, alugamos um carro e fomos assistir ao Grande Prêmio da França de Fórmula I, em Clermont Ferrand. Depois, seguimos ao Havre. Recebemos o barco e cruzamos a motor para Lymington, situado no próprio Solent. Não tínhamos cartas da região, fomos a “cheiro”, baseados em mi-nha memória, já que em 1975 havia partici-pado deste campeonato como tripulante do “PROCELÁRIA”, então pertencente a Fernan-do Pimentel Duarte, do ICRJ. Quando soube deste fato, o comandante Egon quase ficou de cabelos em pé (só não ficou por falta dos cabelos).

O retorno deu-se na Holanda, assim, após a Fastnet Race, velejamos cerca de 600 milhas náuticas até Breskens (Holanda) onde Orion foi deixado aos cuidados de Franz Mass, o construtor do SAGA e PROCELÁRIA, para fazer o embarque dentro de algumas semanas, também num navio brasileiro (este frete era cortesia do Loyd Brasileiro).

A participação neste evento, de um barco construído em Porto Alegre, com tripulação do Veleiros do Sul, foi um fato de suma im-portância para o esporte gaúcho e nacional.

Além do “PROCELÁRIA”, que foi adqui-rido em 1976 pelo associado do VDS, José Carlos Bohrer, também fazia parte de nos-sa flotilha, “DON ALBERTO”, um FRERS 43, como o KAMAIURÁ, que participou da Admiral’Cup de 1975, na equipe Argentina. Pertenceu a Jorge Ardrizo e depois a Werner Hunsche, ambos associados do VDS.

Assim, tínhamos nesta época, no Veleiros do Sul, três barcos participantes de recentes edições da Admiral’s Cup: Procelária, Don Alberto e Orion III; posição difícil de ser igua-lada por outro iate clube.

Muito aprendemos neste campeonato; no retorno, ao participar das nossas regatas locais, este conhecimento foi sendo dissemi-nado entre os demais velejadores. Dos tripu-lantes do “ORION III”, Nils Ostergren era o

único não residente no RS; paulista de nasci-mento, criado no RS, onde velejou de Snipe e Oceano, na ocasião residia no RJ onde era sócio da Veleria Pellicano.

Os que “já viajaram”, velejaram até a hora de embarcarem para o grande oceano; os demais seguem velejando por aqui, trans-mitindo aos próximos seus conhecimentos adquiridos nesta campanha e no dia a dia das velejadas, que como a vida, é um eterno aprender.

A vela é um esporte para toda a vida. O veterano velejador German Frers, correu a regata Buenos Aires / Rio de 1979 como navegador do “FORTUNA II” (Frers 55’ da ARA), contava então com 79 anos!!!

Orion III velejando em Cowes

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Gabriel Lopes, 11 anos, integrará a equipe brasileira que disputará o Campeonato

Norte-Americano de Optimist, de 20 a 28 de outubro, no México. O representante da floti-lha Minuano quer chegar bem preparado na competição que será disputada no lago Aván-daro, em Valle de Bravo, 156 km da Cidade do México. Essa será sua primeira experiência em campeonato internacional. Além dos trei-nos no Guaíba, Gabrielzinho pretende partici-par de competições fora do estado. “Estamos estudando minha ida em algumas regatas no Rio de Janeiro ou Florianópolis. Antes de em-barcar para o México irei correr o campeonato gaúcho de OP. O Norte-Americano será mi-nha estreia em evento fora do país e de nível internacional”, comenta.

Norte-americano de Optimist

Os velejadores do clube es-tarão novamente em águas

estrangeiras nesse semestre. A equipe do barco Diferencial com Nelson Ilha, Paulo Lemos Ribeiro e Felipe Ilha disputará o Mundial da classe Soling, de 17 a 23 de setembro em Milwaukee, no Es-tados Unidos. A expectativa do time é de uma boa campanha no Lago Michigan: “Alugamos um bom barco, compramos velas no-vas e acreditamos estarmos bem preparados para este campeo-nato. O Paulinho e o Felipe vão ficar em casa de sócios do Mi-lwaukee Yacht Club, que organi-za o campeonato, praxe comum nos Estados Unidos, o que para eles também será uma excelente experiência de intercâmbio, diz o comandante Nelson.

Além do VDS o Brasil tam-bém contará com outra tripula-ção gaúcha, do RGYC, no Mun-dial formada por Henrique Horn Ilha, Fernando Ilha e Gustavo Ilha (VDS).

Rumo ao Mundial de Soling

Nelson, Paulo, e Felipe competirão nos Estados Unidos

Gabriel fará parte da equipe brasileira no México

COMPETIÇÃO

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CLASSE SOLING

Equipe de Gustavo Thiesen foi campeã do Troféu Amizade

jovem tripulação formada por Gustavo Thiesen, Frederico Sidou e Felipe Ilha ficou com o título do Troféu Amizade da classe Soling, realizado nos dias 4 e 5 de agosto no Veleiros do Sul. A boa média dos resul-tados nas regatas (5º, 3º, 4º e 1º) fez os velejadores do barco Diferencial chegar até a vitória da competição, que originalmen-te foi concebida como um desafio entre as flotilhas gaúcha e paranaense.

O Troféu foi tão equilibrado entre os primeiros colocados que o resultado só foi definido nos detalhes da disputa. Todas as regatas tiveram que ser repetidas por larga-rem escapados e algumas terminaram em bico de proa.

O timoneiro Thiesen, 22 anos, que se dedica a classe 470 e Oceano obteve sua primeira vitória no Soling: “Foi uma com-

Troféu teve largadas concorridas que deram trabalho para a Comissão de Regatas

petição muito boa porque a classe conta com equipes parelhas e compostas por ve-lejadores de bom nível”.

Em segundo ficou o El Demolidor, de Kadu Bergenthal. Ele vinha bem na classi-ficação geral com grande chance de ficar em primeiro, mas sofreu uma batida do Diferencial, de Rio Grande, na montagem de bóia de contravento na última regata e ficou de fora da prova. Kadu entrou com pedido de reparação que foi acatado pela comissão de protesto. Após o julgamento foi concedido à média de pontos das rega-tas corridas.

As regatas realizadas na raia de Ipane-ma, no Guaíba, foram com vento sul de in-tensidade média de 12 nós. O Troféu Ami-zade teve a participação de 12 barcos de clubes de Porto Alegre e Rio Grande.

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CLASSIFICAÇÃO FINAL

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Gustavo, Frederico e Felipe ficaram em primeiro lugar

CLASSE SOLING

1º Diferencial - Gustavo Thiesen, Frederico Sidou e Felipe Ilha (VDS) 8.02º El Demolidor - Kadu Bergenthal, Eduardo Cavalli e Gabriel Graça (VDS) 9.4

3º Tereza - Niels Rump, André Serpa e Philipp Grochtmann (VDS) 10.04º Dont Let Me Down - Cícero Hartmann, Flávio Quevedo e André Renard (VDS) 10.0

5º Idéia Fixa - André Warlich, Eduardo Rocha e Rafael Paglioli (CDJ) 12.06º Coringa - Guilherme S. Roth, Carlos Trein e Roger Lamb (VDS) 13.0

7º Cachaça –André Gick, Caio Vergo e Erik Siegmann (VDS) 15.08º Vento e Alma - José Ortega, Manfredo Floricke e Matheus Lamb (VDS) 16.0

9º Bossa Nova - George Nehm, Marcos Pinto Ribeiro e Lúcio Pinto Ribeiro (VDS) 18.010º Insano - Marcus Silva, Carlos F. Hofsttaeter e Régis Silva (VDS) 27.0

11º Dysdobre - Henrique Horn Ilha, Fernando Ilha e Eduardo Devilla (RGYC) 31.012º Isaak Radin, Rafael Russi e Carlos Bombardelli (VDS) 34.0

A premiação das três primeiras tripulações do Troféu AmizadeEl Demolidor chegou perto, mas faltou sorte na última regata

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Campeonato Mundial de Optimist 2012 foi realizado de 15 à 26 de julho em Santo Do-mingo, praia de Boca Chica, na República Dominicana. O time brasileiro contou com a presença dos velejadores Thiago Ribas (VDS/RS), Gabriel Elstrodt (SP), Leonardo Lombardi (RJ), Rodrigo Luz (RJ) e Felipe Rondina (DF), além do técnico Filipe Novello (RJ), o team leader Cássio Lutz do Canto (VDS/RS) e a country leader Carla Splettstosser (VDS/RS). O campeonato foi realizado com a presença de 230 velejadores de 52 países de todos os continentes.

A equipe do Brasil conquistou o 6º lu-gar no campeonato mundial de equipes e o 11º lugar no campeonato mundial individu-al (resultado obtido pelo conjunto dos cinco brasileiros), sendo que a grande campeã foi a equipe da Singapura, tendo conquistado o primeiro lugar geral, feminino, masculino e também por equipes, além de ter quatro ve-lejadores entre os cinco primeiros colocados.

Podemos destacar a disciplina e o inves-timento financeiro da equipe de Singapura e

Ventos desfavoráveis no mar do Caribe

até “sugerir” que tenha um campeonato se-parado somente para eles, porque o nível é altamente profissional e distinto das demais equipes para uma classe de faixa etária média de 10 a 14 anos. Outros países que também obtiveram destaque foram Holanda e Estados Unidos, estes países atribuíram o sucesso ao fato de terem treinos e realizarem campeona-tos com os mesmos técnicos durante todo o ano e no Brasil infelizmente isto não acontece porque cada velejador mora numa cidade di-ferente e somente se encontram para treinar com o técnico durante o campeonato; além disso o treinador normalmente muda anual-mente e não consegue adquirir experiência em grandes campeonatos internacionais. No caso de Singapura, Holanda, Estados Unidos e outros países de destaque é a mesma pes-soa que os acompanha a muitos anos; antes, durante e depois do campeonato como um representante oficial do país (contratado pela federação e associação da classe).

Infelizmente o campeonato foi realiza-do em uma semana atípica para o Caribe,

MUNDIAL OPTIMIST 2012

O MINUANO20

OCarla Splettstosser/Team leader

Delegação brasileira na abertura do Mundial em Santo Domingo

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com formações de grandes tempestades tro-picais, que trouxeram ventos muito instáveis e fracos. O vento predominante foi SE 135º, chegando a variar de 90º a 170º com inten-sidade média de 6 nós. Na semana anterior ao campeonato, o vento médio foi de 15 nós e no Pré-Campeonato Mundial (com 130 ve-lejadores) o Brasil foi o segundo melhor país, tendo todos os cinco brasileiros entre os vinte primeiros na súmula, infelizmente esta condi-ções não se mantiveram para empurrar nossa experiente equipe.

A maior polêmica do campeonato foi em relação a Comissão de Regatas, que foi considerada pelos técnicos a pior dos últimos 15 anos. Eles redigiram um documento pe-dindo a substituição do oficial de regatas, o que acabou acontecendo nos últimos dois dias. De qualquer forma o campeonato ficou prejudicado, pois não conseguiram comple-tar as regatas programadas e tiveram vários problemas técnicos, incluindo marcas que se moveram durante as largadas e as regatas, falta de equipamento em função da profun-didade (cabos e âncoras) e problemas para alterar as marcas devido às grandes rondadas de vento e ainda outros fatores como manter 230 jovens por 8 horas no mar (e botes de apoio) para não conseguir realizar nenhuma

regata durante todo um dia devido a falta de tomada de decisões corretas.

De tudo, em relação ao Thiago e a equi-pe (que se despediram da classe neste cam-peonato), ficaram três coisas: a certeza de que estavam felizes e comprometidos em fa-zer parte da equipe, a certeza de que pode-riam ter melhores resultados se as condições fossem mais propícias e a certeza de que ain-da poderão realizar ótimos campeonatos em outras classes com toda a experiência obtida. Bons Ventos!

Fonte: Relatório técnico (elaborado pelo team leader e pelo técnico da equipe 2012)

O MINUANO 21

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O MINUANO22

odão começou sua carreira de velejador ex-perimentando diversas classes e acumulou títulos importantes. Na Snipe destacou-se como vice-campeão mundial em 1993, no Brasil, e campeão do Troféu Princesa Sofia e primeiro na classificação geral entre todas as classes participantes, em 1994, na Espanha. E foi campeão mundial de Soling em 2007, na Argentina, entre outros tantos títulos.

Ele também integrou as tripulações dos principais barcos brasileiros da classe Oce-ano em mundiais e regatas internacionais. Costuma se intercalar nas competições de monotipo e oceano, no entanto não escon-de sua atual paixão pela classe S40, onde comanda o leme do barco Crioula, do Ve-leiros do Sul. Agora ele conta um pouco dis-so tudo.

O tripulante do S40 Crioula, George Nehm, 52 anos, é conhecido no círculo da vela como “Dodão” e está entre os mais respeitados timoneiros do país

O homem do leme

Como foi o início da tua trajetória na vela?Foi na minha adolescência, em 1972, na

classe Piranha, um pequeno veleiro. Em segui-da passei para a classe Pinguim, onde estava a maioria da minha geração, pois a Optimist na-quele tempo ainda não tinha por aqui. Depois fui mesclando Snipe, Laser, 470 e por último a Soling e J/24. Meu início foi como proeiro, mas em 1976 já corri o Brasileiro de Pinguim como timoneiro.E nos barcos grandes?

No final da década de 1970, então com 17 anos, fui convidado pelo comandante Vic-tor Barth para correr no Orion III, um dos me-lhores barcos de Oceano na época. As regatas longas precisavam de revezamento nos turnos no timão e foi aí que comecei na Regata Buenos Aires – Rio, em 1979. Esse fato marcou muito

D

Dodão (em pé) é o timoneiro titular do Crioula

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23O MINUANO

minha vida e sempre fui grato ao incentivo do comandante Victor. Em 1981 corri outra Regata Buenos Aires – Rio, mas no Madruga-da, também dividindo os turnos no leme.

Em 1987 competi no veleiro Carro Che-fe, do comandante Lauritz Lachmann (RJ), o Mundial de One Tonner, em Kiel, na Ale-manha. No ano seguinte, com o Black Jack, também do comandante Lachmann, corri o Mundial de One Tonner, em San Francisco (EUA) e a Kenwood Cup International Oce-an Racing Series, no Havaí, que antecedeu o Mundial. Eram barcos que marcaram época na vela brasileira. Depois fui ao Mundial de Quarter Tonner, em 1991 na Grécia. E corri por diversas vezes os Circuitos Rio, Florianó-polis e Conesul. Regatas Santos - Rio e Bue-nos Aires - Punta del Este.E a classe S40, como é navegar nela?

O Crioula é um dos melhores barcos que já naveguei. As regatas da S40 são emo-cionantes, de muita adrenalina. É um barco que tem a agilidade dos monotipos, e na verdade é um deles. É completo e exige uma tripulação bem preparada. O fator humano também conta, sinto-me feliz em fazer parte desta tripulação. A maioria dos barcos conta com profissionais de lugares variados. Já o Crioula tem uma identificação comum entre os seus integrantes e não defendemos mar-cas de empresas, e sim de um Clube.Como é o trabalho de bordo e em espe-cial do timoneiro?

Quando estamos em regata à atenção deve ser total e todo o tempo. A cabeça tem de estar dentro da competição, acom-panhando cada movimento no barco e dos adversários.

O nível da classe sempre está em evolu-ção, basta ficar um campeonato sem correr que certamente já se sente a diferença em relação aos adversários.

A experiência do timoneiro é importan-te, o seu conhecimento de entender o que está acontecendo com o barco, à intuição de prever que algo poderá mudar. Mas timo-neiro não veleja ou ganha a regata sozinho. Tudo é feito em equipe (navegador, tático, trimmeres) que precisa estar bem entrosa-da e treinada, cada um desempenhando sua função. É o resultado dessa soma que leva o barco a andar bem.Os recursos da tecnologia influem muito

George Nehm e Fernando Krahe, campeões do Troféu Sofia, ao lado do Rei Juan Carlos, da Espanha

no trabalho do timoneiro? Como em quase tudo no mundo moderno a

eletrônica também faz parte dos barcos. Quan-do comecei em 1979 no Orion III usávamos somente o sextante. Hoje se veleja com maior precisão. Na S40 o navegador leva um tablet que através de um software tem as informações dos sensores do barco e do GPS, pode-se pre-ver quase tudo: intensidade, força e variação do vento, velocidade do barco, quantos segun-dos se está atrasado ou adiantado em relação a linha de largada, velocidade ideal em cada tipo de vento, ângulos, tempos de bordos. Tudo isso é calculado baseado nas informações do arqui-vo chamado curva polar inserido no sistema. Assim como em outras modalidades esportivas, também temos a nossa estatística. Ao término de cada dia nos reunimos e o navegador (Bruni Zirilli) e o tático (Samuel Albrecht) comentam os dados, onde acertamos e onde precisamos melhorar. E para finalizar. Qual a qualidade principal de um timoneiro?

A principal virtude para ser um bom timo-neiro é ter a tranquilidade de agir na hora certa na regata, saber qual decisão deve ser tomada. E, claro, conhecer e praticar muito, pois o ajuste fino desses fatores leva ao talento.

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a noite de 30 de junho o Veleiros do Sul re-alizou o seu tradicional jantar Queijos e Vi-nhos. A edição de 2012 foi sucesso absoluto de público e contou com a apresentação do espetáculo Tangos e Tragédias. O jantar teve a presença de cerca de 580 pessoas que se divertiram com a atuação da dupla Nico Ni-

queijos e Vinhos com Tangos e Tragédias

Mesas de dar água na boca foram montadas em vários pontos do ambiente

colaiewsky e Hique Gomes, o Kraunus Sang e Maestro Plestkaya, além de se deliciarem com os queijos e os vinhos servidos pelo Barcelos Gastronomia.

O salão social do Clube foi transforma-do em um ambiente aconchegante em tons quentes pela decoradora Cristina Pereira. Mesas de queijos em grande variedade, cal-dos, pães e doces foram distribuídas pelo es-paço ampliado dada a procura de associados pelos convites para a festa, que se esgotaram rapidamente.

Não demorou muito para que o públi-co chegasse para se deliciar com os quitu-tes preparados pelos chefs Aline Trevisan e Pedro Barcelos, do Barcelos Gastronomia. Apesar da temperatura alta para o inverno, o vinho foi a escolha da maioria.

Após as 22h teve início o espetáculo. Kraunus Sang e Maestro Plestkaya contaram

O divertido show da dupla formada pelo Maestro Plestkaya e Kraunus Sang

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N

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Público recorde na tradicional festa do VDS

com a participação de um público empol-gado que acompanhou cada música e se di-vertiu com os dramas e histórias tétricas e hilárias da dupla, velha conhecida de todos. Aplausos e gargalhadas foram o combus-tível do show que teve desde o Copérnico

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até uma versão muito especial de Trem das Onze.

Após o espetáculo, não tardou para que a pista fosse tomada. O DJ Mano Pereira as-sumiu o comando tocando hits que anima-ram os presentes até tarde.

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SOCIAL

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SOCIAL

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A festa de São João foi muito diver-tida e contou com cerca de 400 pessoas que circularam pelo Clu-

be e aproveitaram o clima para relaxar.Depois de uma semana de muita chu-

va, o lindo sol do domingo, 8 de julho, motivou muita gente a sair de casa e apro-veitar a tarde julina. No Clube, a festa já estava montada.

Brincadeiras como a pescaria (que este ano contou com peixes de verdade), jogo da argola, do porquinho, do burri-nho, de mira e muitos outros fizeram a alegria da gurizada que compareceu em peso e à caráter. Outro lugar que esteve movimentado foi a cadeia, com detenções que deram trabalho a tarde inteira para os carcereiros.

No fim da festa a fogueira foi acesa diante da pracinha. Alan Willy conduziu a tocha até a fogueira onde a multidão se aglomerou para assistir as labaredas toma-rem a torre por completo.

Arraial teve brincadeiras e comidas típicas

O bazar voltado ao público feminino foi realizado nos dias 8 e 9 de julho. As quin-

ze expositoras que estiveram no Clu-be trouxeram de tudo: maquiagem, acessórios, roupas, joias e artigos para a casa. Artigos de moda exclusi-vos, itens que são tendência estavam nos displays e araras das expositoras, para a alegria de quem compare-ceu.

O sábado frio fez com que o movimento fosse tímido, mas no domingo o sol encorajou e tirou de casa muita gente. Algumas visitantes trouxeram familiares e amigas para fazer umas comprinhas e colocar o papo em dia. O lounge e o corredor do mezanino do salão social ficaram movimentados.

bazar de Inverno

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Em setembro de 1991 na qualidade de Comodo-ro do Veleiros do Sul recebi do nosso associado Cary Ramos Vale, então presidente do “Farrou-

pilha Grupo de Pesquisas Históricas” uma muda de uma figueira resultante de uma árvore então nascida na “Roda de Proa” do barco “Seival” que na oportunidade foi fes-tivamente plantada nos jardins do clube, próximo das piscinas, por ocasião da realização da Regata Troféu Sei-val daquele ano, cujo o fato foi comentado na revista “O Minuano”, da época, com a foto do plantio.

Na preocupação de motivar o crescimento desta fi-gueira que são árvores centenárias, com a ajuda do Sr. Silvino Silva, que era o então jardineiro do clube, procu-ramos adubá-la e cuidá-la com todo o carinho para que pudesse desenvolver seu crescimento, pois meus amigos

A árvore que veio do marA história de uma figueira originalmente brotada na “roda de proa” do barco “Seival” da epopéia Farroupilha

brincavam que nem meus netos ainda alcançariam a tempo, a sua sombra para “tomar um chimarrão”.

Agora, passados 21 anos surpreendentemente, pois figueira é uma espécie que cresce lentamente, copada ela está linda e viçosa. Encontra-se com um tamanho extraordinário, com raízes que se alastram sob a grama parecendo uma verdadeira serpente e, outrossim, o pró-prio autor já teve a oportunidade de tomar um chimar-rão a sua sombra, não havendo necessidade portando de aguardar que os netos o fizessem...

A propósito das árvores do clube, algumas delas pos-suem histórias muito curiosas, pelas suas origens e pela história dos associados que as plantaram, exemplificando dentre algumas, aquele “ingazeiro” que se encontra na ponta do molhe junto às piscinas foi “plantado” por um pássaro... Como outras árvores que foram também assim semeadas, outras foram, na maioria, previamente plane-jados seus plantios. Mas a dedicação de alguns associa-dos no plantio de árvores ao longo do terreno do clube merece a nossa gratidão e reconhecimento. Cada uma delas tem uma história. Eu destacaria entre os associa-dos que mais contribuíram para o plantio de árvores no Veleiros do Sul a: Gunther Becker, Carlos Lutz, Carvalho Armando, Manfred Floricke, Mário Hoffmeister, Haine de La Rue, Arnaldo Scarrone, Astélio Santos, César Leal de Souza e outros que não me ocorrem no momento, mas que foram autores do plantio de muitas árvores no Clube e cada uma delas tem uma história para contar, tais como o “Cedro do Líbano” que oferece sombra aos marinheiros, próximo do cais das lanchas e os diversos “Pau Brasil” que ornamentam a frente da copa do Clube, assim como inúmeras “Palmeiras” que dão aos nossos jardins um clima bastante tropical, o correr de “ingazei-ros” e “eucaliptos” ao longo da orla, a frente da sede.

Cada fase tem uma história e um personagem...Jorge Vidal: Comandante Jorge Vidal é sócio vetera-

no, está com 80 anos, foi Comodoro e Presidente do Con-selho Deliberativo e autor do livro “Conta Todas Vovô! Velejando e Contando Histórias” e tem ainda muitas his-tórias “ da vida do clube para contar”.

Por Jorge Vidal*

Muda tirada da figueira que nasceu no Seival, barco da Revolução Farroupilha

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Uma pausa no inverno em Porto Alegre permitiu que fosse realizado o Passeio Náutico Recanto do Borghetti, local que pertence à família do fa-

moso músico Renato Borghetti. O dia de sol que parecia ter sido escolhido a dedo, com pouco vento e ondas no rio Guaíba, motivou uma animada trupe de lancheiros e velejadores a se reuniram em um dos pontos de turismo

passeio Náutico Recanto do borghetti

rural e ecológico mais prestigiados do Estado.Cerca de 20 embarcações saíram do Veleiros do Sul

no dia 14 de julho, às 10 horas, acompanhados por um barco de apoio rumo ao sul até o município de Barra do Ribeiro, cerca de 10 milhas de distância, na costa oeste do Guaíba.

Para atracar no local do evento os navegadores con-taram com ajuda de bóias que indicaram o melhor ca-minho até o longo trapiche da propriedade. A chegada foi por volta das 12h e os participantes foram recebidos no restaurante da estância turística, onde um churrasco e comida campeira esperavam para serem saboreados. Após o almoço, todos aproveitaram para relaxar, cami-nhar pelo recanto, jogar bocha e botar o papo em dia ao sol, aproveitando o belo visual à beira do Guaíba. No meio da tarde os navegadores iniciaram o retorno ao clube. O Passeio Náutico contou com o apoio da YachtBrasil.

Ancoradouro do Recanto na beira do Guaíba, em Barra do Ribeiro

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A paixão por navegarNavegar é algo especial que mexe com a alma. A poesia diz que navegar é preciso... Enfim, é um sentimento que tentamos descrever nas frases de nossos motonautas. Navegar é...

David Lasevitch FilhoNavegar é colocar o coração para viajar...

Celestino Goulart FilhoNavegar é, acima de tudo, sinônimo de paz de espírito e confraternização com os amigos, algo que sempre busco ter na minha vida.

Vitor Pereira e Ana Mähler PereiraNavegar é Paixão...Paixão por descobrir lugares e cantinhos novos, paixão em sentir o som da natureza.Paixão por juntar amigos com os mesmos ideais e poder ver as cidades de um ponto de vista único que poucos vêem!Paixão por sonhar em ir, fazer a rota e concretizar...Navegar é respirar, é viver, é sonhar...

Luiz Vinicius Mallmann de MagalhãesReunir a família e amigos; conhecer novas pessoas; desbravar novos horizontes; apreciar lindas paisagens; experimentar o desconhecido; esquecer dos problemas, buscando a paz de espírito; curtir fazer aquele churrasquinho gaúcho; tudo em meio ao que há de mais belo, ou seja, a natureza!Enfim, para mim, navegar é puro êxtase.

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londres 2012: Os bastidores da vela por Nelson Ilha

Pela quinta vez convocado pela ISAF para compor o Júri Olímpico, o árbitro internacional Nelson Ilha diz que apesar de sua experiência ainda sente um friozinho na barriga toda vez que chega a esse maior evento mundial do esporte. Nos Jogos de Londres não foi diferente. Nessa entrevista Nelson conta como foram os bastidores da vela em Weymouth.

omo era a rotina dos juízes?Era bem puxado, levantávamos às 6h30,

café da manhã às 7 horas, pegávamos o ôni-bus às 8h09, detalhe não era às 8 horas e nem 8h10, era 8h09, e chegada para a reunião di-ária às 9 horas. Saíamos para a água às 10h45, e as regatas começavam às 12 horas. Voltáva-mos para terra às 17h30, às vezes às 19h30 e quando julgavamos protestos, às 22 horas.

E a convivência na Marina Olímpica?A interação com atletas está cada vez

mais restrita, a exemplo de outros esportes, não podíamos confraternizar com os atletas e técnicos. Antes tive que assinar uma ficha de isenção de conflito de interesse e citei que havia uma atleta sócia do clube que eu fre-

quentava participando dos Jogos. Por coinci-dência, não fui escalado para nenhuma regata da classe 470 feminina.

Na parte virtual tivemos uma reunião so-bre como se comportar nas redes sociais, o que poderíamos postar e citar as relações de amizade com atletas e publicação de fotos. Mas não era preciso deletar nenhum amigo virtual. Não era permitido fotografar as rega-tas e as postagens tinham que ser na primeira pessoa.

Como foi a parte de organização das regatas?

Tínhamos cinco raias, sendo uma dentro da Marina, outra bem perto da costa aonde se realizaram as Regatas Finais e três raias fora, chamadas de Leste, Oeste e Sul. Os barcos das CR eram catamarãs de 44 pés novos com placar eletrônico na proa e as bandeiras de si-nalização tinham mastros independentes que eram colocados em suportes após serem iça-das.

Os botes do júri haviam sido usados no ano passado e fizemos várias sugestões de me-lhoras, as mais importantes foram atendidas. A organização nos fornecia lanche, bandeiras, um cartão para reabastecimento que era feito na volta da regata todos os dias. Os motores tinham a marca dos fabricantes tapados com adesivos pretos, pois não eram patrocinado-res dos Jogos Olímpicos.

Aliás, este assunto das marcas era trata-do com muita seriedade pelos organizadores.

Existia um tipo de polícia OBS (Olym pic Broadcasting Service) dentro da Marina Olím-pica que controlava as pes soas para que não andassem com nenhuma marca exposta que não fosse dos patrocinadores oficiais.

Neste controle, incluía marca do Laptop, sacolas, roupas, bonés, tudo era tapado com fita adesiva negra. Eu usava minha sacola a

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C

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Em Weymouth, o Brasil teve Nelson Ilha no Júri Olímpico (foto) e Ricardo Navarro como Oficial de Regata

prova d’água do lado do avesso, com isso a água somente entrava, não saía ... rsrsrs ...

A televisão tinha primazia entre as mídias. Na área de regatas só tinham acesso, competi-dores, oficias de regatas, juízes e os barcos das TVs. Os demais ficavam na área de exclusão, em local destinado a eles: técnicos, fotógrafos e jornalistas.

Teve algum caso mais impactante com a arbitragem das regatas?

Teve um caso interessante na disputa pela medalha de bronze no match race entre Rús-sia e Finlândia. Na largada, próximo a bóia os barcos da Finlândia e Rússia ficaram aproados no vento, as finlandesas protestaram as suas adversárias, os umpires deram um pênalti contra a Rússia. A Finlândia acabou ganhan-do a regata. No entanto, o uso da eletrôni-ca fez as russas levarem o caso adiante. A TV transmitia as imagens das regatas, e com óti-ma qualidade. Ao mostrar no telão em terra a largada, com uma visão aérea bem definida de cima da linha, dava clara impressão que os dois barcos largaram escapados, fato que os juízes não puderam perceber na água. Finda a Olimpíada, a Rússia recorreu ao Comitê de

Arbitragem da Olimpíada (CAS) que acabou ratificando a decisão do julgamento porque considerou que a protestante pulou uma eta-pa do processo, que seria primeiramente ir ao Júri Olímpico que atuou na regata. Quan-to à transmissão ao vivo, em outras situações também houve manifestações dos velejadores que assistiam as regatas pela TV, questionando a atuação de alguns competidores bombean-do as velas e balançando o barco, sem que os juízes se dessem conta. Isso nos mostra que daqui para frente a arbitragem na vela terá que conviver com os meios eletrônicos, ou aprender utilizar esses recursos, assim como já acontece em outros esportes.

E a participação brasileira nesta Olim-píada?

O Brasil foi bem nas classes, Star, 470 fe-minino, Prancha a vela Feminina, Prancha a vela Masculina. Foi mal em Finn, Laser Mascu-lino e Feminino.

Em geral nossa imprensa é cruel com os atletas, a cobrança é forte! Muitos países enal-tecem o fato de um atleta ter conseguido o Diploma Olímpico. No Brasil ninguém sabe o que é isso, nem os atletas. Muitos países con-

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PÓDIO DA VELA EM WEYMOUTH

STAR Ouro - Fredrik Loof / Max Salminen (Suécia)

Prata - Iain Percy / Andrew Simpson (Grã-Bretanha) Bronze - Robert Scheidt / Bruno Prada (Brasil)

470 FEMININO Ouro - Jo Aleh / Olivia Powrie (Nova Zelândia)

Prata - Hannah Mills / Saskia Clark (Grã-Bretanha) Bronze - Lisa Westerhof / Lobke Berkhout (Holanda) 6º lugar - Fernanda Oliveira / Ana Barbachan (Brasil)

470 MASCULINO Ouro - Mathew Belcher / Malcolm Page (Austrália) Prata - Luke Patience / Stuart Bithell (Grã-Bretanha)

Bronze - Lucas Calabrese / Juan de la Fuente (Argentina)

LASER Ouro - Tom Slingsby (Austrália) Prata - Pavlos Kontides (Chipre)

Bronze - Rasmus Myrgren (Suécia) 13º lugar - Bruno Fontes (Brasil)

LASER RADIAL Ouro - Lijia Xu (China)

Prata - Marit Bouwmeester (Holanda) Bronze - Evi Van Acker (Bélgica)

25º lugar - Adriana Kostiw (Brasil)

FINN Ouro - Ben Ainslie (Grã-Bretanha)

Prata - Jonas Hogh-Christensen (Dinamarca) Bronze - Jonathan Lobert (França)

19º lugar - Jorge Zarif (Brasil)

RS:X MASCULINO Ouro - Dorian Van Rijsselberge (Holanda)

Prata - Nick Dempsey (Grã-Bretanha) Bronze - Przemyslaw Miarczynsk (Polônia) 9º lugar - Ricardo ‘Bimba’ Winicki (Brasil)

RS:X FEMININO Ouro - Marina Alabau (Espanha)

Prata - Tuuli Petäjä (Finlândia) Bronze - Zofia Noceti-Klepacka (Polônia)

13º lugar - Patrícia Freitas (Brasil)

49ER Ouro - Nathan Outteridge / Iain Jensen (Austrália) Prata - Peter Burling / Blair Tuke (Nova Zelândia)

Bronze - Allan Norregaard / Peter Lang (Dinamarca)

MATCH RACE FEMININOOuro - Tamara Echegoyen / Sofia Toro / Angela Pumariega (Espanha)

Prata - Olivia Price / Lucinda Whitty / Nina Curtis (Austrália)Bronze - Silja Lehtinen’s / Silja Kanerva (Finlândia)

Catamarã da CR e botes

dos juízes a espera

da regata

tam os diplomas olímpicos que conseguiram, valori-zando quase tanto quanto uma medalha. A Fernanda e Ana, por exemplo, ganharam o Diploma e nem sa-bem. Tínhamos que começar a valorizar mais.

O que o Brasil precisará fazer para realizar uma boa competição de vela na Olimpíada do Rio em 2016?

Os investimentos brasileiros são focados nos ta-lentos já formados. A CBVM e o COB concentram-se nas chances reais de medalhas, não há uma polí-tica clara de base.

Este papel de base acaba sendo feito 100% pe-los clubes com investimento privado.

Faço uma brincadeira dizendo que temos um campo super fértil, mas não plantamos nada, cami-nhamos pelo campo e encontramos uma planta que nasceu ao acaso, aí o COB se encarrega de regar, proteger, dar todas as condições. Mas falta plantar, formar novos atletas.

Projetos como o do Veleiros do Sul, indepen-dente da modalidade, faz com que surjam novos ta-lentos que podem ser encaminhados as classes olím-picas que participarão em 2016. Precisamos ter esta visão e criar condições que facilitem nossos jovens experimentarem eventos visando os Jogos Olímpi-cos do Rio.

Teremos alguma novidade para a Olimpíada do Rio?

Não ficarei surpreso se em novembro a dis-cussão sobre as classes olímpicas voltar na ISAF, o Comitê de Match Race colocou uma submissão, pe-dindo que seja reconsiderada a participação do MR em Olimpíada, especialmente depois da experiência positiva das finais de Londres.

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ecentemente participei de regatas em que também estavam o ALFARD e o CANGREJO, os dois veleiros que competiram na primeira regata Buenos Aires – Rio. Isto me levou a meditar sobre como teria sido a regata de 1947.

Após alguns meses de pesquisa e com a ajuda do Ricardo Galarce do Yacht Club Argentino, Francisco Billock da Associação Argentina de Veleiros Classicos, Fernando Pimentel Duarte (tripulante do VENDAVAL em 1947) do Iate Clube do Rio de Janeiro, Roberto Geyer do Iate Clube do Rio de Ja-neiro, Jonas de Barros Penteado do Iate Clu-be de Santos, Danilo Chagas Ribeiro (www.popa.com.br) e a Biblioteca do Veleiros do Sul, consegui reunir informações sobre os barcos e como teria sido a regata.

Os destinos Rio Grande-RS e Rio de Ja-neiro eram conhecidos pela flotilha argenti-na, de modo que o litoral brasileiro começou a ser considerado como um destino natural para uma regata de longa distância. Assim sendo, em 1945, Hipólito Gil Elizalde dire-tor da revista Yachting Argentina e a equipe do FJORD II, lançaram a ideia de organizar a Regata Buenos Aires - Rio de Janeiro (1.200 milhas). No Rio de Janeiro, José Candido Pimentel Duarte, diretor da revista Yachting Brasileiro, tratou de implementar a ideia da nova regata oceânica entre os brasileiros.

Em fevereiro de 1946, Duarte foi vele-jando para Buenos Aires em sua iole VEN-

Regata buenos Aires – RioApós o término da II Guerra Mundial, o mundo vivia um tempo promissor e de afirmação da paz entre as nações. Na vela sul-americana surgia um sonho que se concretizou em 1947, a primeira edição da Regata Buenos Aires- Rio.

Por Átila Bohm

R

DAVAL, para consolidar a comissão organi-zadora que se formava. No seu trajeto de ida fez escalas em Punta del Este e Montevideo e, na volta, fundeou em Rio Grande, Porto Alegre, Florianópolis e Santos, onde além de incentivar o iatismo, estimulou outros vele-jadores a participarem do grande evento.

A comissão organizadora, liderada por Hipólito Gil Elizalde e José Candido Pimen-tel Duarte, após 14 meses de trabalho conse-guiu realizar a largada da regata. A imprensa argentina e brasileira deu amplo espaço para o evento. Houve grande apoio das Marinhas

Alfard Baluma Cangrejo

Vendaval, do Brasil, velejando na regata

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Caesar Don Pedrito Eolo

de ambos os países, tanto no patrulhamento da área da regata como no monitoramento dos participantes da regata.

No dia 4 de janeiro de 1947, às 17 ho-ras, largaram nove dos dez barcos inscritos (foto acima). Este foi um grande dia no por-to de Buenos Aires, Dársena Norte, onde se podia ver um lindo espetáculo. As primeiras horas da regata foram de vento Nordeste fraco, com contravento na saída do porto. O VENDAVAL navegava na dianteira, mas após alguns problemas com as velas de proa e o vento aumentando de intensidade, às 20 horas o EOLO assumia a liderança e o VEN-DAVAL em segundo. Em uma hora o VEN-DAVAL o ultrapassava novamente.

No dia 5, ao amanhecer, Montevidéu es-tava no través da flotilha, com o VENDAVAL em primeiro, seguido pelo EOLO. O décimo barco inscrito, FJORD III, ficou pronto e com autorização emitida pela comissão organiza-dora, fez sua largada em solitário.

No dia 6 o vento diminuía gradualmen-te e o VENDAVAL içava novamente a genoa #1 e a mezena.

No dia 7 pela manhã o VENDAVAL per-maneceu encalmado perto a Ilha dos Lo-bos, em frente à Punta del Este, enquanto os barcos que navegavam próximos à terra aproveitavam um vento que soprava junto à costa, tendo assumindo a liderança o VAGA-BUNDO II, seguido pelo EOLO

Às 14 horas entrou um vento sul e foram içados os balões. O VENDAVAL diminuía a distância do VAGABUNDO II, que assumira a liderança. O vento foi aumentando de in-tensidade. O VENDAVAL velejava a 10 nós, aproximando-se do VAGABUNDO II até que a malagueta onde a adriça do balão es-tava amarrada, quebrou soltando a enorme

vela para dentro da água. Toda a tripulação se empenhou em recolher a vela sem lhe causar estragos.

Na altura do Cabo Polônio, o vento vol-tou para Nordeste com rajadas violentas. O VENDAVAL navegava um pouco à frente do EOLO e do ALFARD, com vento de No-roeste moderado. Desta tarde em diante o VENDAVAL perdeu o contato visual com os adversários.

No dia 8 o VENDAVAL fez 195 milhas náuticas com vento Sudoeste.

No dia 9, o vento acalmou e com uma aragem, o VENDAVAL navegou até a Pedra do Campo Bom, a poucas milhas ao Sul do Cabo Santa Marta.

No dia 10, após montar o Cabo Santa Marta, o navio de guerra da Marinha Argen-tina MURATURE aproximou-se do VENDA-VAL para informar que estava a 45 milhas a frente do ALFARD e do EOLO, que navega-vam lado a lado.

Público se aglomera na sede do Yacht Club Argentino, na Dársena Norte, para assistir a largada da primeira Regata Buenos Aires - Rio

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Fjord III Gipsy Vagabundo II

Gipsy com Alfard no fundo na partida em frente ao YCA

No dia 11, de pouco progresso pelos ventos fracos, veio a notícia de que o EOLO havia dado o bordo para o mar, estando a 65 milhas da costa, e o ALFARD escolhera o bordo de terra. Por isso a decisão a bordo do VENDAVAL foi de procurar um rumo media-no, já que não poderia marcar seus adversá-rios, que escolheram estratégias opostas.

No dia 12, o VENDAVAL, o ALFARD e o EOLO estavam praticamente à mesma distância da chegada. O ALFARD por terra, o EOLO afastado da costa, e o VENDAVAL pelo centro. Às 22 horas, segundo reporte do navio da Marinha do Brasil BERTIOGA, o VENDAVAL (na foto ao lado chegando ao Rio de Janeiro) navegava bem com vento Nordeste.

No dia 13 o vento varia de intensidade, de fraco a moderado, e as posições se alter-nam.

No dia 14, na madrugada, o vento ron-da pra Noroeste aumentando de intensida-de. O ALFARD por terra, próximo a Ilhabela, e o VENDAVAL afastado da costa.

Fernando Pimentel Duarte, tripulante

do VENDAVAL, na época com 17 anos de idade, relatou o seguinte: “Vínhamos nave-gando, desde o través de Ilhabela, com um noroeste forte, à velocidade de 9 nós, e sa-bíamos que o ALFARD navegava mais pró-ximo a costa. Ao amanhecer o avistamos a duas milhas da nossa popa”.

No dia 15, às 04 horas, segundo o rela-tório do navio da Marinha do Brasil BERTIO-GA, o ALFARD (foto ao lado, entrando na Baía de Guanabara) encontrava-se 5 milhas atrás do VENDAVAL, próximos ao Rio de Ja-neiro. Às 09 horas o VENDAVAL entra na Baía da Guanabara, seguido a 300 metros pelo ALFARD.

Escoltando os dois veleiros estavam os navios de guerra da Marinha Argentina MU-RATURE e o GOIANA da Marinha do Brasil.

Com todos os panos em cima, vento em popa, os dois veleiros vagarosamente avan-çavam para a linha de chegada.

O ALFARD diminuía a distância para seu adversário e, em uma manobra estratégica, forçaram a proa do VENDAVAL para a Ilha da Boa Viagem na costa de Niterói.

Na última manobra do percurso, o AL-FARD, de 50 pés de comprimento, bem mais leve e com sua tripulação treinada em manobras de regata, executa o jibe com pre-cisão. O VENDAVAL, com 65’ de compri-mento e seu balão de quase 200 m2, execu-ta sua manobra com dificuldade, deixando seu adversário abrir a vantagem de 1 minuto e 30 segundos na linha de chegada.

Assim terminou a primeira regata Buenos Aires – Rio de Janeiro, com o ALFARD fazen-do fita azul e primeiro lugar em tempo cor-rigido. Sua tripulação foi formada por Filipe Justo (comandante), Claudio Bincaz, Benito de la Riega, Humberto Machiavello, Jose H. Monti, Hercules Morini, Alberto Suñer, Fer-nando Soriano e Hugo V. Tedín (na foto ao lado, Duarte cumprimenta Justo, no Rio).

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Baía da Guanabara

Tripulação do brasileiro Vendaval com o comandante José Candido Pimentel Duarte

Tripulação do Alfard com os prêmios da Regata: Copa Argentina, Copa Cidade do Rio de Janeiro, Copa Cidade de Montevidéu e Mala do Correio

ALFARD – Participou de 2 edições da BsAs/Rio. Na edição de 1950 ficou em 8º lu-gar no tempo corrigido.

VAGABUNDO II – Navega no Mediter-râneo com o mesmo nome e participa das regatas do calendário de clássicos.

Tripulação: Eberardo Schweizer (coman-dante), Martin Ezcurra, Lucas Carlos Glastra, Horacio Campi, Manuel Martinez

VENDAVAL – Participou de 3 edições da BsAs/Rio foi Fita Azul em 1950 ficando em 3º lugar no tempo corrigido.

Tripulação: José Candido Pimentel Du-arte (comandante), Vitor H. Demaison, Jose Luiz Pimentel Duarte, Fernando Jose Pimentel Duarte, Francisco Alvarez, Amilcar de Garcia, George Byron Watson, Mario Ramos, Flavio Porto Barroso, João Pinto, Jose Eira

CANGREJO – Participou de 4 edições da BsAs/Rio. Foi vendido para um brasileiro que o rebatizou de Nataly e hoje navega no Brasil com o nome original Tripulação: Jorge Bauer, Rodolfo Rivademar, Emilio Homps

BALUMA – Navega em Buenos Aires com o mesmo nome.

Tripulação: A Rodriguez Etcheto (Co-mandante), Ludovico Kempter, Carlos Stabi-le, Marcial V. Fernandez, José Maria

EOLO – Mudou de nome para Maracai-bo e foi vendido para um brasileiro. Partici-pou de 3 edições em 47, 50 e 53 da BsAs/Rio.

barcos participantes e suas tripulações

Tripulação: Joan Carlos Lone (coman-dante), Miguel Bosh, Toribio de Achaval, Hi-polito Gil Elizalde, Eduardo Casado Sastre, Carlos Ayerza, Adolfo Guido Lavalle, Jayme Llorca

GYPSY III Tripulação: Antonio Recupe-ro (comandante), Rafael Gamba, Eduardo M. Gomez, Alejandro A. Nicola, David Braisted, Antonio Llinares,

FJORD III – Participou de 2 edições da BsAs Rio em 47 ficou 8º e vencendo em 1950 no tempo corrigido. Na regata Newport Ber-muda 1954 foi 1° na Classe.

Tripulação: German Frers (comandante), Arturo C. Llosa, Rodolfo Vollenweider, Ama-deo Ilurralde, Marcelo Petersen

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CAESAR – Dia 08 de janeiro em uma ma-nobra para baixar a vela grande, a adriça tra-vou, impedindo que fosse baixada. Em fun-ção dos fortes ventos, o comandante Roberto Hossman tomou a decisão de pedir ajuda ao navio da Marinha do Brasil Goiana, que o es-coltou até o porto de Rio Grande. Participou de duas edições da BsAs Rio, em 1950 com bandeira uruguaia.

Alfard na frente e Vendaval mais atrás, próximos a linha de chegada na Baía da Guanabara

Tripulação: Roberto Hosmann (coman-dante), Juan Carlos Ure Aldao, Joan Antonio Carlos Verges, Rodolfo E Morelli

DON PEDRITO – Dia 10 de janeiro que-brou o mastro no través de Tramandaí – RS, foi rebocado pelo navio Grajaú da Marinha do Brasil para Florianópolis – SC.

Tripulação: Gustavo Eugênio de Oliveira Borges (cmte), Alberto Niquet, Franz F. Schwl-be, Benevuto Cardu.

RESULTADO DA REGATA BUENOS AIRES - RIO / 1947BARCO LOA ANO COMANDANTE CLUBE PROJETISTA / ESTALEIRO TEMPO

ALFARD 51 1942 Felipe A. Justo YCA Frers 10 17 40 40

VAGABUNDO II 42 1945 Eberardo Schweizer YCA Frers / Astillero Domingo Cattani 11 06 35 21

VENDAVAL 65 1942 Jose Candido ICRJ S & S / Brazilian Coal Rio 10 17 42 12 Pimentel Duarte

CANGREJO 40 1944 Enrique Salzman YCA Frers 11 18 37 46Nataly (Bra)

BALUMA 39 1947 A. Rodriguez Etcheto Niel Sorensen Viale 11 19 48 16

EOLO 47 Juan Carlos Lonne 11 08 50 30Maracaibo

GIPSY III 43 1945 Antonio Recupero YCA Frers / Astillero Domingo Cattani 11 19 51 2

FJORD III 50 1947 German Frers YCA Frers 11 18 51 17

CEASAR 38 1946 Roberto Hosmann Roberto Hosmann

DON PEDRITO Gustavo E. Oliveira Borges

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Já há alguns anos venho ob-servando uma prática irre-gular na navegação noturna

de barcos a vela: utilização da luz de tope do mastro junto com as lu-zes de navegação. Pensava ser uma transgressão voluntária. Como os indivíduos que não usam cinto de segurança durante o tráfego em ci-dades por não acreditarem na sua utilidade. Alguns, embora saben-do que estão cometendo infração, chegam a debochar dos que usam. Muitas vezes, para burlar a lei, pas-sam o cinto sobre os ombros, mas não afivelam.

Em agosto sai numa noite para navegar. Estava bem escura, sem Lua e sem estrelas. De repente ob-servei na minha proa dois pares de luzes brancas e cada par formado por uma luz baixa e outra alta. Não demorei muito para perceber que se tratava de dois veleiros que na-vegavam praticamente no mesmo rumo que eu, um deles mais distan-te e o outro nem tanto. Pensei que estava, mais uma vez, presenciando uma dupla de transgressores rebel-des. Foi quando ouvi pelo VHF, no canal 16, o seguinte diálogo:

- José!... Estás com a luz do tope queimada, ou esqueceste de ligá-la?

- Nada disso. Ela está ligada e eu estou bem na tua popa, por quê?

- Porque estou vendo dois bar-cos na minha popa e um deles está

luz de tope, quando usá-laPor Plínio Fasolo

Portanto, seja a motor ou a pano, não navegue com a luz do tope acesa em nenhuma hipótese. Ligue-a somente após ter desligado as luzes de navegação estando fundeado.

[email protected]

para dizer-lhes que os errados eram eles, mas não era hora de comprar uma briga.

Melhor é fazer uma campanha de esclarecimento para aqueles que não tiveram tempo de se informar sobre as regras internacionais (RIPE-AM) de navegação noturna.

Por enquanto posso lembrá-los de algumas regulamentações impor-tantes:

Luz de tope de mastro é branca, visível 360° no entorno da embarca-ção e só deve ser utilizada quando o barco está fundeado e sem qualquer outra luz de sinalização ligada.

Luzes de navegação são três: verde, visível pelo boreste; verme-lha, visível pelo bombordo e branca (alcançado) visível pela popa.

Um veleiro também pode portar a luz de motoração para ser utilizada quando está sem velas e navegando somente a motor. É uma luz branca colocada a meia altura do mastro, em sua parte dianteira, só podendo ser observada pelo campo de visão da proa, portanto, não visível pela popa. É aconselhável verificar no RIPEAM os ângulos do campo de vi-são dessas luzes.

Para a direita

Vindo de proa a pano

Para a esquerda

Vindo de proa a motor

Fundeado Visto pela popa

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Veleiro navegando

a motor

só com as luzes de navegação liga-das, sem luz de tope.

- Eu já tinha visto. Ele está mais atrás. No rio não há “azuizinhos” para multá-lo. Vamos para o canal 12.

Claro que o barco que navegava sem luz no tope era o meu. Tive vontade de contatá-los pelo rádio

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Objeto de preocupação para todos que navegam, as cor-rentes marinhas são fenô-

menos sempre interessantes, muitas vezes com grande força e magnitu-de, para desespero de comandantes que as subestimaram.

De forma simples, podemos di-zer que as correntes são meteoroló-gicas ou astronômicas, movidas pelo vento ou pela lua, respectivamente. Como o assunto ligado às marés me-rece um capítulo à parte, vamos tra-tar das correntes meteorológicas.

Os grandes oceanos são basica-mente imensas bacias com 4,5 Km de profundidade na sua maior par-te, com áreas mais rasas, chamadas de plataformas, geralmente com 500 a 1.000 metros em seu limite mais profundo, chegando até a beira da praia. Essas bacias tem diversas ca-madas de água que separam-se por sua densidade diferente.

O motivo disso é que nas regiões mais frias, quando ocorre o congela-mento da água salgada, os sais são li-berados. A água em volta fica, então, muito salgada e fria. Frio: moléculas mais próximas. Acrescente o sal, bin-go! Lá se vai uma camada de água muito densa e fria para o assoalho oceânico. No extremo oposto estão

Um pouco sobre as correntes marinhas

Por Henrique Horn IlhaOceanólogo e ambientalista

as águas mais quentes e menos salga-das. Embora a salinidade varie pou-co, a combinação com temperatura determina que essas águas fiquem menos densas e “flutuem” sobre as outras camadas. Por essa razão, quem ancora em águas mais profun-das, como os pescadores, por exem-plo, sabe que a corrente pode estar em uma direção na superfície e mais abaixo em outra, e no fundo outra. Nessa condição, é comum que os distorcedores usados em seus equi-pamentos de pesca não dêem conta de tantas voltas e suas bandeiras de marcações desaparecerem, submer-gindo pelo encurtamento dos cabos, enroscados pelas fortes correntes. Es-sas camadas, por vezes são afastadas da costa, por questões de formato de fundo, e uma corrente fria pode emergir. Quem conhece a região de Cabo Frio sabe do que falamos.

Nas correntes superficiais, exis-te um fator determinante, chamado Força de Coriólis. É um desafio ex-plicar de forma simples, mas vamos lá. Sabe aquele tranco para trás que levamos quando um ônibus arranca e estamos dentro. É uma força “apa-rente” criada pelo movimento para frente do ônibus, já que estávamos em repouso e com a tendência de

ficar. O mesmo ocorre com a terra, que tem essa arrancada em direção leste, gerando uma força aparente na direção oeste. Com isso sempre há uma tendência de forçar a água su-perficial à esquerda da força do ven-to no Hemisfério Sul e ao contrário no Hemisfério Norte.

No sul da América do Sul, essa corrente em direção oeste corre para a África. Lá encontra o obstáculo e sobe a costa africana até o Equador, atravessa o Atlântico e vira à esquer-da, em direção ao Brasil. As famosas Correntes de Benguela e do Brasil são fruto dessa combinação de ventos, efeito Coriólis e barreiras físicas. O grande carrossel do sul se repete no Hemisfério Norte. Se você observar, verá que as correntes se encontram no Equador, pois a força aparente é muito maior nessa faixa, onde a terra é mais “gorda” em relação às outras latitudes, se fossemos fatiar o “planetinha”. Como concordam no Equador, no Hemisfério Norte sobe a costa dos EUA, e mantém o ciclo horário.

Na época moderna, essas gran-des massas circulando estão levando o nosso mais eminente produto do avanço tecnológico: o lixo.

Justamente nos centros dos car-rosséis movidos a vento, já é possí-vel ver até do espaço enormes con-centrações de lixo. Todas as praias do mundo, manguezais e recifes de coral são brindadas por toneladas de lixo. Grande parte se dissolve par-cialmente na água, já influencian-do em sua acidez, segundo estudos mais recentes.

Nós navegadores, que saímos de terra para apreciar a beleza do mun-do, podemos ajudar a manter esse mundo aquático mais limpo e sau-dável, ainda mais agora que sabemos que estamos todos conectados.

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Em maio deste ano realizei, na companhia da minha Pri-ma Paula Kapp Amorim, ou-

tra aventura em montanha. Percorri mais de 200 km pela cordilheira do Himalaia e fui ver de perto o Monte Everest. Como sempre, em todas as aventuras, seja por água ou por ter-ra firme, levo o galhardete do VDS na mala para homenagear o clube. Após uma longa viagem chegamos finalmente a Kathmandu no Nepal, conseguimos descansar alguns dias e fazer as últimas compras para en-tão embarcarmos em um pequeno avião com destino a Lukla, vilarejo localizado a 2.884 metros de altu-ra, onde possui o aeroporto mais perigoso do mundo. Foram 17 dias caminhando por vales maravilhosos, lugares espetaculares com paisagens surreais! Alta adrenalina subindo e descendo montanhas, respirando o mais puro ar que já senti. Nossa de-

Aventura no NepalConhecido pelo espírito aventureiro, o associado Danilo Schultz — que já foi ao Kilimanjaro acompanhado do irmão Christiano Schultz — realizou mais uma missão.Foi ao Everest! E não esqueceu nosso galhardete!

como este, mas após 12 dias comen-do comida de sherpa, passando frio, sentindo falta de um bom banho quente, dormindo mal, sem ter co-municação com familiares e amigos e sentindo algum desconforto causa-do pela altitude, o seu corpo começa reclamar aos poucos. Costumo dizer que os momentos em que passei no Nepal, foram com certeza os me-lhores da minha vida em termos de aventura, coloquei meu corpo, espí-rito e mente à prova e realizei um baita sonho de ver o Everest a pou-cos metros. Agora, de volta ao Brasil, estou trabalhando no livro que con-tará cada detalhe dessa aventura.

Minha expectativa é terminá-lo até junho de 2013! Agradeço a to-dos os meus amigos que torceram por mim e mandaram boas vibrações para que tudo desse certo. Muito obrigado também aos meus patro-cinadores e apoiadores do projeto: Sul Náutica, Diga - VIVO, Guepardo e Vento!

Por Danilo Schultz

cisão, muito bem estudada no Bra-sil, era percorrer uma trilha de apro-ximadamente 200 km, partindo de Lukla (2.884) até Gokio (4.700), pas-sando por Namche Bazar (3.340), subir o monte Gokio Ri (5.483), cru-zar o glacial Ngozumba, desafian-do o frio intenso e a erosão cons-tante do local para poder realizar a passagem do Cho La Pas (5.370). Após isso, ir em direção ao acampa-mento base do Everest (5.364) e su-bir o Monte Kalapathar (5.545), para enfim descer até Dingboche (4.530), descansar e começar a escalar o Monte Island Peak (6.180). Conse-guimos realizar 80 % da viagem, mas infelizmente o Island Peak ficou para uma próxima, foram diversos os fa-tores que nos levaram a tomar a tris-te decisão: mal estar, tempo ruim, e cansaço psicológico!

Sim, nunca acreditei que meu psicológico me derrubaria num local

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Obras ampliam a estrutura de lazer do Clube

No último trimestre o Clube fez grande investimento para ampliar sua estrutura de lazer e recuperar o seu o pa-trimônio. A área Leste do pátio ganhou um novo quiosque equipado com churrasqueira, fogão e forno a lenha,

inclusive com termômetro para assar pizzas. O espaço está ao lado do campo de futebol.

Quiosque do Esporte (área leste) está equipado com fogão forno a lenha e churrasqueira

Cobertura nas área das lojas e oficinas

PATRIMÔNIO

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Novos banheiros para área oeste

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A parte Oeste foi a que recebeu maior intervenção. Depois de anos sem ocupação foi revitalizada com

a construção de um quiosque com churrasqueira, próxi-mo a rampa Oeste. Na área também foram construídos banheiros e todo seu entorno pavimentado e ajardina-do para deixar um espaço agradável aos frequentadores. Esta parte do pátio possui uma linda vista da zona central da cidade e da zona sul.

Quiosque Pôr-do-sol na área oeste

Armários - Nos hangares (2, 3 e 4) os armários de ma-deira para a guarda de materiais foram demolidos. A

maior parte estava comprometida devido à umidade ou pelo ataque dos cupins. Novos armários foram construí-dos em alvenaria e já estão disponíveis aos associados. O aluguel dos armários e a aquisição dos cadeados deverão ser tratados na secretaria administrativa.

pavimentação – Desde o ano passado o Clube teve uma área de quase de 4 mil m² pavimentada com

blocos de cimento, além de aumentado o estacionamen-to no guincho grande com piso de concreto. O calçamen-to beneficiou em muito os associados que não enfrentam mais o desconforto da poeira ou das poças d’águas.

Pavimentação em quase todas as áreas do pátio

Tubulões de 10m de comprimento

servem como molhe

Ilha Chico Manoel – Em nossa subsede na área dos trapiches foram colocados dois tubulões para pro-teger a baía da entrada de ondas resultantes do vento sudeste, que circundavam a ponta de pedra,

e entravam no porto lateralmente. Estes tubulões estão cheios de água e ficam com aproximadamente 30% de seu volume fora d’água, com peso de cerca de duas toneladas cada.

PATRIMÔNIO

Flutuantes – Um novo flutuante de 18 metros de com-primento foi construído e se destinará ao píer da área

leste. O clube também fez uma parceria com a empresa Rubberfil que produz protetores de borracha para píer. As peças, que foram aplicadas em um dos flutuantes da marina, têm a função de absorver o impacto das embar-cações atracadas nos píeres e flutuantes e evitar danos, tanto nas embarcações, quanto nos próprios píeres.

O protetor é feito com material antioxidante e raios UVA e UVB

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AGENDA VDS

SETEMBRODias 15 e 16 - 19º Circuito Conesul Vela de Oceano – 1ª etapa estadual OceanoDia 20 - 19º Circuito Conesul Vela de Oceano – 2ª etapa estadual OceanoDias 22 e 23 - 19º Circuito Conesul Vela de Oceano (Final) - 42ª Troféu Seival, 23ª Regata Farroupilha e 15º Velejaço Farroupilha - 3ª etapa estadual Oceano

OUTUBRO Dia 7 - Festa da Criança, das 14h às 17hDias 12 a 14 - Campeonato Estadual de Optimist Dia 21 - V Corrida Rústica do VDS, às 10hDia 24 - Regata Noturna, às 19h30 - pôr do sol às 19h42 - Lua 69%

NOVEMBRODia 11 - Passeio Ciclístico, às 10hDias 20 a 25 - Porto Alegre Match Cup, evento de nível internacionalDia 28 - Regata Noturna, 20 horas - pôr do sol às 20h10 - Lua 100%

DEzEMBRODias 15 e 16 - Festa de Aniversário e regatas comemorativasDia 19 - Regata Noturna, às 20 horas - pôr do sol às 20h25 - Lua 37%

JANEIRODias 19 a 29 - 39º Campeonato Brasileiro da classe LaserDia 16 - Regata Noturna - 20 horas - pôr do sol às 20h30 - Lua 22%

FEVEREIRODia 27 - Regata Noturna - 19 horas - pôr do sol às 19h01 - Lua 98%

MARÇODia 13 - Regata Noturna - 19 horas - pôr do sol às 18h44 - Lua 2%Dias 21 a 31 - Campeonato Sul-Americano da classe Optimist

2012 2013

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