o impossível pode acontecer
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Esse é o meu primeiro livro, eu o escrevi em 2010. (Infantojuvenil) Os jovens não conhecem o poder, a força, o brilho e a beleza que possuem. Geralmente quando as pessoas envelhecem, costumam analisar seus passados e percebem oportunidades desperdiçadas, atitudes impensadas e caminhos mau escolhidos. Não se pode exigir que uma pessoa amadureça como outras, cada um tem seu tempo e deve passar por situações diferentes para conseguir enxergar o que muitas vezes parece óbvio. Esse livro trata alguns temas comuns no cotidiano dos jovens. Todos têm sonhos, mas por muitas vezes se desviam do caminho e pre cisam de lições de vida para voltarem às suas missões. Muitas vezes o que parece não ter volta é o que faz as pessoas renascerem. E quem ajuda todo mundo e parece forte, inabalável, percebe que é tão frágil como qualquer outra pessoa e que também precisa de auxílio. As pessoas não precisam de poderes extraordinários para serem super-heróis, pequenas atitudes e gestos no cotidiano podem mudar situações, salvar vidas e ajudar os outros a resolverem seus problemas. Patrícia estuda e pratica esportes é uma boa amiga e filha, tem uma vida social como qualquer adolescente da sua idade. Mas a menina guarda um segredo: ela sonha em ser uma super-heroína, mas sabe que isso não é possível. Até que um dia, a menina percebe que o que ela tanto queria começa a acontecer e alguns poderes se tornam reais. Será que isso tudo é real? Ela consegue mudar o mundo e lutar contra as injustiças? Seus poderes são usados para o bem do próximo?TRANSCRIPT
1 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
O impossível pode acontecer
Mayara Vellardi Pinhe iro
2 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
Índice:
Prefácio 03
Em Especial 06
Capítulo 1 – Não passava de um sonho... 08
Capítulo 2 – Como tudo aconteceu? 63
Capítulo 3 – Aprendendo a voar 79
Capítulo 4 – Realidade X Sonho 98
Capítulo 5 – Será que é real? 111
Capítulo 6 – Descobrindo um mundo novo 131
Capítulo 7 – Controlando os sentimentos 153
Capítulo 8 – Tudo em seu lugar 172
A Autora 188
3 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
Prefác io :
Os jovens não conhecem o pode r , a
fo rça , o b r i lho e a be leza que possuem.
Gera lmente quando as pessoas
enve lhecem, cos tumam ana l i sa r seus
passados e percebem opor tun idades
despe rd içadas, a t i tudes impensadas e
caminhos mau esco lh idos .
Não se pode ex ig i r que uma pessoa
amadureça como ou t ras , cada um tem
seu tempo e deve passa r por s i tuações
d i f e ren tes pa ra consegu i r enxe rga r o
que mu i tas vezes pa rece óbv io .
Esse l i v ro t ra ta a lguns temas
comuns no co t id iano dos jovens. Todos
4 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
têm sonhos , mas por mu i tas vezes se
desv iam do cam inho e p re c isam de
l i ções de v ida pa ra vo l ta rem às suas
m issões .
Mu i tas vezes o que pa rece não te r
vo l ta é o que faz as pessoas
renasce rem. E quem a juda todo mundo e
pa rece fo r te , inaba láve l , pe rcebe que é
tão f rág i l como qua lque r ou t ra pessoa e
que também p rec isa de aux í l io .
As pessoas não p rec isam de
pode res ex t rao rd iná r ios pa ra serem
supe r -he ró is , pequenas a t i tudes e
ges tos no co t id iano podem mudar
s i tuaçõe s, sa lvar v idas e a juda r os
ou t ros a reso lverem seus p rob lemas .
Pa t r íc ia es tuda e p ra t i ca espo r tes é
uma boa am iga e f i lha , t em uma v ida
5 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
soc ia l como qua lque r ado lescen te da
sua idade .
Mas a men ina gua rda um segredo :
e la sonha em se r uma supe r -hero ína ,
mas sabe que i sso não é poss íve l .
A té que um d ia , a men ina pe rcebe
que o que e la tan to que r ia começa a
acon tece r e a lguns pode res se to rnam
rea is .
Se rá que i sso tudo é rea l? E la
consegue mudar o mundo e lu ta r con t ra
as in jus t i ças? Seus pode res são usados
pa ra o bem do p róx imo?
6 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
Em Espec ial:
A f é é a base de tudo , sem e la
posso d ize r que não cons igo chega r a
l uga r a lgum, po r isso , agradeço
p r ime i ramen te a Deus, Jesus , V i rgem
Mar ia e aos meus in te rcesso res , po is
sem E les m inha v ida nada se r ia , eu
s imp lesmente não ex is t i r ia .
Quero agradece r ao meu mar ido
W i lson pe lo apo io e compreensão e à
m inha amada f i lha Yasm im, po is sem
e les a v ida ser ia ma is d i f íc i l .
Também agradeço a os meus
am igos que sempre es tão ao meu lado
quando p rec iso e que com o passa r dos
7 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
anos se to rna ram impor tan tes em minha
v ida .
Agradeço a todos os meus
fami l ia res , p róx imos, d i s tan tes , ado t i vos ,
b io lóg icos , con t ra ídos pe lo casamento ,
mas p r inc ipa lmente aos meus fa lec idos
pa is O lga e José que me cr ia ram com
mu i to amor e me de ram grandes
opo r tun idades .
É impor tan te agradece r também
aos desconhec idos que po r s imp les
passagens em m inha v ida me fazem
enxe rga r que nada é co inc idênc ia , mas
s im p rov idênc ia e que quando queremos
mu i to uma co isa , o Un ive rso consp i ra a
nosso favor !
Lembrando que esse l i v ro é
ded icado também a todos os le i t o res e a
8 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
todas as pessoas que de uma mane i ra
ou ou t ra a juda ram a escreve r a h i s tó r ia
da m inha v ida a té o p resen te momento !
9 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
Capítulo 1 – Não passava de um
sonho. . .
Pat r íc ia é uma men ina de 14 anos ,
como qua lque r ou t ra ga ro ta de sua
idade . P ra t i ca espo r tes , es tuda ,
f requenta fes ta s , tem boas re lações
fami l ia res e a lém de boa f i lha é uma
am iga sem igua l .
Mar ia A l i ce , sua i rmã ma is nova a
adm i ra mu i to , inc lus ive chega a se r
pa rec ida com e la f i s icamen te , cabe los
ru i vos e longos, aba ixo do ombro , o lhos
ve rdes pene t ran tes , sa rdas na pe le do
ros to e sor r isos i n igua láve is . A d i fe rença
de idade en t re as duas é pequena, L i l i ,
10 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
como é ca r inhosamente chamada po r
Pa ty, tem 12 anos.
Pa t r íc ia cos tuma d ize r que sua v ida
é como um l i v ro abe r to , em que todos
podem a judar a esc rever . Po rém a jovem
sonhadora guarda em seu c o ração um
segredo , o qua l a l imenta sua a lma de
espe rança por um mundo me lhor e ma is
jus to .
Seu sonho é to rna r -se uma super -
he ro ína , e la ass is te f i lmes, guarda
pôs te res de he ró is em seu quar to , f az
desenhos e c r ia h is tó r ias em seu d iá r io
sec re to , que e la g ua rda em um fundo
fa l so emba ixo da ú l t ima gave ta do seu
gua rda - roupa .
E la sabe que nada d isso ex is te ,
mas tem espe ranças de que um d ia a lgo
11 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
d i fe ren te possa acon tece r e e la espera
ans iosamen te po r i sso , mas a men ina
não con ta nada a n inguém, po is tem
medo de ser r id i cu la r i zada .
Sua ro t ina é mu i to d i ve r t ida . Essa
semana é seu an ive rsá r io e sua mãe,
i rmã e me lho r am iga , es tão p repa rando
uma inc r íve l f es ta su r p resa para
comemora r seus 15 anos .
- T ia Lau ra , es tou te rm inando de
faze r os conv i tes no compu tado r , se rá
que você pode v i r da r uma o lhada pa ra
ve r se f i ca ram bons?
- Tudo bem C la ra ! A Pa ty tem mu i ta
sor te em te r uma am iga como você !
- Nossa , os conv i tes f i ca ram l indos !
Você pode mandar impr im i r na grá f ica
12 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
per to da sua casa? Depo is eu vou lá
pa ra paga r e re t i ra r , ok?
- Tudo bem t ia , en tão eu vou
nessa , senão a Pa ty va i chega r a í e eu
nem se i que descu lpa vou usa r !
Nesse me io tempo chega L i l i :
- O i mãe, encont re i a C la ra na
esqu ina , e la tava com a a r te dos
conv i tes sa lva em um pend r i ve , e la d isse
que va i mandar impr im i r , né?
- S im f i l ha é mesmo. E você ,
consegu iu encomendar o bo lo e os
doc inhos com a Dona Neyde?
- Consegu i mãe. Tudo va i f i ca r
l i ndo do je i to que a Pa ty gos ta . A Dona
Neyde fa lou p ra você passar l á p ra ve r o
tema que esco lh i .
13 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
Laura é uma mu lhe r de te rminada e
amorosa , f az tudo pe la fe l i c idade de
suas f i lhas , uma mãe e esposa
ded icada . Ru iva dos o lhos ve rdes ,
quando sa i com as f i l has , cos tum am
pe rgun ta r se e la é i rmã ma is ve lha das
men inas .
C la ra , me lho r amiga de Pat r íc ia , é
uma men ina s imp les , cabe los p re tos
longos, de es ta tu ra ba ixa e ac ima do
peso , f i ca com as bochechas
ave rme lhadas quando es tá ne rvosa .
Dona Neyde é v i z inha de Lau ra , as
duas são am igas há mu i tos anos . Neyde
fo i abandonada pe lo mar ido e para c r ia r
seu ún ico f i lho com de f ic iênc ia mú l t ip la ,
f ís ica não -senso r ia l e menta l , f az bo los ,
doces e sa lgados po r encomenda, po is
14 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
não pode t raba lha r f o ra , a f ina l deve
cu idar de seu f i lho Es tevão .
Pa t r íc ia es tá na esco la , es tudando
pa ra uma impor tan te p rova :
- Pa ty, que d ia é ho je?
- Ho je é d ia 10 de março de 2015,
J .C. .
- Va leu Paty ! Por que temos que
f i ca r a té ma is ta rde essa semana? Eu
es tudava soz inho em casa e tava mu i to
bom. Isso é um saco .
- Esse sábado temos aque le p rovão
com 50 ques tões e se não fo rmos bem,
podemos nos p re jud ica r mu i to nas no tas
do f ina l do b imest re .
15 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- Ode io te r que da r o b raço a
to rce r , mas você es tá ce r ta como
sempre .
João Car los ou J .C . , ape l ido c r iado
po r Pa t r íc ia , é lo i ro , tem o lhos ve rdes ,
tem es ta tu ra med iana , é um men ino
mu i to bon i to , mas que não gos ta m u i to
de es tuda r e tem man ia de de ixar tudo
pa ra a ú l t ima ho ra .
O s ina l ba te e Pa t r íc ia co r re pe las
ruas pa ra chega r logo em casa , a f ina l
e la a inda tem que a lmoça r an tes de i r
pa ra o t re ino de fu tebo l . A men ina cor re
d is t ra ída e t romba com o men ino de
seus sonhos quase na esqu ina de sua
casa .
- O i , descu lpe . . . eu es tava a t rasada
e d i s t ra ída .
16 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- Tudo bem, você se machucou?
- Não fo i nada ! E você , es tá bem?
- Es tou bem, mas só ace i to suas
descu lpas se você ace i ta r t omar um
sorve te com igo .
A men ina é mu i to responsáve l ,
mesmo que e la que i ra ace i ta r o conv i te
do men ino que e la tan to adm i ra , sabe
que não deve fa l ta r aos seus
comprom issos e sabe também, que sua
mãe a espera pa ra o a lmoço, po r tan to :
- Ago ra eu es tou indo a lmoça r e
depo is vou para o t re ino d e fu tebo l l á no
C lube A t lé t i co . Pode r ia se r ma is ta rde , o
que acha?
17 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- Pode se r , eu faço na tação no
c lube , podemos nos encon t ra r lá , depo is
do seu t re ino . . .
- Fechado ! Às c inco ho ras em
f ren te à quadra de fu tsa l . Só ma is uma
co isa , qua l é seu nome?
- Meu nome é R ica rdo e o seu?
- Meu nome é Pat r íc ia , mas pode
me chamar de Paty .
Pa t r íc ia fo i pa ra casa a lmoça r e
t roca r de roupa. A inda emoc ionada com
o oco r r ido , reso lveu con ta r à m ãe e à
i rmã o que hav ia acon tec ido .
- Vocês nem imag inam o que
acon teceu ! Sabe aque le men ino que eu
ve jo no c lube de vez em quando, que eu
acho l indo? Aque le que é moreno , tem
18 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
cabe los p re tos , a l to e fo r te , ah e le é
tudo de bom e o nome de le é R ica rdo !
- Como você descob r iu o nome
de le? – pe rgun tam as duas in t r i gadas.
- Eu v inha co r rendo da es co la e
tope i com e le aqu i na esqu ina de casa .
E le fa lou que faz na tação lá no c lube ,
vamos nos encont ra r ma is ta rde , depo is
do meu t re ino .
- Boa so r te Pa ty , depo is eu quero
conhecer esse R icardo , he in? – f a la L i l i .
- F i lha , só toma cu idado , você sabe
como as co isas es tão ho je em d ia .
- Va leu gen te ! Obr igada pe la fo rça !
A men ina fo i pa ra o t re ino e
con fo rme o comb inado , lá es tava
19 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
Rica rdo a esperando . Os do is f o ram
tomar o tão esperado sorve te , enquanto
L i l i , Laura e C la ra p lane javam a fes ta
surp resa .
O que Pat r íc ia não imag inava é que
R ica rdo já a obse rvava há tempos . E le
es tava fasc inado com sua be leza e
encantado com seu je i to doce e
de te rm inado .
- En tão , onde você es tuda?
- Es tudo no Cen t ro Educac iona l
P icasso , onde o ens ino é uma a r te . –
comenta Pa ty com a r de g raça .
- Você gos ta tan to do co lég io que
fa la a té o s logan?
- Esse não é o s logan do co lég io ,
f u i eu que inven te i essa f rase .
20 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- Po r que você não ap resen ta essa
f rase ao d i re to r? Pode se r que e le gos te
e quem sabe você pode se des taca r !
- Boa ide ia , vou faze r isso mesmo!
E você , onde es tuda?
- Es tudo no Co lég io In te ração .
Es tou no te rce i ro ano do méd io .
- Eu es tou no p r ime i ro ano , não
ve jo a ho ra de me fo rmar . Que cu rso
você que r f aze r na facu ldade?
- Amo an ima is , penso em ser
ve te r iná r io . E você ?
- Gosto mu i to de a juda r as
pessoas, não supo r to in jus t i ças , pense i
em faze r D i re i to , mas como as le is não
func ionam mu i to bem nesse pa ís , f i ca r ia
mu i to revo l tada e me sen t i r ia impoten te ,
21 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
en tão penso em fazer Med ic ina , acho
que vou a juda r ma is pessoas des sa
fo rma.
A conversa fo i agradáve l e du rou
um longo per íodo de tempo. E le fez
questão de acompanhar a moça a té em
casa e pe rcebeu que e la mor a p róx imo
ao p réd io que e le v i ve . Os do is t rocaram
e -ma i l e te le fone e p romete ram
conve rsa r ma is vezes . A desped ida fo i
um suave be i jo no ros to , en t re os láb ios
e a bochecha.
Pa t r íc ia chegou a sua casa e seu
pa i a chamou pa ra uma conve rsa .
- O i f i lha , como fo i o t re ino ho je? –
pe rgun ta Maur íc io .
- O i pa i , f o i lega l , me d ive r t i
bas tan te , depo is sa í com um amigo pa ra
22 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
tomar so rve te , espe ro que não tenha
f i cado p reocupado.
- Sua mãe comen tou com igo , eu
não f i que i p reocupado po rque con f io em
você .
- Obr igada !
- Bem, na ve rdade , o que que ro
fa la r é sob re ou t ro assun to .
A jovem a r rega la os o lhos e pensa :
“Se rá que f i z a lgo e r rado? Se rá que e le
va i me de ixa r de cas t igo bem na semana
do meu an ive rsá r io? ”
- F i lha , eu e sua mãe te amamos
mu i to e que remos o seu bem, se i que
essa semana você comple ta 15 anos e
eu gos ta r ia de pode r te o fe recer uma
l i nda fes ta , mas com a v iagem no f im do
23 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
ano à Bah ia , f i ca um pouco comp l icado ,
acho que você en tende. . .
- S im, eu en tendo e f i co mu i to fe l i z
po r me p ropo rc iona r uma v iagem tão
inesquec íve l ! Tenho ce r teza de que vou
amar !
Maur íc io tem o lhos co r de me l e
cabe lo cas tanho c la ro , é a l to e poss u i
um fo r te po r te f ís i co , também é um pa i
mu i to amoroso e pensa mu i to em suas
duas f i lhas , e le é um mar ido exce len te ,
essa é uma famí l i a em que todos se
re lac ionam mu i to bem.
A conve rsa te rm ina e Pa t r íc ia va i
ao qua r to esc reve r no seu d iá r io
sec re to :
“Essa é a semana do meu
an iversá r io de 15 anos. . .
24 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
. . .ho je é segunda - fe i ra e posso
d ize r que m inha semana já começou
mu i to bem e com mu i tas emoções, o que
será que va i acon tece r a té sábado?
Pena que não vou te r f es ta esse
f im de semana , mas tudo bem, a f ina l vou
ganhar uma v iagem no f ina l do ano para
compensa r . Eu vou p ra Bah ia ! Quero que
meus 15 anos se jam inesquec íve is !
Es tou mu i to fe l i z po rque o men ino
que eu tan to que r ia conhece r um d ia ,
sa iu com igo ho je , na desped ida quase
me be i jou na boca . Isso é tão l ega l . . . e o
me lho r , meus pa is e m inha i rmã sabem e
me dão o ma io r apo io , sempre vou
con f ia r na m inha famí l ia . . .
Pensando na s i tuação de ou t ras
am igas m inhas , eu sou uma so r tuda po r
25 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
te r uma famí l ia tão compreens iva . Se
fossem os pa is da Marc inha , por
exemplo , se e les soubessem que e la ia
te r um encont ro com um men ino , e les a
p ro ib i r iam de sa i r , f a r iam um ve rdade i ro
escânda lo . Po r i sso que e la ap ron ta
tan to e escond ido . Se eu pudesse ao
menos most ra r pa ra pa is e f i lhos que a
am izade é o que rea lmente reso lve e
não cas t igos , tapas e b r igas , com
cer teza as co isas se r iam bem me lho res .
Mas mudando de assun to , que r ia
tan to te r uma fes ta surp resa . . . ia ser
dema is , mas nem s ina l de nada, mas não
posso rec lamar , a f ina l meus pa is são
dema is !
Ago ra vou escrever ma is um
cap í tu lo da Super teen :
26 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
A ado lescen te p rev ia que a lgo
inc r íve l ia acon tecer na semana de seu
an iversá r io , mas não sab ia exa tamen te o
que . E la t inha in tu ições de que te r ia uma
fes ta su rp resa e de que seu d i re to r f a r ia
um concu rso para a esco lha de um
s logan pa ra a esco la e ad iv inha quem
ganhava o concu rso , a Supe r teen é
c la ro ! E ma is , e la descob r ia que
R ica rdo , seu amado , também e ra he ró i e
que lu tava con t ra a in jus t i ça aos
an ima is , seu nome era Supe rp e t . . . ”
E la fecha o d iá r io e va i dorm i r ,
a f ina l mu i tas surp resas a espe ram no
d ia segu in te .
Quando a ga ro ta chega à esco la no
d ia segu in te , vê que há uma roda de
a lunos em vo l t a de um ca r taz . E la se
ap rox ima e lê :
27 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
“Concu rso : Quem c r ia o me lho r
s logan? Ma is in fo rmações na
sec re ta r ia . ”
A men ina f i ca eu fó r ica , e la j á tem
tudo p ron to , i sso é pe r fe i to . En tão e la
va i à secre ta r ia e insc reve sua f rase . A
apu ração deve acon tece r na sexta - fe i ra .
- Pa t r íc ia , você fo i a déc ima a luna
a faze r a insc r i ção , mu i tas pessoas
a inda v i rão , mas se i que você é mu i to
ta len tosa e tem gr andes chances. – f a la
Cáss ia .
- Cáss ia , você é tão lega l comigo .
Quem dera se todos os func ioná r ios do
co lég io fossem ass im.
- E les podem não se rem ass im
mu i tas vezes , mas de uma co isa você
pode te r ce r teza , você é mu i to que r ida
28 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
aqu i e todos sempre es tão t e e log iando
ou comen tando a lgo pos i t i vo ao seu
respe i to .
- Ob r igada , f i co mu i to fe l i z ! Eu
gos to mu i to de es tuda r aqu i , quando eu
me fo rmar , sen t i re i mu i tas saudades.
Cáss ia é func ioná r ia da sec re tá r ia ,
uma pessoa ca t i van te e que ado ra serv i r
as pessoas, com seus cabe los cur tos e
enca raco lados e sua l inda pe le negra ,
encanta os a lunos com sua be leza e seu
je i to agradáve l .
O d ia passa a jovem conve rsa
com seus am igos . Marc inha a chama
pa ra uma conve rsa a sós .
- Amiga p rec iso mu i to da sua
a juda . Não se i o que faze r , meus pa is
me pega ram fumando na rua e t i ra ram
29 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
meu ce lu la r e m inha mesada e a inda m e
p ro ib i ram de sa i r du ran te esse mês , o
p io r é que eu tenho um encon t ro com o
Marqu inhos ma is ta rde , es tou tão t r i s te .
- A me lhor co isa que ap rend i é
fa la r a ve rdade , doa a quem doe r . Por
que você não con ta aos seus pa is que
es tá com o Marqu inhos? Poxa , já f az
t rês meses que vocês es tão namorando .
- Eu se i , mas e les não i r iam
compreende r , a ú l t ima vez que e les me
v i ram com um men ino eu f i que i de
cas t igo , sem pode r sa i r de casa po r uns
do is meses. O p io r é que ago ra es tou
com mu i ta von tade de fumar , es tou
ne rvosa e não tenho d inhe i ro p ra
compra r c iga r ro .
30 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- Eu não posso te a juda r . Po r ma is
que sua s i t uação es tá compl icada , eu
a inda a aconse lho a conve rsa r com seus
pa is se r iamente , ab r i r seu co ração , f a la r
que se e les con f ia rem em você , sempre
será s ince ra com e les .
- Vou fa la r a ve rdade , vou en f ren tá -
los , mas se e les con t inua rem a faze r o
que fazem comigo , uma hora vou acaba r
fug indo de casa .
- Não tome a t i tudes p rec ip i t adas ,
qua lque r co isa me av ise .
O d ia segue t ranqu i lo , sem mui tas
nov idades , depo is da esco la Pa t r íc ia va i
ao cu rso de Ing lês , enquan to os
de ta lhes de sua fes ta são p rogramados.
31 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
À no i te , a ado lescen te va i à casa
de Dona Neyde ve r se e la p rec isa de
a juda , como cos tuma faze r toda semana.
- O i Es tevão ! Como você es tá l indo
ho je !
O rapaz f i ca fe l i z em vê - la e sor r i ,
f azendo ges tos de que re r ab raçá - la .
Es tevão tem 18 anos, mas dev ido às
suas compl icações , se compor ta como
um men ino de 5 anos .
- Dona Neyde , rezo pa ra que
Estevão f i que be m logo .
- Obr igada f i lha , você e sua famí l ia
são mu i to impor tan tes pa ra m im. Sabe,
ho je leve i meu men ino no Cent ro de
Reab i l i tação pa ra faze r f i s io te rap ia e a
dou to ra me fa lou que logo e le
32 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
consegu i rá fa l a r e ap rende r a le r e
esc rever .
- Que bom! F ico mu i to fe l i z e que ro
que sa iba que pode con ta r com igo pa ra
o que p rec isa r .
- Ago ra que você já tem idade para
sabe r , vou te con ta r . Po r vezes é
compl icado c r ia r o Es tevão sem a
p resença de um mar ido , mas vou
con fessa r a lgo , dou g raças a Deus po r
e le te r i do embora quando Estevão e ra
pequeno, na ve rdade , e le fo i o ma io r
cu lpado pe la doença do meu f i lho .
- Po r quê?
- Porque eu descob r i que e le me
t ransmi t iu S í f i l i s du ran te a ges tação ,
mas os s in tomas demora ram pa ra
apa rece r e o Es t evão fo i con taminado,
33 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
mas os s in tomas demoraram a apa recer
e quando fo i f e i to o t ra tamen to já e ra
ta rde , e le teve ou t ras comp l icações e
f i cou ass im , uma c r iança espec ia l .
Quando descob r i o que acon teceu e le
t inha p ra t icamente do is anos, o méd ico
con f i rmou a doença e ex ig i exp l i cações
do meu mar ido , e le assumiu que t inha
t ido casos com ou t ras mu lhe res , d isse
que não f i ca r ia com uma mu lher
c iumen ta e com uma c r iança
p rob lemát ica e fo i embora .
- Não se i o que te d i ze r , mas
ga ran to que Deus é jus to e que n ing uém
passa pe lo que não agu enta . Se vocês
es tão passando po r essas t r ibu lações, é
po rque são capazes de superar tudo . O
que é para acon tece r sempre acon tece ,
de uma fo rma ou de ou t ra , quem sabe
seu ex- -mar ido não t inha que passar
34 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
pe la sua v ida não pa ra des graçá - la e
abandonar você e seu f i lho , mas pa ra te
de ixar um l indo p resen te espec ia l que
p rova a cada d ia que você é tão espec ia l
quan to seu f i lho e um exemplo de
mu lhe r !
- Que l indas pa lavras ! – f a la Neyde
com lágr imas nos o lhos .
A men ina a juda a senho ra com os
doces e comenta :
- Que fes ta l i nda você es tá
p repa rando ! Essa pessoa é sor tuda ,
he in? Você coz inha mu i to bem!
- Ob r igada f i lha , essa fes ta é pa ra
uma men ina pa ren te de um am igo de um
p r imo de uma f is io te rapeuta lá do C .R. .
35 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- Lega l ! Se p rec isar de m i m é só
me chamar , vou indo porque amanhã
cedo tenho au la !
A jovem sonhadora esc reve em seu
d iá r io :
“Hoje é d ia : 11 /03 , te rça - fe i ra !
Fa l ta menos de uma semana pa ra o meu
n ive r !
Ah , se eu pudesse a judar a
amen izar o so f r imen to das pessoas. . .
. . .esco lhas in f e l i zes podem dest ru i r
uma v ida . Uma a t i tude impensada do ex -
mar ido da Dona Neyde causou uma
doença g rave para o men ino e a inda
como se isso não bas tasse , e le fo i
embora e os abandonou. Po r que as
pessoas t raem? Não se r ia ma is fác i l
f a la r que não gos tam mai s umas das
36 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
ou t ras? O mundo se r ia um lugar bem
me lho r sem ment i ras . Fa la r a verdade
pode se r mu i to compl icado , mas o
so f r imen to causado é menor do que a
descober ta de uma ment i ra , a inda ma is
em uma s i tuação como a da Dona
Neyde. . . ”
A men ina va i à esco la e p e rcebe
que sua am iga Marc inha fa l tou , en tão
dec ide l i ga r pa ra a amiga pa ra sabe r o
que acon teceu . Ass im que as au las
te rm inam a men ina te le fona , mas a mãe
da am iga não a de ixa a tende r ao
te le fonema:
- O i Pa t r íc ia , descu lpe , mas a
Marc inha es tá de cas t igo e não pode
fa la r ao te le fone e se es tá p reocupada
po rque e la fa l tou ho je é porque eu e o
37 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
pa i de la es tamos pensando na
poss ib i l idade de mudá - la de esco la .
- Mas t ia C láud ia , o que
acon teceu? Posso a juda r? Descu lpe
m inha in t romissão , é que gos to mu i to de
sua f i lha e se eu pude r aconse lhá - la ou
mesmo conve rsa r com a senho ra . . .
- Na ve rdade gos ta r ia que não se
in t rometesse , mu i to ob r igada .
C láud ia des l iga o te le fone e ca i em
um cho ro compu ls i vo , e la se sen te ma l
de te r t ra tado Pat r íc ia daque la fo rma, na
ve rdade e la e seu mar ido não sabem
como educa r a f i lha , po is seu ou t ro f i lho
mor reu de ove rdose há t rês anos e e les
se cu lpavam mu i to po r isso . A lém d isso ,
esse e ra um assunto não comen tado po r
e les , ou se ja , nenhum amigo de
38 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
Marc inha sab ia desses fa tos . A
ado lescen te f i ca mu i to cha teada po r não
consegu i r a juda r , mas e la não va i
des is t i r tão fác i l , a f ina l e les p rec isam de
a juda .
O d ia passa , a ga ro ta va i pa ra seu
t re ino de fu tebo l e encont ra com Rica rdo
no c lube :
- De que s igno você é?
- Sou de sag i tá r io , f aço an i ve rsá r io
d ia 15 de novembro . E você?
- Faço an ive rsá r io no d ia 15 de
março , sou de pe ixes .
- En tão você faz an ive rsá r io esse
sábado, he in?
39 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- S im, faço 15 anos, mas não vou
te r f es ta po rque no f im do ano meus pa is
vão me da r uma v iagem à Bah ia .
- Que lega l ! Se sábado você não
fo r f aze r nada, pode r íamos comb inar
a lgo , o que você acha?
- Pode se r , me l i ga p ra
combinarmos.
À no i te , Pa t r íc ia conve rsa com sua
i rmã :
- L i l i , R ica rdo pergun tou quando é
meu an ive rsá r io , eu fa le i que é esse
sábado e e le que r sa i r co m igo , não é
lega l?
- É s im, você va i sa i r com e le
du ran te o d ia? Para onde vocês vão? Eu
40 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
tava pensando em faze rmos a lgo jun tas
no sábado à no i te .
- Pode ser , vou fa la r com e le p ra
ve r se fazemos a lgo du ran te o d ia e à
no i te f i co com vocês .
Enquanto Pa ty do rme, L i l i pega o
te le fone de R icardo para conv idá - lo para
a fes ta , po rém como já é ta rde da no i te ,
de ixa pa ra fazê - lo no d ia segu in te .
Ma is um d ia começa e a jovem
reso lve que depo is da esco la va i à casa
de Marc inha .
- O i t ia C láud ia , v im fazer uma
v i s i ta e sabe r se es tá tudo bem.
- O i Pa ty , descu lpa po r on tem no
te le fone , se i que fu i g rosse i ra , gos ta r ia
de conve rsa r com você .
41 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- Tudo bem, eu es tou aqu i para
ouv i - la !
- Vamos tomar um ca fé e te exp l ico
o que es tá acon tecendo.
- An tes de ma is nada , gos ta r ia de
fa la r que não es tou aqu i para fazer
f o foca ou ten ta r me in t rome ter no
cas t igo da Marc inha , eu só que r ia
conve rsa r , po rque se i que m inha am iga
es tá mu i to t r i s te .
- Nós t ínhamos ou t ro f i lho , e ra o
i rmão ma is ve lho d e Márc ia , seu nome
e ra Gabr ie l . E le mor reu de overdose
quando t i nha 17 anos. Nessa época ,
Marc inha t inha do is anos, e la ma l se
lembra do oco r r ido e somos g ra tos a
Deus por i sso . Morávamos em ou t ro
ba i r ro , um pouco d is tan te daqu i , e ass im
42 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
que e le morreu , reso lvemos mudar pa ra
cá , po rque não ague ntávamos f i ca r na
casa em que c r iamos nosso f i lho . Por
i sso , temos tan ta d i f i cu ldade em c r ia r
nossa Marc inha , não que remos que e la
tenha o mesmo f im t rág ico de Gabr ie l ,
você en tende?
- E la sabe de tudo i sso?
- Na ve rdade escondemos tudo o
que lembra nosso f i lho e ev i tamos ao
máx imo fa la r desse assun to , e la nunca
quest ionou nada , c re io que e la sa iba
pouco . Amamos mu i to nossa f i l ha e
temos consc iênc ia de que p rec isamos do
aux í l i o de um pro f i ss iona l , um ps icó logo
ta l vez .
- T ia , gos to mu i to de você e da
Marc inha e uma t ia m inha é ps icó loga ,
43 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
acho que e la pode te a juda r bas tan te ,
não só com o t rauma pe lo qua l vocês
passa ram, mas também a en tende r a
Marc inha e consegu i r educá - la .
Após ouv i r a conve rsa en t re
C láud ia e Pa t r íc ia , Márc ia sa i de seu
qua r to cho rando e ab raça a mãe e a
am iga .
- Amo vocês! Pa ty , ob r igada po r te r
a judado minha famí l ia .
- Mãe, você é mu i to espec ia l , te
amo mu i to , eu não sab ia o quanto você e
meu pa i so f re ram, que r ia te r conhec ido
me lho r meu i rmão, mas se i que de onde
e le es tá o lha po r nós e tenho ce r teza de
que e le es tá mu i to bem ago ra .
44 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- F i lha , ago ra voc ê en tende po r que
nos p reocupamos tan to com você e te
p ro ib imos de fazer tudo .
- Mas mãe, essa não é a so lução .
Ve ja a famí l ia da Paty , e les são am igos
e têm con f iança uns nos ou t ros . Fa la p ra
e la am iga . . .
- T ia , eu con to tudo para meus
pa is , se e les acham que es tou fazendo
a lgo e r rado , e les me exp l i cam o po rquê
e me aconse lham, en tão en tendo e
obedeço . Temos uma re lação de
am izade. Conto aos meus pa is quando
vou sa i r com um men ino , sempre f a lo
aonde vou , não p rec iso men t i r .
- Vamos começar a conve rsa r ma is
com a Marc inha e também vamos da r um
vo to de con f iança . . .
45 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- Obr igada mãe, você não va i se
a r repende r !
Pa t r íc ia se despede , va i para sua
casa e con ta o ocor r ido pa ra sua mãe e
i rmã .
- Depo is de tudo i sso , vou f i ca r
aqu i com vocês!
As duas p reocupadas com a
chegada de Cla ra e com os a faze res da
fes ta , lembram que a men ina tem au la
de Ing lês .
- É mesmo, eu t inha me esquec ido .
Mas an tes quero l i ga r pa ra a C la ra .
- F i lha , l i ga p ra e la à no i te , senão
você va i se a t rasa r pa ra o cu rso .
46 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
Enquanto a men ina va i pa ra o
curso , L i l i l i ga para R ica rdo :
- O i R ica rdo , tudo bem?
- Quem es tá fa lando?
- Meu nome é Mar ia A l ice , sou i rmã
da Paty .
- O i , p raze r ! Acon teceu a lgo com
e la?
- Não se p reocupe. . . es tou l i gando
po rque sábado é an iversá r io de la e
vamos faze r uma fes ta su rp resa e
que remos te conv ida r .
- C la ro , vou s im. Que ho ras va i
se r?
47 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- Se rá às o i to ho ras da no i te no
sa lão do p réd io M i rabe l , em uma rua
pa ra le la a essa .
- Que co inc idênc ia , eu moro nesse
p réd io !
- Poxa , podemos combinar a lgo
pa ra você d is t ra í - l a , o que acha?
- Goste i , pode se r , sa io com e la
du ran te o d ia e quando fo r o ho rá r io fa lo
que m inha mãe que r conhecê - la e a levo
no sa lão do p réd io .
- Lega l ! Combinado !
L i l i reso lve l i ga r para a cas a de
Marc inha e a conv ida pa ra a fes ta e
C láud ia pe rm i te que a men ina vá .
48 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
Clara , L i l i e Lau ra vão ao sa lão
ve r i f i ca r mesas, cade i ras , en fe i tes , tudo !
Quando a no i te chega todos es tão
exaus tos , po r i sso do rmem cedo e ma is
um d ia te rm ina .
“Ho je é sex ta - f e i ra , se rá que vou
vence r o concu rso? Será que as
p rev isões da Supe r teen vão com eçar a
dar ce r to? ” – pensa a jovem.
Ao té rm ino das au las , o d i re to r
S i l ve i ra , um homem de me ia idade ,
cabe los g r i sa lhos , um pouco ac ima do
peso e mu i to s impá t i co , reúne os a lunos
no aud i tó r io do co lég io pa ra anunc ia r o
vencedor :
- Boa ta rde a todos , gos ta r ia de
agradece r a p resença e a pa r t i c ipação
dos in te ressados em c r ia r um s logan
49 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
para o nosso Cent ro Educac iona l , como
eu a inda não hav ia d i vu lgado o p rêmio
que se rá en t regue ao ve ncedo r , vou
mos t ra r ago ra .
O d i re to r most ra uma p ropaganda
an t iga do co lég io e a lguns car tazes
an t igos também.
- O p rem iado ganhará 50% de
descon to no res tan te das mensa l idades
desse ano e pa r t ic ipa rá das
p ropagandas do Cent ro Educac iona l
P icasso . O s logan vencedor é : Es tude no
Cent ro Educac iona l P icasso , onde o
ens ino é uma a r te ! A a luna que c r iou o
s logan fo i : Pa t r íc ia Mendonça .
Pa t r íc ia sobe ao pa lco pa ra
agradece r :
50 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- Gos ta r ia de agradece r ao co lég io ,
que ro d i ze r , ao Cent ro Educac iona l
P icasso pe la opo r t un idade. D i re to r ,
es tou mu i to fe l i z pe la esco lha do meu
s logan e com cer teza meus pa is f i ca ram
mu i to con ten tes e o rgu lhosos . É um
p rêm io mu i to bom e esse concurso é
uma mane i ra de va lo r i za r os a lunos .
Pa rabéns a todos que pa r t i c ipa ram! Só
gos ta r ia de agrad ece r a Deus, po rque
sem E le não sou n inguém. Obr igada!
O d i re to r en t rega as au to r i zações à
men ina e pede pa ra que e la venha
p repa rada no d ia segu in te após a p rova
pa ra g ravar o comerc ia l e t i ra r a lgumas
fo tos .
A men ina va i encon t ra r a i rmã que
a espe ra o rgu lhosa :
51 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- Você va i embora ago ra L i l i?
- Vou s im, podemos i r j un tas para
casa?
- C la ro , vamos con ta r p ra mamãe!
As duas chegam em casa e con tam
a boa nova , todos f i cam mu i to fe l i zes .
- Ho je vou a té a casa do J .C .
a judá - lo a es tuda r para a p rova de
amanhã , a C la ra va i ma is ta rde , po rque
an tes va i sa i r com a mãe de la .
- Tudo bem f i lha , es tude bas tan te
pa ra i r bem na p rova de amanhã.
A men ina passa o d ia na casa de
J .C. , C la ra apa rece somente no f im da
ta rde , a f ina l a judou L i l i , Laura e Dona
Neyde na o rgan ização da fes ta .
52 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
À no i te , Maur íc io compra p izza
pa ra comemora r a v i tó r ia da f i lha .
Após a comemoração Pat r íc ia va i
ao qua r to para esc rever em seu d iá r io
sec re to .
“Es tou mu i to fe l i z , amanhã é meu
an iversá r io e ho je ganhe i o concurso .
Uma v isão da Supe r tee n já acon teceu ,
bem que pod iam acontece r as ou t ras
duas! ”
O d ia tão esperado chega e a
men ina va i à esco la pa ra fazer a p rova .
Depo is que te rm ina a p rova o
d i re to r a chama pa ra uma conve rsa :
- Pa ty , se rá que você es tá p ron ta
pa ra g rava r e fo togra fa r ho je? Você
53 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
t rouxe a au to r ização ass inada pe los
seus pa is?
- S im, t rouxe ! P rec iso me
a r rumar . . .
- Não se p reocupe , temos uma
maqu iado ra e uma cabe le i re i ra !
Depo is de g rava r o comerc ia l , e la
agradece o d i re to r e sa i ap ressada pa ra
encont ra r R ica rdo no c lube .
- O i Pa ty , você es tá l inda !
- Ob r igada , é que ganhe i o
concu rso lá do co lég io , g rave i a
p ropaganda e t i re i umas fo tos e para
i sso , cabe le i re i ra e maqu iadora me
a r rumaram.
54 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- Você es tá ma is l i nda do que já é ,
mas você não p rec isa de maqu iagem
pa ra f i ca r l inda .
- Ob r igada ! Agora são se is ho ras , é
me lho r eu i r embora daqu i a pouco ,
po rque meus pa is devem compra r umas
es f ihas pa ra comermos jun tos .
- Vou ao banhe i ro e já vo l t o .
R ica rdo f i ca p reocupado e l i ga pa ra
L i l i :
- L i l i , a Pa ty que r i r embora porque
d isse que vocês devem compra r umas
es f ihas pa ra comemora r o an ive rsár io
de la , o que faço?
- Não se p reocupe , vou l i ga r pa ra
e la e inven ta r uma descu lpa , pode
de ixar .
55 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
Ele vo l ta na tu ra lmente e sen ta ao
lado de Pa t r íc ia . O te le fone toca e e la
a tende:
- O i L i l i , que ho ra s é p ra eu i r p ra
casa?
- Pa ty , eu , o papa i e a mamãe
vamos sa i r pa ra compra r um bo lo e uns
sa lgad inhos , po rque a vovó , o vovô e os
t ios v i rão aqu i em casa lá p ras nove e
me ia , porque e les tem ou t ro
comprom isso an tes , en tão ap rove i ta e
f i ca com o Rica rdo ma is um pouco .
- Tudo bem, você me convenceu !
- E a í? Já ro lou be i jo?
- Já ! Depo is te con to !
- A té ma is ta rde !
56 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- A té !
Os do is f i cam no c lube a té às se te
e me ia , en tão e le a conv ida para
conhecer sua mãe:
- Pa ty, m inha mãe que r mu i to te
conhecer . Eu d isse a e la que ho je é seu
an iversá r io e e la fez um bo lo pa ra você ,
vamos lá no meu p réd io?
- Vamos , mas eu tenho que es ta r
na m inha casa às nove e me ia , ok? A í
você va i comigo e conhece m inha
famí l ia !
- Tudo bem! Mas an tes que ro te dar
um p resen te !
En tão R ica rdo t i ra um pequeno
embru lho de seu bo lso e en t re ga à
Pa t r íc ia .
57 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- A i que l indo R i . . . é uma
pu lse i r inha com p ingen te de c ruc i f i xo ,
ado ro c ruc i f i xos !
- Pense i mu i to an tes de te en t regar
i sso e ache i que e ra um bom p resen te
po rque você sempre es ta rá p ro teg ida !
Quer namora r com igo?
“Eu só posso es ta r sonhando,
i nac red i táve l ! Esse an ive rsár io es tá
sendo o me lho r que eu já t i ve ! ” – pensa
a jovem.
- Acho que eu vou pensa r um pouco
an tes de ace i ta r seu ped ido de namoro . . .
– responde pensa t i va .
- Tudo bem, eu espe ro . . . – f a la
R ica rdo t r i s te .
- P ron to , já pense i ! Eu ace i to !
58 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
Os do is se be i jam e vão ao p réd io ,
a f ina l já são o i to ho ras . No cam inho, um
ga to es tá ten tando mata r um pássa ro ,
R ica rdo não pe rm i te , e le b r iga com o
ga to e embru lha o pássa ro fe r ido em sua
b lusa de f r io e o leva pa ra ver o que
pode se r f e i to .
“Ele é quase um Super pe t , es tá
tudo tão pe r fe i to , só fa l tava a f es ta
surp resa pa ra as p rev isões da Supe r teen
se conc re t i za rem. . . ”
Os do is chegam ao p réd io por
vo l ta de o i to e me ia , todos já es tão no
sa lão espe rando ans iosamen te .
- Vamos dar uma passada em um
luga r aqu i no p réd io an tes de sub i rmos .
- Ok!
59 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
Quando chegam ao sa lão ,
encont ram uma l inda fa i xa na po r ta com
os esc r i tos :
“Pa ty nós te amamos ! Fe l i z
An iversá r io e que Deus rea l i ze seus
sonhos ! ”
Todos ab raçam Paty , a men ina f i ca
mu i to emoc ionada e começa a cho ra r .
Es tão p resen tes todos seus am igos do
co lég io , os am igos de c lube , os am igos
do p réd io e da v i z inhança , os fam i l i a res ,
en f im uma grande fes ta !
L i l i en t rega um l i ndo ves t ido nas
mãos de Pa ty pa ra que e la f ique à
von tade na fes ta , po is todos es tão
usando t ra jes soc ia is .
60 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- Ob r igada , é l i ndo , é verde ,
m inha co r p re fe r ida ! De quem fo i essa
ide ia?
- Fo i m inha , da mamãe e do papa i ,
ah , a C la ra também a judou bas tan te .
Depo is de ves t ida , a an ive rsa r ian te
va i ao pa lco , pega o m ic ro fone e começa
a faze r um agradec imen to :
- Gos ta r ia de agradecer
p r ime i ramen te a Deus , porque sem E le
eu não es ta r ia aqu i e nem vocês!
Também gosta r ia de agradece r a todos
os p resen tes que es tão fazendo com que
essa no i te se ja tão espec ia l . E quero
agradece r mu i to , mas mu i to mesmo aos
meus pa is e à m inha i rmã, po rque se i
que f i ze ram tudo isso pa ra m inha
fe l i c idade e que ro d i ze r que amo mu i to
61 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
vocês! Essa é a me lho r f amí l i a do
mundo ! Ah , também quero agradecer
uma pessoa mu i to espec ia l , que eu
f i que i sabendo que a judou a o rgan izar
essa fes ta l inda , m inha am iga C la ra !
A fes ta é um sucesso , todos se
d ive r tem mui to , en tão chega o momento
da va lsa e a moça dança com seu pa i e
depo is com R ica rdo . Logo após chega o
momento de can ta r pa rabéns e cor ta r o
bo lo .
“Agora é a ho ra de faze r o ped ido ,
se i que es tou g rand inha pa ra ped i r
ce r tas co isas , mas um ped ido é sempre
um ped ido e eu tenho tudo o que p rec iso
em minha v ida , en tão eu que ro te r os
pode res da Supe r teen , ou me lho r , eu
que ro me t rans fo rmar na Supe r teen e
62 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
quer ia mu i to que o R icardo fosse o
Superpe t . ”
A fes ta te rm ina e Pa t r íc ia f i ca com
R ica rdo , e la reso lve a judá - lo a cu ida r do
passa r inho . E les co locam reméd io na
asa fe r ida do an ima l e depo is o so l tam.
E le a leva pa ra casa e a no i te
te rm ina como um sonho , mas o que e la
não imag ina é que seus sonhos es tão
p róx imos de to rnarem -se rea is .
An tes de do rmi r e la esc reve em seu
d iá r io :
“Co inc idênc ia ou não a Supe r teen ,
ad iv inhou o que ia acon tece r , se rá que
as co isas es tão mudando? Se rá que a lgo
va i acon tece r? Qua l é a fo rça de um
ped ido de an ive rsá r io? ”
63 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
Capítulo 2 – Como tudo
aconteceu?
No d ia segu in te à fes ta , Pa t r íc ia
va i com R ica rdo ao shopp ing . Os do is se
d i ve r tem bas tan te , tomam so rve te , vão
ao c inema , tudo é mu i to d i ve r t ido .
A lgo es t ranho acon tece , a moça vê
um c la rão mu i to fo r te e no caminho de
vo l ta pa ra casa , começa a te r v i sões
sob re o fu tu ro .
E la vê um ga ro to a t ravessando a
rua e sendo a t rope lado , en tão co r re e o
sa lva , an tes que isso oco r ra .
E la não en tende como i sso
acon tece , sen te -se pe rd ida , pensa que
64 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
rea lmente seu sonho pode se to rna r
rea l idade .
A men ina es tá exausta pa ra
conve rsa r ou faze r ou t ra co isa , en tão
chega a sua casa e do rme tan to que
aco rda a t rasada pa ra o co lég io .
Na esco la recebe a no ta de sua
p rova fe i ta no sá bado e f i ca mu i to
sa t is fe i ta .
- T i re i nove e me io ! Poxa que lega l !
Va leu a pena te r es tudado! E você J .C.?
- Des ta vez me sa í me lho r , mas
também você f i cou no meu pé a semana
toda ! T i re i o i to ! Ob r igada!
“Eu gos to mu i to de a juda r as
pessoas, ta l vez essa se ja a m inha
m issão . . . espero que eu cons iga
65 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
cont inua r tendo v i sões e que eu
rea lmente cons iga ser a Supe r teen . ” –
pensa .
Ma is uma v isão acon tece , Pa t r íc ia
vê uma men ina de sua c lasse co lando e
sendo pega pe lo p ro fessor de Geogra f ia .
- La ís , gos ta r ia de fa la r com você .
- C la ro Pa ty , pode fa la r .
- Você es tá pensando em co la r na
p rova de Geogra f ia de amanhã?
- C la ro que não , po r que eu fa r ia
i sso? Tenho o d ia todo pa ra es tudar
ho je .
- Só te peço para que f i que a ten ta ,
não faça nada, po rque você pode se
p re jud ica r .
66 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- Você es tá me ameaçando? Eu já
fa le i que não vou co la r .
- Descu lpe , é que pense i que você
es tava com d i f i cu ldades e ia me o ferecer
pa ra es tuda r com você .
- Ob r igada , se eu p rec isa r de
a juda , te f a lo .
O d ia passa , La ís tem p rob lemas
com sua famí l ia e não tem tempo para
es tuda r , à no i te , exausta , do rme em
c ima dos l i v ros . Pe la manhã, reso lve
faze r uma co la e leva r no bo lso , mas só
pa ra caso de emergênc ia .
La ís é uma ga ro ta consc ien te e que
não cos tuma tomar a t i tudes que
cons ide ra serem e r radas . Com seus
cabe los cas tanhos na a l tu ra do ombro e
suaves cachos nas pon tas , sua pe le
67 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
rosada e seus o lhos cas tanhos c la ros , a
men ina t ransm i te segu rança e
seren idade.
Du ran te a p rova a men ina pensa
em usa r a co la , mas lembra do que a
co lega d i sse e não o faz, m as quando
en t rega a p rova ao p ro fesso r , a co la ca í
de seu bo lso , en tão e le a pega e
g rampe ia na p rova .
Do lado de fo ra da sa la La ís
p rocura a am iga pa ra uma conve rsa :
- Não t i ve tempo pa ra es tuda r ,
en tão f i z uma co la , mas lembre i do que
você me d isse e não use i .
- F i co con ten te , mas a inda es tou
com um mau p ressen t imento .
68 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- E ra isso que eu que r ia te
pe rgun ta r , não cos tumo co la r em provas
e eu p re tend ia es tudar o d ia todo , como
você soube?
- Às vezes tenho p ressen t imentos ,
é como se fossem v isões , eu só que r i a
te a juda r .
- Es t ranho , se a co la que eu f i z
es tá no meu bo lso , não co r ro ma is
pe r igo , en tão você não tem mais mot i vo
pa ra f i ca r p reocupada .
Quando La ís co loca a mão no
bo lso , pe rcebe que não há nada.
- Pa ty , ju ro po r Deus, essa co la
es tava aqu i no meu b o lso , se rá que e la
ca iu? Se rá que o p ro fessor v iu?
69 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- Esse é meu medo, você é
inocen te e va i paga r po r um e r ro que
pensou em comete r , mas não cometeu .
O s ina l ba te e o p ro fesso r Jú l io , um
homem bondoso e pac ien te , a l to , com
cabe los dou rados e o lhos esve rdea dos e
b r i lhan tes , chama a men ina pa ra uma
conve rsa , e la con ta tudo o que
acon teceu , o p ro fesso r f i ca d esconf iado
e chama Pa t r íc ia pa ra esc la rece r a lguns
fa tos , en tão a men ina con ta o que
acon teceu e e le reso lve ve r i f i ca r a
d i f e rença en t re as in fo rmações en t re a
co la e a p rova e percebe que não
ex is tem in fo rmações sob re os mesmos
assun tos , po r tan to a co la não
in f luenc ia r ia em nada nas respostas de
La ís . O p ro fessor chama as duas
men inas novamente pa ra uma conve rsa :
70 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- Bem, pe lo que pude percebe r não
há in fo rmação na co la que se ja ao
menos pa rec ida com o con teúdo da
p rova , po r i sso , vou re leva r seu caso ,
mas que isso f i que somente en t re nós .
Também gosta r ia de fa la r que só f i z
i sso , po rque se i que vocês são duas
men inas es tud iosas e es fo rçadas e
nunca soube de nenhum des l ize de
vocês . Po rém, você La ís , teve a
in tenção de faze r a lgo e r rado , en tão vou
faze r a lgumas pergun tas sob re a p rova ,
como uma chamada o ra l , ass im você
p rova pa ra m im que rea lmente não
co lou .
- C la ro p ro fesso r , mu i to obr igada ,
f i co mu i to fe l i z com seu vo to de
con f iança .
71 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- Só gos ta r ia de sana r uma dúv ida ,
Pa ty, f az tempo que você tem essas
v i sões? I sso não é nenhuma br incade i ra ,
ce r to?
- Na ve rdade i sso tudo a inda é
novo pa ra m im, mas ass im que eu
soube r o que es tá acon tecendo te
exp l i co me lho r !
O assun to é ence r rado e Pa t r íc ia
sen te a sensação de deve r cumpr ido . O
d ia passa sem maio res comp l icações .
No d ia segu in te a jovem tem uma
nova v i são , des ta vez é re lac ionada à
sua v ida . E la vê um ca r ro a a t rope lando
e e la to rcendo o pé e f i cando a lguns
d ias de cama.
E la va i à esco la p reocupada, mas
nada acon tece , na vo l ta e la p res ta mu i ta
72 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
atenção ao t râns i to e quando vê o ca r ro
v indo em sua d i reção , começa a cor re r ,
mas pe rde o equ i l íb r io e acaba sendo
a t rope lada .
Pa t r íc ia f i ca com a perna
engessada e ganha a lguns d ias de
repouso . Nesse tempo e la pensa :
“Po r que eu não consegu i me
l i v ra r? Eu sab ia , eu v i o ca r ro e a inda
cor r i . . . eu t inha que ca i r e to rce r o pé?
Não en tendo . . . ”
A men ina f i ca f rus t rada e ado rmece
se quest ionando o po rquê aqu i lo
acon teceu c om e la , para quê se rv i u essa
v i são se e la não pôde ev i ta r?
Em seu sonho apa rece uma mu lher
que esc la rece mu i tos fa tos a e la .
73 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
“ - O i Pa ty , sou você no fu tu ro ,
venho pa ra te a juda r , p rec isamos
esc la recer d i ve rsos fa tos em sua v ida .
Mas tem mui tas co isas que v ocê não
es tá p repa rada pa ra en f ren ta r , por i sso ,
vamos aos poucos .
- Que lega l pode r fa la r com igo ma is
ve lha ! Eu que r ia sabe r o po rquê não
consegu i ev i ta r esse meu ac iden te?
- Na ve rdade , você te rá a lgumas
v i sões sob re o seu fu tu ro , mas sa iba que
não pode rá mudá - las . Como você fo i
abençoada com esse dom, não pode rá
usu f ru i r pa ra seu p róp r io bem.
- Mas e quando, mesmo que de
b r incade i ra , p rev i que ganhar ia o
concu rso e te r ia uma fes ta su rp resa?
74 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- Na verdade, você a inda não
es tava com o dom, aqu i lo f o i
co inc idênc ia , mas mesmo se você
soubesse , aqu i lo acon tece r ia e nada
você pode r ia fazer pa ra mod i f i ca r .
- De ixa eu ve r se eu en tend i , toda
vez que eu t i ve r uma v i são ao meu
respe i to , não pode re i f aze r nada para
mudar , po rque não consegu i re i mudar ,
mas mesmo ass im te re i a opo r tun idade
de ve r meu des t ino? É isso?
- Exa to , mas nem sempre você
sabe rá o que acon tece com você , isso
p rovave lmente só acon tecerá quando fo r
pe rm i t ido po r uma Fo rça Ma io r .
- Ob r igada pe las d icas e conse lhos .
Você sempre va i apa rece r pa ra m im ?
75 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- Apenas quando fo r necessá r io , na
ve rdade apa rec i ago ra porque você
p rec isa de uma jus t i f i ca t i va .
- Por f a la r em jus t i f i ca t i va , como eu
consegu i esse dom?
- Você fez um ped ido de
an iversá r io e essa Força Ma io r permi t iu
que fosse rea l izado . I sso fo i f e i to
a t ravés do so f r imen to seu e de pessoas
p róx imas a você .
- Po r quê?
- No momento cer to você va i sabe r ,
po r enquanto é só i sso , tenho que i r , a té
um d ia ! E como p rova de que isso fo i
rea l , de ixa re i um lenço b ranco de ce t im
em c ima de sua côm oda .
76 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
A jovem aco rda com o co ração
ace le rado , tan tas dúv idas surgem em
sua men te nesse momento . Se rá que
aqu i lo f o i rea l? Se rá que fo i um sonho?
Como sabe r?
De repente , e la se lembra do
lenço b ranco , se rá que e le es tá na
cômoda? Esse é um bom modo de saber
se aqu i lo f o i rea l . A men ina levan ta com
d i f i cu ldade e vê o lenço .
“Aqu i lo f o i rea l , imp ress ionante !
Prec iso con ta r a m inha i rmã o que es tá
acontecendo . ” – pensa .
- L i l i , p rec iso fa la r com você !
- Você es tá p rec isando de a lguma
co isa? Você es tá bem?
77 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- S im es tou ó t ima, que ro te con ta r
a lgo .
En tão as duas conve rsam por
a lgumas ho ras e L i l i ac red i ta em sua
i rmã , apesa r de pa rece rem fa tos
fan tás t i cos e inacred i táve is .
Os d ias passam e a men ina não
tem nenhuma v isão , e la f i ca em casa de
repouso po r causa da to rção de se u pé .
Mas es tud iosa como é , acompanha todas
as l i ções que suas am igas , C la ra e
Márc ia , t razem toda ta rde .
Quando vo l ta à ro t ina , va i à esco la
e tem uma su rp resa agradáve l . O banne r
e ca r taz com suas fo tos es tão expostos
e o d i re to r S i l ve i ra a chama pa ra a ss is t i r
a p ropaganda .
78 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- F i cou l inda ! Gos te i mu i to de fazer
essa p ropaganda !
- Você é fo togên ica e mu i to
s impá t i ca ! O mér i to é todo seu ! – f a la
S i l ve i ra .
- Ob r igada ! Es tou mu i to con ten te
em represen ta r o co lég io , ou me lho r , o
Cent ro Educac iona l ! – so r r i .
Depo is da au la , Pa ty vê uma
senho ra sendo assa l tada e e la não
pensa duas vezes an tes de reag i r . A
men ina su rp reende o ladrão , t i ra sua
a rma e a queb ra , devo lve a bo lsa da
senho ra e dá uma su r ra no band ido , e le
assus tado , f oge .
Pa t r íc ia f i ca um tan to as sus tada
com suas novas hab i l idades e pensa em
começar a t re iná - las .
79 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
Capítulo 3 – Aprendendo a voar
Pat r íc ia pe rcebe que seus re f lexos
me lho ra ram, seu cond ic ionamen to f ís ico
mudou , e la sen te -se renovada.
No c lube , depo is dos t re inos de
fu tebo l , e la com eça a descob r i r seus
pode res e t re iná - los . E la pe rcebe que
pode lev i ta r e i sso a de ixa mu i to
sa t is fe i ta .
En tão Rica rdo a p rocura e os do is
começam a conve rsar , e la fa la que a lgo
es t ranho es tá acon tecendo e con ta
sob re suas v i sões e seus pode res .
80 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
E le f i ca admi rado e con ta que
também es tá passando po r a lgumas
t rans fo rmações :
- L inda , que ro te con ta r a lgo que
também es tou passando . Toda vez que
ve jo um an ima l fe r ido e f i co com dó , eu
cons igo cu rá - lo , não é dema is? E se
ve jo a lguém ma l t ra tando um an ima l ,
ganho uma inc r íve l f o rça . Es tou com a
v i são aguçada à no i te , como a de uma
coru ja , cons igo voa r como uma águ ia ,
sa l ta r como um ga to e morde r como um
cacho r ro .
- Es tou mu i to fe l i z po r você , jun tos
podemos nos to rna r supe r -he ró is pa ra
de fende r causas que ach amos jus tas .
- Eu conco rdo com você e acho que
devemos faze r isso mesmo. Não se i
81 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
exatamente como, nem por que es tamos
passando por tudo isso , mas é
marav i lhoso .
- Engraçado, tudo i sso pa rece
co isa de f i lme, mas es tá rea lmente
acon tecendo , na ve rdade, eu t enho uma
exp l i cação pa ra isso .
- Sér io? Você sabe o porquê
es tamos passando por i sso?
- Faço uma grande ide ia , sem
con ta r que ce r tos acon tec imentos
pa recem co inc idênc ia , mas não são . No
d ia do meu an iversá r io f i z um ped ido na
ho ra de assop rar as ve las e cor ta r o
bo lo , ped i para que nós nos to rnássemos
a Supe r teen e o Superp e t , mas eu não
imaginava exa tamente qua is se r iam os
pode res , f i z o ped ido como uma
82 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
br incade i ra , não imag inava que fosse se
to rna r rea l .
- Ob r igado por me inc lu i r no seu
dese jo . I sso rea lmente s ign i f i ca a lgo
pa ra m im.
- Você não es tá cha teado?
- C la ro que não , es tá sendo
fan tás t i co .
Os do is passam mu i to tempo
conve rsando e fazendo p lanos . Pa ty
reso lve con ta r a R ica rdo o sonho que
teve e sob re o lenço b ranco de ce t im.
E le a de ixa em casa e os do is se
despedem com um be i jo . Nesse momento
os do is chegam a f lu tua r .
83 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
O tempo passa e os do is começam
a pensa r em um un i fo rme. E les sempre
espe ram ano i tece r pa ra t re ina rem seus
pode res .
- R i , como podemos faze r um
un i fo rme? Onde vamos nos t roca r?
- Podemos anda r com e le emba ixo
da roupa e quando en t ra rmos em ação,
co locamos uma másca ra , n inguém nos
reconhecerá pa ra segurança de nossos
am igos e fami l i a res .
- Pode ser , vamos ve r a ag i l idade
com que t rocamos de roupa , podemos
anda r com uma p equena moch i la nas
cos tas , pa ra guarda r nossas roupas e
a lgumas co isas .
Os do is desenham as roupas e
pedem à mãe de R ica rdo que
84 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
confecc ione os un i fo rmes , po rque e la é
cos tu re i ra .
Ânge la , mãe de R ica rdo , é uma
mu lhe r ba ta lhado ra e que ama mu i to seu
f i lho , seus cabe los cu r tos , t i ng idos em
um tom achoco la tado , d is fa rçam sua
idade .
- T ia Ânge la , esse é o un i f o rme que
desenhamos, é co lado no co rpo para
fac i l i ta r a t roca de roupa e também as
nossas ações.
- Esco lh i a roupa do Supe rpe t
ve rde , po rque é a co r do cu rso de
Ve te r iná r ia .
- Eu qu is a roupa da Supe r teen
l i lás po rque ache i bon i ta mesmo! – so r r i .
85 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- Fa re i ass im que poss íve l , vocês
f i ca rão l indos , mas devem tomar
cu idado , lembrem-se de que isso não é
b r incade i ra .
- S im mãe , pode te r ce r teza de que
nos lembra remos d isso .
- Pode de ixa r t ia , tomaremos
cu idado.
Em duas semanas os un i fo rmes
f i cam p ron tos e os do is con t inuam
t re inando suas hab i l idades .
Pa t r íc ia con t inua tendo v i sões e
soco r rendo pessoas . A men ina va i à
esco la , ao Ing lês , aos t re inos de fu tebo l ,
l eva uma v ida no rma l .
Pe lo ba i r ro , as pessoas a
reconhecem po r causa da p ropaganda
86 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
que e la fez. Sua v ida não pode r ia es ta r
me lho r .
E la e R ica rdo já es tão jun tos há um
tempo e e les reso lvem perde r a
v i rg indade jun tos .
- Pa ty , não quero te p ress i ona r ,
mas você sabe da m inha von tade .
- Eu se i R i , eu também tenho
von tade de t ransa r com você , mas tenho
medo. . .
- Eu também sou v i rgem e nunca
t i ve n inguém, ta lvez suas p reocupações
se jam as mesmas que as m inhas . . .
- Pode se r , tenho medo da do r e
dos meus pa is descob r i rem, apesa r da
m inha mãe se r mu i to amiga m inha , não
87 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
me s in to bem em con ta r m inha in tenções
p ra e la .
- Não vou te fo rça r a nada, vamos
com ca lma, aos dom ingos, m inha mãe
va i à casa da m inha vó , podemos i r p ra
m inha casa , o que acha?
- Ta lvez possamos , mas an tes
que ro i r no g ineco log is ta com a m inha
mãe, só ass im vou me sen t i r segu ra de
me en t rega r a você .
- Se i sso va i te t ranqu i l i za r , tudo
bem, faça como acha r me lho r .
Pa t r íc ia conve rsa com sua mãe:
- Mãe, eu que r ia fa la r com você um
assun to mu i to sé r io .
- É sob re o seu namoro?
88 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- S im, eu e o R i achamos que es tá
na ho ra de te rmos nossa p r ime i ra vez . . .
- F i lha , vou te fa la r que eu sempre
me p repa re i po rque sab ia que esse d ia
ia chega r , vou ser s ince ra , pa ra m im não
é fác i l , mas vou te da r o a po io que
p rec isa . Vamos marca r uma consu l ta
com o g ineco log is ta pa ra que você
comece a tomar um an t iconcepc iona l e
possa t i ra r todas as suas dúv idas sob re
o assun to . Eu posso te aconse lha r , mas
se i que se qu iser f aze r a lgo , va i f azer ,
me consu l tando ou não , po rque são seus
sen t imentos , é seu co rpo e você sabe o
quan to i sso tem va lo r p ra você e quanto
o R ica rdo é espec ia l em sua v ida . Só te
peço que use cam is inha , po rque p io r do
que uma grav idez são as DST e i sso
acho que você já es tudou bas tan te na
esco la e também a in te rne t es tá a í ,
89 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
ex is tem s i tes con f iáve is em que você
pode faze r pesqu isas e sabe r ma is sobre
essas doenças. Acho que já f a le i
dema is , eu te amo e vou apo ia r sua
dec isão . Só ma is uma co isa , f i lha mu i to
ob r igada po r con f ia r em mim, f i co
hon rada em faze r par te da sua v ida !
As duas cho ram e se ab raçam, a
ga ro ta f i ca ma is con f ian te e tem ce r teza
de sua dec isão .
“M inha mãe me deu apo io . . . e la
poder ia te r f e i to como a ma io r ia das
mães. . . f a lado com meu pa i , p ro ib ido
meu namoro , me de ixar de cas t igo , se i -
l á , es tou mu i to fe l i z po r te r uma mãe tão
amiga e compreens iva . ”
A men ina va i ao méd ico com a mãe,
f az os exames necessá r ios , começa a
90 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
tomar o reméd io e se p repa ra pa ra o
g rande d ia .
O tão espe rado domingo chega,
Pa t r íc ia va i à casa de R ica rdo e e le a
espe ra com o a lmoço p ron to :
- Ho je tem lasanha e fu i eu que f i z !
- Nossa , mas esse meu
namorad inho l indo já es tá p ron to p ra
casa r !
- Só se fo r com você !
Os do is se be i jam e conve rsam
an tes de segu i rem pa ra a p róx ima e tapa :
- Se i que você fo i ao méd ico e
conve rsou com sua mãe, mas tem
cer teza de que é isso que você que r?
Você es tá p repa rada?
91 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- S im, eu pense i bas tan te e
chegue i à conc lusão de que esse é o
momento de eu me en t rega r e que você
é uma pessoa mu i to espec ia l .
- Eu espe re i uma pessoa como
você , já t i ve ou t ras namoradas, mas não
me sen t i seguro e con f ian te pa ra segu i r
ad ian te , você en tende , né?
- C la ro que s im! Isso é no rma l !
- Na ve rdade, os men inos da m inha
idade f i cam fa lando bes te i ras , e les dão
a en tende r que men inos v i rgens ou são
gays ou f rouxos . Mas eu não me
enve rgonho d isso , pe lo con t rá r io , eu me
o rgu lho !
- Eu também tenho o rgu lho de
você , porque não se de ixou leva r por
essa soc iedade mach is ta e não tem
92 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
ve rgonha de assum ir seus sen t imentos e
suas von tades. Se todas as pessoas
pensassem como você as co isas
pode r iam es ta r bem me lho res .
Os do is namoram bastan te e e les
t ransam pe la p r ime i ra vez. En tão tomam
banho jun tos e quando es tão a lmoçando,
Ânge la chega em casa .
- O i mãe , chegou ma is cedo ho je .
- S im, sua vó es tava cansada ,
espe ro não te r a t rap a lhado nada . – so r r i .
- Não a t rapa lhou nada , mãe!
Os do is te rm ina m o a lmoço e saem
pa ra passea r , quando a ga ro ta tem uma
v isão de um jovem es tup rando uma
men ina em um beco p róx imo ao p réd io
de R icardo .
93 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- Vamos R i , não podemos de ixa r
i sso acon tece r .
- Acabamos de passa r po r uma
expe r iênc ia tão lega l e vemos esses
cava los b ru tos , fo rçando uma men ina a
faze r sexo .
Os do is chegam a tempo e
conseguem imped i r o rapaz . E les
p rendem o garo to em um poste e l i gam
pa ra a po l íc ia . A jovem pe rcebe que a
men ina é sua co lega de sa la e conve rsa
com e la :
- É r ika , como isso fo i acon tecer?
É r ika , uma l inda men ina o r ien ta l ,
a inda t remendo do sus to , com as roupas
rasgadas e com a lguns co r tes na ba r r iga
e no pescoço conve rsa com Pa t r íc ia :
94 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- Você é a Supe r teen?
- Como você sabe?
- Po rque você tem pode res e age
como e la , mas es tá ves t ida norma l .
- Eu f i que i tão p reocupada em te
soco r re r que esquec i de me t rocar , mas
i sso não vem ao caso , daqu i a pouco a
po l íc ia es ta rá aqu i e você te rá que da r
seu depo imento e fazer exame d e corpo
de de l i t o .
- Não que r ia que meus pa is
soubessem, mas como tenho 16 anos,
vão chamá - los .
- Mas i sso acon teceu con t ra a sua
von tade e nós chegamos a tempo pa ra
imped i r , f i ca ca lma.
95 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- Na ve rdade, e le é meu
namorado . . .
- Seus pa is sabem d isso?
- S im, e le f requenta m inha casa há
do is meses.
- Mas po r que e le fez i sso com
você?
- E le quer ia que eu t ransasse com
e le , mas sou v i rgem e tenho medo.
- E le fa lou que não ia espe rar ma is
e que ia sa i r com ou t ra .
- Eu f i que i a r rasada e d isse que
ace i ta r ia . Fomos a um mote l aqu i pe r to ,
use i um RG fa l so pa ra en t ra r , mas
quando o c l ima esquent ou , eu o d is t ra í e
consegu i f ug i r , eu ganhe i um pouco de
96 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
tempo , po rque e le teve que pa ra r p ra
paga r , mas eu fu i a t rope lada por um
c ic l i s ta e e le me a lcançou, e le gr i tava
que e ra pa ra que eu me aca lmasse que
e le só que r ia conve rsa r , en tão espe re i e
acred i te i na pa lavra de le , mas eu
deve r ia te r f ug ido , e le t i rou um can ive te
do bo lso e começou a me agred i r e me
fo rça r a faze r o que eu não quer ia , a inda
bem que vocês chega ram.
- I sso é mu i to sér io , temos que
tomar uma a t i tude .
- Eu se i , vou conve rsa r com a
m inha mãe , acho que e la va i me a judar
bas tan te .
- Pode te r ce r teza de que e la va i te
a juda r .
97 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
Os pa is da men ina chegam ,
Pa t r íc ia e R ica rdo vão embora . Logo
depo is a po l íc ia chega e todos vão para
a de legac ia .
Ao se de i ta r , Pa t r íc ia tem uma nova
v i são . E la vê R icardo com uma moça que
e la não consegue v isua l i za r o ros to
sa indo do shopp ing e os do is sendo
a t rope lados po r um caminhão
desgovernado, en tão se desespe ra , l i ga
pa ra R icardo e con ta o que acon teceu .
98 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
Capítulo 4 – Real idade X Sonho
Pat r íc ia ab re os o lhos com
d i f i cu ldade e pensa es ta r sonhando. E la
o lha ao seu redo r e vê apa re lhos de
hosp i ta l l i gados e não en tende o que
es tá acon tecendo.
- Mãe ! Co r re ! E la abr iu os o lhos ! –
se emoc iona L i l i .
- F i lha , eu sab ia que você ia
res is t i r , te amo mu i to ! Ob r igada Deus !
Eu reze i tan to pa ra você me lho ra r , f i z
p romessa , f i z novena . . .
- O que es tá acon tecendo? Po r que
eu es tou aqu i?
- Você não se lembra do ac iden te?
99 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- Não.
- No d ia segu in te da sua fes ta ,
você es tava sa indo do shopp ing com o
R ica rdo e um cam inhão desgovernado
a t rope lou vocês .
- Meu Deus , es tou v i va ! Há quantos
d ias es tou aqu i no hosp i ta l? E o
R ica rdo? E le es tá bem?
- E le es tá em coma, ass im como
você es tava . Faz o i to meses que vocês
es tão aqu i .
A mãe emoc ionada va i a té o
cor redor pa ra con ta r a no t íc ia à Ânge la .
- M inha f i lha aco rdou !
- O meu men ino também!
100 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- I sso é um m i lagre ! – as duas
g r i tam e comemoram.
- Prec isamos fa la r com o dou to r
Ja ime . Sabe r se não ex is tem ma is
r i scos , como se rá a recuperação , se e les
te rão seque las . . . – se p reocupa Lau ra .
- Vamos a té o pos to de
en fe rmagem!
As duas espe ram pe la chegada do
dou to r para uma ava l iação de seus f i l hos
e pa ra sana r suas dúv idas e
p reocupações .
Ja ime é um méd ico de mu i ta fé , um
homem bondoso e mu i to cha rmoso, tem
cerca de 40 anos , cabe los suavemente
g r i sa lhos , o lhos ve rdes e es ta tu ra a l ta .
E le exam ina os do is j ovens e percebe
que es tão bem.
101 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- U t i l i zamos uma esca la pa ra med i r
o quão é g rave o es tado do pac ien te e o
coma, chama-se Esca la de G lasgow,
seus f i lhos es tavam com t rês de
pon tuação, isso rep resen ta o coma
p ro fundo, um es tado vegeta t i vo , com
grandes chances de não recuperação e
poss íve l ób i to . É inc r íve l a recupe ração
dos do is , sa i r de um coma e ab r i r os
o lhos , como se despe r tassem de um
sono p ro fundo. Se i que um méd ico não
cos tuma fa la r em Deus, mas cons iderem
que isso fo i um mi lagre . P rec isamos
reava l ia r os danos neuro lóg icos que os
do is t i ve ram pa ra ve r i f i ca r qua is serão
as seque las .
As mães se abraçam e con t inua m
espe rançosas:
102 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- Ânge la , eu tenho espe ranças de
que os do is possam anda r e rea l i za r
todas suas a t i v idades como sempre
f i ze ram.
- Eu tenho a lgumas p reocupações,
l embra quando f ize ram a lguns exames e
fa la ram que e les t inham s ido acomet idos
po r danos neu ro lóg icos i r reve rs íve is?
- S im, eu me lembro , mas tenho
mu i ta fé em Deus e pa ra e le nada é
imposs íve l . Se E le pe rmi t iu que nossos
f i lhos vo l tassem à v ida , e le pode
pe rm i t i r qu e os danos desapa reçam,
pa ra a med ic ina é imposs íve l a to ta l
recupe ração , mas para D eus não .
- Já faz tan to tempo. . . o i to meses
que es tamos aqu i , naque le d ia so f remos
103 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
tan to . . . chega ram a cons ide rar o caso
de les como mor te ce reb ra l . . .
- É mesmo, já es tavam a té
pe rgun tando sob re doação de ó rgãos. . .
- Ho je é d ia 14 de novembro ,
amanhã é an i ve rsá r io de 18 anos do meu
f i lho , temos bons mot i vos pa ra
comemora r !
- Você pe rcebeu a co inc idênc ia?
E les so f re ram o ac iden te um d ia depo is
do an ive rsá r io da Pa ty e aco rda ram um
d ia an tes do an ive rsár io do R i .
As duas agua rdam ans iosas para
pode rem f ica r c om os f i l hos que passam
po r uma ba te r ia de exames.
- Mãe, l i gue i pa ra o pa i e e le es tá
v indo para o hosp i ta l . E le d isse que não
104 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
vê a ho ra de ve r os o lhos ve rdes da Paty
abe r tos !
- Você tem s ido uma f i lha
espe tacu la r ! Obr igada pe lo apo io que
es tá dando pa ra m im e pa ra seu pa i !
Os f i lhos re to rnam dos exames e as
mães vão pa ra seus respect i vos qua r tos .
No quar to de Paty , a famí l ia se
reúne em uma fes ta pa r t icu la r .
- A té que en f im posso ouv i r sua
voz , ve r seus l i ndos o lhos aber tos . . .
f i lha , chegue i a pensa r que nunca ma is
i sso acon tece r ia . . . mas , toda vez que eu
t inha esses pensamentos , sua mãe me
an imava e d i z ia que Deus faz co isas
imposs íve is ! – f a la Maur íc io .
105 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- Pa i , não se i como tudo isso fo i
poss íve l , c re io que rea lmen te fo i Deus,
po rque eu es tava tão longe , ma l pod ia
sen t i r , imaginar ou lembra r de a lg o
sob re o ac iden te . – so r r i .
- A inda bem que você es tava longe ,
Deus te poupou de todo esse so f r imento ,
imagina se você es t i vesse consc ien te ,
sen t indo tudo i sso . . . – comen ta L i l i .
- Ass im que vocês do is vo l ta re m
pa ra casa , vamos fazer uma grande
fes ta ! – so r r i Lau ra .
- E o R i? Como e le es tá?
- Do mesmo je i to que você , se
recupe rando. Amanhã vou fa la r com o
d r . Ja ime pa ra ver quando vocês podem
se encont ra r !
106 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
Pat r íc ia con ta tudo o que passou
du ran te o coma, quando pensou es ta r
v i vendo uma rea l idade .
No qua r to de R ica rdo , mãe e f i lho
conve rsam bastan te :
- Mãe, que r d i ze r que du ran te todo
esse tempo eu es tava sonhando? Nada
do que eu passe i f o i rea l?
- S im, meu f i lho . Vocês es tão
in te rnados aqu i no hosp i ta l desde o d ia
segu in te do an iversá r io da Pa ty.
- Passe i po r momentos inc r íve is ,
mesmo que em sonho. . . v ou te con ta r
tudo , mas an tes que ro sabe r da Pa ty,
como e la es tá? Quando pode re i vê - la?
107 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- A Pa ty es tá se recupe rando tão
bem quanto você , logo poderão se
encont ra r !
En tão R ica rdo con ta tudo o que
sonhou pa ra sua mãe . Co inc idênc ia ou
não , R ica rdo e Pa t r íc ia t i ve ram os
mesmos sonhos . Todos dormem
a l i v iados e ans iosos pe lo d ia segu in te .
Logo cedo, d r . Ja ime passa pa ra
conve rsa r com as mães ans iosas .
- Vamos faze r o s ú l t imos tes tes
pa ra complementa r os exames de on tem
e ass im que eu t ive r os resu l tados posso
a f i rmar a lgo ma is conc re to pa ra vocês .
Depo is da rea l i zação de ma is
a lguns tes tes , d r . Ja ime reúne as duas
mães e dá exce len tes no t íc ias :
108 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- Seus f i l hos es tão se recuperando
da mesma fo rma. E les não pe rde ram
nenhum mov imento , já es tão
consegu indo comer , mesmo que aos
poucos , pap inhas de f ru tas , re t i ramos as
sondas e es tão consegu indo u r inar ,
conve rsam bem, es tão com um bom n íve l
de consc iênc ia e as f i s io te rapeu tas
es tão nesse momen to com e les , f azendo
exe rc íc ios pa ra que vo l tem a anda r o
ma is b reve poss íve l . Vamos d izer que
seus f i lhos renasceram, não se i exp l i ca r
o que acon teceu , mas parec ia a lgo
i r reve rs íve l , pa r te do ce rebe lo fo i
a fe tada e mu i tos neu rôn ios mor re ram.
Mas pe los exames que rea l i zamos, o
cerebe lo es tá no rma l , re fe i to , e os
neu rôn ios também, é como se nada
t i vesse acon tec ido . I sso é inexp l icáve l ,
nunca houve um caso ass im.
109 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- I sso fo i um mi lagre dou to r . Deus
faz co isas que parecem imposs íve is para
os homens, mas pa ra E le não são . –
so r r i Ânge la .
Os jovens se recupe ram d ia após
d ia com as sessões de f i s io te rap ia .
Passado quase um mês do desper ta r , os
do is já conseguem anda r e conseguem
f ina lmente conve rsar .
- Ho je o méd ico va i f a la r quando
te remos a l ta ! Es tou mu i to ans iosa !
- Acho que vamos f ica r aqu i po r no
máx imo, ma is uma semana!
- Eu es tava com mui tas saudades
de você . . . nesse tempo que f i que i em
coma, t i ve mu i tos sonhos com você . . .
110 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- Po r inc r íve l que pa reça , eu
também sonhe i mu i to com você , mas
sabe o que me de ixa ma is in t r i gado?
- O quê?
- Pa rec ia mu i to rea l , mas rea l
dema is , você en tende , né?
- S im, pa ra m im fo i t ão rea l que
chegue i a acordar com o sus to que leve i
quando te con te i da m inha v i são sob re o
ac iden te .
- Mas eu aco rde i com o sus to de
você me con tando. . .
En tão os do is conve rsam e
pe rcebem que seus sonhos fo ram mu i to
pa rec idos . Co inc idênc ia? P rov idênc ia?
111 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
Capítulo 5 – Será que é real?
- Ho je é o g rande d ia ! Es tá p ron ta
f i lha?
- Com toda ce r teza pa i ! Não ve jo a
ho ra de vo l ta r pa ra casa !
- Vamos vo l ta r jun to com o R i e
com a mãe de le , vou dar uma ca rona a
e les , o que acha?
- Vou ado ra r , cada minu to que
passo ao lado de le me de ixa bas tan te
con ten te !
- Desse je i to vou f i ca r com c iúmes
de le .
112 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- Pa ra pa i , você sabe que é o
p r ime i ro da m inha l i s ta , t e amo mu i to !
E les vo l tam pa ra casa e ganham
uma be la surp resa p repa rada po r
pa ren tes e am igos , no sa lão do p réd io
de R icardo .
O jovem casa l come ça a chora r e
se ab raça , nesse momento os do is têm a
sensação de que tudo o que sonharam
não fo i apenas um de l í r io , que pa r te
daqu i lo inexp l i cave lmente acon teceu .
Todos os conv idados os ab raçam e
comemoram po r sua recupe ração e
re to rno . A fes ta du ra a lgumas ho ras e os
do is se re to rnam às suas casas po rque
p rec isam descansa r .
No d ia segu in te , o casa l de
namorados se reencont ra .
113 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- R i , não cons igo pa ra r de pensar
naque le d ia em que nos en t regamos um
ao ou t ro .
- Eu também. Sabe? Quer ia mu i to
que tudo aqu i lo t i vesse acon tec ido de
ve rdade.
- Mas a inda pode acon tece r , an tes
só p rec isamos nos recuperar to ta lmente .
- Quando você reso lve r con ta r para
sua mãe e i r ao g ineco log is ta , me av isa ,
tá?
Os do is dão boas r i sadas e passam
o res tan te do d ia ass is t indo f i lme na
casa de Pa t r íc ia .
As fes tas de f im de ano se
ap rox imam e as famí l ias têm mu i to que
comemora r .
114 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- Mãe, posso conv ida r o R i e a mãe
de le pa ra passarem o Nata l aqu i em
casa?
- Na ve rdade , eu já me an tec ipe i e
conv ide i os do is . . .
- Ob r igada mãe! Você é demais . O
que e la d isse?
- No in íc io f i cou um pouco
re lu tan te , mas d isse que a vó do R icardo
ia passa r as fes ta s na casa de la . En tão
eu d isse pa ra que e la t rouxesse a mãe
pa ra cá também e e la ace i tou !
- Vou l i ga r pa ra o R i !
A men ina pega o te le fone na mão e
quando e la pensa em d isca r , o mesmo
toca .
115 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- A lô !
- O i Pa ty !
- O i R i , eu tava pensando em l i gar
pa ra você ago ra .
- Que te lepa t ia , he in?
- Te lepa t ia de do is super -heró is !
- Fa le i com minha mãe sob re o
Nata l e . . .
- Eu também! A fes ta é depo is de
amanhã e tô mu i to fe l i z porque vocês
vão passa r aqu i na m inha casa , tô a té
pensando em que roupa vou usar !
- É sob re i sso que eu que ro fa la r
com você . Vem aqu i na m inha casa ,
tenho uma su rp resa p ra você !
116 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- Só se fo r ago ra ! Tô indo !
Pa t r íc ia va i ap ressada à casa de
R ica rdo para ve r qua l é a su rp resa .
- M inha mãe fez um ves t ido pa ra
você usar no Nata l . E e le é da sua co r
p re fe r ida .
- Ve rde ! E le é s imp lesmen te ma - ra -
v i - l ho -so ! Obr igada t ia , você é uma
exce len te cos tu re i ra !
- F i z uma b lusa para o R i
combinando com seu ves t ido ! Quer ve r?
- Quero s im! R i , p rova a b lusa que
sua mãe fez p ra eu ve r como f ica em
você !
117 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
Rica rdo co loca a b lusa e f i ca mu i to
bem ne le . O d ia te rm ina e a ga ro ta vo l ta
pa ra sua casa mu i to fe l i z .
Chega a no i te de Nata l , todos
es tão reun idos e depo is da o ração de
agradec imento a Jesus , R icardo pede a
pa lavra :
- Gosta r ia de ap rove i ta r a ocas ião
e d i ze r a lgumas pa lavras . P r ime i ramente
agradece r a Deus e Jesus po r te rem
poupado nossas v idas . Quero também
d ize r que sou uma pessoa mu i to fe l i z e
rea l i zada po r te r conhec ido a Pa ty e
vocês também e se i que é no momento
da d i f i cu ldade que conhecemos quem
são as pessoas que es tão ao nosso lado
e pude pe rcebe r que todos aqu i
p resen tes são mu i to impor tan tes em
m inha v ida . Por i sso , gos ta r ia de
118 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
of i c ia l i za r nosso namoro . Mas an tes
que ro de ixa r c la ro , que não impor ta o
quan to tempo conhecemos uma pessoa,
mas a in tens idade do que sen t imos por
e la .
R ica rdo t i ra uma ca ix inha com duas
a l ianças do bo lso e most ra a todos .
- São l indas ! Eu vou aprove i ta r a
ocas ião e fa la r a lgumas co isas também.
Fu i pega de su rp resa e não tenho nada
ensa iado , mas vou fa la r com o coração .
Eu se i que podemos passa r uma v ida
in te i ra com uma pessoa e não a
conhecermos ve rdade i ramente , para m im
não impo r ta quan to tempo es tamos
jun tos e se f i camos em coma po r tan tos
meses, po rque todos os d ias R icardo
es tava em meus sonhos. E nada é po r
acaso , se o motor i s ta do caminhão
119 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
estava bêbado, pe rdeu o con t ro le , nos
a t rope lou , mor reu e nós sob rev ivemos , é
po rque i sso t inha que acon tecer .
Os do is se be i jam e t rocam
a l ianças . É um momento mu i to
românt ico . Todos f i cam emoc ionados .
- Pa ty , como você sabe que o
moto r is ta es tava bêbado e que e le
mor reu? N inguém comentou i sso com
nenhum de vocês pa ra poupá - los . –
ques t iona L i l i .
- Não tenho ide ia de como eu se i
d isso , mas é uma ce r teza tão g rande . É
como se eu v i sse a cena po r um ou t ro
ângu lo . . .
- É como se você não fosse voc ê
mesma?
120 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- É ma is ou menos i sso . Aqu i lo que
comente i a vocês sob re m inhas v i sões
quando eu es tava em coma a inda pa rece
mu i to rea l .
Todos f i cam preocupados, mas
p re fe rem não comen tar ma is nada.
No d ia segu in te todos se reúnem
novamente para o a lmoço . P a t r í c ia tem
uma v isão , e la vê sua mãe de r rubando
uma t ravessa de v id ro em L i l i e a men ina
com um cor te no b raço .
E la co r re pa ra a coz inha e t i ra L i l i
de pe r to da sua mãe e imed ia tamen te a
t ravessa ca i e n inguém se machuca .
As duas f i cam assus tadas e
en tendem que Pat r íc ia rea lmente tem
pode res .
121 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
Mais ta rde , Maur íc io chama
Pa t r íc ia para uma conversa .
- F i lha , eu te p romet i uma v iagem à
Bah ia no f ina l desse ano como p resen te
do seu an iversár io de 15 anos,
i n fe l i zmen te as co isas mudaram, você
so f reu aque le ac iden t e , f i cou meses no
hosp i ta l e . . .
- Pa i , eu se i que ago ra não é o
momento de pensa r nessa v iagem. Quem
sabe eu não de ixe para conhecer a
Bah ia quando me fo rmar no te rce i ro
ano?
- Você é uma f i lha mu i to
compreens iva e marav i lhosa . Te amo!
- Eu é que não tenho pa lavras p ra
agradece r a Deus po r t e r um pa i tão bom
e tão am igo .
122 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
Na semana en t re o Nata l e o Ano
Novo , a men ina recebe uma l i gação de
É r ika .
- O i Pa ty , como você es tá? F ique i
p reocupada com você . In fe l i zmen te não
deu p ra eu i r na fes ta que f i ze ram pa ra
vocês . . .
- Ob r igada po r te r me l i gado ! Que
pena que você não pôde v i r , a f es ta
es tava l i nda .
- Eu que ro te con ta r uma co isa que
acon teceu comigo .
- Pode fa la r , es tou te ouv indo .
- Eu t i ve um sonho com você ,
quando es tava in te rnada e você e ra uma
supe r -he ro ína e me sa lvava do meu
p róp r io namorado. Vou con fessar que
123 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
aco rde i bas tan te assus tada , mas não
leve i mu i to a sé r io o sonho.
- Acon teceu a lguma co isa? Você
es tá bem?
- Ago ra es tou bem, mas fo i mu i to
es t ranho. E le que r ia que eu pe rdesse a
v i rg indade com e le , mas eu não me
sen t ia p repa rada , a í e le d i sse que ia sa i r
com ou t ras men inas , en tão me
desespere i e d i sse que t ransa r ia com
e le . Marcamos de i r num desses moté is
ba ra tos e eu a té a r rume i um RG fa lso ,
mas tudo es tava tão idên t ico ao sonho
que des is t i de en t ra r com e le no mote l ,
en tão passamos po r um beco idên t i co ao
do sonho e quando e le co locou a mão no
bo lso , pense i que e le ia t i ra r um
can ive te pa ra me a tacar , en tão v i uma
v ia tu ra de po l íc ia passando e co r r i , e le
124 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
f ing iu que não me conhec ia , po r pouco
e le não me pegou . No d ia segu in te
te rm ine i o namoro com e le e do is d ias
depo is e le já es tava com ou t ra men ina .
Eu se i que isso tudo parece loucu ra ,
mas qu is te l i ga r e agradece r , po rque de
cer to modo sa lvou m inha v ida , mesmo
que em sonho.
- Não se i te exp l i ca r , mas eu t i ve
um sonho igua l ao seu , se de a lgum je i to
te a jude i , f i co mu i to fe l i z .
Pa t r íc ia des l iga o te le fone e va i a
seu qua r to para pensa r sob re tudo o que
acon teceu e es tá acon tecendo em sua
v ida .
“Ser uma supe r -he ro ína e ra tudo o
que eu quer ia , m as eu nunca pense i que
i sso pudesse se to rna r rea l . Se rá que fo i
125 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
meu ped ido de an ive rsá r io que mudou as
co isas? Po r que en t ramos em coma um
d ia depo is do meu an ive rsár io e
aco rdamos um d ia an tes do an iversá r io
do R i? Como t i vemos pa r te d o ce rebe lo
e neu rôn ios bas tan te a fe tados e
vo l tamos como se nada t i vesse
acon tec ido? P rocu ro exp l icações pa ra o
i nexp l i cáve l . . . ”
Pa t r íc ia cho ra e acaba pegando no
sono.
Quando aco rda , a lgumas ho ras
depo is , va i à cômoda pa ra se pen tear e
vê um lenço b ranco de ce t im idên t i co ao
de seu sonho de quando es tava em
coma. A men ina f i ca con fusa e acha
me lho r con f i rmar de onde ve io o lenço .
126 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- Mãe , você v iu um lenço b ranco de
ce t im em c ima da m inha cômoda?
- Não percebe i , po r quê?
- Nunca t i ve um lenço de ce t im e
que eu sa iba nem voc ê e nem a L i l i não
têm também.
- Po r que você es tá pe rgun tando
i sso? Você achou um lenço na sua
cômoda?
Pa t r íc ia con ta a sua mãe sob re o
sonho e sob re a l i gação de É r ika . A mãe
f i ca bas tan te surp resa .
- Não se i o que es tá acon tecendo,
mas pa rece se r a lgo bom e ta l vez se ja o
que a judou a te sa lva r . I sso pa rece um
dom.
127 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- Passe i m inha v ida in te i ra
sonhando em ser a Supe r teen e no d ia
do meu an ive rsár io ped i pa ra que eu e o
R i nos to rnássemos supe r -heró is , mas
não pense i que isso fosse acon tecer de
ve rdade.
- M inha mãe sempre me fa lava ,
cu idado com o que você dese ja , po rque
pode se to rna r rea l idade . Pe lo je i to e la
es tava ce r ta . Mas não se assus te , te r
um dom é a lgo bom e se Deus permi t iu
que i sso acon tecesse em sua v ida é
po rque você é capaz de l ida r com i sso
tudo .
A conve rsa te rm ina e a men ina
começa a combina r onde se rá a fes ta de
Ano Novo com R ica rdo . Quando de
repen te , tem uma nova v i são .
128 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- R i , não podemos passa r o Ano
Novo no C lube At lé t i co .
- Po r quê? Ia ser tão lega l . . .
- Eu t i ve uma v i são de um a r ras tão ,
a lguns lad rões ten tavam rouba r a bo lsa
da m inha mãe, meu pa i reag ia e tomava
um t i ro .
- Depo is de tudo i sso que es tá
acon tecendo , rea lmente é me lho r
ouv i rmos o que você fa la . Vamos na sua
casa fa la r com seus pa is .
Os do is conve rsam com os pa is da
men ina e os convencem a des is t i r do
Ano Novo no c lube .
F ina lmen te chega a no i te de Ano
Novo e todos es tão reun idos na casa de
R ica rdo , quando ass is tem no no t i c iá r io
129 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
da TV que acon teceu um ar ras tão e duas
pessoas fo ram a t ing idas po r ba las
pe rd idas . Imed ia tamen te todos
agradecem Pat r íc ia pe lo a le r ta , mas e la
não f ica fe l i z .
- Eu se i que meu pa i poder ia te r
s ido a t ing ido e g raças a m inha v i s ão e le
es tá sa lvo . Mas a inda não es tou fe l i z
po rque a lguém recebeu esse t i ro e eu
não pude imped i r .
- Não podemos imped i r o que é
pa ra acon tece r . Se Deus pe rm i t iu que
você t i vesse esse dom e que
consegu isse imped i r a sucessão de
a lgumas co isas , é po rque e las não
deve r iam ocor re r , você en tende? – f a la
Ânge la .
130 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- S im, eu en tendo, mas não ace i to .
É mu i to d i f íc i l quando podemos te r
v i sões sob re o fu tu ro e não consegu imos
sa lva r o mundo. . . ou pe lo menos a v ida
de uma ún ica pessoa. . .
Todos ab raçam Pat r íc ia e rezam um
Pa i Nosso ped indo p ro teção pa ra todos
que es tavam no a r ras t ão e ped indo para
que 2016 se ja um ano de mu i tas a legr ias
pa ra todos .
131 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
Capítulo 6 – Descobr indo um
mundo novo
As fé r ias te rm inam e chega o
momento de Pat r íc ia vo l ta r às au las .
Dev ido ao ac iden te o d i re to r do co lég io
concede bo lsa de 100% pa ra a men ina
cursa r novamente o p r ime i ro ano do
Ens ino Méd io .
- O i Pa ty! F ico fe l i z que es tá de
vo l ta ! F i zemos uma pequena
con f ra te rn ização pa ra recebê - la , vamos
ao pá t io ! – f a la S i l ve i ra .
Lá es tão todos seus p ro fessores ,
am igos e func ioná r ios . Há um a fa i xa
132 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
dese jando boas v indas , bo lo , sa lgados e
suco .
- Ho je como é o p r ime i ro d ia de
au la do ano , vamos dar boas v indas à
Pa ty e comemorarmos po r ma is um ano
le t i vo ! – so r r i S i l ve i ra .
O d ia é mu i to agradáve l . Depo is do
co lég io , a men ina va i ao t re ino de
fu tebo l . Todos a recebem com mu i to
car inho .
No d ia segu in te a men ina va i ao
Ing lês e também recebe mensagens de
car inho e incen t i vo .
A semana passa e Pa t r íc ia sen te -
se uma men ina rea lmente espec ia l .
- R i , como fo i sua semana no
co lég io? Na na tação?
133 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- Fo i t udo bem, todos fo ram mu i to
lega is com igo , mas me sen t i soz inho ,
po rque toda m inha tu rma se fo rmou, na
ve rdade, eu não es tou l i gando po rque
vou fazer o te rce i ro ano de novo , po rque
eu pode r ia es ta r mor to ou com seque las
g raves , só es tou um pouco t r i s te po rque
a ga le ra que andava comigo e que eu
gos tava não es tá ma is lá . . .
- Eu se i , o pessoa l lá da m inha sa la
também não é o mesmo , e ra p ra eu es ta r
no segundo ano , mas es tou mu i to fe l i z
po r es ta r v i va e po r te r t ido essa
opo r tun idade.
- Es tou sen t indo como se aque les
pode res fossem ve rdade i ros , vamos
t re ina r?
134 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- Vamos , c la ro ! Pod emos começar
ho je mesmo no c lube . I gua l ao que
faz íamos nos sonhos.
En tão o jovem casa l começa os
t re inos , Pa t r íc ia consegue voa r , p rever
acon tec imentos , te r ag i l idade , en f im,
todos os pode res da mesma fo rma que
t inha imag inado e sonhado, mas Ricardo
sen te que a lgo o b loque ia e não
consegue se so l ta r , po r tan to não
desenvo lve nenhum dos poderes que
hav ia imaginado.
O rapaz f i ca cha teado, mas não
des is te . Pa t r íc ia o incen t i va semana
após semana e ass im passam a lguns
meses. En tão R ica rdo p re fe re se a fas ta r
da moça.
135 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- Pa ty , eu te amo mu i to , mas você
merece uma pessoa me lho r . Eu não
posso ma is f i ca r com você . Não tenho
pode res , não sou aque le Supe r pe t que
você idea l i zou , descu lpa se te
decepc ione i .
- Mas você não me decepc ionou em
momento a lgum. Eu te amo mu i to e você
não p rec isa te r pode r a lgum p ra namorar
comigo .
- Po r f avor , ten ta en tende r . Me dá
esse tempo.
Pa t r íc ia va i pa ra sua casa pensar
em tudo o que es tá acon tecendo.
“Não cons igo en tende r como tan to
amor acaba ass im. Se rá que e le tem
ou t ra pessoa e não que r me fa la r? Acho
que não . Se rá que e le es tá com inve ja
136 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
dos meus pode res? E le não parece ser
ass im. O que es tá acon tecendo? Será
que e le fo i to ta lmen te s ince ro? Se rá que
e le se sen te incapaz ou insegu ro? Eu
p rec iso da r um je i to de a judá - l o . ”
Pa t r íc ia ten ta usa r seus sen t idos
pa ra descob r i r a lgo , mas lembra que a
mu lhe r em seus sonhos lhe d i sse que
e la não pode r ia usar sua v i são pa ra sua
p róp r ia v ida .
Semana após semana a men ina
ten ta esquece r o namorado, se ded ica
aos es tudos , aos t re inos e pe rcebe que
seus pode res es tão acabando, mas e la
não l i ga .
- Pa ty , eu se i que você sen te mu i ta
fa l t a do R i , mas de um tempo pa ra cá
você só es tuda e t re ina , não sa i com
137 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
seus amigos , não f requenta fes tas , eu e
seu pa i es tamos p reocupados com você .
- Eu se i mãe, eu vo u mudar . Tem
uma fes ta de uma amiga na sex ta à
no i te , é uma ba lada em um ba rz inho um
pouco depo is do C lube A t lé t ico , a í eu já
ap rove i to pa ra comemora r meu
an iversá r io de 16 anos que é essa
semana.
- Se você qu iser , seu pa i te leva e
depo is va i busca r . A não se r que pegue
carona com a lguém.
- Vou ve r com m inhas amigas e te
fa lo , ok?
Pa t r íc ia reso lve sa i r um pouco pa ra
esquecer suas v i sões , o R ica rdo , os
es tudos e os t re inos , e la dese ja te r uma
sensação de l ibe rdade .
138 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
Chega o d ia da fes ta e a men ina
pega ca rona com os am igos . Be to é um
men ino acos tumado a ganha r tudo de
fo rma mu i to fác i l , e le va i d i r ig indo ,
a f ina l tem 18 anos e já t i rou ca r ta .
- O i ga t inha ! Ho je você va i me dar
a tenção , né? – f a la Be to .
- Mas eu sempre conve rso com
você . – re t ruca a moça .
- Você tá en tendendo que t ipo de
a tenção que eu tô querendo, né?
- Na ve rdade, p re f i ro não en tende r .
- Eu acho que não mereço esse
t ra tamento . Tô sendo bacana e você vem
com um monte de pedras na mão.
- Descu lpa m inha es tup idez .
139 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- Desde que você te rm inou aque le
namoro não pa ro de pensa r em você .
Quero que você sa iba que sou o p r ime i ro
da f i la , ga t inha .
- Meu co ração não es tá abe r to p ra
novas emoções ago ra .
- O co ração de le tá abe r to , né?
- Como você pode d izer i sso? Você
nem tem como sabe r .
- Esqueceu que eu moro pe r to da
sua casa e do p réd io de le?
- Out ro d ia o v i dando o ma io r
amasso em ou t ra m ina .
- Onde?
- Na esqu ina do p réd io . Já e ra mó
ta rde .
140 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- Tudo bem, mas se você acha que
va i me convencer a f i ca r com você só
po r causa d isso , tá mu i to enganado.
- Vamos bebe r uma cap i r i nha? Eu
pago .
- Não, ob r igada . Eu não bebo.
- Por que não? É tão bom p ra se
so l ta r . A í você esquece do que esse
t rouxa fez p ra você .
- Eu não se i qua l se rá m inha
reação se eu bebe r , me lho r não a r r i sca r .
- Gat inha , pode de ixa r que eu cu ido
de você .
- Vou ao banhe i ro , já vo l to .
Pa t r íc ia pede conse lhos a uma de
suas co legas. Tham i res é uma men ina
141 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
cons ide rada f ác i l pe los co legas, e la
gos ta de sa i r com o men ino que es t i ve r
d ispon íve l em qua lque r momento , com
suas unhas pos t i ças , cabe lo s lo i ros e
a l isados a té a c in tu ra e roupas
deco tadas, chama a a tenção de todos
po r onde passa .
- Thami , o que eu faço?
- Você que r sabe r o que eu fa r ia ou
o que você deve faze r? Na boa amiga , o
Be to é um ga to , tem 18 anos, já tem
car ro , é moreno de o lho s azu is , ma lha ,
tem um co rpo sarado , e le pode não ser
mu i to in te l i gen te , já bombou a lgumas
vezes , mas va le a pena inves t i r , pe lo
menos uma vez, nem que se ja só por
uma no i te . Esquece o R icardo , e le nunca
ma is te l i gou .
142 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- Você es tá cer ta , eu vou enche r a
cara e vou f i ca r com e le .
- É ass im que se fa la ! Uhu!
Mesmo com o coração amargurado ,
Pa t r íc ia toma dec isões que podem
p re jud icá - la .
- E a í , Be to?
- Vo l tou an imad inha do banhe i ro ,
he in? A Thami tava te dando umas
au l inhas?
- Eu t i ve uma conve rs inha com e l a
e reso lv i ace i ta r a sua ca ip i r inha .
- Só a ca ip i r inha? Eu também que ro
te da r um be i j inho .
Pa t r íc ia começa a bebe r e f i ca r
com Beto . A ga ro ta f i ca mu i to bêbada e
143 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
va i pa ra um luga r ma is rese rvado com o
men ino . Quando e la percebe, es tá com
sua sa ia levan ta da , com sua b lusa
abe r ta e ma is um pouco es ta rá pe rdendo
sua v i rg indade com e le . E le t i ra uma
camis inha do bo lso e quando e la vê , f a la
que va i ao banhe i ro e foge da ba lada .
E la chora mu i to e pe rcebe a
bes te i ra que es tava fazendo. Pa t r íc ia
pensa em l i ga r p a ra R icardo , mas são
duas ho ras da manhã e e la já não fa la
com e le há meses.
Sen t indo -se ton ta po r causa da
beb ida , a men ina sen ta em uma p raça
p róx ima ao c lube e começa a cho rar
compu ls i vamen te .
Um rapaz sen ta ao seu lado e a
ab raça , e la toma um grande s us to e
144 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
quando va i se esqu iva r percebe que é
R ica rdo .
- O i Pa ty .
- Eu tava pensando em você agora .
- Como você me encont rou aqu i?
- Co inc idênc ia ou não , eu sen t i um
ape r to mu i to fo r te no meu coração e
reso lv i sa i r p ra da r uma vo l ta , uns
am igos meus me cham aram p ra i r no
mesmo ba rz inho que você es tava .
- Você me v iu lá?
- S im.
- Eu não que r ia . . . descu lpa . . . nem
se i o que te d ize r , es tou com mu i ta
ve rgonha.
145 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- Eu v i que você bebeu dema is e
que o Be to se aprove i tou de você , en tão
vocês sum i ram e depo is de um t empo v i
você co r rendo, indo embora que nem
uma louca .
- É , eu perceb i que te amo mu i to e
que não quero f i ca r com n inguém. Na
ve rdade, eu nem ia f i ca r com e le .
- Você não me deve sa t i s fação , não
es tamos jun tos . E a cu lpa fo i toda
m inha , eu não deve r ia te r t e
abandonado, f u i um babaca .
- É ve rdade que você es tava
be i jando uma men ina ou t ro d ia per to do
c lube?
- Se eu te con ta r , você ac red i ta em
m im?
146 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- C la ro , nunca men t imos um para o
ou t ro .
- Eu es tava mu i to t r i s te e con fuso e
aque la men ina es tava dando em c ima de
m im desde que te rm inamos. E um d ia , eu
reso lv i da r uma chance p ra e la , mas
depo is chegue i em casa e me sen t i
mu i to ma l , pense i em te l i ga r , mas ache i
que não dev ia e no d ia segu in te eu fa le i
p ra e la que a inda te amava mu i to e não
t inha te esquec ido .
- E e la? Como f i cou?
- Do is d ias depo is es tava be i jando
ou t ro men ino .
Os do is de ram mu i tas r isadas , se
ab raça ram, se be i ja ram e reso lve ram
rea ta r o namoro .
147 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- Vamos pa ra m inha casa?
- Não posso , como vou exp l ica r à
m inha mãe e à sua mãe?
- Se fo r por causa d a m inha mãe,
e la es tá namorando com o d r . Ja ime e
e la não vo l ta ho je .
- Uau! Desde quando os do is es tão
jun tos?
- Nossas mães p ra t i camente
mora ram no hosp i ta l enquanto
es távamos em coma e nesse tempo os
do is se in te ressa ram e começaram a sa i r
de vez em quando pa ra a lmoça r e o
res to você já pode imag ina r .
- Que lega l ! Mesmo ass im es tou
p reocupada . Como l i ga r p ra m inha mãe
uma hora dessas , e la deve tá dorm indo .
148 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
O ce lu la r de Pat r íc ia toca .
- O i f i l ha , você va i vo l ta r de carona
com seus am igos?
- O i mãe , a inda bem que você
l i gou . Eu es tou com o R i .
- Vocês se encont ra ram na ba lada?
F ize ram as pazes?
- S im, mas é uma longa h is tó r ia .
Posso do rmi r na casa de le?
- Não se i se é uma boa ide ia . . . seu
pa i es tá do rmindo . . .
- Por f avo r , p rometo que te con to
tudo amanhã !
- Tudo bem, mas de ixa eu fa la r com
o R ica rdo .
149 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- O i t ia , tá tudo bem, eu cu ido da
Pa ty ho je !
- Amanhã eu espe ro vocês aqu i em
casa p ro a lmoço .
Os do is dec idem que chega o
momento que e les tan to espe ram há
tempos. R ica rdo t i ra a roupa de Pat r íc ia
l en tamen te , os do is se be i jam
apa ixonadamen te , e les co locam a
camis inha e se en t regam um ao ou t ro .
Os do is pe rdem a v i rg indade , é um
momento mu i to espec ia l .
No d ia segu in te , o casa l va i
a lmoça r na casa de Pat r íc ia . Todos
es tão con ten tes po rque os do is rea ta ram
o namoro .
Após o a lmoço Pat r íc ia reso lve
conve rsa r com a mãe e com a i rmã e
150 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
conta r o que acon teceu na no i te
an te r io r .
- P rec iso con ta r uma co isas p ra
vocês .
- Fa la Pa ty, tô cur iosa ! – f a la L i l i .
- Pode fa la r f i lha .
- Eu não se i como d ize r i sso , mas é
que eu e o R ica rdo nos amamos mu i to e
nós nunca f i zemos nada com n inguém,
vocês en tendem, né? E a í , on tem
acontece ram vá r ias co isas no ba rz inho e
eu f i que i mu i to ma l , en tão encont re i o
R i , f i zemos as pazes e ro lou a nossa
p r ime i ra vez . . .
- Parabéns Paty ! Como f o i? Doeu?
Vocês usa ram cam is inha , né? – L i l i f i ca
bas tan te cur iosa .
151 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- F i lha , an tes de ma is nada , f i co
con ten te por te r compar t i lhado esse
momento tão ín t imo conosco e que ro
d i ze r que por ma is que eu ache que você
a inda é mu i to jovem pa ra isso , vamos
marca r um g ineco log is ta e você va i se
cu idar , ve r se pode tomar
an t i concepc iona l e sempre usar
camis inha , po rque não devemos ev i ta r
somente a g rav idez , mas também as
DST, ou doenças sexua lmente
t ransmiss íve is .
- Apesa r da ma io r ia das men inas
da m inha idade já t e rem pe rd ido a
v i rg indade , eu não me sen t ia
p ress ionada a faze r i sso , eu se i que sou
mu i to nova e que ro d i ze r que fomos
consc ien tes , nos p ro tegemos e que
que remos f ica r no ivos no ano que vem
152 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
para ass im que en t ra rmos na facu ldade
nos casa rmos.
- Vocês a inda são novos para
pensa r em tudo i sso , vamos de ixa r o
tempo passa r e ve r o que acon tece . Só
ma is uma co isa , eu não quero sabe r que
vocês t ransaram na rua , ou no ca r ro , ou
em qua lque r ou t ro luga r po r a í per igoso
e tem mais , você é menor de idade e
não quero sabe r de você usando RG
fa l so p ra en t ra r em mote l , es tamos
en tend idas?
- C la ro mãe , se eu pensasse em
faze r todas essas co isas e r radas, não
t inha nem te con tado nada.
- Que ro se r responsáve l i gua l a
você ! – f a la L i l i .
153 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
Capítulo 7 – Controlando os
sent imentos
O ano passa t ranqu i lo , a v ida de
Pa t r íc ia é es tuda r , t re ina r , cu r t i r o
namoro , os amigos e a famí l ia . A men ina
con t inua tendo v i sões e a judando as
pessoas.
R ica rdo te rm ina o co lég io , começa
a te r pode res e f i ca mu i to sa t is fe i to ,
j un tos os do is t raba lh am em p ro l de
a juda r as pessoas que es tão passando
po r d i f i cu ldades.
O te le fone de Pat r íc ia toca , é sua
am iga Thami res .
154 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- Pa ty , que r ia mu i to fa la r com você .
Es tou mu i to t r i s te e ma l , você pode v i r
aqu i na m inha casa?
- C la ro que s im, há meses não te
ve jo . . . acon teceu a lguma co isa?
- S im, po r f avo r , vem logo , a í eu te
exp l i co .
Pa t r íc ia chega à casa de Thami res
e as duas começam a conve rsa r .
- Am iga , sabe aque le d ia da
ba lada?
- S im, o que acon teceu?
- Você fo i embora cor rendo e eu já
es tava mu i to bêbad a e o Be to também,
en tão eu t ranse i com e le no ca r ro , mas
sem cam is inha .
155 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- Eu engrav ide i naque le d ia , eu
tava sem tomar reméd io , ten tamos fazer
co i to , mas pe lo je i to não deu ce r to .
Quando eu descob r i a g rav idez , ten te i
abo r ta r , mas não consegu i e f i que i m u i to
doen te , a í m inha mãe descobr iu e f i cou
mu i to b rava com igo . Nós b r igamos mu i to
po rque e la nunca qu is sabe r de m im, fu i
c r iada pe la m inha vó que já morreu e
depo is d i sso f i que i la rgada e e la ve io
que re r me dar l i ção de mora l? F ique i
cha teada, m as v i que não ia ad ian ta r e
que eu p rec isava de a lguém pra me
a juda r , reso lv i p rocurar o Be to p ra
conve rsa r e e le d isse que o f i lho não e ra
de le e quase me ba teu , en tão fu i na
casa de le e fa le i com os pa is de le . . .
- E a í , o que e les f i ze ram?
156 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- E les me expu lsaram de lá , me
chamaram de vagabunda e d i sseram pra
nunca ma is eu apa rece r lá . Conte i tudo
p ra m inha mãe , p r ime i ro e la me d isse
que e ra bem fe i to , depo is acho que e la
f i cou com dó de m im e fa lou que ia lá
f a la r com o Beto e com os pa is de le ,
mas eu não de ixe i , re so lv i que eu ia
c r ia r essa c r iança soz inha .
- E sua mãe , o que fa lou da sua
dec isão?
- E la me deu apo io e me d isse que
passou po r uma s i tuação mu i to parec ida
na ado lescênc ia e que minha vó me
c r iou p ra e la t raba lha r e es tuda r , mas
e la d i sse que sen t ia mu i t o por não te r
s ido uma boa mãe e que e la ia me
a juda r e ia da r mu i to car inho p ra m im e
p ro meu f i lho . F i zemos as pazes e ago ra
157 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
está tudo bem. Vem aqu i no qua r to ve r
meu p r ínc ipe .
- Nossa ! Como e le é l indo ! Com
quan to tempo e le tá? Qua l é o nome
de le?
- Po r causa da m inha ten ta t i va de
abo r to e le pod ia f i ca r com seque las
mu i to sé r ias , mas eu e m inha mãe
f i zemos uma p romessa p ra Nossa
Senhora das Dores e e le nasceu
p rematu ro , mas mu i to saudáve l e se
recupe rou mu i to bem. En tão co loque i o
nome de le de José Mar ia de Jesus
Campos . E le f i cou no hosp i ta l po r um
mês depo is do nasc imento e eu f i que i ao
lado de le o tempo todo . Faz um mês que
es tamos em casa .
158 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- A inda bem que Deus perm i t iu que
você não consegu isse fazer o abo r to e
que seu f i l ho não f i casse com seque las .
- Eu se i , eu f i z i sso num momento
de desespe ro . Abo r to é o mesmo que
assass ina to .
- Na ve rdade o abo r to é p io r do que
um assass ina to , po rque você tá t i rando
a v ida de pessoas inocen tes .
- E quando a pessoa so f re um
es tup ro?
- Se Deus pe rm i t iu que aque la
c r iança se a lo jasse no ú te ro daque la
mu lhe r ou men ina que so f reu o es tup ro ,
é porque E le t inha um p ropós i to , nada
acon tece por acaso , as pessoas
envo lv idas sempre têm a lgo a aprende r
com o que acon tece .
159 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- Eu mesma sou um exemplo
d isso . . . e se eu consegu iss e te r
abo r tado? Cont inua r ia uma men ina
inconsequente e uma ho ra eu ia acabar
me dando mu i to ma l e ia es t raga r m inha
v ida p ra sempre , meu f i lho me sa lvou e
eu ten te i ma tá - lo . . .
- Não se s in ta cu lpada , Deus te deu
uma segunda chance e você a aga r rou !
- Ob r igada pe las be las pa lavras
am iga !
- E como você va i f aze r com seus
es tudos?
- Nesse ano de 2017 eu faço 18
anos, en tão vou fazer um sup le t i vo e
quando meu pequeno pude r i r p ra
esco l inha , vou vo l ta r a t raba lha r e vou
160 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
f aze r f acu ldade de pedagog ia , pe rceb i
que amo c r ianças !
- F i co mu i to fe l i z po r você te r
encont rado seu caminho. Deus sabe o
que faz e se E le pe rmi t iu que você
passasse po r tudo i sso , sab ia que e ra
p ra sua v ida tomar um rumo, po rque do
je i to que você es tava v i vendo e ra
compl icado e as co isas po de r iam te r
s ido p io res .
- Eu se i e no fundo , eu tenho um
pouco de inve ja de você . Uma men ina
tão responsáve l que faz tudo tão
cer t i nho , você va i te r mu i to sucesso !
- Ob r igada ! Mas eu também t i ve
uma v ida que me a judou a se r ass im.
Meus pa is sempre jun tos , sendo meus
am igos , m inha i rmã, uma men ina mu i to
161 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
boa , meus amigos sempre ao meu lado ,
o namorado dos meus sonhos, a
opo r tun idade de faze r espo r tes e
es tuda r ou t ras l ínguas.
- A v ida pode te r te a judado, mas
você também tem mér i to n isso . Conheço
men inas que têm v idas igua is a sua e
que não dão va lo r .
O te le fone t oca e Thami res a tende
t ranqu i lamente .
- Pode r ia fa la r com a Thami res
Campos?
- É e la , quem gosta r ia?
- É a mãe do Beto .
- Não tenho nada p ra fa la r com a
senho ra .
162 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
Quando a men ina ia des l iga r
Pa t r íc ia tem uma v isão .
- Tham i , não des l iga acon teceu
a lgo sé r io .
A men ina f i ca assus tada e reso lve
não con t ra r ia r a am iga .
- Tudo bem, pode fa la r .
- Te imp lo ro , me pe rdoa , meu f i lho
es tá mor rendo e o ú l t imo ped ido de le é
conhecer o f i lho e eu também quer ia ver
meu ne to .
- Seu ne to? Pense i que você t inha
expu lsado e le da sua v ida . A l iás , acho
que e le não é f i lho do Beto , não é
mesmo?
163 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- Descu lpa , eu aprend i mu i to com a
v ida . Mu i tas co isas acon tece ram nesse
me io tempo e eu quer ia mu i to pode r te
con ta r . Posso i r na sua casa te buscar?
- Pode v i r p ra conve rsa rmos, mas
não ga ran to que vou v is i ta r o Be to .
- Pa ty, f i ca com igo , p rec iso de
a lguém p ra me dar apo io ago ra .
Pa t r íc ia conco rda e as duas
espe ram ans iosas a mãe de Beto . En tão
a campa inha toca e as duas toma m um
sus to .
- E la chegou, ago ra não tem mais
vo l ta .
- Ca lma am iga , es tou com você . E la
ve io em paz.
164 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- O i dona Rena ta .
- Não p rec isa me chamar ass im. . .
- En t ra , po r f avo r . Ah , essa é m inha
am iga Paty .
- O i Pa ty , o Be to já f a lou de você lá
em casa .
- Mesmo? O que e le d i sse?
- Na época e le d i sse que você e ra
uma men ina mu i to ca re ta , mas lega l .
- Poxa ! – so r r i Pa ty .
- Renata , o que acon teceu com o
Be to?
- Vou d i re to ao pon to . Uma no i te na
ba lada , meu f i lho m is tu rou á lcoo l e
d rogas e depo is pegou o ca r ro p ra v o l ta r
165 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
pra casa . E le ba teu o ca r ro e ma tou um
senho r de idade que ca m inhava com seu
cacho r ro . E ra um dom ingo , se te horas
da manhã , eu receb i o te le fonema do
hosp i ta l e e le es tava em coma. F ique i
a r rasada não só pe lo meu f i lho , mas
pe la v ida que e le t i rou . O senho r de
idade não t i nha pa ren tes nem am igos , o
cacho r r inho sob rev iveu e eu o pegue i
pa ra m im. En f im, agora meu f i lho es tá
en t re a v ida e a mor te e pode se r que
não vo l te ma is do coma e se vo l ta r pode
ser que f i que parap lég ico . Eu rezo todos
os d ias . Es tou mu i to a r repend ida do que
f i z com você e se i que eu e meu mar ido
fomos péss imos pa is , pensávamos que o
d inhe i ro reso lv ia tudo e fechávamos os
o lhos f ing indo que os p rob lemas não
ex is t iam e nos convenc íamos que nosso
166 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
f i lho e ra marav i lhoso e não faz ia nada
e r rado .
- Eu en tendo e espe ro que o Be to
se recupe re , vou ao hosp i ta l com o José
p ra v i s i tá - lo , mas acho que não vão
de ixar o bebê en t ra r .
- Eu já conve rse i com os méd icos e
en fe rme i ras e e les de ram pe rmissão ,
vamos tomar os dev idos cu idados para
que o meu ne to não f i que doen te . Tenho
uma p roposta p ra te faze r , que ro mu i to
reg is t ra r seu f i lho como meu ne to e te
dou tudo o que p rec isa r p ra cu ida r de le .
- Não ace i to . Não que ro que você
faça i sso po r cu lpa e eu tenho o rgu lho
p róp r io , t ome i m inha dec isão de c r ia r
meu f i lho soz inha e m inha mãe me a juda
mu i to .
167 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- Pense no me lho r p ro seu f i lho ,
podemos o fe rece r es tudos e mu i to ma is .
- Eu ace i to que e le chame vocês de
vó e vô e que conheça o pa i , mas no
reg is t ro , pe lo menos po r enquanto ,
p re f i ro que f i que ass im, qu ando e le
es t i ve r ma io r , e le mesmo esco lhe .
- Fechado!
- Pa ty, vamos ao hosp i ta l com a
gen te? Por favor .
A men ina concorda e todos vão
v i s i ta r Be to . No cam inho Pa t r íc ia f i ca
pensa t i va .
“Renata é uma mu lhe r tão bon i ta
quan to seu f i lho , tão che ia de s i que
mesmo passando po r tudo isso a inda
mos t ra con f iança e o ma is impor tan te ,
168 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
assum iu seus e r ros , ap rendeu e es tá
fazendo o poss íve l pa ra repa rá - l os . ”
Thami res en t ra com José no qua r to
e f i ca mu i to t r i s te pe lo es tado de Beto .
- Be to , eu não se i se você pode me
ouv i r , apesa r de que fa lam que as
pessoas em coma ouvem o que d izemos,
en tão lá va i , eu te amei mu i to , mas
depo is de tudo o que acon teceu f i que i
com mu i ta ra i va de você e de sua
famí l ia . Ago ra ve jo você ass im na cama
e penso que tudo pode r ia te r s ido
d i f e ren te , pode r íamos te r en f ren tado
essa ba r ra jun tos e . . . mas você não qu is
esse f i lho , não me qu is ma is e quando
a inda ex is t ia uma chance de você
re faze r sua v ida e mudar suas esco lhas ,
se d rogou e fez bes te i ra , a lém de ma tar
uma pessoa , matou a s i mesmo. . . mas
169 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
eu não es tou aqu i p ra te dar l i ção de
mora l , acho que não sou a me lhor
pessoa p ra isso e a v ida j á se
enca r regou de te ens ina r , não se i se
você va i sob rev ive r ou f i ca r com
seque las , mas an tes de qua lque r co isa ,
que ro te most ra r seu f i lho , e le es tá aqu i
no meu co lo , o nome de le é José Mar ia
de Jesus Campos.
O rapaz ab re os o lhos , so r r i e f a la
com d i f i cu ldade .
- Mu i to obr igada ! Fa la p ro meu f i lho
que eu o amo mu i to .
- Você va i f i ca r bom e va i poder
d i ze r i sso p ra e le .
- Meu tempo es tá acabando , eu se i ,
po r f avo r , me pe rdoa po r tudo o que eu
te f i z passar e fa la p ros meus pa is que
170 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
eu os amo mu i to e p ra e les não se
sen t i rem cu lpados po r nada, que eu fu i o
to ta l cu lpado e que t i ve chances de leva r
uma boa v ida , mas só f i z bes te i ra e po r
f avo r , de ixa meus pa i s te a judarem com
o José .
- Vou fa la r p ra e les , que Deus e
Jesus te abençoem mu i to .
O rapaz susp i ra a l i v iado e mor re .
Thami res e Rena ta se ab raçam
emoc ionadas e cho ram mu i to . As duas
se unem em um momento de do r mu i to
g rande . Pa t r íc ia se despede e va i
embo ra .
No jan ta r Pa t r íc ia con ta o que
acon teceu pa ra sua famí l ia e para
R ica rdo , todos se compadecem da
171 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
s i tuação de Thamires e da famí l i a de
Be to .
- É R i , mesmo tendo pode res não
consegu imos sa lva r as v idas dessas
pessoas.
- Não se cu lpe . Ex is tem co isas que
devem acon tece r , pensa só , po r causa
dessa t ragéd ia , as famí l ias se un i ram e
o pequeno José te rá uma v ida me lho r e
a Thami se end i re i tou e fez as pazes
com a mãe, tudo tem seu lado bom
também.
- Pensando ass im nosso ac iden te
também teve seu lado bom, un iu nossas
famí l ias , sua mãe es tá namorando com o
d r . Ja ime e nós temos pode res !
172 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
Capítulo 8 – Tudo em seu lugar
O t empo passa ráp ido e R icardo
es tá em seu segundo ano de cu rs inho .
Pa t r íc ia es tá te rm inando o te rce i ro ano e
ence r rando seu p r ime i ro ano de
curs inho .
- Pa ty , você es tá p reparada p ro
ves t ibu la r?
- Acho que s im, tô bas tan te
con f ian te , f o i uma ba r ra fazer curs inho
jun to com o ú l t imo ano do co leg ia l ,
tomara que compense.
- Eu , um ve te r iná r io de sucesso e
você , a méd ica ma is l inda que ex is te !
173 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
Maur íc io conve rsa com Pa t r íc ia
sob re a v iagem à Bah ia .
- F i lha , você va i se fo rmar e eu
es tou mu i to o rgu lhoso , se i que agora
es tá p reocupada com o ves t ibu la r e que
não poderá v ia ja r p ra Bah ia , en tão
depo is que essa fase passar podemos
conve rsa r me lho r sob re iss o .
- Pa i , você é dema is !
Pa t r íc ia e R icardo es tudam mui to e
p res tam ves t ibu la r . E les passam pe la
p r ime i ra fase que acon tece em novembro
e pe la segunda que acon tece em jane i ro .
Pa t r íc ia passa na p r ime i ra chamada e
R ica rdo na segunda .
Pa ra comemora r , R ica rd o faz um
jan ta r em sua casa e conv ida a famí l ia
174 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
de Pat r íc ia . Quando todos es tão
reun idos R ica rdo pede a pa lavra .
- Ho je , 5 de março de 2019,
es tamos jun tos há quase qua t ro anos .
Nos conhecemos quando é ramos
bas tan te jovens . Todos esse tempo fo i
mu i to espec ia l p ra m im e é po r i sso que
eu que ro faze r um ped ido , Pa ty, que r
casa r comigo?
Todos se su rp reendem e a men ina
g r i ta :
- S im!
As famí l ias f i cam fe l i zes e
começam a p lane ja r a ce r imôn ia .
- Quando vocês vão marca r a da ta?
– ques t iona Ânge la .
175 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- Es tamos queren do casa r no f ina l
desse ano , pa ra pode rmos te r tempo pra
p lane ja r a fes ta e ve r uma casa .
- A fes ta e a lua de me l j á es tão
ga ran t idas pe lo pa i da no iva ! – so r r i
Maur íc io .
- Boa ide ia pa i ! Va i se r pe r fe i to !
M inha lua de me l na Bah ia !
- Que sonho! Pa rabéns , vocês
merecem! – susp i ra L i l i .
- Ad iv inha quem va i se r a madr inha
ma is l inda do mundo? Você , m inha
man inha !
- Ju ra? Não ve jo a hora !
- F i lho , eu es tava espe rando o
momento ce r to para fa la r , mas eu e o d r .
176 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
Ja ime vamos nos casa r a té o me io do
ano .
- Que bom! Parabéns! – todos
fa lam ao mesmo tempo.
- R ica rdo , eu e sua mãe já
espe ramos mu i to tempo. Na verdade
nunca é ta rde dema is p ra se encont ra r o
amor e ser f e l i z ! Que ro que sa iba que
gos to mu i to de vocês e que se i o quanto
é d i f íc i l es tudar Med ic ina e Ve te r iná r ia ,
po r i sso , pense i em a judar vocês de
cer ta fo rma. Eu es tava espe rando vocês
recebe rem a aprovação e como isso já
acon teceu , posso da r a boa no t íc ia . Eu
tenho uma casa p róx ima à USP, e la
es tava a lugada a té o mês passado e eu
não renove i o con t ra to es pe rando po r
vocês . Vocês podem mora r l á pe lo tempo
177 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
que qu iserem, o que acham? – exp l ica
Ja ime .
- I sso é pe r fe i to ! – so r r i Lau ra .
- Podemos a té casa r nas fé r ias de
ju lho ! – f a lam Pa t r íc ia e R ica rdo .
Todos conco rdam com a ide ia e
começam a combina r os p rep a ra tó r ios do
casamen to e da lua de me l .
- P rec isamos ve r as mob í l ias . – se
p reocupa Pat r íc ia .
- Não p rec isam se p reocupa r . A
casa já es tá mob i l iada . E ra onde m inha
mãe morava e quando a lugue i já f o i com
a mob í l ia , agora que desa lugou a
mob í l ia con t inua . – so r r i Ja ime.
178 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
O casa l a r ruma a casa às p ressas e
faz a mudança , po rque as au las já es tão
começando.
Os jovens es t ranham a ro t ina no
começo, a r rumar e fax ina r a casa , l avar
e passa r roupas , f aze r com ida , uma v ida
independente e l i v re , mas com ma is
responsab i l idade .
- R i , es tou f i cando mu i to cansada,
mas es tá va lendo a pena.
- É lega l pode r te r um can t inho
nosso , do rmimos e acordamos a ho ra
que qu ise rmos, f azemos tudo do nosso
je i to .
- Nossos pa is es tão bancando tudo
po r enquan to po rque não dá p ra
t raba lha rmos a inda , mas ass im que de r
é me lho r começarmos .
179 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- As á reas que esco lhemos são
d i f í ce is , mas uma hora as co isas
me lho ram.
Nos f ins de semana, Pa t r íc ia e
R ica rdo vão en t rega r os conv i tes aos
am igos e fami l i a res , e les não se
esquecem de n inguém.
- Fa l ta um mês e me io pa ra o
casamen to e eu a inda não me dec id i
quan to ao ves t ido , es tou f i cando louca .
- Ca lma f i lha , você consegue.
- Mas mãe, a té você e a L i l i e as
ou t ras conv idadas, todo mundo
p ra t i camente já t em suas roupas
esco lh idas e eu es tou mu i to indec i sa .
- Ho je você va i consegu i r , vamos
encont ra r um pe r fe i to . – so r r i L i l i .
180 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- Agora você es tá tendo v i sões?
- Não, sua bob inha , isso é só uma
dedução !
As t rês dão boas r i sadas e vão à
p rocura do ves t ido pe r fe i to . Depo is de
ho ras e ho ras e de anda r de lo ja em
lo ja , Pa t r íc ia encon t ra o ves t ido de seus
sonhos .
O mês passa rap idamente e chega
o d ia tão espe rado por todos . O
casamen to é l indo , a ig re ja f i ca rep le ta
de am igos e fami l ia res , todos se
emoc ionam. Na fes ta , todos se d ive r tem
mu i to .
No d ia segu in te o casa l v ia ja a
Sa lvado r , tudo cor re bem . A v iagem es tá
p rogramada para c inco d ias . No qua r to
d ia , Pa t r íc ia tem uma v isão , e la vê uma
181 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
i n fes tação de esco rp iões no ho te l .
Desespe rada av isa o ge ren te e os
func ioná r ios , mas e les não lhe dão
ouv idos , po is suas ju s t i f i ca t i vas são que
i sso a fas ta r ia os c l ien tes e como e la
pode r ia te r ce r teza .
A men ina f i ca a f l i ta , não sabe o
que fazer . En tão chama a v ig i l ânc ia
san i tá r ia , mas n inguém toma
p rov idênc ias , po rque o fa to a inda não fo i
consumado e como e la sab ia que i sso
acon tece r ia .
Em ma is uma ten ta t i va , Pa t r íc ia
av isa aos c l ien tes , mas e les também não
a ouvem, po is f a lam que e la es tava
a t rapa lhando as fé r ias de les e
tumu l tuando o amb ien te .
182 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
No d ia segu in te da v isão , e les
es tão se a r rumando pa ra i r embora para
pega r o voo para São Pau lo quando
começam a apa recer mu i tos esco rp iões .
Todos g r i tam e f i cam
desesperados , um senho r de idade e
uma cr iança vão pa ra o hosp i ta l em
es tado grave .
Há g rande r isco de mor te , e les
devem faze r a lgo . O geren te do ho te l os
p rocura .
- Eu nã o qu is acred i ta r em vocês e
ago ra acon teceu . O que eu faço?
- Eu posso da r um je i to n i sso . –
f a la R icardo .
- Como você va i f aze r i sso? É
mu i to per igoso . – se p reocupa Pat r íc ia .
183 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- Você teve a lguma v isão que eu
vou ser p icado?
- Não.
- En tão tá t ranqu i lo !
O rapaz va i a té o saguão do ho te l ,
pega um m ic ro fone e começa a faze r um
ba ru lho es t ranho com os láb ios , mu i tos
esco rp iões vêm em sua d i reção , t odos
f i cam impress ionados.
Pa t r íc ia pega uma ca ixa g rande de
p lás t i co a co loca ao lado de Ricardo .
E le , po r sua ve z , con t inua fazendo o
ba ru lho a té que todos os escorp iões
es te jam em f ren te à ca ixa , e les f i cam
h ipno t i zados.
Pa t r íc ia pe rcebe que é o momento
de jogar a ca ixa em c ima dos b ichos .
184 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
Eles chamam a v ig i lânc ia san i tá r ia
e o con t ro le de pes tes . E les reco lhem os
an ima is e ma is n inguém se fe re .
Pa t r íc ia tem a v i são de onde tan tos
esco rp iões v ie ram. É uma ob ra i lega l da
p re fe i t u ra que es tá sendo fe i ta p róx ima
ao ho te l . E la pede pa ra a v ig i l ânc ia i r
a té o loca l e e les con f i rmam sua
suspe i ta . Todos agradecem o casa l .
Os do is vão embora fe l i zes por
te rem a judado.
- A inda bem que deu tempo de
pega rmos o av ião !
- É mesmo. R i , como você
consegu iu faze r aqu i lo? Fo i
impress ionante .
- Esqueceu que eu sou o Supe rpe t?
185 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
- É mesmo. Podemos não usar
un i fo rmes, mas não de ixam os de sa lvar
v idas e a juda r pessoas!
Os do is chegam em casa e reúnem -
se com seus fami l ia res . E les con tam a
aven tu ra com os esco rp iões a todos .
- L i l i , tenho a lgo que é mu i to
impor tan te p ra m im e que ro que f i que
com você . – d i z Pa t r íc ia .
- O que é?
- Meu d iá r io ! Lá es tá esc r i to mu i to
sob re m inha v ida , mas tem a lgo que é
ma is impor tan te a inda que e ra meu
sonho de se r a Supe r teen .
- Pa ty, que r ia se r i gua l a vocês . . .
- I gua l como?
186 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
- Te r poderes , pode r a juda r as
pessoas, se r uma supe r -he ro ína .
- Todos podem se r he ró is . As
pessoas não p rec isam de supe rpode res
pa ra faze r co isas em favo r ao p róx imo. É
c la ro que fac i l i ta nós te rmos esses
pode res , podendo enxe rga r ma is longe ,
tendo v isões , f l u tuando ou fazendo
comun icação com an ima is , mas ex is tem
pessoas que são mu i to espec ia is e
a judam mu i to e não p rec isam de
supe rpode res . – fa la Pa t r íc ia .
- Vou da r a lguns exemplos , ex is tem
pessoas que reco lhem doações e
d is t r ibuem pa ra pessoas ca ren tes ,
a lguns vão aos loca is onde ocor rem
ac iden tes pa ra soco r re r v í t imas e da r
apo io à s pessoas , ou t ros a r r iscam suas
187 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
v idas pa ra sa lva r pessoas, por exemp lo ,
os bombe i ros . – f a la R ica rdo .
- E ou t ros , a lém do dom e do bom
coração , são méd icos e ve te r iná r ios . –
so r r i L i l i .
188 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
A Autora:
Meu nome é Maya ra Ve l la rd i
P inhe i ro , nasc i e m 04 /09 /1985, em São
Pau lo . Sou fo rmada em jo rna l i smo pe la
Un ive rs idade São Jud as Tadeu desde
dezembro de 2006 e pós g raduada em
Técn icas da Es t ru tu ra Gramat ica l e
Tex tua l da L íngua Por tuguesa .
Amo meu t raba lho . Esc reve r um
l i v ro sempre fo i um sonho , come ce i a me
apa ixona r pe la a r te da esc r i ta e compor
poemas e pensamentos quando t inha
nove anos.
Quando eu es tava cursando
co leg ia l técn ico em Pato log ia C l ín ica em
189 | M a y a r a V e l l a r d i P i n h e i r o
2002 , uma p ro fesso ra de H is tó r ia me
deu mu i to apo io pa ra en t ra r em um
concu rso de poes ia sob re a Revo lução
Cons t i tuc iona l is ta de 1932, que a
Assoc iação Comerc ia l de São Pau lo
p romoveu pa ra todo Estado de São
Pau lo . E pa ra m inha su rp resa ganhe i em
p r ime i ro lugar na m inha ca tego r ia !
I sso fo i um grande impu lso para
mod i f i ca r a lgumas de c isões e mudar da
á rea da saúde pa ra a á rea da
comun icação, en tão reso lv i cu rsar
Jorna l i smo .
Após en f ren ta r mu i tas d i f i cu ldades
e des i lusões na á rea , dec id i apos ta r na
á rea da saúde novamente , cu rse i quase
um ano de Farmác ia e B ioqu ím ica ,
con fesso que gos te i bas tan te e q ue
consegu i boas no tas e empregos e
190 | O i m p o s s í v e l p o d e a c o n t e c e r
estág ios com mu i ta fac i l idade , mas
pe rceb i que não e ra o que eu que r ia
pa ra m inha v ida , en tão comece i a pós
g raduação e consegu i emprego na á rea
da comun icação .
Mas a inda não es tava sa t i s fe i ta ,
f a l t ava a lgo , en tão no te i que eu
p rec isava escreve r e aqu i es tou ,
l ançando meu pr ime i ro l i v ro .
A lém d isso , eu sempre gos te i mu i to
da á rea a r t ís t ica , se r ba i la r ina , can to ra
e a t r i z de uma vez só , um grande sonho.
Uma a r t is ta comp le ta ! Mas a v ida nos
mos t ra d i f e ren tes caminhos e aqu i
es tou , j o rna l i s ta e escr i t o ra , m is tu rando
sonhos e rea l idade pa ra o le i to r se
d i ve r t i r e en tender um pouco ma is sobre
uns cer tos po rquês da v ida .