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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ADMINISTRAÇÃO O IMPACTO DA EFICIÊNCIA PERCEBIDA SOBRE O CONSUMO CONSCIENTE”. MARCOS HESS AKSTEIN ORIENTADOR: PROF. DR. JOSÉ LUIZ TRINTA Rio de Janeiro, 25 de julho de 2011.

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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

DDIISSSSEERRTTAAÇÇÃÃOO DDEE MMEESSTTRRAADDOO PPRROOFFIISSSSIIOONNAALLIIZZAANNTTEE EEMM AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO

“O IMPACTO DA EFICIÊNCIA PERCEBIDA SOBRE O CONSUMO CONSCIENTE”.

MMAARRCCOOSS HHEESSSS AAKKSSTTEEIINN

ORIENTADOR: PROF. DR. JOSÉ LUIZ TRINTA

Rio de Janeiro, 25 de julho de 2011.

“O IMPACTO DA EFICIÊNCIA PERCEBIDA SOBRE O CONSUMO CONSCIENTE”

MARCOS HESS AKSTEIN

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Marketing Multicultural

ORIENTADOR: Prof. Dr. José Luiz Trinta

Rio de Janeiro, 25 de julho de 2011.

“O IMPACTO DA EFICIÊNCIA PERCEBIDA SOBRE O CONSUMO CONSCIENTE”

MARCOS HESS AKSTEIN

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Marketing Multicultural

Avaliação:

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________________________

Professor JOSÉ LUIZ TRINTA (Orientador) Instituição: Faculdades IBMEC-RJ _____________________________________________________

Professor VALTER MORENO Instituição: Faculdades IBMEC-RJ _____________________________________________________

Professor CLÁUDIO PITASSI Instituição: UNESA-RJ

Rio de Janeiro, 25 de julho de 2011.

FICHA CATALOGRÁFICA Prezado aluno (a), Por favor, envie os dados abaixo assim que estiver com a versão definitiva, ou seja, quando não faltar mais nenhuma alteração a ser feita para o e-mail [email protected], colocando no assunto: FICHA CATALOGRÁFICA - MESTRADO. Enviaremos a ficha catalográfica o mais breve possível para o seu e-mail (se possível em até 72 horas). 1) Nome completo; 2) Título e subtítulo (se houver e separados); 3) Ano da defesa; 4) Área de concentração: 5) Assunto principal (contextualizado); 6) Assuntos secundários; 7) Palavras-chave, e 8) Resumo (se possível) 9) Curso (Mestrado profissionalizante em ...) Ou envie os anexos contendo a página de rosto e a do resumo, além da área de concentração.

v

DEDICATÓRIA

“A coisa mais indispensável a um homem é reconhecer o uso que deve fazer do seu próprio conhecimento.” Platão

vi

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelo privilégio concedido da realização de um grande e antigo desejo.

Agradeço a minha família por me apoiar nos momentos mais difíceis pelos quais passei ao

longo do mestrado. Agradeço ao Professor Doutor José Luiz Trinta pela competência, prazer,

interesse e flexibilidade que apresentou ao longo da orientação deste trabalho. Agradeço ao

Professor Doutor Valter Moreno pelas aulas de Métodos Quantitativos lecionadas no início do

curso, pelas críticas mencionadas na defesa do projeto e pelo apoio dado na análise de dados,

sem os quais este trabalho não poderia ter sido realizado. Agradeço a Professora Doutora

Maria Augusta por dedicar seu tempo para me atender quando a procurei. Agradeço aos

professores e assistentes com os quais tive aulas ao longo do curso de Mestrado

Profissionalizante em Administração, pela excelência e dedicação no ensino. Por fim,

agradeço aos funcionários do Ibmec pela cordialidade e competência no atendimento.

vii

RESUMO

O autor emprega um questionário de opinião ambiental, para uma amostra formada por alunos

de graduação das Faculdades Ibmec do Rio de Janeiro, e examina o impacto da Eficiência

Percebida do Consumidor (EPC) e da Preocupação Ambiental (PA) sobre o Consumo

Consciente (CC).

Os resultados indicam que a Eficiência Percebida do Consumidor e a Preocupação Ambiental

influenciam de forma positiva e significante o Consumo Consciente. Entretanto, a Eficiência

Percebida do Consumidor não apresentou impacto significante na relação entre a Preocupação

Ambiental e o Consumo Consciente. Estes resultados indicam uma relação entre attitudes e

comportamentos de consume individual e são fonte de conhecimento para pesquisadores da

área de consumo e gestores de marketing.

Palavras Chave: Eficiência Percebida do Consumidor, Preocupação Ambiental,

Comportamento de Consumo Consciente, tomada de decisão ambientalmente amigável,

Marketing Verde.

viii

ABSTRACT

The author use an environmental opinion poll of a sample formed by undergraduate students

from Faculdades Ibmec do Rio de Janeiro to examine the influence of Perceived Consumer

Effectiveness (PCE) and Environmental Concerns (EC) upon the Environmental Consumer

Behaviors (ECB).

The results indicate that PCE and EC have a positive and significant influence on ECB.

However, PCE does not present significant influence on the relationship between EC and

ECB. These results indicate a relationship between attitude and personal consumer behaviors

and are source of knowledge for consumer researchers and marketing managers.

Key Words: Perceived Consumer Behavior, Environmental Concerns, Environmental

Consumer Behavior, Eco-friendly decision-making, Green Marketing.

ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Pegadas ecológicas de pessoas alta renda, de classe média e de baixa renda ......... 11

Figura 2 – Pegada Ecológica Mundial ...................................................................................... 12

Figura 3 – Disposição a pagar mais e percepção de qualidade superior dos produtos verdes . 36

Figura 4 – Principais barreiras para o consumo verde.............................................................. 37

Figura 5 – Modelo adotado no Estudo ..................................................................................... 50

x

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Quantidade de Estudos Publicados nas Décadas de 1960 a 2010, considerando a

bibliografia utilizada neste trabalho ......................................................................................... 15

Tabela 2 – Correlações entre variáveis demográficas e consciência ambiental ....................... 23

Tabela 3 – Correlações entre variáveis demográficas e atitudes ambientais ............................ 24

Tabela 4 – Correlações entre variáveis demográficas e comportamentos ambientais ............ 24

Tabela 5 – Influência das atividades sobre consumidores verdes ............................................ 30

Tabela 6 – Influência dos interesses e opiniões sobre consumidores verdes ........................... 30

Tabela 7 – Influência da personalidade sobre consumidores verdes ........................................ 31

Tabela 8 – Influência dos valores sobre consumidores verdes ................................................. 31

Tabela 9 – Variáveis que influenciam o consumo consciente .................................................. 38

Tabela 10 – Operacionalização do Estudo ............................................................................... 48

Tabela 11 – Análise Descritiva da Amostra ............................................................................. 52

Tabela 12 – Teste de Shapiro-Wilk .......................................................................................... 54

Tabela 13 – Resultado do Modelo de Regressão Linear do Consumo Consciente Versus Idade,

Gênero, Preocupação Ambiental e Eficiência Percebida do Consumidor ................................ 57

Tabela 14 – Coeficiente de Determinação da Regressão em cada etapa .................................. 58

xi

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Distribuição do Escore Médio para a Variável Eficiência Percebida do

Consumidor .............................................................................................................................. 52

Gráfico 2 – Distribuição do Escore Médio para a Variável Preocupação Ambiental .............. 53

Gráfico 3 – Distribuição do Escore Médio para a Variável Consumo Consciente .................. 53

Gráfico 4 – Escore Médio Normalizado do Consumo Consciente Versus uma Curva Normal

.................................................................................................................................................. 55

Gráfico 5 – Q-Q Plot do Consumo Consciente Normalizado .................................................. 56

Gráfico 6 – Distribuição dos Erros da Regressão ..................................................................... 59

xii

LISTA DE ABREVIATURAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANPAD Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração

IBMEC Instituto Brasileiro de Mercados e Capitais

xiii

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO………………………………………………………………………….1 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO……………………………………………………………..1 1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA……………………………………………………….6 1.3 OBJETIVO DA PESQUISA..…………………………………………………………7 1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO..…………………………………………………..........8 1.5 DELIMITAÇÕES DO ESTUDO...…………………………………………………..12 1.6 DESENVOLVIMENTO E ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO………………….13

2 REFERENCIAL TEÓRICO…………………………………………………………..14

2.1. O IMPACTO DAS VARIÁVEIS DEMOGRÁFICAS SOBRE O CONSUMO VERDE.....................................................................................................................................16

2.1.1 Idade….………………………………………………………………………………...........16 2.1.2 Gênero……………………………………………………………………………………….18 2.1.3 Escolaridade………………………...……………………………………………………….19 2.1.4 Renda………………………………………………………………………………………...21

2.2. O IMPACTO DAS VARIÁVEIS PSICOGRÁFICAS SOBRE O CONSUMO VERDE……….....................................................................................................................…25

2.2.1 Atividades……………………………...……………………………………………………25 2.2.2 Interesses e ..piniões…………………………………………………………………………26 2.2.3 Personalidade………………………………...……………………………………………...27 2.2.4 Valores………………………………………...…………………………………………….28

2.3. O IMPACTO DAS VARIÁVEIS cOMPORTAMENTAIS SOBRE O CONSUMO VERDE……...............................................................................................................…..……32

2.3.1 Conhecimento sobre um Produto..…………….…………………………………………….32 2.3.2 Atitude com Relação a um Produto. ...................................................................................... 33

xiv

2.3.3 Taxa de Utilização. ................................................................................................................ 34 2.3.4 Sensibilidade com Relação a um Produto ...................................................................... ...…35

2.4. CONSUMO CONSCIENTE, EFICIÊNCIA PERCEBIDA PELO CONSUMIDOR E PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL....………………………………………………………….38

3 METODOLOGIA DA PESQUISA…………………………………………………... 45

3.1. TIPO DE PESQUISA ................................................................................................... 45

3.2. COLETA DE DADOS ................................................................................................. 46

3.3. TRATAMENTO DOS DADOS ................................................................................... 49 3.3.1. Regressão Linear Múltipla ................................................................................................... 49 3.3.1. Exclusão de Outliers ............................................................................................................ 51 3.3.1. Análise Descritiva ................................................................................................................ 51

4 RESULTADOS .................................................................................................. 51

4.1. TESTE DE NORMALIDADE ...................................................................................... 54

4.2. DETERMINAÇÃO DO MODELO DE REGRESSÃO LINEAR ................................ 56

4.3. COEFICIENTE DE DETERMINAÇÃO DO MODELO DE REGRESSÃO LINEAR .................................................................................................................................................. 58

4.4. OS ERROS DA REGRESSÃO ..................................................................................... 59

5 CONCLUSÃO .................................................................................................... 61

5.1. CONCLUSÃO ............................................................................................................... 61

5.2. LIMITAÇÕES DO ESTUDO ....................................................................................... 63

5.3. SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS ........................................................... 64

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 65

APÊNDICE A ........................................................................................................... 74

1

1 INTRODUÇÃO

O objetivo deste capítulo é apresentar a contextualização do assunto, o problema de pesquisa,

o objetivo da pesquisa, sua relevância e a contribuição que este estudo pretende agregar.

Posteriormente, o desenvolvimento e a estruturação do trabalho são apresentados.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

No mundo em que vivemos plantas, animais e microorganismos formam uma rede de

ecossistemas e habitates complexos e interconectados, que suprem uma miríade de serviços

nos quais a vida humana é dependente. Mesmo que a tecnologia tenha capacidade para

substituir alguns destes serviços e reter as suas degradações, diversas formas de vida são

insubstituíveis (WWF, 2010).

Os serviços prestados pelo ecossistema para benefício da raça humana incluem serviços de

provimento de bens (alimentos, remédios, madeira, fibras e combustíveis), serviços de

regulação (filtração de água, decomposição de água, regulação do clima, polinização de

culturas e regulação de doenças humanas), serviços de suporte (ciclagem de nutrientes,

fotossíntese e formação de solo) e serviços de cultura (enriquecimento, experiências de

estética e espiritual). Apesar de tamanha dependência, as mudanças no meio ambiente,

2

causadas pela ação humana ocorreram mais rápida e extensamente nos últimos 50 anos do que

em qualquer outro período na história (World Resource Institute, 2005).

Com o aumento da percepção de que o planeta está alcançando níveis cada vez mais altos de

poluição (PAÇO et al, 2009), uma adesão crescente de ações a favor do meio ambiente está

ocorrendo por parte de consumidores (COSTA e SILVA, 2010). Devido ao forte processo de

industrialização no século passado, limitações dos recursos naturais da terra, e ao fato de que

milhões de pessoas estão abaixo da linha da pobreza, existe a necessidade de alcançar um

equilíbrio entre preservação do meio ambiente e manutenção do crescimento econômico

sustentável (STONE et al, 1995).

Assuntos como RSC (Responsabilidade Social Corporativa), desenvolvimento sustentável e

consumo consciente entraram mais profundamente no dia-a-dia das empresas do século XX,

nos hábitos dos indivíduos da sociedade e na legislação, evoluindo desde as décadas de 60 e

70, com o surgimento de diversos movimentos ambientais (PEREIRA, S., Disponível em:

<http://www.ethos.org.br/docs/comunidade_academica/pdf/pev41702.pdf>, Data de acesso:

25 de dezembro de 2010). Esta mudança ocorreu ainda mais intensamente durante o final do

século XX, quando foi possível observar que lidar com problemas ambientais poderia tornar-

se fonte de vantagem competitiva para as empresas e foco de atenção para a sociedade.

(PEREIRA, S., Disponível em: <

http://www.ethos.org.br/docs/comunidade_academica/pdf/pev41702.pdf>, Data de acesso: 25

de dezembro de 2010).

Segundo Porter e Linde (1995), havia uma percepção geral de que para gerar produtos e

serviços menos nocivos ao meio ambiente, seria necessário abrir mão de competitividade,

especialmente no que se referia ao preço, gerando um trade-off entre ecologia e economia. Os

3

autores afirmam que isto acontece até hoje porque muitas vezes, para neutralizar os impactos

ambientais da produção, os gestores tomam medidas corretivas relacionadas ao final da cadeia

de produção, gerando gastos adicionais como identificar, processar e descartar resíduos que

sobram dos processos de produção. Entretanto, a poluição gerada nestes processos são sinais

de ineficiência, já que indicam que os recursos utilizados não estão sendo usados em sua

totalidade, revelando, portanto, falhas no design do produto ou no processo de produção. Por

outro lado, os princípios básicos que deveriam guiar a gestão de resíduos, que são (i) uso de

insumos, como água e energia, de forma eficiente, (ii) substituição de matérias primas e (iii)

eliminação de processos desnecessários, são medidas que diminuem os custos unitários de

produção (Porter e Linde, 1995). Adicionalmente, as empresas que conseguem encontrar

soluções ecológicas para suas respectivas produções mais rapidamente adquirem a vantagem

de serem os primeiros entrantes de um nicho de mercado, que é o dos consumidores verdes.

Porém, outras duas das razões para a falta de busca de inovações que possam reduzir os custos

de produção e melhorar aspectos ambientais relacionados à produção, simultaneamente, é a

falta de informação detida pelos administradores de empresas aliada à falta de tempo e

atenção (Porter e Linde, 1995).

Além das questões ligadas à produção, o marketing voltado ao segmento de consumidores

preocupados com o meio ambiente também vêm ganhando maior atenção nas pesquisas

acadêmicas (Costa e Silva, 2010). Alcunhado como marketing ambiental, marketing

ecológico, marketing sustentável, novo marketing, eco-marketing, green marketing ou

marketing verde, seu surgimento acontece com a finalidade de viabilizar a troca sustentável

entre organizações e ambiente físico (Costa e Silva, 2010).

Ottman (1994) afirma que os principais objetivos do marketing verde são (i) desenvolver

produtos que equilibrem as necessidades dos consumidores com preços viáveis e mínimo

4

impacto ambiental e (ii) projetar uma imagem de alta qualidade, incluindo as características

de sensibilidade ambiental de um produto e o registro de trajetória de seu fabricante no que

tange o respeito ao meio ambiente. O autor também sugere que empresas que não

responderem a questões ambientais arriscam-se a perder a sintonia com o consumidor, já que

a qualidade verde de um produto seria determinante na decisão de compra.

De acordo com Peattie e Charter (2005), é essencial que os consumidores verdes - aqueles

que consideram, no processo de compra, a variável do meio ambiente (Costa e Silva, 2010) -

sejam identificados e que suas motivações relacionadas às suas decisões de compra sejam

compreendidas. Peattie e Charter (2005) afirmam ainda que tal identificação seja difícil

porque todos os consumidores são consumidores verdes, dado que dentre dois produtos com

preços e características idênticas, o produto escolhido por um consumidor seria sempre aquele

que apresentasse o melhor desempenho ecológico. Além disso, o principal foco na aquisição

de um produto deveria ser a preocupação com a sua utilização, e os benefícios das melhorias

ambientais poderiam ser ocultados por benefícios econômicos ou técnicos, nos processos de

decisão de compra.

No Brasil, segundo dados da pesquisa “Responsabilidade Social das Empresas – Percepção do

Consumidor Brasileiro”, entre 2006 e 2010, o percentual de consumidores classificados no

segmento dos consumidores conscientes manteve-se estável em 5%. Dada esta manutenção, o

número de consumidores conscientes (aqueles que desenvolvem o grau mais elevado de

consciência e de prática em seu consumo) cresceu em aproximadamente 500 mil, durante este

período, no Brasil (Instituto Akatu e Instituto Ethos, 2010).

Considerando a população brasileira de aproximadamente 200 milhões, o número total de

consumidores conscientes seria da ordem de 10 milhões de pessoas. Portanto, as empresas que

5

adotarem as estratégias de marketing mais adequadas para este mercado conseguirão alcançar

expressivas vantagens competitivas. Logo, os profissionais de marketing deveriam estar cada

vez mais interessados em identificar os consumidores verdes.

Stone et al. (1995) afirmam que além de dar preferência aos produtos verdes, os consumidores

conscientes possuem maiores propensões a boicotar empresas e produtos que se mostram

nocivos ao meio ambiente e tendem a influenciar outros consumidores a sacrificar suas

próprias compras. Assim sendo, a identificação de características de consumidores

conscientes pode ser uma ferramenta útil para atingir este mercado de consumidores de forma

mais eficiente e proteger as empresas de perderem clientes. Segundo os autores, é importante

que as empresas saibam o percentual dos seus clientes que são sensíveis às variáveis

ambientais.

Neste sentido, surgiram muitas pesquisas sobre consumo consciente que objetivaram

caracterizar melhor o perfil dos consumidores conscientes. Assim, questões relacionando

variáveis demográficas (idade, gênero, etc.), psicográficas (opiniões, valores, atitudes, etc.) e

comportamentais (taxa de utilização, sensibilidade sobre o preço, etc.) com os

comportamentos de consumo consciente passaram a ser estudadas.

Ao reconhecer a seriedade dos problemas ambientais, os indivíduos vêm apresentando

proativamente comportamentos de reciclagem, economia de eletricidade e água, utilização de

produtos descartáveis, entre outros (Han et. al., 2010; Kalafatis et. al, 1999). Estes tipos de

atividades cotidianas podem ser descritas como comportamentos ambientalmente conscientes.

Segundo Han et. al. (2009), houve um aumento dramático no número de indivíduos

expressando preocupações com o meio ambiente e conseqüentemente nas decisões de

6

consumo. Porém, Straughan e Roberts (1999) descobriram que somente quando os

consumidores sentem que seus esforços podem ser eficazes para resolver os problemas

ambientais é que estes adotam mais profundamente comportamentos ecologicamente

amigáveis.

1.2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

Considerando os aspectos conceituais relacionados ao marketing verde, Kilbourne (1995)

menciona que o desenvolvimento desta área de estudo foi abrangente. As pesquisas nesta área

mostraram-se fragmentadas e específicas, mas compartilhando metas comuns e focalizando

sobre a identificação de variáveis relacionadas aos índices de consciência ambiental dos

consumidores, ou sobre o desenvolvimento de escalas para a mesma.

Adicionalmente, percebe-se que a literatura existente parte de perspectivas diferentes,

demonstrando uma pluralidade de visões (Paço et. al., 2009). Chan, Won e Leung (2007), por

exemplo, pesquisaram sobre as intenções de chineses de levarem suas próprias sacolas para os

supermercados, com base na aplicação de conceitos éticos. Suas conclusões indicaram que

apesar dos valores “ontológicos” (de que os indivíduos dependem da natureza) e

“teontológicos” (do que é certo e errado) influenciarem nos julgamentos éticos, o julgamento

ético somente não foi suficiente para determinar sobre as intenções dos consumidores em

levar suas sacolas para os supermercados. Os autores sugerem que variáveis institucionais

daquele momento possam ter influenciado sobre a pesquisa, assim como o fato de que o

consumo verde era um assunto relativamente recente na China.

Segundo Paço et. al. (2009), existem diversos fatores associados ao marketing de produtos

verdes. Entre eles podem estar fatores sócio-econômicos, políticos, ecológicos, tecnológicos,

7

de saúde, éticos e biofísicos. Suas conclusões indicaram que os consumidores que adquirem

produtos verdes o fazem por razões específicas e que certas variáveis ambientais e

demográficas são importantes para diferenciar os segmentos dos consumidores “mais verdes”

dos outros segmentos.

A Eficiência Percebida pelo Consumidor (EPC) foi reconhecida pelos pesquisadores como um

fator significante que afeta cada fase do processo de decisão de compra (Kim e Han, 2010).

Esta variável representa o quanto os indivíduos acreditam que suas ações

ecologicamente amigáveis beneficiam o meio ambiente.

De acordo com Roberts (1996), há um papel crítico na eficiência percebida pelo consumidor

na explicação dos seus comportamentos ambientais. Suas observações indicaram que

consumidores que acreditavam fortemente que eles poderiam reduzir os problemas ambientais

e que seus esforços poderiam amenizar os danos ecológicos seriam mais propensos à

participar de atividades ambientalmente conscientes e realizar decisões de compra

ecologicamente amigáveis.

Berguer e Corbin (1992) afirmam que a EPC é um conceito diferenciado dentre as atitudes e

que pode ser modelada separadamente. Os autores dizem que este constructo pode funcionar

tanto como um preditor direto do comportamento como também moderando a influência de

outras variáveis.

1.3. OBJETIVO DA PESQUISA

Dando prosseguimento aos estudos sobre consumo consciente e visando preencher uma

lacuna de informações sobre as características dos consumidores verdes, esta pesquisa

8

pretende colaborar com mais informações e consistência sobre este nicho de consumidores e

sobre a eficiência percebida pelo consumidor. Pretende-se com esta pesquisa verificar a

relação existente entre a eficiência percebida dos consumidores e os seus respectivos

comportamentos de consumo consciente. Portanto, este estudo pretende responder a seguinte

pergunta de pesquisa:

Qual é o efeito da eficiência percebida pelo consumidor no consumo consciente?

Há uma questão secundária que este estudo pretende abordar:

· Deve-se considerar a variável eficiência percebida do consumidor como moderadora

do impacto da preocupação ambiental sobre o consumo consciente?

Neste sentido, pretende-se conferir a aceitação ou rejeição das seguintes hipóteses:

H1: Quanto maior a eficiência percebida dos consumidores, maior o consumo consciente;

H2: Quanto maior a preocupação ambiental, maior o consumo consciente; e

H3: O impacto da preocupação ambiental sobre o consumo consciente é moderado pela

eficiência percebida dos consumidor.

1.4. RELEVÂNCIA DO ESTUDO

Neste trabalho, a relevância surge da carência estudos científicos sobre os consumidores

verdes no Brasil. Como mencionado anteriormente, os consumidores com os níveis mais altos

de consciência ambiental já somam a aproximadamente 10 milhões de brasileiros e, portanto,

9

obter informações sobre estes indivíduos é entender melhor sobre suas decisões de compra.

Tais informações são muito importantes para garantir a eficiência das estratégias de

marketing.

Em termos ambientais e administrativos, aprimorar a compreensão sobre os consumidores

verdes e direcionar o marketing para estes consumidores poderá incentivar as empresas a

adotarem medidas mais ecológicas e, com isso, obter lucros superiores.

Adicionalmente, a intensificação dos estudos sobre consumidores conscientes iniciou-se nos

EUA durante os anos 70 e 80, na Europa e países asiáticos industrializados nos anos 90, sendo

bastante escassos na América do Sul. Como as observações de estudos anteriores conduzidos

em países diferentes não são generalizáveis, devido às diferenças sócio-culturais (Tai e Tam,

1996), este estudo torna-se relevante para compreender o consumidor verde em uma nova

região geográfica.

Atualmente, de acordo com o World Business Council for Sustainable Development (2010),

existem 3,5 bilhões de pessoas morando em áreas urbanas e 50% da população mundial

vivendo em grandes cidades. Este estudo, portanto, também é relevante para a sociedade uma

vez que envolve o tema desenvolvimento sustentável. Analisando uma amostra com

semelhanças a uma grande parte da população mundial e, considerando que o consumo

consciente pode estar relacionado a valores éticos, fatores culturais, demográficos,

psicográficos e comportamentais, entender melhor as pessoas mais ecologicamente

responsáveis pode ser uma ferramenta útil para aprender a influenciar positivamente o

comportamento de milhões de indivíduos da sociedade.

10

Adicionalmente, os problemas ambientais pelos quais a população mundial enfrenta ocorrem

pelo excesso de demanda por recursos naturais em relação ao que o planeta pode oferecer. A

pegada ecológica é conceito desenvolvido durante a década de 1990 por Mathis Wackernagel

e William Rees, pesquisadores da University of British Columbia (Wackernagel et al., 2004).

Anualmente, este indicador é calculado pela organização internacional “Global Footprint

Network”, que apresenta um relatório com sua avaliação. (Living Planet Report, 2009). Uma

definição breve da pegada ecológica é a quantidade agregada de terra e água necessária para

suprir continuamente a produção de recursos consumidos pela população e para a absorção

dos resíduos resultantes deste consumo. Esta medida permite a estimar a quantidade de

recursos necessária para manter os padrões humanos de consume e a quantidade de recursos

naturais existentes.

De acordo com o Living Planet Report (WWF, 2010), entre 1960 e 2007, somente a

população de baixa renda conseguiram reduzir suas respectivas pegadas ecológicas (medida

de impacto ambiental). Ainda assim, até esta parcela da população não apresenta uma pegada

ecológica superior a 1.

11

FIGURA 1 – Pegadas ecológicas das populações de alta renda, classe média e de baixa

renda.

Segundo a Figura 2, a pegada ecológica mundial tem se mostrado crescente ao longo das

últimas décadas e já supera 1,5 vezes a capacidade biológica da terra de renovar os seus

recursos. Logo, dado que este índice está bastante acima de 1, o presente estudo é relevante

não apenas do ponto de vista comercial e social, como também uma questão científica de

sobrevivência de milhões de indivíduos no futuro. É, portanto, previsível que se cultivando os

atuais procedimentos ambientais desempenhados pelos consumidores, empresas e governos,

as calamidades públicas geradas por desastres naturais deverão ser mais freqüentes e

aceleradas, além de aumento na escassez de alimentos e outros recursos dos quais a sociedade

é dependente.

12

FIGURA 2 – Pegada Ecológica Mundial

1.5. DELIMITAÇÕES DO ESTUDO

Dada a fragmentação das pesquisas existentes sobre marketing verde e identificação de

fatores que influenciam os consumidores conscientes, este estudo se restringe a analisar o

impacto da eficiência percebida pelo consumidor sobre o consumo consciente. Nesta

pesquisa, também será incluída o nível de preocupação ambiental, uma vez que este

constructo poderá influenciar os resultados. Por conveniência, somente serão exploradas

questões demográficas como idade e renda. Pela mesma razão, questões psicográficas e

comportamentais não serão consideradas no modelo. Entende-se que a inclusão de mais

perguntas ao questionário inibiria a aplicação do mesmo pelo aumento de número de

entrevistados e do tempo investido pelo entrevistado.

Este trabalho foi realizado entre setembro de 2010 a julho de 2011. A aplicação do

questionário (vide Anexo 1) foi realizada no mês de abril de 2011 e limitada aos estudantes de

graduação das Faculdades Ibmec Rio de Janeiro.

13

1.6. DESENVOLVIMENTO E ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO

Este trabalho está organizado em cinco capítulos. Na introdução, a contextualização, a

apresentação do problema, o objetivo da pesquisa e a relevância do estudo estão expostos.

No segundo capítulo é feita uma revisão da literatura existente, reunindo estudos relacionados

sobre a eficiência percebida do consumidor assim como fatores que influenciam a

identificação de indivíduos ambientalmente responsáveis. Este conjunto teórico foi construído

objetivando sustentar a metodologia utilizada e as conclusões que serão apresentadas nos

próximos capítulos. O terceiro capítulo apresenta a metodologia aplicada neste estudo, a

natureza e o tipo da pesquisa, assim como serão expostas a coleta e o tratamento dos dados. O

capítulo seguinte contém a análise e a descrição dos resultados. No quinto capítulo, serão

expostas as conclusões e considerações finais, seguidas pelas limitações enfrentadas pelo

estudo. Adicionalmente, sugestões para pesquisas futuras serão feitas. As referências

bibliográficas e os anexos estão expostos após o último capítulo.

14

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo, apresenta-se a revisão bibliográfica onde são descritas as dimensões que

impactam o consumo consciente, assim como fatores que distinguem os consumidores que o

praticam. Posteriormente, serão expostos os principais resultados das pesquisas referentes ao

impacto da eficiência percebida dos consumidores sobre o consumo consciente. Cabe ressaltar

que o estudo da eficiência percebida dos consumidores verdes sobre o consumo consciente

representa um segmento dos estudos sobre consumo consciente como um todo. Porém, a

decisão de incluir os estudos menos focalizados na eficiência percebida do consumidor surge

da necessidade de entender melhor sobre as outras variáveis que possam impactar no consumo

consciente.

Portanto, esta revisão de literatura tem como base artigos acadêmicos, publicados em revistas

acadêmicas e em congressos, referentes à assimilação destes consumidores. Deve ser

mencionado que os estudos sobre consumo consciente se iniciaram nas décadas de 1960 e

1970 com McClosky e Schaar (1965) que indicaram haver uma relação negativa entre escalas

de responsabilidade ambiental e alienação (variável relacionada à personalidade). Em 1968,

Berkowitz e Lutterman evoluem sobre o tema, tentando decifrar a personalidade daqueles

mais socialmente responsáveis. Em 1972, Henion dá um passo adiante verificando o impacto

de informações ambientais nas vendas de detergentes. Ao longo dos anos, diversos estudos

foram elaborados e mais recentemente, Kim e Han (2010) pesquisaram sobre a intenção dos

15

consumidores em pagar mais por um hotel verde. No estudo mencionado acima, foi utilizado

um modelo existente sobre as intenções de se pagar mais em hotéis, mas foram adicionadas

variáveis ambientais aos questionários.

A tabela, a seguir, indica a evolução do número de estudos que se relacionam de alguma

forma com o tema do consumo consciente considerando a bibliografia utilizada na presente

pesquisa:

De Até Total

1961 1970 4

1971 1980 22

1981 1990 24

1991 2000 44

2001 2010 32

Tabela 1 – Quantidade de Estudos Publicados nas Décadas de 1960 a 2010, considerando a bibliografia utilizada neste trabalho.

Elaborado pelo autor

Este capítulo será organizado da seguinte forma:

· O impacto das variáveis demográficas sobre o consumo verde;

· O impacto das variáveis psicográficas sobre o consumo verde;

· O impacto das variáveis comportamentais sobre o consumo verde;

· Consumo consciente, eficiência percebida pelo consumidor e preocupação

ambiental;

16

2.1. O IMPACTO DAS VARIÁVEIS DEMOGRÁFICAS SOBRE O CONSUMO

VERDE.

De acordo com Diamantopoulos et. al. (2003), os dados demográficos foram utilizados como

as principais variáveis na segmentação e caracterização de consumidores verdes. A explicação

para tal fenômeno compreende-se pelo fato deste tipo de variável ser de fácil medição e

aplicação.

A seguir estão reunidas informações relevantes sobre (i) idade, (ii) gênero, (iii) escolaridade e

(iv) renda.

2.1.1. IDADE

A variável “idade” já foi extensamente pesquisada em estudos anteriores. Segundo Jain e

Kaur (2006), a maioria dos estudos aponta uma correlação negativa e significante entre idade

e conhecimento sobre o meio ambiente (Anderson et. al., 1974; Arcury et. al. 1987;

Diamantopoulus et. al., 2003; Grunert e Kristensen, 1994). Porém, Jain e Kaur (2006) não

encontraram significância na relação entre idade e conhecimento.

Ainda, segundo Jain e Kaur (2006), a relação entre idade e atitudes com relação ao meio

ambiente também foram observadas em estudos anteriores, sendo negativamente

correlacionadas (Diamantopoulos et. al., 1974; Grunert e Kristensen, 1994; Scott e Willits,

1994; Tognacci et. al., 1972; Van Liere e Dunlap, 1981; Zeidner e Shechter, 1988). O

resultado encontrado por Jain e Kaur (2006) foi que idade não é uma variável

significativamente relacionada às atitudes, exceto no quesito “vontade de pesquisar produtos

amigáveis ao meio ambiente”, onde a relação encontrada foi negativa.

17

Com relação ao comportamento ambiental, diversas pesquisas apontam que esta variável é

negativamente correlacionada à idade (Arcury et. al., 1987; Arbuthnot, 1977; Diamantopoulos

et. al., 2003; Grunet e Kristensen, 1994; Jolibert e Baumgartner, 1981; Meffert e Bruhn, 1996;

Mohai, 1985; Neuman, 1986; Roper, 1992; Samdahl e Robertson, 1989; Tognacci et. al.,

1972; Van Liere e Dunlap, 1981; Zeidner e Schechter, 1988; Zimmer et. al., 1994 apud Jain e

Kaur, 2006). Jain e Kaur (2006) encontraram relação negativa entre idade e comportamento

ecológico, porém parcialmente confirmada. Seu resultado indicou que os mais jovens (i)

buscam mais por informações relevantes e (ii) possuem maior propensão para influenciar

outros consumidores ao boicote. Entretanto, o índice de escolha de produtos menos poluentes

ficou positivamente correlacionado com idade.

Jain e Kaur (2006) apontam alguns estudos que não relatam qualquer significância (Chan, K.,

1999; Kinnear et. al., 1974; Meffert e Bruhn, 1996; Ostman e Parker, 1987; Roper, 1990;

Roper, 1992; Shrum et. al., 1995; Webster, 1975), ou relação positiva entre idade e

consciência sobre o meio ambiente (Roberts, 1996; Samdahl e Robertson, 1989).

Ainda, a influência da idade no comportamento ambiental depende do país de origem,

segundo Jain e Kaur (2006). T.S. Chan (1996), verificou que, enquanto no Canadá, os mais

jovens tinham maior incidência de compra de produtos recicláveis, esta observação não foi

confirmada por respondentes de Hong Kong (Jain e Kaur, 2006).

Na visão de Paço et. al. (2009), os estudos anteriores sugerem uma discussão da pertinência

desta variável em distinguir consumidores verdes, uma vez que não existe um consenso. Paço

et. al. afirmam que alguns estudos não indicam correlação significante entre idade e atitudes e

comportamentos ambientais (Kinnear et. al, 1974), alguns estudos sugerem correlações

negativas e significantes (Anderson et. al., 1974; Van Liere e Dunlap, 1981; Zimmer et. al.,

18

1994), enquanto outros ainda observaram correlações positivas entre idade e sensibilidade e

comportamento ambiental (Roberts, 1996; Samdahl e Robertson, 1989). Os indivíduos mais

“ambientalmente ativos” se encontram com faixas etárias nos intervalos entre 25 e 34 anos, e

45 e 54 anos. Já os “descompromissados” encontravam-se entre os 18 e 34 anos, enquanto os

“indefinidos” são caracterizados com faixas etárias mais altas (Paço et. al., 2009).

Jain e Kaur (2006) afirmam que a maioria dos estudos anteriores indica uma relação negativa

entre idade e conhecimento, atitudes e comportamento ambiental, e a razão para isto seria o

fato de os indivíduos mais jovens terem crescido durante uma época em que as preocupações

ambientais já teriam se tornado uma questão relevante (Straghan e Roberts, 1999).

2.1.2. GÊNERO

De acordo com Paço et. al. (2009), o desenvolvimento de papéis, habilidades e atitudes são

distintos entre homens e mulheres, e, portanto, as mulheres apresentavam comportamento

ambiental mais favorável. Os autores ainda afirmam que em alguns estudos (Berkowitz e

Lutterman, 1968; Banarjee e McKeage, 1994; Laroche et. al., 2001; Webster, 1975), as

mulheres mostraram-se mais conscientes e preocupadas com o meio ambiente do que os

homens. Segundo Mainieri e Barnett (1997), as mulheres se dizem mais proativas em relação

ao meio ambiente, comprando mais produtos verdes e participando mais na separação do lixo

para reciclagem, apesar de não terem sido encontradas diferenças significantes entre os dois

gêneros em termos de conservação de recursos naturais ou participação em grupos

ambientalistas.

Jain e Kaur (2006), afirmam que a literatura existente apresenta resultados divergentes no que

se refere ao impacto do gênero sobre a ecologia e no marketing verde. Enquanto alguns

19

estudos sugerem nenhuma significância entre a variável “gênero” e conhecimento ambiental

(Arbuthnot, 1977; Diamantopoulos et. al., 2003; Samdahl e Robertson, 1989; Tognacci et. al.,

1972), outros estudos sugerem que os homens possuem maior nível de conhecimento

ambiental do que as mulheres (Chandler, 1972; Grunert e Kristensen, 1994; Lyons e

Breakwell, 1994; Meffert e Bruhn, 1996). Os autores especulam que este fenômeno se daria

pelos homens serem mais expostos às informações ambientais do que às mulheres, dado que

eles possuem maior costume de sair. Com relação às atitudes e comportamentos ambientais,

os autores afirmam que a literatura indica melhores índices das mulheres do que os homens

(Davidson e Freundenburg, 1996; Diamantopoulos et. al., 2003; Lowe et. al., 1980; Shrum et.

al.,1995; Stern et. al., 1993; Straughan e Roberts, 1999; Tognacci et.al., 1972; Van Liere e

Dunlap, 1981).

No experimento de Jain e Kaur (2006), o resultado encontrado indica que os homens e as

mulheres apresentam níveis de conhecimento ambiental similares, não havendo, portanto,

diferenças significativas. Porém, os resultados referindo-se às atitudes ambientais

apresentaram diferenças significantes entre homens e mulheres. Com exceção à variável

“disposição a pagar mais por produtos verdes”, onde nenhuma diferença significante foi

encontrada, as mulheres apresentaram maior “disposição a procurar por produtos verdes” e

nível mais elevado de “eficiência percebida de suas ações sobre o meio ambiente”.

2.1.3. ESCOLARIDADE

Segundo Jain e Kaur (2006), diversos estudos relacionaram o nível educacional à consciência

ambiental. A maioria dos estudos, segundo os autores, encontrou correlação positiva entre

educação e conhecimento sobre o meio ambiente (Arbuthnot e Lingg, 1975; Arcury et. al.,

1987; Chandler, 1972; Diamantopoulos et. al., 2003; Grunert, 1991; Maloney e Ward, 1973;

20

Maloney et. al., 1975; Moore, 1981 e Ostman e Parker, 1987). Adiante, os autores afirmam o

nível educacional também se demonstrou positivamente relacionado com atitudes ambientais

(Aaker e Bagozzi, 1982; Grunert, 1991; Leonard-Barton, 1981; Murphy et. al., 1978; Roberts,

1996; Roper, 1990, 1992; Tognacci et. al. 1972; Vanliere e Dunlap, 1981; Zimmer et. al.,

1994). A relação positiva entre escolaridade e comportamento ambiental também foi

reportada, segundo os autores, em diversas pesquisas (Arbuthnot, 1977; Chan, 1996; Devall,

1970; Harry et. al., 1969; Jolibert e Baumgartner, 1981; Maloney e Ward, 1973; Ostman e

Parker, 1987; Scott e Willits, 1994; Webster, 1975; Widegren, 1998).

Jain e Kaur (2006) especulam que a relação positiva entre nível educacional e consciência

ambiental se daria pela maior facilidade dos mais educados em compreender o

relacionamento entre a natureza e o homem.

Entretanto, Samdahl e Robertson (1989) verificaram uma relação negativa entre escolaridade,

atitudes e comportamento sobre o meio ambiente. Arbuthnot e Lingg (1975) também

encontraram uma relação negativa entre escolaridade e comportamento. Meffert e Bruhn

(1996), por outro lado, não encontraram relação alguma entre escolaridade e conhecimento

sobre o meio ambiente. Similarmente, Baldassare e Katz (1992), Diamantopoulos et. al

(2003), Honnold (1981), Lowe et. al. (1980), Meffert e Bruhn (1996); Ray (1975) e Shrum

et.al. (1995) também não observaram relação significante entre escolaridade e atitudes

ambientais (Jain e Kaur, 2006).

Na experiência de Jain e Kaur (2006), suas hipóteses de que escolaridade estaria

positivamente relacionada à consciência, conhecimento ambiental e comportamentos não

foram confirmadas, com exceção a uma escala: “conhecimento ambiental de assuntos

específicos”. Jain e Kaur (2006) também observaram que indivíduos mais graduados

21

possuíam menor vontade de pesquisar por produtos amigáveis ao meio ambiente. Por último,

as variáveis de comportamento não se mostraram positivamente relacionada com

escolaridade, exceto aos itens “índice de comportamento de procura”, “frequência de

comportamento de conservação” e “freqüência de ativismo ambiental”.

Adiante, Paço et. al. (2009), afirmam que indivíduos mais educados e treinados possuem

maior acesso à informação e que, por isso, espera-se uma maior preocupação, agindo mais em

favor do meio ambiente. Paço et. al. mencionam que Granzin e Olsen (1991) encontraram

relação positiva entre escolaridade e “caminhar por preocupação ambiental ao invés de

dirigir”. Adicionalmente, afirmam que os resultados encontrados relacionando educação e

aspectos ambientais são mais consistentes do que resultados obtidos por outras variáveis

demográficas, já que a maioria dos estudos apresenta correlação positiva entre escolaridade e

atitudes ambientais (Anderson et. al., 1974; Roberts, 1996; Van Liere e Dunlap, 1981;

Zimmer et. al., 1994). Porém, nenhum relacionamento conclusivo foi estabelecido. Paço et. al.

(2009) também citam estudos anteriores com resultados que contrariam esta consistência

(Samdahl e Robertson, 1989; Kinnear et. al., 1974)

2.1.4. RENDA

Conforme Paço et. al. (2009), acredita-se que a renda seja positivamente correlacionada com

sensibilidade ambiental, dado que aqueles com renda superior podem arcar mais facilmente

com preços marginalmente superiores de produtos associados às “causas verdes” (Straughan e

Roberts, 1999). Os autores afirmam ainda que Berkowitz e Lutterman (1968) e Henion (1972)

sugerem que consumidores de classes médias e altas e que possuem níveis educacionais mais

altos possuem maior predisposição a desempenhar um comportamento mais positivo sobre o

meio ambiente. Entretanto, Paço et. al. (2009) afirmam que a variável “comportamento

22

ambiental” não apresentou consistência para diversas faixas de renda, citando a pesquisa de

Samdahl e Robertson (1989) que concluíram que consumidores conscientes apresentavam

menor renda do que a média dos americanos. Considerando sua base de dados, Paço et. al.

(2009) concluem que os indivíduos incluídos no grupo dos “ambientalmente ativos” possuem

rendas mais altas do que os indivíduos dos outros grupos. Já aqueles incluídos no grupo dos

“descompromissados” obtinham renda mensal entre 500 e 1000 euros, enquanto os

consumidores classificados no grupo dos “indefinidos” possuem renda de até 1000 euros.

Jain e Kaur (2006) concordam que existe uma crença de que a renda esteja positivamente

relacionada com o nível de consciência ambiental, citando também Straughan e Roberts

(1999). A revisão de literatura aponta diversos estudos que indicam relação positiva entre

renda e atitudes com relação ao meio ambiente (Kinnear et. al., 1974; McEvoy, 1972;

Mitchell, 1983; Reizenstein et. al., 1974; Webster, 1975; Roper, 1990, 1992; Simon, 1992;

Tai e Tam, 1996; Tucker et. al., 1981; Zimmer et. al., 1994 apud Jain e Kaur, 2006), assim

como com relação aos comportamentos ambientais (Arbuthnot, 1977; Chan, 1999; Roper,

1990, 1992; Zimmer et. al., 1994 apud Jain e Kaur, 2006). De acordo com Jain e Kaur (2006),

somente alguns estudos apontam uma relação sem significância entre renda e conhecimento

ambiental (Buttel e Flinn, 1978), atitudes (Kassarjian, 1971; Van Liere e Dunlap, 1981) e

comportamentos (Anderson et. al., 1974; Antil, 1984; Pickett et. al., 1993). Além do resultado

encontrado por Samdahl e Robertson (1989), citado anteriormente por Paço et. al. (2009), Jain

e Kaur (2006) também mencionam Roberts (1996), que encontrou correlação negativa entre

renda e comportamento ambiental.

Por fim, os resultados encontrados por Jain e Kaur (2006) foram bastante divergentes. Os

autores afirmaram ter observado correlação significante entre a renda e seis indicadores de

consciência ambiental, porém somente quatro delas sendo positiva. Em relação à preocupação

23

com o meio ambiente e escalas de conhecimento, foi encontrada uma relação positiva e

significante com a renda dos entrevistados, sugerindo que os indivíduos mais ricos possuem

mais conhecimento sobre as regulações ambientais. A relação entre renda e atitudes mostrou-

se um mal preditor, dado que somente o constructo “disposição para pagar mais” apresentou

correlação positiva e significante. Ainda, as hipóteses elaboradas sobre os efeitos da renda no

comportamento ambiental foram somente parcialmente suportadas, uma vez que duas das sete

escalas apresentaram correlações positivas e significantes entre as variáveis. Os constructos

“incidência de influência sobre demais consumidores” e “freqüência de comportamento de

conservação” apresentaram correlação significativa na direção oposta, sugerindo que pessoas

mais ricas tendem a ter menor índice de influencia sobre os outros e pior comportamento de

conservação.

Correlação / TendênciaConciência Ambiental

Correlação negativa com consciência ambiental Anderson et. al., 1974; Arcury et. al. 1987; Diamantopoulus et. al., 2003; Grunert e Kristensen, 1994

Sem SignificânciaJain e Kaur, 2006; Chan, K., 1999; Kinnear et. al., 1974; Meffert e Bruhn, 1996; Ostman e Parker, 1987; Roper, 1990; Roper, 1992; Shrum et. al., 1995; Webster, 1975

Positiva Roberts, 1996; Samdahl e Robertson, 1989Consciência ambiental superior em intervalos de idade

específicos Paço et. al. (2009)

Sem SignificânciaPaço et. al., 2009; Jain e Kaur, 2006; Arbuthnot, 1977; Diamantopoulos et. al., 2003; Samdahl e Robertson,

1989; Tognacci et. al., 1972

Os homens tendem a ser mais conscientesChandler, 1972; Grunert e Kristensen, 1994; Lyons e

Breakwell, 1994; Meffert e Bruhn, 1996

Correlação positiva com consciência ambiental

Arbuthnot e Lingg, 1975; Arcury et. al., 1987; Chandler, 1972; Diamantopoulos et. al., 2003; Grunert, 1991;

Maloney e Ward, 1973; Maloney et. al., 1975; Moore, 1981 e Ostman e Parker, 1987

Correlação Parcial Jain e Kaur, 2006Sem Significância Meffert e Bruhn, 1996Sem Significância Buttel e Flinn, 1978

Correlação negativa com consciência ambiental Samdahl e Robertson, 1989

Variável Demográfica

Autores

Idade

Gênero

Escolaridade

Renda

Tabela 2 – Correlações entre variáveis demográficas e consciência ambiental

24

Correlação / TendênciaAtitudes

Correlação negativa com atitudes

Anderson et. al., 1974; Zimmer et. al., 1994, Diamantopoulos et. al., 1974; Grunert e Kristensen, 1994; Scott e Willits, 1994; Tognacci et. al., 1972; Van Liere e

Dunlap, 1981; Zeidner e Shechter, 1988Correlação parcialmente negativa e significante Jain e Kaur (2006)

Sem Significância Kinnear et. al, 1974Correlação positiva com atitudes Roberts, 1996; Samdahl e Robertson, 1989

Melhores atitudes em intervalos de idade específicos Paço et. al. (2009)

GêneroAs mulheres tendem a apresentar melhores indicadores de

atitudes

Jain e Kaur, 2006; Davidson e Freundenburg, 1996; Diamantopoulos et. al., 2003; Lowe et. al., 1980; Shrum

et. al.,1995; Stern et. al., 1993; Straughan e Roberts, 1999; Tognacci et.al., 1972; Van Liere e Dunlap, 1981;

Berkowitz e Lutterman, 1968; Banarjee e McKeage, 1994; Laroche et. al., 2001; Webster, 1975

Correlação positiva com atitudes

Anderson et. al., 1974; Aaker e Bagozzi, 1982; Grunert, 1991; Leonard-Barton, 1981; Murphy et. al., 1978;

Roberts, 1996; Roper, 1990, 1992; Tognacci et. al. 1972; Vanliere e Dunlap, 1981; Zimmer et. al., 1994

Sem SignificânciaBaldassare e Katz, 1992; Diamantopoulos et. al., 2003;

Honnold, 1981; Lowe et. al., 1980; Meffert e Bruhn, 1996; Ray, 1975; Shrum et.al., 1995

Correlação negativa com atitudesJain e Kaur, 2006; Samdahl e Robertson, 1989; Kinnear

et. al., 1974

Correlação positiva com atitudes

Kinnear et. al., 1974; McEvoy, 1972; Mitchell, 1983; Reizenstein et. al., 1974; Webster, 1975; Roper, 1990,

1992; Simon, 1992; Tai e Tam, 1996; Tucker et. al., 1981; Ximmer et. al., 1994

Sem Significância Kassarjian, 1971; Van Liere e Dunlap, 1981

Variável Demográfica

Autores

Idade

Escolaridade

Renda

Tabela 3 – Correlações entre variáveis demográficas e atitudes ambientais

Correlação / TendênciaComportamento

Correlação negativa com comportamento

Anderson et. al., 1974; Arcury et. al., 1987; Arbuthnot, 1977; Diamantopoulos et. al., 2003; Grunet e Kristensen,

1994; Jolibert e Baumgartner, 1981; Meffert e Bruhn, 1996; Mohai, 1985; Neuman, 1986; Roper, 1992;

Samdahl e Robertson, 1989; Tognacci et. al., 1972; Van Liere e Dunlap, 1981; Zeidner e Schechter, 1988; Zimmer

et. al., 1994Correlação parcialmente negativa com comportamento Jain e Kaur (2006)

Sem Significância Kinnear et. al, 1974Correlação positiva com comportamento Roberts, 1996; Samdahl e Robertson, 1989

Melhor comportamento em intervalos de Idade específicosPaço et. al. (2009)

GêneroAs mulheres tendem a apresentar melhores indicadores de

comportamento

Jain e Kaur, 2006; Davidson e Freundenburg, 1996; Diamantopoulos et. al., 2003; Lowe et. al., 1980; Shrum

et. al.,1995; Stern et. al., 1993; Straughan e Roberts, 1999; Tognacci et.al., 1972; Van Liere e Dunlap, 1981;

Mainieri e Barnett (1997)

Correlação positiva com comportamento

Arbuthnot, 1977; Chan T.S., 1996; Devall, 1970; Harry et. al., 1969; Jolibert e Baumgartner, 1981; Maloney e Ward,

1973; Ostman e Parker, 1987; Granzin e Olsen, 1991; Scott e Willits, 1994; Webster, 1975; Widegren, 1998

Correlações parciais e/ou divergentes com comportamentoJain e Kaur, 2006; Samdahl e Robertson, 1989; Arbuthnot

e Lingg, 1975

Correlação positiva com comportamentoPaço et. al., 2009; Berkowitz e Lutterman, 1968; Henion, 1972; Arbuthnot, 1977; Chan, 1999; Roper, 1990, 1992;

Zimmer et. al., 1994Sem Significância Anderson et. al., 1974; Antil, 1984; Pickett et. al., 1993

Correlação negativa com comportamento Roberts, 1996

País de OrigemO país de orígem é moderador da idade sobre o

comportamento ambiental T.S. Chan (1996)

Variável Demográfica

Autores

Idade

Escolaridade

Renda

25

Tabela 4 – Correlações entre variáveis demográficas e comportamentos ambientais

2.2. O IMPACTO DAS VARIÁVEIS PSICOGRÁFICAS SOBRE O CONSUMO

VERDE.

As variáveis psicográficas, que são variáveis ligadas ao conceito de estilo de vida, começaram

a ser estudadas por profissionais de marketing nos anos de 60. Elas são baseadas nas

atividades, interesses e opiniões dos entrevistados (Plummer, 1974 apud Paço et. al., 2009).

As variáveis psicográficas estudadas nesta revisão de literatura são (i) atividades, (ii)

interesses e opiniões, (iii) personalidade e (iv) valores dos entrevistados.

2.2.1. ATIVIDADES

No que se refere às atividades, acredita-se que indivíduos mais envolvidos em atividades

comunitárias estejam mais propensos a apresentar comportamento mais ecologicamente

correto (Cornwell e Schwepker, 1995 apud Paço et. al., 2009).

Na pesquisa de Wilkins e Hillers (1994), membros de cooperativas de alimentos

apresentavam melhores atitudes sobre alimentos e questões ligadas ao meio ambiente.

Adicionalmente, não apenas os membros de cooperativas, como também os outros

entrevistados demonstraram preocupações com relação aos resíduos resultantes do uso de

pesticidas (Wilkins e Hillers, 1994 apud Hughnes et. al., 2007).

26

Nos grupos segmentados por Paço et. al. (2009), verificou-se que os indivíduos caracterizados

como “descompromissados” possuem os mais baixos índices de ativismo, enquanto os

indivíduos “indefinidos” e “ativistas” índices favoráveis de ativismo.

Adiante, o ativismo ambiental, vegetarianismo e uso de medicina alternativa também são

indicadores para identificar consumidores de alimentos orgânicos (Cicia et. al., 2002 apud

Hughner et. al., 2007).

Também, praticantes de atividades “apreciativas” ao ar livre, como caminhadas, possuem

atitudes ambientais mais positivas do que aquelas que praticam atividades “destrutivas”, como

caça (Jackson, 1986, 1987 apud Andereck, 2008). Anderdeck (2008) verificou que turistas

que valorizam ações ambientais das empresas do mercado de turismo preferem, mais que

outros turistas, as atividades em áreas naturais, atividades culturais, artísticas, ligadas ao

patrimônio e aventuras.

2.2.2. INTERESSES E OPINIÕES

De acordo com Paço et. al. (2009), os interesses e opiniões sobre política indicam que

indivíduos com um perfil político liberal são mais propensos a apresentar fortes índices de

comprometimento em movimentos verdes, contrastando com indivíduos cuja visão política

seja mais conservadora (Straughan e Roberts, 1999; Vlosky et. al., 1999).

Paço et. al. (2009) concluíram que no grupo dos “ativistas”, existe uma posição positiva com

relação à “eficiência percebida” de suas ações, enquanto os “indefinidos” acreditam suas

ações individuais não contribuem a melhora do meio ambiente.

27

No que se refere ao consumo de vinho, a busca por prazer, vida longa e qualidade são

atributos importantes para determinar os consumidores de vinho orgânico (Fotopoulos et. al.,

2003 apud Hughner et. al., 2007). Portanto, a percepção do impacto sobre a saúde também

podem ser relevantes quando se deseja pesquisar sobre fatores que influenciam o consumo

consciente.

2.2.3. PERSONALIDADE

Paço et. al. (2009) afirmam que as variáveis de personalidade começaram a ser usadas em

estudos de segmentação a partir dos anos 70. Porém, segundo os autores, duas variáveis

receberam atenção maior nas pesquisas: lócus de controle e alienação. A primeira variável

descreve o quanto um indivíduo acredita que suas recompensas pessoais são dependentes de

seu comportamento, enquanto a outra se refere ao quanto o entrevistado se sente afastado de

sua comunidade, sociedade ou cultura (Cornwell e Schwepker, 1999). Ao passo que “lócus de

controle” vêm sendo examinada em sua relação com a preocupação ambiental, a “alienação”

foi usada em diversos estudos relacionados ao comportamento ambiental (Balderjan, 1988).

Adicionalmente, algumas pesquisas relacionadas à personalidade encontraram correlações

fortes com indicadores de consciência ambiental. Porém, apesar destes resultados, há

inconsistência no que se refere a alguns comportamentos específicos, como compra de

produtos verdes (Kinnear et. al., 1974; Schwepker e Cornwell, 1991). Em seus resultados

sobre o impacto destes constructos, Paço et. al. (2009) não citaram qualquer conclusão.

Berkowitz e Lutterman (2001) também afirmam que existem estudos, como o de McClosky e

Schaar (1965), indicando haver uma relação negativa entre escalas de responsabilidade

ambiental e alienação. Ou seja, indivíduos com sentimentos de alienação são menos

propensos a apresentar pensamentos e comportamentos positivos ao meio ambiente. A

28

explicação para tal fenômeno pode ser explicada por diversas razões. A primeira seria pelo

fato de que as pessoas alienadas se sentem isoladas dos importantes grupos que a cercam, não

compartilhando muito de suas vidas sociais, e, portanto, sentindo-se como indivíduos

anônimos e separados de seus companheiros. Seguindo este raciocínio, os indivíduos do

grupo oposto, os não-alienados, participam e se envolvem mais com a comunidade ou

sociedade. Tal participação geralmente resulta na adoção dos valores e atitudes da sociedade,

assim como na absorção de informações relevantes para o grupo, crenças e ideais, sendo até

mesmo recompensadas por adotar tais crenças (Theidire e Newcomb, 1943 apud Berkovitz e

Lutterman, 2001). Logo, as pessoas não-alienadas, que possuem maiores oportunidades de

absorver os ideais dos indivíduos da sociedade, são mais conservadores e a apresentam altos

índices de responsabilidade social, aceitando muitos dos valores sociais tradicionais

(Berkowitz e Lutterman, 2001).

No que se refere à compra de alimentos orgânicos, existem indicações de que motivos

egoístas são melhores preditores do que motivos altruístas (Magnusson et. al., 2003 apud

Hughner et. al., 2007).

2.2.4. VALORES

Quando se discute consumo consciente e práticas ambientalmente amigáveis, deve-se

entender o significado do consumo e de atividades para os indivíduos que os praticam. Um

dos problemas sobre os estudos de consumo sustentável é partir do princípio de que o

consumo é baseado em perspectivas econômicas, de simples visão utilitarista ou de

necessidade (Heiskanen e Pantzar, 1997 apud Connolly e Prothero, 2003). Segundo Bauman

(1988), o consumo não é apenas uma questão de satisfação de ganância e necessidade, como

também uma forma de manipular símbolos para diversos propósitos. Ao nível de vida, o

29

propósito do consumo também compreende a construção de identidade, personalidade ou

caráter, assim como de relação com os outros (Connolly e Prothero, 2003). Logo, o consumo

também é uma forma de demonstrar os valores que um indivíduo deseja divulgar.

Referindo-se aos valores dos indivíduos, Paço et. al. (2009) alegam que os estudos de Homer

e Kahle (1988) fornecem suporte empírico para um efeito hierárquico entre “valores-atitudes-

comportamentos”, para o caso de alimentos. Ou seja, indivíduos que compram alimentos cujo

impacto ao meio ambiente seja menor geralmente dão maior importância a valores de

orientação interna (realização pessoal, felicidade e diversão, sensação de plenitude e respeito

próprio). Por outro lado, aqueles que não compram alimentos verdes são guiados por valores

externos (sentimento de pertencer a um grupo, de ser respeitado e de segurança).

Follows e Jobber (2000) sugerem que indivíduos que dão maior importância a valores

conservadores não querem “complicar suas vidas” com mudanças ou não desejam se envolver

em algo incomum (Paço et. al., 2009). Conclui-se, portanto, que tais indivíduos dão pouca

importância ao efeito direto que os produtos possam exercer sobre o meio ambiente e grande

importância ao impacto de tais produtos sobre suas próprias vidas.

Adicionalmente, Andereck (2009), em seu estudo sobre turismo ecológico, cita pesquisas

sobre a relação entre valores e comportamentos ambientais. Segundo o artigo, Shultz e

Zelezny (1998, 1999), encontraram relação positiva entre valores e comportamento ambiental

dentre residentes de países diversos. Além destes autores, Roberts e Bacon (1997) também

são mencionados por terem encontrado correlação positiva entre valores ambientais e

comportamento ambientalmente consciente, recebendo suporte de outros autores (Granzin e

Olsen, 1991; Hines et. al., 1987). Além destes autores, Andereck (2009) cita o estudo de Kim

30

et. al. (2006), que encontrou relação entre valores ambientais e motivos para atender um

festival orientado ao meio ambiente.

Por fim, valores relacionados ao altruísmo, ecologia, universalismo, benevolência,

espiritualidade e direcionamento pessoal também foram ligados ao consumo de alimentos

orgânicos (Grunert e Juhl, 1995; Makatouni, 2002; Zanoli e Naspetti, 2002; Fotopoulos et. al.,

2003 apud Hughner et. al., 2007).

Observação

Indivíduos mais envolvidos em atividades comunitárias são mais propensos a apresentar comportamento ecologicamente correto.

Cornwell e Schwepker, 1995

"Descompromissados" são menos ativos do que os "indiferentes" e "ativistas" Paço et. al., 2009

Ativismo ambiental, vegetarianismo e uso de medicina alternativa são indicadores para identificar consumidores de alimentos orgânicos

Cicia et. al., 2002

Membros de cooperativas de alimentos apresentavam melhores atitudes sobre alimentos orgânicos e questões ligadas ao meio ambiente

Wilkins e Hillers, 1994

Praticantes de atividades “apreciativas” possuem atitudes mais positivas do que

aquelas que praticam atividades “destrutivas”Jackson, 1986, 1987

AutoresVariável

Psicográfica

Atividades

Tabela 5 – Influência das atividades sobre consumidores verdes.

Observação

Indivíduos politicamente liberais apresentam índices maiores de comprometimento em movimentos verdes

Straughan e Roberts, 1999; Vlosky et. al., 1999

Os “ativistas” percebem uma “eficiência” de suas ações, enquanto os

“indefinidos” não acreditam que suas ações contribuem à melhora do meio

ambientePaço et. al., 2009

A busca por prazer, vida longa e qualidade são atributos importantes para determinar os consumidores de vinho orgânico

Fotopoulos et. al., 2003

Interesses e Opiniões

Variável Psicográfica

Autores

Tabela 6 – Influência dos interesses e opiniões sobre consumidores verdes.

31

Observação

Pesquisas relacionadas à personalidade encontraram correlações fortes com indicadores de consciência ambiental

Kinnear et. al., 1974; Schwepker e Cornwell, 1991

Indivíduos com sentimentos de alienação são menos propensos a apresentar pensamentos e comportamentos positivos ao meio ambiente

McClosky e Schaar, 1965

Os não-alienados, participam e se envolvem mais com a comunidade ou sociedade. Tal participação geralmente resulta na adoção dos valores e atitudes da sociedade, assim como na absorção de informações relevantes para o grupo

Newcomb, 1943

Não-alienados possuem maiores oportunidades de absorver os ideais dos indivíduos da sociedade, são mais conservadores e a apresentam altos índices

de quanto à responsabilidade social, e, portanto, aceitam muitos dos valores sociais tradicionais

Berkowitz e Lutterman, 2001

Motivos egoístas são melhores preditores do que motivos altruístas para a compra de alimentos orgânicos

Magnusson et. al., 2003

Personalidade

Variável Psicográfica

Autores

Tabela 7 – Influência da personalidade sobre consumidores verdes.

Observação

Um dos problemas sobre os estudos de consumo sustentável é partir do princípio de que o consumo é baseado em perspectivas econômicas, de simples

visão utilitarista ou de necessidade Heiskanen e Pantzar, 1997 O consumo não é apenas uma questão de satisfação de ganância e

necessidade, como também uma forma de manipular símbolos para diversos propósitos

Bauman, 1988

O propósito do consumo também compreende a construção de identidade, personalidade ou caráter, assim como de relação com os outros

Connolly e Prothero, 2003

Há um suporte empírico para um efeito hierárquico entre “valores-atitudes-

comportamentos”, para o caso de alimentosHomer e Kahle, 1988

Indivíduos que compram alimentos cujo impacto ao meio ambiente seja menor geralmente dão maior importância a valores de orientação interna enquanto

aqueles que não compram alimentos verdes são guiados por valores externos.Paço et. al., 2009

Indivíduos que dão maior importância a valores conservadores não querem “complicar suas vidas” com mudanças ou não desejam se envolver em algo

incomumPaço et. al., 2010

Indivíduos que dão maior importância a valores conservadores indivíduos dão pouca importância ao efeito direto que os produtos possam exercer sobre o meio ambiente e grande importância ao impacto de tais produtos sobre suas

próprias vidas.

Paço et. al., 2010

Para os indivíduos “indefinidos”, o meio ambiente não ocupa uma posição

importante dentre suas preocupações.Paço et. al., 2010

Há relação positiva entre valores e comportamento ambiental dentre residentes de países diversos

Shultz e Zelezny, 1998, 1999

Há uma correlação positiva entre valores ambientais e comportamento ambientalmente consciente

Roberts e Bacon, 1997; Granzin e Olsen, 1991; Hines et. al., 1987

Há relação entre valores ambientais e motivos para atender um festival orientado ao meio ambiente. Kim et. al., 2006

Valores relacionados ao altruísmo, ecologia, universalismo, benevolência, espiritualidade e direcionamento pessoal também foram ligados ao consumo de

alimentos orgânicos

Grunert e Juhl, 1995; Makatouni, 2002; Zanoli e Naspetti, 2002; Fotopoulos et. al., 2003

Variável Psicográfica

Autores

Valores

Tabela 8 – Influência dos valores sobre consumidores verdes.

32

2.3. O IMPACTO DAS VARIÁVEIS COMPORTAMENTAIS SOBRE O CONSUMO

VERDE.

Com relação às variáveis comportamentais, foram pesquisados os seguintes constructos: (i)

conhecimento sobre um produto, (ii) atitude com relação a um produto, (iii) taxa de utilização

de um produto e (iv) sensibilidade com relação a um produto.

As principais observações dos estudos anteriores seguem abaixo, considerando que algumas

delas já estão mencionadas nas seções sobre demografia e psicografia:

2.3.1. CONHECIMENTO SOBRE UM PRODUTO

Herberger e Buchanan (1971) desenvolveram um estudo em cima do comportamento de

consumidores, manipulando as variáveis “preço” e “informações ecológicas” de quatro

marcas de detergentes. Os resultados indicaram que as “informações ecológicas”

influenciaram as preferências dos consumidores por determinadas marcas ao longo de todos

os três níveis de preços estudados. O efeito foi em prol das marcas com menor quantidade de

fosfato (Henion et. al., 2001).

Há também um estudo de Hopkins (2009), publicado na MIT Sloan Management Review, que

indica diversas barreiras ao consumo de alimentos verdes. Dentre os entrevistados, 34%

referiam-se ao desconhecimento sobre produtos verdes como principal barreira e 10% não

sabem onde encontrar tais produtos.

Existe também uma definição de um segmento de consumidores, chamados de “biocêntricos”,

que, segundo Fairweather, Maslin e Simmons (2005), seriam indivíduos que utilizam rótulos

33

ambientais para se informar durante as decisões de compra e estão dispostos a pagar mais por

produtos verdes (Anderdeck, 2008).

2.3.2. ATITUDE COM RELAÇÃO A UM PRODUTO

De acordo com Hugner et. al. (2007), O´Donovan e McCarthy (2002) perceberam que

consumidores de carne orgânica compartilham de melhores percepções com relação à

qualidade, segurança, rotulagem, métodos de produção e valores deste tipo de alimento. Já

Tregear et. al. (1994) perceberam que os consumidores verdes acreditam que produtos

orgânicos são mais saudáveis, saborosos e amigáveis ao meio ambiente (Hughner et. al.,

2007)

Em sua pesquisa em cima de indivíduos que não compram alimentos verdes, Roddy et. al.

(1994) constataram opiniões favoráveis quanto à percepção dos atributos dos alimentos

orgânicos. Em contrapartida, os mesmos entrevistados levantaram negatividades quanto à

disponibilidade, divulgação e empacotamento deste segmento de produtos. Assim, uma

necessidade por melhores campanhas de marketing para aumentar a mobilização da população

foi expressa (Hughnes et. al., 2007).

No estudo de Pembroke (1996), realizado com passageiros aéreos, foi percebido que mais da

metade dos entrevistados afirmaram preferir companhias aéreas que apresentassem

características que demonstram consciência ambiental (Anderdeck, 2008). Também, 70% de

uma amostra de passageiros americanos reportaram possibilidade maior de se hospedar em

hotéis caso existam práticas ambientais (Watkins, 1994 apud Anderdeck, 2008).

34

Adicionalmente, o estudo de Hopkins (2009) também afirma que 16% dos entrevistados não

acreditam haver opções boas o suficiente de produtos verdes, 12% não acreditam que

produtos verdes são relevantes para suas necessidades, 10% preferem outras marcas, 4% são

céticos com relação aos apelos de marketing e 2% acreditam que os produtos verdes são de

qualidade inferior.

O estudo de Hopkins (2009) também demonstra que o percentual de consumidores que

acredita que produtos verdes sejam de qualidade superior em relação aos outros produtos

varia consideravelmente entre as categorias destes produtos. Percebe-se na Figura 3 que,

enquanto produtos como acessórios de moda, calçados, roupas e peças infantis possuem

baixos percentuais de percepção de qualidade superior, alimentos como carnes frescas,

verduras, frutas frescas, frutos do mar, laticínios, entre outros, apresentaram percentuais altos

da mesma variável. Percebe-se também uma correlação positiva no gráfico, entre o percentual

de consumidores que percebem qualidade superior nos produtos verdes e o percentual de

consumidores que pagariam um prêmio de pelo menos 10% por tais produtos.

2.3.3. TAXA DE UTILIZAÇÃO DE UM PRODUTO

Na pesquisa de Goldman e Clancy (1991), em cima de compradores de alimentos de

cooperativas, concluiu-se que compradores regulares de alimentos orgânicos apresentavam

índices mais altos de preocupação com a segurança dos alimentos.

Adicionalmente, segundo Chan (1999), consumidores classificados como Heavy Green

Consumers eram mais influenciados por opiniões alheias, pelo governo e grupos de

ambientalistas. Eles também apresentam maior preocupação com o meio ambiente. Em

compensação, os indivíduos classificados como Light Green Consumers apresentaram crenças

35

de que produtos verdes são mais difíceis de serem encontrados (Chan, 1999 apud Paço et. al.,

2009).

2.3.4. SENSIBILIDADE COM RELAÇÃO A UM PRODUTO

No que se refere à sensibilidade com relação a um produto, uma das principais variáveis

estudadas basicamente é o preço, ou melhor, a “disposição para pagar mais” (willingness to

pay more), que mede o diferencial de preço que um consumidor está disposto a pagar para que

um produto impacte o mínimo possível ao meio ambiente.

Paço et. al. (2009), perceberam que indivíduos do segmento “descompromissados” possuem

posições negativas com relação à “disposição para pagar mais”. No estudo de Roddy et. al.

(1994) os entrevistados - não-consumidores de alimentos orgânicos - expressaram posição

negativa com relação aos preços dos alimentos orgânicos (Hughnes et. al., 2007).

De acordo com Peattie (2001), existe um trade-off importante envolvido no consumo verde,

uma vez que estes trade-offs aparecem frequentemente. Este trade-off pode se referir ao

tempo adicional e esforço investidos em reciclagem (Dehab et. al., 1995 apud Peattie, 2001),

ao abrir mão de qualidade ou de preços competitivos (Sririam e Forman, 1993 apud Peattie,

2001). Logo, segundo Peattie (2001), sempre que o custo exceder o benefício percebido, os

consumidores não irão agir para conservar o meio ambiente, apesar das atitudes favoráveis

com relação a isso. Similarmente, um consumidor que desejasse comprar produtos verdes

poderia ser inibido pela escassez de pontos de venda, o que influenciaria na quantidade de

combustível necessária para chegar até uma loja que venda estes produtos (Peattie, 2001).

36

Adicionalmente, Goldman e Clancy (1991) verificaram que compradores regulares de

alimentos orgânicos apresentavam menor sensibilidade quanto ao preço (Goldman e Clancy,

1991 apud Hughnes et. al., 2007).

Hopkins (2009) também identifica que 11% acreditam que a principal barreira para o

consumo consciente é pelos preços de produtos verdes serem muito altos.

Na Figura 4, extraída da pesquisa de Hopkins (2009), também é observado que o percentual

de consumidores que pagariam no mínimo 10% a mais por produtos verdes varia de acordo

com o tipo de produto. Enquanto as carnes frescas apresentam um percentual de

aproximadamente 30% dos entrevistados, o percentual de consumidores para o segmento de

papel não chega a 15%.

.

10%

15%

20%

25%

30%

35%

20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

Produtos aplicados ao corpo

Eletrodomésticos

Alimentos e Bebidas

Roupas e Acessórios

Produtos descartáveis

Percentual de consumidores verdes que afirmaram que os produtos verdes apresentam qualidade superior.

Percentual de consumidores dispostos a pagar 10% a mais por produtos verdes.

Fonte: What the Green Consumer Wants, MIT Sloan Management Review, Summer 2009 (Hopkins, 2009)

FIFIGURA 3 – DISPOSIÇÃO A PAGAR MAIS E PERCEPÇÃO DE QUALIDADE DOS PRODUTOS VERDES.

37

35%

16%12%

11%

10%

10%

4%

2%

1 - Desconhecimento

2 - Escolha

3 - Relevância

4 - Preço

5 - Disponibilidade

6 - Marca

7 - Confiança

8 - Qualidade

1 – Desconhecem produtos verdes2 – Acreditam não haver opções suficientes de produtos verdes3 – Não percebem produtos verdes como relevantes para sua cesta de consumo4 – Acham muito alto o preço dos produtos verdes5 – Não sabem onde encontrar produtos verdes6 – Preferem outras marcas7 – Não confiam no discurso verde8 – Percebem produtos verdes como tendo qualidade inferior

Fonte: What the Green Consumer Wants, MIT Sloan Management Review, Summer 2009 (Hopkins, 2009)

FIGURA 4 – PRINCIPAIS BARREIRAS PARA O CONSUMO VERDE

ObservaçãoAs “informações ecológicas” influenciam as preferências dos consumidores por

determinadas marcas de detergentes ao longo de diversos os níveis de preços. O efeito foi em prol das marcas com menor quantidade de fosfato

Herberger e Buchanan, 1971

As barreiras ao consumo de alimentos verdes incluem o desconhecimento sobre produtos verdes (principal barreira) e falta de conhecimento de onde encontrar

tais produtos.Hopkins, 2009

Consumidores "biocêntricos" são consumidores que utilizam rótulos ambientais para se informar durante as decisões de compra e estão dispostos a pagar mais

por produtos verdes Fairweather, Maslin e Simmons, 2005

Conhecimento sobre um Produto

Variável Comportamental

Autores

ObservaçãoConsumidores de carne orgânica compartilham de melhores percepções com

relação à qualidade, segurança, rotulagem, métodos de produção e valores deste tipo de alimento

O´Donovan e McCarthy, 2002

Os consumidores verdes acreditam que produtos orgânicos são mais saudáveis, saborosos e amigáveis ao meio ambiente

Tregear et. al., 1994

Indivíduos que não compram alimentos verdes constataram opiniões favoráveis quanto à percepção dos atributos dos alimentos orgânicos

Roddy et. al., 1994

Indivíduos que não compram alimentos verdes percebem negatividades quanto à disponibilidade, divulgação e empacotamento deste segmento de produtos.

Roddy et. al., 1994

Passageiros aéreos preferem companhias aéreas que apresentam características que demonstram consciência ambiental

Pembroke, 1996

Passageiros americanos reportaram possibilidade maior de se hospedar em hotéis caso existam práticas ambientais

Watkins, 1994

Em uma amostra, consumidores que afirmaram não haver opções boas o suficiente de produtos verdes (16%), que não acreditam que produtos verdes são relevantes para suas necessidades (12%), que preferem outras marcas

(10%), que são céticos com relação aos apelos de marketing (4%) e que acreditam que os produtos verdes são de qualidade inferior (2%).

Hopkins, 2009

O percentual de consumidores que acredita que produtos verdes sejam de qualidade superior em relação aos outros produtos varia consideravelmente

entre as categorias destes produtosHopkins, 2009

Há uma correlação positiva no gráfico, entre o percentual de consumidores que percebem qualidade superior nos produtos verdes e o percentual de

consumidores que pagariam um prêmio de pelo menos 10% por tais produtosHopkins, 2009

Variável Comportamental

Autores

Atitude com Relação a um

Produto

38

ObservaçãoCompradores regulares de alimentos orgânicos apresentavam índices mais

altos de preocupação com a segurança dos alimentos Goldman e Glancy, 1991Heavy Green Consumers são mais influenciados por opiniões alheias, pelo

governo e grupos de ambientalistasChan, 1999

Heavy Green Consumers apresentam maior preocupação com o meio ambiente

Chan, 1999

Light Green Consumers apresentaram crenças de que produtos verdes são mais difíceis de serem encontrados

Chan, 1999

Variável Comportamental

Autores

Taxa de Utilização

ObservaçãoIndivíduos do segmento “descompromissados” possuem posições negativas

com relação à “disposição para pagar mais” Paço et. al., 2009Não-consumidores de alimentos orgânicos apresentam posição negativa com

relação aos preços dos alimentos orgânicos Roddy et. al., 1994Compradores regulares de alimentos orgânicos apresentavam menor

sensibilidade quanto ao preço. Goldman e Glancy, 1991Para alguns consumidores, a principal barreira para o consumo consciente é

pelos preços de produtos verdes serem muito altos Hopkins, 2009O percentual de consumidores que pagariam no mínimo 10% a mais por

produtos verdes varia de acordo com o tipo de produto Hopkins, 2009Alimentos frescos apresentam percentuais altos de WPM Hopkins, 2009

Autores

Sensibilidade com relação a um

produto

Variável Comportamental

Tabela 9 – Variáveis que influenciam o consumo consciente

2.4. CONSUMO CONSCIENTE, EFICIÊNCIA PERCEBIDA PELO CONSUMIDOR E

PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL.

Apesar da existência de algumas de definições para a Eficiência Percebida do Consumidor

(EPC), os pesquisadores geralmente concordam que este constructo se refere às percepções

individuais sobre a eficácia de seus esforços no abatimento dos problemas ambientais (Antil,

1978; Roberts, 1996; Straughan e Roberts, 1999 apud Kim e Han, 2010). Ou seja, indivíduos

com altos níveis de EPC podem pensar facilmente que suas ações e esforços ambientalmente

amigáveis causarão um impacto positivo com relação às dificuldades ambientais (Kim e Han,

2010).

Atualmente, a maioria dos pesquisadores define atitudes simplesmente como uma avaliação

de um item ou de um problema (Tesser e Shaffer, 1990). Porém, a EPC é uma estimativa do

quanto um consumidor acredita que as suas atividades individuais contribuem para a solução

de um problema (Allen, 1982, Ellen, Weiner e Cobb-Walgreen, 1991). Ou seja, apesar das

39

atitudes representarem um resumo das avaliações das crenças ou sentimentos de um indivíduo

sobre um determinado assunto, a EPC representa uma avaliação da pessoa com relação ao

problema abordado (Berger e Corbin, 1992).

A EPC foi reconhecida por pesquisadores como um fator significante que afeta cada fase do

processo de decisão de compra (Roberts, 1996; Straughan & Roberts, 1999 apud Kim e Han,

2010). Segundo Straughan e Roberts (1999), consumidores com altos níveis de preocupação

ambiental apresentam mais intensamente comportamentos ambientalmente amigáveis se

acreditarem que os seus esforços e ações possam ser eficazes para resolver os problemas

ambientais (Straugan e Roberts, 1999 apud Kim e Han, 2010).

Segundo Kim e Han (2010), Roberts (1996) verificou que, ao examinar o perfil de

consumidores verdes, utilizando dados de uma pesquisa nacional, existe um papel crítico da

EPC para explicar o comportamento de consumo consciente. Segundo os autores, as

descobertas de Roberts (1996) indicaram que consumidores que acreditavam fortemente que

poderiam amenizar os problemas ambientais, e que seus esforços ambientais poderiam ter um

efeito para reduzir os danos ambientais, são mais propensos a participar de atividades

ambientalmente conscientes e realizar decisões de compra mais ecológicas (Roberts, 1996

apud Kim e Han, 2010).

Adicionalmente, Straughan e Roberts (1999), ao examinar sobre a dinâmica dos

comportamentos ambientais dos consumidores, perceberam que indivíduos que acreditam

poder contribuir para resolver os problemas ambientais se esforçam mais para apresentar

comportamento ambientalmente amigável (Straughan e Roberts, 1999 apud Kim e Han,

2010). Ainda, Han et. al. (2009) indicaram que atitudes favoráveis de consumidores com

relação a comportamentos ambientais, que tem um papel importante no processo de decisão

40

ecológico, geralmente derivam de seus julgamentos sobre a habilidade de impactar sobre os

problemas ambientais (Han et. al. apud Kim e Han, 2010). Logo, segundo Kim e Han (2010),

dada esta evidência, pode inferir-se de que o quanto mais os indivíduos acreditam que seus

esforços possam resolver problemas ambientais, maior suas chances de apresentar

comportamentos ambientalmente amigáveis em seus cotidianos, assim como desenvolver

atitudes positivas com relação à este tipo de comportamento e realizar decisões de compra

ecológicas.

Ellen et. al. (1991) também identificaram que a EPC também é positivamente relacionada à

intenção de adquirir produtos seguros ao meio ambiente (Ellen et. al, 1991 apud Schrum et.

al., 1995).

Ao longo da evolução das pesquisas, a EPC foi inicialmente considerada uma medida ou

elemento de atitudes ambientais, sendo posteriormente modelada como um preditor direto do

comportamento de ambientalmente consciente (Allen, Schewe, a Liander, 1980, Antil, 1984,

Kinnear, Taylor e Ahmed, 1974, Ritchie, McDougall e Claxton, 1981, Seligman et. al. 1979,

Webster, 1975, apud Berger e Corbin, 1992). Porém, alguns estudos demonstraram que as

atitudes e a EPC podem ser modeladas mais efetivamente como dois constructos distintos

(Allen, 1982, Ellen, Weiner e Cobb-Walgreen, 1991).

Adicionalmente, segundo Kim e Han (2010), diversos estudos da literatura enfatizaram a

significância das preocupações ambientais, da EPC e dos comportamentos ambientalmente

consciente ao explicar os comportamentos de compra ecologicamente amigáveis (Laroche et

al., 2001; Paço et. al., 2009; Roberts, 1996; Straughan & Roberts, 1999 apud Kim e Han,

2010). Segundo os autores, as observações destes estudos também indicaram que estas

41

variáveis possuem um papel fundamental em formar processos de decisão de compra

ambientalmente amigável.

Segundo Paço et. al. (2009), as preocupações ambientais são associadas com as apreensões

dos indivíduos sobre diversos aspectos dos problemas ambientais, como degradação do meio

ambiente, limitação de recursos e poluição (Paço et. al., 2009). Neste sentido, o número de

indivíduos expressando preocupações ambientais sofreu aumento dramático (Kalafatis et al.,

Han et al., 2009 apud Kim e Han, 2010). Tais preocupações provavelmente são geradas por

experiências pessoais, de terceiros ou pela comunicação midiática (Paco et. al, 2009). Para

estes autores, o aumento nas preocupações ambientais de tais indivíduos tende a resultar em

comportamentos mais ecologicamente amigáveis no cotidiano dos indivíduos e em situações

de consumo. Ao reconhecer a seriedade dos problemas ambientais, um número crescente de

pessoas vem se esforçando proativamente em atividades como reciclagem, economia de

eletricidade e água, redução do uso de produtos descartáveis, entre outros (Han et. al., 2010;

Kalafatis et. al.; 1999 apud Kim e Han, 2010). Segundo Han et. al. (2010), estes tipos de

atividades podem ser descritas como comportamentos ambientalmente conscientes.

No estudo de Kinnear et. al. (1974), foi explorada a relação entre características

socioeconômicas dos consumidores e o nível de preocupação ambiental (Kinnear et. al., 1974

apud Shamdasani et. al., 1993). Suas conclusões indicaram que consumidores mais

preocupados tendem a acreditar fortemente que os indivíduos podem ser mais efetivos para

abater a poluição, são mais abertos ou tolerantes a novas idéias, gostariam de entender melhor

o funcionamento da economia, assim como possuem índices moderados com relação a evitar

prejuízos (Kinnear et. al., 1974 apud Shamdasani et. al., 1993).

42

Já Crosby et. al. (1981) estudaram o conceito de alienação enquanto uma variável da

personalidade para determinar o comportamento ecológico de votar por uma determinada lei

(Shamdasani et. al., 1993). Uma vez que a alienação foi definida como falta de poder ou de

significado, suas conclusões indicaram que a EPC e este comportamento ambiental são

fortemente relacionados (Crosby et. al., 1981 apud Shamdasani, 1993).

Ainda, o estudo de Shamdasani et. al. (1993), sobre o papel da personalidade dos

consumidores verdes, indicou que consumidores verdes são mais controlados por sentimentos

internos e que acreditam que um consumidor individual pode ser eficaz na proteção ao meio

ambiente. Segundo os autores, conclui-se que estes indivíduos acreditam que a proteção

ambiental não deve ser deixado para exclusivamente ao governo, empresas, ambientalistas e

cientistas, mas deve também contar com o papel dos consumidores.

Adicionalmente, a EPC mostrou-se uma variável particularmente importante para prever o

comportamento pessoal socialmente responsável (Rotter 1980, Rotter e Stein, 1971 apud

Berger e Corbin, 1992).

Por exemplo, um indivíduo pode sentir-se muito preocupado por um determinado problema,

como a poluição espacial, mas ao mesmo tempo totalmente desamparado sobre a sua

habilidade de impactar no problema por meio de suas decisões próprias de consumo (Berger e

Corbin, 1992).

Berger e Corbin (1992) argumentam que a relação entre atitudes e comportamento deveria ser

examinada em termos de moderadores. Estes autores afirmam que ao invés de se utilizar as

atitudes sempre para prever os comportamentos, os pesquisadores deveriam sistematicamente

considerar variáveis que possam inibir ou realçar a influência das atitudes.

43

Berguer e Corbin (1992) utilizam um exemplo para explicar melhor as afirmações acima.

“Suponha-se que um grupo de indivíduos está bastante preocupado com

relação ao meio ambiente, mas estão convencidos de que somente grandes

empresas, o governo ou “outros” possam produzir soluções efetivas.

Tais indivíduos provavelmente possuiriam escores altos em suas atitudes,

baixos EPC e baixos nas medidas de comportamento de consumidores

ambientalmente amigáveis. Ao reportar sobre este grupo, um pesquisador

poderá, apesar dos altos índices de preocupação ambiental, afirmar que as

atitudes apresentadas não são consistentes com relação aos comportamentos

pessoais. Em contrapartida, um segundo grupo de indivíduos poderia não

sentir grandes preocupações com o meio ambiente e acreditar que o esforço

individual poderia ser efetivo, mas desnecessário. Este segundo grupo

apresentaria índices baixos de atitudes, altos de EPC, mas novamente, baixos

níveis de comportamento ambiental. Logo, um pesquisador poderia interpretar

que neste segundo grupo as atitudes ambientais são muito consistentes com os

comportamentos de consumo pessoal.

Portanto, ambas as situações poderiam ser capturadas modelando a EPC

como um moderador da relação entre atitudes e comportamento do

consumidor. Desta forma, espera-se que tais correlações sejam altas quando a

EPC é alta e baixas quando a EPC é baixa.”

Os resultados apresentados por Kim e Han (2010) indicaram que as preocupações ambientais

e a EPC são positivamente associadas a comportamentos ambientalmente conscientes.

Segundo os autores, estes resultados apresentaram significância e as relações entre estas três

variáveis e as intenções de se pagar mais por um hotel verde são significantes. Ainda, os

44

autores afirmam que este resultado implica que as apreensões das pessoas sobre os diversos

aspectos dos problemas ambientais, associados a EPC induzem proativamente

comportamentos ambientalmente conscientes no cotidiano de tais indivíduos.

45

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

3.1 TIPO DE PESQUISA

Ao examinar o capítulo anterior, compreende-se que, indivíduos parecidos em alguns aspectos

podem ter atitudes e comportamentos diferenciados com relação ao meio ambiente. A

bibliografia sugere que há de fato pessoas que possuem diferentes preocupações e ligações

com o meio ambiente, assim como diferentes níveis de conhecimento e comportamentos

ambientais. De forma semelhante, a eficiência percebida dos consumidores pode variar

consideravelmente dentro de um grupo de indivíduos com características demográficas

semelhantes.

Segundo Malhotra (2005), um estudo de pesquisa não precisa ser exploratória se o

pesquisador tiver uma boa compreensão do problema. Sendo assim, neste estudo opta-se pela

pesquisa causal, um tipo de pesquisa descritiva que é a mais recomendada para estabelecer

relações entre variáveis.

Uma vez que o objetivo desta pesquisa é estudar o impacto da eficiência percebida pelos

consumidores no consumo consciente, opta-se pela execução de uma regressão múltipla

realizada após uma coleta de dados.

46

A revisão de literatura sobre determinantes que impactam o consumo consciente permitiu um

melhor entendimento do assunto, dando base para suportar a relevância do objetivo da

pesquisa e do questionário utilizado, que foi o instrumento para a coleta de dados.

Adicionalmente, a literatura sugere que a eficiência percebida é um dos principais fatores que

impactam o consumo consciente.

3.2 COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi feita utilizando perguntas extraídas e traduzidas de Kim e Han (2010)

(Anexo I). A amostra escolhida foi formada por alunos de todos os cursos de graduação das

Faculdades Ibmec do Rio de Janeiro, no Brasil. Tal escolha foi influenciada por conveniência

e facilidade na obtenção dos dados. Adicionalmente, foi considerado que:

· Os questionários foram distribuídos durante o início ou final de algumas aulas,

com a autorização dos professores, requerida antes da aula.

· Os estudantes são de famílias de alta renda dado que o Ibmec cobra uma das

mensalidades mais elevadas do Rio de Janeiro e foram desconsiderados os alunos

beneficiados por bolsas de estudos. Como a renda é positivamente correlacionada

com a aquisição de produtos verdes em alguns estudos, espera-se que os jovens

estudantes apresentem índices relativamente altos de consumo consciente.

· Foram excluídos da amostra alunos beneficiados pelo Pró-Uni com o objetivo de

reduzir a probabilidade de interferência da variável renda nos resultados.

O questionário utilizado compõe-se de quarto partes. A primeira parte procura medir o nível

de comportamento de consumo consciente apresentado, explorando os itens (i) reciclagem,

47

(ii) economia de recursos e (iii) aquisição de produtos verdes. A segunda parte serviu para

medir os índices de eficiência percebida pelo consumidor, considerando as percepções de (i)

utilidade de um indivíduo prevenir sua poluição, (ii) impacto do consumo pessoal sobre o

meio ambiente durante as compras, (iii) impacto individual sobre a poluição e recursos

naturais e (iv) efeito na sociedade quando adquirindo um produto proveniente de empresas

socialmente responsáveis. A terceira parte do questionário tem como objetivo medir o nível

de preocupação com o meio ambiente. As perguntas desta seção englobam percepções de (i)

facilidade de desequilibrar a natureza, (ii) abuso do homem sobre o meio ambiente, (iii)

limitação de recursos naturais e (iv) dependência do homem sobre a natureza.

As respostas destas três etapas do questionário foram elaboradas para serem respondidas com

escala de 1 a 7, sendo 1 referente a “discordo totalmente” e 7 “concordo totalmente”. Esta

decisão foi influenciada pela metodologia utilizada por Kim e Han (2010), que obtiveram

resultados significantes (r < 0,01) em suas hipóteses. As perguntas dos questionários foram

ordenadas aleatoriamente. A quarta parte do questionário serve para considerar as variáveis

demográficas no consumo consciente, externalizando o impacto que essas variáveis poderiam

vir a ter na estimativa do modelo. As variáveis demográficas consideradas são somente idade

e gênero, já que estas são simples de serem respondidas e analisadas, além de suas respectivas

relevâncias, já que podem influenciar nos resultados como foi demonstrado em outros

estudos.

A coleta de dados foi realizada em abril de 2011 com 142 estudantes. Após a triagem,

eliminando os alunos beneficiados por bolsas de estudos, 130 questionários foram utilizados

para a análise dos resultados.

48

A tabela 10 demonstra a operacionalização do estudo, onde a primeira coluna apresenta os

elementos do estudo, a segunda expõe os principais elementos do estudo de Kim e Han (2010)

e a terceira os elementos do presente estudo. Os itens em negrito realçam as diferenças entre

os elementos do presente estudo e da pesquisa de Kim e Han (2010).

Tabela 10 – Operacionalização do Estudo

Fonte: Elaborado pelo autor

Amostra:

População Tamanho Aplicação do Questionário

Questionário:

Itens Explorados:

Escala utilizada

Objetivos do Questionário:

1 (Discordo Totalmente) a 7 (Concordo Totalmente)

1 (Discordo Totalmente) a 7 (Concordo Totalmente)

Intenção a Pagar Mais, Preocupação Ambiental, Consumo Consciente, Eficiência

Percebida do Consumidor, Crenças Comportamentais, Crenças Normativas,

Crenças de Controle, Atitude com relação ao Comportamento, Normas Subjetivas e

Percepção de Crenças de Controle

Consumo Consciente, Eficiência Percebida do Consumidor, Preocupação Ambiental

Testar e Modificar a Teoria do Comportamento Planejado, incluindo

variáveis ambientais.

Realizado pelo autor nas Faculdades Ibmec do Rio de Janeiro

Realizado Online com incentivos

Elementos do Estudo

Medir os impactos da Eficiência Percebida no Consumo Consciente

3.000 entrevistados 142 entrevistados

Teoria Kim e Han (2010)

Operacionalização Presente Pesquisa

Alunos de Graduação do Ibmec Clientes de hotéis americanos

Indisponível Indisponível

Estados Unidos

Alta

18-25 anos Rio de Janeiro (Brasil) Região onde Reside

Faixa Etária Renda

49

3.3 TRATAMENTO DOS DADOS

A pesquisa presente propõe-se a estudar o impacto da Eficiência Percebida do Consumidor

sobre o Consumo Consciente. A partir da coleta de dados, utilizando o software Statística 6.0,

uma Análise Estatística Multivariada foi executada, utilizando o método de Regressão Linear.

3.3.1 REGRESSÃO LINEAR MÚLTIPLA

A regressão linear é composta das seguintes etapas: (i) Determinação dos Objetivos da

Regressão Múltipla; (ii) Determinação do Modelo; (iii) Determinação dos Pressupostos da

Regressão Linear Múltipla; (iv) Estimativa do modelo e avaliação do ajuste global; (v)

Interpretação dos Resultados e (vi) Validação dos Resultados.

O objetivo da pesquisa, estudar o impacto da Eficiência Percebida do Consumidor sobre o

Consumo Consciente, foi determinado no primeiro capítulo deste trabalho. Considerando que

a preocupação ambiental, a idade e o gênero possam exercer influência nesta avaliação, estas

variáveis foram incluídas no modelo, que segue abaixo:

CC = B0 + B1(PA) + B2(EPC) + B3(PA)(EPC) + B4(I) + B5(G) + E; sendo:

CC = Consumo Consciente;

PA = Preocupação Ambiental;

EPC = Eficiência Percebida do Consumidor;

I = Idade;

G = Gênero; e

50

E = Erro

FIGURA 5 – MODELO ADOTADO NO ESTUDO

A terceira etapa da Regressão Linear Múltipla é composta de análise bruta dos dados, por

meio de análises gráficas e numéricas, verificando se existem desvios assimétricos, outliers,

problemas de multicolinearidade, homocedasticidade ou heterocedasticidade e normalidade.

As próximas etapas serão discutidas no capítulo seguinte, sendo úteis para elaborar com mais

precisão o impacto das variáveis independentes sobre a variável dependente, assim como o

poder de explicação do modelo e a significância dos dados.

51

3.3.2 EXCLUSÃO DE OUTLIERS

A primeira etapa da análise de dados implicou na determinação de possíveis outliers da

amostra. Para isso, foi utilizada a distância de Mahalanobis dentro de cada constructo,

utilizando um chi quadrado com um alfa conservador de 0,005 (3 graus de liberdade). Em

outras palavras, apesar de ser possível procurar dados muito distantes utilizando a média das

respostas de cada constructo, preferiu-se pesquisar os outliers dentro das respostas de cada

constructo. A vantagem deste método é proveniente da lógica de que dentro de cada

constructo, as pontuações coletadas deveriam ser semelhantes para cada respondente. Neste

sentido, foram excluídas 12 dos 130 entrevistados restantes após a triagem inicial.

3.3.3. ANÁLISE DESCRITIVA

Em relação à distribuição das amostras, a análise descritiva foi realizado principalmente por

meio de tabelas e histogramas. Foi observado uma grande concentração de resultados nos

limites superiores para a variável Eficiência Percebida pelo Consumidor, apesar de algumas

respostas beirando valores entre 4 e 5. A variável Preocupação Ambiental apresentou uma

concentração relativamente alta para os valores de 5,5; 6,25 e 7, enquanto a média do

consumo consciente apresentou uma grande concentração de dados para escores de 2,75; 4; 5;

6,5 e 7. É importante ressaltar que, nesta distribuição, o valor 4 foi o que obteve maior

número de ocorrências. Seguem abaixo os resultados gráficos da análise descritiva:

N Mínimo Máximo Média Desvio Padrão

TEPC 118 4,33 7,00 6,3390 ,84393

TPA 118 3,75 7,00 6,1674 ,75678

TCC 118 1,00 7,00 4,6250 1,32681

52

Tabela 11 – Análise Descritiva da Amostra

Gráfico 1 – Distribuição do Escore Médio para a Variável Eficiência Percebida do

Consumidor

53

Gráfico 2 – Distribuição do Escore Médio para a Variável Preocupação Ambiental

Gráfico 3 – Distribuição do Escore Médio para a Variável Consumo Consciente

54

4. RESULTADOS

4.1. TESTE DE NORMALIDADE

Para realizar o teste de normalidade, três metodologias foram utilizadas. A primeira foi

realizar o teste de Shapiro-Wilk, que segue abaixo:

Kolmogorov-Smirnova Shapiro-Wilk

Estatística g.l. Sig. Estatística g.l. Sig.

TEPC ,270 118 ,000 ,770 118 ,000

TPA ,169 118 ,000 ,896 118 ,000

TCC ,073 118 ,179 ,981 118 ,098

Tabela 12 – Teste de Shapiro-Wilk

De acordo com o teste de Shapiro-Wilk, podemos excluir a hipótese de normalidade das

variáveis Eficiência Percebida do Consumidor e Preocupação Ambiental. De acordo com os

resultados, somente a variável Consumo Consciente possui distribuição normal, já que sua

estatística é acima de 0,95 (alfa de 0,05), apresentando significância de 0,098.

O segundo teste realizado foi traçar a curva normal junto à distribuição dos dados. Já que a

única variável a passar no teste de Shapiro-Wilk, somente 1 gráfico foi extraído.

A seguir é apresentada a distribuição da média da variável Consumo Consciente, normalizada:

55

Gráfico 4 – Escore Médio Normalizado do Consumo Consciente Versus uma Curva

Normal

A terceira etapa do teste de normalidade foi traçar os valores esperados da curva normal

contra os valores observados do Consumo Consciente normalizado. Observando o gráfico

abaixo, podemos perceber que os pontos que representam o Consumo Consciente ficaram

muito próximos da distribuição normal.

56

Gráfico 5 – Q-Q Plot do Consumo Consciente Normalizado

4.2. DETERMINAÇÃO DO MODELO DE REGRESSÃO LINEAR

O modelo de regressão linear foi realizado de forma hierárquica em três etapas. A primeira

etapa consistiu em montar uma regressão linear do Consumo Consciente normalizado

(independente) versus as variáveis idade e gênero (dependente).

Na segunda etapa, a variável Preocupação Ambiental normalizada (dependente) foi

introduzida, deixando para a terceira etapa a introdução da variável Eficiência Percebida do

Consumidor normalizada (dependente), assim como o seu efeito moderador sobre a variável

Preocupação Ambiental.

O resultado da regressão linear e das suas respectivas etapas é apresentado a seguir:

57

Modelo Coeficientes Coefficients

t Sig. Beta Desvio Padrão Beta

1 (Constante) -,122 ,128 -,952 ,343

Gênero ,253 ,184 ,127 1,370 ,173

Zscore(Idade) -,001 ,093 -,001 -,007 ,994

2 (Constante) -,117 ,126 -,929 ,355

Gênero ,242 ,181 ,121 1,336 ,184

Zscore(Idade) -,026 ,091 -,026 -,282 ,779

Zscore(TPA) ,214 ,091 ,214 2,346 ,021

3 (Constante) -,078 ,122 -,640 ,523

Gênero ,148 ,178 ,075 ,835 ,405

Zscore(Idade) -,044 ,089 -,044 -,495 ,622

Zscore(TPA) ,171 ,090 ,171 1,911 ,059

Zscore(TEPC) ,293 ,092 ,293 3,164 ,002

ZTEPC_TPA ,039 ,081 ,044 ,486 ,628

Tabela 13 – Resultado do Modelo de Regressão Linear do Consumo Consciente Versus

Idade, Gênero, Preocupação Ambiental e Eficiência Percebida do Consumidor.

Podemos observar que na primeira etapa da regressão, tanto a idade quanto o gênero não são

significantes para explicar o consumo consciente.

Ao introduzir a variável Preocupação Ambiental normalizada, observa-se um coeficiente de

0,214 com significância de 0,021. Dado este resultado, podemos aceitar a hipótese H2 de

que, quanto maior a preocupação ambiental, maior o consume consciente.

Na terceira etapa, percebe-se que ao se introduzir a variável Eficiência Percebida do

Consumidor na regressão, um coeficiente de 0,293 é obtido, com significância de 0,002.

Entretanto, ao testarmos o efeito moderador da Eficiência Percebida do Consumidor sobre o

impacto da Preocupação Ambiental no Consumo Consciente, não se obtêm um coeficiente

58

significante (0,628). Portanto, podemos aceitar a hipótese H1 (quanto maior a eficiência

percebida do consumidor, maior o consumo consciente) e rejeitar a hipótese H3 (a

eficiência percebida do consumidor modera o impacto da preocupação ambiental sobre

o consumo consciente).

Portanto, o resultado obtido da equação do modelo de regressão linear foi:

Zscore(TCC) = 0,171*Zscore(TPA) + 0,293*Zscore(TEPC) (0,090) (0,092) Deve-se ainda ressaltar que a possível rejeição da hipótese H3 ocorreu pela alta correlação

entre a Preocupação Ambiental e Eficiência Percebida do Consumidor. Dessa forma, quando

estudada a interação entre estas variáveis e o consumo consciente, um comportamento

exponencial poderia ser apresentado, o que implicaria na dificuldade de captar as diferenças

entre os impactos individuais de cada variável independente.

4.3. COEFICIENTE DE DETERMINAÇÃO DA REGRESSÃO LINEAR

O Coeficiente de Determinação da Regressão Linear é utilizado para saber o quão bem as

variáveis independentes (ZscoreTPA e ZscoreTEPC) explicam os valores obtidos da variável

dependente (ZscoreTCC).

1 0,016

2 0,061

3 0,139 0,077 5,031 0,008

0,016 0,939 0,394

0,045 5,502 0,021

-0,001

0,037

0,1

Alteração no R2 Alteração no FSignificância da alteração do F

Modelo

R2 R2 ajustado

Tabela 14 – Coeficiente de Determinação da Regressão em cada etapa.

59

Conforme podemos observar na tabela acima, a primeira etapa da regressão linear (incluindo

somente idade e gênero), não explica de forma significante o consumo consciente. Durante a

segunda etapa, a variável Preocupação Ambiental conseguiu explicar de forma significante,

aproximadamente 6,1% dos resultados obtidos. Ao introduzir a variável Eficiência Percebida

do Consumidor, o incremento na explicação do modelo a partir do R2 foi de

aproximadamente 7,7%, atingindo um total de praticamente 14% de explicação. É importante

ressaltar que, de acordo com os resultados do modelo da regressão linear, uma parte

considerável do poder de explicação da variável Preocupação Ambiental foi absorvida pela

Eficiência Percebida do Consumidor, uma vez que o coeficiente de significância da

Preocupação Ambiental se alterou de 0,021 para 0,059, colocando esta variável, portanto,

como marginalmente aceita.

4.4. OS ERROS DA REGRESSÃO

Por fim, uma vez que a variável dependente é normalmente distribuída, é necessário verificar

a distribuição dos erros do modelo, que segue abaixo:

60

Gráfico 6 – Distribuição dos Erros da Regressão

Ao observar os erros da regressão, não se percebe qualquer padrão de distribuição,

conferindo-lhes, portanto, sua homogeneidade.

61

5. CONCLUSÃO

5.1. CONCLUSÃO

Atualmente, observa-se uma preocupação crescente dos indivíduos da sociedade com relação

aos problemas ambientais causados pelos altos níveis de consumo. Com isso, muitas empresas

se engajaram na produção de bens denominados produtos “verdes”. Tais produtos causam

menor impacto ao meio ambiente devido à economia de recursos (como água e energia), pelo

uso de produtos recicláveis ou reciclados na matéria prima ou por meio da não utilização de

insumos que prejudicam a natureza, como agrotóxicos.

Apesar desta mudança de paradigma, somente parte dos consumidores de fato procuram e

consomem produtos “verdes”, seja pela falta de conhecimento sobre onde adquirir tais

produtos, preços mais elevados ou outras razões. Neste estudo, foi observado que os

indivíduos diferem quanto ao grau com que praticam o consumo de forma ambientalmente

consciente e que isto se deve a diversos motivos.

A presente pesquisa então procurou, por meio de uma ótica exploratória, medir o impacto

sobre o consumo consciente, da Eficiência Percebida pelo Consumidor (medida de percepção

do efeito consumo consciente sobre o meio ambiente). As conclusões colocadas devem ser

62

interpretadas como indicações, que se destinam a promover novas investigações e reflexões

sobre o tema.

Portanto, considerando as variáveis: Preocupação Ambiental, Eficiência Percebida pelo

Consumidor e Consumo Consciente, o objetivo deste estudo foi verificar o impacto de

variações das duas primeiras variáveis no Consumo Consciente. Um terceiro objetivo foi

estabelecido: verificar se a Eficiência Percebida pelo Consumidor modera o impacto da

Preocupação Ambiental no Consumo Consciente.

Para isso, foi realizada uma coleta de dados e análise quantitativa, e sua aceitabilidade e

consistência foi testada por meio dos índices de significância. Porém, fica claro que os

resultados obtidos não são generalizáveis, principalmente por causa do tamanho do público e

seu perfil demográfico.

Porém, acredita-se que este estudo atingiu seu objetivo geral, de medir estatisticamente o

efeito da Eficiência Percebida pelo Consumidor sobre o Consumo Consciente.

Como contribuições, esta pesquisa demonstrou que a eficiência percebida exerce um papel no

consumo consciente para o público estudado. Esta comprovação reforça os resultados

apresentados por outros pesquisadores, como Kim e Han (2010) e Paço et. al. (2009).

Apesar de ter sido um meio para chegar ao objetivo desta tese, a revisão bibliográfica também

contribui para um melhor entendimento acerca daquilo que interfere no consumo consciente,

agrupando décadas de pesquisas de diversos autores internacionais, abordando questões sobre

variáveis demográficas (idade, gênero, escolaridade e renda), psicográficas (atitudes,

63

interesses e opiniões, personalidade e valores) e comportamentais (conhecimento, atitude com

relação a um produto, taxa de utilização e sensibilidade com relação à um produto).

Logo, os resultados encontrados neste estudo formam uma base sólida de sustentação para se

defender a importância de se ressaltar os benefícios ambientais gerados pelo consumo de

produtos verdes enquanto ferramenta de propaganda.

5.1. LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Uma restrição que se apresentou neste estudo é a delimitação do segmento estudado. Apesar

de ser grande a vontade de se abordar outro público optou-se por realizar a pesquisa somente

com alunos de graduação das Faculdades Ibmec do Rio de Janeiro. A opção de se restringir o

campo de estudo deve-se à maior facilidade na análise dos dados, uma vez que a inclusão de

novas variáveis poderia comprometer a segurança do estudo. Ao delimitar o estudo com o

público escolhido, garantiu-se que os entrevistados são todos jovens, universitários e de alta

renda.

Ainda, apesar de procurar utilizar todos os meios disponíveis, a revisão de literatura sempre se

encontra sujeita a descoberta de novas propostas. Desta forma, corre-se o risco de não abordar

novidades interessantes.

Por fim, a escassez de tempo junto às pressões do cotidiano também se torna uma limitação,

já que com mais tempo disponível seria possível entrevistar mais alunos, assim como incluir

mais perguntas ao questionário.

64

5.2. SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS

A abordagem feita neste trabalho pode ser ampliada por outros estudos. Ao analisar o estudo

realizado, emergem 3 linhas de pesquisa.

Com relação às pesquisas futuras, sugere-se a inclusão da variável “conhecimento sobre

produtos verdes”, “conhecimento sobre os locais de compra de produtos verdes”,

“conhecimentos gerais sobre o meio ambiente”.

Uma segunda sugestão para pesquisas futuras seria estudar o papel da variável renda sobre as

formas de consumo consciente (e.g. compra de produtos verdes, reciclagem e economia de

recursos).

A terceira consiste em buscar maior entendimento sobre o modelo de regressão linear desta

tese, aplicada em públicos de diferentes faixas etárias.

65

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74

APÊNDICE A

(1) Discordo totalmente a

(7) Concordo totalmente

Quando compro produtos, tento considerar o quanto a sua

utilização deverá atingir o meio ambiente e outros

consumidores.

É inútil para o consumidor individual fazer qualquer coisa

sobre a poluição.

O equilíbrio da natureza é sensível e, portanto facilmente

modificado.

Já que uma pessoa não pode ter qualquer efeito sobre os

problemas do meio ambiente, o que eu faço não faz

diferença.

A raça humana está abusando severamente do meio

ambiente.

Eu utilizo um centro de reciclagem ou reciclo de alguma

forma o lixo do meu domicílio.

Quando há opção, sempre compro aquele produto que

contribui ao mínimo à poluição.

A terra possui espaço e recursos limitados.

O comportamento de cada consumidor pode ter um efeito

positivo na sociedade caso eles comprem produtos de

empresas socialmente responsáveis.

Já procurei formas de reduzir a quantidade de eletricidade

ou água que utilizo.

A raça humana precisa viver em harmonia com a natureza

para sobreviver.

Idade

Homem (0) Mulher (1)

Você é aluno de Graduação do Ibmec? Não (0) Sim (1)

Recebe ajuda universitária? Não (0) Sim (1)

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