o dilema do intelectual negro_ cornel west

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Este ensaio escrito em 1985 uma citao mais ampla e uma obra controversa do que eu tenho publicado

O DILEMA DO INTELECTUAL NEGRO

Cornel WestEste ensaio, escrito em 1985, uma transcrio mais ampla, de um artigo controverso que publiquei. Tem sido reeditado muitas vezes em variados lugares, especialmente por uma gerao mais jovem de intelectuais de todas as matizes. Sua popularidade reflete uma crise profunda de vocao entre intelectuais negros. Black women intellectuals de bell hooks - em nosso livro Breaking Bread (1991) - uma crtica devastadora a este artigo. Recomendo que as pessoas leiam esses dois trabalhos juntos.

As peculiaridades da estrutura social americana, e a posio da classe intelectual dentro dela, fazem do papel funcional do negro intelectual um caso especial. O negro intelectual necessita lidar intimamente com a estrutura de poder branco, e seu aparato cultural, e com as realidades no interior do mundo negro de uma s vez e ao mesmo tempo. Mas, para que seja bem sucedido nesse papel, ele tem de estar ciente de maneira aguda da natureza da dinmica social americana e como essa dinmica monitora os ingredientes de extratificaes de classe da sociedade americana. Consequentemente, o papel funcional do intelectual negro exige dele no poder estar separado absolutamente nem do mundo branco nem do mundo negro.

Harold Cruse

The Crisis of the negro intellectual

O intelectual negro na contemporaneidade enfrenta uma situao muito difcil. Preso entre uma sociedade americana arrogante e uma comunidade negra alheia, os afro-americanos que levam a srio o trabalho intelectual habitam um mundo isolado e ilhado. Esta condio tem pouco a ver com motivos e intenes dos intelectuais negros; antes de mais nada, uma situao objetiva, criada por circunstncias as quais eles mesmos no escolheram. Neste ensaio reflexivo, vou explorar esse dilema do intelectual negro e vou sugerir alguns caminhos para entend-lo e transform-lo.Tornando-se um intelectual negro

A escolha por se tornar um intelectual negro um ato de marginalidade auto-imposta, assim como garante-lhe um status perifrico dentro e para a comunidade negra. A busca pelo letramento necessariamente um tema fundamental da histria afro-americana e um impulso bsico da comunidade negra. Para os negros, porm, assim como para muitos americanos, os usos do letramento so geralmente percebidos mais como benefcios pecunirios substantivos, do que os usos da escrita, da arte e do ensino. As razes pelas quais muitos negros escolhem tornar-se intelectuais srios so diversas. Em muitos casos, porm, essas razes podem ser traadas como tendo uma raiz em comum. Uma converso, tipo experincia com um professor muito influente; ou seus prprios pares, que o convencem a se dedicar a uma vida de atividades em leitura e escrita; ou a converso para propsitos de prazer individual, riqueza pessoal, ou melhoria poltica do povo negro (e com freqncia para outros oprimidos).A forma como algum se torna um intelectual negro altamente problemtica. Isso acontece porque os caminhos tradicionais trilhados para se tornar intelectual na sociedade americana, somente h muito pouco tm sido abertos mas permanecem ainda difceis. As avenidas principais so a academia e as subculturas letradas: a arte, a cultura e a poltica. Antes de os estudantes de ps-graduao negros serem aceitos pelas faculdades e universidades brancas de elite, no final dos anos 60, instituies negras seletas serviam como estmulo inicial para o potencial dos intelectuais negros. Mas, com toda honestidade, havia relativamente mais e melhores intelectuais negros antes do que agora. Depois de uma instruo decente numa faculdade negra, onde a auto-estima e auto-confiana eram constitudas, intelectuais negros brilhantes, que se matriculavam em instituies brancas de ponta, eram treinados para serem acadmicos liberais simpticos, muitas vezes de estatura renomada. Figuras estelares como W. E. B. Du Bois, E. Franklin Frazier e Jonh Hope Franklin foram produtos desse sistema . Para aqueles intelectuais negros que perdiam oportunidades nessas instituies por razes financeiras ou pessoais, restavam, ento, as atividades das subculturas letradas especialmente em grandes centros urbanos como escritores, pintores, msicos e polticos, como melhoria educacional no formal. Grandes personalidades, tais como Richard Wright, Ralph Ellisson, James Baldwin foram produtos desse processo.Ironicamente, a academia e as subculturas letradas contemporneas apresentam mais obstculos para jovens negros intelectuais hoje do que h dcadas atrs. Isso acontece por trs razes bsicas. Primeira: as atitudes de acadmicos brancos na academia diferem daquelas dos seus pares do passado. muito mais difcil para estudantes negros, especialmente estudantes da graduao, ser levados a srio como intelectuais e acadmicos em potencial. Contribuem para isso, o ethos administrativo de nossas universidades e faculdades (em que menos tempo gasto com os estudantes) e as percepes vulgares (racistas), estimuladas pelos programas de ao afirmativa que contaminam as relaes entre estudantes negros e professores brancos. Segunda: as subculturas letradas esto menos abertas agora para os negros do que estavam h trs ou quatro dcadas atrs. Isso acontece no porque jornais de vanguarda ou grupos de esquerda so mais racistas hoje, mas, sobretudo, por causa das sadas culturais e polticas radicais, legado do movimento black power; o conflito israelo-palestino e a invisibilidade da frica no discurso poltico americano criaram limites rgidos de demarcao e de distncia entre intelectuais negros e brancos. No preciso dizer, a presena negra em jornais liberais de maior circulao como New York Review of Books e New York Times Book Reviews negligente ou quase no existe. E muitos peridicos de esquerda, tais como Dissent, Socialist Review, The nation e Telos ou publicaes acadmicas de vanguarda, como Diacritics, Salmagundi, Partisan Review e Raritan no so muito melhores. Somente Monthly Review, Boundary 2 e Social Text realizam persistentes esforos em cobrir os assuntos da comunidade negra ou em ter nelas, negros contribuindo de maneira regular. A questo aqui no meramente apontar a negligncia desses jornais (embora isso possa ser feito), mas, sobretudo, tentar focalizar o separatismo racial desses modelos de publicao e as prticas da vida intelectual americana, que so caractersticas do abismo entre intelectuais negros e brancos. Terceiro: politicizao geral da vida intelectual americana (na academia e fora dela), junto a presses ideolgicas, constitui um clima hostil para as atividades dos intelectuais negros. Isso tem acontecido at certo ponto, mas a capitulao ideolgica de segmentos significativos dos primeiros liberais de esquerda para um novo estilo de vida conservador e para o antigo estilo imperialista tem levado estudantes e professores negros a se aliarem na academia a esses peridicos influentes. Este clima hostil exige hoje que intelectuais negros se voltem para suas prprias pesquisas instituies, jornais e peridicos o que, por sua vez refora, de fato, as prticas separatistas raciais da vida intelectual americana.A tragdia da atividade intelectual negra que o apoio institucional para tais atividades ainda est engatinhando. A quantidade e a qualidade da troca entre intelectuais negros nunca esteve to pior desde a Guerra Civil. No h um grande jornal acadmico negro, no existe uma grande revista intelectual negra ou um grande peridico, voltados para intelectuais negros, nem tampouco um grande jornal negro de circulao nacional. Em resumo, a infra-estrutura negra para o discurso e o dilogo intelectual praticamente no existe. Esta tragdia , em parte, o preo pela integrao - que tem rendido meros grupos negros marginais dentro das disciplinas profissionais de uma comunidade acadmica fragmentada. Mas essa tragdia tambm tem a ver com a recusa de intelectuais negros em estabelecer e sustentar seus prprios mecanismos institucionais de crtica e autocrtica, organizados de uma tal forma que pessoas de todas as matizes estariam aptas a contribuir com esses mecanismos. Essa recusa, que se arrasta h dcadas, significativa por diminuir o apetite por, e a capacidade em, sustentar uma crtica cortante entre muitos intelectuais negros cujos anos de formao foram passados num tipo de vcuo intelectual. Assim, por trs desse clima hostil interno, a tradio da atividade intelectual negra sria ameaada de dentro.

A criao de uma intelligentsia uma tarefa monumental. Igrejas e faculdades negras, que ainda contam com um apoio significante da comunidade branca serviram como fonte de aprendizado formal para os primeiros intelectuais negros. A formao de hbitos de alta qualidade crtica e redes internacionais de sries trocas intelectuais entre uma intelligentsia relativamente isolada e ilhada um empenho gigantesco. Os intelectuais negros tm poucas escolhas: ou continuam sua letargia intelectual nas fronteiras da academia e nas subculturas letradas annimas da comunidade negra, ou se insurgem com uma atividade criativa s margens do mainstream, ameaando suas novas infra-estruturas.

Intelectuais negros e a comunidade negraA falta de infra-estruturas negras para a atividade intelectual resulta em parte da inabilidade dos intelectuais negros em angariar respeito e apoio da comunidade negra especialmente da comunidade negra de classe mdia. Alm do sentido anti-intelectual da sociedade americana, h uma profunda desconfiana e uma suspeita da comunidade negra em relao aos intelectuais negros. Essa desconfiana e essa suspeita provm no simplesmente de uma disposio arrogante e soberba dos intelectuais em relao s pessoas comuns, mas, mais importante, da recusa generalizada dos intelectuis negros em permanecer de alguma forma visveis e originalmente ligados vida cultural afro-americana. As relativas altas taxas de casamentos interraciais, o abandono das instituies negras e as preocupaes dos produtos intelectuais euro-americanos so frequentemente percebidos pela comunidade negra como esforos intencionais para escapar do estigma negativo da negritude ou como sintomas de auto-rejeio. E o impacto imediato mnimo da atividade intelectual negra sobre a comunidade negra e a sociedade americana consolida percepes comuns da impotncia e at mesmo da inutilidade intelectual dos negros. boa moda americana, a comunidade negra louva esses intelectuais negros que se desdobram em atividades polticas, artsticas e culturais; a atividade intelectual vista como no possuindo virtudes intrnsecas nem como possibilidade de refgio e emancipao - mas unicamente como ganho poltico de curto prazo e status social. Esta percepo truncada da atividade intelectual amplamente sustentada pelos prprios intelectuais negros. Dados os constrangimentos da imobilidade social para os negros e as presses por status e ascendncia entre seus pares de classe mdia, muitos intelectuais procuram principalmente ganho material e prestgio intelectual. J que esses intelectuais so membros de uma classe mdia negra, ansiosa por reconhecimento e com fome de status, suas pendncias so entendveis e, por extenso, justificadas, j que muitos intelectuais esto procura de reconhecimento, poder, status, e, o mais das vezes, riqueza. Para os intelectuais negros essa busca exige deles imerso, volta para si mesmo, ao direcion-los para uma cultura, e uma sociedade, que degrada e desvaloriza a comunidade negra de onde eles provm. E, colocando isso de maneira crua, muitos intelectuais negros tendem a cair dentro de dois campos criados por essa situao desagradvel: os bem-sucedidos, distantes da (e geralmente condescendente com a) comunidade negra e os mal-sucedidos, arrogantes dentro do mundo intelectual branco. Ambos os campos, porm, permanecem marginais para a comunidade negra pendendo entre dois mundos com pouca ou nenhuma base infra-estrutural negra. Entretanto, o intelectual negro bem sucedido capitula, frequentemente de modo acrtico, aos paradigmas predominantes e aos programas de pesquisa da academia burguesa branca, e o intelectual negro mal-sucedido permanece encapsulado dentro dos discursos paroquiais da vida intelectual afro-americana. As alternativas ao pseudo-cosmopolitismo promscuo e ao provincianismo tendencioso e catrtico tomam conta da vida dos intelectuais negros. E a comunidade negra visualiza ambas as alternativas com desprezo e desdm, e com boa razo. Nenhuma dessas alternativas tem tido impacto positivo na comunidade negra. Grandes intelectuais negros, de W. E. B. Du Bois e St Clair Drake a Ralph Ellison e Toni Morrison tm se esquivado de ambas essas alternativas. Essa situao tem resultado num obstculo maior confrontando intelectuais negros. A inabilidade em transmitir e sustentar a exigncia de mecanismos institucionais para a persistncia de uma tradio intelectual clara, o racismo da sociedade americana, a relativa falta de apoio da comunidade negra e, por isso, o status oscilante dos intelectuais, tm evitado a criao de uma rica herana de trocas, dilogos e intercursos intelectuais. Tem havido grandes avanos para intelectuais negros, mas tais avanos no tomam o lugar da tradio.

Eu sugeriria que h duas tradies de intelectuais orgnicos na vida americana: a tradio da pregao crist negra e a tradio musical negra performtica. Ambas essas tradies, embora indubitavelmente relacionadas vida intelectual, so de natureza oral, improvisada e histrinica. Ambas essas tradies tm razes na vida negra e possibilitam precisamente que as formas literrias de atividade intelectual negra caream de: matrizes institucionais durante muito tempo, e espaciais, dentro das quais h regras de procedimentos aceitas, critrios para julgamentos, critrios para performances avaliativas, modelos de conquistas passadas e emulaes presentes e uma sucesso de conhecimento, assim como uma acumulao de realizaes soberbas. A riqueza, a diversidade, e a vitalidade da pregao negra e da msica negra compartilham fortes contrastes com escassez, at mesmo com a pobreza, da produo intelectual negra letrada. No h, simplesmente, intelectuais negros que conheam a fundo habilidades extensivas aos avanos conseguidos por Louis Armstrong, Charlie Parker ou Rev. Manuel Scott simplesmente como no h intelectuais negros letrados hoje em dia, como Miles Davis, Sarah Vaughan ou Rev. Gardner Taylor. Isso no existe no porque tem havido ou no tem havido intelectuais negros de primeira ordem, mas, antes de tudo, porque sem canais fortes para sustentar as tradies e as grandes conquistas, impossvel. E, pra ser honesto, a Amrica negra tem ainda que produzir um intelectual letrado e poderoso, com exceo de Tonni Morrison. H, de fato, alguns soberbos - Du Bois, Frazier, Ellison, Baldwin, Hurston - e muitos outros bons. Mas nenhum pode se comparar aos grandes pregadores negros, especialmente os msicos. O que mais perturbador sobre a atividade intelectual negra letrada que, como ela envolveu, bem devagar, a tradio crist negra e interagiu mais intimamente com os estilos e formas euro-americanos seculares, parece que com isso, no final do sculo XX, a maturao pudesse ter acontecido. Como estamos nos referindo aos ltimos anos deste sculo, a atividade intelectual negra letrada tem declinado tanto em quantidade e como em qualidade, como eu notei logo antes, isso acontece assim primeiramente por causa da relativa grande integrao negra dentro da Amrica capitalista ps-industrial, com suas universidades burocratizadas, de elite, faculdades meia-boca insensveis, escolas secundrias decadentes que pouco tm a ver e pouco confiam no potencial dos estudantes negros como intelectuais de fato. No preciso dizer, a situao difcil do intelectual negro inseparvel daquela da comunidade negra especialmente da comunidade negra de classe mdia na sociedade americana. E somente uma transformao fundamental da sociedade americana pode possibilitar uma mudana de situao da comunidade negra e do intelectual negro. No obstante o meu prprio ceticismo cristo quanto aos sistemas totalizantes para a mudana, disciplinado pelos meus profundos sentimentos socialistas, quanto a uma democracia radical e a arranjos culturais e socioeconmicos libertrios, eu prossigo dizendo que preciso focar questes mais amplas sobre formas, e questes mais especficas, ao acentuar a quantidade e a qualidade da atividade intelectual negra letrada nos EUA. Esse foco pode tomar a forma de um esboo em quatro modelos para a atividade intelectual negra que pretende promover a cristalizao de infra-estruturas para a atividade intelectual. O modelo burgus: o intelectual negro como humanista

Para os intelectuais negros, o modelo burgus de atividade intelectual problemtico. Por um lado a herana racista aspectos dos efeitos de excluso e represso das instituies acadmicas brancas e das bolsas de estudos humansticas coloca os intelectuais negros na defensiva: h sempre a necessidade de afirmar e defender a humanidade do povo negro incluindo sua habilidade e capacidade para raciocinar logicamente, pensar coerentemente e escrever lucidamente. O peso dessa fronteira, inescapvel para estudantes negros na academia branca, tem sempre determinado o contedo e o carter da atividade intelectual negra. De fato, a vida intelectual negra permanece muito preocupada com tal defensiva, com os intelectuais negros bem sucedidos sempre orgulhosos, por ser aprovados pelos brancos e aqueles no bem sucedidos, geralmente desprezados pela rejeio branca. Isso diz respeito especialmente de maneira aguda primeira gerao de intelectuais negros aceita como professores e acadmicos dentro de universidade e faculdades da elite branca, fenmeno amplo ps-1968. Somente com a publicao de memrias ntimas desses intelectuais negros e de seus estudantes teremos narrativas absorventes de como essa defensiva minava por dentro a sua atividade intelectual e a sua criatividade dentro dos contextos acadmicos brancos. Apesar dessas batalhas ainda terem sido pessoalmente dolorosas, eles tm lutado, dado o meio racista da vida acadmica intelectual americana. Essas batalhas continuaro, mas com menos conseqncias negativas para a gerao jovem por causa das lutas empreendidas pelos primeiros desbravadores negros.Por outro lado, o estado de stio que violenta a comunidade negra requer dos intelectuais negros uma dimenso prtica de seu trabalho intelectual. O prestgio e o status, tanto quanto habilidades e tcnicas fornecidas pela academia burguesa branca, resultaram num atrativo para que a tarefa estivesse a seu alcance e na nfase na dimenso prtica abraada por muitos intelectuais negros, descuidada da sua persuaso ideolgica muito mais do que o esteretipo do intelectual americano pragmtico. Isso acontece no simplesmente por causa dos estilos de vida e da busca pelo poder ou das disposies orientadas para o status de muito intelectuais negros, mas por causa do seu relativo pequeno nmero, que os fora a desempenhar mltiplos papis, em face da comunidade negra alm de intensificar sua necessidade por auto-afirmao a tentativa de justificar para eles mesmos que dadas tais oportunidades nicas e privilgios, eles esto passando seu tempo como podem que sempre resultam em interesses ativistas e pragmticos. A chave do modelo burgus a legitimao e a titulao acadmica. Sem certificados prprios, grau e posio, o modelo burgus perde a razo de ser. A influncia e o atrativo do modelo burgus sustentam o sistema acadmico americano; os intelectuais negros ainda acreditam na efetividade do modelo burgus: somente se eles possurem titulao e legitimidade suficientes, isso dar acesso para seletivas redes e contatos que podem facilitar o impacto negro nas polticas pblicas. Isso parece ter sido o objetivo-alvo da primeira gerao de intelectuais negros treinados pelas instituies brancas de elite (embora no se permitisse a esses intelectuais ensinarem l), dados seus interesses predominantes nas cincias sociais.

O problema bsico do modelo burgus que ele existencial e intelectualmente ridicularizado por intelectuais negros. existencialmente desacreditado por no gerar somente ansiedades defensivas por parte de intelectuais negros, como tambm serve para que eles prosperem. A necessidade do topo na hierarquia e o racismo profundamente arraigado funcionam atravs de bolsas humansticas burguesas, que no podem oferecer aos intelectuais nem ao seu prprio ethos os recortes conceituais, por direcion-los a uma postura defensiva. E os fardos da inferioridade intelectual nunca podem ser colocado no terreno do oponente por tentar fazer somente intensificar as ansiedades de um lado. Por conseguinte, o prprio terreno deve ser visualizado como parte e parcela de uma forma antiquada de vida empobrecida, colocada nos termos do discurso contemporneo. O modelo burgus limita o intelectual naquilo que propenso a adotar paradigmas que prevaleam predominantemente acrticos na academia burguesa, por causa das presses das tarefas prticas e dos tratamentos diferenciados. Todos os intelectuais passam de alguma forma por um estgio de treinamento, no qual eles aprendem lngua e o estilo das autoridades, mas so sempre vistos como talentosos marginalizados, podendo ser excessivamente encorajados, ou enganosamente desencorajados, a examinar paradigmas cuidadosamente. Julgados marginais pelas autoridades, esse meio ambiente hostil resulta na supresso de suas anlises crticas e limita o uso de suas habilidades de uma forma considerada legtima e prtica. Apesar de suas limitaes, o modelo burgus inescapvel para muitos intelectuais negros. Por causa dos discursos pedantes e iluminados sobre a nao, que se do em instituies acadmicas brancas e por causa de muitos intelectuais significativos que ensinam nesses lugares. Muitas das universidades e faculdades de elite permanecem ainda como escolas de alto poder educacional, aprendizado e treinamento, principalmente, devido a amplas pesquisas de tradies civis que proporciona o tempo de cio e atmosfera necessria para sustentar o empenho de intelectuais srios. Por outro lado, h alguns intelectuais negros autodidatas srios, que sempre tm um escopo que impressiona, mas lhe faltam cho e profundidade. Os intelectuais negros precisam ser legitimados pela academia burguesa (ou por seus pares negros). A titulao e a legitimao negra podem proporcionar uma posio segura na vida intelectual americana, e infra-estruturas negras para a atividade intelectual podem ser criadas. Hoje em dia, h uma pequena, mas significativa, presena negra dentro das organizaes acadmicas burguesas brancas, e essa presena est apta a produzir jornais e pequenos peridicos. O passo seguinte por institucionalizar amplamente a presena de intelectuais negros, como a sociedade de filsofos negros de Nova Iorque tem feito, ao publicar jornais amparados nessa disciplina (cruciais para as carreiras de professores promissores), ainda que relevantes para outras disciplinas. necessrio ser notado que uma infraestrutura para atividade intelectual negra precisa atrair personalidades de qualquer matiz ou cor. A crtica literria negra e especialmente os psiclogos negros esto a frente dos outros intelectuais negros no que diz respeito a jornais tais como Black American Literature Forum, College Language Association e o Journal of Black Psychology. A legitimao e o lugar acadmico negro tambm podem resultar no controle negro sobre uma poro ou participao significativa dentro de infra-estruturas brancas mais amplas para a atividade intelectual. Isso ainda no ocorre em grande escala. necessria mais representao negra nos editoriais de amplos jornais significativos, como a presena do intelectual negro tambm deve ser permitida. Esse processo mais lento e tem menos visibilidade, dada a hegemonia ainda do modelo burgus, ele precisa ser perseguido por aqueles que so inclinados a isso. O modelo burgus , de alguma maneira, fundamental e definitivamente mais parte do problema do que da soluo em relao aos intelectuais negros. J que vivemos de alguma forma nossas vidas dirias e paulatinamente dentro desse sistema, todos ns que fazemos crtica ao modelo burgus precisamos tentar transform-lo de alguma forma de dentro da academia burguesa branca para intelectuais negros aliados a intelectuais progressistas no negros isso no significa criar e aprimorar infra-estruturas para atividades intelectual negras.

O modelo marxista: o intelectual negro como revolucionrio

Entre muitos intelectuais negros h uma reao radical s limitaes severas do modelo burgus (e da sociedade capitalista) ao adotar, a saber, o modelo marxista. A adoo desse modelo, certamente, satisfaz necessidades bsicas da inteligncia negra: a necessidade por prestgio social, por engajamento poltico e envolvimento organizacional. O modelo marxista tambm proporciona adentrar as subculturas intelectuais xenofbicas, disponveis contra os intelectuais negros. Esse modelo privilegia a atividade dos intelectuais negros e promove seu papel proftico. Como Harold Cruse pontuou, tal prerrogativa altamente circunscrita, e raramente acentua a dimenso terica da atividade intelectual negra. Em resumo, o marxismo, privilegiado pelos intelectuais negros, cheira a condescendncia, que confina os papis profticos dos negros a somente porta-vozes e organizadores, e raramente para aqueles que se permitem essas funes, como pensadores criativos que autorizam ateno crtica sria. No acidental que um relativo e amplo nmero de intelectuais negros, atrados pelo marxismo do final dos anos 60, ainda no produziram uma grande teoria marxista negra. Somente Black Reconstruction de W. E. B. Du Bois (1935), Caste, Class and Race de Oliver Cox (1948), e, em algum grau, The Crisis of the Negro Intellectual (1967) de Harold Cruse so tambm candidatos a tal designao. Isto acontece, no por causa da ausncia de talento do intelectual negro no campo marxista, mas sim por causa da ausncia do tipo de tradio e comunidade (incluindo uma intensa troca crtica) que permitiria que tal talento florescesse. Contrastando rigidamente com o modelo burgus, o modelo marxista nem gera defesa para o intelectual negro nem proporciona um aparato analtico adequado para polticas pblicas de curto prazo. O modelo marxista, certamente, rende auto-satisfao ao intelectual negro, que com freqncia inibe seu crescimento; isso tambm acentua os contrastes da estrutura social com direo de maneira pouco prtica, ao assegurar oportunidades conjunturais. Esta auto-satisfao resulta mesmo na submisso dogmtica e uma mobilidade ascendente dentro de formaes partidrias sectrias ou pr-partidrias, ou uma colocao marginal numa academia burguesa equipada por uma retrica marxista perversa e, s vezes, uma anlise insatisfatria, discursivamente divorciada de dinmicas integrais, realidades concretas e possibilidades progressistas para a comunidade negra. A preocupao com os contrastes da estrutura social tende a produzir projees irracionais e frias ou discursos pessimistas e paralisantes. Ambas as projees, e pronunciamentos, tm muito a ver com a auto-imagem dos intelectuais negros marxistas, tanto quanto com o prognstico para a libertao negra.Sempre se afirmou que o marxismo a falsa conscincia da inteligncia burguesa radical. Para os intelectuais negros, o modelo marxista funciona de uma maneira mais complexa do que a sua formulao loquaz permite. Por um lado, o modelo marxista libertrio para os intelectuais negros naquilo que proporciona uma conscincia crtica e uma atitude de superao aos paradigmas burgueses dominantes e aos programas de pesquisa. O marxismo proporciona papis atrativos para os intelectuais negros papis de liderana ampla e geralmente visveis, e incute novos sentidos e uma urgncia ao seu trabalho. Por outro lado, o modelo marxista est debilitado para os intelectuais negros, por causa das necessidades catrticas por satisfazer a tendncia por sufocar os primeiros desenvolvimentos da conscincia e das atitudes crticas dos negros. O modelo marxista, apesar de suas imperfeies, mais parte da soluo do que parte do problema para os intelectuais negros. Isso porque o Marxismo um rio de fogo o purgatrio em nossos tempos ps-modernos. Os intelectuais negros necessitam ultrapass-lo e chegar a bom termo com ele e, criativamente responder para ele se a atividade intelectual uma busca de nvel de reconhecimento, de sofisticao, e de refinamento.

O modelo foucaultiano: o intelectual negro como cpticoComo a vida intelectual ocidental est mergulhada em uma crise profunda, e como os intelectuais negros esto se tornando muito mais profundamente integrados dentro da vida intelectual - ou dentro de uma cultura de cautela e discurso crtico (como disse o saudoso Alvin Gouldner ) - um novo modelo parece despontar no horizonte. Este modelo, baseado no trabalho influente do saudoso Michel Foucault, rejeita inequivocadamente o modelo burgus e evita o modelo marxista. Isso constitui uma das mudanas intelectuais mais entusiastas dos nossos dias: o projeto foucaultiano de nominalismo histrico. Esta investigao detalhada das relaes complexas de conhecimento e poder, discurso e poltica, cognio e controle social, impulsiona os intelectuais a repensar e a redefinir sua auto-imagem e sua funo na contemporaneidade. O projeto e o modelo foulcautianos so atraentes para os intelectuais, primeiramente porque tocam nas dificuldades ps-modernas para os negros, configuradas pela xenofobia excessiva do humanismo burgus, predominante em toda a academia, a minguada atrao para o reducionismo ortodoxo e para as cientficas verses do marxismo e a necessidade de reconceitualizao, concernente especificidade e complexidade da opresso afro-americana. Os sentimentos profundamente anti-burgueses explicitados pelas convices ps-marxistas e por profundas preocupaes com esses sentimentos, vistos como uma outra radicalidade pelos discursos dominantes e tradies, so pouco sedutores para intelectuais negros politizados, cautelosos com as panacias antiquadas para a libertao negra. As anlises especficas de Foucault da economia poltica da verdade o estudo das formas discursivas, nas e os meios institucionais pelos quais os regimes de verdade so constitudos pelas sociedades no espao e no tempo resultam numa nova concepo de intelectual. Essa concepo no mais resulta numa transmisso suave naquilo que de melhor tem sido pensado e dito, como no modelo humanista burgus ou sem as energias utpicas do modelo marxista. A situao ps-moderna, certamente, requer o intelectual especfico, que foge das etiquetas da cientificidade, da civilidade e da profecia e, ao invs, aprofunda a especificidade das matrizes das polticas econmicas culturais, dentro das quais os regimes de verdade so produzidos, distribudos, disseminados e consumidos. Os intelectuais no podem mais se iludir por crenas tais como os intelectuais marxistas e humanistas - pelas quais eles lutaram em nome da verdade; o problema, certamente a luta por alcanar um status de verdade e por vastos mecanismos institucionais que dem conta desse status. As estimadas palavras-cdigo como cincia, gosto, tato, ideologia, progresso e liberdade do humanismo burgus e do marxismo no mais se aplicam a auto-imagem dos intelectuais ps-modernos. Ao invs disso, termos-chave novos tais como regime de verdade, poder/conhecimento e prticas discursivas devem estar na agenda. A noo foucaultiana do intelectual especfico resulta na desmistificao das retricas conservadoras, liberais e marxistas, as quais restabelecem, restituem e reconstroem as auto-identidades intelectuais, tanto quanto permanecem cativas e apoiadas por formas institucionais de dominao e controle. Essas retricas autorizam e legitimam, de diferentes maneiras, o status privilegiado dos intelectuais que no somente reproduzem divises ideolgicas entre o trabalho intelectual e manual, mas tambm refora mecanismos disciplinares de sujeio e subjugao. Esta auto-legitimao mais bem exemplificada pelas assertivas feitas por intelectualides que salva-guardam as conquistas da cultura intelectual ou representam os interesses universais de grupos e classes particulares. Na histria intelectual afro-americana, idias tais como um dcimo de talento, profetas da incultura, articuladores da esttica negra, criadores de uma renascena negra e a vanguarda de um movimento revolucionrio so disseminadas.

O modelo foucaultiano promove uma forma ps-moderna de esquerdismo e isso encoraja um questionamento intenso e incessante dos discursos do poder carregados servio, no da restaurao da reforma nem da revoluo, mas, de preferncia, da revolta. E o tipo da revolta desempenhado pelos intelectuais consiste de uma dirupo do privilgio dos regimes de verdade que prevalecem - incluindo seus esforos repressivos nas sociedades dos dias de hoje. Esse modelo engloba inquietaes crticas, cticas e histricas de intelectuais negros progressistas e proporciona uma adeso sofisticada pelas distncias social e ideolgicas dos movimentos negros por libertao insurgente. Por conceber o trabalho intelectual como uma prtica poltica de oposio, esse modelo satisfaz a auto-imagem de esquerda dos intelectuais negros, e, ao fazer um fetiche da conscincia crtica, aprisiona a atividade intelectual negra dentro da acomodada academia burguesa da Amrica ps-moderna. O modelo insurgente: o intelectual negro como catalisador crtico e orgnico

Os intelectuais negros podem aprender muito com cada um dos trs modelos anteriores, mesmo assim no adotar uma postura crtica em relao a eles. Isto porque os modelos burgus, marxista e foucaultiano necessariamente se relacionam entre si, mas no so discursos adequados para a singularidade das dificuldades dos intelectuais negros. Esta singularidade permanece relativamente inexplorada, e permanecer assim at que intelectuais negros articulem um novo regime de verdade que sejam ligados a eles, que no sejam confinados por eles, que no sejam prticas institucionais indignas, permeadas pela oralidade. Apesar de nosso esforo, eles so constitudos pela fsica emocional e pela sncope rtmica, pela improvisao multiforme e pelos elementos religiosos, retricos, antfona da vida afro-americana. Tal articulao depende, em parte da elaborao de infra-estruturas negras que premiem um pensamento negro culto e criativo. Isso demanda um conhecimento ntimo das prerrogativas dos regimes de verdade euro-americanos, que podem ser desmistificados, desconstrudos, decompostos de formas tais que fascinem e enriqueam a vida intelectual negra no futuro. Por ser pioneiro para os pensadores negros, esse novo regime de verdade no pode ser um discurso hermtico ou um conjunto de discursos que salvaguardem uma produo negra intelectual e no seja a ltima moda da escrita negra, que sempre motivada pelo desejo alardeado pelo establishment branco, intelectual e burgus. Isso certamente inseparvel da emergncia de novas formas culturais que prefigurem (e apontem) uma ps-(no anti-) civilizao ocidental. No presente, hoje, tal discurso pode parecer mero sonho e fantasia. Ns devemos, ento, dar o primeiro passo: insurgncia negra e o papel do intelectual negro. A maior prioridade dos intelectuais negros deve ser a criao ou a reativao das redes institucionais que promovam hbitos crticos de alta qualidade para propsitos, primeiramente de insurgncia negra. Uma intelligentsia sem uma conscincia crtica institucionalizada cega, e a conscincia crtica que no sirva insurgncia crtica vazia. A tarefa central dos intelectuais negros ps-modernos estimular, proporcionar e permitir percepes alternativas e prticas que desloquem discursos e poderes prevalecentes. Isso pode ser feito somente por um trabalho intelectual intenso e por uma prtica insurgente e engajada. O modelo insurgente fundamenta a atividade intelectual negra e vai alm dos trs modelos anteriores. Do modelo burgus, recupera a herana humanstica e o esforo herico. O modelo intelectual insurgente se recusa ainda a conceber essa herana e esse esforo em termos elitistas e individualistas. Ao invs do heri solitrio abarcado pelo gnio isolado e exilado o intelectual como estrela, celebridade, acomodado esse modelo privilegia o trabalho coletivo intelectual que contribu para uma luta e uma resistncia comum. Em outras palavras, acentua criativamente o voluntarismo e o herosmo do modelo burgus, mas rejeita a ingenuidade profunda da sociedade e da histria. Do modelo marxista recupera a tenso dos contrastes estruturais, formaes de classes e os valores democrticos radicais. O modelo insurgente no tem esses objetivos, formaes e valores da economia e dos termos deterministas como meta. Ao invs disso, uma prerrogativa a priori de classe e trabalho industrial, de um posicionamento metafsico, e de uma sociedade socialista relativamente harmoniosa, h uma investida em bloco sob as variedades da hierarquia social e a mediao democrtica radical (e libertria) sem a eliminao da heterogeneidade social. Em resumo, o modelo insurgente incorpora, de forma no ingnua, os objetivos estruturais de classe e democrticos do modelo marxista, ainda que admita uma ingenuidade abundante da cultura.

Por ltimo, do modelo foucaultiano, o modelo insurgente capta a preocupao com o ceticismo mundial e a constituio histrica do regime de verdade e as operaes multifacetadas da relao poder/conhecimento. O modelo insurgente, ainda, no se confina a essa constituio da verdade e essas questes genealgicas, detalhadas para as micro-redes de poder. Ao invs disso capta a ubiqidade do poder (que simplifica e nivela os conflitos sociais e multidimensionais) e a paralisao das utopias ilimitadas do passado. Proporciona uma possibilidade de resistncia efetiva e transformao social significativa. O modelo insurgente focaliza acuradamente a suspeita nietszchiana profunda e as descries opositivas iluminadas pelo modelo foucaultiano, embora reconhea a profunda ingenuidade do conflito social, a luta e a insurgncia uma ingenuidade primeiramente causada pela rejeio de qualquer forma de utopia de qualquer posio teleolgica.O trabalho intelectual negro e a insurgncia negra podem estar enraizados na especificidade da histria e na vida afro-americana. Mas eles esto tambm ligados indissociavelmente a elementos americanos, europeus e africanos que os moldam e os englobam. Tanto o trabalho, quanto a insurgncia, est explicitamente particularizado, embora no sejam excludentes por isso eles so internacionais em delineamentos e prticas. Como seus primeiros precursores histricos pastores negros e artistas da msica negra (com todas as suas foras e fraquezas) os intelectuais negros precisam se dar conta de que a criao de prticas novas e alternativas resulta do esforo herico e do trabalho intelectual coletivo e da resistncia comum, que englobam e so moldados pelos contrastes estruturais presentes, trabalhos do poder e modo de funo cultural. As distintivas formas culturais afro-americanas, tais como os estilos de prece e sermo negros, gospel, blues e jazz, necessitam inspirar, mas no obrigar a produo intelectual negra futura; isto , o processo pelo qual eles vm a ser insights valorativos, como tambm podem servir como modelos no de imitao ou emulao. No necessrio dizer, essas formas prosperam para uma incessante inovao crtica e uma insurgncia concomitante. O futuro do intelectual negro

A situao difcil do intelectual negro no precisa ser inflexvel e lgubre. Apesar do racismo difuso da sociedade americana e do anti-intelectualismo da comunidade negra, um espao crtico e uma atividade insurgente podem ser ampliados. Essa ampliao vai ocorrer mais prontamente quando os intelectuais negros se olharem de maneira mais condescendente, focarem as foras histricas e sociais que os constituem, apesar dos meios significativos, porm limitados, da comunidade de onde eles provm. Uma crtica auto-relativa esquematizada neste ensaio em quatro pontos que escrutina as posies sociais, os localismos de classe e as socializaes culturais dos intelectuais negros, imperativa. Tal escrutnio no pode ser motivado pela auto-piedade ou auto-satisfao. Essa auto-relao certamente pode corporificar o sentido de crtica e de resistncia aplicvel comunidade negra, sociedade americana e civilizao ocidental como um todo. James Baldwin pontuou que o intelectual negro um tipo de bastardo do ocidente. O futuro do intelectual negro no subjaz numa disposio de deferncia aos seus pais do ocidente, nem numa busca nostlgica dos antepassados africanos, reside, certamente, numa negao crtica, numa preservao inteligente, e numa transformao insurgente dessa linhagem hbrida que protege a terra e projeta um mundo melhor. In.: West, Cornel. The dilema of the Black Intellectual. In.: The Cornel West: reader. Basic Civitas Books, 1999, p. 302-315. (Traduo e notas de Braulino Pereira de Santana, Guacira Cavalcante e Marcos Aurlio Souza).

Mulheres negras intelectuais.

Algo como Comendo ou Comungando da hstia.

A crise do negro intelectual.

Traduzimos o termo highbrow (intelectual sabicho) de conotao irnica por esse termo usual e coloquiamente empregado na lngua portuguesa.

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