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INTRODUÇÃO Outro dia eu folheava um jornal, quando vi uma caricatura do Snoopy na qual ele dizia: "Gosto da humanidade. O que não agüento são as pessoas!" É mais ou menos isso que percebemos hoje em dia. Amamos a instituição chamada Igreja, contudo não conseguimos suportar as pessoas que dela fazem parte. Lendo um livro de Carlos G.Vallés - Viver em Comunidade, lembrei-me de certo membro de uma igreja que eu pastoreava. Ele dizia assim: "...Se existe alguém que ama a Igreja de Jesus, essa pessoa sou eu. Amo tanto a igreja que sou capaz de fazer qualquer coisa por ela. Esse meu zelo e amor são tão grandes que não admito a presença de certas pessoas dentro da igreja as quais se comportam de maneira diferente das tradições eclesiásticas que nos foram legadas. Odeio essas pessoas. Se dependesse de mim eu as colocaria para fora da igreja..." Aí está alguém com uma visão deturpada da igreja como comunidade. Tal pessoa consegue amar a Igreja Ideal, a igreja de seus sonhos. Entretanto odeia a Igreja Real, aquela igreja do seu dia-a-dia. Ele ama a instituição, suas regras, estatutos e regimentos, porém... sente aversão pelos membros, pelas pessoas que fazem parte da igreja. Tal pessoa se esqueceu de que a melhor maneira de amar a igreja é amar os que dela fazem parte. Jesus amou tanto a Igreja que acabou dando sua vida por ela. Ele deu sua vida por homens, por pessoas e não apenas pela instituição. Dietrich Bonhoeffer, um discípulo de Jesus que me impressionou por sua vida de compromisso e sofrimento, escreveu em um de seus livros a respeito do perigo de sonhar com uma relação pessoal, ou uma comunidade ideal e o efeito desastroso que isso pode ter: "Quem ama seu sonho de comunidade mais do que às pessoas que fazem parte dessa comunidade, tal pessoa acaba por destruí-la". Quem adota essa postura acaba acusando, julgando e condenando. Exige, em nome de Deus que seu sonho seja realizado. E por fim acaba queixando-se de Deus. Pessoas que só contemplam o ideal não conseguem conviver com o real. Muitas e muitas comunidades cristãs desfizeram-se porque haviam perseguido apenas um puro sonho ideal. Pecaram por não serem flexíveis para admitir falhas de percurso. Esqueceram-se de que estavam lidando com homens, - e homens . . falham. - 1 -

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INTRODUÇÃO

Outro dia eu folheava um jornal, quando vi uma caricatura do Snoopy na qual ele dizia:"Gosto da humanidade. O que não agüento são as pessoas!"É mais ou menos isso que percebemos hoje em dia. Amamos a instituição chamada Igreja,

contudo não conseguimos suportar as pessoas que dela fazem parte.Lendo um livro de Carlos G.Vallés - Viver em Comunidade, lembrei-me de certo membro de

uma igreja que eu pastoreava. Ele dizia assim:"...Se existe alguém que ama a Igreja de Jesus, essa pessoa sou eu. Amo tanto a igreja que sou

capaz de fazer qualquer coisa por ela. Esse meu zelo e amor são tão grandes que não admito a presença de certas pessoas dentro da igreja as quais se comportam de maneira diferente das tradições eclesiásticas que nos foram legadas. Odeio essas pessoas. Se dependesse de mim eu as colocaria para fora da igreja..."

Aí está alguém com uma visão deturpada da igreja como comunidade. Tal pessoa consegue amar a Igreja Ideal, a igreja de seus sonhos. Entretanto odeia a Igreja Real, aquela igreja do seu dia-a-dia. Ele ama a instituição, suas regras, estatutos e regimentos, porém... sente aversão pelos membros, pelas pessoas que fazem parte da igreja.

Tal pessoa se esqueceu de que a melhor maneira de amar a igreja é amar os que dela fazem parte. Jesus amou tanto a Igreja que acabou dando sua vida por ela. Ele deu sua vida por homens, por pessoas e não apenas pela instituição.

Dietrich Bonhoeffer, um discípulo de Jesus que me impressionou por sua vida de compromisso e sofrimento, escreveu em um de seus livros a respeito do perigo de sonhar com uma relação pessoal, ou uma comunidade ideal e o efeito desastroso que isso pode ter:

"Quem ama seu sonho de comunidade mais do que às pessoas que fazem parte dessa comunidade, tal pessoa acaba por destruí-la".

Quem adota essa postura acaba acusando, julgando e condenando. Exige, em nome de Deus que seu sonho seja realizado. E por fim acaba queixando-se de Deus. Pessoas que só contemplam o ideal não conseguem conviver com o real.

Muitas e muitas comunidades cristãs desfizeram-se porque haviam perseguido apenas um puro sonho ideal. Pecaram por não serem flexíveis para admitir falhas de percurso. Esqueceram-se de que estavam lidando com homens, - e homens . . falham.

Portanto, é bom salientar que o primeiro grande inimigo de um bom relacionamento é o sonho da relação ideal.

O segundo grande inimigo vem da direção oposta: é a atitude de pessimismo, de desalento, de desespero, que alega ser impossível criar uma verdadeira união de mentes e corações. Tal atitude cínica ri com desdém de todo esforço por promover uma relação significativa entre pessoas. Nos lábios de tais pessoas só se ouvem frases como:

"Não vai dar certo."

"Já tentamos isso antes."

"Não vai funcionar."

"É pura perda de tempo."

"É dinheiro jogado fora."

"É tempo perdido."A realidade funcional de uma relação significativa entre pessoas, está a meio caminho entre o

sonho ideal e o pessimismo paralisante.

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Reconhecer e aceitar tal realidade funcional é condição básica para levar avante qualquer esforço de entendimento mútuo e de prática de uma vida em comum.

No livro Viver em comunidade, Carlos Vallésdiz:"O ideal sonhado tem uma idéia muito alta da vida comunitária, ao passo que o pessimismo tem uma idéia muito baixa de seus membros, e ambas as atitudes conseguem o mesmo lamentável resultado de tornar impossível, na prática, a vida compartilhada de grupo".

O membro de uma comunidade de discípulos que conhece suas próprias dificuldades aceita suas limitações, não esquece suas frustrações e fracassos passados e, ao mesmo tempo, tem consciência serena de seu próprio valor, têm a melhor garantia de viver a mutualidade e a unidade pregada no Novo Testamento. Se eles se dedicarem a reconhecer as qualidades inegáveis de cada um, valorizando positivamente cada esforço, seguramente estarão avançando em direção a uma nova comunidade de pensamento, de trabalho e de vida.

O realismo sincero é a primeira base do êxito.Em nosso caso, esse realismo sofre a influência poderosa e criativa da fé. Não somos uma

empresa que busca lucros materiais. Não somos nem oficina, nem fábrica. Nosso objetivo não é a eficiência nem a produtividade. Não nos juntamos ao acaso, nem nos escolhemos uns aos outros. Em nossa vida, uma força comum nos impele e nela reconhecemos um chamado, uma providência, uma vocação.

Não são nossas preferências sociais que nos unem. É o próprio Senhor Deus quem nos coloca lado a lado.

O mundo de hoje é caracterizado por ser uma sociedade ferida, dividida e dispersa. É aí que Deus estabelece, na múltipla maravilha de seu poder, células de graça para unir, reconciliar e curar como sinal de Sua presença atual em nosso meio. Igreja é isso. Nossos lares deviam ser isto: uma imagem, uma amostra daquilo que há de ser a vida na eternidade, na casa do Pai. Nossas igrejas deviam ser isso. Um prenúncio do céu.

Somos um sinal, uma garantia, uma parábola, uma promessa. E essa promessa é nossa vida. Por menor que seja o nosso relacionamento e por mais frágil que seja nossa união, somos sacerdotes de Deus. Representamos a Palavra de Deus, encarnamos Sua providência, instrumentalizamos sua ação.

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Capitulo 1Por Que Cultivar e Desenvolver Relacionamentos?

1. O EXEMPLO DE DEUSDeus é um ser que sempre priorizou relacionamentos. Em Gênesis 1.26 lemos: Façamos o

homem... Logo no primeiro capítulo da Bíblia surge a revelação de um Deus que não se contenta em ser apenas uma pessoa. Em Sua infinita sabedoria, Ele se apresenta como um Deus trino: Pai, Filho e Espírito Santo.

Em Gênesis 2.18, lemos: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora. Nota-se aí um Deus que conclui não ser bom o homem viver sozinho. Deus não projetara o homem para viver isolado e solitário: um homem desacompanhado não satisfazia a mente do Criador.

Gênesis 3.8-10 fala que Deus andava pelo jardim do Éden e conversava com Adão e sua esposa. O texto diz ainda que Deus estava preocupado com o homem e chamava por ele dizendo: Onde estás? Em Gênesis 9. 8-9, está descrita a aliança que Deus estabeleceu com Noé.

Repararam? Um Deus que sente necessidade de fazer aliança com um mortal. Um Deus que estabeleceu outras alianças como a que fez com Abraão. No livro de Isaías, capítulos 54 e 55, está descrita a aliança de Deus com o povo de Israel.

Creio que essas evidências já bastam para provar que o Deus da Bíblia é um Deus de relacionamentos, de alianças, um Deus que gosta de comunicação. Agora pense nisto: Deus nos fez imagem e semelhança dEle. Portanto, quem quiser dar um passo significativo em direção ao resgate da imagem e semelhança de Deus em sua vida... tal pessoa deve entender, e viver intensamente seus relacionamentos.

A igreja de nossos dias está perdendo o seu sabor porque, entre outras coisas, desaprendeu de viver com qualidade seus relacionamentos. A Igreja de Jesus foi planejada para ser uma comunidade de relações profundas.

Uma das características mais marcantes da Igreja Cristã primitiva foi o amor intenso que seus membros demonstravam um para com o outro. O apóstolo João escreveu que ninguém pode ter a pretensão de amar ao Deus invisível, se ainda não conseguiu amar seu irmão de fé que é visível.

A meu ver aí está a solução para aqueles cristãos que não conseguem sentir amor genuíno por Deus: primeiro é preciso aprender a amar aqueles que estão à nossa volta.

Em João 14.21 lemos a palavra de Jesus: Aquele que me ama guardará a minha palavra e o Pai o amará e viremos a ele nele faremos morada.

Amar meu irmão de Fé é amar o Deus que vive nele. Relacionar-me com meu irmão de Fé é relacionar-me com o Deus que está dentro dele. Isso também significa que negar-me a me relacionar com meu irmão é negar-me a manter um relacionamento com o Espírito Santo que nele habita.

Jesus chegou a explicar isso um pouco melhor: Quando deres um copo de água a um destes meus pequeninos, a mim o fizestes. Quando negastes água para um deles, a mim o negastes.

Por essa razão, julgo ser tremendamente importante conscientizar os membros das igrejas a darem valor a essa disciplina da vida Cristã.

RELACIONAR-SE BEM É UM MANDAMENTO

Em Gênesis 2.24 está escrito: Por isso deixa o homem pai e mãe, e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne. O ideal de relação de Deus é elevado. O relacionamento de um homem com sua esposa deveria chegar a um nível tão alto que se pudesse viver uma unidade física: corpo com corpo, uma só carne. Uma só mente e um só coração.

A tentativa de suprimir ou evitar o relacionamento com o próximo é um pecado que irrita a Deus. O primeiro a cair nesse erro foi Caim que executou um plano de assassinar seu irmão por não suporta-

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lo. Ele se livrou de alguém que o fazia sentir-se desprezado. Livrou-se de um irmão do qual tinha inveja. Ao matá-lo, Caim provoca a repulsa de Deus a ponto de o Senhor amaldiçoá-lo. (Gênesis 4.11)

Deus quer que eu e você tenhamos bons relacionamentos com os nossos semelhantes.

Em Ec1esiastes 4.9 está escrito: Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. Porque se caírem, um levanta o companheiro; a porém, do que estiver só; pois, caindo, não haverá quem o levante. Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só como se aquentará? Se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; o cordão de três dobras não se rebenta com facilidade.

Em Provérbios 18.1 está escrito: O solitário busca o seu próprio interesse, e insurge-se contra a verdadeira sabedoria. Insistir na solidão é rebelar-se contra a mais pura sabedoria. É falta de bom senso. A solidão só é válida quando nos determinamos temporariamente a buscar o Senhor. Entretanto esses momentos de solidão devem servir apenas de recursos para podermos voltar para uma vida de relacionamentos intensos e cordiais com os demais seres humanos.

A Bíblia, em momento algum, defende a vida monástica. O desenvolvimento de uma espiritualidade apenas vertical, do homem com seu Deus, é incompleto. Ficar curtindo um êxtase pessoal e tentar permanecer ali exclusivamente é egoísmo espiritual.

Quando Jesus levou Pedro, João e Tiago para o monte, a fim de transfigurar-se diante deles, ele não queria que Seus discípulos ali permanecessem por muito tempo. Era necessário voltar para cumprir a missão que tinham junto à agitação das massas pecadoras. Bem que Pedro tentou. Sugeriu que se fizessem três tendas e emendou: É bom estarmos aqui! (Mateus 17.4)

Sim, é muito bom estar na solidão, em particular com Deus. É ótimo passar por um arrebatamento íntimo e permitir à alma experimentar um enlevo espiritual. É muito bom ficar sozinho na presença de Deus e ficar embevecido e admirado com as coisas sobrenaturais.

Nesses momentos ficamos pasmados, assombrados. Quem não quer uma experiência mística particular, isolada? Quem não quer experimentar sentimentos profundos acompanhados de uma enorme alegria? Momentos assim nos fazem ficar quase de todo imobilizados, parecendo haver perdido qualquer contato com o mundo exterior!

Muitos de nós estamos assim. Vivemos correndo atrás de experiências místicas isoladas. Elas são lícitas e recomendáveis, desde que produzam uma meditação que nos leve a nos refazer e a nos conscientizar de que aquilo que estamos vivendo é apenas uma dose de vitaminas que devem capacitarnos a voltar para onde os homens estão. Voltar para onde o pecado está dizimando suas vítimas.

E isso não é possível sem a disposição de viver relacionamentos, de se expor aos homens, e de ter contato pessoal.

Neste último ano ouvi duas palestras proferidas por dois amados amigos e colegas de ministério. Uma delas, proferida pelo Pr. Marcelo Gualberto, em Florianópolis, e a outra pelo Pr. Ed René Kivitz no Encontro da Sepal em Lindóia.

Sem que tivessem tido qualquer contato anterior, esses dois pastores pregaram a mesma mensagem, a partir de textos diferentes. Vou tentar passar os principais pontos em comum.

O texto 2 Reis 4.8-37A narrativa bíblica conta que Eliseu costumava passar por um lugar conhecido como Suném.

Uma certa mulher, muito rica sempre o convidava para uma refeição em sua casa. A personalidade do profeta impressionou tanto a sunamita que ela resolveu convencer seu marido a construir um pequeno quarto para o profeta. Nele colocou uma cama, uma mesa, uma cadeira e um candeeiro.

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Hospedando-se ali, o profeta percebeu que a sunamita não tinha filhos. Decidiu, então, interceder a Deus e ela ganhou um filho. O tempo passou. O menino cresceu e certo dia, quando ajudava sua família no campo, sentiu forte dor de cabeça. Foi levado para sua mãe, mas não sobreviveu. Morreu em seu colo.

A sunamita então imaginou que colocando seu filho na cama onde o profeta dormia, esse poderia voltar à vida. Isso ela fez, pensando que a cama poderia estar cheia de poder, já que nela dormia o grande profeta, o homem cheio do Espírito de Deus. Entretanto esse método falhou. E ela resolveu ir até onde se encontrava o profeta Eliseu e contar a ele sobre a morte de seu amado filho.

Eliseu manda Geazi, seu ajudante, até onde o menino estava, com a ordem de, assim que chegasse, colocar seu bordão sobre o corpo do menino. Geazi fez exatamente,como o profeta mandara. Entretanto, a estratégia não deu certo. O menino continuava sem vida. O profeta então compreendeu que aquela era uma situação em que ele precisava intervir pessoalmente. Era um problema que exigia sua presença.

Foi até a casa da sunamita e subiu ao quarto onde o filho estava e orou ao Senhor. Depois deitou-se sobre o menino, pondo sua boca na boca do menino, seus olhos sobre os olhos dele, suas mãos sobre as mãos dele, e se estendeu sobre ele.

A Bíblia fala que então a carne do menino se aqueceu. Entretanto o milagre ainda não havia se completado. Ele anda no quarto de um lado para o outro e depois se estende novamente sobre o corpo do menino. O menino dá sete espirros e ressuscita.

Que ensinamentos podemos tirar desse acontecimento verídico?

Assim como a sunamita, muitos de nós temos tentado d volver a vida para algumas das pessoas que nos rodeiam, usando certos métodos impessoais. Igrejas hoje têm tentado dar vida àqueles que morreram na fé, atraindo-os com programações diversificadas, filmes, palestras, shows de música gospel.

Entretanto isso não tem dado bons resultados. Quando o profeta Eliseu é acionado, ele também tenta usar um método impessoal. Ele manda seu ajudante colocar seu cajado sobre o corpo do menino.

Ele imaginava que aquele pedaço de madeira poderia ter poder para ressuscitar o filho da sunamita.

Entretanto, mais uma vez, o método impessoal não funcionou. A solução foi ele ir pessoalmente até onde o menino jazia morto. Mas nem sua presença resolveu. Foi preciso que o profeta tivesse contato com o corpo do menino.

A Bíblia relata em detalhes: Eliseu teve de colocar sua boca na boca do menino, seus olhos, nos olhos do menino, suas mãos nas mãos do menino e finalmente teve de deitar-se sobre o menino.

A narrativa diz que aí, então, o corpo do menino se aquece. Em nossos dias está faltando esse calor humano.

É preciso que a igreja de Jesus se equipe com mais pessoas dispostas a aquecer outras vidas, priorizando os contatos pessoais. Gente que esteja disposta a interromper o que vinha fazendo e a deslocar-se até onde for preciso a fim de aquecer aqueles que se esfriaram na fé.

O texto ainda conta que aquilo que o profeta fizera não fora suficiente. Foi preciso repetir a dose. Muitos de nós desistimos ao nos depararmos com os primeiros resultados adversos. É preciso perseverar. É preciso não desistir, tentar tudo de novo: novos contatos, aquecer outra vez e um pouco mais. Finalmente vem a vitória.

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O outro texto Atos 20.7-14:O texto diz que Paulo chega a Trôade e resolve celebrar a ceia do Senhor com os discípulos

daquele lugar. Após a ceia, Paulo começa a pregar. Sua pregação se prolonga muito.Um jovem, de nome Êutico, assistia ao sermão sentado em uma janela. Entretanto ele adormece,

cai do terceiro andar e morre. Paulo interrompe o estudo bíblico, desce e, inclinando-se sobre ele dá-lhe um profundo abraço. Êutico ressuscita e o culto continua até o amanhecer.

Que lições podemos tirar desse acontecimento?Novamente notamos a importância que a Bíblia dá ao relacionamento, ao contato entre as

pessoas.Como no incidente do apóstolo Paulo, muitos de nós estamos ocupados na causa do Senhor.

Estamos nos desgastando em atividades profissionais e programações de nossa igreja.Entretanto não nos apercebemos ainda de que nossos filhos, nossas filhas já podem estar

dormindo nas janelas de nossa casa ou de nossas igrejas.Entendemos janela como um limite entre dois espaços, entre dois mundos, entre dois ambientes: o

interno e o externo. Quem está na janela tanto pode estar olhando para dentro como pode estar olhando para fora.

Muitos de nossos filhos podem estar nessa condição. Nas janelas do nosso lar, quem sabe nas janelas da igreja. De vez em quando estão atentos às coisas que acontecem dentro dela. Outras vezes estão olhando lá para o mundo com suas múltiplas atrações. O que é pior, alguns já adormeceram na fé.

Outros adormeceram e caíram mortos. Isso nos alerta para o fato de que podemos estar usando métodos enfadonhos, rotineiros e cansativos. O resultado é o sono existencial de muitos, acompanhado de queda e morte espiritual.

Precisamos estar atentos à realidade que nos cerca. Precisamos admitir que estamos ficando para trás. Precisamos reconhecer que nossos filhos estão perdendo o interesse pelas coisas do lar. Muitos deles já não vibram pelas coisas de Deus. A apatia já os contaminou.

Eles estão nas janelas de nossa casa. Estão nas janelas de nossas igrejas e começam a olhar para o mundão lá fora. Como fala o salmista Asafe, no Salmos 73: Pois eu invejava os arrogantes ao ver o progresso dos ímpios.

Alguns já estão se comportando como o filho pródigo antes de sair de casa: começaram a se enjoar do lar e do jeito como ali as coisas são. Filhos que já começaram a questionar os valores até então aceitos.

Eles já estão nas janelas...Os primeiros sinais dessa atração fatal já despontam: seu filho repentinamente muda de hábitos,

começa a se vestir num estilo diferente, a ouvir músicas que incitam à rebeldia e incentivam a prática do pecado e os prazeres da carne.

Há pai e mãe que ainda não se deu conta de que seu filho já não prefere os programas da igreja, mesmo aqueles produzidos para jovens,

Há pai e mãe que ainda não se deu conta de que seu filho, ou sua filha, já prefere as amizades dos colegas de escola, de trabalho, do prédio, ou do bairro.

Alguns já perderam a motivação da vida espiritual. Já trocaram a Bíblia, por Play Boy, Capricho, Marie Claire, Trocaram a Palavra de Deus por Paulo Coelho. Sabem muito sobre Brida, O Alquimista e já não se sentem atraídos à leitura da Palavra do Senhor.

Alguns de nossos filhos já trocaram a meditação da Palavra de Deus, pelo "medita-som", Muitos deles passam horas e horas a fio com um par de fones enfiados nos ouvidos, ouvindo músicas profanas.

Enquanto estou escrevendo este livro, uma das músicas de maior sucesso é a tal "boquinha da garrafa". Música maliciosa, de duplo sentido e que incita ao sexo. Fiquei chocado quando há alguns dias presenciei uma garotinha de quatro anos dançando a tal música na frente de um grupo de irmãos, no pátio de uma igreja. Todos riam e davam boas gargalhadas, inclusive os pais.

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Tais pessoas não perceberam ainda que é assim que começa a caminhada em direção às janelas do mundo.

Alguns de nossos filhos já não suportam uma hora e meia de culto, entretanto são capazes de enfrentar horas numa fila para comprar ingresso para o show de sua banda preferida e depois conseguem ficar de três a quatro horas em pé, pulando e vibrando, quase em êxtase.

Alguns de nossos filhos estão nas janelas. Olhando para o mundo com vontade de mergulhar de cabeça. Há pai que ainda não sabe, ainda não descobriu que seu filho já experimentou drogas, e o que é pior... gostou da experiência.

Há pai e mãe que ainda não se deu conta de que seu filho e sua filha, embora solteiros, filhos de evangélicos, batizados, membros de uma igreja ...apesar disso tudo, já têm uma vida sexual ativa. Estão transando com regularidade. Já não carregam mais um exemplar da Bíblia, entretanto não dispensam a cartelinha de anticoncepcionais e, na bolsa ou na carteira, uma camisinha.

Estou me lembrando da cena constrangedora que vivi, juntamente com um grupinho de jovens recém-saídos de um "encontrão". O culto tinha sido vibrante: os cânticos, a banda, o estudo bíblico. Casualmente, um jovem segurava uma Bíblia nas mãos. Alguém lhe pediu um número telefônico. Ele prontamente pegou sua carteira e, ao abri-Ia, deixou cair um envelope de preservativos. O constrangimento foi geral. Nem o jovem, nem mesmo eu sabíamos onde pôr a cara. Todos ficamos embaraçados. Entretanto essa é a realidade em muitas igrejas. É a realidade de muito jovem. Pode ser a realidade de seu filho neste momento. Se você não ficar atento, de repente sua filha solteira aparecerá grávida e complicará todo um projeto de uma vida caracterizada pela normalidade recomendada pela Palavra de Deus e pelo "bom senso".

Há pai e mãe inocentes acreditando que seu filho é um bom menino, que sua filha é uma filha exemplar e recatada. Há pai que ainda não descobriu que os trabalhos escolares realizados em equipe, podem ser apenas um álibi para programas nada recomendáveis, onde rola de tudo: bebida, orgias sexuais e droga.

Há algum tempo, uma de nossas filhas apareceu em casa com presentinhos que uma de suas amigas de colégio havia lhe dado. Posteriormente ela nos mostrou alguns bilhetes, aparentemente exaltando o amor entre as pessoas. Até aí, tudo bem. Entretanto nossa filha começou a ficar incomodada, pois sua colega não desgrudava dela. Como sabíamos que elas faziam parte da mesma equipe de pesquisa e de trabalhos, resolvemos conhecer melhor a tal amiga. Convidamos a colega para um almoço. Qual não foi o nosso susto, ao descobrir que era uma lésbica com larga experiência com outras parceiras de aula. Hoje, sabe-se aqui em nossa cidade da fama que ela goza entre os jovens: um "sapatão". Sua opção de vida foi o homossexualismo. Hoje ela tem uma banca de revistas, livros e vídeos pornográficos e vive "maritalmente" com uma outra mulher.

Graças a Deus nossa filha escapou ilesa dessa experiência que poderia ter comprometido todo o resto de sua vida. Percebemos em tempo. Sugerimos que ela falasse de Jesus à sua colega e a convidasse para vir às reuniões dos jovens. Entretanto ela nunca apareceu e nunca quis saber de Jesus em sua vida; pelo contrário, resolveu assumir sua condição de lésbica.

Filhos nas janelas...Há pai que ainda não se deu conta de que os professores do colégio já contaminaram seu filho

com informações diabólicas a respeito dos supostos erros da Bíblia, de que ela está repleta de idiotices e de que seus ensinamentos são retrógrados e superados.

Alguns pais talvez não saibam, mas seus filhos estão freqüentando colégios onde os professores fazem sátiras e gozações do tipo:

"Tem algum imbecil aqui que acredita que existe um tal de Deus?""Tem algum retardado mental aqui que ainda acredita na historinha de Adão e Eva?"

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"Tem algum beócio (curto de inteligência; ignorante, boçal) que acredita que a tal Bíblia foi mesmo inspirada por Deus?"

Alguns pais ainda não se deram conta de que seus filhos já não acreditam que a Bíblia é a Palavra de Deus. E o pior... alguns já duvidam da existência de Deus ou de Jesus ser de fato filho de Deus.

Alguns já foram convencidos de que Jesus foi um profeta a mais, nascido da relação sexual entre Maria e José e que Jesus acabou tendo casos amorosos com diversas "Marias" e que morreu de velho numa das montanhas da Índia.

Alguns de nossos filhos já começam a concordar com a deputada que propõe a regularização das relações entre lésbicas e homossexuais. Ou já aceitam com naturalidade a proposta do Fernando Gabeira de liberar o uso da maconha. Eles já estão nas janelas e já começaram a dormir espiritualmente e, estão prestes a cair.

Há muito marido que ainda não se deu conta de que sua mulher também está na janela. Esposas que começaram a ficar cansadas da rotina e monotonia do lar e já começaram a olhar para fora. Estão começando a invejar outras mulheres, suas amigas ou vizinhas que estão se libertando da escravidão do casamento.

Algumas esposas já estão questionando esse negócio de submissão ao marido, liderança ou sacerdócio do marido... Algumas delas já foram atacadas pelo vírus das novelas que têm ensinado e incentivado, de modo sutil, a rebeldia, a infidelidade, o desrespeito, a prática escancarada do pecado.

Há esposa por aí, apaixonada por outro homem. Por enquanto ê só na cabeça, mas... se pintar um clima... não se sabe o que ela ê capaz de fazer.

Há marido que ainda não percebeu que a esposa está trocando a educação dos filhos por uma atividade profissional, mesmo que, financeiramente, eles não estejam precisando, mas ê uma questão de autonomia, de independência financeira, enfim, de liberdade.

Essas mulheres ainda não perceberam que pouco estão influenciando o caráter de seu filho. Não se deram conta de que seus filhos estão sendo educados e influenciados pela empregada domestica, a babá.

Influenciados pelos comunicadores da programação, pretensamente infantil, da televisão e pelos coleguinhas do prédio, ou da rua.

Há marido que ainda não se deu conta de que sua esposa já não lê tanto a Bíblia, mas não passa sem comprar e ler Capricho, Marie Claire, Claudia que vivem defendendo padrões contrários aos da Palavra de Deus.

Há marido que ainda não percebeu que a esposa já não estranha tanto, até já está aceitando esse negócio de partir para um novo relacionamento' caso o marido seja um chato.

Há marido que ainda não se deu conta das ameaças de separação que sua mulher já fez...

Tem esposa na janela, quase caindo.Algumas esposas ainda não perceberam que seus maridos já estão nas janelas. Há esposa que

ainda não consegue enxergar que seu marido já não ora tanto, não está lendo com regularidade a Bíblia, já não se motiva tanto a participar das atividades da Igreja.

Ela ainda não percebeu que ele cada vez mais vê televisão, cada vez mais sacrifica um culto para ver um joguinho de futebol ou para assistir à Fórmula 1, Fórmula 2, Fórmula Indy...

Há marido na janela, olhando para outras mulheres, Como o rei Davi, que da janela de seu palácio descobriu uma Bete Saba, linda, que se cuida, que se banha, que se bronzeia.

Tem marido que está se esfriando emocionalmente, por você, esposa, mas que está fervendo por outra.

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Há marido na janela...A solução para esse problema foi apresentada por Paulo. É preciso interromper o que se está

fazendo. É preciso parar de trabalhar tanto e começar a dar mais atenção aos nossos filhos É preciso descer para o nível onde nossos filhos estão.

Falar sobre os assuntos que lhe são pertinentes. É preciso "perder tempo com eles", inclinar-se sobre eles. É preciso abraçá-los. Só assim tornarão a viver.

É preciso resgatar a qualidade dos nossos relacionamentos dentro do lar. Muito marido coopera para que sua esposa caminhe para a janela. É preciso gastar tempo com ela. Conversar, perguntar como foi seu dia. Perguntar como está se sentindo. É preciso conversar sobre seus temores, ansiedades, sonhos e frustrações. Esposas precisam sentir-se mais do que "donas de casa". Elas querem ser tratadas como companheiras, parceiras. Elas precisam ser valorizadas.

Do mesmo modo as esposas precisam redescobrir a tremenda ferramenta que ê o diálogo e tirar dele todo o proveito. Mais adiante reservamos um capítulo especial para tratar desse tão importante assunto.

Se você não priorizar suas relações pessoais, se você ficar aí parado, vendo a banda passar, então não se espante se um dia desses você perceber que seu filho dormiu e caiu. Não se espante se sua esposa cair. Não se espante se seu marido morrer para você, e de repente você se vir sozinha.

A Bíblia está repleta de exemplos de relacionamentos significativos. Veja estes:

EXEMPLOS DO VELHO TESTAMENTO

Rute e Noemi: Rute 1.16Disse, porém Rute: Não me instes para que te deixe, e me obrigue a não seguir-te; porque aonde quer que fores, irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu,' teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus. Onde quer que morreres, morrerei eu, e aí serei sepultada,' faça-me o Senhor o que bem lhe aprouver, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti.

O relacionamento entre essas duas mulheres era tremendamente significativo. Os laços que as uniam eram muito fortes. Rute deixa bem claro a Noemi que nada poderia separá-las. Somente a morte seria motivo para cessar o relacionamento entre as duas.

Jônatas e Davi. J Samuel 20.17 Jônatas fez jurar a Davi de novo, pelo amor que este lhe tinha, porque Jônatas o amava com todo o amor da sua alma.

Elias e Eliseu. 2 Reis 2.2Disse Elias a Eliseu: Fica-te aqui, porque o Senhor me enviou a Betel. Respondeu Eliseu: Tão certo como vive o Senhor e vive a minha alma, não te deixarei.

Se você tiver tempo, tome sua Bíblia e dê uma boa lida nos primeiros capítulos do segundo livro de Reis. Seguramente você perceberá a belíssima relação entre o profeta Elias e seu discípulo Eliseu. O texto citado acima é parte de um diálogo muito interessante no qual Elias tenta dissuadir Eliseu de acompanhá-lo numa viagem de Samaria a Betel, depois Jericó, e finalmente às margens do Rio Jordão. A narrativa mostra a grande fidelidade e a profunda ligação que Eliseu tinha com Elias. Após três tentativas de dissuadir Eliseu de continuar a viagem, o profeta Elias recompensa seu discípulo com uma pergunta: "Pede-me o que queres que eu te faça, antes que eu seja tomado de ti." Eliseu então pede que ele lhe dê porção dobrada do seu espírito e isso lhe é concedido.

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Ao estudar a vida desses dois grandes profetas, percebe-se o companheirismo. Eliseu acaba por adotar um estilo quase idêntico ao de Eliseu, isso por causa da intimidade que os caracterizava. O modelo foi reproduzido.

RELACIONAMENTOS NO CONTEXTO DA SABEDORIA DE PROVÉRBIOS

Provérbios 15.30O olhar do amigo alegra o coração; as boas novas fortalecem até os ossos.

É verdade. O olhar de um amigo, ou de uma amiga, é capaz de nos estimular, encorajar. Muitas e muitas vezes fui influenciado a continuar no ministério em que me encontro, pelo apoio de meus amigos e irmãos de fé. Vários deles não precisaram dizer muitas palavras. Entretanto no seu olhar havia um brilho de amor, de estímulo e de esperança.

A igreja de Jesus precisa redescobrir as bênçãos do "olhar amigo" e da força que as palavras de vida podem ter sobre o espírito dos homens.

Provérbios 27.9Como o óleo e o perfume alegram o coração, assim o amigo encontra doçura no conselho cordial.

Ninguém se sente bem em locais que exalam mau cheiro. Ninguém se sente bem quando está impregnado de odores estranhos. Contudo, como é gostoso estar ao lado de pessoas perfumadas. É isso que o escritor de Provérbios quer dizer. Amigos nos fazem sentir bem, mesmo quando nos advertem através de conselhos.

OS EXEMPLOS DO NOVO TESTAMENTO

Uma vez, cerca de 15 anos atrás, ouvi o Pr. Caio Fábio pregar sobre Romanos 16. Quando começou a ler o texto eu me perguntei: o que é que este homem vai tirar de uma saudação de final de livro? Que sermão ele vai tirar da manga?

De fato, aparentemente, esse texto Bíblico não passa de uma saudação. Entretanto está cheio de afirmações e insinuações que apontam para a vida fantástica dos relacionamentos do apóstolo Paulo. Veja Romanos cap. 16:

Nos v.1 e 2: - Paulo chama Febe de irmã.- Paulo recomenda Febe.- Paulo reconhece que ela serve à Igreja de Jesus em Cencréia.- Paulo solicita que os irmãos da igreja em Roma a recebam, como convém a santos, e a ajudem

em tudo de que ela vier a precisar. - Paulo afirma que Febe foi sua protetora.Nos v.3 e 4: - Paulo se refere a seus amigos Áquila e Priscila como cooperadores que arriscaram

sua vida por ele.No v.5: - Paulo se refere a Epêneto, como "querido". Numa outra tradução temos o termo

"amado".No v.6: - Paulo reconhece que Maria trabalhou muito pelos irmãos.No v.7: - Paulo se refere a seus amigos Andrônico e Junias como "notáveis".No v.8: - Paulo chama Amplíato de "dileto amigo". Em outras versões aparece a expressão

"Amado no Senhor".E assim por diante. Se continuar estudando esse último capítulo de Romanos, você vai perceber

como a vida de Paulo era rica de amizades e de relacionamentos significativos.

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Filipenses 1.8Pois minha testemunha é Deus, da saudade que tenho de todos vós, na terna misericórdia de

Cristo Jesus.Note como Paulo estava envolvido com as pessoas. Ele levava seus relacionamentos a sério. O

texto bíblico acima mostra Paulo sentindo saudades de seus discípulos. Você há de convir que só sentimos saudades, quando estamos envolvidos intensamente com as pessoas a quem amamos. O cristianismo de nossos dias está emperrado porque não se deu conta de que um dos segredos da vida cristã é esse envolvimento genuíno com o próximo, fruto do amor do Senhor em nossas vidas.

Capitulo 2A Importância da Amizade na Vida do Discípulo de Jesus

Passei algum tempo observando algumas pessoas que eram profundamente amadas.Constatei que todas elas acreditavam que as pessoas eram uma dádiva de Deus e que constituía

uma fonte básica de felicidade. Davam importância às suas amizades. Por mais ocupadas que sejam, tais pessoas sempre arranjam um jeito para dar tempo a seus amigos.

Há um velho ditado que diz: "Deus pôs à nossa disposição coisas para usar e pessoas para com elas nos alegrarmos."

AMIZADE TEM UM CUSTO

É preciso priorizar nossos relacionamentos e amizades. Amizades não acontecem por acaso. Elas podem ser iniciadas por um acaso, entretanto não se desenvolvem por acaso. Amizades profundas têm de ser cultivadas por anos a fio: noites curtas, passeios e muito tempo para se conversar. Exige-se que o televisor, muitas vezes, seja desligado. Que o jornal ou revista sejam postos de lado. Que os afazeres do lar ou profissionais sejam interrompidos.

Por estranho que pareça, algumas pessoas têm medo de começar amizades por temerem a dor de perdê-las mais tarde. Entretanto, pessoas que souberam fazer grandes amizades e amaram intensamente a seus amigos, mas que por alguma circunstância vieram a perdê-las, testificam que, assim mesmo, valeu a pena. Tennyson, homem de grande personalidade, afirmou após a morte de um de seus melhores amigos: "É melhor ter amado e perdido do que jamais ter amado."

Bernard Shaw, disse certa vez sobre o assunto:"O caminho mais seguro para sentir-se miserável é arranjar tempo suficiente para ficar pensando

se somos felizes ou não." Não se descobre a felicidade perseguindo-a. Na maior parte das vezes, ela é um subproduto que nos é dado quando estamos nos entregando a outros."

Jesus afirmou diversas vezes, em situações distintas, que o homem se encontra a si mesmo quando a si mesmo se perde.

Deus ama através dos homens. Jesus, meu melhor amigo, faz-me sentir e viver seu amor através dos homens e das mulheres que colocou em torno de mim, em minha família, em minha igreja, no meu trabalho, em meu grupo de discipulado.

Jesus é meu melhor amigo, mas preciso de outros amigos a meu lado que me façam sentir, exprimir e viver com eles essa amizade suprema que dá sentido a todas as outras coisas.

Preciso de amigos, antes de tudo, para conhecer a mim mesmo. Preciso de um espelho para ver o meu rosto. Preciso de um amigo para ver a minha alma: preciso de sua presença, de sua paciência, de sua intuição, de suas reações, de seu amor, para que reflitam os traços de minha alma.

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Uma comunidade, uma igreja, ou um lar começam a formar-se e a estender suas raízes, quando se faz um esforço para acolher e amar cada um, tal como é. (Romanos 15.7).

TESTE

1. Quando as coisas ficam difíceis e você se sente péssimo, você tem um amigo a quem pode contar o que está acontecendo?

( ) SIM ( ) NÃO

2.Você tem um amigo(a) a quem possa expressar qualquer pensamento honesto, sem medo de parecer tolo?

( ) SIM ( ) NÃO

3.Você tem um amigo que lhe permite contar todo um problema sem lhe dar conselhos? Que esteja disposto a apenas ouvi-lo ?

( ) SIM ( ) NÃO

4.Você tem um amigo que tem liberdade de dizer que você está em pecado? Ou que não está raciocinando bem?

( ) SIM ( ) NÃO

5.Você tem um amigo que ficaria a seu lado mesmo depois de você fracassar moralmente?( ) SIM ( ) NÃO

6.Você tem um amigo com quem você sente que juntos enfrentam a vida?( ) SIM ( ) NÃO

7.Você tem um amigo a quem realmente pode confidenciar os mais profundos segredos e pensamentos do coração e ficar tranqüilo que ele não passará adiante?

( ) SIM ( ) NÃO

8.Quando você é autêntico e transparente para com seu amigo, sente-se convencido de que ele não o rejeitará?

( ) SIM ( ) NÃO

9.Você se reúne com seu amigo regularmente? ( ) SIM ( ) NÃO

10.Você tem liberdade de orar com seu amigo? ( ) SIM ( ) NÃO

08S: Se você não marcou mais do que 7 itens positivamente, eu o aconselho a fazer uma pequena revisão nessa área de sua vida.

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NOSSA REAÇÃO DIANTE DA PRESENÇA DE OUTRAS PESSOAS QUE CRUZAM O CAMINHO DE NOSSA VIDA

SIMPATIAEm qualquer grupo ou comunidade, é quase certo que pessoas parecidas atraiam-se e aproximem-

se. É muito gostoso estar ao lado de alguém que me agrada, que tem as mesmas idéias, o mesmo estilo de vida, o mesmo tipo de humor, a mesma linguagem, os mesmos gostos, a mesma cultura, o mesmo padrão de vida.

Nesse caso, as pessoas são alimento uma para o outro. Há elogios mútuos como: "Você é maravilhoso." - O outro então responde: "Você também..." Nesse nível as amizades tendem a cair rapidamente num clube de mediocridade. Um clube fechado extremamente elitizante.

Tais amizades podem tornar-se sufocantes e passam a constituir-se numa barreira que impede de se caminhar em direção aos outros, e suprir as suas necessidades.

Com o passar do tempo, certas amizades tornam-se uma dependência afetiva altamente nociva e escravizadora.

ANTIPATIAÉ muito comum surgirem no meio da comunidade a que pertencemos as pessoas antipáticas.

Nossa tendência é afastar-nos delas. Entretanto elas são pessoas preciosas por cuja a salvação Jesus também morreu.

O que Jesus espera de mim é que eu venha a amá-las independente do seu jeito de ser. Vamos considerar quem são os antipáticos. São:

1.Aqueles com quem não me entendo. 2.Aqueles que me bloqueiam.3.Aqueles que me exortam freqüentemente.4.Aqueles que abafam o progresso da minha vida.

5.Aqueles que se opõem às minhas idéias e propostas. 6.Aqueles que me questionam.7.Aqueles que fazem nascer em mim sentimentos de inveja e de ciúmes. Eles são o que eu

gostaria de ser. Sua presença lembra-me o que não sou.8.Aqueles que me incomodam porque exigem muito de mim. Não posso responder à sua

incessante carência afetiva. Sinto-me na obrigação de afastá-los.9.Aqueles que me irritam por causa de seu comportamento.

Tais pessoas despertam em mim, aquilo que chamamos de antipatia. Tenho dificuldade em aceitá-las como são, se comportam e não rara às vezes, elas se tornam minhas inimigas. Alimento em relação a elas um certo tipo de "ódio psicológico", não moral. Ás vezes gostaria de livrar-me delas e dese jaria que não existissem.

Esses pensamentos levam-me a concluir e optar pelas chamadas "panelinhas", que são um perigo para o desenvolvimento da unidade em nossa comunidade. Na verdade, o brotar da antipatia, revela uma vida espiritualmente imatura.

Uma comunidade só é comunidade quando a maioria de seus membros decidiu conscientemente quebrar essas barreiras e sair do aconchego das amizades convenientes para estender a mão a todos indistintamente, inclusive aqueles que nos parecem "chatos". antipáticos.

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Capitulo 3Tipos Possíveis de Relacionamento

Para que os membros de uma comunidade, grupo de discipulado ou família, se identifiquem autenticamente com um projeto comum, é indispensável examinar o tipo de relação que se dá entre eles.

A única relação saudável é a interdependência. Vamos agora examinar outros tipos de relação.

1. DEPENDÊNCIAEssencial na infância, podendo, em certos casos manifestar-se na idade adulta. Quando não é

essencial, gera uma espécie de escravidão mental, física, emocional, social e espiritual, que não permite as relações de comunhão. Para que se estabeleça a dependência, a pessoa dependente tem de renunciar a uma parte de seu pensamento, sentimento, e vontade.

A dependência pode ter a forma de uma simbiose (simbiose significa convivência de dois organismos distintos: "sim" = junto e "bios" = vida). A simbiose pode ser completa, ou seja, de dependência mútua; ou parcial, em que um dos membros é o dependente, enquanto o outro mantêm sua individualidade intacta.

Isso pode ser explicado porque na cabeça de tal pessoa só existem duas opções: agüentar a angústia e a dor da solidão ou vender parte, ou toda a sua vontade para conseguir a segurança da aceitação. Por outro lado o indivíduo que aceita o jogo do dependente, o faz para sentir-se valioso e acaba tornando-se um escravo dessa relação pois passa a se responsabilizar pelos pensamentos, sentimentos ou ações do outro.

2. ANTIDEPENDÊNCIAÉ uma forma especial de dependência, na qual um indivíduo, em lugar de submeter-se aos desejos

ou critérios do outro, passa a adotar uma atitude sistemática de rebeldia e oposição. Tal comportamento é tão escravizante quanto a submissão cega, já que ambas dependem de um padrão de conduta imposto por outra pessoa, ante o qual ou se submete, ou se rebela.

Esta postura nasce quase sempre num coração amargurado e rancoroso que pode gerar sentimentos concomitantes de ódio ou inveja. Os adolescentes, que não foram educados e mentoreados por seus pais de modo saudável - podem desenvolver essa postura. Eles se rebelam e passam a fazer oposição sistemática aos seus pais ou qualquer outra pessoa que adquira o papel de autoridade ou liderança.

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3.A INDEPENDÊNCIAAcontece quando, nas relações, são eliminados os problemas anteriores, e os indivíduos mantêm

sua individualidade e seu direito de autodeterminação, numa relação sem compromisso, como numa espécie de negócio relaciona!, em que o "eu "se sobrepõe ao "nós". Cada um vive seu projeto de vida sem se importar ou dar satisfação aos outros.

É uma relação perigosa, pois gera e nutre uma postura egoísta e contrária aos ensinos de nosso Mestre Jesus. Seus ensinos sempre nos incentivam a viver uma vida "outrocêntrica" onde o próximo é muito importante e faz parte da nossa realidade. Além do mais, pessoas que adotam este tipo de atitude, dificilmente podem experimentar a prática do amor, da compaixão, da misericórdia e outros sentimentos tão importantes para o estabelecimento de um caráter maduro e saudável.

4. INTERDEPENDÊNCIAÉ um estilo de relações caracterizado pelas atitudes mutuamente comprometidas entre os

membros de um grupo (célula de discipulado, casal, família, equipe de líderes, comunidade), nas quais se tende a aprofundar as relações de comunhão, colocando, cada um, o melhor de si a serviço de um projeto histórico comum que os faz sujeitos, e, não objetos, da História, guardando cada qual a sua autonomia.

É a única relação que permite o maior aprofundamento da comunhão: transcende e vai mais além da simples soma das pessoas. Ela permite que vivamos uma comunidade de relações especiais na qual se requer que todas as pessoas participem e contribuam a partir de sua individualidade, mas a caminho do enriquecimento da comunidade.

Quando se vive a interdependência há uma atitude de:Ser” com alguém...” em vez de apenas... "estar com alguém...“desejar” em vez de...“necessitar desesperadamente de” “querer” em vez de...“ter de”"ir ao encontro de” “em vez de... “esperar que e/e venha"

No exercício e desempenho de uma interdependência:O "meu" e o "teu" se complementam no nosso.

Cada membro da comunidade tem o mesmo direito à individualidade e à autodeterminação e investe o melhor de si mesmo num "projeto histórico comum", coerente com seu sistema de valores e suas motivações profundas, que o levam a comprometer-se e a realizar-se em seu meio ambiente e em sua história.

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ETAPAS DO PROCESSO DE INTER-RELAÇÃO

1. ETAPA DA ILUSÃOEssa é uma etapa onde cada uma das pessoas tem uma imagem ideal das outras pessoas e do

grupo. Vemos as pessoas e o grupo, como gostaríamos de vê-tos e não como elas são na realidade. É a etapa "cor-de-rosa".

É aqui que as pessoas fazem uso de diversas máscaras e assumem papéis que lhe são convenientes. As relações são superficiais e de fachada. As pessoas consomem boa dose de energia emocional preocupadas em criar, desenvolver e manter uma imagem quase sempre fictícia.

Qualquer que seja a representação ou papel desempenhado, geralmente isto se tornará um obstáculo à nossa autenticidade e à boa comunicação. Isto porque passamos a ensaiar nosso papel todos os dias e fazendo assim - perdemos gradualmente o contato com quem realmente somos.

Não sabemos discernir onde termina nossa fantasia e nossa mascara e onde começa nosso verdadeiro "eu".

Dificilmente, nesta etapa, (ilusão) as pessoas se abrem de fato um para o outro. Da mesma forma tentam se ocultar, bem com seus mais sérios problemas pessoais.

Em outras palavras as pessoas brincam de faz de contas. Cada um cria a sua fantasia sobre si mesmo e sobre os outros e passam um bom tempo tentando construir relacionamentos que visam a satisfação de seu "ego".

EXERCÍCIOTente identificar-se com alguns desses nomes que se encontram na próxima página. Quais seriam

os nomes dos personagens desempenhados por você ultimamente?Faça um circulo ao redor do nome que mais se aproxima de Seu papel no teatro da Vida. Se não

encontrar um, crie o seu, você mesmo.

Mãos à obra.1. Relações Públicas2. Formiguinha3. Cigarra4. Batalhador (a)5. Valentão6. Sedutor (a)7. Pavio Curto8. Desanimado (a)9. Capaz10. Pateta11. Porco-espinho12. Tímido (a)13. Macho14. Esperto (a)15. Decepcionado (a)16. Incrédulo (a)17. Conformado (a)18. Desesperado (a)19. Desastrado (a)20. Boa Forma21. Tagarelo (a)22. Sorriso

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23. Agarra Tudo24. Esperança25. Bagunça26. "o (a) terrível"27. "o (a) Lutador (a)"28. Maridão29. Cansado (a)30. Deprimido (a)31. Amargura32. Sonhador (a)33. Gangorra34. Mulher de Verdade35. Conformado (a)36. Espectador37. Prisioneiro (a)38. Ciumento (a)39. Complicado (a)40. Brincalhão (ona)41. Enigmático (a)42. Confuso (a)43. Indeciso (a)44. Correria45. Doentinho46. Manequim

Normalmente as pessoas deixam de ser autênticas para representar algum papel conveniente que, de alguma forma, possa satisfazer as necessidades do seu ego. Por exemplo:

... Doentinho (a) - adota esse papel para atrair a atenção e carinho dos outros.

... Brincalhão (ona) - vive fazendo gracinhas como maneira de desviar a atenção dos outros; assim restam poucas chances de se revelarem os reais problemas que o afligem.

... Maridão - exagera seu carinho e cuidado com a esposa, muitas vezes para compensar ou disfarçar uma outra paixão, paralela.

... Cigarra - procura, através dos prazeres da vida e especialmente da carne, abafar as crises internas que tanto a deprimem.

É nessa fase (da ilusão) que se trata de:- fazer coisas e mais coisas (ativismo).- fazer rir.- fazer de conta que não se viu o erro.- exercer ao máximo a diplomacia.- abafar a autenticidade em favor da paz. - sonhar.- fazer promessas.- contar vantagens.- exagerar possibilidades.

Esse comportamento é muito comum no início da vida cristã, ou de um grupo de discipulado e também pode ocorrer do namoro e nos primeiros anos de casamento.

Ser autêntico e honesto consigo mesmo exige que se desista desses nossos papéis e máscaras.

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RECOMENDAÇÕES ÚTEIS1..Tente ser honesto consigo mesmo.2.Tente descobrir por que você age desse modo.3.Procure aprender a ser você mesmo e não aquilo que os outros gostam que você seja. 4.Lembre-se: a viagem mais longa de uma pessoa é aquela que ela faz para dentro de si. 5.Nesse processo, você sempre corre alguns riscos, como:- escandalizar as pessoas.- não ser compreendido- perder amigos que só gostavam da sua máscara.- conhecer quem você realmente é.

RECOMPENSASe você estiver disposto a correr esses riscos, como afirma Loretta Brady em seu livro "Arrancar

Máscaras - Abandonar Papéis":"...então sua coragem colherá magníficas recompensas: a estátua ganhará vida; a Bela

Adormecida acordará. Você ficará conhecendo quem você realmente é".Talvez, pela primeira vez você perceba com clareza onde termina um papel e onde começa o

verdadeiro "eu". Sua verdadeira identidade sairá por detrás da máscara, do fingimento, da hipocrisia. Seus relacionamentos serão mais autênticos e genuínos.

2. ETAPA DA DESILUSÃO ou ETAPA DA CRISENesta etapa as pessoas começam a se conhecer melhor. As máscaras começam a cair e as pessoas

começam a se enxergar, como de fato são. Em outras palavras as pessoas não são mais como eu havia pensado que fossem, nem o grupo funciona como eu pensei que deveria funcionar.

A decepção, o desapontamento e a desilusão começam a angustiar as pessoas e uma crise começa a se instalar dentro de cada um, bem como no grupo. As emoções variam de sentimento de traição até a conclusão de terem perdido seu precioso tempo.

As pessoas dão-se conta de que são diferentes uma das outras no que se refere a:

- formação,- gostos,- culturas,- poder aquisitivo, - reação,- habilidades,- temperamentos.

Descobrem que são maiores os problemas que as separam do que o vínculo que as une. Os acontecimentos podem ser insignificantes ou sérios, de muita ou pouca importância; tudo é dramatizado. O incômodo surge, o silêncio se espalha, cresce a apatia, mostram-se os olhos desligados, a angústia... enfim... a crise.

Essa crise pode descambar para o divórcio comunitário.

1. DIVÓRCIO COMUNITÁRIOSe a etapa da desilusão não for superada, então corre-se o risco de caminhar para um processo

gradual de separação e de desintegração das relações.

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SINTOMAS DO DIVÓRCIO COMUNITÁRIO1. Tristeza coletiva.2. Desilusão e vazio.3. Falta de interesse pelas coisas do outro.4. Falta de diálogo.5. Falta de comunicação efetiva.6. Desinteresse pelas atividades do grupo.7. Freqüente mau humor e tensão.8. Sentimento de solidão e de incompreensão.9. Ridicularizações e sarcasmos generalizados.10. Falta de entusiasmo.11. Falta de fé nos ideais do grupo.12. Desinteresse pelos estudos, leituras e tarefas.13. Vida espiritual individualizada.14. Insultos e grosserias.15. Atividades paralelas e concomitantes.16. Freqüentes discussões.17. Ausências sem justificativas.18. Vida de egoísmo e individualismo.19. Não compartilhamento da vida.20. Falta de atenção.21. Esquecimento de compromissos do grupo.22. Questionamento da autoridade do líder.23. Murmuração sobre atividades e programas.24. Falta de continuidade no programa.25. Ausência de comunicação e relação pessoal informal (extra programa).26. Mais confiança em outros que não são da comunidade ou grupo.27. Prioridades profissionais ou de lazer acima da comunidade.28. Comparações a respeito de outros grupos.

Capitulo 4Qualidade de Nossos Relacionamentos

1. DECISÃO DE CULTIVAR OS RELACIONAMENTOSRelacionamentos não acontecem automaticamente, ou casualmente. Eles envolvem uma

determinação consciente de querer dar o primeiro passo. É uma questão de vontade e de decidir andar pela fé, uma fé que crê ser a Palavra de Deus mais verdadeira do que qualquer sentimento humano.

"É preciso cultivar amizade, mais do que esforçar-se por projetar uma imagem de líder, ou de autoridade." (Larry Cor).

A amizade baseia-se num intercâmbio entre pessoas que dão e que recebem. O grau de amizade entre duas pessoas varia de acordo com a capacidade que cada uma tem de liberta-se do "ego" e dar, e depende também da capacidade de se aceitar o que está sendo dado.

A Bíblia dá muita ênfase à camaradagem entre os filhos de Deus que devem viver em interdependência (mutualidade) e um interesse pelos problemas uns dos outros.

Em I João 1.7 está escrito: Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros...

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Pv 17.17 diz: Em todo o tempo ama o amigo e na angústia se faz o irmão.No livro "Arrancar Máscaras! Abandonar Papéis! - de John Powell e Loretta Brady -

encontramos as seguintes afirmações sobre decidir-se por melhorar nossos relacionamentos:"...o início de toda comunicação bem sucedida é o desejo - desejo de se comunicar. Esse desejo

não pode ser vago e transferível. Tem de ser um firme estado de espírito, uma resolução interior, uma promessa concreta feita a nós mesmos e àqueles com quem estamos tratando de nos relacionar..."

Tudo isso nos dá a impressão de que o compromisso da comunicação exige uma vontade de ferro. A verdade é que não existe essa coisa de "vontade forte". O que é forte ou fraco em nós é a motivação. Quando alguém está altamente motivado parece ter vontade forte e determinada.

O segredo da força de vontade está na força da motivação.A vontade reage em proporção direta aos motivos propostos e compreendidos. Podemos fazer

coisas incríveis se estivermos suficientemente motivados.Empenhar-se é, claramente, uma questão de prioridades. Todos conhecemos a importância das

prioridades, por experiência pessoal. Se temos cinco coisas a fazer no mesmo dia, de alguma forma conseguiremos realizar aquelas às quais dermos prioridade. Na verdade fazemos aquilo que julgamos ser importante.

É IMPORTANTE VENCER MEDOS E TRAUMASUm dos principais obstáculos a novos relacionamentos são os traumas gerados a partir do

fracasso de antigos relacionamentos. É do conhecimento de todos, que o fracasso obscurece e enfraquece uma decisão.

A galeria dos grandes vultos da história está repleta de homens como Abraão Lincoln, Thomas Alva Edison, Marconi e outros. Todos eles tinham uma coisa em comum: fracassaram várias e várias vezes até alcançarem o sucesso. Lincoln perdeu várias eleições antes de se eleger presidente dos

E. U.A. Thomas Alva Edison, chegou a fracassar milhares de vezes em suas experiências. Entretanto persistiu e finalmente conseguiu. Marconi chegou a ser internado quando afirmou ser possível a transmissão radiofônica.

Alguém disse um dia:"Não há maior fracasso do que o fracasso de não tentar."

É preciso derrotar nossos traumas ligados a relacionamentos frustrados. Temos que levar nossas decepções e amarguras, e depositá-las no altar do Senhor.

Precisamos levar em conta os ensinos de Jesus a esse respeito. Um deles é a proposta de aprendermos a andar a segunda milha. Jesus mesmo foi um exemplo vivo dessa postura de vida.

Apesar de investir cerca de três anos na vida de Pedro, Jesus podia ter desistido de Pedro quando este o negou. Entretanto ele resolveu andar a segunda milha. Não desistiu de se relacionar com Pedro. Deu-lhe uma segunda chance e Pedro soube aproveitar essa oportunidade e transformou-se num dos maiores personagens da História.

Se você é um discípulo de Jesus, então deve estar disposto a superar traumas de relacionamentos. Não permita que experiências malsucedidas do passado determinem, em você, a postura de não querer mais se envolver em novos relacionamentos.

BLOQUEIOS NA COMUNICAÇÃOQuase todos nós usamos, de modo conveniente, certos bloqueios para, deliberadamente, deixar de

ouvir outra pessoa. Esses bloqueios são verdadeiros empecilhos e inimigos de uma boa comunicação.Quais as razões que me levam a erguer tais bloqueios?

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l. Muita preocupação com a minha agenda e o meu próprio programa de atividades.2. Receio de que venha a me concentrar em outra pessoa e deixe de pensar em mim.3. Receio de que se o rio de sua dor correr para o meu mundo, ficarei alagado.4. Medo de pagar caro por escutar alguém. 5. Medo das conseqüências da intimidade.6. Preconceito.7. Impaciência. 8. Insensibilidade.9. Prioridades mal formuladas.lO. Falta de amor. 11. Falta de perdão.12. Orgulho, soberba.13. Falta de humildade.14. Traumas do passado não resolvidos. 15. Pessimismo.16. Desinformação.17. Falta de interesse.18. Falta de atenção.19. Antipatia.20. Independência. 21. Antidependência.22. Falsidade23. Aspereza. 24. Julgamentos precipitados.

É PRECISO DESENVOLVER A PACIÊNCIAOutro dia estava observando um homem que cortava uma grande pedra numa montanha perto de

minha casa. Ele começou a bater na pedra com seu martelo e a talhadeira. Creio que ele deu aproxi-madamente umas cem pancadas. Até aquele momento ele parecia apenas estar encontrando o lugar certo e o momento certo de desferir um golpe final. Subitamente ele bate uma última vez e a grande pedra abre-se magicamente.

Observando essa cena pude entender e dar valor ao cultivo da paciência. Ela é uma aliada in-dispensável de quem deseja viver relacionamentos intensos e significativos. A paciência nos ajuda a suportar dores, incômodos, infortúnios que podem ocorrer quando nos dispomos ao relacionamento. Também evita que adotemos atitudes queixosas. A paciência fortalece os vínculos e permite passar pelas adversidades com resignação.

A convivência humana pode, muitas vezes, representar o inferno. Nesse sentido a paciência surge como um ingrediente lubrificador que desemperra situações embaraçosas. Sendo pessoas à busca da semelhança de Cristo, então, devemos seguir Seu exemplo, disciplinando-nos a sermos pacientes.

A paciência permite-nos discordar dos outros sem sermos desagradáveis, sem precisarmos ser "grossos". A paciência é a mantenedora das amizades. Quantas e quantas amizades e relacionamentos ruíram por causa da impaciência.

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O PERFIL DO IMPACIENTE

-irrequieto.-explosivo.-grosseiro.-não consegue raciocinar.-não tem calma.-amargurado.-semblante carregado.- irritadiço.-propenso a dizer palavras duras e maldosas. -Desrespeita facilmente os outros. -Machuca com freqüência as pessoas. -Torna-se um murmurador.-Levanta contendas com facilidade.-Tem dificuldades em ter amizades estáveis e profundas.-Corre o risco de cometer "loucuras".

CONHECER-SE A SI MESMOSe quisermos defrontar-nos de maneira eficaz com a realidade quotidiana, é preciso conhecermos

a fundo nossa própria identidade. O conhecimento do outro nasce do conhecimento que tenho de mim.Uma máxima de Goete afirma: "Se quiseres conhecer-te a ti mesmo, observa o que fazem teus

vizinhos. Se quiseres conhecer teus semelhantes, penetra em ti mesmo."A maioria das pessoas faz exatamente o contrário, isso porque, de maneira habitual, somos

objetivos ao observar a nossos semelhantes e, subjetivos, ao observar a nós mesmos, pois não é fácil sermos objetivos ao julgarmos nossa própria situação.

A integração entre pessoas é adquirida com o tempo e pressupõe a combinação de metas alcançáveis, trabalho duro e uma boa dose de sacrifício, além da disposição de correr riscos.

Quando me compreendo melhor e quando passo a compreender o outro, acabo por entender como a individualidade se desenvolve num contexto social e interpessoal e isto me proporciona um estilo de vida rico e com menos possibilidades de conflitos interpessoais.

Outra consideração interessante refere-se ao fato de se observar a conduta do "eu" quando se envolve numa experiência social. Em outras palavras, quando eu estou vivendo a minha individualidade, eu me comporto de um determinado modo.

Entretanto, quando estou me relacionando com outras pessoas, passo a viver um outro comportamento, afetado pela presença de outras "individualidades". Deveríamos nos disciplinar para continuarmos a viver nossas relações sociais sem perder a autonomia.

Conhecer-se a si mesmo significa:- enfrentar-se a si mesmo com honradez e franqueza; isto é, ser autêntico, com o fim de ver com

clareza o que somos de verdade e não a imagem do que desejamos ser.- conciliar de maneira realista as discrepâncias que existem entre nossas esperanças e o que

conseguimos alcançar;- conciliar as diferenças entre nossas ambições e reais habilidades.Significa, portanto, aceitar com todas as suas conseqüências uma verdade psicológica simples: o

"eu" não é algo que preexiste no homem e, sim, algo que ele cria. Ou seja, você tem um papel determinante na formação de sua personalidade. Você não é apenas um ser passivo, resultado de fatores determinantes e imutáveis.

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Conhecer-se a si mesmo significa integrar a personalidade com seus sentimentos simultâneos de adequação, capacidade, dignidade pessoal, segurança, valor. Veja o exemplo na vida de Paulo:

a) adequação. Filipenses 4.11-13Porque já aprendi a contentar-me com as circunstâncias em que me encontre. Sei passar falta, e

sei também ter abundância; em toda maneira e em todas as coisas estou experimentado, tanto em ter fartura, como em passar fome; tanto em ter abundância, como em padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece.

b) Capacidade. 2 Coríntios 6.4-10Antes em tudo recomendando-nos como ministros de Deus; em muita perseverança, em aflições,

em necessidades, em angústias, em açoites, em prisões, em tumultos, em trabalhos, em vigílias, em jejuns, na pureza, na ciência, na longanimidade, na bondade, no Espírito Santo, no amor não fingido, na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça à direita e à esquerda, por honra e por desonra, por má fama e por boa fama; como enganadores, porém verdadeiros,' como desconhecidos, porém bem conhecidos; como quem morre, e eis que vivemos; como castigados, porém não mortos; como entristecidos, mas sempre nos alegrando,' como pobres, mas enriquecendo a muitos; como nada tendo, mas possuindo tudo.

c) Segurança. 2 Timóteo 4.14-15Alexandre o Ia toe ira, causou-me muitos males; o Senhor lhe dará a paga segundo as suas

obras. Tu, guarda-te também dele, porque resistiu .fortemente às nossas palavras.

d) Valor. 2 Tm 1.6Por esta razão, pois, te admoesto que reavives o dom de Deus, que há em ti pela imposição de

minhas mãos. Porque Deus não nos tem dado um espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação.

Tudo isso pode ser experimentado, vivido. Na verdade, trata-se de uma atitude, ou conjunto de atitudes que devem ser aprendidas e adquiridas. O que significa que, ás vezes, as atitudes "más" devem ser substituídas por outras mais positivas.

Não podemos duvidar de que as experiências do passado exercem enorme influência sobre a conduta do presente. É impossível modificar aquilo que ocorreu. Mas sempre é possível mudar o que pensamos a respeito.

As experiências passadas são imutáveis, mas podemos modificar os sentimentos a seu respeito, e esse, sem dúvida, é um grande passo em direção à formação de unia sólida personalidade integrada.

Do mesmo modo como podemos aprender uma orientação positiva ante uma realidade, também podemos aprender a pensar de modo construtivo a respeito de nós mesmos.

O desenvolvimento de um conceito satisfatório do "eu" é o primeiro dos requisitos essenciais para desenvolver uma boa imagem de si. Como conseqüência, estaremos muito mais preparados para entender os outros.

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Capitulo 5Níveis de Identidade

Todo ser humano tem a necessidade fundamental de ter um conceito correto sobre si mesmo. Em outras palavras, é preciso conhecer o seu próprio "eu". É horrível e frustrante conviver com pessoas que têm uma imagem negativa ou distorcida de sua própria identidade.

O QUE É AUTO-IDENTIDADE?

Para o discípulo de Cristo, é de fundamental importância o desenvolvimento e a manutenção de uma auto-identidade sólida e positiva.

É o conjunto de conceitos, valores e julgamentos que fazemos a nosso respeito e sua relação com os resultados obtidos em conseqüência de nossa postura. O apóstolo Paulo afirma em uma de suas cartas: “... ninguém deve pensar de si mesmo, além do que convém..."

A auto-identidade pode se estabelecer em vários níveis, de acordo com nossas convicções e con-veniências. Vamos analisar alguns desses níveis.

1. NÍVEL FÍSICOÉ o nível onde a auto-identidade se estabelece em termos físicos, do próprio corpo. É aí que as

habilidades físicas e as qualidades estéticas adquirem uma grande importância para a pessoa que se determina a auto-avaliar-se por esse nível.

Se não forem tomadas certas precauções, nesse nível a pessoa pode ser levada a uma preocupação exagerada com seu corpo. Tudo será feito para que ele seja mantido sadio, bonito, forte, juvenil. É nesse nível que brotam os "narcisistas", que vivem se embevecendo com seu próprio corpo.

Mais do que nunca, hoje estamos vivendo um verdadeiro culto ao corpo. Há toda uma indústria e comércio voltados para esse nível. Academias, clínicas do tipo SPA - para manutenção ou rejuve-nescimento, ou então medicina especializada em regimes e dietas de emagrecimento, saunas, massagens, ginásticas aeróbicas, coopers, tratamentos de pele, cirurgia plástica, cabeleireiros, esteticistas, modistas, estilistas, costureiros etc... todos esses são subprodutos do consumismo exagerado, criados para atender à enorme demanda daqueles que vivem nesse nível de auto-identidade, o do corpo.

É nesse nível que se situam os que vivem dando excessiva atenção à sua aparência, quanto ao vestir, quanto à estética, ou viverem com a preocupação um tanto ingênua, às vezes até ridícula, de esconder os sinais de envelhecimento.

Tais pessoas correm o risco de acabar como Narciso que, de tanto contemplar e curtir nas águas sua beleza, morreu afogado dentro de sua própria imagem.

Pessoas assim, tornam-se escravas dessa auto-imposição de estar sempre em forma, sempre bonitas, sempre jovens, sempre com boas roupas e assim por diante. O espelho passa ser um cruel algoz que sempre está pronto a denunciar a realidade.

Quando uma doença bate à porta dessas pessoas, seu mundo desaba. Quando não conseguem fazer determinado regime, ou quando não podem comprar certo tipo de roupa... deprimem-se e sofrem terrivelmente.

Outros são escravos dos paradigmas impostos pelos meios de comunicação. Em outras palavras, o conceito de beleza passa a ser aquele fornecido pelos esteticistas, pelos costureiros, pelas agências de propaganda, pelas novelas.

As vítimas desse estilo de vida nunca estão satisfeitas com a sua beleza, suas roupas, suas formas, seu peso e assim por diante...

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2. NÍVEL PSÍQUICOEste nível é superior ao anterior. É uma outra possibilidade de nos definirmos: a que nos é

oferecida pela referência aos nossos talentos, habilidades, dotes pessoais e qualidades. Por exemplo:- um QI elevado;- capacidade de sair-se bem em provas ou concursos;- certa habilidade nas artes plásticas;- certas habilidades esportivas;- um bom desempenho no trabalho ou na escola;- um bom caráter, um bom comportamento, retidão moral.

Nesse nível a pessoa enfatiza tudo o que sabe fazer e espera conquistar o reconhecimento dos outros através de um elevado nível de desempenho. Esse nível proporciona uma sensação de valor e dá um certo sentido positivo à pessoa, entretanto, pode gerar certos riscos evidentes como:- uma visão parcial da humanidade;- menosprezo por aqueles que não conseguem o mesmo desempenho;- orgulho de suas capacidades pessoais;- impaciência e irritação com outras pessoas que não tenham um bom desempenho ou não valorizem essas coisas.

Nesse nível psíquico, algumas pessoas podem, perfeitamente estabelece-se dando ênfase a determinados aspectos, aos quais associam sua identidade. Veja:

2.1.Aqueles que tomam o talento como fonte de identidade.Aqui se enquadram as pessoas que atribuem importância fora do comum a habilidades e talentos.

Elas só se sentem alguém ou só se aceitam quando constatam que possuem certos talentos indiscutíveis.Sua dignidade ou amabilidade não são, portanto, algo objetivo, seguro e estável: dependem da

existência, ou não, dessas mesmas qualidades. Com base nelas, tal pessoa se sentirá um fracasso ou um super-homem.

Para essas pessoas, a realização e felicidade estão diretamente relacionadas a sucesso, vitória, desempenho e lucro. Por essa mesma razão, quando a derrota ou o fracasso, o déficit ou a má performance chegam, elas mergulham em depressão e não se perdoam.

2.2.Aqueles que dependem da função ou do ambiente.Certas pessoas estão tão mergulhadas nesse nível que não conseguem separar, seu" eu" da função

que exercem, do cargo de que são investidos ou do ambiente em que vivem.É como se sua personalidade imergisse na função, com o risco de, a longo prazo, perder a própria

originalidade e ficar sufocada. Tornam-se demasiadamente dependentes da função ou do ambiente, auto-sentenciando-se a viver uma vida de pouca criatividade e sempre menos livres para serem elas mesmas.

Esses são os que se tornam "escravos da função", ou seja, os que pensam encontrar, na função ou ambiente, não só a ocasião para revelar as próprias capacidades, mas até mesmo a possibilidade de existir e de se afirmar. Assumem sua função como uma roupa que não querem mais tirar.

Vamos tomar o exemplo da mulher no serviço, que é investida no cargo de chefia. Entretanto, em casa, sofre por ter que se submeter à liderança do marido.

Outro exemplo é aquele militar que não consegue separar sua casa do quartel. Em outras palavras: ao chegar a sua casa depois do expediente, ele não consegue se desligar das características, duras e severas de sua função, onde a patente, de certa forma, exige austeridade. Em casa, junto à sua esposa e filhos continua a se comportar como se ainda estivesse dentro de um quartel.

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Lembro-me do funcionário que trabalhava no Palácio da Alvorada e posteriormente foi transferido para um outro setor do governo que funcionava numa dependência bem mais simples e sem luxo. Embora tivesse os mesmos privilégios e um salário melhor que o anterior, ficava deprimido.

2.3.Aqueles que sentem uma necessidade extrema do sucesso.Esse é um outro tipo de auto-identidade no nível psíquico. Trata-se da pessoa que se sente

obrigada a ter sucesso em tudo, ou pelo menos a alcançar bons resultados. E essa é uma das piores condenações que a pessoa pode impor-se. Ela é levada, constantemente, a julgar-se por aquilo que realiza ou por aquilo que dá, pela qualidade da função que desempenha e pelos resultados visíveis.

Essa pessoa buscará, com todas as forças, o resultado excelente, dando excessiva importância a toda situação em que o "eu "se exibe, a ponto de identificar-se com os próprios eventuais sucessos. Na sua própria opinião, ela não só alcançou o sucesso, mas ela é o sucesso.

Para alguém assim, o sucesso é uma questão de sobrevivência. A pessoa não só luta por saber, mas, se possível, por mostrar que possui muitas qualidades, para que também os outros possam valorizá –la.

Essas pessoas inconscientemente vêem os outros como juízes naturais de sua prestação de serviços. E, uma vez que o julgamento deles é importante, não é improvável que a pessoa procure adequar-se ao que eles esperam.

Tal comportamento aniquila a liberdade interna de o indivíduo tornar-se ele mesmo. Uma pessoa assim vive a mendigar estima pelo resto de sua vida, pois entregou a própria vida (e a paz interior) a esses mesmos juízes.

É próprio desses indivíduos o viver se preocupando com sua imagem social e com seu desem-penho. Pouco a pouco a imagem social torna-se fonte de identidade. Como conseqüência a pessoa que assume essa postura não consegue ficar longe da "badalação", ou seja não consegue viver sem a bajulação dos outros, pois se determinou a fazer disso o alimento para sua identidade.

É PRECISO DESENVOLVER UMA BOA PERCEPÇÃO DO FUTURO

Um dos fatores que conduzem à solidificação de amizades e relacionamentos profundos reside na capacidade de conseguirmos superar os fatos do passado e as ocorrências do presente e enxergar uma pessoa no futuro.

O importante não é o que ela foi, ou o que ela é, mas o que poderá vir a ser.Jesus conseguiu isso em seu ministério. Ele olhava para longe ao escolher seus primeiros

discípulos. Jesus contemplava as possibilidades. Ele enxergava os fatos através das lentes da esperança.J.M Price cita em seu livro, Jesus o Mestre por excelência, as seguintes palavras:

"Assim como o pintor vê seu futuro quadro na tela, mesmo quando ela ainda está em branco, assim como o escultor enxerga já a futura estátua no mármore bruto, o Mestre via em cada discípulo a personalidade útil e extraordinária que seria no porvir, e por isso trabalhava com otimismo e paciência na realização do seu plano."

Parece que Jesus nunca perdeu a esperança ao lidar com os homens. Sempre esperava qualquer coisa dos piores e dos mais fracos deles. Jesus olhou para longe, quando se lançou à obra de formar caracteres fortes, sabendo que, de fato, é preciso bastante tempo e paciência para firmar ideais e desenvolver e consolidar hábitos nobres.

M.D.Baboock disse a esse respeito: "Bons hábitos não se formam no dia em que nascemos, e nem se cria o caráter cristão da noite para o dia. "O cogumelo cresce numa noite, mas o carvalho precisa de uma década para desenvolver-se."

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Seguramente Jesus sabia que Seu Reino não se efetivaria por meio de campanhas triunfalistas e faraônicas e nem por shows espetaculares de música e oratória. Entretanto, deveria acontecer por um processo seguro de ensino, treinamento e transferência de vida espiritual - o discipulado.

Reforçando esse conceito de olhar para as pessoas não como elas eram ou são, mas como poderão vir a ser, vamos citar alguns exemplos de pessoas que não acreditaram nessa verdade fundamental da vida.

O pai de Woodrow Wilson vivia dizendo: "Receio que meu filho nunca chegue a ser grande coisa na vida." Entretanto o tempo passou e Woodrow cai nas mãos de pessoas que viram valor nele e a ele se dedicaram. Resultado: Wilson veio a ser um dos mais importantes presidentes dos Estados Unidos da América.

Outro exemplo é o daqueles líderes eclesiásticos da Igreja Anglicana que hesitaram em dar apoio a Dwight Moody como evangelista. Que gafe tremenda cometeram! Moody veio a ser um dos maiores pregadores e avivalistas que o mundo evangélico conheceu. Tenho comigo uma enciclopédia que assim se refere a Moody:

"Seus sermões não tinham nada de novo. Eram simples, sinceros, francos, mas altamente convincentes. Moody era homem de pouca educação. Sua gramática era horrível, entretanto, foi um notável exemplo de como uma pessoa pode se transformar num instrumento do poder divino, e assim. transcender a si mesma."

CONTATO PESSOAL

Lamentavelmente, hoje vivemos uma época em que se dá muito mais importância às multidões que ao indivíduo.

Nosso modelo, o Mestre Jesus Cristo, enfatizou sempre o contato pessoal. Grande parte de Seu ministério público, durante cerca de 32 anos, Jesus dedicou-se a indivíduos ou a pequenos grupos.

Nossos dias caracterizam-se pela impessoalidade. Entretanto, é exatamente isso que mais as pessoas detestam.

O progresso no campo da informática tem afastado as pessoas uma das outras. As grandes fábricas estão demitindo cada dia mais operário e substituindo-os por máquinas computadorizadas.

Cinemas, teatros são substituídos pelas fitas de vídeo-cassete e DVD. Agora você não precisa ir tantas vezes ao banco. Você pode perfeitamente fazer suas operações financeiras a partir de seu telefone, fax, ou computador.

As pessoas querem sair do seu isolamento. Elas querem contatos, convívio. Precisam de pessoas para lhes ouvirem os desabafos, não querem ser tratadas como números mas como gente, como pessoas. A população está cansada dos meios de massificação.

É por aí que a Igreja deve se impor. Aliás, sempre foi por esse caminho que ela deixou suas marcas na História.

É PRECISO VIVENCIAR A UNIDADE

A unidade é algo maior que uma mera aproximação física ou geográfica. A unidade é obra do Espírito Santo e ultrapassa os efeitos de gestos, sorrisos, palavras e atitudes.

A Unidade é algo muito mais profundo e que se vive inicialmente no círculo mais chegado, aliás, antes disso com Deus, Jesus e o Espírito.

O que caracteriza uma unidade?O dicionário fala em:

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-grupamento de seres individuais, considerados pelas relações mútuas que existem entre si, por seus caracteres comuns, pela mútua dependência etc...;-ação simultânea de diversos agentes que tendem ao mesmo fim;-aquilo que forma um todo completo na sua espécie;-união, concórdia de vontades; -uniformidade, que tem a mesma forma; -conformidade;-identidade comum, ligação, reunião, comunhão.

OS SETE ASPECTOS DA UNIDADE REFERIDOS NO NOVO TESTAMENTO

Efésios 4.3-6...esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vinculo da paz. Há somente um corpo, e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos.

Reflita:1. um só corpo – pertinência2. um só Espírito - possessão3. uma só esperança da vocação - alvos comuns 4. um só Senhor - um só comando - submissão 5. uma só fé - doutrina - crença nos mesmos princípios6. um só batismo morte para o passado - morte para velhas diferenças7. um só Deus e pai - filiação e irmandade

Esse texto bíblico é fantástico. Ele nos faz entender que temos que nos esforçar ativamente, com zelo, com aplicação para poder preservar a unidade. Em outras palavras, a unidade não se consegue apenas com estudos bíblicos e oração. É preciso se esforçar. Unidade exige dedicação, trabalho.

Nós os discípulos de Jesus, fomos chamados para viver e agir na unidade. O grande desejo de Jesus foi a unidade de seus discípulos. Em João 17.20-23, ficaram registradas as palavras de Jesus:

Não rogo somente por estes, mas também por todos aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; afim de que todos sejam um; e como és tu , ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles e tu em mim, afim de que sejam apeifeiçoados na unidade para que o mundo conheça que tu me enviaste, e os amaste como também amaste a mim.

Como se consegue a unidade?1. Renunciando a uma vida egocêntrica.2. Amando as pessoas como Cristo.3. Identificando-se com elas.4. Sacrifícando-se por elas.5. Tendo paciência com todos.6. Desenvolvendo esperança.7. Perseverando.

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QUE TAL SER AMOROSO?

A maneira como eu e você tratamos as pessoas, influi diretamente na qualidade dos relacionamentos. Sabemos que, dependendo do tipo de temperamento, as pessoas têm mais ou menos facilidade de tratar com os outros.

Entretanto, é indispensável que saibamos nos relacionar de tal modo que o amor do Senhor Jesus Cristo derramado sobre nossa vida flua através de nós, e alcance o nosso próximo.

O amor deve permear nossas palavras e atitudes. Quem se tornou num discípulo de Jesus deve preocupar-se em desenvolver cada dia mais essa habilidade, característica do novo homem que o Espírito Santo forma em todos os que a Ele se entregam.

Os homens precisam derrubar, em nome de Jesus, um tabu milenar: o conceito de que ser gentil e amoroso compromete a masculinidade.

A gentileza, a cortesia, a educação, o ser atencioso, deviam caracterizar nossa nova vida com Cristo. Veja este princípio bíblico registrado em Colossenses 3.12:

Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade.

Cada um de nós deveria esforçar-se para aproximar-se do próximo com o entendimento, antes de se aproximar com uma ação. De responder à sua autêntica necessidade de receber, em vez de impor-lhe nossa própria necessidade de dar.

Deveríamos desenvolver sempre o respeito, a reverência, o reconhecimento de que cada pessoa é diferente em cada momento e, por conseguinte, ao nos aproximarmos dela, estaríamos sempre abertos, atentos e alertas. Devemos estar dispostos a ver, ávidos por descobrir, desejosos de aprender.

Ser delicado com um irmão na fé é reconhecer que o irmão está vivo, que ele muda, que se move. Deveríamos nos adaptar a ele em cada momento. E, ao adaptarmos, nós mesmos mudamos, crescemos, nos despertamos e nos convertemos naquilo que sempre deveríamos ser: seres vivos. Não estamos tratando com múmias mas com seres humanos, com pessoas, com indivíduos.

Isso livra do velho conceito que tenho das pessoas, das recordações, dos estereótipos, livra-me dos julgamentos, dos preconceitos e dos clichês que emperram os relacionamentos e a própria vida. O amor que brota de meus olhos a cada manhã, ao voltar a ver meu irmão, torna mais bela a minha própria manhã.

Paulo afirma em Colossenses 3.23-24: ...não estamos servindo aos homens, mas ao Senhor. E tudo que fizerdes, seja em palavra seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus dando por ele graças a Deus Pai.

O mundo das relações interpessoais entre discípulos de Cristo, seria muito diverso desse que conhecemos, se nos lembrássemos de que, ao deixar de atender a uma criança, estamos deixando de atender ao próprio Jesus. Ao ofender um irmão, estamos ofendendo a Deus que nele habita.

Como nossas igrejas seriam diferentes se tratássemos nossos irmãos como ao Senhor. Você já pensou nisso? Carlos G.Vallés, em quem estamos nos inspirando para grande parte dessas reflexões, afirmou certa vez:

"A delicadeza de sentimentos para com Deus é a essência da melhor espiritualidade."Essa é uma grande verdade. Gostaria de desafiá-lo a experimentar mudar seu tratamento com

Deus, com o Espírito e com o Senhor Jesus. Experimente ser gentil, dócil, íntimo, reconhecer Sua presença, Sua companhia, Seu amor, Seus feitos, dar ouvidos a Suas palavras, e prescrições, declarar-lhe seu amor. Depois tente estender esse tratamento aos irmãos de fé e, em geral, às pessoas que o rodeiam.

Nesse contexto profundo e verdadeiro, ser amoroso para com o homem é ser amoroso para com o Deus que está no homem. É a fé prática de que aquilo que faço ao menor de meus irmãos, faço-o a

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Deus. Para que isso ocorra é preciso desenvolver uma liberdade interna para que me fará chegar ao meu irmão tal como ele é.

Dia após dia, tenho de me libertar de toda uma série de preconceitos, exigências, etiquetas, e modelos que obscurecem a imagem que formei dele e dificultam minha relação com ele.

Só posso ser gentil e polido com os outros quando sou livre por dentro. Se estou atado, preso, fixo, condicionado, se me guio apenas por experiências passadas e recordações fixas, não posso encon-trar-me com meu irmão tal como ele é, não posso vê-lo, entendê-lo, conhecê-lo tal como é hoje; não posso reagir de novo diante dele; não posso ser-lhe fiel. Ao deixar meu irmão ser ele mesmo, eu mesmo me faço mais eu. Isso é maturidade.

Ser amoroso para com aqueles com quem convivo é estar atento a pequenos detalhes de suas vidas. Às vezes basta um olhar, um sorriso, um elogio, uma palavra oportuna, a palavra certa na hora certa.

Ser amoroso é uma arte. Arte de sentir a falta dos outros e dar-lhes a entender isso quando voltam. É a solicitude de descobrir o sofrimento do outro e torná-lo nosso próprio sofrimento. É a vontade de estar sempre por perto.

Ser amoroso é:- importar-se com o bem-estar dos outros, - saber se estão sentindo-se bem, ou se estão à vontade,- ajustar o volume do som na preferência do outro ou assistir ao mesmo canal ou programa do outro,- deixar de falar de seus assuntos e conversar sobre os assuntos do interesse do outro.

Ser amoroso é :- não monopolizar a conversa sobre si e seus assuntos,- não intrometer-se em assuntos alheios, - saber esperar a vez. É ter paciência,- olhar no rosto, nos olhos.

Isso nos dá a possibilidade de descobrir estados de ânimo, de ler emoções. Ao ser amoroso com meu próximo, ou meu irmão de fé, ou meu cônjuge, começo a desenvolver uma percepção que me leva a identificar as alterações emocionais do outro e a saber tirar proveito e subsídios para conhecê-lo melhor.

É PRECISO APRENDER A DIALOGAR

Um dos primeiros passos que uma pessoa pode dar no sentido de desenvolver uma relação significativa é procurar estabelecer e desenvolver um bom e rico diálogo. Numa comunidade de discípulos, ou dentro de um lar, se existir um bom diálogo, não haverá problemas sem solução.

O diálogo autêntico, quando realmente existe, é sempre fecundo, porque proporciona o encontro de duas almas na claridade.

O diálogo deveria ser mais normal e natural entre pessoas que vivem juntas; contudo, é estranho que pessoas compartilhem os mesmos espaços físicos, os mesmos projetos de vida, ou os mesmos empreendimentos, sem contudo conseguir comunicação efetiva através do diálogo.

A maior parte dos problemas que tem afetado a vida de certas igrejas e famílias cristãs, está asso-ciada direta ou indiretamente ao diálogo. Um pai que não sabe se relacionar corretamente com seus filhos, corre o risco de conviver com sérios problemas familiares. Se uma mulher e seu marido não conseguem dialogar, quase sempre estarão envolvidos em conflitos tremendamente desgastantes. As-sim também, igrejas que não descobrem caminhos criativos de diálogo entre pastor e rebanho, ou de

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pastor e sua liderança, sofrem por causa da péssima qualidade de relacionamento que acaba resultando dessa inabilidade de dialogar corretamente.

QUESTÕES SOBRE O DIÁLOGO

1. Diálogo não é apenas uma conversa, discussão ou debate.2. No diálogo, não pretendo convencer, mas fazer-me entendido. Essa é uma atitude fundamental no diálogo. Não convencer, mas expor. Não ser convencido, mas entender. Essas duas atitudes, convencer e expor, não só são diferentes, mas podem até ser opostas entre si. Quando quero convencer, não consigo nem que me entendam; e posso entender um ponto de vista, sem aceitá-lo.3. Não devo me preocupar se a pessoa com quem estou dialogando está querendo me convencer. Meu objetivo é tentar compreender o seu ponto de vista.4. Não devo me preocupar em argumentar.5. Não devo me preocupar em me defender.6. Não devo me preocupar em atacar e ferir.7. Devo me contentar em expor minhas razões, idéias e sentimentos.8. Quando escutar, não devo fazê-lo com a intenção de encontrar falhas naquilo que a pessoa está me dizendo; pelo contrário, devo fazê-lo com um verdadeiro desejo de entender seu ponto de vista, de sentir como ela sente, de colocar-me em sua pele, de "ver com os olhos dela".

Nisto estão o valor e a riqueza de um diálogo: em fazer-me o outro e, conseqüentemente, em sair de mim mesmo e poder considerar uma opinião, à qual, talvez, me oponha.

Isso é coragem intelectual. Tenho minha opinião e a defendo; agora me ponho a ouvir alguém que defende uma opinião contrária e não me coloco na defensiva, não me fecho, não tenho medo de escutar, não me escondo atrás de preconceitos, nem de suspeitas, pelo contrário, tenho verdadeiro interesse em saber como se consideram as coisas do outro lado do meu ponto de vista. Permito-me viver a opinião que rejeito e tento compreender por que alguém a defende.9. Não devo ter medo de perder.10. Não devo ter medo de que me mudem, bem como as minhas convicções.11. Diálogo não é ouvir por educação.12. Ao dialogar, não devo me preocupar em ir preparando contra -argumentações para refutar, quando meu interlocutor acabar de falar.13. Ao dialogar, devo simplesmente escutar, prestar atenção, deixar que novas idéias cheguem à minha tela, permitir que a outra pessoa se revele a mim, tal como é. Depois de ouvir tudo o que há para ouvir, mudarei ou não de opinião.14. Diálogos nunca terminam. Eles são contínuos. Enquanto durar a vida, durarão os diálogos.

É PRECISO INTERESSAR-SE PELA PESSOA

Um dos elementos essenciais para melhorar a qualidade de nossos relacionamentos é o interesse pelas pessoas.

Você pode ter uma boa retórica, conhecer bem a matéria que está ministrando, ter carisma... mas tudo isso não substitui o poder maravilhoso que há no interesse por pessoas. Jesus sempre demonstrou interesse pelas pessoas que o rodeavam. Ele interessava-se muito mais por pessoas do que por credos, cerimônias, organizações e estruturas.

Marcos 6.34

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Ao desembarcar, viu Jesus uma grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram como ove-lhas que não têm pastor. E passou a ensinar-lhes muitas coisas.

Quando conversava com o jovem rico e avarento, Jesus foi tomado de uma profunda simpatia por aquele pecador. O Evangelho nos conta que Jesus, contemplando-o, amou-o (Mc 10.21).

Noutra ocasião, encheu-se de compaixão por um leproso. Jesus, estendendo a mão, tocou-o.

É PRECISO INTERESSAR-SE PELO OUTRO E POR SUAS COISASNormalmente, gostamos de falar de nossas coisas, nossos assuntos, nossas experiências, nossas

aquisições. Entretanto devemos incentivar as pessoas com as quais queremos relacionar-nos a compartilhar assuntos de seu interesse. Um bom discipulador ou conselheiro sempre abre espaço para demonstrar interesse pelo próximo.

SUGESTÕES:A. Procure memorizar o nome da pessoa. B. Guarde às referências que ela faz sobre si mesma.C. Descubra suas preferências nas diversas áreas:

1. esportes2. lazer3. cultura4. literatura5. música6. trabalho7. vestuário8. família9. saúde10. hobbies11. religião12. política13. economia14. ecologia15. culinária e gastronomia16. automobilismo 17. trabalhos manuais

D. Procure dar seqüência a suas demonstrações de interesse. Em outras palavras, numa próxima oportunidade, faça menção de assuntos abordados anteriormente, citando nomes, épocas, lugares, situações e detalhes dos assuntos anteriormente tratados.E. Interessar-se pelo próximo implica, muitas vezes, em ação. Interessar-se pode levá-lo a fazer alguma coisa prática pelo próximo. Por exemplo: se a pessoa compartilhou estar desempregada, uma evidência de seu interesse por ela seria ajudá-la a procurar um emprego. Outro exemplo: se a pessoa compartilha que está com dificuldades nos estudos, interessar-se por ela poderia se dispor-se a dar algumas aulas particulares de reforço nas matérias criticas.F. Interessar-se pelo próximo pode acontecer quando você coloca o nome da pessoa em sua lista de oração e intercessão.

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Capitulo 6E Preciso Praticar o Reconhecimento

Felipenses 1.3-11

Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós, fazendo sempre, em todas as minhas orações, súplicas por todos vós com alegria pela vossa cooperação a favor do evangelho desde o primeiro dia até agora; tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até o dia de Cristo Jesus, como tenho por justo sentir isto a respeito de vós todos, porque vos retenho em meu coração, pois todos vós sais participantes comigo da graça, tanto nas minhas prisões como na defesa e confirmação do evangelho. Pois Deus me é testemunha de que tenho saudades de todos vós, na terna misericórdia de Cristo Jesus. E isto peço em oração: que o vosso amor aumente mais e mais no pleno conhecimento e em todo o discernimento, para que aproveis as coisas excelentes, a fim de que sejais sinceros, e sem ofensa até o dia de Cristo; cheios do .fruto de justiça, que vem por meio de Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.

É PRECISO PRATICAR O RECONHECIMENTOUma das necessidades básicas do ser humano é o de ser reconhecido, estimado e tido em conta.

Dizem os cientistas que o estímulo físico é imprescindível para o desenvolvimento integral de um recém-nascido e de uma criança.

Sem ele, o bebê desenvolve uma depressão denominada analítica e morre. Essa necessidade de sermos estimulados persiste por toda a nossa vida e passa por um processo de socialização, convertendo-se em reconhecimento na forma de palavras ou de gestos. Sem isso, morreríamos psicológica, social e espiritualmente.

Muitos acreditam que o oposto ao amor é o ódio. Entretanto, mais insuportável é a indiferença.

Mais dói ser ignorado que ser odiado.O reconhecimento é como uma bateria em cada pessoa. Bateria que precisa ser recarregada

constantemente para poder subsistir. Até mesmo uma criança faz de tudo para ser notada e reconhecida. Mesmo que negativamente, ela poderá apelar para um comportamento ilícito e inconveniente, só para ter alguns momentos de atenção.

Quando eu e você fazemos alguma coisa e não somos reconhecidos, ou quando não reconhecem nosso esforço ou nosso trabalho, então ficamos feridos e tristes.

TIPOS DE RECONHECIMENTOSegundo Elkin Arango, teólogo espanhol são quatro os tipos de reconhecimento:

l. Reconhecimento positivo incondicionalÉ o reconhecimento oferecido à pessoa por aquilo que ela é, e não pelo que tem, e nem por aquilo

que sabe ou por seu desempenho. Tal atitude convida a pessoa a sentir-se muito bem. Por exemplo:"Gosto de você." "Parabéns !"

2. Reconhecimento positivo condicionalÉ um reconhecimento que estimula a pessoa em seu aspecto positivo e convida a pessoa a sentir-

se mais, ou menos, bem. Refere-se às ações (conduta) da pessoa, em lugar de focalizar o que ela é. Esse reconhecimento está condicionado ao que o outro sabe, faz, ou tem. Por exemplo:"Gosto de você porque você sabe me ouvir". "Você fica muito charmosa quando veste esse vestido. "

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3. Reconhecimento negativo incondicionalÉ o reconhecimento que generaliza o negativo da pessoa. Convida-o a sentir-se muito mal.

Exemplos:"Você não serve para nada.""Você nunca faz as coisas direito."

4. Reconhecimento negativo condicionalÉ semelhante ao anterior, mas coloca uma condição, e convida a pessoa a sentir-se, mais ou

menos, mal. Exemplo:"Você fica horrível quando usa esse penteado. ""Não gosto de passear com você quando você está de mau humor."

O reconhecimento de maior valor psicológico é o reconhecimento positivo incondicional e o de menor valor é o reconhecimento negativo incondicional.

APLICAÇÃO PRÁTICAQuando você quiser encorajar e estimular positivamente uma pessoa, é melhor reconhecer a

pessoa (reconhecimento positivo Incondicional) em lugar de reconhecer sua conduta (reconhecimento positivo condicional) é uma postura que resulta em relações pessoais significativas. Exemplo:"Você é muito inteligente." Em vez de "Desta vez você se saiu bem na prova"."Realmente vejo que você é meu amigo." Em vez de "Grato por este favor que me fez".

Quando você quiser corrigir ou criticar autenticamente uma pessoa, faça-o mencionando a conduta, não a pessoa. Exemplo:"Você está respondendo asperamente." Em vez de "Você está sendo grosseiro"."Sinto-me triste por você dar prioridade a seu trabalho e não a nossos filhos." Em vez de "Você ê um materialista, um egoísta."

CONCLUSÕESQuando usa adequadamente o reconhecimento, você dá passos concretos em direção ao

aprofundamento da comunhão em qualquer nível.

I. Dar reconhecimento positivoA pessoa sente que vale como ser humano na medida em que lhe damos reconhecimento positivo

incondicional e quem o dá sente uma satisfação profunda. Para aprender a dar esse tipo de reconhecimento é muito importante propor-se a ver o positivo das pessoas do grupo, fazendo uma lista e depois compartilhando sua avaliação.

2. Aceitar reconhecimento positivoSempre que receber um reconhecimento positivo, agradeça para que o outro saiba que você

recebeu bem. Se não fizer, você corre o risco de que o outro se sinta rechaçado como pessoa e se negue a continuar dando reconhecimento positivo. Exemplos:"Você é muito calma".Resposta correta: "Obrigada".Resposta errada: "Bondade sua. Se você me conhecesse..."."Você é muito linda".Resposta correta: "Você me deixa encabulada" ou "Sinto-me lisonjeada".Resposta errada: "Eu não me acho linda. Sinto-me horrível".

Quando uma pessoa rechaça seu reconhecimento positivo, você tem todo o direito de dizer:

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"Pois eu o vejo assim..."."Mesmo que você não concorde, eu continuo achando que...".

3. Pedir reconhecimento positivoAlgumas pessoas, quando percebem que não estão conseguindo um reconhecimento positivo,

apelam para um estratagema: provocam o julgamento, apreciação ou negação de alguma coisa que elas desejam enfocar. Por exemplo:"Estou bem arrumado, não estou ?""A comida que preparei está uma delícia, não está ?"

Essa estratégia pode dar certo. Entretanto algumas pessoas podem surpreendê-lo com respostas que você, poderia, perfeitamente ficar sem ouvir. As pessoas não são adivinhas do que os outros estão necessitando em relação à afirmação pessoal.

4. Auto-reconhecimentoHá dois tipos de auto-reconhecimento: positivo e negativo.

4.1. O auto-reconhecimento negativo.É a declaração que a pessoa faz de si mesma com intenção de desvalorizar-se. O pior de tudo é

que quem anda se desvalorizando, ou alimentando sentimentos de inutilidade, de fraqueza, de pobreza e de não compromisso consigo e com os demais, atrairá o reconhecimento negativo dos outros e assim re-alimentará sua fonte de insegurança pessoal.

O auto-reconhecimento negativo produz mentes fechadas. Abaixo transcrevemos uma lista de frases que caracterizam uma mente fechada.

Analise esta lista e tente descobrir as frases que você tem usado com mais freqüência.

1.Não vale a pena.2.Estou gorda demais.3.Não me acho bonita.4.Não vai funcionar comigo.5.As pessoas não vão me entender. 6. Isso nos deixará cair no ridículo. 7.Nunca conseguiremos.

4.2. O auto-reconhecimento positivo.Quando sincero, faz que as pessoas tenham uma atitude positiva diante da vida, e elas serão

estimadas à proporção que estimarem a si mesmas. Aí está um das fontes da segurança pessoal.Auto-recompensar-se por um bom trabalho, presentear-se com merecidas férias, dar-se ao luxo de

saborear um jantar num restaurante, reconhecer suas próprias habilidades e dotes etc..., são maneiras de expressar sua auto-estima e, demonstrar e viver uma sã integração psicológica.

Qual foi a última vez que você se auto-gratificou? Compartilhe com seu grupo como isso aconteceu e quais foram suas reações.

Mais Algumas Considerações Sobre a Prática do Reconhecimento

O aprendizado do reconhecimento será cada vez mais efetivo, se:

1. O reconhecimento positivo for sincero e espontâneo. Se não for assim, ele poderá ser interpretado como adulação ou manipulação e nos levaria ao risco de sermos tachados de hipócritas.

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2. Estejamos dispostos a converter o reconhecimento positivo em atitude prática. Isso requer um aprendizado e um exercício consciente.3. Não nos preocupemos com a possibilidade de o nosso reconhecimento positivo gerar uma per-sonalidade vaidosa. Isso não está sob nosso controle. A experiência tem mostrado que o reconhecimento positivo beneficia quase sempre, e ajuda as pessoas a terem uma imagem saudável de si mesmas.

EXERCÍCIO

1. Escreva cinco reconhecimentos positivos que gostaria de receber.____________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. De que maneira você acredita que os reconhecimentos acima poderão ser obtidos? Merecendo-os, aceitando-os, pedindo-os?____________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. Há alguns tipos de reconhecimento que você não gosta de receber? Quais ?__________________________________________________________________________________________________________________________________________

4. Faça um projeto pessoal para os próximos dias, envolvendo a prática do reconhecimento positivo. Como será? Quem será o beneficiado? Quando poderá acontecer?____________________________________________________________________________________________________________________________________________

O PODER DAS PALAVRAS E A SUA INFLUÊNCIA SOBRE OS RELACIONAMENTOS

TEXTO BASE: Ezequiel 37Quem quiser se envolver em relacionamentos intensos não pode desprezar o tremendo potencial

da palavra. A palavra tem grande poder. Quando proferimos palavras, elas não se tornam apenas sons destituídos de significado.

Até nossos gemidos, as interjeições de dor ou de alegria, todas elas têm um significado. Dizem os estudiosos e entendidos que os gemidos aplacam a dor. Ex.: os gemidos das grávidas em trabalho de parto, e dos orientais nas lutas de karatê, kung-fu etc...

A palavra é um mistério poderoso. Durante todas as épocas da humanidade, várias pessoas investiram boa parte de seu tempo num esforço concentrado para descobrir o poder de manipulação das palavras. Napoleão Bonaparte disse certa vez:

"É espantosa a força que as palavras têm sobre os homens. "

O salmista afirma no Salmo 119.105: Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz para os meus caminhos.

Jesus disse em Mateus 24.35:

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Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão.

Mateus 4.4:Não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus. As minhas palavras são Espírito e vida.

Certo centurião disse a Jesus:Basta uma palavra tua e o meu servo será curado. (Mateus 8.5)

Jesus usou Sua palavra como arma:- contra Satanás, na tentação;- para repreender demônios;- para acalmar uma tempestade;- para repreender enfermidades diversas; - para consolar pessoas;- para devolver a vida aos mortos;- para operar milagres.

Jesus disse em Lucas 9.44: "Fixai os vossos ouvidos às palavras” Em Lc 10.5: Ao entrardes numa casa, dizei antes de tudo: paz seja nesta casa, e a paz repousará sobre as pessoas. "

Deus, o Pai, usou o poder da Sua palavra para criar o universo. Hb 11.3

Tiago descobriu o poder tremendo da palavra e recomendou cuidado no seu uso. Leia o texto de Tg 3.3 e observe nas comparações, com a língua, que ele faz:

1) Freio na boca dos animais...................Subjuga.2) Leme nos navios...................................Dirige.3) Fagulha que cai na selva......................Destrói.4) A língua é fogo....................................Queima.

Jesus recomenda em Mt 12.36-37, que tenhamos muito cuidado com nossas palavras:Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo; porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado.

O apóstolo Paulo recomenda em Ef 4.29:Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem.

Algumas poucas palavras proferidas podem levar o mundo à destruição. Com suas palavras, Hitler inflamou o mundo de sua época, e levou o planeta a uma grande guerra de conseqüências funestas.

Ouvi recentemente a notícia de que o Congresso dos EUA encontrava-se reunido e tratando de revisar uma lei sobre a guerra. Até aquele momento, o presidente tinha poder para declarar guerra a quem quisesse.

Entretanto, eles perceberam o grande perigo que a nação pode correr por permitir que uma guerra seja iniciada apenas pela palavra de um presidente. Eles querem que o congresso tenha esse poder e não um só homem. Por que toda essa preocupação? É porque eles já aprenderam que as palavras têm muito poder.

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Eu me lembro de um triste acontecimento ocorrido na minha infância. Alguém, num circo repleto de pessoas, gritou apenas uma palavrinha: "fogo". Por causa disso dezenas de pessoas puseram-se a correr.

Muitas caíram, foram pisoteadas e morreram. Era uma mentira. Uma brincadeira de mau gosto, porém... dezenas de famílias ficaram enlutadas pela perda de seus entes queridos, mortos por um falso alarme de incêndio que nunca aconteceu.

A palavra é tão poderosa que é capaz de mobilizar um povo inteiro, como aconteceu na Rússia com Lenine e a revolução comunista. O proferir certas palavras pode mudar o curso da História. Veja estes exemplos:

"Independência ou morte"....................D.Pedro 11"Glasnost e Perestroica"................Gorbachov"Solidariedade"..............................Valessa"Die Karpen"..........(filme)...........Soc.Poetas Mortos

Em quase todas seitas onde a magia e o ocultismo predominam, podemos notar o poderio da manipulação das palavras (Umbanda, Candomblé, Quimbanda, Esoterismo, Teosofia, Rosa-cruz, Hare Krishna, Seicho-no-iê).

As palavras fazem parte de rituais macabros e são responsáveis pela condução dos fenômenos proporcionados pelas entidades por elas invocados.

Palavras podem trazer bênção como também maldição. O mau uso das palavras pode estar determinando o deserto, o caos, a desgraça, a confusão e a tragédia de muitas vidas. Precisamos urgentemente refletir, considerar, repensar, e converter nossas palavras.

O MAU USO DA PALAVRA

1. MENTIRA.Mentir é enganar, ludibriar, iludir, faltar com a verdade. A Palavra de Deus ordena em CL 3.9:

"Não mintais uns aos outros".

Veja estes outros textos:Provérbios 12. 19

Os lábios que dizem a verdade permanecem para sempre, mas a língua mentirosa dura apenas um instante. ( NVI)

Provérbios 19.5A testemunha falsa não ficará sem castigo e aquele que despeja mentiras não sairá livre. ( NVI)

Efésios 4.25Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros.

2. MURMURAÇÃO.

Murmuração, diz o dicionário, é maledicência, conversação mordaz e ofensiva, critica e o falar mal de alguém pelas costas. A murmuração é um dos maiores inimigos nos relacionamentos inter-pessoais.

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Deus sempre condenou a murmuração no meio de seu povo.2.1.A murmuração não deve ter lugar na vida do cristão.Lamentações 3.39

2.2.A murmuração é uma provação a Deus.Êxodo 17.2

2.3.A murmuração é uma característica dos ímpios.Judas 1.16

2.4.O murmurador será castigado por Deus.Números 11.1Salmos 106.25-26Filipenses 2.14-15

É PRECISO DESENVOLVER COMPREENSÃO

Bases bíblicas: Pv 2. 6 e Pv 9.10Nossas relações serão profundamente afetadas se pudermos nos esforçar em compreender o

próximo. Essa compreensão significa buscar compreender por que as pessoas pensam, comportam-se e reagem de determinada maneira.

Por trás do comportamento de uma pessoa. sempre existe uma causa, uma circunstância que pode ter gerado aquela atitude. Saiba separar o pecador de seu pecado. A compreensão constitui uma arma tremendamente poderosa contra o erguimento de barreiras impeditivas nos relacionamentos.

Quem quer ter relações significativas deve viver um amor que ultrapasse os limites de uma mera emoção passageira. Pelo contrário, no seu desenvolvimento o amor deve passar por uma atenção especial que vai se tornando pouco a pouco um compromisso, o reconhecimento de uma aliança e de um sentimento de pertencer-se mutuamente.

PARA COMPREENDER ALGUÉM É PRECISO:l.Escutá-lo. Provérbios 18.132.Colocar-me em seu lugar. Filipenses 2.8 3.Considerá-lo tão importante quanto eu. Habacuque 10.244.Responder aos seus apelos e necessidades. Filipenses 4.165.Compadecer-se dele. Salmo 112.5-6 6.Alegrar-se com ele. Romanos 12.15 7.Ficar feliz com a sua presença.1 Coríntios 16.17-188.Ficar triste com a sua ausência. Filipenses 2.26-279.Refugiá-lo dentro de mim. Filipenses 2.29 10.Refugiar-me nele.1 Coríntios 16.7 11.Voltar-me para a sua realidade.Filipenses 4.1612.Comungar e lutar pelos mesmos ideais. Colossenses 4.1313. Desejar que ele se realize plenamente. 1 Coríntios 10.33

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O CONHECIMENTO DO OUTROBase Bíblica: João 4.

Como discípulos de Jesus, temos que imitar Seu temperamento. Jesus foi um homem que sempre se interessou pelas pessoas. Sua intenção era conhecê-las melhor. O diálogo que Jesus teve com a samaritana revela esse desejo de conhecer quem era, de fato, aquela mulher.

Jesus procurou compreender o que ia por dentro de Zaqueu. Para tanto, interrompeu uma viagem, para visitar Zaqueu em sua própria casa. Jesus não levou em conta que ele era um homem odiado pelo povo por causa de sua vida corrupta.

Os resultados dessa postura de vida adotada por Jesus são inegáveis.Zaqueu arrependeu-se de ter lesado seu povo com impostos super faturados e restituiu o dinheiro,

com juros e correção monetária, a seus irmãos. A samaritana tornou-se numa excelente evangelista.Creio que a igreja de Jesus não tem conseguido melhores resultados por não valorizar e não se

dispor a compreender as pessoas.

MELHORAR RELACIONAMENTOS IMPLICA VIVER EM COMUNHÃOUma das características marcantes da Igreja Primitiva era a comunhão. Em Atos 2.42 lemos:

“... e perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor, e muitos prodígios e sinais eram feitos pelos apóstolos. Todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens e os repartiam por todos, segundo a necessidade de cada um. E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E cada dia acrescentava-lhes o Senhor os que iam sendo salvos. "

O texto fala que os primeiros discípulos perseveravam na comunhão. Lamentavelmente, nosso conceito de comunhão é muito restrito. Muitos confundem comunhão com Ceia do Senhor. Outros acham que ter comunhão é conversar com as pessoas na porta do templo depois do culto. Entretanto, o significado de comunhão é muito mais abrangente e rico.

Quero transcrever aqui uma parte do capítulo sobre comunhão e mutualidade do livro "Mu-tualidade - Uma resposta Bíblica para a crise da comunhão" Lowell Bailey:

"... Que é mesmo a comunhão? Para alguns, essa palavra significa uma conversa entre amigos, acompanhada de um refresco, cafezinho, bolachas. Para outros, um churrasco ou piquenique das famílias da igreja. Outros diriam que a comunhão consiste em nos reunirmos para cantar, compartilhar os acontecimentos dos últimos dias e orar. Outros, a Ceia do Senhor. É evidente que há diversas defini-ções para essa palavra. Primeiramente, vamos estudar o significado bíblico do termo.

PALAVRA GREGA SIGNIFICADO LITERAL

IDÉIAS BÁSICAS VERIFIC. CONTEXTUAL

KOINONIA Qualidade de existêcia em comum;participação mútua

Relação ou associação íntima entre cristãos e Deus e de cristãos uns com os outros.

Gl 2.9I Co 1.92Co13.13Fp 2.11Jo 1.3Jo 6,7

Compartilhamento de bens materiais para suprir necessidades de outros ou

2Co 8.42Co 9.13Rm 15.26

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donativos. Hb 13.16Participação mútua na obra do evangelho, ou no sofrimento, ou participação emdiversas atividades, inclusive na Ceia do Senhor

At 2.421Co 10.162Co 6.14Fp 1.5Fp 3.10Fm 1.6

DEFINIÇÃODe acordo com o N.T., comunhão tem a ver com aquela relação pessoal que os cristãos gozam

com Deus e uns com os outros, em virtude de sua união com Jesus Cristo. Essa relação é estabelecida pelo Espírito Santo, que habita em todo cristão, unindo-o a Cristo e a todos os outros cristãos. A relação se expressa através do compartilhamento de bens materiais, da cooperação na obra do Evangelho, da manutenção da unidade e do amor, quando os cristãos se reúnem.

Exemplo:"Então os que lhe aceitavam a palavra foram batizados; havendo um acréscimo naquele dia de

quase três mil pessoas. E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. Todos os que creram estavam juntos, e tinham tudo em comum. Vendiam as suas proprieda-des e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade. Diariamenteperseveravam unânimes no templo, partiam o pão de casa em casa, e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus, e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos”. Atos 2.41-47

Características da Comunhão:A comunhão tem certas características. Algumas, você já observou no trecho de Atos 2 que

examinamos. Outras, aparecem em diversos trechos do N.T. Podemos afirmar que a igreja que está demonstrando essas características está experimentando a comunhão, no sentido bíblico da Palavra. Se faltarem tais características a determinada igreja, pode ser que ela esteja passando por uma "crise de comunhão". Veja agora as características da comunhão:

1. De bom grado os cristãos dedicam tempo a estar juntos para estudar a Palavra de Deus, compartilhar experiências, tomar a Ceia do Senhor. (At 2.42).

2. Os cristãos têm prazer em compartilhar seus bens materiais com irmãos necessitados. (At 2.45; 2Co 8.3).

3. Os cristãos são unidos pelo Espírito Santo (2Co 13.13).4. Os cristãos cooperam na obra do Evangelho (Fp 1.5; Hb 13.16).5. Os cristãos compartilham as alegrias e os aspectos cotidianos da vida, como verdadeiros

amigos (At 2.46).6. Os cristãos são unânimes quanto aos seus propósitos e alvos (At 2.46).7. Os cristãos sentem alegria e expressam louvor, quando se reúnem (At 2.46-47).8. Todos os cristãos participam igualmente da vida e das atividades da igreja (At 2.44).9. Os cristãos confessam os pecados e recebem a purificação do sangue de Jesus Cristo, para

manterem a unidade e o amor (1 Jo 1.3, 6,7).

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MUTUALlDADE E COMUNHÃO

A comunhão se baseia nas relações entre pessoas, e tem diversas maneiras de se manifestar. Já que as relações são experimentadas, não vistas apenas com os olhos, elas serão um tanto difíceis de se definir ou descrever.

Nossa união com Cristo, por exemplo, é uma verdade mística e difícil de se explicar, mas nem por isso deixa de ser verdadeira; tanto assim que somos co-herdeiros com Cristo. Nossa união com Cristo faz que sejamos membros de seu Corpo, a Igreja, e membros uns dos outros (Rm 12.5). Nin-guém pode ver os laços que nos unem. O que se pode enxergar são as manifestações externas dessa relação. Aí se nos apresenta a mutualidade, como meio prático para expressar a comunhão cristã.

AS EXPRESSÕES RECÍPROCASEmpregamos o termo mutualidade referindo-nos às expressões recíprocas, descrevendo situações

em que uma pessoa faz, por uma outra, aquilo que, por sua vez, a outra faz pela primeira. As expressões recíprocas do N.T. indicam as obrigações e as oportunidades de se expressar a vida em comum; ou, em outras palavras, de se praticar a mutualidade.

DEFINIÇÃO DE MUTUALIDADEMutualidade se refere a um estilo de vida baseado nos mandamentos do N.T., a respeito das

coisas que os cristãos fazem uns aos outros e uns em favor dos outros, para externar seu mútuo amor e unidade; e também a respeito das coisas que eles evitam fazer uns aos outros, a fim de preservarem esse amor e unidade.

O QUE ESTÁ ENVOLVIDO NISSO?O N.T. fala de maneira bem clara sobre o que significa a mutualidade entre os cristãos. Ali se

encontra uma série de mandamentos, tanto diretos, quanto indiretos, que especificam como devem ser as relações entre cristãos; o que eles devem fazer uns para com os outros; e aquilo que não devem fazer uns para os outros. Esses se chamam mandamentos recíprocos. O estilo de vida que chamamos de mutualidade baseia-se, portanto, na obediência aos mandamentos recíprocos do N.T.

VOCÊ SE LEMBRA DE ALGUNS?A seguir, você encontrará algumas linhas em branco. Procure escrever aqueles mandamentos

recíprocos que lhe vêm à mente com facilidade. Exemplo: "Amai-vos uns aos outros". Que outros mandamentos, tipo "uns aos outros", você pode escrever a seguir?

EXEMPLO:

Procure cada referência abaixo e copie o trecho que represente um mandamento recíproco.

a. Jo I5.17

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b. Rm 15.7

c. Rm 15.14

d. 1Co 12.25

e. Ef 4.32

f. Ef 5.21

g. Tg 5.16

Na lista de exemplos que você acaba de completar, quantos mandamentos recíprocos são iguais àqueles que você tinha tirado da memória, no exercício anterior? E quantos você mencionou em sua lista de memória e não encontrou nas referências que demos aqui? E há outros!Seguramente vai ser fascinante poder estudar cada um deles.

CONCLUSÕES:1. A relação entre comunhão e mutualidade é de simples causa e efeito. Onde existe a comunhão, ela se exterioriza através da mutualidade.

2. Uma igreja, congregação, comunidade ou grupo de discipulado que não esteja manifestando a comunhão através da mutualidade, precisa examinar a si mesma, para verificar se está, ou não, em comunhão com o Senhor Jesus.

OBSERVAÇÃOA mutualidade constitui uma parte tão importante da vida da igreja, que não deve ser deixada ao

acaso. Mesmo sem saber muito sobre o assunto, ou sobre sua importância, alguns membros podem estar praticando a mutualidade. Mas essa vida recíproca, para ser verdadeiramente bíblica, precisa ser praticada por todos os cristãos. Além disso, ela precisa ser, de modo consciente, desenvolvida e aperfeiçoada. Para que se obedeça aos mandamentos de Deus (no caso, os recíprocos), é preciso que se conheçam esses mandamentos e o que eles significam para a vida, quanto:

1. aos bensTudo em comum. Isso leva-me a permitir que as "minhas coisas" sejam partilhadas por outros.Minha casa passa a ser a casa do Senhor. Minha casa passa a ser casa dos meus irmãos.Até o meu dinheiro deixa de ser uma exclusividade minha. Ele não é usado apenas para satisfação

do meu ego, pelo contrário, há uma satisfação muito grande quando posso usá-lo para ajudar meu próximo. Romanos 12.13

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2. ao tempoO meu tempo passa a ser gasto, não somente comigo mesmo, mas também com meus irmãos de

fé e amigos.

3. às minhas habilidadesMeus talentos, meus dons, minha profissão, meus conhecimentos são colocados à disposição dos

meus irmãos.

4. ao ombroUma comunidade autêntica se caracteriza por ser constituída de discípulos que sabem com-

partilhar de si mesmos. Há uma verdadeira multidão à procura de um ombro amigo. Ombro que possa suportar o peso de uma cabeça cansada de lutar, de esperar por mudanças, de procurar por alguém que lhe ouça os desabafos e lhe dê conforto e encorajamento.

A comunidade dos discípulos de Jesus tem uma arma poderosa: a comunhão. 'Até o povo que vive no mundo sem Cristo já aprendeu que "unido, jamais será vencido". A comunhão cristã é algo sobrenatural (Atos 2.5-11).

Quando se estabeleceu a primeira comunidade cristã ela se caracterizava pela multiplicidade de pessoas, oriundas das mais diferentes nações da terra. Se já houve uma igreja que tinha tudo para dar errado, era aquela. Eles vinham de diferentes raças, culturas, costumes, línguas, entretanto... havia algo de sobrenatural naquela gente: era a "Koinonia".

Atos 2.42Tenho certeza de que os primeiros discípulos, antes de Pentecostes, colidiam-se como bolas de

bilhar. Contudo, quando o Espírito Santo veio sobre cada um deles e quando começaram a aprender a doutrina dos apóstolos... então suas vidas passaram por transformações radicais que os levaram a transpor suas diferenças e viver em comunhão. Esse texto de Atos ainda nos faz entender que essa era também uma comunhão de: ouvir, aprender, ensinar, compartilhar a Palavra, diariamente.

Peço permissão para confrontar você que está lendo e estudando este material. Por favor, responda: Fora dos domingos, onde, quando e com quem você compartilha a Palavra de Deus? A Igreja Primitiva era forte e dinâmica. O poder de Deus manifestava-se e operava a seu favor. Um dos segredos desses fenômenos era a intensa comunhão da Palavra - exercitada entre seus membros.

Hoje em dia, temos muita facilidade em compartilhar nossas opiniões sobre inflação, política, economia: novelas, futebol, compras, lazer, mas... dificilmente compartilhamos os princípios da Pala-vra de Deus com nossos amigos, parentes, colegas de trabalho, colegas de escola e vizinhos.

Capitulo 7É Preciso Aprender a Comunicar-se com o seu Próximo

Relacionamentos profundos são alicerçados e desenvolvidos sobre a comunicação. Esta por sua vez tem que ser efetiva, honesta e sensível.

Nenhum homem se basta a si mesmo, pois sua plena realização deverá ser: com, para, e através dos outros.

Para que isso ocorra é preciso que o homem vá adquirindo, a cada dia, mais consciência da necessidade de sua incorporação na sociedade e, ao mesmo tempo, de sua importância como protago-nista da vida dessa sociedade.

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Podemos definir o homem como um ser em relação - relação consigo mesmo, com a natureza, com os outros e com o Criador.

A qualidade de um grupo de discipulado (família ou casal) depende em grande parte da qualidade individual de cada um de seus membros. Numa pequena comunidade requer-se que seja preservada a individualidade e o direito de autodeterminação de cada um de seus membros, aceitando-se simultaneamente o outro com suas qualidades e defeitos, potencialidades e limitações.

Todo grupo de discipulado, casal ou família deve previamente acertar entre seus participantes essa regra áurea de convivência e unidade. Dessa forma será preservada a liberdade de crescimento e enriquecimento através das experiências que daí podem ocorrer.

Cada participante do grupo deve se conscientizar de que fomos feitos por Deus de modo peculiar. Somos feitura singular do Criador. Deus não nos faz em "linha de montagem" ou em série. Salmo 139.13-16

1 Coríntios 12.12-14"Pelo menos quatro quintos de todos os casamentos poderiam melhorar significativamente se os

parceiros aprendessem a se comunicar mais eficazmente". De fato, Cecil Osborn tem razão nessas palavras do seu livro, A Arte de conhecer-se a si mesmo.

A grande maioria dos problemas humanos reside na falta de habilidade em comunicar-se. Costumo dizer às esposas que participam dos nossos retiros para casais que, se souberem usar seu jeitinho de mulher, sua feminilidade - elas podem conseguir o que quiserem de seus maridos.

Qualquer vendedor sabe que suas chances efetivas de vender um produto estão em sua habilidade de comunicar-se com seu cliente. Às vezes, o produto é muito bom, mas o vendedor falha na hora de apresentar as vantagens do produto que deseja vender.

Outros decoram tudo sobre o produto, entretanto se embaraçam na hora de responder a outras perguntas mais particulares do cliente. Há outros que deixam de vender simplesmente porque não tiveram tato na hora decisiva de fechar o negócio.

Fiz uma análise dos problemas que enfrentei como pastor nesses últimos vinte e oito anos de ministério. Percebi claramente que a grande maioria dos desgastes e estresse que enfrentei tinha sua origem nos conflitos pessoais entre os membros da igreja. Por essa razão é de suma importância dedicar tempo a aprender a se comunicar. Ninguém nasce sabendo comunicar-se. Na verdade a comunicação é uma arte que se aprende e se desenvolve com o tempo.

Comunicar-se bem não é obra do acaso. É resultado de dedicação, motivação, e sobretudo de uma perspectiva correta do valor que o ser humano deve ter.

Precisamos aprender a nos comunicar de forma efetiva, concreta e profunda. Precisamos desenvolver a comunicação nos níveis mais intensos. Comunicação do tipo "de alma para alma".

A página 148 do livro Honestidade, Moralidade e Consciência, do Pr. Jerry White, encontrei uma pequena tabela indicando cinco níveis de comunicação. Depois de avaliar, resolvi acrescentar mais um nível como segue:

1. Níveis de Comunicação:

Nível 6 - "Silêncio”Esse nível é caracterizado pela ausência total de comunicação. Quem funciona nesse nível não faz

questão alguma de promover ou viver qualquer tipo de relacionamento interpessoal. A pessoa planeja sua vida de tal forma que quase beira o isolamento. Para ela, relacionamento com pessoas é sinônimo de problemas. O silêncio só é válido como oportunidade para promover um encontro consigo mesmo, ou para meditação e oração. Se não for assim, o silêncio e o isolamento podem conduzir uma apatia

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funesta. Nesse caso a pessoa será presa fácil de nostalgia e depressão. O silêncio entre pessoas é uma forte evidência de divórcio comunitário.

Nível 5 - "Trivial"As pessoas se limitam a comunicar o estritamente necessário. Normalmente isso acontece por

frases feitas, fórmulas consagradas de saudação. Elas se prendem aos formalismos e procuram relacionar-se apenas dentro das normas recomendadas pela etiqueta ou pelo protocolo.

Frases típicas:"Oi como vai"."Bom dia !" ou "Olá!"

Nesse nível não há comunicação significativa, mas oferece um ponto de partida para outros níveis mais altos.

Nível 4 – “Noticias”Nesse nível as pessoas costumam falar de terceiros ou das circunstâncias e acontecimentos. Esse

tipo de comunicação é muito semelhante a um rápido noticiário: fala-se um pouco de tudo e de todos. Superficialidades. Aqui as pessoas estão mais preocupadas com a impressão que podem causar-nos demais do que com o conteúdo de sua comunicação. Aqui se fala de inflação, corrupção dos políticos, acidentes, catástrofes, esportes, filmes e outros assuntos do gênero. É aqui nesse nível que os contadores de piadas consagradas se dão bem. Esse nível de comunicação é saudável quando isso se dá em meio a refeições, ou conversas informais quando se está esperando por uma consulta, numa rodoviária ou aeroporto. É normal também quando serve apenas de introdução ou transição para momentos mais profundos.

Frases típicas:"Você ficou sabendo que os deputados aumentaram seus próprios salários ?""Você viu o noticiário sobre a inundação em São Paulo ?"

Esse nível passa a ser maléfico quando estaciona aqui e não consegue ser ponte para aprofundar a comunicação. É triste também quando é usado para maledicência, murmuração e piadas de mau gosto ou fora de hora.

Nível 3 - "Idéias”Aqui nesse nível as pessoas conseguem expressar seus pontos de vista e seus conceitos. Já há uma

certa dose de afinidade pessoal e companheirismo. Aqui as pessoas já estão dispostas a correr certos riscos de confronto, desaprovação ou questionamentos.

Frases típicas:Eu penso que...Minha opinião é que...Acho que...Meu plano para a próxima semana é... Carros a gasolina gastam menos.Creio que a infância é a fase mais bela da vida.

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Nível 2 - "Sentimentos”É o nível mais próximo do ideal. Aqui as pessoas já se arriscam a falar de seus sentimentos. Elas

se dispõem a abrir-se emocionalmente para os demais. Isso exige um certo grau de confiança. Este é o nível dos "amigos de verdade". É o nível que conduz à intimidade. Aqui se compartilham experiências positivas e negativas, revelam-se medos, ansiedades e estados de espírito. Tudo isso é altamente positivo para o surgimento de relações maduras e sólidas. Este nível só será perigoso se houver manipulação ou se a pessoa perder o controle e exagerar em suas manifestações emocionais, como: ódio, dependência emocional etc...

Frases típicas:"Ando chateado com o meu chefe.""O jogo desta tarde foi desgastante." "Estou me sentindo culpado por esta situação.""Você me magoou.""Estou apaixonado!"

Nível 1 - "Comunicação total ou comunhão" É o nível mais profundo de comunicação. Aqui as pessoas se expressam como vêem a si mesmas.

Nesse nível, não somente existem informações e expressão de sentimentos. Aqui os valores assumem um papel significativo. O "eu" começa a ser evitado e é substituído pelo "nós". Isso acontece sem prejuízo da autonomia e da individualidade.

Aqui a comunicação não fica limitada a frases, mas é acompanhada por atitudes. Este é o nível onde nascem os compromissos. Aqui surgem também as demonstrações de interesse genuíno pelas pessoas.

É preciso entender que tudo isso é um processo que exige tempo, dedicação e muito amor pelas pessoas.

Frases típicas: Este nível inclui todos os outros níveis.

Comunicar consiste tanto em ouvir quanto em reagir expondo seus sentimentos e pensamentos. Podemos nos comunicar falando, assim como expressando-nos através de gestos, movimentos e expressões faciais. A base da comunicação é a mutualidade.

SUGESTÕES PARA FALAR MELHOR

1.Reflita antes de falar. Deixe as afirmações ou perguntas atravessarem sua mente enquanto você revisa para verificar se está tudo bem.

Pv 12.18____________________________________________________________________

Pv 13.3____________________________________________________________________

Pv 17.27

____________________________________________________________________

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Pv 19.20____________________________________________________________________

2. Fale a verdade. Ef 4.25____________________________________________________________________

3. Não exagere, aumentando ou diminuindo os fatos.4. Seja objetivo. Evite os "rodeios" e os detalhes supêrfluos.5. Cuidado para não cansar seu interlocutor. Fale somente o necessário. Não "encha lingüiça".6. Não seja superficial. Evite ficar "falando abobrinhas".7. Sempre que for necessário, seja profundo. Coloque todo peso possível em suas palavras.8. Dê tempo para que a outra pessoa possa refletir e responder. Não se preocupe com o silêncio.

Pv 18.13____________________________________________________________________

9. Cuidado para não mencionar fatos envolvendo terceiros. Evite a fofoca.10. Tome cuidado para não ser comparado com um "Dr. Sabe Tudo". Seja humilde.11. Evite usar frases como: "Eu acho que." Sempre que possível faça afirmações como: "A Bíblia diz..." Deus recomenda... "Jesus afirmou..."l2. Evite os absolutos: nunca, sempre... Cuidado com as frases tipo: "Você nunca... ou você sempre..."

DISPOSIÇÃO PARA OUVIRDiscipuladores e conselheiros, maridos, esposas, e os membros de nossas igrejas precisam

aprender a ouvir, prestar atenção. Ouvir não é só escutar passivamente. É uma experiência ativa de participação.

SUGESTÕES PARA SE OUVIR MELHOR

1. Procure fazer a outra pessoa sentir-se a mais importante do mundo enquanto estiver falando.2. Não interrompa a conversação. Deixe a pessoa expressar-se. Tenha cuidado com suas próprias

expressões faciais ou gestos de impaciência ou de desinteresse - eles podem funcionar como instrumentos de interrupção ou bloqueio.

3. Olhe, sempre que possível, nos olhos da pessoa. Dê atenção total.4. Concentre-se não só nas palavras mas também nos gestos e nas expressões faciais. Você poderá

captar outras mensagens de bastidores e nas entrelinhas.5. Valorize os pensamentos e os sentimentos dos outros evitando comentários do tipo: "Isso não é

nada". Ouvindo atentamente, você poderá ser de grande ajuda na restauração do seu interlocutor.6. Quando não puder ouvir imediatamente uma pessoa, marque uma outra hora. Assegure-lhe seu

interesse em ouvi-lo.7. Quando a pessoa com a qual você está conversando for conhecida de bom tempo, não se deixe

levar por recordações de seu passado. Concentre-se na mensagem atual. Evite adivinhações.8. Seja coerente. Vibre quando necessário. Aprenda a entristecer-se ao ouvir assuntos pesarosos.9. Tente memorizar a conversa. Preste atenção a nomes de pessoas, localidades, datas e outras

referências mencionadas. Vez ou outra refira-se a essas informações. Isso pode demonstrar o quanto você está levando a sério a conversa.

10. Cuidado para não ficar olhando para lugares inconvenientes durante a conversa. Não se detenha nas partes eróticas do corpo. Evite conversar olhando para outras pessoas.

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11. Nem sempre estamos ouvindo com intenção de ajudar os outros. Haverá ocasiões em que o ajudado será você. Quando for exortado por alguém, sua tendência será imediatamente defender-se ou tentar racionalizar. Evite isso. Saiba ouvir as admoestações, exortações e criticas com atenção.

TRANSPARÊNCIA E AUTENTICIDADEPara que nossos relacionamentos sejam sólidos e duradouros é preciso que sejam construídos

sobre alicerces fortes e resistentes ao tempo. A transparência e a autenticidade são dois desses ingredientes de um bom alicerce relaciona! Veja estes conselhos que consegui com pessoas que conseguiram desenvolver uma vida pontilhada de bons relacionamentos:

1. Expresse seus pensamentos e sentimentos sendo transparente diante de Deus, perante si mesmo e diante de outros, tendo como objetivo buscar uma solução bíblica.

2. Quando oportuno, tenha coragem de ser autêntico, quebrando a máscara da perfeição e admitindo honestamente suas próprias limitações, lutas, derrotas e fracassos. Dessa forma você terá oportunidade para compartilhar as respostas bíblicas que já encontrou, e motivar outros a buscar soluções e mudanças.

3. Seja criterioso.4. Verifique se a pessoa com a qual você vai "desnudar-se" é de confiança.5. Evite envolver referências pessoais a terceiros (revelar pecados dos outros).6. Assegure-se de que suas confissões venham a edificar o outro. Muitas vezes algumas

confissões causam escândalo, decepções e traumas.

Um discípulo é autêntico quando:- se aproxima dos demais integrantes de seu grupo de discipulado, de sua igreja local ou de seu

esposo ou esposa, sem perder a individualidade.- está seguro de que suas percepções são acertadas e conseqüentemente opta por relacionar-se de

forma que nada tenha que ocultar, nada que fingir, nenhuma agenda secreta.- não tem medo de ser descoberto, mas se caracteriza pela tranqüilidade de ser aceito pelo que é, e

não pelo que aparenta ser.Ser autêntico é, essencialmente, atuar diante dos demais conservando seu jeito próprio de ser, a

espontaneidade, agindo livre e naturalmente através de condutas moderadas, só pelas convicções próprias, em vez de comportar-se como quem procura atender cegamente às expectativas dos outros.

É importante, a esta altura, fazer distinção entre autenticidade e ingenuidade. Todos temos direito ao que é pessoal e particular em nós, e à reserva quanto a certas áreas de nossa vida que não é necessário nem prudente debater em público. Com relação a essas, é melhor manter silêncio e não dar razões específicas, quando não se deseja falar a respeito. Um assunto não perde sua autenticidade, se alguém diz que não gostaria de falar sobre ele. Ao se expressar deste modo essa pessoa está, também, sendo autêntica.

Outra ocasião em que devemos ter cuidado com a franqueza total é quando o impacto do que se disser possa ter repercussões indesejáveis.

A autenticidade não nos autoriza a ser:- grosseiros,- agressivos,- insensíveis.Autenticidade tampouco significa dizer tudo a todos. Ao contrário, é dizer as coisas tais quais

são, ou dizer que não se quer falar a respeito. As pessoas que se negam a ser autênticas, correm o risco de produzir ingredientes tremendamente nocivos à comunhão pessoal tal como:

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- engano,- manipulação,- mentira,- expressão de desgosto quando ela não existe,- elogio falso,

- simulação de certas características de personalidade que, de fato, não se tem.

Ser autêntico é ter a liberdade de poder comentar com outra pessoa nossos sentimentos negativos, sem atribuir a ela a responsabilidade pelo que sentimos (o que seria impossível, já que ninguém pode causar diretamente um determinado sentimento em outra pessoa, e, sim, apenas provocá-la. A responsabilidade da reação é com a pessoa). Considere estas três afirmações:

"Você me desprezou ontem na festa." "Você me fez sentir-me desprezado ontem na festa.""Ontem me senti desprezado, quando você me deixou sozinho na festa."Qual dessas três afirmações é a mais autêntica e sensata?

PERGUNTAS INTERESSANTES SOBRE O ASSUNTO

1.Se você, por ter sido autêntico, perder um amigo ou irmão na fé, será que você perdeu muita coisa?

Resposta: É muito melhor conscientizar-se de que não é possível manter um relacionamento autêntico com esse amigo ou irmão, do que viver frustrado numa relação fictícia, com bases falsas, que cedo ou tarde vão desmoronar.

2. Você tem medo de que a sua autenticidade venha a lhe custar caro?Resposta: Tem razão. Ser autêntico pode ter um alto preço. Entretanto, nada é mais custoso do

que manter diferentes máscaras. Isso resulta num grande desgaste psíquico.3. Se alguém se escandaliza, ou se aborrece e se deprime por causa de sua autenticidade, quem é

que está realmente com problemas?Resposta: Somos responsáveis por nosso impacto sobre os demais, não, porém, por suas reações.

Além do mais, usar máscaras pode escandalizar, deprimir e aborrecer os outros, muito mais do que o ser autêntico.

É PRECISO DESENVOLVER A SOLIDARIEDADEO corpo humano é um exemplo vivo e incontestável de solidariedade. É impressionante como em

sua grande diversidade, ele atua solidariamente: uma mão ajuda outra; uma célula adoecida é socorrida por várias outras. Da mesma forma a igreja se constitui no Corpo de Cristo. Ela deveria agir como corpo - com solidariedade.

A solidariedade é um subproduto do amor. Todos os discípulos de Cristo devem obedecer ao mandamento: "Amai-vos uns aos outros". Ao obedecer a essa ordem, nos programamos automaticamente para a solidariedade.

A solidariedade é fundamental nos relacionamentos intensos.

O dicionário define solidariedade da seguinte forma:Solidariedade é:- Dependência mútua entre duas pessoas- Sentimento que leva as pessoas a se auxiliarem mutuamente.- Compromisso pelo qual as pessoas se obrigam umas pelas outras.

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Eclesiastes 4.9-12Veja alguns dos princípios bíblicos que nos incentivam à prática da solidariedade:

1. Acolhei-vos uns aos outros. Romanos 15.7

2. Tende igual cuidado uns pelos os outros. 1 Coríntios 12.24b-253. Edificai-vos uns aos outros. 1Tessalonicenses 5.114. Instruí-vos uns aos outros. Colossenses 3.165. Sede servos uns dos outros. Gálatas 5.13-146. Levai as cargas uns dos outros. Gálatas 6.27. Sede mutuamente hospitaleiros. I Pedro 4.7-10

8. Orai uns pelos outros. Tiago 5.16

Capitulo 8

Lidando Cuidadosamente Com o Poder

Muitos relacionamentos são afetados e às vezes destruídos porque as pessoas não sabem lidar com a questão do poder. A vida em grupo, um lar, a célula de discipulado, a igreja em si, exigem alguém com determinada dose de poder para organizar e dirigir o grupo. A autoridade é legítima, necessária e benéfica. Todo grupo necessita de um chefe. Toda comunidade ou igreja local necessita de um líder. Todo corpo precisa de uma cabeça.

É inevitável que surja no discipulado a figura do discipulador e a do discípulo. E, é lógico, surgirá também uma relação onde haverá uma diferenciação entre poder e autoridade.

Não podemos fugir a isso. Aliás, desejamos a isso. Entretanto é preciso ter cautela com nossa posição de discipuladores. É preciso saber lidar com a autoridade, que nos foi conferida, de ministrar sobre outras vidas. Analise estas frases:

"Quem ama menos, quer dominar mais; e, ao dominar mais, ama menos""A ambição elimina amigos.""O poder não conhece amizade.""O ditador não tem amigos, só liderados, ou... inimigos "Todo homem, em virtude de sua natureza pecaminosa, é atraído pela fama e pelo poder. A

simples distinção entre discipulador e discípulo pode fomentar um sentimento sutil de superioridade. Planejar e dirigir um grupo de discipulado pode criar atitudes de soberba por parte de quem discipula.

Numa igreja, cargos e títulos podem ser uma tremenda barreira para o desenvolvimento da qualidade das relações.

Veja algumas formas de poder que podem desencadear soberba, orgulho, arrogância e superioridade:

1. Saber falar bem.2. Saber orar com eloqüência, ou fervor. 3. Denunciar pecados.4. Expulsar demônios.5. Ter orações respondidas.6. Saber aconselhar.7. Ser mais velho na fé.8. Ter cursos teológicos reconhecidos.9. Ter sido discipulado por alguém de renome.10. Possuir um cargo ou um título na igreja local ou denominação.

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Líderes de igrejas correm o risco de serem tentados a abusar dos poderes que lhes são conferidos. Muitos líderes não conseguem desenvolver relacionamentos saudáveis porque têm medo de perder sua autoridade e poder. Isso é um engano. Lideranças estáveis, duradouras e produtivas são caracterizadas pelas amizades que seus integrantes desenvolvem entre si.

Devemos ter cuidado com os números, as estatísticas e as avaliações. Os números têm poder. Números comparam. Números estabelecem concorrência. No lar, alguns maridos podem usar de sua função de liderança como ferramenta de poder escuso. Pode ocorrer, também, que uma mulher que tenha um salário ou rendimento maior que seu marido e use dessa situação como uma forma velada de poder.

O poder em si mesmo, não é mau. É até necessário para dirigir um grupo de discípulos, uma igreja, ou mesmo um lar. O poder torna-se maléfico e perigoso:

l. Quando vem de uma necessidade pessoal de ter primazia ou superioridade, e não da necessidade real de uma comunidade que quer ser dirigida.

2. Quando o impulso para o poder é substituto oculto de outros impulsos não satisfeitos na pessoa que manda.

3. Quando fere.4. Quando divide.5. Quando passa por cima dos direitos alheios.6. Quando desrespeita.7. Quando desonra.8. Quando visa interesses pessoais ou escusos.

O uso inadequado do poder pode ser o maior inimigo das relações significativas, das amizades profundas, da harmonia, da união, da unidade, da vida em grupo. Isso porque o poder mal usado suprime a sensibilidade, fecha a porta da comunicação, evita o diálogo e tolhe a liberdade. Pessoas movidas pelo poder não se preocupam com os outros, pisam-nos sem piedade, desprezam com facilidade sentimentos e promessas, tornam-se insensíveis.

A comunicação verdadeira só pode desenvolver-se num clima de confiança mútua. O poder doentio acaba com esse clima. É muito comum perceber-se a triste realidade do mau causado pelo poder na vida de pessoas que antes eram amáveis, cordiais e amigas. O poder desenfreado sobe à cabeça e altera valores, pactos, alianças e amizades. Você, por acaso, já não perdeu um amigo quando este foi contemplado com uma promoção, ou um cargo de chefia ou liderança?

É preciso usar do poder com legitimidade, com honestidade, com sabedoria. Entretanto, muitas vezes, mesmo sendo usado com cautela, ele pode gerar conflitos, desunião e barreiras nas comunicações e nos relacionamentos. Isso acontece muitas vezes sem que a pessoa perceba.

Resumindo, o poder, mesmo quando conseguido de maneira legitima e usado com prudência, cria obstáculos à comunicação entre quem o tem e quem não o tem. Basicamente, existem quatro tipos de poder entre nós:

1 - O poder do dinheiro.2 - O poder das instituições. 3 - O poder dos grupos.4 - O poder das idéias.

1.1. O poder do dinheiroO dinheiro gera poder. Muito dinheiro... muito poder. Alguns de nós, em virtude de nossa função,

cargo ou posição, não nos damos conta do poder que está em nossas mãos. Esse poder muitas vezes

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manifesta-se de modo imperceptível e sutil. O perigo peculiar de tal poder é o de não ser reconhecido conscientemente ou não ser considerado oficialmente como tal.

Algumas pessoas que têm poder, dizem que não o têm, que o dinheiro que passa por suas mãos não lhes pertence, que elas são apenas um canal entre quem tem o dinheiro e quem o recebe. Entretanto o fato de administrarem o dinheiro, principalmente quando se tem autonomia para designar a quem e a que servirá, isso lhes confere um certo poder velado.

2.1. O poder das Instituições.O poder das instituições se manifesta nos cargos ou funções. Como líder de uma célula de

discipulado, como professor de uma classe de Escola Dominical, como pastor de uma igreja ou como diácono, presbítero ou mesmo tesoureiro, o poder brota e manifesta-se fatalmente. E quando surge, aparecem as barreiras, os choques, as diferenças que acabam por comprometer as relações dentro do grupo.

De certa forma as instituições têm servido de agente de corrupção. Isso se percebe e acentua quando o grupo ou a instituição começa a crescer. Mesmo o santo desejo de fazer crescer o Reino de Cristo e Sua Igreja pode gerar corrupção. As atividades começam a multiplicar-se. Novos desafios, novas possibilidades, novos projetos. Gente sedenta de um lado, gente querendo saciar-lhes a sede do outro, e, no meio... o servo de Deus com seu zelo, sua dedicação, seu amor pelas almas perdidas e a organização que ele criou para isso. A tentação de ampliar seu ministério, de abrir novas frentes, novas congregações, novos grupos de discipulado, de alcançar e salvar mais pessoas, e depois sempre mais e mais.

Serão necessários muita honestidade, muito juízo e muito discernimento para separar os numerosos fios dessa complexa trama, e distinguir o que é necessidade autêntica do que é ambição pessoal. É preciso discernir e separar o que é abnegação do que é meramente auto-engrandecimento, até onde chega o serviço e onde começa o poder.

3. O poder dos grupos.Não podemos negar que existem grupos e subgrupos dentro da igreja de Cristo. Eles são

manifestações singelas do poder. Os grupos têm poder de influenciar decisões. Há uma série de divisões naturais entre nós. Cada um de nós pertence a uma série de grupos que se sobrepõem mutuamente, em função do lugar de origem, língua, idade, sexo, cultura, ideologia, denominação religiosa, doutrina etc...

Algumas dessas diferenças são mais marcantes do que outras. algumas chegam a ser ignoradas na prática; outras dão lugar à existência de grupos de amigos e irmãos que gostam de encontrar-se, de recordar e orar juntos. Muitas vezes os "espirituais" ajuntam-se para orar pelos carnais. Por sua vez estes se ajuntam para criticar aqueles.

O perigo começa quando se forma uma rede de interesses dentro do grupo; quando poucos indivíduos, de forma consciente e deliberada, se unem para impor suas idéias aos demais, ou mudar decisões, forçar estilos, impor tendências, ou mudar estruturas. A divisão no poder destrói o grupo.

4. O poder das idéias.As idéias governam o mundo. Maneja as idéias e manejarás o mundo. Idéias são sutis, elegantes,

atraentes. Agarrar-se a certas idéias sugere intelectualidade. As idéias podem ser perigosas, principalmente se convertidas em instrumento de poder - são armas mortais. Os livros são uma bêncão porém muitas vezes têm se constituído numa força destruidora da unidade e da comunhão dos irmãos. Inúmeras divisões têm acontecido no seio da Igreja de Cristo por causa da veiculação de uma nova doutrina ou de uma nova interpretação de determinado teólogo ou pensador cristão.

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A ideologia pode ser excelente em si mesma e, de fato, quanto mais elevada e mais nobre, quanto mais moderna e atual e urgente, tanto mais perigosa, quando se converte em instrumento de poder, em plataforma para um líder, ou interesse de um grupo.

Muitas vezes a propaganda de uma idéia não passa de uma propaganda pessoal daquele que a desenvolveu. Outras vezes uma idéia serve de veículo a interesses escusos. Um exemplo disso é como a ecologia tem sido explorada pelos políticos. É lamentável, mas dentro da Igreja existe política espúria. E ela tem-se utilizado de boas idéias e transformado-as em plataforma de interesses particulares.

Como discipuladores, temos que tomar cuidado para que discursos e sermões acalorados de certos "pensadores e teólogos" não roubem a primazia da Palavra de Deus. Temos que peneirar as idéias no crivo dos princípios fundamentais da Palavra.

Finalizando, podemos sintetizar dizendo que o poder é, e continua sendo, hoje mais do que nunca, a grande tentação para o discipulador, o líder.

Creio que o poder, quando mal usado é grande obstáculo para um bom relacionamento, a grande ameaça para a vida do grupo.

LEALDADE & FIDELIDADE

Uma das mais importantes bases de um relacionamento é a lealdade. O amigo leal, honesto e sensível contra o mal, não se alegra com a queda ou fraqueza do outro. Ele não sente prazer quando este é atingido por terceiros, nem desaparece ao primeiro sinal de problemas ou dificuldades.

Como posso ser leal com alguém?1. Agindo contra a difamação e calúnia.2. Não espalhando acusações sem fundamento ou dizendo mentiras. Provérbios 11. 13,

Provérbios 24.283. Buscando comunicação direta.Quando temos um problema com alguém, somos responsáveis por tomar a iniciativa de resolvê-lo

diretamente com a pessoa envolvida. Mateus 18.15, Mateus 5.23-244. Protegendo e defendendo o amigo. 2 Timóteo 4.165. Apoiando o amigo em todo o tempo. Provérbios 17. 176. Guardando segredos e confidências. Provérbios 25.9-10

ENCORAJAMENTO

O maior exemplo de encorajamento pode ser encontrado na pessoa de Deus.

1. O exemplo de Deus. Josué 1.9, Deuteronômio 28.72. O exemplo de Jesus. 2.1.Jesus e a dor. João 11.42.2.Jesus e as perseguições. Mateus 5.11-123. O exemplo de Paulo. Filipenses 4.4, Tito 2.7-8Relacionamentos são grandemente abençoados quando há encorajamento. E o encorajamento

pode manifestar-se de várias formas:a. pela expressão de gratidão.Cultivar um espírito grato e nunca esquecer de agradecer aquilo que se recebe dos outros é es-

sencial para um bom relacionamento. I Tessalonissences 5.18, Filipenses 4.10, Romanos 16.4b. pelo elogio. Provérbios 29.5, Provérbios 29.14

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Capitulo 9

Disposição em Resolver os ConflitosComo discípulos de Jesus, temos que desenvolver nossas habilidades de resolver conflitos e

problemas de relacionamento.Como podemos concretizar isso?Elkim Arango, em seu livro "O caminho Comunitário" (p. 84), diz que:Precisamos aprender a jogar limpo. O que é jogo limpo?É uma situação na qual as pessoas se assentam juntas, do mesmo lado da "mesa de negociação" e

enfrentam suas diferenças, em lugar de enfrentarem-se mutuamente, buscando e encontrando seu denominador comum, sua área de interseção, seu marco de referência compartilhado, os parâmetros da comum-união.

No "jogo limpo", discute-se qualquer tema (conteúdo), preservando por meio de um processo humanizante (maneira de discutir) a dignidade de cada um e seus direitos de individualidade e de autodeterminação.

O resultado do jogo limpo é um significativo crescimento da relação inter-pessoal. O "jogo sujo" utiliza um processo manipulador, agredindo e ferindo a pessoa ou suas características, tratando o outro como objeto através do qual triunfamos e fazemos triunfar nossos pontos de vista.

O resultado do jogo sujo é o distanciamento, o conflito psicológico, o rancor, a mágoa, o ressentimento.

No caminho para se conseguir a intimidade, encontramos o confronto.Confronto pode ser um terrível problema, ou uma oportunidade imperdível para crescer rumo à

maturidade.Paulo fala: "quando eu era menino, pensava como menino... agora que cresci, eu penso e atuo

como homem".Crianças não gostam de confronto. Crianças adotam atitudes como: "não brinco mais... "ou" ... a

bola é minha então tem que ser do meu jeito".Fugir do confronto é criancice, meninice. É sinal de imaturidade.Alguém uma vez disse: "Se você me ama, precisa me dizer a verdade. Quero seu amor e também

quero sua verdade. Ame-me tanto, que tenha a coragem para me dizer a verdade."Dizer a verdade em amor é o caminho para se chegar a relacionamentos acertados e maduros.O confronto em amor vê o conflito sob um ponto de vista especial. O conflito passa a ser

encarado como natural e normal. Conflitos podem levar a fins dolorosos e desastrosos, mas nem sempre.

O conflito não é bom nem ruim, nem certo nem errado, ele simplesmente existe. A maneira como nós encaramos, abordamos e resolvemos nossas diferenças determina, em grande parte, todo o nosso modo de vida.

Uma vida sem confronto é uma vida irreal, uma utopia, uma mentira. Confrontos são oportunidades de superação e crescimento.A Bíblia está repleta de exemplos de confrontos. O confronto é uma dádiva. É um estímulo necessário para nos arrancar para fora da mediocridade. O confronto nos traz de volta das posições radicais e extremadas.

O confronto é uma arte que deve ser aprendida por todos quantos desejarem crescer e alcançar a maturidade.

Confrontar é permitir e aceitar a divergência.Divergência é discordância, desacordo, discrepância. Quando duas pessoas enfrentam o confronto

de modo saudável, a divergência é uma possibilidade.

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Divergir não é a mesma coisa que rejeitar, rechaçar. Divergir é ter uma opinião diferente da opinião de outra pessoa. Entre nós aqui existe muita divergência. Por exemplo: se eu perguntar aqui - quem é mais complicado: homem ou mulher? Ou se eu perguntar aqui, qual a melhor idade para se casar? Teremos uma divergência de opiniões. Mas nem por isso, deixamos de conviver, ou mesmo de nos relacionar, ou de nos amar.

Confrontar é oferecer o máximo de informação sobre seu papel no relacionamento, sem fazer ameaças. Confrontar é uma habilidade que vai se aprendendo pouco a pouco.

Precisamos criar ambientes propícios à prática do confronto. Ambientes cheios de aceitação, mansidão, amor e apoio. É muito difícil tirar proveito do confronto num ambiente de insensibilidade, hostilidade e ausência de apoio. O confronto é uma das características de pessoas autênticas.

Ser confrontado por uma outra pessoa não é problema quando essa pessoa o respeita, valoriza e o ama apesar das diferenças. Entretanto, se não existir respeito, compromisso e amor... então corre-se o risco de se ficar irritado com as perguntas ou respostas que as pessoas nos dão.

Por essa razão é preciso trabalhar a questão do "importa-se” com a pessoa, antes de querer ir para o confronto. Quando uma pessoa está se importando com outra? Resposta:

Quando ela se preocupa com a outra. Quando ela se interessa pela outra. Quando dá importância e valor à outra. Quando tem consideração pela outra. Quando a outra pessoa tem significado para ela.

Importar-se com o outro é oferecer condições e estímulo para que o outro cresça e se torne aquilo que é ou aquilo que pode vir a ser. Importar-se é ajudar o outro a se aproximar mais e mais da maturidade.

Aquele que está preocupado em aprender a se importar com o outro deve sempre fazer estas perguntas:

1. Minha atitude, ou minha reação, ou resposta favorece o crescimento da outra?2. O que vou fazer libera o outro para que ele seja o que realmente é?Confronto sem amor é perigoso. A crítica sempre deve vir antecedida por uma estrutura de apoio.

Exemplos:Você e as notas de seu filho:Ex. A - Isso é nota que se tire? Você não tem vergonha da nota que tirou?Ex. B - Vejo que você tirou boas notas, com exceção de... matemática.Ex. C - Você, com este vestido, está parecendo uma bruxa.Ex. D - Você já experimentou aquele outro vestido azul com bolinhas? Ele fica tão bem em você.Agora, observe o exemplo de apóstolo Paulo no Areópago.

Uma avaliação tem que vir precedida de empatia. Uma consciência de amor sempre nos libera para falarmos com o outro com franqueza. Nunca estaremos autorizados a discordar enquanto não estivermos dispostos a compreender. Por ex. quando nosso cônjuge nos decepciona ou nos frustra ou mesmo quando nos ofende, não precisamos aceitar a ofensa pacificamente. Entretanto antes disso precisamos tentar compreender: por que ele fez isso? O que o teria levado a agir assim?

Para se tirar proveito do confronto é preciso construir primeiro um bom alicerce nos nossos re-lacionamentos. Quais seriam os ingredientes desse alicerce? Carinho, amor, compreensão, apoio, em-patia, valorização.

Quando nos preocupamos com esses fundamentos, então isso nos autoriza a atitudes mais vigorosas como o confronto, a crítica, a avaliação, o conselho e a discussão aberta um com o outro.

Liderar um lar com força viola o amor. Liderar com amor, humaniza o poder. O poder sem amor é cruel. Amor sem força é incapaz de agir. Quando a força é trabalhada e moldada pelo amor, ela fortifica tanto o doador, como quem recebe. O poder com amor é a essência do relacionamento autêntico.

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O confronto estimula uma mudança no outro, mas não a exige.Deixem - me ilustrar uma cena típica de confronto e como podem surgir reações negativas que

pouco ou nada contribuem para que haja mudança.Vamos supor que você esteja no meio de uma reunião de discipulado. Um dos participantes

começa a interromper o estudo da lição com observações fora de hora. Depois da quarta ou quinta interrupção, você começa a esquentar e ficar irritado. Você diz consigo mesmo: Será que esse cara não se toca?

Quando é que vai parar de falar e de interromper? Entretanto o quadro não muda, e o líder não toma nenhuma providência. O assunto a essa altura já foi desviado e está longe do propósito inicial. Você então começa a dizer: Eu já não agüento mais! Não quero mais esta célula de discipulado! Aí lhe passa a idéia de dizer que precisa se retirar porque tem um compromisso muito cedo no dia de amanhã.

Na verdade você está enjoado e não agüenta mais aquele papo. Aí, surge o impulso de você tomar uma providência particular de franqueza. Você pensa em levantar sua voz e interromper aquela conversa fiada e dizer: "... Olha aqui, ô cara. Será que você não se toca? Não percebe que já inter -rompeu oito vezes o estudo com suas picuinhas e perguntas bobas?

Entretanto, que bom que foi só uma intenção e um impulso. Aí você se lembra desta palestra e se recompõe, e se controla e propõe: "...Eu percebo que o irmão fulano gosta muito desses outros assuntos e, me parece, tem muitas dúvidas, que não estão sendo estudadas hoje aqui e me parece que ele está realmente interessado em esclarecê-las. Proponho que nosso líder dedique um tempo extra, nesta semana, para ajudá-lo. Como o horário de hoje está bem avançado, sugiro que retornemos a nosso estudo para que nosso líder possa concluí-lo."

Percebeu? Houve um confronto, entretanto a maneira como ele se desenvolveu foi cercada de atitude e de palavras que não tinham o ranço de irritação e de ridicularizar o "irmão tagarela". A estratégia desse confronto, propôs soluções e apontou um caminho para mudança.

Outro aspecto interessante no lidar com o confronto: aquele que confronta não deve passar a idéia de que a amizade entre eles depende de uma mudança de vida do que está sendo confrontado.

Muitos de nós adotamos uma atitude soberba, e destituída de qualquer matiz de amor, quando nos afastamos de outro irmão de fé só porque ele não quis mudar de opinião ou mesmo de atitude. Isso é meninice, imaturidade muito grande.

Quando Pedro envergonhou Jesus ao negá-lo três vezes, Jesus não se afastou dele. Depois que Jesus foi crucificado e sepultado, Pedro voltou a sua profissão de pescador. Jesus poderia ter ficado decepcionado mais uma vez. Entretanto, mandou dizer a Pedro que queria ter um encontro com ele na Galiléia.

E quando teve esse encontro, Jesus não veio cheio de sermões e exortações. Não deu nenhum "sabão". Não exigiu explicações e tampouco usou de retaliação ou castigo. A atitude de Jesus se baseou somente em lembrar que o importante era amá-lo. Tu me amas? O interessante de tudo isso é que logo em seguida Jesus atribui a Pedro uma missão tremendamente importante: "... Apascenta as minhas ovelhas!"

Jesus confrontou Pedro mas foi num clima de amor, de restauração e de proposta de mudança.Você já pensou como seria a história de Pedro, dos discípulos e da Igreja de Jesus Cristo, se Jesus

o tratasse assim:"Mandem chamar aquele cretino do Pedro. Diga a esse verme que estou indo para a Galiléia para

esfregar o meu rosto na sua cara e lhe dizer umas boas."E quando acontece o encontro Jesus diria:"Vem cá seu miserável! Olha aqui nos meus olhos! Não tem vergonha, não? Três anos gastando

tempo com você. Durante todo esse tempo eu lhe ensinei coisas preciosas. Você não podia ter duvidado de mim. Você não tinha o direito de me negar. Eu lhe dei várias oportunidades para você não duvidar

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de minhas palavras. Você viu com esses olhos centenas de milagres que eu fiz. Você presenciou as curas que realizei.

Você me viu acalmando a tempestade no mar, multiplicando os pães e peixes. Você bebeu o melhor vinho de sua vida. Vinho esse que transformei a partir da água. Seu miserável... Você me envergonha... E eu que o fiz andar sobre as águas...

Eu... que o levei para o monte e me transfigurei diante de apenas três pessoas e uma dessas foi você... E olha o que você me faz... Olha que resposta você me dá! Será que eu mereço isso? Será que valeu a pena eu ter deixado o céu, e a minha glória, me humilhar, e me deixar esbofetear por esses homens nojentos?

Será que valeu a pena, Pedro? Você me faz sentir falido! Você me faz sentir derrotado. O que é que você fez com tudo que lhe ensinei? Hei... Fala! O que é que você fez com os meus ensinos?

Seu inútil... seu traste! E eu que pensei que você pudesse continuar a pastorear os meus dis-cípulos. Que ingênuo fui! Saia daqui agora, vamos ... saia... Cale a boca e saia. Não quero vê-lo nunca mais, seu indigno, ingrato. A partir de agora você não faz parte deste grupo de discípulos."

O que seria da história de Pedro O que seria da vida dos discípulos? O que seria da Igreja se essa fosse a atitude de Jesus? Quanta coisa temos que aprender com Jesus no que se refere a conviver com os conflitos em nossos relacionamentos!!! Aceitação de uma pessoa nada tem a ver com acordo ou desacordo. A aceitação não exclui divergências, ela nos libera para divergirmos de uma maneira mais franca, efetiva e plena.

Vale a pena ressaltar que temos que tomar cuidado em não adotar uma postura de aceitação indiscriminada. Aceitação que sugere não haver total preocupação ou envolvimento com a outra pessoa. Não podemos baratear nossa aprovação.

Importar-se com o outro requer que nos interessemos pela direção que o outro está dando a sua vida. Interessar-se pelo outro é oferecer um envolvimento real que possa servir de luz para aquela vida.

Importar-se com o outro significa que vou deixar a atitude mesquinha de crítica e de murmuração e vou me dedicar a ser instrumento para aquela vida. Vou sair do meu afastamento egoísta de não contaminação e vou me aproximar do outro de modo genuíno, com amor. Amor que está acima do sentimento. Amor baseado no desejo de obedecer a Jesus. Amor que deseja ser imitador, ser semelhante a Jesus.

Se você ama, você é franco. Se você dá valor ao outro, você apresenta a verdade.Saber confrontar não é questão de diplomacia, tato, ou educação. Saber confrontar o outro é

basicamente deixar que o Espírito Santo libere o Seu fruto em você.Em Gálatas 5.22 está escrito:

' ...mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra estas coisas não há lei. "

O Espírito está pronto para lhe fornecer tudo de que você precisa para saber tirar proveito do confronto. Você tem que fazer a sua parte.

Algumas sugestões:1. Durante o confronto focalize, suas reações não no personagem, mas na ação. Faça comentários

não em relação à pessoa, mas ao comportamento. Por exemplo:

"Você ê malvado e sujo!" x "O que você fez foi mau e me fez sentir suja"."Você ê um mentiroso" x "Aquilo que você disse foi uma mentira"."Você ê um burro" x "Suas notas não estão muito boas".

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Criticar a pessoa que está se comportando de maneira indesejável, estimula os sentimentos de rejeição. Criticar o comportamento, afirma a liberdade de mudar e encoraja a pessoa a se desligar do mau comportamento em questão.

2. Durante o confronto, baseie as suas reações não em suas conclusões, mas em suas observações. Evite comentar aquilo que você acha, imagina ou deduz, mas o que realmente você viu ou ouviu. Por exemplo "Pra variar, você está atrasa do outra vez. Imagino que estava aconselhando e consolando sua secretária."

3. Durante o confronto, baseie as suas reações não em julgamentos, mas em descrições. Não comente como você classificaria o comportamento do outro, como sendo mal, errado, mas dê uma descrição clara e correta numa linguagem que seja a mais neutra possível. Por exemplo, em vez de di-zer: "Você ofendeu de maneira desleal o nosso filho", diga: "Nosso filho ficou ofendido e triste pela maneira com que você se dirigiu a ele".

4. Durante o conflito, baseie suas reações não em qualidade, mas em quantidade. Não faça comentários sobre o caráter da outra pessoa. Faça comentários sobre a quantidade e o grau de senti-mento . Por exemplo, em vez de dizer: "Você ê um tagarela", diga: "Você se expressou com muitas palavras".

5. Durante o confronto, baseie suas reações não em conselhos e respostas, mas em idéias, infor-mações e opções. Evite dizer: "Sabe o que você tem que fazer? Eu acho que você tem que fazer isto e aquilo". Em vez disso diga: "Você já pensou na possibilidade de fazer isto ou aquilo?" ou: "Que tal você tentar deste jeito?"

6. Durante o confronto, baseie suas reações não no potencial existente dentro de você como o homem que tem todas as respostas do mundo. Baseie-se em vez disso no potencial que será útil à outra pessoa. Deixe que a pessoa tire suas próprias conclusões. Permita que ela chegue sozinha à decisão que precisa tomar. Por exemplo: "Deixe que eu vou falar com a fulana. Vou lhe dizer umas boas. Eu sei como tratar de gente como ela."

Ofereça suas observações, comentários e prováveis opções. Evite dizer: "Você vai ficar aí pa-rado? Vai lá e peça desculpas". "Vai lá e diga que você optou por mim. Mexa-se."

Fazendo isso você estará sobrecarregando os canais abertos e estará impondo uma decisão ao outro. Desse jeito você acaba bloqueando e frustrando a solução.

7. Durante o confronto, baseie suas reações não na melhor hora para você, mas na melhor hora e situação favorável ao outro. Algumas pessoas são hábeis em desenvolver sistemas de confrontação repressores. Estão muito mais ligadas às intenções de fazer o outro passar por vexame, ridículo ou vergonha, do que à intenção de restaurar ou solucionar o conflito de modo saudável. Por exemplo, ir ao local de trabalho, no horário de expediente, para expressar, em voz alta e na frente dos outros, seus gritos de dor e decepção. Ou, então, na frente de amigos, familiares ou mesmo na frente dos filhos.

Alguns mais infelizes, usam o horário das refeições para tentar resolver seus conflitos. Não seja precipitado. Procure a pessoa e diga: "Gostaria muito de resolver este problema que está havendo entre nós. Qual seria a melhor hora para fazer isso?"

8. Durante o confronto baseie suas reações não no "por quê" mas no "o quê "e "como". O "por quê" critica valores, motivos e intenções. Em vez de dizer: "Por que você fez isso comigo?" diga: "O que aconteceu para que você chegasse a fazer isso?" ou então: "Como isso foi acontecer com você?"

Resumindo as oito sugestões:Concentre-se na ação, nas observações, nas descrições, na quantidade, nas informações, nas

alternativas de solução, no melhor lugar e horário, e em lidar com o quê e como.Não concentre suas atenções na pessoa que age, nas suas conclusões, nos julgamentos, nas

qualidades, nos conselhos, no potencial que você tem, no lugar e na hora mais fáceis para você, ou no por quê.

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Diretrizes para um bom confronto:1. Confronte com amor. É preciso disciplinar-se para só partir para o confronto com os óculos do

amor. É preciso aprender a importar-se com o outro.2. Confronte com cuidado.3. Confronte construtivamente. Evite o jogo sujo. Evite causar humilhação. Cuidado para não

afogar o outro na sua culpa. Evite retaliações, represálias, vingança ou desforra.4. Confronte com aceitação. Um dos maiores inimigos da solução de conflitos é o bloqueio que se

levanta antes mesmo do início das negociações. Muitos de nós partimos para o conflito, armados com nossas pedras e isso nos impede de ouvir o outro e suas razões, motivos ou justificativas.

5. Confronte com clareza. Saiba separar o que é fato (observação), do que é sentimento. Nunca relate uma interpretação como se fosse um fato.

Confrontar é permitir discordar. Discordar não é atacar.Há várias maneiras de uma pessoa encarar ao conflito:1. O conflito é péssimo e desgastante.Nós simplesmente não nos entendemos, somos incompatíveis, nunca vamos nos entender.

Portanto a melhor coisa a fazer é evitar o conflito. Você segue o seu caminho e eu o meu. Assim estaremos protegidos e seguros contra os desgastes do conflito.

2. O conflito é esmagador.Se houver conflito, ele acabará com o nosso relacionamento. Serei rejeitado e passarei apuros.

Diante disso, então, vou adotar o papel de bom camarada. Vou ceder facilmente para manter a nossa amizade.

3. O conflito é uma sina.É inevitável. Foi Deus quem me colocou no seu caminho. Eu serei a sua consciência. Defenderei

sempre a minha verdade diante de Deus e dos homens. Por essa razão eu terei de ser perfeccionista, juiz e fiscal de sua vida.

4. O conflito é nosso.Temos que resolve-lo juntos. Vou andar meio caminho. Espero que você ande a sua metade.

Vamos cooperar, vamos ceder e chegar a um ponto comum. Se for assim, então o meu papel será de um mediador. Cada um cede metade. Eu só cedo até aí. Nenhum centímetro a mais.

5. O conflito existe e é natural.Ele revela as dificuldades e diferenças que temos. Vou aproveitar isso para poder confrontar em

amor e assim crescer.Resumindo: podemos adotar diante do conflito uma destas posturas:1. Eu ainda o pego.2. Vou cair fora dessa situação.3. Vou ceder, para não perder a amizade4. Vou até a metade do caminho.5. Eu o amo e me importo com você, a ponto de poder confrontá-lo.

Capitulo 10

Sugestões Para Ajudar a Resolver Conflitos

1. Encontre o momento e o local oportuno.2. Não dê voltas. Vá direto ao assunto.3. Evite envolver terceiros.4. Use um vocabulário simples, claro, objetivo.

5. Não dê "golpes baixos" (apontar defeitos).

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6. Evite os absolutos (nunca... sempre...), em relação às circunstâncias e fatos.7. Não abra o baú do passado.8. Evite zombarias, ironias, sarcasmos, apelidos ofensivos e insultos.9. Procure solucionar os conflitos à medida que vão surgindo. Não adie.10. Saiba ouvir.11. Seja paciente.12. Olhe nos olhos da pessoa.13. Procure chegar a compromissos, estabeleça metas.14. Perdoe.15. Se não chegaram a algum acordo, marque outra hora para outra tentativa.16. Se o conflito não for solucionado, busque auxílio.

QUESTÕES RELACIONADAS AO PERDÃO

Antes de fazermos qualquer consideração sobre o assunto, abra sua Bíblia e transcreva os seguintes textos:

Efésios 4.31-32________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Mateus 6.14-15________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Colossenses 3.12-13________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________Para entender o que é perdão temos que entender primeiro o que é ofensa.

O QUE É UMA OFENSA?

Diz o dicionário, ofensa é:- ultraje- uma ação ou palavra que fere alguém em sua honra, dignidade, moral ou em sua integridade.

COMO SE ORIGINA A OFENSA?A ofensa pode acontecer:1° - de modo voluntário = quando é premeditada e consciente.2° - de modo involuntário = quando ocorre inconscientemente.3° - pela má interpretação dos fatos.A ofensa pode ter suas raízes na alma das pessoas, quando elas são impulsionadas por um

sentimento de:a. revide.b. egoísmo.

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c. orgulho.d. desobediência.e. insensibilidade.f. falta de maturidade.g. relaxamento.h. ignorância (falta de conhecimento sobre determinados princípios ou mesmo a falta de co-

nhecimento sobre as pessoas).

Mesmo que direcionada a homens, a ofensa acaba afetando o coração de Deus. A ofensa é uma

desobediência, portanto é um pecado.

SITUAÇÕES QUE PODEM NOS LEVAR AO PECADO DA OFENSA.

l. Quando traímos alguém, um grupo ou uma causa.2. Quando somos infiéis no namoro ou no casamento.

3. Quando somos desleais para com os outros.

4. Quando faltamos com a nossa palavra (prometer e não cumprir).

5. Quando mentimos.

6. Quando distorcemos os fatos (exagerando, omitindo, negando ou diminuindo).7. Quando agredimos com palavras duras, pejorativas ou obscenas.8. Quando fofocamos (falando mal de outrem, prejudicando assim sua integridade, reputação,

moral ou comprometendo e denegrindo sua imagem.9. Quando não guardamos um segredo e o revelamos a terceiros.10. Quando não damos ouvidos às pessoas.11. Quando não prestamos atenção naquilo que estão falando.12. Quando não cumprimentamos as pessoas.13. Quando fazemos brincadeira fora de hora.14. Quando não convidamos certas pessoas para certas ocasiões.15. Quando fazemos comparações, mal intencionadas ou não.16. Quando desobedecemos a ordens.17. Quando desacatamos alguém que é autoridade sobre nós.18. Quando faltamos com o respeito (desacato).19. Quando não valorizamos as coisas ou realizações dos outros.20. Quando não damos oportunidade para uma pessoa.21. Quando procedemos imoralmente.22. Quando exploramos alguém.23. Quando não pagamos corretamente (na data e valor corrigido).24. Quando esquecemos de devolver o que tomamos emprestado.25. Quando nos esquecemos de datas importantes.26. Quando chegamos atrasados aos compromissos assumidos.27. Quando não comparecemos aos compromissos.28. Quando estragamos ou danificamos objetos dos outros.29. Quando abusamos de nossa autoridade.30. Quando não correspondemos às expectativas.31. Quando fracassamos.

32. Quando somos desonestos.33. Quando invadimos a privacidade dos outros.

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34. Quando somos inflexíveis.35. Quando somos insensíveis.36. Quando negamos um empréstimo.37. Quando não ajudamos (negando ajuda ou acolhida).38. Quando criticamos.39. Quando não perdoamos.

COMO PODEMOS RESOLVER O PROBLEMA DA OFENSA?Perdoando ou pedindo perdão.

O QUE É PERDÃO?O dicionário diz que: Perdão é remissão de culpa, dívida, ou ofensa. É indulgência, desculpa por

erro cometido.

IMPLICAÇÕES DO PERDOAR1. Ter disposição em aceitar o reconhecimento de uma ofensa por parte do ofensor, acompanhada

ou não de seu arrependimento.

2. É reconciliar, religar e reatar relacionamentos afetados.3. É estender a mão no sentido da recuperação do ofensor.4. É devolver a confiança perdida.5. É restabelecer a harmonia comprometida e prejudicada pela ofensa.6. É ser autêntico no expressar suas reações diante dos fatos e circunstâncias relacionadas com a

ofensa.7. É assumir o compromisso de:- Não levantar mais o assunto com o ofensor. - Não levantar mais o assunto com outros. - Não levantar mais o assunto consigo mesmo.8. É estar disposto a viver um novo relacionamento.9. É ouvir uma confissão sem diminuir o peso da ofensa.10. É aproveitar a ocasião para ministrar uma boa palavra ao ofensor, exortando-o em amor.

ADVERTÊNCIAS QUANTO AO PERDÃO

1. Perdoar não é uma questão de sentimento (sentir ou não vontade de perdoar).2. Perdoar é obedecer imediatamente.3. Perdoar não significa esquecimento imediato das ofensas e suas conseqüências.4. Devemos perdoar tantas vezes quanto forem as ofensas (70 x7).5. Devemos perdoar todo e qualquer tipo de ofensa.6. Devemos ter todo o cuidado em separar a ofensa do ofensor.7. Perdão deve vir acompanhado de conforto e muito amor. 2 Co 2.7________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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8. Só seremos beneficiados com o perdão das faltas e pecados cometidos contra Deus, quando conseguirmos perdoar as ofensas dos homens. Mt 6.14-15

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

9.Quando perdoamos um irmão, nós o liberamos diante de Deus e cooperamos com, sua reabilitação. Além disso bloqueamos a atuação de Satanás. 2 Coríntios 2.7-11

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

10. O não perdoar afeta o poder de nossas orações. Marcos 11.20-26________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

11. Quando alguém não corresponde ao nosso perdão, não devemos anulá-lo.

12. Lembremo-nos de que, em hipótese alguma, devemos nos vingar. A vingança pertence ao Senhor. Romanos 12.14-21

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________13.Não perdoar é pecado tanto quanto a ofensa.14.Não perdoar pode ter conseqüências tristes como:

a) envelhecimento precoce. Salmos 32.3b) dores generalizadas no corpo. Salmos 32.3c) sentimentos de culpa. Salmos 32.4d) falta de força para viver. Salmos 32.4e) tratamento da parte de Deus, como o tratamento dado a um animal. Salmos 32.9f) sofrimentos indesejáveis. Salmos 32.10g) convivência com raízes de amargura que afetam e prejudicam o corpo. Salmos 73.21h) embrutecimento e irracionalidade. Salmos 73.22

DISCIPULADO E QUALIDADE DE RELACIONAMENTOSPessoalmente, acredito que o discipulado é a melhor estratégia para se resgatar e manter a

qualidade dos relacionamentos no seio da comunidade cristã.Sou um defensor inveterado do discipulado. Acredito que sem ele não é possível fazer Igreja.

Sem discipulado não há cristianismo. Não se podem edificar vidas apenas com ensinamentos, com transferência de conceitos teóricos. É uma ilusão barata pensar que as pessoas poderão experimentar a "vida abundante" que Jesus ofereceu, apenas fazendo que os novos convertidos ouçam os sermões de nossos cultos dominicais.

Crescimento espiritual tem que vir acompanhado de contato, convívio. A formação de uma nova personalidade, a implantação do caráter de Cristo na vida de quem se decide por Jesus, acontece por modelagem, por imitação, por cópia de modelos. E isso é impossível promover sem que haja possibilidade de desenvolvimento de relações profundas e significativas.

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O discipulado é rico de oportunidades para o surgimento e o desenvolvimento de relações intensas, isso porque discipulado pressupõe andar com a pessoa, deixar-se conhecer. Jesus mesmo designou doze para estarem com Ele. (Mc 3.14)

Quem discipula sabe que é relativamente fácil ensinar uma pessoa a obter conhecimentos. Mas como podemos ensiná-la a viver? Uma coisa é fornecer técnicas sobre retenção de informações bíblicas ou da própria vida. Outra coisa é edificar a personalidade de alguém.

Uma coisa é preocupar-se em fazer que as pessoas saibam o que nós sabemos. Outra coisa é fazer que elas sejam o que somos.

Esta é a tarefa do discipulado: ajudar as pessoas a crescerem gradativamente em direção à semelhança com Jesus. Em outras palavras, ajudá-las a ficarem parecidas com Jesus. Isso não se con-segue lendo livros e ouvindo sermões. Isso se consegue através da vivência de relacionamentos profun-dos, amorosos e cheios de compromisso.

Se você é um discípulo de Jesus, você é seu imitador. Jesus é seu modelo, seu referencia!. É preciso olhar para Sua pessoa e descobrir como ele pensa, como reage diante das circunstâncias.

É preciso analisar como Jesus lidava com suas emoções. Amar como Jesus é amar como Deus ama o ser humano.

Amai-vos assim como eu vos amei.

A melhor maneira de se entender o que é amar, é compreender como Deus ama. Aprender a perdoar como Deus perdoa. Colossenses 3.13:

Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem... Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós.

Um dos atributos de Deus é ser perdoador. Neemias 9.17b

Porém, tu, Ó Deus perdoador, clemente e misericordioso, tardio em irar- se, e grande em bondade, tu não os desamparaste...

Salmos 86.5Pois tu, Senhor, és bom e compassivo; abundante em benignidade para com todos os que te

invocam. "

Isaías 43.22-25Contudo não me tens invocado, ó Jacó, mas de mim te cansaste, ó Israel. ... mas me deste traba-

lho com os teus pecados, e me cansaste com as tuas iniqüidades. Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim e dos teus pecados não me lembro.

Deus perdoa qualquer tipo de pecado.Salmo 103.2-3, 10-12Bendize ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nem um só de seus benefícios. Ele é quem

perdoa todas as tuas iniqüidades; quem sara todas as tuas enfermidades.Não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas iniqüidades.

Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem. Quanto dista o oriente do ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões.

Deus perdoa, baseado na sua misericórdia e não nos merecimentos da pessoa.

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Romanos 5.6-8Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios... mas Deus

prova o seu próprio amor para conosco, pelo fato de Cristo ter morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.

Efésios 2.4- 7Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando

nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo - pela graça sais salvos...

Colossenses 2.13-14E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões, e pela incircuncisão da vossa

carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos. Tendo cancelando o escrito de divida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz.

O perdão de Deus é integral (imparcial ou incondicional)Romanos 8.1Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.

Romanos 8.33-34Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os conde-

nará? É Cristo Jesus quem morreu, ou antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós.

Quando concede Seu perdão, Deus não nos trata mais segundo o nosso pecado. Salmo 32.1Isaías 43.25Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim e dos teus pecados não

me lembro.

Isaías 44.22Desfaço as tuas transgressões como a névoa, e os teus pecados como a nuvem; torna-te para

mim, porque eu te remi.

Ao conceder Seu perdão, Deus não continua atribuindo culpa pelo pecado.2 Corintios 5.19Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas

transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.

Uma vez dado o perdão, Deus promete não levantar a acusação novamente, contra você. Isaías 38.17; Miquéias 7.19

Deus nunca nega o perdão, quando os pecados são confessados com sinceridade. 1João 1.9Baseado no modelo de Deus, você, como discípulo de Jesus, deve: 1. Perdoar voluntariamente a todo aquele que pecar contra você.2. Perdoar todo e qualquer tipo de pecado, por mais cruel que seja.3. Perdoar mesmo que a pessoa não mereça. Perdoar como exercício de misericórdia.4. Perdoar integralmente, sem condições ou restrições.

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5. Uma vez concedido perdão, você deve se esforçar por tratar o ofensor como se ele estivesse restaurado. Tratá-lo sem olhar para o passado. Tratá-lo sem amargura, ou ressentimentos. Procure a restauração sempre que ela estiver a seu alcance. Rm 12.18, 2 Co 2.6-8

6. Ao perdoar, não fique culpando a pessoa e lembrando-a das conseqüências de seu pecado, aumentando-lhe a culpa. Filipenses 4.8

7. Não use os pecados e ofensas perdoadas como pedras para futuros conflitos. Não fique abrindo seu velho baú e atacando velhas ofensas. 1 Co 13.5

8. Esteja sempre disposto a perdoar novas ofensas ou injustiças. Evite dizer: "Se acontecer de novo, ou se você fizer isso outra vez... eu não o perdoo.”

Você deve perdoar qualquer pessoa que o ofender, assim como Deus, em Cristo, o perdoou. Efésios 4.32, Colossenses 3.13

Discipline-se a perdoar antes mesmo que as pessoas venham a pedir-lhe perdão. Marcos 11.25O perdão está acima dos sentimentos. É um ato de obediência ao Senhor Jesus. Mateus 18.35O perdão dá ao ofensor aquilo de que ele está precisando e não aquilo que ele está merecendo.

Salmos 103.10Ao perdoar, evite fazer comentários ou fofocas com terceiros.Efésios 4.29Ao conceder perdão, não exija restituições ou condições, Seja misericordioso e busque a

reconciliação. 1 Coríntios 6.5-7. A restituição ou reparação do erro é desejável e coopera de modo significativo na restauração. Entretanto, isso deve ser colocado como um desafio ao ofensor e nunca como condição para obtenção do perdão.

Advertências:Porque perdoar é um mandamento, todas as vezes que não perdoar alguém que o ofendeu, você

incorre também no pecado. Tiago 4.17

Ao negar seu perdão, você está demonstrando uma tremenda ingratidão a Deus. Ele lhe perdoou todos os seus pecados e espera que você faça o mesmo com seus ofensores. Mateus 18.21-35

PACTO

Estou disposto a trabalhar para melhorar meu relacionamento pessoal com você. Desejo dedicar-

me ao máximo. Este meu compromisso é incondicional Trabalharei nisso quando for fácil e mesmo

quando difícil Tentarei revelar-lhe quem sou e ouvirei, para aprender, quem é você. Farei isso quando

estiver disposto e quando não estiver. Prometo continuar ali com você, mesmo quando a criança que

existe em mim prefira fingir, ficar amuada ou maltratá-lo. Prometo continuar ali, mesmo quando estiver

com vontade de desistir. Juntos nos esforçaremos para partilhar a vida! até que tenhamos construído

fortes linhas de comunicação.

Assinatura________________________________________

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