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© ABNT 2004

Gestão ambiental - Avaliação do ciclo de vida - Definição de objetivo e escopo e análise de inventário Environmental management - Life cycle assessment - Goal and scope definition and inventory analysis Palavras-chave: Meio ambiente. Proteção ambiental.

Avaliação do ciclo de vida Descriptors: Environment. Environmental protection. Assessment ICS 13.020.10; 13.020.60

Número de referência ABNT NBR ISO 14041:2004

25 páginas

NORMA BRASILEIRA

ABNT NBRISO

14041Primeira edição

31.05.2004

Válida a partir de30.06.2004

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© ABNT 2004 Todos os direitos reservados. A menos que especificado de outro modo, nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou utilizada em qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e microfilme, sem permissão por escrito pela ABNT. Sede da ABNT Av. Treze de Maio, 13 – 28º andar 20003-900 – Rio de Janeiro – RJ Tel.: + 55 21 3974-2300 Fax: + 55 21 2220-1762 [email protected] www.abnt.org.br Impresso no Brasil

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Sumário Página

Prefácio............................................................................................................................................................... iv 1 Objetivo ..................................................................................................................................................1 2 Referência normativa ............................................................................................................................1 3 Termos e definições..............................................................................................................................1 4 Componentes do ICV ............................................................................................................................2 4.1 Generalidades........................................................................................................................................2 4.2 Sistema de produto...............................................................................................................................2 4.3 Processo elementar ..............................................................................................................................3 4.4 Categorias de dados .............................................................................................................................4 4.5 Modelagem de sistemas de produto ...................................................................................................5 5 Definição do objetivo e do escopo......................................................................................................5 5.1 Generalidades........................................................................................................................................5 5.2 Objetivo do estudo................................................................................................................................5 5.3 Escopo do estudo .................................................................................................................................5 5.3.1 Generalidades........................................................................................................................................5 5.3.2 Função, unidade funcional e fluxo de referência...............................................................................5 5.3.3 Fronteiras do sistema inicial................................................................................................................6 5.3.4 Descrição de categorias de dados ......................................................................................................7 5.3.5 Critérios para inclusão inicial de entradas e saídas..........................................................................7 5.3.6 Requisitos de qualidade dos dados....................................................................................................8 5.3.7 Análise crítica ........................................................................................................................................9 6 Análise de inventário ............................................................................................................................9 6.1 Generalidades........................................................................................................................................9 6.2 Preparação para coleta de dados......................................................................................................10 6.3 Coleta de dados...................................................................................................................................11 6.4 Procedimentos de cálculo..................................................................................................................11 6.4.1 Generalidades......................................................................................................................................11 6.4.2 Validação dos dados...........................................................................................................................11 6.4.3 Relacionando dados ao processo elementar...................................................................................12 6.4.4 Relacionando dados à unidade funcional e agregação de dados .................................................12 6.4.5 Refinamento das fronteiras do sistema............................................................................................12 6.5 Alocação de fluxos e liberações........................................................................................................13 6.5.1 Generalidades......................................................................................................................................13 6.5.2 Princípios de alocação........................................................................................................................13 6.5.3 Procedimento de alocação.................................................................................................................13 6.5.4 Procedimentos de alocação para reutilização e reciclagem ..........................................................14 7 Limitação do ICV (interpretando os resultados de ICV)..................................................................15 8 Relatório do estudo.............................................................................................................................15 Anexo A (informativo) Exemplos de folhas de coleta de dados ..................................................................18 A.1 Generalidades......................................................................................................................................18 A.2 Exemplo de folha de dados para transporte a montante do processo .........................................18 A.3 Exemplo de folha de dados para transporte interno.......................................................................19 A.4 Exemplo de folha de dados para processo elementar ....................................................................20 Anexo B (informativo) Exemplos de diferentes procedimentos de alocação..............................................22 B.1 Generalidades......................................................................................................................................22 B.2 Evitando a alocação............................................................................................................................22 B.3 Alocação por relações físicas............................................................................................................23

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Prefácio

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o Fórum Nacional de Normalização. As Normas Brasileiras, cujo conteúdo é de responsabilidade dos Comitês Brasileiros (ABNT/CB), dos Organismos de Normalização Setorial (ABNT/ONS) e das Comissões de Estudo Especiais Temporárias (ABNT/CEET), são elaboradas por Comissões de Estudo (CE), formadas por representantes dos setores envolvidos, delas fazendo parte: produtores, consumidores e neutros (universidades, laboratórios e outros).

A ABNT NBR ISO 14041 foi elaborada no Comitê Brasileiro de Gestão Ambiental (ABNT/CB–38), pela Comissão de Estudo de Avaliação do Ciclo de Vida (CE–38:003.01). O Projeto circulou em Consulta Pública conforme Edital nº 09 de 30.09.2003, com o número Projeto 38:005.01-002.

Esta Norma é equivalente à ISO 14041:1998.

Esta Norma contém os anexos A e B, de caráter informativo.

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Introdução

Esta Norma trata de duas fases da Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), definição de objetivo e escopo e análise do Inventário do Ciclo de Vida (ICV), conforme definidas na ABNT NBR ISO 14040.

A fase de definição do objetivo e do escopo é importante, pois determina porque uma ACV está sendo conduzida (incluindo a utilização pretendida dos resultados) e descreve o sistema a ser estudado e as categorias de dados a serem estudadas. O propósito, o objetivo e a utilização pretendida do estudo influenciarão a direção e a profundidade dele, abordando assuntos tais como a extensão geográfica e o horizonte de tempo do estudo e a qualidade dos dados que serão necessários.

O ICV envolve a coleta de dados necessária para atingir os objetivos do estudo definido. Ele é essencialmente um inventário de dados de entrada/saída em relação ao sistema a ser estudado.

Na fase de interpretação de ICV (ver seção 7 desta Norma), os dados são avaliados à luz do objetivo e do escopo, da necessidade de coleta de dados adicionais ou de ambos. A fase de interpretação também resulta tipicamente numa melhor compreensão dos dados para os propósitos do relatório. Uma vez que o ICV é uma coleta e análise de dados de entrada/saída e não uma avaliação dos impactos ambientais associados àqueles dados, a interpretação de resultados do ICV isoladamente não pode ser a base para a obtenção de conclusões sobre impactos ambientais relativos.

Esta Norma pode ser utilizada para:

― auxiliar as organizações a obter uma visão sistemática de sistemas de produto interconectados;

― formular o objetivo e o escopo do estudo, definir e modelar os sistemas a serem analisados, coletar os dados e relatar os resultados de um ICV;

― estabelecer um nível básico de desempenho ambiental para um determinado sistema de produto1) pela quantificação do uso de matérias-primas, fluxos de energia e das emissões para a atmosfera, água e solo (dados ambientais de entrada e saída) associados com o sistema, tanto para o sistema completo quanto para os processos elementares que o compõem;

― identificar aqueles processos elementares em um sistema de produto onde ocorrem as maiores utilizações de fluxos de energia e de matérias-primas e emissões, com vistas a promover as melhorias planejadas;

― fornecer dados para utilização subseqüente como auxílio à definição de critérios de rotulagem ambiental;

― ajudar a estabelecer opções de política, por exemplo, relativas a processos de aquisição.

Esta lista não é exaustiva, embora ela resuma as principais razões pelas quais os estudos de ICV são conduzidos.

As ABNT NBR ISO 14042 e ISO 14043, relativas às fases adicionais da ACV, são complementares a esta Norma. O ISO TR 14049, fornece exemplos práticos na condução de um ICV, como uma maneira de satisfazer a certas disposições da ABNT NBR ISO 14041.

_____________________________ 1) Nesta Norma, o termo “produto” utilizado isoladamente é sinônimo de “produto" ou "serviço”.

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Gestão ambiental - Avaliação do ciclo de vida - Definição de objetivo e escopo e análise de inventário

1 Objetivo

Esta Norma, em complemento à ABNT NBR ISO 14040, especifica os requisitos e os procedimentos necessários para a compilação e preparação das definições do objetivo e do escopo de uma Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) e para a elaboração, interpretação e comunicação de uma análise de Inventário do Ciclo de Vida (ICV).

2 Referência normativa

O seguinte documento normativo contém disposições que, através de referência neste texto, constituem também prescrições para esta Norma. Para referência datada, a emenda subseqüente ou a revisão desta publicação não é aplicável. Entretanto, recomenda-se àqueles que realizam acordos com base nesta Norma que verifiquem a possibilidade de se utilizarem a edição mais recente do documento normativo relacionado a seguir. Para referência não-datada, a última edição do documento normativo referenciado se aplica. A ABNT mantém registros das normas em vigor em um dado momento.

ABNT NBR ISO 14040:2001 - Gestão ambiental - Avaliação do ciclo de vida - Princípios e estrutura.

3 Termos e definições

Para os efeitos desta Norma, aplicam-se os termos e definições da ABNT NBR ISO 14040 e os seguintes:

3.1 entrada auxiliar material que é utilizado pelo processo elementar que produz o produto, mas que não constitui uma parte do produto.

EXEMPLO: Um catalisador.

3.2 co-produto qualquer de dois ou mais produtos do mesmo processo elementar

3.3 qualidade dos dados característica dos dados que os capacita para satisfazer os requisitos estabelecidos

3.4 fluxo de energia entrada ou saída de um processo elementar ou sistema de produto, quantificada em unidades de energia

NOTA O fluxo de energia que é de entrada pode ser chamado de entrada de energia; o fluxo de energia que é de saída pode ser chamado de saída de energia.

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3.5 energia associada a insumos não energéticos calor de combustão de matérias-primas de entrada que não são utilizadas como uma fonte de energia para um sistema de produtos

NOTA Ela é expressa em termos de poder calorífico superior ou inferior.

3.6 produto final produto que não requer transformação adicional antes da sua utilização

3.7 emissão fugitiva emissão não controlada para a atmosfera, a água ou o solo

EXEMPLO: Material liberado de uma conexão de tubulação.

3.8 produto intermediário entrada ou saída de um processo elementar que requer transformação adicional

3.9 energia de processo energia requerida por um processo elementar para operar o processo ou equipamento dentro do processo, excluindo entradas de energia para produção e distribuição desta energia

3.10 fluxo de referência medida das saídas necessárias de processos em um determinado sistema de produto, requeridas para realizar a função expressa pela unidade funcional

3.11 análise de sensibilidade procedimento sistemático para estimar os efeitos dos métodos e dados selecionados nos resultados de um estudo

3.12 análise de incerteza procedimento sistemático para verificar e quantificar a incerteza introduzida nos resultados de uma análise de inventário do ciclo de vida pelos efeitos cumulativos das incertezas das entradas e da variabilidade dos dados

NOTA São utilizadas faixas ou distribuições de probabilidade para determinar a incerteza dos resultados.

4 Componentes do ICV

4.1 Generalidades

Esta seção estabelece a terminologia e os componentes-chave de uma análise de inventário do ciclo de vida.

4.2 Sistema de produto

Um sistema de produto é um conjunto de processos elementares, conectados por fluxos de produtos intermediários, que realizam uma ou mais funções definidas. A figura 1 apresenta um exemplo de um sistema de produto. Uma descrição de sistema de produto inclui processos elementares, fluxos elementares, fluxos de produto através das fronteiras do sistema (para dentro do sistema ou para fora dele) e fluxos de produtos intermediários dentro do sistema.

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A propriedade essencial de um sistema de produto é caracterizada por sua função e não pode ser definida unicamente em termos dos produtos finais.

Aquisição de matéria-prima

Produção

Uso

Tratamento de resíduos

Reciclagem/Reutilização

Transportes

Fornecimento de energia

Ambiente dos sistemas Fronteira do sistema

Fluxos elementares

Fluxo de produto

Outros sistemas

Fluxos elementares

Fluxo de produto

Outro sistema

Figura 1 — Exemplo de um sistema de produto para análise de inventário do ciclo de vida

4.3 Processo elementar

Sistemas de produto são subdivididos em um conjunto de processos elementares (ver figura 2). Os processos elementares são interligados uns aos outros, mediante fluxos de produtos intermediários e/ou resíduos para tratamento, a outros sistemas de produto por fluxos de produto e ao meio ambiente por fluxos elementares.

Exemplos de fluxos elementares que entram no processo elementar são o petróleo cru e a radiação solar. Exemplos de fluxos elementares que saem do processo elementar são emissões para a atmosfera e para a água e radiação. Exemplos de fluxos de produto intermediário são matérias-primas pré-elaboradas e componentes.

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Fluxos elementaresde entrada

Fluxos elementares de entrada

Processo elementar

Fluxos elementares de saída

Fluxos de entradade produto intermediário

Processo elementar

Fluxos elementaresde saída

Fluxos elementaresde saída

Fluxos de saídade produto intermediário

Processo elementar

Fluxos elementares de entrada

Figura 2 — Exemplo de um conjunto de unidades de processo em um sistema de produto

Dividir um sistema de produto nos processos elementares que o compõem facilita a identificação de entradas e saídas do sistema de produto. Em muitos casos, algumas das entradas são usadas como um componente do produto de saída, enquanto outras (entradas auxiliares) são usadas dentro de um processo elementar, mas não fazem parte do produto de saída. Um processo elementar também gera outras saídas (fluxos elementares e/ou produtos) como resultado de suas atividades. A fronteira de um processo elementar é determinada pelo nível de detalhamento da modelagem que é exigido para satisfazer o objetivo do estudo.

Tendo em vista que o sistema é um sistema físico, cada processo elementar obedece às leis de conservação de massa e energia. Os balanços de massa e energia fornecem uma verificação útil da validade de uma descrição de processo elementar.

4.4 Categorias de dados

Dados coletados, medidos, calculados ou estimados são utilizados para quantificar as entradas e saídas de um processo elementar. Os títulos principais sob os quais os dados podem ser classificados incluem:

― entradas de energia, entradas de matéria-prima, entradas auxiliares, outras entradas físicas;

― produtos;

― emissões para a atmosfera, para a água e para o solo e outros aspectos ambientais.

Nesses títulos, categorias de dados individuais devem ser mais detalhadas para atender ao objetivo do estudo. Por exemplo, sob emissões para a atmosfera, podem ser identificadas separadamente categorias de dados como monóxido de carbono, gás carbônico, óxidos de enxofre, óxidos de nitrogênio etc. Uma descrição adicional de tais categorias de dados é fornecida em 5.3.4.

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4.5 Modelagem de sistemas de produto

Estudos de ACV são conduzidos através do desenvolvimento de modelos que descrevem os elementos-chave de sistemas físicos. Freqüentemente não é prático estudar todas as relações entre todos os processos elementares em um sistema de produto ou todas as relações entre um sistema de produto e o ambiente do sistema. A escolha de elementos do sistema físico a ser modelado depende da definição do objetivo e do escopo do estudo. É recomendável que sejam descritos os modelos usados e identificadas as suposições subjacentes a essas escolhas. Informações adicionais são fornecidas em 5.3.3 e 5.3.5.

5 Definição do objetivo e do escopo

5.1 Generalidades

O objetivo e o escopo de um estudo de ACV devem ser claramente definidos e consistentes com a aplicação pretendida. Os requisitos da ABNT NBR ISO 14040:2001, 5.1, são aplicáveis.

5.2 Objetivo do estudo

O objetivo de um estudo de ACV deve estabelecer, sem ambigüidade, a aplicação pretendida, as razões para conduzir o estudo e o público-alvo, ou seja, para quem se espera comunicar os resultados do estudo.

5.3 Escopo do estudo

5.3.1 Generalidades

O escopo do estudo deve considerar todos os itens relevantes de acordo com a ABNT NBR ISO 14040:2001, 5.1.2.

É recomendável reconhecer que um estudo de ACV é uma técnica iterativa. À medida que dados e informações são coletados, vários aspectos do escopo podem requerer alteração para atingir o objetivo original do estudo. Em alguns casos, o próprio objetivo do estudo pode ser revisado devido a limitações imprevistas, restrições ou como resultado de informações adicionais. É recomendável documentar devidamente tais modificações, juntamente com suas justificativas.

5.3.2 Função, unidade funcional e fluxo de referência

Ao definir-se o escopo de um estudo de ACV, deve ser feita uma declaração clara sobre a especificação das funções (características de desempenho) do produto.

A unidade funcional define a quantificação destas funções identificadas. A unidade funcional deve ser consistente com o objetivo e o escopo do estudo.

Um dos propósitos principais de uma unidade funcional é fornecer uma referência com relação à qual os dados de entrada e saída são padronizados (num sentido matemático). Portanto a unidade funcional deve ser claramente definida e mensurável.

Uma vez definida a unidade funcional, a quantidade de produto que é necessária para cumprir a função deve ser quantificada. O resultado desta quantificação é o fluxo de referência.

O fluxo de referência é então utilizado para calcular as entradas e saídas do sistema. Comparações entre sistemas devem ser feitas com base na mesma função, quantificada pela mesma unidade funcional na forma dos seus fluxos de referência.

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EXEMPLO - Na função de secagem de mãos, são estudados uma toalha de papel e um sistema secador a ar. A unidade funcional selecionada pode ser expressa em termos do número idêntico de pares de mãos secas em ambos os sistemas. Para cada sistema, é possível determinar o fluxo de referência, por exemplo a massa média de papel ou o volume médio de ar quente requerido para secagem de um par de mãos, respectivamente. Para ambos os sistemas, é possível compor um inventário de entradas e saídas com base nos fluxos de referência. No seu nível mais simples, no caso da toalha de papel, isto seria relacionado ao papel consumido. No caso do secador a ar, isto seria relacionado em grande parte à entrada de energia no secador.

Se na comparação de unidades funcionais não forem levadas em consideração funções adicionais de quaisquer dos sistemas, então essas omissões devem ser documentadas. Por exemplo, os sistemas A e B realizam as funções x e y que são representadas pela unidade funcional selecionada, mas o sistema A também executa a função z que não é representada na unidade funcional. Deve ser documentado, então, que a função z está excluída desta unidade funcional. Como uma alternativa, sistemas associados com a entrega da função z podem ser adicionados à fronteira do sistema B para tornar os sistemas mais comparáveis. Nestes casos, os processos selecionados devem ser documentados e justificados.

5.3.3 Fronteiras do sistema inicial

As fronteiras do sistema definem os processos elementares a serem incluídos no sistema a ser modelado. Idealmente, seria recomendável que o sistema de produto fosse modelado de tal modo que as entradas e saídas nas suas fronteiras fossem fluxos elementares. Em muitos casos não haverá tempo, dados ou recursos suficientes para conduzir esse estudo abrangente. Devem ser tomadas decisões relativas a quais processos elementares devem ser modelados pelo estudo e o nível de detalhe em que estes processos elementares devem ser estudados. Não é necessário despender recursos na quantificação daquelas entradas e saídas que não mudarão significativamente as conclusões globais do estudo.

Devem também ser tomadas decisões relativas a que liberações para o meio ambiente devem ser avaliadas e quanto ao nível de detalhe desta avaliação. Em muitos casos, essas fronteiras do sistema definidas inicialmente serão subseqüentemente refinadas com base no resultado do trabalho preliminar (ver 6.4.5). Convém que os critérios utilizados para apoiar a escolha das entradas e saídas sejam claramente compreendidos e descritos. Orientação adicional sobre esse processo é fornecida em 5.3.5.

Quaisquer decisões de omitir estágios do ciclo de vida, processos ou entradas/saídas devem ser claramente declaradas e justificadas. Os critérios usados para fixar as fronteiras do sistema determinam o grau de confiança em assegurar que os resultados do estudo não foram comprometidos e que o objetivo de um determinado estudo será alcançado.

É recomendável que vários estágios do ciclo de vida, processos elementares e fluxos sejam levados em consideração, como por exemplo:

― entradas e saídas na seqüência principal de fabricação/processamento;

― distribuição/transporte;

― produção e uso de combustíveis, eletricidade e calor;

― uso e manutenção de produtos;

― disposição de resíduos de processo e de produtos;

― recuperação de produtos usados (incluindo reuso, reciclagem e recuperação de energia);

― fabricação de materiais auxiliares;

― fabricação, manutenção e descomissionamento de equipamentos principais;

― operações adicionais, tais como iluminação e aquecimento;

― outras considerações relacionadas à avaliação de impacto (se existirem).

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É útil descrever o sistema usando um fluxograma do processo que apresente os processos elementares e suas interrelações. É recomendável que cada um dos processos elementares seja descrito inicialmente para se definir:

― onde o processo elementar começa, em termos do recebimento de matérias-primas ou produtos intermediários;

― a natureza das transformações e operações que ocorrem como parte do processo elementar; e

― onde o processo elementar termina, em termos do destino dos produtos finais ou intermediários.

É recomendável decidir quais dados de entrada e saída devem ser rastreados a outros sistemas de produto, incluindo as decisões sobre alocação. É recomendável que o sistema seja descrito com clareza e detalhes suficientes para permitir a outro executante reproduzir a análise de inventário.

5.3.4 Descrição de categorias de dados

Os dados requeridos para um estudo de ACV dependem do objetivo do estudo. Tais dados podem ser coletados nos locais de produção associados com os processos elementares dentro das fronteiras do sistema ou podem ser obtidos, ou calculados a partir da literatura. Na prática, todas as categorias de dados podem incluir uma mescla de dados medidos, calculados ou estimados. A subseção 4.4 delineia os títulos principais para entradas e saídas que são quantificadas para cada processo elementar dentro das fronteiras dos sistemas. É recomendado que essas categorias de dados sejam consideradas ao decidir quais categorias de dados serão usadas no estudo. É recomendável que as categorias de dados individuais sejam mais detalhadas para satisfazer o objetivo do estudo.

Entradas e saídas de energia devem ser tratadas como qualquer outra entrada ou saída para uma ACV. Os vários tipos de entradas e saídas de energia devem incluir entradas e saídas relevantes para a produção e a entrega de combustíveis, energia associada a insumos não energéticos e energia de processo usada dentro do sistema em modelagem.

Emissões para a atmosfera, para a água e para o solo freqüentemente representam liberações de fontes pontuais ou difusas, depois de passarem por dispositivos de controle de emissões. É recomendável que a categoria também inclua, quando significativas, emissões fugitivas. Parâmetros indicadores, por exemplo demanda bioquímica de oxigênio (DBO), também podem ser usados.

Outras categorias de dados para as quais dados de entrada e saída podem ser coletados incluem, por exemplo, ruído e vibração, uso do solo, radiação, odor e perda de calor.

5.3.5 Critérios para inclusão inicial de entradas e saídas

Durante a definição do escopo, o conjunto inicial de entradas e saídas é selecionado para o inventário. Esse processo reconhece que freqüentemente não é prático modelar cada entrada e saída do sistema de produto. É um processo iterativo para identificar quais entradas e saídas é recomendável rastrear ao meio ambiente, ou seja, para identificar quais processos elementares produzindo as entradas ou quais processos elementares recebendo as saídas são indicados para serem incluídos no sistema de produto em estudo. A identificação inicial é feita tipicamente usando os dados disponíveis. É recomendável que as entradas e saídas sejam identificadas mais completamente depois de serem coletados dados adicionais, durante a realização do estudo, e então submetidas a uma análise de sensibilidade (ver 6.4.5).

Devem ser claramente descritos os critérios e as suposições com base nas quais são estabelecidos. O efeito potencial dos critérios selecionados no resultado do estudo também deve ser avaliado e descrito no relatório final.

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Para entradas de material, a análise começa com uma seleção inicial das entradas a serem estudadas. É recomendável que essa seleção seja baseada numa identificação das entradas associadas com cada um dos processos elementares a serem modelados. Esse esforço pode ser empreendido com dados coletados em campo ou na literatura. O objetivo é identificar as entradas significativas associadas com cada um dos processos elementares.

Vários critérios são usados na prática da ACV para decidir quais entradas serão estudadas, incluindo a) massa, b) energia e c) relevância ambiental. Fazer a identificação inicial de entradas com base unicamente na contribuição de massa pode resultar na omissão de entradas importantes no estudo. Portanto, é recomendável que energia e relevância ambiental também sejam usadas como critérios neste processo:

a) massa: uma decisão apropriada, quando usando massa como um critério, requereria a inclusão no estudo de todas as entradas que contribuem cumulativamente com mais que uma porcentagem definida para a entrada de massa no sistema de produto em modelagem;

b) energia: de forma análoga, uma decisão apropriada, quando usando energia como um critério, requereria a inclusão no estudo daquelas entradas que contribuem cumulativamente com mais que uma porcentagem definida das entradas de energia no sistema de produto;

c) relevância ambiental: é recomendável que sejam tomadas decisões quanto aos critérios de relevância ambiental para incluir entradas que contribuam com mais que uma percentagem adicional definida para a quantidade estimada de cada categoria individual de dados do sistema de produto. Por exemplo, se forem selecionados óxidos de enxofre como uma categoria de dados, poderia ser estabelecido um critério para incluir quaisquer entradas que contribuíssem com mais que uma porcentagem predefinida para as emissões totais de óxidos de enxofre para o sistema de produto.

Esses critérios também podem ser usados para identificar quais saídas são indicadas para serem rastreadas ao meio ambiente, por exemplo, pela inclusão de processos finais de tratamento de resíduos.

Quando se pretende que o estudo apóie uma afirmação comparativa para divulgação pública, a análise de sensibilidade final dos dados de entradas e de saídas deve incluir os critérios de massa, energia e relevância ambiental, como delineados nesta subseção. É recomendável que todas as entradas selecionadas, identificadas por este processo, sejam modeladas como fluxos elementares.

5.3.6 Requisitos de qualidade dos dados

Descrições da qualidade dos dados são importantes para compreender a confiabilidade dos resultados do estudo e interpretar apropriadamente o resultado do estudo. Devem ser especificados os requisitos da qualidade dos dados para possibilitar que o objetivo e o escopo do estudo sejam alcançados. É recomendável que a qualidade dos dados seja caracterizada tanto por meio de aspectos quantitativos e qualitativos quanto pelos métodos usados para coletar e integrar esses dados.

Convém que sejam incluídos requisitos da qualidade dos dados para os seguintes parâmetros:

― cobertura temporal: a idade desejada dos dados (por exemplo, coletados nos últimos cinco anos) e o período mínimo de tempo (por exemplo, um ano) indicado para a coleta dos dados;

― cobertura geográfica: área geográfica indicada para a coleta dos dados de processos elementares, a fim de satisfazer o objetivo do estudo (por exemplo, local, regional, nacional, continental, global);

― cobertura tecnológica: combinação de tecnologias (por exemplo, média ponderada da combinação dos processos existentes, melhor tecnologia disponível ou pior unidade em operacão).

Indicadores adicionais que definem a natureza dos dados também devem ser considerados, tais como aqueles coletados em campo versus dados de fontes publicadas, e se é conveniente que os dados sejam medidos, calculados ou estimados.

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É recomendável que sejam usados dados de campo ou médias representativas para aqueles processos elementares que contribuem com a maior parte dos fluxos de massa e energia nos sistemas em estudo, conforme estabelecido na análise de sensibilidade realizada em 5.3.5. Convém que dados de campo também sejam usados para processos elementares considerados como tendo emissões ambientalmente relevantes.

Em todos os estudos, os seguintes requisitos adicionais da qualidade dos dados devem ser considerados em um nível de detalhe que depende da definição do objetivo e do escopo:

― precisão: medida da variabilidade dos valores dos dados que cada categoria de dados expressa (por exemplo, variância);

― completeza: porcentagem de locais relatando dados primários em relação ao número potencial existente para cada categoria de dados em um processo elementar;

― representatividade: avaliação qualitativa do grau em que o conjunto de dados reflete o verdadeiro universo de interesse (ou seja, cobertura geográfica, período de tempo e cobertura tecnológica);

― consistência: avaliação qualitativa do quão uniformemente a metodologia de estudo é aplicada aos vários componentes da análise;

― reprodutibilidade: avaliação qualitativa da extensão em que a informação sobre a metodologia e os valores de dados permite que um executante independente reproduza os resultados relatados no estudo.

Quando um estudo é usado para apoiar uma afirmação comparativa que é disponibilizada ao público, devem ser incluídos no estudo todos os requisitos de qualidade dos dados descritos nesta subseção.

5.3.7 Análise crítica

O tipo de análise crítica (ver ABNT NBR ISO 14040:2001, 7.3) deve ser definido.

Quando se pretende utilizar o estudo para fazer uma afirmação comparativa disponibilizada ao público, deve ser realizada uma análise crítica conforme apresentada na ABNT NBR ISO 14040:2001, 7.3.3.

6 Análise de inventário

6.1 Generalidades

A definição do objetivo e do escopo de um estudo fornece o plano inicial para realizar um estudo de ACV. Os procedimentos de coleta de dados e de cálculo são importantes para análise de inventário do ciclo de vida (ICV). É recomendável que sejam realizadas as etapas operacionais delineadas na figura 3.

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Definição de objetivo e escopo

ver cláusula 5

Preparação para coleta de dados 6.2

Coleta de dados 6.3

Validação de dados 6.4.2

Relacionando dados ao processo elementar

6.4.3

Relacionando dados à unidade funcional

6.4.4

Agregação de dados 6.4.4

Refinamento das fronteiras do sistema6.4.5

Alocação e reciclagem 6.5

Folha de coleta de dados

Dados coletados

Dados validados

Dados validados por processo elementar

Dados validados por unidade funcional

Inventário calculado

Inventário completado

Folha revisada de coleta de dados

Dados ou processos elementares requeridos

Figura 3 — Procedimentos simplificados para análise do inventário (algumas etapas iterativas não são apresentadas)

6.2 Preparação para coleta de dados

A definição do escopo de um estudo de ACV estabelece o conjunto inicial dos processos elementares e categorias de dados associadas. Como a coleta de dados pode cobrir vários locais de origem dos dados e referências publicadas, várias etapas são úteis para assegurar a compreensão uniforme e consistente dos sistemas de produto a serem modelados.

É recomendável que estas etapas incluam:

― o desenho de fluxogramas de processo específico que delineiem todos os processos elementares a serem modelados, incluindo inter-relações;

― a descrição de cada processo elementar em detalhes e a listagem das categorias de dados associadas com cada processo elementar;

― o desenvolvimento de uma lista que especifique as unidades de medida;

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― a descrição das técnicas de coleta de dados e técnicas de cálculo para cada categoria de dados, para auxiliar o pessoal nos locais de origem dos dados a compreender qual informação é necessária para o estudo de ACV; e

― o fornecimento de instruções para os locais de origem dos dados para documentar claramente quaisquer casos especiais, irregularidades ou outros itens associados com os dados fornecidos.

Um exemplo de uma folha de coleta de dados é fornecido no anexo A.

6.3 Coleta de dados

Os procedimentos usados para coleta de dados variam com cada processo elementar nos diferentes sistemas modelados por um estudo de ACV. Os procedimentos também podem variar devido à composição e à qualificação dos participantes do estudo e à necessidade de satisfazer tanto a requisitos de direito de propriedade quanto de confidencialidade. É recomendável que tais procedimentos e razões sejam documentados.

A coleta de dados requer conhecimento completo sobre cada processo elementar. Para evitar a duplicação ou falhas de contagem, uma descrição de cada processo elementar deve ser registrada. Isto envolve a descrição quantitativa e qualitativa das entradas e saídas necessárias para determinar onde o processo começa e termina, e a função do processo elementar. Quando o processo elementar tem entradas múltiplas (por exemplo, múltiplos fluxos de efluentes numa planta de tratamento de água) ou saídas múltiplas, os dados pertinentes para procedimentos de alocação devem ser documentados e relatados. Entradas e saídas de energia devem ser quantificadas em unidades de energia. Quando aplicável, é conveniente que a massa ou o volume de combustível também sejam registrados.

Quando são coletados dados da literatura publicada, a fonte deve ser referenciada. Para os dados coletados da literatura que são significativos para as conclusões do estudo, a literatura publicada que fornece detalhes sobre o processo de coleta de dados pertinente, o período em que foram coletados os dados e outros indicadores da qualidade dos dados devem ser referenciados. Se tais dados não atenderem aos requisitos iniciais de qualidade dos dados, isto deve ser declarado.

6.4 Procedimentos de cálculo

6.4.1 Generalidades

Seguindo a coleta de dados, são necessários procedimentos de cálculo para gerar os resultados do inventário do sistema definido para cada processo elementar e para a unidade funcional definida para o sistema de produto que será modelado.

Quando determinando os fluxos elementares associados com a produção de eletricidade, deve ser levadas em consideração a matriz energética e as eficiências de combustão, conversão, transmissão e distribuição. Devem ser claramente declaradas e justificadas as premissas adotadas. Sempre que possível, é recomendável que a matriz energética real seja usada para refletir os vários tipos de combustível que são consumidos.

Entradas e saídas relativas a um material combustível, por exemplo óleo, gás ou carvão, podem ser transformadas numa entrada ou saída de energia, multiplicando-as pelo correspondente calor de combustão. Neste caso deve ser relatado se é usado o poder calorífico superior ou o poder calorífico inferior. É recomendável que o mesmo procedimento de cálculo seja aplicado consistentemente ao longo do estudo.

São necessárias várias etapas operacionais para o cálculo de dados. Estas são descritas em 6.4.2 a 6.4.5 e 6.5, a seguir. Todos os procedimentos de cálculo devem ser explicitamente documentados.

6.4.2 Validação dos dados

Uma verificação da validade dos dados deve ser conduzida durante o processo de coleta de dados. Validação pode envolver o estabelecimento, por exemplo, de balanços de massa, de balanços de energia

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e/ou análises comparativas de fatores de emissão. Anomalias óbvias nos dados constatadas através de tais procedimentos de validação requerem valores de dados alternativos que atendam aos requisitos de qualidade dos dados conforme estabelecido em 5.3.6.

Para cada categoria de dados e para cada local de origem dos dados, onde são identificados dados faltantes, é indicado que o tratamento para dados faltantes ou lacunas de dados resulte na inclusão de:

― um valor de dado "diferente de zero" que seja justificado;

― um valor de dado “zero", se justificado; ou

― um valor calculado com base nos valores relatados em processos elementares que empregam tecnologia similar.

O tratamento de dados faltantes deve ser documentado.

6.4.3 Relacionando dados ao processo elementar

Para cada processo elementar, deve ser determinado um fluxo de referência apropriado (por exemplo 1 kg de material ou 1 MJ de energia). Os dados quantitativos de entrada e saída do processo elementar devem ser calculados em relação a esse fluxo de referência.

6.4.4 Relacionando dados à unidade funcional e agregação de dados

Com base no fluxograma e nas fronteiras do sistema, os processos elementares são interconectados para permitir cálculos no sistema completo. Isto é realizado normalizando os fluxos de todos os processos elementares no sistema para a unidade funcional. É recomendável que o cálculo resulte em que todos os dados de entrada e saída do sistema sejam referenciados à unidade funcional.

É recomendável que a agregação de entradas e saídas no sistema de produto seja realizada cuidadosamente. É recomendável que o nível de agregação seja suficiente para satisfazer o objetivo do estudo. É recomendável que somente sejam agregadas categorias de dados se elas forem referentes a substâncias equivalentes e a impactos ambientais similares. Se forem requeridas regras de agregação mais detalhadas, é recomendável que elas sejam justificadas na fase de definição do objetivo e escopo do estudo ou que sejam deixadas para uma fase subseqüente de avaliação de impacto.

6.4.5 Refinamento das fronteiras do sistema

Refletindo a natureza iterativa da ACV, as decisões relativas aos dados a serem incluídos devem ser baseadas numa análise de sensibilidade para determinar sua significância mediante a verificação da análise inicial delineada em 5.3.5. As fronteiras iniciais do sistema de produto devem ser revisadas conforme apropriado, de acordo com os critérios de corte estabelecidos na definição do escopo. A análise de sensibilidade pode resultar em:

― exclusão de estágios do ciclo de vida ou de processos elementares quando a falta de significância puder ser mostrada pela análise de sensibilidade;

― exclusão de entradas e saídas sem significância para os resultados do estudo;

― inclusão de novos processos elementares, entradas e saídas que se mostrem significativos através da análise de sensibilidade.

Os resultados deste processo de refinamento e a análise de sensibilidade devem ser documentados. Esta análise destina-se a limitar o tratamento subseqüente de dados para aqueles dados de entrada e saída que são determinados como sendo significativos para o objetivo do estudo de ACV.

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6.5 Alocação de fluxos e liberações

6.5.1 Generalidades

A análise de inventário do ciclo de vida baseia-se em sua capacidade de interligar processos elementares em um sistema de produto através de fluxos simples de materiais ou de energia. Na prática, poucos processos industriais produzem uma única saída ou são baseados numa linearidade de entradas de matérias-primas e saídas. De fato, a maioria dos processos industriais produz mais de um produto e eles reciclam produtos intermediários ou descartados como matérias-primas. Portanto, os fluxos de materiais e energia, assim como as liberações ao meio ambiente associadas, devem ser alocados aos diferentes produtos de acordo com procedimentos claramente estabelecidos.

6.5.2 Princípios de alocação

O inventário é baseado em balanço de material entre a entrada e a saída. É recomendável, portanto, que os procedimentos de alocação aproximem-se tanto quanto possível de tais relações e características fundamentais de entrada-saída. Os princípios a seguir são aplicáveis aos co-produtos, à alocação interna de energia, aos serviços (por exemplo, transporte, tratamento de resíduos) e à reciclagem, seja em ciclo aberto ou fechado:

― o estudo deve identificar os processos compartilhados com outros sistemas de produto e tratá-los de acordo com o procedimento apresentado a seguir;

― a soma das entradas e saídas alocadas de um processo elementar deve igualar as entradas e saídas não alocadas deste processo;

― sempre que vários procedimentos alternativos de alocação parecerem aplicáveis, deve ser conduzida uma análise de sensibilidade para ilustrar as conseqüências da opção pela abordagem selecionada.

O procedimento de alocação usado para cada processo elementar no qual as entradas e saídas são alocadas deve ser documentado e justificado.

6.5.3 Procedimento de alocação

Com base nos princípios mencionados anteriormente, o seguinte procedimento1) por etapas deve ser aplicado.

a) Etapa 1: Sempre que possível, é recomendável que a alocação seja evitada pela:

1) divisão do processo elementar a ser alocado em dois ou mais subprocessos e coleta dos dados de entrada e saída relativos a estes subprocessos;

2) ampliação do sistema de produto para incluir as funções adicionais relativas aos co-produtos, levando em consideração os requisitos de 5.3.2.

____________________________

1) Formalmente, a Etapa 1 não faz parte do procedimento de alocação.

b) Etapa 2: Quando a alocação não puder ser evitada, é recomendável que as entradas e saídas do sistema sejam repartidas entre seus diferentes produtos ou funções, de um modo que reflita as relações físicas subjacentes entre eles; isto é, as entradas e saídas devem refletir a maneira pela qual elas são alteradas por mudanças quantitativas nos produtos ou funções fornecidos pelo sistema. A alocação

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resultante não estará necessariamente em proporção com qualquer medida simples, como os fluxos de massa ou molar de co-produtos.

c) Etapa 3: Quando a relação física não puder ser estabelecida ou usada como a única base para alocação, é recomendável que as entradas sejam alocadas entre os produtos e funções de modo a refletir outras relações entre elas. Por exemplo, dados de entrada e saída podem ser alocados entre co-produtos em proporção ao valor econômico dos produtos.

Algumas saídas podem ser em parte co-produtos e em parte resíduos. Em tais casos, é necessário identificar a relação entre co-produtos e resíduos, uma vez que as entradas e saídas só devem ser alocadas para a parte de co-produtos.

Os procedimentos de alocação devem ser aplicados uniformemente para entradas e saídas similares do sistema em consideração. Por exemplo, se a alocação for feita para produtos utilizáveis (por exemplo, produtos intermediários ou descartados) que saem do sistema, então o procedimento de alocação deve ser similar ao procedimento de alocação usado para tais produtos entrando no sistema.

6.5.4 Procedimentos de alocação para reutilização e reciclagem

Os princípios e procedimentos de alocação em 6.5.2 e 6.5.3 também se aplicam a situações de reutilização e reciclagem. Essas situações, porém, requerem elaboração adicional pelas seguintes razões:

a) reutilização e reciclagem (assim como compostagem, recuperação de energia e outros processos que podem ser assimilados a reutilização/reciclagem) podem implicar que as entradas e saídas associadas com os processos elementares para extração e processamento de matérias-primas e disposição final de produtos devam ser compartilhadas por mais de um sistema de produto;

b) reutilização e reciclagem podem alterar as propriedades inerentes de materiais em uso subseqüente;

c) são necessários cuidados especiais para a definição de fronteiras do sistema com relação a processos de recuperação.

Vários procedimentos de alocação são aplicáveis para reutilização e reciclagem. Devem ser levadas em consideração mudanças nas propriedades inerentes de materiais. Alguns procedimentos são delineados conceitualmente na figura 4 e são destacados a seguir para ilustrar como as restrições acima podem ser consideradas:

― um procedimento de alocação de ciclo fechado aplica-se para sistemas de produto de ciclo fechado. Este mesmo procedimento também se aplica para sistemas de produto em ciclo aberto, nos quais nenhuma mudança acontece nas propriedades inerentes do material reciclado. Em tais casos, a necessidade de alocação é evitada, uma vez que o uso de material secundário substitui o uso de materiais virgens (primários). De qualquer modo, o primeiro uso de materiais virgens em sistemas de produto em ciclo aberto apropriados pode seguir o procedimento de alocação em ciclo aberto delineado abaixo;

― um procedimento de alocação em ciclo aberto aplica-se para sistemas de produto em ciclo aberto quando o material é reciclado em outros sistemas de produto e o material sofre uma mudança em suas propriedades inerentes. É recomendável que os procedimentos de alocação para os processos elementares compartilhados mencionados em 6.5.3 usem, como base para a alocação:

― propriedades físicas;

― valor econômico (por exemplo, valor após o uso em relação ao valor inicial); ou

― o número de usos subseqüentes do material reciclado (ver ISO/TR 14049).

Além disso, particularmente para os processos de recuperação entre o sistema de produto original e o subseqüente, as fronteiras dos sistemas devem ser identificadas e justificadas, assegurando que os princípios de alocação sejam observados como descrito em 6.5.2.

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Ciclo fechado

Ciclo fechado

Ciclo aberto

Ciclo aberto

Material de um sistema de produto é reciclado nomesmo sistema de produto

Descrição técnica do sistema de produto

Material de um sistema de produto é reciclado em um outro sistema de produto diferente Material reciclado sofre

alterações de propriedadesinerentes

Material reciclado sem alterações de propriedadesinerentes

Procedimentos de alocação para reciclagem

Figura 4 — Distinção entre uma descrição técnica de um sistema de produto e procedimentos de alocação para reciclagem

7 Limitação do ICV (interpretando os resultados de ICV)

Os resultados do ICV devem ser interpretados de acordo com o objetivo e o escopo do estudo. A interpretação deve incluir uma avaliação da qualidade dos dados e análises de sensibilidade de entradas, saídas e escolhas metodológicas significativas, de modo a permitir a compreensão das incertezas dos resultados. A interpretação de uma análise de inventário também deve considerar os seguintes aspectos em relação ao objetivo do estudo:

a) se as definições das funções do sistema e da unidade funcional forem apropriadas;

b) se as definições das fronteiras do sistema forem apropriadas;

c) limitações identificadas pela avaliação da qualidade dos dados e pela análise de sensibilidade.

É recomendável que os resultados sejam interpretados com precaução porque eles se referem a dados de entrada e saída e não a impactos ambientais. Em particular, um estudo de ICV não deve ser a única base para comparações.

Além disso, incerteza é introduzida nos resultados de um ICV pelos efeitos cumulativos das incertezas das entradas e pela variabilidade dos dados. A análise de incerteza como aplicada ao ICV é uma técnica em fase embrionária. Não obstante, ela pode ajudar a caracterizar a incerteza nos resultados e conclusões usando faixas e/ou distribuições de probabilidade. Sempre que possível, é recomendável que tal análise seja realizada para explicar melhor e apoiar as conclusões do ICV.

A avaliação da qualidade dos dados, as análises de sensibilidade, as conclusões e quaisquer recomendações a partir dos resultados do ICV devem ser documentadas. As conclusões e recomendações devem ser consistentes com as constatações derivadas das considerações mencionadas anteriormente.

8 Relatório do estudo

Os resultados de um estudo de ICV devem ser relatados ao público-alvo de forma imparcial, completa e precisa, conforme descrito nas partes pertinentes da seção 6 da ABNT NBR ISO 14040:2001. Se um relatório de terceira parte for requerido, ele deve cobrir todos os itens marcados com um asterisco, a seguir. É recomendável que todos os itens adicionais sejam também considerados.

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a) Objetivo do estudo:

1) razões para conduzir o estudo *;

2) suas aplicações pretendidas *;

3) os públicos-alvo *.

b) Escopo do estudo:

1) modificações e correspondentes justificativas;

2) função:

i) declaração sobre características de desempenho *;

ii) qualquer omissão de funções adicionais no caso de comparações *;

3) unidade funcional:

i) consistência com objetivo e escopo *;

ii) definição *;

iii) resultado da medição de desempenho *;

4) fronteiras do sistema:

i) entradas e saídas do sistema como fluxos elementares;

ii) critérios de decisão;

iii) omissões de estágios do ciclo de vida, processos ou necessidades de dados *

iv) descrição inicial dos processos elementares;

v) decisão sobre alocação;

5) categorias de dados:

i) decisão sobre categorias de dados;

ii) detalhes sobre categorias de dados individuais;

iii) quantificação de entradas e saídas de energia *;

iv) premissas sobre produção de eletricidade *;

v) calor de combustão *;

vi) inclusão de emissões fugitivas;

6) critérios para inclusão inicial de entradas e saídas:

i) descrição de critérios e premissas *;

ii) efeito da seleção nos resultados *;

iii) inclusão de critérios de massa, energia e ambientais (comparações)*;

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7) requisitos de qualidade de dados.

c) Análise de inventário:

1) procedimentos para coleta de dados;

2) descrição qualitativa e quantitativa dos processos elementares *;

3) fontes de literatura publicada *;

4) procedimentos de cálculo *;

5) validação de dados:

i) avaliação da qualidade de dados *;

ii) tratamento dos dados ausentes *;

6) análise de sensibilidade para refinamento das fronteiras do sistema *;

7) princípios e procedimentos de alocação:

i) documentação e justificativa do procedimento de alocação *;

ii) aplicação uniforme do procedimento de alocação *.

d) Limitações do ICV:

1) avaliação da qualidade de dados e análise de sensibilidade;

2) as funções do sistema e a(s) unidade(s) funcional(is);

3) as fronteiras do sistema;

4) análise de incerteza;

5) limitações identificadas pela avaliação da qualidade de dados e pela análise de sensibilidade;

6) conclusões e recomendações.

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Anexo A (informativo)

Exemplos de folhas de coleta de dados

A.1 Generalidades

As folhas de entrada de dados encontradas nas páginas seguintes são exemplos que podem ser usados como orientações. O propósito é ilustrar a natureza da informação que pode ser coletada de um local de origem dos dados para um processo elementar.

É recomendável que a seleção das categorias de dados usadas nas folhas seja realizada com cuidado e atenção. As categorias de dados e o nível de especificação precisam ser consistentes com o objetivo do estudo. Como tal, os exemplos de categorias de dados mostrados nas páginas seguintes são estritamente ilustrativos. Alguns estudos requerem categorias de dados bastante específicas e, por exemplo, usariam compostos específicos para inventariar as emissões para o solo ao invés das categorias de dados mais genéricas mostradas aqui.

Essas folhas de coleta podem também ser acompanhadas por instruções específicas sobre a coleta de dados e sobre o preenchimento das folhas de entrada. Questões relativas às entradas também podem ser incluídas para auxiliar a caracterizar mais detalhadamente a natureza da entrada, assim como o modo pelo qual as quantidades relatadas foram obtidas.

Os modelos de folhas de coleta de dados podem ser modificados adicionando colunas para outros fatores, por exemplo, qualidade de dados (incerteza, medição/ cálculo/ estimativa).

A.2 Exemplo de folha de dados para transporte a montante do processo

Neste exemplo, os nomes e tonelagens dos produtos intermediários para os quais são requeridos dados de transporte já estão registrados no modelo do sistema a ser estudado. É assumido que o modal de transporte entre os dois processos elementares de interesse é o rodoviário. É recomendável que folhas de dados similares sejam utilizadas no caso de transporte ferroviário ou fluvial.

Transporte rodoviário

Nome do produto intermediário Distância

km Capacidade do

caminhão toneladas

Carga real toneladas

Retorno vazio (Sim/Não)

O consumo de combustível e as correspondentes emissões atmosféricas são calculados usando um modelo de transporte.

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A.3 Exemplo de folha de dados para transporte interno

Neste exemplo, é inventariado o transporte interno numa instalação. Os valores são coletados por um período específico de tempo e mostram as quantidades reais de combustível usadas. Serão requeridas colunas adicionais na folha de dados se forem necessários valores mínimos e máximos referentes a diferentes períodos de tempo.

O transporte interno levanta questões de alocação, assim como, por exemplo, o consumo total de eletricidade em uma localidade.

As emissões atmosféricas são calculadas usando um modelo de consumo de combustível.

Quantidade total de entrada transportada Consumo total de combustível

Óleo diesel

Gasolina

GLPa

a Gás liquefeito de petróleo.

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A.4 Exemplo de folha de dados para processo elementar

Preenchido por: Data do preenchimento:

Identificação do processo elementar:

Local de origem dos dados:

Período de tempo: Ano

Mês inicial: Mês final:

Descrição do processo elementar: (anexar folha adicional, se necessário)

Entradas de material

Unidades Quantidade Descrição de procedimentos de amostragem

Origem

Consumo de águaa

Unidades Quantidade

Entradas de energiab

Unidades Quantidade Descrição de procedimentos de amostragem

Origem

Saídas de material (incluindo produtos)

Unidades Quantidade Descrição de procedimentos de amostragem Destino

NOTA Os dados nesta folha de coleta de dados referem-se a todas as entradas e saídas não alocadas durante o período de tempo especificado. a Por exemplo, água superficial, água potável etc. b Por exemplo, óleo combustível pesado, óleo combustível médio, óleo combustível leve, querosene, gasolina, gás natural, propano, carvão, biomassa, eletricidade da rede pública etc.

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A.5 Folha de coleta de dados para Análise de Inventário do Ciclo de Vida

Identificação do processo elementar: Local de origem dos dados:

Emissões atmosféricasa

Unidades Quantidade Descrição de procedimentos de amostragem (anexar folhas, se necessário)

Emissões para a águab

Unidades Quantidade Descrição de procedimentos de amostragem (anexar folhas, se necessário)

Emissões para o soloc

Unidades Quantidade Descrição de procedimentos de amostragem (anexar folhas, se necessário)

Outras liberaçõesd

Unidades Quantidade Descrição de procedimentos de amostragem (anexar folhas, se necessário)

Descrever quaisquer cálculos específicos, coleta de dados, amostragem ou variação da descrição das funções do processo elementar (anexar folhas adicionais, se necessário).

a Por exemplo, Cl2, CO, CO2, poeira/particulado, F2, H2S, H2SO4, HCl, HF, N2O, NH3, NO2, SO2; material orgânico: hidrocarbonetos, PCB, dioxinas, fenóis; metais: Hg, Pb, Cr, Fe, Zn, Ni, etc. b Por exemplo, DBO, DQO, ácidos como H+, Cl-, CN-, detergentes/ óleos, materiais orgânicos dissolvidos (favor listar os compostos incluídos nesta categoria de dados), F-, íons de Fe, Hg, hidrocarbonetos (favor listar),Na+, NH4

+, NO3-,

organoclorados (favor listar), outros metais (favor listar), outros N (favor listar), fenóis, fosfatos, SO4, sólidos em suspensão etc. c Por exemplo, resíduos minerais, resíduo industrial misto, resíduo sólido urbano, resíduos tóxicos (favor listar os compostos incluídos nesta categoria de dados). d Por exemplo, ruído, radiação, vibração, odor, calor perdido etc.

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Anexo B (informativo)

Exemplos de diferentes procedimentos de alocação

B.1 Generalidades

Os exemplos neste anexo ilustram os procedimentos de alocação mencionados em 6.5.3. Os exemplos são simplificados e construídos somente com propósitos ilustrativos.

B.2 Evitando a alocação

Sempre que possível, é recomendável que a alocação seja evitada ou minimizada. Dois métodos para se alcançar isto são mencionados em 6.5.3.

a) Subdividir o processo em subprocessos. Identificar quais são os subprocessos claramente associados e quais são os relacionados a apenas um dos produtos. É recomendável que sejam alocados somente processos claramente associados.

EXEMPLO 1: Produção de hidróxido de sódio.

O hidróxido de sódio é produzido pela eletrólise de uma solução de cloreto de sódio, inevitavelmente conduzindo à co-produção de cloro e hidrogênio. Este processo é completamente associado e a alocação é necessária - mas não é conveniente que todos os subprocessos da fábrica sejam alocados entre os co-produtos. Dividindo os processos da fábrica em subprocessos é possível identificar aqueles que só se relacionam a um dos co-produtos, por exemplo a instalação de compressão para bombeamento do cloro para tanques de armazenamento pressurizados. A instalação de compressão só é usada pelo cloro. Conseqüentemente, não é possível alocar o processo da fábrica como um processo global. Subdivisão e identificação dos processos claramente associados são necessárias.

Processos de transporte interno dos co-produtos na fábrica e processos de manuseio de materiais serão freqüentemente atribuídos somente a um dos co-produtos.

EXEMPLO 2: Co-produção de farinha, palha, germe e farelo.

A produção de farinha é ilustrada na figura B.1. Num moinho, o grão é moído em farinha e os co-produtos são palha, germe e farelo. Palha, germe e farelo são usados principalmente como forragem para animais. O processo de moagem só é necessário para a produção de farinha. Conseqüentemente, seria indicado que o processo de moagem somente fosse incluído na produção de farinha. Os processos prévios (plantação, fertilização e produção de fertilizante, colheita, secagem do grão etc.) são necessários para todos os produtos e devem ser alocados entre eles.

Indústria de fertilizantes

Indústria agroquímica

Cultivo (semeadura, fertilização, irrigação, colheita etc.)

Processos no moinho (moagem)

Farinha

Palha

Germe

Farelo

Figura B.1 — Produção de farinha, palha, germe e farelo

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b) lncluir processos adicionais e, desse modo, ampliar as fronteiras do sistema, evitando assim a alocação. A expansão das fronteiras do sistema requer que:

― o objeto do estudo seja uma mudança, isto é, uma comparação entre dois cenários alternativos para o mesmo produto;

― a natureza e a extensão da mudança que realmente acontecerá, como uma conseqüência da decisão que a ACV apoiará, podem ser previstas com um grau razoável de certeza; e

― os dados são disponíveis para os sistemas associados em questão.

Convém que sejam feitas as perguntas: Como este serviço seria executado caso não o fosse pelo sistema? Se o serviço não fosse executado, os efeitos marginais a longo prazo existiriam?

EXEMPLO 3: Utilização da energia de incineração de resíduos.

Um dos exemplos extensamente usados para evitar a alocação através da ampliação das fronteiras do sistema corresponde à utilização da saída de energia de incineração de resíduos como uma entrada para outro sistema de produto.

O problema de alocação surge porque o sistema de produto investigado tem duas saídas: o produto ou serviço investigado (A) e a saída de energia da incineração (B). Este problema de alocação é resolvido freqüentemente pela ampliação das fronteiras do sistema, como ilustrado na figura B.2.

Sistema

investigado - Sistema alternativo = Sistema

resultante

Produto A Produto BSaída de energia

x MJ

Produto BSaída de energia

x MJ

Produto A

Figura B.2 — Ampliação das fronteiras do sistema para incineração de resíduos

O método de evitar a alocação pela ampliação das fronteiras do sistema só é aplicável quando o método alternativo é conhecido. Devem ser bem documentadas as premissas sobre o que é realmente substituído pela saída do sistema alternativo. Se tais condições não podem ser atendidas, o procedimento de expansão do sistema não é aplicável e a alocação será requerida.

B.3 Alocação por relações físicas

EXEMPLO 1: Cádmio na incineração de resíduos.

Na incineração de resíduos, muitos produtos são tratados juntos. As saídas (por exemplo, emissões atmosféricas) têm que ser alocadas entre esses produtos - mas nem todas as saídas. É óbvio que os produtos dispostos que contêm cádmio são os resíduos que causam as emissões de cádmio. Conseqüentemente, é indicado que as emissões de cádmio somente sejam incluídas para os produtos contendo cádmio.

EXEMPLO 2: Transporte.

Quando um caminhão é carregado, o limite de carga máxima pode ser atingido por duas razões: porque só é permitido ao caminhão trafegar com x toneladas de mercadorias ou porque não há mais nenhum espaço. O transporte de mercadorias com uma alta densidade (por exemplo, metais) freqüentemente será limitado pelo peso, enquanto o transporte de mercadorias com uma baixa densidade (por exemplo, garrafas plásticas vazias, novas) será limitado por volume.

Quando transportando dois produtos no mesmo caminhão, a alocação de entradas e saídas (por exemplo, consumo de energia e emissões) entre os dois produtos é necessária. A identificação da causa do limite é necessária: Qual é a razão

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para não carregar mais nenhuma mercadoria no caminhão? No transporte de aço e cobre juntos, a razão provavelmente é o peso e é indicado que a alocação seja baseada na massa. No transporte de diferentes embalagens vazias, a razão provavelmente é o volume, conseqüentemente é indicado que a alocação seja baseada na densidade da embalagem. Em ambos os casos é usada a alocação física.

EXEMPLO 3: Pintura de duas peças metálicas diferentes A e B.

Duas peças metálicas A e B diferentes são pintadas na mesma linha de pintura. O consumo de tinta, as entradas de energia e as emissões de compostos orgânicos voláteis (COV) etc. são somente conhecidos para pintura em conjunto. O estudo de ACV requer os dados pertinentes somente para o produto A.

Neste caso, a alocação pode ser evitada realizando uma série experimental onde somente o produto A seja pintado.

Se houver razões técnicas ou econômicas para que tal série experimental não possa ser realizada, então a alocação é necessária. A alocação física é possível se a relação entre o produto A e o produto B puder ser variada sem alterar as entradas e saídas. Se a relação entre A e B for variada sem alterar a soma das massas de A e B, isto pode resultar em quantidades diferentes de tinta e, conseqüentemente, a alocação de massa não estará correta. Se a relação entre A e B puder ser variada sem alterar a soma das superfícies a serem pintadas, então as entradas e saídas também permanecerão constantes. Portanto, a superfície a ser pintada pode ser considerada como o parâmetro físico correto. O fator de alocação pode ser calculado como a superfície a ser pintada de todas as peças A, dividida pela superfície total a ser pintada de todas as peças (A mais B) que são pintadas no mesmo período de tempo.

Realmente, esta identificação das relações causais não é uma alocação verdadeira, em vez disso é uma análise do sistema e das causas das entradas e saídas.

Bibliografia

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[1] ABNT NBR ISO 14042:2004, Gestão ambiental - Avaliação do ciclo de vida - Avaliação do impacto do ciclo de vida.

[2] ISO 14043:2004, Environmental management - Life cycle assessment- Life cycle interpretation

[3] ISO/TR 14049, Environmental management - Life cycle assessment - Examples for the application of ISO 14041.