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MUSEU DO AMANHÃ O passeio e seus parâmetros ambientais Local: Praça Mauá, Centro - Rio de Janeiro, RJ Início do projeto: 2011 Inauguração: dezembro/2015 Área do terreno: 34.600 m² Área construída: 15.000 m² Arquitetura: Santiago Calatrava (concepção); Ruy Rezende Arquitetura (desenvolvimento e gerenciamento do projeto arquitetônico) Paisagismo: Escritório Burle Marx & Cia Construção: Consórcio Porto Novo Consultoria de sustentabilidade: Leed Casa do Futuro “Um passeio ao redor do Museu é uma lição de sustentabilidade, de botânica, uma aula do que significa energia solar. O edifício é como um organismo e se relaciona diretamente com a paisagem.”. Santiago Calatrava A partir de uma remodelação urbana, altera-se vigorosamente a imagem da região do centro da cidade. Para além da promoção de investimentos mobiliários são também explorados potenciais locais no tocante ao aspecto cultural, a objetivo de um despertar turístico de áreas antes degradadas. Tal plano é denominado projeto Porto Maravilha, e tem como ‘’âncora’’ cultural o Museu do Amanhã. Legitimada às Olimpíadas e Paralímpiadas Rio 2016, hoje a região da Praça/Píer Mauá se tornou sinônimo de entretenimento e lazer. Não obstante, vincula-se a proposição de análise do entorno imediato do Museu do Amanhã a observação de diferentes comportamentos humanos a subespaços de mesma feição estética-funcional. O cenário é um conjunto passeio-jardim, onde tal nomeação já indica dupla possiblidade de fruição do espaço: o caminhar e o estar. Verifica-se, portanto, a influência de fatores ambientais a sensações de conforto - e consequentemente, apuração destas posturas faceadas a qualificação espacial do meio. FAU UFRJ - CONFORTO TÉRMICO NA ARQUITETURA 2016.02 NATÁLIA CARREIRO MANÓLIO RAFAELA ENGLER RIBEIRO 1/4 SOLSTÍCIO VERÃO 21/DEZ SOLSTÍCIO INVERNO 21/JUN EQUINÓCIO 21/SET VARIAÇÃO DA TRAJETÓRIA SOLAR INCIDENTE ENTRE 6H E 18H N

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MUSEU DO AMANHÃO passeio e seus parâmetros ambientais

Local: Praça Mauá, Centro - Rio de Janeiro, RJ

Início do projeto: 2011 Inauguração: dezembro/2015Área do terreno: 34.600 m²Área construída: 15.000 m²Arquitetura: Santiago Calatrava (concepção); Ruy Rezende Arquitetura (desenvolvimento e gerenciamento do projeto arquitetônico)Paisagismo: Escritório Burle Marx & CiaConstrução: Consórcio Porto NovoConsultoria de sustentabilidade: Leed Casa do Futuro

“Um passeio ao redor do Museu é uma lição de sustentabilidade, de botânica, uma aula do que significa energia solar. O edifício é como um organismo e se relaciona diretamente com a paisagem.”.

Santiago Calatrava

A partir de uma remodelação urbana, altera-se vigorosamente a imagem da região do centro da cidade. Para além da promoção de investimentos mobiliários são também explorados potenciais locais no tocante ao aspecto cultural, a objetivo de um despertar turístico de áreas antes degradadas. Tal plano é denominado projeto Porto Maravilha, e tem como ‘’âncora’’ cultural o Museu do Amanhã. Legitimada às Olimpíadas e Paralímpiadas Rio 2016, hoje a região da Praça/Píer Mauá se tornou sinônimo de entretenimento e lazer.

Não obstante, vincula-se a proposição de análise do entorno imediato do Museu do Amanhã a observação de diferentes comportamentos humanos a subespaços de mesma feição estética-funcional. O cenário é um conjunto passeio-jardim, onde tal nomeação já indica dupla possiblidade de fruição do espaço: o caminhar e o estar. Verifica-se, portanto, a influência de fatores ambientais a sensações de conforto - e consequentemente, apuração destas posturas faceadas a qualificação espacial do meio.

FAU UFRJ - CONFORTO TÉRMICO NA ARQUITETURA 2016.02NATÁLIA CARREIRO MANÓLIORAFAELA ENGLER RIBEIRO 1/4

SOLSTÍCIO VERÃO21/DEZ

SOLSTÍCIO INVERNO21/JUN

EQUINÓCIO21/SET

VARIAÇÃO DA TRAJETÓRIA SOLAR INCIDENTE ENTRE 6H E 18H

A sensação de ‘’innito’’ ou de extensão aos espelhos d’água intencionada pelo projeto esbarra de certa maneira à questão de segurança, visto a ausência de uma proteção física considerável entre a Baía e o Píer. Mas salienta-se que a sensação descrita também é motivo de ‘’culto’’ à paisagem e atrativo a permanência no local.

O fato da área não disponibilizar mobiliários como bancos e nem elementos de sombreamento resulta em uma adaptação dos visitantes para aliar-se à condições de bem-estar.Seja pela acomodação próximo à um poste ou pelo apoio a outros objetos, tais atitudes são artifícios para obtenção de conforto térmico (parâmetros climáticos).

Apesar da oferta de bancos próximo à faixa de circulação, a sensação de proximidade com o objeto arquitetônico somado à contemplação da paisagem da Baía.

ESTARPredilição e busca por áreas de sombreamento.

Apesar disso, é frequente e notória a presença dos ventos, fato que pode estimular a permanência no local, em conjuntura à questões propostas pelo projeto.

O objeto, passeio público ao perímetro da edificação, é entendido por nós como parte integrante de um todo, a propor uma transição entre esferas públicas de livre acesso e as de acesso restringido. Abordamos, portanto, não somente de um objeto de cunho estritamente urbanístico, paisagístico, ou arquitetônico – mas sim de um entremear á essas grandezas. Tratamos, assim, de uma abordagem que transfigura seu aspecto subjetivo às condições objetivas de um meio citadino.

Discute-se ao longo do projeto que

UMIDADE

TEMPERATURA MÉDIA RADIANTE

REFERÊNCIAS EM SUGESTÃO À MELHORIA DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS

N

ANÁLISE - SETOR LESTE

ESTARNota-se preferência por local sombreado e mais distante do tráfego de pessoas.Apesar da oferta de bancos, as condições de conforto à margem dos jardins são favoráveis para tal escolha.

Nos horários de maior incidência solar (período vespertino), a área observada é mais utilizada como ambiente de estar quando comparado ao que chamamos de Setor Oeste.Pode-se inferir tal fato pela insolação e pela direção dos ventos dominantes. Quanto à direção, a inclinação da vegetação de médio e grande porte indica a predominância dos ventos advindos de SE.

CAMINHARA diversidade da materialidade dos pisos e vegetação atendem ao quadro de intenções projetuais do paisagismo. “ressaltar as características da zona costeira da cidade do Rio de Janeiro, facilitar a adaptação da vegetação, atrair mais a fauna da região e reforçar o aspecto didático do jardim.”²É natural que o maior uxo de pessoas aconteça onde o piso é de granito, visto questões de acessibilidade, apesar da oferta de outras experiências táteis.

CONDIÇÕES PESSOAISbiológico-losócas (idade, sexo, etc)sociológicas (educação, cultura, etc)

psicológicas (características individuais)

PARÂMETROS AMBIENTAIS

ESPECÍFICOS para cada sentido (térmico, visual)

GERAISafetam a todos os

sentidos

FATORES DE CONFORTO

condições exteriores ao ambiente: apreenssão do ambiente pelos usuários

¹SERRA, Rafael. Arquitectura y Climas. 1. ed. Barcelona: Gustavo Gili, 1999.²Fonte: <https://museudoamanha.org.br/pt-br/content/arquitetura-de-santiago-calatrava> [Acesso em 30/11/17]

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Apesar da oferta de bancos próximo à faixa de circulação, a sensação de proximidade com o objeto arquitetônico somado à contemplação da paisagem da Baía.

Foram realizadas quatro visitas ao local sob o intuito de perceber sensivelmente o comportamento humano em relação ao ambiente constituído. Em conformidade a combinação de parâmetros ambientais e fatores de conforto¹, expõe-se um levantamento fotográco e por conseguinte, uma análise de tais situações.

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ANÁLISE - SETOR OESTE

VENTILAÇÃO

CAMINHARAtenta-se à luz do dia aos níveis de iluminância e grau de contraste de luminância, visto que em excesso pode causar ofuscamento. Vide expressões faciais do indivíduo à direita.

Em visita mais recente foi constatado a colocação de um pequeno cercado de tela nas áreas de jardins. Segundo prestadores de serviço do museu, este inibe a passagem das pessoas à margem do Píer, onde muitos antes repousavam em apreço à contemplação da Baía.

Próximo ao anoitecer, há maior quantidade de visitantes à permanência do setor Oeste, em oposição ao ocorrido em horas mais próximas ao ínicio da tarde.Além desta possibilitar uma melhor visualização do por-do-sol, aponta-se a localização da saída do Museu.

As condições visuais e climáticas da área ao momento observado revela o favorecimento á exploração das possibilidades de fruição do lugar. Neste horário, apesar do Museu fechado, este se torna uma extensão da Praça Mauá em termos de permanência e atividades.

TEMPERATURA

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Acima, o esquema simula uma situação estratégica às condições climáticas do Rio de Janeiro: variáveis ambientais em correlação à ventilação, umas das medidas propostas pela Carta Bioclimática³.

³Referência à Carta Bioclimática para o Rio de Janeiro. Fonte: Analysis-Bio.

VARIÁVEIS AMBIENTAIS

ESTARPredilição e busca por áreas de sombreamento.

ANÁLISE - TERRAÇO

CONDIÇÕES PESSOAISbiológico-losócas (idade, sexo, etc)sociológicas (educação, cultura, etc)

psicológicas (características individuais)

PARÂMETROS AMBIENTAIS

ESPECÍFICOS para cada sentido (térmico, visual)

GERAISafetam a todos os

sentidos

FATORES DE CONFORTO

condições exteriores ao ambiente: apreenssão do ambiente pelos usuários

Área que recebe com constância insolação direta. Notou-se, dessa forma, que a permanência no local se torna mais duradoura próximo ao anoitecer, visto o fato de não haver ocasiões de sombreamento.

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A B

C D

O objeto, passeio público ao perímetro do Museu, é entendido por nós como parte integrante de um todo, a propor uma transição entre esferas públicas de livre acesso e as de acesso restringido.

Abordamos, portanto, não somente de um objeto de cunho estritamente urbanístico, paisagístico, ou arquitetônico – mas sim de um entremear á essas grandezas. Tratamos, assim, de uma abordagem que transfigura seu aspecto subjetivo às condições objetivas de um meio citadino.

Os parâmetros ambientais explanados por Rafael Serra em Arquitectura y Clima embasaram o presente estudo à qualificação didática de tais áreas. Avaliamos, através de uma percepção pós-ocupação, as respostas do compor tamento humano associadas às variáveis ambientais, sejam elas atitudes voluntárias ou não.

Sugerimos então elementos de projeto plausíveis à coalisão positiva entre intenção projetual e condições de conforto térmico, visto que são vastas as possibilidades de concepção a fomentar e afirmar os potenciais de determinada área a um olhar cauteloso aos condicionantes ambientais.

C. Áreas sombreadas - Projeto vencedor na categoria “Repouso e Trabalho” do 4º Desao de Design Odebrecht Braskem 2016 - Parque urbano Passeio Ernesto Nazareth, Santo Cristo (Rio de Janeiro, RJ)D. Toldos Populares para Preston, Lancashire, Reino Unido- Arquitetos He Zhe, James Shen, Zang Feng (2015)

C. Banco ‘’Saturnia’’ - Design de Filippe NigroD. Guarda-corpo para espaço público -

A. Banco ‘’Saturnia’’ - Design de Filippe NigroB. Guarda-corpo para espaço público - Linha Hedera, Atech Group

REFERÊNCIAS EM SUGESTÃO À MELHORIA DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS

O objeto, passeio público ao perímetro do Museu, é entendido por nós como parte integrante de um todo, a propor uma transição entre esferas públicas de livre acesso e as de acesso restringido.

Abordamos, portanto, não somente de um objeto de cunho estritamente urbanístico, paisagístico, ou arquitetônico – mas sim de um entremear á essas grandezas. Tratamos, assim, de uma abordagem que transfigura seu aspecto subjetivo às condições objetivas de um meio citadino.

Os parâmetros ambientais explanados por Rafael Serra em Arquitectura y Clima embasaram o presente estudo à qualificação didática de tais áreas. Avaliamos, através de uma percepção pós ocupação, as respostas do comportamento humano associadas às variáveis ambientais, sejam elas atitudes voluntárias ou não.

Sugerimos então elementos de projeto plausíveis à coalisão positiva entre intenção projetual e condições de conforto térmico, visto que são vastas as possibilidades de concepção a fomentar e afirmar os potenciais de determinada área a um olhar cauteloso aos condicionantes ambientais.

Apesar disso, é frequente e notória a presença dos ventos, fato que pode estimular a permanência no local, em conjuntura à questões propostas pelo projeto.

O fato da área não disponibilizar mobiliários como bancos e nem elementos de sombreamento resulta em uma adaptação dos visitantes para aliar-se à condições de bem-estar.Seja pela acomodação próximo à um poste ou pelo apoio a outros objetos, tais atitudes são artifícios para obtenção de conforto térmico (parâmetros climáticos).

A sensação de ‘’innito’’ ou de extensão aos espelhos d’água intencionada pelo projeto esbarra de certa maneira à questão de segurança, visto a ausência de uma proteção física considerável entre a Baía e o Píer. Mas salienta-se que a sensação descrita também é motivo de ‘’culto’’ à paisagem e atrativo a permanência no local.

CONSIDERAÇÕES FINAIS