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08c35700-b58d-456e-bddc-8e66b61321cd Os direitos de propriedade intelectual de todos os conteúdos do Público – Comunicação Social S.A. são pertença do Público. Os conteúdos disponibilizados ao Utilizador assinante não poderão ser copiados, alterados ou distribuídos salvo com autorização expressa do Público – Comunicação Social, S.A. Apoiantes do ex-Presidente montaram acampamento junto à prisão de Curitiba p18 PT ainda acredita que Lula da Silva será candidato PUBLICIDADE ADRIANO MIRANDA Mário Centeno avisa que não vai pôr “em risco” sucesso alcançado Opinião Na semana em que o Programa de Estabilidade será aprovado, o ministro das Finanças avisa que Portugal não pode voltar a entrar em défice excessivo nem pôr em risco os resultados Economia, 16/17 e Editorial Síria Assad volta a usar armas químicas para esmagar resistência Mundo, 21 Edição Lisboa • Ano XXIX • n.º 10.215 • 1,20€ • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • Director: David Dinis Adjuntos: Diogo Queiroz de Andrade, Tiago Luz Pedro, Vítor Costa Directora de Arte: Sónia Matos Número de alunos ciganos na escola duplicou p2 a 5 Programas Aldeias Seguras e Pessoas Seguras são apresentados hoje pelo ministro Eduardo Cabrita e abrangem 189 municípios Sociedade, 12 Fogos Aldeias de risco vão ter planos de evacuação e locais de refúgio ISNN-0872-1548 ESTA SEXTA-FEIRA 13, SÓ VAI TER MEDO QUEM NÃO APOSTAR. jogossantacasa.pt

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08c35700-b58d-456e-bddc-8e66b61321cd

Os direitos de propriedade intelectual de todos os conteúdos do Público – Comunicação Social S.A. são pertença do Público.Os conteúdos disponibilizados ao Utilizador assinante não poderão ser copiados, alterados ou distribuídos salvo com autorização expressa do Público – Comunicação Social, S.A.

Apoiantes do ex-Presidente montaram acampamento junto à prisão de Curitiba p18

PT ainda acredita que Lula da Silva será candidato

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ADRIANO MIRANDA

Mário Centeno avisa que não vai pôr “em risco” sucesso alcançadoOpinião Na semana em que o Programa de Estabilidade será aprovado, o ministro das Finanças avisa que Portugal não pode voltar a entrar em défi ce excessivo nem pôr em risco os resultados Economia, 16/17 e Editorial

SíriaAssad volta a usar armas químicas para esmagar resistênciaMundo, 21

Edição Lisboa • Ano XXIX • n.º 10.215 • 1,20€ • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • Director: David Dinis Adjuntos: Diogo Queiroz de Andrade, Tiago Luz Pedro, Vítor Costa Directora de Arte: Sónia Matos

Número de alunosciganos na escola duplicoup2 a 5

Programas Aldeias Seguras e Pessoas Seguras são apresentados hoje pelo ministro Eduardo Cabrita e abrangem 189 municípios Sociedade, 12

Fogos Aldeias de risco vão ter planos de evacuação e locais de refúgio

ISNN-0872-1548

ESTA SEXTA-FEIRA 13,SÓ VAI TER MEDO

QUEM NÃO APOSTAR.

jogossantacasa.pt

Os direitos de propriedade intelectual de todos os conteúdos do Público – Comunicação Social S.A. são pertença do Público.Os conteúdos disponibilizados ao Utilizador assinante não poderão ser copiados, alterados ou distribuídos salvo com autorização expressa do Público – Comunicação Social, S.A.

2 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018

EDUCAÇÃO

Número de ciganos na escola obrigatória duplicou em 19 anosAderiram ao pré-escolar. Estão a entrar no secundário. Mas o insucesso ainda marca a vida de muitos alunos ciganos. Quase dois terços dos inscritos no 2.º ciclo em 2016 já tinham chumbado alguma vez, mostra um estudo que será apresentado hoje. Desde os anos 1990 que não se fazia um levantamento nacional desta realidade

Ana Cristina Pereira

A mudança está a acontecer,

ainda que devagarinho,

dentro da população cigana

portuguesa. Em 2016/2017,

havia pelo menos 11.018

crianças e jovens de etnia

cigana matriculados no ensino

obrigatório. Há 20 anos eram quase

metade disso: 5921.

O Perfi l Escolar da Comunidade Ci-

gana, que caracteriza os alunos ma-

triculados nas escolas públicas do

continente no ano lectivo 2016/2017,

é divulgado hoje. Foi feito com base

nas respostas de 563 estabelecimen-

tos de ensino de 809 inquiridos. Ou

seja, 246 não responderam ao ques-

tionário electrónico que lhes foi en-

viado pelos serviços do Ministério

da Educação pedindo informação

sobre os alunos matriculados. Na

abertura deste 3.º período, o minis-

tro Tiago Brandão Rodrigues irá ao

Agrupamento de Escolas de Coruche

visitar um exemplo de boas práticas

— o “Aquém das salas de vidro”, que

visa incluir as crianças ciganas no

pré-escolar.

É a primeira vez, desde os anos

1990, que o Ministério da Educação

procura conhecer, à escala nacional,

a situação escolar dos alunos ciga-

nos. A recolha de dados, trabalhada

pela Direcção-Geral de Estatísticas

da Educação (DGEEC), a que o PÚ-

BLICO teve acesso, está prevista na

Estratégia Nacional para a Integração

das Comunidades Ciganas, cuja revi-

são se encontra em discussão pública

desde ontem.

Desde logo, nota-se que o pré-

escolar assusta cada vez menos as

famílias ciganas. Já o tinham frequen-

tado 62% das crianças que entraram

para o 1.º ciclo em 2016. E isso “é

fundamental para um percurso es-

colar bem sucedido”, diz Maria José

Casa-Nova, coordenadora do Obser-

vatório das Comunidades Ciganas,

uma unidade informal que faz parte

do Alto Comissariado para as Migra-

ções (ACM).

No levantamento feito no ano lecti-

vo de 1997/98, não havia dados sobre

pré-escolar. Estavam 5420 crianças

ciganas matriculadas no 1.º ciclo, 374

no 2.º ciclo, 102 no 3.º ciclo e 16 no

secundário. Já em 2016/2017, havia

1945 a frequentar o pré-escolar, 5879

o 1.º ciclo, 3078 o 2.º ciclo, 1805 o

3.º ciclo e 256 o secundário. Mesmo

tirando o pré-escolar, é perto do do-

bro — e, como se disse, só estão a ser

contabilizadas as respostas de 563

escolas das 809 inquiridas.

A presença destes alunos diminui

à medida que a escolaridade sobe,

o que tende a ser atribuído, sobre-

tudo, à preservação da virgindade

das raparigas como baluarte da

honra das famílias e à centralidade

do casamento, que em muitas co-

munidades costuma ser celebrado

em idades precoces. Há uma quebra

do 1.º para o 2.º ciclo. No 3.º ciclo

“é o descalabro”, como diz Bruno

Gonçalves, um dos mais destacados

activistas ciganos.

É inegável que muito poucos che-

DESTAQUE

c

gam ao secundário, mas há sinais de

mudança. Maria José Casa-Nova cha-

ma a atenção para o facto de haver

quase tantas raparigas como rapa-

zes a frequentar esse nível de ensino

(elas são 46% dos alunos), apesar de

eles não terem “constrangimentos

socioculturais”. Na sua opinião, is-

so “signifi ca que a realidade está em

processo de mudança”. Estarão as

raparigas a provocá-la. “São aquelas

que revelam maior vontade de con-

tinuidade escolar”, afi rma.

Elevado insucessoPara a grande maioria das comunida-

des ciganas, a escola é uma realidade

do pós-25 de Abril de 1974. O que está

a gerar esta crescente adesão, ainda

que lenta? Bruno Gonçalves, dirigen-

te das Letras Nómadas, começa por

mencionar o efeito de políticas pú-

blicas como o rendimento mínimo

garantido, criado em 1996 e entretan-

to convertido em rendimento social

de inserção. Aquela medida, como o

abono, força as famílias a deixar as

crianças fazer a escolaridade obri-

gatória. Muitas não se podem dar ao

luxo de perder o direito a tais presta-

ções pecuniárias. “Com a queda da

venda ambulante, algumas famílias,

embora não todas, também apostam

um pouco mais na escolaridade

Com a queda da venda ambulante, algumas famílias apostam mais na escolaridade dos filhos Bruno GonçalvesDirigente das Letras Nómadas

Apesar do maior número de alunos ciganos nas escolas, o insucesso escolar continua a ser uma realidade

Os direitos de propriedade intelectual de todos os conteúdos do Público – Comunicação Social S.A. são pertença do Público.Os conteúdos disponibilizados ao Utilizador assinante não poderão ser copiados, alterados ou distribuídos salvo com autorização expressa do Público – Comunicação Social, S.A.

Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 3

“O abandono precoce das raparigas não é inevitável”

Um misto de preocupação

e optimismo. É assim que,

numa pequena entrevista

feita por email, o ministro

da Educação, Tiago Brandão

Rodrigues, reage ao estudo

Perfil Escolar da Comunidade

Cigana, que caracteriza os alunos

matriculados nas escolas públicas.

Como é que interpreta os dados do Perfi l Escolar da Comunidade Cigana?Com natural preocupação, mas

com real optimismo. Subsistem

difi culdades, sobretudo ao nível

do sucesso escolar de muitos

alunos ciganos, mas também já

existe muito maior participação

no pré-escolar e nas actividades

de enriquecimento curricular. Isto

são sinais positivos de autêntica

integração, verdadeiramente

importantes para o percurso

educativo das crianças. Este

estudo mostra ainda que temos

um número signifi cativo de alunos

ciganos no ensino secundário, o

que indica que estão a fazer-se

progressos mensuráveis.

Há uma tendência para colocar a tónica na desvalorização da escola, na centralidade do casamento, nas raparigas enquanto guardiãs da honra das famílias ciganas, isto é, para responsabilizar as crianças e as suas famílias. Que responsabilidade deve assumir a escola? No que é que a escola tem falhado?O estudo mostra uma relevante

tendência de mudança. Já

encontramos raparigas ciganas

também no 3.º ciclo do ensino

básico e no ensino secundário,

em proporções não distantes das

dos rapazes. Isto signifi ca que o

abandono precoce das raparigas

não é inevitável. Em todo o caso,

existe trabalho a fazer nas escolas,

no sentido de se afi rmar o respeito

pela diversidade cultural e,

paralelamente, o direito à educação

de todos e à liberdade de cada um

escolher, em consciência e sem

pressões, o seu percurso de vida.

Muitas das nossas escolas já fazem

este trabalho com muita qualidade,

mas estamos a criar condições —

com outras áreas governativas e

no âmbito da revisão da Estratégia

Nacional de Integração das

Comunidades Ciganas — para que

todas o façam com maior qualidade

e profundidade.

O que pode a escola fazer para melhorar os indicadores?Deve trabalhar com a comunidade,

incluindo as instituições sociais, os

pais e outros agentes comunitários,

para poder desenvolver soluções

educativas que sejam aceites e

promovidas por todos. O Plano

Nacional de Promoção do Sucesso

Escolar e o reforço da autonomia

das escolas servem também

para isso. As escolas são espaços

fundamentais para mostrar

que existem diversas culturas

— que convivem e merecem ser

conhecidas e respeitadas — e, ao

mesmo tempo, para trabalhar

com alunos e as suas famílias,

no reconhecimento do que é o

exercício de uma plena cidadania,

em termos de direitos e

deveres. Isto não pode

ser pontual, deve ser

absolutamente estrutural. É

isso que estamos também a

fazer e a construir com

a Estratégia Nacional

de Educação para

a Cidadania,

assim como

com projectos,

em diferentes

contextos,

que procuram

contextualizar a intervenção,

trabalhando directamente com

as comunidades. É importante

também não esquecer a educação

de adultos, até porque é conhecido

que quando os pais voltam aos

estudos também os percursos dos

fi lhos saem benefi ciados.

Há uma elevada percentagem de crianças e jovens ciganos fora do ensino regular. O encaminhamento começa ainda no 1.º ciclo. A escola está a empurrar estes alunos para essas vias?O grande desafi o é prevenir o

insucesso, uma vez que tem

muito melhores resultados

do que qualquer forma de o

tentar remediar. É neste sentido

que temos desenvolvido uma

intervenção precoce muito

alargada e profunda, no âmbito

dos TEIP, do Programa Nacional

de Promoção do Sucesso Escolar,

das tutorias, para que possamos

prevenir o insucesso logo desde o

1.º ciclo. Os resultados já começam

a surgir, com a redução das taxas

de insucesso e também com a

redução do número de turmas com

percursos alternativos, que decorre

dessa redução do insucesso.

Há escolas com predominância de crianças ciganas. E turmas inteiras quase só com crianças ciganas. Qual a sua posição sobre esta concentração, involuntária no caso das escolas, voluntária no caso das turmas?Não apoiamos esse tipo de

soluções. Elas são, efectivamente,

um obstáculo à inclusão e ao

sucesso dos alunos. A plena

integração dos alunos ciganos é

algo muito positivo para todos os

alunos. E os normativos são

claros quanto à aplicação

de critérios de igualdade

de oportunidades,

não discriminação e

utilização de critérios

de heterogeneidade

na constituição das

turmas.

Tiago Brandão Rodrigues Há uma mudança relevante: “Já encontramos raparigas ciganas no 3.º ciclo e no secundário”

EntrevistaAna Cristina Pereira

FOTOS: ADRIANO MIRANDA

Não apoiamos esse tipo de soluções [turmas só de alunos ciganos]. São, efectivamente, um obstáculo à inclusão Tiago Brandão RodriguesMinistro da Educação

Os direitos de propriedade intelectual de todos os conteúdos do Público – Comunicação Social S.A. são pertença do Público.Os conteúdos disponibilizados ao Utilizador assinante não poderão ser copiados, alterados ou distribuídos salvo com autorização expressa do Público – Comunicação Social, S.A.

4 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018

EDUCAÇÃO

DESTAQUE

dos fi lhos, para que eles tenham uma

alternativa”, explica.

No entender deste mediador cul-

tural, “há que trabalhar no sucesso

educativo, pois há ainda poucas ex-

pectativas a uma alternativa que não

a venda”. “O preconceito tem sido

um obstáculo. Há poucas experiên-

cias e poucos exemplos de ciganos

bem aceites no mercado laboral. Os

que existem vivem na clandestinida-

de étnica.”

Com efeito, o insucesso continua a

ser uma realidade bem conhecida de

muitos destes estudantes. De acordo

com o retrato feito às escolas, a taxa

de aproveitamento escolar dos alu-

nos ciganos matriculados em 2016/17

foi de 56,2% — 61,6% no 1.º ciclo,

49,1% no 2.º ciclo, 49,4% no 3.º ci-

clo e 64% no secundário. Estes dados

dizem respeito apenas a estudantes

que estiveram na escola em que se

matricularam até ao fi m do ano. Há

669 (6% do total de 11.018) que foram

transferidos e para esses não são dis-

ponibilizados números sobre o seu

sucesso ou insucesso escolar.

A percentagem de chumbos é ele-

vada, a julgar pelo indicador usado

pelo ministério: 48,1% dos matricula-

dos em 2016/17 nos diferentes níveis

de escolaridade já tinham, ao longo

da sua vida escolar, chumbado um

ou mais anos. No 2.º e 3.º ciclos (do

5.º ao 9.º ano) a maioria já conhecia

essa realidade: 64% e 58%, respec-

tivamente.

Sair do ensino regularNeste cenário, as crianças começam

cedo a sair do ensino regular. Esta-

vam 78 alunos do 1.º ciclo noutras

ofertas formativas. No 2.º ciclo, 406.

No 3.º ciclo, 578, o que quer dizer

que perto de um terço dos estudan-

tes a frequentar aquele nível de en-

sino estavam, por exemplo, em tur-

mas PIEF — Programa Integrado de

Educação e Formação ou Percursos

Curriculares Alternativos.

Alguns acabam por desistir. Se-

gundo a DGEEC, pelo menos 6%

dos alunos não chegaram ao fi m do

ano de 2016/17. Mas a situação difere

muito entre ciclos e regiões do país.

Olhando apenas para 2.º ciclo, por

exemplo, a taxa dos que deixaram a

escola era de 11,3% — sendo que na

Área Metropolitana de Lisboa che-

gava aos 17,5%.

Estatísticas de 2015/16, também

da DGEEC, mas para a população

escolar total (alunos de todas as et-

Urbana em 2017, 32% da população

cigana vive em “habitação não clás-

sica”, isto é, barracas ou tendas, au-

tocaravanas ou roulotes.

“As reprovações também têm que

ver com questões de falta de compe-

tências básicas que não foram adqui-

ridas nas escolas-gueto”, considera

Bruno Gonçalves. “Se só há meninos

ciganos, não há muitos exemplos a

seguir. A motivação na aprendizagem

é menor. Por muito que haja esfor-

ço dos professores, é difícil pedir a

crianças que estejam num patamar

de outras crianças não ciganas que

têm pais que tiveram tradição escolar

e que têm capacidades para estimu-

lar em casa o ensino.”

Coimbra com sucessoNão é o mesmo em todo o lado, como

já se disse. Maria José Casa-Nova en-

fatiza “a existência de distritos onde

as taxas de sucesso são elevadas”. É

“o caso de Coimbra, que apresenta o

maior número de alunos ciganos no

ensino secundário (65) e a mais ele-

vada taxa de sucesso para este nível

de ensino (94,2%)”.

Parece-lhe que interessa “realizar

estudos qualitativos que permitam

conhecer e compreender” o que ali

se passa.

Na estratégia de integração que

agora deve ser renovada, o minis-

tério compromete-se a reforçar e a

qualifi car a intervenção das escolas

para promover o sucesso escolar dos

alunos ciganos. Este esforço deve-

rá passar pela “produção de orien-

tações, divulgação de boas práticas e

reforço da formação dos professores

e pessoal não docente”.

Bruno Gonçalves e outros dirigen-

tes associativos reclamam bolsas e

programas especiais de apoio ao es-

tudo. “Há muito que a Letras Nóma-

das quer criar um mini-Opré [Chava-

lé] no 3.° ciclo”, diz, numa referência

ao projecto-piloto que aquela asso-

ciação desenvolveu com a Plataforma

Portuguesa para os Direitos das Mu-

lheres em 2015/2016, que assenta em

acompanhamento e bolsa de estudo,

e se tornou uma política pública no

ano lectivo de 2016/2017. O progra-

ma, agora desenvolvido com o ACM

e com a Rede Portuguesa de Jovens

para a Igualdade entre Homens e Mu-

lheres, disponibilizou mais bolsas de

estudo universitárias. Neste momen-

to, estão 29 no ensino superior.

Os cuidados com a recolha de dados

A Constituição coloca fortes restrições à recolha de dados étnico-raciais. Havia dúvidas se era

possível obter os necessários para traçar o Perfil Escolar da Comunidade Cigana. A Direcção-Geral da Educação (DGE) teve de perguntar à Comissão Nacional de Protecção da Dados (CNPD) se autorizava. A CNPD não se opôs porque os estudantes não eram susceptíveis de identificação. A informação seria recolhida e “transmitida pelos agrupamentos de escolas/escolas por referência aos números totais de alunos que por ciclo/nível de ensino têm tais características étnicas, de forma agregada”. Os dados apresentados foram obtidos através de um questionário electrónico elaborado pela Direcção-Geral de Educação. A Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares disponibilizou-o na área privada das escolas. Responderam 563 escolas — 385 tinham alunos de etnia cigana e 178 não. Outras 246 nunca responderam. A Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência procedeu ao tratamento dos dados. A.C.P.

[email protected]

nias), apontavam para uma taxa de

retenção e desistência global no 2.º

ciclo de 8,6%. Mas nem o indicador

é o mesmo (já que junta abandono

e chumbos) do usado neste estudo

sobre os alunos ciganos, nem as com-

parações com a população em geral

são fáceis.

Numa nota enviado ao PÚBLICO,

o ministério lembra, de resto, que

muitos dos estudantes ciganos vivem

numa situação de vulnerabilidade,

pelo que qualquer comparação com

os estudantes em geral deve ser feita

com muito cuidado. A maior parte

destes jovens (67%) tem acção so-

cial. Segundo um estudo feito pelo

Instituto de Habitação e Reabilitação

Beneficiaram de apoiossocioeconómicos

Retenção em anos anteriores

Respostas de 503 escolas

3.º CICLO

2.º CICLO1805

3078

8730(67,7%)

SECUNDÁRIO256

11.018

TOTAL12.963

Alunos do básicoe secundário

Pré-escolar

Comunidade cigana nas escolas públicasem 2016/2017

Quantas escolas foram inquiridase quantas responderam

385 (47,6%)TÊM ALUNOS CIGANOS

Em agrupamento Não agrupada369 16

1945

Alunos matriculados por distritoBásico e secundário

SecundárioBásico

196211101101798809731

595494430403410406352307255288197114

1089

67

2313

10171110725

15697

72Vila Real

V. CasteloGuardaCoimbraLeiriaBragançaPortalegreC. BrancoÉvoraViseuBragaSantarémAveiroFaroBejaSetúbalPortoLisboa

Com mais do que uma retenção

Com uma retenção

Sem retenção

19,7%

44,3%

42%

18,6%

39,4%

16,8%14,5%

36%

68,8%

Fonte: Perfil Escolar da Comunidade Cigana − Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência

Os direitos de propriedade intelectual de todos os conteúdos do Público – Comunicação Social S.A. são pertença do Público.Os conteúdos disponibilizados ao Utilizador assinante não poderão ser copiados, alterados ou distribuídos salvo com autorização expressa do Público – Comunicação Social, S.A.

Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 5

A questão ocupa há muito

estudiosos da população

cigana como Olga Magano

e Maria Manuela Mendes,

do Centro de Investigação

e Estudos em Sociologia

do ISCTE — Instituto Universitário

de Lisboa. De que se constrói o

desencontro entre a população

cigana e o sistema de ensino?

Os distritos com maior número

de alunos de etnia cigana são Lisboa

(1962), Porto (1110) e Setúbal (1101),

segundo um estudo divulgado hoje

pelo Ministério da Educação, refe-

rente ao ano lectivo 2016/2017. Em

2013/2015, aquelas investigadoras

procuraram respostas nos dois pri-

meiros. Andaram pelos bairros do

Cerco e do Lagarteiro, no Porto, mas

também no da Biquinha, em Mato-

sinhos, no 2 de Maio, em Lisboa, no

Casal do Silva, na Amadora, e no

Quinta da Fonte, em Loures. Fizeram

observação directa, entrevistaram

ciganos residentes (73) e dinamiza-

ram grupos focais com encarregados

de educação ciganos, professores e

técnicos (71).

O 1.º ciclo é um dado adquirido.

Aí, os professores nem assinalaram

grande diferença entre ciganos e

não ciganos em matéria de sucesso

escolar. Os problemas começam a

surgir na transição para o 2.º ciclo.

As crianças nem sempre sabem as

matérias que estão para trás e têm

de enfrentar uma diversidade de pro-

fessores e disciplinas. A maior parte

começa a faltar.

Magano e Mendes denotaram no

discurso de professores e técnicos

tendência para reproduzir ideias fei-

tas. E, ao mesmo tempo, difi culdade

em valorizar os aspectos positivos

que podem advir da convivência

cultural. Uns e outros entendiam

que havia diferença de género e as-

sumiam que, a partir de certa idade,

os pais iam incentivar as raparigas a

abandonar a escola. Ninguém negará

o fechamento relacionado com a his-

tória de exclusão, a defesa da cultura

cigana, o estilo de vida. E é conheci-

da a vigilância reservada às meninas,

nas quais a tradição assenta a honra

De que se faz o desencontro com a escola?

das famílias, bem como a centralida-

de do casamento, que é ainda muito

precoce (embora menos).

Num artigo intitulado “Constran-

gimentos e oportunidades para a

continuidade e sucesso das pessoas

ciganas”, publicado na revista de so-

ciologia Confi gurações em Dezembro

de 2016, as investigadoras aludem a

outros factores: o defi citário estímulo

cognitivo, os fracos recursos linguís-

ticos, a pouca motivação para apren-

der, a inexistência de “expectativas

em relação à escola — muitas vezes

reforçada pelo desconhecimento de

pessoas ciganas que tenham conclu-

ído o 9.º e o 12.º ano ou até mesmo

ingressado o ensino superior” — e

a “ausência de oportunidades e de

impactos da escolarização na vida

profi ssional”.

Aquelas estudiosas realçam o

contexto. As crianças ciganas por-

tuguesas, como as de outros países,

“aprendem, quase sempre, em am-

bientes desqualifi cados e segregados

e muitas vezes são discriminadas pe-

los/as professores/as e vítimas de um

ambiente hostilizante”.

O estudo foi feito em agrupamen-

tos escolares abrangidos pelo Pro-

grama Territórios Educativos de

Intervenção Prioritária. Talvez por

isso, o absentismo e o abandono não

surpreendessem os técnicos. Refe-

riam os Percursos Curriculares Al-

ternativos e as turmas do Programa

Integrado de Educação e Formação

como opção.

Ambas lamentam que parte destes

alunos continue à margem, em es-

colas ou turmas frequentadas quase

só por ciganos. “Acaba por não ha-

ver um convívio intercultural”, diz

Magano, professora auxiliar do De-

partamento de Ciências Sociais e de

Gestão da Universidade Aberta. Tan-

to ela como Maria Manuela Mendes,

professora auxiliar na Faculdade de

Arquitectura da Universidade de Lis-

boa, fazem a defesa da contratação

de mediadores culturais. Não como

“apagadores de fogos”, mas como

construtores de relações de confi an-

ça através de um trabalho continua-

do. Ana Cristina Pereira

Aprendem, quase sempre, em ambientes desqualificados e segregados e muitas vezes são discriminadas pelos professores e vítimas de um ambiente hostilizante Olga Magano e Maria Manuela Mendes, investigadoras

ALGARVE

ALENTEJO

AM LISBOA

CENTRO

NORTE

1.º CICLO5879

229 (50,8%)222 (49,2%)

253(49,5%)

258 (50,5%)

204(47%)230(53%)

208 (51,1%)199 (48,9%)

56 (439,4%)86(60,6%)

451

511

434

407

142

Percentagem de escolas com alunos ciganosPor NUTS II

246 (30,4%)178 (22%)

134 21044 36

NÃO RESPONDERAMNÃO TÊM

A

B

C D

EA B C D E

Total de escolas que responderam ao inquérito

Com alunos ciganos

NORTE CENTRO AM LISBOA ALENTEJO ALGARVE

TOTAL

Algarve

Alentejo

Área Metropolitana de Lisboa

Centro

NorteENSINO BÁSICO

63,461,2

63,864,5

44,849,3

49,350,8

58,061,1

55,356,7

Feminino Masculino

Alunos com aproveitamentoNão inclui alunos transferidos durante o ano lectivo, em %

TOTAL

Algarve

Alentejo

Área Metropolitana de Lisboa

Centro

NorteENSINO SECUNDÁRIO

54,553,8

73,873,4

25,066,7

72,747,4

500

64,163,9

Aproveitamento e abandonoNão inclui alunos transferidos durante o ano lectivo.Para os cálculos foram contabilizados 10.349 alunos ciganos matriculados e que não foram transferidos de escola

2,2%11,3% 8,8%

SecundárioTotal básico3.º Ciclo2.º Ciclo1.º Ciclo

AbandonoAproveitamento

RaparigasRapazes

17,2%

20,2% 62,6%

61,6%49,1% 49,4%

5,9% 5,6%

56%64%

PÚBLICO

39289 190 198 93

61% 66,5% 72% 78% 82,4%

Este é o terceiro e último de uma série de trabalhos sobre as comunidades ciganas e a escola. Ver mais em www.publico.pt

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6 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018

POLÍTICA

Beijos apaixonados para acabar com as discriminações

NUNO FERREIRA SANTOS

Filmagens do videoclip do festival; em baixo, João Gomes de Almeida e Gonçalo Franco

Um empregado de cozinha de um

restaurante chinês sai pela porta

das traseiras para despejar o lixo.

Uma jovem de blusão preto e aus-

cultadores ao pescoço aproxima-se,

atira-se para os seus braços e beija-o

longa e sensualmente. “Inês, avança

para ele. agarra-o com força contra

ti. Isso...”, “Deixa-te ir, ela é que con-

trola”, ouve-se, a espaços, no silên-

cio do set. “Continua.” Dois minutos

depois, já ambos estão sem fôlego

quando se ouve “Corta!”, e os dois

suspiram ruidosamente de alívio,

quase engasgados, e refi lam. “É a

chamada ‘política em apneia’”, co-

menta alguém, entre risos, na zona

do estúdio na penumbra.

Por alguns minutos, os dois jovens

actores descontraem-se no alto de

uma estrutura de andaimes, com

plásticos e luzes, um cenário mini-

malista que servirá, horas depois,

para gravar mais beijos apaixona-

dos mas com outros protagonistas.

Depois do cozinheiro chinês e da

refugiada, no corredor de uma em-

presa, uma cigana cruzar-se-á com

um executivo mulato que se dirige

à máquina do café; dois atletas, ele

brasileiro, ela muçulmana, cruzam-

se na pista de atletismo onde trei-

nam; e uma mulher negra, de 60

anos, será abordada pela patroa

(uma “tia” da sua idade, bem con-

servada) quando limpa um espelho.

Todas as cenas terminam com um

beijo envolvente, de desejo. Confuso?

Se olharmos em volta, encontramos

estas pessoas quase todos os dias na

rua, nos transportes, num café, no

centro comercial. Porque Portugal

é uma sociedade inclusiva, embora

aqui e ali ainda subsistam, enraiza-

dos, alguns (muitos) preconceitos.

As quatro histórias são contadas,

sem palavras e com muitos close-up

da mudança de atitude nos rostos,

num vídeo de um minuto que servi-

rá para promover o Festival Política,

que decorre no Cinema São Jorge,

em Lisboa, entre os dias 19 e 22 de

Abril. O spot é lançado hoje nas redes

sociais e dentro de dias na televisão.

Depois de a edição inaugural do festi-

Portugal, o PS e o PAN também o usa-

ram na campanha das autárquicas.

Portugal tolerante...“Desta vez quisemos falar de Portu-

gal enquanto país multicultural e to-

lerante, embora ainda persista muito

racismo e xenofobia de forma mais

ou menos escondida”, conta João

Gomes de Almeida. “Pegámos no

preconceito e nas fobias e descons-

truímo-los num fi lme que também

se quer estético. Para mostrar que

somos feitos de diversidade usamos

quatro casais em que todos os ele-

mentos correspondem aos estereóti-

pos mais básicos. Há sempre alguma

tensão entre os personagens, que de-

pois evoluem para um beijo apaixo-

nado”, descreve Gonçalo Franco ao

PÚBLICO num intervalo das fi lma-

gens que decorreram num pavilhão

na zona da Expo. “Portugal made

of diversity, made of love” (Portugal

feito de diversidade, feito de amor)

é a ideia que fi ca no fi nal do spot.

“Até podia ser um vídeo para o

turismo; o que queremos mostrar é

que tudo isto é possível em Portugal

e que somos um país tolerante”, jus-

tifi ca João Almeida. “No ano passado

[com a abstenção], fi zemos pelo lado

negativo, com uma realidade que é

muito portuguesa [o homem a comer

uma bifana no café e a comentar a ac-

tualidade, com referências à guerra

do Ultramar] mas com um conceito

universal; desta vez vamos pelo ca-

minho do sentimento mais puro, que

é o amor, e que é igualmente percebi-

do de forma universal. Por isso nem

precisa de diálogos.”

... ou só de fachada?Bárbara Rosa, jurista de direito pú-

blico, co-organizadora e fundadora

do Festival Política com o jornalista

Rui Oliveira Marques, lembra que o

último relatório das Nações Unidas

sobre migrações (2016) diz que “a

cada minuto há 20 pessoas a serem

deslocadas, de forma forçada, do

local onde vivem. Temos assistido à

manifesta incapacidade de resposta

da Europa e à forma crescente como

as migrações mexem com todos os

preconceitos que temos, de forma

mais ou menos dissimulada”.

“Há uma visão idealizada sobre a

nossa capacidade de integração dos

imigrantes. Temos a ideia de que aco-

lhemos bem. Mas no plano concreto

somos muito mais racistas, xenófo-

bos, sexistas e homofóbicos do que

realmente mostramos. Por exemplo,

na forma como se aplicam as leis e

até como o próprio Estado contribui

para combater (ou não) esses precon-

ceitos. Quantas vezes ouvimos falar

de problemas de imigrantes com o

SEF, das difi culdades na aplicação

da lei da nacionalidade ou das regras

de permanência no país?”, questiona

Rui Oliveira Marques.

No ano passado, os organizadores

tiveram alguma difi culdade para ex-

plicar o conceito do Festival Políti-

ca. “As pessoas estranharam o nome

porque associam o termo ‘política’

apenas a ideologia — de direita ou de

esquerda. Tivemos de fazer um traba-

lho pedagógico de dizer que a políti-

ca parte também da sociedade civil e

que esta tem um papel e um impacto

fundamentais”, conta o organizador.

Porque tudo é política, até um beijo.

Festival Política regressa ao Cinema São Jorge, em Lisboa, entre 19 e 22 de Abril. Para discutir as discriminações, os direitos humanos e os refugiados — com poucos políticos e muita sociedade civil

Inclusão Maria Lopes

val, no ano passado, se ter debruça-

do sobre a abstenção, este ano o foco

estará nas questões da igualdade e

da não-discriminação, com especial

atenção aos direitos humanos e refu-

giados. A experiência anterior correu

tão bem que dos dois dias de activi-

dades se passou para quatro, entre

debates, simples conversas — como a

que reúne deputados e participantes [email protected]

— exibição de fi lmes e performances,

workshops, actividades para crian-

ças, exposições e concertos.

João Gomes de Almeida, director

criativo da agência 004, e Gonça-

lo Franco, da Krypton Filmes, que

assinam o spot, têm desta vez uma

responsabilidade acrescida. No ano

passado, o seu vídeo para divulgar

o festival questionava o alheamento

dos eleitores que, ao não votarem,

deixam que as decisões políticas aca-

bem por ser tomadas por um estere-

otipado português preconceituoso

— racista, chauvinista, homofóbico,

xenófobo e saudosista dos tempos do

Salazarismo. Se por cá o impacto foi

limitado, o vídeo acabou por ser apro-

veitado em França, na segunda ron-

da das presidenciais, quando se ex-

tremou o apelo ao voto, por activistas

contra Marine Le Pen mas também

contra Jean-Luc Mélenchon: tornou-

se viral nas redes sociais e teve mais

de 1,2 milhões de visualizações. Em

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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 7

Uma, duas, três, quatro bocas es-

cancaradas na cara de um homem

negro. “Que direitos?” A imagem, no

site festivalpolitica.pt, representa o

que os quatro dias da iniciativa (de

19 a 22 deste mês) pretendem que se

faça: debater, intervir, pensar, ver,

partilhar, participar num programa

intenso, que recupera e “engorda” o

esqueleto do ano passado.

Os políticos de profi ssão vão apa-

recer só uma vez: dia 20, às 18h30 os

participantes vão conversar cinco mi-

nutos com os deputados André Silva

(PAN), José Luís Ferreira (PEV), Antó-

Filmes, debates, música e cinco minutos com deputados

nio Filipe (PCP), José Manuel Pureza

(BE), Susana Amador (PS), Sandra

Pereira (PSD) e um ainda não indica-

do pelo CDS. Mas em todo o resto dos

quatro dias é a sociedade civil que

impera em variadas vertentes, mas

onde a cultura tem presença de peso.

Num cinema como o São Jorge não

poderiam faltar fi lmes. E há muitos

nos ciclos de cinema LGBT, sobre

igualdade de género e sobre racismo.

Entre outros, passa o documentário

Pela Mão de Alice, de Raquel Freire,

sobre o percurso de Boaventura

Sousa Santos; e o fi lme que marca a

sessão ofi cial de abertura do festival

(dia 19, às 21h30) é a antestreia de

A Morte de Estaline, do britânico Ar-

mando Iannuci, proibido na Rússia.

Há ainda debates sobre a diversida-

de religiosa (quais e como se expres-

sam os diversos cultos em Portugal?),

o papel das comunidades ciganas

(como mudar o preconceito sobre

esta comunidade?, qual o papel da

mulher cigana nesse processo?), a

relação entre o humor (como des-

montar os preconceitos que grassam

nas redes sociais através do riso?) e a

justiça (a lei é racista?, o sistema ju-

dicial português protege os cidadãos

contra o racismo e a xenofobia?) e o

racismo, a forma como a tecnologia

pode ajudar a combater a violência e

a reforçar a democracia, a Lisboa fo-

ra dos roteiros turísticos que acolhe

tanta diversidade; workshops sobre

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Quisemos falar de Portugal enquanto país multicultural e tolerante, embora ainda persista muito racismo e xenofobiaJoão Gomes de AlmeidaDirector criativo da agência 004

capoeira (pelo Chapitô), e até sobre

a forma como as crianças olham a in-

terculturalidade e os que são diferen-

tes de si na cidade. E concertos com a

Orquestra Metropolitana de Lisboa, o

Fado Bicha; performances como psss,

de Zacarias Gomes; a exposição Li-

bertador Dispensado, de Nuno Bet-

tencourt e Ruy Otero; a videoinstala-

ção Grândola RMX, de José Meirinhos

O festival, que é uma co-produção

com a EGEAC e se insere nas come-

morações de Abril da cidade, tem

entrada livre e tradução para língua

gestual portuguesa. M.L.

O Festival Política decorre no Cinema São Jorge, em Lisboa, entre os dias 19 e 22 de Abril

1 Kit Escola para uma turma de 40 crianças

para todas as crianças

PARA SI É QUASE NADA.PARA MUITAS CRIANÇAS É QUASE TUDO.

Saiba como ajudar em unicef.pt

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8 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018

POLÍTICA

Arquitectura

Europeias e legislativas

PCP Entrevista República Centro-Africana Carreiras contributivas

PS à espera de soluções para lei vetada por Marcelo

Mário Centeno: “alinhamento” de eleições “adequado”

Comunistas criticam Governo mas não querem ruptura

Presidente salienta o “milagre” dos portugueses

Militar português ferido em Bangui encontra-se bem

BE apresenta projecto de lei no Parlamento

O líder parlamentar do PS, Carlos César, vai esperar pelas propostas dos partidos que “aprovaram e estragaram” a lei que repõe a possibilidade de engenheiros civis poderem assinar projectos, vetada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para decidir o que farão os socialistas.

O ministro das Finanças, Mário Centeno, disse ontem que seria “adequado” alinhar as eleições legislativas com a votação para o Parlamento Europeu, o que anteciparia o escrutínio nacional em alguns meses. A declaração foi feita em resposta a uma pergunta na conferência Ulisses 2018.

O líder do PCP, Jerónimo de Sousa, fez ontem, num almoço com militantes na Amadora, duras críticas ao Governo, mas avisou que isso não significa uma ruptura com o PS, e apresentou o seu partido “não como uma força de bloqueio mas como força de construção”.

Marcelo Rebelo de Sousa recusa-se a atribuir o “milagre” da recuperação económica a um governo e diz que ele é o resultado do sacrifício de todos os portugueses. Numa entrevista ao jornal La Voz de Galicia, diz que a sua relação com o primeiro-ministro não mudou após os incêndios do ano passado.

O militar português ao serviço da ONU na República Centro-Africana “está bem e a recuperar favoravelmente”, revelou o porta-voz do Estado-Maior das Forças Armadas. O militar português “sofreu ferimentos ligeiros”, depois de ter sido atingido por estilhaços de granada numa operação em Bangui.

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, anunciou ontem que o partido apresenta na quarta-feira na Assembleia da República um projecto de lei com “o compromisso não cumprido do Governo da segunda fase para acesso às reformas das longas carreiras contributivas”.

Centenas de emigrantes

acompanharam ontem em Paris

a homenagem que o Presidente

da República e o primeiro-

ministro portugueses fi zeram

aos soldados lusos que se

bateram há cem anos na Batalha

de La Lys, na I Guerra Mundial.

Marcelo Rebelo de Sousa e

António Costa começaram

por descerrar uma placa

comemorativa do centenário da

batalha e deslocaram-se para

o Arco do Triunfo para uma

cerimónia no monumento ao

Soldado Desconhecido.

RIO

CRU

Z/LU

SA

Breves

Três mil militares da GNRvão estar de prevenção a incêndios já em Maio

I Grande Guerra Marcelo e Costa homenagearam militares lusos

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10 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018

SOCIEDADE

Um cão como ligação entre o mundo e uma criança autista

Poderá um cão ajudar crianças com

perturbação do espectro do autis-

mo? O presidente da Associação

Portuguesa de Cães de Assistência

(APCA) não tem dúvidas: “Sim, po-

de.” Um cão, treinado, diz Rui Elvas,

será um ponto de focalização para

a criança, ajudando-a em momen-

tos de maior ansiedade. “Uma ida

ao centro comercial, com todos os

estímulos visuais e sonoros, pode

ser muito difícil para uma criança

com autismo. Um cão de assistência

será uma espécie de porto seguro”,

exemplifi ca ao PÚBLICO o respon-

sável pela APCA.

A associação, que nasceu há

quatro anos, já treinou 11 cães para

acompanhar crianças com pertur-

bações do espectro do autismo, e

dos 240 pedidos que tem em lista

de espera, 70% são para este tipo de

patologia. O primeiro a ser treinado,

há dois anos, foi o Sinatra, um labra-

dor. O último foi a cadela Lia, que

aterrou no fi nal da semana passada

na Madeira, mesmo no meio da fa-

mília de Francisco, de quatro anos,

a quem, em Março de 2016, os mé-

dicos diagnosticaram autismo.

É ele que corre todo o comprimen-

to do pequeno cais da praia de Ma-

chico, a segunda cidade da ilha, a 30

quilómetros a leste do Funchal. Uma

após outra, vai retirando da praia de

calhau rolado pequenas pedras que

depois atira com cuidados mil para o

mar. Lia, um cão-d’água português,

está deitada a observar.

A interacção entre os dois é nula,

neste momento. Rui Elvas nota que

é cedo. Lia — o nome foi escolhido

para rimar com “ia”, um dos poucos

sons que Francisco já articula — tem

quatro meses, e chegou à Madeira

naquele mesmo dia. É o início de um

processo longo de familiarização e

treino, que, segundo Rui Elvas, vai

ajudar a criança a lidar com as an-

siedades e frustrações que acompa-

nham o autismo.

São cada vez mais as famílias que recorrem a cães de assistência para acompanhar crianças com autismo. Associação portuguesa tem treinado cães para Portugal e outros países. Há 240 pedidos em lista de espera

Cães de assistênciaMárcio Berenguer

“Enquanto os adultos pressionam

a criança, o cão de assistência não

pede nada em troca. Não exige, não

força. Está simplesmente lá para ela”,

sintetiza o presidente da APCA.

Carla Pereira, 47 anos, mãe de

Francisco, quer acreditar que sim.

Que vai ajudar a ligar o fi lho ao mun-

do. Conheceu a APCA no fi nal do

ano passado, no dia de Natal. Uma

reportagem na televisão contava a

história da entrega de um cão a uma

família com três crianças com per-

turbações do espectro do autismo,

nos Açores. “Estava a ver e pensei:

porque não? Mal não irá fazer”, re-

corda ao PÚBLICO, enquanto acom-

panha o vaivém do fi lho, entre o iní-

cio da praia e o meio do cais.

As difi culdades de linguagem e de

socialização de Francisco confundi-

ram no início a família e os médicos.

“Pensámos que era surdez, e fi ze-

mos uma imensidão de exames, mas

o Francisco não tinha problemas de

audição”, conta Carla Pereira, que

ensina Matemática na escola secun-

dária da cidade.

Quando o diagnóstico de autismo

foi feito, já a família desconfi ava. O

atraso na linguagem foi o primeiro

sinal de alerta. As difi culdades de

socialização, a confi rmação.

Desde então, Francisco é acom-

panhado pelo Centro de Desenvol-

vimento da Criança, no Serviço de

Pediatria do Hospital Dr. Nélio Men-

donça, no Funchal. Terapia da fa-

la. Terapia ocupacional. Psicologia.

Quando falou com o neuropediatra

sobre o que tinha vista na televisão,

o clínico não se opôs. “Mal não fa-

rá”, ouviu Carla Pereira.

Em Fevereiro, dois meses depois

de ter conhecido o trabalho da AP-

CA, já Rui Elvas estava na Madeira

a visitar a família. O objectivo é per-

ceber quais são as necessidades da

criança. O contexto familiar e que

tipo de cão se adequa melhor.

“Não saltar, não ladrar”Neste caso, foi escolhido um cão-

d’água português, que, aponta Rui

Elvas, é uma raça com características

muito próprias que vão ao encontro

das necessidades das crianças com

perturbações do espectro do autis-

mo. À cabeça, está a maior esperança

média de vida (14/15 anos) quando

comparada com outras raças, o que

garante à partida mais tempo com

a criança/jovem. “Em segundo lu-

gar, amadurecem mais rápido, o que

permite que comecem a ser treina-

dos mais cedo”, enumera Rui Elvas,

apontando para Lia, que se mantém

imóvel e em silêncio. “Se fosse um

labrador, com esta idade, não estava

quieto”, compara o treinador.

Lia, continua, teve de esperar

quatro meses para ser entregue,

por ser essa a idade mínima para

poder ser vacinada contra a raiva e

viajar de avião. Não fosse isso, podia

ter sido introduzida na família mais

cedo. “O normal é acontecer entre

as oito e as 12 semanas, para o cão

se habituar aos movimentos muitas

vezes bruscos e aos barulhos que as

crianças fazem.”

Outra vantagem do cão-d’água

é o pêlo. Esta raça, originária do

Algarve, que ganhou nova vida em

2009 quando foi adoptada pelos

Obama na Casa Branca, tem cabe-

lo em vez de pêlo. “A questão das

alergias não se coloca, o que é uma

enorme vantagem.”

A primeira fase do treino do ani-

mal é a obediência, como se fosse

um normal cão doméstico. “É im-

portante estabelecer três regras

simples: não saltar, não ladrar e

não morder”, enumera Rui Elvas,

que nesta fase, como na seguinte, se

limita a orientar a família. “A ideia é

supervisionar e facilitar, promoven-

do sempre a relação entre o cão e a

nova família.”

O segundo momento do treino

é mais técnico. Específi co para a

criança a quem o cão irá prestar

assistência. No caso das perturba-

Enquanto os adultos pressionam a criança, o cão de assistência não pede nada em troca. Não exige, não forçaRui ElvasPresidente da APCA

ções de autismo, os cães são treina-

dos para acompanhar a criança de

forma a estarem presentes quando

for necessário acalmá-las. “Existe

muitas vezes a tendência para as

crianças fugirem, e o cão é treina-

do para evitar isso.”

Um grupo de 13Tudo isto custa dinheiro. A aquisi-

ção, o treino e a certifi cação de um

cão de assistência para crianças com

autismo atingem os cinco mil euros.

No Orçamento do Estado para este

ano, por força de uma proposta do

Os direitos de propriedade intelectual de todos os conteúdos do Público – Comunicação Social S.A. são pertença do Público.Os conteúdos disponibilizados ao Utilizador assinante não poderão ser copiados, alterados ou distribuídos salvo com autorização expressa do Público – Comunicação Social, S.A.

Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 11

Não existe, ainda, qualquer “evi-

dência científi ca” de que um cão de

assistência possa contribuir para a

terapêutica das crianças com per-

turbação do espectro do autismo.

Guiomar Oliveira, coordenadora da

Unidade de Neurodesenvolvimento

e Autismo do Centro de Desenvolvi-

mento da Criança, do Centro Hospi-

talar e Universitário de Coimbra, diz

ao PÚBLICO que não é “claro” quais

os “outcomes mensuráveis” na inte-

racção animal-criança-família para

ser possível avaliar o resultado.

O que existe, continua a docente

da Faculdade de Medicina da Uni-

versidade de Coimbra, é um estudo

publicado no Canadá em 2016 que

revela uma diminuição dos níveis de

stress parental após a introdução de

um cão de assistência. “Ainda assim

teríamos de saber de que tipo de au-

tismo estamos a falar, bem como de

que tipo de família. Ou seja, haverá

muitas variáveis a considerar nestas

conclusões”, ressalva a especialista

em neurodesenvolvimento, admitin-

do que, “se não for nocivo” para a

criança, não vê “contra-indicação”

num cão de assistência.

Também Carlos Nunes Filipe, psi-

quiatra e director clínico da Asso-

ciação Portuguesa para as Perturba-

ções do Desenvolvimento e Autismo

(APPD) em Lisboa, sublinha que não

existem estudos que indiquem que

um cão de assistência possa desem-

penhar um papel no tratamento do

autismo. “É uma perturbação gené-

tica, e por isso um cão não tem im-

plicações na terapêutica”, observa,

acrescentando que eventuais benefí-

cios vão depender de vários factores.

“A criança pode, por exemplo, ter

medo do cão.”

Por outro lado, nota o psiquiatra,

se entre os dois se estabelecer uma

relação de “confi ança e segurança”,

um cão de assistência pode trazer

benefícios para a criança. “Não há

qualquer indicação, mas também

não existe nada em contrário”,

conclui Carlos Nunes Filipe, com-

parando o autismo com outras

Faltam estudos que provem que animais ajudam, mas também não prejudicam

perturbações genéticas como, por

exemplo, a trissomia 21. “Um cão

ou outro animal não vão infl uenciar

o tratamento.”

O último estudo epidemiológico

sobre a prevalência do autismo em

Portugal foi feito em 2000 e coorde-

nado por Guiomar Oliveira. O traba-

lho teve como população-alvo mais

de 330 mil crianças em idade esco-

lar de Portugal continental e Açores,

nascidas em 1990, 1991 e 1992. E per-

mitiu concluir que uma em cada mil

tinha alguma perturbação do espec-

tro do autismo. Números que estão

em linha com outros países.

Tanto Guiomar Oliveira como Car-

los Nunes Filipe recusam a ideia de

que os casos de autismo estejam a

aumentar no país.

“O que está a aumentar é o con-

ceito clínico para o diagnóstico da

perturbação do espectro do autismo,

que é cada vez mais abrangente, tam-

bém em Portugal”, argumenta Guio-

mar Oliveira. O psiquiatra da APPD-

Lisboa concorda.

“O que tem variado é o critério.

Existe hoje uma maior abrangência

e um maior conhecimento, que fa-

zem com que a nossa percepção seja

maior”, explica Carlos Nunes Filipe,

apontando os Açores como a região

do país com maior prevalência de au-

tismo. Do lado oposto está o Alen-

tejo, sendo que no Algarve os casos

são também “raros” em relação ao

resto do país.

O aumento da idade paterna e a

reduzida diversidade genética da po-

pulação de uma determinada região

têm sido apontados como factores

que podem infl uenciar o risco de au-

tismo. Márcio Berenguer

GREGÓRIO CUNHA

Carla Pereira, 47 anos, mãe de Francisco, quer acreditar que Lia vai ajudar a ligar o filho, Francisco, ao mundo

A APCA, que tem também treina-

do animais para a Dinamarca, Suíça,

Alemanha, Luxemburgo, Angola e

vai estar dentro de semanas em In-

glaterra, nasceu em 2014 e integra,

entre treinadores, terapeutas, ve-

terinários e psicólogos, um total de

13 pessoas.

A ideia de constituir uma asso-

ciação sem fi ns lucrativos surgiu

quando uma família bateu à porta

da K9 Training Center, a escola de

treino canino que Rui Elvas mantém

no Estoril, a perguntar se podiam

treinar um cão de assistência para

uma criança diabética. “Percebemos

que essa área não estava a ser traba-

lhada e decidimos criar a associação

para dar resposta a estas situações.”

Para além dos 11 cães treinados para

dar assistência a crianças com autis-

mo, a APCA já entregou outros oito,

para patologias tão distintas como

a diabetes (cães são treinados para

supostamente detectarem crises de

hipoglicemia) ou a mobilidade re-

duzida. O objectivo, diz Rui Elvas, é

continuar a ajudar as pessoas.

1Uma em mil crianças tem uma perturbação do espectro do autismo, diz estudo coordenado por Guiomar Oliveira

[email protected]

Não há qualquer indicação [de que tenham uma função terapêutica], mas também não existe nada em contrárioCarlos Nunes FilipePsiquiatra

PAN, foi incluindo uma alínea que

prevê o apoio fi nanceiro às escolas

que certifi cam os cães de assistência.

Mas até agora nada foi concretizado.

Por isso, a APCA tem de ser criati-

va. “Vamos retirando parcelas das

famílias que podem pagar, para que

outras, que não têm possibilidades

económicas, possam também ser

apoiadas” explica Rui Elvas. Muitas

vezes não é sufi ciente. A associação

tem recorrido ao crowdfunding ou a

eventos para angariação de fundos,

como o que aconteceu em Dezem-

bro, nos Açores.

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12 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018

SOCIEDADE

Será lançada uma campanha sobre “medidas de autoprotecção”

O alvo são 189 dos 308 municípios

portugueses com freguesias onde há

risco de incêndios fl orestais. As al-

deias vão ter um plano especial que

contempla a existência de planos de

evacuação e locais de refúgio pre-

viamente estabelecidos. Será ainda

indicado um “ofi cial de segurança

da aldeia”, que terá como missão

transmitir avisos à população, or-

ganizar a evacuação do aglomera-

do em caso de necessidade e fazer

acções de sensibilização junto dos

moradores.

As medidas constam dos progra-

mas Aldeia Segura e Pessoas Seguras

que vão ser hoje apresentados pe-

lo Governo com a assinatura de um

protocolo entre a Autoridade Na-

cional de Protecção Civil (ANPC) a

Associação Nacional de Municípios

Portugueses (ANMP) e a Associação

Nacional de Freguesias (Anafre).

Segundo revelou ao PÚBLICO o

Ministério da Administração Interna

(MAI), ainda este mês será feito o

trabalho de organização no terre-

no pelas três entidades envolvidas,

estando prevista a sua implementa-

ção no próximo mês, cabendo aos

municípios e às juntas de freguesia a

sua dinamização junto das diversas

aldeias com risco de incêndios.

O Aldeia Segura — que já tinha si-

do referido pelo primeiro-ministro

a 25 de Março quando vários mem-

bros do Governo estiveram no ter-

reno em acções de limpeza de terre-

nos — bem como o Pessoas Seguras

assentam em três pontos distintos:

“Gestão de combustível, plano de

evacuação de aldeias e campanha

de sensibilização.”

Além da nomeação em cada al-

deia da fi gura do “ofi cial de seguran-

ça”, da sinalização de caminhos de

evacuação e da defi nição de locais

de refúgio, o programa tem ainda

como objectivo “sensibilizar popu-

lações para o que fazer em caso de

incêndio e como evitar comporta-

mentos de risco”. Nesse sentido será

feita uma campanha a nível nacional

Aldeias vão ter planosde evacuação, locais de refúgio e “oficial de segurança”

ADRIANO MIRANDA

IncêndiosLuciano Alvarez

Programa Aldeias Seguras é hoje apresentado. Envolve Protecção Civil, câmaras e juntas de freguesia

para passar nas rádios, televisões,

jornais e redes sociais, com início

previsto para Maio.

Esta campanha terá como tema

“medidas gerais de autoprotecção”:

“É vital a conjugação de esforços en-

tre o poder central e o poder local,

com o objectivo de prevenir e dimi-

nuir os efeitos dos incêndios rurais”,

faz saber o MAI.

O papel das autarquias “vai ser

fundamental” no programa de mo-

do a “incentivar a participação das

populações” e “reforçar a consci-

ência colectiva de que a protecção

e a segurança são responsabilidades

de todos”.

Dez mil kitsCaberá ainda aos municípios “imple-

mentar estratégias de protecção de

aglomerados populacionais face a

incêndios rurais”; “criar dinâmicas e

hábitos com base no conceito de au-

toprotecção”; “familiarizar as popu-

lações com as condutas adequadas

a observar em caso de evacuação

ou confi namento, treinando-as para

esse efeito” e sensibilizar as popula-

ções para “a adopção de práticas e

comportamentos que minimizem o

risco de incêndio rural e aumentem

a segurança das comunidades”.

Já a ANPC compromete-se a pro-

duzir e disponibilizar à ANMP e à

Anafre a “enumeração de critérios

para a identifi cação de locais de

refúgio nos aglomerados” e a “im-

plementação de medidas de pre-

venção, identifi cação de refúgio e

sinalização de evacuação” previstas

nos programas, bem como “a densi-

fi cação da rede automática de avisos

à população”.

Na responsabilidade da Autorida-

de Nacional de Protecção Civil fi cará

ainda a implementação de mecanis-

mos de aviso à população; defi nição

de condutas pessoais de autopro-

tecção a adoptar pelos cidadãos; a

realização de campanhas locais de

sensibilização e de informação so-

bre as medidas autoprotecção e a

realização de exercícios/simulacros

para testar os planos.

Nesse sentido, a ANPC vai tam-

bém lançar uma campanha de

sensibilização de âmbito nacional

direccionada para a diminuição de

comportamentos de risco e para a

adopção de condutas de autoprotec-

ção. Promete igualmente distribuir

sinalética e dez mil kits de autopro-

tecção a nível nacional.

[email protected]

Um jovem de 20 anos morreu ontem

e quatro outros fi caram gravemente

feridos na sequência do despiste, no

concelho de Nisa, de um autocarro

que transportava 48 estudantes. Os

jovens regressavam de uma viagem

de fi nalistas, que os levara a Huelva,

no Sul de Espanha.

Do despiste, que se deu às 17h56,

perto da barragem do Fratel, numa

estrada descrita pelas autoridades

como “perigosa e com muita sinistra-

lidade”, resultaram ainda 29 feridos

ligeiros, que foram encaminhados

para os hospitais de Portalegre, Cas-

telo Branco e Abrantes. Segundo fon-

te do Comando Operacional Distrital

de Portalegre, 15 estudantes foram

assistidos no local, tendo sido depois

encaminhados para a biblioteca mu-

nicipal de Nisa, onde aguardaram pe-

la chegada dos pais.

“Quer os 12 feridos que deram en-

trada no hospital de Abrantes quer

os 15 estudantes e o motorista que

foram encaminhados para Portalegre

não parecem ter lesões de maior e

deverão ter alta nas próximas horas”,

adiantou, ao início da noite, ao PÚ-

BLICO o secretário de Estado adjunto

e da Saúde, Fernando Araújo. A essa

hora tinham já sido afastadas também

as preocupações relativamente a uma

estudante que sofrera um traumatis-

mo cranioencefálico. “Ficará segura-

mente internada, mas está estável e

consciente e os exames não demons-

traram nenhuma lesão major”, acres-

centou Araújo, que mobilizou duas

equipas de psicólogos para apoiar

as vítimas e respectivos familiares.

Mais de 30 dos estudantes aciden-

tados eram fi nalistas da escola secun-

dária Frei Heitor Pinto, na Covilhã,

e os restantes frequentavam outra

escola do concelho de Belmonte. A

viagem foi organizada pela X Travel,

uma empresa especializada em via-

gens de fi nalistas, que, ao início da

noite, segundo adiantou ao PÚBLICO,

estava ainda a tentar apurar as causas

do capotamento do autocarro.

Despiste provoca morte de um estudante

AcidenteNatália Fariae Claudia Carvalho SilvaOs estudantes eram quase todos da Covilhã e vinham de uma viagem de finalistas quando autocarrose despistou

O ministro da Administração Interna garantiu ontem que, pela “primeira vez

desde sempre”, a Liga dos Bombeiros estará presente no Comando Nacional de Operações e que vai haver um aumento superior a 10% na remuneração dos operacionais, quando integrados no Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais. “Teremos uma participação reforçada dos bombeiros no dispositivo, numa interligação que lhes permitirá estar presentes ao lado da Autoridade Nacional de Protecção Civil”, afirmou Eduardo Cabrita, explicando ainda que a Liga dos Bombeiros vai estar presente no Comando Nacional e vai assumir funções de ligação “em todos os comandos distritais”. Lusa

Bombeiros vão ganhar mais 10%

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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 13

LOCAL

Premiada rede que defende a cultura dos mares e dos rios

A Rede Nacional da Cultura dos Ma-

res e dos Rios (RNCMR) vai ser distin-

guida na edição de 2018 dos Prémios

Excellens Mare, pelo “papel funda-

mental na promoção das culturas

marítimas e de Portugal”, conforme

explica em comunicado a PwC Portu-

gal — entidade responsável pela atri-

buição do prémio. A rede nacional

foi premiada na categoria Identitas

Mare, que reconhece aqueles que se

fazem valer das temáticas marítimas

para impulsionarem projectos que

promovam o desenvolvimento cul-

tural. Este galardão pretende servir

como um “reconhecimento da ex-

celência e do mérito presentes nas

actividades do mar”.

O almirante José Bastos Saldanha,

vice-presidente da RNCMR e membro

da Sociedade de Geografi a de Lisboa

(SGL), diz ao PÚBLICO que o prémio,

que será entregue no sábado numa

cerimónia na Figueira da Foz, é um

“reconhecimento do trabalho reali-

zado e da fi nalidade [da RNCMR]”,

mostrando-se muito satisfeito pela

distinção da organização que foi ini-

ciada por um conjunto de cidadãos

em 2002, na Nazaré. O almirante afi r-

ma que o grupo defende a “preserva-

ção da cultura do mar” através de um

esforço conjunto entre organismos

locais que, através das suas realida-

des distintas, simbolizam o que há de

característico, e distintivo, nos patri-

mónios que se pretendem preservar.

A rede foi criada há 16 anos quan-

do um grupo de cidadãos preocupa-

dos com a perda de infl uência do

mar na cultura portuguesa decidiu

juntar-se e redigir a Declaração da

Nazaré. Esse manifesto — datado

de 11 de Maio de 2002 — tem como

objectivo “proteger, valorizar e di-

vulgar o património, a cultura e as

identidades singulares de cada co-

munidade” relacionada com o mar,

explica Bastos Saldanha, que fez par-

te do grupo inicial de pessoas que

assinaram o documento e entre as

quais estavam Mário Ruivo, biólogo

e antigo governante, o antropólogo

Luís Martins ou o geógrafo Henrique

Souto, por exemplo.

Organismo que reúne cidadãos e instituições espalhadas pelo país vai ser distinguido pelos Prémios Excellens Mare pelo seu trabalho de preservação de património da costa portuguesa

da região sul do país pertencentes à

RNCMR. A Sociedade de Geografi a

de Lisboa, por exemplo, é uma das

principais impulsionadoras.

Ao longo da sua história, o organis-

mo tem promovido vários encontros

e seminários, que funcionam como

um espaço de debate para os mem-

bros da organização. No seminário

mais recente — que decorreu, em du-

as fases, com encontros em Lisboa e

Esposende — a principal preocupa-

ção prendeu-se com o património

identitário e cultural das comunida-

des de sargaceiros.

Uma das lutas mais antigas desta

rede diz respeito às embarcações tra-

dicionais: a preservação de catraias,

catraios, canoas, faluas e muitas ou-

tras tipologias de embarcação — que

constituem marcas identitárias das

comunidades ligadas ao mar — tem si-

PatrimónioMiguel Dantas

PEDRO CUNHA

A preservação das embarcações tradicionais tem sido uma das lutas desta rede que reúne parceiros de todo o país

do prejudicada, consideram, por en-

traves legislativos. Já há mais de meia

década que a RNCMR defende que

estas embarcações possam navegar

com menos restrições, de modo a

manter a memória do seu uso viva

entre as populações.

A coordenadora dos museus mu-

nicipais de Esposende, Ivone Maga-

lhães, explica ao PÚBLICO que “exis-

te um vazio legal” para estas embar-

cações tradicionais, e sugere que

Portugal siga o exemplo espanhol,

onde estas possuem “uma licença

específi ca” que permite o seu funcio-

namento. Os regulamentos de segu-

rança que estas embarcações têm de

cumprir, e que obrigam a adaptações

construtivas, também são um factor

impeditivo para a sua circulação, co-

mo refere a historiadora. Texto edi-tado por Abel Coentrão

sende, Benjamim Pereira, garante

que a RNCMR “não trabalha para

os prémios”, mas assume que esta

distinção constituiu uma “agradável

surpresa”. Relativamente às princi-

pais preocupações da rede, refere a

questão da “erosão costeira”, para a

qual este grupo tem alertado através

de “conferências e fóruns”

O almirante Bastos Saldanha diz

que esta decisão de atribuir a pre-

sidência da RNCMR aos municí-

pios refl ecte a evolução da institui-

ção. De acordo com o almirante, as

entidades locais que fazem parte da

RNCMR têm nos municípios os or-

ganismos que lhes permitem tomar

acção efectiva perante as suas pre-

ocupações: “É a transição de uma

rede de carácter local para nacio-

nal”, atesta. Esse carácter nacional é

confi rmado por várias organizações

A RNCMR promove a cooperação

entre as entidades locais que, com o

passar dos anos, se vão juntando à

rede. Mediante o crescimento dessa

teia de contactos, a presidência do

organismo foi delegada no municí-

pio da Póvoa de Varzim, em 2011.

Passados dois anos, foi a vez de o

município de Esposende assumir a

presidência da rede, mandato bienal

que foi renovado no fi nal de 2016.

O presidente da Câmara de Espo-

A rede nasceu com a aprovação da Declaração da Nazaré, um manifesto datado de 2002

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14 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018

Novas baterias de lítio chegam emcinco anos com marca portuguesa

John Bannister Goodenough é um

homem muito alto. Tem 95 anos, um

sorriso rasgado e uma gargalhada

contagiante — porque é demorada,

sonora, enfática. Reservaram-lhe

uma cadeira de rodas para se deslo-

car até à Sala de Actos da Faculdade

de Engenharia da Universidade do

Porto (FEUP), onde decorreu uma

palestra sobre o futuro do armaze-

namento de energia, e na qual ele

era o convidado especial. Mas ele

dispensou-a, e veio pelo próprio pé,

agarrado a uma pequena bengala e

muito sorridente. John Goodenou-

gh não é só grande na compleição.

No currículo, sobretudo, é um gi-

gante, repetidas vezes considerado

pela academia sueca quando chega

a época do Nobel para a área de Físi-

ca. É considerado o pai das baterias

de iões de lítio, a invenção do início

dos anos 1990 que revolucionou o

mundo da tecnologia, e o dia-a-dia

de hoje, com gadgets e equipamen-

tos electrónicos a funcionar sem

fi os, em todo o lado, através de ba-

terias recarregáveis. E por isso já re-

cebeu vários prémios e comendas

internacionais.

Goodenough é professor na Uni-

versidade de Austin, no Texas, e re-

cusa reformar-se. Continua a ir tra-

balhar todos os dias e a liderar uma

equipa de investigadoras para a qual

requisitou Helena Braga, a profes-

sora da FEUP, que naquela palestra

fazia uma espécie de honras das ca-

sa, apesar de actualmente estar em

sabática para poder continuar a in-

vestigação que iniciou no Texas. Es-

tavam ambos em Portugal para falar

do futuro das baterias e da forma de

armazenar energia. Goodenough já

viveu muito, e prepara-se para viver

o tempo sufi ciente para deixar a sua

marca numa outra revolução que,

de novo, irá ter impactos globais: a

do armazenamento de energia e da

mobilidade eléctrica.

Portugal vai ocupar um lugar privilegiado na revolução em curso no sistema de captação, armazenamento e utilização da energia. E não só porque tem uma das maiores reservas mundiais daquele mineral. Quem o diz é Helena Braga, que está entre as peças-chave desta revolução

Energia Luísa Pinto

Nobel tem passado a vida a fazer. E

a única certeza que ele deixou na

palestra em que participou na FEUP

é que será preciso até cinco anos,

no máximo, para a venda desta no-

va geração de baterias já estar no

mercado. Não diz quem as fabricará,

nem em que país. Porque há muitos

contactos com indústrias e marcas

de vários pontos do globo. “Fomos

contactados por mais de 60 empre-

sas”, admitiu Helena Braga. “Mas

pode escrever o que eu digo. Daqui

a cinco anos, já haverá muitas dessas

baterias no mercado. E daqui a 20,

sabemos lá onde estaremos!”

O lugar de PortugalMas o que falta, afi nal, para que essas

baterias comecem a ser vendidas? A

tecnologia está descoberta, investi-

gada, prototipada. A indústria, como

demonstrou a Efacec e a CaetanoBus,

ECONOMIA

O criador da bateria de iões de lítio

sabe do que é que o mercado neces-

sita para que a mobilidade eléctrica

tenha o impulso que já ninguém se

atreve a negar que é tão desejável

quanto necessária. “Já há cidades

no mundo onde não se consegue

respirar. O mundo já está prepara-

do para entrar numa era de pós-car-

bonização”, afi rmou. “Já sabemos

como transformar o sol e o vento em

energia, mas ainda não aprendemos

a armazená-la com efi cácia. É isso

que queremos descobrir. Obrigado

por me terem emprestado a Helena

Braga para descobrirmos esse cami-

nho”, dizia ele sorridente à plateia,

que lotou a sala.

Na verdade, o caminho está mais

ou menos descoberto. E foi Helena

Braga, quando se lembrou de “soli-

difi car” o electrólito que permite que

as baterias de iões de lítio funcionem,

quem o identifi cou. Foi em 2014 que

a investigadora, agora com 46 anos,

fez a primeira publicação sobre a

tecnologia de electrólitos de vidro.

A primeira patente foi assinada por

ela, e por Jorge Ferreira, do Labora-

tório Nacional de Engenharia e Geo-

logia (LNEG). As outras seis já foram

patentes americanas, com a Universi-

dade do Texas ao barulho. Mas Maria

Helena Braga está em todas.

Um electrólito de vidroAs baterias de iões de lítio que ain-

da hoje são usadas, e que John Goo-

denough ajudou a inventar já nos

anos 80 do século passado, usam

electrólitos líquidos para transpor-

tar os íons de lítio entre o ânodo (o

lado negativo da bateria) e o cátodo

(o lado positivo da bateria). Se uma

célula de bateria é carregada muito

rapidamente, pode causar dendri-

tos, causando um curto-circuito que

pode levar a explosões e incêndios

— porque o líquido do electrólito é

infl amável. É preciso revestir cada

uma das células das baterias, estas

tornam-se pesadas e espaçosas. Por

isso, as baterias dos automóveis da

Tesla, por exemplo, o fabricante que

decidiu avançar com a tecnologia

existente, são desmesuradas e ocu-

pam um espaço tão importante nos

carros. A bateria de 85kWh da Tesla

consiste num gigante de 16 módulos

de 444 células cada — o que dá um

total de mais de 7100 células para

uma autonomia ainda considerada

insufi ciente para muitos.

A descoberta de Helena Braga

mudou não só o electrólito, subs-

tituindo o líquido pelo vidro, como

a arquitectura da bateria. E as três

arquitecturas diferentes em que está

a trabalhar — e todas patenteadas —

têm em comum o facto de o electró-

lito não ser infl amável, ser um bom

condutor de iões de lítio e de sódio

(esta é outra novidade importante:

vai ser possível fazer baterias não só

com lítio mas também com sódio,

mineral muito mais fácil de extrair

através da dessalinização da água do

mar, por exemplo), ser mais leve e

não usar materiais perigosos ou não

recicláveis.

A principal inovação destas novas

baterias é fazer depender a capaci-

dade de armazenamento de energia

a partir do ânodo, em vez do tradi-

cional cátodo, através do electrólito

sólido de vidro, que permite a utili-

zação de um ânodo construído em

metais alcalinos sem a formação dos

chamados “dendritos”, e que são o

que provoca os curto-circuitos in-

ternos. Resultado, será uma bateria

mais segura, tem até três vezes mais

capacidade de armazenamento, é

mais leve e mais barata, podendo,

ainda, ser usada em maiores ampli-

tudes térmicas.

“E vai poder armazenar com mais

efi cácia as energias do sol e do ven-

to, para serem usadas quando forem

precisas. E ela ainda não quer que

se diga, mas também já estamos a

estudar baterias que se autocarre-

gam”, avisou Goodenough, dirigin-

do-se à plateia com a intenção, so-

bretudo, de exortar os estudantes e

os engenheiros a “não terem medo

de pensar e de experimentar”. É,

afi nal, o que o eterno candidato ao

E vai poder [a nova bateria] armazenar com mais efi cácia as energias do sol e do vento, para serem usadas quando for preciso

John Bannister GoodenoughProfessor na Universidade de Austin, no Texas

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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 15

NELSON GARRIDO

John Goodenough, pai das baterias de iões de lítio, acompanhado à sua direita por Helena Braga e à sua esquerda por Joana Espain, investigadoras da faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

também presentes na palestra, aguar-

dam, ora com serenidade, ora com

impaciência, que o mercado se defi -

na. Tiago Ramos, membro da equipa

de desenvolvimento da mobilidade

eléctrica da CaetanoBus, lembra

que houve alturas em que tiveram

de mudar de tecnologia três vezes no

mesmo ano. A Efacec, a empresa que

há menos de dois meses inaugurou

uma nova unidade de mobilidade

eléctrica e foi directamente desafi a-

da a abraçar o projecto, esclareceu

que não constrói baterias. O seu ne-

gócio é “desenvolver tecnologia que

as carregue rapidamente”, lembrou

Nuno Silva, director de tecnologia e

Inovação do grupo Efacec.

O que temos, então, é um peque-

no grande hiato. Por um lado, existe

um modelo científi co que foi pes-

quisado e prototipado. Por outro,

temos a indústria a tentar antecipar

como as coisas vão evoluir, e de que

lado avançaram mais rápido ou com

maior fi abilidade. “Estar sempre a

mudar de tecnologia não é interes-

sante para ninguém”, sintetiza.

Porque não podem ser os próprios

investigadores, a universidade, a fa-

zer esse trabalho? “Nós fi zemos o

nosso. O que nos compete é ter es-

tabilizado e desenvolvido o que é e

como deve ser cada célula de uma

bateria. Mas falta quem construa

a bateria propriamente dita. Tem

de ser a indústria a fazer esse sca-

le up [subida de nível]”, responde

Helena Braga. John Goodenough é

o que parece mais certo de todos:

“Não se preocupem. Não vai ser

preciso sequer cinco anos para co-

meçarmos a ver essas baterias a ser

construídas e vendidas, um pouco

por todo o lado”, assegura. Só não

diz quem será o primeiro — por-

LNEG experimenta processos de obtenção de lítio mais económicos

Portugal tem a sexta maior reserva mundial de lítio, mas até ao momento o lítio português não é

usado senão em aplicações cerâmicas. Uma das razões prende-se com o custo e a dificuldade em obter carbonato de lítio das reservas existentes no país, sobretudo quando comparada com a “facilidade” com que ele é extraído dos lagos salgados na América do Sul. Por isso são tão importantes os projectos-piloto que o Laboratório Nacional de Engenharia e Geologia (LNEG) tem vindo a desenvolver.

Em Portugal, o lítio aparece normalmente associado a rochas (pegmatitos), o que obriga a um esforço de extracção do minério, e a sua posterior transformação em metal. Um dos projectos em que o LNEG participou, e em que usou lepidolite proveniente da região de Gonçalo, na Guarda, permitiu descobrir uma fórmula para reduzir o consumo energético da extracção de lítio do minério. “Este método permite reduzir

o consumo energético da extracção de lítio do minério, tornando o processo mais eficiente e económico, pois reduz a temperatura de processamento de cerca de 1000°C no máximo de 150°C”, explica fonte do LNEG. Este projecto foi desenvolvido com equipas do Instituto Superior Técnico e do Centro de Recursos Naturais e Ambiente.

Num outro projecto, financiado pelo H2020, e que conta com a participação da Universidade do Porto (FCUP e FEUP) e parceiros internacionais, o LNEG abre as portas da sua lavaria para um ensaio-piloto que já é o primeiro exemplo da actividade que pode ser desenvolvida pela Unidade Experimental Minero-Metalúrgica, cuja criação foi recomendada ao Governo pelo Grupo de Trabalho do Lítio. Trata-se de um ensaio-piloto industrial de produção de concentrados de lepidolite, imprescindível para a valorização económica dos minérios.

“Este ensaio-piloto foi precedido de um

programa de investigação experimental, em que foi testada a aplicação de várias tecnologias de processamento de minérios para as fases de pré-concentração, nomeadamente a separação óptica e de concentração por flutuação”, lê-se na informação oficial divulgada pelo LNEG, que explica que para além do minério do Jazigo de Alvarrões (Gonçalo-Guarda), foram também trabalhadas amostras dos jazigos de Länttä (Keliber), na Finlândia, e de Cinovec, na República Checa. Fonte do laboratório do Estado confirmou ao PÚBLICO que esta primeira experiência minero-metalúrgica em relação ao lítio já devolveu resultados muito entusiasmantes, “passíveis de serem replicados pela indústria”.

Actualmente, o Governo está a preparar os concursos públicos internacionais com os quais pretende encontrar os concessionários que poderão ficar a explorar as áreas de lítio em Portugal. L.P.

que não pode, e porque não quer.

“As baterias de iões de lítio para

alguns gadgets electrónicos vão con-

tinuar a existir, e vai haver baterias

de electrólitos sólidos para automó-

veis. Isso é que nós queremos ver

acontecer, porque isso é que traz a

mudança de que o mundo necessita.

Vai haver baterias sólidas de lítio pa-

ra uns fabricantes, vai haver baterias

de sódio, que têm menos capacida-

de, mas também serão mais baratas,

para outros”, diz Goodenough.

E qual é o papel que Portugal

pode vir a assumir nessa pequena

grande revolução? Poderá ser, tam-

bém, por ter entre fronteiras uma

das maiores reservas de lítio da Eu-

ropa? Um aluno chegou a perguntar

a Helena Braga se achava viável que

a Tesla instalasse em Portugal uma

nova fábrica de baterias. A investi-

gadora recusou-se a responder em

nome da Tesla, mas não resistiu a

lembrar que Portugal já ocupa um

lugar de reconhecido destaque nes-

ta “pequena grande revolução”.

“Temos sido notícia pelas vezes

em que conseguimos ser auto-

sufi cientes só com a produção de

energia renovável. Já estamos nos

radares do mundo por causa disso”,

admitiu. A última vez foi há apenas

uma semana, altura em que se sou-

be que a produção de electricidade

renovável no mês de Março ultrapas-

sou o consumo de Portugal conti-

nental, algo “inédito” e considerado

um marco histórico. O que Helena

Braga não quis admitir é que Portu-

gal está no centro desta revolução

também por causa dela. John Goo-

denough, do alto dos seus 95 anos,

não se cansou de o dizer.

Fomos contactados por mais de 60 empresas (...). Daqui a cinco anos, já haverá muitas dessas baterias no mercado

Helena BragaProfessora da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

[email protected]

6.ªPortugal tem a sexta maior reserva mundial de lítio, mas até ao momento o lítio português não é usado senão em aplicações cerâmicas

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16 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018

ECONOMIA

Portugal está melhor. Vive o seu

melhor desempenho económico

e fi nanceiro de várias décadas.

Em 2017, o PIB cresceu

2,7% e o emprego 3,2%. Este

crescimento traduziu-se num

défi ce público de 0,9% do PIB, o

mais baixo da nossa democracia.

O excedente primário fi xou-

se em 3%. A dívida pública

caiu mais de quatro pontos

percentuais.

O desempenho das contas

públicas é assinalável. Os

portugueses cumpriram os seus

compromissos. E continuarão a

fazê-lo.

Esta credibilização permite

que Portugal possa usufruir

plenamente dos benefícios do

crescimento económico atual da

Europa.

Portugal cresce, aliás, mais

do que a Europa. O emprego e o

investimento crescem o dobro

da média da União Europeia. O

desemprego cai mais do que em

qualquer outro país da área do

euro.

Mas fruindo do momento,

temos de nos preparar para o

futuro. Não podemos perder

mais uma oportunidade.

Perante cenários económicos

mais adversos, o passado

recente na área do euro

mostrou que o saldo das contas

públicas se deteriora em média

três pontos percentuais. Em

Portugal, a experiência viva na

nossa memória comprova-o.

Assim, a trajetória de melhoria

do saldo orçamental em 2017

foi essencial para garantir que o

país atinja o objetivo de médio

prazo e não volte a entrar

em Procedimento por Défi ce

Excessivo.

Cumprir compromissos

Cumprimos na íntegra os

compromissos assumidos para

2017.

As prestações sociais fi caram

a um milhão de euros do

previsto. Em 35.600 milhões de

euros de execução é um desvio

de 0,0028%!

O conjunto da despesa com

consumo intermédio, pessoal

e corrente, num total de 36,2

mil milhões de euros, fi cou 51

milhões abaixo do previsto, um

desvio de apenas 0,14%!

A despesa primária aumentou

os 2% previstos face a 2016. Mas

em algumas áreas o crescimento

foi superior.

No SNS, a despesa cresceu

3,5% em 2017. Mas, entre

fevereiro de 2015 e fevereiro de

2018, o crescimento da despesa

com saúde atinge os 13%. Na

escola pública, em 2017, a

despesa com pessoal cresceu

1,6% e com bens e serviços

cresceu 5,3%.

É, pois, falsa a ideia de que o

défi ce tenha sido atingido por

reduções do lado da despesa

dedicada ao funcionamento dos

serviços públicos.

A melhoria dos indicadores

orçamentais não foi transversal

aos diferentes subsetores da

administração pública. Nas

autarquias locais, a despesa

efetiva cresceu mais de

9%, tendo-se, igualmente,

deteriorado o saldo orçamental

nas regiões autónomas.

Mais crescimento...

O desempenho económico

português é excelente. O

crescimento superior a 2%

ocorre num ambiente de

redução da dívida do Estado,

das famílias e das empresas,

que se traduz na redução do

endividamento externo e num

aumento da poupança. Em 2007,

o crescimento de 2,5% ocorreu

com um défi ce orçamental de

3%, mais do triplo do de 2017.

Entre 1996 e 2001, o crescimento

económico médio situou-se no

3,7%, mas os défi ces foram em

média de 4,0%.

O crescimento da atividade

económica e o aumento sem

precedentes do emprego em

Portugal estão na origem de

uma receita fi scal e contributiva

superior à esperada.

Em 2017, houve mais

430 milhões de euros de

OpiniãoMário Centeno

A credibilidade da política económica, 2017

havido lugar a alterações nas

taxas dos principais impostos,

isto é, sem aumento do

esforço fi scal das famílias e das

empresas portuguesas.

... e menos despesa com juros

A redução da fatura com juros

face ao orçamentado, menos

contribuições sociais e mais 450

milhões de receitas correntes

(inclui fi scais) do que o previsto

no Programa de Estabilidade

(PE) de 2017, sem que tenha

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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 17

ECONOMIA

MIGUEL MANSO

O défi ce fi cou mil milhões de euros abaixo do previsto há um ano no Programa de Estabilidade. Metade deste resultado deveu-se à menor despesa em juros, a outra metade foi possibilitada pelo crescimento económico

adiados, investimentos em

capital nos maiores bancos foi

essencial.

Podemos querer procurar

mais indicadores para o trabalho

que tem vindo a ser feito, mas

nada é mais positivo para os

portugueses do que a colossal

redução do pagamento de juros.

E assim reforçamoso investimento

O investimento público cresceu

25% em 2017. O Estado investiu

mais 682 milhões de euros do

que em 2016. O investimento

deve ser devidamente planeado

e executado.

Em 2017, cumprimos também

na despesa de capital, que

fi cou apenas 2% abaixo do

inscrito no PE de 2017, apesar

da redução da receita de capital

e da execução de fundos mais

reduzida nesta fase do PT2020.

Em suma, o défi ce fi cou mil

milhões de euros abaixo do

previsto há um ano no Programa

de Estabilidade. Metade deste

resultado deveu-se à menor

despesa em juros, a outra

metade foi possibilitada pelo

crescimento económico.

Gerar confiança

Sem a credibilidade da execução

orçamental de 2016 e 2017, que

só esta solução governativa

trouxe ao país, não teríamos

a redução de juros observada,

nem o ganho de confi ança

interna e externa, que trouxe

o crescimento económico, o

investimento e o emprego.

Estes saldos orçamentais

são historicamente baixos

para Portugal. Mas não são

extraordinários nos outros países

europeus. Podemos tomar como

exemplo a experiência da Bélgica

que reduziu o rácio da dívida

pública de 130,5% em 1995, um

valor próximo do registado em

Portugal em 2016, para 94,7% em

2005.

A trajetória de redução do

défi ce deve ser equilibrada, mas

efetiva. Se em 2017 cumprimos

essa redução com mais despesa

na saúde, mais despesa na

educação e menos despesa

com juros, devemos manter

esse equilíbrio no futuro. Para

o conseguir, temos de manter

a trajetória de redução da

dívida, manter o esforço de

racionalização e de efi ciência da

despesa pública.

A execução orçamental em

2018 é disso um exemplo.

Temos um reforço da despesa

social bastante mais forte do

que em 2016 e 2017. Iniciámos

o processo de valorização das

carreiras, depois de sete anos

de congelamento. Reduzimos

as taxas de IRS para todas as

famílias portuguesas.

Sabemos o valor destas

políticas para famílias com

taxas de poupança reduzidas

em consequência da crise, do

desemprego, da emigração

e do aumento dos impostos.

Mas também sabemos que

o futuro se constrói hoje

e sem estabilidade não o

conseguiremos alcançar.

O Governo continuará

a devolver confi ança com

políticas que criem emprego

e conduzam ao aumento do

investimento. Continuará,

também, a apostar em áreas

fundamentais para o nosso

futuro como a Educação e a

Saúde, assegurando margem

fi scal e orçamental para fazer

face a futuras crises. Para que

os resultados conquistados não

sejam efémeros.

Os poderes públicos são a

maior fonte de “paciência” e

estabilidade numa sociedade.

O contrário é o berço do

populismo das receitas fáceis.

No fi nal desta legislatura,

face às condições iniciais que se

caracterizavam por um sistema

bancário em crise e em iminente

resolução, em que imperava a

falta de confi ança, o pagamento

de juros terá diminuído mais de

800 milhões de euros. Não há

nenhum indicador melhor do

que este para sintetizar o sucesso

da economia e da sociedade

portuguesa, porque este é o

único que chega mesmo a todos

os portugueses.

E, podem crer, não o vamos

colocar em risco. Devemos isso a

Portugal.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

455 milhões de euros, explica

também a melhor execução

orçamental de 2017. A saída

do Procedimento por Défi ce

Excessivo, a melhoria do rating e

o reembolso antecipado de parte

da dívida ao FMI são as causas

próximas desta redução.

O comportamento no

mercado da dívida é, sem

dúvida, o resultado do rigor

e da credibilidade da política

económica. A estabilização

do setor fi nanceiro, com a

concretização dos, sempre

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18 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018

MUNDO

A prisão não é o fi m do candidato à presidência e o PT aposta nisso

Às primeiras horas da primeira ma-

nhã que Lula da Silva passou preso

já se viam as primeiras tendas e até

casas de banho portáteis trazidas pe-

los apoiantes do ex-Presidente para

as imediações do edifício da Superin-

tendência em Curitiba. Será ali mon-

tado o quartel-general do movimento

de resistência contra aquilo que di-

zem ser a prisão ilegítima de Lula,

com o objectivo único de impedir a

esquerda de regressar ao poder.

A primeira noite de Lula na pri-

são foi “tranquila”, de acordo com

um comunicado emitido pelo Par-

tido dos Trabalhadores, em que foi

também deixado o apelo para que os

seus apoiantes inundem o local com

cartas dirigidas ao ex-Presidente. São

esperados cerca de 40 autocarros

com pessoas para se concentrarem

em Curitiba nos próximos dias, diz

o jornal Folha de São Paulo.

Menos tranquila parece ser a dis-

cussão em curso no seio do partido,

que enfrenta agora a orfandade, ao

ver o seu líder histórico na prisão e

em sério risco de não poder apre-

sentar-se como candidato às eleições

presidenciais de Outubro. A impren-

sa brasileira dá conta de um debate

interno entre os que defendem a con-

tinuidade de Lula na “chapa” eleito-

ral e os que pedem a contemplação

de um “plano B”.

Ofi cialmente, a estratégia do PT

continua a ser uma só — a de manter

a candidatura Lula, independente-

mente do que venha a acontecer. A

detenção de sábado não mata, por

si só, as hipóteses de Lula continuar

como candidato, mas muito daquilo

que será o futuro do homem que li-

dera as intenções de voto está depen-

dente dos prazos dos tribunais.

O grande entrave à candidatura

de Lula chama-se Lei da Ficha Lim-

pa, ironicamente aprovada em 2010

durante a sua própria presidência, e

que inviabiliza que políticos conde-

nados em segunda instância possam

candidatar-se a cargos públicos. Essa

é precisamente a situação de Lula,

depois da decisão do Tribunal Regio-

nal Federal de Porto Alegre, que em

O novo quartel-general dos apoiantes de Lula da Silva passou a ser Curitiba, onde já está montado um acampamento. Ninguém quer sequer ouvir falar de um “plano B” para as eleições de Outubro

a candidatura de Lula, há sempre a

possibilidade de serem apresentados

recursos, adiando por mais tempo a

sua inviabilização defi nitiva. Ao mes-

mo tempo, permanece em cima da

mesa uma eventual reversão por

parte do Supremo Tribunal Federal

da decisão de permitir a prisão de

condenados em segunda instância.

Esta semana, o STF vai pronunciar-

se sobre casos que envolvem outros

condenados no âmbito da Lava-Jato

e a defesa de Lula vai tentar que a

questão volte a estar na agenda.

O factor crucial é o tempo que to-

das estas decisões podem vir a tomar.

Se forem lentas, Lula pode chegar

ao dia da primeira volta ainda como

candidato, e ver a candidatura inva-

lidada antes da eleição fi nal — abrin-

do caminho à passagem do terceiro

BrasilJoão Ruela Ribeiro

ANTONIO LACERDA/EPA

Curitiba vai passar a ser o quartel-general dos apoiantes de Lula da Silva, que prometem não arredar pé

mais votado a progredir para a se-

gunda volta. Num caso extremo, é

até possível que Lula possa vencer

as presidenciais, mas a sua candida-

tura seja anulada por uma decisão

judicial já como Presidente eleito, diz

a BBC. Seriam então convocadas no-

vas eleições.

A estratégia de manter a candi-

datura de Lula o máximo de tempo

possível “faz sentido, pressupondo

que os prazos da Justiça serão demo-

rados”, diz ao site UOL o professor

da Pontifícia Universidade Católica

de Minas Gerais, Malco Camargos.

No entanto, avisa, “temos visto que,

com Lula, o tempo da Justiça tem si-

do sempre diferente, mais rápido do

que o normal”.

presidenciais, algo que deve acon-

tecer até 17 de Setembro. Enquanto

essa avaliação é feita, a candidatura

pode organizar acções de campanha,

mesmo com Lula preso. Cabe ao juiz

que o condenou, Sergio Moro, ou ao

responsável pela execução da pena,

estabelecer de que forma poderá Lu-

la exercer esse direito.

Meios para campanha“Se a lei permite que a pessoa seja

candidata enquanto seu caso está em

análise, devem ser dados os meios

para fazer a campanha”, disse à BBC

Brasil um procurador eleitoral sob

anonimato. Seria então possível que

Lula pudesse abandonar o local de

detenção para gravar anúncios de

campanha, por exemplo.

Mas mesmo que o STE decida vetar

Muito daquilo que será o futuro da candidatura de Lula da Silva à presidência está dependente dos prazos dos tribunais [email protected]

Janeiro confi rmou a condenação por

corrupção e lavagem de dinheiro e

aumentou a pena para 12 anos e um

mês de prisão.

No entanto, a aplicação da Lei da

Ficha Limpa só será possível no mo-

mento em que o Supremo Tribunal

Eleitoral apreciar as candidaturas às

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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 19

Lula da Silva: os tribunais o condenam, a história o absolverá

O processo Lula da Silva põe

a nu de forma gritante que

algo está podre no sistema

judicial brasileiro, evidenciando

procedimentos e práticas

incompatíveis com princípios e

garantias fundamentais de um

Estado de direito democrático, os

quais devem ser denunciados e

democraticamente combatidos.

Totalitarismo e selectividade

da acção judicial. O princípio

da independência dos tribunais

constitui um dos princípios

básicos do constitucionalismo

moderno como garantia do direito

dos cidadãos a uma justiça livre

de pressões e de interferências,

quer do poder político quer

de poderes fácticos, nacionais

ou internacionais. O reforço

das condições de efectivação

daqueles princípios dá-se através

de modelos de governação do

judiciário com ampla autonomia

administrativa e fi nanceira. Mas,

numa sociedade democrática, esse

reforço não pode resvalar para

um poder selectivo e totalitário,

sem fi scalização e sem qualquer

sistema de contrapesos. O

processo Lula da Silva evidencia

um judiciário em que tal

resvalamento está em curso. Eis

dois exemplos. É clara a disjunção

entre o activismo judiciário contra

Lula da Silva — célere, efi caz e

implacável na acção (Sérgio Moro

decretou a prisão de Lula escassos

minutos após ser notifi cado da

decisão de indeferimento do

habeas corpus, do qual ainda

era possível recorrer, e desde a

denúncia à execução da pena

decorreram menos de dois anos)

— e a lentidão da acção judicial

contra Michel Temer e outros

políticos da direita brasileira. E

não pode colher o argumento de

que essa inacção foi bloqueada

por manobras do poder político

porque não se conhece igual

activismo do judiciário na

denúncia dessas manobras e em

procurar ultrapassá-las. O segundo

é a restrição totalitária de direitos

e liberdades constitucionalmente

consagradas. Num Estado

de direito democrático, os

tribunais têm de ser espaços de

aprofundamento de direitos.

Ora, o que se assiste no Brasil

é precisamente o contrário. A

Constituição brasileira determina

que ninguém será considerado

culpado até ao trânsito em julgado

de sentença condenatória, isto

é, até que se esgotem todas as

possibilidades de recurso. A

Constituição Portuguesa tem

uma norma semelhante, e

não se imagina que o Tribunal

Constitucional português viesse

determinar que uma pessoa fosse

presa com o seu processo em

recurso no Supremo Tribunal

de Justiça. Ora, foi isso mesmo

o que a maioria dos juízes do

Supremo Tribunal Federal

brasileiro fez: restringiu direitos

e liberdades constitucionais ao

determinar que, mesmo não

tendo o processo transitado em

julgado, Lula da Silva poderia

começar a cumprir pena. Qual

a legitimidade social e política

do poder judicial para restringir

direitos e liberdades fundamentais

constitucionalmente consagrados?

Como pode um cidadão ou uma

sociedade fi car à mercê de um

poder que diz ter razões legais que

a lei desconhece? Que confi ança

pode merecer um sistema judicial

que cede a pressões militares

que ameaçam com um golpe se a

decisão não for a que preferem,

ou a pressões estrangeiras, como

as que estão documentadas de

interferência do Departamento

de Justiça e do FBI dos EUA no

sentido de agilizar a condenação e

executar a prisão de Lula?

Falta de garantias do processo

criminal. O debate mediático

em torno da prisão de Lula

enfatiza o facto de o processo

ter sido apreciado e julgado

por um tribunal de segunda

instância que não só confi rmou

a sua condenação como ainda

agravou a pena. Este agravamento

obrigaria a uma justifi cação

adicional de culpabilidade.

Infelizmente, a hegemonia

ideológica de direita que domina

o espaço mediático não permite

um debate juridicamente sério

a este respeito. Se tal fosse

possível, compreender-se-ia quão

importante é questionar as provas

materiais, as provas directas dos

factos em que assentou a acusação

e a condenação. Ora essas

provas não existem no processo.

A acusação e a condenação a

12 anos de prisão de Lula da

Silva funda-se, sobretudo, em

informações obtidas através de

acordos de delação premiada

e em presunções. Acresce que

as condições de recolha e de

validação da prova difi cilmente

são escrutináveis, dado que quem

preside à investigação e valida as

provas é quem julga em primeira

AnáliseBoaventura Sousa Santos

instância, ao contrário do que, por

exemplo, acontece em Portugal,

onde o juiz que intervém na fase

de investigação não pode julgar

o caso, permitindo, assim, um

verdadeiro escrutínio da prova.

O domínio do processo, na fase

de investigação e de julgamento,

por um juiz confere a este um

poder susceptível de manipulação

e de instrumentalização política.

Compreende-se a magnitude do

perigo para a sociedade e para o

regime político no caso de este

poder não se autocontrolar.

Instrumentalização da luta

contra a corrupção. O debate sobre

o caso Lula protagonizado por

um sector do judiciário polariza

o combate contra a corrupção,

colocando de um lado os actores

judiciais do processo Lava-

Jato, a eles colando o combate

intransigente contra a corrupção,

e do outro todos aqueles

que questionam métodos de

investigação, atropelos aos direitos

e garantias constitucionais,

defi ciências da prova, atitudes

totalitárias do judiciário,

selectividade e politização

da justiça. Essa polarização

é instrumental e visa ocultar

justamente atropelos vários

do judiciário, quer quando age

quer quando se recusa a agir. O

roteiro mediático da demonização

do PT é tão obsessivo quanto

grotesco. Consiste na seguinte

equação: corrupção-igual-a-Lula-

igual-a-PT. Quando se sabe que

a corrupção é endémica, atinge

todo o Congresso e supostamente

o actual Presidente da República.

O Estado de São Paulo de 7 de

Abril é paradigmático a este

respeito. Conclui o roteiro com a

seguinte diatribe: “A exemplo do

que aconteceu com Al Capone, o

célebre gângster americano que

foi preso não em razão de suas

inúmeras actividades criminosas,

mas sim por sonegação de

impostos, o caso do triplex, que

rendeu a ordem de prisão contra

Não vamos sair de Curitiba. A nossa prioridade é a libertação de LulaGleisi HoffmannPresidente nacional do PT

Lula, está muito longe de resumir

o papel do ex-presidente no

petrolão.” Esta narrativa omite

o mais decisivo: no caso de Al

Capone, os tribunais provaram de

facto a sonegação dos impostos,

enquanto, no caso de Lula da

Silva, os tribunais não provaram

a aquisição do apartamento. Por

incrível que pareça, da leitura das

sentenças tem de concluir-se que

a suposta prova é mera presunção

e convicção dos magistrados.

A campanha antipetismo faz

lembrar a campanha anti-

semitismo dos tempos do

nazismo. Em ambos os casos, a

prova para condenar consiste

na evidente desnecessidade de

provar.

Os democratas e os muitos

magistrados brasileiros que com

probidade cívica e profi ssional

servem o sistema judicial sem

se servirem dele têm uma tarefa

exigente pela frente. Como sair

com dignidade deste pântano

de atropelos com fachada legal?

Que reforma do sistema judicial

se impõe? Como organizar os

magistrados dispostos a erguer

trincheiras democráticas contra

o alastramento viscoso de um

fascismo jurídico-político de

tipo novo? Como reformar o

ensino do direito de modo a

que perversidades jurídicas

não se transformem, pela

recorrência, em normalidades

jurídicas? Como devem as

magistraturas autodisciplinar-se

internamente para que os coveiros

da democracia deixem de ter

emprego no sistema judicial? A

tarefa é exigente, mas contará com

a solidariedade activa de todos

aqueles que em todo o mundo

têm os olhos postos no Brasil e

se sentem envolvidos na mesma

luta pela credibilidade do sistema

judicial enquanto factor de

democratização das sociedades.

A campanha antipetismo faz lembrar a campanha anti--semitismo do nazismo. Em ambos os casos, a prova para condenar consiste na evidente desnecessidade de provar

Director do Centro de Estudos Sociais

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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 21

As imagens são aterradoras e lem-

bram outras imagens, outras crian-

ças mortas em fi la, algumas crianças

vivas, com máscaras para as ajudar

a respirar. Diferentes ONG médicas

e os Capacetes Brancos, grupo de

resgate que actua nas áreas rebel-

des da Síria, asseguram que foi

usado gás de cloro e outro gás que

não identifi cam no ataque contra

Douma, que matou pelo menos 70

pessoas.

Bashar al-Assad e Governo de

Moscovo garantem que o ataque

com armas químicas neste último

bastião de rebeldes nos arredores

de Damasco não aconteceu e que

as imagens “são fabricadas”. O re-

gime sírio nunca admitiu atacar a

sua população com armas quími-

cas, mas já o fez várias vezes no pas-

sado, como confi rmam as Nações

Unidas em diferentes relatórios e a

União Europeia.

Segundo testemunhos que che-

gam da cidade cercada por tropas

leais a Assad, é provável que o nú-

mero de mortos dos bombardea-

mentos de sábado cresça. Há quem

fale de 150 mortos. A confi rmar-se,

este pode vir a ser o pior ataque

com este tipo armamento desde

o de Agosto de 2013, quando 1400

pessoas (incluindo 400 crianças)

morreram em raides com gás sarin

na mesma região.

Na altura, a Administração de Ba-

rack Obama ameaçou Assad com

uma intervenção — o uso de armas

de destruição maciça era a “linha

vermelha” imposta pela Casa Bran-

ca. O que acabou por se seguir foi

um acordo negociado por Mosco-

vo para a Síria inventariar e abdicar

de todas as suas armas químicas,

mas sabe-se que continuaram a ser

usadas em diferentes zonas do país,

como Alepo.

Agora é Donald Trump que ame-

aça Assad: “um animal” que “pa-

gará um preço muito alto” por es-

te “ataque irracional”, escreveu o

Presidente americano no Twitter.

“Neste momento estamos a anali-

sar o ataque”, disse à televisão ABC

De acordo com os Capacetes Brancos, “70 pessoas sufocaram até à morte”, mas as vítimas poderão ser mais. Douma é o último bastião rebelde nos arredores de Damasco e está sob intensos bombardeamentos

balha com hospitais sírios, confi r-

maram a morte de pelo menos 70

pessoas junto de médicos que se en-

contram em Douma. “Já há muito

poucos médicos para tratar tantas

vítimas”, acrescenta ainda Ahmad

Tarakji, presidente da SAMS.

Famílias inteirasHá relatos de famílias inteiras mor-

tas na cave das suas casas, onde ti-

nham procurado abrigo dos cons-

tantes bombardeamentos. Tawfi q

Shamaa, um médico sírio a viver em

Genebra, membro da UOSSM, disse

também à Reuters que os mortos

são 150. “A maioria são civis, mu-

lheres e crianças encurraladas em

abrigos subterrâneo.”

“Armas químicas como o gás de

cloro chegam às caves. As pessoas

que lá estavam fi caram intoxicadas,

por isso é que há tantas vítimas”, ex-

plica Shamaa. De acordo com vários

residentes, em Douma estão ainda

SíriaSofia Lorena

EMAD ALDIN/EPA

Entre as muitas imagens de pessoas mortas, chegam também algumas de sobreviventes

mais de cem mil pessoas cercadas

e a precisar de assistência urgente.

A pedido dos EUA e de outros di-

plomatas, o Conselho de Segurança

da ONU deverá reunir-se hoje para

debater este último ataque.

Douma é a única cidade da região

de Ghouta Oriental, nos arredores

de Damasco, a escapar ao controlo

do regime. Ghouta resiste há quatro

anos a um cerco, mas desde Feve-

reiro que a falta de alimentos aliada

aos duros bombardeamentos russos

e ao avanço de forças terrestres sí-

rias e libanesas tem permitido ao re-

gime recuperar o controlo de quase

toda a área.

Segundo o Observatório Sírio

dos Direitos Humanos (associação

ligada à oposição com uma rede de

activistas e médicos no terreno), a

ofensiva contra Ghouta já matou

mais de 1600 civis.

[email protected]

Assad “pagará” por ataque químico que fez dezenas de mortos, diz Trump

MUNDO

No ano passado, os Estados Unidos

lançaram 59 mísseis contra uma ba-

se aérea síria em resposta a um ata-

que com gás sarin atribuído a Assad.

“Setenta pessoas sufocaram até à

morte e centenas continuam a sufo-

car”, disse à Al-Jazira Raed al-Saleh,

chefe dos Capacetes Brancos. Se-

gundo Saleh, a maioria das vítimas

são mulheres e crianças.

“Douma tem sido sujeita a inten-

sos ataques aéreos e a maior parte

da cidade está destruída”, descre-

veu à mesma televisão o médico

Moyaed al-Dayrani. “Agora estamos

a lidar com mais de mil casos de pes-

soas com problemas para respirar

depois de a bomba-barril com gás

de cloro ter sido largada. O número

de mortos deverá aumentar.”

Diferentes organizações, como a

Associação Médica Sírio-Americana

(SAMS, na sigla inglesa) ou a União

de Organizações de Ajuda Médica

(UOSSM), ONG americana que tra-

“A maioria dos mortos são civis, mulheres e crianças encurraladas em abrigos subterrâneos”

Thomas Bossert, conselheiro de Se-

gurança Interna e Contraterrorismo

da Casa Branca. “Todas as opções

estão em cima da mesa”, acrescen-

tou Bossert.

“Muitos mortos, incluindo mu-

lheres e crianças, em ataque QUÍ-

MICO irracional na Síria”, escreveu

Trump. “A área das atrocidades está

cercada pelo Exército Sírio, com-

pletamente inacessível ao resto do

mundo. Presidente [Vladimir] Pu-

tin, a Rússia e o Irão são responsá-

veis por apoiarem o Animal Assad.”

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22 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018

MUNDO

“Só temos uma via, construir a República catalã, dentro ou fora”

OMER MESSINGER/EPA

Carles Puigdemont em Berlim, rodeado de deputados catalães e de outros apoiantes

O historiador Agustí Colomines não

precisa de esperar. Já sabe que “o

referendo de 1 de Outubro foi a ma-

nifestação democrática mais impor-

tante na Catalunha”. Aconteça o que

acontecer. “Para a nossa geração,

para quem viveu o 1 de Outubro, é

equivalente à chegada da democracia

para os nossos pais e a guerra de 1936

para os nossos avós”.

Colomines também é político,

deputado da Coligação Juntos pela

Catalunha ( JxC), liderada a partir de

Bruxelas por Carles Puigdemont, o

líder destituído por Madrid depois de

declarar a independência e organizar

o referendo de 1 de Outubro.

Como Colomines, todos os inde-

pendentistas que na sexta-feira à

noite passaram por Lisboa para uma

sessão de solidariedade “com os pre-

sos políticos” continuam a referir-se

a Puigdemont como president.

A sessão decorreu no Auditório Al-

meida Santos da Assembleia da Re-

pública, uma sala com 200 lugares

que não chegaram para a audiência

que quis ouvir representantes dos

três partidos independentistas e da

Associação Nacional Catalã, a maior

organização civil pró-soberanismo.

A iniciativa, aberta pelo politólogo

André Freire e encerrada pelo his-

toriador Fernando Rosas, segue-se

ao abaixo-assinado que ambos (e

Manuel Loff ) promoveram a exigir

a liberdade dos políticos catalães, um

manifesto assinado por deputados

do Bloco de Esquerda, do Partido So-

cialista, do Partido Comunista, pelo

deputado do PSD Ulisses Pereira e

pelo deputado do PAN, André Silva,

entre outros. Na sessão, os catalães

tiveram na mesa a seu lado o depu-

tado socialista Tiago Barbosa Ribeiro

e a bloquista Isabel Pires.

Colomines, protagonista de uma

das intervenções mais aplaudidas,

quis sublinhar que “a luta da Cata-

lunha é a luta dos direitos cívicos e

políticos de todos”.

“Só temos uma via, construir a

República. É isso ou a morte. Seja

dentro ou fora do país”, afi rmou.

Para Colomines, é urgente que os

deputados do Parlamento autonómi-

co consigam investir um presidente,

mas “esse será apenas instrumental”

e “servirá para recuperar a autono-

mia” — o artigo 155 da Constituição,

que permitiu a Madrid assumir a go-

vernação da Catalunha, fi cará em vi-

gor até à formação de um governo.

“Não precisamos de Puigdemont

na Catalunha. Se for o caso, come-

çamos a construir a República fora”,

disse Colomines. Em declarações ao

PÚBLICO, o deputado afi rmou acre-

ditar que será possível formar um

novo executivo “em duas semanas”,

admitindo que isso aconteça sem o

apoio da CUP (Candidatura de Unida-

de Popular). Depois de terem tentado

e falhado investir Puigdemont (que

não apareceu), Jordi Sànchez (ex-lí-

der da ANC e “número dois” da JxC,

que o juiz não deixou sair da cadeia),

os dois grandes grupos parlamenta-

res independentistas, JxC e ERC (Es-

querda Republicana da Catalunha),

viram os quatro deputados da CUP

chumbar a investidura de Jordi Turull

( JxC), entretanto preso.

Da prisão de Sànchez, a 16 de Ou-

tubro, falou Adrià Alsina, da ANC,

que recordou que só pôde abraçá-lo

e desejar-lhe “boa sorte” antes de o

ver entrar na Audiência Nacional de

Madrid. Sànchez, acusado de “sedi-

ção” por causa de uma manifestação

a 20 de Setembro, prestara declara-

ções de manhã; no regresso à sala do

tribunal, à tarde, a juiz Carme Lame-

la ordenou a prisão preventiva sem

possibilidade de fi ança.

Agradecendo a “normalidade actu-

al” a um representante da embaixada

de Espanha que viu na assistência, o

deputado da ERC Ferran Civit disse

ter começado a semana “com mem-

bros da Generalitat no exílio” e que

a terminaria sábado, na cadeia de Es-

tremera, a visitar “o vice-presidente

da Generalitat” destituído (e presi-

dente do seu partido), Oriol Junque-

ras. “É esta a normalidade que me

permite o Estado espanhol”.

Mireia Cantenys, da CUP, celebrou

a decisão dos juízes alemães, que não

admitiram a acusação de rebelião na

petição de entrega de Puigdemont

emitida pela Justiça espanhola. “Esta

semana, o Estado espanhol foi um

pouco mais desmascarado”.

Representantes de todos os partidos independentistas estiveram em Lisboa numa sessão de solidariedade com os políticos na cadeia. Deputado do partido de Puigdemont diz que ele nem é preciso em Barcelona

CatalunhaSofia Lorena

Madrid critica “declarações infelizes” de Berlim sobre Puigdemont

Governo de Rajoy claramente embaraçado com decisão judicial alemã

Oministro dos Negócios Estrangeiros de Espanha recusou ontem alimentar o “historial de tensões” com a

Alemanha depois de um tribunal federal do país ter recusado o pedido de entrega pelo delito de rebelião do líder catalão destituído, Carles Puigdemont. Interrogado à margem da Convenção Nacional que o PP realiza em Sevilha, Alfonso Dastis defendeu a necessidade de “despolitizar” o assunto.

A decisão do Tribunal Supremo do estado de Schleswig-Holstein, na quinta-feira, deixou o Governo de Mariano Rajoy claramente embaraçado. Os juízes consideram que a acusação de rebelião (já há 13 dirigentes independentistas

pronunciados por este crime no Tribunal Supremo, em Madrid) é inadmissível por não se cumprir o “requisito de violência” — o que põe em causa a estratégia da Justiça espanhola e do próprio Governo contra os organizadores do referendo sobre a independência.

A ministra alemã da Justiça, a social-democrata Katarina Barley, considerou a decisão “absolutamente correcta”, dizendo ainda que “esperava” que os juízes deixassem Puigdemont em liberdade sob fiança, como aconteceu. Barley disse até que se o Supremo espanhol não justificasse que o catalão cometeu outros delitos, este passaria a ser

“um homem livre num país livre, quer dizer, na Alemanha”. Para Dastis, estas foram “declarações infelizes”.

Ao mesmo tempo que recusaram aceitar a entrega de Puigdemont, detido a 25 de Março, quando regressava de carro a Bruxelas, os juízes aceitaram avaliar o procedimento por desvio de

fundos. Se a decisão final for favorável à extradição por este

crime, o ex-diridente não poderá ser julgado por outros delitos em Espanha, pelo menos antes de ser julgado pelo de corrupção.

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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 23

MUNDO

SIMON DAWSON/REUTERS

Ainda havia longas filas de eleitores, mesmo depois da hora do fecho das urnas

As eleições legislativas húngaras de

ontem fi caram marcadas por uma

forte participação, que obrigou ao

adiamento da divulgação das pro-

jecções dos resultados. À hora de

fecho desta edição, muito tempo

para lá do fecho ofi cial das mesas

de voto, ainda permaneciam fi las

de eleitores à espera para depositar

o voto. Sondagens à boca das urnas

apontavam para uma tendência de

descida dos partidos que suportam

o Governo, pondo em risco a maio-

ria qualifi cada que detinham na As-

sembleia Nacional.

Desde 2010 que a coligação lide-

rada pelo partido anti-imigração

Fidesz venceu duas eleições com

maiorias de dois terços, que possibi-

litou fazer uma nova Constituição.

Para a queda dos partidos go-

vernamentais terá contribuído a

forte participação eleitoral, que

terá ultrapassado os 70% e bati-

do o recorde desde o colapso do

Participação recorde nas eleições húngaras aponta para queda do Fidesz

regime pró-soviético, em 1989.

Vários minutos depois da hora do

encerramento ofi cial das mesas de

voto (18h em Portugal continental)

ainda era possível ver longas fi las de

eleitores a votar, atrasando a divul-

gação dos resultados. Foi também

registado um considerável aumento

da votação dos húngaros que vivem

no estrangeiro.

A perda da maioria qualifica-

da da coligação era uma possibi-

lidade prevista por poucas son-

dagens, uma vez que o Governo

de Viktor Orbán exerce um forte

controlo sobre a imprensa e os or-

ganismos eleitorais. A revelação,

nos últimos tempos, de suspeitas

de corrupção envolvendo fi guras

do Fidesz também terá prejudicado

o Governo. Os observadores inter-

nacionais da OSCE marcaram para

hoje uma conferência de imprensa

para fazerem um balanço da jorna-

da eleitoral.

Os resultados evidenciam tam-

bém um esforço de última hora

entre a oposição para coordenar o

voto útil em várias circunscrições

onde a posição do Fidesz era menos

sólida, dizem os analistas. Uma das

críticas mais frequentes é a falta de

alternativa séria aos partidos do Go-

verno por parte de uma oposição

dividida e que esteve recentemente

envolvida em casos de corrupção.

Segundo as sondagens, o parti-

do de extrema-direita Jobbik foi o

que mais benefi ciou com a queda

do Fidesz, reforçando a sua posição

como líder da oposição. Perante o

discurso mais extremo do Fidesz,

o Jobbik tem aparecido com uma

imagem mais moderada.

A campanha foi dominada pelo

tema da imigração. O Fidesz defen-

de uma forte limitação na entrada

de estrangeiros na Hungria, espe-

cialmente de países africanos e do

Médio Oriente. Durante a campa-

nha, Orbán falou de uma “invasão

muçulmana” do país contra a qual

o seu Governo deveria lutar.

O Governo construiu uma veda-

ção de arame farpado na fronteira

húngara com a Sérvia e a Croácia

para impedir a passagem de mi-

grantes que nos últimos anos têm

tentado alcançar a Europa, em fuga

de confl itos e perseguições políticas

nos seus países de origem.

EuropaJoão Ruela Ribeiro

Maioria de dois terços dos partidos governamentais em risco. Jobbik foi o partido que saiu mais beneficiado da votação

[email protected]

O Governo de Orbán exerce um forte controlo sobre a imprensa, os tribunais e os organismos eleitorais

O exército israelita disse estar a ana-

lisar a morte do fotojornalista pa-

lestiniano Yasser Murtaja, baleado

na sexta-feira junto à fronteira de

Gaza com Israel, quando usava um

colete que claramente identifi cava

a sua profi ssão e cobria a repressão

violenta feita pelos militares aos

protestos da Marcha do Retorno

palestiniana. “As Forças de Defesa

de Israel não disparam intencional-

mente contra jornalistas”, afi rma o

exército, numa declaração citada

pelo site Ynetnews, do jornal Yedio-

th Ahronoth.

Nessa sexta-feira em que pelo

menos nove palestinianos foram

mortos por snipers israelitas, que

têm ordem para disparar com ba-

las reais, os manifestantes tinham

montado uma acção concertada

para queimar pneus. O objectivo

era produzir uma cortina de fumo

espessa que cegasse a pontaria dos

soldados. Pelo menos cinco jorna-

listas fi caram feridos pelos tiros dos

militares, segundo o Sindicato dos

Jornalistas Palestinianos, citado pelo

Washington Post. Todos estavam cla-

ramente identifi cados como tal.

“O alvo era claramente os jornalis-

tas”, disse à AFP Motazem Murtaja,

irmão do repórter assassinado, que

também estava na manifestação.

Yasser Murtaja tinha um capacete

e um colete de protecção. Mas a bala

ainda assim entrou pela lateral e o

que parecia ser um pequeno feri-

mento revelou-se fatal.

Murtaja, de 31 anos, casado e com

um fi lho de dois anos, foi um dos

fundadores da agência de Gaza Ain

Media, que trabalhou para clientes

estrangeiros, como a BBC e a Al-Ja-

zira em inglês. Foi um dos primei-

ros jornalistas a usar câmaras em

drones em Gaza. Mas nunca tinha

saído dali.

Centenas de pessoas participaram

no funeral. O corpo foi coberto com

uma bandeira palestiniana e com

o colete a dizer “Press” que usava

quando foi morto. O cortejo funerá-

rio desfi lou pela Cidade de Gaza.

Israel vai analisar morte de jornalista

Gaza

Mesmo com colete a dizer Press, fotojornalista palestiniano foi morto por snipers. Outros repórteres foram feridos

Breves

Alemanha

França

Polícia impede atentados na Meia Maratona de Berlim

Príncipe herdeiro saudita inicia périplo europeu

A polícia alemã deteve várias pessoas sob a suspeita de estarem a preparar um atentado para a Meia Maratona de Berlim, que se realizou ontem na capital da Alemanha. Segundo o jornal Die Welt, uma destas pessoas estava a planear um atentado à facada, e os detidos serão quatro, com ligações a Anis Amri, o tunisino com ligações a militantes islâmicos que em Dezembro de 2016 investiu contra um mercado de Natal em Berlim com um camião, matando 12 pessoas. Os suspeitos detidos tinham entre 18 e 21 anos, disse a polícia, que não avançou mais informações para não perturbar a investigação que está ainda a decorrer.

O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, chegou ontem a Paris, onde deu início a um périplo europeu, depois de ter passado três semanas nos EUA. Amanhã, Salman encontra-se com o Presidente francês, Emmanuel Macron, para discutir a situação na Síria e no Iémen, e também o acordo nuclear com o Irão, diz a Reuters. A visita acontece numa altura em que o Governo francês tem sido criticado por vender armas à coligação liderada por Riad que tem bombardeado o Iémen e estão marcadas acções de protesto contra a visita. De Paris, o príncipe herdeiro do regime saudita segue para Espanha. MBS, como é conhecido, é visto como um líder reformista a nível interno.

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24 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018

CIÊNCIA

Adja

nyA exploradora, e outros heróis do planeta Terra

Segunda edição da National Geographic Summit é a 11 de Abril, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. Adjany Costa é uma das oradoras na sessão com seis especialistas

A exploradora angolana Adjany

Costa tem uma história para contar

sobre uma parte do nosso planeta

que até há pouco tempo era um

quase um segredo. Aliás, tem mui-

tas histórias. É directora em Angola

do projecto Okavango da National

Geographic, que está a estudar uma

vasta área de território inexplorado

que abrange vários países, desde o

Botswana a Angola, Namíbia e Zâm-

bia. Foi a única mulher na equipa

da primeira expedição que partiu

em 2015 à procura da nascente do

rio Cuito. Voltou diferente. Moldada

por um rio e uma terra com poucas

pessoas e muita vida selvagem, in-

vadida por sons, cheiros e imagens

que quer ajudar a preservar acima

de tudo. Adjany Costa assume que

agora pertence ao Okavango. Na

quarta-feira vai partilhar o palco do

Coliseu de Recreios, em Lisboa, com

outros cinco corajosos e inspirado-

res oradores convidados para a Na-

tional Geographic Summit 2018 que

convida os portugueses para “uma

viagem arrebatadora e extraordiná-

ria à volta do planeta”.

Adjany Costa está descalça num

palco a falar sobre o Projecto Oka-

vango desenvolvido no Sudeste de

Angola. É assim que vemos a jovem

e bonita exploradora angolana da

National Geographic num vídeo pu-

blicado na Internet no fi nal de 2016

que dura 18 minutos e acaba com

uma plateia a aplaudir de pé. Isto

depois de a ouvir contar o que viu,

sentiu, cheirou na incrível viagem em

que conheceu, pela primeira vez, a

“mãe Cuito”. Isto depois de a ouvir

defender de uma forma desarmante

a preservação daquela área selvagem

inexplorada, literalmente minada

por uma guerra civil e abandonada

durante décadas, onde encontrou

aldeias que não recebiam gente de

fora há 40 anos. Adjany assume que

agora pertence ao Cuito e a tudo o

que envolve e alimenta a bacia do

Okavango, no Botswana. “Ter? Qual-

quer um pode ter. Mas o que pode-

mos ser? Só sendo, só pertencendo,

é que podemos fazer”, defende.

Ao telefone, numa conversa com o

PÚBLICO, sentimos a mesma força,

coragem e convicção da mulher de

vestido preto, cabelos ao vento e pés

descalços que vimos no vídeo. O úni-

co momento em que nos parece inse-

gura é quando falamos sobre os seus

parceiros no palco do Coliseu dos

Andrea Cunha FreitasRecreios. “Quando descobri que ia

partilhar o palco, por exemplo, com

a Sylvia Earle, quase tive um ataque

cardíaco”, confessa. Além de Sylvia

Earle, que, no programa da conferên-

cia que tem o PÚBLICO como media

partner, é apresentada simplesmente

como “a mais conceituada bióloga

marinha do planeta”, haverá ainda a

presença do astronauta como maior

número de dias consecutivos no es-

paço, Terry Virts, o “ultrapremiado”

fotógrafo especializado em vida sel-

vagem, Charlie Hamilton James, a

activista norte-coreana Hyeonseo

Lee e a jornalista da casa “Nat Geo”

Mariana van Zeller.

Enfrentar os medosSabendo um pouco das aventuras

que Adjany Costa viveu nos últimos

anos, rodeada de crocodilos do ta-

manho da sua canoa, atravessando

áreas repletas de minas deixadas

pela guerra, mordida por escorpi-

ões, empurrada por hipopótamos e

com muitas noites e dias na “solidão

acompanhada” de uma região sel-

vagem em Angola, é difícil acreditar

que o seu coração acelere por causa

de uma conferência em Lisboa. “Te-

nho muito mais medo da sociedade

do que da vida selvagem”, explica. É

fácil perceber porquê. A vida selva-

gem já faz parte dela. Ou, como ela

prefere dizer, já lhe pertence.

Como é que isto aconteceu? Recu-

amos a 2014 quando Adjany Costa ti-

nha 25 anos. A bióloga marinha, nas-

cida e criada em Luanda, já sabia que

não queria fi car “fechada laboratório

a trabalhar”. Assistia-se a uma gran-

de mudança na biodiversidade e no

fl uxo de água que entrava no delta do

Okavango, no Botswana. Era preciso

perceber o que estava a causar estas

mudanças, para além do Botswana

e do delta. A investigação tinha de

chegar a áreas desconhecidas que

poderiam estar relacionadas com es-

tas alterações no Okavango. Sabia-se

que aquela água vinha de Angola, dos

rios Cubango e Cuito. Adjany, já espe-

cializada em impactos ambientais e

consultoria ambiental, foi desafi ada a

(literalmente) embarcar numa aven-

tura que tinha como missão chegar

à nascente do rio Cuito, em Angola,

e descer as águas em canoas até ao

delta do Okavango, no Botswana.

“Disse logo que sim, não hesitei”,

lembra, frisando que mais do que

os seus medos teve de ultrapassar a

resistência dos pais que nunca apro-

varam estas viagens que põem a sua

vida em risco. Principalmente o pai,

recorda, que tinha estado naquela

zona durante a guerra civil. Mas era

demasiado tarde para a demover.

Lições da “mãe Cuito”Chegou a sítios onde nunca ninguém

terá estado antes. Adormeceu ao som

de insectos, sapos e outros rugidos

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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 25

situação de diminuição de precipita-

ção, esclarece.

Junto das (raras) populações que

encontraram a viver naquele territó-

rio, identifi caram necessidades, cos-

tumes, hábitos, crenças e os meca-

nismos de dependência dos recursos

que ali existem. Esta é uma terra que

depois de povoada com minas duran-

te a guerra foi abandonada e onde

fi cou muito pouca gente, lamenta Ad-

jany Costa, que insiste que ainda há

muitas pessoas que pensam que no

seu país só Luanda importa, só Lu-

anda é Angola. “Não é”, assegura. Na

sua primeira expedição, Adjany pas-

sou por algumas aldeias com poucos

habitantes (variavam entre 50 e 350)

e a esmagadora maioria desligada do

mundo exterior. “Numa das aldeias,

percebemos que aquelas pessoas nos

últimos 40 anos só viram gente a par-

tir e não tinham tido ainda nenhuma

visita, ninguém a chegar”, conta.

Proteger os ‘guardiões do rio’E agora, o que fazer com tudo o que

viram, ouviram, registaram nas ex-

pedições? “A ideia é combinar todos

os dados e trabalhos que temos feito

para efectivamente proteger aquela

área. Queremos enquadrar tudo isto

em programas nacionais de conser-

vação já existentes para abranger

aquela área e benefi ciar a biodiversi-

dade, o ecossistema, as comunidades

e o país”, diz. Adjany Costa sublinha

que, no meio de todas as acções que

podem ser pensadas, é essencial refe-

rir a “necessidade de colocar a comu-

nidade no centro de tudo”. Todos os

planos de gestão devem ser focados

na comunidade e nos seus hábitos.

“Eles é que vão fazer conservação.

Eles não são só os guardiões daquela

área. São os donos. Eles é que deci-

dem”, avisa.

Assim, o plano passa por “usar os

seus hábitos, tradições e o conheci-

mento extremo que eles têm daquela

área, acrescentar elementos de ciên-

cia e sustentabilidade e dar-lhos para

que possam ter alternativas de vida

mais ligadas à conservação, dar-lhes

literalmente o benefício da conserva-

ção nas suas vidas”. São comunida-

des onde não existem escolas, aces-

so a cuidados de saúde, empregos,

alerta a bióloga.

Nas expedições que fazem, os ex-

ploradores vão deixando algumas

pistas para um futuro diferente. Por

exemplo: “Ficámos em aldeias, onde

dormimos, pagámos pelos serviços,

alimentação, acomodação, visitas

guiadas à fl oresta, pagámos uma

quantia extra por animais ou pegadas

que vimos. Para que eles comecem

a ver que as condições de vida deles

podem melhorar se aproveitarem a

biodiversidade e olharem para ela

como uma riqueza, um investimen-

to.” Adjany garante que, apesar de

ser uma das suas principais fontes

de rendimento, “eles não gostam de

caçar”. “Caçam para puder comprar

sal, óleo, sabão, roupa, para pagar

um livro para que um vizinho ensine

o seu fi lho a ler... coisas básicas.”

Assim, apoiados na conservação

e sustentabilidade, os cientistas do

Programa Okavango propõem al-

ternativas. “O meu doutoramento

é sobre isso. Passa por identifi car

essas possibilidades para melhoria

de condições de vida destas pesso-

as.” Eles querem? “Muito! Sabem

que a exploração insustentável que

agora estão a fazer do ambiente está

errada. Eles é que o dizem. Pedem

alternativas.”

Adjany Costa reconhece que o fac-

to de terem chegado até estas zonas

desertas e remotas abriu caminho a

outros que, agora, podem aprovei-

tar estas novas rotas para explorar

a região. Já há, por exemplo, cami-

ões a chegar a algumas aldeias para

ir comprar mel, o que pode incenti-

var as populações a explorar mais a

fl oresta. “Mas para proteger aquele

lugar, tínhamos de chegar lá. É o efei-

to negativo de uma acção necessária

para uma mudança positiva. Temos

de saber gerir isso.”

Adjany Costa sabe que vai ser pre-

ciso investir “tempo, dinheiro, pensa-

mento, esforço” durante vários anos

para que essa mudança positiva se

torne uma realidade. Mas essa meta

no horizonte nem sequer existia “on-

tem”, em 2015, quando a equipa de

exploradores chegou pela primeira

vez às margens do rio Cuito. Foi duro

e, cada vez que volta, será duro. Mas,

Adjany Costa assegura que vale a pe-

na. Passou por vários momentos de

inferno, para conhecer o paraíso. “A

minha mãe humana educou-me até

chegar a um ponto e a minha ‘mãe

Cuito’, a mãe-natureza, moldou-me e

mudou a visão que tenho da vida.”

FOTOS: PETE MULLER/NATIONAL GEOGRAHIC

A minha mãe humana educou-me até chegar a um ponto e a minha ‘mãe Cuito’, a mãe-natureza, moldou-me e mudou a visão que tenho da vida

Adjany CostaBióloga marinha

[email protected]

beu que pertencia àquele lugar. Con-

ta que fechou os olhos e conseguiu

“ver” o que estava à sua volta com

todos os outros sentidos, o cheiro, o

som. O búfalo que se escondia num

arbusto, o bebé elefante ao longe.

“Chorei.”

E, nesse momento, sentiu que já

era fi lha da “mãe Cuito”, uma mãe

que nunca mais deixou de a chamar

para junto dela. E ela volta sempre,

apesar dos protestos dos “outros”

pais, lá longe, na cidade de Luanda.

“A ‘mãe Cuito’ é uma daquelas mães

angolanas, de amor duro, que nos en-

sina que temos de passar por muito

e mostrar que mereces para receber

uma recompensa.” Adjany Costa está

a falar de um rio. Entre as “lições de

vida” desta mãe-natureza, confi rma

que aprendeu que devemos sempre

contar com o inesperado, que a vi-

da é (como um rio) feita de curvas e

contracurvas e “há sempre que res-

peitar os donos da casa”, neste caso,

“os guardiões do rio”, as pessoas e

animais que ali vivem.

Adjany Costa foi a única mulher

na equipa do programa Okavango da

National Geographic que realizou a

primeira expedição em 2015. A mis-

são que deveria durar 83 dias, afi nal

prolongou-se por 121. O projecto so-

ma actualmente oito expedições e há

já uma nova viagem marcada para

Abril, rumo ao rio Zambeze e ao seu

afl uente Cuando, para confi rmar se

também estas águas desaguam no

delta do Okavango. Adjany Costa par-

ticipou em todas as expedições reali-

zadas até agora, umas por água (nos

rios Cuito e Cubango) e outras por

terra (de bicicleta e de carro) para

estudar lagoas e outros territórios.

Desde que o projecto começou,

foram identifi cadas mais de mil es-

pécies, entre mamíferos, aves, peixes

e répteis. “Entre outras coisas fan-

tásticas, percebemos, por exemplo,

que um cão selvagem angolano que

se julgava extinto continuava ali, e

encontrámos populações de chitas

naquela área, o que foi totalmente

inesperado”, conta, adiantando que

entre o milhar de espécies identifi -

cadas estão “24 novas espécies po-

tencialmente novas para a ciência”.

Entre o que viu de novo, a bióloga

marinha destaca uma árvore que se

adaptou de forma invulgar ao am-

biente e às ameaças e que se virou

ao contrário, ou seja, explica Adjany:

“Cresce para dentro do chão.”

Além dos resultados científi cos, há

ainda o que chama “frente geográfi -

ca e comunitária” do projecto. “Não

gosto de dizer que descobrimos, mas

já conseguimos as coordenadas de

mais de 16 nascentes de diferentes

rios, a maior parte são lagoas enor-

mes, uma torre de água.” São peda-

ços de água ligados por um solo que

funciona como uma esponja, que

“guarda” água e permite a estabili-

dade do sistema, por exemplo, numa

Adjany Costa é directora em Angola do programa Okavango da National Geographic, liderado por Steve Boyes (em cima à esquerda). Ao lado, vemos a exploradora durante uma expedição em 2017 ao rio Cubango. Desde 2015 foram realizadas oito expedições eAdjany participou em todas

animais — “quem acha que na fl oresta

encontra o silêncio está muito enga-

nado, há muito barulho e sobretudo

à noite” — acordou com a agitação

dos pássaros numa tenda com vis-

ta para um rio que alguns dizem ser

verde e outros vêem azul-turquesa.

Mergulhou nessas águas com uma

caneca na mão para saborear uma

água que jura que é diferente de to-

das as outras. “Sabe a pureza.” De

caneca na mão e todos os sentidos

em alerta, para detectar crocodilos

ou outras ameaças. Teve medo, mui-

tas vezes. E avançou, sempre. Foi,

lembra, junto ao rio Cuito que perce-

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26 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018

CULTURA

A galáxia portuguesa de Antonio Tabucchi na Gulbenkian

Um dia, em Janeiro de 1991, Anto-

nio Tabucchi sentou-se num café

em Paris para anotar um sonho que

tivera com o pai. As frases surgiam-

lhe vivas e ele queria apanhá-las

com a mínima intervenção do seu

Superego. Quando o empregado

veio ver se queria mais alguma coi-

sa, perguntou-lhe se era escritor.

Disse que sim. “Italiano?” Sim. E

o que escrevera aos seus leitores

de Itália? Foi então que Tabucchi

notou que o diálogo com o seu pai

italiano, no seu caderno, estava em

português. “... Eu, escritor italia-

no, ao transcrever o meu sonho,

tinha escrito em português.” Nas-

cia assim o único livro de Antonio

Tabucchi escrito numa língua que

não o italiano, Requiem. A história

vem contada num texto que integra

o mais recente livro de Tabucchi pu-

blicado em Portugal, Autobiografi as

Alheias (D. Quixote), volume que re-

úne textos sobre as criações do es-

critor que morreu a 25 de Março de

2012 e que sai justamente quando

a Fundação Gulbenkian apresenta

Galáxia Tabucchi, um ciclo dedica-

do ao escritor e à sua relação com

Portugal e que integra ainda uma

exposição, conferências, cinema e

leituras musicadas.

“No ano passado, quando fez cin-

co anos da morte do Antonio, houve

várias manifestações públicas para

o celebrar, congressos em Itália, em

Paris, no Japão, e começou-se a falar

de que seria importante e oportuno

fazer uma coisa assim em Portugal”,

diz ao PÚBLICO Maria José Lancas-

tre, viúva de Antonio Tabucchi, ex-

professora de Literatura Portuguesa

na Universidade de Pisa, e curadora

desta Galáxia, durante uma visita

guiada à exposição que tem como

título nada mais do que Tabucchi e

Portugal. “Há muitos especialistas

no mundo que estudam a obra do

Antonio e quando chegam à parte

A relação de Tabucchi com Portugal está no centro de uma homenagem ao escritor seis anos depois da sua morte. Na Fundação Gulbenkian arranca hoje uma conferência, ponto alto da programação

EscritoresIsabel Lucas

de Portugal têm apenas umas no-

ções. Esta é uma maneira de os tra-

zer aqui para não só conhecem a

geografi a, as pessoas, o ambiente

português que infl uenciaram o seu

trabalho e ao mesmo tempo incitar

os portugueses a ocuparem-se da

obra do Antonio.”

Dois países, duas línguasÉ uma relação de 46 anos. De 1966

até morrer, Antonio Tabucchi viveu

entre dois países, duas línguas e a

paixão, primeiro por Fernando Pes-

soa e logo depois por Maria José Lan-

castre, com quem se casou e veio a

ter fi lhos e netos. Ela não esconde a

emoção ao percorrer a parede com-

prida da galeria do piso inferior do

edifício-sede da Gulbenkian. São,

simbolicamente, 46 artigos. Neles,

o rosto de Antonio Tabucchi, autor

de quase 40 títulos entre romance,

novela, ensaio em diferentes perío-

dos da sua vida. “Foi uma ideia da

Maria Helena Borges quando foi lá

a casa e viu a quantidade de jornais

e revistas portugueses que tinham

publicado recensões e entrevistas

com o Antonio. Foi ela quem focou

esta iniciativa. Ela estava interessada

na relação entre Tabucchi e Portu-

gal. Aderi logo”, conta Maria José

Lancastre sem tirar os olhos da pa-

rede onde essas páginas aparecem

ampliadas, e é possível ler os textos

enquanto se vê o conteúdo das nove

vitrinas que compõem a exposição,

preenchidas com objectos pessoais,

livros, fotografi as, cadernos e até um

poema inédito dedicado a Lisboa e

que ajudam a entender não apenas a

biografi a como a relação do escritor

com o país de Pessoa.

“Digo que fi z uma sopa da pedra

na Gulbenkian”, brinca Maria Hele-

na Borges. A directora adjunta do

Programa Gulbenkian Língua e Cul-

tura Portuguesas refere-se à ideia

inicial de um colóquio de dois dias

que foi crescendo para se transfor-

mar nesta Galáxia. “Depois da pri-

meira conversa perguntámo-nos:

e se além disso fi zéssemos uma pe-

A ligação à língua portuguesa levou-o ao Brasil, onde conheceu Drummond; a Macau, para estudar a obra de Camilo Pessanha; aos Açores, de que resultaria o livro A Mulher de Porto Pym

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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 27

FOTOS: NUNO FERREIRA SANTOS

Maria José Lancastre na exposição. Nas vitrinas há objectos pessoais, livros, fotos, cadernos e até um poema inédito

que tinha que ver com céu, conste-

lações, estrelas e galáxias está mui-

to presente na obra do Antonio. E

mesmo na biografi a, quando o avô

lhe mostrava o céu e lhe ensinava as

constelações e a primeira vontade

dele foi ser astrónomo”.

Um percurso psicológicoAlém da exposição iconográfi ca e

documental que foi inaugurada on-

tem, 8 de Abril, e se irá manter até 7

de Maio, arranca hoje, dia 9, a con-

ferência que reúne especialistas na

obra de Tabucchi e será exibido ho-

je o fi lme Requiem, de Alain Tanner

na Sala Polivalente da Colecção Mo-

derna da Gulbenkian. Terça-feira,

dia 10, a conferência termina com

leituras por parte de Jorge Silva Me-

lo e Fabrizio Gifuni musicadas por

Carlos Martins e Carlos Barretto.

Em vésperas da abertura, Maria

José Lancastre revê as legendas que

hão-de acompanhar a exposição.

Há um primeiro texto já colado na

parede que inaugura a espécie de

“percurso psicológico” que ali co-

meça. São palavras de José Cardo-

so Pires, amigo de Tabucchi, sobre

aquele que é o livro mais célebre

do escritor italiano, Afi rma Pereira.

“Afi rma este teu Cardoso que o que

Afi rma Pereira é coisa de muito pen-

sar”, e continua: “Porque é de es-

crita ousada pela descontracção de

contar e surpreendente pela simpli-

cidade com que nos deixa um lastro

tormentoso ao descrever a tomada

de consciência (tão desprotegida,

tão natural) dum homem solitário.”

É a nota de que naquele espaço se

irá tratar dessa ligação ao mundo

português de Tabucchi.

“Era uma ligação de grande cari-

nho mútuo, a do Antonio com Por-

tugal”, sublinha Maria José Lancas-

tre diante da primeira vitrine on-

de se vê o passe de autocarro de

Tabucchi quando ia da sua aldeia,

na Toscana, para o liceu, em Pisa;

um caderno de linhas preenchido

com uma caligrafi a bem desenha-

da, uma fotografi a com os colegas

de escola e com a professora que o

ensinou a ler e a escrever. “Era con-

siderado um bom aluno pela pro-

fessora que fi cou amiga dele até ao

fi m da vida. Ainda é viva; mora em

Florença. Era muito nova quando

foi professora do Antonio, teria uns

20 anos. Deve ter agora quase 90.

Tenho cartas recentes dela para ele;

acompanhou sempre a sua carrei-

ra”, salienta a viúva, que escolheu

cada um daqueles objectos. Entre

eles o primeiro passaporte do escri-

tor. A data é 1963, tinha Tabucchi

20 anos. “Fez uma primeira viagem

a Paris, mas depois fi cou lá um ano,

e lá descobre o Fernando Pessoa

e decide aprender português. Vai

para Pisa, tem a professora que

lhe ensina português e vem numa

viagem a Portugal em 1965, quan-

do Gino Saviotti, um intelectual, é

director do Instituto. Fala com ele

e depois diz-lhe: ‘Tenho uma neta

que está agora na praia com uma

amiga. Foi aí que nos conhecemos e

fi cámos amigos. Depois eu fui a Itá-

lia e pronto.’” Maria José Lancastre

resume assim uma vida apontando

quena exposição no hall do museu?

Depois descobrimos que coincidia

com a festa do Cinema Italiano e

então, porque não mostrar um do-

cumentário feito por alunos univer-

sitários de Siena sobre Tabucchi? E

depois a galeria do piso 01 estava va-

ga nesta altura e a exposição podia

crescer. Perguntámos à Cinemateca

se não se poderia exibir o Requiem,

o fi lme que resultou da adaptação

do único romance em português

escrito por ele. E porque não tam-

bém fazer uma sessão de leitura e

música?” Nasceu assim a Galáxia

Tabucchi, metáfora que refere a

diversidade de interesses do autor

e alude a um gosto antigo, como

conta Maria José Lancastre “Tudo o

1963Entre os objectos expostos está o primeiro passaporte do escritor. A data é 1963, tinha Tabucchi 20 anos, e com ele fez a primeira viagem a Paris

fotografi as e parando num recorte

de jornal. O ano é 1966. “Ele veio a

Portugal com uma bolsa. Um jorna-

lista fez uma reportagem e pergun-

tou a alguns alunos, entre os quais

o Antonio — foi apanhado na foto-

grafi a —, o que estavam a ler. Ele

está a ler Herberto Helder.”

A ligação à poesia é grande. Es-

creveu poemas e escreveria o tal,

dedicado a Lisboa, mas várias vezes

haveria de afi rmar que o talento de

poeta era coisa que não lhe assistia.

A sua obra irá refl ectir essa proximi-

dade, como a outras artes. A amiza-

de com os surrealistas, por exem-

plo. Entre eles, Alexandre O’Neill

e Mário Cesariny. Há fotos com um

e com o outro. Numa, está com Ce-

sariny na praia, os dois de calções.

Trocaram correspondência. E Ta-

bucchi escreveria um ensaio, La Pa-

rola Interdetta: Poeti Surrealisti Por-

toghesi, onde, além de traduções de

poemas de Pessoa, traduzia poetas

surrealistas.

Brasil, Macau, AçoresA ligação à língua portuguesa levou-

o ainda ao Brasil, onde conheceu

Carlos Drummond de Andrade;

a Macau, para estudar a obra de

Camilo Pessanha; aos Açores, de

que resultaria um livro, A Mulher

de Porto Pym. Não que os lugares

o levassem à escrita, como refere

Maria José Lancastre, mas às vezes

acontecia. E estão outros livros que

saiam desta relação. Requiem, com

destaque e a mitologia que dele nas-

ceu quando ele escreve sobre a in-

capacidade de passar para italiano

o sonho narrado em português. E

há Afi rma Pereira, cujo protagonista

haveria de fi car para sempre ligado

à fi gura de Marcello Mastroianni e

ao fi lme de Roberto Faenza, de 1996.

Uma personagem que lhe apareceu

assim: “O doutor Pereira visitou-me

pela primeira vez numa tarde de Se-

tembro de 1992. Naquela época não

se chamava ainda Pereira, não tinha

os traços defi nidos. Era algo de va-

go, de fugidio e de esfumado, mas

tinha já vontade de ser protagonista

de um livro: era apenas uma perso-

nagem à procura de autor. Não sei

porque me escolheu a mim para ser

contado. Uma hipótese possível é

que no mês anterior, num dia tórri-

do de Agosto em Lisboa, também eu

tinha feito uma visita.” É outro dos

textos que compõem Autobiografi as

Alheias, o livro que acaba de sair e

que, com outros de Tabucchi, irá

estar à venda na sala da exposição.

“Achámos importante que houvesse

livros, já que se está a falar da obra

de um escritor”, refere Maria Helena

Borges, chamando a atenção para o

facto de haver ainda exemplares em

várias línguas para folhear. “Ajuda

a criar proximidade, a alimentar a

curiosidade”, acrescenta.

Estamos na presença de livros de

argumento português, como nota

Maria José Lancastre, sublinhan-

do o diálogo que Tabucchi sempre

manteve com artistas, escritores, in-

telectuais portugueses. É o título,

aliás, das duas últimas vitrines, onde

se podem ver fotografi as do autor

de A Cabeça Perdida de Damasceno

Monteiro com artistas e intelectu-

ais portugueses, desde os anos 70,

com José de Guimarães, Alexandre

Delgado O’Neill, Costa Pinheiro, Vas-

co Graça Moura, Fernando Lopes,

Joao Bénard da Costa, José Barrias,

José Cardoso Pires, Sophia de Mello

Breyner, Eduardo Lourenço, Mário

Soares ou Paula Rego.

Por fi m, na parede do fundo, há

um vídeo com passagens de duas

entrevistas de Antonio Tabucchi à

RTP. Uma de 1994 a Maria João Sei-

xas e outra de 1997 a António Mega

Ferreira, mais precisamente 14 e 9

minutos onde revela como começou

a sua paixão por Portugal, a relação

com a crítica, com Lisboa, com ou-

tros escritores.

Há muitos especialistas no mundo que estudam a obra do Antonio e quando chegam à parte de Portugal têm apenas umas noções. Esta é uma maneira de os trazer aquiMaria José LancastreViúva de Antonio Tabucchi

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28 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018

CULTURA

Nas fotografi as de Raparigas de Ga-

za, projecto de longa duração da

fotojornalista Monique Jaques, há

sempre uma estranha sensação de

alegria e tristeza no rosto das pes-

soas fotografadas. São jovens mu-

lheres que vivem num dos territó-

rios mais controlados do mundo,

segregadas e rodeadas de pobreza

numa sociedade extremamente

conservadora. Apesar de todos os

obstáculos com que se deparam, es-

tas raparigas encontram na prática

de surf ou em namoricos secretos

a resiliência e ânimo para acredi-

tarem que um dia tornarão os seus

sonhos realidade.

Monique Jaques mostra como é

crescer e ser mulher na Faixa de

Gaza: a pobreza e a violência estão

presentes, mas também há sonhos e

esperança nas raparigas que um dia

serão mulheres. A exposição que

explora as vidas de jovens mulheres

nesta região tumultuosa do Médio

A fotojornalista brasileiro-americana Monique Jaques abre-nos as fronteiras de Gaza na exposição Raparigas de Gaza, que pode ser visitada ao ar livre no Parque das Nações, em Lisboa

FotografiaSebastião Almeida

Oriente, Raparigas de Gaza, pode

ser visitada ao ar livre na Alameda

dos Oceanos, no Parque das Nações,

até 30 de Abril. Está inserida na

programação do Abril em Lisboa,

da EGEAC, que neste ano se volta a

centrar nos direitos humanos e traz

para a rua um trabalho que tem a

ambição de chegar ao maior núme-

ro de pessoas possível.

Num café junto ao local onde a

exposição começa a ser prepara-

da, Monique Jaques, em conversa

com o PÚBLICO, revela que não é a

primeira vez que visita Lisboa. En-

quanto fala vai observando com

atenção a montagem das estruturas

Partir ou fi car? Em Gaza não é fácil crescer mulher, diz Monique Jaques

A fotojornalista na Alameda dos Oceanos, local da exposição, e, em baixo, quatro fotografias do projecto Raparigas de Gaza: Monique quis fugir do lugar--comum de violência e repressão que povoa o imaginário da maioria das pessoas quando pensam na Faixa de Gaza

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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 29

CULTURA

SEBASTIÃO ALMEIDA

FOTOS: MONIQUE JAQUES

ência das opções que tem à sua vol-

ta. De se questionar se quer ou não

casar-se e das coisas que lhe iam in-

teressando à medida que crescia”,

acrescenta a fotojornalista.

Sabah, uma jovem de 14 anos,

costuma ocupar o seu tempo a

praticar surf nas praias de Gaza.

O problema, segundo Monique, é

que “quando as raparigas chegam a

uma determinada idade e se come-

ça a pensar no casamento, a família

acredita que certas coisas não deve-

rão ser feitas e que as raparigas têm

de manter uma postura reservada”.

Aos 16 anos a vida muda para as

adolescentes de Gaza. A pressão

do casamento e o controlo imposto

pelas famílias funcionam quase co-

mo uma segunda ocupação. Ser-se

mulher em Gaza é difícil e guardar

um segredo ainda mais, afi rma a

jornalista. Esta realidade contrasta

com alguns indicadores: os níveis

de literacia em Gaza são dos mais

elevados do mundo. Quase toda a

gente vai para a universidade, “mas

um dos motivos para isso acontecer

é o facto de não haver muito mais

para fazer”, esclarece.

Monique Jaques conseguiu en-

contrar no dia-a-dia uma realidade

que muitas vezes passa desperce-

bida a quem olha para Gaza de fo-

ra. A fotógrafa, cujos trabalhos são

regularmente publicados em jor-

nais como o The New York Times ou

o The Guardian, procurou contar

histórias sobre o que é crescer mu-

lher e a autodescoberta de perceber

como é a vida adulta. Fê-lo recor-

rendo às entradas dos diários que

as jovens fotografadas escreveram

ao longo de cinco anos. Não é a sua

história, reconhece. E a única coi-

sa que tinha a dizer, expressou-a

através das fotografi as que deram

origem ao livro Gaza Girls: Gro-

wing Up in the Gaza Strip, publica-

do no início do ano. Os desejos de

menina estão lá, afi nal de contas

em Gaza a infância e adolescência

também existem. “Eu quero voltar

a casa, mas também quero ver o

mundo.” Ouvir uma rapariga a di-

zer isso, afi rma, traduz-se no dis-

curso de qualquer outra criança da

mesma idade. “Os pensamentos e

sentimentos que elas têm são iguais

às de todas as outras raparigas no

mundo.”

E por estas raparigas serem co-

mo todas as outras, a atenção em

relação ao que se passa à volta delas

está sempre presente. Monique e as

raparigas trocam mensagens qua-

se todos os dias e falam bastante

sobre o que se está a passar na re-

gião. “Elas não vão às manifesta-

ções, mas fazem uso das redes so-

ciais para erguerem as suas vozes

e contarem ao mundo aquilo que

se passa”, confessa.

Ser-se mulher numa prisão a

céu aberto como Gaza não é fácil,

mas as raparigas que preenchem

as telas dos cubos instalados numa

das avenidas mais movimentadas

do Parque das Nações, tornam-no

mais possível. Serão elas, um dia,

as vozes de uma geração que fi cou

com o mundo por ver, mas que o

vai criando à sua maneira dentro

dos limites físicos e psicológicos

que lhes são impostos.Texto edi-tado por Isabel Coutinho

revelou-se algo totalmente diferen-

te daquilo que o Google lhe mostra-

va quando procurava informações

ou imagens da região. “As raparigas

que conheci eram pessoas muito

interessantes que estavam a apenas

a tentar descobrir quem eram num

mundo em constante mudança.”

Aos 16 anos, a vida mudaA certeza da necessidade de contar

as histórias das raparigas de Gaza

tornou-se urgente para a fotógrafa

e assim começaram as visitas quase

mensais ao território, ao longo de

cinco anos. De início, Monique en-

controu alguma resistência por

parte das famílias que assumiam

uma postura muito protectora em

relação às suas fi lhas. Mas percebeu

que estas raparigas que se deixa-

vam fotografar eram iguais às de

qualquer outro país, não fosse o

facto de viverem numa terra da

qual não podem sair.

Monique apercebeu-se de que

as histórias destas mulheres nun-

ca eram contadas: “Estas raparigas

não entendiam o porquê de querer

contar as suas histórias. Dizer-lhes

que as suas vidas importavam era

algo que nunca tinham ouvido”,

assegura ao PÚBLICO. Uma das ra-

parigas que seguiu durante mais

tempo, Yara, tem agora 15 anos. Co-

nheceu-a quando tinha sete anos e

acompanhou-a durante o início da

sua adolescência. “Eu vi-a mudar

como rapariga, a deixar de ser uma

menina inocente e a ganhar consci-

“Estas raparigas não entendiam o porquê de querer contar as suas histórias. Dizer-lhes que as suas vidas importavam era algo que nunca tinham ouvido”

Elas não vão às manifestações, mas fazem uso das redes sociais para erguerem as suas vozesMonique JaquesFotojornalista

de metal que em breve ganharão a

forma de oito cubos que serão re-

vestidos com 22 fotografi as do seu

projecto. “É uma outra forma de

mostrar ao público um trabalho di-

ferente daquilo que normalmente

se vê sobre Gaza”, conta a fotojor-

nalista brasileiro-americana que

em 2012, quando chegou à Faixa

de Gaza para cobrir o confl ito ar-

mado entre o Exército israelita e o

Hamas, deparou com um cenário

conturbado.

Depois de fazer fotografi as do

confl ito, Monique Jaques, 33 anos,

apercebeu-se de que era apenas

mais uma jornalista entre outros

tantos que registam fotografi as de

violência e repressão. Foi durante

essa primeira viagem que se cru-

zou com a ideia de uma realidade

diferente daquela que tinha expe-

rienciado até então. A tradutora

que acompanhou a jornalista nos

primeiros tempos garantiu-lhe que

a vivência da cidade e dos seus ha-

bitantes nem sempre era essa, as-

sombrada por bombardeamentos e

confl itos incessantes. “Isto só acon-

tece de dois em dois anos. De res-

to, as pessoas têm vidas normais”,

conta Monique, parafraseando as

palavras que a seduziram a fi car e

descobrir a “verdadeira Gaza”.

Monique quis fugir do lugar-co-

mum de violência e repressão que

povoa o imaginário da maioria das

pessoas quando pensam na Faixa

de Gaza e dar voz às raparigas e

mulheres que lá vivem. A cidade

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excepção do Yorick Brown e do seu macaco Ampersand, a Dra. Allison Mann conseguiu

finalmente isolar a fonte da sua imunidade: está dentro do corpo de Ampersand! Mas o

macaco foi raptado por uma mercenária japonesa e os heróis desta saga têm agora de partir

numa viagem pelo Pacífico em busca da pequena mascote. A bordo de um navio cheio de

mulheres, pela primeira vez na história o último homem perde o protagonismo e percebemos

como é a vida das mulheres num mundo sem homens e à beira do fim. Afinal, a praga pode

tê-las poupado, mas o apocalipse deixou um rasto monstruoso de miséria e loucura.

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Público Classifi cados • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 31

CONVOCATÓRIANos termos do n.º 2, do Artigo 1.º do Regu-lamento Eleitoral do Comité Português para a UNICEF, convoco a Assembleia Geral Extraor-dinária para o dia 10 de Maio de 2018, pelas 19.00 horas, nas instalações da Av. António Augusto de Aguiar, 21 - 3.º Esq.º, em Lisboa, com a seguinte ordem de trabalhos:

1. Eleição dos membros dos Órgãos Sociais para o triénio 2018/2020:

a. Mesa da Assembleia Geral; b. Conselho de Administração; c. Conselho Fiscal.

As candidaturas deverão ser dirigidas ao Pre-sidente da Mesa da Assembleia Geral, até ao dia 24 de Abril de 2018.

Na falta de quórum, a Assembleia reunirá meia hora depois da hora indicada em se-gunda convocatória com qualquer número de Associados presentes no pleno uso dos seus direitos.

A documentação relevante à ordem de traba-lhos estará disponível para consulta na sede do Comité, de acordo com os prazos previs-tos.

Lisboa, 9 de Abril de 2018

O Presidente da Mesa da Assembleia GeralJosé Luís Seixas

Rua de S. Nicolau, 109 (Espadim)1100-548 Lisboa

Tel. 21 346 99 50 - Fax 21 343 00 65Tm: 925 005 709

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na mesma rua no número 109 (Espadim)

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Assembleia Geral Ordinária

CONVOCATÓRIANos termos do Art.º 30.º dos Estatutos é convocada para o dia 8 de Maio de 2018, às 17h00, a Assembleia Geral Ordinária com a seguinte Ordem de Trabalhos:

- Admissão de novos Sócios.

Lisboa, 5 de Abril de 2018

O PresidenteProf. Cat. Luís Aires-Barros

Telefs. 21 342 54 01 - 21 342 50 68 - Fax 351 21 346 45 53e-mail: soc.geografi [email protected]

RUA DAS PORTAS DE SANTO ANTÃO, 1001150-269 Lisboa

SINDICATO PORTUGUÊS DOS ENGENHEIROS

GRADUADOS NA UNIÃO EUROPEIA

ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA CONVOCATÓRIA

Nos termos do artigo 32.º e do número 1 do Artigo 34º, e, com o fim de exercer as competências previstas nas alíneas b) e c) do Artigo 31º dos Estatutos, convoco a Assembleia-Geral do SPEue para reunir em, sessão ORDINÁRIA, no próximo dia 21 de abril de 2018, às 11 horas, na Sede do SPEue – Sindicato Português dos Engenheiros Graduados na União Europeia, sita à Praceta Bernarda Ferreira de Lacerda, 48, no Porto, com a seguinte, ORDEM DE TRABALHOS: 1. Aprovar o Relatório e Contas da Direção Nacional e o parecer do Conselho Fiscal,

relativos ao ano de 2017. 2. Apreciar e deliberar sobre o Orçamento Geral proposto pela Direção Executiva, para o

ano de 2018.

Porto, 6 de abril de 2018.

O Presidente da Mesa da Assembleia-Geral João Afonso Meira de Sá

NOTAS: a) A Assembleia-Geral funcionará à hora prevista em 1ª Convocatória com pelo menos a presença de metade

dos associados e, em 2ª Convocatória, meia hora depois, com qualquer número de presenças. b) O respectivo Relatório, Contas e Orçamento, encontram-se disponíveis para consulta na Sede do SPEue,

sita à Praceta Bernarda Ferreira de Lacerda, 48, no Porto.

Praceta Bernarda Ferreira de Lacerda, 48 – 4200-601 PORTO � Telef.: +351 225 420 390 E-mail: [email protected]

REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASIL

Consulado-Geral do Brasil em Lisboa

EDITAL DE CASAMENTOTania Maria Pederneiras, Vice-Cônsul do Brasil em Lisboa, usando das atri-buições que lhe confere o art.º 18 da Lei de Introdução ao Código Civil, faz saber que pretendem casar Francisco Pereira Gaspar, natural de Acopiara, Ceará, Brasil, nascido a 02/04/1966, residente e domiciliado na Rua de São Ciro, n.º 5 - R/C Direito, Lisboa, Portugal, Código Postal: 1200-830, nesta jurisdição con-sular, fi lho de Francisco Pereira Gaspar e de Terezinha Sampaio do Vale e Irene Aparecida Neris, natural de Londrina, Paraná, Brasil, nascida a 01/10/1965, residente e domiciliado na Rua de São Ciro, n.º 5 - R/C Direito, Lisboa, Portugal, Código Postal: 1200-830, nesta jurisdi-ção consular, fi lha de António Francisco Neris e de Leonor Tacasse Neris.Apresentaram os documentos exigidos pelo Art.º 1.525 do Código Civil.Se alguém souber de algum impedimen-to, oponha-o na forma da Lei. Lavrado o presente para ser afi xado em lugar visível da Chancelaria deste Consulado-Geral.

Mônica Sodré da HoraOfi cial de Registro Civil “ad-hoc”

Fundada em 1988 pelo Professor Doutor Carlos Garcia, a Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer - Alzheimer Portugal é uma Instituição Particular de Solidariedade Social. É a única organização em Portugal, de âmbito nacional, especifi camente constituída para promover a qualidade de vida das pessoas com demência e dos seus familiares e cuidadores. Tem cerca de dez mil associados em todo o país.

Oferece Informação sobre a doença, Formação para cuidadores formais e informais, Apoio domiciliário, Apoio Social e Psicológico e Consultas Médicas da Especialidade.Como membro da Alzheimer Europe, a Alzheimer Portugal participa ativamente no movimento mundial e europeu sobre as demências, procurando reunir e divulgar os conhecimentos mais recentes sobre a Doença de Alzheimer, promovendo o seu estudo, a investigação das suas causas, efeitos, profi laxia e tratamentos.

ContactosSede: Av. de Ceuta Norte, Lote 15, Piso 3 Quinta do Loureiro, 1300-125 Lisboa - Telefones: 213 610 460 - Fax : 21 361 04 69 - E-mail: [email protected]

Centro de Dia Prof. Doutor Carlos Garcia: Av. de Ceuta Norte, Lote 1, Loja 1 e 2 Quinta do Loureiro, 1350-410 Lisboa - Telefone: 213 609 300 - E-mail: [email protected], Centro de Dia e Apoio Domiciliário «Casa do Alecrim», Rua Joaquim Miguel Serra Moura, n.º 256 - Alapraia, 2765-029 Estoril - Telefone: 214 525 145 - E-mail: [email protected]

Horário de Atendimento: Quartas e sextas, entre as 9h e as 13hNúcleo do Ribatejo da Alzheimer Portugal: R. Dom Gonçalo da Silveira n.º 31 «A, 2080-114 Almeirim - Telefone: 243 000 087 - E-mail: [email protected]

Delegação Norte da Alzheimer Portugal: Centro de Dia «Memória de Mim», Rua do Farol Nascente, n.º 47A R/C, 4455-301 Lavra - Telefone: 229 260 912 | 226 066 863 - E-mail: [email protected]ção Centro da Alzheimer Portugal: Centro de Dia do Marquês, Urb. Casal Galego - Rua Raul Testa Fortunato n.º 17, 3100-523 Pombal - Telefone: 236 219 469 - E-mail: [email protected]

Núcleo de Aveiro: Santa Casa da Misericórdia de Aveiro, Complexo Social da Quinta da Moita - Oliveirinha 3810 Aveiro, Telefone: 234 940 480 - E-mail: [email protected]ção da Madeira da Alzheimer Portugal: Avenida do Colégio Militar, Complexo Habitacional da Nazaré, Cave do Bloco 21 - Sala E, 9000-135 Funchal

Telefone: 291 772 021 - Fax: 291 772 021 - E-mail: [email protected]

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CENTRO COMERCIAL COLOMBOAVENIDA DAS ÍNDIAS (PISO 0, JUNTO À PRAÇA CENTRAL)HORÁRIO: 2.ª FEIRA – DOMINGO: 10H – 24H

EDIFÍCIO DIOGO CÃODOCA DE ALCÂNTARA NORTE, LISBOA(JUNTO AO MUSEU DO ORIENTE)HORÁRIO: 2.ª – 6.ª FEIRA: 9H – 19H SÁBADO: 11H – 17H

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32 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018

SAIR

CINEMASLisboa Cinema City AlvaladeAv. de Roma, nº 100. T. 218413040Madame M12. 13h40, 15h50, 17h40, 21h50; A Hora Mais Negra M12. 19h30; Três Cartazes à Beira da Estrada M16. 17h30; O Último Retrato M12. 13h30; A Idade da Pedra M6. 15h30 (V.Port./2D); Lady Bird M14. 22h; Manifesto M12. 13h05, 15h, 21h55; O Terceiro Assassinato M12. 19h15; Aparição M12. 17h; Maria Madalena M12. 19h30; Operação Entebbe 21h40; Peter Rabbit M6. 13h45, 15h20, 17h25 (V.Port./2D); Setembro a Vida Inteira 19h45 Cinema IdealRua do Loreto, 15/17. T. 210998295Cinema Novo M12. 19h45; No Intenso Agora M12. 15h30, 21h30; Custódia Partilhada M12. 18h CinemaCity Campo PequenoCentro de Lazer do Campo Pequeno. T. 217981420The Post M12. 18h50; A Forma da Água M16. 19h20, 00h25; Black Panther M12. 21h25, 00h10; Hostis M12. 21h45; A Agente Vermelha M16. 21h15, 00h05; A Idade da Pedra M6. 13h15, 15h20, 17h20 (V.Port./2D); Gringo M14. 00h30; Tomb Raider: O Começo M12. 13h10, 16h, 18h30, 21h30, 00h15; Maria Madalena M12. 13h20, 21h55; Sherlock Gnomes M6. 15h10 (V.Port./2D); Braven M12. 16h10, 13h15, 22h, 23h55; Ready Player One: Jogador 1 M12. 13h10, 15h30, 18h20, 21h10, 24h; Peter Rabbit M6. 13h25, 15h30, 17h35, 19h40 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 13h20, 15h50, 17h10, 18h40, 19h35, 21h50, 00h20; Bullet Head - O Último Golpe M16. 13h35, 15h40, 17h35, 19h30 Cinemas Nos Alvaláxia Estádio José Alvalade, Campo Grande. T. 16996Três Cartazes à Beira da Estrada M16. 21h; Réplica Violenta M16. 14h20, 16h40, 19h10, 21h35; As Cinquenta Sombras Livre M16. 15h30, 18h10, 20h50; Black Panther M12. 14h, 17h, 21h10; A Agente Vermelha M16. 15h20, 18h20, 21h25; Tomb Raider: O Começo M12. 13h20, 16h, 18h40, 21h20; Sherlock Gnomes M6. 13h25, 15h50, 18h (V.Port./2D); Braven M12. 14h10, 16h20, 19h, 22h; Ready Player One: Jogador 1 M12. 13h30, 16h50, 21h30; Operação Entebbe 21h15; Peter Rabbit M6. 13h40, 16h10, 18h50 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 13h50, 16h30, 19h05, 21h40; Encontro Silencioso M12. 13h35, 15h40, 17h50, 21h50; Bullet Head - O Último Golpe M16. 13h45, 17h15, 19h30, 21h45 Cinemas Nos AmoreirasAv. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996Madame M12. 13h10, 15h40, 18h20, 21h10, 23h40; A Forma da Água M16. 12h40, 15h20, 20h50, 23h30; Lady Bird M14. 13h30, 16h20, 19h, 21h50, 00h05; Tomb Raider: O Começo M12. 21h40, 00h20 ; Manifesto M12. 13h50, 16h, 18h40, 21h30, 23h50; O Capitão M16. 18h; Ready Player One: Jogador 1 M12. 13h40, 16h50, 21h, 24h; Peter Rabbit M6. 12h45, 15h, 17h15, 19h30 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 13h, 15h50, 18h30, 21h20, 00h10 Cinemas Nos ColomboAv. Lusíada. T. 16996Madame M12. 12h50, 15h10, 17h30, 20h40, 23h20; Black Panther M12. 13h, 16h, 21h30, 00h30; A Agente Vermelha M16. 20h30, 23h40; Tomb Raider: O Começo M12. 12h40, 15h20, 18h, 21h20, 24h; Sherlock Gnomes M6. 13h10, 15h30, 17h50 (V.Port./2D); Braven M12. 21h45, 00h15; Ready Player One: Jogador 1 M12. 14h, 17h10, 20h50, 00h10; Operação Entebbe 19h; Peter Rabbit M6. 13h20, 15h50, 18h10 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 12h55, 15h40, 18h20, 21h, 23h50; Encontro Silencioso M12. 13h25, 15h35, 17h45, 21h10, 23h30; Batalha do

Pacífico: A Revolta M12. 13h30, 16h10, 18h45, 21h35, 00h20 Cinemas Nos Vasco da GamaParque das Nações. T. 16996Réplica Violenta M16. 18h10, 21h, 23h50; Black Panther M12. 12h50, 15h50, 18h40, 21h30, 00h30; A Agente Vermelha M16. 21h40, 00h35; Tomb Raider: O Começo M12. 13h10, 16h10, 18h50, 21h50, 00h25; Sherlock Gnomes M6. 13h30, 15h40 (V.Port./2D); Ready Player One: Jogador 1 M12. 12h30, 15h30, 21h20, 00h20 (2D), 18h20 (3D); Peter Rabbit M6. 13h, 15h20, 17h20, 19h20 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 13h20, 16h, 21h10, 00h10 (2D), 18h30 (3D) Medeia MonumentalAv. Praia da Vitória, 72. T. 213142223Colo M16. 16h30, 21h45; Lady Bird M14. 14h30, 19h15; Manifesto M12. 13h25, 15h25, 17h20, 19h30, 21h30; O Capitão M16. 13h, 15h15, 17h30, 19h45, 22h; Ready Player One: Jogador 1 M12. 19h; Custódia Partilhada M12. 13h, 15h, 17h, 21h45 NimasAv. 5 Outubro, 42B. T. 213574362Chavela M12. 13h45, 15h45, 17h45, 19h45, 21h45 UCI Cinemas - El Corte InglésAv. Ant. Aug. Aguiar, 31. Botticelli - Inferno 16h30; Poveri ma Ricchi 19h; Dove Non ho Mai Abitato 21h30; Cinema Paraíso M12. 13h40, 16h20, 19h, 21h40, 00h20; Rock’n Roll M12. 16h15, 19h, 21h45; Madame M12. 13h50, 16h20, 18h45, 21h25, 23h50; A Hora Mais Negra M12. 13h45, 00h20; Três Cartazes à Beira da Estrada M16. 16h25, 21h45; Chama-me pelo Teu Nome M14. 18h55; Linha Fantasma M12. 19h; Black Panther M12. 00h05; Hostis M12. 21h35, 00h25; Eu, Tonya M16. 13h30; A Agente Vermelha M16. 16h, 21h30, 00h25; Lady Bird M14. 16h50, 21h50; Gringo M14. 13h40, 00h25; Ciúme M12. 14h; Tomb Raider: O Começo M12. 14h, 24h; Manifesto M12. 13h30, 15h45, 17h50, 22h, 00h25; Maria Madalena M12. 13h35, 16h15, 21h45, 00h20; O Capitão M16. 18h55; Wonderstruck: O Museu das Maravilhas M12. 13h40, 16h15, 18h50; Ready Player One: Jogador 1 M12. 14h, 17h, 21h15, 00h15 (2D), 18h50 (3D); Operação Entebbe 14h15, 16h45, 19h10, 21h40, 00h10; Peter Rabbit M6. 14h, 16h15, 18h30 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 13h50, 16h30, 21h30, 00h05 (2D), 19h (3D); Peter Rabbit M6. 19h55 (V.Orig./2D)

Almada Cinemas Nos Almada FórumEstr. Caminho Municipal, 1011 - Vale de Mourelos. T. 16996Madame M12. 13h20, 15h45, 18h, 21h, 23h30; Réplica Violenta M16. 13h50, 16h15, 19h10, 21h50, 00h10; Black Panther M12. 12h30, 15h30, 18h25, 21h25, 00h25; Hostis M12. 20h55, 00h05; A Agente Vermelha M16. 12h25, 15h25, 18h25, 21h30, 00h30; A Idade da Pedra M6. 13h50, 16h20 (V.Port./2D); Lady Bird M14. 21h55, 00h15; Tomb Raider: O Começo M12. 13h10, 15h50, 18h50, 21h40, 00h20; Sherlock Gnomes M6. 13h, 15h15, 17h30, 19h40 (V.Port./2D); Braven M12. 13h40, 15h55, 18h15, 20h45, 23h20; Ready Player One: Jogador 1 M12. 12h20, 15h20, 18h20, 21h20, 00h20; Operação Entebbe 18h45, 21h15, 23h50; Peter Rabbit M6. 13h30, 16h, 18h40 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 12h50, 15h40, 18h30, 21h10, 24h; Encontro Silencioso M12. 12h40, 15h10, 17h20, 19h30, 22h, 00h10; Bullet Head - O Último Golpe M16. 13h45, 16h10, 18h35, 20h50, 23h15; Batalha do Pacífico: A Revolta M12. Sala 4DX - 14h, 16h30, 19h, 21h45, 00h20 (3D)

Amadora CinemaCity Alegro AlfragideC.C. Alegro Alfragide. T. 214221030Ferdinando M6. 16h05 (V.Port./2D); Três Cartazes à Beira da Estrada M16.

[email protected] estreia

Batalha do Pacífico: A RevoltaDe Steven S. DeKnight. Com Scott Eastwood, Tian Jing, Adria Arjona, Karan Brar. China/EUA. 2018. 111m. Acção, Aventura. M12. Quando seres alienígenas

emergiram das profundezas

do Oceano Pacífi co, nenhuma

nação estava preparada para o

que se aproximava. Os ataques

deram início a uma guerra sem

precedentes. Embora conscientes

do poder dos inimigos, os seres

humanos criaram máquinas

de guerra aptas a uma luta

corpo-a-corpo: os jaegar, robôs

colossais comandados por pilotos

neurologicamente conectados.

Bullet Head - O Último GolpeDe Paul Solet. Com Adrien Brody, Rory Culkin, Antonio Banderas, John Malkovich. BUL/EUA. 2017. 93m. Drama, Thriller. M16. Para despistar a polícia depois de

um golpe que lhes rendeu uma

enorme quantia de dinheiro, três

criminosos resolvem esconder-se

dentro de um grande armazém

abandonado. Julgando-se a salvo,

não imaginam o perigo que terão

de enfrentar...

ChavelaDe Daresha Kyi, Catherine Gund. Com Pedro Almodóvar, Elena Benarroch, Miguel Bosé. EUA/ESP/MEX. 2017. 93m. Drama, Biografia. M12. Um documentário sobre Chavela

Vargas, uma das maiores fi guras

da canção mexicana do século

XX, cuja voz peculiar foi várias

vezes incluída na banda sonora

de fi lmes de Pedro Almodóvar.

Aqui, é revelado um pouco

mais sobre a sua vida através de

imagens de arquivo e de uma

entrevista inédita dada duas

décadas antes da sua morte, a 5

de Agosto de 20112.

Cinema NovoDe Eryk Rocha. BRA. 2016. 90m. Documentário. M12. Este fi lme é uma ambiciosa

tentativa de “história do

cinema por ele próprio”,

centrada nos anos

da explosão do

Cinema Novo.

Inteiramente

composto por imagens de

arquivo retiradas aos fi lmes ou

de intervenções televisivas dos

seus principais cineastas, este

documentário dá imagem e voz a

um elenco vasto.

Cinema ParaísoDe Giuseppe Tornatore . Com Antonella Attili, Enzo Cannavale, Isa Danieli, Leo Gullotta. ITA/FRA. 1989. 120m. Drama. M12. Salvatore Di Vitta, um

reconhecido cineasta italiano,

recebe um telefonema

inesperado da sua mãe na Sicília,

onde nasceu e cresceu, que

lhe dá a conhecer a morte de

Alfredo, o projeccionista local

que deixava Totó - o diminutivo

por qual Salvatore era conhecido

- ver todos os fi lmes que

passavam pelo Cinema Paraíso.

Encontro SilenciosoDe Miguel Clara Vasconcelos. Com Ágata Pinho, Alexander David, Isabel Costa. POR. 2017. 83m. Drama, Aventura. M12. Cinco universitários organizam

um encontro secreto numa

aldeia isolada. Crentes de

que obedecendo às regras do

dux entrarão no mundo da

verdadeira sabedoria, eles

aceitam submeter-se cegamente

às suas ordens. O que daí resulta

é uma verdadeira visita ao

inferno...

MadameDe Amanda Sthers. Com Toni Collette, Harvey Keitel, Rossy

de Palma, Michael Smiley. FRA. 2017. 91m. Drama, Comédia. M12. Anne e Bob são dois milionários

norte-americanos que se mudam

para Paris na esperança de

reacender a paixão há muito

perdida. Quando, durante um

jantar de amigos, a supersticiosa

Anne se dá conta de que tem 13

convidados à mesa, obriga uma

das suas empregadas a juntar-se

a eles e assumir a personagem de

uma aristocrata espanhola.

ManifestoDe Julian Rosefeldt. Com Cate Blanchett, Erika Bauer, Ruby Bustamante. ALE. 2015. 95m. Drama. M12. Com realização do artista plástico

Julian Rosefeldt e com Cate

Blanchett como protagonista,

um fi lme onde personagens

questionam o papel do artista

através de textos da autoria de

Rosefeldt, a partir de cerca de 60

originais de artistas, arquitectos,

fi lósofos e realizadores dos

séculos XIX e XX.

Réplica ViolentaDe Brett Donowho. Com Bruce Willis, Cole Hauser, Shawn Ashmore, Ashton Holmes. GB/EUA/CAN. 2018. 86m. Drama, Acção. M16. Quando a namorada de Roman

MacGregor é raptada, ele e os

seus irmãos, Brendan e Deklan,

recentemente chegados do

Iraque, decidem salvá-la por

sua conta e risco. Durante o

processo, os três unem forças

com um detective que já há muito

tenta encontrar provas contra

o perigoso líder de uma rede de

tráfi co humano.

The Wailing - O LamentoDe Na Hong-jin. Com Kwak Do-won, Hwang Jung-min. EUA/Coreia do Sul. 2016. 156m. Thriller. M16. Um japonês chega a uma aldeia

remota da Coreia do Sul e instala-

se numa casa abandonada.

Pouco depois, os habitantes

começam a revelar sintomas

de uma enfermidade que os

torna violentos. Essa

agressividade dá

origem a uma série

de homicídios...

uliar foi várias

banda sonora

ro Almodóvar.

um pouco

vida através de

vo e de uma

a dada duas

sua morte, a 5

12.

BRA. 2016.tário. M12.ambiciosa

ória do

róprio”,

os

com um detectiv

tenta encontrar

o perigoso líder

tráfi co humano.

The Wailing - ODe Na Hong-jinwon, Hwang JuCoreia do Sul. 2ThThThThThThThThThThThThThThThThThThTTTTTTTTTTTTTTT riller. M16.Um japonês che

remota da Corei

se numa casa ab

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dManifesto

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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 33

SAIR

17h15; Réplica Violenta M16. 13h45, 15h30, 19h30, 21h40, 23h40; The Post M12. 22h; As Cinquenta Sombras Livre M16. 23h50; Black Panther M12. 15h50, 18h35, 21h20, 00h10; Hostis M12. 21h20; A Agente Vermelha M16. 18h25, 21h15, 00h05; A Idade da Pedra M6. 13h40, 15h40, 17h40 (V.Port./2D); Lady Bird M14. 13h55, 19h40; Gringo M14. 13h40; Tomb Raider: O Começo M12. 13h35, 16h20, 19h10, 21h45, 00h15; The Strangers - Predadores da Noite M16. 00h30; Maria Madalena M12. 13h20, 16h10; Sherlock Gnomes M6. 13h20, 15h20, 17h20 (V.Port./2D); Ready Player One: Jogador 1 M12. 13h10, 16h, 18h50, 21h10, 24h; Operação Entebbe 21h55, 00h25; Peter Rabbit M6. 13h25, 15h30, 17h35, 19h40, 21h35 (V.Port./2D) ; Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 13h30, 15h45, 18h40, 19h20, 21h50, 00h20; The Wailing - O Lamento M16. 19h, 00h15 UCI Dolce Vita TejoC.C. da Amadora, Estrada Nacional 249/1, Venteira. Coco M6. 16h05 (V.Port./2D); Ferdinando M6. 13h35 (V.Port./2D); Réplica Violenta M16. 14h20, 16h50, 19h15, 21h50; Black Panther M12. 18h25, 21h15; A Agente Vermelha M16. 21h20; Snow: Uma Viagem Heróica M6. 14h15 (V.Port./2D); A Idade da Pedra M6. 13h50, 16h20 (V.Port./2D); Gringo M14. 19h20, 21h50; Tomb Raider: O Começo M12. 13h45, 16h30, 19h10, 21h50; Maria Madalena M12. 16h35; Sherlock Gnomes M6. 14h05, 16h40, 19h (V.Port./2D); Braven M12. 14h15, 16h45, 19h05, 21h45; Ready Player One: Jogador 1 M12. 14h, 17h, 21h15 (2D), 18h30 (3D); Operação Entebbe 21h40; Peter Rabbit M6. 13h40, 16h10, 18h40, 21h20 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 13h40, 16h25, 21h35 (2D), 19h10 (3D); Bullet Head - O Último Golpe M16. 14h10, 16h45, 19h15, 21h40

Barreiro Castello Lopes - Fórum BarreiroCampo das Cordoarias. T. 212069440Réplica Violenta M16. 19h20, 21h20, 00h20; Sherlock Gnomes M6. 15h20, 17h20 (V.Port./2D); Braven M12. 21h40; Ready Player One: Jogador 1 M12. 15h45, 18h40, 21h35; Peter Rabbit M6. 15h10, 17h20, 19h30 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 15h30, 18h30, 21h30

Cascais Cinemas Nos CascaiShoppingCascaiShopping-EN 9, Alcabideche. T. 16996Madame M12. 13h20, 16h, 18h30, 21h40, 00h15; Gringo M14. 21h20, 00h10; Tomb Raider: O Começo M12. 13h, 15h40, 18h25, 21h10, 23h50; Sherlock Gnomes M6. 13h50, 16h20, 18h40 (V.Port./2D); Braven M12. 21h30, 00h20; Ready Player One: Jogador 1 M12. 13h40, 16h50, 20h30, 23h30; Operação Entebbe 12h55, 15h20, 17h55, 20h50, 23h40; Peter Rabbit M6. 13h25, 15h50, 18h20 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 13h10, 16h10, 18h50, 21h, 24h; Batalha do Pacífico: A Revolta M12. Sala Imax ? 12h40, 15h10, 17h40, 20h40, 23h20 O Cinema da Villa - CascaisAvenida Dom Pedro I, Lote 1/2 (CascaisVilla Shopping Center). T. 215887311Madame M12. 16h30, 19h20, 21h40; Tomb Raider: O Começo M12. 21h40; Sherlock Gnomes M6. 14h, 16h30 (V.Port./2D); Ready Player One: Jogador 1 M12. 13h15, 16h, 18h45, 21h30; Peter Rabbit M6. 14h30, 17h, 19h20 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 14h, 16h30, 19h10, 21h30

Caldas da Rainha Cineplace - Caldas da RainhaLa Vie Caldas da Rainha Shopping Center. Réplica Violenta M16. 17h40, 19h40, 21h40; A Agente Vermelha M16. 21h30; Tomb Raider:

O Começo M12. 16h30, 21h20; Sherlock Gnomes M6. 15h40 (V.Port./2D); Braven M12. 14h20, 19h; Ready Player One: Jogador 1 M12. 15h40, 18h30, 21h20; Peter Rabbit M6. 15h, 17h10, 19h20 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 14h30, 16h50, 21h30 (2D), 19h10 (3D)

Sintra Cinema City BelouraBeloura Shopping, R. Matos Cruzadas, EN 9, Quinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643Cinema Paraíso M12. 21h55; Madame M12. 15h50, 17h40, 19h30, 21h45; Ferdinando M6. 16h10 (V.Port./2D); A Hora Mais Negra M12. 18h30; Três Cartazes à Beira da Estrada M16. 19h35; The Post M12. 22h; A Forma da Água M16. 17h25; A Agente Vermelha M16. 21h10; A Idade da Pedra M6. 15h25 (V.Port./2D); Lady Bird M14. 19h50; Com Paixão M12. 19h20; Tomb Raider: O Começo M12. 21h40; Maria Madalena M12. 15h35, 21h30; Sherlock Gnomes M6. 15h40 (V.Port./2D); Ready Player One: Jogador 1 M12. 16h, 18h50, 21h20; Peter Rabbit M6. 15h30, 17h35, 19h40 (V.Port./2D), 17h40 (V.Orig./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 15h20, 17h30, 19h40, 21h50; The Wailing - O Lamento M16. 11h Castello Lopes - Fórum SintraLoja 2.21 - Alto do Forte. T. 219184352Réplica Violenta M16. 14h, 16h, 18h, 21h, 21h50; Black Panther M12. 15h30, 18h10, 21h10; A Agente Vermelha M16. 21h25; Tomb Raider: O Começo M12. 15h50, 18h50, 21h25; Braven M12. 14h, 16h, 18h, 20h, 22h; Ready Player One: Jogador 1 M12. 15h40, 18h30, 21h30; Peter Rabbit M6. 15h10, 17h15, 19h20 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 15h50, 18h40, 21h20

Leiria Cinema City LeiriaRua Dr. Virgílio Vieira da Cunha, Ponte das Mestras. T. 244845071Cinema Paraíso M12. 19h35; Black Panther M12. 21h30; A Agente Vermelha M16. 21h10; A Idade da Pedra M6. 16h20 (V.Port./2D); Tomb Raider: O Começo M12. 16h10, 18h50, 22h; Sherlock Gnomes M6. 15h50 (V.Port./2D); Ready Player One: Jogador 1 M12. 15h40, 17h50, 21h20; Operação Entebbe 22h10; Peter Rabbit M6. 15h25, 17h30, 19h15, 21h35 (V.Port./2D) ; Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 15h20, 16h, 17h30, 18h40, 19h50, 21h40; The Wailing - O Lamento M16. 18h30 Cineplace - Leiria ShoppingCC Leiria Shopping, IC2. T. 244826516Madame M12. 17h30, 19h30, 21h40; Réplica

Violenta M16. 15h40, 17h50, 19h50, 21h50; A Idade da Pedra M6. 15h30 (V.Port./2D); Gringo M14. 21h50; Tomb Raider: O Começo M12. 16h30, 21h30 (2D), 19h (3D); Sherlock Gnomes M6. 14h30 (V.Port./2D); Braven M12. 17h20, 22h; Ready Player One: Jogador 1 M12. 15h50, 18h40, 21h30; Operação Entebbe 15h, 19h40; Peter Rabbit M6. 15h20, 17h30 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 14h40, 17h, 21h40 (2D), 19h20 (3D)

Loures Cineplace - Loures ShoppingQuinta do Infantado, Loja A003. Madame M12. 17h40, 19h40, 21h40; Réplica Violenta M16. 15h50, 17h0, 19h50, 21h50; Snow: Uma Viagem Heróica M6. 14h (V.Port./2D); A Idade da Pedra M6. 15h40 (V.Port./2D); Gringo M14. 21h50; Tomb Raider: O Começo M12. 18h50, 21h20; Sherlock Gnomes M6. 14h50, 16h50 (V.Port./2D); Braven M12. 17h, 21h30; Ready Player One: Jogador 1 M12. 15h50, 18h40, 21h30; Operação Entebbe 14h50, 19h10; Peter Rabbit M6. 15h20, 17h30 (V.Port./2D), 19h40 (V.Orig./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 14h40, 17h, 21h40 (2D), 19h20 (3D)

Montijo Cinemas Nos Fórum MontijoC. C. Fórum Montijo. T. 16996Réplica Violenta M16. 19h40, 21h50; A Agente Vermelha M16. 21h10; Tomb Raider: O Começo M12. 13h05, 15h50, 18h30, 21h20; Sherlock Gnomes M6. 13h20, 15h30, 17h35 (V.Port./2D); Ready Player One: Jogador 1 M12. 12h55, 16h10, 21h; Operação Entebbe 13h15, 15h40, 18h25, 21h15; Peter Rabbit M6. 13h40, 16h, 18h20 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 13h, 15h45, 21h30 (2D), 18h40 (3D)

Odivelas Cinemas Nos Odivelas ParqueC. C. Odivelasparque. T. 16996Black Panther M12. 21h20; Gringo M14. 21h30; Tomb Raider: O Começo M12. 12h50, 15h30, 18h30, 21h10; Sherlock Gnomes M6. 13h20, 16h, 18h40 (V.Port./2D); Ready Player One: Jogador 1 M12. 13h40, 17h, 20h40; Peter Rabbit M6. 13h, 15h, 17h10, 19h10 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 13h15, 15h50, 18h20, 21h

Miraflores Cinemas Nos Dolce Vita MirafloresC. C. Dolce Vita - Av. das Túlipas.

FARMÁCIAS

Lisboa/Serviço PermanenteAtena (Anjos - Chile) - Av. Almirante Reis, 88 B - C - Tel. 218121773 Duque de Ávila (Nossa Senhora de Fátima) - Av. Duque de Ávila, 32 C/D - Tel. 213543495 Nova dos Olivais (Santa Maria dos Olivais) - Rua de Manhiça, Lote 469-A - Tel. 218516402 Luciano Cordeiro - R. Luciano Cordeiro, 73 Conde Redondo - Tel. 213156381

Outras Localidades//Serviço PermanenteAlandroal - Santiago Maior, Alandroalense Albufeira - Santos Pinto Alcácer do Sal - Alcacerense Alcobaça - Epifânio Alcochete - Cavaquinha, Póvoas (Samouco) Alcoutim - Caimoto Alenquer - Varela Aljustrel - Pereira Almada - Marisol Almodôvar - Ramos Alter do Chão - Alter, Portugal (Chança) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Casal da Mira, Melo Arraiolos - Misericórdia Arronches - Batista, Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Nova, Peralta (Alcoentre), Ferreira Camilo (Manique do Intendente) Barrancos - Barranquense Beja - Santos Belmonte - Costa, Central (Caria) Bombarral - Franca Borba - Carvalho Cortes Cadaval - Misericórdia Caldas da Rainha - Maldonado Campo Maior - Campo Maior Cascais - Parque do Estoril Lda. (Estoril), Rana (Rana) Castelo Branco - Nuno Alvares Castelo de Vide - Roque Castro Verde - Alentejana Covilhã - da Alameda Cuba - Da Misericórdia Elvas - Sousa Estremoz - Grijó Évora - Paços Ferreira do Alentejo - Salgado Fronteira - Vaz (Cabeço de Vide) Fundão - Vitória Gavião - Mendes (Belver), Gavião Grândola - Pablo Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova) Lagoa - José Maceta Lagos - A Lacobrigense Loulé - Silveira Algarve, Martins, Algarve (Quarteira) Loures - Santo António dos Cavaleiros, Banha (S. Cosme) Lourinhã - Correia Mendes (Moita dos Ferreiros), Leal (Rio Tinto) Mafra - Ferreira (Malveira), Costa Maximiano (Sobreiro) Marvão - Roque Pinto Mértola - Pancada Monchique - Higya Monforte - Jardim Montemor-o-Novo - Misericórdia Montijo - Diogo Marques Mora - Canelas Pais (Cabeção), Falcão, Central (Pavia) Moura - Faria Mourão - Central Nazaré - Sousa, Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Ferreira Pinto Óbidos - Vital (Amoreira/Óbidos), Senhora da Ajuda (Gaeiras), Oliveira Oeiras - Ribeiro Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros), Garcia Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - Rocha Ourique - Nova (Garvão), Ouriquense Palmela - Central do Pinhal Novo Penamacor - Melo Peniche - Higiénica Ponte de Sor - Varela Dias Portalegre - Chambel Suc. Portel - Fialho Portimão - Carvalho Proença-a-Nova - Roda, Daniel de Matos (Sobreira Formosa) Redondo - Xavier da Cunha Reguengos de Monsaraz - Moderna Santiago do Cacém - Corte Real Seixal - Além Tejo Serpa - Serpa Jardim Sertã - Lima da Silva, Farinha (Cernache do Bonjardim) Sesimbra - da Cotovia Setúbal - Bocagiana, Cunha Pinheiro Silves - Cruz de Portugal, Dias Neves Sines - Atlântico, Monteiro Telhada (Porto Covo) Sintra - Rodrigues Garcia (Agualva), Domus Massamá (Massamá), Dumas Brousse (Rinchoa) Sobral Monte Agraço - Costa Sousel - Mendes Dordio (Cano), Andrade Tavira - Montepio Artistico Tavirense Torres Vedras - Torres Vedras Vendas Novas - Nova Viana do Alentejo - Nova Vidigueira - Pulido Suc. Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira - Nova Alverca Vila Real de Santo António - Carrilho Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Torrinha Alvito - Baronia Redondo - Alentejo

Gringo M14. 21h20; Tomb Raider: O Começo M12. 22h; Sherlock Gnomes M6. 14h50, 17h, 19h10 (V.Port./2D); Ready Player One: Jogador 1 M12. 15h, 18h, 21h, 24h; Peter Rabbit M6. 15h10, 17h30, 19h40 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 15h30, 18h30, 21h30

Torres Novas Castello Lopes - TorreShoppingBairro Nicho - Ponte Nova. T. 249830752Tomb Raider: O Começo M12. 21h10; Braven M12. 21h20; Ready Player One: Jogador 1 M12. 12h45, 15h30, 18h20; Peter Rabbit M6. 13h, 15h20, 18h30 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 13h, 15h40, 18h10, 21h15, 23h35

Torres Vedras Cinemas Nos Torres VedrasC.C. Arena Shopping. T. 16996Gringo M14. 21h40; Tomb Raider: O Começo M12. 13h, 15h45, 18h40, 21h20; Sherlock Gnomes M6. 12h50, 15h, 17h20, 19h30 (V.Port./2D); Braven M12. 21h; Ready Player One: Jogador 1 M12. 13h45, 17h, 20h45; Peter Rabbit M6. 13h10, 15h30, 18h (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 13h30, 16h, 18h30, 21h30

Santarém Castello Lopes - SantarémLargo Cândido dos Reis. T. 243309340Réplica Violenta M16. 16h, 18h30, 21h20; Hostis M12. 21h; Tomb Raider: O Começo M12. 15h50, 18h30, 21h10; Maria Madalena M12. 15h40, 18h20; Ready Player One: Jogador 1 M12. 15h25, 18h10, 21h15; Operação Entebbe 21h45; Peter Rabbit M6. 15h20, 17h30, 21h40 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 15h45, 18h40, 21h30

Setúbal Auditório CharlotAv. Dr. António Manuel Gamito, 11. T. 265522446Chavela M12. 21h30 Cinema City Alegro SetúbalCentro Comercial Alegro Setúbal. T. 265239853Cinema Paraíso M12. 19h; Três Cartazes à Beira da Estrada M16. 14h; Réplica Violenta M16. 13h30, 15h20, 19h25, 21h40, 23h40; Patrulha de Gnomos M6. 13h15, 15h10 (V.Port./2D); Black Panther M12. 18h40, 21h25, 00h10; A Agente Vermelha M16. 21h15, 00h05; A Idade da Pedra M6. 13h40, 15h40, 17h40 (V.Port./2D); Gringo M14. 21h55, 00h20; Tomb Raider: O Começo M12. 13h40, 16h10, 17h05, 19h30, 22h, 00h30; The Strangers - Predadores da Noite M16. 23h50; Maria Madalena M12. 16h20; Sherlock Gnomes M6. 13h50, 15h50, 17h50, 19h50 (V.Port./2D) ; Ready Player One: Jogador 1 M12. 13h10, 16h, 18h50, 21h10, 24h; Operação Entebbe 21h35; Peter Rabbit M6. 11h20, 13h25, 15h30, 17h35, 19h40, 21h45 (V.Port./2D) ; Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 13h25, 15h45, 17h10, 18h30, 19h40, 21h50, 00h15; The Wailing - O Lamento M16. 23h55

Évora Cinemas Nos Évora PlazaCentro Comercial Évora Plaza, loja n.º 1, Rua Luís Adelino Fonseca, lote 4. A Agente Vermelha M16. 21h, 24h; Tomb Raider: O Começo M12. 13h10, 15h50, 18h40, 21h40, 00h25; Aparição M12. 21h10, 23h50; Sherlock Gnomes M6. 13h, 15h10, 17h10, 19h10 (V.Port./2D); Ready Player One: Jogador 1 M12. 12h20, 15h20, 18h20, 21h20, 00h20; Peter Rabbit M6. 13h20, 16h, 18h10 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 12h50, 15h40, 18h30, 21h30, 00h10

AS ESTRELAS DO PÚBLICO

JorgeMourinha

Luís M. Oliveira

Vasco Câmara

a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente

Aparição mmmmm – mmmmm

Cinema Novo mmmmm mmmmm mmmmm

Colo mmmmm mmmmm mmmmm

Custódia Partilhada – mmmmm mmmmm

Hostis mmmmm – –Madame – mmmmm –Manifesto – mmmmm mmmmm

No Intenso Agora mmmmm mmmmm mmmmm

Operação Entebbe mmmmm – –The Wailing - O Lamento – mmmmm mmmmm

Ready Player One mmmmm mmmmm mmmmm

O Terceiro Assassinato – mmmmm mmmmm

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34 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018

CINEMACold Mountain AXN Black, 22hBaseado no romance homónimo

de Charles Frazier, Cold Mountain

conta a história de Inman ( Jude

Law), um soldado ferido durante a

Guerra Civil americana, que tenta

regressar a casa, nas montanhas

da Carolina do Norte, onde a sua

amada, Ada (Nicole Kidman), o

espera. Ada, por seu turno, tenta

gerir e proteger a quinta do pai

com a ajuda de Ruby (Renée

Zellweger, Óscar de Melhor Actriz

Secundária). Um multipremiado

drama, de Anthony Minghella.

Um Homem SingularAXN White, 23h10Los Angeles, 30 de Novembro

de 1962. Depois da trágica morte

de Jim (Matthew Goode), seu

companheiro dos últimos 16

anos, nada parece fazer sentido

para o professor George Falconer

(Colin Firth). Tudo lhe relembra

a felicidade perdida e nem a sua

velha amiga Charley ( Juliane

Moore) o consegue tirar do torpor

em que vive. Mas um encontro

com Kenny (Nicholas Hoult), um

jovem aluno das suas aulas de

inglês que parece seguir os seus

passos durante todo um dia,

vai fazer renascer a vontade de

começar tudo de novo. De Tom

Ford, valeu a Colin Firth o prémio

de Melhor Actor no Festival de

Veneza.

Nós Controlamos a NoiteHollywood, 23h15Nova Iorque, fi m dos anos 1980.

Com a explosão do tráfi co de

droga, a máfi a russa estende

a sua infl uência ao mundo da

noite. Bobby ( Joaquin Phoenix) é

o jovem gerente de um bar com

ligações àquele grupo criminoso.

Para continuar a sua ascensão

profi ssional, esconde o facto de

Joseph, o irmão, e Burt, o pai,

pertencerem à polícia nova-

iorquina. Mas a cada dia que passa,

os confrontos entre a máfi a e as

autoridades são mais violentos

e, face às ameaças contra a sua

família, Bobby terá de escolher de

que lado da batalha está. De James

Gray.

Diário de Uma Criada de Quarto RTP2, 23h49Adaptação cinematográfi ca do

romance homónimo do escritor,

crítico de arte e jornalista Octave

Mirbeau por Benoît Jacquot

(Adeus, Minha Rainha). Célestine

deixa Paris e vai trabalhar como

criada de quarto para a casa dos

Lanlaire, uma família endinheirada

de uma zona rural francesa. Jovem

e muito bela, vai evitando os

avanços do patrão, que usa da sua

posição de poder para seduzir as

empregadas. É então que conhece

Joseph, um homem que guarda

os seus próprios segredos e que

a ajuda a lidar com a senhora

da casa, uma pessoa autoritária

e caprichosa que inveja a sua

juventude e beleza…

INFORMAÇÃO

Prós e Contras: Eutanásia RTP1, 21h07Três projectos de lei entraram

no Parlamento, mas há quem

considere que este é um assunto

que deve ser decidido após

referendo. Quem, como e quando

deve decidir o momento da nossa

morte?

SÉRIES

For the People Fox Life, 22h20Passada no tribunal distrital do

Sul de Nova Iorque, uma série

que segue advogados em início

de carreira que integram a defesa

e a acusação nos casos de maior

relevo e maior risco do país...

e, enquanto isso, as suas vidas

vão-se cruzando dentro e fora da

sala de audiência. Com Jasmin

Savoy Brown, Wesam Keesh e Britt

Robertson.

Chicago Fire TVI, 1h20A segunda temporada de uma

série que segue o quotidiano dos

bombeiros e paramédicos do

51.º Quartel. Jesse Spencer é o

tenente Matthew Casey, o líder da

equipa de operacionais que reúne

o intrépido ten. Kelly Severide

(Taylor Kinney), o veterano

chefe Wallace Boden (Eamonn

Walker), Gabriella Dawson (Monica

Raymund), uma paramédica

de racciocínio rápido e grande

coragem, a efi ciente e dedicada

Leslie Shay (Lauren German), o

experiente bombeiro Christopher

Hermann (David Eigenberg) e

o novato Peter Mills (Charlie

Barnett).

DOCUMENTÁRIO

Terra Secreta História, 22h03Craig Beals, professor de Ciências

de um liceu em Montana, tem uma

missão na vida: explorar e revelar

os segredos mais surpreendentes

do planeta. Desta feita, investiga

um dos maiores mistérios da

América, mesmo junto a sua casa:

o supervulcão de Yellowstone.

Televisão [email protected]

FICAR

RTP 16.30 Bom Dia Portugal 10.00 A Praça 12.13 As Receitas Lá de Casa 13.00 Jornal da Tarde 14.19 O Sábio 14.45 Agora Nós 17.30 Portugal em Directo 19.08 O Preço Certo 19.59 Telejornal 21.07 Prós e Contras: Eutanásia 22.40 Anos a Viver Perigosamente 23.39 Sem Ofensa 0.37 O Sábio 1.03 5 Para a Meia-Noite 2.44 Missão: 100% Português 3.43 Televendas

RTP 27.00 Zig Zag 10.31 Bob’s Burgers 10.53 Euronews 11.36 Lendas do Tofu 12.04 Curso de Cultura Geral 12.59 Candice Renoir 14.00 Sociedade Civil: Pontes de Portugal 15.03 A Fé dos Homens 15.37 Uma Nova Vida 16.30 Magnífica Itália 16.59 Zig Zag 20.58 Bob’s Burgers 21.20 Hora da Sorte - Lotaria 21.30 Jornal 2 22.12 Crónicas, uma História Familiar 23.15 Visita Guiada 23.49 Diário de uma Criada de Quarto 1.24 Club Atlas 1.56 Esec-Tv 2.24 Sociedade Civil 3.26 SMS - Ser Mais Sabedor 3.50 Euronews 5.02 Bem-Vindos a Beirais 5.48 Os Nossos Dias

SIC6.00 Edição da Manhã 9.30 Queridas Manhãs 13.00 Primeiro Jornal 14.45 Mar Salgado 16.15 Sol de Inverno 18.15 Dr. Saúde 19.15 Linha Aberta 19.57 Jornal da Noite 21.35 Vidas Opostas 22.25 Paixão 23.00 Espelho d’Água 23.55 O Outro Lado do Paraíso 0.50 Investigação Criminal 1.45 CSI: Cyber 2.45 Poderosas

TVI6.00 Todos Iguais 6.30 Diário da Manhã 10.10 Você na TV! 13.00 Jornal da Uma 14.00 SOS 24 14.45 Sedução 15.30 Espírito Indomável 16.15 A Tarde é Sua 19.10 Apanha se Puderes 19.58 Jornal das 8 21.30 A Herdeira 22.45 Jogo Duplo 23.50 Secret Story 7 - Late-Night Secret 1.20 Chicago Fire 2.17 Anjo Meu 2.46 Olhos de Água

TVC111.15 The Accountant - Acerto de Contas 13.25 A Cidade Perdida de Z 15.40 Foge 17.25 Viver Depois de Ti 19.20 La La Land: Melodia de Amor 21.30 Gru - O Maldisposto 3 (V.O.) 23.05 A Canção de Lisboa (2016) 1.00

A Última Rapariga 2.30 Goat 4.20 Última Chamada Para Lado Nenhum

FOX MOVIES9.08 Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado 10.34 Ninja 11.54 Convoy: O Comboio dos Duros 13.42 O Passado Não Perdoa 15.40 Dias do Paraíso 17.07 (500) Dias Com Summer 18.37 O Resgate do Soldado Ryan 21.15 Barb Wire: Bela e Perigosa 22.49 Desperado (1995) 0.27 Oficial e Cavalheiro 2.25 Os Três Dias do Condor 4.17 O Regresso do Ninja Americano

CANAL HOLLYWOOD10.30 Touro Enraivecido 12.40 Alex e Emma 14.15 O Fundamentalista Relutante 16.25 Gangsters da Velha Guarda 18.05 Getaway - Em Fuga 19.40 Tango e Cash 21.30 Desaparecido em Combate 23.15 Nós Controlamos a Noite 1.15 O Escolhido 2.55 Sleepers - Sentimento de Revolta 5.20 Assassinos

AXN13.12 Mentes Criminosas 13.56 Investigação Criminal 16.15 Nome de Código: Cloverfield 17.32 Investigação Criminal 18.17 Mentes Criminosas 19.49 Chicago Fire 20.35 The Blacklist 21.24 S.W.A.T.: Força de Intervenção 23.11 Chicago Fire 0.06 Out of Time - Tempo Limite 1.54 S.W.A.T.: Força de Intervenção 2.41 Castle 4.11 Castle 4.55 Investigação Criminal

AXN BLACK13.31 Stay - Entre a Vida e a Morte 15.03 iZombie 16.34 A Casa Assombrada 18.01 As Quatro Penas Brancas 20.08 Casanova 22.00 Cold Mountain 0.34 O Comboio das 3 e 10 2.30 As Quatro Penas Brancas 4.33 Velas Negras

AXN WHITE14.28 The Player 15.14 Dr. Ken 15.38 A Teoria do Big Bang 16.01 Enquanto Estiveres Aí... 17.33 A Mulher da Casa 19.15 Psych - Agentes Especiais 20.49 A Teoria do Big Bang 21.12 Dr. Ken 21.38 A Teoria do Big Bang 23.10 Um Homem Singular 0.46 Dr. Ken 1.09 Crossing Lines 2.02 The Player 2.48 Mágoas de Grandeza 3.32 Infiéis 4.18 Crossing Lines 5.10 The Player

FOX13.58 Hawai Força Especial 15.31 Investigação Criminal: Los Angeles 17.04 C.S.I. 17.53 C.S.I. Miami 18.44 Hawai Força Especial 20.24 Investigação Criminal: Los Angeles 22.15 The Walking Dead 23.15 Legion 0.19 Resident Evil: Ressurreição 2.05 Hawai Força Especial 3.34 C.S.I. Miami

FOX LIFE14.41 Abduction of Angie 16.08 Heart of the Matter 17.36 A Lover Betrayed 19.05 Ossos 20.39 Anatomia de Grey 22.20 For the People 23.12 Lei & Ordem: Unidade Especial 0.05 Resposta Rápida 1.40 Star 2.24 No Limite 3.21 Rizzoli & Isles 4.50 Ossos

DISNEY15.21 Lab Rats 16.08 Gravity Falls 16.53 Phineas e Ferb 17.41 Mickey Mouse - Edição Especial 18.05 Star Contra as Forças do Mal 18.29 A Lei de Milo Murphy 18.53 Miraculous - As Aventuras de Ladybug 19.42 A Irmã do Meio 20.30 Bizaardvark

DISCOVERY17.20 Alasca: A Última Fronteira 19.10 Desmontar a História 23.50 Aliens: Ficheiros Abertos 0.40 Desmontar a História 2.15 Segredos do Universo Com Morgan Freeman 3.00 Caçadores de Mitos: A Nova Geração 4.30 Leilões Em Família 5.00 Caçadores de Leilões

HISTÓRIA17.00 Top 10 da Antiguidade 18.23 A Maldição do Republic 20.37 O Preço da História 22.03 Terra Secreta 22.45 Megaterramoto 0.15 Apocalipse Climático 1.39 Caça aos Nazis 3.12 Animais e Nazis 4.05 Hitler

ODISSEIA17.42 Zâmbia Selvagem 18.29 Mergulhar Com Tubarões 19.20 Titãs das Profundezas 20.11 Mortos de Tanto Rir! 20.57 Resgate na Praia 21.42 Perigo Extremo 22.30 Cyberwar 23.13 Gaycation 23.58 Cyberwar 0.42 1000 Formas de Morrer 1.25 O Guerreiro Mais Letal 2.09 Diários da Bicicleta 2.55 Mortos de Tanto Rir! 3.44 Resgate na Praia 4.15 Perigo Extremo 5.10 Selvagens

Os mais vistos da TVSábado, 7

FONTE: CAEM

TVISICTVISICSIC

13,611,6

10,69,18,8

Aud.% Share

27,123,223,219,823,2

RTP1

RTP2

SICTVI

Cabo

11,5%%

1,316,4

19,7

38,2

A Herdeira IIPaixão IIJornal Das 8Jornal Da NoiteEspelho D'água

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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 35

CRUZADAS 10.215

SUDOKU

TEMPO PARA HOJE

A M A N H Ã

Açores

Madeira

NascentePoente

Marés

Preia-mar

Leixões Cascais Faro

Baixa-mar

Fonte: www.AccuWeather.com

PontaDelgada

Funchal

Sol

Viana do Castelo

Braga7º 16º

Porto8º 14º

Vila Real3º 12º

8º 14º

Bragança3º 12º

Guarda0º 6º

Penhas Douradas-2º 3º

Viseu2º 10º

Aveiro7º 14º

Coimbra6º 12º

Leiria6º 14º

Santarém5º 16º

Portalegre3º 10º

Lisboa6º 15º

Setúbal6º 16º Évora

5º 15º

Beja5º 15º

Castelo Branco4º 12º

Sines7º 15º

Sagres9º 16º

Faro7º 16º

CorvoGraciosa

Faial

Pico

S. Jorge

S. Miguel

Porto Santo

Sta Maria

15º 19º

13º 19º

FloresTerceira11º 18º

14º 18º

14º 20º

12º 18º

17º

15º

07h0920h08

1-2m

2m

17º

2-3m

18º1-2m

18º

5-6m

11h03 2,423h29 2,5

17h10 1,506h02* 1,4

10h39 2,423h07 2,6

16h47 1,605h39* 1,5

10h36 2,323h07 2,5

16h47 1,505h40* 1,4

4-5m

4-5m

2-3m

13º

14º

17º

Lua Nova

02h5716 Abr.

Horizontais: 1. Faz pressão de cima para baixo. Restabelecer a saúde de. 2. Pontapé numa bola. Ligação (fig.). 3. Sucedâneo do iodofórmio. Tanque onde se espremem ou pisam certos frutos. 4. Armada Portuguesa (sigla). Substituir por coisa nova ou melhor. 5. Corrida de embarcações. Artigo antigo. 6. Presidente da República (abrev.). Espaço de 12 meses. Oferta Pública de Aquisição (acrónimo). 7. Antes do meio-dia. O qual. Seguir até. 8. Comida típica com peixe, azei-te de dendê e quiabo (Angola). Milímetro (abrev.). 9. Abreviatura de Anno Domini. Que produz leite. 10. Tentativa. Partícula de negação. 11. Plantio de amieiros. Mula.

Verticais: 1. Ranger. Respeita. 2. Organização dos Países Exportadores de Petróleo. Espécie de pato. 3. Sigla de Liquid Cristal Display. Almofariz. Letra grega correspondente a n. 4. Derrama lágrimas. Coima. 5. Tocador de aulo ou de flauta. Fiel. 6. Tinta-da-china. 7. Regaço. Alternativa. Possui. 8. Eu te saúdo! (interj.). Nome da letra M. 9. Prazer. Jazigo de minérios. 10. Em forma de asa. Décima sexta letra do alfabeto grego. Batráquio. 11. Grande porção (popular). Desenho humorístico ou satírico publicado normalmente em revistas ou jornais.

Depois do problema resolvido encontre o título de uma obra de Hong Zheng (3 palavras).

Solução do problema anteriorHorizontais: 1. Arruma. Algo. 2. Manso. Pluri. 3. EM. Esfiapar. 4. CERRADA. 5. BOCA. AM. 6. Auxese. Abar. 7. Vial. NE. Ulo. 8. Ar. Estuar. 9. Ciar. Rena. 10. Anormal. Lã. 11. Rodo. Mau. Ou.Verticais: 1. Amei. Avatar. 2. RAM. Buir. No. 3. Rn. Coxa. COD. 4. Use. Celeiro. 5. MOSCAS. Sam. 6. Fe. ENTRAM. 7. Pira. Eu. LA. 8. Alarma. Ar. 9. Lupa. Burel. 10. Gradual. NÃO. 11. Oira. Roda.Provérbio: Em boca cerrada não entram moscas.

Problema 8204Dificuldade: Fácil

Problema 8205Dificuldade: Médio

Solução do problema 8202

Solução do problema 8203

© Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com

JOGOS

BRIDGE

Oeste Norte Este Sul 1♥2♥ (1) X passo 3♥passo 4♥ Todos passam

Leilão: Equipas ou partida livre. (1) Michael´s cue-bid – bicolor espadas e um naipe menor, 5-5 pelo menos.

Carteio: Saída: A♣. Oeste joga de segui-da o Rei e a Dama de paus, onde Este assis-te das três vezes e Sul corta. Qual a melhor linha de jogo?

Solução: Apesar da intervenção de Oeste sugerir que esteja curto a copas, não é ne-cessário correr o risco de jogar copa para o Ás e outra copa para o 10 para fazer a passagem ao Valete, pois pode perder pa-ra um Valete segundo em Oeste. Graças à técnica de “redução de trunfo” é sempre possível capturar um Valete de trunfo à quarta em Este, e sem grande dificulda-de. Vejamos: jogue copa para o Ás e outra

Dador: SulVul: Todos

NORTE♠ K42♥ A6♦ K9632♣ 753

SUL ♠ AJ♥ KQ10943♦ A105♣ J6

OESTE♠ Q10973♥ 5♦ Q7♣AKQ102

ESTE♠ 865♥ J872♦J84♣ 984

João Fanha/Pedro Morbey ([email protected])

copa para o Rei. Quando Oeste não assistir não desespere, jogue agora Ás, Rei e espa-da cortada e Ás, Rei e ouro para fora. A duas cartas do fim, um dos adversário encontra-se em mão e na sua mão terá Q10 de copas e Este J8, as duas últimas vazas serão suas, assim como o contrato.

Considere o seguinte leilão:Oeste Norte Este Sul passo passo passo?

O que marca com a seguinte mão?♠4 ♥KJ10972 ♦K1052 ♣K2

Resposta: Abra em 2 copas. Como já haví-amos referido, as barragens em quarta po-sição tem um significado diferente das que são feitas nas outras posições de abertura. Com um bom naipe sexto e cerca de uma dezena de pontos não hesite em abrir em 2 fraco, em quarta posição.

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36 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018

DESPORTO

Jogadores 1, Bruno Carvalho 0

Bruno de Carvalho saiu ontem do

banco de suplentes de Alvalade com

difi culdades em andar, no fi nal de

uma partida em que o conjunto “leo-

nino” bateu o Paços de Ferreira, por

2-0, mantendo as distâncias para os

lugares cimeiros da classifi cação da

Liga. Não se sabe o que sucedeu exac-

tamente ao presidente do Sporting,

que horas antes do encontro publi-

cou um comunicado no qual reitera-

va críticas aos jogadores, mantendo

a intenção de colocar sobre a alça-

da disciplinar os 18 que o criticaram

publicamente. O que não oferece

dúvidas é que, apesar da vitória da

equipa, a sua noite foi aziaga e não

apenas por motivos físicos.

Se os 41 mil espectadores que se

deslocaram ao estádio para assistir à

partida servirem de barómetro para

avaliar o estado de espírito da massa

associativa e adepta do clube em re-

lação à crise que estalou esta semana

na família “leonina”, Bruno de Car-

valho está a perder o braço-de-ferro

com a equipa. O próprio presidente

do Sporting o comprovou quando,

corajosamente, se sentou no banco e

foi brindado com uma chuva de asso-

bios e alguns lenços brancos, que se

repetiram ao intervalo e no fi nal.

Os jogadores, pelo contrário, me-

receram aplausos e palavras de in-

centivo da maioria das bancadas,

exceptuando da zona reservada à Ju-

ventude Leonina. Antes do apito ini-

cial, a claque mostrou uma tarja crí-

tica: “Jogadores: amar e sentir o clu-

be. Tudo o que vocês não sentem.”

Na partida propriamente dita, a

recente crise não causou mossa aos

futebolistas da casa, ou pelo menos

estes não o demonstraram. Frente a

um adversário que está a atravessar

uma boa fase, tendo inclusivamente

derrotado o FC Porto em casa (1-0),

o Sporting mostrou serenidade, con-

centração e paciência para impor os

seus argumentos.

Mesmo sem uma exibição de en-

cher o olho, o conjunto de Jorge Je-

sus, esteve sempre acima do Paços.

Não foi exactamente dominador, mas

controlou o encontro para evitar sur-

presas, especialmente depois de ter

inaugurado o marcador, aos 20’.

Um cruzamento da esquerda de

Bryan Ruiz, um toque subtil de cabe-

ça de Bruno Fernandes e outro cabe-

ceamento do incontornável Bas Dost

para as redes. O 24.º golo do ponta-

de-lança holandês no campeonato

tranquilizou a equipa.

O Paços de Ferreira defendia bem

(apesar da passividade no primeiro

golo), com as suas linhas muito próxi-

mas, criava difi culdades à construção

dos lisboetas, dividia a posse de bola

e até conseguia algumas transições

ofensivas esporádicas, mas nunca

representou grande perigo para a

baliza defendida por Rui Patrício.

A perder ao intervalo, os “cas-

tores” tiveram de arriscar mais e

o Sporting aproveitou para lançar

contra-ataques venenosos e passou

a ter mais espaço para organizar o

seu jogo ofensivo. Depois de quatro

ameaças (três delas consecutivas, aos

52’), os “leões” conseguiam mesmo

ampliar a vantagem, numa grande

jogada inventada por Gelson Martins,

aos 65’.

O extremo roubou uma bola à

defesa contrária, combinou com

Bruno Fernandes e fez um passe

atrasado que Bryan Ruiz concluiu

com o segundo golo. Os festejos dos

jogadores foram efusivos, mas bem

longe do banco onde estava Bruno

de Carvalho.

O resultado estava selado e o en-

contro, apesar das reacções das

bancadas, acabou por ser uma es-

pécie de anticlímax face aos aconte-

cimentos que a antecederam. Com

Crónica de jogoPaulo Curado

Sporting derrotou o Paços de Ferreira sem difi culdades numa partida em que os adeptos aplaudiram a equipa e apuparam o presidente

REACÇÃO

Tivemos uma semana complicada. Nunca tinha passado por uma situação como esta.Tive que perceber que tinha que defender um clube. Eu é que tive sempre do lado dos jogadores.Hoje tinha de haverjogo e com os melhores

Jorge JesusSporting

Positivo/Negativo

JogadoresApesar da “surpresa” que tiveram antes do encontro a equipa comportou-se de forma profissional e acabou por merecer o apoio dos adeptos. Foi uma espécie de bofetada de luva branca ao presidente.

Bryan RuizUma assistência e um golo do costa-riquenho transformaram-no na grande figura do encontro.

Bruno de CarvalhoFoi afoito ao ir para o banco, mas terá comprovado que está a perder os adeptos nesta “guerra” que iniciou com os jogadores. No final do jogo foi à sala de imprensa para queixar-se de “ingratidão”, repreendendo aqueles que o ofenderam das bancadas.

Sporting 2Bas Dost 20’, Bryan Ruiz 66’

Paços de Ferreira 0

Jogo no Estádio José Alvalade, em Lisboa.

Assistência 40.868 espectadores

Sporting Rui Patrício, Battaglia, Coates, Mathieu, Ristovski, Gelson, Wendel (Lumor, 67’), Bruno Fernandes (Palhinha, 88’), Acuña a67’, Bas Dost e Bryan Ruiz (Montero, 87’). Treinador Jorge Jesus.

Paços de Ferreira Mário Felgueiras, João Góis, Rui Correia, Miguel Vieira, Filipe Ferreira, Assis a86’, Rúben Micael (Vasco Rocha, 75’), Pedrinho, Mabil (Quiñónes, 58’), Luiz Phellype a37’ (Bruno Moreira, 73’) e Xavier. Treinador João Henriques.

Árbitro Bruno Esteves (AF Setúbal)

Bryan Ruiz festeja o segundo golo do Sporting frente ao Paços de Ferreira

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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 37

MIGUEL A. LOPES/LUSA

a ameaça dos castigos aos jogadores

contestatários a pairar resta agora

saber o ambiente que Jesus terá no

balneário para preparar a recepção

ao Atlético de Madrid. Os “leões”

vão entrar com uma desvantagem

de dois golos na segunda mão dos

quartos-de-fi nal da Liga Europa, na

próxima quinta-feira.

Para já, o comportamento da

equipa foi profi ssional e agradou os

adeptos. Estes poderão ser defi nitiva-

mente conquistados se os jogadores

conseguirem inverter a sua sorte na

segunda competição da UEFA ou, pe-

lo menos, se derem melhor réplica

do que aquela que ofereceram na ca-

pital espanhola. O treinador confes-

sou no fi nal do jogo que nunca pas-

sou por nada idêntico e disse ter es-

tado sempre do lado dos seus atletas.

[email protected]

CLASSIFICAÇÃOI LIGA

Jornada 29V. Guimarães-Rio Ave 3-0Tondela-Portimonense 1-1Estoril-Marítimo 2-2Feirense-Sp. Braga 2-2V. Setúbal-Benfica 1-1Desp. Chaves-Belenenses 1-1FC Porto-Desp. Aves 2-0Sporting-Paços Ferreira 2-0Moreirense-Boavista 20h, SPTV

J V E D M-S P1. Benfica 29 23 5 1 75-17 742. FC Porto 29 23 4 2 72-16 733. Sporting 29 22 5 3 55-18 684. Sp. Braga 29 21 2 6 65-26 655. Rio Ave 29 13 4 12 35-38 436. Marítimo 29 12 7 10 33-41 437. Desp. Chaves 29 10 7 12 34-46 378. Boavista 28 11 4 13 29-38 379. V. Guimarães 29 11 3 15 38-51 3610. Portimonense 29 9 8 12 44-50 35 11. Belenenses 29 8 9 12 26-37 3312. Tondela 29 8 7 14 32-41 3113. V. Setúbal 29 6 10 13 35-52 28 14. P. Ferreira 29 7 7 15 30-49 28 15. Desp. Aves 29 6 7 16 29-45 2516. Moreirense 28 6 7 15 25-43 2517. Feirense 29 7 3 19 27-44 2418. Estoril 29 6 5 18 26-58 23

Próxima jornada Paços Ferreira-Sp. Braga, Portimonense-Estoril, Desp. Aves-Feirense, Boavista-Desp. Chaves, V. Guimarães-V. Setúbal, Marítimo-Moreirense, Benfica-FC Porto, Belenenses-Sporting, Rio Ave-Tondela

II LIGAJornada 32Sp. Braga B-Cova da Piedade 1-0Nacional-Académica 1-0 Leixões-Santa Clara 1-0 Oliveirense-Sporting B 4-2Famalicão-Gil Vicente 2-0Sp. Covilhã-Varzim 2-0Penafiel-Benfica B 1-1Ac. Viseu-Real 2-2Arouca-V. Guimarães B 0-1FC Porto B-U. Madeira 2-l

J V E D M-S P1. Nacional 32 16 11 5 63-40 592. Santa Clara 32 16 7 9 44-34 553. Penafiel 32 15 9 8 48-38 54 4. Arouca 32 15 9 8 37-27 545. FC Porto B 32 16 4 12 46-43 526. Académica 32 15 6 11 53-36 517. Ac. Viseu 32 13 12 7 42-34 518. Leixões 32 12 12 8 43-36 489. Famalicão 32 13 7 12 40-38 4610. V. Guimarães B 32 13 6 13 41-43 4511. Benfica B 32 12 6 14 47-54 4212. Oliveirense 32 11 9 12 37-39 42 13. Sp. Covilhã 32 11 9 12 30-35 4214. Varzim 32 10 10 12 34-36 4015. Cova da Piedade 31 10 7 14 30-36 3716. Gil Vicente 32 8 9 15 26-39 3317. Sporting B 32 8 8 16 40-60 3218. União da Madeira 32 8 8 16 33-44 3219. Sp. Braga B 31 6 12 13 31-42 3020. Real 32 7 7 18 40-51 28

Próxima jornada Sporting B-Famalicão, Cova da Piedade-Oliveirense, V. Guimarães B -Penafiel, Varzim-Ac. Viseu, Real-Sp. Covilhã, Gil Vicente-Sp. Braga B, Santa Clara-Arouca, Benfica B-Leixões, U. Madeira-Nacional, Académica-FC Porto B

O presidente do Sporting, Bruno de

Carvalho, voltou a recorrer ao Fa-

cebook para criticar elementos do

plantel que, sem nomear, acusou de

“insinuações, intrigas e manipula-

ções de grupo”. Num comunicado

publicado a cerca de três horas do

encontro entre o Sporting e o Paços

de Ferreira em Alvalade, o líder “le-

onino” anunciou que “serão man-

tidos os processos disciplinares”

anunciados na sequência de uma

tomada de posição dos atletas con-

tra as críticas do presidente. Bruno

de Carvalho aproveitou ainda para

revelar o que se passou na véspera,

dando conta de pormenores da reu-

nião que o juntou a si, a Jorge Jesus

e ao plantel do clube.

“Quando a equipa de futebol re-

gressou de Madrid, os jogadores

pediram uma reunião com o presi-

dente. A mesma fi cou de imediato

marcada para este domingo, após

o jogo com o Paços de Ferreira. Em

seguida, foram ter com o treinador

abordando o mesmo assunto. A reu-

nião voltou a ser confi rmada, com

acordo de todos (...). Para espanto

do presidente, do treinador e de-

mais pessoas da estrutura, e ao arre-

pio de tudo o que estava combinado

entre todos, os atletas decidiram tra-

tar através dos seus Instagram aqui-

lo que tinha sido reclamado pelos

próprios como devendo ser tratado

internamente”, começou por afi r-

mar Bruno de Carvalho.

Depois, o líder “leonino” deu a

sua versão dos factos ocorridos no

sábado. “Durante o dia de ontem,

realizaram-se duas reuniões em

que, além do presidente, estiveram

presentes o team-manager, o treina-

dor e os atletas do plantel principal.

Coisa estranha, quisemos tratar de

tudo em família e dentro de casa,

como aliás nos tem sido pedido, e

eis que hoje [ontem] está tudo na

praça pública, plantado em todos

os jornais, com vários factos detur-

pados, truncados ou, simplesmente,

aldrabados”, acusa Bruno de Car-

valho.

O presidente sportinguista aponta

depois o dedo a alguns jogadores,

Bruno de Carvalho volta à carga e mantém processos disciplinares a jogadores

embora sem os nomear: “Na pri-

meira reunião, fi caram claras duas

coisas: a total lealdade do treinador

perante o presidente e quem foram

os grandes mentores de toda esta

questão, de que fazem parte jogado-

res que, há anos, exigem sair do clu-

be de todas as maneiras e feitios.”

Bruno de Carvalho revelou ainda

que um jogador o acusou de ter pe-

dido ao líder da claque Juventude

Leonina para agredir jogadores, ne-

gando que tal fosse verdade.

Bruno de Carvalho nega ainda

que tenha havido um pedido de re-

tratamento do presidente por parte

dos atletas. “É claro para todos que

quem manda no clube é o presiden-

te, pelo que os retratamentos ou não

Bruno de Carvalho

que possa ter necessidade de fazer

acontecerão sempre em actos elei-

torais ou AG com os Associados, e

nunca por exigência de assalariados

ou colaboradores do clube”, lê-se no

comunicado.

O homem forte de Alvalade, con-

tudo, voltou a apontar o dedo aos

atletas: “O presidente foi claro e

reafi rmou que no Sporting CP não

podemos estar perante grupos de

atletas que se queiram comportar

de forma sobranceira, e que têm,

de uma vez por todas, que se focar

na obrigação e missão de conquistar

títulos e agradar e fazer felizes os só-

cios e adeptos do Sporting CP. Não

podemos compactuar com jogui-

nhos de ‘bastidores’ internos, pre-

judicando os grupos e com atitudes

de ‘ameaças e pressões’ a colegas”,

acrescentou.

Para o fi m fi caram as “lições”. “O

presidente faz e age como quer e on-

de quer, sendo que a única coisa que

o move é e será sempre a defesa dos

superiores interesses do Sporting

CP”; “o presidente não age a mando

nem de atletas, nem de treinadores,

nem de presidentes ou membros de

outros órgãos sociais”; “o presidente

chegou à conclusão que a suspensão

imposta aos atletas não teria efeito

de castigo mas apenas serviria para

ser mais uma desculpa para que não

pudessem cumprir as suas funções

e as obrigações para que são pagos”

e “serão mantidos os processos dis-

ciplinares”.

Horas antes, também a Juventude

Leonina, uma das claques do Spor-

ting, tinha publicado um comunica-

do em que lançava alguns recados.

Começando por afi rmar que aquela

claque “não apoia um presidente,

um treinador ou um jogador” mas

“a instituição”, a Juve Leo “exige a

todos os profi ssionais que represen-

tam o Sporting Clube de Portugal ati-

tude, compromisso e que honrem e

dignifi quem um clube centenário”.

E termina, em jeito de aviso: “A Ju-

ventude Leonina estará atenta e não

irá permitir que ninguém ponha em

causa o nome e imagem do Sporting

Clube de Portugal.”

“O presidente foi claro e reafi rmou que no Sporting CP não podemos estar perante grupos de atletas que se queiram comportar de forma sobranceira”

Se querem a demissão há sítios próprios. Assobios, sim senhor. Agora, quem me chamou o que chamou, peço que vão chamar nomes mas à família delesBruno de CarvalhoPresidente do Sporting

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38 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018

DESPORTO

Otávio, agarrado por um colega festeja o seu golo frente ao Desportivo das Aves

JOSÉ COELHO/LUSA

A história recente mostrava que, na

véspera de defrontar o Benfi ca, o

FC Porto fraquejava — uma derrota

e três empates nos jogos anteriores

aos últimos quatro clássicos com os

benfi quistas —, mas, desta vez, os

portistas não vão defrontar o rival

de Lisboa beliscados por um deslize.

Pressionado pelo triunfo na véspera

do Benfi ca, o FC Porto não facilitou

na recepção ao Desportivo das Aves

e arrumou a questão num abrir e

fechar de olhos. Com golos de Alex

Telles, de grande penalidade, e Otá-

vio, a equipa de Sérgio Conceição

amarrou a vitória (2-0) nos primei-

ros 11 minutos e pôde então trocar o

“chip” e controlar o ritmo da parti-

da, já a pensar no clássico da próxi-

ma semana, no Estádio da Luz.

Com Danilo KO até ao fi nal da épo-

ca, e Marega e Corona ainda sem

condições para irem a jogo, Concei-

ção fez duas mudanças relativamen-

te ao “onze” que há uma semana

baqueou no Restelo: Osorio e Maxi

deram o lugar a Marcano e Otávio.

Com os lugares de despromoção

um ponto mais próximo (Feirense

e Estoril empataram), José Mota pro-

curou jogar no Dragão com caute-

las (4x5x1), mas com os dois golos

sofridos de rajada, a estratégia do

Desp. Aves nem tempo teve para ser

realmente testada.

Com um ritmo alto, os portistas ra-

pidamente empurraram os avenses

para perto da sua baliza e o primeiro

golo demorou oito minutos: Tissone

derrubou Ricardo na área e, desta

vez, não foi Sérgio Oliveira, Brahimi

ou Aboubakar a marcar a grande

penalidade. Alex Telles assumiu a

responsabilidade e, com um rema-

te de qualidade, não deu hipóteses

de defesa a Adriano. Três minutos

depois, Braga tentou aliviar dentro

da área, mas a bola acabou por ba-

ter nos pés de Otávio e só parou no

fundo da baliza do Desp. Aves.

A partir daí, com os pratos da

balança a penderem claramente

para os “dragões”, o jogo foi outro.

Apesar de os avenses, em contra-

ataque, lançarem tímidas amea-

ças, o FC Porto pôde dar-se ao luxo

de baixar o ritmo e gerir o esforço,

mas o terceiro dos “azuis-e-bran-

cos” esteve sempre mais próximo

do que o primeiro dos forasteiros.

Porém, Brahimi (acertou na barra),

Herrera, Soares e Alex Telles não

conseguiram voltar a bater Adriano.

Com a imprescindível vitória, o FC

Porto chegará no próximo fi m-de-se-

mana ao Estádio da Luz a um ponto

do Benfi ca e com hipóteses de reas-

sumir a liderança. Para o Desp. Aves,

o desafi o seguinte também será qua-

se uma “fi nal”: os avenses recebem

o Feirense e se perderam caem para

os lugares de despromoção.

Crónica de jogoDavid Andrade

Com golos de Alex Telles e Otávio, os “dragões” derrotaram o Desportivo das Aves, por 2-0, reduziram para um ponto a desvantagem para o Benfi ca e no próximo fi m-de-semana vão discutir a liderança na Luz

Em 11 minutos, o FC Porto trocou o “chip” a pensar no clássico

[email protected]

FC Porto 2Alex Telles 8’ (g.p.), Otávio 11’

Desp. Aves 0

Estádio do Dragão, no Porto

FC Porto Casillas, Ricardo, Marcano, Felipe, Alex Telles, Herrera, Sérgio Oliveira, Otávio (Óliver, 78’), Brahimi, Soares (Gonçalo Paciência, 88’), Aboubakar (Hernâni, 62’) Treinador Sérgio Conceição

Desp. Aves Adriano, Rodrigo a47’ Ponck, Diego Galo, Nildo, Amilton, Tissone, Falcão (Fariña, 55’), Pedrinho (El Houni, 72’), Braga a67’ (Derley, 82’), Guedes. Treinador José Mota

Árbitro Nuno Almeida (AF Algarve)

Positivo/Negativo

Alex Telles e RicardoOs dois laterais do FC Porto assumiram o protagonismo na partida e estiveram na origem da quase totalidade das oportunidades de golos dos “azuis-e-brancos”.

HerreraAo contrário de Sérgio Oliveira, que atravessa um momento de menor fulgor, o internacional mexicano está num excelente momento de forma.

AdrianoO experiente guarda-redes brasileiro evitou com um punhado de boas defesas que o Desp. Aves saísse do Dragão com uma derrota pesada.

AboubakarQualquer semelhança entre as exibições do avançado camaronês no início da época e as actuais é pura coincidência. Nos últimos 12 jogos, Aboubakar marcou apenas um golo.

REACÇÕES

“Foi uma primeira parte muito bem conseguida. Mais golo, menos golo, penso que o importante foi a resposta séria”Sérgio ConceiçãoFC Porto

“Um golo fortuito condicionou a nossa estratégia. São cinco finais que temos agora para disputar”

José MotaDesp. Aves

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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 39

DESPORTO

Cristiano Ronaldo marcou mas o Real Madrid não venceu

O Real Madrid estava avisado. A úl-

tima vitória que os “merengues” ti-

nham conseguido sobre o Atlético

de Madrid foi na época de 2013-14.

Depois disso, quatro jogos, com

dois triunfos para os “colchoneros”

e outros tantos empates. Ontem, no

Santiago Bernabéu, num derby em

que estava em disputa a hipótese

de a equipa de Zinedine Zidane se

aproximar do segundo posto da Liga

espanhola, na posse dos homens de

Diego Simeone, novo empate, deixou

os dois rivais à mesma distância de

quatro pontos, mas o Real caiu para

quarto, fruto do triunfo do Valência

sobre o Espanyol, com golo do ex-

benfi quista Rodrigo.

Nem o golaço de Cristiano Ronal-

do, aos 53’, com um pontapé de pri-

meira de pé direito, foi sufi ciente pa-

ra garantir o triunfo ao Real. É que

ainda os homens de branco estavam

a festejar a vantagem e já o francês

Antoine Griezmann, oportuno, após

um ressalto de bola na área adver-

sária, repunha a igualdade.

O português, que marcou o seu

46.º golo da época, em 43 jogos

(dos quais 26 foram em 2018, em

apenas 17 encontros), foi substituído

aos 64’ por Benzema e foi um dos

homens do jogo. O outro foi Oblak.

O guarda-redes esloveno negou ou-

tros dois golos ao português, aos 10’

e 20’, viu Marcelo acertar nos fer-

ros da sua baliza, aos 42’, e já per-

to do fi m, salvou os “colchoneros”

da derrota ao opor-se de forma su-

Atlético de Simeone volta a bater o pé ao Real de Zidane

SUSANA VERA/REUTERS

Futebol internacional Jorge Miguel Matias

Ronaldo marcou para os “merengues”, mas Griezmann repôs a igualdade para os “colchoneros”

a igualdade pelo mexicano “Chi-

charito” (73’), que tinha entrado em

campo instantes antes. Já o Arsenal,

sofreu para vencer em sua casa o

antepenúltimo Southampton, onde

Cédric foi titular, mas um “bis” de

Danny Welbeck, ajudou ao resulta-

do fi nal de 3-2, permitindo aos “gun-

ners” reforçarem o sexto lugar.

Em Itália, o Nápoles “salvou-se”

nos instantes fi nais. Com Mário Rui

a titular, a formação orientada por

Maurizio Sarri recebeu o Chievo Ve-

rona e só garantiu os três pontos no

período de descontos. Mais. Só a um

minuto dos 90’ deixou de estar em

desvantagem.

Sarri começou a desconfi ar de que

a tarde seria de sofrimento quando

o belga Dries Mertens, aos 51’, des-

perdiçou uma grande penalidade. O

cenário piorou aos 73’, depois de o

polaco Stepinski ter deixado o San

Paolo em estado de choque com o

golo que inaugurou o marcador. Mas

os napolitanos ainda foram a tempo

de dar a volta ao texto. O também po-

laco Milik (89’) repôs a igualdade e o

guineense Diawara, já nos descontos,

consumou a reviravolta. O Nápoles

segue assim no segundo lugar, a qua-

tro pontos da líder Juventus.

[email protected]

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Breves

Ciclismo

Voleibol

Peter Sagan vence pela primeira vez a Paris-Roubaix

Benfica bate Castêlo da Maia e conquista Taça de Portugal

O ciclista eslovaco Peter Sagan (Bora-Hansgrohe), tricampeão do mundo de estrada, venceu ontem a clássica Paris-Roubaix, ao atacar a mais de 50km da meta. Sagan, de 28 anos, impôs-se ao suíço Silvan Dillier (AG2R La Mondiale), cumprindo os 257km da 106.ª edição da prova em 5h54m06s. O português Nelson Oliveira (Movistar) caiu, tal como em 2017, e pode ter fracturado uma clavícula. Já Nuno Bico foi 91.º, a 17m41s do vencedor. Quem também caiu e ficou em estado grave foi o belga Michael Goolaerts (Vérandas Willems-Crélan).

O Benfica conquistou ontem a sua 17.ª Taça de Portugal, depois de derrotar o Castêlo da Maia na final, por 3-1. Os maiatos até entraram melhor, ao vencerem o primeiro parcial por 26-24, mas as “águias” reencontraram-se no segundo set e não mais deixaram o Castêlo tomar as rédeas do encontro, fechando os parciais em 25-18, 25-22 e 25-12.

blime a um livre de Sérgio Ramos.

Satisfeito com o resultado deve ter

fi cado o Barcelona, agora ainda mais

líder, já que passou a ter 11 pontos

de vantagem sobre o segundo a sete

jornadas do fi nal da prova.

Em Inglaterra, o campeão Chelsea

não foi além de um empate caseiro

a um golo com o vizinho West Ham

— João Mário foi titular e acabou

substituído aos 85’ — e fi cou ainda

mais longe dos lugares de acesso à

Liga dos Campeões (é agora quinto,

a dez pontos do Tottenham, quarto).

Em Stamford Bridge, Azpilicueta deu

vantagem aos “blues”, aos 39 minu-

tos, mas os “hammers” repuseram

CLASSIFICAÇÃOESPANHAJornada 31Deportivo-Málaga 3-2Alavés-Getafe 2-0Celta de Vigo-Sevilha 4-0Betis-Eibar 2-0Barcelona-Leganés 3-1Levante-Las Palmas 2-1Real Madrid-Atlético de Madrid 1-1Real Sociedad-Girona 5-0Valência-Espanyol 1-0Villarreal-Athletic Bilbau 20h, SP-TV2

J V E D M-S P1. Barcelona 31 24 7 0 79-16 792. Atl. de Madrid 31 20 8 3 51-15 683. Valência 31 20 5 6 59-31 654. Real Madrid 31 19 7 5 77-34 645. Betis 31 15 4 12 52-53 496. Villarreal 30 14 5 11 40-34 477. Sevilha 31 14 4 13 39-50 468. Girona 31 12 8 11 44-48 449. Celta de Vigo 31 12 7 12 50-4 4310. Eibar 31 11 7 13 36-45 4011. Getafe 31 10 9 12 35-30 3912. Real Sociedad 31 10 7 14 56-52 3713. Athletic Bilbau 30 8 12 10 30-34 3614. Leganés 31 10 6 15 26-39 3615. Espanyol 31 8 12 11 26-38 3616. Alavés 31 11 2 18 28-45 3517. Levante 31 6 13 12 28-45 3118. Deportivo 31 5 8 18 29-63 2319. Las Palmas 31 5 6 20 22-63 2120. Málaga 31 4 5 22 19-48 17

Próxima jornadaGirona-Betis, Sevilha-Villarreal, Barcelona-Valência, Leganés-Celta de Vigo, Las Palmas-Real Sociedad, Athletic Bilbau-Deportivo, Eibar-Alavés, Atlético de Madrid-Levante, Getafe-Espanyol, Málaga-Real Madrid

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40 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018

DESPORTO

AHMED JADALLAH/REUTERS

Sebastian Vettel deixou novamente Lewis Hamilton para trás

Depois da relativa monotonia do

Grande Prémio (GP) da Austrália,

que abriu a temporada de Fórmula

1, há 15 dias, a corrida do Bahrein

não defraudou ontem os apreciado-

res mais emotivos da competição

rainha do desporto automóvel. Não

houve novidade em relação ao ven-

cedor, o que signifi ca que Sebastian

Vettel continua a surpreender e a

bater a Mercedes. Mas o triunfo só

foi confi rmado mesmo no fi nal.

O alemão da Ferrari partia da pole

position e não se deixou ultrapas-

sar pela concorrência. Já o campeão

mundial Lewis Hamilton, apontado

como o grande candidato a mais um

título este ano, voltou a não ser feliz.

Arrancou da nona posição da grelha,

foi galgando posições ao longo da

corrida, mas fi cou-se pelo terceiro

lugar do pódio, atrás do seu compa-

nheiro de equipa Valtteri Bottas.

E foi o Mercedes do finlandês

quem maior luta deu a Vettel, ao

Vettel volta a surpreender e a bater Hamilton e a Mercedes

ponto de ter ameaçado o triunfo

do alemão nas derradeiras voltas,

quando Hamilton já estava distante

para ambicionar algo mais.

“Não tinha nada controlado, sa-

bia que ele [Bottas] me ia apanhar,

tentei ser o mais perfeito possível,

cuidei dos pneus e resultou”, resu-

miu o piloto da Ferrari, que não es-

condeu a euforia pelo triunfo ainda

aos comandos do monolugar: “Meus

pneus acabaram! Mamma mia!”

Mas nem tudo foi perfeito para a

equipa italiana no Barhein. É que

Kimi Raikkonen protagonizou um

acidente arrepiante numa paragem

para trocar de pneus. A equipa auto-

rizou o fi nlandês da Ferrari a voltar à

pista antes que um dos pneumáticos

estivesse correctamente fi xado. O

piloto acelerou e passou por cima

da perna esquerda do seu mecânico

(que sofreu uma fractura) quando

este ainda tentava terminar a opera-

ção e acabou por ter de abandonar a

prova ainda na zona das boxes.

Na corrida, uma das grandes sur-

presas acabou por ser o quarto lugar

alcançado pelo jovem francês, de

22 anos, Pierre Gasly. Distante dos

três homens da frente, o piloto da

Toro Rosso acabou por superar ad-

versários com melhores argumentos

competitivos.

Fórmula 1Paulo Curado

Piloto da Ferrari venceu segunda corrida da temporada à frente de Bottas e Hamilton e lidera confortável o campeonato

Miguel Oliveira garantiu ontem,

no Circuito Termas de Rio Hondo,

na Argentina, o primeiro pódio da

época. Na segunda de 19 provas do

Mundial de motociclismo de Moto2,

o piloto da KTM, que iniciou a prova

na sétima posição, partiu muito bem

e chegou ao segundo lugar logo na

primeira volta, mas após uma corri-

da emocionante e intensa, terminou

atrás de dois pilotos da Kalex: Mattia

Pasini e Xavi Vierge.

Com a pista no Norte da Argenti-

na com bastantes zonas húmidas e

sujas, o que difi cultava as ultrapas-

sagens, Miguel Oliveira começou

ao ataque e ainda antes da segunda

curva já era vice-líder, começando a

pressionar Mattia Pasini. A 11 voltas

do fi nal, o português concretizou a

ultrapassagem mas, pouco depois, o

italiano respondeu e obrigou Olivei-

ra a sair da trajectória para evitar o

contacto, perdendo duas posições.

No quarto lugar, o motard da KTM

iniciou nova recuperação e ainda vol-

tou à liderança, mas outra manobra

arriscada de Pasini levou o piloto de

Almada a abrir a trajectória e a cair,

mais uma vez, para quarto. Com qua-

tro voltas para o término da corrida,

Miguel Oliveira ainda se aproximou

dos primeiros, mas apenas conse-

guiu recuperar um lugar.

Miguel Oliveira garante na Argentina o primeiro pódio da época

No fi nal, o “44” da KTM admitiu que

deixou “a porta aberta” em alguns

momentos da corrida, mas disse que

”ainda assim é um desfecho bastante

positivo”: “Levamos muitos pontos

para casa e estou feliz por conseguir

este pódio.”

MotociclismoDavid Andrade

O português chegou a liderar, mas concluiu a segunda prova do Mundial de Moto2 no terceiro lugar

NICOLAS AGUILERA/EPA

Miguel Oliveira conseguiu na Argentina o melhor resultado da época

[email protected]

[email protected]

GP do Bahrein

Próxima corrida: GP da China, a 15 de Abril

Mundial de pilotos

Mundial de construtores

CLASSIFICAÇÕES

1.º S. Vettel Ferrari 1h32m01,940s2.º V. Bottas Mercedes a 0,699s3.º L.Hamilton Mercedes a 6,512s4.º P. Gasly Toro Rosso a 62,234s5.º K. Magnussen Haas a 1m15,046s6.º N. Hulkenberg Renault a 1m39,024s7.º F. Alonso McLaren a 1 volta8.º S. Vandoorne McLaren a 1 volta9.º M. Ericsson Sauber a 1 volta10.º E. Ocon Force India a 1 volta11.º C. Sainz Renault a 1 volta12.º S. Perez Force India a 1 volta13.º B. Hartley Toro Rosso a 1 volta14.º C. Leclerc Sauber a 1 volta15.º R. Grosjean Haas a 1 volta16.º L. Stroll Williams a 1 volta

1.º Sebastian Vettel 50 pts2.º Lewis Hamilton 333.º Valtteri Bottas 224.º Fernando Alonso 165.º Kimi Räikkönen 15

1.º Ferrari 65 pts2.º Mercedes 553.º McLaren 224.º Red Bull 205.º Renault 15

GP da ArgentinaMotoGP1.º Cal Crutchlow (Honda) 40m36,342s2.º Johann Zarco (Yamaha) a 0,251s3.º Alex Rins (Suzuki) a 2,501sMundial pilotos1.º Cal Crutchlow (Honda) 38 pontos2.º Andrea Dovizioso (Ducati) 353.º Johann Zarco (Yamaha) 28Moto21.º Mattia Pasini (Kalex) 40m37,538s2.º Xavi Vierge (Kalex) a 0,850s3.º Miguel Oliveira (KTM) a 1,414sMundial pilotos1.º Mattia Pasini (Kalex) 38 pontos2.º Lorenzo Baldassarri (Kalex) 333.º Francesco Bagnaia (Kalex) 32(…)5.º Miguel Oliveira (KTM) 27Moto31.º Marco Bezzecchi (KTM) 41m43,822s2.º Aron Canet (Honda) a 4,689s3.º Fabio Giannantonio (Honda) a 4,963Mundial pilotos1.º Aron Canet (Honda) 40 pontos2.º Jorge Martin (Honda) 30 pontos3.º Marco Bezzecchi (KTM) 27 pontos

Próxima corrida: GP EUA, 22 Abril

CLASSIFICAÇÕES

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CHEGOU A COLECÇÃO DAS GRANDES OBRAS DA BD ITALIANA.Colecção Bonelli,10 livros inéditos e exclusivos, em capa dura.Chegou a primeira colecção editada em Portugal, inteiramente dedicada à BD italiana. Reunindo oito das mais famosas personagens da Bonelli, com volumes a cores e volumes a preto e branco, numa edição inédita e exclusiva em capa dura, a Colecção Bonelli traz-nos 10 volumes com histórias inéditas em português, de Tex a Dampyr, de Dylan Dog a Dragonero. Às quintas-feiras, a arte italiana chega em forma de quadradinhos.

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chega em forma de quadradinhos.

QUINTA, 12 ABRCOM O PÚBLICO

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42 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018

ESPAÇO PÚBLICOO Governo apresenta hoje o programa Aldeias Seguras, através do qual as aldeias de maior risco vão ter um plano especial

que prevê a existência de planos de evacuação, locais de refúgio e um “oficial de segurança da aldeia”, que terá como missão, entre outras, organizar a evacuação do aglomerados em caso de necessidade. Um conjunto de medidas do Ministério da Administração Interna, liderado por Eduardo Cabrita, que se saúda. V.C.

Sérgio Conceição tinha dado o mote, na véspera do jogo entre o FC Porto e o Desportivo das Aves. Na jornada a seguir

à derrota no Restelo, que fez com que os “azuis e brancos” perdessem a liderança do campeonato, o treinador dos portistas declarou que o mais importante era reagir. E foi isso mesmo o que os “dragões” fizeram antes do clássico com o Benfica, do próximo domingo, fundamental para o desfecho deste campeonato. J.M.M.Eduardo Cabrita Sérgio Conceição

CARTAS AO DIRECTOR

Boas notícias sopram de FrançaNa busca de restaurar a confi ança

dos eleitores franceses, numa

classe política largamente

desacreditada, procurando

igualmente acelerar o processo

legislativo, Governo e líder

do Senado terão alcançado

um acordo em que o número

de deputados, na Assembleia

Nacional e no Senado sofrerá uma

redução da ordem dos 30%.

Defendo, para Portugal,

que o número de deputados

da Assembleia da República,

e os membros das autarquias,

devem ser substancialmente

reduzidos, para que os custos do

funcionamento das instituições

da democracia sejam menos

onerosos e as suas decisões sejam

também menos burocratizadas e,

consequentemente, mais céleres e

efi cientes.

As cartas destinadas a esta secção

devem indicar o nome e a morada

do autor, bem como um número

telefónico de contacto. O PÚBLICO

reserva-se o direito de seleccionar

e eventualmente reduzir os textos

não solicitados e não prestará

informação postal sobre eles.

Email: [email protected]

Telefone: 210 111 000

No que aos deputados diz

respeito, tenho sido menos

ambicioso ao propor que a

redução seja de 49 parlamentares,

não chegando aos 30% da França,

fi cando pelos 21,3%.

Não sendo ingénuo, não

tenho ilusões de que os partidos

políticos portugueses, por sua

iniciativa, alguma vez imitarão

os seus colegas gauleses, donde

concluir que só forças externas

aos partidos poderão reforçar

as instituições democráticas,

inclusive pela via da economia de

custos, terapia que contribuirá

para que os recursos estatais

sejam orientados para sectores

mais carecidos de receitas para

o bem-estar dos portugueses,

nomeadamente para a saúde,

para a educação, para a

conservação e manutenção

dos equipamentos sociais e

outros que, efectivamente, são

verdadeiramente alavancas da

qualidade de vida dos cidadãos,

do desejado funcionamento dos

serviços públicos, ou da imagem

de um Estado respeitado pelos

outros.

No actual quadro político, o

Presidente da República deve usar

a sua magistratura de infl uência

junto dos líderes partidários

sensibilizando-os para a

necessidade urgente de seguirem

o exemplo dos seus pares

parisienses, ou continuaremos a

assistir à degradação da imagem

da democracia.

A. Álvaro de Sousa

Valongo

Injustiça nos tribunais

Ultimamente têm decorrido

reuniões dos dois sindicatos

representativos dos ofi ciais de

Justiça, o SFJ e o SOJ, com a

ministra da Justiça sobre o novo

estatuto. Há duas situações muito

injustas, a que quem trabalha

nos tribunais não pode fi car

alheio, ou seja, na função de

escrivão auxiliares e técnicos de

justiça auxiliar, há centenas de

funcionários com 20 e mais anos

de serviço a receberem à volta

dos 900 euros líquidos, já com os

10% da recuperação processual

incluída.

Em termos de trabalho, um

escrivão auxiliar tem as mesmas

funções que um escrivão

adjunto, mas os vencimentos

são totalmente diferentes a favor

dos adjuntos. Outra situação é

a dos técnicos operacionais, a

maioria a receber menos do que

o salário mínimo, uma vez que os

vencimentos estão congelados.

Por incrível que pareça, estas

duas situações não foram objecto

de propostas dos sindicatos,

prevalecendo o silêncio.

Alberto Vieira

Porto

Para quem fala Mário Centeno?

Vítor CostaEditorial

Asemana que hoje começa será

determinante para o que resta

da actual legislatura em termos

económicos. O Governo tem

de entregar o Programa de

Estabilidade em Bruxelas até ao

fi nal do mês e, nesse sentido, deverá

aprovar e apresentar o documento

fi nal no Parlamento até ao fi m

desta semana. Ficaremos, então, a

conhecer o que espera o Governo

que aconteça à economia portuguesa

até 2022. E que política pretende

prosseguir, nomeadamente até às

legislativas de 2019. Mas até que o

documento esteja defi nitivamente

fechado, as negociações entre

Partido Socialista, Bloco de Esquerda

e Partido Comunista prosseguem.

Nada de novo. É o procedimento

habitual. Este contexto serve apenas

para isso mesmo. É o contexto

necessário para se ler o artigo de

opinião do ministro das Finanças

que hoje publicamos nas páginas 16

e 17. São mais de 7000 caracteres em

que, na sua esmagadora maioria,

Mário Centeno enumera os sucessos

registados pela economia portuguesa

desde que assumiu o comando das

Finanças. Desde a recapitalização

da banca à descida do desemprego e

da factura com juros ou à polémica

sobre a carga e a pressão fi scal. Estão

lá todos os indicadores económicos

que permitem ao Governo fazer o

auto-elogio da política seguida.

Mas é nos caracteres que escapam

à esmagadora maioria do artigo que

está a sua parte mais importante.

É no espaço que escapa à análise

de 2017 que Mário Centeno traça

o caminho. “Não podemos perder

mais uma oportunidade”, lembra o

ministro das Finanças, adiantando

que temos de estar preparados

para cenários adversos e que não

podemos voltar a entrar em défi ce

excessivo. E Centeno lembra

também o que todos sabemos. Nesse

aspecto, Portugal não tem uma

memória feliz.

Mário Centeno garante ainda que

o Governo continuará a apostar

na Saúde e na Educação, desde

que assegurando “margem fi scal e

orçamental” para enfrentar futuras

crises e, assim, “os resultados

conquistados não sejam efémeros”.

Mas é nos últimos caracteres

que o ministro diz tudo. Quase em

jeito de ameaça, Centeno diz que

não colocará em risco o sucesso

alcançado.

À primeira vista, podemos ser

levados a pensar que são recados

para os partidos à esquerda do PS

que suportam o Governo. Mas são

muito mais que isso. São recados

para o próprio PS e para o Governo.

O futuro dirá se Mário Centeno

teve a força para impedir que, como

no passado, os sucessos alcançados

se esfumem.

[email protected]

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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 43

ESCRITO NA PEDRA

Os homens não viveriam muito tempo em sociedade se não fossem enganados uns pelos outrosLa Rochefoucauld (1613-1680), escritor e moralista francês

O presidente do Sporting parece cada vez mais sozinho. Antes de o jogo com o Paços de Ferreira começar, voltou a recorrer ao

Facebook para criticar os jogadores. Mas quando subiu ao relvado para se sentar no banco dos suplentes, ouviu os assobios dos adeptos e pedidos de demissão. A cada golo do Sporting, os jogadores, longe do banco, uniram-se para festejar. No final do jogo, apesar da vitória, houve lenços brancos dirigidos a Bruno de Carvalho. V.C.

As imagens que nos chegam da Síria são, mais uma vez, aterradoras: muitos civis mortos, na sua maioria mulheres e

crianças, encurralados em abrigos subterrâneos e sem hipótese de fuga. ONG e Capacetes Brancos no terreno dizem que foi usado gás de cloro nos ataques governamentais em Douma, enquanto Assad nega, garantindo que as imagens “são fabricadas”. Só que o passado não lhe é favorável, tantas foram as atrocidades já ali cometidas. N.P.Bruno de Carvalho Bashar al-Assad

Os clubes do tédio

O debate político português é

marcado pela ausência de

pensamento. Ninguém pensa.

Ninguém diz que não sabe.

Ninguém se interessa por

ninguém. Toda a gente já sabe

o que vai dizer.

Não há debate porque nada

está em aberto. Ninguém

muda de opinião. Ninguém

se deixa convencer. Nem sequer querem

ouvir o que os outros têm para dizer — e

têm razão. Já se sabe o que cada um vai

dizer. Porque nunca param para pensar, a

ver se lhes ocorre uma coisa nova (não digo

original) para dizer.

Não há sequer opiniões. Só há posições,

sempre as mesmas, mecanicamente

desdobradas para cobrir todas as

eventualidades. É como se esquerda,

centro-esquerda e direita se tivessem

reduzido ao Porto, Sporting e Benfi ca.

A vantagem de ser do Benfi ca ou do

Sporting ou do Porto é saber de antemão

quem se vai defender. A previsibilidade

consola e poupa a massa cinzenta.

No futebol essa lealdade faz sentido. No

debate político é absurdo. A previsibilidade

é a negação dum debate. A sensação é a

mesma que ver um mau fi lme pela vigésima

vez — só que nunca nos sujeitamos a ver

um mau fi lme pela vigésima vez. E não

é só porque já sabemos tudo o que vai

acontecer. É porque nem um bom fi lme

queremos ver vinte vezes.

Mas sujeitamo-nos a ver o mesmo

repetitivo e monótono debate político

centenas de vezes. Porquê? Assistir a eles

ainda é pior do que participar neles. O que

é que aprendemos? Só uma coisa: que eles

continuam na preguiça defensiva do piloto

automático porque sabem que ninguém

está a ouvir. Têm razão.

Miguel Esteves CardosoAinda ontem

EM PUBLICO.PT

Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores

Um “documento bruto” da história cigana

Depois do Dia Internacional das Pessoas Ciganas, que se assinalou ontem, uma oportunidade para rever no P3 o que a agência Magnum chamou “um dos ensaios fotográficos de referência do século XX” — Gypsies, de Jousef Koudelka.

http://p3.publico.pt

Um barco sem “travões” e um rombo milionário

Era uma das mansões mais caras da Turquia e um testemunho da arquitectura otomana. No sábado, porém, um cargueiro desgovernado destruiu a Hekimbasi Salih Efendi, nas margens do Bósforo, em Istambul. O momento ficou registado em vídeo.

https://www.publico.pt/mundo

Veículos de duas rodas movidos a pedais

Ainda a propósito do golo acrobático de Cristiano Ronaldo frente à Juventus, o podcast Planisférico dá mais uma volta ao mundo do futebol e conta a história dos pontapés de bicicleta.

https://www.publico.pt/podcasts

SEM COMENTÁRIOS GOLD COAST, AUSTRÁLIA

DAVI

D G

RAY/

REU

TERS

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44 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018

que um número crescente de autores,

como Cynthia Estlund, em Extending

the Case for Workplace Transparency to

Information About Pay, argumentam

que a transparência tem o potencial de

diminuir as disparidades salariais entre

trabalhadores semelhantes, com destaque

para a desigualdade por género ou raça,

dentro de empresas e instituições.

A partir do

momento em

que cada um de

nós conhece o

salário de outros

trabalhadores, da

mesma empresa

ou de empresas

do mesmo setor

ou região, pode de

imediato detetar a

discricionariedade

de remuneração, e,

enquanto colectivo,

aumentar o seu

poder negocial.

De acordo com

o 8.º Relatório

Acompanhamento

do Acordo sobre a

Retribuição Mínima

Mensal Garantida,

o acréscimo salarial

João Cerejeira e Miguel Portela

Informação, transparência salarial e (des)igualdade

Imagine o leitor deste artigo que

pretende adquirir um eletrodoméstico,

comprar uma viagem ou contratar

um fornecedor de energia. Antes de

tomar uma decisão, o mais certo será

consultar vários comparadores de

preços que estão disponíveis online de

forma gratuita. O acesso fácil e simples

à informação sobre preços e qualidade

dos produtos ou serviços pretendidos

é um requisito fundamental para fazer

uma boa compra. Imagine agora que se

candidata a um emprego ou pretende

renegociar o seu contrato de trabalho com

o atual empregador. O seu conhecimento

sobre os salários praticados é muito menor

do que o conhecimento a que o futuro

ou atual empregador tem acesso, sendo

a assimetria de informação tanto maior

quanto maior for a empresa. Por exemplo,

os dois maiores grupos empresariais

privados nacionais, Jerónimo Martins e

Sonae, empregam no seu conjunto quase

150 mil trabalhadores (104 mil na Jerónimo

Martins e 40 mil na Sonae), dos quais têm

conhecimento individualizado e detalhado

dos perfi s e das remunerações dos seus

trabalhadores. Não é difícil de perceber

que, na hora de (re)negociar o salário,

melhor informação corresponderá a maior

poder negocial.

A assimetria no poder de negociação

entre empregadores e trabalhadores

assenta não só no conhecimento que os

empregadores têm da distribuição da

remuneração dos seus trabalhadores mas

também na que se verifi ca no seu sector

de atividade e/ou região. No caso limite em

que cada trabalhador apenas conhece o seu

salário, a empresa aumenta o seu poder

para lhe pagar o seu salário de reserva, ou

seja, o salário mais baixo que o trabalhador

está disposto a aceitar, ao mesmo tempo

que tem a possibilidade de exercer um

poder discricionário na defi nição da

remuneração de indivíduos igualmente

produtivos. Deste modo, um acesso

desigual à informação limita, por um lado,

a capacidade negocial dos trabalhadores, e,

por outro, abre espaço à desigualdade entre

trabalhadores. Este último aspeto observa-

se, por exemplo, na desigualdade salarial

entre homens e mulheres. É neste contexto,

nem sempre assim acontece. Por outro

lado, só por via informal e imperfeita

é que os trabalhadores conhecem as

remunerações auferidas noutras empresas

por trabalhadores com características

semelhantes, limitando a sua mobilidade

entre empresas e o seu poder negocial.

O segredo é alma do negócio, segundo

um velho provérbio português. No caso

concreto do mercado de trabalho, o segredo

interessa muito mais ao empregador do

que ao trabalhador. Permitir o acesso aos

dados sobre remunerações e características

dos trabalhadores, de forma controlada e

anonimizada, aumentará o poder negocial

destes últimos e será um forte instrumento

de combate à descriminação. Esperemos

que as recentes alterações ao regime de

proteção de dados não limitem ainda mais

o acesso a esta informação, prejudicando

aqueles que presumidamente pretendem

proteger.

para os trabalhadores portugueses

que entre abril de 2016 e abril de 2017

mudaram de posto de trabalho foi de

7,8% em termos nominais e de 6,3% em

termos reais, ou seja, a mobilidade entre

empresas poderá garantir acréscimos

salariais bem mais expressivos do que os

que resultam da atualização anual das

tabelas salariais decorrente da contratação

coletiva. Assim, há, de facto, um forte

incentivo para que as empresas defendam

a não divulgação das remunerações entre

os trabalhadores, não só para prevenir

reações de insatisfação por parte dos

trabalhadores, mas também para limitar a

maior mobilidade de trabalhadores entre

empresas o que, no longo prazo, pode

resultar numa alteração da distribuição

salarial dentro da empresa, tal como

concluem o economista David Card e

co-autores, no trabalho Inequality at

Work: The Eff ect of Peer Salaries on Job

Satisfaction, publicado na American

Economic Review em 2012.

Em Portugal, ao longo das últimas

décadas, a disponibilização de informação

sobre a atividade social da empresa

constitui uma obrigação anual a cargo

dos empregadores. A informação sobre

remunerações constante no quadro de

pessoal, embora deva estar disponível

a todos os colaboradores da empresa,

A transparência tem o potencial de diminuir as disparidades salariais entre trabalhadores semelhantes

ADRIANO MIRANDA

Permitir o acesso aos dados sobre remunerações e características dos trabalhadores aumentará o poder negocial destes

Cidadania Social — Associação para a Intervenção e Reflexão de Políticas Sociais www.cidadaniasocial.pt

Economistas, Universidade do Minho

Escreve à segunda-feira

ESPAÇO PÚBLICO

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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 45

Quatro pilares para um “país startup”

Em 1848, descobriu-se ouro na

Califórnia e começou a Corrida

ao Ouro. Os que conseguiram

enriquecer mais com este

período não foram os mineiros

nem os prospetores, mas os que

lhes vendiam produtos e serviços

— afi nal, para tentar a sua sorte,

todos precisavam de baldes, pás

e comida.

Um dos que mais enriqueceram com

este crescimento da Califórnia foi Leland

Stanford, que, mais tarde, viria a fundar

uma universidade num vale a sul de São

Francisco, cidade com comunicação social

muito ativa. Do outro lado da baía, já se

encontrava uma outra universidade, mais

tarde chamada de U.C., Berkeley e que viria a

ser fundamental em causas sociais no país.

Mais tarde, o Departamento de Defesa

estado-unidense decide abrir uma base

aeronaval naquele vale. Começou então

a investir na área de forma substancial,

consistente e duradoura.

Desta história simplifi cada de Silicon

Valley podem extrair-se quatro ideias-chave

para um desenvolvimento sustentável e

duradouro do ecossistema empreendedor

português. Deve haver um debate público

intenso e transparente, pessoas qualifi cadas,

acumulação de capital para investimento e

regulação simples.

Começando pelo debate público, a

resposta que recebi por parte de Simon

Schäfer, CEO da Startup Portugal, ao meu

último artigo foi muito encorajadora. Saúdo

a abertura em debater publicamente a

direção que o ecossistema está a tomar. O

debate público sobre novas ideias e críticas

construtivas é essencial para promover

boas práticas, aprender com os erros e

tornar o ecossistema mais resiliente, aberto,

integrado e, principalmente, compreendido

pela sociedade civil.

Será assim possível chegar a conclusões

sobre o que as entidades públicas devem

fazer e continuar a retirar o estigma ao

falhanço. Apesar de falhar não ser bom,

quem falha não pode ser “condenado”.

Estamos a caminhar neste sentido, mas

falta ainda podermos analisar crítica e

abertamente estes acontecimentos com

naturalidade.

recursos que são parcos — também sob este

prisma, falhar é mau. Assim, com o incentivo

à qualidade das incubadoras e aceleradoras,

será possível ter mais casos de sucesso — que

levarão a que o volume cresça naturalmente.

Quanto mais casos de sucesso houver,

também maior será a acumulação de

capital, devido a melhores resultados e a

maiores “exits”. Tanto entradas em bolsa,

como vendas de startups a outras empresas,

implicam a entrada de novos recursos na

economia, que poderão ser investidos direta

ou indiretamente, através de mais capital

de risco, na criação de novas startups,

gerando mais emprego e salários mais altos.

Este é um processo

lento, embora, caso

seja consistente e

receba incentivos à

qualidade, possa ser

exponencial.

Devido ao historial

do país, partimos

de uma base muito

reduzida de capital

privado. Ao contrário

dos Estados Unidos,

não podemos contar

com, por exemplo,

fundos de pensões

que podem investir

em empresas de

capital de risco. Sem

essa possibilidade ou

outras alternativas

de relevo de capital

privado, é o erário

público que pode

compensar a fraca

acumulação de

capital.

Esta intervenção pública deve, no

entanto, ser encarada como temporária,

de forma a alavancar um processo de

acumulação sustentável e consistente de

capital privado. Este investimento público

deve ser calibrado para ter retornos

elevados, aumentando as disponibilidades

do Estado, e, simultaneamente, levando a

um maior bem-estar social, através de mais

emprego e salários altos. Ambos os objetivos

só são possíveis se houver transparência e

um controlo apertado dos investimentos,

com análises rigorosas e critérios objetivos,

salvaguardando o interesse público.

Neste capítulo, a Portugal Ventures

precisa de alterar os seus procedimentos

internos para que sejam mais criteriosos e

transparentes, para fi car acima de qualquer

suspeita e de modo a começar a recolher,

com maior frequência, os frutos dos seus

investimentos (a favor dos cofres estatais).

A Startup Portugal, continuando as suas

boas iniciativas, deve reformular algumas,

privilegiando o estabelecimento de

contratos por objetivos (que já faz nalgumas

situações) e os reembolsos a prazo, de

modo a proteger o dinheiro público e a

responsabilizar os empreendedores.

É também necessária uma revisão

sistemática de toda a regulamentação

existente, onde Portugal se começa a atrasar.

As zonas francas tecnológicas tardam

em avançar e ainda discutimos os testes

de automóveis autónomos quando nos

Estados Unidos já se autoriza a sua utilização

pública. É também moroso redigir acordos

para receber investimento ou envolver

funcionários na estrutura acionista da

empresa, levando as startups a despender

muitos recursos inefi cientemente. As

licenças necessárias para abrir estes

negócios demoram muito tempo a ser

emitidas e a lei da insolvência torna penoso o

fi nal de vida de qualquer empresa.

O Estado tem a obrigação de

regulamentar o ecossistema, mas tal não

signifi ca difi cultar todos os processos. Não

basta um Simplex administrativo, é preciso

pensar a fundo todo o edifício legislativo e

regulamentar.

Mais haveria a dizer, mas, através

destes quatro pilares para a promoção do

empreendedorismo, podemos transformar

Portugal num verdadeiro “país startup”.

Pedro Manuel Costa

Este debate público tem também de ser

baseado em factos e isso só é possível se

houver informação disponível ao público. A

utilização do dinheiro de todos nós deve ser

o mais transparente possível. Falando das

duas entidades públicas portuguesas mais

ligadas ao empreendedorismo, a Portugal

Ventures é um exemplo muito bom de

transparência, tendo vários documentos

online que tornam possível a sua avaliação

pública; já a Startup Portugal, apesar

do excelente trabalho que tem vindo a

desenvolver, tem muito pouca informação

online sobre si, a sua estratégia, os seus

objetivos e, crucialmente, as suas contas.

Urge corrigir esta situação.

Para o ecossistema continuar o seu

crescimento, é necessário que haja

recursos humanos muito qualifi cados.

Já temos excelentes universidades que

colocam no mercado pessoas muito bem

preparadas tecnicamente. No entanto,

é também necessário que haja no país,

como já antes defendi, talento capaz de

vencer no mercado, independentemente

da sua nacionalidade. O programa Startup

Visa deve abranger mais do que apenas

fundadores e as universidades devem abrir-

se ao ecossistema, de modo a que, no futuro,

comecem a formar nesta área ao alto nível

que sabemos poderem atingir.

São também necessários espaços para

os que não têm todas as ferramentas para

singrar no mercado. Há já muitos espaços

de coworking no país, mas precisamos de

verdadeiras incubadoras, que preparem

para entrar no mercado, e de aceleradoras,

que fomentem o crescimento exponencial.

A aposta deve ser na sua qualidade e não no

volume, para diminuir a taxa de insucesso

altíssima, com o consequente desperdício de

RUI GAUDÊNCIO

Há já muitos espaços de coworking no país, mas precisamos de verdadeiras incubadoras, que preparem para entrar no mercado

O Estado tem a obrigação de regulamentar o ecossistema, mas tal não significa dificultar todos os processos O Institute of Public Policy (IPP) é um

think tank académico, independente e apartidário. As opiniões aqui expressas vinculam somente os autores e não reflectem necessariamente as posições do IPP, da Universidade de Lisboa ou de qualquer outra instituição

Escreve à segunda-feira

ESPAÇO PÚBLICO

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46 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018

ESPAÇO PÚBLICO

estudos de licenciatura seja revisto no

sentido de garantir o seu alinhamento com

a missão das instituições em cada setor. E

sugere que os institutos politécnicos sejam

autorizados a conceder o grau de doutor de

forma cuidadosamente controlada (a) em

campos de investigação aplicada orientada

para a prática, (b) em instituições que

tenham demonstrado claramente a alta

qualidade do ensino, (c) onde haja um forte

racional da economia regional, e (d) onde

haja colaboração com centros já existentes

de treino doutoral. Tudo isto se perdeu na

urgência de fazer uma grande reforma.

Como norma geral, o Governo propõe-se

exigir que 75% do corpo docente do ciclo de

estudos de doutoramento esteja em unidades

de investigação com a classifi cação mínima de

Muito Bom. Tipicamente, vamos ter unidades

orgânicas de universidades ou institutos

politécnicos que vão ser chamadas a verifi car

esta condição de “grande exigência”. Um

exemplo ajuda a compreender a nova

situação. Consideremos uma faculdade ou

escola com cem docentes que tenha uns oito

destes docentes em unidades de investigação

classifi cadas com Muito Bom, podendo ser

unidades sediadas na própria instituição ou

numa instituição privada sem fi ns lucrativos

(IPSFL). Conhecem-se muitos casos de

unidades de IPSFL com a classifi cação de

Muito Bom ou melhor e com 300 ou mais

doutorados onde esses oito docentes podem

estar incluídos. A instituição de ensino

superior poderá assim reunir dez dos seus

docentes, incluindo os oito ativos na unidade

referida, e propor à A3ES um ciclo de estudos

de doutoramento.

Satisfaz a condição

legal e a agência

terá de verifi car que

o corpo docente é

capaz para lecionar

o curso. Não será

difícil se pensarmos

que se propõe aceitar

anualmente uns

quatro estudantes.

Tudo vai correr

bem: um grupo

pequeno mas ativo

de docentes vão ter

os seus estudantes

de doutoramento e

doutorá-los ao fi m

de três ou quatro

anos. Quem vai

fazer a aceitação

dos estudantes,

verifi cando que

mostram ter

condições de

sucesso? Quem vai

acompanhar os

trabalhos ao longo

Professor da Universidade do Porto; ex-secretário de Estado do Ensino Superior no XIX e XX Governo

José Ferreira Gomes

Doutoramentos politécnicos

Anuncia-se que a acreditação de

doutoramentos vai ser muito

mais exigente e que os institutos

politécnicos vão poder submeter

propostas, o que até agora

estava vedado pela Lei de Bases

do Sistema Educativo. Lemos

na imprensa que o painel de

peritos da OCDE veio cá dar a sua

bênção a esta inovação. O tema

é sufi cientemente importante para merecer

uma avaliação melhor.

Sabe-se que o estatuto de 2009 da carreira

docente do ensino superior politécnico quase

o identifi cou com o universitário. Com isso,

tornamo-nos o único país do mundo onde

todos os estudantes do ensino superior

devem ter todas as suas aulas com docentes

com mandato de investigação. Um luxo que

os norte-americanos só concedem a menos de

20% dos estudantes. Os docentes convidados,

agora a ser extintos pelo pretenso combate

à precariedade, tinham uma situação dúbia,

mas, na prática, estavam isentos desta

obrigação. Quanto aos especialistas criados

nessa altura para o ensino politécnico, não

é claro que obrigações terão, se algumas,

em contrapartida ao seu direito à dedicação

exclusiva. Neste novo quadro regulamentar,

é natural que esta velha aspiração seja

reforçada.

São conhecidas muitas situações

desagradáveis de docentes do ensino

politécnico com a efetiva orientação de

doutoramentos a quem as universidades

exigem contrapartidas pelo registo dos

estudantes. Em geral, eles são apenas

coorientadores, com o orientador

responsável na universidade e nem sempre

muito envolvido no projeto de investigação.

Mas, sem assento no conselho científi co que

admite, acompanha, aceita a tese e nomeia o

júri do estudante, não têm mais que aceitar.

Não deixa de ser frequente que o orientador

universitário exija que o seu nome apareça

em todos os artigos publicados, mesmo que

não tenha participação relevante. É uma

situação indigna que nenhuma comissão

deontológica se dignou ainda analisar.

A solução aparece agora acompanhada

de um conveniente anúncio de grande

rigor que, diga-se, não preocupou

ninguém... Invocando-se a OCDE como

inspiradora desta alteração, vejamos o que

é dito na versão provisória já publicada

do relatório. A OCDE viu universidades

a ocupar o espaço natural de institutos

politécnicos e sentiu a pressão destes para

reforçarem o seu foco em investigação e

obterem o direito e concederem o grau de

doutor. Recomenda por isso que o quadro

regulamentar da aprovação de ciclos de

do ciclo de estudos? Quem vai aceitar a

tese verifi cando que ela tem as condições

mínimas para ser submetida a provas

públicas? Quem vai nomear o júri para esta

provas? Naturalmente, o conselho científi co

da faculdade universitária ou o conselho

técnico-científi co da escola politécnica que

é formado, neste exemplo, a partir dos

cem docentes onde estão incluídos os oito

demonstradamente ativos (pelo menos

aceites) numa unidade de investigação. E

até será muito provável que nenhum destes

oito tenha assento no conselho científi co; é

possível que nenhum membro do conselho

científi co pertença a uma unidade de

investigação com a classifi cação mínima de

Muito Bom. Esta é uma caricatura, mas será

só caricatura?

Talvez os conselhos científi cos não estejam

a exercer devidamente as suas funções de

escrutínio da qualidade dos programas

académicos e, por isso, ninguém se preocupe

muito com estas distorções. Não deveriam

ser simples órgãos de consensualização dos

interesses da corporação académica. São de

facto os garantes da qualidade do ensino e

devem assumir essa função e responder por

eventuais defi ciências ou desvios pontuais.

Não é admissível que um grau académico

baseado na investigação seja controlado

por membros inativos ou que não atinjam

um nível de desempenho reconhecido.

Se encararmos o doutoramento como um

ciclo de estudos em que se valoriza quase

exclusivamente a relação entre um estudante

e um orientador (eventualmente coadjuvado

por outro coorientador ou coorientadores),

então devemos criar condições para

que todos os académicos qualifi cados e

reconhecidos como ativos possam aceitar

Autorização de doutoramentos com um modelo de coordenação que replique o universitário irá reproduzir e agravar as deficiências aqui registadas

estudantes. Mas a estrutura de coordenação

tem de ser um conselho científi co de

especialistas ativos na área de investigação

em causa. Não é o caso, normalmente, do

conselho científi co da unidade orgânica ou

da instituição. É claro que precisamos de

uma alteração regulamentar para identifi car

o órgão responsável em primeiro nível pela

qualidade do doutoramento, ainda que este

possa responder, mas não depender de

níveis hierárquicos superiores até chegar à

autoridade académica máxima, o reitor (ou

presidente).

A autorização de doutoramentos nos

institutos politécnicos com um modelo de

coordenação que replique o universitário

irá reproduzir e agravar as defi ciências

registadas acima. Os peritos da OCDE

recomendam esta autorização com

fortíssimas condicionantes que adiariam

a sua efetividade por um longo período. O

Governo parece não ter querido reparar nesta

parte do relatório e as instituições sabem

que, quebrado o tabu, as fragilidades serão

secundarizadas como são hoje em muitos

casos no seio das universidades. Os peritos da

OCDE notam que o número de doutorados

anualmente (por milhão de habitantes)

é comparável com o da França, Áustria e

Bélgica, mas inferior ao da Alemanha, Suíça

e Reino Unido. Reconhecem ainda a enorme

difi culdade de inserção dos doutorados no

tecido económico e recomendam um melhor

alinhamento do fi nanciamento com as

prioridades de investigação e as necessidades

de qualifi cações mais avançadas. Fazem o

registo crítico do desperdício da formação de

doutorados em áreas onde não haja procura

para estes graduados. É neste quadro que têm

de se entender os fortes condicionantes para

o alargamento da formação de doutorados ao

setor politécnico. Não só pretendem impor

uma rigorosa complementaridade entre as

áreas de doutoramento nas universidades e as

novas áreas a surgirem agora, como forçar o

alinhamento destes novos programas com as

necessidades regionais.

O Governo não foi capaz de passar à

regulamentação qualquer diferenciação entre

o objeto e os objetivos do doutoramento

universitário e do politécnico. Ao alargar

o conceito de I&D do Manual de Frascati

da OCDE, “incluindo um leque alargado

de atividades de investigação derivadas

da curiosidade científi ca a atividades

baseadas na prática e orientadas para

o aperfeiçoamento profi ssional”, está a

amalgamar coisas muito diferentes e a

desistir da diferenciação entre universidades

e institutos politécnicos que parece ter

pretendido reforçar no passado.

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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 47

Governo. Em Junho de 2017 estimavam um

défi ce de 1,8% do PIB e um défi ce estrutural

de 2,2% do PIB.

Relativamente ao défi ce de 2018, se se

considerar que no

OE2018 se previa

uma redução de 0,4

p.p. em relação ao

valor então previsto

do défi ce de 2017

(1,4%), como o valor

observado do défi ce

em 2017 foi de

0,9% do PIB, então

o défi ce público

previsto para 2018

deveria cair para

cerca de 0,5% do

PIB.

Acresce ainda

que, por um lado,

o défi ce público

inicialmente

previsto no

OE2018 (1,0% do

PIB) continua

estimado de forma

conservadora e,

por outro lado,

que o crescimento

económico e a

despesa com juros

irão, provavelmente,

surpreender pela

positiva. De facto, o

Governo prevê uma Economista. Escreve à segunda-feira

Ricardo Cabral

Estratégia Orçamental 2018-2022

O Governo apresenta em breve

o Programa de Estabilidade

(PE) 2018-2022. A imprensa

refere que o Governo

pretende rever o objectivo

para o défi ce de 2018, de

1,1% para 0,7% do PIB, face à

execução orçamental de 2017:

um défi ce de 0,9% do PIB se

se excluir a recapitalização da

Caixa Geral de Depósitos.

Note-se que o défi ce público de 2017 (e

também o de 2018) é mais elevado devido às

decisões tomadas sobre a banca nos últimos

anos pelo Governo e Banco de Portugal.

Só as injecções de capital público na CGD

e no Banif, decididas pelo actual Governo,

onerarão a despesa com juros e, por

conseguinte, as contas públicas de 2018, em

cerca de 0,1% do PIB.

Diversos outros factos, ocorridos no

decurso de 2017 e que não eram previsíveis,

impediram que o défi ce nesse ano fosse

inferior a 0,9% do PIB. Refi ra-se apenas

dois: se, como inicialmente previsto, a

devolução da garantia do BPP tivesse

ocorrido em 2017, o défi ce teria sido inferior

em cerca de duas décimas; o empréstimo

público concedido ao fundo que irá

reembolsar os lesados do BES deverá ter

onerado o défi ce de 2017 em quase uma

décima do PIB (inicialmente estava prevista

uma garantia estatal que, ao contrário

de um empréstimo, e de acordo com os

procedimentos estatísticos em vigor, não

seria contabilizada no défi ce).

Ou seja, o desvio favorável do défi ce de

2017 em relação às previsões iniciais de um

défi ce de 1,6% do PIB no OE2017, e mesmo

em relação às previsões de um défi ce de

1,5% do PIB no PE de Abril de 2017, foi

enorme. E o Governo que, nas negociações

para o OE2018 com os partidos à esquerda,

defendia que não havia folga orçamental

para ir de encontro às pretensões desses

partidos, nos últimos meses, foi revendo

em baixa, décima a décima, a previsão

para o défi ce de 2017.

As previsões da Comissão Europeia foram

ainda mais conservadoras do que as do

redução da taxa de crescimento económico

— de 2,7% para 2,3% — que parece pouco

plausível face aos dados disponíveis. Acresce

que as taxas de juro da dívida pública têm

continuado a diminuir.

Contudo, por ocasião da elaboração do

OE2018, não estavam contabilizadas: as

despesas resultantes dos incêndios de 2017

(0,1% do PIB); parte dos créditos fi scais

para a banca; e sobretudo a despesa com

a garantia contingente para o Novo Banco/

Lone Star (quase 800 milhões de euros,

0,4% do PIB, saem do perímetro do Estado

para o Novo Banco em 2018), despesa que

irá certamente continuar a onerar as contas

públicas nos próximos anos.

Mesmo assim, se se considerar a

devolução das garantias do BPP que terá de

ser contabilizada em 2018, afi gura-se que a

nova previsão para o défi ce público de 0,7%

do PIB, recentemente anunciada, continua

a ser conservadora.

Os partidos à esquerda não apoiam a

redução do objectivo para o défi ce, de 1,1%

do PIB para 0,7% do PIB, porque defendem

uma trajectória de consolidação orçamental

menos ambiciosa.

Contudo, daí resultam dois problemas:

Por um lado, com o OE2018 aprovado

na Assembleia da República e em vigor no

presente, o défi ce já deverá ser inferior

a 0,7% do PIB, ao invés dos 1,1% do

PIB formalmente indicados no OE2018

(revistos em alta devido à despesa com

incêndios). Ou seja, o OE2018 já não tem

correspondência com a realidade.

A actual estratégia orçamental, baseada num apertar de cinto que dura há décadas, tem enormes custos para o desenvolvi-mento do país, e é, por isso, insustentável

Por outro lado, o objectivo deveria ser

evitar novo desvio favorável na execução

orçamental de 2018, utilizando plenamente

qualquer folga orçamental. Ou seja, seria

bom que o défi ce não fosse inferior a 0,7%

do PIB.

Parece pois justifi car-se um Orçamento

do Estado de 2018 rectifi cativo, que

aumente a despesa pública de forma que

fosse de facto possível cumprir o novo

objectivo para o défi ce de 0,7% do PIB,

recentemente proposto pelo Governo.

Quando foi “necessário” apertar o cinto,

as medidas de austeridade sucediam-se,

em face de uma execução orçamental que

desapontava. Agora, nada se faz quando os

desvios são favoráveis.

A situação orçamental do país permite

antecipar que, em 2018, com políticas

invariantes, se poderá cumprir as

duas regras fundamentais do Tratado

Orçamental: o défi ce estrutural inferior a

0,5% do PIB e a redução do peso da dívida

no PIB em 1/20 avos. Somente não se

deverá cumprir uma regra complementar

que é defi nida cada três anos pela

Comissão Europeia e varia de país para

país, o designado “Objectivo de Médio

Prazo (OMP)”, que, no caso de Portugal,

corresponde a um saldo estrutural de

+0,25% do PIB e que de qualquer forma só

seria em teoria necessário cumprir em 2021.

Mas é provável que o país venha a cumprir

o OMP em 2020, ou mesmo já em 2019.

Afi gura-se pertinente a questão: depois

de cumprir todas estas regras, o que mais

se exigirá?

É importante não esquecer que a actual

estratégia orçamental, baseada num apertar

de cinto, que já dura há décadas, tem

enormes custos para o desenvolvimento

do país, e é, por isso, insustentável. Com

efeito, é prejudicial ao país um ritmo de

consolidação orçamental demasiado rápido,

com saldos primários demasiado elevados,

como se defende num livro que irá ser

apresentado amanhã no ISEG, em Lisboa [1].

P.S. — Um leitor do artigo da semana

passada, “O Governador”, notou que o

valor da injecção de capitais públicos no

Novo Banco em Agosto de 2014 foi de 4,9

mil milhões de euros, e não 4,3 mil milhões

de euros, como incorrectamente por mim

referido. De facto, o empréstimo da banca

ao Fundo de Resolução não diminui o

montante da injecção de capitais públicos

no Novo Banco.

[1] Paulo Trigo Pereira, Ricardo Cabral,

Luís Morais e Joana Vicente (2018), Uma

Estratégia Orçamental Sustentável para

Portugal. Coimbra: Almedina.

Quando foi “necessário” apertar o cinto, as medidas de austeridade sucediam-se, em face de uma execução orçamental que desapontava. Agora, nada se faz quando os desvios são favoráveis

ESPAÇO PÚBLICO

MIGUEL MANSO

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Historiador, fundador do Livre

CONSOANTE MUDA

E agora, Brasil?

É admissível achar que a

governação de Lula operou

uma transformação social

do Brasil para muito

melhor e que o Partido

dos Trabalhadores, sob

a liderança do mesmo Lula,

pegou num sistema político que

já era corrupto e não só não

fez nada para o reformar como

amplifi cou mesmo os vícios

políticos do país, a começar pelo

próprio “mensalão”, com que

comprou votos de congressistas

— a exemplo do que tinha antes

criticado veementemente com a

presidência precedente do PSDB.

É possível também admitir

que o tempo de Lula na política

brasileira já poderia ter sido

encerrado pelo próprio e pelo PT,

para dar lugar a uma nova geração

de políticos que contribuíssem

para um Brasil menos polarizado.

O mito de Lula é desmesurado, e

ao mesmo tempo que gera ódios

insanos também acaba por secar

a sua própria área política. E

isto é independente do famoso

processo do “triplex do Guarujá”,

Rui Tavares

que segundo a investigação do juiz

Sérgio Moro teria sido oferecido

a Lula pela construtora OAS em

troca de favores políticos mas de

que comprovadamente nem Lula

nem a sua família usufruíram

(além de, claro, não terem

nenhum título de propriedade

dele em seus nomes — o que em

si pode não ter signifi cado caso

houvesse um usufruto indireto

através do um testa de ferro).

Mas o processo do “triplex” não

está ainda fechado, de forma que

teremos de esperar para ver se

confi gura, ou não, corrupção.

É admissível até, como já

vi nas páginas do PÚBLICO,

perceber os argumentos a

favor da decisão do Supremo

Tribunal Federal de manter a

prisão após confi rmação de uma

sentença em segunda instância

e perceber os argumentos de

quem diz que a metodologia

do processo contra Lula tem,

a vários momentos, laivos

indesmentíveis de perseguição

política: vejam-se as escutas

libertadas para a imprensa antes

de validação judicial, com o

intuito de infl uenciar a opinião

pública. É certo que o Brasil está

muito polarizado. Nós não temos

de estar polarizados com ele.

Custa-me a entender que haja

gente tão obcecada com Lula que

não tenha tempo para reconhecer

que a forma como Sérgio Moro

investiga, sentencia e vem para

as redes sociais lançar foguetes

é tudo menos típico de um juiz

sério num estado de direito.

O que não é de todo possível,

parece-me, é olhar para o que se

está a passar no Brasil e não estar

preocupado com o presente e o

futuro da democracia brasileira.

Já não é de hoje que da situação

política brasileira emana um

terrível fedor a situação pré-

ditatorial.

O ponto de viragem foi a vitória

de Dilma Rousseff nas eleições de

2014. Desde que ela tomou posse

começaram as manobras para a

destituir sob qualquer pretexto — e

o pretexto que foi encontrado não

foi mais do que a utilização de um

critério de ornamentação comum

a muitos governos no mundo, de

que todos os seus adversários já

se esqueceram e que nem eles

sequer jamais levaram a sério. Mas

esse foi o pecado original. Como

no Macbeth, de Shakespeare, a

vontade de poder justifi ca que se

cometa o primeiro crime político:

todos os outros cadáveres servem

para justifi car o primeiro.

A partir do momento em que

fi cou claro que uma parte do

sistema político brasileiro estava

disposta a tudo para tirar Dilma

do poder — em parte, relembre-

se, para enterrarem e conterem a

Operação Lava-Jato —, fi cou claro

também que seria inadmissível

para a mesma gente aceitar que

o PT pudesse vir a recuperar o

poder em eleições presidenciais.

Lula na cadeia passou a ser uma

necessidade, não por causa de

um triplex que ele nunca ocupou

nem de um processo que ainda

não transitou em julgado, mas

pela muito mais singela razão de

que Lula poderia perfeitamente

ganhar as próximas eleições.

Se a minha interpretação

shakespeariana estiver correta,

porém, as coisas não vão fi car

por aqui. Imagine-se que Lula

apoia um outro candidato e que

a transferência de intenções de

voto, como as sondagens indicam,

permitem que esse candidato

passe à segunda volta das eleições

presidenciais e se ponha em

posição de ganhar (talvez contra

um fascista como Bolsonaro).

Alguém imagina que os inimigos

de Lula se vão deixar derrotar por

um candidato do PT? Eu tenho

difi culdade em imaginá-lo. E por

isso não tenho dúvida de que é a

própria realização do ato eleitoral

brasileiro que deve ser agora

protegida dentro e fora do Brasil.

A última vez que se suspendeu

a democracia naquele país, ela

demorou duas décadas a voltar.

Segunda-feira, 9 de Abril de 2018

BARTOON LUÍS AFONSO

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O Fidesz do primeiro-ministro hún-

garo Viktor Orbán terá garantido

nas legislativas deste domingo uma

maioria qualifi cada no Parlamento,

com as projecções a apontarem 134

mandatos com 74,6% dos votos con-

tados. Estes dados preliminares con-

trariam as indicações das sondagens

à boca das urnas, que apontavam

para uma tendência de descida dos

partidos que suportam o Governo.

As eleições ficaram marcadas

por uma forte participação — que

terá ultrapassado os 70% e batido

o recorde desde o colapso do regi-

me pró-soviético em 1989 — o que

obrigou ao adiamento da divulga-

ção das projecções dos resultados.

O partido de extrema-direita Jobbik

terá somado cerca de 13% dos votos

e conquistado 27 mandatos.

Os resultados evidenciam tam-

bém que terá fracassado um esfor-

ço de última hora entre a oposição

para coordenar o voto útil em vá-

rias circunscrições onde a posição

do Fidesz era menos sólida, com os

socialistas abaixo dos 10%. Uma das

críticas mais frequentes era a falta

de alternativa séria aos partidos do

Governo por parte de uma oposição

dividida e que esteve recentemente

envolvida em casos de corrupção.

Viktor Orbán garante nova maioria qualificada

Hungria

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