monografia renata santiago m

117
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES RENATA SANTIAGO PEREIRA IDENTIFICAÇÃO DO USO DAS MÍDIAS PÓS-MASSIVAS NOS RELACIONAMENTOS DAS EMPRESAS DE COMUNICAÇÃO CORPORATIVA BRASILEIRAS São Paulo 2011

Upload: clara-vanzan

Post on 19-Jan-2016

9 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: Monografia Renata Santiago M

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES

RENATA SANTIAGO PEREIRA

IDENTIFICAÇÃO DO USO DAS MÍDIAS PÓS-MASSIVAS NOS

RELACIONAMENTOS DAS EMPRESAS DE COMUNICAÇÃO CORPORATIVA

BRASILEIRAS

São Paulo

2011

Page 2: Monografia Renata Santiago M

RENATA SANTIAGO PEREIRA

IDENTIFICAÇÃO DO USO DAS MÍDIAS PÓS-MASSIVAS NOS

RELACIONAMENTOS DAS EMPRESAS DE COMUNICAÇÃO CORPORATIVA

BRASILEIRAS

Monografia apresentada à Escola de

Comunicações e Artes, Especialização em Gestão

Integrada da Comunicação Digital (Digicorp), para

obtenção do título de especialista em Gestão da

Comunicação Integrada Digital, sob orientação do

Professor André de Abreu.

São Paulo

2011

Page 3: Monografia Renata Santiago M

RENATA SANTIAGO PEREIRA

À minha família, que sempre acreditou nos

meus sonhos e me apoiou para que estes se

tornassem realidade. Aos amigos que estiveram e

estão ao meu lado nos melhores momentos e nos

mais desafiadores da minha vida.

Page 4: Monografia Renata Santiago M

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, que meu deu a luz e a organização sensata, quando muito precisei,

ao longo do desenvolvimento deste trabalho.

À Profª e Drª. Elizabeth Saad, pela paixão pela educação e pela tecnologia, que me

inspirou a aprender cada vez mais e não me dar por satisfeita com as obviedades.

À amiga e admirada profissional, Anacarolina Garcia, que me deu forças nos

momentos de trabalho e que sempre acreditou nos meus propósitos de estudo e crenças

profissionais.

Ao meu diretor, André Giuliese, que acredita na relação da academia e da pesquisa

para a evolução das práticas de mercado.

À CDN Comunicação Corporativa, por valorizar a iniciativa acadêmica e acreditar

nessa contribuição para haver um setor de comunicação mais robusto e reconhecido.

Page 5: Monografia Renata Santiago M

RESUMO

SANTIAGO, R. P. Identificação DO USO DAS MÍDIAS PÓS-MASSIVAS NOS

RELACIONAMENTOS das empresas de comunicação corporativa brasileiras . 2011.

109 f. Monografia – Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo,

2011.

O presente trabalho visa identificar a adoção das mídias sociais no contexto

corporativo, mais precisamente, nos relacionamentos das agências de comunicação

corporativo. É sabido que em muitos campos da ciência, o que não foge ao da comunicação

digital, as práticas se distanciam da teoria. Contudo, é impossível fechar os olhos para as

mudanças profundas oriundas da Internet, para o surgimento do ciberespaço e, com ele, as

plataformas sociais digitais. É como ignorar o quanto o controle da eletricidade modificou a

relação do homem com o mundo. A sociedade contemporânea vem escrevendo um

comportamento conectado e as mídias sociais possuem um papel importante nesse advento.

Neste trabalho, por meio de um estudo de caso em uma agência de comunicação corporativa,

demonstrar-se-á a existência ou inexistência do uso das mídias pós-massiva nos

relacionamento da agência, bem como alguns fatores que ainda possam impedir o uso ou

mesmo facilitar sua adoção.

Palavras-chave: cibercultura, sociedade contemporânea, comunicação corporativa,

mídias pós-massivas, mídias sociais.

Page 6: Monografia Renata Santiago M

ABSTRACT

SANTIAGO, R. P. IDENTIFYING THE ADOPTION OF POST MASS MEDIA

APPLIED TO BRAZILIAN CORPORATE COMMUNICATION AGENCIES

RELATIONSHIPs. 2011. 109 f. Monografia – Escola de Comunicação e Artes,

Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.

This present thesis aims to identify the adoption of post mass media by Brazilian

Corporate Communication Agencies applied to their relationship with stakeholders. Despite

the fact that in many study areas, including digital communication, most of observed practices

diverge from theory. Although, it is impossible to close our eyes to the deep changes caused

by the Internet or to the existence of cyberespace, and digital and social platforms. It is like

ignoring all the control from electricity and how it modified relationship between men and the

world. This is a connected society. Working in a new model of relationship. This thesis brings

a case in a corporate communication agency, which is a representative sample to prove the

existence or non-existence of post mass media use for corporate relations. And also brings

aspects that may prevent these agencies from adopting this type of media or either facilitate

the use applied to relationship with their stakeholders.

Keys-word: cyberculture, contemporary society, corporate communication, post-

massive media, social media.

Page 7: Monografia Renata Santiago M

Sumário

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 9

1.1- Justificativa ...................................................................................................................... 12

1.2- Problema .......................................................................................................................... 13

1.3- Objetivos .......................................................................................................................... 14

1.4- Fundamentação teórica .................................................................................................. 14

1.5- Procedimentos metodológicos ........................................................................................ 16

2.CIBERCULTURA HOJE: CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS CIBERCULTURAIS..... 18

2.1- Sociedade Contemporânea ............................................................................................. 21

2.1.1- Conceitos e características ................................................................... 22

2.1.2- As novas mídias e as novas formas de comunicação ........................... 23

2.1.3- Desterritorialização e efemeridade ....................................................... 24

2.2- Contexto Brasil ................................................................................................................ 26

3. CIBERCULTURA E AMBIENTE CORPORATIVO ................................................ 29

3.1- Mudanças no ambiente corporativo .............................................................................. 29

3.1.1- Conceitos .............................................................................................. 31

3.1.2- Impactos na comunicação e relacionamento da empresa ..................... 33

3.1.3- Processo colaborativo e estruturas corporativas................................... 37

3.2- Cibercultura e as agências de comunicação brasileiras ............................................... 40

3.2.1- Setor das agências de comunicação corporativa brasileiras ................. 40

3.2.2- Agências de comunicação corporativa e a comunicação digital .......... 42

4. ESTUDO DE CASO ....................................................................................................... 45

Page 8: Monografia Renata Santiago M

4.1- Cenário das agências de comunicação corporativa no Brasil ..................................... 45

4.2- Agência escolhida para o estudo .................................................................................... 48

4.3- Procedimento ................................................................................................................... 49

4.4- Resultados ........................................................................................................................ 51

5. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 60

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 66

APÊNDICES ........................................................................................................................... 69

ANEXOS ................................................................................................................................. 85

Page 9: Monografia Renata Santiago M

9

1. INTRODUÇÃO

Sociedade da informação e ferramentas sociais. Uma interconexão real e,

possivelmente, sem volta: “a sociedade da informação é uma realidade mundial” (LEMOS e

LÉVY, 2010, p. 23). Falar de sociedade, na atualidade, sem considerar a internet como

aparato, as ferramentas Web 2.0 e seus impactos no relacionamento social seria como negar

as novas ordens sociais no mundo após as descobertas do fogo e da eletricidade. Uma

sociedade conectada:

[...] a internet já é uma realidade mundial, interligando todos os países do planeta, os

telefones celulares estão em franca expansão, os serviços de governo eletrônico são

implementados ao redor do mundo, comunidades e redes sociais nascem com as

ferramentas sociais da Web 2.0 [...] (Ibid., . 27)

Os autores Haraway e Wiener (2007 apud RÜDIGER, 2007 p. 63) ainda falam do

surgimento de uma “nova civilização”, a partir da combinação da revolução microeletrônica

com a revolução tecnológico-industrial, “cujos princípios se ligam cada vez mais aos

processos eletrônicos de comunicação”.

Nova civilização, configuração ou sistema: uma nova cultura. Neste contexto, Rüdiger

(2007, p. 66) expõe elementos que podem definir a tecnocultura ou cibercultura, como “o

emprego da palavra rede para designar as relações sociais em ascensão”, além de mudanças

em todos os aspectos relacionais da sociedade, conforme este trabalho abordará no próximo

capítulo.

Para Rüdiger, a cibercultura não é uma emanação da máquina, nem a totalidade dos

conteúdos agenciada pelos maquinismos informacionais de vanguarda. Para o autor,

cibercultura é:

[...] o movimento histórico, a conexão dialética, entre o sujeito humano e suas expressões

tecnológicas, através da qual transformamos o mundo e, assim, nosso próprio modo de

ser interior e material em dada direção (cibernética) [...] (2007, p. 71)

Page 10: Monografia Renata Santiago M

10

Entende-se por Web 2.0, segundo Primo (2008, p. 101), “[...] a geração de serviços

online e caracteriza-se por potencializar as formas de publicação, compartilhamento e

organização de informações, além de ampliar os espaços para a interação entre os

participantes do processo”. Mais do que sites, links, textos e imagens, a Web 2.0, essa

tecnologia de informação e comunicação contemporânea, “[...] refere-se a um conjunto de

novas estratégias mercadológicas e a processos de comunicação mediados pelo computador.”

Este trabalho não pretende aprofundar-se no entendimento do conceito Web 2.0, mas

considera-o importante para facilitar a compreensão dos tipos de ferramentas e serviços

disponibilizados no ciberespaço, que por sua vez é elemento fundamental da cibercultura:

[...] o ciberespaço abre de fato um mercado novo, só que se trata menos de uma onda de

consumo por vir que da emergência de um espaço de transação qualitativamente

diferente, no qual os papéis respectivos dos consumidores, dos produtores e dos

intermediários se transformam profundamente [...] (LÉVY, 1996, p. 62)

As manifestações ciberculturais potencializadas pelas tecnologias de informação e

comunicação (TICs) contemporâneas refletem novas formas de relacionamento da sociedade,

traduzida por redes de indivíduos conectados por interesses em comum, por meio de

dispositivos tecnológicos – desktops, notebooks, telefones móveis e leitores, como iPad –

promovem uma experiência interativa e coletiva no ciberespaço. Isto porque, segundo Lemos

(2002, p. 90-91), “as tecnologias de comunicação contemporâneas promovem a cibercultura

porque potencializam, em vez de inibir, as situações lúdicas, comunitárias e imaginárias da

vida social”.

São comportamentos que recriam processos de aprendizado, de comunicação, de

consumo e naturalmente atribuem um novo conceito às experiências do indivíduo. As TICs,

como fator viabilizador da cibercultura, “o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de

práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente

com o crescimento do ciberespaço” (LÉVY, 1999, p. 17)

Page 11: Monografia Renata Santiago M

11

Contudo, se fala de uma sociedade contemporânea conectada em rede, de novas

formas de relacionamento e de produção de conteúdo, características da cibercultura, cabe

aqui o questionamento da participação das empresas nesse contexto e, em especial, da sua

participação no subsegmento que se relaciona por meio das tecnologias de informação e

comunicação contemporâneas (TICs) (LEMOS, 2002, p. 90-91). E ainda, se há um mercado

novo, com papéis repaginados de seus atores.

Há, de fato, empresas em meio à cibercultura que adotam ferramentas web 2.0, mídias

pós-massivas? Como se caracterizam as empresas que adotam ou não, no que diz respeito às

suas estruturas, comportamento e relacionamento? Como profissional de comunicação digital,

incomoda-me não diagnosticar empresas alinhadas a este subsegmento da cibercultura. Ou

não constatar que essa dinâmica está acontecendo no cenário empresarial. Ou se está

acontecendo, percebo a dificuldade de encontrar empresas que estejam no mesmo de ritmo de

mudança da sociedade.

A possibilidade de um descompasso entre estas empresas e a realidade que pode

comprometer os negócios das empresas não inseridas ou alinhadas aos princípios da

cibercultura é o que este trabalho pretende trabalhar e expor daqui em diante:

[...] de um lado, várias instituições que tem nos servido muito bem por décadas e até

séculos, que parecem estar congeladas e incapazes de ir em frente. De outro, vemos

novas possibilidades borbulhando, como pessoas motivadas, apaixonadas e com

expertise para aproveitar as ferramentas baseadas na Internet para envolver-se na

transformação de um mundo mais próspero de sustentável [...] (TAPSCOTT e

WILLIAMS, 2010, p. 343)

Page 12: Monografia Renata Santiago M

12

1.1- Justificativa

Encontrar o papel da empresa na cibercultura, talvez, seja o ponto inicial para se

perpetuar na mesma e mesmo fazer de um subsegmento que se relaciona via ferramentas Web

2.0. É tão importante quanto compreender que “no domínio do trabalho, como alhures, a

virtualização nos faz viver a passagem de uma economia das substâncias a uma economia dos

acontecimentos”. Para se chegar, então, a respostas ao questionamento de “quando irão as

instituições e as mentalidades acolher os conceitos adequados?”. (LÉVY, 1996, p. 61)

Entender e concretizar seu papel na cibercultura requer que os atores da sociedade, o

que inclui empresas privadas, inserir seus valores e normas nas suas atitudes, ou seja,

relacionamento com os demais atores sociais. Na lógica de ordem social de Sodré, ao que

seriam premissas às instituições mediadoras, papel da família, escola, sindicato, partido, etc:

[...] a mediação precisa de bases materiais, que se consubstanciam em instituições ou

formas reguladoras do relacionamento em sociedade. As variadas formas de linguagem

e as muitas instituições mediadoras (família, escola, sindicato, partido etc.) investem-se

de valores (orientações práticas de conduta) mobilizadores da consciência individual

coletiva. Valores e normas institucionalizados legitimam e outorgam sentido social às

mediações [...] (SODRÉ, 2008, p.21)

Mas se existe uma nova lógica social, seria natural que as empresas fizessem parte

dela. Contudo, há de se descobrir se tal lógica não foi rompida; se as empresas de

comunicação estão desalinhadas em relação à cibercultura, considerando o relacionamento

por meio das novas TICs com seu público interno e externo ou se ainda estão presas no que

Tapscott (2009, p.154) chama de “velho modelo industrial, calcado numa hierarquia

improdutiva”, e que não funcionará em uma economia guiada por inovação, imediatismo, via

Internet. Este é o ponto que traz relevância a este trabalho.

Dado este primeiro passo, pretende-se averiguar qual é este distanciamento entre

rotinas ciberculturais de empresas, as de adoção ou não de ferramentas Web 2.0, e sociedade,

Page 13: Monografia Renata Santiago M

13

atividades de relacionamento e trabalho que sejam sustentadas ou criadas pelas características

da cibercultura. O presente trabalho se torna relevante para, posteriormente, em um futuro

trabalho de pesquisa, este descompasso entre sociedade e empresa seja medido

cientificamente.

Portanto, este projeto se justifica pela importância de identificar a existência ou não de

empresas que prestam serviços de comunicação corporativa desalinhadas à cibercultura, no

que diz respeito ao uso das novas TICs em seus relacionamentos, tornando tal fato em

material científico. Sendo que este poderá futuramente contribuir para a geração de uma

matriz que ajudará às empresas a realizarem a transição para uma realidade mais próxima ao

uso pleno dessas ferramentas, tal qual a sociedade contemporânea, que será descrita neste

trabalho ao se apresentar as ciberculturais.

1.2- Problema

Estar alinhada à cibercultura significa atuar, lançar mãos dos espaços e interações no

ciberespaço, “realidades virtuais compartilhadas, que podem fazer comunicar milhares ou

mesmo milhões de pessoas, devem ser consideradas como dispositivos de comunicação

„todos-todos‟, típicos da cibercultura”. (LEVY, 1999, p.108). As empresas de comunicação

corporativa se relacionam com os seus públicos por meio das ferramentas Web 2.0? Como se

dá esse relacionamento? Caso não seja uma realidade, quais os motivos de não existir esse

tipo de relacionamento?

Diante da hipótese de que as empresas de comunicação, em especial, as agências de

comunicação corporativa, ainda estão desalinhadas a este tipo de prática da cibercultura, o

problema aqui a ser tratado será identificar se as empresas, de fato, adotam as TICs

Page 14: Monografia Renata Santiago M

14

contemporâneas em seu relacionamento com funcionários e clientes. Caso a hipótese não se

confirme, há de se levantar possíveis motivos que motivam tal desalinhamento.

1.3- Objetivos

O principal objetivo deste trabalho é identificar se há um desalinhamento entre o

cenário empresarial do setor de comunicação, especialmente, o nicho de agências de

comunicação corporativa, e o subsegmento da cibercultura, que representa o uso das

ferramentas Web 2.0 para o relacionamento com seus públicos. E, posteriormente, esse

achado poderá ser utilizado em futuras pesquisas acadêmicas para se descobrir:

a) O quanto as empresas estão distantes e os impactos que essa condição pode causar

em seu negócio.

b) Se há o uso dos novos dispositivos de comunicação como artefato para

relacionamento dentro e fora da empresa.

c) Como esse uso legitima a possível existência ou inexistência do seu papel na

cibercultura.

1.4- Fundamentação teórica

Fragoso, Recuero e Amaral (2011, p. 48) sugerem a abordagem de pesquisa da internet

como apropriação tecnológica, como uma das linhas de temas relevantes para entendimento

do contexto contemporâneo: “estudos sobre a reconfiguração de práticas sociais/culturais e a

Page 15: Monografia Renata Santiago M

15

sociabilidade em função das TICs”. Através de um olhar voltado para os acontecimentos

diários, percebem-se transformações em todas as esferas institucionais de relacionamento da

sociedade. Essas transformações se processam pela Internet e são amparadas pelo uso das

TICs. Uma “revolução”, traduz Wellman (2004 apud COSTA, 2008, p. 34) e ainda:

[...] uma mudança no padrão de relação entre as pessoas. Digamos que, anteriormente,

os indivíduos se deslocavam de um lugar a outro para interagir com sua rede pessoas,

mas, atualmente, eles vivem uma dinâmica de relação em que saltam de uma pessoa a

outra numa rede virtual de contatos [...]

Uma nova dinâmica em sociedade. Entende-se que essa nova dinâmica deve afetar

como as empresas se relacionam com todos os seus públicos alvos e mesmo em suas

estruturas de negócio. E isso mantém a hipótese de que as empresas podem utilizar as

ferramentas Web 2.0 de forma diferente da sociedade contemporânea

Por isso, este trabalho vem averiguar a existência ou inexistência de empresas de

comunicação corporativa que possam se diferenciar com o uso das TICs contemporâneas ou

mídias pós-massivas, as quais mais adiante serão tratadas neste trabalho, como caracteriza

Levy (1996, p.63): “fábricas flexíveis, a pilotagem da produção passando quase inteiramente

às mãos dos consumidores”.

Se a existência de empresas alinhadas à cibercultura não for uma verdade, há de se

pensar que elas necessitam ser repensadas, humanizadas (PERUZZO, 2004 apud FÍGARO,

Revista USP, nº 86, 2010, p. 104). É preciso repensar a “passagem progressiva das

instituições tradicionais à condição de puras prestadoras de serviços”, o que “afeta

grandemente os núcleos de elaboração e transmissão de valores capazes de atenderem às

exigências das novas formas de representação social”. (SODRÉ, 2008, p. 110)

Os estudos de Lévy (1996 e 1999), Sodré (2008) e Costa (2008) apresentam como as

empresas devem ser, contudo, não apresentam fatos da existência das mesmas. Em

contrapartida, Tapscott (2009, p. 157) afirma que “um número crescente de empresas estão

Page 16: Monografia Renata Santiago M

16

descentralizando seus processos de decisão e incorporando novas tecnologias que conectem

seus colaboradores em times, por todo o mundo”. Essa, talvez, pudesse ser chamada de ideal

de empresa contemporânea?

Este trabalho não pretende atribuir nomenclaturas aos tipos de empresas, a partir de

sua relação com a cibercultura. E sim, tentar identificar a existência ou não daquelas que

podem ser consideradas distantes ou próximas do subsegmento cibercultural, ou seja, da

adoção na prática das ferramentas Web 2.0 em seus relacionamentos, que, segundo Rüdiger

(2007, p. 104) “expressa antes de mais nada uma suposta vontade coletiva de construir laços

sociais baseados na partilha de conhecimentos”. Portanto, atribui-se como objeto principal de

estudo o relacionamento via ferramentas Web 2.0 de agências de comunicação corporativa

com seus principais públicos, um estudo de caso da agência CDN Comunicação Corporativa.

Como objeto secundário, conseqüente do principal destacado, este trabalho observará os

motivos pelos quais a agência adota ou não tais ferramentas.

Para Lévy (1999, p.129) a interconexão, a criação de comunidades virtuais e a

inteligência coletiva são princípios da cibercultura. E como características, o autor aponta

para uma civilização da “telepresença generalizada” e para “o espaço como um “canal

interativo”. É objetivo deste trabalho, identificar na empresa estudada tais traços

ciberculturais e outros que serão mais bem apresentados no próximo capítulo.

1.5- Procedimentos metodológicos

Os objetivos dessa pesquisa serão executados a partir de três técnicas complementares,

de maneira a analisar o quanto o quadro teórico a ser apresentado é utilizado na prática:

Revisão de bibliografia específica, considerando modelos teóricos e pesquisas já

aplicadas no campo da cibercultura, sociedade da informação, redes sociais,

Page 17: Monografia Renata Santiago M

17

tecnologias da informação e comunicação contemporâneas, estudos dirigidos que

possam delinear e embasar esta pesquisa.

Estudo de caso: visando analisar o alinhamento ou a distância da empresa-amostra em

relação ao subsegmento da cibercultura, a adoção de ferramentas Web 2.0 no

relacionamento com seus públicos, observando “as rotinas produtivas dos seus

profissionais e possíveis transformações frente à inserção da internet em seus

contextos de trabalho”. (FRAGOSO, RECUERO & AMARAL, 2011, p. 48). O

ambiente estudado será uma agência comunicação corporativa, com uma unidade de

negócio digital. A agência será a CDN Comunicação Corporativa, a maior do setor no

Brasil. Sendo assim, é relevante avaliar se esta empresa representativa do setor, que

supostamente deveria oferecer serviços característicos da cibercultura, possui práticas

ciberculturais. Passa por este estudo de caso, a análise de documentos, estrutura,

rotinas internas e perfis e sites oficiais digitais, que por ventura podem atribuir uma

leitura mais apurada da sua proximidade ou não do ideal cibercultural.

Aplicação de entrevista em profundidade: com executivo responsável pela agência

representativa do setor. A amostragem será não-probabilística e engloba uma empresa

comunicação corporativa, que possui unidade de negócio digital, com até 500

funcionários, na cidade de São Paulo. A escolha do tipo de amostra tem objetivo de

levantar resultados de “representatividade social” e aplicar “tratamento qualitativo de

dados.” (LOPES, 2001, p145)

Page 18: Monografia Renata Santiago M

18

2. CIBERCULTURA HOJE: conceitos e características ciberculturais

Uma nova forma de relacionamento: “tecnologia

é a sociedade” (CASTELLS, 1999, p. 25).

Segundo Lemos e Lévy (2010, p. 21), a cibercultura é “uma forma sociocultural que

modifica hábitos sociais, práticas de consumo cultural, ritmos de produção e distribuição da

informação, criando novas relações no trabalho e no lazer, novas formas de sociabilidade e de

comunicação social”.

Rüdiger (2007, p. 91) associa a cibercultura diretamente à sociabilidade pós-moderna -

“novas formas sociais” -, à microinformática e ao surgimento das redes telemáticas mundiais:

“as tecnologias de informação e as redes telemáticas são seu elemento material de

interligação”. (Ibid., p. 80)

E, se teoricamente, segundo Lévy (1999, p.113), “a cada minuto que passa, novas

pessoas passam a acessar a Internet, novos computadores são interconectados, novas

informações são injetadas na rede”, pesquisas confirmam que a teoria está alinhada à

realidade brasileira de 73,9 milhões de pessoas com acesso à Internet no Brasil, segundo

dados do Ibope Nielsen Online (IBOPE, 2011). Lévy também coloca em pauta o ciberespaço,

ambiente virtual onde se dão os relacionamentos ciberculturais (1999, p. 95):

[...] eu defino ciberespaço como o espaço de comunicação aberto pela interconexão

mundial dos computadores e das memórias e dos computadores... esse novo meio tem a

vocação de colocar em sinergia e interfacear todos os dispositivos de criação de

informação, de gravação, de comunicação e de simulação. A perspectiva da digitalização

geral das informações provavelmente tornará o ciberespaço o principal canal de

comunicação e suporte de memória da humanidade a partir do próximo século [...]

Não há como dissertar sobre cibercultura, sem descrever o ciberespaço, tópico este que

Lévy explora exaustivamente. Meio interativo, orgânico e essencialmente virtual, que sedia

Page 19: Monografia Renata Santiago M

19

novos modos de comunicação e interação, o autor acredita que o ciberespaço “será o principal

canal de comunicação e suporte da memória da humanidade” (1999, p. 95).

O ciberespaço é componente fundamental da cibercultura. É por meio dele que

informações e conhecimentos podem ser acessados e compartilhados, sem que

necessariamente as pessoas estejam geograficamente próximas: “uma vez que uma

informação pública se encontra no ciberespaço, ela está virtual e imediatamente à minha

disposição, independentemente das coordenadas espaciais de seu suporte físico”. (LÉVY,

1999, p. 96)

Entre as características da cibercultura está a possibilidade de se combinar vários

modos de comunicação, por meio do ciberespaço. Como exemplos: correio eletrônico, as

videoconferências, hiperdocumento compartilhado, sistemas de aprendizagem online,

trabalhos colaborativos e os chamados “mundos virtuais multiusuários” (LÉVY, 1999, p.

107).

Ao se abordar o uso do ciberespaço, tópico essencial para a disponibilização de

produtos digitais, gerados por agências de comunicação digital, Lévy afirma que “o nervo do

ciberespaço não é o consumo de informações ou de serviços interativos, mas a participação

em um processo social de inteligência coletiva” (1999, p. 198). Em contrapartida, Rüdiger

(2007, p. 135) traz a discussão de papéis dos envolvidos nesse processo tecnológico, bem

como sua forma e escolha de adoção pela sociedade:

[...] os empresários que exploram os processos tecnológicos, os cientistas que lhe

fornecem os meios e os técnicos (engenheiros, designers, etc.) que os operacionalizam são

apenas uma face desse cenário. Os indivíduos comuns que os consomem, os empregam e

os adaptam a seu modo de vida e às suas necessidades de forma mais ou menos

significativa são o outro lado da moeda [...]

A possibilidade de relacionamento e comunicação no ciberespaço entre pessoas,

grupos e instituições em diferentes pontos geográficos, acrescentando a esse contexto as

Page 20: Monografia Renata Santiago M

20

tecnologias móveis, reforça, também, um estilo de vida móvel, característico da cibercultura,

e que impacta diretamente na “reorganização na forma de as pessoas se encontrarem,

trocarem e comunicarem entre si”. (ANTOUN, 2008, p. 34)

Tempo e espaço ganham um novo significado na cibercultura que, conseqüentemente,

também influencia na reorganização do relacionamento interpessoal. Fala-se da manifestação

“desterritorializada”, a copresença e a interação de quaisquer pontos do espaço físico, social

ou informacional: “[...] um estilo de relacionamento quase independente dos lugares

geográficos (telecomunicação, telepresença) e da coincidência dos tempos (comunicação

assíncrona)” (ANTOUN, 2008, p. 34).

A comunicação também ganha novos contornos, novas funções, ou seja, a mídia sofre

mutação, conforme argumentam Lemos e Lévy (2010, p. 70): “as novas mídias interativas

com funções pós-massivas são, mais do que informativas, verdadeiras ferramentas de

conversação”. Caem por terra, segundo os autores, a mediação e o controle por centros

editores de informações. Entra, então, em cena a “nova comunicação pessoal” (Ibid., p. 71),

constituída pelo controle individual e a partilha coletiva da informação em mobilidade com

alcance planetário. Vale ressaltar o impacto desse sintoma na cibercultura nas empresas de

comunicação, que por vezes é a produtora e mediadora de conteúdos. Neste ponto já “não se

trata apenas de uma mudança na forma de consumo midiático, mas nas formas de produção e

distribuição de conteúdo informacional” (Ibid., p. 73).

Outro aspecto importante para compreender a cibercultura é a relação da informação,

conhecimento e economia. Para Lévy (1996, p. 55):

[...] as informações e os conhecimento passaram a constar entre os bens econômicos

primordiais, o que nem sempre foi verdade. Ademais, sua posição de infra-estrutura –

fala-se de infos-estrutura -, de fonte ou condição de condição determinante para todas as

outras formas de riqueza tornou-se evidente, enquanto antes se mantinha na penumbra

[...]

Page 21: Monografia Renata Santiago M

21

Com a liberação dos pólos de emissão de conteúdo, uma produção de informação de

“voz livre” (LEMOS e LÉVY, 2010, p. 83), um novo “habitat de comunicação” sem

mediação dessa produção (ANTOUN, 2008, p. 84), uma comunicação horizontal “sem passar

pelos poderes, sem passar pelas hierarquias (Id., 2008, p.86), onde qualquer pessoa conectada

à rede pode emitir informações e serviços, disponibilizar comentários sobre eles, trazer

soluções. Compartilhar conteúdo e conhecimento faz girar a economia em tempos de

cibercultura:

[...] a cultura digital é aquela que me permite o luxo da escolha, o luxo da garimpagem, o

luxo do excesso e da profusão de coisas para além do gosto médio. Isso é que faz a

riqueza da Internet e que permitiria uma expansão do conhecimento e a liberação da

palavra na cibercultura [...] (LEMOS E LÉVY, 2010, p.93)

As características e manifestações apresentadas, como as novas formas de

relacionamento, as novas mídias, a mudança no pólo de emissão de conteúdo, a

desterritorialização e o ciberespaço, objetivaram conceituar a cibercultura para oferecer um

melhor entendimento do termo. Este será a principal referência e cenário deste trabalho,

juntamente, com o entendimento da sociedade contemporânea e realidades corporativas

brasileira, em especial empresas de comunicação. Tópicos estes a serem abordados a seguir.

2.1- Sociedade Contemporânea

Segundo Williams (2007, p. 379), a palavra sociedade é clara em dois sentidos

principais: “como o termo mais geral para o corpo de instituições e relações no qual vive um

grupo relativamente grande de pessoas; e como o termo mais abstrato para a condição na qual

se formam essas instituições e relações”. A sociedade atual ganha as mais variadas

nomenclaturas: da informação, pós-moderna, pós-capitalista, pós-massiva. Este item não

Page 22: Monografia Renata Santiago M

22

pretende ensaiar definições sobre a diversidade de sinônimos da sociedade contemporânea ou

mesmo discorrer sobre as linhas teóricas de cada uma. Mas objetiva conceituar e atribuir

características dessa sociedade, de maneira a fundamentar o entendimento teórico do cenário

estudado nesse projeto, onde estão inseridas empresas de comunicação corporativa, campo de

estudo deste trabalho.

2.1.1- Conceitos e características

Para compreender a sociedade contemporânea, ou como nomeiam Lemos e Lévy

(2010, p. 30), “sociedade da informação”, deve-se atentar para três pilares fundamentais de

transformação: a estrutura em rede (informação, comunicação), as redes sociais (o outro, as

relações sociais, a comunicação) e a globalização (desterritorialização, a mundialização).

A sociedade contemporânea está em rede. Segundo Lemos e Lévy (2010, p. 42): “a

percentagem de conectados à Internet logo vai superar 50% nos países desenvolvidos”. São

indivíduos das mais diversas culturas e nacionalidades interagindo via Internet, trocando

informações, relacionando-se, tudo ao mesmo tempo. Portanto, falamos de uma sociedade

conectada, uma grande rede social:

[...] quando uma rede de computadores conecta pessoas ou organizações, ela é uma

rede social. Da mesma forma que uma rede de computadores é um conjunto de

máquinas conectadas por cabos, uma rede social é um conjunto de pessoas (ou

organizações ou outras entidades sociais) conectadas por relações sociais, como

amizades, trabalho conjunto, ou intercâmbio de informações [...] (GARTON,

HAYTHORNTHWAITE e WELLMAN, 1997 apud PRIMO, 2008, p. 93)

Essa estrutura em rede, como denominam Lemos e Lévy (2010, p. 30), traz à

sociedade contemporânea uma nova velocidade na comunicação e na aprendizagem.

“Seguindo esse novo ritmo, não existe quase diferença entre o tempo da ideia e aquele de sua

Page 23: Monografia Renata Santiago M

23

realização” (Ibid., p. 44). Segundo a autora, ela ganha “desenhos móveis da heterogeneidade

pluritemporal e espacial” (SANTAELLA, 2003, p 65). É a sociedade do agora.

Como já previa Johnson (2001, p. 38), a sociedade do agora, ao mesmo tempo, em

rede, passa pela digitalização de todos os seus aspectos de relacionamento. “A Internet

penetra em todos os domínios da vida social e os transforma”. (CASTELLS, 2002 apud

RÜDIGER, 2007, p. 83) É a sociedade digital:

[...] o grande drama das próximas décadas vai se desdobrar sob estrelas cruzadas do

analógico e do digital. Como o coro da tragédia grega, filtros de informação vão nos

guiar através dessa transição, traduzindo os zeros e os uns da linguagem digital nas

imagens mais conhecidas, analógicas da vida cotidiana. Essas metaformas, esses

mapeamentos de hits virão para ocupar praticamente todas as facetas da sociedade

contemporânea: trabalho, divertimento, amor família, arte elevada, cultura popular,

política [...] (JOHNSON, 2001, p.38)

2.1.2- As novas mídias e as novas formas de comunicação

É preciso retomar o tripé sugerido por Lemos e Lévy (2010, p. 30) “a estrutura em

rede (informação, comunicação), as redes sociais (o outro, as relações sociais, a comunicação)

e a globalização (desterritorialização, a mundialização)” para entender a sociedade

contemporânea e abordar o processo informacional, ou seja, de produção e consumo da

informação e de comunicação dessa, que segundo os autores passa por uma mutação: “esta

mutação na comunicação está atrelada a processos midiáticos que não se enquadram na

denominação de mídias de massa. Alguns autores chamam de mídias digitais, outros de

mídias interativas, novas mídias etc.”. (Ibid., p. 25)

Tal reconfiguração fundamenta um dos sintomas da sociedade contemporânea: o

consumo de informação mais personalizável e interativo e a sua produção e distribuição mais

ágeis, pulverizadas na rede. É o que Santaella (2003, p. 70) chama de “revolução digital”,

Page 24: Monografia Renata Santiago M

24

uma revolução da informação e da comunicação, e que Lemos e Lévy classificam como a

atribuição da função pós-massiva às mídias.

[...] sem dúvida, a esfera da conversação mundial se ampliou, como pode ser

comprovado com a expansão de sistemas e ferramentas de comunicação como

blogs, wikis, podcasting, softwares sociais (como o Orkut – de longe o mais popular

no Brasil) ou novos sistemas de “mobile social networking”, permitindo a troca de

informação entre pessoas e comunidades em mobilidade, via dispositivos portáteis

de acesso sem fio às redes [...] (2010, p. 25)

Há uma nova forma de se comunicar e se relacionar, uma forma virtual. Contudo, a

influência das mídias digitais na sociedade contemporânea não significa a extinção da cultura

de comunicação existente. Segundo Santaella (2003, p. 78), ela sofreu reajustamentos no

papel social que desempenha, mas continua presente. A autora acrescenta: “não se trata,

portanto, da passagem de um estado das coisas a outro, mas muito mais de complexificação,

do imbricamento de uma cultura na outra, uma multiplexidade”.

Entender a forma de se relacionar na sociedade contemporânea requer levantar a

importância das redes digitais nesse contexto e como aparato social.

[...] as redes digitais representam, hoje, um fato determinante para a compreensão

da expansão de novas formas de redes sociais e da ampliação de capital social em

nossa sociedade. Testemunhos como os de Howard Rheingold, por exemplo, vêm

comprovando que a sinergia entre as pessoas via web, dependendo do projeto em

que estejam envolvidas, pode ser multiplicada com enorme sucesso. As diversas

formas de comunidades virtuais, a estratégia, P2P, as comunidades móveis, a

explosão dos blogs e wikis e a recente febre do Orkut são prova de que o

ciberespaço constitui fator crucial no incremento do capital social e cultural

disponíveis [...] (COSTA, 2008, p.42)

2.1.3- Desterritorialização e efemeridade

Uma sociedade conectada em rede e que consome e compartilha informações e

conhecimento coletivamente fatalmente tende a contribuir para a formação de uma nova

economia e de um novo modelo de aprendizado. Se há uma nova forma de se comunicar e se

Page 25: Monografia Renata Santiago M

25

relacionar, segundo afirma Antoun (2008, p. 35) “com a revolução das tecnologias de

comunicação, houve uma mudança no padrão de relação entre as pessoas”, portanto, os

indivíduos contemporâneos, conseqüentemente, ganham novos ambientes e modos de

trabalhar, entreter-se, comprar e aprender de formar diferentes.

As tecnologias móveis, especialmente, aparelhos smarphones, iPhones e tablets, que

propiciam transmissão de voz e dados, permitem trocas, geração de informações, cooperação,

coordenação de atividades, ou seja, possibilitam relacionamento a qualquer tempo e espaço.

Essa realidade é a realidade dos grandes centros urbanos:

[...] o uso de tecnologias móveis interfere, como toda mídia, na gestão do espaço e

do tempo. Essa subjetividade exteriorizada, desterritorializada, efêmera e empática

cria novos formatos sociais, que visam compartilhar, à distância e em tempo real, a

vida como ela é [...] (ANTOUN, 2008, p. 60)

É possível tranqüilizar o filho que está do outro lado mundo com uma mensagem de

texto ao mesmo tempo em que está lendo o e-mail no notebook. Mobilizar centenas de

pessoas via convite digital em numa rede social, candidatar-se a uma vaga de trabalho

virtualmente, entre outras atividades que, há algum tempo, levariam muito mais tempo para

serem feitas e ainda dependeriam de deslocamento físico. Santaella (2003, p. 105) exemplifica

o impacto da relação das novas tecnologias na sociedade:

[...] a tecnologia computacional está fazendo a mediação das nossas relações

sociais, de nossa auto-identidade e do nosso sentido mais amplo de vida social. O

telefone celular, o fax portátil, o computador notepad e várias outras formas

eletrônicas de extensão humana se tornaram essenciais à vida social e se constituem

nas condições para a criação da cibercultura [...]

E o ciberespaço é o ambiente que abriga a nova forma de interatividade. Tudo pode ser

feito ao mesmo tempo e de qualquer local geográfico. Santaella (2003, p. 123) traz o sintoma

pós-moderno da fragilidade e efemeridade em Heim (1993, p.100 apud SANTELLA 2003, p.

123): “porque nossas máquinas nos dão o poder de esvoaçar pelo universo, nossas

comunidades crescem em fragilidade, volatilidade e efemeridade na medida mesma em que

nossas conexões se multiplicam”.

Page 26: Monografia Renata Santiago M

26

Para sugerir a nova forma de trabalhar, entreter-se, comprar e aprender da sociedade

contemporânea, Santaella (2003, p.124) cita Mitchell, que apresenta três camadas

ciberespaço, sendo que é a terceira que nos interessa, pois é colocada como a que afeta a

cultura e a sociedade:

[...] c1) espaço de trabalho virtual corporativo. Este seria um espaço simulado em

3D de propriedade de uma corporação com o propósito de conduzir seus negócios

fora dos constrangimentos do espaço e tempos normais; c2) o segundo seria o

ciberespaço dos brinquedos. Um espaço de brinquedos pessoais que não poderá

competir com os parques de diversão do ciberespaço; c3) a arena consumista, o dos

shopping centers do ciberespaço em reinos virtuais 3D [...] (STERNING, 1990

apud SANTAELLA, 2003, p. 124)

Nesse cenário, percebe-se uma sociedade conectada e em plena experimentação, ao

mesmo tempo, de toda a amplitude de sensações e usos que as novas tecnologias podem gerar,

em sua velocidade, atemporalidade, efemeridade, desterritorialização e demais sintomas

podem causar. Esta é uma realidade vista no mundo e no Brasil, conforme será apresentado no

próximo tópico. “De fato, o que o estilo de vida móvel vem provocando é uma reorganização

na forma de as pessoas se encontrarem, trocarem e comunicarem entre si”. (ANTOUN, 2008,

p. 34)

2.2- Contexto Brasil

A cibercultura, conforme está sendo apresentado ao longo deste trabalho, é um

fenômeno que não exclui o Brasil. Apesar de não figurar entre os países de 1º mundo, o

número de brasileiros incluídos digitalmente cresce rapidamente, bem como o uso das redes

digitais. Segundo dados do Ibope Nielsen Online (IBOPE, 2011) 73,9 milhões de pessoas tem

acesso à Internet no Brasil. O acesso em domicílios cresceu 24% no período de 2010. O que

mostra que a Internet é uma realidade também fora do trabalho.

Sobre o uso das redes sociais digitais, a pesquisa mostra que 72% dos internautas já

incorporaram às suas rotinas o hábito de navegar em sites de redes sociais, sobretudo para

Page 27: Monografia Renata Santiago M

27

interagir com amigos, atualizar perfis e compartilhar fotos em sites como Orkut, Facebook,

Twitter e LinkedIn.

Em um artigo que analisa como as mídias digitais foram apropriadas na sociedade

brasileira, com atenção particular sobre as mudanças nos processos de produção, distribuição

e consumo, Horst (2011) cita a pesquisa ComScore, que revela 8,6 milhões de usuários

brasileiros no Twitter, em agosto de 2010, 29 milhões de visitantes únicos no Orkut e perto de

nove milhões de visitantes no Facebook. “Brasileiros são claramente líderes no uso e

inovação das mídias sociais” (HORST, 2011, p. 452).

O perfil de brasileiros nas redes sociais são de trabalhadores. A maior taxa de

trabalhadores usuários de redes sociais encontra-se entre jovens adultos entre 25 e 34 anos:

58% deles trabalham, enquanto apenas 16% ainda não realizam uma atividade profissional.

Na faixa de 35 a 44 anos, o número de usuários que não trabalham cai para 11%. (IBOPE,

2011)

As estatísticas apresentadas reforçam a inclinação da sociedade brasileira às práticas

ciberculturais e alinhadas à realidade prevista por Santaella (2003, p. 18):

[...] mesmo países em desenvolvimento como o Brasil, com todas as contradições e

exclusões que lhes são próprias, não estão fora da revolução digital e da nova ordem

econômica, social e cultural mundializada que ela instaura com todas as conseqüências

que traz tanto para a vida cotidiana, com os novos tipos e formas de trabalho, profissão

que introduz e as diversas modalidades de lazer entretenimento que permite, quanto

para as formas de registro e síntese da realidade, para as suas utilizações científicas,

artísticas e educacionais [...]

Este cenário, teoricamente, inseriria as empresas brasileiras, o que inclui as agências

de comunicação corporativa, em práticas que utilizariam as mídias pós-massivas para o seu

relacionamento com seus públicos, considerando que, neste contexto, essas pessoas já se

relacionam via tais meios, segundo estatísticas apresentadas e que comprovam a apropriação

Page 28: Monografia Renata Santiago M

28

dessas mídias na sociedade. Se há um descompasso das empresas em relação a este uso,

carece averiguar.

Page 29: Monografia Renata Santiago M

29

3. CIBERCULTURA E AMBIENTE CORPORATIVO

3.1- Mudanças no ambiente corporativo

A mudança na relação tempo e espaço, o novo processo de comunicação com a

liberação dos pólos de emissão de mensagens, a desterritorialização, o relacionamento em

rede e demais sintomas apresentados pela sociedade e característicos da cibercultura, também,

chegam às corporações, já que estas fazem parte da sociedade.

O fator tempo está relacionado diretamente à comunicação e ao processo de produção

das empresas. Segundo Tapscott (2009, p. 191), ao abordar as necessidades da nova geração

de consumidores, a partir de sua pesquisa em 12 países das Américas, o que inclui o Brasil,

Europa e Ásia, o fator do tempo como o agora, é a tônica dessa geração. O autor descreve: “a

geração net naturalmente assume que as empresas podem responder com a mesma

simplicidade, velocidade e objetividades, como a própria geração faz com seus amigos”. Este

trabalho não parte do pressuposto de que, atualmente, as empresas são compostas e se

relacionam unicamente com a geração net. Contudo, entende-se que este geração já está

inserida nas empresas e que se comporta como propulsora das mudanças que se alinham às

práticas ciberculturais.

Como exemplo que reforça essa mudança em relação ao tempo e ao espaço, uma

reclamação do cliente que levava dias para ser de conhecimento da área de atendimento

responsável na empresa, agora, leva segundo, enviada por diversos meios digitais, os quais

são chamados por Sodré de “neotecnologias”:

[...] está depois em jogo um novo tipo de formalização da vida social, que implica uma

outra dimensão da realidade, portanto formas novas de perceber, pensar e contabilizar

o real. Impulsionadas pela microeletrônica e pela computação ou informática, as

neotecnologias da informação introduzem os elementos do tempo real (comunicação

Page 30: Monografia Renata Santiago M

30

instantânea, simultânea e global) e do espaço virtual (criação por computador de

ambientes artificiais e interativos) [...] (SODRÉ, 2008, p.16)

A mudança do tempo em relação ao espaço está intimamente ligada em como as novas

tecnologias alteram os processos de comunicação neste século XXI (LEMOS e LÉVY, 2010,

p. 45). Essa mudança é possibilitada pelas novas funções, chamadas pós-massivas, das

mídias, que “caracterizam-se por abertura do fluxo informacional, pela liberação da emissão e

pela transversalidade e personalização do consumo da informação” (Ibid, p.48). Segundo os

autores, essas funções podem ser percebidas em blogs, softwares livres, podcasting, wikis,

microblogs. É dessa forma que Tapscott (2009, p. 189) constata que essa nova forma de

comunicação menos se dá por meios de massa, ela é aderente à nova geração, ou seja, ao novo

grupo de jovens trabalhadores no mundo:

[...] relações públicas não funcionarão com essa geração. Essas técnicas consideram que

você pode controlar as mídias e enviar mensagens corporativas para consumidores que

devem acreditar e internalizá-las. Em um ambiente computacional, esse tipo de

conversação de uma mão não possui credibilidade [...]

A comunicação instantânea via mídias pós-massivas, ganha uma dimensão

desterritorizalizada. Em um cenário empresarial, onde uma empresa possui unidades

espalhadas no mundo, pode lançar mão de tais mídias para a sua comunicação, o que pode

minimizar os custos de encontros presenciais entre as unidades. Outro exemplo do uso dessa

função é mostrado por Lemos e Lévy (2010, p. 76):

[...] com as atuais tecnologias móveis, esses usuários-produtores desempenham uma

função muito maior do que a comunicação interpessoal. Fala-se também de móbile

journalism ou locative journalism para práticas que utilizam essas novas tecnologias

para localizar e publicar notícias seja por jornalistas profissionais, seja pelo cidadão

comum [...]

A intenção até aqui da breve apresentação dos aspectos advindos da cibercultura para

mundo corporativo é de caráter introdutório para o detalhamento a ser tratado nesse item.

Page 31: Monografia Renata Santiago M

31

Contudo, faz-se importante reforçar que será observado o que muda nas corporações,

considerando os aspectos relacionais e comunicação, estruturais e de serviços.

3.1.1- Conceitos

Alguns autores, como Anderson (2006), Sodré (2008), Li e Bernoff (2009) e Tapscott

(2007; 2009) trazem uma série de conceitos e características da cibercultura aplicadas à

realidade corporativa.

Anderson (2006, p.55) visualiza a cibercultura entranhada nos novos modelos de

negócio, quando observa os impactos da tecnologia na formatação de mercado e na relação de

consumo. Como este trabalho traz um estudo de caso que, por sua vez, observa uma empresa

de prestação de serviços em comunicação corporativa, que se dá por meio de relacionamentos

e manuseio e tratamento de dados e informações, o conceito do autor se torna relevante para

observar esse tipo de empresa sob a ótica de um novo modelo de formatação de mercado e do

uso das mídias pós-massivas nesse cenário. O autor traz a “conversa entre si”, o diálogo

virtual ou real entre os consumidores, ao tratar do conceito da Cauda Longa. Segundo

Anderson:

[...] quando os consumidores conversam entre si descobrem que, em conjunto, suas

preferências são muito mais diversificadas do que sugerem os planos de marketing. Seus

interesses se desmembram em comunidades de afinidade cada vez mais estreitas, que se

aprofundam cada vez mais nas respectivas preferências [...] (2006, p. 55)

Como na sociedade contemporânea, a “liberação dos pólos de emissão de conteúdo”

(LEMOS e LÉVY, 2010, p. 48) gerou uma nova forma de produção e consumo de informação

e conhecimento, Anderson apresenta a “democratização das ferramentas e produção” (2006,

p. 52), como uma das forças da teoria da Cauda Longa:

Page 32: Monografia Renata Santiago M

32

[...] hoje, milhões de pessoas tem a capacidade de produzir pequenos filmes ou álbuns e

publicar seus pensamentos para todo mundo – o que de fato é feito por quantidade de

pessoas surpreendentemente grande [...] o resultado é que o universo de conteúdo

disponível hoje está crescendo mais rápido do que em nenhuma outra época [...]

O principal resultado dessa força é a geração maior de oferta de bens. Voltando para

um olhar aplicado às empresas de comunicação e ao seu negócio, em especial, agências de

comunicação corporativa, foco deste trabalho. É possível sugerir que, em termos de conteúdo,

essa empresa está vendendo um serviço e competindo com milhares de pessoas que produzem

deliberadamente na Internet, sem nenhum vínculo e, às vezes, por nenhuma quantia de

dinheiro.

Essa pulverização da oferta de bens, segundo Anderson (2006, p. 53), torna-se

possível pela segunda força da teoria, a “democratização da distribuição”: “o PC transformou

todas as pessoas em produtores e editores, mas foi a Internet que converteu todo mundo em

distribuidores” (Ibid., p. 53). O autor completa a teoria com a força “ligação entre oferta e

demanda”, possibilitada também pela Internet, que torna mais barato alcançar mais pessoas,

aumentando efetivamente a liquidez do mercado na Cauda, segundo o autor.

Além do fenômeno da Cauda Longa, outro conceito que pode demonstrar o uso das

mídias pós-massivas para relacionamento das empresas, é o groundswell, “uma tendência

social na qual as pessoas usam a tecnologia para obter o que desejam umas das outras, e não

com instituições tradicionais como as corporações” (LI e BERNOFF, 2009, p. 10).

/As autoras defendem que a tendência groundswell não é um movimento passageiro:

“Ela representa uma forma importante, irreversível e completamente diferente de as pessoas

se relacionarem com as empresas e com as outras”. (2009, p. 10).

Acrescentando aos impactos nas formas de produção, distribuição, consumo e

relacionamento, conceituados por Anderson (2006) e Li e Bernoff (2009), Tapscott aponta

Page 33: Monografia Renata Santiago M

33

para as mudanças nos negócios e nas suas estruturas, quando analisam as novas tecnologias e

os novos modelos de colaboração:

[...] na verdade, estamos falando de mudanças profundas na estrutura e no modus

operandi da empresa e da nossa economia, baseadas em novos princípios competitivos

tais como abertura, peer production (peering), compartilhamento e ação global [...]

(TAPSCOTT, 2007, p.32)

3.1.2- Impactos na comunicação e relacionamento da empresa

O groundswell (LI e BERNOFF, 2009) é produto de três forças: pessoas, tecnologia e

aspectos financeiros. O uso aqui do conceito groundswell visa complementar a

fundamentação deste trabalho, observando o uso das mídias pós-massivas nos relacionamento

empresariais, sem que este olhar redirecione o foco do estudo para pessoas, tecnologias e

aspectos financeiros.

Para compreender esta mudança, é importante mencionar a relação do trabalho com a

comunicação. Para Léontiev (1976), a função trabalho configura imediatamente uma função

de comunicação para o relacionamento entre as pessoas:

[...] no trabalho, os homens entram inevitavelmente em relação, em comunicação uns

com os outros. Na origem, suas ações, propriamente o trabalho, e sua comunicação

formam um processo único. Agindo sobre a natureza, os movimentos de trabalho dos

homens agem igualmente sobre os outros participantes na produção. Isso significa que

as ações do homem têm nessas condições uma dupla função: uma função imediatamente

produtiva e uma função de ação sobre outros homens, uma função de comunicação [...]

(LÉONTIEV, 1976, p.78 apud FÍGARO, 2010, p.100)

As mídias sociais são parte integrante no conceito do groundswell e se faz necessário

compreender como funcionam no contexto corporativo e como o muda, no que tange sua

comunicação e relacionamento com seus públicos. “No groundswell, os relacionamentos são

Page 34: Monografia Renata Santiago M

34

tudo. A maneira como as pessoas se conectam umas com as outras – a comunicação que é

criada – determina como o poder se movimenta” (LI e BERNOFF, 2009, p. 18).

Com o aumento da interatividade, o relacionamento com transparência se torna tônica

crescente no cenário empresarial. Segundo Tapscott (2007, p. 33), “as pessoas e instituições

que interagem com as empresas estão obtendo um acesso sem precedentes a importantes

informações sobre comportamento operações e desempenho das empresas”.

O novo processo de midiatização oportunizado pelas novas mídias e característico da

cibercultura, ao que Sodré (2008, p. 21) chama de “tecnointeração”, modifica todo o processo

informacional das empresas. Para o autor, midiatização é “uma ordem de mediações

socialmente realizadas no sentido da comunicação entendida como processo informacional, a

reboque de organizações empresariais e com ênfase num tipo particular de interação”.

Enquanto a “tecnointeração” seria caracterizada por uma espécie de prótese tecnológica e

mercadológica da realidade sensível, denominada médium.

Segundo Lemos e Lévy (2010, p.25), esse novo processo se dá pela liberação da

palavra e com o surgimento de funções comunicativas pós-massivas, que permitem a qualquer

pessoa, e não apenas empresas de comunicação, consumir, produzir e distribuir informação

sob qualquer formato em tempo real e para qualquer lugar do mundo. Os autores reforçam o

uso de blogs, wikis e demais plataformas sociais como artefatos que possibilitam a

comunicação pós-massiva (Ibid., p. 48), inerente ao novo processo de midiatização e

conseqüentemente à cibercultura.

As autoras Li e Bernoff (2009) afirmam que as mídias sociais aplicadas no contexto

corporativo devem ser analisadas a partir de alguns fatores como: seu funcionamento, de

como fazem parte do groundswell e como ameaçam o poder institucionalizado. Este último e,

talvez, um dos fatores mais drásticos da mudança:

Page 35: Monografia Renata Santiago M

35

[...] o groundswell mudou o esquema de poder. Qualquer um pode montar o site que

conecte pessoas. Se ele for bem projetado, as pessoas o visitarão. Elas dirão a seus

amigos para usá-lo. Elas farão negócios, ou lerão notícias, ou iniciarão um

movimento popular, ou concederão empréstimos umas às outras, ou o que quer que

seja o propósito do site [...]

A comunicação possui relação direta com o cenário de “poder institucionalizado” de

Li e Bernoff (2009). E ao se tratar de comunicação em um contexto empresarial, deve-se

compreender o processo de comunicação organizacional que, segundo Nassar, é um

metassistema social tecnológico – que tem como objeto de estudos os processos

comunicacionais, no âmbito das empresas e das instituições, suas redes de relacionamento e

sociedade em (apud KUNSCH, 2009, p.73). As tecnologias como parte desse processo, com

funções pós-massivas, transformam o processo de comunicação. Portanto, transformam os

relacionamentos empresariais. Como desdobramento do conceito groundswell e com vistas

trazer uma melhor compreensão quanto o que são as ferramentas pós-massivas e seus usos

nos ambientes corporativos, este trabalho traz a descrição das autoras Li e Bernoff (2009, p.

19-37) desses meios.

a) Blog: diário pessoal (ou em grupo) de comentários (“post”) contendo opiniões

escritas, links e, em geral, fotografia. Os autores de blogs lêem blogs de outras pessoas

e deixam seus comentários. Os blogs, vídeos gerados por usuários e podcasts não são

regulamentados, e tudo é possível. Com freqüência, as empresas precisam controlar os

funcionários que postam conteúdo não-autorizado sobre seus empregados e seus

empregos.

b) Redes Sociais: são sites de relacionamento social, onde seus membros mantêm perfis

conectam-se uns aos outros e interagem. Alguns já se tornam uma plataforma para

miniaplicativos. Os modismos se espalham rapidamente através das redes sociais,

deslocando, afetando ou (às vezes) aumentando a consciência sobre a marca. Segundo

Page 36: Monografia Renata Santiago M

36

pesquisa Ibope Mídia (IBOPE, 2010), 60% dos brasileiros usam redes sociais por três

ou mais anos. Entre as redes sociais mais utilizadas na América Latina estão o

Facebook, com 50% do total da audiência e 203, 7 minutos de uso por usuário, e

Orkut com 360, 8 minutos de uso por usuário, segundo pesquisa ComScore

(COMSCORE, 2010).

c) Wikis: são sites que suportam colaboradores múltiplos com a responsabilidade

compartilhada de criar e manter conteúdo, geralmente voltado para textos e imagens.

As massas determinam o que está nas wikis, incluindo as imagens apresentadas às

empresas. As wikis podem ser úteis internamente como ferramentas de colaboração

para equipes que trabalham em um documento ou especificação, por exemplo.

d) Twitter: a pessoa que usa o Twitter escreve uma mensagem com, no máximo, 140

caracteres, na Web, ou como mensagem de texto em um telefone celular. Essa

mensagem é enviada a todos os “seguidores” dessa pessoa. Como seguidor, você pode

acompanhar os “tweets” desse amigo em uma página Web. O Twitter já consome 23

minutos por usuário na América Latina (COMSCORE, 2010) e chega a 18 milhões de

usuários no Brasil (IBOPE, 2010).

[...] é que a tecnocultura – essa constituída por mercado e meios de comunicação, a dos

quarto bios – implica uma transformação das formas tradicionais de sociabilização,

além de uma nova tecnologia perceptiva e mental. Implica, portanto, um novo tipo de

relacionamento do indivíduo [...] (SODRÉ, 2008, p. 27)

Page 37: Monografia Renata Santiago M

37

3.1.3- Processo colaborativo e estruturas corporativas

Segundo Tapscott (2007, p.21), “o acesso crescente à tecnologia da informação coloca

nas pontas dos dedos de todos as ferramentas necessárias para colaborar, criar valor e

competir”. O uso de redes sociais e plataformas abertas de colaboração trazem a

possibilidade de uma relação mais horizontalizada entre os públicos das empresas, o que

impacta diretamente nas suas relações de poder, principalmente, internas. Eis o paradigma no

ambiente de trabalho em meio ao cenário cibercultural:

[...] nesse novo paradigma, a apropriação do saber-fazer, da criatividade, da

participação do sujeito, na forma de polivalência e de flexibilização das funções do

trabalho, requer estratégias comunicativas simuladoras da horizontalidade das relações

entre as equipe de trabalho e os diferentes níveis hierárquicos. As tecnologias de

comunicação permitem essas reorganizações, mas não escapam à lógica do ambiente

sociotécnico organizacional [...] (FÍGARO, 2010, p. 102)

Das características da cibercultura já abordadas no capítulo anterior, como velocidade,

conexão e relacionamento online, as empresas sentem os impactos, também, na sua estrutura

organizacional. A mudança de locais de trabalho fechados e hierárquicos, com relações de

emprego rígidas, para redes de capital humano progressivamente mais auto-organizadas,

distribuídas e colaborativas, que obtêm conhecimento e recursos de dentro e fora da empresa

(TAPSCOTT, 2007, p.292)

Apesar de a mudança nas estruturas corporativas ser um desejo do autor por

promoverem o processo colaborativo e interativo, características presente nos

relacionamentos da sociedade contemporânea, Tapscott está a par da existência das

hierarquias tradicionais: “Elas existem. Os chefes ainda esperam ser chefes. A estrutura de

comando e controle está viva e com boa saúde” (TAPSCOTT, 2007, p. 299).

Além das hierarquias, há de se apontar a mudança na natureza do próprio trabalho.

Sodré (2008, p. 89) acredita em um sistema produtivo de maior maleabilidade: “fluxos

Page 38: Monografia Renata Santiago M

38

horizontais de informação e comando (ao invés dos fluxos verticais típicos do fordismo);

estimulação da iniciativa nas bases e ênfase na qualidade dos produtos, o que implica recusa

de rotina burocrática, busca de flexibilização dos processos, trabalho em equipe e participação

dos trabalhadores nos processos de gestão empresarial, aprendizagem permanente”.

Tapscott (2007, p. 299) complementa tais mudanças com o acréscimo da

complexidade e “mais colaborativo, mais dependente de habilidade sociais, mais pressionado

pelo tempo, mais baseado em competência tecnológica, mais móvel e menos dependente da

geografia”.

Um fator inerente a esse quadro de mudança, o “afrouxamento das hierarquias

empresariais”, que deve ser colocado em questão é a autonomia que pode ser entendido como

um poder que, neste cenário é compartilhado entre funcionários, para lhes conferir maior

agilidade. Fleury apresenta o poder como elemento modelador e influenciador, em especial,

quando inserido em um contexto de mudança:

[...] o poder pode ser visto também como elemento dotado de energia: por isso possui o

atributo de moldar e transformar organizações. Para se falar em mudança

organizacional e design organizacional não se pode deixar de apresentar o poder

enquanto elemento modelador. Assim, quem o possui pode alterar estruturas e

influenciar na mudança do comportamento organizacional, chegando a modificar

processos organizacionais [...] (FLEURY, 2009, p. 35)

Estruturas e relações no trabalho em transição. Na sociedade e nas culturas

organizações são as pessoas e suas relações o ponto mais importante a ser observado, como

reforça o conceito groundswell (LI e BERNORFF, 2009). Nos ambientes de trabalho

conectados, de processos flexíveis e ágeis, estão o “trabalhador contemporâneo” (LÉVY,

1996, p. 61), que tende a vender não mais a sua força de trabalho, mas sua competência, ou

melhor, uma capacidade continuamente alimentada e melhorada de aprender e inovar, que

pode se atualizar de maneira imprevisível em contextos variáveis.

Page 39: Monografia Renata Santiago M

39

O trabalhador contemporâneo muito se assemelha aos anseios da geração net, um

recorte demográfico que ganhou uma definição própria de Tapscott: “Geração Net” (2009, p.

17). Uma geração que chega à maioridade tendo crescido em meio ao digital, pois levou em

consideração que esta é a primeira geração inteiramente afetada pela ascensão dos

computadores, da Internet e das demais tecnologias digitais. O autor a caracteriza e ainda

atribui a ela sua atuação na mudança da sociedade em geral, como:

[...] esta geração é mais tolerante quanto à diversidade racial, mais esperta e rápida do

que as anteriores. Esses jovens estão remodelando cada instituição da vida moderna,

desde o ambiente de trabalho até o mercado. Da política à educação e até as estruturas

básicas familiares [...] (TAPSCOTT, 2009, p. 10)

A Geração Net já está atuando nas empresas e é vista esperançosamente por Tapscott

como a grande responsável pela transição das empresas para o modelo contemporâneo, mais

colaborativo, flexível e inovador:

[…] vejam os novos trabalhadores e você perceberá que precisa mudar para competir

no mundo contemporâneo. A cultura da colaboração está fincando raízes no ambiente

de trabalho e começando a criar uma nova meritocracia corporativa, que está fazendo

desaparecer os silos hierárquicos e conectando times internos para uma saudável rede

de relacionamento externa [...] (TAPSCOTT, 2009, p. 158)

A mudança nos ambientes empresariais, a partir do uso das mídias pós-massivas em

seus relacionamentos, um dos traços ciberculturais, aqui levantados, segundo Sodré (2008),

Lévy (1996) e Tapscott (2007; 2009), é notada nas relações, nos meios de comunicação, nas

estruturas hierárquicas, na criação de produtos e informação, no próprio indivíduo.

Considerando esse desafio, este trabalho pretende constatar se as agências de comunicação

corporativa no Brasil, a partir de uma amostra representativa, estão alinhadas com tal

mudança, ou seja, “conectadas” (TAPSCOTT, 2007) e alinhadas às características do

subsegmento cibercultural, uso de mídias pós-massivas, apresentadas no capítulo 2: “cada

Page 40: Monografia Renata Santiago M

40

indivíduo tem agora um papel a desempenhar na economia, e cada empresa tem uma escolha

– comoditizar ou se conectar”. (TAPSCOTT, 2007, p. 43).

3.2- Cibercultura e as agências de comunicação brasileiras

A partir do cenário de mudança nas corporações, apresentado no tópico anterior, este

sub-capítulo pretende explorar o contexto das agências de comunicação brasileiras e a sua

relação com a cibercultura.

É importante esclarecer que este trabalho levará em consideração agências que

possuem o negócio de comunicação corporativa, ou seja, “comunicação organizacional” ou

“comunicação empresarial” (KUNSCH, 2003, p. 150). Segundo Kunsch, estes termos são

usados indistintamente no Brasil para designar todo o trabalho de comunicação levado e efeito

pelas organizações em geral.

3.2.1- Setor das agências de comunicação corporativa brasileiras

Segundo o Anuário Brasileiro das Agências de Comunicação e da Comunicação

Corporativa 2010/2011 (2011, p. 236), de uma amostra de 337 agências pesquisadas no

Brasil, mais da metade foi fundada a partir do ano 2000. E apenas 16,4% possuem mais de 20

anos de atuação no mercado Brasileiro. A maior parte das empresas, que corresponde a 80%

das pesquisadas, são de pequeno porte, ou seja, faturam até R$2,4 milhões por ano. As

empresas consideradas de grande porte no setor e com faturamento maior que R$ 20 milhões

anuais são apenas 5,6% das agências no Brasil. Entre elas está a agência estudada neste

trabalho, a CDN Comunicação Corporativa.

Page 41: Monografia Renata Santiago M

41

A pesquisa apresentada na publicação também comprova que a maior parte das

empresas possui em até 20 funcionários e 50 clientes. Somente 1,5% e 2,4% das agências

pesquisadas tem mais de 200 funcionários e mais de 100 clientes, respectivamente. A CDN

Comunicação Corporativa está incluída nestes dois pequenos grupos também.

Um cenário comum às grandes e médias agências, segundo a mesma pesquisa, é a

opção pela diversificação de serviços de comunicação a serem oferecidos no setor. Entre os

novos serviços estão as atividades relacionadas às plataformas sociais:

[...] outro caminho para entrar firme na próxima década é agregar ao portfólio novos

produtos e serviços, dentro da lógica de investir em inteligência e ferramentas

estratégicas. É um pouco isso que pretende a In Press,com uma nova ferramenta de

monitoramento e mensuração das redes sociais que está desenvolvendo e que poderá

pegar carona nesse continuado boom de mercado [...] (ANUÁRIO BRASILEIRO DAS

AGÊNCIAS DE COMUNICAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO CORPORATIVA, 2011, p.

36)

Uma atuação mais diversificada e pulverizada fora dos grandes centros urbanos, como

São Paulo e Rio de Janeiro, é um perfil de atuação das empresas de comunicação que é

percebido é reforçado pelo presidente da Associação Brasileira das Agências de Comunicação

(Abracom):

[...] esse novo perfil de agência que o mercado passou a demandar já se mostra uma

realidade também nos mercados regionais. E, por força das agências dos grandes

centros, esse know how tem migrado e permitido o surgimento de empresas locais com

grande capacidade estratégica tanto na comunicação quanto nos novos serviços que o

mercado tem demandado [...] (ANUÁRIO BRASILEIRO DAS AGÊNCIAS DE

COMUNICAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO CORPORATIVA, 2011, p. 48)

A intenção deste tópico foi apresentar brevemente o setor de comunicação corporativa

no Brasil, que será amplamente detalhado no capítulo 4, no Estudo de Caso.

Page 42: Monografia Renata Santiago M

42

3.2.2- Agências de comunicação corporativa e a comunicação digital

Carol Terra, em sua tese de mestrado, levanta que: “deve adentrar na seara de diálogos

on-line as organizações que necessitam entender o cotidiano das pessoas e dar respostas ágeis

a temas polêmicos; que não querem ser impositivas, mas participativas; e aquelas que querem

garantir adesão às suas ideias”. (2006, p. 98). A autora apresenta premissas que devem

consideradas por agências de comunicação corporativa que desejam transitar para um

contexto mais alinhado à cibercultura, relacionando-se com seus públicos via mídias sociais,

que por sua vez, abraça a comunicação digital. Neste sentido, Beth Saad orienta que:

[...] a comunicação digital de per si pode ser definida como o uso das tecnologias digitais

de informação e comunicação, bem como de todas as ferramentas delas decorrentes,

para facilitar e dinamizar a construção de qualquer processo de comunicação integrada

nas organizações [...] (SAAD, 2009 apud KUNSCH, 2009, P.173)

Ora, tal definição coloca em sinergia a comunicação digital com o uso das mídias

digitais ou as novas mídias de funções pós-massivas (LEMOS E LÉVY, 2010, p. 70). Além

do uso das mídias pós-massivas, a comunicação digital vai ao encontro das características da

sociedade contemporânea e da cibercultura, conforme descreve Mauro Wilton de Souza:

[...] as rupturas de tempo e espaço, meios e fins, produção e recepção, propiciadas pelas

novas tecnologias da informação e da comunicação, se expressam pelas possibilidades da

velocidade nas infovias, nas inúmeras dimensões do ciberespaço, nas alternativas criadas

pelo mundo digital, nas acepções possíveis do virtual e do hipertextual, nas

potencialidades presentes na criação e na estética, nas oportunidades que criam a

dicotomia representação / simulação, enfim, já como um slogan, são as tecnologias do

pensamento. O computador, a internet, os blogs, os games, o Youtube, o Orkut são bem

exemplos de como tecnologias e linguagens se aglutinam em um mundo de mutações que

não se resumem ao das tecnologias, mas chegam à matriz dos processos que as

fundamenta, ao mesmo tempo em que as diferencia como resultados na cultura, na

Page 43: Monografia Renata Santiago M

43

política e na economia, na construção do saber e do poder [...] (SOUZA, 2003 apud

KUNSCH, 2009, p. 56)

Como qualquer empresa, em qualquer setor do mercado, as agências de comunicação

corporativa possuem relacionamento com stakeholders. E como prestadoras de serviços de

comunicação, há além da relação empresa/cliente, o relacionamento com colaboradores,

terceiros e academia. Tal perfil coloca esse tipo de empresa próximo às condições sugeridas

por Terra (2006, p. 98) para uma organização estruturar canais digitais para relacionamento

com seus públicos, deve preencher os seguintes requisitos:

a) Modelo de negócio ou estratégia on-line;

b) Necessidade de divulgação em fluxo constante de informações;

c) Calendário e agenda de eventos;

d) Vendas que dependem da lembrança e informações para atingir seus consumidores;

e) Que precisam do retorno de seus públicos para desenvolvimento de produtos;

f) Cujos produtos inspiram discussões, entusiasmo, interesse e formação de

comunidades;

g) Com algo a dizer, que precisam que terceiros endossem o tema;

h) Que precisam de comunicação direta;

i) Que querem se juntar a discussões sobre ela;

j) Que querem ter credibilidade;

k) Nicho específico de consumidores.

As agências de comunicação corporativa preenchem tais requisitos, portanto tem

condições de adotar práticas ciberculturais. E estarem alinhadas às práticas ciberculturais

significaria que tais agências medeiam o relacionamento com seus públicos via comunicação

digital, ou seja, utilizando mídias digitais. Tais práticas caracterizam a sua presença digital:

[...] a presença de qualquer organização em ambiências digitais deve ser sustentada pela

correlação das seguintes instâncias da vida corporativa: a cultura e a imagem

Page 44: Monografia Renata Santiago M

44

organizacionais; os propósitos e as intenções pretendidos com ações de comunicação

digital; os públicos ou stakeholders com os quais a organização dialoga; e as mensagens

que a reflitam, simultaneamente, para todos e cada um de seus públicos [...] (SAAD,

2009 apud KUNSCH, 2009, p. 175)

O quadro teórico apresentado nesse item, de premissas, características e canais da

comunicação digital fundamenta o cenário cibercultural que deve ser encontrado nas agências

de comunicação corporativa alinhadas às práticas ciberculturais. A autora Beth Saad

complementa tal contexto cibercultural nas empresas, com o que chama de “cenário 2.0”:

[...] são características do cenário 2.0 a ruptura do predomínio do pólo de emissão; a

criação de canais de informação e conversação independentementes das fontes formais;

um alto grau de envolvimento e personalização por parte dos usuários; e um alto grau

de articulação coletiva [...] (SAAD, 2009 apud KUNSCH, 2009, p. 181),

Diante das fundamentações teóricas apresentadas, as características inerentes e

necessárias à adoção das mídias sociais nos relacionamentos das empresas servirão de

diretrizes para a análise do estudo de caso de uma agência líder no setor, que pretende

identificar se há o uso dessas mídias e os motivos determinam a existência ou inexistência da

hipótese. Verificar-se-á teoria se aplica à prática do ideal teórico.

Page 45: Monografia Renata Santiago M

45

4. ESTUDO DE CASO

4.1- Cenário das agências de comunicação corporativa no Brasil

Segundo definição da Associação Brasil das Agências de Comunicação, a Abracom

(2006, p. 2), em seu estatuto social consolidado, são potencialmente definidas como agências

de comunicação corporativa aquelas que prestam serviços nas seguintes áreas:

a) diagnóstico e planejamento de comunicação;

b) programas de relações com a imprensa;

c) programas de relações com investidores;

d) programas de relações com o público interno;

e) programas de relações com a comunidade;

f) programas de gerenciamento de crises;

g) propaganda (“marketing”) institucional;

h) mensuração e avaliação de resultados;

i) treinamento de porta-vozes;

j) edição de publicações;

k) comunicação interativa;

l) programação visual;

m) vídeos empresariais;

n) programas de relações governamentais e de opinião pública; e

o) organização de eventos.

Para melhor se compreender a atuação das agências de comunicação corporativa,

torna-se necessário conceituar a comunicação corporativa per si que, segundo Kunsch (2003,

p. 150) também recebe as terminologias “empresarial e organizacional”. A autora defende que

a comunicação corporativa pode ser integrada e que suas grandes áreas são:

Page 46: Monografia Renata Santiago M

46

a) comunicação institucional;

b) comunicação mercadológica;

c) comunicação interna; e

d) comunicação administrativa.

Em uma evolução do conceito da comunicação corporativa, Kunsch a enxerga em

duas grandes disciplinas inter-relacionadas, as Relações Públicas e o Marketing: “Relações

públicas abarcaria, pela sua essência teórica, a Comunicação Institucional, a Comunicação

Interna e a Comunicação Administrativa. O Marketing responderia, em tese, por toda a

Comunicação Mercadológica” (2009, p.114).

Tomando como base a essência e as atividades de comunicação corporativa

apresentadas pela Associação Brasileira de Agências de Comunicação (Abracom) e por

Kunsch (2003; 2009), o estudo de caso desenvolvido aqui contempla a apresentação do setor

de comunicação corporativa brasileiro. Os dados a seguir apresentados foram resultado da

pesquisa realizado pela empresa Mega Brasil, no período de agosto a novembro de 2010,

contemplando uma amostra de 337 agências no Brasil e publicada no Anuário Brasileiro das

Agências de Comunicação e da Comunicação Corporativa (2011).

Segundo o Anuário Brasileiro das Agências de Comunicação e da Comunicação

Corporativa (2011, p. 236), o setor de comunicação corporativa emprega cerca de 8 mil

profissionais, atendem quase 6 mil clientes de todos os setores. Trata-se de um setor que gera

um faturamento bruto anual aproximado de R$ 850 milhões, sendo que 30,5% da amostra

pesquisada declararam faturamento bruto em 2009 somando aproximadamente R$465

milhões.

O crescimento do setor também está nas projeções das agências. Entre as que prevêem

tal crescimento, a estimativa para o encerramento do ano de 2010 era de um acréscimo de 20

pontos percentuais para 36,8% das agências.

Page 47: Monografia Renata Santiago M

47

O Brasil é o terceiro maior mercado em comunicação corporativa do mundo, ficando

atrás somente dos Estados Unidos e Reino Unido, segundo pesquisa realizada pelo

Internacional Communication Consultancy Organisation (ICCO, 2011). A instituição também

apurou o crescimento de 23% do setor no Brasil, em pesquisa aplicada em 24 países (Ibid., p.

4). Entre os principais fatores de crescimento estão expansão econômica nacional e o aumento

da demandas por serviços de mídias sociais, comunicação interna e programas de gestão de

crises.

“O desenvolvimento de ferramentas digitais e a utilização mais intensa das mídias

sociais também são apontados por 13,5% das empresas pesquisadas como tendências para os

próximos anos” (ANUÁRIO BRASILEIRO DAS AGÊNCIAS DE COMUNICAÇÃO E DA

COMUNICAÇÃO CORPORATIVA, 2011, p. 242). Segundo a pesquisa, a área digital da

agência Burson Marsteller Brasil avançou em 140% nos negócios em 2009 e para 2010,

previa um crescimento de 240% desse tipo de serviço. (Ibid., p. 25)

Diante dos dados apresentados, o setor de comunicação corporativa brasileiro pode ser

considerado promissor e se encontra em plena expansão e diversificação de serviços. No

Brasil, conforme apresentado, as demandas advindas das mídias sociais já foram incorporadas

pelas empresas do setor. Pode-se notar também o peso das grandes agências de comunicação

como a CDN Comunicação Corporativa, FSB e InPress, na geração de receita bruta,

empregabilidade e dinamização do setor.

[...] em relação ao futuro, Claudia Rondon, CEO da agência RP1, bate na tecla de que o

caminho é aumentar o leque de serviços tanto para crescer dentro dos próprios clientes

quanto para atrair novos. E entre esses novos ela aponta os de redes sociais digitais e

comunicação interna, áreas que não eram foco há quatro ou cinco anos: ‘hoje, muito

mais empresas têm consciência da importância de reter talentos, de manter o

funcionário motivado e bem informado, de tê-lo como seu aliado; e sabem também do

desgaste que é ter funcionários falando mal delas por aí, sobretudo se tiverem um blog.

A comunicação vai ser cada vez mais segmentada, personalizada e interativa. E vai

Page 48: Monografia Renata Santiago M

48

caber, como já está cabendo, na palma da mão [...] (ANUÁRIO BRASILEIRO DAS

AGÊNCIAS DE COMUNICAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO CORPORATIVA, 2011, p.

74)

4.2- Agência escolhida para o estudo

A CDN Comunicação Corporativa, segundo o Anuário Brasileiro das Agências de

Comunicação e da Comunicação Corporativa (2011), é a líder em faturamento, acima de R$

70 milhões anuais, tendo a receita gerada de 30% ou mais oriunda de atividades de

comunicação corporativa. A agência em segundo em faturamento, a FSB, chega a R$ 64

milhões por ano, e o terceiro lugar, a InPress, possui 50% do faturamento anual da CDN. Sua

liderança e representatividade no setor também são reforçadas pelo fato de que é a empresa do

setor com maior número de funcionários, mais de 350, distribuídos em unidades de negócio

em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Washington D.C, e mais de 150 clientes. Os últimos

dados foram levantados a partir de verificação de documentos internos da própria CND.

Entre as agências do setor mais premiadas, a CDN acumula mais de 40 premiações

nacionais e internacionais pelos trabalhos desenvolvidos nas áreas de comunicação integrada,

assessoria de imprensa, sites, design, relacionamento com o cliente, campanhas de

comunicação e marketing e demais atividades, que refletem seu reconhecimento no mercado

e, também, sua representatividade. As premiações foram conferidas por instituições de

credibilidade nacional e internacional no setor de comunicação corporativa, como a

Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) e International Public Relations

Association (IPRA), conforme apresenta a imagem seguinte, publicada em seu site oficial.

Conforme demonstra o documento interno pesquisado, a agência possui mais de 20

anos de atuação no setor, a CDN Comunicação Corporativa se posiciona como “uma empresa

Page 49: Monografia Renata Santiago M

49

que oferece soluções de comunicação integrada e relações públicas para empresas e

organizações”. Seus mais de 150 clientes permeiam os principais setores da economia

nacional, como: indústria, infra-estrutura, energia, óleo e gás, saúde, agricultura,

telecomunicação, educação, transporte, além de institucionais governamentais e não

governamentais.

Seus 350 funcionários são, na maioria, profissionais de comunicação, especialmente,

jornalistas. Este cenário é complementado por uma diversificada equipe formada por

publicitários, administradores de empresas, relações pública, designers, historiadores,

sociólogos, analistas de sistema, economistas, engenheiros, fotógrafos, tecnólogos da

informação e outros.

As frentes de trabalho incluem relacionamento com a mídia imprensa, relacionamento

institucional, cultural, mídias sociais, análise e tendências no setor e demais atividades que a

empresa integra em suas unidades de expertise.

Diante do perfil da agência CDN Comunicação Corporativa, de sua representatividade

no setor de Comunicação Corporativa e da minha vivência de quase um ano na empresa como

especialista em Mídias Sociais, a empresa foi escolhida como única opção de estudo deste

projeto. A condição de funcionária da empresa estudada instiga a levantar se, de fato, a maior

empresa de comunicação corporativa do Brasil e de grande representatividade no setor, para a

qual trabalho, adota ou não a mídias pós-massivas nos seu relacionamentos internos ou

externos.

4.3- Procedimento

As constatações desse estudo foram realizadas a partir da observação da rotina interna

da empresa, da análise de documentações da agência, dos canais oficiais digitais e da

aplicação de entrevista aberta, em profundidade, com o vice-presidente da CDN

Page 50: Monografia Renata Santiago M

50

Comunicação, que tem sob sua responsabilidade a viabilização de novos negócios, parcerias

internacionais e relacionais institucionais.

O objetivo é aplicar uma análise interpretativa e comparativa entre a realidade

observada na agência estudada e os ideais teóricos do subsegmento da cibercultura, o uso de

mídias pós-massivas nos relacionamentos, apresentados nos capítulos anteriores, para assim

constatar se há um alinhamento ou um desalinhamento entre tais cenários, objetivo deste

trabalho monográfico.

Os critérios utilizados na análise do ambiente da CDN Comunicação Corporativa

tiveram como base as características ciberculturais nas teorias levantadas ao longo da

fundamentação deste trabalho. A seguir as descrições dos critérios que orientaram a análise:

Relação tempo/espaço: a existência de uma relação dos profissionais da empresa, em

sua rotina de trabalho, baseada em dispositivos móveis e canais de comunicação

instantânea que aproximam pessoas geograficamente dispersas, ao mesmo tempo e

com maior velocidade.

Processo interativo de comunicação: o uso das mídias pós-massivas, como blogs,

wikis, Twitter e demais plataformas digitais, que visem uma comunicação instantânea

e um processo colaborativo de produção e distribuição de conteúdo, interno e

externamente à empresa.

Estrutura organizacional menos hierarquizada: a presença de estrutura que promova

processos colaborativos e inovadores, que reflitam em novos produtos, melhorias de

processos e no relacionamento transparente entre os funcionários e clientes.

Documentos e orientações: a existência de regras de uso e de conduta acerca da

utilização das novas tecnologias no relacionamento da empresa com funcionários e

cliente, e de seus funcionários com suas redes sociais.

Page 51: Monografia Renata Santiago M

51

4.4- Resultados

A CDN Comunicação Corporativa entende e aceita a existência de uma sociedade

contemporânea, conectada em rede – “é o tudo em rede, a conectividade generalizada”

(LEMOS e LÉVY, 2010, p.45) e interpreta esse cenário como um desafio para todas as

agências de comunicação, conforme entrevista com Andre Greenless, vice-presidente da

empresa (a entrevista na íntegra se encontra no Apêndice A do presente trabalho):

[...] que é um mundo muito em transformação. Tem que fazer? Tem de participar de

algum jeito? Eu acho que não tem muito mais dúvida. Acho que as marcas estão vendo.

As corporações estão vendo. No mínimo monitorar, você precisa hoje. Nem que seja pra

ver o que estão falando de você ou distorcendo ou enfim... ou falando bem. No mínimo

monitorar é uma coisa importante. Mas daí a atuar também é um passo difícil que eu

acho que o nosso grande papel é descobrir como fazer isso e orientar o cliente da melhor

forma possível. É um tremendo desafio [...]

A presença e o uso das novas tecnologias nas soluções de comunicação corporativa

são vistas como fato, por Andre.

[...] o digital eu acho que é uma linha que hoje perpassa toda essa experiência que eu to

falando e que vai ganhando, que usa a tecnologia como plataforma, como base, mas que

ganhou uma vida própria. Hoje você tem digital em tudo em que feito em termos de

comunicação. Desde uma comunicação super sofisticada até você ter usar algum tipo de

comunicação por celular, porque hoje o celular tá difundido [...]

A partir de observação de alguns fóruns internos e diálogos com vice-presidentes e

diretores, ficou evidente essa sensibilização quanto a esta nova forma de relacionamento

mediada pelas novas tecnologias digitais. Tal status se apresenta de uma forma bastante

homogênea entre os líderes da corporação. Quando se trata de dar o próximo passo com

relação a massificar a adoção nas novas tecnologias nos processos da empresa, nota-se um

descompasso. As adoções são pontuais e lentas, mas estão sendo realizadas.

Page 52: Monografia Renata Santiago M

52

Tal quadro é exemplificado, ao abordar o uso das novas tecnologias pela agência,

como artefato para relacionamento com seus públicos, como processo interativo de

comunicação – “as novas tecnologias de informação e comunicação alteram os processos de

comunicação, de produção, de criação e de circulação de bens e serviços, trazendo uma nova

comunicação” (LEMOS e LÉVY, 2010, p. 45). O entrevistado não forneceu comprovações

suficientes desse uso e complementa com a justificativa sobre o possível uso não pleno ou

inadequado:

[...] blog, site são utilizados. Que eu acho que precisa ser melhorado. Acho que tá muito

estático. Acho que podia usar mais. É aquela coisa: ‘casa de ferreiro o espeto é de pau’.

A gente, às vezes, bota muita energia pra atender bem os clientes. E a gente faz isso. E às

vezes deixa de olhar pra dentro e ver o que eu podia tá fazendo de diferente para mim.

Uma coisa muito típica das pessoas que trabalham em comunicação [...]

Do uso que é feito das novas tecnologias, o vice-presidente pontua a construção de

relacionamento como principal objetivo da agência:

[...] relacionamento. Facilitar e melhorar a qualidade dos relacionamentos. Tanto

internamente, dentro da equipe, entre os escritórios. A gente é uma agência de

escritórios, então, tem de pensar muito nessa coisa da integração dos escritórios, porque

é uma empresa só. Acho que internamente isso. E externamente a gente tem de usar

essas ferramentas pra melhorar a qualidade do relacionamento com o cliente e do

cliente com os públicos estratégicos dele. Acho que esse é o principal objetivo de a gente

usar [...]

O entrevistado pontuou o uso de videoconferências ou conferências eletrônicas, “um

dispositivo sofisticado que permite que grupos de pessoas discutam em conjunto sobre temas

específicos” (LÉVY, 1999, p. 102), entre unidades de negócios da agência, em diferentes

estados brasileiros. A finalidade do uso é informativa, segundo Greenless.

[...] você tem momento de encontros da casa como um todo, principalmente, quando a

presidência quer contar alguma coisa ou quer ouvir. Isso é organizado num formato de

que junta todo mundo. Bota Rio, Brasília e Washington em formato online. A gente

entende que todo mundo deve ouvir as mesmas coisa [...]

Page 53: Monografia Renata Santiago M

53

O uso do ciberespaço uma comunicação instantânea é uma característica da

cibercultura: “o ciberespaço torna-se uma forma de contatar pessoas não mais em função de

seu nome ou de sua posição geográfica, mas a partir de seus centros de interesse” (LÉVY,

1999, p. 103). Observa-se o uso da ferramenta Skype, um comunicador instantâneo para

videoconferências entre funcionários da agência dispersos em unidades de negócios e,

também, entre funcionários e clientes.

Ao analisar os canais digitais oficiais da CDN Comunicação Corporativa e

complementar o entendimento sobre o uso dos “meios sociais” (ANTOUN, 2008, p. 84)

observa-se um cenário mais aderente ao que Elizabeth Saad classifica como “cenário 1.0”,

onde:

[...] as expressões comunicacionais ocorrem com baixa intervenção do receptor ou do

usuário no conteúdo da comunicação, baixa capacidade de personalização do conteúdo,

predomínio do emissor sobre o controle do conteúdo e de suas relações com o usuário e,

em geral, transmitem um simulacro de biderecionalidade pela oferta de instrumentos de

interatividade que não refletem totalmente seu conceito [...] (SAAD apud KUNSCH,

2009, p. 179)

Toda a comunicação interna da agência é produzida e distribuída a partir de um pólo

emissor, a área de comunicação institucional da empresa. Há o uso intensivo do e-mail para

comunicados oficias – Palavra do Presidente, CDN Informa, Radar CDN – e baixo uso das

mídias pós-massivas. Não há qualquer plataforma digital, oficial e colaborativa para

construção de conteúdos. O uso de ferramentas de produção coletiva de conteúdo, como

blogs e wikis e de discussão, como fóruns, instant messaging e voz sobre IP, considerados

meios sociais, segundo Antoun (2008, p.84), é comumente utilizado pelas equipes no

relacionamento com o cliente, segundo o entrevistado:

[...] o nosso pessoal de atendimento usa, cada vez mais, ferramentas. Eu vejo cada vez

mais as equipes falando com os interlocutores da empresa falando por Messenger. O

pessoal desenvolve muito isso. Uso de Google docs. Todos são usados no relacionamento

Page 54: Monografia Renata Santiago M

54

com o cliente. Por exemplo, alguém prepara uma proposta e várias pessoas olham ao

mesmo tempo [...]

A partir da observação, não foi possível verificar a intensidade do uso dessas

tecnologias. Contudo, é possível afirmar, que há a presença de uma comunicação interativa

entre equipes e com clientes, segundo entrevistado.

Em contrapartida, esse uso apontado pelo entrevistado das novas tecnologias, as pós-

massivas “que caracterizam-se por abertura do fluxo informacional, pela liberação da emissão

e pela transversalidade e personalização do consumo da informação”, segundo Lemos e Lévy

(2010, p. 48) não estão alinhados com o processo de comunicação descrito pelo mesmo e

observado empiricamente. Segundo Greenless, há uma centralização da emissão nos gestores

e momento pontuais de ouvir colaboradores:

[...] procedimentos da operação, que são reuniões das equipes. Você tem os profissionais

com diferentes funções dentro das equipes. Os líderes tem incentivo para estarem

sempre dialogando com suas equipes e trocando ideias. Você tem momento de encontros

da casa como um todo, principalmente, quando a presidência quer contar alguma coisa

ou quer ouvir [...]

O processo de criação de novos serviços também reforça a forte centralização na sua

liderança. Não foi notada qualquer utilização dos meios sociais como amparo a um processo

de criação coletiva de novos serviços. Conforme cita Greenless, a criação de novos serviços é

gerada, em sua maioria, por demanda do cliente. O entrevistado não cita atividade de

construção colaborativa, utilizando recursos interno e externos. Segundo ele, há um momento

de ouvir os funcionários, responsabilidade esta também centralizada nos líderes da empresa,

quando a idéia de um novo serviço é identificada internamente, conforme aponta:

[...] outro é nós mesmos inquietos e notarmos que há uma oportunidade. E que para

isso a gente precise bolar uma forma de ocupar esse espaço. Acho que são os dois

caminhos de criar. Daí, os líderes em geral, ouvindo colaboradores que podem ser

mais novos.

Page 55: Monografia Renata Santiago M

55

Com uma comunicação centralizada e um desenvolvimento de novos serviços com

baixa participação interna e externa, ambas com alta dependência dos níveis de liderança, a

CDN Comunicação Corporativa demonstra ser ainda uma empresa com de modelo

hierárquico vertical. Lembrando mais uma vez Tapscott (2007, p. 43), esse é o antigo modo

hierárquico de organização do trabalho e da inovação, que não dão conta do nível de

agilidade, criatividade e conectividade que as empresas exigem para permanecerem

competitivas no ambiente atual.

O modelo hierarquizado observado na CDN Comunicação Corporativa, fruto de sua

origem, desde sua composição de profissionais, jornalistas advindos de grandes redações de

veículos tradicionais brasileiro, até o seu principal serviço que lhe fez reconhecida no setor, o

relacionamento com a imprensa, ainda reflete na estrutura e, conseqüentemente, nas rotinas da

agência. Como em uma redação de um grande veículo de massa, quando a editoria ganha

relevância e atribui-se mais responsabilidades e poder ao editor. Da mesma forma, na CDN,

quando um processo ou tipo de serviço ganha relevância, cria-se uma nova diretoria. O que

leva a uma centralização e departamentalização das decisões, morosidade dos processos de

decisão e dificuldade da atuação interdisciplinar. Este formato impacta diretamente o modelo

de aprendizagem e criação de novos serviços, que sua vez, pode, talvez, comprometer a

competitividade da empresa em um futuro próximo.

Com relação ao aprendizado “a transação de informações e de conhecimentos

(produção de saberes, aprendizagem, transmissão) faz parte integrante da atividade

profissional”, segundo Lévy (1999, p. 176), dentro da empresa, mais uma vez a CDN

Comunicação Corporativa centraliza nos seus líderes a responsabilidade de repassar

conhecimento. Contudo, há momentos pontuais de construção e compartilhamento de

conhecimento por meio de apresentação presencial de casos, conforme aborda o entrevistado:

Page 56: Monografia Renata Santiago M

56

[...] dentro das equipes as pessoas tem suas funções. Os seus superiores hierárquicos,

uma de suas funções é mostrar pra equipe como se faz. Natural, dentro da escala de

trabalho. Temos programas de formação. A discussão de cases é como as pessoas

aprendem muito. É um caso prático [...]

Não há a constatação do uso de qualquer plataforma digital para tal processo. Portanto,

os cenários apontados por Lévy (1999, p. 176), de que “usando hipermídias, sistemas de

simulação e redes de aprendizagem cooperativa cada vez mais integrados aos locais de

trabalho, a formação profissional tende a integrar-se com a produção” ou por Primo (2008, p.

101), de que “a Web 2.0 tem repercussões sociais importantes, que potencializam processos

de trabalho coletivo, de troca afetiva, de produção e circulação de informações, de construção

social de conhecimento apoiada pela informática”, não foram observados na empresa

analisada. A Intranet é utilizada para depositar os produtos de conhecimento gerados pelos

funcionários.

O cenário interpretado na agência estudada, o de processos de comunicação,

desenvolvimento de produto e de aprendizagem não refletem o conceito da sociedade

contemporânea de Sodré, quando trata das características do novo sistema de produção das

empresas:

[...] que agora entra em cena é um sistema produtivo caracterizado por maior

maleabilidade: fluxos horizontais de informação e comando (ao invés dos fluxos verticais

típicos do fordismo); estimulação da iniciativa nas bases e ênfase na qualidade dos

produtos, o que implica recusa de rotina burocrática, busca de flexibilização dos

processos, trabalho em equipe e participação dos trabalhadores nos processos de gestão

empresarial, aprendizagem permanente. Tudo isto faz parte das novas exigências de

estrutura do chamado capitalismo flexível [...] (SODRÉ, 2008, p. 89)

A mesma realidade observada na empresa estudada também entra em dissonância com

o cenário contemporâneo empresarial apontado por Tapscott:

[…] no mundo atual de trabalho, ser capaz de colaborar é extremamente importante – e

eu não estou falando do tipo de colaboração que é igual a reuniões. Trabalhar é algo

Page 57: Monografia Renata Santiago M

57

mais complexo, mais baseado em equipes, mais dependente de habilidades sociais e mais

suscetível à pressão do tempo. A partir do momento que o trabalha se torna mais móvel,

depende menos da geografia e mais da competência tecnológica […] (TAPSCOTT, 2009,

p.157)

Apesar de tais processos não se apresentarem na CDN Comunicação Corporativa,

segundo a lógica de Sodré (2008), Lemos e Lévy (2010) e Tapscott (2009), a empresa permite

total acesso dos funcionários, seja para finalidade de trabalho ou pessoal, aos meios sociais

mais populares no momento, como Facebook, Orkut, Twitter, Youtube, LinkedIn, Slideshare

e outros. Ou seja, as ferramentas digitais que podem amparar relacionamentos mais

colaborativos estão disponíveis na empresa. Tal fato é uma afirmação do entrevistado e foi

comprovado por observação:

[...] somos uma empresa de comunicação. Então, não faz sentido bloquear acessos de

comunicação dos nossos colaboradores. Somos uma empresa, de novo, pela natureza dos

nossos profissionais, é uma empresa que respeita a liberdade de cada um e que exige

bastante em termos de resultado, de comprometimento e bom senso [...]

Conforme observação, nenhum site de redes sociais é bloqueado para uso pessoal na

empresa. Há diferentes tipos, freqüência e finalidades de uso, dependendo da unidade de

negócio, geração (faixa etária) e até formação profissional. A relação entre as características

do quadro funcional e o perfil de uso das novas tecnologias não foram observados em

profundidade neste trabalho.

As regras de uso dos meios sociais e a conduta recomendada pela empresa nas

plataformas digitais estão sendo documentadas numa política. A CDN Comunicação

Corporativa orientará, por meios de treinamentos, funcionários, terceiros e clientes, de acordo

com o documento. A empresa não pretende monitorar os perfis oficiais nas redes sociais

digitais de seus funcionários. E sim seus perfis oficiais, nos quais ela fomentará uma interação

tanto com seus funcionários como com todos os seus públicos de relacionamento.

Page 58: Monografia Renata Santiago M

58

[...] tem uma política na intranet que tá um pouco vencida. Mas tem uma política de

mídias sociais que vai valer tanto internamente para nós quanto como modelo para

clientes que precisem também. Temos essa preocupação de ter um modelo. Até porque

pra poder cobrar. Cobrar no sentido das pessoas saberem se saíram do parâmetro. As

pessoas podem fazer algo e as pessoas dizerem que não sabiam. E a empresa tem de ter...

a gente não quer cercear, mas tem uma estrutura e relacionamentos e que tem de ser

preservados e você precisa de regras pra fazer isso [...]

As regras de uso das novas tecnologias para colaboração no ambiente empresarial são

vistas como formas positivas de apoio ao engajamento do funcionário por Li e Bernoff (2009,

p. 241), em seu conceito groundswell: “defina algumas regras básicas com antecedência.

Como as empresas têm telefone, e-mail e, mais recentemente, políticas de blogs, algumas

regras básicas de engajamento são um bom lugar para começar”.

A CDN Comunicação Corporativa possui uma unidade de negócio direcionada a

serviços digitais, a CDN Digital. Segundo Greenless, essa foi uma iniciativa gerada para

atender a demandas de clientes por soluções de comunicação, a partir das novas tecnologias.

Mas que esta área tende a desaparecer e ser incorporada como uma expertise de comunicação:

[...] então, o que é o objetivo com o tempo é que o digital desapareça. Não é que a gente

não vai fazer mais o digital. Pelo contrário. Tudo que a gente tá fazendo passa a ter um

componente, uma plataforma, uma estratégia digital. Então, não faz mais sentido ou não

fará mais sentido ter uma CDN Digital. A CDN trabalha com imagem e com reputação.

E dentro disso tem várias frentes de trabalho e uma delas inclui o digital e cada vez mais

serão as estratégias dominantes. Então, é engraçado, porque é um setor que foi criado,

porque havia essa necessidade. E a tendência é desaparecer [...]

O movimento da agência pesquisada a aproxima da implementação do conceito

groundswell (LI e BERNOFF, 2009), construído a partir do uso das novas tecnologias para

finalidades internas e externas à corporação e que depende tanto das tecnologias como das

pessoas. Para tal, Greenless apontou para uma integração das equipes de comunicação digital

(da unidade de negócio CDN Digital) e corporativa (da unidade de negócio de RM –

Relacionamento com a Mídia):

Page 59: Monografia Renata Santiago M

59

[...] então, vamos trazer as pessoas que fazem o dia a dia de atendimento, de

planejamento, de operação. Essas pessoas tem de estar ao lado das pessoas que lidam

com comunicação corporativa no dia a dia. Porque não são mais coisas estanques.

Então, hoje você tem pessoas fazendo parte das equipes de atendimento normal. E com o

tempo. O que eu acho que ideal e é o que a gente vai buscar: que todos os profissionais

tenham essa formação. Você não precisa ter essa pessoa que entende mais do mundo

digital. Com o tempo esse conhecimento digital terá que ser como hoje a pessoa sabe

preparar um release, por exemplo [...]

A formação de times multidisciplinares, comunicação digital mais corporativa, coloca

a empresa pesquisada mais próxima da realidade de trabalho exposta por Tapscott (2009, p.

147). Li e Bernoff (2009, p. 241) alertam que o segredo para o sucesso no groundswell interno

é a cultura.

As observações realizadas neste estudo mostram que a iniciativa da agência em

aglutinar especialistas de diferentes unidades de negócios acontece pontualmente, sob

demanda de uma proposta de serviço, por exemplo. O contato das equipes se encerra, quando

a proposta é enviada ao cliente. Outro momento que possibilita o compartilhamento de

conhecimento entre as equipes é o fórum chamado “Meu Case Favorito”. Trata-se de

apresentações mensais de um caso desenvolvido pela agência, escolhido por um dos sócios,

para ser apresentado a toda empresa e gerar discussão sobre os erros e acertos, e servir de

referência para uma nova abordagem dos serviços. Além de promover a integração das

equipes, este momento presencial, fomenta o desenvolvimento de serviços mais inovadores.

Page 60: Monografia Renata Santiago M

60

5. CONCLUSÃO

O objetivo deste trabalho era identificar se as agências de comunicação corporativa

adotam as mídias sociais como meios de relacionamento com os seus públicos. E, a partir de

tal constatação ou não, conhecer os motivos pelos quais há ou não a adoção, observando o

comportamento da sociedade contemporânea, contextualizado em teorias, que apontam o

impacto da revolução nos meios de comunicação, conforme descreve Antoun (2008, p. 45):

[...] tal revolução acabou por provocar uma mudança determinante na forma de

interação entre os indivíduos, no modo como cada um poderia interagir e estar em

contato com outros ao seu redor. É isso que vivenciamos hoje, com o surgimento do

ciberespaço, a multiplicação das ferramentas de colaboração online, as tecnologias de

comunicação móvel integrando-se às mídias tradicionais, etc [...]

É sabido que, não só no campo das ciências sociais, a prática se afasta da teoria. E que

tal fato não acarreta, por si só, conseqüências negativas aos atores que não se comportam

conforme a teoria. Portanto, as conclusões obtidas nesta pesquisa não visam julgar ou avaliar

os impactos da adoção ou não das mídias digitais nos ambientes corporativos, no caso, as

agências de comunicação corporativa. Contudo, sim identificar a existência de tal adoção,

conforme a teoria. Levando em consideração que é natural que comportamento da sociedade

com relação a mídias sociais se repliquem no relacionamento das empresas. E que não há

retorno.

As agências de comunicação corporativa são responsáveis por pensar e estruturar

modelos de relacionamento para os seus clientes, calcados na comunicação. Restava

compreender se elas aplicam em seu próprio ambiente de trabalho e com seus clientes um

modelo de trabalho, de relacionamento e de comunicação próximo às práticas ideais

teorizadas neste trabalho.

Page 61: Monografia Renata Santiago M

61

Para tal, foi selecionada a empresa de maior representatividade no setor da

comunicação corporativa, a CDN Comunicação Corporativa. Uma empresa com mais de 20

anos de atuação, com o maior faturamento anual bruto, maior número de funcionários, maior

número de clientes, maior número de serviços de comunicação e presença em diferentes

estados brasileiros. Como técnicas de pesquisa foram utilizadas: entrevista aberta, em

profundidade, com um executivo de alta relevância da empresa e observação do ambiente da

agência, seus canais digitais, documentos e dinâmicas de relacionamento.

A partir de uma análise interpretativa foram identificados alguns traços que podem

atribuir um alinhamento entre as práticas da CDN Comunicação Corporativa e as teorias sobre

o relacionamento via mídias pós-massivas, na cibercultura. Contudo, pode-se afirmar que tal

alinhamento não é total.

A empresa está ciente e aceita a nova dinâmica da sociedade contemporânea e ainda

compreende o desafio de inserir a nova lógica de comunicação em seu contexto e de seus

clientes, conforme ponta Greenless, executivo entrevistado:

[...] eu acho que a gente tem de ver o digital como um mundo que tem de estar inserido,

em todas as nossas visões de comunicação, seja tático ou estratégico. E tem de ser

considerado em tudo que a gente faz em termos de planejamento em termos de

relacionamento e comunicação. É um desafio enorme que tem pela frente [...]

Apesar de ter ciência do cenário contemporâneo e disponibilizar serviços de

comunicação digital, a agência possui mais práticas pontuais, e não corriqueiras, do uso e dos

processos amparados nas mídias sociais. O processo de relacionamento colaborativo seja para

a comunicação, aprendizado ou geração de novos serviços é praticamente inexistente e mais

próximo de um modelo existente na sociedade pré-industrial, “em geral hierárquicas, com

laços de exploração especializados, com uma profunda divisão separando facções.”

(WELLMAN e BERKOWITZ, 1988 apud ANTOUN, 2008, p. 33).

Page 62: Monografia Renata Santiago M

62

A centralização da comunicação, do aprendizado e a criação de novos produtos nos

líderes é uma realidade na empresa. O que reforça a condição de relação hierárquica e não de

um processo horizontal, mais flexível, interdisciplinar, em equipes, mais orgânico, conforme

defendem Sodré (2008) e Tapscott (2009).

Talvez, a existência desse tipo de estrutura, mais hierárquico vertical, seja o aspecto

que impeça uma evolução mais ágil da empresa aos ideais da cibercultura:

[...] apesar de ser improvável que as hierarquias despareçam num futuro próximo, está

surgindo uma nova forma de organização horizontal, que rivaliza com a empresa

hierárquica no que diz respeito à sua capacidade de criar produtos e serviços baseados

em informações e, em alguns casos, bem físicos [...] (TAPSCOTT, 2007, p. 35)

A mudança para a empresa se aproximar aos ideais da cibercultura, segundo entrevista

e documentos observados, já está em curso. O movimento da CDN Comunicação Corporativa

em integrar as equipes de comunicação digital e a corporativa comprova isso. Além dos

documentos de orientação, como o Manual de Presença de Digital, já em produção (e que

pode ser verificado no Anexo A deste trabalho). Portanto, ela “segue em frente” (LI e

BERNOFF, 2009, p. 80) ao que diz respeito às adaptações ao uso das novas tecnologias, no

conceito do groundswell: “a tendência groundswell não pode ser controlada, e seus clientes

estão ali. Você pode mover-se um pouco mais lentamente, ou um pouco mais rapidamente,

mas precisa ir em frente. Não há volta”.

Portanto, devido a representatividade da CDN Comunicação Corporativa no setor de

comunicação corporativa, este trabalho demonstra com o estudo de caso, que as empresas

dessa área ainda não estão totalmente alinhadas ao uso das mídias sociais em seus

relacionamentos, conforme ideais teóricos da cibercultura. Não há qualquer indício observado

ou relatado pelo entrevistado de que tal cenário impacta na competitividade da agência no

mercado. Porém, deve-se atentar para a relação uso de TICs contemporâneas e

competitividade de mercado, conforme aponta Tapscott:

Page 63: Monografia Renata Santiago M

63

[...] as empresas vencedoras terão de conhecer o mundo, inclusive os seus mercados,

tecnologias e pessoas. Aqueles que não o fizerem se sentirão deficientes, incapazes de

competir em um mundo empresarial que é irreconhecível segundo os padrões atuais [...]

(TAPSCOTT, 2007, p. 41)

Quanto à mensuração da distância entre a realidade atual do setor até os ideais da

cibercultura, este é um assunto que pretendo abordar mais profundamente em um próximo

trabalho acadêmico juntamente com os impactos de cada grau dessa distância.

Já os possíveis caminhos que podem ser escolhidos pela CDN Comunicação

Corporativa para promover um alinhamento entre o cenário empresarial diagnosticado e o

ideal da cibercultura, este trabalho sugere quatro frentes, todas suportadas por plataformas

sociais, que possibilitem produção, consumo e compartilhamento de informações e

conhecimento em rede:

Sensibilização e orientação: programas de imersão dirigidos às lideranças e a todos

os funcionários da agência, em workshops separados e mesclados – líderes e equipes

multidisciplinares – com objetivo de curto: apresentar, treinar e gerar novas

possibilidades de uso das novas tecnologias; e de médio prazo, homogeneizar a

proficiência de uso dessas ferramentas.

Comunicação em rede: criação de canais mais interativos para comunicação entre a

agência, seus funcionários e seus clientes. Por exemplo: o e-mail enviado para todos

os funcionários “Palavra do Presidente”, poderia ser um blog, onde o presidente

apresentaria suas questões, opiniões e eventuais mudanças na empresa e, ao mesmo

tempo, poderia ter o feedback de seus funcionários. O e-mail CDN Informa, com

informações pontuais, poderia ser um post no mural da página da empresa no

Facebook, onde, também, a agência teria um diálogo imediato com seus públicos e

ainda reforçaria sua imagem de empresa transparente e de credibilidade em seus

relacionamentos.

Page 64: Monografia Renata Santiago M

64

Aprendizagem colaborativa: programa de capacitação de líderes para sua atuação

como mediadores do conhecimento, de forma que possam fomentar a produção de

conhecimento colaborativa, bem como seu compartilhamento entre as equipes. A

mesma abordagem seria aplicada a todos os funcionários, que seriam orientados a criar

equipes interdisciplinares para gerar novos conhecimentos e pulverizar na empresa.

Inovação em comunicação: criação de células interdisciplinares para a fomentação e

desenvolvimento de novos serviços em comunicação corporativa, que possa se tornar

uma celular orgânica e inteligente da agência, com objetivo de criar diferenciais

competitivos para empresas, por meio da análise de tendências no setor e geração de

serviços diferenciados.

Trata-se de uma proposta de inserção da cultura colaborativa na empresa – “o maior

desafio para qualquer um que queira transformar suas instituição para a era de redes é

aprofundar e expandir a cultura da colaboração” – (TAPSCOTT, 2010, p. 353). Vale deixar

claro que o uso de plataformas sociais nas frentes sugeridas deve vir acompanhado de regras e

propósitos claros. O que, no caso da CDN Comunicação Corporativa, já está sendo

providenciado com a primeira versão de seu Manual de Presença Digital.

[...] para fazer acontecer, você, como organização e como indivíduo, devem assumir uma

disposição para a colaboração. Isso significa ser genuinamente aberto para novas ideias,

independente por quem e de onde são geradas, e evitar em miná-las. Isso significa

também abrir mão do instinto de proteger ou exercer controle, criando uma dinâmica

de meritrocracia a partir do qual ideias e informações possam fluir livremente na

empresa. Você precisa abandonar o velho estilo hierárquico e encorajar as pessoas da

empresa a falarem diretamente umas com as outras, mesmo se forem de departamentos

diferentes. Os CEOs e demais líderes da empresa devem, acima de tudo, demonstrar e

encorajar esses valores na forma em que lideram a empresa [...] (TAPSCOTT, 2010, p.

353)

Page 65: Monografia Renata Santiago M

65

É sugerido que todas as frentes de trabalho sejam alinhadas ao propósito de negócio da

empresa e que seus resultados sejam freqüentemente monitorados para que haja o devido

realinhamento e ajustes, quando necessários.

É certo de que a implementação da proposta já é um grande desafio para a empresa.

Mas é possível de ser aplicada e trazer um alinhamento ao cenário da cibercultura levantado e

fundamentado neste trabalho.

Page 66: Monografia Renata Santiago M

66

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMARAL, Adriana; FRAGOSO, Suely; RECUERO, Raquel. Métodos de pesquisa para

internet. Porto Alegre: Sulina, 2011.

ANUÁRIO BRASILEIRO DAS AGÊNCIAS DE COMUNICAÇÃO CORPORATIVA 2010

/ 2011. São Paulo. Megabrasil Comunicação Dirigida, 2010.

ANTOUN, Henrique. Web 2.0: participação e vigilância na era da comunicação

distribuída. Rio de Janeiro. Mauad X, 2008.

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

CDN COMUNICAÇÃO CORPORATIVA: apresentação institucional, disponível em:

www.grupocdn.com.br. Acessado em: 14 de junho de 2011.

Estatuto Social da ABRACOM, documento eletrônico disponível em:

http://www.abracom.org.br/down/estatuto_social.pdf. Acessado em: 15 de junho de 2011

FLEURY, Maria Tereza Leme et al. Cultura e poder nas organizações. 2. ed. São Paulo:

Atlas, 2009.

IBOPE, “Brasileiros caem na rede social”, 26 de janeiro de 2011, disponível em:

http://www.ibope.com.br/calandraWeb/servlet/CalandraRedirect?temp=5&proj=PortalIBOPE

&pub=T&db=caldb&comp=Not%EDcias&docid=39D1E142AFCFDAF88325782400545EE

9. Acessado em: 4 de maio de 2011.

IBOPE, “73,9 milhões de pessoas tem acesso à Internet no Brasil”, 18 de março de 2011,

disponível em:

http://www.ibope.com.br/calandraWeb/servlet/CalandraRedirect?temp=5&proj=PortalIBOPE

&pub=T&db=caldb&comp=Not%EDcias&docid=EA0526673CE1740D832578570054B23B.

Acessado: em 4 de maio de 2011.

INTERNATIONAL JOURNAL OF COOMUNICATION, n 5, University of California,

Irvine, p. 437-462. 2011.

INTERNATIONAL PR SECTOR IN GOOD HEALTH WITH DOUBLE DIGIT GROWTH

IN 2010, ICCO, disponível: http://www.iccopr.com/common/popup.aspx?newsId=NjE%3d-

rtxD78kikIM%3d. Acessado em: 16/06/2011

Page 67: Monografia Renata Santiago M

67

KUNSCH, Margarida. Planejamento de Relações Públicas na Comunicação Integrada. 4.

Ed. São Paulo: Summus, 2003.

___________. Gestão Estratégica em Comunicação Organizacional e Relações Públicas.

2.ed. São Caetano do Sul: Difusão, 2009.

LEMOS, André; LÉVY, Pierre. O futuro da internet: em direção a uma ciberdemocracia

planetária. São Paulo: Paulus, 2010.

LÉVY, Pierre. O que é o virtual?. São Paulo: Editora 34, 1996.

___________. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.

LI, Charlene; BERNOFF, Josh. Fênomenos Sociais nos Negócios: vença em um mundo

transformado pelas redes sociais. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.

LOPES, Maria Immacolata. Pesquisa em Comunicação. São Paulo: Edições Loyola, 2005.

REVISTA USP. Cibercultura. São Paulo: USP, CCS, n.86, p. 96-107, junho/agosto 2010.

RÜDIGER,Francisco et al. (Org.) Introdução às teorias da cibercultura. 2. ed. Porto

Alegre: Sulina, 2007.

SANTAELLA, Lucia. Culturas e artes do pós-humano: da cultura das mídias à

cibercultura. São Paulo: Paulus, 2009.

SODRÉ, Muniz. Antropológica do espelho: uma teoria da comunicação linear e em rede.

3. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2008.

TAPSCOTT, Don; WILLIAMS, Anthony. Wikinomics: como a colaboração em massa

pode mudar o seu negócio. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007.

___________. Grown Up Digital. Estados Unidos da América: McGraw-Hill, 2009.

TAPSCOTT, Don; WILLIAMS, Anthony. Macrowikinomics. Toronto: Penguin Group,

2010.

Page 68: Monografia Renata Santiago M

68

TERRA, Carolina Frazon. Comunicação Corporativa Digital: o futuro das Relações

Públicas na rede. São Paulo/SP, 2006. [Dissertação de Mestrado – Escola de Comunicações e

Artes da Universidade de São Paulo].

WILLIAMS, Raymond. Palavras-Chave. São Paulo: Boitempo, 2007.

Page 69: Monografia Renata Santiago M

69

APÊNDICES

Apêndice A - Entrevista com Andrew Greenlees, sócio e vice-presidente da CDN

Comunicação Corporativa

Atividades: coordena o planejamento estratégico de comunicação e o atendimento de

empresas nacionais e internacionais, públicas e privadas, entidades representativas e ONGs.

Também coordena os relacionamentos internacionais da agência, inclusive o atendimento à

Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República no programa de divulgação do

Brasil no exterior.

Tipo de abordagem: presencial

Data: 14 de junho de 2011.

A entrevista foi transcrita a partir de arquivo de áudio.

1. O que a agência entende por comunicação digital?

Primeiro a gente tem que vê como a agência vê comunicação. Uma agência

que procura trabalhar a comunicação integrada. A comunicação que leva em

consideração vários tipos de públicos. De um lado, vários tipos e formas de se

comunicar e os diversos tipos de canais que as empresas utilizam para se comunicar

com esses públicos. Digamos que essa a matéria prima do trabalho da CDN. E a

CDN já há algum tempo se coloca como uma agência que cuida da imagem e

reputação das marcas das instituições que são seus clientes. De que forma se trabalha

imagem e reputação? Principalmente, pelo meio da gestão dos seus relacionamentos.

Então, a gente avaliar que hoje da forma que a sociedade se desenvolveu e se

desenvolve e o mundo dos negócios e o mundo político, isso tudo envolve

relacionamento. Não dá pra você ser hoje uma ostra fechada. Claro que do ponto de

vista pessoal isso é uma verdade. E do ponto de vista empresarial e corporativo ainda

Page 70: Monografia Renata Santiago M

70

mais. Há uns anos atrás no Brasil uma empresa podia se dar o luxo de não conversar

com o governo. Ah! Porque o governo é isso é aquilo, por uma série de razões você

não queria falar com o governo. Até recentemente, uma empresa podia não se

preocupar com uma comunidade que ela atua. Por exemplo, eu tenho uma empresa e

vou abrir um túnel, no meio de uma cidadezinha. Até um tempo atrás, você abria na

cidade. Mas hoje se você vai abrir uma empresa num local, você não pode se furtar

em relacionar com a aquela comunidade. Por que a fábrica tá lá? O que ela faz?

Quais são os riscos em conviver com a aquela fábrica? Nós estamos contratando

gente da região para trabalhar naquela fábrica? Enfim, abrir um pouco para esses

relacionamentos. Uma grande rede de supermercado, por exemplo. Ela vai abrir um

super hipermercado. Qual é o impacto disso no bairro, do ponto de vista, desde

trânsito até dos pequenos comerciantes que trabalham no bairro normalmente. De

repente, chega um mega empreendimento na porta da vendinha do sujeito. Que

impacto isso tem? Então, comunicação ganhou um aspecto estratégico nas

corporações. Hoje, as corporações que eu acho que se saem melhor, em termos de

imagem e reputação, são aquelas que entendem que a comunicação tem de estar no

início dos processos. Não é lá na frente, depois que eu já tomei todas as decisões, daí

eu chamo o pessoal de comunicação para resolver o problema ou uma crise. Ou

quando o produto tem um problema. Daí chama a comunicação e resolve isso

pontualmente. Então, as corporações que estão bem são aquelas que na origem do

processo trazem a comunicação. Então, vem o cara técnico, vem o cara de vendas,

vem o cara de engenharia e vem o cara de comunicação para conversar. Esse é o

geral. O digital eu acho que é uma linha que hoje perpassa toda essa experiência que

eu to falando e que vai ganhando, que usa a tecnologia como plataforma, como base,

mas que ganhou uma vida própria. Hoje você tem digital em tudo em que feito em

Page 71: Monografia Renata Santiago M

71

termos de comunicação. Desde uma comunicação super sofisticada até você ter usar

algum tipo de comunicação por celular, porque hoje o celular tá difundido. Mesmo as

comunidades mais isoladas tem celular. Daí você começa até de pensar diversas

formas de atingir os públicos usando meios digitais. Digitais eu digo mais

tecnológico. E a gente tá fazendo um enorme esforço aqui na CDN de quebrar essa

barreira: ah! Isso é tradicional. E há os meios digitais. Cada vez mais, você tá vendo

isso. Quando a gente planeja uma campanha de divulgação do produto, por exemplo,

pra imprensa, primeiro que você não pode trabalhar só mais imprensa. Você tem de

considerar todos os meios de troca de informações. Então, aí entram mídias sociais,

entram blogueiros. Outra coisa. Você não pode pensar mais na divulgação do produto

só como um caminho de só de ida: eu dou minha mensagem e acabou. Entendam

como quiserem. Tem mais. Entra aquela história do feedback, da interativa. Então, os

planejamentos de comunicação ficaram hoje mais exigentes. Não adianta só eu

imaginar como eu vou colocar minha mensagem lá fora. E como, primeiro, eu vou

conversar com os meus públicos. Até pra eu moldar minha mensagem. Saber se elas

estão fazendo sentido para outros públicos. Como estão reagindo as minhas

mensagens. De que forma eu posso aperfeiçoar o meu relacionamento com os

públicos. Há dois anos, em Cannes, o pessoal usou uma palavrinha, que hoje tá todo

mundo usando. Que foi legal. Que é o negócio do “engagement”. Que hoje em dia

você não só manda a mensagem pro seu público, você se envolve. E foi muito legal

naquela época ver isso ser discutido. Porque é o fim daquela geração de publicidade,

por exemplo, que você só coloca um anúncio na televisão e vai ver se as vendas

aumentaram. Agora não. Você vai discutir. Você vai fazer um anúncio, um viral, por

exemplo, como é que isso repercute? O que você tá ouvindo dos seus públicos. Você

passar a ter que ouvir também. E eu acho que um desafio, não só para a CDN, mas

Page 72: Monografia Renata Santiago M

72

para todas as agências que fazem comunicação corporativa é entender esse ouvir. O

que a gente precisar saber pra que o nosso público se sinta atendido por nós. Isso.

Não é fácil. Por exemplo, uma empresa pensa „se eu abrir um canal desses, isso vai

virar um SAC, vai virar um canal de reclamações‟. É verdade. „E eu não tenho

gente... um Twitter corporativo. Eu vou inundar minha conta com reclamação do

produto e eu não tenho gente pra responder isso‟. Mas por outro lado daí você não

vai pra mídia social? A gente sente isso no cliente. Essa dúvida, né? Como é que

administro a minha vida nesses meios? Eu entro pra valer? Ou não entro? Quais são

os prós e os contras? Outro dia alguém falou assim: „isso é uma discussão porque

você já está na mídia social‟. Tudo bem, você tá. Não é porque você abriu uma conta

no Facebook que você tá ou deixa de estar na mídia digital. Se um Google, aparece.

Mesmo que eu não tenha feito nada, aparece. Mas a questão é saber: se eu for entrar

proativamente é saber os prós e os contras. Eu sei que tem vários conceitos firmados

sobre isso. Mas eu ainda acho difícil dar uma sugestão super firme, sem ficar uma

pontinha de „é... mas será que é isso mesmo?‟. Que é um mundo muito em

transformação. Tem que fazer? Tem de participar de algum jeito? Eu acho que não

tem muito mais dúvida. Acho que as marcas estão vendo. As corporações estão vendo.

No mínimo monitorar, você precisa hoje. Nem que seja pra ver o que estão falando de

você ou distorcendo ou enfim... ou falando bem. No mínimo monitorar é uma coisa

importante. Mas daí a atuar também é um passo difícil que eu acho que o nosso

grande papel é descobrir como fazer isso e orientar o cliente da melhor forma

possível. É um tremendo desafio. E entender as linguagens de mundo. O que fazer o

que não fazer. É um mundo em que você não precisa chegar empurrando o seu

produto. É uma coisa diferente. Agora por outro lado a gente tem de ver a realidade

do Brasil. O Brasil tem 200 milhões de habitantes. Acho que 40 milhões tem acesso à

Page 73: Monografia Renata Santiago M

73

Internet. Daí você pega um carro e vai ai pro interiorzão do país. Enfim tem ai uma

vasta parcela da comunidade brasileira que precisa de informação, ela tem direito a

isso. Só que não ser pelo Twitter ou pelo Facebook. Por questões de qualidade do

acesso, por questões de educação. Você não pode ir pro Twitter, por exemplo, se você

não for alfabetizado. No interiorzação tem escolas que não tem acesso a computador.

Às vezes me preocupa. Você vai numa reunião no escritório bonito da Faria ou da

Berrini. E fica todo mundo falando „não, porque as mídias sociais...‟. É claro que

determinado tipo de público você só tenha de falar com um público que tenha acesso.

Tá certo. Tá perfeito. Bola pra frente. Mas se você tá fazendo uma hidrelétrica no meu

do Xingu. Não é pra ser preconceituoso e dizer que no meio do Xingu ninguém acessa

a Internet. Não. Usam! Mas ali tem outros desafios de comunicação. Por exemplo,

agora essa crise que teve nos canteiros de obras do Santo Antônio, no Rio Madeira,

funcionários, enfim, trabalhadores de usina, que a gente tenderia a dizer que esse

pessoal não tá online. Nada! Tava cheio de gente com comunidade no Orkut, botando

vídeo no Youtube. Enfim, tuitando. Você vê: tá chegando. Mas ainda eu acho que é

uma questão que a gente... Quando a gente analisar um plano de comunicação, a

gente precisa saber de que forma a gente quer chegar nesse público. Que é tendência

que isso vai se espalhar, eu não tenho dúvida. Mas o Brasil é ainda é um país muito

desigual. E isso reflete nessa questão do acesso. Celulares. Eu acho que tem 240

milhões de celulares no Brasil ou mais. Tem mais de um celular por habitante. Mas

tem gente que tem três. O número às vezes engana um pouco. A gente deve ter 60

milhões de pessoas que realmente usam o celular. Que é um número enorme, mas tem

muita gente não tem. Mas agora com o pré-pago, acho que tende a diminuir. Mas

ainda é um desafio que a gente tem de levar em conta. Mas respondendo, eu acho que

a gente tem de ver o digital como um mundo que tem de estar inserido, em todas as

Page 74: Monografia Renata Santiago M

74

nossas visões de comunicação, seja tático ou estratégico. E tem de ser considerado

em tudo que a gente faz em termos de planejamento em termos de relacionamento e

comunicação. É um desafio enorme que tem pela frente. Até porque, em paralelo, tem

a questão do desenvolvimento tecnológico que quando você acha que „já sei usar o

Twitter, já sei usar o Facebook daí tem outra novidade. Então, a plataforma muda,

aparece outro. Agora apareceram os tablets. Há seis meses, a gente não falava de

tablets. Agora jornal pra tablet. Enfim, a gente tem de conviver com essa velocidade.

2. A agência utiliza canais digitais para relacionamento com seus stakeholders? Caso

sim, quais e como?

Blog, site. Que eu acho que precisa ser melhorado. Acho que tá muito estático.

Acho que podia usar mais. É aquela coisa: „casa de ferreiro o espeto é de pau‟. A

gente, às vezes, bota muita energia pra atender bem os clientes. E a gente faz isso. E

às vezes deixa de olhar pra dentro e ver o que eu podia tá fazendo de diferente para

mim. Uma coisa muito típica das pessoas que trabalham em comunicação. São

pessoas muito voltadas pro resultado pro cliente, pro resultado externo e pouco

voltado pra organização interna. Isso é uma característica do jornalista

principalmente. Do RP talvez um pouco menos. Enfim, é uma característica. São

pessoas voltadas pro seu trabalho, fazer bem feito. E às vezes não olham pro que está

mais próximo. A gente usa. Twitter. O que nós temos procurado fazer é que cada vez

mais a nossa interface com o cliente seja mais amigável. Por exemplo, toda a área de

análise, antigamente, os relatórios iam por e-mail, os relatórios diários. Agora a

gente fez um grande esforço, um grande investimento, inclusive, pra transformar tudo

em um ambiente web que vai muito além do relatório. É um ambiente que tem acesso

a tudo, banco de dados sobre o que saiu do cliente, histórico de webcenário. O cliente

acessa remotamente com senha, de onde ele estiver e tem acesso ao ambiente dele,

Page 75: Monografia Renata Santiago M

75

com todas as informações, troca informações com equipe daqui. Isso é muito forte. O

nosso pessoal de atendimento usa, cada vez mais, ferramentas. Eu vejo cada vez mais

as equipes falando com os interlocutores da empresa falando por Messenger. O

pessoal desenvolve muito isso. Uso de Google docs. Todos são usados no

relacionamento com o cliente. Por exemplo, alguém prepara uma proposta e várias

pessoas olham ao mesmo tempo. Isso é bastante disseminado. Agora dá pra

melhorar? Acho que sim. Sempre dá. Por exemplo, estamos tendo a aula de

português, que o conteúdo tá sendo colocado na Intranet. Passamos a usar mais

videconferências. Porque telefeconferência é um saco, você ficar gritando no telefone.

Mas quando você vê o sujeito... Tem tecnologias bem mais avançadas que você sente

que tá na sala com a pessoa. A câmera é colocada de um jeito que parece que você tá

realmente conversando com a pessoa. Mas já melhorou muito.

3. Quais os propósitos de uso dos canais de digitais?

Relacionamento. Facilitar e melhorar a qualidade dos relacionamentos. Tanto

internamente, dentro da equipe, entre os escritórios. A gente é uma agência de

escritórios, então, tem de pensar muito nessa coisa da integração dos escritórios,

porque é uma empresa só. Acho que internamente isso. E externamente a gente tem de

usar essas ferramentas pra melhorar a qualidade do relacionamento com o cliente e

do cliente com os públicos estratégicos dele. Acho que esse é o principal objetivo de a

gente usar. Aperfeiçoar, melhorar, agilizar, enfim. E dá também pros clientes também

conselhos e consultoria de como agir nessas situações. Um grande desafio para a

área de comunicação que antigamente a gente tinha algumas horas pra reagir sobre

algum fato. Até um dia. Até mais. Dois, três, mais. Eu dou um exemplo quando dou as

palestras. Acho que em 86, quando houve uma explosão em uma fábrica em Nepal, na

Índia. Demorou uma semana pras reportagens mostrarem que havia sido uma coisa

Page 76: Monografia Renata Santiago M

76

muito séria, que tinha gente morta. Imagens, pouquíssimas. Tinham imagens de fora

da fábrica. Mas levou uma semana. Fukushima, agora, foi ao vivo que a gente viu

explodir a fábrica. Literalmente, ao vivo. Você viu o tsunami chegar. A gente tá

falando de 15 anos de Chernobyl. Olha como as coisas mudaram. Você vê: o gestor

de comunicação do Chernobyl teve uma semana pra pensar, digamos assim. O cara

de Fukushima teve exatos 2 segundos. Ele tava vendo ao mesmo tempo que os

públicos dele estavam vendo. O profissional de comunicação que tem de ter agilidade

e estratégia. Trabalhar assim, nesse contexto, não é fácil. Hoje em dia acontece

alguma coisa nos países na Síria. Celular e Youtube direto. Se você é um gestor de um

governo centralizador que proíbe a entrada da Índia, como lidar com isso. Da mesma

forma, uma fábrica. Se há uma explosão na fábrica, há 10 anos, você tinha dois ou

três dias. Não é que você não contava ou faltava a transparência. É que você tinha

tempo. Agora você tem que: ao mesmo tempo que você tá salvando as vítimas, você

tem que explicar o que aconteceu. Se você demora, 10 segundos pra explicar, já vem

um especialista com uma teoria sobre e entra no Twitter e fala que explodiu por causa

disso e disso. E a imprensa tradicional cada vez mais tá usando essas fontes. Cada

vez mais você um político que se recusa a dar uma entrevista e fala no Twitter. O que

é muito melhor do que uma declaração. Às vezes, muito melhor, mais solta, mais

informal. Mas a própria mídia tradicional tá se rendendo a utilizar Twitter e

Facebook como fonte. Literalmente, o cara não deu uma entrevista. Uma coisa que

ele coloca no Twitter vira a manifestação dele naquele caso. Até gerando embaraços.

O cara escreve e se arrepende.

4. Com quais públicos a agência se relaciona via canais digitais?

A agência eu diria que com principalmente cliente e público interno. Clientes e

prospects. O nosso negócio vai muito de relacionamento. Com jornalistas. Desde o

Page 77: Monografia Renata Santiago M

77

Messenger até coisas mais sofisticadas. Agora eu acho mais importante como a gente

gerencia o relacionamento do cliente com o público do cliente. Que ai entra governo,

comunidade, investimentos, público interno, fornecedores, mídia, imprensa. Mas acho

que dá agência são público interno, clientes, prospects e jornalistas.

5. Caso agência não utilize canais digitais, por quais motivos não os utiliza? Pretende

utilizar?

Não ser aplica à realidade da agência entrevistada.

6. Qual imagem a agência pretende passar na sua presença digital?

De uma agência que compreende essa realidade digital. Compreende e tem

condições de ajudar o seu cliente a compreender. É isso que a gente quer passar. Que

entende os desafios da comunicação, inclusive, os desafios da era digital e que tem as

melhores condições do mercado de fornecer apoio e aconselhamento e de colocar em

prática os planos que propõe. A gente não pode ser visto só como estratégico „ah! Os

caras fazem planos maravilhosos, mas não entrega‟. E nem a gente não quer ser visto

como mão de obra. Pra pensar tem de ser outro. A gente tem de fazer a função do

estratégico com o prático. Mostrar que a gente entende desse mundo da comunicação

com todos os seus desafios. E que a gente tem, além de entender, se relaciona nesse

mundo de forma a ajudar os nossos clientes.

7. A agência possui uma área dedicada à comunicação digital? Quando ela foi criada?

Qual é a sua atual estrutura? Como funciona a dinâmica de trabalho desta área com as

demais da agência?

Tem. Ela foi criada há uns 6 ou 7 anos. Mas é curioso que é uma área que foi

criada e que passou por diversas fases. E é uma área que idealmente vai desaparecer.

Porque o que a gente quer é que o conceito digital, como se pode chamar. Então, que

deixe de ser uma área estanque. „Ah! Ai o pessoal cuida de digital. Aqui é outra

Page 78: Monografia Renata Santiago M

78

coisa‟. Não tem mais isso. Então, o que é o objetivo com o tempo é que o digital

desapareça. Não é que a gente não vai fazer mais o digital. Pelo contrário. Tudo que

a gente tá fazendo passa a ter um componente, uma plataforma, uma estratégia

digital. Então, não faz mais sentido ou não fará mais sentido ter uma CDN Digital. A

CDN trabalha com imagem e com reputação. E dentro disso tem várias frentes de

trabalho e uma delas inclui o digital e cada vez mais serão as estratégias dominantes.

Então, é engraçado, porque é um setor que foi criado, porque havia essa necessidade.

E a tendência é desaparecer. É a única área da empresa que você torce para

desaparecer. Vai virar uma coisa maior. O que a gente fez agora foi procurar colocar

nas equipes atendimento, no que eu chamaria da antiga CDN Digital, essa coisa

separada, até de andares. Até fisicamente não poderia haver essa separação. Então,

vamos trazer as pessoas que fazem o dia a dia de atendimento, de planejamento, de

operação. Essas pessoas tem de estar ao lado das pessoas que lidam com

comunicação corporativa no dia a dia. Porque não são mais coisas estanques. Então,

hoje você tem pessoas fazendo parte das equipes de atendimento normal. E com o

tempo. O que eu acho que ideal e é o que a gente vai buscar: que todos os

profissionais tenham essa formação. Você não precisa ter essa pessoa que entende

mais do mundo digital. Com o tempo esse conhecimento digital terá que ser como

hoje a pessoa sabe preparar um release, por exemplo. Tem que ser uma coisa

automática, que faz parte da formação básico do profissional dessa área. Então,

temos gente trabalhando em conjunto. Ainda há uma estrutura, digamos assim,

trabalhando formalmente numa unidade da CDN que cuida das estratégias digitais.

Mas acho que com o tempo essas pessoas que estão nesse comando passarão a ser

comandantes da empresa como um todo. Que exige certa senioriedade, experiência.

Page 79: Monografia Renata Santiago M

79

Acho que esse é outro caminho. Agora hoje ainda tem uma unidade de negócios

chamada CDN Digital.

8. Com os funcionários mais antigos ou de outras áreas “não-digitais” enxergaram a

criação desta nova área digital? O que foi feito para minimizar o impacto da transição?

Eu acho que foi super bem recebido. O que eu ouço é que as pessoas estão

muito mais felizes. Porque antes havia essa barreira. Primeiro que quem faz

comunicação já sentia a necessidade e a vontade de atuar na digital. Mas muitas

vezes ficava como „eu não posso, porque tem uma área digital aqui dentro‟. Ou „eu

não posso oferecer ações em mídias digitais, porque quem tem de oferecer é a CDN

Digital‟. Isso não faz sentido. E as pessoas ficaram felizes com isso. Porque elas

podem dizer que vão pra uma reunião e discutir uma estratégia de mídias sociais, por

exemplo. Acho que abriu um canal de relacionamento entre as equipes que antes eram

separadas. E com o tempo não terá mais diferenciação. Então, acho que do ponto de

vista interno foi muito bem recebido. Acho que o cliente tá gostando. Acho que o

caminho natural. E acho que não tem volta. Não é só a CDN que tá fazendo. Outras

agências estão.

9. Como se dá a comunicação / diálogo com os colaboradores da agência?

Procedimentos da operação, que são reuniões das equipes. Você tem os

profissionais com diferentes funções dentro das equipes. Os líderes tem incentivo para

estarem sempre dialogando com suas equipes e trocando ideias. Você tem momento

de encontros da casa como um todo, principalmente, quando a presidência quer

contar alguma coisa ou quer ouvir. Isso é organizado num formato de que junta todo

mundo. Bota Rio, Brasília e Washington em formato online. A gente entende que todo

mundo deve ouvir as mesmas coisas. Agora a gente procura ter momentos de reunião

com grupos menores para se discutir cases ou clientes. Enfim, tem a ginástica laboral,

Page 80: Monografia Renata Santiago M

80

em que as pessoas desestressam. Eu acho que as pessoas desenvolvem seus meios

internos. Uma das pessoas comprou um smartphone e tava conversando por vídeo,

literalmente, com uma das pessoas que estava na sua frente. Tem MSN, SMS. Pessoal,

criativo em termos de comunicação. Mas formalmente, tem reuniões, tem

conferências. O João, nosso presidente, faz o café com o presidente. Periodicamente,

ele se reúne com um grupo aleatório de funcionários. Pode ser de qualquer nível,

experiência. Ele faz café da manhã, para falar da empresa, ouvir dúvidas. Gente

novinha que acabou de chegar ou mais experientes.

10. Como se dá o aprendizado na agência?

Dentro das equipes as pessoas tem suas funções. Os seus superiores

hierárquicos, uma de suas funções é mostrar pra equipe como se faz. Natural, dentro

da escala de trabalho. Temos programas de formação. A discussão de cases é como

as pessoas aprendem muito. É um caso prático. Quais os problemas, as ideias, as

soluções. É um momento muito bom pra quem tá começando e para as mais

experientes, porque o case sempre traz uma novidade. Se você começou ontem na

profissão, você vai ver um momento de coisa nova. Se você já é mais experiente pode

falar: „não tinha pensado sobre isso... legal essa ferramentas que usaram... legal essa

estratégia‟. Então, essa coisa de compartilhar. Ai entra essa coisa da tecnologia.

Por exemplo, uma proposta de sucesso. Ao invés de ficar entre cinco ou seis que

fizeram essa proposta, é importante compartilhar com a casa. E precisa das

ferramentas pra fazer isso. Intranet, por exemplo. Tem um lado formal, dessa coisa

dos níveis hierárquicos. E tem um lado de aprendizado que vem naturalmente no dia a

dia do trabalho que vem da vivência dos cases, do atendimento. E essa divisão e essa

coisa de grupos dividirem experiência que deram certo e que deram errado. É

importante discutir o que deu errado. Aula de português, pessoas que dão palestras

Page 81: Monografia Renata Santiago M

81

com nossos profissionais, um cliente, ou jornalista ou de entidades. Bota nossos

profissionais em contato. Sempre que possível nosso profissionais participam de

cursos e palestras na nossa área.

11. Como são criados os novos produtos e serviços?

De algumas formas. Quando a gente verifica algumas oportunidades de

mercado. Quando a gente identifica que há oportunidade. Outras é o cliente que

provoca. O cliente chega e diz: „eu queria que você fizesse um treinamento diferente

ou de tal jeito, ou um relatório de tal jeito. Ou eu quero me relacionar com a

imprensa, mas de um jeito inovador. O que você sugere?‟. É um caminho. O outro é

nós mesmos inquietos e notarmos que há uma oportunidade. E que para isso a gente

precise bolar uma forma de ocupar esse espaço. Acho que são os dois caminhos de

criar. Daí, os líderes em geral, ouvindo colaboradores que podem ser mais novos. Ou

ouvindo do cliente. Em última instância terá de ser aprovado pelo conselho

administrativo. Você não pode sair lançando coisas de forma atrapalhada. Envolve

investimento? Tem cliente pra isso já? Enfim, tem de ter uma série de parâmetros

para avaliar. Ou olha é muito legal, mas a gente acha que o mercado não está

preparado para isso. Ou envolve um investimento em tecnologia que nesse momento

não dá pra fazer. Ai vai depender dos parâmetros de análise de uma estrutura mais

alta. A construção é sempre feita internamente. E muita coisa vem com o cliente. Um

novo tipo de seminário, por exemplo, num lugar diferente. Você constrói com o

cliente. A análise editorial foi criada a partir da provocação do cliente, que precisava

de algo mais analítico, tendências. Com o tempo precisava de um índice, por exemplo,

o IQuem. Ele que colocou o desafio e nós fomos pensar e produzimos um serviço

novo.

12. Como se dá a comunicação / diálogo com o cliente?

Page 82: Monografia Renata Santiago M

82

Respondido na pergunta de número 2.

13. Há documentos que orientam o uso dos canais digitais pelos colaboradores? Como se

dá o treinamento dos profissionais?

Tem uma política na intranet que tá um pouco vencida. Mas tem uma política

de mídias sociais que vai valer tanto internamente para nós quanto como modelo para

clientes que precisem também. Temos essa preocupação de ter um modelo. Até porque

pra poder cobrar. Cobrar no sentido das pessoas saberem se saíram do parâmetro. As

pessoas podem fazer algo e as pessoas dizerem que não sabiam. E a empresa tem de

ter... a gente não quer cercear, mas tem uma estrutura e relacionamentos e que tem de

ser preservados e você precisa de regras pra fazer isso. Então, a partir do momento

que você tem regras e parâmetros. Se gostar, ótimo. Se não gostar, também é um

direito. Vai ter treinamento. Porque senão vira uma coisa morta, sem sentido.

14. Os colaboradores são autorizados a utilizar no seu dia-a-dia, mesmo para fins pessoais,

e-mail particular, Twitter, Orkut, Facebook, etc.?

Eu sei que tem de tudo por ai. Tem empresa que bloqueia. Somos uma empresa

de comunicação. Então, não faz sentido bloquear acessos de comunicação dos nossos

colaboradores. Somos uma empresa, de novo, pela natureza dos nossos profissionais,

é uma empresa que respeita a liberdade de cada um e que exige bastante em termos

de resultado, de comprometimento e bom senso. Então, na gente não vai ficar dizendo

pro nosso colaborador que não pode isso ou não pode aquilo. Vai do bom senso. É

claro que o colaborador que passa o dia no Facebook, é claro que no final do dia ele

não vai ter produzido o que era esperado dele. Então, é claro, que depois de um

tempo, esse profissional terá dificuldades de continuar. Agora, se a pessoa tá

trabalhando entre um comentário e outro. Essa é a dinâmica. Esse é o mundo. A gente

Page 83: Monografia Renata Santiago M

83

quer que os nossos profissionais estejam nessa dinâmica, desde que não comprometa

o trabalho. Se você tá concentrado no projeto que você tem de entregar hoje à tarde

para o cliente, uma coisa que demanda concentração. E daí você fica de 10 em 10

minutos atendendo a uma bobagem no Twitter.... de novo, você vai fazer uma ou duas

vezes, mas uma hora vai aparecer da produção do trabalho. Se a gente nota que a

pessoa não tá produzindo e eventualmente concluímos que uma das razões é isso,

pode ter uma conversa com o colaborador que precisa focar mais. Mas acho que vai

de a gente cobrar das pessoas e ao mesmo tempo dar liberdade. Acho que quem

entende isso, se dá bem por aqui. Quem sabe que esse é o jogo: eu sou cobrado pelo

meu desempenho, pelo meu comprometimento. Agora tenho liberdade. Respeitando

cronograma, relatório, reuniões. Não é uma coisa solta. Mas não vamos proibir de

acessar o Facebook, por exemplo, na máquina dele. Não faz sentido.

15. Os colaboradores utilizam os canais digitais para relacionamento entre eles e com

clientes?

Respondido na pergunta de número 2

16. Os colaboradores foram orientados quanto ao uso dos canais digitais?

Respondido na pergunta de número 13

17. A agência possui produtos ou serviços digitais que serão vendidos aos clientes? Se

sim, quais?

Hoje cada vez mais o que queremos vender é inteligência nos meios digitais.

Consultoria nos meios digitais. Menos os serviços, usando um termo que tá batido,

commodity. Fazer um site. A gente pode fazer? Pode. Mas não parece ser o objetivo

como a CDN. Tem muita gente que faz sites ótimos. Mas que não precisa ser uma

agência de comunicação a fazer. Pode ser uma pessoa uma estrutura menor, até por

um preço mais interessante pro cliente. Acho que hoje nossos principais produtos são

Page 84: Monografia Renata Santiago M

84

aqueles que permitem diagnósticos, monitoramento e montagem de estratégias na

rede. E é claro a entrega de coisas também. Precisa fazer um site, um Twitter, um

blog? Podemos fazer. Mas não me parece o nosso foco hoje de atuação.

18. Como a agência pretende se posicionar no mercado daqui há 5 anos? E qual o papel da

comunicação digital para tal?

Nosso objetivo é ser uma agência indispensável. A empresa chega no final do

ano e reflete sobre corte orçamentários e se pergunta se corta ou não a CDN. O que

eu quero é que o cliente chegue no final do ano e automaticamente renove ou que ele

diga quero cortar 50% do orçamento mas saiba que não pode abrir mão da CDN. Sei

lá. Vou dar um jeito. Chamar a CDN pra conversar. Mas eu quero essa mentalidade

do indispensável. É onde a gente quer chegar. Isso inclui digital e tudo. Inclui o nosso

relacionamento com o cliente. Que a gente seja indispensável para ele. Que ele sinta

valor no que a gente faz. Que chegue no final do ano e diga: „olha o que eu paguei

pra esses caras fez uma diferença no meu negócio‟.

Page 85: Monografia Renata Santiago M

85

ANEXOS

ANEXO A - Rascunho do Manual de Presença Digital da CND Comunicação

Corporativa

CAPA MÃE COM COR DIFERENTE, CARACTERIZANDO OS 3 CAPÍTULOS TÍTULO: MANUAL DE PRESENÇA DIGITAL

Page 86: Monografia Renata Santiago M

86

COMO NAVEGAR NO DOCUMENTO CAPÍTULO 1: CONDUTA Aqui você encontra orientações sobre o comportamento recomendado pela CDN nas redes sociais digitais, além de dicas de boas práticas e conduta na sua vida digital.

CAPÍTULO 2: SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO O que é informação, quais são consideradas sensíveis para a CDN e como você pode cuidar para que elas estejam seguras. Aqui você também encontra a tabela de classificação de informação.

CAPÍTULO 3: RECURSOS TECNOLÓGICOS O uso dos equipamentos e programas de computação disponibilizados pela CDN é o assunto tratado neste capítulo. Se desejar tirar dúvidas sobre o uso de e-mails e mensagens instantâneas, navegue aqui.

CAPÍTULO 4: GESTÃO POR CONSEQUÊNCIAS Conheça aqui como a Legislação Brasileira enxerga algumas atitudes consideradas pela CDN como inadequadas e saiba como a agência trata as situações fora da conduta recomendada no capítulo 1.

Page 87: Monografia Renata Santiago M

87

PRESENÇA DIGITAL CDN: PROMOVENDO O “BATE-PAPO” APROVAR COM JOÃO RODARTE, VIA ANDRÉ

No início do processo de digitalização da comunicação da CDN, os sócios, VPs, diretores e diretores-executivos e eu mesmo fomos entrevistados pela CDN Digital com o objetivo de identificar a vocação que temos no “mundo real” e que deve ser a mesma reproduzida nas Redes Sociais Digitais. Essas conversas resultaram em um verdadeiro retrato da CDN. O mais importante é observar que a essência daquilo que somos e tudo aquilo que queremos ser são compartilhados por todos que seguem conosco. Dentre as observações mais importantes, nós nos reconhecemos como uma empresa referência em RM, lançadora de tendências, formadora do mercado e que tem o bate-papo e a relação mais próxima com seus colaboradores, clientes e parceiros, como nossas marcas mais fortes. Considerando isso tudo e com o nosso desejo de rejuvenescer a marca CDN transmitindo uma imagem mais moderna e inovadora, formalizamos nossa Presença Digital com este documento, dividido em três capítulos: no primeiro, você encontrará recomendações e determinações sobre a conduta que todos devemos ter nas redes sociais digitais. Já nos capítulos dois e três, você encontra orientações sobre Segurança da Informação e acerca da utilização dos Recursos Tecnológicos, respectivamente. Ao final deste caderno, você precisará assinar termos de uso e ciência. Após ler, entregue os documentos assinados ao seu gestor. Agradeço a atenção de todos. Boa leitura!

Page 88: Monografia Renata Santiago M

88

Tirar “manual

de” e deixar só a

palavra “conduta”

Page 89: Monografia Renata Santiago M

89

ÍNDICE

1. ............................................................................................................ CDN NAS REDES SOCIAIS DIGITAIS

......................................................................................................................................................................................................

2. .................................................................................................................. COMPORTAMENTO

..........................................................................................................................................................................

2.1 VOCÊ E SUAS REDES SOCIAIS NA CDN ................................................................................

2.2 VIDA SOCIAL DIGITAL RESPONSÁVEL .................................................................................

2.2.1. ............................................................................................................ Antes de mais nada

2.2.2. ..................................................................................................................................... Sim

2.2.3. ..................................................................................................................................... Não

2.2.4. .......................................................................................................................... Encaminhe

2.3 DICAS DE CONDUTA NAS REDES SOCIAIS DIGITAIS ..........................................................

2.3.1. .......................................................................................................................... Conecte-se

2.3.2. .............................................................................................................................. Produza

2.3.3. .......................................................................................................................... Seja direto

2.3.4. ..................................................................................................... Indique suas referências

2.3.5. ....................................................................................................... Cuide das informações

2.3.6. ..................................................................................................................... Seja prudente

Page 90: Monografia Renata Santiago M

90

2.3.7. ..................................................................................................................... Agregue valor

2.3.8. ....................................................................................................................... Relacione-se

2.3.9. ..................................................................................................... Não se exponha demais

2.3.10. ........................................................................................................................ Segurança

Page 91: Monografia Renata Santiago M

91

Page 92: Monografia Renata Santiago M

92

1. CDN NAS REDES SOCIAIS DIGITAIS A CDN oferece soluções integradas em Comunicação Corporativa. Nossos clientes são

empresas e organizações que compreendem a importância da credibilidade para a sustentação de sua imagem e reputação no ambiente dinâmico, competitivo e de ampla exposição que temos hoje em dia.

E como mais uma expressão desses espaços, temos as Redes Sociais. Existe uma

adesão maciça a esses sites no Brasil e o País destaca-se no cenário mundial pela utilização, mas também e cada vez mais, pelas ações inovadoras que promovemos nas redes.

Nós da CDN, por meio da CDN Digital, temos sugerido e criado soluções para nossos

clientes que reconhecem a importância de “entrar nas Redes Sociais”, mas que querem fazer isso de forma planejada com foco nos objetivos do negócio. Agora, a CDN age em causa própria e olha também para sua presença nas Redes Sociais Digitais.

Acreditamos que a expertise acumulada durante todos esses anos é fundamental

para a construção e manutenção de nossa própria reputação nas Redes Sociais. Sabemos ainda que a empresa reflete aquilo que somos como equipe, na soma dos talentos de cada um.

Reconhecemos que a conduta do colaborador da CDN também é importante para a imagem que queremos expressar nesses meios. Portanto, este documento mostra o que acreditamos serem as melhores práticas tanto no campo profissional quanto pessoal para as Redes Sociais Digitais.

Queremos estimular o uso das ferramentas, mas esperamos que você se lembre

sempre da responsabilidade que devemos ter com aquilo que comunicamos. Considere, especialmente, que a partir do momento em que passa a ser um colaborador da CDN, você começa a carregar também a nossa marca. Nesse contexto e considerando a natureza das Redes Sociais, sua “pessoa física”, não se desvincula de sua “pessoa jurídica”. O que você publica, divulga, dissemina ou compartilha na web, expressa quem você é. E mais, é importante lembrar que na Internet, nada se apaga. Tudo de perpetua. Portanto, cuidado redobrado.

Mesmo você que já participa das Redes, conheça as orientações que apresentamos

aqui. Quem ainda não utiliza esses sites e quer mais orientações antes de se inscrever, pode procurar pelos colegas da CDN Digital.

Page 93: Monografia Renata Santiago M

93

Page 94: Monografia Renata Santiago M

94

2. COMPORTAMENTO

2.1 VOCÊ E SUAS REDES SOCIAIS NA CDN As Redes Sociais são uma extensão das relações e das atividades que você mantém

em sua vida. Dessa forma, também nas redes você abordará temas relacionados à sua profissão e carreira. É inevitável ainda que suas redes pessoais e de trabalho se encontrem nas mídias sociais digitais. Afinal, como qualquer ser social, o que o faz transitar e se conectar a redes de pessoas são os interesses em comum, seja em ambientes digitais ou presenciais. Sendo assim, é importante cuidar para que seus perfis nas redes expressem seus valores que também estão presentes em seu comportamento profissional.

2.2 VIDA SOCIAL DIGITAL RESPONSÁVEL Quem deve ser você nas Redes Sociais Digitais? Nossa sugestão é que seja você

mesmo. Use o “chapéu” de estudante, professor, pai, profissional, fã, aprendiz etc. Convidamos e estimulamos todos os nossos colaboradores a utilizar, responsavelmente, as Redes Sociais Digitais. Mas é importante ter alguns cuidados. Confira nossas recomendações e evite problemas:

2.2.1. Antes de mais nada

• Conheça e vivencie os valores da CDN. Você, como um colaborador passa a ser um transmissor das características da empresa.

• Conheça nossa tabela de confidencialidade da informação, no capítulo 2, de Segurança da

Informação, na página X. Ela orienta sobre assuntos que podem ou não ser comentados, disseminados e compartilhados em todos os ambientes, inclusive, nas Redes Sociais.

2.2.2. Sim

• Sim, você pode contar em suas Redes Sociais que trabalha na CDN. Por exemplo, essa informação já está no seu LinkedIn?

• Divulgue as informações bacanas que você leu nos canais oficiais da CDN. Ou seja, aquelas já

públicas e postadas em nosso site, nossos blogs ou nos perfis da CDN nas Redes Sociais, ok? • Relacione-se com nossos perfis nas Redes Sociais. Comente nos blogs, siga-nos no Twitter,

participe de nossas redes no Facebook, LinkedIn e outras que criarmos. • Sinta-se à vontade para indicar temas e links interessantes para que possamos divulgar em

nossos canais oficiais.

2.2.3. Não

Page 95: Monografia Renata Santiago M

95

• Você não pode divulgar releases dos clientes da CDN. Essas informações são confidenciais e tratadas apenas pela equipe de Relacionamento com a Mídia (RM).

• O mesmo vale para os relatórios como os que são produzidos pela CDN Análise e Tendências

para seus clientes. • Não fale também sobre assuntos relacionados ao negócio da CDN citados por concorrentes ou

sem dados comprovados. • Jamais comente sobre dados confidenciais ou que possam comprometer possíveis

concorrências.

2.2.4. Encaminhe • Quando você tiver acesso a alguma reclamação ou problema relacionado a clientes da CDN,

alerte as pessoas que, na agência atendem àquela conta. O mesmo, quando o assunto for a própria CDN. Na dúvida, entre em contato com o seu gestor.

• Da mesma forma, se você for questionado sobre algum assunto que não domina ou que é da

alçada de outra área de conhecimento da empresa, antes de comentá-lo, encaminhe a dúvida aos responsáveis por cada área ou aos especialistas que terão mais condições de responder ao questionamento. Você também pode falar com o seu gestor.

2.3. DICAS DE CONDUTA NAS REDES SOCIAIS DIGITAIS Os ambientes sociais são configurados no mundo presencial e no digital. Ambos são

reais. Suas atitudes na festa de aniversário do amigo, na confraternização de trabalho, no bar, na universidade e nos ambientes digitais, como Facebook, Blogs, Twitter, LinkedIn, Orkut e outros refletem o que você é e impactam na imagem que as pessoas têm de você. Seguindo nossas orientações você constrói sua presença na web sem colocar em risco sua reputação, a da CDN e de nossos clientes.

2.3.1. Conecte-se

Você tem o que compartilhar! Então crie um perfil no Twitter, produza seus posts e siga usuários relevantes para sua carreira e vida pessoal. Inscreva-se no Facebook, relacione-se com seus colegas e acompanhe as novidades em tecnologia e aplicativos para as mídias sociais digitais. Acesse também o LinkedIn e “conte para o mundo” o que você vem fazendo profissionalmente. Troque experiências com pessoas da sua área de atuação e aprimore sua carreira. Conheça e utilize redes multimídia como YouTube e Flickr. Como diz o velho ditado: “uma imagem vale por mil palavras”.

#boapratica: se mudou de cargo ou empresa, atualize as informações do seu

LinkedIn.

2.3.2. Produza

Page 96: Monografia Renata Santiago M

96

Uma vez nas Redes Sociais Digitais, não deixe de publicar. Se você resolveu criar um blog, defina uma periodicidade para ele, que sugerimos que não seja inferior a uma postagem mensal, pelo menos, e respeite-a. Se está também no Twitter, crie posts (tuítes) sempre que considerar relevante comentar determinado assunto, retuíte outros usuários e, enfim, interaja. No Facebook e no LinkedIn, mantenha-se em contato com seus pares e sempre deixe seus dados atualizados.

#boapratica: blogs temáticos acompanham a dinâmica do mercado e da

sociedade. Seja disciplinado e mantenha seus posts opinativos sobre os últimos acontecimentos em dia.

2.3.3. Seja direto Evite escrever demais em um único post. Na Internet os textos devem ser curtos e

objetivos. A quantidade de informações a que o leitor tem acesso é imensa e os estímulos, também. Especialistas indicam que você tem 10 segundos para atrair a atenção do leitor. Dessa forma, escolha títulos atraentes e inicie o texto de forma a mantê-lo interessado. Se você estiver usando o Twitter, é impossível se estender demais. Seu limite de 140 toques deve ser respeitado.

#boapratica: a leitura digital é alinear. Evite frases longas em qualquer tipo de site digital.

2.3.4. Indique suas referências Se você está falando em seu texto sobre algo que leu em outro site, não deixe de

citar o link onde encontrou a informação. Indique ainda outros sites, vídeos ou podcasts onde o leitor encontrará dados complementares ao que você está falando. Dessa forma, você cria textos dinâmicos e promove a interatividade e a circulação de conhecimento.

#boapratica: especificamente no Twitter, recomenda-se agradecer RTs e indicar

a fonte da informação. Exemplo: (via @fulano)

2.3.5. Cuide das informações Certifique-se do que está sendo publicado. Tome cuidado para não publicar textos

com erros de ortografia e gramática. Na dúvida, procure pelos dicionários online. Cuide também para não disseminar notícias mal apuradas ou boatos. O ideal é buscar sempre fontes confiáveis evitando assim transmitir informações incorretas a seus leitores e seguidores. E se você se interessa por determinado assunto, mantenha-se bem informado sobre ele.

Page 97: Monografia Renata Santiago M

97

#boapratica: antes de publicar um post em um blog, por exemplo, utilize a

função “visualizar”. Revise com cuidado e publique quando tiver feito todos os ajustes necessários.

2.3.6. Seja prudente Cuidado com o que você publica e lembre-se que você será lido. É muito fácil criar

uma “saia justa” na Internet. Algumas pessoas publicam opiniões controvertidas sobre outras ou entram em discussões desnecessárias e se expõem demais. Assuntos confidenciais e delicados devem ser tratados em particular. Existe uma máxima sobre as Redes Sociais que diz “se não pode ser dito em público, não pode ser publicado”.

#boapratica: lembre-se que as pessoas leem a intenção por trás da sua

interação digital. Fale, opine e discuta. Mas, acima de tudo, ouça e respeite toda e qualquer “atitude digital”. E aja com parcimônia.

2.3.7. Agregue valor Nosso tempo é cada vez mais precioso. Dessa forma, quando for publicar algo em

suas Redes Sociais, certifique-se da relevância e procure apresentar fatos novos, opinião ou dicas interessantes. Imagine, por exemplo, que você está em um evento bacana de sua área de atuação. O assunto está sendo muito comentado no Twitter e todos estão repercutindo a fala do palestrante. Em vez de fazer mais do mesmo, procure conversar com colegas da plateia que atuam em outras regiões do País e podem ter alguma observação interessante e publique. Seja criativo e apresente outros pontos de vista. Saia do lugar comum.

#boapratica: evite se transformar em um RSS. A funcionalidade de retuíte (RT)

do Twitter é tentadora para pulverizar informações. Procure editar o retuíte (RT) e acrescentar sua opinião ou recomendação.

2.3.8. Relacione-se O nome é Rede Social, é fundamental, portanto, que você socialize e se relacione.

Dessa forma, se você tem um blog, responda aos comentários dos leitores; se tem perfil no Twitter, interaja com seus seguidores. Siga também usuários que considere relevantes, leia, comente e participe de blogs e redes de seu interesse. Seja um internauta ativo e não fique apenas como um espectador.

#boapratica: aplicativos como o Tweetdeck possibilitam a visualização de novos

seguidores. Sempre que possível, agradeça aos perfis que passaram a segui-lo.

Page 98: Monografia Renata Santiago M

98

2.3.9. Não se exponha demais Você comprou um carro novo, viajou pro exterior, reformou a casa. Ótimo! Mas tome

cuidado em não dar mais informações do que deve na Internet. Você está em um ambiente público e falar demais pode ser um risco.

#boapratica: evite postar publicamente seu endereço, números de telefones,

locais que costuma ir ou informações sobre seus bens. Lembre-se que as Redes Sociais Digitais são reflexo da sociedade. Há pessoas com intenções boas e ruins.

2.3.10. Segurança Nas Redes Sociais muitas informações privadas podem se tornar públicas. Tenha

sempre seu antivírus atualizado, evite acessar links enviados por desconhecidos e prestar informações que possam ser utilizadas ilicitamente. Quando você sair de um site de Redes Sociais, faça logoff e não apenas feche aquela página.

#boapratica: a maioria dos aplicativos e sites de Redes Sociais disponibiliza a

facilidade de lembrar seu login e senha de acesso. Evite utilizar esse recurso, caso esteja em um computador público ou que não seja somente acessado por você. Certifique-se que o computador ou gadget que estiver utilizando seja seguro.

Page 99: Monografia Renata Santiago M

99

Page 100: Monografia Renata Santiago M

100

ÍNDICE

1. ................................................................................................................................. OBJETIVO DO MANUAL

......................................................................................................................................................................................................

2. ............................................................................................................................... HARDWARE

..........................................................................................................................................................................

3. ................................................................................................................................ SOFTWARE

..........................................................................................................................................................................

4. ........................................................................................................ SENHAS E ACESSO À REDE

..........................................................................................................................................................................

5. ............................................................................................. MENSAGENS INSTANTÂNEAS E DE E-MAIL

......................................................................................................................................................................................................

Page 101: Monografia Renata Santiago M

101

6. ........................................................................................................ USO PARA FINS PESSOAIS

..........................................................................................................................................................................

7. ................................................................................................................... MONITORAMENTO

..........................................................................................................................................................................

8. ................................................................................................................ RESPONSABILIDADES

..........................................................................................................................................................................

9. ............................................................................................................. TERMO DE ACEITAÇÃO

..........................................................................................................................................................................

Page 102: Monografia Renata Santiago M

102

Page 103: Monografia Renata Santiago M

103

1. OBJETIVO DO MANUAL O uso de equipamentos de informática e da estrutura tecnológica fornecidos aos

colaboradores deve seguir regras claras e bem definidas. O objetivo deste manual é regulamentar o uso de qualquer equipamento de

informática e da estrutura tecnológica fornecida pela CDN, visando sempre à segurança das informações e dados contidos nestas máquinas.

Em caso de dúvida, o departamento de Tecnologia da Informação (TI) estará apto a

ajudar os colaboradores a encontrarem a melhor solução.

Page 104: Monografia Renata Santiago M

104

Page 105: Monografia Renata Santiago M

105

2. USO PARA FINS PESSOAIS É permitido o uso pessoal dos computadores, caso a demanda seja claramente

insignificante quando comparada ao uso profissional e esteja de acordo com as orientações previstas nos manuais de Conduta e de Segurança da Informação da CDN e que compõem este kit.

O colaborador deve estar ciente de que a empresa não se responsabiliza por

eventuais perdas de dados pessoais e conteúdos como fotos, vídeos ou documentos por falhas dos equipamentos.

A utilização pessoal NÃO é permitida quando:

• Interferir ou competir com os negócios da empresa; • Interferir com o trabalho do colaborador ou com o trabalho de outros usuários; • Envolver algum custo adicional para a CDN; • Envolver algum tipo de solicitação comercial; • Oferecer informações ou listas sobre colaboradores da CDN para terceiros; • Envolver listas de distribuição comerciais ou pessoais; • Fornecer informações que possam afetar o negócio da empresa, por qualquer meio disponível (MSN, e-mail, Internet, telefone, pendrive etc.).

Caso houver dúvida quanto às informações que podem ser veiculadas dentro e fora

da CDN ou para fins que não condizem com a função exercida, o colaborador deve consultar a Tabela de Classificação de Informação, no capítulo 2, de Segurança da Informação ou solicitar esclarecimentos com seu gestor imediato.

Page 106: Monografia Renata Santiago M

106

Page 107: Monografia Renata Santiago M

107

3. MONITORAMENTO A CDN se reserva ao direito de monitorar e pesquisar a qualquer momento, sob

qualquer motivo ou interesse, os conteúdos armazenados nos equipamentos fornecidos para o desempenho das atividades profissionais de seus colaboradores.

Por conteúdo entendam-se textos, planilhas, apresentações, fotos, vídeos,

mensagens, e-mails, software e tudo que esteja guardado na memória destes equipamentos.

Quaisquer conteúdos identificados que possam infringir as orientações expostas

neste documento, bem como no Manual de Conduta e de Segurança da Informação deverão passar pelo tratamento da Gestão por Consequência e, em caso de crime configurado, terá tratamento jurídico.

Page 108: Monografia Renata Santiago M

108

Page 109: Monografia Renata Santiago M

109

4. PAPÉIS & RESPONSABILIDADES

É obrigação do departamento de TI

• Manter-se informado sobre as novidades tecnológicas, tanto de hardware quanto de software, que possam melhorar a produtividade dos colaboradores da CDN, bem como suportar a criação de serviços inovadores;

• Avaliar e determinar quais são os equipamentos mais adequados para atender às

necessidades de produção dos colaboradores da CDN; • Prover a correta manutenção dos equipamentos disponíveis na empresa; • Criar o registro de novos colaboradores na rede CDN sempre que requisitado pelos gestores de

área; • Atender à requisição dos colaboradores, no menor tempo possível, para possíveis consertos,

instalações de programas e serviços de manutenção; • Monitorar a rede CDN e protegê-la de visitas não-autorizadas (cyber-vandalismo); • Manter atualizado e providenciar a devida divulgação periódica deste Manual de Recursos

Tecnológicos.

É obrigação dos gestores de cada departamento

• Requisitar, com antecedência, a disponibilização de equipamento para novos colaboradores; • Requisitar, com antecedência, a disponibilização de login, senha e e-mail e ramal de telefone

para novos colaboradores; • Avaliar e requisitar junto ao departamento de TI a aquisição de equipamentos que

possibilitem melhor produtividade de sua equipe; • Manter-se atualizado sobre novos recursos tecnológicos e divulgar este conhecimento entre os

colaboradores.

Page 110: Monografia Renata Santiago M

110

É obrigação de todos

• Tomar conhecimento e se manter informado sobre possíveis atualizações do Manual de Recursos Tecnológicos;

• Seguir as regras do Manual de Recursos Tecnológicos, obedecendo a todas suas normas, sem

a possibilidade de infringi-las sob o argumento de desconhecer este Manual; • Dedicar esforços para preservar os equipamentos colocados ao seu dispor; • Notificar o departamento de TI pelo email [email protected], copiando seu gestor

imediato, quando identificar anomalias na performance dos equipamentos e softwares em uso.

Page 111: Monografia Renata Santiago M

111

Mudar título

para Gestão por

Consequências

Page 112: Monografia Renata Santiago M

112

3. GESTÃO POR CONSEQUÊNCIAS

Preserve sua reputação. Evite portar-se de maneira que possa comprometê-lo,

dentro e fora da CDN. A agência possui estratégia e política pensadas cuidadosamente, no que diz respeito à postura dos colaboradores e confidencialidade das informações e, também, possui regras claras quanto ao tratamento da conduta considerada inadequada nas redes sociais digitais. A esse tratamento chamamos de Gestão por Consequências.

Para tal, a CDN monitora a utilização de seus recursos tecnológicos e segue critérios

pré-estabelecidos para monitoramento contínuo dos seus perfis nas redes sociais digitais. Dessa forma, recomendamos que você coloque em prática as orientações desse

manual, bem como observe como a Legislação Brasileira e a CDN se posicionam quanto a possíveis condutas que acreditamos não serem adequadas na nossa agência.

4.1 VOCÊ e a lei brasileira Vivenciamos uma época em que é impossível e ilógico tentarmos deixar de utilizar os

recursos tecnológicos e os serviços disponíveis na grande rede mundial de computadores, seja para fins pessoais ou profissionais, sendo a evolução exponencial das mídias sociais mais um grande marco dessa era, surpreendendo e espantando a compreensão do ser humano.

Falamos o que pensamos, encontramos colegas que não víamos há décadas,

marcarmos encontros, festas, reuniões, eventos, passeamos por diversas ruas espalhadas pelo mundo, conhecemos toda e qualquer obra de arte, estudamos, trocamos informações, notícias, artigos, fotos, vídeos, músicas, sentimentos, conhecemos pessoas, nos relacionamos e nos apaixonamos muitas vezes sem sequer conhecer pessoalmente a(o) amada(o), tudo através de um celular, um tablet ou um computador. Basta estar conectado.

Por outro lado, infelizmente, inúmeras pessoas se expõem demasiadamente, utilizam

perfis falsos, mentem, ofendem, maltratam, ameaçam, traem, são racistas, vendem drogas, violam direitos autorais, violam segredos industriais, praticam concorrência desleal, acabam literalmente com a vida pessoal e profissional de terceiros.

Portanto, se por um lado não podemos viver mais sem as mídias sociais, nunca foi tão

importante nos conscientizar sobre o seu uso responsável, bem como sobre as conseqüências de seus atos, ainda mais na Internet, com uma propagação mundial e imediata, lembrando que a regra geral da legislação penal brasileira dispõe que o desconhecimento da lei é inescusável (Art. 21 do Código Penal), ou seja, ninguém pode alegar o desconhecimento da Lei para se defender.

Page 113: Monografia Renata Santiago M

113

Vejamos apenas alguns exemplos do nosso ordenamento jurídico:

Discriminação ou preconceito na Internet: crime previsto no Art. 20, §2º, da Lei 7.716/89;

Calúnia, Injúria e Difamação por meio que facilite o ilícito: crimes previstos nos Arts. 138, 139, 140, respectivamente, combinado com o Art. 141, inc. III, todos do Código Penal;

Ameaça: crime previsto no Art. 147 do Código Penal;

Indução, instigação ou auxílio a suicídio: crime previsto no Art. 122 do Código Penal;

Falsa Identidade: crime previsto no Art. 307 do Código Penal;

Violação de Segredo Profissional: crime previsto no Art. 154 do Código Penal;

Concorrência Desleal: crime previsto no Art. 195 da Lei de Propriedade Industrial (Lei n.º 9.279/96);

Responsabilidade civil dos provedores de serviço de Internet que não adotam qualquer medida para remover o conteúdo indevido inserido por terceiros caso sejam previamente cientificados: Art. 186 do

Código Civil;

Responsabilidade civil dos pais pelos seus filhos menores de idade por atos ilícitos: Art. 932, Inc. I, do Código Civil;

Responsabilidade do empregador sobre seus empregados no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele, por atos ilícitos: Art. 932, Inc. III, do Código Civil;

Justa causa para rescisão do contrato de trabalho por incontinência de conduta ou mau procedimento, violação de segredo da empresa, ato lesivo da honra ou boa fama contra qualquer pessoa e/ou

superiores hierárquicos: Art. 482 da CLT, alíneas “b”, “g”, “j” e “h”.

Fonte: "Para Entender as Mídias Sociais", organizado pela jornalista Ana Bambrilla. Este texto sobre aspectos jurídicos foi

escritopelo Dr. Rony Vainzof, advogado, especialista em Direito e Processo Penal pelo Mackenzie e sócio do Opice Blum Advogados Associados

Diante do exposto, como um ótimo início e termos cautela na exposição das nossas

vidas na Internet, lermos atentamente os contratos eletrônicos e utilizarmos todas as ferramentas de privacidade existentes em cada serviço, sempre lembrarmos que com um simples “click”, em qualquer dispositivo, nosso pensamento se eterniza para o mundo, bem como e, principalmente, que a Internet não é mundo sem Leis.

4.2 Atitudes e CONSEQUÊNCIAS A CDN pratica e valoriza as relações, transparentes e justas. Portanto, deixamos claro

que zelamos por atitudes 100% alinhadas à Legislação Brasileira e às boas práticas de conduta apresentadas neste manual.

Somos uma agência que constrói relacionamentos pautados na confiança, sendo

inerente ao nosso negócio tomar providências imediatas acerca de atitudes que comprometam a reputação da CDN e, em especial, de nossos clientes.

Page 114: Monografia Renata Santiago M

114

Fornecer qualquer informação confidencial em um processo de abertura de capital pode caracterizar um impacto grave na empresa e levar ao desligamento do colaborador envolvido.

A partir de tais pressupostos, será considerada ocorrência grave toda e qualquer atitude de nossos colaboradores que acarretem conseqüências negativas à CDN e aos clientes. Como exemplo:

ATENÇÃO A avaliação da gravidade da conseqüência com relação à atitude do colaborador é

de responsabilidade do seu gestor e diretor imediatos. Já as situações que não forem consideradas graves, seguem as regras: 1ª ocorrência – advertência verbal aplicada pelo gestor direto. Este deverá:

apontar verbalmente as regras impactadas, previstas nas políticas da empresa, bem como as possíveis consequências.

registrar, via e-mail, a ocorrência, copiando o seu diretor direto, a diretoria de Comunicação Institucional e o Recursos Humanos.

2ª ocorrência – advertência escrita e suspensão, por tempo determinado (sete dias),

do uso de sites de Redes Sociais, a partir dos terminais (notebooks, desktops e mobiles) da empresa.

o gestor direto deve preencher formulário de advertência, com nome completo e cargo

do colaborador, regras impactadas, breve descrição do ocorrido e consequência aplicada. se possível, o gestor direto deve providenciar prints das telas do site onde o colaborador

se manifestou de maneira indevida, e anexar ao formulário. o colaborador advertido deve tomar conhecimento verbalmente da advertência e assinar

o documento. o gestor direto deve enviar a documentação completa impressa ao Recursos Humanos e

uma cópia digital deve ser remetida ao diretor direto da área e à Diretoria de Comunicação Institucional.

3º ocorrência – desligamento. O colaborador não fará mais parte do quadro de

profissionais da CDN.

o gestor direto deverá comunicar formalmente e presencialmente ao colaborador os motivos do seu desligamento e encaminhar para o Recursos Humanos, que se encarregará do processo de demissão.

o gestor direto deverá solicitar imediatamente à Diretoria de Tecnologia da Informação o bloqueio do acesso do colaborador à rede e aos equipamentos da CDN.

Page 115: Monografia Renata Santiago M

115

4.3 DÚVIDAS E SUGESTÕES Caso você ainda não utilize as Redes Sociais e tenha alguma dúvida sobre como fazer,

entre em contato com a equipe da CDN Digital. Este é o canal também para enviar sugestões sobre este documento ou nossas iniciativas nas Redes Sociais.

Se você observar alguma prática indevida ou tiver dúvidas sobre essa questão,

contate seu gestor.

Page 116: Monografia Renata Santiago M

116

Page 117: Monografia Renata Santiago M

117

5. TERMO DE ACEITAÇÃO Declaro para todos os fins, em especial para a finalidade de uso das normas internas

de Política de Uso das Redes Sociais da CDN, estar ciente e de acordo com as regras estabelecidas, acatando e cumprindo-as integralmente, assumindo todos os ônus e responsabilidades decorrentes da má utilização das Redes Sociais no ambiente de trabalho e/ou fora dele, desde que utilizadas em nome da CDN Comunicação Corporativa Ltda.

Declaro, ainda, que a aceitação às normas internas de Política de Uso das Redes

Sociais da CDN, é expressão de meu livre consentimento e concordância com tais normas. _____________________________________, _____/_____/_____ Local Data _____________________________________ Diretoria _____________________________________ Nome _____________________________________ Assinatura