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Universidade Federal de Minas GeraisEscola de Engenharia Departamento de Engenharia de Materiais e Construo

Curso de Especializao em Construo Civil

Monografia

"REVESTIMENTOS CERMICOS DE FACHADA: COMPOSIO, PATOLOGIAS E TCNICAS DE APLICAO"

Autor: Ana Lcia Costa Franco Orientador: Prof. Antnio Neves de C. Jnior

NOVEMBRO/2008

Ana Lcia Costa Franco

" REVESTIMENTOS CERMICOS DE FACHADA: COMPOSIO, PATOLOGIAS E TCNICAS DE APLICAO "

Monografia apresentada ao Curso de Especializao em Construo Civil da Escola de Engenharia UFMG

nfase: Gesto e Tecnologia na Construo Civil Orientador: Prof. Antnio Neves de Carvalho Jnior

Belo Horizonte Escola de Engenharia da UFMG 2009

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A todos que me instruram e apoiaram durante o desenvolvimento deste trabalho.

3

SUMRIO

1. RESUMO ............................................................................................................... 11 1.1 Introduo........................................................................................................ 12 1.2 Objetivos .......................................................................................................... 13 1.3 Origem e evoluo da cermica ...................................................................... 14 2. REVIS BIBLIOGRFICA...................................................................................... 15 2.1 Funes e Propriedades dos Revestimentos Cermicos................................ 15 2.2 Durabilidade e Classificao do Processo de Deteriorao............................ 15 2.3 Origens das patologias em revestimentos verticais e suas principais ocorrncias ................................................................................................................ 17 3. CARACTERSTICAS DOS RCF............................................................................. 19 3.1 Composies .................................................................................................. 20 3.2 Classificao da cermica segundo setor industrial ....................................... 20 3.3 Classificao dos RCF segundo Normas Tcnicas ........................................ 21 3.4 Processo de fabricao dos RCF ................................................................... 28 3.4.1 Preparao dos materiais ...................................................................... 29 3.4.2 Moagem e Preparao da Massa .......................................................... 30 3.4.3 Atomizao ............................................................................................ 32 3.4.4 Prensagem ............................................................................................ 33 3.4.5 Secagem................................................................................................ 34 3.4.6 Esmaltao ............................................................................................ 35 3.4.7 Queima e Sinterizao........................................................................... 35 3.4.8 Seleo.................................................................................................. 36 3.4.9 Expedio .............................................................................................. 37 4

4. DECORRNCIA DE MANIFESTAES PATOLGICAS NOS RCF ................... 38 4.1 Descolamento dos RCF ................................................................................... 38 4.1.1 Empolamento.......................................................................................... 39 4.1.2 Descolamento em placas........................................................................ 40 4.1.3 Pulverulncia .......................................................................................... 40 4.2 Trincas, Gretamentos e Fissuras nos RCF ...................................................... 47 4.3 Manchas .......................................................................................................... 50 4.3.1 Eflorescncia .......................................................................................... 50 4.3.2 Bolor ....................................................................................................... 53 4.4 Deteriorao do rejuntamento ........................................................................ 54 5. TCNICAS DE APLICAO DOS RCF................................................................. 55 5.1 Camadas Componentes do subsistema ......................................................... 55 5.1.1 Camada base ...................................................................................... 55 5.1.2 Camadas intermedirias ...................................................................... 57 5.1.3 Camada de fixao.............................................................................. 57 5.1.3.1 Argamassas Tradicionais........................................................... 58 5.1.3.2 Adesivos industrializados........................................................... 58 5.1.3.3 Adesivos Orgnicos ................................................................... 59 5.2 Juntas ............................................................................................................ 60 5.2.1 Junta de Assentamento ......................................................................... 60 5.2.2 Junta de Movimentao......................................................................... 62 5.2.3 Junta de Dessolidarizao..................................................................... 66 5.2.4 Junta Estrutural...................................................................................... 69 5.3 Procedimento de assentamento ..................................................................... 70 5.3.1 Verificao da base para receber o chapisco ........................................ 70 5.3.2 Aplicao do Chapisco .......................................................................... 71 5

5.3.2.1 Especificao de materiais ....................................................... 71 5.3.2.2 Trao......................................................................................... 71 5.3.2.3 Processo executivo.................................................................. 72 5.3.3 Aplicao do Emboo ............................................................................ 73 5.3.3.1 Especificao de materiais ........................................................ 73 5.3.3.2 Trao.......................................................................................... 74 5.3.3.3 Processo executivo.................................................................... 74 5.3.4 Aplicao da placa cermica ................................................................ 75 5.3.5 Aplicao do rejunte ............................................................................. 77 5.3.6 Limpeza final da fachada...................................................................... 78 6. CONCLUSO ........................................................................................................ 79 7. BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................... 80

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LISTA DE FIGURAS

Figura 3.4: Fluxograma processo produtivo da cermica .......................................... 28 Figura 4.1: Desplacamento do Revestimento Cermico ............................................ 45 Figura 5.1: Sistema do revestimento de fachada....................................................... 54 Figura 5.2.2 (a): Execuo da junta de movimentao.............................................. 63 Figura 5.2.2 (b): Execuo da junta de movimentao horizontal ............................. 64 Figura 5.2.3 (a): Junta de dessolidarizao na quina externa ................................... 66 Figura 5.2.3 (b): Junta de dessolidarizao na quina interna .................................... 67 Figura 5.2.4: Junta estrutural ..................................................................................... 68

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.3 (a): Resistncia ao ataque qumico .......................................................... 21 Tabela 3.3 (b): Classificao conforme superfcie...................................................... 22 Tabela 3.3 (c): Classificao conforme processo de fabricao ................................ 23 Tabela 3.3 (d): Classificao conforme absoro dgua........................................... 23 Tabela 3.3 (e): Classificao conforme resistncia a abraso superficial .................. 24 Tabela 3.3 (f): Classificao conforme coeficiente de atrito ....................................... 26 Tabela 3.3 (g): Classificao conforme resistncia ao manchamento ....................... 27 Tabela 5.3: Resumo dos prazos entre etapas de execuo ...................................... 72

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LISTA DE FOTOS

Foto 3.4.1: Preparao dos materiais ........................................................................ 29 Foto 3.4.2: Moagem das matrias-primas.................................................................. 30 Foto 3.4.3: Atomizao .............................................................................................. 31 Foto 3.4.4: Prensagem .............................................................................................. 32 Foto 3.4.5: Secagem ................................................................................................. 33 Foto 3.4.6: Esmaltao .............................................................................................. 34 Foto 3.4.8: Seleo.................................................................................................... 36 Foto 3.4.9: Expedio................................................................................................ 36 Foto 4.1: Desplacamento Externo 01 ........................................................................ 40 Foto 4.2: Desplacamento Externo 02 ........................................................................ 41 Foto 4.3: Desplacamento Externo 03 ........................................................................ 42 Foto 4.4: Desplacamento Externo 04 ........................................................................ 43 Foto 4.5: Desplacamento Externo 05 ........................................................................ 44 Foto 4.6: Desplacamento Interno 06.......................................................................... 45 Foto 4.7: Gretamento................................................................................................. 48 Foto 4.8: Formaes salinas (eflorescncia) 01 ........................................................ 50 Foto 4.9: Formaes salinas (eflorescncia) 02 ........................................................ 51 Foto 4.10: Degradao do rejuntamento ................................................................... 53

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1. RESUMO

Diante de um mercado competitivo, as empresas de construo civil tm cada vez mais buscado alcanar maior produtividade, prazos e custos reduzidos e maximizao dos lucros. Com isso, os instrumentos que garantem qualidade ao empreendimento (projeto, tcnica executiva, mo de obra qualificada) vo ficando de lado e perdendo sua importncia dentro do processo de construo, contribuindo para a ocorrncia de patologias nas edificaes.

dentro deste cenrio que se abre a discusso sobre patologias e anomalias de revestimentos cermicos nas fachadas das edificaes. Apesar de o enfoque da maioria das construtoras se voltar nica e exclusivamente produo, detalhar os acabamentos externos e desenvolver um projeto de procedimento executivo para os mesmos, ajuda a evitar patologias que se tornam, posteriormente, onerosas para as construtoras.

Neste trabalho, discute-se os principais fatores envolvidos na durabilidade dos revestimentos cermicos em edificaes, que nascem desde deficincia do projeto, desconhecimento das propriedades dos materiais falhas de execuo e aplicao dos mesmos. Aps o diagnstico/anlise destas anomalias, sero abordadas

recomendaes e procedimentos corretos na aplicao dos revestimentos externos de cermica para que apresentem menor probabilidade do surgimento de problemas patolgicos.

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1.1 Introduo

O estudo dos sintomas relacionados com as suas possveis causas (sintomatologia), essencial na formao de um patologista. O ideal seria que o profissional, ao observar um sintoma (manifestao patolgica), pudesse, quase que naturalmente, estabelecer o nmero mais reduzido possvel de causas (as consideradas principais). Por isso, a experincia em patologia fundamental (IOSHIMOTO, 1988).

A fachada de um edifcio, vista como um elemento envoltrio do mesmo, alm de contribuir para a sua valorizao esttica contribui tambm na atribuio de determinado padro mercadolgico e imobilirio marcando sua impresso visual dentro da paisagem urbana. Para tanto, o que faz com que este destaque cresa, na verdade a escolha do revestimento.

Um revestimento tradicionalmente utilizado em fachadas tanto comerciais quanto residenciais no Brasil, em sua grande maioria, o revestimento cermico. Desde que bem aplicado apresenta, em termos de desempenho, adequada aderncia a base, condio de estanqueidade da parede, capacidade de acompanhar as deformaes da estrutura sem apresentar fissuras visveis que comprometam sua esttica, ameniza os impactos dos agentes externos de deteriorao, alm de possuir grande durabilidade.

Entretanto, tem sido freqente a presena de patologias no uso deste revestimento. Os motivos so diversos, mas na maioria das vezes o principal fator dessa ocorrncia origina-se no princpio do processo de um projeto: a incorreta especificao do material e o no acompanhamento de um procedimento tcnico de aplicao do mesmo, lembrando que cada projeto possui um contexto e especificidade diferente a ser estudado e analisado.

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1.2 Objetivos

Geral

Abordar as principais caractersticas dos RCF (Revestimentos Cermicos de Fachada), bem como os critrios considerados para seu bom desempenho tcnico, analisando, igualmente o surgimento de suas patologias.

Especficos

Estudar a origem, propriedade (caractersticas fsicas, qumicas e mineralgicas) e o processo de fabricao dos revestimentos cermicos;

Estudar os diferentes tipos de deteriorao (fsico-mecnicos, qumicos e biolgicos) das placas cermicas quando assentadas em fachadas de edificaes;

Estudar a tcnica executiva correta (preparo e cuidados de aplicao) para o assentamento das placas cermicas juntamente com o estudo das normas tcnicas que envolvem as mesmas;

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1.3 Origem e Evoluo da cermica

Do grego Kramos, ou seja, terra queimada ou ainda argila queimada, a cermica um material de grande resistncia e seu uso milenar e bastante importante na historia econmica e cultural da humanidade.

A partir de um processo de produo, a argila como produto natural, moldada e submetida a altas temperaturas, ganhando rigidez e resistncia, mediante a fuso de certos componentes da massa. Essa propriedade de fuso e liga, permite que a argila seja utilizada nas representaes artsticas, nas construes como elementos de vedao (adobes, tijolos), vasilhames e utenslios domsticos e at como papel para a escrita.

Segundo estudiosos, a cermica considerada a mais antiga das indstrias. Nasceu no momento em que o homem comeou a utilizar-se o barro endurecido pelo fogo. A partir desse processo de endurecimento, obtido casualmente, a cermica multiplicou-se e foi evoluindo at os dias de hoje. As primeiras cermicas de que se tem notcia so da PrHistria, usadas como vasos de barro sem asa e sem ornamentos, com cor de argila natural. A cermica para a construo e a cermica artstica com caractersticas industriais s ocorreram na antiguidade em grandes centros comerciais.

Hoje, com um progressivo desenvolvimento industrial, os revestimentos cermicos para paredes e pisos deixaram de ser privilgio dos recintos religiosos e dos palcios, tornando-se acessveis a todas as classes sociais. Deixaram de figurar apenas em obras monumentais da antiguidade e passaram tambm para as fachadas de pequenos sobrados e grandes edificaes.

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2. REVISO BIBLIOGRFICA

2.1 Funes e Propriedades dos Revestimentos Cermicos

Segundo SABBATINI et al. (1988), os revestimentos argamassados aplicados em fachadas apresentam importantes funes que so, genericamente: isolamento termoacstico, estanqueidade gua, proteo aos elementos de vedao do edifcio, regularizao da superfcie de vedao, constituir-se como elemento final esttico. Para que os revestimentos argamassados possuem um comportamento adequado, sem patologias e com maior durabilidade, necessrio o conhecimento de suas propriedades especficas e de seu conjunto, permitindo avaliar seu comportamento em diversos momentos e situaes.

O nvel de exigncias ao se seguir um procedimento para aplicao das placas cermicas maior quando aplicadas em fachadas, pois esto sujeitas condies mais severas (vento, chuva, calor, sujeira). Estes e outros fatores que influenciam o desempenho do revestimento sero considerados e detalhados o longo do desenvolvimento deste trabalho.

2.2 Durabilidade e Classificao do Processo de Deteriorao

Durabilidade; termo definido pela NBR6118/03 como sendo capacidade da estrutura resistir s influncias ambientais previstas e definidas em conjunto pelo autor do projeto estrutural e o contratante, no incio dos trabalhos de elaborao do projeto. dentro desse conceito de durabilidade, que surge a importncia de se estudar as patologias dos revestimentos.

A deteriorao dos revestimentos cermicos provem basicamente de trs processos diferentes: 15

1. Fsico-mecnico: retrao plstica em funo do processo acelerado de evaporao dgua; movimentao da alvenaria/estrutura causando fissuraes na placa cermica; movimentaes de origem higrotrmica levando a fissurao e descolamento dos revestimentos;

2. Qumico: o processo de hidratao retardada da cal, levando ao empolamento do revestimento; processo de oxidao de impurezas presentes na areia, levando a formao de vesculas, manchamento e fissurao das placas cermicas;

3. Biolgico: em reas midas, crescimento de microorganismos (bolor e fungos) que produzem cidos que atacam os aglomerantes, levando ao manchamento das placas e desagregao das mesmas.

Segundo CINCOTTO (1983) uma outra forma importante de se classificar o problema causador da deteriorao dos revestimentos, atravs da avaliao da origem dos materiais. Assim, a deteriorao e a durabilidade do revestimento argamassado pode ser influenciada por fatores tanto externos ao material usado. So as seguintes causas de deteriorao oriundas de fatores internos:

Qualidade dos materiais constituintes da argamassa; Composio (trao) da argamassa; Processos de execuo; Fatores externos (exposio s intempries, poluio atmosfrica, umidade de infiltrao)

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2.3 Origens das patologias em revestimentos verticais e suas principais ocorrncias

Os revestimentos podem apresentar uma srie de patologias prejudiciais ao seu bom funcionamento no que diz respeito as suas funes de isolamento e proteo fachada de um edifcio. Descolamento, trincas, fissuras, gretamento, manchas (bolor e

eflorescncias) deteriorao do rejuntamento e dimensionamento incorreto das juntas so problemas comuns entre as patologias.

A maior parte dos problemas patolgicos que ocorrem ao longo da vida til de um edifcio, tem sua origem na fase de elaborao do projeto e em sua execuo. A ausncia do conhecimento tecnolgico dos materiais e a falta de orientao especfica para a execuo e aplicao dos mesmos, so motivos principais para a ocorrncia de patologias diversas nos revestimentos. So inmeras as patologias passveis de ocorrerem em revestimentos de argamassa e cermicos. Uma das formas de realizar a sua classificao apresentada por BARROS et al (1997) interpretando SABBATINI (1986), onde as patologias so classificadas de acordo com sua origem:

Aderncia insuficiente; Capacidade de acomodao plstica inadequada (quando endurecida); Deficiente resistncia mecnica.

Outra forma, tambm apresentada por SABBATINI, classifica as patologias de acordo com sua forma de manifestao:

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Perda de aderncia ou desagregao (ruptura na interface das camadas que constituem o revestimento ou na interface entre base e substrato);

Fissuras

(fatores

relativos

a

execuo

do

revestimento

argamassado,

solicitaes higrotrmicas, retrao hidrulica) ; Manchas (bolor e eflorescncias).

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3. CARACTERSTICAS DOS REVESTIMENTOS CERMICOS DE FACHADA

3.1 Composies

Segundo definio da NBR 13816, a placa cermica constitui em uma lmina fina fabricada de argilas e/ou outras matrias-primas inorgnicas, usadas como

revestimentos para piso e parede.

As matrias-primas utilizadas na fabricao das cermicas de revestimentos so todas elas encontradas na natureza e so constitudas por dois tipos principais, ou seja, os materiais argilosos e os no argilosos. Os materiais argilosos so a base do biscoito da placa e so formados por uma mistura de diversos tipos de argila, dependendo da composio desejada. Os no-argilosos servem para sustentar o corpo cermico e promover a fuso da massa com materiais sintticos (esmalte, por exemplo).

Dentre as matrias-primas argilosas destacam-se: argila plstica: material composto basicamente de argilominerais e outros minerais no argilosos como quartzo, feldspato, micas e matria orgnica; argila fundente: material composto por uma mistura de argilominerais com proporo variada de quartzo e outros minerais no-plsticos e presena de xidos fundentes;

Dentre os materiais no-argilosas destacam-se: filitos: rocha muito fina que, devido sua natureza qumica e minerolgica, pode compor at 50% de massas cermicas; fundentes feldspticos: material constitudo de minerais puro e isento de contaminantes. utilizado nas camadas de cobrimento do corpo cermico (engobe e vidrado).

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caulim: minrio composto de silicatos hidratados de alumnio e apresenta caractersticas que permitem seu uso na produo de papel, cermica, tintas, etc;

talco: mineral de baixa dureza. Sua cor varia de branco a cinza, translcido e opaco;

carbonatos.

As matrias-primas argilosas so primordiais na fase de conformao, pois so elas as responsveis pela plasticidade da massa, resultando em um material de elevada qualidade mecnica.

3.2 Classificao da cermica segundo setor industrial

O setor cermico amplo e heterogneo, o que induz a dividi-lo em subsetores em funo de diversos fatores, como matrias-primas, propriedades e reas de utilizao. De acordo com a ABC (Associao Brasileira de Cermica), basicamente, a seguinte classificao adotada para o setor:

a.

Cermica vermelha: compreende os materiais de colorao avermelhada

utilizados tanto no setor da construo civil (tijolos, blocos, telhas, refratrios) como em utenslios domsticos e adornos; b. Materiais de revestimentos (Placas Cermicas): materiais usados na

construo civil para revestimentos de paredes, pisos e bancadas tais como azulejos, placas ou ladrilhos para pisos e pastilhas; c. Cermica branca: loua sanitria, loua de mesa, cermica artstica e

cermica utilizada para fins tcnicos; d. Materiais Refratrios: possuem caractersticas especficas para suportarem

variaes bruscas de temperatura. Utilizados em operaes industrial; 20

e.

Vidro, Cimento e Cal: apesar de serem desconsiderados do setor cermico

em funo de suas particularidades, o vidro, cimento e cal so trs importantes elementos do setor.

As placas utilizadas para revestimentos de fachada enquadradas no grupo das cermicas vermelhas, possuem alta porosidade e so chamadas comercialmente de plaquetas para revestimento de parede (plaquetas de laminado cermico ou placas litocermicas). Em sua produo utilizada a argila como matria-prima nica sem adio de outro mineral.

J as placas obtidas por meio de massas compostas de diversas combinaes e teores (argila, caulins, quartzito, calcita, talco, dolomita, filito, feldspato) resultam em materiais como o gres, a faiana (1) e porcelanas. As matrias-primas dessas placas so utilizadas tambm em materiais enquadrados na classificao da cermica branca, como citado anteriormente.

3.3 Classificao dos Revestimentos Cermicos de Fachadas segundo Normas Tcnicas

Face a uma imensa variedade de produtos cermicos no mercado definida por formas, dimenses, cores, processo de fabricao, propriedade e funes, so muitas tambm as formas de classificao para os mesmos, segundo normas tcnicas. So elas:

Classificao conforme sua composio: Como mencionado anteriormente, separada por cermica vermelha ou cermica branca;

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Classificao conforme resistncia ao ataque de agentes qumicos. A resistncia ao ataque qumico est diretamente ligada composio dos esmaltes, temperatura e ao tempo de queima da cermica. A norma 13.817/1997 classifica os revestimentos cermicos nas seguintes classes de resistncia ao ataque qumico:

Fonte: NBR 13817

(1) A faiana uma forma de cermica branca, que possui uma massa menos rica em caulim do que a porcelana e associada a argilas mais plsticas. So massas porosas de colorao branca ou marfim e precisam de posterior vitrificao. Os produtos de faiana so compostos de massas semelhantes ao grs (matrias-primas menos puras, podendo incluir rochas cermicas como granito, pegmatito e filito como fundentes, ao invs de feldspato puro), mas usualmente podem incorporar, diferentemente da composio do grs, fundentes carbonticos, portadores dos minerais calcita e dolomita. (Wikipdia, 2009)

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Classificao conforme caractersticas de sua superfcie: esmaltada ou no esmaltada;

Fonte: ESQUIVEL, 2001

Classificao conforme processo de fabricao: cermica extrudada ou prensada (NBR 13.818).

A. Extrudada: A massa plstica colocada em uma extrudora (conhecida como maromba) onde compactada e forada por um pisto.

B. Prensada: A massa granulada com baixo teor de umidade colocada em um molde com formato e tamanho definidos para em seguida ser submetida a altas presses atravs de prensas de grande peso.

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Fonte: CARVALHO JR, Notas de aula, 2008

Classificao conforme absoro dgua: a absoro dgua uma das principais caractersticas dos revestimentos cermicos. Indica sua porosidade e se expressa pelo percentual de absoro de gua calculado sobre o peso total da placa. Tal ensaio medido pela Norma 13818:1997 Especificao e mtodo de ensaio. Quanto menor a porosidade do revestimento menor a quantidade de gua que ele poder absorver e melhores sero as suas caractersticas tcnicas e resistncia. J a carga de ruptura representa a resistncia da pea cermica quando submetida a uma fora aplicada linearmente em sua regio central.

Fonte:CARVALHO JR,Notas de aula, 2008

Classificao conforme resistncia a abraso superficial PEI (NBR 13.817).

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Pode ser classificada em Abraso Superficial para Produtos Esmaltados (Porcelain Enamel Institute) e Abraso Profunda para Produtos NoEsmaltados. O desgaste por abraso causado pelo atrito de objetos sobre a superfcie esmaltada da cermica. mais aplicada em pisos, j que os revestimentos cermicos para paredes no sofrem solicitaes desta natureza. Para cada classe de abraso, recomendado o seguinte local de uso:

1. PEI 0 (Resistncia Baixssima) Paredes internas; 2. PEI 1 (Resistncia Baixa) Banheiros e quartos residenciais; 3. PEI 2 (Resistncia Mdia) Todas dependncias residenciais internas; 4. PEI 3 (Resistncia Alta) Todas as dependncias residenciais (internas e externas); 5. PEI 4 (Resistncia Alta) Todas as dependncias residenciais e ambientes comerciais de trfego mdio; 6. PEI 5 (Resistncia Altssima) Todas as dependncias residenciais e ambientes comerciais de trfego intenso.

ESTGIO DE ABRASO NMERO DE CICLOS PARA VISUALIZAO 100 150 600 750, 1500 2100, 6000, 12000 Acima de 12000 CLASSE DE ABRASO PEI 0 PEI 1 PEI 2 PEI 3 PEI 4 PEI 5 Fonte: ISO 13006

Expanso por Umidade: o aumento irreversvel do revestimento cermico ao longo do tempo, em funo do contato com a umidade e intempries

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presentes no ambiente onde est assentado. A expanso por umidade uma caracterstica relacionada qualidade das argilas e ao processo de queima da placa e de fundamental importncia para especificao de lugares onde a umidade maior, como fachadas, piscina e saunas.

Dilatao Trmica: os revestimentos e suas camadas de argamassa, alvenaria ou de concreto, sofrem deformaes trmicas diferentes devido aos seus coeficientes de dilatao, causadas especialmente pela variao trmica do ambiente. Quanto maior for a dimenso do revestimento cermico, maiores sero os movimentos de dilatao trmica devido a ao da temperatura. Essa caracterstica depende principalmente das matriasprimas existentes nas placas cermicas e do processo de fabricao empregado.

Resistncia ao Choque Trmico: indica a capacidade do revestimento cermico de resistir s variaes bruscas de temperatura. Conforme a NBR13818:1997, o ensaio para medio da resistncia ao choque trmico consiste em submeter os revestimentos temperaturas elevadas entre 10C e 150C, verificando possveis trincas ou desgastes nas placas.

Resistncia ao Greteamento: mede a resistncia formao de microfissuras na superfcie esmaltada. O greteamento acontece em decorrncia da queima, da expanso e dilatao da placa cermica. quando a camada de esmalte no se acomoda esse movimento de dilatao e acaba em forma de fissura.

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Coeficiente de Atrito: trata-se de um aspecto importante a ser discutido no momento da escolha do material, pois atesta a segurana do usurio ao caminhar pela superfcie na presena de gua, leo ou qualquer outra substncia escorregadia. Quanto mais spero e rugoso for a superfcie, maior ser a resistncia ao escorregamento. A norma brasileira NBR13818, prescreve a determinao do coeficiente de atrito atravs do deslizador tipo Tortus, que se movimenta sobre a superfcie (tanto seca e molhada) a ser ensaiada.

COEFICIENTE DE ATRITO (TORTUS) COF I At 0,4 Para reas normais Para reas que se requeiram resistncia COF Ii Acima de 0,4 ao escorregamento (reas planas)Fonte: NBR 13818

Dureza Mohs: essa caracterstica importante na hora de especificar revestimentos para reas externas ou espaos que sejam suscetveis riscos. Dureza Mohs a classificao que mede a dureza dos materiais existentes na natureza, considerando que um material apenas riscar o outro sempre que apresentar dureza superior.

Resistncia ao Congelamento: uma caracterstica que depende diretamente da absoro dgua, uma vez que esta, ao penetrar nos poros da placa cermica, pode congelar, provocando aumento do volume da pea, danificando-a e comprometendo a aderncia do revestimento cermico.

Resistncia ao Manchamento (Classes de Limpabilidade): Caracterstica que mede o grau de facilidade de limpeza e a resistncia manchas do revestimento cermico. Como descrito na NBR13818:1997, seu ensaio consiste em pingar gotas de agentes manchantes sobre a superfcie dos 27

corpos de provas cermico e, aps 24 horas, faze a tentativa de remoo das manchas.

CLASSE 5 CLASSE 4 CLASSE 3 CLASSE 2 CLASSE 1

Mxima facilidade de remoo de manchas Mancha removvel com produto de limpeza fraco Mancha removvel com produto de limpeza forte Mancha removvel com cido clordrico/acetona Impossibilidade de remoo de manchaFonte: ISO 13006

3.4 Processo de fabricao dos RCF

Pode-se definir a cermica como sendo a produo de uma pasta cujo componente principal a argila, sucessivamente queimada e secada a altssimas temperaturas que confere ao material, resistncia e dureza.

Em funo do grande aumento do consumo e conseqente produtividade da cermica, desde o seu descobrimento seu processo e tcnicas de fabricao vm modificando e modernizando. Mas foi a partir dos anos 60 que os mtodos de produo foram automatizados, utilizando equipamentos de ltima gerao, necessitando da

interferncia humana apenas nas atividades de controle, inspeo e armazenagem do produto final e expedio. Como passaram a ser produzidos em grande escala, os preos dos revestimentos cermicos se tornaram ainda mais acessveis a grande parte da populao.

Basicamente, o processo de fabricao da cermica dividido nas seguintes etapas: 28

Preparao dos Materiais; Moagem e Preparao da Massa; Atomizao; Prensagem; Secagem; Esmaltao; Queima/Sinterizao; Seleo; Expedio.

Fig. 01: Fluxograma do Processo produtivo da cermica Fonte:

www.portobello.com.br; fev/2009

3.4.1 Preparao de Materiais

As matrias-primas utilizadas para a fabricao da cermica so estocadas no interior da fbrica e so transportadas por meio de balana at os tratores, onde cada tipo de argila, separadas conforme suas caractersticas, pesada na proporo que ir compor

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a base do revestimento cermico. Aps a pesagem os diversos tipos de argila bruta so encaminhados, via esteira, at os moinhos.

Foto 3.4.1: Processo produtivo da cermica: preparao dos materiais Fonte:

www.portobello.com.br; fev/2009

3.4.2 Moagem e Preparao da Massa

Os materiais cermicos geralmente so preparados na mistura de duas ou mais matrias-primas, alm de aditivos ou gua. A moagem compreende a homogeneizao de todos os componentes que se transformaro na base do revestimento cermico e poder ocorrer por via mida (com gua no processo) ou via seca (sem gua no processo). No processo de moagem via mida, vrios tipos de argila so encaminhados para moagem com aditivos e gua, que iro garantir resistncia ao produto acabado. Neste processo, quase sempre, a seleo de matria-prima para a mistura busca obter uma cor de queima branca para a base produzida. O termo cermica branca est intimamente associado ao processo de via mida.

No processo de moagem via seca, a massa bsica formada pela mistura de dois ou trs tipos diferentes de argilas, resultantes das alteraes e misturas naturais associadas com a mineralogia da argila. Neste processo, no se tem

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adio de gua e aditivos, sendo a argila moda apenas por atrito entre seus gros. Existem basicamente trs tipos de massa (Suspenso; Secas ou semi-secas; Plsticas) e cada uma delas preparada de acordo com a tcnica empregada para dar forma s placas cermicas. De um modo geral, as massas so classificadas em: Suspenso: tambm chamada da barbotina, para obteno de peas em moldes de gesso ou polimricos; Secas ou Semi-secas: na forma granulada, para obteno de peas por prensagem; Massas Plsticas: para obteno de peas por extruso, seguida ou no de torneamento ou prensagem. Ao ser finalizada a etapa de moagem, a massa obtida transportada para os depsitos em forma de silos.

Foto 3.4.2: Processo produtivo da cermica: moagem das matrias-primas Fonte:

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3.4.3 Atomizao

A etapa de atomizao s acontece no processo produtivo que contempla a moagem por via mida. A massa cermica lquida (barbotina), obtida no processo de moagem exposta a uma elevada temperatura com o objetivo de eliminar a gua obtida na fase anteior (que serviu para homogeneizar as matrias-primas). Todo esse processo acontece no interior de um grande silo onde, de cima para baixo, injetado ar quente 31

em elevada temperatura e no sentido contrrio, tem-se um spray de massa cermica. O encontro dessas duas misturas (ar quente com a massa cermica) faz com que a gua contida na massa evapore, provocando a queda da argila em micro-partculas com dimenso diferenciada. Essas partculas so chamadas de p atomizado.

nessa etapa de atomizao que as caractersticas de alta ou baixa porosidade da placa cermica so definidas.

Foto 3.4.3: Processo produtivo da cermica: moagem das matrias-primas Fonte:

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3.4.4 Prensagem

A conformao das placas acontece por intermdio das vrias prensas existentes nesse processo: frico, isosttica, hidrulica ou hidrulica mecnica ou ainda com o uso de mquinas extrusoras, denominadas marombas. Este conjunto de prensas pode produzir cerca de 7mil m de peas por dia.

O p atomizado, no caso do processo de via mida, ou a massa cermica moda, no caso do processo de via seca, carregado em caixas-moldes do tamanho de fabricao

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desejado e na seqncia, lanado em cavidades das prensas, submetido a uma presso especfica, gerando assim a bolacha ou seja, a base da cermica. Nesta fase a bolacha caracterizada por baixssima resistncia mecnica e alta umidade, por isso, passada por um processo de secagem.

Foto 3.4.4: Processo produtivo da cermica: prensagem e secagem Fonte:

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3.4.5 Secagem

Aps a etapa de conformao, verifica-se que o produto ainda contm gua, proveniente ainda da etapa de preparao da massa. Para evitar tenses e, consequentemente defeitos na pea, necessrio eliminar essa gua de forma lenta e gradual.

Ao agregar alta temperatura pea, o processo de secagem elimina toda a umidade existente na placa cermica e aumenta sua resistncia mecnica, saindo a uma temperatura em torno de 90 a 120 graus. O processo posterior o de esmaltao. Porm, se o produto resultante for biqueima, este ir direto ao forno para primeira queima e s depois receber a esmaltao. Caso seja um produto monoporoso (monoqueima), passar pelo processo de esmaltao antes de ir ao forno.

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Foto 3.4.5: Processo produtivo da cermica: cermica aps o processo de secagem Fonte:

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3.4.6 Esmaltao

A esmaltao consiste em um processo de acabamento superficial, onde aplicada a camada vtrea a fim de atribuir ao revestimento aspectos estticos, higinicos e de resistncia mecnica. Primeiramente feita uma ps-secagem no produto, logo feita a aplicao de gua e de engobe para ento a aplicao do esmalte vitrificado (composto por corantes, gua, aditivos e feldspato) e finalmente a decorao serigrfica. Em seguida, o produto destinado ao processo de queima.

Foto 3.4.6: Processo produtivo da cermica: esmaltao dos revestimentos Fonte:

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3.4.7 Queima / Sinterizao

nessa etapa que os revestimentos cermicos adquirem suas caractersticas finais tais. Durante o tratamento trmico ocorre uma srie de transformaes em funo dos componentes da massa, tais como: perda de massa, desenvolvimento de novas fases cristalinas, formao de fase vtrea e a soldagem dos gros. O resultado do processo de queima garantir as caractersticas exigidas por norma, como a resistncia mecnica, resistncia abraso, baixa absoro e regularidade dimensional.

So dois os principais processos de queima: a monoqueima e a biqueima. A maioria dos fabricantes adota o sistema monoqueima, ou seja, a massa e o esmalte so queimados de uma nica vez, o que proporciona uma maior interligao entre as camadas. Abaixo, a descrio dos dois processos:

Monoqueima: a sinterizao do corpo cermico, a vitrificao dos esmaltes e a estabilizao das cores ocorrem em uma nica etapa. A monoqueima o procedimento no qual so queimados ao mesmo tempo a base e o esmalte, em temperaturas em torno de 1000 e 1200 graus. Esse processo confere maior ligao entre o biscoito e o esmalte, dando-lhe maior resistncia;

Biqueima: o tratamento de queima dado somente ao esmalte, uma vez que a base (biscoito) j havia sido queimada anteriormente.

Nos fornos, geralmente a permanncia das peas cermicas de aproximadamente 50 minutos e sua produo diria chega a cerca de 7.200m de peas. (FERRARI, 2000).

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3.4.8 Seleo

Na sada de cada forno est instalada a linha de seleo automtica, eliminando peas defeituosas e distribuindo os revestimentos em lotes homogneos, por tipo cromtico, dimenses e outras caractersticas. Aps o processo de escolha, os produtos so devidamente encaixotados, paletizados e estocados na expedio.

Foto 3.4.7: Processo produtivo da cermica: linha de seleo das placas Fonte: www.portobello.com.br; fev/2009

3.4.9 Expedio

Controla toda a operao, separao, armazenamento e embarque do produto. A partir do processo de estocagem que as placas cermicas sero destinadas as lojas para comercializao.

Foto 3.4.8: Processo produtivo da cermica: controle do estoque de produtos acabados Fonte: www.portobello.com.br; fev/2009

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4. DECORRNCIA DE MANIFESTAES PATOLGICAS NOS RCF

As mudanas na aparncia dos Revestimentos Cermicos de Fachada e/ou a deteco de surgimento de algum defeito em sua superfcie, so alerta de possveis problemas patolgicos.

So inmeros os motivos que podem gerar situaes e problemas patolgicos em um revestimento cermico, mesmo quando se adota diversos tipos de placas, com comportamento, materiais e tcnicas de execuo diferenciada. Isso porque no apenas o seu processo de fabricao e composio que so os responsveis pelo surgimento de problemas patolgicos. A etapa de elaborao de um projeto especfico para revestimentos de fachada e a etapa de execuo da obra so fundamentais para amenizar a ocorrncia de diferentes patologias.

Basicamente, as patologias podem ser agrupadas em:

Descolamento; Trincas, Gretamentos e Fissuras; Manchas (Eflorescncia e Bolor); Deteriorao do Rejuntamento;

4.1 Descolamento dos RCF

Descolamento, ou perda de aderncia das placas cermicas, um processo onde ocorrem falhas e rupturas na interface da placa cermica com o substrato, devido a tenses surgidas que ultrapassam a capacidade de aderncia. Uma de suas causas mais importantes a intensidade com que ocorrem as tenses de compresso, devido

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principalmente acomodao do restante do conjunto da construo (influncia da estrutura da edificao, do concreto armado, das variaes higrotrmicas e climticas, entre outras). Efeitos termo-higroscpico e o confinamento do sistema de revestimento devido ausncia de um sistema de juntas de movimentao so principalmente, um dos fatores responsveis pela ocorrncia de destacamento cermico das fachadas, pois introduzem tenses no revestimento.

O uso de argamassa aps o seu vencimento de abertura e a presena de materiais pulverulentos na superfcie do substrato so fatores que tambm colaboram para o desplacamento da cermica. Em funo do alto ndice de umidade e maior espessura, a argamassa convencional tambm outro grande fator que colabora para o surgimento dessa patologia.

BAUER (1997) defende que, para amenizar todas estas patologias, necessrio que o substrato oferea condies para que haja a aderncia mecnica com o revestimento. Por isso, importante que aspectos relacionados limpeza da base, sejam bem realizados.

Ainda segundo BAUER a perda de aderncia pode ocorrer de diversas maneiras. So elas: Empolamento; Descolamento em Placas e Pulverulncia.

4.1.1 Empolamento Fenmeno que ocorre devido s expanses na argamassa, em funo da hidratao de xidos. A causa mais comum do empolamento se d no uso de cal hidratada e/ou cal contendo hidrxido de magnsio que, depois de aplicado, aumenta de volume e pode causar a expanso e empolamento do conjunto;

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4.1.2 Descolamento em Placas Quando ocorre a deficincia na aderncia da base com o substrato. As causas mais provveis seriam:

a. A preparao inadequada da base; b. Chapisco preparado com areia fina; c. Argamassa com espessura excessiva gerando tenses elevadas de trao entre a base e o chapisco; d. Argamassa rica em cimento; e. Ausncia de chapisco em certos casos; f. Acabamento inadequado de camada intermediria;

g. Grandes variaes de temperatura, gerando tenses de cisalhamento entre argamassa e base.

4.1.3 Pulverulncia a desagregao e conseqente esfarelamento da argamassa ao ser pressionada manualmente. As causas para o descolamento com pulverulncia, seriam:

a. Presena de torres de argila na areia empregada para o preparo da argamassa; b. Pintura executada antes de ocorrer a carbonatao da cal da argamassa; c. Argamassa com baixo teor de aglomerantes; d. Argamassa uilizada aps prazo de vencimento; e. Hidratao inadequada de frao de cimento da argamassa.

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Foto 4.1: Descolamento dos revestimentos cermicos: materiais e tcnicas inadequados e manutenes ineficientes contriburam para a ocorrncia de tal patologia em edifcio residencial, Belo Horizonte - MG. Fonte: arquivo pessoal (2006)

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Foto 4.2: Desplacamento de cermica: destaque para fachada lateral esquerda (Sul) e frontal (Leste); esta ainda mais comprometida em funo da incidncia solar direta. Edifcio residencial, Belo Horizonte - MG. Fonte: arquivo pessoal (2006)

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Foto 4.3: Desplacamento de cermica em fachada Norte. Edifcio residencial, Belo Horizonte - MG. Fonte: arquivo pessoal (2006)

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Foto 4.4: Destaque para a superfcie coberta de argamassa colante: falta de aderncia mecnica com biscoito da cermica. Na lateral, contraste do rejuntamento antigo e novo, este feito em reforma mais recente. Edifcio residencial, Belo Horizonte - MG. Fonte: arquivo pessoal (2006)

Foto 4.5: Tardoz (ou biscoito) da placa cermica, com falhas de preenchimento de argamassa colante, ocorrido em funo do tempo em aberto: falta de aderncia mecnica entre substrato e placa. Fonte: arquivo pessoal (2009)

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Foto 4.6: Efeitos termo-higroscpico introduziram tenses e estufamento da placa cermica. Em exemplo, placa cermica assentada em ambiente interno. Edifcio residencial (Alphonso Camina) no Bairro Sto Antnio, Belo Horizonte. Fonte: arquivo pessoal (2009)

Tenso na Interface superior Tenso

Estufamento e destacamento do

Figura 4.7: Destacamento e desplacamento do revestimento cermico. Arquivo pessoal.

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4.2 Trincas, Gretamentos e Fissuras nos RCF

Segundo SABBATINI (1986), os fenmenos de trincas, fissuraes e gretamentos so caracterizados por apresentarem perda da integridade da superfcie. Essa perda de integridade pode se formar em qualquer dos seus componentes expostos: placa cermica ou juntas, podendo levar ao deslocamento do substrato.

Ainda segundo SABBATINI, a trinca pode ser entendida como a ruptura do corpo da placa ocorrida aps a fixao, que resulta na separao total da placa em duas ou mais partes. Essa ruptura ocorre sob a ao de esforos provocando a separao da pea, que representada por linhas estreitas, em geral, superiores a 1mm.

J o gretamento e a fissurao, so representados por pequenas aberturas liniformes e parciais (com dimenses inferiores a 1mm) que surgem na superfcie da placa (esmalte). So decorrentes de pequenas variaes trmicas ou higroscpicas no revestimento, originadas principalmente pela ausncia de junta de dilatao. O que diferencia a trinca da fissurao e gretamento, que na trinca o corpo da placa cermica se divide por completo, enquanto que na fissurao e gretamento o corpo da placa cermica se divide parcialmente.

As manifestaes destas patologias citadas (trincas, fissuras e gretamento) podem surgir tanto em um painel completo da fachada, de maneira generalizada, como tambm apenas em uma nica pea cermica.

So vrios os autores que realizaram trabalhos para identificar a causa dos problemas patolgicos em Revestimentos Cermicos de Fachada. Segundo IOSHIMOTO (1988),

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no caso de fissuras, trincas e rachaduras as causas possveis envolvem algum tipo de movimentao, seja do edifcio em geral, entre elementos e/ou componentes construtivos que geram nos materiais tenses, geralmente de trao e, em alguns casos, cisalhamento. Assim sendo, tem-se ento que as causas mais provveis e freqentes so: Acomodao do solo, da fundao ou do aterro (recalque); Movimentao higrotrmica; Movimentao por sobrecarga; Movimentao por deformao excessiva da estrutura; Movimentao por retrao da argamassa de cimento; Movimentao por reao qumica dos materiais; Outras (vibraes naturais ou artificiais, impactos ambientais, etc).

BAUER (1996) defende que, a incidncia das fissuras e trincas se devem a fatores relacionados a execuo do revestimento argamassado, solicitaes higrotrmicas e pela retrao hidrulica da argamassa. Fatores ligados diretamente com a argamassa, so portanto tambm os responsveis por essa patologia, como: quantidade de gua e cimento e teor dos finos (quando se tem uma argamassa com alto teor de finos, necessariamente usa-se maior quantidade de gua, aumentando assim a retrao e fazendo com que surgem trincas e fissuras na placa). Ainda segundo ele, outro fator importante que contribui para o surgimento de tal patologia, a umidade relativa do ar. Quando se trabalha em regies com baixa umidade e elevada temperatura, deve-se ter o cuidado de sempre molhar a base, para que a mesma no seque rapidamente,

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evitando retraes. Ou ainda, utilizar produto apropriado (primmer) para que a base fique sempre mida.

Foto 4.7: Gretamento em pastilha cermica. Edifcio residencial (Alphonso Camina) localizado em Belo Horizonte. Fonte: arquivo pessoal (2009)

4.3 Manchas

4.3.1 Eflorescncia

Eflorescncia o fenmeno causado pela movimentao da gua nos vazios e canais localizados no interior da argamassa. A gua sobe nestes vazios por capilaridade e/ou presso, transportando sais solveis presentes no substrato, fluxo este ligado relacionado diretamente s propriedades de absoro e permeabilidade das

argamassas. O fenmeno entendido como a formao do depsito cristalino (sal) na superfcie da placa, devido a ao do meio ambiente ou a ao fsico-qumica. Tal 47

patologia afeta no somente a esttica da fachada, como tambm a aderncia dos revestimentos; ela o efeito de problemas mais graves na edificao, como a presena de umidade.

De acordo com SABBATINI et al. (1997), as possveis fontes de sais solveis (sais responsveis pela eflorescncia), advm da fabricao dos componentes cermicos. So elas: matrias-primas cermicas; gua usada no processo de fabricao; reao de componentes da massa com xidos de enxofre do combustvel durante a secagem e incio da queima; defloculantes (substncias que buscam neutralizar a reatividade entre as partculas no processo de fabricao da cermica), alm de outras substncias adicionadas massa.

UEMOTO (1988) defende que, a eflorescncia originada por trs fatores: o teor de sais solveis presentes nos materiais e componentes; a presena de gua; a presso hidrosttica (que faz com que a soluo caminhe para a superfcie), alm de fatores externos, como o aumento da temperatura.

Segundo ESQUIVEL (2001), dificilmente pode-se garantir a eliminao da eflorescncia manifestada nos revestimentos, entretanto, pode-se evita-la, tomando algumas providncias quando no seu assentamento:

Empregar placas sem sais solveis e evitar molha-las; Reduzir o consumo de cimento Portland ou especificar cimento de baixo teor de lcalis (o cimento Portland possui sais solveis, principal fonte da patologia);

Procurar o emprego de rejuntes flexveis e com menor porosidade; Garantir completa secagem da base que ser assentado o revestimento;

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No empregar cido clordrico para a limpeza logo aps a execuo do rejunte (caso se faa necessrio, aplica-lo em fraca concentrao);

Foto 4.8: Formaes salinas (eflorescncia) em fachada de edifcio residencial localizado em Belo Horizonte. Fonte: arquivo pessoal (2009)

Foto 4.9: Detalhe da visvel concentrao e cristalizao dos sais. Fonte: arquivo pessoal (2009)

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Segundo a NBR 7200 (1998), para a remoo da eflorescncia pode-se escovar a seco a superfcie com escova de cerdas de ao e proceder limpeza com soluo de cido muritico conforme pede a seguir: Utilizar escova de piaaba, por exemplo, com soluo alcalina de fosfato trissdico (30 g Na3PO4 em 1 L de gua) ou de soda custica e, em seguida, enxaguar com gua limpa em abundncia; Aplicar soluo de cido muritico (5% a 10% de concentrao) durante 5 min, escovar (com escova de piaaba, por exemplo) e enxaguar com gua limpa em abundncia; Escovar a superfcie com gua e detergente e enxaguar com gua em abundncia;

Caso a manifestao atinja grandes reas, pode-se empregar jateamento de areia. 4.3.2 Bolor

A existncia de umidade est diretamente ligado ao crescimento de bolor. comum o emboloramento em paredes umedecidas por infiltrao de gua ou vazamento de tubulaes. Segundo Allucci et al. (1998), o termo emboloramento nada mais do que uma alterao que pode ser constatada macroscopicamente na superfcie de determinado material, sendo conseqncia dos microorganismos pertencentes ao grupo dos fungos. Portanto, o desenvolvimento dessa patologia se d em funo de condies ambientais, sendo a umidade um fator essencial para seu surgimento.

Medidas como forma de se evitar o desenvolvimento do bolor devem ser tomadas. necessria uma adequada ventilao e insolao com o objetivo de diminuir a condensao nas superfcies dos ambientes internos. J para as superfcies externas, como fachadas, importante se evitar riscos de infiltrao de gua atravs de paredes, 50

pisos e/ou tetos. Esse acmulo de gua nas fachadas pode ocorrer em funo dos seguintes fatores: Microclima da regio onde est locada a obra: influencia na quantidade de gua pluvial incidente na superfcie, assim como o seu tempo de secagem; Detalhes do projeto: detalhes para o adequado escoamento da gua pluvial; Forma geomtrica dos componentes da fachada: a presena de alguns elementos acabam contribuindo para a permanncia da gua da chuva e dificultam na difuso da umidade. Conforme a NBR 7200 (1998), para a remoo de bolor e fungos, pode-se escovar a superfcie com escova de cerdas duras com soluo de fosfato trissdico (30 g Na3PO4 em 1 L de gua) ou com soluo de hipoclorito de sdio (4% a 6% de cloro ativo) e enxaguar com gua limpa em abundncia.

4.4 Deteriorao do Rejuntamento

Ao contrrio do que se pensa a deteriorao do rejuntamento no s compromete os aspectos referentes esttica do conjunto, como tambm compromete a perda de estanqueidade da camada de acabamento dos revestimentos cermicos e a deformao do conjunto, em funo das solicitaes de uso da edificao.

A perda de estanqueidade das juntas entre componentes e juntas de movimentao, inicia-se, na maioria das vezes, logo aps a sua execuo, em funo da limpeza inadequada (presso do jato da mangueira, por exemplo) que acaba deteriorando parte de seu material constituinte. Ataques agressivos do meio ambiente e solicitaes da estruturam tambm so causas de deteriorao do rejuntamento, podendo ocasionar alm da eflorescncia, a formao de trincas e descolamento da placa cermica.

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Foto 4.10: Detalhe da degradao do sistema de rejuntamento em edifcio Localizado em Belo Horizonte MG. Fonte: arquivo pessoal (2009)

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5. TCNICAS DE APLICAO DOS RCF

5.1 Camadas componentes do subsistema

O revestimento cermico compreende um sistema que trabalha de forma homognea junto aos seus componentes e base, sobre a qual se adere. Fazem parte de seu sistema a camada base (alvenaria), as camadas intermedirias (chapisco, emboo e reboco) e a camada de fixao (argamassas).

Placas cermicas

Argamassa de assentamento Emboo

Rejuntamento Chapisco

Base

Figura 5.1: Croqui esquemtico do sistema de revestimento de fachada. Arquivo pessoal.

5.1.1 Camada Base

o elemento da obra, normalmente uma parede, sobre o qual se apia o revestimento. A camada base pode apresentar diferentes caractersticas, dependendo do seu material de suporte (tijolo, gesso acartonado, bloco de concreto, entre outros). Abaixo, algumas consideraes importantes sobre os suportes de base, segundo o ITC (1993) citado por ESQUIVEL (2001): a) Planicidade e regularidade da superfcie; 53

b) Porosidade e aes capilares da camada do suporte. A absoro do suporte desejvel at certo grau, mas quando excessiva, gera dificuldade na hidratao do cimento, se utilizarmos uma argamassa base deste material; Quando usado o geso, a influncia na adeso do sistema maior; c) Movimento dos suportes devido umidade e variaes trmicas; d) Presena de substncias poluentes sobre a superfcie do suporte; e) Rigidez da base e rugosidade do suporte; f) Certificar de que no existam deteioracoes no suporte; g) Observar o grau de umidade da bse, evitando o excesso de gua durante o proceimento de colocao.

Ainda segundo ESQUIVEL (2001), h uma classificao retirada da Norma Britnica BS5385-1, para os diversos tipos de suporte para revestimentos cermicos de parede. Segue abaixo:

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- Materiais densos, resistentes e de superfcie fina; - Materiais moderadamente resistentes e porosos: tijolos, alguns tipos de concreto, tijolos de silicato de clcio.

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- Materiais moderadamente fracos e porosos: alguns tipos de tijolos e concreto de baixa resistncia;

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- Concreto: concreto sem finos; - Painis: painis de gesso acartonado (dry wall), paredes de gesso, painis de cimento reforado com l de vidro;

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- Chapiscos com argamassa de cimento; - Gesso: rebocos de gesso; - Outros suportes: superfcies cermicas, metlicas, madeira, etc.

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5.1.2 Camadas Intermedirias

Chamada tambm de substrato, a camada intermediria a superfcie que receber o revestimento propriamente dito. Pode ser executada com diferentes materiais e tcnicas construtivas, desde que atenda s caractersticas de estanqueidade, resistncia mecnica e superficial ao arrancamento, deformabilidade e que seja tambm compatvel com o revestimento a ser usado na fachada objetivando um bom desempenho do produto.

Podemos incluir dentro dessa classificao camadas como o chapisco, o emboo, o reboco de cimento e areia e, a pasta de cimento, para assentamento com argamassa tradicional ou apenas emboo e argamassa adesiva.

Conforme a NBR 7200 (1998), o substrato dever sempre estar isento de partculas soltas e resqucios de argamassas provenientes de outras atividades, que quando presentes devero ser removidos com lixas ou escovas.

5.1.3 Camada de fixao

A camada de fixao, ou seja, argamassa de assentamento, responsvel pela aderncia necessria da placa cermica com o substrato. So vrios os tipos de argamassa usadas como as tradicionais argamassas de cimento e areia (aderncia mecnica), as argamassas adesivas industrializadas (aderncia qumica e mecnica) e os adesivos orgnicos ou colas.

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5.1.3.1 Argamassas tradicionais

Normalmente so preparadas em obra e so compostas por uma mistura de cimento Portland, areia e eventualmente, cal. Apesar de possuir alta retrao no seu processo de endurecimento, contribuindo para o surgimento de fissuras, possui aderncia eficiente quando com placas de superfcie porosa.

Sua utilizao considera a colocao da seguinte ordem sobre a base: a) Camada de chapisco, preparada com cimento Portland e areia grossa numa proporo de 1:3, (cerca de 1mm d espessura sobre a base); b) Emboo com espessura mdia de 20mm. Desempenar essa camada ainda fresca, para logo polvilhar p de cimento sobre a superfcie, formando assim uma pelcula de aderncia para ento assentar a placa;

5.1.3.2 Argamassas adesivas industrializadas

So argamassas compostas de cimento Portland e gros de granulometria fina (silicosos ou calcrios) e aditivos orgnicos (retem umidade, plastificantes,

impermeabilizantes, etc). Estas argamassas so chamadas tambm de argamassas colantes e sua principal vantagem o uso de camada fina, permitindo portanto reduo de material e custo. Seu uso adequado proporciona maior produtividade no assentamento, menor consumo de material e grande potencial de aderncia. Seus requisitos so: 1) Plasticidade e coeso suficientes para permitir o espalhamento e ajuste das placas sem permitir seu deslizamento; 2) Reteno adequada de gua com a placa e substrato;

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3) Espessuras adequadas, no permitindo tenses significativas nas interfaces de aderncia; A norma classifica as argamassas colantes em trs tipos: a) AC-I: uso interno, usada em locais sem solicitaes mecnicas e/ou trmicas, higrotrmicas e qumicas. b) AC-II: uso exterior, resistente a aes trmicas e higrotrmicas; c) AC-III: para uso em paredes/pisos sujeitos a solicitaes trmicas, higrotrmicas e qumicas mais intensas (saunas, churrasqueiras, estufas, lareiras, cmaras frigorficas, etc); d) AC-III E: para uso especial, incluindo os ambientes e solicitaes citadas na AC-III, alm de permitir maior tempo em aberto.

5.1.3.3 Adesivos orgnicos ou colas

So adesivos que se diferenciam dos anteriores por no terem cimento em sua composio. Basicamente, so compostos de resinas orgnicas em disperso aquosa (13 a 20%), cargas minerais (60 a 70% de areia silicosa ou calcria) e agentes diversos (5 a 10%) e so geralmente fornecidos em forma de pasta para serem utilizados. Os adesivos orgnicos mais empregados no assentamento de RCF, so as pastas de resina como resinas vinlicas, resinas acrlicas e borracha sinttica (neoprene) e as resinas de reao, que apresentam um desempenho superior dos demais materiais de fixao.

Os aditivos utilizados nas argamassas adesivas podem modificar as propriedades deste material, no que diz respeito capacidade de reteno de gua, alm de melhorar sua flexibilidade e sua extenso de aderncia, em funo da reduo na tenso superficial da gua.

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5.2

Juntas

Como o revestimento cermico considerado como um sistema composto por vrias camadas, o comportamento de todo esse conjunto est sujeito a deformaes de cada um dos componentes. A presena de juntas contribui na estabilidade dos revestimentos que neutralizando deformaes ocasionadas pelas dilataes e contraes trmicas; EPU (expanso por umidade) do revestimento cermico; retraes de secagem da argamassa; movimentaes causadas por forcas externas; movimentaes decorrentes da reao qumica (cura). Para tanto, se consideram quatro tipos de juntas:

1. Juntas entre componentes ou de assentamento; 2. Juntas de trabalho ou de movimentao; 3. Juntas de dessolidarizao; 4. Juntas estruturais.

5.2.1 Juntas de assentamento

So espaos inseridos entre os mdulos das placas de cermica, que posteriormente sero preenchidos com materiais especiais, os rejuntes. Suas funes, alm de permitir alinhamento preciso e uniformidade de assentamento, absorvem variaes dos componentes; reduzem o mdulo de deformao do pano de revestimento; permitem flexibilidade na acomodao dos mdulos; facilitam a possibilidade de substituio posterior de alguma das peas; absorvem parte do esforo de compresso da cermica, ocasionado pela expanso de umidade.

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Incio: pelo menos, 3 dias aps o assentamento das placas de revestimento. Antes do rejuntamento deve ser realizado ensaio a percusso das peas cermicas e limpeza e umidecimento das juntas; Materiais: argamassa de rejuntamento industrializada de base cimentcia prpria para fachadas; Equipamentos: misturador mecnico de argamassa, desempenadeira de borracha ou neoprene, caixote plstico, mangueira de plstico, espuma, estopa ou pano limpo; Ferramenta de aplicao: desempenadeira de neoprene; Preparo das juntas: Limpar as juntas com a utilizao de uma esptula (ou material similar) e remover a poeira (utilizando uma broxa, por exemplo) de modo a eliminar toda a sujeira, como poeira, restos de argamassa colante ou qualquer material que possa comprometer a penetrao e aderncia do rejuntamento. Umedecer as juntas antes da aplicao do produto; Preparo do material de rejuntamento: atravs de misturador mecnico, utilizando a quantidade de gua recomendada pelo fabricante na embalagem do produto e caixote plstico (estanque); Tempo de Repouso da argamassa de rejuntamento: verificar na embalagem do produto a necessidade de descanso da argamassa antes da sua utilizao; Aplicao da argamassa de rejuntamento: aplicar o produto em excesso sobre a placa de revestimento e atravs de movimentos de vaivm contnuos, diagonalmente s juntas, com a desempenadeira de neoprene, preencher completamente os espaos entre as placas; Acabamento: com mangueira de plstico ou similar, de modo a obter um rejunte ntegro, sem pontos falhos e com uniformidade de cor;

59

Limpeza: aps 15 minutos, proceder limpeza do excesso de material sobre a pea de revestimento com um pano mido ou estopa. No usar substncias cidas ou esponjas de ao.

5.2.2 Juntas de movimentao

o espao que divide um pano cermico extenso em panos menores, permitindo sua movimentao. As juntas horizontais so posicionadas na regio de transio viga/alvenaria (regio de encunhamento da alvenaria) a cada pavimento, com uma dimenso mxima de 3,0 metros entre as juntas. J as juntas verticais so posicionadas com uma dimenso mxima entre elas de 6,0 metros, de preferncia na regio de transio pilar/alvenaria.

Estas juntas cumprem a funo de criar no revestimento, uma regio altamente resilente, de modo a provocar a migrao das tenses surgidas no painel, dissipando-as pela deformao de um material elastomrico mantendo assim a integridade do mesmo. Deste modo a junta dever ter a capacidade de absorver as tenses sem comprometer o desempenho do revestimento, isto , no poder apresentar fissuras que comprometam a sua estanqueidade, desprender das bordas, ou mesmo soltar-se do substrato., conforme SABBATINI e BARROS, citado por ESQUIVEL (2001).

1.

Incio:

07

dias

aps

o

preenchimento

das

juntas

de

assentamento

(rejuntamento);

2.

Posio das juntas de movimentao: horizontais, na regio de encunhamento em todos os pavimentos, ou seja, na borda inferior das vigas de concreto armado e vertical, na regio de transio do pilar e alvenaria; 60

3. 4. 5.

Materiais: fita crepe, apoio flexvel e mastique; Equipamentos: pistola aplicadora de mastique, esptula e luva de borracha; No revestimento cermico:

Regio do Emboo: 10 mm

Regio da Cermica: 6 mm

Placa cermica Argamassa colante Base 10 mm Impermeabilizao (pasta 6 mm elastomrica) Emboo

Chapisco

Figura 5.2.2.a: Croqui esquemtico da execuo da junta de movimentao. Arquivo pessoal.

6. Apoio Flexvel: Introduzir um limitador de junta, isto , um material de enchimento. Utilizar espuma de polietileno expandido (tarucel) de 15 mm. Deve ser colocado sob presso no interior da junta de modo a ficar adequadamente posicionado, garantindo o coeficiente de forma de produto (relao comprimento x profundidade);

61

7. Mastique: Aplicar o mastique (selante monocomponente base de poliuretano). Dever ser aplicado com a utilizao de pistola aplicadora devendo ser feito o corte no bico do tudo do selante em ngulo de 45 na medida da junta;

62

8. Preparo das juntas: as juntas devem estar sem resduos de argamassa, partculas soltas e sinais de umidade. Antes da aplicao do mastique, as bordas das peas cermicas devem ser protegidas com fita crepe;

9. Impermeabilizao das juntas: Deve-se promover a impermeabilizao das juntas de movimentao, aplicando 3 demos de pintura elastomrica de proteo no corte da junta;

10. Acabamento: efetuar o acabamento com esptula ou com o prprio dedo protegido por luva de borracha;

11. Limpeza: em funo da dificuldade de remoo do selante sobre as peas de revestimento, a proteo das bordas com fita crepe e o cuidado na aplicao imprescindvel. Portanto, remover a fita crepe de toda a base e finalizar a limpeza com pano limpo e mido aps mais de 15 minutos;

Chapisco Cermica Argamassa colante

Argamassa de regularizao Estrutura de concreto Apoio Flexvel Mastique Impermeabilizao da junta

Regio de encunhamento

Figura 5.2.2.b: Croqui esquemtico da execuo da junta de movimentao horizontal. Arquivo pessoal.

63

Na execuo das juntas de movimentao deve ser garantido o fator forma de dois para um, isto , duas unidades na largura e 1 na profundidade, efetuando-se o ajunte com o material de enchimento;

Quanto a adesividade, o selante deve ter uma boa adeso placa e uma m adeso ao material de enchimento;

A limpeza do revestimento aps o rejuntamento deve ser eficiente de modo a evitar uma posterior necessidade de utilizao de materiais agressivos na limpeza final.

5.2.3

Juntas de dessolidarizao

So espaos deixados entre transies de revestimentos e nas mudanas de direo com o mesmo revestimento. Cumprem a funo de dissipar tenses e so colocadas em lugares onde h a possibilidade de surgimento de fissuras, nos cantos verticais do revestimento cermico, nas mudanas de direo do revestimento cermico e nas transies de tipos de revestimentos diferentes.

1. Incio: pelo menos, 5 dias aps o assentamento das placas de revestimento.

2. Materiais: fita crepe e mastique.

3. Equipamentos: pistola aplicadora de mastique, esptula e luva de borracha.

4. Dimenso: 6 mm.

5. Posio: vertical

64

6. Localizao das juntas: em todas as mudanas de direo do revestimento cermico, ou seja, nas quinas do revestimento.

7. Detalhe da Junta de Dessolidarizao:

Quina externa:

Fita crepe Mastique

Cermica Argamassa colante Emboo

Figura 5.2.3.a: Croqui esquemtico da junta de dessolidarizao em quina externa. Arquivo pessoal.

Quina interna:

Fita crepe Emboo Mastique Revestimento

Argamassa colante

Figura 5.2.3.b: Croqui esquemtico da junta de dessolidarizao em quina interna. Arquivo pessoal.

65

8. Mastique: selante monocomponente base de poliuretano. Dever ser aplicado com a utilizao de pistola aplicadora devendo ser feito o corte no bico do tudo do selante em ngulo de 45 na medida da junta.

9. Preparo das juntas: as juntas devem estar sem resduos de argamassa de assentamento, partculas soltas e sinais de umidade. Antes da aplicao do mastique, as bordas das peas cermicas devem ser protegidas com fita crepe.

10. Posicionamento da fita crepe: deve ser colocada no fundo da junta sobre a argamassa de base. A fita crepe no fundo da junta permite que o selante fique solto do emboo para movimentao.

11. Acabamento: efetuar o acabamento com esptula ou com o prprio dedo protegido por luva de borracha.

12. Limpeza: em funo da dificuldade de remoo do selante sobre as peas de revestimento, a proteo das bordas com fita crepe e o cuidado na aplicao imprescindvel limpar o material de rejuntamento sobre a face do revestimento cermico aps 15 minutos com pano limpo e mido;

5.2.4

Juntas estruturais

o espao que divide um pano cermico extenso em panos menores, permitindo sua movimentao. Cumprem a funo de aliviar as tenses provocadas pela movimentao diferenciada das estruturas.

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Figura 5.2.4: Croqui esquemtico de junta estrutural Fonte: VIEIRA (1998)

5.3 Procedimento de Assentamento

5.3.1 Verificao da base para receber o chapisco

Antes da operao de lanamento do chapisco sobre alvenarias e a estrutura de concreto na fachada da edificao, deve-se verificar as condies da base, como citado abaixo:

Na alvenaria Verificar se todas as alvenarias de fachada esto concludas e fixadas internamente. Verificar se os contra marcos esto chumbados. Verificar se as instalaes hidrulicas e/ou eltricas nas alvenarias de fachadas esto concludas. Remover todos os materiais pulverulentos (p, barro, fuligem) utilizando-se uma vassoura, e, se necessrio, atravs da lavagem da base.

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Remover fungos (bolor) e microorganismos atravs da utilizao de soluo com hipoclorito de sdio (4% a 6 % de cloro), seguido de lavagem com gua em abundncia. Remover substncias gordurosas e eflorescncias atravs da utilizao de soluo de 5% a 10% de cido muritico seguido de lavagem com gua em abundncia.

No concreto Remover toda a pelcula remanescente do desmoldante utilizado na confeco da forma, atravs da utilizao de escova de ao e detergente. Remover pregos e arames. Caso no seja possvel, devem ser cortados, lixados e tratados com substncia anti-corrosiva. Remover e tratar as brocas de concretagem atravs da utilizao de concreto ou argamassa com aditivo plastificante. Remover todas as partes soltas ou mal aderidas.

5.3.2 Aplicao do chapisco

O chapisco tem a propriedade de produzir um vu impermeabilizante, alm de criar um substrato de aderncia para a fixao de outro elemento. constitudo de cimento, areia lavada grossa e gua.

5.3.2.1 Especificao de materiais

Cimento: Pode ser utilizado qualquer cimento Portland normalizado no Brasil. Areia lavada grossa: A areia usada na argamassa de chapisco no deve conter impurezas, matria orgnica, torres de argila ou materiais friveis (que se desagregam facilmente com o simples manuseio).

68

gua: A gua no deve conter impurezas que possam prejudicar a argamassa de chapisco. A gua que a concessionria Copasa oferece de boa qualidade, devendo estar atento no seu armazenamento, no deixando que o reservatrio da obra fique sujo, culminando no acmulo de impurezas que prejudicam o chapisco.

5.3.2.2 Trao

A NBR 13.755 (1996) recomenda trao de 1:3 em volume de cimento e areia grossa lavada, com consistncia fluida. A gua deve ser adicionada aos poucos at se obter a consistncia desejada. Na estrutura de concreto parte da gua de amassamento deve ser substituda por adesivo nas seguintes propores:

Aditivo Bianco Denverfix acrlico Denverfix RS 0670 Texcril

Proporo de aditivo : gua 1:2 1:3 1:6 1:6

5.3.2.3 Processo executivo

De acordo com a NBR 13.755 (1996), para se iniciar o chapisco, deve-se respeitar o prazo de carncia antes do incio da execuo da estrutura e alvenaria, como o citado abaixo:

Estrutura - 28 dias (3 ltimos pavimentos 60 dias). Alvenaria - 14 dias (fixao da alvenaria 15 dias). 69

Na execuo do chapisco, a argamassa dever ser projetada energicamente, de baixo para cima, contra a superfcie a ser revestida. O revestimento em chapisco se far tanto nas superfcies verticais quanto horizontais de estrutura de concreto, como tambm nas superfcies verticais de alvenaria, para posterior revestimento (emboo).

A espessura mxima do chapisco deve ser de 5 mm. A aplicao deve ser feita sobre a superfcie previamente umedecida, o suficiente para que no ocorra a absoro da gua necessria cura da argamassa. O chapisco deve ser curado por asperso de gua por pelo menos 1 ( um ) dia. No deve-se aplicar o chapisco com a temperatura da base elevada, nem com insolao direta. Se houver necessidades, deve-se criar proteo.

5.3.3 Aplicao do Emboo

Emboo a argamassa de regularizao que deve determinar a uniformizao da superfcie, corrigindo as irregularidades, prumos, alinhamento dos painis e cujo trao depende do que vier a ser executado como acabamento. O emboo constitudo de cimento, cal aditivada, areia lavada mdia a grossa e gua. A seguir um quadro sobre os prazos a serem observados entre as etapas de execuo, segundo a NBR7200:

CAMADASBase - Chapisco

INTERVALO ENTRE AS CAMADAS14 dias do trmino da alvenaria de vedao e 28 dias da concluso da estrutura de concreto ou alvenaria estrutural 3 dias 24 horas 21 dias

Chapisco Emboo Prim. Demo / Segunda Demo Emboo Revestimento decorativo

Tabela 5.3 Resumo dos prazos entre as etapas de execuo - Fonte: NBR 7200

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5.3.3.1 Especificao de materiais

Cimento: Para confeco da argamassa de emboo poder ser usado qualquer cimento Portland normalizado no Brasil. Cal Aditivada: A cal aditivada dever ser de empresa idnea que garanta o correto processo de fabricao desta, para que sejam evitados problemas posteriores. Areia Lavada Mdia a Grossa: A areia lavada usada na argamassa de emboo no deve conter impurezas, matria orgnica, torres de argila.

5.3.3.2 Trao

A NBR 13.755 (ABNT, 1996b) recomenda trao de 1:0,5:5 e 1:2:8 em volumes de cimento, cal hidratada e areia media mida, respectivamente. Deve apresentar textura spera e espessura mxima de 25 mm.

Como h riscos de descolamentos devido a movimentao da base do assentamento, em funo da retrao hidrulica, necessrio que o emboo esteja concludo h pelo menos 14 dias a para ento dar incio ao assentamento dos revestimentos cermicos.

5.3.3.3 Processo executivo

Para se iniciar um emboo, deve-se observar a completa solidificao do chapisco que de 3 dias aps sua aplicao. Deve-se ento colocar as taliscas para execuo das mestras aprumadas e distanciadas de +/- 1,50 m, definindo a espessura do emboo com a espessura de 2,5 cm, as mestras com largura de 15 a 20 cm devem se localizar nos cantos e nas partes internas espaadas de 2,00 a 2,50 m ( linha ).

71

Aps consolidado das mestras, no mnimo de 2 dias, executa-se o preenchimento dos espaos entre estas com argamassa de revestimento em pores chapadas cuidando para que fique um excesso em relao ao plano das mestras. A argamassa deve ser apertada contra a parede com o objetivo de aumentar a aderncia e diminuir o volume de vazios do revestimento fresco, o que contribui para evitar fissuras de retrao de secagem.

O sarrafeamento s poder ser realizado aps certo perodo, ou seja, na linguagem da obra: "a argamassa dever puxar". O sarrafeamento realizado com a espera de tempo inferior ao adequado aps a aplicao da argamassa resulta em fissuras provocadas pela perturbao precoce da argamassa.

O tempo de utilizao das argamassas viradas na obra ou industrializadas no deve ser superior 2 (duas) horas, tempo este de incio de pega do cimento. Caso sejam necessrias espessuras do emboo maiores que 25 mm, estas devero ser executadas em camadas, no mesmo trao, e com 20 mm, segundo os seguintes procedimentos:

Chapar a primeira camada, alisando com a colher de pedreiro apenas o necessrio para desfazer as conchas;

Aps o tempo necessrio para a argamassa "puxar", chapar a segunda camada, executando o acabamento final;

Se for necessria outra camada (espessura total maior que 40 mm), esta dever ser feita no dia seguinte, devendo ser armada com tela galvanizada (fio 24 e malha 1/2");

O acabamento superficial para o assentamento da cermica dever ter uma textura spera obtida pelo sarrafeamento, seguido de leve desempeno, com desempenadeira de madeira.

72

5.3.4 Aplicao da placa cermica

Para o assentamento das placas cermicas, deve-se aplicar a argamassa em camada nica sobre o emboo (sarrafedo) espalhando e frisando com desempenadeira denteada de 8 x 8 x 8 mm, em panos de 0,5 1m2, utilizando primeiro o lado liso da desempenadeira numa camada uniforme, o suficiente para preencher irregularidades no prumo ou emboo e posteriormente com o lado denteado executando frisos (cordes) preferencialmente nas horizontais.

Ser de no mximo 20 minutos o tempo em aberto, ou seja, o intervalo de tempo aps o espalhamento da argamassa sobre o substrato em que o assentamento da placa cermica em condies padronizadas resulta em aderncia mdia maior ou igual a 0,5 MPa (NBR 14081). importante observar que a temperatura, os ventos e outros fatores climticos influenciam na definio do tempo em aberto (temperatura aceitvel do ambiente de +5C at +40C e da superfcie da base de +5C at +27C). Tocar a argamassa colante com os dedos sem suj-los, formao de pelcula esbranquiada na superfcie da argamassa, arrancamento de placa recm assentada e a no verificao de esmagamento dos cordes podem indicar que o tempo em aberto foi excedido.

Deve-se tambm: respeitar o prazo mximo de utilizao das argamassas que em geral de 2 horas e 30 minutos ou de acordo com a recomendao do fabricante; dependendo da cermica especificada em projeto, necessria a aplicao da argamassa colante em seu tardoz; as peas cermicas devem estar secas e o aplicador fazer uso de linhas e espaadores;

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deve-se colocar a pea na fachada ligeiramente fora de posio, sendo em seguida, pressionada e arrastada at a sua posio final, de modo a romper os filetes da argamassa.

Atingida a posio final, a placa dever ser suficientemente percutida com os dedos e/ou com um martelo de borracha. Aps o assentamento, executar a limpeza em prazo inferior 1 hora com espuma de poliuretano limpa e mida, seguida de secagem com estopa limpa. Promover a raspagem da regio das juntas, retirando o excesso da argamassa colante.

Aplicar a argamassa de rejuntamento sobre as juntas, comprimindo-a de modo a preencher totalmente os vazios cm o auxilio de uma desempenadeira de borracha. Sob condies de forte insolao e ventos, o emboo poder ser umedecido antes da aplicao da argamassa colante. Deve-se controlar o desgaste dos dentes das desempenadeiras denteadas a cada 5 dias. As desempenadeiras que apresentarem desgaste superior 1 mm dever ser substituda ou ter os dentes refeitos. A gua de amassamento dever ser limpa isenta impurezas e/ou substncias estranhas.

5.3.5 Aplicao do rejunte

Misturar o rejunte com gua limpa (nas propores indicadas na embalagem do produto), em um recipiente limpo e seco, protegido do sol, chuva e vento at obter uma massa homognea. Rejuntar com uma desempenadeira de borracha, estendendo o produto somente nas reas das juntas e pressionando a massa de forma a preench-las totalmente.

74

Esperar entre 15 a 40 minutos antes de remover o excesso do produto. Aps este perodo, limpar superficialmente o rejuntamento, utilizando uma esponja macia, mida e limpa. Alisar o material sem comprimi-lo e em seguida utilizar um pano fino e mido para retirar os resduos restantes.

Para o acabamento final, passar levemente sobre as juntas ainda midas um pano fino e mido. Em dias com temperatura acima de 30oC e/ou vento, molhar o material aplicado 1 ( uma ) hora aps a sua aplicao.

5.3.6 Limpeza final da fachada

A limpeza dever ser feita imediatamente aps os procedimentos, para serem evitadas maiores dificuldades na retirada da sobra de material. Deve-se evitar que o material seque e que seja danificado ao ser limpo.

recomendvel que a limpeza do material de rejuntamento sobre a face da placa seja feita aps 15 minutos, com um pano limpo e mido e, aps mais 15 minutos, deve-se finalizar esta limpeza com um pano seco.

A limpeza dever ser eficiente de modo a evitar a necessidade de posterior utilizao de cido muritico na limpeza final. Para limpeza mais pesadas, gua, sabo neutro e palha de ao n 0.

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12. CONCLUSO

Em funo da velocidade das mudanas ocorridas no cenrio da construo civil, o conceito sobre revestimentos cermicos ainda no muito claro para muitos de seus usurios. Sua diversidade acaba enriquecendo nas formas de utilizaes, mas preciso conhecer as diferenas entre um produto e outro, o que obriga aos profissionais da rea (arquitetos, engenheiros, especificadores e tcnicos) a trabalharem com grande informao tcnica, dentro de uma necessria sistematizao, para se ter condies de avaliar seus benefcios e falhas.

A pesquisa abordou os requisitos que um sistema de revestimento cermico deve cumprir. A proteo dos elementos para vedao dos edifcios, as funes de conforto higrotrmico e acstico junto s vedaes, a durabilidade da edificao e a questo custo-benefcio so requisitos esperados pelos revestimentos cermicos.

Pde-se observar que o surgimento de manifestaes patolgicas no est ligado a um nico fator, e sim soma de vrios deles, uma vez que o termo revestimento no pode ser tratado de forma individual e sim de forma dinmica, pois constitui um sistema que trabalha em conjunto - o conceito desse sistema est diretamente relacionado ao conceito de desempenho da edificao como um todo.

O projeto detalhado de uma fachada juntamente com correta especificao tcnica e mo de obra adequada, contribui de maneira direta para a durabilidade de uma edificao composta de revestimentos cermicos, evitando possveis patologias e manutenes.

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13. REFERENCIAS BIBLIOGRFICAS

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ASSOCIAO

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(1996) -

Revestimento de Piso Externo ou Interno com Placa Cermica e com utilizao de

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Argamassa Colante: Procedimento. Rio de Janeiro: Associao Brasileira de Normas Tcnicas, 1996.

ASSOCIAO

BRASILEIRA DE

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TCNICAS. NBR

13755

(1996) -

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