mono iêda pós defesa
TRANSCRIPT
FACULDADES JK COORDENAÇÃO DO CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
IEDA DAS DORES SOUZA
ASPECTOS TEMPORAIS DA AVALIAÇÃO SANITÁRIA E FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE ESPÉCIES DE Capsicum.
Taguatinga, DF, 13 dezembro de 2006.
i
IEDA DAS DORES SOUZA ASPECTOS TEMPORAIS DA AVALIAÇÃO SANITÁRIA E FISIOLÓGICA DE SEMENTES
DE ESPÉCIES DE Capsicum.
Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Ciências Biológicas da Faculdade JK, como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Bacharel em Ciências Biológicas.
Taguatinga, DF, 13 dezembro de 2006.
ii
IEDA DAS DORES SOUZA
ASPECTOS TEMPORAIS DA AVALIAÇÃO SANITÁRIA E FISIOLÓGICA DE SEMENTES
DE ESPÉCIES DE Capsicum.
Aprovada em: 13 de dezembro de 2006.
Prof. MSc. Gilberto Oliveira Brandão
Profa. M.Sc. Heidi Christina Bessler
Prof. D.S. Milton Luiz da Paz Lima.
Orientador
iii
“Ter verdadeiro sucesso na vida é: rir muito e muitas vezes; ganhar o respeito de pessoas
inteligentes; gozar do carinho; ganhar o reconhecimento de pessoas qualificadas e saber
suportar a traição de falsos amigos; apreciar a beleza; procurar o melhor nos demais;
deixar o mundo um pouco melhor; saber que ao menos alguém viveu melhor graças a ti”
(Autor Desconhecido)
i
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelo dom do raciocínio que me destes, agradeço.
Ao coordenador do curso de Biologia, Prof. Gilberto Brandão, pela flexibilidade e
prontidão em me atender como aluna.
Ao meu orientador, professor Milton Luiz da Paz Lima, por ter prontamente atendido o
meu pedido e dedicado horas de seu precioso tempo para que eu pudesse realizar um bom
trabalho.
Ao professor Fernando Araújo pela revisão do trabalho escrito.
A amiga Cátia Lustosa de hoje e sempre, que esteve presente nos momentos oportunos.
À funcionária da Faculdade JK e amiga Fátima Silva, por ter dedicado parte de seu tempo
para que tudo ocorresse como esperado.
Aos amigos pela presença nas horas oportunas.
Aos familiares pelo apoio e dedicação para que eu pudesse concluir meu curso.
ii
Ao meu pai Ivo Joaquim de Souza e minha mãe Isabel das Dores Souza, que sempre me apoiaram. Ao meu filho Aislam Souza Carneiro com amor e aos meus familiares.
DEDICO
iii
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ..............................................................................................................................ii
LISTAGEM DE TABELAS......................................................................................................................v
LISTAGEM DE FIGURAS ......................................................................................................................v
RESUMO ..................................................................................................................................................1
RESUMO ..................................................................................................................................................1
1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................................................2
2. REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................................................4
2.1. Aspectos Econômicos e Importância do Capsicum........................................................................4
2.2. Característica Botânica da Semente ...............................................................................................6
2.3 Patógenos transmitidos por sementes ..............................................................................................7
2.5. Sanidade das Sementes.................................................................................................................10
3. MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................................................12
3.1 Procedimento para obtenção de sementes .....................................................................................12
3.2 Tratamento e limpeza dos Gerbox.................................................................................................13
3.3 Método do “Blotter Test”. .............................................................................................................13
3.3 Condição sanitária e fisiológica das sementes...............................................................................13
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................................15
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................25
iv
LISTAGEM DE TABELAS
Tabela 1. Porcentagem de germinação (PGerm) e porcentagem de Incidência (PInc) de
patógenos (PInc) em sementes de berinjela aos 4º e 5° dias nas 10 repetições (ensaio 2)............ 16
Tabela 2. Ocorrências de fungos encontrados nas sementes de Capsicum e citações em índices de
doenças nacionais e internacionais: ............................................................................................... 22
LISTAGEM DE FIGURAS
Figura 1. Porcentagem de germinação e incidência de patógenos (%) em diferentes tempos de
avaliação em sementes de berinjela (ensaio 1).............................................................................. 15
Figura 2. Porcentagens de germinação (PGerm) e Incidência (PInc) transformadas (log (x+10))
para as espécies de Capsicum avaliadas. ....................................................................................... 17
Figura 3. Porcentagem de germinação (PGerm) e Incidência (PInc) transformadas (log (x+10))
para os diferentes dias de avaliação............................................................................................... 19
Figura 4. Médias da incidência transformada de gêneros de fungos incidentes em sementes de C.
chinense. ........................................................................................................................................ 20
Figura 5. Fungos encontrados em sementes de Capsicum ssp. A e B. conídios de Curvularia sp. ,
C. conidióforo e conídio de Cladosporium sp., D. conídios de Epiccocum sp., E. Conídios
catenulados de Alternaria alternata, F. Conídios de Stemphylium sp. ......................................... 21
v
RESUMO
SOUSA, I.D. & PAZ LIMA, M.L. Aspectos temporais da avaliação sanitária e fisiológica de sementes de espécies de Capsicum*. Trabalho de conclusão de curso de bacharelado em Ciências Biológicas, 2006.
Em muitas situações a atividade fisiológica das sementes é altamente influenciada pela ação de
patógenos representados por fungos, e estes muitas vezes são os principais agentes de
deterioração. O objetivo deste trabalho foi analisar aspectos sanitários e fisiológicos de sementes
de diferentes espécies de Capsicum. Sementes de C. annuum, C. frutescens e C. chinese obtidas
da coleção de germoplasma da Embrapa Hortaliças, utilizando o método “Blotter Test”, num
DIC, utilizando oito repetições, totalizando 200 sementes por espécie de Capsicum avaliadas
quanto a aspectos fisiológicos (porcentagem de germinação PGerm, número de sementes
germinadas dividido pelo total do lote), aspectos sanitários (porcentagem de incidência de
patógenos PInc, número de sementes apresentando sinais do patógeno; porcentagem de gêneros
de fungos PGen, número de sementes com presença de determinado gênero de patógeno dividido
pelo número total de sementes associados a sementes) durante um período de 10 dias. Os fungos
encontrados foram Aspergillus sp., Alternaria sp., Cladosporium sp., Curvularia sp., Epicoccum
sp., Fusarium sp., Penicillium sp., Rhizopus sp. e Stemphylium sp. todos fungos “sensu strictu”.
Entre as espécies de Capsicum analisadas, C. annuum teve a maior atividade fisiológica (PGerm)
diferindo estatisticamente dos demais. Houve maior incidência de patógenos em C. annuum e C.
chinense diferindo estatisticamente das demais espécies analisadas. Os diversidade de fungos
associados a sementes foi maior em C. annuum, espécie de Capsicum mais domesticada.
* Trabalho submetido para publicação no XXX Congresso Paulista de Fitopatologia, Jaboticabal,
SP, 2007.
1
1. INTRODUÇÃO
As vitaminas e minerais contidas em hortaliças desempenham dupla função, elas
contribuem para nos proteger contra as doenças (ação reguladora ou protetora), e também são
construtoras (construção dos tecidos do corpo). As hortaliças fornecem, principalmente, a pró-
vitamina A, a vitamina do complexo B e vitamina C, além de minerais principalmente cálcio,
fósforo e ferro, e fibras necessárias ao bom funcionamento intestinal (IH, 2006).
Cinco séculos depois do descobrimento das Américas, as pimentas passaram a dominar o
comércio das especiarias, sendo de relevância tanto em países de clima tropical como temperado.
As pimentas (doces e picantes), além de serem consumidas frescas, podem ser processadas e
utilizadas em diversas linhas de produtos na indústria de alimentos (CNPH, 2006).
Ainda hoje, o comércio e uso de pimentas continuam grandes e expansivos, seja na
culinária, nas crenças, na medicina alopática ou natural, e inclusive como arma de defesa. São
remédios para artrites (pomadas a base de capsaicina), dores musculares (emplastro ‘Sabiá’), dor
de dente, má digestão, dor de cabeça e gastrite (CNPH, 2006).
O germoplasma de pimenta e pimentão (Capsicum spp.) é à base de uma importante parte
do mercado de hortaliças frescas do Brasil, além de base do desenvolvimento do forte segmento
de condimentos, temperos e conservas a nível mundial. Cerca de 12.000 ha de pimenta e
pimentão são cultivados no Brasil anualmente, envolvendo recursos da ordem de 1,5 milhões de
dólares somente na comercialização de sementes. O conhecimento e organização deste
germoplasma são fundamentais para que haja maior uso dos genótipos disponíveis e, por
conseguinte, contínuo desenvolvimento de cultivares mais produtivas, de maior qualidade e com
resistência a doenças (Torres & Minami, 2000).
A qualidade fisiológica tem sido um dos aspectos mais pesquisados nos últimos anos em
decorrência das sementes estarem sujeitas a uma série de mudanças degenerativas de origem
2
bioquímica, fisiológica e física após a sua maturação as quais estão associadas com a redução do
vigor (CNPH, 2006).
Sempre em testes de sanidade para cada espécie de planta testada existem grupos de
patógenos, mais especificamente fungos, que aparecem rotineiramente. No momento da
germinação, nos primeiros estádios de desenvolvimento, normalmente as plântulas são muito
afetadas pela incidência de fungos associados a sementes (Bergamin Filho et al., 1995).
O objetivo deste trabalho é analisar os aspectos temporais da qualidade sanitária e
fisiológica de sementes de Capsicum annuum (pimentão), C. frutescens (pimenta) e C. chinense
(pimenta), além de observar a incidência e ocorrência de fungos associados a sementes. Além de
observar a incidência e ocorrência de patógenos, com ênfase em fungos associados a sementes de
Capsicum spp.
3
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Aspectos Econômicos e Importância do Capsicum
Com a chegada dos navegadores portugueses e espanhóis ao continente americano, muitas
espécies de plantas foram descobertas, entre elas as pimentas. As pimentas do gênero Capsicum
já eram utilizadas pelos nativos e mostraram-se mais picantes (pungentes) que a pimenta-do-reino
ou pimenta-negra, do gênero Piper (muito confundida), cuja busca foi, possivelmente, uma das
razões das viagens que culminaram com o descobrimento do Novo Mundo (SPP, 2006).
Diversos relatos de exploradores do Brasil - Colônia demonstram que a pimenta era
amplamente cultivada e representava um item significativo na dieta das populações indígenas. A
capsaicina, principal elemento responsável pela pungência (picancia) das pimentas, é a única
substância que, usada externamente no corpo, gera endorfinas internamente que promovem uma
sensação de bem-estar, acionando o potencial imunológico (SPP, 2006).
Os índios Caetés foram os primeiros brasileiros a usar a pimenta como arma, sem
imaginar que séculos depois a oleorresina de pimenta em aerossol ou em espuma, os famosos
“pepper spray” e “pepper foam”, seriam utilizados pela polícia moderna (SPP, 2006).
É igualmente substancial a contribuição histórica brasileira na dispersão destas plantas
pelo mundo, eficientemente feita pelos navegadores portugueses e pelos povos que eram
4
transportados em suas embarcações. As rotas de navegação no período 1492-1600 permitiram
que as espécies picantes e doces de pimentas viajassem pelo mundo. Desta forma, as pimentas
foram então introduzidas na África, Europa e posteriormente na Ásia (SPP, 2006).
Atualmente, a China e a Índia tem mais de um milhão de hectares cultivados com
Capsicum, e os tailandeses e os sul-coreanos são tidos como os maiores consumidores de pimenta
do mundo. Cada pessoa come de cinco a oito gramas por dia (Reifschneider, 2000).
A mesoamérica é o centro de origem do gênero Capsicum (Solanaceae), sendo o Brasil o
centro de diversidade, com mais de 20 espécies diferentes (Long Solis, 1986). A diversidade não
se resume aos aspectos fenológicos, mas também ampla variabilidade quanto resistência à
doenças (Reifschneider, 2000).
O cultivo de pimentas ocorre praticamente em todas as regiões do Brasil, sendo um dos
melhores exemplos de cultura para agricultura familiar e de integração pequeno agricultor-
agroindústria. A área anual cultivada é de cerca de dois mil ha e os principais estados produtores
são MG, GO, SP, CE e RS. A produtividade média depende do tipo de pimenta cultivada,
variando de 10 a 30 ton.ha-1. A crescente demanda do mercado, estimada em 80 milhões de reais
ao ano, tem impulsionado o aumento da área cultivada e o estabelecimento de agroindústrias,
tornando o agronegócio de pimentas (doces e picantes) um dos mais importantes do país. Além
do mercado interno, parte da produção brasileira de pimentas é exportada em diferentes formas,
como páprica, pasta, desidratada e conservas ornamentais (Reifschneider, 2000).
É necessário que se conheça a diversidade genética dos acessos cultivados e silvestres
mantidos em coleções de pimenta e pimentão. Apesar de ser centro de origem e diversidade do
gênero Capsicum, pouco se sabe sobre as espécies nativas do Brasil, encontradas principalmente
em áreas da Mata Atlântica e da Amazônia. Coleções de germoplasma de Capsicum existentes no
país necessitam de enriquecimento, caracterização genética e organização dos dados para
5
aumentar o uso do germoplasma em programas de melhoramento. Este germoplasma é fonte de
genes de importância econômica como resistência a doenças, sabor, aroma, cor, tipo de fruto ou
produtividade (Torres & Miname, 2000).
2.2. Característica Botânica da Semente
A semente é o óvulo que contém um embrião, em estado de vida latente, envolta pela
casca (às vezes endosperma). É o principal órgão de reprodução das espermatófitas, formados
pelos microsporófilos das flores (Reis & Casa, 1996).
Uma das mais espetaculares inovações que surgiram durante a evolução das plantas
vasculares foi a semente (“sperma”). As sementes são um dos principais fatores responsáveis pela
dominância das angiospermas na flora atual, uma dominância que gradualmente cresceu ao longo
de um período de várias centenas de milhões de anos. A razão é simples: a semente tem um
grande valor de sobrevivência. A proteção que a semente confere ao embrião, além do alimento
armazenado que lhe está disponível nos estágios críticos da germinação e estabelecimento dão às
plantas com sementes uma grande vantagem seletiva em relação aos grupos relacionados dotados
de esporos livres e aos seus grupos ancestrais, isto é, as plantas que liberam seus esporos (Raven
et al., 2001).
O vigor da semente é uma característica fisiológica determinada pelo genótipo e
modificada pelo ambiente, que governa a capacidade de uma semente produzir rapidamente uma
plântula no solo; é o limite de tolerância da semente a uma gama de fatores ambientais. Os
microorganismos fitopatogênicos que infectam as sementes durante a sua formação, maturação,
colheita, transporte, beneficiamento e armazenamento podem prejudicar o seu desempenho, sob
condições apropriadas de armazenamento ou de campo (Reis & Casa, 1996).
6
2.3 Patógenos transmitidos por sementes
A maioria das culturas destinadas à produção de alimentos está sujeita ao ataque de doenças,
sendo grande parte dos seus agentes etiológicos transmitidos pelas sementes. No caso específico
do Capsicum mais de 50% das suas principais enfermidades têm seus agentes causais
transmitidos através das sementes (Marques, 2005).
As sementes de pimenta (Capsicum sp) podem ser infectadas por grande número de
patógenos associados internamente e externamente à semente, constituindo-se, um dos principais
processos de disseminação a longas distâncias e a novas áreas. Do ponto de vista fitopatológico, a
importância da associação patógeno-semente não reside apenas no fato de ser mais um processo
de disseminação, mas também por se constituir no meio de sobrevivência do patógeno em contato
direto com o hospedeiro. Entre as doenças de maior importância econômica para a cultura,
apenas a ferrugem e o mosaico-dourado não são transmitidos via semente (Reifschneider, 2000).
Muitos fungos como exemplo Aspergillus sp., Penicillium sp., Botritis sp. são freqüentemente
encontrados em testes de sanidade, devido sua associação saprofítica e superficial as sementes
(Menten, 1995).
Sua disseminação também se verifica por meio de escleródios (compactação de hifas), de
esporos e de solo contaminado. Embora o fungo possa ser transmitido de um campo para outro
pelo movimento de solo, água de irrigação ou chuva, o meio de transmissão mais eficiente é
através da semente (Marques, 2005).
A presença de agentes causadores de doenças nas sementes de diversas culturas afeta a
germinação, emergência de plântulas, vigor e produção, além de representar um perigo potencial
de disseminação dos patógenos à próxima geração e às novas áreas (Menten, 1995).
Os patógenos podem estar associados à semente tanto endofiticamente quanto epifiticamente,
ou entre elas. As sementes podem ou não evidenciar sintomas da doença. Diz-se que a semente
7
está doente ou infectada quando exibe sintomas da doença, porém, mesmo assim, podem produzir
plântulas sadias (Reis & Casa, 1996).
Podem-se distinguir três tipos de patógenos em sementes: a) patógeno acompanha a
semente do hospedeiro, mas não adere a ela podendo estar sempre presente em pedaços de restos
culturais infectados como glumas, raques e nós; b) patógeno está passivamente aderido
externamente à semente deixando a semente infestada; c) patógeno localizado internamente na
semente causando infecção micelial no pericarpo e no endosperma (Reis & Casa, 1996). E sobre
estas sementes podemos encontrar uma microfauna em laboratório, que nem sempre podem agir
de forma patogênica no campo, pois existem gêneros de fungos amplamente relatados como
causadores possíveis causadores de doenças, contudo podem viver de forma saprofítica como
ocorre os gêneros Sthemphylium, Alternaria, Curvularia e Bipolaris. Isto se deve ao fato, da
flexibilidade que alguns gêneros de fungos se nutrem de forma saprofítica facultativa ou
parasítica facultativa, ou seja, transitam entre um hábito de alimentação sob material vivo e
material morto.
A carência de dados sobre a quantificação de doença, danos e perdas causados por
patógenos transportados por sementes tem sido a principal limitação para um novo fluxo de
expansão da patologia de sementes no Brasil (Menten, 1995).
As doenças, em especial, podem ser controladas através do uso de cultivares resistentes,
estratégia ecologicamente desejável pela redução ou eliminação da necessidade do uso de
agrotóxicos. Os argumentos que mais sensibilizam os agricultores e técnicos em agricultura são
os econômicos, ou seja, as perdas em dinheiro decorrentes do emprego de sementes portadoras de
agentes causais de doenças (Menten, 1995).
Apesar da importância da patologia de sementes, ainda não se exige que um lote de
sementes para comercialização seja acompanhado de um certificado de sanidade. O que seria
8
ideal, pois a porcentagem de germinação geralmente não revela problemas que os patógenos
podem causar à semente ou à cultura. Um lote pode estar com porcentagem de germinação dentro
dos padrões exigidos, mas também estar transportando microrganismos que não afetam a
qualidade fisiológica das sementes nas condições de laboratório, porém se manifestarão em
condições de campo, afetando a germinação ou causando doença na cultura em desenvolvimento.
De outro lado, se um lote de sementes apresentar baixo poder germinativo, podendo-se observar
nos testes plântulas anormais e sementes mortas devido a infecção, é necessário que se faça um
teste de sanidade a fim de detectar que patógeno pode estar causando o problema e como
solucioná-lo. Assim é muito importante a análise de sanidade das sementes, conjuntamente com
as análises de pureza física e germinação que são exigidas para que a semente certificada seja
comercializada (Moraes, 1995).
2.4 Ocorrência de fungos em sementes
Os fitopatologistas esbarram em algumas dificuldades, entre elas como estabelecer os
limites entre o que é normal ou sadio e o que é anormal ou doente; como separar doença de uma
simples injúria física ou química; como separar doença de praga ou de outros fatores que afetam
negativamente o desenvolvimento das plantas (Bergamin Filho et al., 1995).
A doença tem sido vista como uma relação entre dois organismos de um lado a planta que
recebe a denominação de hospedeiro e de outro, o agente causal, chamado patógeno num
ambiente favorável a interação. Existe, no entanto, quando nos relacionamos aos agentes causais,
organismos representados pelas bactérias, fungos, vírus e nematóides que causam doença, mas
numa determinada fase da vida, e em outra sobrevive em material morto, de forma saprofítica.
No caso de vírus vivem nos vetores, células bacterianas ou células hospedeiras da partícula viral.
(Bergamin Filho et al., 1995).
9
Os fungos constituem um grupo numeroso de microorganismos, bastante diversificado
filogenicamente, mas de grande importância ecológica e econômica. Este grupo reúne algumas
características básicas que permitem separá-lo de outros seres vivos, formando um reino à parte
denominados fungos “sensu strictu” ou fungos verdadeiros representados pelos Filos
Chytridiomicota, Basidiomicota, Ascomicota e Zigomicota. As características mais importantes
são o talo eucariótico, heterotrofismo, absorção de nutrientes e formação de esporos (Bergamin
Filho et al., 1995). Paz Lima et al. (2002) registraram os principais patógenos encontrados
associados a sementes de Capsicum annuum tais como Alternaria alternata, Aspergillus, Bacillus
sp., Bipolaris sp., Chaetomium sp., Colletotrichum capsici, Curvularia sp., Fusarium sp., Mucor
sp., Penicillium sp. e Rhizopus sp. que podem muitas vezes serem considerados saprófitas.
2.5. Sanidade das Sementes
A sanidade de sementes refere-se a presença ou ausência de agentes patogênicos, tais
como fungos, bactérias, vírus e nematóides. Entretanto, pode também estar relacionada a
anomalias decorrentes de alterações nutricionais e condições climáticas adversas ocorridas no
campo, no processamento ou no armazenamento (MARA, 1992).
O objetivo de qualquer teste de sanidade é determinar o estado sanitário de uma amostra
de sementes e consequentemente, do lote que representa, obtendo-se assim, informações que
podem ser usadas para comparar a qualidade de diferentes lotes de sementes ou determinar a sua
utilização comercial (MARA, 1992).
Os patógenos transmitidos por sementes podem servir de inóculo inicial para o
desenvolvimento progressivo da doença no campo, além dos lotes de sementes importadas podem
introduzir patógenos em áreas isentas (quarentena), e os testes de sanidade pode auxiliar a
10
avaliação das plântulas e as causas de uma baixa germinação e de baixo vigor, complementando
os testes de germinação (MARA, 1992).
Normalmente as sementes ficam incubadas em condições favoráveis para o
desenvolvimento de patógenos ou manifestação de sintomas por eles causados. E nas mesmas
normalmente é empregado um pré-tratamento, que pode ser físico (uso de temperatura,
escarificação das sementes) ou químico (uso de fungicidas e hipoclorito de sódio) sob a amostra
de trabalho, precedendo a incubação e utilização somente para facilitar o teste de avaliação do
lote de semente (exemplos de germinação, teste de sanidade, teste do rolo e teste de tetrazólio). O
mais comum é a assepsia superficial com Hipoclorito de sódio, NaOCl (1%) por três minutos
para eliminação de microorganismos contaminantes e saprofíticos, e consequentemente a
evidenciação dos patógenos situados internamente (MARA, 1992).
A sanidade das sementes é uma característica relevante da sua qualidade e desempenho
sendo determinada através de análises apropriadas. Há necessidade de se determinar os efeitos
dos patógenos associados a sementes (redução do estande, debilitação das plantas, inóculo inicial
de epidemias), os quais devem ser detectados, identificados e manejados (controle no campo e
tratamento de sementes). Também é importante evitar a entrada de patógenos exóticos (oriundos
de outra região diferente da encontrada) em áreas isentas através da quarentena, assim como
reduzir a deterioração das sementes durante o armazenamento devido à ação dos microrganismos.
Estes aspectos justificam a patologia de sementes como um ramo da ciência agronômica que
envolve a fitopatologia e a tecnologia de sementes (Moraes, 1995).
11
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Para fins de treinamento em avaliação de sementes, foram realizados dois ensaios
utilizando sementes de berinjela com os seguintes materiais: gerbox (caixa plástica), placas de
Petri plástica, pinça, papel toalha, água destilada e sementes cultivadas de berinjelas cv. “Ciça”,
oriundas da Embrapa Hortaliças.
No primeiro ensaio avaliou-se a incidência de patógenos e a porcentagem de germinação
de patógenos em sementes de berinjela. Foram utilizados um gerbox e cinco placas de Petri,
lavados com água sanitária três % e enxaguados em água corrente, sendo colocado o papel toalha
não esterilizado cortado, umedecido com água dentro do Gerbox, então se dispôs às sementes de
forma organizada totalizando 36 sementes de berinjela no gerbox e 20 nas placas de Petri.
Utilizou-se placa de petri e Gerbox apenas para treinamento.
No segundo ensaio avaliou-se a porcentagem de incidência e germinação de patógenos
novamente em berinjela sendo utilizados dez Gerbox lavados com água sanitária a 30 % e
enxaguados em água corrente. Depois, foram dispostos papéis toalhas esterilizados umedecidos
com água destilada em cada Gerbox. As sementes foram dispostas de forma uniforme (25
sementes por Gerbox).
3.1 Avaliação de sementes de Capsicum.
Os experimentos foram conduzidos no Laboratório da Faculdade JK, em Brasília, DF, no
período de fevereiro a setembro de 2006, com sementes do banco de germoplasma da Embrapa
Hortaliças (CNPH). Os experimentos foram organizados num delineamento inteiramente
casualizado contendo quatro tratamentos (Capsicum annuum, C. frutescens e C. chinense);
utilizasse 200 unidades experimentais por espécie), oito repetições contendo 25 sementes por
repetição, totalizando 800 unidades experimentais.
12
3.2 Tratamento e limpeza dos Gerbox.
Através da lavagem superficial fez-se assepsia com álcool (70%), logo após com
hipoclorito de sódio (NaOCl a 1%), passado por duas lavagens com água destilada. Adicionou-se
papel mata-borrão nos Gerbox lavados e limpos assepticamente, umedecidos com água destilada,
e imediatamente tampados.
3.3 Método do “Blotter Test”.
O método de avaliação de sementes utilizado foi o “Blotter Test”, que consiste na
utilização de caixas de plástico e distribuição de sementes em ambiente de 100 % de saturação de
umidade para promoção das melhores condições de germinação e desenvolvimento de patógenos.
Utilizou-se 200 sementes de cada amostra por espécie que foram acondicionadas uniformemente
para que tivessem o mesmo espaço para desenvolvimento, e estas permaneceram sob temperatura
ambiente.
3.4 Condição sanitária e fisiológica das sementes.
A quantidade de semente utilizada no experimento foi escolhida de acordo com as normas
do Ministério da Agricultura (Mara, 1995). As sementes incubadas foram avaliadas quanto ao
número de sementes infestadas por patógenos dividido pelo número de sementes totais
(Incidência de patógenos-PInc), número de sementes germinadas dividido pelo número de
sementes totais da repetição (Porcentagem de germinação-PGerm), e o número de sementes
infestadas por gêneros dividida pelo número total de sementes da repetição (porcentagem de
gêneros de fungos-PGen). Durante o período de 10 dias o experimento foi avaliado.
A avaliação da porcentagem de germinação e incidência de patógenos foi avaliada a olho
nu, e quando era duvidosa, observava-se a repetição em lupa estereoscópica. A identificação dos
gêneros de fungos foi realizada utilizando lâminas semi-permanentes, e microscópio composto,
para observação e análise das estruturas morfológicas, e identificou-se através de Barnett &
Hunter (1999).
13
3.5 Análise dos resultados.
A incidência é uma medida quantitativa onde mede-se a porcentagem de patógenos pelo
número de plantas ou partes vegetativas, resultando num valor em porcentagem. E a ocorrência é
uma medida qualitativa que mede a presença ou não do patógeno, podendo muitas vezes referir-
se apenas ao registro da associação planta patógeno.
A fim de verificar o efeito do fator espécies de Capscium, fez-se Análise de Variância
(ANOVA) e Teste de Comparação de Médias (Teste Tukey, p<0,05), para os parâmetros PInc,
PGerm e PGen. Os três parâmetros foram transformados por log (x+10) por não satisfazerem as
premissas dos testes paramétricos e o aparecimento de muitos valores de zero no conjunto de
dados, de forma que os mesmos satisfaçam as premissas dos testes paramétricos. Fez-se análise
de correlação entre as variáveis dependentes (PGerm e PInc).
14
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Ensaios de avaliação fisiológica e patogênica de sementes de berinjela
Primeiro ensaio.
A umidade do papel foi observada até o quarto dia. Entre as placas de Petri e os Gerbox a
melhor manutenção da umidade ocorreu para o ensaio feito com gerbox.
Nestas placas houve aparecimento de fungos do papel toalha devido a contaminação
(papel não esterilizado), principalmente pelos fungos Rhizopus sp. (filo Zygomicota), Alternaria
sp., Penicillium sp., Aspergillus sp. e Cladosporium sp (Hifomicetos).
A incidência e germinação de patógenos em semente de berinjela aumentou
proporcionalmente nos diferentes dias de avaliação, sendo representado pela equação de
regressão (Figura 1).
y = 11.398x - 10.694R2 = 0.9687
0
5
10
15
20
25
30
35
40
4 5 6 7
Dias de avaliação
Ger
min
ação
(%)
y = 11.787x + 9.3056
R2 = 0.9466
0.0
10.0
20.0
30.0
40.0
50.0
60.0
4o. Dia 5o. Dia 6o. Dia 7o. Dia
Dias de Avaliação
Inci
dênc
ia (%
)
Figura 1. Porcentagem de germinação e incidência de patógenos (%) em diferentes tempos de avaliação em sementes de berinjela (ensaio 1).
Segundo Ensaio.
15
No 2º ensaio o papel toalha foi esterilizado, podendo observar-se a não incidência de
fungos (associados ao papel), como ocorreu no 1º ensaio, assim a incidência de fungos ficou
restrita única e exclusivamente a sementes avaliadas no ensaio.
Houve uma boa umidade no gerbox com o papel toalha durante todo o período de
avaliação. Os fungos incidentes neste segundo ensaio foram: Rhizopus sp. (filo Zygomicota),
Alternaria sp., Penicillium sp., Aspergillus sp., Cladosporium sp. e Fusarium sp. (Hifomicetos).
Pode-se observar que houve um acréscimo da incidência de patógenos e germinação nas
repetições analisadas (Tabela 1).
Tabela 1. Porcentagem de germinação (PGerm) e porcentagem de Incidência (PInc) de patógenos (PInc) em sementes de berinjela aos 4º e 5° dias nas 10 repetições (ensaio 2). 4o. Dia 5o. Dia
Inc Inc1 24 282 12 163 24 324 20 205 20 206 24 247 44 488 76 769 36 48
10 24 24
Repetição4o. Dia 5o. DiaGerm Germ
1 56 642 56 643 72 724 76 845 64 686 72 727 52 648 36 409 52 60
10 80 92
Repetição Fez-se apresentação dos dados sob gráficos e tabelas apenas por motivos de treinamento
em plotagem e avaliação dos dados.
4.2. Avaliação sanitária e fisiológica de sementes de Capsicum spp.
As sementes de Capsicum iniciaram a germinação coincidentemente com o aparecimento
de patógenos, aos quatro dias de incubação. A incidência de fungos nas duas espécies aumentou
bastante a partir do sétimo dia.
Dados da PGerm e da PInc foram submetidos ao teste ANOVA, rejeitando-se a hipótese
de nulidade para o fator espécies (C. annuum, C. chinense (1), C. chinense (1) e C. frutescens;
16
PGen% transformada F3,140=123,83** e PInc% transformada F3,140=224,58**), dias de avaliação
(2, 4, 6, 8 10 dias após a incubação; PGen% transformada F4,140=223,68** e PInc% transformada
F4,140=86,82**) e interação (espécies x dias de avaliação; PGen% transformada F12,140=15,10** e
PInc% transformada F12,140=28,06**). O controle negativo não foi elaborado devido
características ecológicas de associação de fungos as sementes sendo este tipo de metodologia
usualmente utilizada para este modelo de avaliação de sementes.
Entre as espécies de Capsicum analisadas C. annuum teve a maior atividade fisiológica
(PGerm) diferindo estatisticamente das demais. Houve maior incidência de patógenos em C.
annuum e C. chinense diferindo estatisticamente das demais espécies analisadas. A espécie nativa
de C. frutescens destacou-se pelo fato de apresentar a menor atividade fisiológica (Figura 2). O
pimentão que é a espécie domesticada de Capsicum teve maior atividade fisiológica e sanitária
nos lotes avaliados podendo sua germinabilidade estar ligada ou não, aos danos de patógenos.
a
a
ba c
bd
c
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
1.6
1.8
C. annuum C. chinense C. chinense C. frutescens
Pgerm%Pinc%
(Valores seguidos de mesma letra entre as espécies não diferem entre si ao Teste Tukey p~0,05).
Figura 2. Porcentagens de germinação (PGerm) e Incidência (PInc) transformadas (log (x+10)) para as espécies de Capsicum avaliadas. Nos diferentes dias de avaliação tanto PGerm e PInc tiveram aumentos estatisticamente
crescentes nos diferentes dias de avaliação (Figura 3). Houve progresso da incidência de
17
patógenos e da porcentagem de germinação havendo as maiores médias aos 10 dias de incubação,
diferindo estatisticamente dos demais (Figura 3).
18
a
a
b
bc
cd
d e e
00.20.40.60.8
11.21.41.61.8
2
10 daí 8 daí 6 daí 4 daí 2 daí
Pgerm%Pinc%
Daí – dias de incubação
Figura 3. Porcentagem de germinação (PGerm) e Incidência (PInc) transformadas (log (x+10)) para os diferentes dias de avaliação. A correlação entre a variável porcentagem de germinação e incidência de patógenos,
resultou numa relação de +45,95 %**. À medida que a incidência de patógenos em sementes de
Capsicum aumenta a PGerm em 59,91 %, ou seja, uma relação positiva e significativa contudo
pequena elevação entre as variáveis fisiológica e patogênicas entres as quatro espécies de
Capsicum analisadas.
As plantas selvagens diferenciam em relação às plantas melhoradas por apresentarem
menores produtividades e resistência a doenças. Desta forma, em plantas melhoradas existe uma
tendência a serem encontrados microrganismos associados em maior freqüência, devido à perda
de genes de resistência no processo de melhoramento permitindo associação destes. E estas,
possuem uma atividade metabólica (maior atividade fisiológica) explicando assim a maior
atividade fisiológica e sanitária de sementes de Capsicum annuum, encontrada neste trabalho. O
pimentão (C. annuum) é uma espécie de pimenta domesticada para redução de capsaicina (Figura
2).
19
Houve diferença significativa entre os gêneros de fungos incidentes sobre os genótipos de
Capsicum chinense (F8,63=2,05*), não havendo diferença significativa para C. annuum
(F8,63=1,99ns) e a outra espécie de C. chinense (F8,63=1,66ns).
bbbbbabab
aa
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
Cladosporium Pennicillium Eppicoccum Rhizopus Alternaria Curvularia Bipolaris Stemphyllium Aspergillus
Gêneros de fungos
Inci
dênc
ia d
e gê
nero
s de
fung
os (%
Figura 4. Médias da incidência transformada de gêneros de fungos incidentes em sementes de C. chinense. Os fungos encontrados associados a sementes foram Aspergillus sp., Alternaria alternata
(Figura 5E), Cladosporium sp. (Figura 5C), Curvularia sp. (Figura 5 A e B), Epicoccum sp.
(Figura 5D), Fusarium sp., Penicillium sp., Rhizopus e Stemphylium sp. (Figura 5F). Os gêneros
de fungos mais incidentes em C. chinense foram Cladosporium sp. (Figura 5C) e Pennicillium sp.
diferindo estatisticamente dos demais (Figura 4). A seguir, na Tabela 2 vêem-se os registros de
ocorrência dos gêneros de fungos encontrados nas três espécies de Capsicum analisados.
Os gêneros encontrados em C. chinense também foram encontrados em C. annuum.
20
A
D C
E
F
B
Figura 5. Fungos encontrados em sementes de Capsicum ssp. A e B. conídios de Curvularia sp. , C. conidióforo e conídio de Cladosporium sp., D. conídios de Epiccocum sp., E. Conídios catenulados de Alternaria alternata, F. Conídios de Stemphylium sp.
21
Tabela 2. Ocorrências de fungos encontrados nas sementes de Capsicum e citações em bancos de dados de fungos associados a plantas*.
Gêneros de patógenos
Alfieri Jr. et al. (1984) Estado da Flórida, EUA
Mendes et al. (1998) Brasil
Embrapa (2006) Brasil
Farr et al. (2006)
(Mundial) Alternaria Registrado Registrado Registrado Registrado Aspergillus Não Registrado Registrado Registrado Registrado Cladosporium Não Registrado Registrado Registrado Registrado Curvularia Registrado Não Registrado Não Registrado Registrado Epicoccum Não Registrado Não Registrado Registrado Registrado Fusarium Registrado Registrado Registrado Registrado Penicillium Não Registrado Não Registrado Não Registrado Registrado Rhizopus Não Registrado Registrado Registrado Registrado Stemphylium Registrado Registrado Registrado Registrado
*Os locais citados ao lado dos autores dos bancos de dados correspondem à abrangência dos registros
Todos os gêneros de fungos foram registrados em pelo menos um banco de dados ou
índice de doenças, havendo casos de não registro em um Banco de dados específico. Os fungos
Stemphylium sp., Fusarium sp. e Alternaria sp., encontrados nas sementes de Capsicum
analisadas, encontram-se registrados em todos os bancos de dados consultados. Possivelmente
para os demais gêneros a identificação da espécie pode ser uma importante informação etiológica
promovendo uma maior elucidação sobre os fungos associados a sementes de Capsicum (Tabela
2).
Os fungos foram identificados na categoria de gênero, provavelmente se fosse identificada
a espécie fúngica novos registros de ocorrência poderiam ser apresentados em literatura
brasileira.
Alfieri et al. (1984) registraram em Capsicum spp. os fungos Alternaria solani,
Aspergillus sp., Cladosporium sp., Curvularia lunata, Epicoccum sp., Fusarium oxysporum,
Penicillium sp., Stemphylium botryosum, Stemphylium floridanun e Stemphylium solani.
Os fungos associados a Capsicum spp. no índice de fungos em plantas do Brasil (Mendes
et al., 1998), foram Alternaria (A. alternata, A. brassicae e A. solani), Aspergillus niger,
22
Cladosporium (C. cucumerinum e C. oxysporum), Curvularia sp., Epiccocum sp., Fusarium (F.
acuminatum, F. moniliforme, F. oxysporum, F. pallidoroseum e F. solani), Penicillium sp. e
Stemphylium solani. Sendo que as maiores freqüências de registros ocorreram para F. solani sp. e
F. oxysporum sp.
No índice americano de ocorrência de fungos Farr et al. (2006) observaram a ocorrência
das espécies Alternaria (A. alternata, A. brassicae, A. capsici, A. melongenae, A. solani, A. tenuis
e A. tenuissima), Aspergillus niger, Cladosporium (C. capsici, C. cladosporioides, C.
cucumerinum, C. herbarum, C. oxysporum, C. piperatum e C. solanicola), Curvularia (C.
clavata, C. cragiostides, C. geniculata, C. lunata, C. ovoidea, C. pallescens e C. spicifera),
Epicoccum nigrum, Fusarium (F. acuminatum, F. annuum, F. culmosum, F. equiseti, F. flavum,
F. graminearum, F. moniliforme, F. niveum, F. oxysporum, F. pallidoroseum, F. semitectum, F.
solani e F.vasinfectum), Penicillium (P. chrysogenum, P. decumbens, P. oxalicum e P. urticae),
Stemphylium (S. botruosum, S. floridanum, S. lycopersici e S. solani).
No banco de dados brasileiro de ocorrência de fungos (Embrapa, 2006) observaram-se
registros em Capsicum spp., dos seguintes fungos Alternaria (A. alternata, A. brassicae, A. solani
e A. tenuis), Aspergillus niger, Cladosporium (C. cucumerinum e C. oxysporum), Epicoccum
nigrum, Fusarium (F. arthrosporioides, F. oxysporum, F. pallidoroseum e F. solani),
Stemphylium solani.
Ao considerar as três espécies de Capsicum simultaneamente a atividade fisiológica não
foi inteiramente influenciada pela ação de agentes patogênicos.
Provavelmente a espécie domesticada de Capsicum representada pelos pimentões (C.
annuum), possui menor quantidade de inibidores a infestação de patógenos em sementes do que
as demais espécies avaliadas (C. chinense e C. frutescens).
23
A atividade patogênica e fisiológica das sementes de Capsicum nas espécies analisadas
apresentaram relação inversa somente para C. annuum, quanto que nas demais espécies como C.
chinense e C. frutescens que são espécies nativas, o relacionamento foi diretamente proporcional.
Todos os gêneros de fungos foram registrados em pelo menos um banco de dados
analisados, havendo necessidade de maiores estudos na identificação das espécies
Desta forma, este trabalho demonstrou a relação da atividade patogênica e fisiológica para
C. annuum, além de se observar maior valor incidência de fungos considerados como saprofíticos
(existe a possibilidade de serem parasitários em condições de campo) e menor valor de incidência
de fungos citados em literatura como parasitários. Deste modo, sugere-se que o aumento
incidência de patógenos possa estar associado a domestificação da espécie de Capsicum.
24
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALFIERI JR, S.A., LANGDON, K.R., WEHLBURG, C., KIMBROUGH, J.W. Index of plant diseases in Florida. Florida: Division of Plant Industry, 1984.
BARNETT, H.L. & HUNTER, B.B. Illustred genera of Imperfect fungi. The American Phytopathological Society, St. Paul, Minnesota, 1999.
BERGAMIN FILHO, A.B.; KIMATI, H.; AMORIM, L. Manual de Fitopatologia. 3ª ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 1995.
CNPH – Centro Nacional de Pesquisa de hortaliças, Uso da diversidade genética de pimentas e pimentão para o desenvolvimento de genótipos de interesse do agronegócio brasileiro, disponível em:<http://www.cnph.embrapa.br/projetos/capsicum/indexf3sub1.htm>, consultado em 10 de abril de 2006.
EMBRAPA, Centro Nacional de Perquisa de Recursos genéticos. Disponível em:<http:\\www.cenargen.embrapa.br>, acessado em outubro de 2006.
FARR, D.F., ROSSMAN, A.Y., PALM, M.E. & McCRAY, E.B. (n.d.) Fungal Databases, Systematic Botany & Mycology Laboratory, ARS, USDA. Disponível em:<http://nt.ars-grin.gov/fungaldatabases/>. Acessos em junho de 2006.
IH - Importância das Hortaliças. Disponível em: <http://www.agridata.mg.gov.br/importan.html>, acessado em março de 2006.
LONG-SOLIS, J. Capsicum Y cultura: La historia del chili. 1:1-181 1986.
MARA – Ministério da Agricultura e Reforma Agrária (Brasil). Regras para análise de sementes, In: Teste de Sanidade de Sementes. 1992. Brasília, DF.
MARQUES, R.O. Qualidade fisiológica e sanitária de sementes de feijão oriundos da safra 2005 de regiões próximas a Unaí (MG), Paracatu (MG) e Cristalina (GO) (Monografia de Final de Curso). Unaí, Faculdade de Ciências e Tecnologia de Unaí, 2005.
MENDES, M.A.S., SILVA, V.L., DIANESE, J.C., FERREIRA, M.A.S.V., SANTOS, C.E.N., GOMES NETO, E., URBEN, A.F. & CASTRO, C. Fungos em plantas do Brasil. Embrapa, Brasília, DF, 1998.
MENTEN, J.O.M. Prejuízos causados por patógenos associados às sementes. In: MENTEN, J.O.M. Patologia de sementes. Piracicaba, SP. 1995.
MORAES, M.H.D. Testes de sanidades de sementes em rotina no Brasil: Situação atual, contribuições e perspectivas. In: MENTEN, J.O.M. Patologia de sementes. Piracicaba, SP. 1995.
PAZ LIMA, M.L., COSTA, S.B., HENZ, G.P. & RIBEIRO, C.S.C. Qualidade sanitária e fisiológica das sementes de Capsicum annuum produzidas pela Embrapa Hortaliças, Simpósio Brasileiro de Patologia de Sementes. Sete Lagoas/MG. 2002.
RAVEN, P. H. EVERT, R. F. EICHHORN, S. E. Biologia Vegetal. 6ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
REIFSCHNEIDER, F.J.B. (Ed.) Capsicum, pimentas e pimentões no Brasil. Ed. Embrapa, Brasília/DF, 2000.
REIS, E.M. & CASA, R.T. Manual de identificação e controle de doenças de milho. Passo Fundo: Aldeia Norte, 1996.
SPP - Sistema de Produção de Pimentas. Disponível em: http://www.cnph.embrapa.br/sistprod/pimenta, acessado em junho de 2006.
TORRES, S.B. & MINAMI, K. Qualidade fisiológica de sementes de pimentão. Scientia Agrícola 57(1): 2000.
25