monitoramento e mitigação de atropelamento de fauna

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  • 7/30/2019 Monitoramento e Mitigao de Atropelamento de Fauna

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    Ministrio dos Transportes

    Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

    Diretoria de Planejamento e Pesquisa

    Coordenao Geral de Meio Ambiente

    Monitoramento

    e Mitigao de

    Atropelamentos de Fauna

    BrasliaJunho de 2012

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    3 MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    Diretor GeralJorge Ernesto Pinto Fraxe

    Diretor ExecutivoTarcsio Gomes de Freitas

    Diretor de Infraestrutura RodoviriaRoger da Silva Pgas

    Diretor de Infraestrutura Aquaviria (substituto)Mrio Dirani

    Diretor de Infraestrutura FerroviriaMrio Dirani

    Diretor de Administrao e FinanasPaulo de Tarso Cancela Compolina de Oliveira

    Diretor de Planejamento e PesquisaJos Florentino Caixeta

    Coordenadora Geral de Meio AmbienteAline Figueiredo Freitas Pimenta

    Coordenador de Meio Ambiente TerrestreJlio Cesar Maia

    Coordenador de Meio Ambiente AquavirioGeorges Ibrahim Andraos Filho

    Apresentao ........................................................................................................... 5

    Medidas Preventivas ao Atropelamento de Fauna em Rodovias .............................8

    Medidas Mitigadoras de Impactos Fauna da BR-448 ......................................... 14

    Programa de Monitoramento de Atropelamentos de Fauna da BR-262/MS.......... 24

    Medidas Mitigadoras de Impactos Fauna da BR-448...........................................28

    Monitoramento de Fauna da BR-158 Norte ............................................... ............ 38

    Consideraes sobre o Monitoramento de Fauna da BR-392 .................... ........... 44

    A BR-163/PA e a Fauna ................................. ....................................... .................. 58

    Monitoramento de Passagens de Fauna da BR-101 Sul ............... .........................74

    Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada da BR-101 Sul .................... ...........78

    Programa de Levantamento, Monitoramento e Mitigaodos Atropelamentos de Fauna da BR-101/NE ....................... ................................110

    Padronizao Metodolgica para Diagnstico de Faunaem Empreendimentos Rodovirios ........................................................................118

    Sumrio

    Presidenta da RepblicaDilma Vana Roussef

    Ministro dos TransportesCesar Borges

    Ministrio dosTransportes

    OrganizaoGiordano Campos Bazzo

    TextoBrbara Bonnet e Hlio Cunha

    Projeto Grfco

    Rita Soliri Brandt

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    5 MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    Aline Figueiredo Freitas Pimenta

    Coordenadora Geral de Meio Ambiente

    Apresentao

    BR-101

    As discusses relativas ao Programa de Monitoramento e Mitigao dos

    Atropelamentos de Fauna so frequentes no mbito da Coordenao Geral de MeioAmbiente, tendo sido inclusive, objeto de debates internos que levaram realizao

    de um workshop exclusivo sobre o tema.

    No referido Workshop, as diversas Gestoras Ambientais apresentaram suas

    experincias, expondo a imensa complexidade e variedade de prticas originadas

    da especicidade de cada regio, culminando na compilao de tais casos atravs

    desta publicao.

    O artigo de abertura foi escrito por Bilogos e Tcnicos da CGMAB e buscou

    demonstrar a importncia do Programa de Monitoramento e Mitigao dos

    Atropelamentos de Fauna sob o ponto de vista do prprio DNIT, ao passo que os

    demais artigos tratam de casos ocorridos nas BR-101 Sul, BR-448, BR-262/ MS,

    BR-158 Norte, BR-392 e BR-163/ PA BR-101 NE.

    Almejamos que esta publicao no esgote o debate sobre o assunto, mas que

    contribua para a ampliao do entendimento desta temtica de fundamental

    signicncia, principalmente no que se refere ao domnio das obras de infraestrutura

    rodovirias.

    Boa Leitura.

    MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA4 MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA4

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    6 7MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    A Universidade Federal do Paran, atravs do Instituto Tecnolgico de Transportes

    e Infraestrutura, vem desenvolvendo vrias aes em cooperao com o DNIT/CGMAB, tanto na realizao de estudos como tambm na gesto ambiental de

    empreendimentos de infraestrutura.

    Os resultados desta cooperao permitem inserir exemplos atuais na temtica do

    ensino de diversas disciplinas, a busca de solues aos problemas ambientais

    identicados e o desenvolvimento de pesquisas de alto interesse da Academia e da

    sociedade como um todo.

    A oportunidade de se executar um Programa de Monitoramento de Atropelamentos

    de Fauna na BR-262/MS, ao longo de um extenso subtrecho de 284 km, entre

    Corumb e Anastcio, fomentou a necessidade de propor solues tcnicas para

    a minimizao desta problemtica, comum em diversas outras rodovias brasileiras.

    Dentro deste contexto que auxiliamos a CGMAB na organizao desteworkshop,

    reunindo e discutindo as importantes experincias vivenciadas por empresas e

    instituies gestoras, todas com o interesse maior de propor solues adequadas

    realidade nacional.

    Prof. Eduardo RattonCoordenador de Projetos UFPR/ITTIBR-262/MS

    MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA6

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    9 MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    Rodovias so consideradas como vetores de desenvolvimento para as sociedades

    humanas, entretanto, ao mesmo tempo representam uma fonte de distrbio

    antrpico (resultante da atuao humana) para o meio ambiente ao seu redor (Fu et

    al, 2010). Seus principais efeitos negativos so: atropelamentos de fauna, efeito de

    barreira e a fragmentao/alterao de hbitats naturais.

    Estudos no campo da ecologia de estradas dimensionam que, nos Estados

    Unidos, a mortalidade de fauna devido aos atropelamentos supera a quantidade

    de indivduos abatidos pela caa (Forman & Alexander, 1998). J o efeito barreira

    e a consequente fragmentao de hbitats tm efeito direto sobre a diversidade

    biolgica dos ambientes cortados por rodovias, Kelleret al. (1998) encontrou

    relao entre a implantao de uma rodovia e o declnio na diversidade gentica de

    populaes de fauna nos fragmentos que foram cortados pelo trecho.

    Neste contexto, enquanto no existe consenso sobre a dimenso dos impactos

    causados pela mortalidade e fragmentao de hbitats e seus reexos, a instalao

    de estruturas visando facilitar o deslocamento transversal da fauna, frequentemente

    associada a dispositivos que evitem seu acesso a reas de maior risco nas rodovias,

    tem sido a medida padro adotada, mesmo que no existam dados conclusivos

    referentes a sua efetividade e signicncia para conservao da biodiversidade.

    As estruturas para tr ansposio visam tanto prevenir a morte direta de indivduos

    quanto restabelecer a conectividade de hbitats, existindo uma diversidade de

    modelos de estruturas concebidas para atender uma espcie em particular, um

    grupo funcional ou toda a comunidade local. Diversas outras medidas, tais como

    sinalizao e instalao de dispositivos redutores de velocidade, tambm tm sido

    adotadas, embora ainda existam poucos dados objetivos quanto sua eccia

    (Lauxen, 2012).

    A insero de medidas para a proteo fauna silvestre em relao a atropelamentos

    em rodovias uma prtica relativamente recente no Brasil. Todos os projetos e

    obras de rodovias em fase de implantao sob responsabilidade do DNIT tm

    obedecido a diretrizes de incluso de solues de proteo fauna, em linha com

    Medidas Preventivas aosAtropelamentos de Fauna em Rodovias

    Brbara BonetHlio Cunha

    MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA8

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    10 11MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    as orientaes dos rgos ambientais. Tambm h um programa de mdio prazo

    para a insero destas solues em rodovias que j esto em operao. Esto sob

    responsabilidade do DNIT um total de 174 rodovias federais, que somam 54.337 km

    de malha rodoviria.

    Cada rodovia tem um conjunto diferente de condies ambientais e de aspectos

    de engenharia. No h soluo nica que possa ser generalizada para todas as

    situaes. Por isso, o DNIT realiza diagnsticos da fauna silvestre na rea de

    inuncia dos trechos rodovirios que sero objeto de obras, a m de identicar as

    espcies e as reas que mais demandam proteo a atropelamentos em cada caso.

    As medidas de proteo fauna nas imediaes de rodovias so um conjunto amplo

    que envolve a implantao de dispositivos, iniciativas educativas e de scalizao

    dos usurios. Como dispositivos, o DNIT pode utilizar cercas para evitar a travessia

    de animais sobre as rodovias, induzindo sua travessia por passagens de fauna

    inferiores. Estas passagens podem ser associadas a pontes e bueiros com margens

    alargadas e, tambm, podem ser travessias inferiores secas, exclusivas para esta

    nalidade. Conforme a necessidade, estas estruturas so objeto de sinalizao

    rodoviria preventiva e de advertncia e dispositivos de controle de velocidade.

    O DNIT trabalha com informaes de diversas fontes para a tomada de deciso e

    implantao das medidas de proteo fauna em relao a atropelamentos. Numa

    primeira fase, so produzidos Estudos de Impacto Ambiental e Planos Bsicos

    Ambientais, em linha com os projetos bsicos de engenharia das rodovias, que

    indicam a necessidade de insero, a quantidade, a tipologia e a localizao sugerida

    para os dispositivos de travessia de fauna. Na fase de obras, as diretrizes destes

    documentos so compatibilizadas com os projetos de engenharia e apreciadas

    pelos rgos ambientais licenciadores. O conjunto de solues acordado entre o

    DNIT e o licenciador o implementado durante as obras em c ada rodovia.

    Alm de implantar estes dispositivos nas rodovias, o DNIT desenvolve programas

    de monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre em diversas rodovias emobras, de forma a compor uma srie histrica que permita comparar, no futuro, a

    frequncia, localizao, tipo de ambiente e as espcies de animais envolvidas em

    acidentes nestas rodovias, antes e aps a instalao dos dispositivos. Com isso, o

    DNIT poder avaliar sua funcionalidade, e evoluir em seu desenho e operao para

    melhorar sua eccia.

    Cabe destacar que a presena de dispositivos apenas uma das medidas que

    permitem eccia na proteo fauna contra atropelamentos em rodovias, e no

    garante, sozinha, seu sucesso. Para isso, o DNIT depende, enormemente, da

    conscientizao dos usurios das rodovias para um comportamento de direo

    preventiva em relao fauna, e tambm da colaborao da sociedade lindeira

    tanto para a conservao das cercas que direcionam a fauna silvestre s passagens,

    como para a manuteno das cercas que separam as propriedades da faixa de

    domnio das rodovias, evitando assim a circulao de animais domsticos junto

    pista, e os riscos decorrentes.

    De sua parte, o DNIT tem feito esforos nesse sentido, atravs de programas

    de educao ambiental enfocando o assunto junto aos usurios e comunidades

    lindeiras s rodovias. A seguir destacam-se alguns casos do DNIT em proteo

    fauna em relao a atropelamentos em rodovias:

    - A rodovia BR-262/MS, em seu trecho que atravessa o Pantanal Sul-

    Matogrossense, uma das rodovias em obras nas quais o DNIT desenvolve

    estudos para a identicao da fauna mais susceptvel e dos pontos crticos

    de ocorrncia de acidentes. Os dispositivos de proteo contemplados nas

    obras incluem cercas de proteo e direcionamento a passagens de fauna,

    redutores eletrnicos de velocidade e sinalizao de advertncia, bem como

    um intenso programa de conscientizao e motivao dos usurios. Est em

    estudo um projeto piloto de sinalizao rodoviria com mensagens educativas

    e placas de advertncia contemplando espcies da fauna silvestre pantaneira;

    - As obras de pavimentao daBR-163/PA ocorrem em pleno Bioma Amaznico.

    Na regio da rodovia, o DNIT j conta com resultados de alguns anos de

    estudos de monitoramento da fauna silvestre e das espcies mais envolvidas

    em acidentes. Cercas de proteo e direcionamento a passagens de fauna,

    insero de passagem seca em pontes e sinalizao de advertncia fazem partedos dispositivos instalados durante as obras, e sua eccia poder ser avaliada

    durante a operao da rodovia, aps a concluso das obras, por comparao

    com os monitoramentos dos ltimos anos.

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    12 13MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    - No Rio Grande do Sul, em parceria com o IBAMA e ICMBio, desde 1998, o

    DNIT vem implementando um Sistema de Proteo Fauna na BR-471/RS,

    nos trechos em que a rodovia atravessa e margeia a Estao Ecolgica

    do Taim. Para tanto, tambm foram instaladas passagens de fauna e telas

    direcionadoras a m de impedir atropelamentos, sinalizao educativa e

    de advertncia aos motoristas e redutores de velocidade nos trechos sem

    telamento.

    Reerncias Bibliogrfcas

    FORMAN, R. T. T. & ALEXANDER, L. E.. 1998. Roads and their major ecological effects. Annual

    Review of Ecology and Systematics 29: 207-231.

    FU, W.; LIU, S. & DONG, S.. 2010. Landscape pattern changes under the disturbance of road

    networks. Procedia Environmental Sciences 2: 859-867. doi: 10.1016/j.proenv.2010.10.097.

    KELLER, K.; EXCOFFIER, L. & LARGIADR, C. R.. 2005. Estimation of effective population size and

    detection of a recent population decline coinciding with habitat fragmentation in a ground beetle.

    Journal of Evolutionary Biology 18 (1): 90- 100. doi: 10.1111/j.1420-9101.2004.00794.x.

    LAUXEN, M. S.. 2012. A mitigao dos impactos de rodovias sobre a fauna: um guia de procedimentos

    para tomada de deciso. Trabalho de concluso de curso de ps-graduao em Diversidade e Conservao

    de Fauna junto ao Programa de Ps-Graduao em Biologia Animal/Instituto de Biocincias UFRS. 163pp.

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    15 MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    Programa de Monitoramentode Atropelamentos de Fauna da BR - 262/MS

    Trecho Anastcio a Corumb, 284,2 Km

    Resultados Preliminares

    Marcela Barcelos SobanskiMrcio Luiz Bittencourt

    Eduardo Ratton

    Introduo

    A BR-262 atravessa o estado do Mato Grosso do Sul de Leste a Oeste, a partir do

    municpio de Trs Lagoas (divisa com estado de So Paulo), passando pela capital,

    Campo Grande, at o municpio de Corumb (fronteira com a Bolvia).

    A implantao da BR-262, entre as cidades de Campo Grande e Corumb, remonta

    dcada de 1960, e foi realizada com o intuito de expandir a fronteira agrcola.

    At ento, os principais meios de acesso a Corumb restringiam-se navegao

    atravs do rio Paraguai e de alguns de seus tributrios, bem como estrada de ferro

    Noroeste, cujo trajeto se assemelha ao da atual rodovia.

    Porm, no trecho entre as cidades de Miranda e Corumb, a pavimentao foi

    realizada somente na dcada de 1980, tendo em vista a notria precariedade da

    via, agravada constantemente pelas frequentes inundaes da plancie pantaneira.

    Neste trecho de pouco mais de 200 km, houve a necessidade de implantao de

    diversos aterros e obras de arte, com destaque para a ponte sobre o rio Paraguai, a

    mais extensa, construda apenas em 1998, substituindo a travessia outrora realizada

    por balsa. Trata-se, atualmente, do principal eixo virio da regio, estabelecendo

    ligao entre os estados de So Paulo e Mato Grosso do Sul.

    Contudo, a fragmentao de hbitat causada pela construo de estradas

    caracteriza-se como um mecanismo de alto impacto, uma vez que remove a

    cobertura vegetal original gerando efeito de borda e alterando a estrutura e funo

    da paisagem (Prado et al., 2005).

    Os impactos negativos das rodovias sobre a fauna nativa manifestam-se desde a

    fase de construo at sua operao, com efeitos diretos e indiretos nas populaes,

    tais como: perda de hbitat, efeito de barreira, disperso de espcies exticas,

    intensicao da presena humana e mortalidade por atropelamento (Ascenso &

    Mira, 2006).

    Assim, os melhoramentos na rodovia BR-262/MS, trecho Anastcio a Corumb, e o

    decorrente aumento de velocidade podem favorecer e aumentar signicativamente

    os atropelamentos de fauna. Estes incidentes, por outro lado, podem colocar em

    risco a segurana dos usurios da rodovia, uma vez que confrontos de veculos

    pequenos com animais podem ocasionar a perda de direo ou mesmo freadas

    BR-262/MS

    MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA14

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    16 17MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    Figura 1 - rea de estudo de monitoramento de atropelamentos de fauna BR-262/MS,

    trecho de Anastcio a Corumb.

    bruscas, determinando vrios tipos de acidentes rodovirios. Consequentemente, a

    reduo dos atropelamentos na Rodovia, alm de contribuir para a conservao da

    fauna local, poder melhorar a segurana do trfego na regio.

    Por estes motivos, a execuo do Programa de Monitoramento de Atropelamentos

    de Fauna, na BR-262/MS, faz parte das condicionantes da Licena de Instalao n

    733/2010/IBAMA relativa s obras de recuperao e implantao de acostamento

    no trecho de Anastcio a Corumb, com extenso de 284,2 km (Figura 1). O

    Programa executado pela Universidade Federal do Paran/Instituto Tecnolgico

    de Transportes e Infraestrutura atravs do Termo de Cooperao n 472/2011-00 e

    visa identicar os tr echos de maior mortalidade atravs da avaliao da distribuioespacial e temporal dos atropelamentos para qualicar e adequar o planejamento

    de aes de mitigao.

    Objetivos

    O Monitoramento dos Atropelamentos de Fauna na rodovia BR-262/MS, trecho

    Anastcio a Corumb, tem como objetivos:

    Quanticar o atropelamento de animais, avaliando as propores em que as espcies

    so atingidas;

    Identicar os possveis fatores que i nuenciam estes valores;

    Estudar as possveis variaes das taxas de atropelamento ao longo do ano e fatores

    associados sazonalidade;

    Identicar os pontos de maior incidncia de atropelamentos avaliando sua distribuio

    espacial;

    Gerar um banco de dados sobre as espcies de vertebrados associadas BR-262/MS;

    Gerar resultados estatsticos sobre as ocorrncias de atropelamentos da fauna

    silvestre no trecho da rodovia em estudo;

    Implantar medidas mitigadoras e testar a ecincia de alternativas de proteo fauna.

    Metodologia

    O perodo de amostragem compreende doze (12) meses (junho de 2011 a maio de

    2012), para contemplar a sazonalidade e obteno de dados comparveis a estudos

    anteriores s obras de instalao de acostamentos e melhorias no pavimento do

    trecho em questo.

    As inspees foram realizadas percorrendo o trecho de Anastcio a Corumb, uma

    vez por semana, a velocidade padro de 60 km/h, com a presena de um auxiliar

    para visualizao das carcaas.

    Todas as ocorrncias foram anotadas em planilha, onde foram tabulados dadosreferentes a espcie, posio geogrca, caractersticas da vegetao, conservao

    da pista nas redondezas e registro fotogrco.

    Ademais, todas as carcaas registradas foram removidas da rodovia para evitar a

    atrao de animais necrfagos, que podiam ser atropelados, alm de evitar que

    fossem contabilizadas novamente.

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    18 19MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    Resultados Parciais e Discusso

    De junho a setembro de 2011, foram identicadas 30 espcies, sendo que

    81% so mamferos, 11% rpteis e 8% aves, com um total de 192 registros de

    atropelamentos (Fig. 2).

    Figura 2 Percentagem das espcies registradas por Classe

    Dos atropelamentos de mamferos, foram mais comuns: o cachorro-do-mato ou

    lobinho (Cerdocyon thous) (Fig. 3) com 43 registros, o tamandu-mirim(Tamandua

    tetradactyla) (Fig. 4) com 27 registros, a capivara(Hydrochaerys hydrochaerys) (Fig.

    5) com 17 registros, o mo-pelada (Procyon cancrivorous) (Fig. 6) com 12 registros,

    e o tatu-peludo (Euphractus sexcintus) (Fig. 7) com 10 registros. Estas cinco

    espcies juntas contabilizaram 56,8% do total dos registros de atropelamentos.

    Das espcies raras e/ou ameaadas de extino, houve o registro do tamandu-

    bandeira (Myrmecophaga tridactyla) (Fig. 8).

    Figura 3 - Cachorro-do-mato ou lobinho (C. thous) Figura 4 - Tamandu-mirim (T. tetradactyla)

    Figura 5 - Capivara (H. hydrochaerys) Figura 6 - Mo-pelada (P. cancrivorous)

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    20 21MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    Figura 7 - Tatu-peludo (E. sexcintus)

    Figura 8 - Tamandu-bandeira (M.tridactyla)

    A Tabela 1 apresenta os registros dos atropelamentos para perodo de junho a

    setembro de 2011.

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    22 23MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    Consideraes Finais

    Os registros de atropelamentos at o ms de setembro de 2011 foram,

    provavelmente, subestimados. Esta subestimativa ocorreu devido a dois fatores:

    baixa detectabilidade e tempo de permanncia das carcaas na rodovia, sendo que

    a baixa detectabilidade pode estar relacionada ao pequeno tempo de permanncia

    da carcaa na rodovia.

    Segundo Prosseret al. (2008, apudTeixeira, 2011), a detectabilidade da carcaa

    afetada por dois fatores principais: a remoo da carcaa entre o t empo de morte doanimal e inspeo de campo para sua deteco, e a ecincia do pesquisador em

    encontrar a carcaa na rodovia, que pode ser inuenciada por fatores como clima,

    tamanho da carcaa e quantidade de vegetao nas margens da rodovia.

    Teixeira (2010) encontrou diferenas signicativas na detectabilidade entre

    amostragens realizadas a p e com automvel, como tambm no tempo de

    permanncia das carcaas na rodovia, ambas com relao abundncia de

    indivduos de cada grupo taxonmico. Assim, animais de tamanho corporal menor

    foram menos detectados do que animais maiores, e mais rapidamente removidos

    da rodovia, gerando uma subestimativa da magnitude de animais atropelados em

    alguns grupos taxonmicos.

    Quanto abundncia dos registros de algumas espcies, Hobday & Minstrell

    (2008) colocam que, embora sejam desagradveis, os atropelamentos de espcies

    abundantes pode no ser fator condicionante para levar a um declnio da populao,

    a no ser que estas estejam sob estresse de outros fatores, como presso de caa

    ou doenas.

    Contudo, das espcies registradas atropeladas,M. tridactyla e L. pardalis esto na

    Lista Nacional das Espcies da Fauna Brasileira Ameaadas de Extino (BRASIL -MMA, 2008) e, novamente, o tamandu-bandeira (M. tridactyla) e a anta (T. terrestris)

    tambm esto classicados como vulnerveis na Lista Vermelha da IUCN (VERSO

    2011.2). Assim, estas espcies apresentam interesse de conservao alta.

    Como resultados nais deste monitoramento, pretendeu-se, alm de estimar taxas

    de mortalidade, avaliar espacialmente sua distribuio e identicar trechos de maior

    mortalidade para quanticar, dimensionar e localizar as medidas mitigadoras no

    trecho em estudo da BR-262/MS.

    Reerncias Bibliogrfcas

    ASCENSO, F. & MIRA, A. Impactes das Vias Rodovirias na Fauna Silvestre. Universidade

    de vora. Portugal. 2006. Disponvel em: . Acesso em: 12/08/2011.

    BRASIL. Ministrio do Meio Ambiente. Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaada de Extino.

    Secretaria de Biodiversidade e Florestas. Departamento de Conservao da Biodiversidade. Braslia. 2008.

    HOBDAY, A. J. & MINSTRELL, M.L. Distribution and abundance of roadkill on asmanian highways:

    human management options. Wildlife Research, 35, 712726. 2008.

    TEIXEIRA, F.Z. Detectabilidade da fauna atropelada: efeito do mtodo de amostragem e da

    remoo de carcaas. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Biocincias.

    Porto Alegre. 2010.

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    Acesso em: 12/08/2011.

  • 7/30/2019 Monitoramento e Mitigao de Atropelamento de Fauna

    14/64

    25 MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    Mesmo que essencial ao desenvolvimento econmico do pas, empreendimentos

    lineares como as rodovias trazem associados sua implantao e operao uma

    srie de impactos ambientais adversos, tais como: alterao do ambiente fsico,

    disperso de espcies exticas, intensicao da presena humana e mortalidade

    por atropelamento.

    No caso das obras de melhoramentos na rodovia BR-262/MS, o decorrente aumento

    de velocidade pode favorecer as ocorrncias e aumentar signicativamente os

    atropelamentos de fauna.

    Estes incidentes, por outro lado, podem colocar em risco a segurana dosusurios da rodovia, uma vez que confrontos de veculos pequenos com animais

    podem gerar perda de direo ou mesmo freadas bruscas, determinando vrios

    tipos de acidentes rodovirios. Consequentemente, aes para a reduo dos

    atropelamentos de fauna na rodovia contribuem para a segurana do trfego na

    regio e a conservao da fauna local.

    Assim, o monitoramento ambiental da rodovia realizado visando identicao

    das espcies envolvidas, o mapeamento, a sinalizao, a instalao de redutores

    de velocidade e cercas nos locais com maior incidncia de acidentes com animais

    silvestres para reduzir a mortalidade direta.

    As inspees do Programa de Monitoramento de Atropelamentos de Fauna

    ocorreram, sempre que possvel, semanalmente, atravs da realizao do trajeto

    de ida e volta do t recho Anastcio a Corumb a uma velocidade mdia de 60 km/h.

    Todas as ocorrncias foram registradas, anotando-se os dados referentes

    espcie, posio geogrca, caractersticas da vegetao, conservao da pista

    nas redondezas e registro fotogrco. Ademais, todas as carcaas registradas

    foram removidas da rodovia para evitar que fossem contabilizadas novamente.

    Entre junho de 2011 e maio de 2012, o Programa de Monitoramento de Atropelamentosde Fauna registrou um total de 610 ocorrncias, com 70% destes sendo mamferos,

    23% rpteis e 7% aves.

    Entre as espcies identicadas, Panthera ona (ona-pintada), Leopardus pardalis

    (jaguatirica), Myrmecophaga tridactyla (tamandu-bandeira) e Chrysocyon brachyurus

    (lobo-guar) esto na Lista Nacional das Espcies da Fauna Brasileira Ameaadas

    Programa de Monitoramentode Atropelamentos de Fauna da BR - 262/MS

    Marcela Barcelos Sobanski

    MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA24

  • 7/30/2019 Monitoramento e Mitigao de Atropelamento de Fauna

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    26 27MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    de Extino (MMA, 2008), na categoria vulnervel. J a anta (Tapirus terrestris) e

    novamente o tamandu-bandeira (M. tridactyla) tambm esto classicados como

    vulnerveis na Lista Vermelha da IUCN (VERSO 2012.2).

    Dessa forma, por meio da anlise espacial dos dados, foram identicados pontos

    e segmentos crticos de atropelamentos de animais na rodovia que subsidiaram a

    tomada de decises quanto s medidas de proteo fauna a serem adotadas para

    reduzir o nmero de ocorrncias, como, por exemplo, a instalao de radares e de

    cercas de proteo.

    Figura 9 - Projeto-tipo de cerca de segurana proposto, viso 3D da cerca seguindo paralelamente arodovia e conduzindo a fauna para as passagens.

    Tambm foi proposta, em carter experimental, a utilizao do sinal A-36 (travessia de animais silvestres)vertical de advertncia, com a alterao do pictograma hoje regulamentado pelo CONTRAN, substituindo-o

    por pictogramas da fauna brasileira para cada regio, acreditando que a facilidade de reconhecimento e aresposta emocional ao utilizar a fauna local pode ser mais ecaz do que a sinalizao padro.

    Figura 10 - (a) Ona-pintada (Panthera onca), (b) Capivara (Hydrochoerus hydrochaeris) e (c) Anta (Tapirus

    Figura 11 (a) Ona-pintada (Panthera onca), (b) Capivara (Hydrochoerus hydrochaeris)

    e (c) Anta (Tapirus terrestris).

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    29 MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    Medidas Mitigadorasde Impactos Fauna da BR-448

    Refexes e Consideraes da Instalao de uma Rodoviaem uma rea de Intensa Urbanizao no Rio Grande do Sul

    Guillermo Dvila OrozcoRenata Aires de Freitas

    Marcelo Dias de Mattos BurnsAdriano Peix oto Panazzolo

    Leticia Coradini

    Introduo

    A BR-448, conhecida como Rodovia do Parque, um projeto do Programa de

    Acelerao do Crescimento (PAC), do Governo Federal do Brasil. As obras iniciaram

    em setembro de 2009 e a concluso est prevista para 2013.

    As obras iniciam na interseo BR-116/RS-118, no municpio de Sapucaia do Sul,

    passa por Esteio e Canoas e termina na interseo com a BR-290, no municpio de

    Porto Alegre. Esta rodovia uma alternativa para distribuir o volume de veculos

    que utilizam a BR-116 para transitar entre Porto Alegre e os municpios da regio

    metropolitana e Norte do Rio Grande do Sul.

    A rodovia compreende o traado de 22,23 quilmetros de extenso, com duas pistas

    de duas faixas cada no segmento Norte (23,5 metros de largura) e trs faixas por

    sentido no segmento Sul (30,6 metros de largura). O aterro sobre o qual est s endo

    construda a rodovia varia de 4 a 6 metros de altura, os que antecedem os viadutos e

    elevadas chegam a ter 15 metros. Em paralelo rodovia, do lado esquerdo (sentido

    Norte Sul/Sapucaia do Sul - Porto Alegre), est projetada uma vala de macro

    drenagem, e do lado direito uma via lateral de acesso, que permanecer durante a

    operao da rodovia.

    A rea de inuncia da BR-448 predominantemente de vrzea do rio dos Sinos,

    apresentando escassos remanescentes de mata ciliar na margem prxima

    rodovia. Em toda sua extenso a BR-448 est em terreno de topograa plana

    e se desenvolve em paralelo ao rio dos Sinos. Pode-se observar claramente a

    delimitao que a rodovia faz entre este e o Parque Estadual do Delta do Jacu e

    as reas ocupadas pela regio metropolitana (Figura 12 e Figura 14). O trecho Sul

    da rodovia encontra o rio Gravata, cujas margens so ocupadas por empresas ouindstrias, e sobre o qual est sendo construda uma ponte estaiada e a interseo

    com a BR-290.

    BR-448/RS

    MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA28

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    17/64

    30 31MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    Metodologia

    Mediante a reviso de documentos tcnico-administrativos do empreendimento,

    incluindo Termos de Referncia (TR), Estudo de Impacto Ambiental (EIA), Licena

    Prvia (LP), Plano Bsico Ambiental (PBA) e Licena de Instalao (LI), so

    apresentadas as informaes mais relevantes em torno ao desenho e localizaodos diferentes tipos de medidas mitigadoras dos impactos sobre a fauna a serem

    instalados da rodovia.

    Com base na reviso de literatura especializada nos efeitos das rodovias ao

    ambiente natural (fragmentao do hbitat, ecologia de estradas e conectividade da

    paisagem), foram discutidos os possveis efeitos da estrada no nvel local.

    De forma conclusiva apresentam-se questionamentos sobre o efeito barreira da

    rodovia, uma vez que de um lado da rodovia est o r io dos Sinos e o Parque Estadual

    do Delta do Jacu e, do outro, reas urbanas e rurais que exercem forte presso

    sobre a fauna da regio.

    Resultados

    Os termos de referncia do licenciamento ambiental da BR-448 foram elaborados

    pela Fundao Estadual de Proteo ao Meio Ambiente (FEPAM) com objetivo de

    direcionar o desenvolvimento do EIA/RIMA e do PBA. Estes indicam a necessidade

    de incluir no projeto estruturas de passagens de fauna e de desenvolver no EIA

    anlises do meio bitico, anlise integrada, prognstico ambiental, e medidas para

    manejar os impactos ambientais da rodovia.

    O levantamento da fauna que compe o diagnstico do meio bitico do EIA/

    RIMA foi desenvolvido mediante amostragem e anlise de dados secundrios. O

    levantamento considerou os grupos dos anfbios, rpteis, aves, mamferos e peixes.

    Conforme a anlise integrada e o prognstico ambiental do EIA, a construo da

    rodovia teria um efeito na diminuio da abundncia e riqueza da fauna. Contudo, o

    mesmo panorama previsto sem a construo do empreendimento, devido intensa

    presso antrpica exercida pela ocupao do solo com agricultura e urbanizao.

    Espera-se que o maior impacto seja em espcies sinantrpicas e em escala local.

    Entre os mamferos registrados durante o levantamento do EIA destacam-se

    o mo-pelada (Procyon cancrivourus), o gamb-de-orelha-branca (Didelphis

    albiventris ) e a lontra (Lontra longicaudis).

    Figura 12 - Traado da rodovia paralelo ao rio dos Sinos (direita), em rea agrcola.

    A implantao de uma rodovia pode conitar com os usos existentes do solo, como reas agrcolas

    e urbanas, reas naturais de conservao e recreativas (Iuell, 2003). Em termos gerais, os principaisefeitos das rodovias sobre a fauna so a fragmentao de hbitat e o atropelamento (Trombulak &

    Frissel, 2000; e Forman & Alexander, 1998). Por ser uma rodovia de traado novo, so trazidos aquipara anlise alguns questionamentos sobre os possveis efeitos da BR-448 sobre o ambiente natural.

    Figura 13 - Registro da pegada de furo (Galactis cuja) na passagem de fauna.

  • 7/30/2019 Monitoramento e Mitigao de Atropelamento de Fauna

    18/64

    32 33MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    A biota dos sistemas aquticos de transio considerada a mais afetada em nvel

    local, mas de impacto reduzido. Para a etapa de operao da rodovia, apontado,

    entre outros, o atropelamento de aves associadas a banhados.

    Considerando os impactos sobre a fauna, os documentos do licenciamento ambiental

    fazem referncia execuo de dois programas ambientais durante a etapa de

    obras e durante a operao da rodovia. A Licena Prvia observa a necessidade dodetalhamento em planta e escala do projeto das medidas mitigadoras dos impactos

    fauna, condicionante relacionada com os objetivos do Programa de Reduo de

    Atropelamentos de Fauna do PBA, onde so descritas estas medidas.

    As medidas so a incorporao de 3 passagens de fauna tipo galeria de 1,5m x

    1,5m e adaptao das cabeceiras de duas pontes. No total, so 5 estruturas que

    podem servir para passagem de animais. A proximidade de reas com vegetao,

    recursos hdricos (valas, arroios, c anais de irrigao) e probabilidade de inundao

    foram fatores fundamentais para denio da localizao de estruturas. Outras

    estruturas como cercas, corredores vegetais, sinais e redutores so descritos, mas

    no so detalhados em sua localizao ou extenso.

    Foi previsto tambm o Programa de Monitoramento de Fauna, que est direcionado

    ao monitoramento da efetividade dos mecanismos de diminuio e identicao de

    pontos de atropelamento, e seus r esultados podero ser utilizados para recomendar

    adaptaes ou mesmo incluso de novas medidas.

    Discusso

    Para a fauna que habita os remanescentes de mata ciliar do rio dos Sinos, a um lado

    da rodovia, e aquela que pode viver em reas de lavouras (Didelphis albiventris,

    Trachemys dorbigni, Tupinambis merianae, Phrynops hilarii, Procyon cancrivorus,

    Liophis sp, Lontra longicaudis entre outras), os fatores que podem interferir hoje nas

    suas populaes so a escassez de hbitat e a presso exercida especialmente

    pela densa rea povoada (urbanizao, caa, captura, contaminao do solo

    e da gua). Com a instalao da rodovia estas espcies poderiam tambm ser

    prejudicadas pelo atropelamento de fauna (Trombulak & Frissel, 2000; e Forman &

    Alexander, 1998).

    A literatura de atropelamentos de fauna difere a respeito de qual o grupo mais

    impactado pelo atropelamento em rodovias. No entanto, no so poucos os estudos

    que apontam a Didelphis albiventris ou espcies deste gnero entre as mais

    atropeladas nas rodovias (Cunha, Moreira & Silva, 2010; Coelho, Kindel & Coelho,

    2008; Hengemhle & Cademartori, 2008; Turci & Bernarde, 2008; Glista, Devault &

    Dewoody, 2007; Cherem et al., 2007; Tumeleiro et al., 2006; Rosa & Mauhs, 2004;

    Clevenger & Waltho, Cunha, Moreira & Silva (2010) encontraram no seu trabalho

    Figura 14 - Mapa de Localizao do Empreendimento e Passagens de Fauna

    Figura 15 - Instalao de armadilha fotograca

  • 7/30/2019 Monitoramento e Mitigao de Atropelamento de Fauna

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    34 35MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    que as reas menos urbanizadas apresentam menor atropelamento, mas as

    espcies mais atropeladas so aquelas que se adaptam a variaes de hbitat e

    a distrbios antrpicos. Tambm sugerem que os animais atropelados podem usar

    fragmentos de vegetao prximos pista para sua disperso ou desenvolver suas

    atividades. Desta forma, o atropelamento uma ameaa especialmente para as

    espcies que no evitam atravessar a pista e que tm alta probabilidade de ser

    atropeladas (Jaeger & Fahrig, 2004). Estas caractersticas so apresentadas na

    rea da BR-448 e comunidade de fauna da regio.

    A fragmentao de hbitat tambm um dos principais efeitos na ameaa a animais

    silvestres (Costa et al., 2004; Trombulak & Frissel, 2000; Forman & Alexander,1998). A estrada ser uma barreira divisria entre o Parque Estadual do Delta do

    Jacu e a mata ciliar do rio dos Sinos e as reas de lavouras de arroz isoladas pela

    zona urbana do outro (Figura 14). importante considerar que os Planos Diretores

    dos municpios prevem a urbanizao das reas onde hoje se encontram as

    lavouras de arroz. Os arroios Esteio e Sapucaia, transversais nova rodovia, podem

    favorecer a mobilidade da fauna, entre ambos os lados da via, que ocasionalmente

    transitaria por eles, visto o estado de contaminao da gua e falta de mata cili ar. A

    permeabilidade da rodovia que ir garantir o menor impacto ao uxo de fauna de

    um lado ao outro da estrada (Jaeger & Fahrig, 2004). Manter a conectividade entre

    ambos os lados da rodovia com a construo de passagens de fauna subterrneas

    e areas, pistas elevadas, pontes e viadutos soluo que vem sendo dada a

    projetos rodovirios e recomendada por estudos na rea de ecologia de estradas

    (Forman et al., 2003 e luell, et al., 2003). Apesar de as estruturas permitirem a

    conectividade, esta ser limitada aos locais de instalao dos dispositivos.

    Consideraes

    Frente a estas constataes, apresentaram-se questionamentos que remetem

    hiptese de impactos fauna que esta rodovia pode vir a causar. So eles:

    Quais so os prs e contras de manter a permeabilidade da rodovia para a

    fauna, ainda que sinantrpica, visto que do outro lado da estrada se encontra

    a principal fonte de presso sobre as populaes?

    Que medidas futuras devem ser adotadas conforme o crescimento da

    mancha urbana, para a conservao da fauna nas reas naturais do outro

    lado da rodovia?

    Estes questionamentos podero ser esclarecidos com os resultados do Programa

    de Monitoramento de Fauna da BR-448. O monitoramento poder indicar os efeitos

    negativos e positivos da nova rodovia na comunidade faunstica e nas reas vizinhas

    destinadas conservao ambiental, e dar subsdios aos tomadores de deciso

    para aprimoramento das medidas de mitigao de impactos sobre a fauna.

    O local de implantao da rodovia apresenta, com ou sem o empreendimento, o efeito

    negativo sobre a fauna da regio, derivado das fortes presses antrpicas. Embora

    que por precauo seja recomendado incluir as medidas mitigadoras dos efeitos

    negativos da rodovia, como a perda de hbitat (decorrente da fragmentao de

    hbitat) e o atropelamento de fauna, a implantao e operao da BR-448/RS

    poderia se constituir em um estimulador da conservao da mata ciliar entorno

    ao arroio dos Sinos. Neste contexto, resulta igualmente importante trabalhar nos

    planos diretores municipais para garantir que estes espaos sejam manejados

    adequadamente, mantendo o rio dos Sinos e suas reas naturais adjacentes comoum importante corredor biolgico em escala regional.

    Figura 16 - Colocao de Plote de areia nas extremidades da passagem para registro das pegadas.

  • 7/30/2019 Monitoramento e Mitigao de Atropelamento de Fauna

    20/64

    36 37MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    Colaborao

    Silvia Aurlio, Francisco Feiten, Leonardo Cotrim e Janana de Nardin

    (STE Servios Tcnicos de Engenharia S.A.).

    Reerncias Bibliogrfcas

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    21/64

    39 MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    Monitoramento de Faunada BR-158 Norte

    Programa Ambientale Conservao de Espcies

    Projetos de monitoramento de fauna constituem-se em mecanismos f undamentais

    para o estabelecimento de estratgias de conservao de espcies e ambientes,

    uma vez que permitem conhecer tendncias ao longo do tempo. Para isso, o

    subprograma conta com tcnicos especialistas nos diversos grupos de fauna

    monitorados.

    O presente monitoramento faz parte do Subprograma de Resgate Brando e

    Monitoramento da Fauna referente ao licenciamento ambiental para a implantao e

    pavimentao da rodovia BR-158/MT trecho Norte realizado pela Ecoplan Engenharia.Esta atividade iniciou-se em agosto de 2010 e at dezembro de 2011 foram realizadas

    seis campanhas, alternado-se entre as estaes chuvosa e seca.

    O objetivo principal deste monitoramento dimensionar quali-quantitativamente os

    impactos causados pelo empreendimento na comunidade de vertebrados presentes

    na regio. Para tal, o presente subprograma apresenta dois eixos de ao durante

    a instalao da rodovia: Monitoramento e Controle do Atropelamento da Fauna e

    Monitoramento de Fauna Bioindicadora.

    O empreendimento est localizado setor Nordeste do Estado do Mato Grosso (MT),

    entre a divisa com o Par (km 0) e o entroncamento com a MT-412 (km 213,5), possui

    uma extenso de 213,5 km e atravessa tosionomias de cerrado e oresta Ombrla.

    Monitoramento e Controledo Atropelamento da Fauna

    Como objetivo geral, este estudo visa propor medidas para reduzir os ndices de

    atropelamentos da fauna e atenuar os efeitos danosos biodiversidade da regio.

    A reduo do nmero de atropelamentos de f auna pode ser atingida com baseem um conjunto de medidas que envolvem o controle da velocidade de trfego

    dos veculos, o aumento da permeabilidade da rodovia e aes educativas. Dessa

    forma, aps a anlise integrada dos resultados de atropelamentos e das vistorias

    das passagens mistas e/ou locais potenciais para suas instalaes - ou seja, pontes

    e bueiros - reunidos durante as campanhas de monitoramento apontaram-se reas

    que se mostram prioritrias para a implantao de mecanismos de passagem,

    barreiras e sinalizao para mitigar os atropelamentos da fauna.

    Clarisse Touguinha Guerreiro AntunesAdriano Scherer

    Rodrigo Caruccio SantosCarina da Luz Abreu

    BR-158 Norte

    MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA38

  • 7/30/2019 Monitoramento e Mitigao de Atropelamento de Fauna

    22/64

    40 41MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    Aps seis campanhas de monitoramento realizadas, foram registrados 120

    espcimes atropelados na BR-158/MT, trecho Norte. Foi possvel a identicao de

    43 espcies, sendo que trs espcimes s puderam ser identicados at nvel de

    Classe em razo do estado de deteriorao do mesmo. Considerando os registros

    acumulados das seis campanhas de monitoramento j realizadas, o tatu Dasypus

    novemcinctus, com oito registros, e a serpentePhilodryas olfersii, com sete registros,

    so, at o momento, os animais mais afetados pelos atropelamentos na BR-158/

    MT, trecho Norte. Tambm possvel vericar a incidncia de atropelamentos por

    subtrechos da rodovia.

    Medio da Efcincia das Passagens de FaunaA partir da quarta campanha foram indicados locais para instalao de novas

    passagens ou adaptao as passagens projetadas. Alm disso, atravs do

    cruzamento dos dados de uso das passagens de fauna pelas diferentes espcies

    com os dados de atropelamentos sero obtidas informaes sobre a ecincia

    dessas medidas mitigadoras. A simples anlise da distribuio espacial e temporal

    dos eventos de atropelamento pode ser utilizada como medio da ecincia.

    Figura 17 ndice de atropelamento (IA) dos subtrechos da rodovia BR-158/MT

    em cada campanha de monitoramento.

    Aps a acumulao de dados durante as campanhas, ser feita uma anlise

    comparativa entre a frequncia relativa de uso das passagens pelas espcies com

    a frequncia relativa de animais atropelados. Se a relao for direta e linear, ser

    possvel inferir que as frequncias de utilizao das passagens e os atropelamentos

    so proporcionais composio da comunidade e aos hbitos das espcies.

    Monitoramento da auna Bioindicadora

    Este monitoramento de fauna tem como objetivo obter informaes sobre a composio

    das comunidades e a abundncia de espcies componentes da fauna de vertebrados

    terrestres, observando possveis variaes relacionadas pavimentao da rodovia.

    Tambm pretende dar especial ateno s espcies ameaadas e endmicas

    diagnosticadas no EIA, intensicando-se o inventrio e conhecimento da ecologia

    dessas espcies na regio. Aps seis campanhas de monitoramento, abrangendo as

    diferentes tosionomias e as variaes sazonais da regio, apresentam-se a seguir os

    principais resultados obtidos nesse monitoramento.

    Anbios

    Somados os dados das seis amostragens, tm-se o registro de uma riqueza de 47

    espcies de anfbios para as reas amostradas. A sazonalidade regional reetiu-se

    na composio de espcies registradas entre as campanhas realizadas.

    Figura 18 - Galeria usada tambm com o

    propsito de passagem de fauna.Figura 19 - Vistoria em busca de vestgios da

    presena de animais interceptado pela rodoviaBR-158/MT.

  • 7/30/2019 Monitoramento e Mitigao de Atropelamento de Fauna

    23/64

    42 43MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    Rpteis

    Considerando os dados obtidos nas seis campanhas de monitoramento, tm-

    se uma riqueza de 37 espcies de rpteis para as reas amostradas. A 1 e a

    4 campanha, ambas realizadas na estao seca, apresentaram as maiores

    similaridades na composio de espcies registradas (ndice de Sorensen = 0,68).

    Nota-se que a maioria das similaridades entre as campanhas tiveram valores baixos

    e intermedirios. Sugere-se que este fato deva-se mais s caractersticas de vida,

    hbitos e estratgia de escape e refgio dos rpteis, que fazem com que a maioria

    das espcies seja de difcil encontro na natureza, sendo necessrio um esforo

    de coleta muito grande e, principalmente, de longos espaos de tempo para umaamostragem signicativa destes animais. Contudo, devem-se considerar tambm

    alteraes sazonais nos nveis de atividade desse grupo.

    Aviauna

    At o nal da sexta campanha foram registradas 291 espcies de aves ou 44,4%

    das espcies consideradas como ocorrentes na regio ( 464 espcies). Ao utilizar os

    dados das campanhas anteriores, 50 espcies foram registradas uma nica vez e

    30 espcies registradas somente duas vezes, sendo o grau de conana de 89,5%.

    Figura 20 Variao do nmero de espcies registradas por campanha e curva cumulativa de espciesidenticadas durante o monitoramento da rodovia BR-158/MT, trecho Norte.

    Mastoauna

    As amostragens da mastofauna realizadas na sexta campanha de monitoramento,

    incio de estao chuvosa, registraram 21 espcies de mamferos no voadores.

    Estas espcies, somadas com as registradas nas cinco campanhas anteriores (23,

    23, 21, 24, 23 espcies respectivamente), totalizam 45 espcies de mamferos no

    voadores, representando 47% das espcies de mamferos consideradas como

    ocorrentes ou de provvel ocorrncia para a regio (96 espcies), conforme o EIA

    do empreendimento.

    Concluso

    Os resultados das atividades desempenhadas so satisfatrios em funo dos

    resultados alcanados, a realizao desses monitoramentos, durante a construo

    da BR, contribuiu para o resgate das espcies e preservao dos animais. De

    acordo com o estudo, muito importante identicar os pontos de maior incidncia

    de atropelamentos para a instalao de equipamentos e medidas preventivas para

    monitorar as passagens implantadas, avaliando a sua efetividade, reduzindo a

    mortalidade de animais.

    A seriedade e continuidade desses trabalhos so de fundamental importncia

    para as espcies locais, como a anlise das espcies ameaadas e endmicas

    diagnosticadas no estudo de impactos ambientais (EIA), bem como as informaes

    sobre a abundncia de espcies componentes da fauna local, observando possveis

    variaes relacionadas pavimentao da rodovia.

  • 7/30/2019 Monitoramento e Mitigao de Atropelamento de Fauna

    24/64

    45 MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    Consideraes sobreo Monitoramento de Fauna

    da BR-392Trecho Pelotas- Rio Grande, Rio Grande do Sul

    Marcelo Dias de Mattos BurnsGuillermo Dvila Orozco

    Renata Aires de FreitasSharon Aires PaivaFabio Azzolin Dutra

    Debora Argou MarquesKleisson da Silva Sousa

    Introduo

    Dentre os principais efeitos mensurados de curto e mdio prazo em rodovias da

    Amrica do Norte e Europa, esto a fragmentao dos hbitats, atropelamento

    de animais silvestres e mudanas na composio da fauna nas reas de entorno

    (Forman & Alexander, 1998; Trombulak & Frissel, 2000). Em contraste, na Amrica

    do Sul, as pesquisas sobre o tema vm ganhando espao com eventos especcos

    nos ltimos anos ( Road Ecology 2010-2011).

    Usualmente a elaborao do programa de monitoramento de fauna em uma rodovia

    tem como base o estudo de impacto ambiental (EIA) e o Plano Bsico Ambiental (PBA).

    No entanto, a falta de protocolos para elaborao destes documentos acarreta em

    uma miscelnea de metodologias e resultados c om baixa qualidade tcnica.

    No Brasil, os trabalhos que vericam os impactos das rodovias para fauna tm

    enfocado a quanticao dos atropelamentos (Prada, 2004; Tumeleiro, 2006;

    Cherem et al. 2007, Coelho et al. 2008) com poucos trabalhos voltados fauna de

    entorno. Da mesma forma, as medidas mitigadoras tais como pardais, passagens

    de fauna, placas de sinalizao, entre outras, usualmente propostas para reduzir

    o efeito barreira das rodovias, ainda so inconsistentes, necessitando de uma

    reformulao e padronizao das normas tcnicas para sua aplicao. Atualmente

    o governo brasileiro vem buscando a adequao e/ou formulao de protocolos

    e procedimentos administrativos com objetivo de aperfeioar as medidas para

    avaliao dos impactos na biodiversidade e das tcnicas utilizadas para mitig-lo.

    Neste sentido, apresenta-se o estudo de caso da BR-392 contemplando alguns

    aspectos importantes para os programas que envolvem monitoramento de fauna:

    seleo dos bioindicadores, delineamento amostral e passagens de fauna.

    Neste contexto, o presente trabalho apresenta o estudo de caso do projeto

    metodolgico desenvolvido pela Superviso Ambiental da empresa de STE -

    Servios Tcnicos de Engenharia, a qual responsvel pela gesto ambiental do

    trecho em duplicao da BR-392.

    BR-392/RS

    MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA44

  • 7/30/2019 Monitoramento e Mitigao de Atropelamento de Fauna

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    46 47MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    Material e Mtodosrea de Estudo

    A rea do empreendimento est situada no extremo Sul do estado do Rio Grande

    do Sul (3200 - 3230 S e 5200 - 5230 O), abrangendo os municpios de Rio

    Grande e Pelotas (Figura 23). A rea est inserida no complexo lagunar Patos-

    Mirim, Bioma Pampa (Pillaret al. 2009), destacando-se as reas midas de Vrzea

    do Canal de So Gonalo, o Banhado Vinte e Cinco e da Mulata e os Marismas

    (PBA, 2006), consideradas de importncia singular para o estado do Rio Grande do

    Sul (Maltchik, 2003; Fontana et al. 2003) e seccionadas pela rodovia.

    O trecho de duplicao da obra estende-se por cerca de 60 quilmetros,

    subdividido em quatro lotes. Os lotes 2 e 3 esto em fase de construo, sendo

    estes o foco do trabalho.

    Resultados e Discusso

    Seleo dos Bioindicadores e Delineamento AmostralNo Brasil, diversos trabalhos de monitoramento de fauna com abordagem no impacto

    do atropelamento vm sendo realizados em diversas regies do Brasil (Prada, 2004;

    Tumeleiro, 2006; Cherem et al. 2007; Coelho et al. 2009), no entanto, no existem

    estudos abordando os efeitos das estradas na fauna de entorno provenientes de

    programas ambientais em rodovias.

    Figura 23 - A) Localizao do projeto de duplicao da BR -392 e BR-116/RS.

    Figuras 21 e 22 -Pegadas de pre (acima) e de mo pelada (abaixo).

  • 7/30/2019 Monitoramento e Mitigao de Atropelamento de Fauna

    26/64

    48 49MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    A partir dos antecedentes histricos em relatrios (EIA, 2004; PBA, 2006; SAI, 2009)

    a atual equipe do programa adaptou a seleo dos bioindicadores (PBA, 2006; SAI,

    2009) e elaborou o delineamento amostral para o monitoramento da fauna. O primeiro

    aspecto foi a seleo e adaptao do programa de espcies bioindicadoras. Este

    programa foi redimensionado quanto abordagem monoespecca sugerida pela

    SAI (2009) para multiespecca, tais como os grupos biolgicos de mamferos de

    mdio e grande porte, anfbios e rpteis. A principal justicativa para tal abordagem

    foi investigar os possveis efeitos da rodovia considerando diferentes grupos de

    vertebrados. Outros critrios para seleo destes grupos foram tambm utilizados,

    tais como o grau de ameaa e nmero de espcies ameaadas em diferentes escalasgeopolticas (Fontana et al. 2003; IUCN, 2011), a falta de conhecimento prvio na

    regio de estudo (Garcia et al. 2007; Achaval & Olmos, 2003) e a composio de

    espcies atropeladas (SAI, 2009).

    O segundo aspecto foi a elaborao do delineamento amostral. Segundo o PBA

    (2006) as atividades e etapas para investigar os impactos em uma rodovia esto

    subdivididas em diferentes fases: antes, durante e aps a sua construo. Contudo,

    existe a necessidade de selecionar as tcnicas de amostragem a serem utilizadas,

    bem como a escala espao-temporal de s ua aplicao. Dessa forma, considerando

    a etapa de construo da rodovia, o delineamento amostral consistiu em vericar

    o efeito do gradiente de distncia da mesma, desde 0 at 5 km. Tal gradiente

    usualmente empregado para avaliar os efeitos da fauna em rodovias (Forman &

    Delinger, 2000; Spellerberg, 2002; Laurence et al. 2007).

    Das tcnicas sugeridas para as amostragens dos grupos de fauna (PBA, 2006) foi

    realizada uma adaptao para execuo do projeto metodolgico vigente na BR-

    392 (SA, 2011) (Tabela 2). Para os Mamferos de mdio e grande porte esto sendo

    utilizadas duas tcnicas de amostragem seguindo a abordagem de Transectos

    de Rastros e Armadilhas Fotogrcas. J para os anfbios e rpteis so utilizadas

    as tcnicas de Procura Visual e Auditiva, Busca Ativa, Armadilhas de Queda com

    cercas guia (ainda no utilizada) e Encontros Ocasionais.

    Figura 24 -B) rea de amostragem do Programa Bioindicadores.

  • 7/30/2019 Monitoramento e Mitigao de Atropelamento de Fauna

    27/64

    50 51MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    At o presente momento, os resultados das campanhas so preliminares,

    impossibilitando qualquer tipo de aluso sobre os efeitos da duplicao sobre a

    biodiversidade. Entretanto, apresentamos o embasamento tcnico-cientco para

    o estabelecimento dos programas de monitoramento de fauna, em especial para o

    programa de espcies bioindicadoras no trecho em duplicao da BR-392.

    De forma complementar, o desenvolvimento do Programa de Levantamento,

    Mitigao e Monitoramento de Atropelamento de Fauna tambm fornecer subsdios

    para o programa Bioindicadores, como, por exemplo, a composio e frequncia

    das espcies atropeladas na rodovia, conforme o estudo pretrito da SAI (2009).Tais resultados so primordiais na indicao das medidas de mitigao do impacto

    direto da rodovia sobre a fauna, tais como, a construo de passagens de fauna,

    entre outras, tratadas no tpico seguinte.

    Conectividade Estrutural

    Acessar o diagnstico sobre a conectividade estrutural em uma rodovia infere

    indiretamente no grau de isolamento das paisagens seccionadas. Da mesma

    forma, esta condio determina as passagens potenciais de uso da fauna aqutica

    e terrestre (Angermeieret al. 2004; Clevengeret al. 2003), caracterizando-se como

    uma das principais medidas mitigadoras em rodovias.

    Ressaltamos que, para execuo de cada tcnica de amostragem, existe um grau

    de diculdade, sendo a tcnica de Transectos de rastros aplicada para mamferos, e

    a tcnica Auditiva para os anfbios, as que exigem maior qualicao e experincia

    dos especialistas. Outra importante considerao o tempo administrativo para

    solicitao da licena de c oleta. Com exceo da tcnica das armadilhas de queda,

    as demais no necessitam a captura dos animais, facilitando, desta forma, o

    andamento imediato do trabalho de campo.

    O terceiro aspecto no projeto metodolgico foi estabelecer a periodicidade das

    amostragens. Para tanto, foram estabelecidas campanhas a cada 45 dias peloperodo de um ano, a m de obter rplicas de amostragem por estao do ano.

    Sendo assim, considerando aspectos como a seleo dos bioindicadores, seleo

    de tcnicas de amostragem e elaborao do delineamento amostral, possvel

    diagnosticar com maior preciso analtica os efeitos de uma rodovia para fauna.

    Figura 25 - Da esquerda para a direita: gato-do-mato; armadilha fotogrca sendo instalada;

    mo-pelada registrada pela armadilha fotogrca.

    Tabela 2 - Descrio dos grupos biolgicos e das tcnicas utilizadas no programa de

    espcies bioindicadoras da BR-392.

    GRUPO/TCNICA UTILIZADA

    Mamferos de Mdio e Grande porte

    Transectos de Rastros

    Armadilhas Fotogrficas

    Anbios

    Procura Visual e Audiva

    Armadilhas de Queda com cercas guia

    Encontros Ocasionais

    Rpteis

    Procura Limitada por Tempo

    Armadilhas de Queda com cercas guia

    Encontros Ocasionais

    FORMA DE EXECUO

    Parcelas equidistantes da rodovia

    Distncia da rodovia no padronizada

    Parcelas equidistantes da rodovia

    Parcelas equidistantes da rodovia

    Parceria com moradores locais

    Parcelas equidistantes da rodovia

    Parcelas equidistantes da rodovia

    Parceria com moradores locais

    ONDE

    Estradas secundrias

    Regies de Mato

    Estradas secundrias

    Faixa de domnio e Estradas secundrias

    Entorno da rodovia

    Estradas secundrias

    Faixa de domnio e Estradas secundrias

    Entorno da rodovia

    GRAU DE DIFICULDADE

    DE APLICAO DA TCNICA

    Alto

    Baixo

    Alto

    Mdio

    Baixo

    Mdio

    Mdio

    Baixo

  • 7/30/2019 Monitoramento e Mitigao de Atropelamento de Fauna

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    52 53MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    Contudo, fazem-se algumas ressalvas quanto ao aumento da conectividade

    estrutural, pois outros fatores como localizao e dimenso destas passagens

    podem inuenciar o uso pelas espcies. Na rea de estudo, a composio destas

    estruturas esta representada por bueiros, viadutos e pontes de distintas dimenses,

    em ambos os lotes (Figura 33). No projeto executivo foram identicadas sete

    tipos de estruturas com dimenses entre 0.6 a >3m), denominadas de bueiros:

    i) BSTC; bueiro simples tubular de concreto, ii) BSTM; bueiro simples tubular de

    metal, iii) BDTC; bueiro duplo tubular de concreto, iv) BTTC; bueiro triplo tubular

    de concreto, v) BSCC; bueiro simples celular de concreto, vi) BDCC; bueiro duplo

    celular de concreto e vii) BTCC; bueiro triplo celular de concreto) entre outras, tais

    como viadutos e pontes. Das estruturas mais representativas tanto no lote 2 c omo

    no lote 3 destacada o bueiro tipo BSTC, contribuindo com 67.09% e 77.08%,

    respectivamente (Figura 33).

    No caso da BR-392, a estrada existente contm 59 estruturas, sendo 55.9%

    situadas no lote 2 e 44.1% no lote 3, todas apresentando conectividade estrutural

    de ambos os lados da rodovia (Figura 26). Alguns exemplos dos tipos de estruturas,

    como bueiros e pontes, so exemplicados na Figura 28. Nestes lotes (2 e 3)

    da duplicao, o projeto executivo totalizou a construo de 180 estruturas, as

    quais, 40.4% possuem conectividade estrutural (Figura 30) com a pista existente,

    entre ambos os lados das pistas. Tambm foi vericada uma maior conectividade

    estrutural no lote 2 com 49.4%, em relao ao lote 3, com 33% (Figura 31 e 32).

    Quando comparado com a condio da pista existente, o nmero de estruturas com

    conectividade aumentou de 59 para 72 unidades.

    Figura 26 - Representatividade numrica das estruturascom conectividade estrutural, nos lote 2 e 3, na pista antiga.

    Figuras 28 e 29 - Exemplo dos dois tipos de estruturas de conectividade encontrados na BR-392/RS, nos lotes 2 e 3.

    (A) Bueiro simples tubular de concreto (B) Ponte sobre o arroio Bolacha.

    Figura 27 - Exemplos de estruturas de coletividade.

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    54 55MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    Dos trabalhos que abordam passagens de fauna, revisados em documentos tcnicos

    para BR-392 (SAI, 2009), inferida uma dimenso mnima de 2x2m, com objetivo

    de favorecer o carter multiespecco da estrutura. Considerando tal critrio, o total

    de estruturas no projeto executivo que podem funcionar como passagens de fauna

    so 25. Isto considerando a condio de ter dimenses mnimas de 2x2m, as quais

    tornam o ambiente mais atrativo para o maior nmero de espcies atravessarem

    (SAI, 2009). Atualmente, estas estruturas encontram-se em fase de construo

    nos lotes 2 e 3 de obras. Outras medidas mitigadoras propostas pela SAI (2009),

    tais como telas de isolamento e direcionamento, redutores de velocidade e placas

    de sinalizao, alm de outras adaptaes nas passagens de fauna, esto em

    avaliao para implantao neste trecho estudado.

    Figura 30 -(A) Representatividade numrica da conectividade estrutural, no projeto de

    duplicao da BR-392/RS (lote 2 e 3); (31) Lote 2; (32) Lote 3.

    Figura 33 - Representatividade numrica do tipo de estrutura prevista

    no projeto de executivo para os lotes 2 e 3 da BR-392/116.

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    30/64

    56 57MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

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    sobre a dieta e conservao. Biodiversidade Pampeana PUCRS, Uruguaiana, 4: 38-41, 2006

    Consideraes fnais para o desenvolvimentodos programas de auna em rodovias brasileiras

    Com base na literatura cientca e no desenvolvimento prtico de programas

    ambientais em diversos empreendimentos brasileiros, apresentamos algumas

    consideraes dispostas abaixo:

    Possibilitar uma melhor conciliao dos procedimentos administrativos entre os

    distintos rgos governamentais. Um fator que pode favorecer estes procedimentos

    ser a elaborao de protocolos e/ou termos de referncia especcos.

    Na elaborao de termos de referncia deve ser levado em considerao

    essencialmente o estado da construo de uma rodovia (traado novo ou

    existente como, por exemplo, uma duplicao).

    Em termos de metodologia, o Programa de Levantamento, Mitigao e

    Monitoramento dos Atropelamentos de Fauna possui maior divergncia na aplicao

    das medidas de mitigao, necessitando uma maior discusso sobre a criao de

    normas e regulamentaes. Em contraste, o delineamento amostral e a tcnica

    para vericao da fauna atropelada possuem maior uniformidade metodolgica

    visualizada por diversos trabalhos publicados na literatura cientca.

    Para o programa de Monitoramento de Fauna - Espcies Bioindicadoras

    necessrio um aprimoramento metodolgico levando em considerao

    a seleo dos indicadores, as tcnicas utilizadas para amostragem e o

    delineamento da amostragem.

    Considerar a escala espacial da ecologia de paisagens para diagnosticar e

    caracterizar os impactos da construo de uma rodovia na fauna.

    Reerncias BibliogrfcasANGERMEIER P. L. WHEELER, A. P. ROSENBERGER, A. E.A Conceptual Framework for Assessing

    Impacts of Roads on Aquatic Biota. Fisheries. vol 29, n. 12, 2004.

    COELHO, I. P.; KINDEL, A.; COELHO, A.V.P. Roadkills of vertebrate species on two highways

    through the Atlantic Forest Biosphere Reserve, Southern Brazil. European Journal of Wildlife

    Research. 54:689-699, 2008.

  • 7/30/2019 Monitoramento e Mitigao de Atropelamento de Fauna

    31/64

    59 MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    Introduo

    O trecho da rodovia BR 163/PA do empreendimento possui extenso de 914 km e dividido pelos segmentos: Satarm Rurpolis, com 3 lotes, segmento coincidente

    com a BR 230/PA, com 2 lotes e Trairo Divisa PA/MT, com 8 lotes. Sua rea de

    inuncia abrange 13 Unidades de Conservao, 3 reas Indgenas e a rea Militar

    Brigadeiro Veloso.

    Pode-se observar o fenmeno denominado espinha de peixe no decorrer da BR,

    que ocorre devido criao de pequenas estradas saindo da rodovia principal e

    que, ao entrar na mata, expandem o desmatamento com o formato caracterstico

    do nome.

    Os programas ambientais executados pelo Gerenciamento Ambiental so:

    Programas de Gesto e Superviso Ambiental, Programa de Monitoramento da

    Qualidade da gua e Programa de Proteo da Fauna e Flora.

    O Programa de Proteo Fauna possui objetivos especcos de: avaliar o grau de

    impacto da pavimentao da rodovia sobre a fauna, propor e implantar medidas de

    mitigao dos impactos sobre a fauna e monitorar a eccia das medidas de mitigao

    implementadas. Possui os Subprogramas de Monitoramento de Fauna e Monitoramento

    de Atropelamento de Fauna/Monitoramento das Passagens de Fauna.

    Subprograma de Monitoramento de Fauna

    Neste subprograma, so utilizados 5 mdulos de amostragem e empregada a

    metodologia RAPELD, RAP (Rapid Acessment Program) + PELD (Pesquisas

    Ecolgicas de Longa-Durao).

    Esta metodologia visa maximizar a probabilidade de amostrar adequadamente as

    comunidades biolgicas, para o que so necessrias reas amostrais grandes,

    e, ao mesmo tempo, minimizar a variao nos fatores abiticos que afetam

    estas comunidades, o que requer amostragem de reas pequenas. As principais

    A BR - 163/PA e a Fauna

    Juliana Karina Pereira SilvaClarissa Campos Ferreira

    BR-163/PA

    MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA58

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    60 61MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    caractersticas do mtodo so: ser padronizado (25 km2), permitir pesquisas

    integradas em todos os taxa, ser grande o suciente para monitorar os processos

    ecossistmicos e ser modular para permitir anlises comparativas com amostragens

    menos intensivas em reas extensas.

    Para a utilizao do mtodo na BR 163/PA, foram necessrias algumas

    adaptaes. Na proposta metodolgica, so utilizados 6 mdulos de 5 km por 1

    km, a nova adaptao em c ampo para a BR prope 5 mdulos de 3 km por 1 km, o

    que ainda o suciente para captar a variao na dentro de cada tosionomia,

    para aumento do esforo amostral e para amostragens simultneas nas parcelase nas trilhas externas.

    Aviauna

    Para o monitoramento do grupo de avifauna, foram utilizados: pontos xos de

    observao e/ou escuta, busca ativa por meio de caminhadas (playback) e captura

    e marcao com redes de neblina.

    Figura 34 - Mdulo de amostragem.

    Figuras 35 e 36 - Registro de vocalizao.

    Figura 37 - Anilhamento.

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    62 63MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    Esforo Amostral e Resultados (Avifauna):

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    64 65MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    Mastoauna

    Para captura de pequenos mamferos no voadores, foram utilizadas armadilhas

    Sherman e Tomahawk (15/parcela) e Pitfall traps (5 arranjos em Y por parcela).

    Para pequenos mamferos voadores, foram usadas redes de neblina. Finalmente,

    para mdios e grandes mamferos, usou-se censo nos transectos ecamera traps.

    Esoro Amostral e Resultados (Mastoauna):

    Figura 38 - Armadilha Tomahawk.

    Figura 39 - Armadilha Sherman

    Figura 40 - Armadilha Fotogrca.

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    66 67MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    Foram observadas 53 espcies distribudas em 9 ordens e 21 famlias.

    Curva do coletor Pequenos mamferos no voadores

    Curva do coletor Pequenos mamferos voadores

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    68 69MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    Herpetoauna

    Para anfbios, serpentes e lagartos, foram utilizadas:pitfall traps (5 arranjos em Y

    por parcela), busca ativa e identicao auditiva. Para quelnios, utilizou-se:hoop

    traps e redes de arrasto.

    Esoro Amostral e Resultados (Herpetoauna):

    Figura 41 - Pitfall traps arranjo em Y

    Figura 42 - Redes de arrasto.

    Hoop traps.

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    70 71MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    Foram encontradas 36 espcies de anfbios ordem Anura com 10 famlias e 38

    espcies de rpteis, 3 ordens, 16 famlias.

    Figura 43 - Redes de arrasto.

    Figura 44 - Redes de arrasto.

    Figura 45 -Curva do Coletor x Mdulo.

    Figura 46 - Diversidade ndice de Shannon

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    72 73MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    Subprograma de Monitoramento de Atropelamentode Fauna/Monitoramento das passagens de auna

    As principais causas do atropelamento da fauna so: a rodovia interfere no

    deslocamento natural da espcie; a disponibilidade de alimento na rodovia serve

    como atrativo para a fauna; a fauna utiliza a rodovia para termorregulao;

    atropelamentos intencionais.

    Os objetivos do programa consistem em identicar os pontos crticos com maior

    ndice de atropelamento, identicar os grupos faunsticos mais afetados pelo t rfego

    na rodovia e denir os tipos de dispositivos de passagem de fauna e dispositivos deconteno mais adequados aos grupos mais impactados na rodovia.

    A periodicidade das campanhas efetuadas na BR 163/PA trimestral e a primeira

    campanha realizada no perodo chuvoso registrou 26 ocorrncias.

    Os pontos para implantao das passagens de fauna na BR 163/PA so 13

    determinados pela Licena de Instalao 637/2009, 32 sugeridos pelo DNIT e

    aprovados pelo IBAMA, 9 determinados pelo PBA e 62 Passagens de Fauna sob

    OAEs, totalizando: 116 Passagens de Fauna.

    No projeto, so contidos Bueiros Celulares em Concreto com dimenso estabelecida

    pelo PBA de 2x2m.

    Figura 48 - Passagem de fauna com bueiro celular de concreto.

    Figura 49 - Ponte com vo livre para passagem de fauna.

    Tambm so previstas em projeto as Passagens sobre OAEs que so estruturas

    mais ecientes para passagem, pois as reas secas que cam sob seu vo so mais

    amplas e iluminadas que bueiros. Estas reas normalmente so sucientes para

    travessia da fauna, inclusive de animais de grande porte que rejeitam a passagens

    por bueiros.

    Figura 47 - Dispositivos Complementares Cercas Direcionadoras.

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    75 MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    Introduo

    O monitoramento das passagens de fauna uma atividade que est relacionada

    intimamente com os resultados do Monitoramento da Fauna Silvestre Atropelada,

    pois os resultados obtidos no programa so essenciais na tomada de deciso para

    implantao de dispositivos de passagens, no tocante s suas caractersticas: tipo (seca ou

    alagada), localizao e forma (bueiro, galeria, etc). Os dados do trabalho realizado foram

    produzidos com base no termo de compromisso celebrado entre o DNIT e a UFSC.

    Objetivo do Monitoramento de Passagensde Fauna na BR-101

    Avaliar a ecincia das passagens instaladas;

    Identicar os principais grupos faunsticos que as utilizam;

    Avaliar existncia de seletividades das passagens;

    Identicar nas passagens registros de espcies raras, endmicas

    e ameaadas

    de extino;

    Avaliar a ecincia das cercas-guias implantadas, como direcionadores

    de travessia de animais.

    Objetivo especfco

    Propor, sempre que necessrio, a implantao de medidas mitigadoras para

    a reduo de atropelamentos da fauna silvestre ao trmino das atividades de

    monitoramento, alm das j aplicadas pelo DNIT.

    Passagens de Fauna da BR-101 SulAo longo da BR-101 Sul, no trecho compreendido entre Florianpolis/SC Osrio/RS,

    foram implantadas 21 passagens no Rio Grande do Sul e 22 passagens em Santa

    Catarina, estando previstas a implantao de mais 2 passagens em Santa Catarina.

    A seleo dos locais para implantao das passagens de fauna foi feita pela

    UNIVILLE, com base em estudos de monitoramento de fauna.

    Monitoramento dePassagens de Fauna

    da BR-101 Sul

    Trecho Florianpolis/SC - Osrio/RS

    Remy Toscano

    BR-101 Sul

    MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA74

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    76 77MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    As passagens de fauna da BR-101 Sul so dos tipos bueiros e galerias de sees

    variadas, sendo algumas das mesmas de uso misto, ou seja, para passagens de

    animais e escoamento de guas pluviais.

    Campanhas realizadas pelaESGA e UFSC = 3 (trs).

    Periodicidade

    Trimestral, aps o incio da contratao da UFSC.

    Metodologia

    O monitoramento das passagens de fauna est sendo realizado por meio de

    instalao de armadilhas fotogrcas, num total de vinte pares de cmeras, sendo

    colocadas em pares nas entradas e sadas dos dispositivos.

    Durante as campanhas so vistoriadas todas as passagens em busca de vestgios,

    fezes e pagadas, no sentido de identicar quais espcies que as utilizam.

    Concluses e Resultados aps a realizaode duas campanhas da UFSC

    Aps duas campanhas, nenhuma espcie foi registrada pelas c meras, fato que

    no interferiu na efetividade das passagens, uma vez que registros foram realizados

    por meio de pegadas e outros vestgios.

    O fato de no haver registros nas armadilhas fotogrcas pode ser atribudo,

    principalmente, aos perodos das amostragens, uma vez que foram realizadas no

    inverno, estao que normalmente as espcies diminuem suas atividades pelas

    baixas temperaturas que ocorrem no perodo.

    A princpio, consideramos que os mamferos, rpteis e anfbios so os principais

    grupos que utilizam os artifcios de transposio. Com base nos registros de

    vestgios e considerando os registros de mamferos atropelados, durante as

    campanhas, podemos armar que a maior parte das passagens de fauna de alguma

    forma possui efetividade, uma vez que apenas 3 (trs) indivduos foram registrados

    atropelados a menos de 500 metros das passagens.

    Apesar de nem todas as passagens possibilitarem uma avaliao direta, podemos

    armar que a maior parte delas so ecazes, uma vez que os maiores ndices de

    atropelamentos ocorrem nos trechos onde no existem no dispositivo.

    Consideraes Finais

    Com base em estudos realizados, acreditamos que a implantao de passagens

    de fauna deve estar intimamente ligada aos registros de atropelamento, e

    desta forma, a CGMAB deveria solicitar s empresas que realizam Estudos

    Ambientais (EIA/EA), que na elaborao dos mesmos fossem feitos estudos

    de atropelamento. Os referidos estudos poderiam apontar os locais crticos de

    atropelamento, onde seriam instaladas as passagens, proporcionando umamaior ecincia das mesmas e menores custos ao empreendedor, uma vez que

    estas fariam parte do projeto da obra. A implantao de passagem de fauna e

    cercas-guias com dimenses superiores a 1m tem funcionado de forma efetiva

    para travessia de animais silvestres contribuindo para reduzir os atropelamentos

    da BR-101 Sul, principalmente para o grupo dos mamferos.

    Figura 50 - Armadilha fotogrca em passagem de fauna.

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    78 79MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA

    Introduo

    Justifcativas

    Monitoramento da Fauna SilvestreAtropelada da BR 101-Sul

    Trecho Florianpolis/SC - Osrio/RSResultado da 8 Campanha da UFSC

    Remy Toscano

    O presente trabalho refere-se ao Termo de Cooperao n 560/2010, celebrado

    entre o DNIT e a UFSC, referente Meta 1 Proteo a Fauna, Etapa 1.1 Monitoramento de Fauna Atropelada.

    No sentido de atender o disposto no plano de trabalho do Termo de Cooperao n

    560/2010, referente ao Monitoramento de Fauna Atropelada, seguem os resultados

    obtidos aps a realizao da 8 Camp