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Ministrio dos Transportes
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
Diretoria de Planejamento e Pesquisa
Coordenao Geral de Meio Ambiente
Monitoramento
e Mitigao de
Atropelamentos de Fauna
BrasliaJunho de 2012
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3 MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
Diretor GeralJorge Ernesto Pinto Fraxe
Diretor ExecutivoTarcsio Gomes de Freitas
Diretor de Infraestrutura RodoviriaRoger da Silva Pgas
Diretor de Infraestrutura Aquaviria (substituto)Mrio Dirani
Diretor de Infraestrutura FerroviriaMrio Dirani
Diretor de Administrao e FinanasPaulo de Tarso Cancela Compolina de Oliveira
Diretor de Planejamento e PesquisaJos Florentino Caixeta
Coordenadora Geral de Meio AmbienteAline Figueiredo Freitas Pimenta
Coordenador de Meio Ambiente TerrestreJlio Cesar Maia
Coordenador de Meio Ambiente AquavirioGeorges Ibrahim Andraos Filho
Apresentao ........................................................................................................... 5
Medidas Preventivas ao Atropelamento de Fauna em Rodovias .............................8
Medidas Mitigadoras de Impactos Fauna da BR-448 ......................................... 14
Programa de Monitoramento de Atropelamentos de Fauna da BR-262/MS.......... 24
Medidas Mitigadoras de Impactos Fauna da BR-448...........................................28
Monitoramento de Fauna da BR-158 Norte ............................................... ............ 38
Consideraes sobre o Monitoramento de Fauna da BR-392 .................... ........... 44
A BR-163/PA e a Fauna ................................. ....................................... .................. 58
Monitoramento de Passagens de Fauna da BR-101 Sul ............... .........................74
Monitoramento de Fauna Silvestre Atropelada da BR-101 Sul .................... ...........78
Programa de Levantamento, Monitoramento e Mitigaodos Atropelamentos de Fauna da BR-101/NE ....................... ................................110
Padronizao Metodolgica para Diagnstico de Faunaem Empreendimentos Rodovirios ........................................................................118
Sumrio
Presidenta da RepblicaDilma Vana Roussef
Ministro dos TransportesCesar Borges
Ministrio dosTransportes
OrganizaoGiordano Campos Bazzo
TextoBrbara Bonnet e Hlio Cunha
Projeto Grfco
Rita Soliri Brandt
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5 MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
Aline Figueiredo Freitas Pimenta
Coordenadora Geral de Meio Ambiente
Apresentao
BR-101
As discusses relativas ao Programa de Monitoramento e Mitigao dos
Atropelamentos de Fauna so frequentes no mbito da Coordenao Geral de MeioAmbiente, tendo sido inclusive, objeto de debates internos que levaram realizao
de um workshop exclusivo sobre o tema.
No referido Workshop, as diversas Gestoras Ambientais apresentaram suas
experincias, expondo a imensa complexidade e variedade de prticas originadas
da especicidade de cada regio, culminando na compilao de tais casos atravs
desta publicao.
O artigo de abertura foi escrito por Bilogos e Tcnicos da CGMAB e buscou
demonstrar a importncia do Programa de Monitoramento e Mitigao dos
Atropelamentos de Fauna sob o ponto de vista do prprio DNIT, ao passo que os
demais artigos tratam de casos ocorridos nas BR-101 Sul, BR-448, BR-262/ MS,
BR-158 Norte, BR-392 e BR-163/ PA BR-101 NE.
Almejamos que esta publicao no esgote o debate sobre o assunto, mas que
contribua para a ampliao do entendimento desta temtica de fundamental
signicncia, principalmente no que se refere ao domnio das obras de infraestrutura
rodovirias.
Boa Leitura.
MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA4 MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA4
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6 7MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
A Universidade Federal do Paran, atravs do Instituto Tecnolgico de Transportes
e Infraestrutura, vem desenvolvendo vrias aes em cooperao com o DNIT/CGMAB, tanto na realizao de estudos como tambm na gesto ambiental de
empreendimentos de infraestrutura.
Os resultados desta cooperao permitem inserir exemplos atuais na temtica do
ensino de diversas disciplinas, a busca de solues aos problemas ambientais
identicados e o desenvolvimento de pesquisas de alto interesse da Academia e da
sociedade como um todo.
A oportunidade de se executar um Programa de Monitoramento de Atropelamentos
de Fauna na BR-262/MS, ao longo de um extenso subtrecho de 284 km, entre
Corumb e Anastcio, fomentou a necessidade de propor solues tcnicas para
a minimizao desta problemtica, comum em diversas outras rodovias brasileiras.
Dentro deste contexto que auxiliamos a CGMAB na organizao desteworkshop,
reunindo e discutindo as importantes experincias vivenciadas por empresas e
instituies gestoras, todas com o interesse maior de propor solues adequadas
realidade nacional.
Prof. Eduardo RattonCoordenador de Projetos UFPR/ITTIBR-262/MS
MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA6
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9 MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
Rodovias so consideradas como vetores de desenvolvimento para as sociedades
humanas, entretanto, ao mesmo tempo representam uma fonte de distrbio
antrpico (resultante da atuao humana) para o meio ambiente ao seu redor (Fu et
al, 2010). Seus principais efeitos negativos so: atropelamentos de fauna, efeito de
barreira e a fragmentao/alterao de hbitats naturais.
Estudos no campo da ecologia de estradas dimensionam que, nos Estados
Unidos, a mortalidade de fauna devido aos atropelamentos supera a quantidade
de indivduos abatidos pela caa (Forman & Alexander, 1998). J o efeito barreira
e a consequente fragmentao de hbitats tm efeito direto sobre a diversidade
biolgica dos ambientes cortados por rodovias, Kelleret al. (1998) encontrou
relao entre a implantao de uma rodovia e o declnio na diversidade gentica de
populaes de fauna nos fragmentos que foram cortados pelo trecho.
Neste contexto, enquanto no existe consenso sobre a dimenso dos impactos
causados pela mortalidade e fragmentao de hbitats e seus reexos, a instalao
de estruturas visando facilitar o deslocamento transversal da fauna, frequentemente
associada a dispositivos que evitem seu acesso a reas de maior risco nas rodovias,
tem sido a medida padro adotada, mesmo que no existam dados conclusivos
referentes a sua efetividade e signicncia para conservao da biodiversidade.
As estruturas para tr ansposio visam tanto prevenir a morte direta de indivduos
quanto restabelecer a conectividade de hbitats, existindo uma diversidade de
modelos de estruturas concebidas para atender uma espcie em particular, um
grupo funcional ou toda a comunidade local. Diversas outras medidas, tais como
sinalizao e instalao de dispositivos redutores de velocidade, tambm tm sido
adotadas, embora ainda existam poucos dados objetivos quanto sua eccia
(Lauxen, 2012).
A insero de medidas para a proteo fauna silvestre em relao a atropelamentos
em rodovias uma prtica relativamente recente no Brasil. Todos os projetos e
obras de rodovias em fase de implantao sob responsabilidade do DNIT tm
obedecido a diretrizes de incluso de solues de proteo fauna, em linha com
Medidas Preventivas aosAtropelamentos de Fauna em Rodovias
Brbara BonetHlio Cunha
MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA8
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10 11MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
as orientaes dos rgos ambientais. Tambm h um programa de mdio prazo
para a insero destas solues em rodovias que j esto em operao. Esto sob
responsabilidade do DNIT um total de 174 rodovias federais, que somam 54.337 km
de malha rodoviria.
Cada rodovia tem um conjunto diferente de condies ambientais e de aspectos
de engenharia. No h soluo nica que possa ser generalizada para todas as
situaes. Por isso, o DNIT realiza diagnsticos da fauna silvestre na rea de
inuncia dos trechos rodovirios que sero objeto de obras, a m de identicar as
espcies e as reas que mais demandam proteo a atropelamentos em cada caso.
As medidas de proteo fauna nas imediaes de rodovias so um conjunto amplo
que envolve a implantao de dispositivos, iniciativas educativas e de scalizao
dos usurios. Como dispositivos, o DNIT pode utilizar cercas para evitar a travessia
de animais sobre as rodovias, induzindo sua travessia por passagens de fauna
inferiores. Estas passagens podem ser associadas a pontes e bueiros com margens
alargadas e, tambm, podem ser travessias inferiores secas, exclusivas para esta
nalidade. Conforme a necessidade, estas estruturas so objeto de sinalizao
rodoviria preventiva e de advertncia e dispositivos de controle de velocidade.
O DNIT trabalha com informaes de diversas fontes para a tomada de deciso e
implantao das medidas de proteo fauna em relao a atropelamentos. Numa
primeira fase, so produzidos Estudos de Impacto Ambiental e Planos Bsicos
Ambientais, em linha com os projetos bsicos de engenharia das rodovias, que
indicam a necessidade de insero, a quantidade, a tipologia e a localizao sugerida
para os dispositivos de travessia de fauna. Na fase de obras, as diretrizes destes
documentos so compatibilizadas com os projetos de engenharia e apreciadas
pelos rgos ambientais licenciadores. O conjunto de solues acordado entre o
DNIT e o licenciador o implementado durante as obras em c ada rodovia.
Alm de implantar estes dispositivos nas rodovias, o DNIT desenvolve programas
de monitoramento de atropelamentos de fauna silvestre em diversas rodovias emobras, de forma a compor uma srie histrica que permita comparar, no futuro, a
frequncia, localizao, tipo de ambiente e as espcies de animais envolvidas em
acidentes nestas rodovias, antes e aps a instalao dos dispositivos. Com isso, o
DNIT poder avaliar sua funcionalidade, e evoluir em seu desenho e operao para
melhorar sua eccia.
Cabe destacar que a presena de dispositivos apenas uma das medidas que
permitem eccia na proteo fauna contra atropelamentos em rodovias, e no
garante, sozinha, seu sucesso. Para isso, o DNIT depende, enormemente, da
conscientizao dos usurios das rodovias para um comportamento de direo
preventiva em relao fauna, e tambm da colaborao da sociedade lindeira
tanto para a conservao das cercas que direcionam a fauna silvestre s passagens,
como para a manuteno das cercas que separam as propriedades da faixa de
domnio das rodovias, evitando assim a circulao de animais domsticos junto
pista, e os riscos decorrentes.
De sua parte, o DNIT tem feito esforos nesse sentido, atravs de programas
de educao ambiental enfocando o assunto junto aos usurios e comunidades
lindeiras s rodovias. A seguir destacam-se alguns casos do DNIT em proteo
fauna em relao a atropelamentos em rodovias:
- A rodovia BR-262/MS, em seu trecho que atravessa o Pantanal Sul-
Matogrossense, uma das rodovias em obras nas quais o DNIT desenvolve
estudos para a identicao da fauna mais susceptvel e dos pontos crticos
de ocorrncia de acidentes. Os dispositivos de proteo contemplados nas
obras incluem cercas de proteo e direcionamento a passagens de fauna,
redutores eletrnicos de velocidade e sinalizao de advertncia, bem como
um intenso programa de conscientizao e motivao dos usurios. Est em
estudo um projeto piloto de sinalizao rodoviria com mensagens educativas
e placas de advertncia contemplando espcies da fauna silvestre pantaneira;
- As obras de pavimentao daBR-163/PA ocorrem em pleno Bioma Amaznico.
Na regio da rodovia, o DNIT j conta com resultados de alguns anos de
estudos de monitoramento da fauna silvestre e das espcies mais envolvidas
em acidentes. Cercas de proteo e direcionamento a passagens de fauna,
insero de passagem seca em pontes e sinalizao de advertncia fazem partedos dispositivos instalados durante as obras, e sua eccia poder ser avaliada
durante a operao da rodovia, aps a concluso das obras, por comparao
com os monitoramentos dos ltimos anos.
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12 13MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
- No Rio Grande do Sul, em parceria com o IBAMA e ICMBio, desde 1998, o
DNIT vem implementando um Sistema de Proteo Fauna na BR-471/RS,
nos trechos em que a rodovia atravessa e margeia a Estao Ecolgica
do Taim. Para tanto, tambm foram instaladas passagens de fauna e telas
direcionadoras a m de impedir atropelamentos, sinalizao educativa e
de advertncia aos motoristas e redutores de velocidade nos trechos sem
telamento.
Reerncias Bibliogrfcas
FORMAN, R. T. T. & ALEXANDER, L. E.. 1998. Roads and their major ecological effects. Annual
Review of Ecology and Systematics 29: 207-231.
FU, W.; LIU, S. & DONG, S.. 2010. Landscape pattern changes under the disturbance of road
networks. Procedia Environmental Sciences 2: 859-867. doi: 10.1016/j.proenv.2010.10.097.
KELLER, K.; EXCOFFIER, L. & LARGIADR, C. R.. 2005. Estimation of effective population size and
detection of a recent population decline coinciding with habitat fragmentation in a ground beetle.
Journal of Evolutionary Biology 18 (1): 90- 100. doi: 10.1111/j.1420-9101.2004.00794.x.
LAUXEN, M. S.. 2012. A mitigao dos impactos de rodovias sobre a fauna: um guia de procedimentos
para tomada de deciso. Trabalho de concluso de curso de ps-graduao em Diversidade e Conservao
de Fauna junto ao Programa de Ps-Graduao em Biologia Animal/Instituto de Biocincias UFRS. 163pp.
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15 MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
Programa de Monitoramentode Atropelamentos de Fauna da BR - 262/MS
Trecho Anastcio a Corumb, 284,2 Km
Resultados Preliminares
Marcela Barcelos SobanskiMrcio Luiz Bittencourt
Eduardo Ratton
Introduo
A BR-262 atravessa o estado do Mato Grosso do Sul de Leste a Oeste, a partir do
municpio de Trs Lagoas (divisa com estado de So Paulo), passando pela capital,
Campo Grande, at o municpio de Corumb (fronteira com a Bolvia).
A implantao da BR-262, entre as cidades de Campo Grande e Corumb, remonta
dcada de 1960, e foi realizada com o intuito de expandir a fronteira agrcola.
At ento, os principais meios de acesso a Corumb restringiam-se navegao
atravs do rio Paraguai e de alguns de seus tributrios, bem como estrada de ferro
Noroeste, cujo trajeto se assemelha ao da atual rodovia.
Porm, no trecho entre as cidades de Miranda e Corumb, a pavimentao foi
realizada somente na dcada de 1980, tendo em vista a notria precariedade da
via, agravada constantemente pelas frequentes inundaes da plancie pantaneira.
Neste trecho de pouco mais de 200 km, houve a necessidade de implantao de
diversos aterros e obras de arte, com destaque para a ponte sobre o rio Paraguai, a
mais extensa, construda apenas em 1998, substituindo a travessia outrora realizada
por balsa. Trata-se, atualmente, do principal eixo virio da regio, estabelecendo
ligao entre os estados de So Paulo e Mato Grosso do Sul.
Contudo, a fragmentao de hbitat causada pela construo de estradas
caracteriza-se como um mecanismo de alto impacto, uma vez que remove a
cobertura vegetal original gerando efeito de borda e alterando a estrutura e funo
da paisagem (Prado et al., 2005).
Os impactos negativos das rodovias sobre a fauna nativa manifestam-se desde a
fase de construo at sua operao, com efeitos diretos e indiretos nas populaes,
tais como: perda de hbitat, efeito de barreira, disperso de espcies exticas,
intensicao da presena humana e mortalidade por atropelamento (Ascenso &
Mira, 2006).
Assim, os melhoramentos na rodovia BR-262/MS, trecho Anastcio a Corumb, e o
decorrente aumento de velocidade podem favorecer e aumentar signicativamente
os atropelamentos de fauna. Estes incidentes, por outro lado, podem colocar em
risco a segurana dos usurios da rodovia, uma vez que confrontos de veculos
pequenos com animais podem ocasionar a perda de direo ou mesmo freadas
BR-262/MS
MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA14
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16 17MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
Figura 1 - rea de estudo de monitoramento de atropelamentos de fauna BR-262/MS,
trecho de Anastcio a Corumb.
bruscas, determinando vrios tipos de acidentes rodovirios. Consequentemente, a
reduo dos atropelamentos na Rodovia, alm de contribuir para a conservao da
fauna local, poder melhorar a segurana do trfego na regio.
Por estes motivos, a execuo do Programa de Monitoramento de Atropelamentos
de Fauna, na BR-262/MS, faz parte das condicionantes da Licena de Instalao n
733/2010/IBAMA relativa s obras de recuperao e implantao de acostamento
no trecho de Anastcio a Corumb, com extenso de 284,2 km (Figura 1). O
Programa executado pela Universidade Federal do Paran/Instituto Tecnolgico
de Transportes e Infraestrutura atravs do Termo de Cooperao n 472/2011-00 e
visa identicar os tr echos de maior mortalidade atravs da avaliao da distribuioespacial e temporal dos atropelamentos para qualicar e adequar o planejamento
de aes de mitigao.
Objetivos
O Monitoramento dos Atropelamentos de Fauna na rodovia BR-262/MS, trecho
Anastcio a Corumb, tem como objetivos:
Quanticar o atropelamento de animais, avaliando as propores em que as espcies
so atingidas;
Identicar os possveis fatores que i nuenciam estes valores;
Estudar as possveis variaes das taxas de atropelamento ao longo do ano e fatores
associados sazonalidade;
Identicar os pontos de maior incidncia de atropelamentos avaliando sua distribuio
espacial;
Gerar um banco de dados sobre as espcies de vertebrados associadas BR-262/MS;
Gerar resultados estatsticos sobre as ocorrncias de atropelamentos da fauna
silvestre no trecho da rodovia em estudo;
Implantar medidas mitigadoras e testar a ecincia de alternativas de proteo fauna.
Metodologia
O perodo de amostragem compreende doze (12) meses (junho de 2011 a maio de
2012), para contemplar a sazonalidade e obteno de dados comparveis a estudos
anteriores s obras de instalao de acostamentos e melhorias no pavimento do
trecho em questo.
As inspees foram realizadas percorrendo o trecho de Anastcio a Corumb, uma
vez por semana, a velocidade padro de 60 km/h, com a presena de um auxiliar
para visualizao das carcaas.
Todas as ocorrncias foram anotadas em planilha, onde foram tabulados dadosreferentes a espcie, posio geogrca, caractersticas da vegetao, conservao
da pista nas redondezas e registro fotogrco.
Ademais, todas as carcaas registradas foram removidas da rodovia para evitar a
atrao de animais necrfagos, que podiam ser atropelados, alm de evitar que
fossem contabilizadas novamente.
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18 19MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
Resultados Parciais e Discusso
De junho a setembro de 2011, foram identicadas 30 espcies, sendo que
81% so mamferos, 11% rpteis e 8% aves, com um total de 192 registros de
atropelamentos (Fig. 2).
Figura 2 Percentagem das espcies registradas por Classe
Dos atropelamentos de mamferos, foram mais comuns: o cachorro-do-mato ou
lobinho (Cerdocyon thous) (Fig. 3) com 43 registros, o tamandu-mirim(Tamandua
tetradactyla) (Fig. 4) com 27 registros, a capivara(Hydrochaerys hydrochaerys) (Fig.
5) com 17 registros, o mo-pelada (Procyon cancrivorous) (Fig. 6) com 12 registros,
e o tatu-peludo (Euphractus sexcintus) (Fig. 7) com 10 registros. Estas cinco
espcies juntas contabilizaram 56,8% do total dos registros de atropelamentos.
Das espcies raras e/ou ameaadas de extino, houve o registro do tamandu-
bandeira (Myrmecophaga tridactyla) (Fig. 8).
Figura 3 - Cachorro-do-mato ou lobinho (C. thous) Figura 4 - Tamandu-mirim (T. tetradactyla)
Figura 5 - Capivara (H. hydrochaerys) Figura 6 - Mo-pelada (P. cancrivorous)
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20 21MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
Figura 7 - Tatu-peludo (E. sexcintus)
Figura 8 - Tamandu-bandeira (M.tridactyla)
A Tabela 1 apresenta os registros dos atropelamentos para perodo de junho a
setembro de 2011.
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22 23MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
Consideraes Finais
Os registros de atropelamentos at o ms de setembro de 2011 foram,
provavelmente, subestimados. Esta subestimativa ocorreu devido a dois fatores:
baixa detectabilidade e tempo de permanncia das carcaas na rodovia, sendo que
a baixa detectabilidade pode estar relacionada ao pequeno tempo de permanncia
da carcaa na rodovia.
Segundo Prosseret al. (2008, apudTeixeira, 2011), a detectabilidade da carcaa
afetada por dois fatores principais: a remoo da carcaa entre o t empo de morte doanimal e inspeo de campo para sua deteco, e a ecincia do pesquisador em
encontrar a carcaa na rodovia, que pode ser inuenciada por fatores como clima,
tamanho da carcaa e quantidade de vegetao nas margens da rodovia.
Teixeira (2010) encontrou diferenas signicativas na detectabilidade entre
amostragens realizadas a p e com automvel, como tambm no tempo de
permanncia das carcaas na rodovia, ambas com relao abundncia de
indivduos de cada grupo taxonmico. Assim, animais de tamanho corporal menor
foram menos detectados do que animais maiores, e mais rapidamente removidos
da rodovia, gerando uma subestimativa da magnitude de animais atropelados em
alguns grupos taxonmicos.
Quanto abundncia dos registros de algumas espcies, Hobday & Minstrell
(2008) colocam que, embora sejam desagradveis, os atropelamentos de espcies
abundantes pode no ser fator condicionante para levar a um declnio da populao,
a no ser que estas estejam sob estresse de outros fatores, como presso de caa
ou doenas.
Contudo, das espcies registradas atropeladas,M. tridactyla e L. pardalis esto na
Lista Nacional das Espcies da Fauna Brasileira Ameaadas de Extino (BRASIL -MMA, 2008) e, novamente, o tamandu-bandeira (M. tridactyla) e a anta (T. terrestris)
tambm esto classicados como vulnerveis na Lista Vermelha da IUCN (VERSO
2011.2). Assim, estas espcies apresentam interesse de conservao alta.
Como resultados nais deste monitoramento, pretendeu-se, alm de estimar taxas
de mortalidade, avaliar espacialmente sua distribuio e identicar trechos de maior
mortalidade para quanticar, dimensionar e localizar as medidas mitigadoras no
trecho em estudo da BR-262/MS.
Reerncias Bibliogrfcas
ASCENSO, F. & MIRA, A. Impactes das Vias Rodovirias na Fauna Silvestre. Universidade
de vora. Portugal. 2006. Disponvel em: . Acesso em: 12/08/2011.
BRASIL. Ministrio do Meio Ambiente. Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaada de Extino.
Secretaria de Biodiversidade e Florestas. Departamento de Conservao da Biodiversidade. Braslia. 2008.
HOBDAY, A. J. & MINSTRELL, M.L. Distribution and abundance of roadkill on asmanian highways:
human management options. Wildlife Research, 35, 712726. 2008.
TEIXEIRA, F.Z. Detectabilidade da fauna atropelada: efeito do mtodo de amostragem e da
remoo de carcaas. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Biocincias.
Porto Alegre. 2010.
TEIXEIRA, F.Z. Fauna atropelada: estimativas de mortalidade e identicao de zonas de
agregao. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Biocincias. Programa de Ps-
Graduao em Ecologia. Porto Alegre. 2011.
PRADO, T. R.; FERREIRA, A. A.; GUIMARES, Z. F. S. Monitoramento de Animais Silvestres
Atropelados em um trecho de Mata Fragmentado pela Br-153/Go-060. VII Congresso de Ecologia do
Brasil. Minas Gerais. 2005. Disponvel em: .
Acesso em: 12/08/2011.
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25 MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
Mesmo que essencial ao desenvolvimento econmico do pas, empreendimentos
lineares como as rodovias trazem associados sua implantao e operao uma
srie de impactos ambientais adversos, tais como: alterao do ambiente fsico,
disperso de espcies exticas, intensicao da presena humana e mortalidade
por atropelamento.
No caso das obras de melhoramentos na rodovia BR-262/MS, o decorrente aumento
de velocidade pode favorecer as ocorrncias e aumentar signicativamente os
atropelamentos de fauna.
Estes incidentes, por outro lado, podem colocar em risco a segurana dosusurios da rodovia, uma vez que confrontos de veculos pequenos com animais
podem gerar perda de direo ou mesmo freadas bruscas, determinando vrios
tipos de acidentes rodovirios. Consequentemente, aes para a reduo dos
atropelamentos de fauna na rodovia contribuem para a segurana do trfego na
regio e a conservao da fauna local.
Assim, o monitoramento ambiental da rodovia realizado visando identicao
das espcies envolvidas, o mapeamento, a sinalizao, a instalao de redutores
de velocidade e cercas nos locais com maior incidncia de acidentes com animais
silvestres para reduzir a mortalidade direta.
As inspees do Programa de Monitoramento de Atropelamentos de Fauna
ocorreram, sempre que possvel, semanalmente, atravs da realizao do trajeto
de ida e volta do t recho Anastcio a Corumb a uma velocidade mdia de 60 km/h.
Todas as ocorrncias foram registradas, anotando-se os dados referentes
espcie, posio geogrca, caractersticas da vegetao, conservao da pista
nas redondezas e registro fotogrco. Ademais, todas as carcaas registradas
foram removidas da rodovia para evitar que fossem contabilizadas novamente.
Entre junho de 2011 e maio de 2012, o Programa de Monitoramento de Atropelamentosde Fauna registrou um total de 610 ocorrncias, com 70% destes sendo mamferos,
23% rpteis e 7% aves.
Entre as espcies identicadas, Panthera ona (ona-pintada), Leopardus pardalis
(jaguatirica), Myrmecophaga tridactyla (tamandu-bandeira) e Chrysocyon brachyurus
(lobo-guar) esto na Lista Nacional das Espcies da Fauna Brasileira Ameaadas
Programa de Monitoramentode Atropelamentos de Fauna da BR - 262/MS
Marcela Barcelos Sobanski
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de Extino (MMA, 2008), na categoria vulnervel. J a anta (Tapirus terrestris) e
novamente o tamandu-bandeira (M. tridactyla) tambm esto classicados como
vulnerveis na Lista Vermelha da IUCN (VERSO 2012.2).
Dessa forma, por meio da anlise espacial dos dados, foram identicados pontos
e segmentos crticos de atropelamentos de animais na rodovia que subsidiaram a
tomada de decises quanto s medidas de proteo fauna a serem adotadas para
reduzir o nmero de ocorrncias, como, por exemplo, a instalao de radares e de
cercas de proteo.
Figura 9 - Projeto-tipo de cerca de segurana proposto, viso 3D da cerca seguindo paralelamente arodovia e conduzindo a fauna para as passagens.
Tambm foi proposta, em carter experimental, a utilizao do sinal A-36 (travessia de animais silvestres)vertical de advertncia, com a alterao do pictograma hoje regulamentado pelo CONTRAN, substituindo-o
por pictogramas da fauna brasileira para cada regio, acreditando que a facilidade de reconhecimento e aresposta emocional ao utilizar a fauna local pode ser mais ecaz do que a sinalizao padro.
Figura 10 - (a) Ona-pintada (Panthera onca), (b) Capivara (Hydrochoerus hydrochaeris) e (c) Anta (Tapirus
Figura 11 (a) Ona-pintada (Panthera onca), (b) Capivara (Hydrochoerus hydrochaeris)
e (c) Anta (Tapirus terrestris).
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29 MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
Medidas Mitigadorasde Impactos Fauna da BR-448
Refexes e Consideraes da Instalao de uma Rodoviaem uma rea de Intensa Urbanizao no Rio Grande do Sul
Guillermo Dvila OrozcoRenata Aires de Freitas
Marcelo Dias de Mattos BurnsAdriano Peix oto Panazzolo
Leticia Coradini
Introduo
A BR-448, conhecida como Rodovia do Parque, um projeto do Programa de
Acelerao do Crescimento (PAC), do Governo Federal do Brasil. As obras iniciaram
em setembro de 2009 e a concluso est prevista para 2013.
As obras iniciam na interseo BR-116/RS-118, no municpio de Sapucaia do Sul,
passa por Esteio e Canoas e termina na interseo com a BR-290, no municpio de
Porto Alegre. Esta rodovia uma alternativa para distribuir o volume de veculos
que utilizam a BR-116 para transitar entre Porto Alegre e os municpios da regio
metropolitana e Norte do Rio Grande do Sul.
A rodovia compreende o traado de 22,23 quilmetros de extenso, com duas pistas
de duas faixas cada no segmento Norte (23,5 metros de largura) e trs faixas por
sentido no segmento Sul (30,6 metros de largura). O aterro sobre o qual est s endo
construda a rodovia varia de 4 a 6 metros de altura, os que antecedem os viadutos e
elevadas chegam a ter 15 metros. Em paralelo rodovia, do lado esquerdo (sentido
Norte Sul/Sapucaia do Sul - Porto Alegre), est projetada uma vala de macro
drenagem, e do lado direito uma via lateral de acesso, que permanecer durante a
operao da rodovia.
A rea de inuncia da BR-448 predominantemente de vrzea do rio dos Sinos,
apresentando escassos remanescentes de mata ciliar na margem prxima
rodovia. Em toda sua extenso a BR-448 est em terreno de topograa plana
e se desenvolve em paralelo ao rio dos Sinos. Pode-se observar claramente a
delimitao que a rodovia faz entre este e o Parque Estadual do Delta do Jacu e
as reas ocupadas pela regio metropolitana (Figura 12 e Figura 14). O trecho Sul
da rodovia encontra o rio Gravata, cujas margens so ocupadas por empresas ouindstrias, e sobre o qual est sendo construda uma ponte estaiada e a interseo
com a BR-290.
BR-448/RS
MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA28
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30 31MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
Metodologia
Mediante a reviso de documentos tcnico-administrativos do empreendimento,
incluindo Termos de Referncia (TR), Estudo de Impacto Ambiental (EIA), Licena
Prvia (LP), Plano Bsico Ambiental (PBA) e Licena de Instalao (LI), so
apresentadas as informaes mais relevantes em torno ao desenho e localizaodos diferentes tipos de medidas mitigadoras dos impactos sobre a fauna a serem
instalados da rodovia.
Com base na reviso de literatura especializada nos efeitos das rodovias ao
ambiente natural (fragmentao do hbitat, ecologia de estradas e conectividade da
paisagem), foram discutidos os possveis efeitos da estrada no nvel local.
De forma conclusiva apresentam-se questionamentos sobre o efeito barreira da
rodovia, uma vez que de um lado da rodovia est o r io dos Sinos e o Parque Estadual
do Delta do Jacu e, do outro, reas urbanas e rurais que exercem forte presso
sobre a fauna da regio.
Resultados
Os termos de referncia do licenciamento ambiental da BR-448 foram elaborados
pela Fundao Estadual de Proteo ao Meio Ambiente (FEPAM) com objetivo de
direcionar o desenvolvimento do EIA/RIMA e do PBA. Estes indicam a necessidade
de incluir no projeto estruturas de passagens de fauna e de desenvolver no EIA
anlises do meio bitico, anlise integrada, prognstico ambiental, e medidas para
manejar os impactos ambientais da rodovia.
O levantamento da fauna que compe o diagnstico do meio bitico do EIA/
RIMA foi desenvolvido mediante amostragem e anlise de dados secundrios. O
levantamento considerou os grupos dos anfbios, rpteis, aves, mamferos e peixes.
Conforme a anlise integrada e o prognstico ambiental do EIA, a construo da
rodovia teria um efeito na diminuio da abundncia e riqueza da fauna. Contudo, o
mesmo panorama previsto sem a construo do empreendimento, devido intensa
presso antrpica exercida pela ocupao do solo com agricultura e urbanizao.
Espera-se que o maior impacto seja em espcies sinantrpicas e em escala local.
Entre os mamferos registrados durante o levantamento do EIA destacam-se
o mo-pelada (Procyon cancrivourus), o gamb-de-orelha-branca (Didelphis
albiventris ) e a lontra (Lontra longicaudis).
Figura 12 - Traado da rodovia paralelo ao rio dos Sinos (direita), em rea agrcola.
A implantao de uma rodovia pode conitar com os usos existentes do solo, como reas agrcolas
e urbanas, reas naturais de conservao e recreativas (Iuell, 2003). Em termos gerais, os principaisefeitos das rodovias sobre a fauna so a fragmentao de hbitat e o atropelamento (Trombulak &
Frissel, 2000; e Forman & Alexander, 1998). Por ser uma rodovia de traado novo, so trazidos aquipara anlise alguns questionamentos sobre os possveis efeitos da BR-448 sobre o ambiente natural.
Figura 13 - Registro da pegada de furo (Galactis cuja) na passagem de fauna.
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32 33MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
A biota dos sistemas aquticos de transio considerada a mais afetada em nvel
local, mas de impacto reduzido. Para a etapa de operao da rodovia, apontado,
entre outros, o atropelamento de aves associadas a banhados.
Considerando os impactos sobre a fauna, os documentos do licenciamento ambiental
fazem referncia execuo de dois programas ambientais durante a etapa de
obras e durante a operao da rodovia. A Licena Prvia observa a necessidade dodetalhamento em planta e escala do projeto das medidas mitigadoras dos impactos
fauna, condicionante relacionada com os objetivos do Programa de Reduo de
Atropelamentos de Fauna do PBA, onde so descritas estas medidas.
As medidas so a incorporao de 3 passagens de fauna tipo galeria de 1,5m x
1,5m e adaptao das cabeceiras de duas pontes. No total, so 5 estruturas que
podem servir para passagem de animais. A proximidade de reas com vegetao,
recursos hdricos (valas, arroios, c anais de irrigao) e probabilidade de inundao
foram fatores fundamentais para denio da localizao de estruturas. Outras
estruturas como cercas, corredores vegetais, sinais e redutores so descritos, mas
no so detalhados em sua localizao ou extenso.
Foi previsto tambm o Programa de Monitoramento de Fauna, que est direcionado
ao monitoramento da efetividade dos mecanismos de diminuio e identicao de
pontos de atropelamento, e seus r esultados podero ser utilizados para recomendar
adaptaes ou mesmo incluso de novas medidas.
Discusso
Para a fauna que habita os remanescentes de mata ciliar do rio dos Sinos, a um lado
da rodovia, e aquela que pode viver em reas de lavouras (Didelphis albiventris,
Trachemys dorbigni, Tupinambis merianae, Phrynops hilarii, Procyon cancrivorus,
Liophis sp, Lontra longicaudis entre outras), os fatores que podem interferir hoje nas
suas populaes so a escassez de hbitat e a presso exercida especialmente
pela densa rea povoada (urbanizao, caa, captura, contaminao do solo
e da gua). Com a instalao da rodovia estas espcies poderiam tambm ser
prejudicadas pelo atropelamento de fauna (Trombulak & Frissel, 2000; e Forman &
Alexander, 1998).
A literatura de atropelamentos de fauna difere a respeito de qual o grupo mais
impactado pelo atropelamento em rodovias. No entanto, no so poucos os estudos
que apontam a Didelphis albiventris ou espcies deste gnero entre as mais
atropeladas nas rodovias (Cunha, Moreira & Silva, 2010; Coelho, Kindel & Coelho,
2008; Hengemhle & Cademartori, 2008; Turci & Bernarde, 2008; Glista, Devault &
Dewoody, 2007; Cherem et al., 2007; Tumeleiro et al., 2006; Rosa & Mauhs, 2004;
Clevenger & Waltho, Cunha, Moreira & Silva (2010) encontraram no seu trabalho
Figura 14 - Mapa de Localizao do Empreendimento e Passagens de Fauna
Figura 15 - Instalao de armadilha fotograca
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34 35MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
que as reas menos urbanizadas apresentam menor atropelamento, mas as
espcies mais atropeladas so aquelas que se adaptam a variaes de hbitat e
a distrbios antrpicos. Tambm sugerem que os animais atropelados podem usar
fragmentos de vegetao prximos pista para sua disperso ou desenvolver suas
atividades. Desta forma, o atropelamento uma ameaa especialmente para as
espcies que no evitam atravessar a pista e que tm alta probabilidade de ser
atropeladas (Jaeger & Fahrig, 2004). Estas caractersticas so apresentadas na
rea da BR-448 e comunidade de fauna da regio.
A fragmentao de hbitat tambm um dos principais efeitos na ameaa a animais
silvestres (Costa et al., 2004; Trombulak & Frissel, 2000; Forman & Alexander,1998). A estrada ser uma barreira divisria entre o Parque Estadual do Delta do
Jacu e a mata ciliar do rio dos Sinos e as reas de lavouras de arroz isoladas pela
zona urbana do outro (Figura 14). importante considerar que os Planos Diretores
dos municpios prevem a urbanizao das reas onde hoje se encontram as
lavouras de arroz. Os arroios Esteio e Sapucaia, transversais nova rodovia, podem
favorecer a mobilidade da fauna, entre ambos os lados da via, que ocasionalmente
transitaria por eles, visto o estado de contaminao da gua e falta de mata cili ar. A
permeabilidade da rodovia que ir garantir o menor impacto ao uxo de fauna de
um lado ao outro da estrada (Jaeger & Fahrig, 2004). Manter a conectividade entre
ambos os lados da rodovia com a construo de passagens de fauna subterrneas
e areas, pistas elevadas, pontes e viadutos soluo que vem sendo dada a
projetos rodovirios e recomendada por estudos na rea de ecologia de estradas
(Forman et al., 2003 e luell, et al., 2003). Apesar de as estruturas permitirem a
conectividade, esta ser limitada aos locais de instalao dos dispositivos.
Consideraes
Frente a estas constataes, apresentaram-se questionamentos que remetem
hiptese de impactos fauna que esta rodovia pode vir a causar. So eles:
Quais so os prs e contras de manter a permeabilidade da rodovia para a
fauna, ainda que sinantrpica, visto que do outro lado da estrada se encontra
a principal fonte de presso sobre as populaes?
Que medidas futuras devem ser adotadas conforme o crescimento da
mancha urbana, para a conservao da fauna nas reas naturais do outro
lado da rodovia?
Estes questionamentos podero ser esclarecidos com os resultados do Programa
de Monitoramento de Fauna da BR-448. O monitoramento poder indicar os efeitos
negativos e positivos da nova rodovia na comunidade faunstica e nas reas vizinhas
destinadas conservao ambiental, e dar subsdios aos tomadores de deciso
para aprimoramento das medidas de mitigao de impactos sobre a fauna.
O local de implantao da rodovia apresenta, com ou sem o empreendimento, o efeito
negativo sobre a fauna da regio, derivado das fortes presses antrpicas. Embora
que por precauo seja recomendado incluir as medidas mitigadoras dos efeitos
negativos da rodovia, como a perda de hbitat (decorrente da fragmentao de
hbitat) e o atropelamento de fauna, a implantao e operao da BR-448/RS
poderia se constituir em um estimulador da conservao da mata ciliar entorno
ao arroio dos Sinos. Neste contexto, resulta igualmente importante trabalhar nos
planos diretores municipais para garantir que estes espaos sejam manejados
adequadamente, mantendo o rio dos Sinos e suas reas naturais adjacentes comoum importante corredor biolgico em escala regional.
Figura 16 - Colocao de Plote de areia nas extremidades da passagem para registro das pegadas.
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36 37MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
Colaborao
Silvia Aurlio, Francisco Feiten, Leonardo Cotrim e Janana de Nardin
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39 MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
Monitoramento de Faunada BR-158 Norte
Programa Ambientale Conservao de Espcies
Projetos de monitoramento de fauna constituem-se em mecanismos f undamentais
para o estabelecimento de estratgias de conservao de espcies e ambientes,
uma vez que permitem conhecer tendncias ao longo do tempo. Para isso, o
subprograma conta com tcnicos especialistas nos diversos grupos de fauna
monitorados.
O presente monitoramento faz parte do Subprograma de Resgate Brando e
Monitoramento da Fauna referente ao licenciamento ambiental para a implantao e
pavimentao da rodovia BR-158/MT trecho Norte realizado pela Ecoplan Engenharia.Esta atividade iniciou-se em agosto de 2010 e at dezembro de 2011 foram realizadas
seis campanhas, alternado-se entre as estaes chuvosa e seca.
O objetivo principal deste monitoramento dimensionar quali-quantitativamente os
impactos causados pelo empreendimento na comunidade de vertebrados presentes
na regio. Para tal, o presente subprograma apresenta dois eixos de ao durante
a instalao da rodovia: Monitoramento e Controle do Atropelamento da Fauna e
Monitoramento de Fauna Bioindicadora.
O empreendimento est localizado setor Nordeste do Estado do Mato Grosso (MT),
entre a divisa com o Par (km 0) e o entroncamento com a MT-412 (km 213,5), possui
uma extenso de 213,5 km e atravessa tosionomias de cerrado e oresta Ombrla.
Monitoramento e Controledo Atropelamento da Fauna
Como objetivo geral, este estudo visa propor medidas para reduzir os ndices de
atropelamentos da fauna e atenuar os efeitos danosos biodiversidade da regio.
A reduo do nmero de atropelamentos de f auna pode ser atingida com baseem um conjunto de medidas que envolvem o controle da velocidade de trfego
dos veculos, o aumento da permeabilidade da rodovia e aes educativas. Dessa
forma, aps a anlise integrada dos resultados de atropelamentos e das vistorias
das passagens mistas e/ou locais potenciais para suas instalaes - ou seja, pontes
e bueiros - reunidos durante as campanhas de monitoramento apontaram-se reas
que se mostram prioritrias para a implantao de mecanismos de passagem,
barreiras e sinalizao para mitigar os atropelamentos da fauna.
Clarisse Touguinha Guerreiro AntunesAdriano Scherer
Rodrigo Caruccio SantosCarina da Luz Abreu
BR-158 Norte
MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA38
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40 41MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
Aps seis campanhas de monitoramento realizadas, foram registrados 120
espcimes atropelados na BR-158/MT, trecho Norte. Foi possvel a identicao de
43 espcies, sendo que trs espcimes s puderam ser identicados at nvel de
Classe em razo do estado de deteriorao do mesmo. Considerando os registros
acumulados das seis campanhas de monitoramento j realizadas, o tatu Dasypus
novemcinctus, com oito registros, e a serpentePhilodryas olfersii, com sete registros,
so, at o momento, os animais mais afetados pelos atropelamentos na BR-158/
MT, trecho Norte. Tambm possvel vericar a incidncia de atropelamentos por
subtrechos da rodovia.
Medio da Efcincia das Passagens de FaunaA partir da quarta campanha foram indicados locais para instalao de novas
passagens ou adaptao as passagens projetadas. Alm disso, atravs do
cruzamento dos dados de uso das passagens de fauna pelas diferentes espcies
com os dados de atropelamentos sero obtidas informaes sobre a ecincia
dessas medidas mitigadoras. A simples anlise da distribuio espacial e temporal
dos eventos de atropelamento pode ser utilizada como medio da ecincia.
Figura 17 ndice de atropelamento (IA) dos subtrechos da rodovia BR-158/MT
em cada campanha de monitoramento.
Aps a acumulao de dados durante as campanhas, ser feita uma anlise
comparativa entre a frequncia relativa de uso das passagens pelas espcies com
a frequncia relativa de animais atropelados. Se a relao for direta e linear, ser
possvel inferir que as frequncias de utilizao das passagens e os atropelamentos
so proporcionais composio da comunidade e aos hbitos das espcies.
Monitoramento da auna Bioindicadora
Este monitoramento de fauna tem como objetivo obter informaes sobre a composio
das comunidades e a abundncia de espcies componentes da fauna de vertebrados
terrestres, observando possveis variaes relacionadas pavimentao da rodovia.
Tambm pretende dar especial ateno s espcies ameaadas e endmicas
diagnosticadas no EIA, intensicando-se o inventrio e conhecimento da ecologia
dessas espcies na regio. Aps seis campanhas de monitoramento, abrangendo as
diferentes tosionomias e as variaes sazonais da regio, apresentam-se a seguir os
principais resultados obtidos nesse monitoramento.
Anbios
Somados os dados das seis amostragens, tm-se o registro de uma riqueza de 47
espcies de anfbios para as reas amostradas. A sazonalidade regional reetiu-se
na composio de espcies registradas entre as campanhas realizadas.
Figura 18 - Galeria usada tambm com o
propsito de passagem de fauna.Figura 19 - Vistoria em busca de vestgios da
presena de animais interceptado pela rodoviaBR-158/MT.
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42 43MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
Rpteis
Considerando os dados obtidos nas seis campanhas de monitoramento, tm-
se uma riqueza de 37 espcies de rpteis para as reas amostradas. A 1 e a
4 campanha, ambas realizadas na estao seca, apresentaram as maiores
similaridades na composio de espcies registradas (ndice de Sorensen = 0,68).
Nota-se que a maioria das similaridades entre as campanhas tiveram valores baixos
e intermedirios. Sugere-se que este fato deva-se mais s caractersticas de vida,
hbitos e estratgia de escape e refgio dos rpteis, que fazem com que a maioria
das espcies seja de difcil encontro na natureza, sendo necessrio um esforo
de coleta muito grande e, principalmente, de longos espaos de tempo para umaamostragem signicativa destes animais. Contudo, devem-se considerar tambm
alteraes sazonais nos nveis de atividade desse grupo.
Aviauna
At o nal da sexta campanha foram registradas 291 espcies de aves ou 44,4%
das espcies consideradas como ocorrentes na regio ( 464 espcies). Ao utilizar os
dados das campanhas anteriores, 50 espcies foram registradas uma nica vez e
30 espcies registradas somente duas vezes, sendo o grau de conana de 89,5%.
Figura 20 Variao do nmero de espcies registradas por campanha e curva cumulativa de espciesidenticadas durante o monitoramento da rodovia BR-158/MT, trecho Norte.
Mastoauna
As amostragens da mastofauna realizadas na sexta campanha de monitoramento,
incio de estao chuvosa, registraram 21 espcies de mamferos no voadores.
Estas espcies, somadas com as registradas nas cinco campanhas anteriores (23,
23, 21, 24, 23 espcies respectivamente), totalizam 45 espcies de mamferos no
voadores, representando 47% das espcies de mamferos consideradas como
ocorrentes ou de provvel ocorrncia para a regio (96 espcies), conforme o EIA
do empreendimento.
Concluso
Os resultados das atividades desempenhadas so satisfatrios em funo dos
resultados alcanados, a realizao desses monitoramentos, durante a construo
da BR, contribuiu para o resgate das espcies e preservao dos animais. De
acordo com o estudo, muito importante identicar os pontos de maior incidncia
de atropelamentos para a instalao de equipamentos e medidas preventivas para
monitorar as passagens implantadas, avaliando a sua efetividade, reduzindo a
mortalidade de animais.
A seriedade e continuidade desses trabalhos so de fundamental importncia
para as espcies locais, como a anlise das espcies ameaadas e endmicas
diagnosticadas no estudo de impactos ambientais (EIA), bem como as informaes
sobre a abundncia de espcies componentes da fauna local, observando possveis
variaes relacionadas pavimentao da rodovia.
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45 MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
Consideraes sobreo Monitoramento de Fauna
da BR-392Trecho Pelotas- Rio Grande, Rio Grande do Sul
Marcelo Dias de Mattos BurnsGuillermo Dvila Orozco
Renata Aires de FreitasSharon Aires PaivaFabio Azzolin Dutra
Debora Argou MarquesKleisson da Silva Sousa
Introduo
Dentre os principais efeitos mensurados de curto e mdio prazo em rodovias da
Amrica do Norte e Europa, esto a fragmentao dos hbitats, atropelamento
de animais silvestres e mudanas na composio da fauna nas reas de entorno
(Forman & Alexander, 1998; Trombulak & Frissel, 2000). Em contraste, na Amrica
do Sul, as pesquisas sobre o tema vm ganhando espao com eventos especcos
nos ltimos anos ( Road Ecology 2010-2011).
Usualmente a elaborao do programa de monitoramento de fauna em uma rodovia
tem como base o estudo de impacto ambiental (EIA) e o Plano Bsico Ambiental (PBA).
No entanto, a falta de protocolos para elaborao destes documentos acarreta em
uma miscelnea de metodologias e resultados c om baixa qualidade tcnica.
No Brasil, os trabalhos que vericam os impactos das rodovias para fauna tm
enfocado a quanticao dos atropelamentos (Prada, 2004; Tumeleiro, 2006;
Cherem et al. 2007, Coelho et al. 2008) com poucos trabalhos voltados fauna de
entorno. Da mesma forma, as medidas mitigadoras tais como pardais, passagens
de fauna, placas de sinalizao, entre outras, usualmente propostas para reduzir
o efeito barreira das rodovias, ainda so inconsistentes, necessitando de uma
reformulao e padronizao das normas tcnicas para sua aplicao. Atualmente
o governo brasileiro vem buscando a adequao e/ou formulao de protocolos
e procedimentos administrativos com objetivo de aperfeioar as medidas para
avaliao dos impactos na biodiversidade e das tcnicas utilizadas para mitig-lo.
Neste sentido, apresenta-se o estudo de caso da BR-392 contemplando alguns
aspectos importantes para os programas que envolvem monitoramento de fauna:
seleo dos bioindicadores, delineamento amostral e passagens de fauna.
Neste contexto, o presente trabalho apresenta o estudo de caso do projeto
metodolgico desenvolvido pela Superviso Ambiental da empresa de STE -
Servios Tcnicos de Engenharia, a qual responsvel pela gesto ambiental do
trecho em duplicao da BR-392.
BR-392/RS
MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA44
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46 47MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
Material e Mtodosrea de Estudo
A rea do empreendimento est situada no extremo Sul do estado do Rio Grande
do Sul (3200 - 3230 S e 5200 - 5230 O), abrangendo os municpios de Rio
Grande e Pelotas (Figura 23). A rea est inserida no complexo lagunar Patos-
Mirim, Bioma Pampa (Pillaret al. 2009), destacando-se as reas midas de Vrzea
do Canal de So Gonalo, o Banhado Vinte e Cinco e da Mulata e os Marismas
(PBA, 2006), consideradas de importncia singular para o estado do Rio Grande do
Sul (Maltchik, 2003; Fontana et al. 2003) e seccionadas pela rodovia.
O trecho de duplicao da obra estende-se por cerca de 60 quilmetros,
subdividido em quatro lotes. Os lotes 2 e 3 esto em fase de construo, sendo
estes o foco do trabalho.
Resultados e Discusso
Seleo dos Bioindicadores e Delineamento AmostralNo Brasil, diversos trabalhos de monitoramento de fauna com abordagem no impacto
do atropelamento vm sendo realizados em diversas regies do Brasil (Prada, 2004;
Tumeleiro, 2006; Cherem et al. 2007; Coelho et al. 2009), no entanto, no existem
estudos abordando os efeitos das estradas na fauna de entorno provenientes de
programas ambientais em rodovias.
Figura 23 - A) Localizao do projeto de duplicao da BR -392 e BR-116/RS.
Figuras 21 e 22 -Pegadas de pre (acima) e de mo pelada (abaixo).
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48 49MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
A partir dos antecedentes histricos em relatrios (EIA, 2004; PBA, 2006; SAI, 2009)
a atual equipe do programa adaptou a seleo dos bioindicadores (PBA, 2006; SAI,
2009) e elaborou o delineamento amostral para o monitoramento da fauna. O primeiro
aspecto foi a seleo e adaptao do programa de espcies bioindicadoras. Este
programa foi redimensionado quanto abordagem monoespecca sugerida pela
SAI (2009) para multiespecca, tais como os grupos biolgicos de mamferos de
mdio e grande porte, anfbios e rpteis. A principal justicativa para tal abordagem
foi investigar os possveis efeitos da rodovia considerando diferentes grupos de
vertebrados. Outros critrios para seleo destes grupos foram tambm utilizados,
tais como o grau de ameaa e nmero de espcies ameaadas em diferentes escalasgeopolticas (Fontana et al. 2003; IUCN, 2011), a falta de conhecimento prvio na
regio de estudo (Garcia et al. 2007; Achaval & Olmos, 2003) e a composio de
espcies atropeladas (SAI, 2009).
O segundo aspecto foi a elaborao do delineamento amostral. Segundo o PBA
(2006) as atividades e etapas para investigar os impactos em uma rodovia esto
subdivididas em diferentes fases: antes, durante e aps a sua construo. Contudo,
existe a necessidade de selecionar as tcnicas de amostragem a serem utilizadas,
bem como a escala espao-temporal de s ua aplicao. Dessa forma, considerando
a etapa de construo da rodovia, o delineamento amostral consistiu em vericar
o efeito do gradiente de distncia da mesma, desde 0 at 5 km. Tal gradiente
usualmente empregado para avaliar os efeitos da fauna em rodovias (Forman &
Delinger, 2000; Spellerberg, 2002; Laurence et al. 2007).
Das tcnicas sugeridas para as amostragens dos grupos de fauna (PBA, 2006) foi
realizada uma adaptao para execuo do projeto metodolgico vigente na BR-
392 (SA, 2011) (Tabela 2). Para os Mamferos de mdio e grande porte esto sendo
utilizadas duas tcnicas de amostragem seguindo a abordagem de Transectos
de Rastros e Armadilhas Fotogrcas. J para os anfbios e rpteis so utilizadas
as tcnicas de Procura Visual e Auditiva, Busca Ativa, Armadilhas de Queda com
cercas guia (ainda no utilizada) e Encontros Ocasionais.
Figura 24 -B) rea de amostragem do Programa Bioindicadores.
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50 51MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
At o presente momento, os resultados das campanhas so preliminares,
impossibilitando qualquer tipo de aluso sobre os efeitos da duplicao sobre a
biodiversidade. Entretanto, apresentamos o embasamento tcnico-cientco para
o estabelecimento dos programas de monitoramento de fauna, em especial para o
programa de espcies bioindicadoras no trecho em duplicao da BR-392.
De forma complementar, o desenvolvimento do Programa de Levantamento,
Mitigao e Monitoramento de Atropelamento de Fauna tambm fornecer subsdios
para o programa Bioindicadores, como, por exemplo, a composio e frequncia
das espcies atropeladas na rodovia, conforme o estudo pretrito da SAI (2009).Tais resultados so primordiais na indicao das medidas de mitigao do impacto
direto da rodovia sobre a fauna, tais como, a construo de passagens de fauna,
entre outras, tratadas no tpico seguinte.
Conectividade Estrutural
Acessar o diagnstico sobre a conectividade estrutural em uma rodovia infere
indiretamente no grau de isolamento das paisagens seccionadas. Da mesma
forma, esta condio determina as passagens potenciais de uso da fauna aqutica
e terrestre (Angermeieret al. 2004; Clevengeret al. 2003), caracterizando-se como
uma das principais medidas mitigadoras em rodovias.
Ressaltamos que, para execuo de cada tcnica de amostragem, existe um grau
de diculdade, sendo a tcnica de Transectos de rastros aplicada para mamferos, e
a tcnica Auditiva para os anfbios, as que exigem maior qualicao e experincia
dos especialistas. Outra importante considerao o tempo administrativo para
solicitao da licena de c oleta. Com exceo da tcnica das armadilhas de queda,
as demais no necessitam a captura dos animais, facilitando, desta forma, o
andamento imediato do trabalho de campo.
O terceiro aspecto no projeto metodolgico foi estabelecer a periodicidade das
amostragens. Para tanto, foram estabelecidas campanhas a cada 45 dias peloperodo de um ano, a m de obter rplicas de amostragem por estao do ano.
Sendo assim, considerando aspectos como a seleo dos bioindicadores, seleo
de tcnicas de amostragem e elaborao do delineamento amostral, possvel
diagnosticar com maior preciso analtica os efeitos de uma rodovia para fauna.
Figura 25 - Da esquerda para a direita: gato-do-mato; armadilha fotogrca sendo instalada;
mo-pelada registrada pela armadilha fotogrca.
Tabela 2 - Descrio dos grupos biolgicos e das tcnicas utilizadas no programa de
espcies bioindicadoras da BR-392.
GRUPO/TCNICA UTILIZADA
Mamferos de Mdio e Grande porte
Transectos de Rastros
Armadilhas Fotogrficas
Anbios
Procura Visual e Audiva
Armadilhas de Queda com cercas guia
Encontros Ocasionais
Rpteis
Procura Limitada por Tempo
Armadilhas de Queda com cercas guia
Encontros Ocasionais
FORMA DE EXECUO
Parcelas equidistantes da rodovia
Distncia da rodovia no padronizada
Parcelas equidistantes da rodovia
Parcelas equidistantes da rodovia
Parceria com moradores locais
Parcelas equidistantes da rodovia
Parcelas equidistantes da rodovia
Parceria com moradores locais
ONDE
Estradas secundrias
Regies de Mato
Estradas secundrias
Faixa de domnio e Estradas secundrias
Entorno da rodovia
Estradas secundrias
Faixa de domnio e Estradas secundrias
Entorno da rodovia
GRAU DE DIFICULDADE
DE APLICAO DA TCNICA
Alto
Baixo
Alto
Mdio
Baixo
Mdio
Mdio
Baixo
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52 53MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
Contudo, fazem-se algumas ressalvas quanto ao aumento da conectividade
estrutural, pois outros fatores como localizao e dimenso destas passagens
podem inuenciar o uso pelas espcies. Na rea de estudo, a composio destas
estruturas esta representada por bueiros, viadutos e pontes de distintas dimenses,
em ambos os lotes (Figura 33). No projeto executivo foram identicadas sete
tipos de estruturas com dimenses entre 0.6 a >3m), denominadas de bueiros:
i) BSTC; bueiro simples tubular de concreto, ii) BSTM; bueiro simples tubular de
metal, iii) BDTC; bueiro duplo tubular de concreto, iv) BTTC; bueiro triplo tubular
de concreto, v) BSCC; bueiro simples celular de concreto, vi) BDCC; bueiro duplo
celular de concreto e vii) BTCC; bueiro triplo celular de concreto) entre outras, tais
como viadutos e pontes. Das estruturas mais representativas tanto no lote 2 c omo
no lote 3 destacada o bueiro tipo BSTC, contribuindo com 67.09% e 77.08%,
respectivamente (Figura 33).
No caso da BR-392, a estrada existente contm 59 estruturas, sendo 55.9%
situadas no lote 2 e 44.1% no lote 3, todas apresentando conectividade estrutural
de ambos os lados da rodovia (Figura 26). Alguns exemplos dos tipos de estruturas,
como bueiros e pontes, so exemplicados na Figura 28. Nestes lotes (2 e 3)
da duplicao, o projeto executivo totalizou a construo de 180 estruturas, as
quais, 40.4% possuem conectividade estrutural (Figura 30) com a pista existente,
entre ambos os lados das pistas. Tambm foi vericada uma maior conectividade
estrutural no lote 2 com 49.4%, em relao ao lote 3, com 33% (Figura 31 e 32).
Quando comparado com a condio da pista existente, o nmero de estruturas com
conectividade aumentou de 59 para 72 unidades.
Figura 26 - Representatividade numrica das estruturascom conectividade estrutural, nos lote 2 e 3, na pista antiga.
Figuras 28 e 29 - Exemplo dos dois tipos de estruturas de conectividade encontrados na BR-392/RS, nos lotes 2 e 3.
(A) Bueiro simples tubular de concreto (B) Ponte sobre o arroio Bolacha.
Figura 27 - Exemplos de estruturas de coletividade.
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54 55MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
Dos trabalhos que abordam passagens de fauna, revisados em documentos tcnicos
para BR-392 (SAI, 2009), inferida uma dimenso mnima de 2x2m, com objetivo
de favorecer o carter multiespecco da estrutura. Considerando tal critrio, o total
de estruturas no projeto executivo que podem funcionar como passagens de fauna
so 25. Isto considerando a condio de ter dimenses mnimas de 2x2m, as quais
tornam o ambiente mais atrativo para o maior nmero de espcies atravessarem
(SAI, 2009). Atualmente, estas estruturas encontram-se em fase de construo
nos lotes 2 e 3 de obras. Outras medidas mitigadoras propostas pela SAI (2009),
tais como telas de isolamento e direcionamento, redutores de velocidade e placas
de sinalizao, alm de outras adaptaes nas passagens de fauna, esto em
avaliao para implantao neste trecho estudado.
Figura 30 -(A) Representatividade numrica da conectividade estrutural, no projeto de
duplicao da BR-392/RS (lote 2 e 3); (31) Lote 2; (32) Lote 3.
Figura 33 - Representatividade numrica do tipo de estrutura prevista
no projeto de executivo para os lotes 2 e 3 da BR-392/116.
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56 57MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
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Consideraes fnais para o desenvolvimentodos programas de auna em rodovias brasileiras
Com base na literatura cientca e no desenvolvimento prtico de programas
ambientais em diversos empreendimentos brasileiros, apresentamos algumas
consideraes dispostas abaixo:
Possibilitar uma melhor conciliao dos procedimentos administrativos entre os
distintos rgos governamentais. Um fator que pode favorecer estes procedimentos
ser a elaborao de protocolos e/ou termos de referncia especcos.
Na elaborao de termos de referncia deve ser levado em considerao
essencialmente o estado da construo de uma rodovia (traado novo ou
existente como, por exemplo, uma duplicao).
Em termos de metodologia, o Programa de Levantamento, Mitigao e
Monitoramento dos Atropelamentos de Fauna possui maior divergncia na aplicao
das medidas de mitigao, necessitando uma maior discusso sobre a criao de
normas e regulamentaes. Em contraste, o delineamento amostral e a tcnica
para vericao da fauna atropelada possuem maior uniformidade metodolgica
visualizada por diversos trabalhos publicados na literatura cientca.
Para o programa de Monitoramento de Fauna - Espcies Bioindicadoras
necessrio um aprimoramento metodolgico levando em considerao
a seleo dos indicadores, as tcnicas utilizadas para amostragem e o
delineamento da amostragem.
Considerar a escala espacial da ecologia de paisagens para diagnosticar e
caracterizar os impactos da construo de uma rodovia na fauna.
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59 MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
Introduo
O trecho da rodovia BR 163/PA do empreendimento possui extenso de 914 km e dividido pelos segmentos: Satarm Rurpolis, com 3 lotes, segmento coincidente
com a BR 230/PA, com 2 lotes e Trairo Divisa PA/MT, com 8 lotes. Sua rea de
inuncia abrange 13 Unidades de Conservao, 3 reas Indgenas e a rea Militar
Brigadeiro Veloso.
Pode-se observar o fenmeno denominado espinha de peixe no decorrer da BR,
que ocorre devido criao de pequenas estradas saindo da rodovia principal e
que, ao entrar na mata, expandem o desmatamento com o formato caracterstico
do nome.
Os programas ambientais executados pelo Gerenciamento Ambiental so:
Programas de Gesto e Superviso Ambiental, Programa de Monitoramento da
Qualidade da gua e Programa de Proteo da Fauna e Flora.
O Programa de Proteo Fauna possui objetivos especcos de: avaliar o grau de
impacto da pavimentao da rodovia sobre a fauna, propor e implantar medidas de
mitigao dos impactos sobre a fauna e monitorar a eccia das medidas de mitigao
implementadas. Possui os Subprogramas de Monitoramento de Fauna e Monitoramento
de Atropelamento de Fauna/Monitoramento das Passagens de Fauna.
Subprograma de Monitoramento de Fauna
Neste subprograma, so utilizados 5 mdulos de amostragem e empregada a
metodologia RAPELD, RAP (Rapid Acessment Program) + PELD (Pesquisas
Ecolgicas de Longa-Durao).
Esta metodologia visa maximizar a probabilidade de amostrar adequadamente as
comunidades biolgicas, para o que so necessrias reas amostrais grandes,
e, ao mesmo tempo, minimizar a variao nos fatores abiticos que afetam
estas comunidades, o que requer amostragem de reas pequenas. As principais
A BR - 163/PA e a Fauna
Juliana Karina Pereira SilvaClarissa Campos Ferreira
BR-163/PA
MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA58
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60 61MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
caractersticas do mtodo so: ser padronizado (25 km2), permitir pesquisas
integradas em todos os taxa, ser grande o suciente para monitorar os processos
ecossistmicos e ser modular para permitir anlises comparativas com amostragens
menos intensivas em reas extensas.
Para a utilizao do mtodo na BR 163/PA, foram necessrias algumas
adaptaes. Na proposta metodolgica, so utilizados 6 mdulos de 5 km por 1
km, a nova adaptao em c ampo para a BR prope 5 mdulos de 3 km por 1 km, o
que ainda o suciente para captar a variao na dentro de cada tosionomia,
para aumento do esforo amostral e para amostragens simultneas nas parcelase nas trilhas externas.
Aviauna
Para o monitoramento do grupo de avifauna, foram utilizados: pontos xos de
observao e/ou escuta, busca ativa por meio de caminhadas (playback) e captura
e marcao com redes de neblina.
Figura 34 - Mdulo de amostragem.
Figuras 35 e 36 - Registro de vocalizao.
Figura 37 - Anilhamento.
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62 63MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
Esforo Amostral e Resultados (Avifauna):
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64 65MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
Mastoauna
Para captura de pequenos mamferos no voadores, foram utilizadas armadilhas
Sherman e Tomahawk (15/parcela) e Pitfall traps (5 arranjos em Y por parcela).
Para pequenos mamferos voadores, foram usadas redes de neblina. Finalmente,
para mdios e grandes mamferos, usou-se censo nos transectos ecamera traps.
Esoro Amostral e Resultados (Mastoauna):
Figura 38 - Armadilha Tomahawk.
Figura 39 - Armadilha Sherman
Figura 40 - Armadilha Fotogrca.
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66 67MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
Foram observadas 53 espcies distribudas em 9 ordens e 21 famlias.
Curva do coletor Pequenos mamferos no voadores
Curva do coletor Pequenos mamferos voadores
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68 69MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
Herpetoauna
Para anfbios, serpentes e lagartos, foram utilizadas:pitfall traps (5 arranjos em Y
por parcela), busca ativa e identicao auditiva. Para quelnios, utilizou-se:hoop
traps e redes de arrasto.
Esoro Amostral e Resultados (Herpetoauna):
Figura 41 - Pitfall traps arranjo em Y
Figura 42 - Redes de arrasto.
Hoop traps.
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Foram encontradas 36 espcies de anfbios ordem Anura com 10 famlias e 38
espcies de rpteis, 3 ordens, 16 famlias.
Figura 43 - Redes de arrasto.
Figura 44 - Redes de arrasto.
Figura 45 -Curva do Coletor x Mdulo.
Figura 46 - Diversidade ndice de Shannon
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72 73MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
Subprograma de Monitoramento de Atropelamentode Fauna/Monitoramento das passagens de auna
As principais causas do atropelamento da fauna so: a rodovia interfere no
deslocamento natural da espcie; a disponibilidade de alimento na rodovia serve
como atrativo para a fauna; a fauna utiliza a rodovia para termorregulao;
atropelamentos intencionais.
Os objetivos do programa consistem em identicar os pontos crticos com maior
ndice de atropelamento, identicar os grupos faunsticos mais afetados pelo t rfego
na rodovia e denir os tipos de dispositivos de passagem de fauna e dispositivos deconteno mais adequados aos grupos mais impactados na rodovia.
A periodicidade das campanhas efetuadas na BR 163/PA trimestral e a primeira
campanha realizada no perodo chuvoso registrou 26 ocorrncias.
Os pontos para implantao das passagens de fauna na BR 163/PA so 13
determinados pela Licena de Instalao 637/2009, 32 sugeridos pelo DNIT e
aprovados pelo IBAMA, 9 determinados pelo PBA e 62 Passagens de Fauna sob
OAEs, totalizando: 116 Passagens de Fauna.
No projeto, so contidos Bueiros Celulares em Concreto com dimenso estabelecida
pelo PBA de 2x2m.
Figura 48 - Passagem de fauna com bueiro celular de concreto.
Figura 49 - Ponte com vo livre para passagem de fauna.
Tambm so previstas em projeto as Passagens sobre OAEs que so estruturas
mais ecientes para passagem, pois as reas secas que cam sob seu vo so mais
amplas e iluminadas que bueiros. Estas reas normalmente so sucientes para
travessia da fauna, inclusive de animais de grande porte que rejeitam a passagens
por bueiros.
Figura 47 - Dispositivos Complementares Cercas Direcionadoras.
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75 MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
Introduo
O monitoramento das passagens de fauna uma atividade que est relacionada
intimamente com os resultados do Monitoramento da Fauna Silvestre Atropelada,
pois os resultados obtidos no programa so essenciais na tomada de deciso para
implantao de dispositivos de passagens, no tocante s suas caractersticas: tipo (seca ou
alagada), localizao e forma (bueiro, galeria, etc). Os dados do trabalho realizado foram
produzidos com base no termo de compromisso celebrado entre o DNIT e a UFSC.
Objetivo do Monitoramento de Passagensde Fauna na BR-101
Avaliar a ecincia das passagens instaladas;
Identicar os principais grupos faunsticos que as utilizam;
Avaliar existncia de seletividades das passagens;
Identicar nas passagens registros de espcies raras, endmicas
e ameaadas
de extino;
Avaliar a ecincia das cercas-guias implantadas, como direcionadores
de travessia de animais.
Objetivo especfco
Propor, sempre que necessrio, a implantao de medidas mitigadoras para
a reduo de atropelamentos da fauna silvestre ao trmino das atividades de
monitoramento, alm das j aplicadas pelo DNIT.
Passagens de Fauna da BR-101 SulAo longo da BR-101 Sul, no trecho compreendido entre Florianpolis/SC Osrio/RS,
foram implantadas 21 passagens no Rio Grande do Sul e 22 passagens em Santa
Catarina, estando previstas a implantao de mais 2 passagens em Santa Catarina.
A seleo dos locais para implantao das passagens de fauna foi feita pela
UNIVILLE, com base em estudos de monitoramento de fauna.
Monitoramento dePassagens de Fauna
da BR-101 Sul
Trecho Florianpolis/SC - Osrio/RS
Remy Toscano
BR-101 Sul
MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA74
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76 77MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
As passagens de fauna da BR-101 Sul so dos tipos bueiros e galerias de sees
variadas, sendo algumas das mesmas de uso misto, ou seja, para passagens de
animais e escoamento de guas pluviais.
Campanhas realizadas pelaESGA e UFSC = 3 (trs).
Periodicidade
Trimestral, aps o incio da contratao da UFSC.
Metodologia
O monitoramento das passagens de fauna est sendo realizado por meio de
instalao de armadilhas fotogrcas, num total de vinte pares de cmeras, sendo
colocadas em pares nas entradas e sadas dos dispositivos.
Durante as campanhas so vistoriadas todas as passagens em busca de vestgios,
fezes e pagadas, no sentido de identicar quais espcies que as utilizam.
Concluses e Resultados aps a realizaode duas campanhas da UFSC
Aps duas campanhas, nenhuma espcie foi registrada pelas c meras, fato que
no interferiu na efetividade das passagens, uma vez que registros foram realizados
por meio de pegadas e outros vestgios.
O fato de no haver registros nas armadilhas fotogrcas pode ser atribudo,
principalmente, aos perodos das amostragens, uma vez que foram realizadas no
inverno, estao que normalmente as espcies diminuem suas atividades pelas
baixas temperaturas que ocorrem no perodo.
A princpio, consideramos que os mamferos, rpteis e anfbios so os principais
grupos que utilizam os artifcios de transposio. Com base nos registros de
vestgios e considerando os registros de mamferos atropelados, durante as
campanhas, podemos armar que a maior parte das passagens de fauna de alguma
forma possui efetividade, uma vez que apenas 3 (trs) indivduos foram registrados
atropelados a menos de 500 metros das passagens.
Apesar de nem todas as passagens possibilitarem uma avaliao direta, podemos
armar que a maior parte delas so ecazes, uma vez que os maiores ndices de
atropelamentos ocorrem nos trechos onde no existem no dispositivo.
Consideraes Finais
Com base em estudos realizados, acreditamos que a implantao de passagens
de fauna deve estar intimamente ligada aos registros de atropelamento, e
desta forma, a CGMAB deveria solicitar s empresas que realizam Estudos
Ambientais (EIA/EA), que na elaborao dos mesmos fossem feitos estudos
de atropelamento. Os referidos estudos poderiam apontar os locais crticos de
atropelamento, onde seriam instaladas as passagens, proporcionando umamaior ecincia das mesmas e menores custos ao empreendedor, uma vez que
estas fariam parte do projeto da obra. A implantao de passagem de fauna e
cercas-guias com dimenses superiores a 1m tem funcionado de forma efetiva
para travessia de animais silvestres contribuindo para reduzir os atropelamentos
da BR-101 Sul, principalmente para o grupo dos mamferos.
Figura 50 - Armadilha fotogrca em passagem de fauna.
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7/30/2019 Monitoramento e Mitigao de Atropelamento de Fauna
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78 79MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA MONITORAMENTO E MITIGAO DE ATROPELAMENTOS DE FAUNA
Introduo
Justifcativas
Monitoramento da Fauna SilvestreAtropelada da BR 101-Sul
Trecho Florianpolis/SC - Osrio/RSResultado da 8 Campanha da UFSC
Remy Toscano
O presente trabalho refere-se ao Termo de Cooperao n 560/2010, celebrado
entre o DNIT e a UFSC, referente Meta 1 Proteo a Fauna, Etapa 1.1 Monitoramento de Fauna Atropelada.
No sentido de atender o disposto no plano de trabalho do Termo de Cooperao n
560/2010, referente ao Monitoramento de Fauna Atropelada, seguem os resultados
obtidos aps a realizao da 8 Camp