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i 2012 Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Odontologia Av. Alfredo Baltazar da Silveira 580 – cobertura 22790-710 - Rio de Janeiro/RJ Tel/Fax: (0xx21) 2497-8988 EFICÁCIA EX VIVO DE DIFERENTES ESTRATÉGIAS ANTIMICROBIANAS EM CANAIS RADICULARES OVAIS MÔNICA APARECIDA SCHULTZ NEVES

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i

2012

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em OdontologiaAv. Alfredo Baltazar da Silveira 580 – cobertura

22790-710 - Rio de Janeiro/RJTel/Fax: (0xx21) 2497-8988

EFICÁCIA EX VIVO DE DIFERENTES ESTRATÉGIAS ANTIMICROBIANAS EM CANAIS RADICULARES OVAIS

MÔNICA APARECIDA SCHULTZ NEVES

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

Mônica Aparecida Schultz Neves

Eficácia Ex Vivo de Diferentes Estratégias

Antimicrobianas em Canais Radiculares Ovais

Rio de Janeiro

2012

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MÔNICA APARECIDA SCHULTZ NEVES

EFICÁCIA EX VIVO DE DIFERENTES ESTRATÉGIAS

ANTIMICROBIANAS EM CANAIS RADICULARES OVAIS

Tese apresentada à Faculdade de Odontologia da

Universidade Estácio de Sá, visando à obtenção

do grau de Doutor em Odontologia (Endodontia).

Orientadores: Isabela das Neves RôçasSiqueira

José Freitas Siqueira Júnior

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

RIO DE JANEIRO

2012

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“Os anos podem enrugar a pele, mas desistir do entusiasmo enruga a alma.”

Samuel Ullman

“Você aprende a falar, falando, a estudar, estudando, a correr, correndo, a

trabalhar, trabalhando; e assim também, você aprende a amar a Deus e ao

homem, amando. Comece como um simples aprendiz e o próprio poder do

amor levará você a se tornar um mestre na arte.”

São Francisco de Sales

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DEDICATÓRIA

A meus queridos pais Alberto (in memoriam) e Marisa que me ensinaram o

caminho do amor e da verdade.

Ao meu amado filho e amigo Felippe, um presente do poder superior.

Ao meu esposo José Fernando, companheiro incansável, maior incentivador,

amigo generoso, alma gêmea, tenho por você um amor incondicional, sem

limites. Te Amo!

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AGRADECIMENTOS

A DEUS, pela vida. Fazei de mim instrumento de vossa paz.

À professora Isabela das Neves Rôças Siqueira, pelo estímulo, dedicação e

orientação na elaboração deste trabalho.

Ao professor e coordenador do programa de pós-graduação de Odontologia

(Endodontia) da Universidade Estácio de Sá José Freitas Siqueira Júnior, pela

orientação na elaboração deste trabalho,amizade, incentivo e ensinamentos.

Ao vice-reitor de pós-graduação e pesquisa da Universidade Estácio de Sá,

Luciano Vicente de Medeiros, pelo apoio e dedicação ao PPGO.

Ao professor Hélio Pereira Lopes, pelo incentivo, amizade e conhecimentos

transmitidos nesses anos de convivência.

Ao professor e amigo Flávio Rodrigues F. Alves, pela confiança, dedicação e

orientações no desenvolvimento das pesquisas microbiológicas.

Aos colegas e professores Luciana Armada, José Cláudio Provenzano e Julio

Cezar de Oliveira, pela amizade, ensinamentos e convívio agradável.

Atodos os professores do PPGO da Universidade Estácio de Sá, pelos valiosos

ensinamentos que enriqueceram a minha formação profissional.

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À Maria Angélica, pelo carinho, solicitude, amizade e incentivo.

Ao Fernando Antônio da Cunha Magalhães, técnico do laboratório de

microbiologia, pela dedicação e ajuda incansável.

Ao Marlei Gomes da Silva, pela importante colaboração no laboratório de

microbiologia molecular.

Aos colegas do Doutorado, pelo carinho, respeito e momentos compartilhados.

Ao professor Ermelindo Radetic, pela dedicação e entusiasmo que me

despertou para a Endodontia.

Ao saudoso professor e amigo Quintiliano Diniz De Deus (in memoriam),por

compartilhar incansavelmente seus conhecimentos em Endodontia, minha

eterna gratidão.

Aos irmãos Victor José e Ana Lucia ecunhada Joana Aylapelo incentivo e

amizade.

Àquerida afilhada Luiza, alegria, meiguice e descontração.

Às funcionárias Patrícia e Helena, pela amizade, paciência, apoio e fidelidade.

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À professora Sônia Sá pela dedicação e entusiasmo no ensino da língua

inglesa.

Aos amigos Renata, Guaraci, Liliana e Maurício, pela amizade incondicional e

apoio recebido.

Aos funcionários da Faculdade de Odontologia da Universidade Estácio de Sá,

pela atenção e respeito.

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ÍNDICE

RESUMO.............................................................................................................x

ABSTRACT........................................................................................................ xi

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................1

2. JUSTIFICATIVA.............................................................................................17

3. HIPÓTESE.....................................................................................................18

4. PROPOSIÇÃO...............................................................................................19

5. ARTIGOS PUBLICADOS...............................................................................20

6. DISCUSSÃO..................................................................................................36

7. CONCLUSÕES..............................................................................................44

REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS...................................................................45

ANEXO – documento de aprovação pelo comitê de ética e pesquisa da

instituição...........................................................................................................60

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RESUMO

Objetivos: Esse trabalho ex vivo avaliou a eficácia de diferentes técnicas de instrumentação e manobras suplementares na desinfecção de canais radiculares ovais.

Métodos: Noprimeiro experimento, canais ovais longos infectados com Enterococcus faecalis foram preparados com instrumentos BioRaCe sob irrigação com NaOCl, sendo posteriormente submetidos a dois protocolos suplementares: no grupo da irrigação ultrassônica passiva (PUI) /clorexidina (CHX), realizou-se a PUI para ativação do NaOCl seguida por irrigação final com CHX a 0,2%; no grupo das limas Hedström, os canais receberam limagem adicional nas reentrâncias das paredes vestibular e lingual. Em outro experimento, canais ovais infectados com Enterococcus faecalis foram preparados usando o instrumento único Reciproc ou a série de instrumentos BioRaCe. Amostras bacteriológicas foram coletadas antes e depois das etapas de desinfecção e a contagem bacteriana determinada por métodos de cultura (1º experimento e 2º experimento) e real-time PCR (2º experimento).

Resultados: O preparo químico-mecânico e as manobras suplementares promoveram redução bacteriana altamente significativa em ambos os experimentos (P<0,001). Os efeitos antibacterianos acumulativos do PUI e da irrigação final com CHX foram eficientes em promover uma redução significativa na contagem bacteriana a níveis abaixo daqueles atingidos após o preparo (P=0,03). A manobra combinada PUI/CHX também resultou em aumento significativo na incidência de culturas negativas (P=0,04). No segundo experimento, a análise intergrupo (amostras S2) revelou ausência de diferença significativa entre os dois sistemas de instrumentação (P>0,05).

Conclusões: O uso da PUI para ativação do NaOCl seguido pela irrigação final com CHX pode ser vantajoso no tratamento de canais radiculares ovais infectados. A técnica com instrumento único pode oferecer resultados antibacterianos comparáveis à técnica convencional, contanto que o diâmetro do preparo apical, o volume de irrigante e o tempo de irrigação sejam semelhantes.

Palavras-chave: clorexidina; tratamento endodôntico; canais radiculares ovais; irrigação passiva ultrassônica; instrumentação; hipoclorito de sódio.

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ABSTRACT

Aim: This ex vivo study evaluated the ability of different instrumentation techniques and supplementary approaches to disinfect oval-shaped root canals.

Methods: In the first experiment,longoval canals from extracted teeth infected with Enterococcus faecalis were chemomechanically prepared with rotary BioRace instruments and then subjected to two supplementary protocols: in the passive ultrasonic irrigation (PUI)/chlorhexidine (CHX) group, canals were subject to PUI for the activation of NaOCl followed by a final rinse with 0.2% CHX digluconate solution; in the Hedström group, canals received additional Hedström filing directed towards the buccal and lingual canal recesses. In another experiment, oval-shaped canals of extracted teeth contaminated with Enterococcus faecalis were instrumented using either a single Reciproc instrument or the BioRaCe instrument series. Bacteriological samples were taken before and after every disinfection step and the bacterial counts determined by culture (1st and 2nd experiments) and real-time PCR (2nd experiment).

Results: Chemomechanical preparation and the supplementary steps promoted a highly significant bacterial reduction in both experiments (P<0.001). The cumulative antibacterial effects of PUI and CHX final rinse were effective in significantly reducing bacterial counts to levels below those achieved after preparation (P=0.03). This combined PUI/CHX approach also resulted in a significant increase in the incidence of negative cultures (P=0.04). In the second experiment, intergroup analysis (S2 samples) showed no significant differences between the two instrumentation systems (P>0.05).

Conclusions: Findings suggest that there may be a benefit of using the PUI for activation of NaOCl followed by a final rinse with CHX as supplementary steps in the treatment of infected oval-shaped root canals. Moreover, the single-file technique may offer results comparable to the conventional technique in oval-shaped canals provided the width of apical preparation, volume of irrigants and duration of irrigation are kept similar.

Keywords: chlorhexidine;endodontic treatment;oval root canals; passive ultrasonic irrigation; instrumentation; sodium hypochlorite.

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1. INTRODUÇÃO

O reconhecimento das diferenças entre o tecido pulpar infectado e o não

infectado é fundamental no entendimento da filosofia do tratamento

endodôntico, conduzindo a duas abordagens distintas: o tratamento de polpa

vital sem tecido infectado, onde a assepsia é o princípio básico na terapia

endodôntica e o tratamento do canal radicular, onde a antissepsia é essencial

para a eliminação dos micro-organismos na cavidade pulpar e nas paredes

dentinárias do canal radicular (SPANGBERG, 2008). Na atividade clínica

diuturna, o profissional pode se deparar com três condições que necessitem de

terapia endodôntica: polpa vital, polpa necrosada e caso de retratamento, nas

quais a terapia deve ser calcada em estratégias distintas, se esperado o

mesmo índice de sucesso (SIQUEIRA et al., 2010b).

Considerando que as lesões perirradiculares têm etiologia infecciosa, prevenir

e tratar a infecção endodôntica são as principais tarefas na prática

endodôntica.

1.1. Infecções endodônticas

As patologias pulpares e perirradiculares são usualmente de natureza

inflamatória e de etiologia microbiana. Embora fatores químicos e físicos

possam estar envolvidos, micro-organismos são o principal agente etiológico

das patologias pulpares e perirradiculares, exercendo papel de extrema

relevância na indução e perpetuação de processos inflamatórios na polpa e nos

tecidos perirradiculares (KAKEHASHI et al., 1965; SUNDQVIST, 1976;

MÖLLER et al., 1981). As agressões químicas e físicas podem induzir resposta

inflamatória nestes tecidos, entretanto, a agressão biológica tende a manter o

processo patológico por mais tempo. Portanto, o controle microbiano é

primordial na clínica endodôntica (SUNDQVIST & FIGDOR, 1998; SIQUEIRA &

RÔÇAS, 2008).

As infecções endodônticas podem ser classificadas de acordo com a

localização anatômica (intrarradicular e extrarradicular) e com o momento de

entrada dos micro-organismos no sistema de canais radiculares (primária,

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secundária/persistente) (SIQUEIRA, 2008). A infecção intrarradicular primária é

causada por micro-organismos que invadiram e colonizaram o tecido pulpar

necrosado, podendo causar a lesão perirradicular, caso não seja eliminada. A

microbiota nestes casos é predominada por bactérias anaeróbias estritas

(SUNDQVIST, 1976; BRITO et al., 2007; RÔÇAS & SIQUEIRA, 2008). A

infecção intrarradicular secundária é representada por micro-organismos que

não estavam presentes na infecção primária, mas que penetraram no canal

radicular após a intervenção do profissional, ou seja, durante o tratamento

endodôntico, entre as consultas ou mesmo após a conclusão do tratamento. A

infecção intrarradicular persistente ocorre quando micro-organismos envolvidos

nas infecções primária e/ou secundária, de alguma forma, resistiram aos

procedimentos intracanais de desinfecção e suportaram períodos de privação

de nutrientes em canais tratados(SIQUEIRA, 2011a). Tanto a infecção

secundária como a persistente, podem ocasionar várias complicações clínicas

como: exsudação e sintomatologia persistentes, agudização e/ou reagudização

do processo inflamatório, fracasso do tratamento endodôntico caracterizado por

persistência ou desenvolvimento de uma lesão perirradicular (SIQUEIRA &

ROÇAS, 2009a; SIQUEIRA et al., 2010a). Na maioria das vezes é impossível

distinguir clinicamente a infecção secundária da persistente, a não ser nos

casos de abscesso perirradicular agudo após uma biopulpectomia. Em casos

de fracasso, a microbiota é diferente da infecção primária, e estudos relatam

que Enterococcus faecalis é uma das espécies mais prevalentes (SUNDQVIST

et al., 1998; SIQUEIRA & RÔÇAS, 2004). A infecção extrarradicular se

caracteriza pela invasão microbiana aos tecidos perirradiculares inflamados,

geralmente como consequência de uma infecção primária. Esta infecção de

baixa incidência, exceto em caso de abscesso perirradicular, pode ser

dependente ou nãode uma infecção intrarradicular (SIQUEIRA & LOPES,

2011).

1. 2. Complexidade anatômica do sistema de canais radi culares e suas

implicações clínicas

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O sistema de canais radiculares apresenta irregularidades anatômicas que

podem comprometer o sucesso da terapia endodôntica. Ramificações laterais e

apicais, reentrâncias, istmos, túbulos dentinários, canal recorrente, ramificação

intercanais fazem parte deste complexo anatômico (DE DEUS, 1975). Em

relação à condição anatomopatológica, vale lembrar que essas irregularidades

abrigam o tecido pulpar e que, durante o preparo químico-mecânico e a

obturação do canal radicular, independente da técnica utilizada, esta deve

atingir todas as áreas do sistema de canais radiculares. Todavia, este objetivo

na prática é limitado, tendo em vista que o acesso mecânico é dificultado pela

complexidade anatômica, principalmente na região apical (ROLDI et al., 2010).

Bactérias localizadas nessas complexidades anatômicas podem estar

protegidas dos efeitos dos instrumentos endodônticos e das substâncias

químicas usadas no canal principal durante o tratamento endodôntico

(RICUCCI & SIQUEIRA, 2008). Além disso, a raiz dentária pode apresentar

configurações variadas como circular, oval, oval alongada, achatada ou

irregular. Em canais com secção transversal circular, essas irregularidades são

comumente incorporadas pelo preparo do canal. Todavia, em canais com

secção transversal oval ou achatada, algumas áreas podem não ser tocadas

pelos instrumentos endodônticos e pela substância química auxiliar (WU &

WESSELINK, 2001; WU et al., 2003). Os grupos dentários com maior

prevalência de canais com secção transversal oval ou achatada são incisivos e

caninos inferiores, pré-molares superiores e raiz distal de molares inferiores.

Em um estudo abrangente e sistemático, WU et al. (2000) demonstraram a

presença de canais ovais e achatados em mais de 25% dos canais radiculares,

sendo que em alguns grupos pode ultrapassar 50%. Como o achatamento

radicular ocorre no sentido mésio-distal, sua visualização radiográfica se torna

um desafio na clínica diária. A presença de micro-organismos remanescentes

em áreas não atingidas pelo preparo químico-mecânico representa um grande

desafio na adequada desinfecção dos canais radiculares e um fator de risco

para o fracasso da terapia endodôntica (RICUCCI et al., 2009; SIQUEIRA et al.,

2010c; TAHA et al., 2010).

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1.3. Anatomia da infecção

Para que seja instituído um tratamento adequado, o clínico deve estar ciente de

como a infecção se estabelece no interior do sistema de canais radiculares.

Assim como a cárie e as doenças periodontais, as lesões perirradiculares são

doenças causadas por biofilmes bacterianos (SIQUEIRA et al., 2002a;

SVENSÄTER & BERGENHOLTZ, 2004). O padrão de colonização bacteriana

pode variar tanto na organização como na distribuição no interior do sistema de

canais radiculares. Avaliando o aspecto morfológico, a microbiota é composta

de cocos, bacilos, filamentos e espirilos, normalmente encontrados em

suspensão na fase fluida do canal. Biofilmes bacterianos com multicamadas e

multiespécies, também podem ser encontrados aderidos às paredes do canal

radicular. Geralmente, os biofilmes bacterianos apresentam pouca

agressividade quanto ao dano tecidual imediato, porém são potencialmente

perigosos porque podem estimular uma inflamação persistente associada a um

dano tecidual colateral. O dano tecidual e a inflamação resultante são

geralmente proporcionais à densidade celular e à composição de espécies

bacterianas do biofime (SIQUEIRA & ROÇAS, 2011a). Segundo RICUCCI &

SIQUEIRA (2010), a presença de biofilme bacteriano é mais provável em

associação a processos patológicos duradouros, como lesões perirradiculares

extensas e cistos perirradiculares. Quanto maior o grau de organização da

comunidade microbiana instalada no sistema de canais radiculares, maior o

seu potencial patogênico e mais difícil será sua eliminação através da terapia

endodôntica (SIQUEIRA et al., 2002a).

Colônias de micro-organismos no sistema de canais radiculares utilizam como

fonte de nutrientes: componentes dos fluídos teciduais e exsudato inflamatório

proveniente dos tecidos perirradiculares; componentes salivares que podem

penetrar no canal; tecido pulpar necrosado e produtos do metabolismo de

outras bactérias (SIQUEIRA et al., 2010a).

1.4. Tratamento endodôntico em canais infectados: o bjetivos, princípios e

estratégias antimicrobianas

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A colonização por micro-organismos no canal radicular representa o

principal fator etiológico das patologias perirradiculares. Estes podem estar

aderidos a componentes orgânicos e inorgânicos da dentina, condição que

pode facilitar a colonização das paredes dentinárias do canal e a invasão

intratubular. Um canal infectado é um reservatório de células bacterianas,

produtos de virulência e antígenos bacterianos envolvidos na indução e

perpetuação da lesão perirradicular (SIQUEIRA, 2011a). Portanto, no

tratamento de canais infectados, além da importância de se prevenir a

introdução de novos micro-organismos no interior do sistema de canais, deve-

se eliminar a infecção endodôntica ou reduzi-la a níveis compatíveis com o

processo de cura (SIQUEIRA & ROÇAS, 2008).

Ao contrário de outras infecções no organismo, a infecção endodôntica

uma vez instalada, não é passível de remissão espontânea pelos mecanismos

de defesa do hospedeiro e tampouco por antibioticoterapia sistêmica. Isto se

explica pela ausência de corrente sanguínea no canal necrosado ou

previamente tratado, impossibilitando o acesso de células e moléculas de

defesa, assim como antibióticos. Portanto, o tratamento de canais infectados

depende da intervenção direta do profissional, que por sua vez, se utiliza de

efeitos mecânicos, químicos e ecológicos na eliminação dos micro-organismos.

A instrumentação mecânica, a irrigação com soluções antimicrobianas, a

agitação ultrassônica de soluções antimicrobianas, a remoção da smear layer,

a medicação intracanal entre consultas, a obturação do canal e a restauração

coronária, fazem parte do protocolo de desinfecção do sistema de canais

radiculares. Dentre essas, as principais estratégias antimicrobianas são o

preparo químico-mecânico e a medicação intracanal. Os efeitos destas

estratégias podem promover um desequilíbrio ecológico na comunidade

bacteriana, reduzindo a “carga” bacteriana necessária para a indução e

perpetuação da doença perirradicular (SIQUEIRA, 2011a).

1.5. A função do preparo químico-mecânico

O preparo químico-mecânico tem por objetivo promover a limpeza, a

desinfecção e a modelagem do canal radicular. Embora distintos, esses

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objetivos são alcançados simultaneamente através de instrumentos

endodônticos, de substâncias químicas auxiliares e da irrigação-aspiração.

Enquanto as limas endodônticas promovem a remoção mecânica de micro-

organismos, de seus produtos e de tecidos degenerados, a substância química

maximiza a remoção de detritos, através da ação mecânica do fluxo e refluxo e

também pela ação química, desde que possua atividade antimicrobiana e de

solvente de matéria orgânica (LOPES et al., 2010b). Esta etapa do tratamento

é de suma importância na desinfecção do canal radicular, uma vez que os

instrumentos endodônticos e as soluções irrigadoras auxiliares atuam

principalmente no canal principal, no qual se concentra a maior quantidade de

células bacterianas. A eficácia na limpeza e desinfecção do sistema de canais

radiculares é muito dependente dos efeitos mecânicos e químicos das soluções

irrigadoras auxiliares.

1. 5. 1.Ação mecânica

A ação mecânica da instrumentação e da irrigação, por si só, é capaz

de promover a redução na quantidade de micro-organismos no canal radicular.

O fluxo e refluxo da solução irrigadora produzem efeitos mecânicos no canal

radicular e independente do tipo de substância empregada, estes efeitos

mecânicos promovem uma redução significativa da população microbiana

(BYSTRÖM & SUNDQVIST, 1981; SIQUEIRA et al., 1999). Em um estudo

clinico de dentes com lesão perirradicular, DALTON et al. (1998) usando

solução salina compararam instrumentos de níquel-titânio

(NiTi)mecanizadoscom instrumentos manuais de aço inoxidável tipo K. Nos

dois grupos houve uma redução bacteriana, porém, sem diferenças entre

ambos. Para SIQUEIRA et al., (1999), o aumento do diâmetro no preparo

apical de #30 para #40, reduz significativamente a quantidade de bactérias

cultiváveis. Outros estudos também têm revelado que quanto mais amplo o

preparo apical do canal, maior também será a eliminação de micro-organismos

do seu interior (CARD et al., 2002; BAUGH & WALLACE, 2005; MICKEL et al.,

2007).

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As técnicas de instrumentação de um canal radicular são classificadas

em não escalonada e escalonada. Atualmente, a técnica escalonada com o

avanço do instrumento no sentido coroa-ápice (crown down) é a mais utilizada.

No escalonamento coroa-ápice, os instrumentos endodônticos em ordem

decrescente de diâmetro são empregados a distâncias progressivas maiores

para o interior do corpo do canal radicular. O escalonamento coroa-ápice

precede a instrumentação apical e tem como principal objetivo reduzir a

extrusão de detritos e produtos microbianos para os tecidos perirradiculares,

assim como facilitar a instrumentação do segmento apical do canal radicular

(LOPES et al., 2010b).

Do ponto de vista clínico, o volume radicular e a presença de

curvaturas irão determinar o diâmetro final do preparo do canal. Com o advento

da liga NiTi, os instrumentos endodônticos ganharam maior flexibilidade. Esta

propriedade mecânica permite o alargamento em canais curvos com diâmetros

dificilmente alcançados pelos instrumentos de aço inoxidável. Preparos mais

amplos podem incorporar irregularidades anatômicas, removendo um maior

volume de substâncias irritantes, além de facilitar a irrigação-aspiração do terço

apical dos canais. O conceito de instrumentação planejada oferece um guia de

calibres mínimos de ampliação do canal no comprimento de trabalho

(SIQUEIRA et al., 2010b).

1. 5. 2.Ação química

Apesar de alguns trabalhos (BYSTRÖM & SUNDQVIST, 1981; DALTON et al.,

1998; SIQUEIRA et al., 1999) constatarem uma redução considerável na

população microbiana após o preparo químico-mecânico com soluções sem

atividade antimicrobiana, a eliminação total não foi demonstrada. Devido à

impossibilidade de se determinar a carga microbiana persistente no canal

radicular compatível com o processo de cura, soluções irrigadoras com

propriedades antimicrobianas devem ser empregadas na tentativa de se

alcançar a máxima eliminação de micro-organismos durante o preparo químico-

mecânico (SIQUEIRA et al., 2010b).

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De acordo com alguns estudos (BYSTRÖM & SUNDQVIST, 1985; SIQUEIRA

et al., 1999; SIQUEIRA et al., 2000; SIQUEIRA et al., 2002b),

independentemente da concentração da solução de hipoclorito de sódio

(NaOCl) e do método de irrigação empregados durante o preparo químico-

mecânico, a solução de NaOCl foi significativamente mais eficaz na redução do

número de células bacterianas no canal, quando comparada à solução salina.

Estes estudos demonstraram que compostos químicos de efeito antimicrobiano

aumentam significativamente a eliminação de micro-organismos intracanal,

reforçando a importância do efeito químico, além do mecânico.

Com relação ao aumento da concentração da solução de NaOCl na tentativa

de potencializar seu efeito antimicrobiano, pesquisas não encontraram

diferenças significativas entre várias concentrações testadas (BYSTRÖM &

SUNDQVIST, 1985; SIQUEIRA et al., 2000). Segundo BAUMGARTNER &

CUENIN (1992), a capacidade solvente de matéria orgânica do NaOCl, assim

como sua atividade antimicrobiana, são mantidas a custa de renovações

regulares da solução associada a uma irrigação copiosa, compensando os

efeitos da concentração. Em um estudo de microscopia eletrônica de

varredura, BAKER et al. (1975) observaram que a redução de micro-

organismos e restos pulpares é mais dependente do volume da solução

irrigante empregada do que da composição química da solução. Segundo

CIUCCHI et al. (1989), a eficácia do protocolo de irrigação é dependente da

natureza química do agente irrigante, do tempo de ação do mesmo e da

capacidade do irrigante de entrar em contato direto com todo o sistema de

canais radiculares. Para alguns autores(SENIA et al., 1971; LOPES et al.,

2010c), em canais atrésicos e com curvaturas acentuadas, este contato direto

fica prejudicado principalmente no terço apical, comprometendo a efetividade

da limpeza do canal radicular.

Portanto, a ação mecânica dos instrumentos e da irrigação-aspiração, conjunta

com a ação química de substâncias irrigadoras dotadas de atividade

antimicrobiana é de suma importância na eliminação de micro-organismos do

canal radicular.

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1. 6. Instrumentos endodônticos

Instrumentos endodônticos são ferramentas metálicas empregadas como

agentes mecânicos na instrumentação de canais radiculares. São fabricados

em ligas metálicas de aço inoxidável ou de NiTi epodem ser acionados manual

ou mecanicamente. O conhecimento das características geométricas e do

comportamento mecânico dos instrumentos endodônticos é fundamental para o

sucesso da terapia endodôntica (LOPES et al., 2010a).

De acordo com o tipo de movimento empregado nos instrumentos

endodônticos, estes são classificados como limas ou alargadores. A lima

endodôntica é projetada com o objetivo de raspar parte da superfície dentinária

do canal, através de um movimento longitudinal alternado. O alargador por sua

vez, é projetado para desbastar (cortar) parte da superfície dentinária do canal,

por meio do movimento de alargamento com giro, contínuo, parcial alternado

ou parcial à direita (LOPES et al., 2010a).

Por muitos anos, os instrumentos manuais de aço inoxidável foram os mais

utilizados e eram constituídos de dois grupos básicos: instrumentos tipo K (lima

K e alargador K) e tipo Hedström. Atualmente, o mercado dispõe de uma

grande variedade de instrumentos endodônticos e mudanças importantes

foram introduzidas com relação à fabricação, qualidade, eficácia e

padronização (LOPES et al., 2010a).

SegundoSERENE et al. (1995), a introdução da liga NiTina Endodontia

promoveu um grande avanço, permitindo o desenvolvimento e a fabricação de

instrumentos com propriedades mecânicas necessárias e mais adequadas à

anatomia do canal radicular. Essa liga confere aoinstrumento maior flexibilidade

e resistência à deformação plástica, quando comparada à liga de aço

inoxidável, além de apresentar características peculiares tais como, o efeito

memória de forma e a superelasticidade (LOPES et al., 2010a). Principalmente

nas duas ultimas décadas, instrumentos de NiTi manuais ou mecanizadosvêm

sendo desenvolvidos com o objetivo de facilitar e melhorar a eficácia do

preparo químico-mecânico de canais radiculares.

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1.7. Instrumentação mecanizada por movimento de ala rgamento contínuo:

vantagens e deficiências

Através de avanços tecnológicos,vários sistemas de instrumentação

mecanizadatêm sido propostosna realização do tratamento endodôntico.

Atualmente, são vários os sistemas disponíveis no mercado utilizando

instrumentos de NiTi acionados a motor. Cada sistema de

instrumentaçãomecanizada apresenta uma variedade de características

geométricas, dispositivos, métodos e movimentos de utilização distintos. Na

maioriadesses sistemas, os instrumentos de NiTisão submetidos ao movimento

de alargamento por meio de uma rotação contínua á direita, conjunta com a

aplicação deuma força no sentido apical. Este tipo de movimento promove um

preparo do canal radicular centrado em relação ao seu eixo e com corte

regular, incorporando no círculo de corte todo o contorno do canal original. Ao

final do preparo, o canal assume um formato cônico com seção reta transversal

circular, condição que favorece a seleção do cone principal de guta-percha e o

selamento apical na fase de obturação do canal radicular (SIQUEIRA &

LOPES, 2011). Por outro lado, o movimento de alargamento pode deixar áreas

do canal não instrumentadas. Isso ocorre quando o diâmetro do instrumento é

menor do que o diâmetro do segmento achatado do canal (PAQUÉ et al.,2010;

SIQUEIRA et al., 2010c; TAHA et al., 2010). A fim de incorporar ao preparo o

contorno das seções retas transversaisoriginais, se faz necessário o uso de

instrumento de maior diâmetro. Contudo, quando a raiz dentária apresenta

segmentos com seções retas transversais achatadas, os diâmetros anatômicos

não permitem o uso de um instrumento de maior diâmetro, pois isso poderia

causar perfurações radiculares (LOPES et al., 2010b). Tentando superar essa

deficiência, alguns fabricantes e profissionais sugerem o uso dos instrumentos

de NiTi mecanizados através do movimento de pincelamento (escovagem).

Essa manobra consiste na rotação contínua à direita, acompanhada

simultaneamente de pressão lateral de encontro às áreas polares de

segmentos achatados, e tração do instrumento no sentido cervical do canal.

Entretanto, a superelasticidade da liga NiTi e a inclinação das hélices da haste

de corte helicoidal cônica, dificultam o desgaste da dentina radicular nas áreas

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polares. Outro risco dessa manobra é a fratura por flexão rotativa (fratura por

fadiga), pois o instrumento na região de maior flexão fica submetido a tensões

trativas e compressivas (LOPES et al., 2010b).

Buscando reduzir o tempo de trabalho requerido e facilitar o preparo químico-

mecânico dos canais radiculares, vários sistemas de instrumentação

mecanizada de NiTi têm sido oferecidos comercialmente por diversos

fabricantes, todavia, segundo alguns estudos (WU & WESSENLINK, 2001; WU

et al.,2003; ELAYOUTI et al., 2008; DE DEUS et al., 2010; PAQUÉ et al., 2010;

TAHA et al., 2010), nenhuma técnica de instrumentação em canais ovais ou

achatados atingiu um completo preparo e limpeza.

1.8. Sistemas mecanizados de NiTiutilizandoum único instrumento

Alegando vantagens deconveniência, simplificação e eficácia no

preparo químico-mecânico,recentemente alguns autores (BUCHANAN, 2000;

YARED, 2008; METZGERet al., 2010; PAQUÉ & PETERS, 2011) propuseram

sistemas de instrumentação com o uso de apenas um únicoinstrumento.

OSistema Reciproc (VDW, Munich, Germany), é constituído por

instrumentosfabricados em liga NiTi com tratamento M-wire e indicado no

preparo do canal radicular através de umúnico instrumento.Com uma haste de

fixação e acionamento de 11mm de comprimento, são comercializados nos

comprimentosúteis de 21, 25 e 31mm e em três tamanhos (R25, R40 e R50). A

seleção do instrumento deve ser compatível com o diâmetro inicial do canal. O

comprimento mínimo da parte de trabalho é de 16mm e a conicidade da haste

de corte helicoidal varia nos 3mm iniciais a partir da ponta do instrumento,de

0,08, 0,06 e 0,05mm/mm para R25, R40 e R50, respectivamente. São

projetados para serem acionados por dispositivos mecânicos em movimentos

recíprocos com 10 ciclos por segundo, sendo necessários 3 ciclos recíprocos

para girar 360º.Recentes estudos (BÜRKLEIN et al., 2012; GALVINI, et al.,

2012;KIM et al., 2012; PLOTINO et al., in press)demonstraram que os

instrumentos Reciproc através do movimento recíproco no preparo dos canais

radiculares, apresentaram propriedades mecânicas superiores, com elevada

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resistência à fratura por fadiga cíclica e à fratura por torção, quando comparado

a outros sistemas mecanizados de NiTi.

1.9. Otimização da desinfecção pós-preparo químico- mecânico do canal

O preparo químico-mecânico é incapaz de promover uma total limpeza, uma

correta ampliação e modelagem dos canais radiculares (HAIKEL & ALLEMAN,

1988; BARBIZAM et al., 2002; WEIGER et al., 2002; PETERS, 2004; MICKEL

et al., 2007). Dentre as razões dessa ineficácia, está a dificuldade de

visualização da complexidade anatômica dos canais e a falta de instrumentos

capazes de se adaptar e incorporar no circuito de corte, todo o contorno do

canal radicular original. Consequentemente, remanescentes teciduais e micro-

organismos podem persistir nas paredes dentinárias, istmos, reentrâncias e

ramificações dos canais radiculares, portanto não sendo atingidos pelo preparo

químico-mecânico. Tal condição poderá comprometer a adaptação do material

obturador sobre a superfície dentinária, criando um local propício ao

crescimento e/ou à recontaminação microbiana, comprometendo o sucesso da

terapia endodôntica (LOPES et al., 2010b).De acordo com a literatura, a

presença de micro-organismos no momento da obturação representa um fator

de risco para o fracasso do tratamento endodôntico (SJÖGREN et al., 1997;

WALTIMO et al., 2005; FABRICIUS et al., 2006; WU et al., 2006). Embora, o

objetivo ideal a ser alcançado pelo preparo químico-mecânicoseja a

esterilizaçãodo sistema canais radiculares, nenhum dos procedimentos

endodônticos promoveram esta condição até os dias atuais. Clinicamente, o

objetivoviáveldo tratamento endodôntico é a máxima redução do número de

micro-organismos a um nível (limiar) que seja compatível com o reparo dos

tecidos perirradiculares (SIQUEIRA & RÔÇAS, 2008).

Como citado anteriormente, canais ovais ou achatados necessitam de

estratégias diferentes para alcançar uma adequada limpeza, desinfecção e

modelagem (PAQUÉ et al., 2010; ALVES et al., 2011).

Atualmente, ainda existem muitas controvérsias entre os autores sobre a

obturação imediata em casos de dentes despolpados e infectados (SJÖGREN

et al., 1997; TROPE et al., 1999; PETERS &WESSELINK, 2002;TROPE &

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BERGENHOLTZ, 2002; WALTIMO et al., 2005; LIN et al., 2007; MOLANDER et

al., 2007; SATHORN et al.,2007; PENESIS et al., 2008). O

contínuodesenvolvimento de protocolos que previsivelmente apresentem

eficácia antimicrobiana no tratamento endodôntico em sessão única, ajudaria a

resolver essa discussão e deve ser uma prioridade na pesquisa clínica

endodôntica(WU et al., 2006; SIQUEIRA, 2011b). Na tentativa de eliminar a

etapa da medicação intracanal após a conclusão do preparoquímico-

mecânico,algumas manobras clínicas têm sido propostasa fim de maximizar a

desinfecçãodo canal radicular, principalmente em áreas não tocadas pelos

instrumentosendodônticos (REGAN & FLEURY, 2006; SIQUEIRA et al., 2007b;

MALKHASSIAN et al., 2009; BACA et al., 2011; SIQUEIRA & RÔÇAS, 2011b;

DU et al. 2012).De acordo com a literatura atual, as principais estratégias

propostas para otimizar a desinfecção em sessão única são:ativação sônica ou

ultrassônica do NaOCl, irrigação final com soluções providas de atividade

antimicrobiana, laser e terapia fotodinâmica (PDT). A conclusão do

preparoquímico-mecânicoe a remoção da smear layersão recomendadas antes

de todos esses procedimentos (TROPE & DEBELIAN, 2008; SIQUEIRA,

2011b).

1.9.1. Irrigação final com solução de clorexidina

Segundo alguns trabalhos (JEANSONNE & WHITE, 1994; ERCAN et al., 2004;

SIQUEIRA et al., 2007), não foram encontradas diferenças significativas entre a

eficácia antimicrobiana do NaOCl e da clorexidina quando utilizados como

substância química auxiliar durante o preparodos canais radiculares. Devido à

capacidade de dissolução de matéria orgânica,propriedade não apresentada

pela clorexidina e de suma importância na limpeza do sistema de canais

radiculares, o NaOCl ainda é a substância química auxiliar de eleição durante o

preparo químico-mecânico.

Recentemente,a solução de clorexidina tem sido indicada na irrigação final do

canal radicular após a conclusão do preparo químico-mecânico(TROPE &

DEBELIAN, 2008; MALKHASSIAN et al., 2009;BACA et al., 2011; SIQUEIRA &

RÔÇAS, 2011b).Além da atividade antimicrobiana de amplo espectro, a

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solução de clorexidina possui substantividade, propriedade não compartilhada

pelo NaOCl e que permite um tempo de atuação prolongado, podendo manter

seu efeito por dias a semanas no canal (WHITE et al., 1997; KOMOROWSKI et

al., 2000; BASRANI et al., 2002;ROSENTHAL et al., 2004;YANG et al., 2006).

1.9.2. Ativação sônica ou ultrassônica do hipoclori to de sódio

A primeira publicação relacionada ao uso do ultrassom como auxiliar na

instrumentação e limpeza do canal radicular foi escrita por RICHMAN (1957).

Porém, só a partir de 1980 que a instrumentação ultrassônica passou a ser

indicadano preparo dos canais radiculares (CUNNINGHAN et al.,

1982;CUNNINGHAN & MARTIN, 1982; MARTIN & CUNNINGHAN, 1984). Em

um estudo clínico, SJÖGREN & SUNDQUIVIST (1987), observaram que a

instrumentação ultrassônica com NaOCl a 0,5% foi mais eficiente na

eliminação de micro-organismos dos canais radiculares, quando comparada à

instrumentação manual isolada, sem o uso da medicação intra-canal. Um

estudo de AHMAD et al. (1987), revelou que os instrumentos ultrassônicos

foram eficazes na irrigação do canal radicular, possibilitando maior

limpeza.Entretanto,vários estudos demonstraram que a capacidade de corte

agressiva dos instrumentosultrassônicos aumentava o risco de acidentes

durante os procedimentos, gerando uma descrença na instrumentação

ultrassônica (McKENDRY, 1990; McCANN et al., 1990; LUMLEY &

WALMSLEY, 1992; SCHULZ-BONGERT et al., 1995; VAN DER SLUIS et al.,

2005).

O termo passive ultrasonic irrigation (PUI) foi introduzido inicialmente

por WELLERet al. (1980), para descrever a irrigação ultrassônica sem

instrumentação simultânea. Para VAN DER SLUIS et al. (2007), o termo

“passiva” não é adequado para identificar o processo, uma vez que de fato ela

é ativa. Na verdade, este termo está relacionado a uma ação sem corte da lima

ultrassônica ativada. Durante a PUI o instrumento não é movimentado, pois o

mesmo é mantido livre sem se ajustar às paredes do canal radicular (JENSEN

et al.,1999). Após o término do preparo químico-mecânico, o canal é

preenchido com a solução irrigadora e um instrumento de diâmetro menor é

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posicionado no centro do canal radicular, o mais próximo da região apical. A

oscilação do instrumento pelo ultrassom ativa a solução irrigadora. Como o

canal já foi ampliado, a lima ultrassônica pode se mover livremente facilitando a

penetração da solução irrigadora no segmento apical.Utilizando desta

metodologia, a probabilidade de formar cavidades ou formas irregulares no

canal radicular é significantemente reduzida (VAN DER SLUIS et al., 2006).

SABINS et al.(2003) realizaram um estudo que comparou a eficácia da

irrigação sônica em relação à ultrassônica após a instrumentação de canais

radiculares. A avaliação de debris remanescentes foi feita após 30 e 60

segundos de irrigação passiva sônica e ultrassônica. Os resultados

demonstraram que ambos os métodos são capazes de melhorar a limpeza dos

canais radiculares, contudo a ativação ultrassônica foi capaz de remover uma

quantidade maior de debris nos dois intervalos de tempo avaliados.

Em estudo in vitro, TOWNSEND&MAKI (2009) concluíram que a ativação

ultrassônica foi significativamente mais eficaz na remoção de micro-organismos

no canal radicular quando comparada à irrigação com agulha e seringa e ao

sistema EndoVac®(Discus Dental, Culver, CA , EUA).

Segundo alguns autores(CAMERON, 1995; GUERISOLI et al., 2002),a

ativação ultrassônica do EDTAapós irrigação com NaOClao término do preparo

químico-mecânico, foi mais eficaz na remoção da smear-layer. Recentemente,

CARVER et al. (2007), demonstraram em canais mesiais de molares inferiores,

uma redução significativa no número de culturas positivas após uma irrigação

ultrassônica pós-preparo por 1 minuto,utilizando agulha ultrassônica e 15mL de

NaOCl a 6%. De acordo com SIQUEIRA (2011b), os efeitos do ultrassom

parecem atuar em conjunto com a substância química auxiliar, provavelmente

devido à cavitação e ao fluxo acústico (acoustic streaming).

Na busca por um sistema eficaz na irrigação dos canais radiculares, novos

métodos têm sido propostos para otimizar a ação da solução irrigadora na

desinfecção dos canais radiculares. Dentre eles, o sistema EndoActivator®

(Dentsply Tulsa Dental, Oklahoma, OK, EUA), recentemente lançado no

mercado. O EndoActivator® é um sistema sônico desenvolvido para ativar com

segurança a solução irrigadora, pela vibração de uma ponta dentro do canal

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radicular inundado de solução,resultando em um fenômeno hidrodinâmico.A

ativação hidrodinâmica melhora o fluxo, a circulação e a penetração da solução

em áreas inacessíveis do sistema de canais radicularesRUDDLE (2008). O

sistemaé composto por um contra-ângulosem fio operado por bateria e por

pontasde plástico não cortante,que se acoplam à cabeça do contra-ângulo. As

pontassão oferecidas comercialmente em três tamanhos (amarela 15/02,

vermelha 25/04 e azul 35/04) e podem ser acionadas em três velocidades:

2.000, 6.000 e 10.000 cpm. Segundo RUDDLE (2008), o EndoActivator® é

recomendado para a ativação do EDTAa 17% e do NaOCl após a conclusão do

preparo químico-mecânico. Concluído o preparo, o canal é irrigado com 5mL

de EDTAa 17% e a ponta do EndoActivator ativada a 10.000 cpm por 60

segundos, a 2mm do comprimento de trabalho.Ao final, o canal é irrigado com

5mL de NaOCl e ativado a 10.000 cpm por 30 segundos. A ativação sônica tem

sido demonstrada como um método coadjuvante eficaz na desinfecção dos

canais radiculares (JENSEN et al., 1999; GU et al., 2009; CARON et al., 2010;

BLANK-GONÇALVES et al., 2011).

O preparo químico-mecânico em canal oval ou achatado representa um grande

desafio para a Endodontia, principalmente em caso de infecção intracanal. Do

ponto de vista microbiológico, o objetivo final do preparo químico-mecânico é

promover uma redução na população microbiana dos canais radiculares a

níveis compatíveis com os mecanismos de reparo dos tecidos perirradiculares.

A busca por novos protocolos clínicos baseados em evidências científicas que

previsivelmente promovam um elevado índice deculturas negativas antes da

obturação assume uma importância primordial na Endodontia atual.

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2. JUSTIFICATIVA

O controle microbiano é fundamental na clínica endodôntica e a complexidade

anatômica de canais radiculares ovais dificulta uma adequada desinfecção.

Estudos demonstraram que várias técnicas de instrumentação mecanizada ou

manual não são previsíveis em permitir o restabelecimento de um ambiente

intrarradicular propício ao reparo perirradicular. Diante dessas dificuldades e

necessidades, buscaram-se novos protocolos de tratamento com comprovada

eficácia antimicrobiana, principalmente visando à suplementação da

desinfecção após a etapa do preparo químico-mecânico.Também não há

estudos avaliando a eficácia antibacteriana de protocolos de instrumentação

mecanizada que utiliza um único instrumento.

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3. HIPÓTESE

A utilizaçãode diferentes técnicas de instrumentação e estratégias

suplementares ao preparo químico-mecânico promove uma melhor desinfecção

de canais radiculares ovais. Não há diferença na atividade antibacteriana entre

sistemas de instrumentação mecanizados que utilizam um único

instrumentoquando comparados a sistemas que utilizam uma série de

instrumentos, contanto que o diâmetro do preparo apical, o volume eo tempo

de permanência das substâncias químicas irrigadoras antimicrobianas sejam

semelhantes. Na avaliação da eficácia antibacteriana de protocolos

terapêuticos, os métodos de quantificação bacteriana real-time PCR e de

cultura podem ser seguramente utilizados em estudos ex vivo.

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4. PROPOSIÇÃO

Os objetivos deste estudo ex vivoforam:

1)Avaliar a eficácia antibacteriana do preparo químico-mecânico associado a

manobras suplementares para otimização da desinfecção em canais

radiculares ovais, utilizando método de cultura bacteriológica;

2) Comparar a eficácia antibacteriana de um sistema mecanizado de

instrumento único com um sistema que utiliza uma série de instrumentos na

desinfecção de canais radiculares ovais, utilizando os métodos de cultura

bacteriológica e microbiologia molecular;

3) Comparar a eficácia do real-time PCR e da cultura na quantificação

bacteriana em estudos de performance antibacteriana de protocolos

terapêuticos.

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5. ARTIGOS PUBLICADOS

ARTIGO Nº 1

Alves FR, Almeida BM, Neves MAS, Moreno JO, Rôças IN, Siqueira JF Jr

(2011). Disinfecting oval-shaped root canals: effectiveness of different

supplementary approaches. J Endod 37: 496-501.

ARTIGO Nº 2

Alves FR, Rôças IN, Almeida BM, Neves MAS, Zoffoli J, Siqueira JF(in press).

Quantitative molecular and culture analyses of bacterial elimination in oval-

shaped root canals by a single-file instrumentation technique. Int Endod J.

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ARTIGO Nº 1

Alves FR, Almeida BM, Neves MAS, Moreno JO, Rôças IN, Siqueira JF Jr

(2011). Disinfecting oval-shaped root canals: effectiveness of different

supplementary approaches. J Endod 37: 496-501.

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ARTIGO Nº 2

Alves FR, Rôças IN, Almeida BM, Neves MAS, Zoffoli J, Siqueira JF(in press).

Quantitative molecular and cultureanalyses of bacterial elimination in oval-

shaped root canals by a single-file instrumentation technique. Int Endod J.

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6. DISCUSSÃO

A terapia antimicrobiana além de eliminar micro-organismos localizados na luz

do canal principal, também deve envolver uma estratégia que permita a

eliminação de micro-organismos alojados em outras áreas do sistema de

canais radiculares, incluindo reentrâncias túbulos dentinários, istmos,

ramificações apicais e laterais, e outras variações da anatomia

interna(SIQUEIRA, 2001; SIQUEIRA & ROÇAS, 2011b).

O preparo químico-mecânico é uma etapa de extrema importância no

combate à infecção endodôntica. O preparo do canal radicular deve ser

suficientemente amploa fim de incorporar irregularidades anatômicas e permitir

que todas as paredes do canal sejam afetadas pelos instrumentos. Em canais

com secção transversal circular esse objetivo é geralmente logrado. No

entanto, em canais ovais ou achatados, essa tarefa é difícil de ser alcançada. A

maioria das técnicas de instrumentação manual ou mecanizada se utiliza do

movimento de alargamento, o qual promove um preparo centrado com forma

cônica e secção reta transversal circular (LOPES et al., 2010b). Entretanto, em

canais ovais ou achatados, este movimento deixa áreas anatômicas não

instrumentadasque podem abrigarmicro-organismos persistentes. Uma vez não

eliminados, estes micro-organismos podem comprometer o resultado do

tratamento endodôntico (SIQUEIRA & LOPES, 2011).Isto tem sido claramente

demonstrado em estudos avaliando as condições histológicas do terço apical

de casos de fracasso do tratamento endodôntico, onde micro-organismos

remanescentes pós-tratamento endodônticoforam localizados em áreas de

istmos, canais laterais e deltas apicais,apresentando-se na maioria das vezes,

organizados na forma de biofilmes (RICUCCI & SIQUEIRA, 2008; RICUCCI &

SIQUEIRA, 2010).

O papel fundamental do preparo químico-mecânico no controle microbiano dos

canais radiculares foi demonstrado em vários estudos ex vivoe in vivo

(SJÖGREN et al., 1997a;SIQUEIRA et al. 2007; BRITO et al., 2009; SIQUEIRA

et al. 2010c). Embora osefeitos do preparo químico-mecânico consigam uma

redução considerável da população microbiana na luz do canal principal, micro-

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organismos residuais podem permanecer viáveis em locais inacessíveis a ação

dos instrumentos endodônticos e das substâncias irrigadoras (SIQUEIRA et al.,

1999; BARBIZAM et al., 2002; SIQUEIRA & ROÇAS, 2008). Esses estudos

confirmam que o preparo químico-mecânico por si só não é suficiente

parapromover uma previsível desinfecção dos canais radiculares. Micro-

organismos remanescentespodem se alojar em reentrâncias decanais ovais ou

achatados e sua eliminação é um grande desafio na clínica

endodôntica(SIQUEIRA et al., 1997a; BARBIZAM et al., 2002; WEIGER et

al.,2002; WU et al., 2003; PAQUE et al., 2010; SIQUEIRA et al. 2010c; TAHA et

al., 2010). Dependendo de diversos fatores, incluindo o número de células

bacterianas, a área disponível para o crescimento, o suprimento de nutrientes,

a virulência e o acesso aos tecidos perirradiculares, micro-organismos

residuais podem por em risco o resultado do tratamento (SIQUEIRA & ROÇAS,

2008).

A terapia endodôntica concluída em sessão única, além de dispender menor

tempo, reduz os riscos de contaminação (dentes polpados) e recontaminação

(dentes despolpados) dos canais radiculares entre as consultas clínicas.

Entretanto, do ponto de vista biológico, a obturação imediata em casos de

dentes despolpados e infectados ainda é motivo de intenso debate e discussão

entre os autores (SJÖGREN et al., 1997; TROPE et al., 1999; PETERS &

WESSELINK, 2002; TROPE & BERGENHOLTZ, 2002; LIN et al., 2007;

MOLANDER et al., 2007; SATHORN et al., 2007; PENESIS et al., 2008).

Alguns estudos in vivo(BYSTRÖM et al., 1987; HOLLAND et al., 1992; TROPE

et al., 1999; SILVEIRA et al., 2007)têmdemonstradoaté o momento, que a

medicação intracanal é o protocolo de tratamento que oferece uma previsível

redução microbiana, com elevados níveis de cultura bacteriana negativa das

amostras coletadas antes da obturação do canal. Isto porque a medicação

intracanal é deixada no canal no período entre as consultas, tendo mais

chances de se difundir e atingir micro-organismos residuais distantes da luz do

canal principal. Talcondiçãode cultura negativa não necessariamente significa

que o canal esteja estéril, face às limitações do método de cultura, mas sugere

que a população microbiana tenha sido reduzida a níveis não detectáveis pelo

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método. Tal condição tem sido associada com uma melhor reparação dos

tecidos perirradiculares e consequentemente comum maior índice de sucesso

no tratamento endodôntico.Segundo SJÖGREN et al. (1997), a incidência de

culturas negativas em estudos clínicos tem sido considerada um importante

parâmetro na definição de protocolos antimicrobianos adequados, com

potencial de proporcionar um resultado previsível.

Na tentativa de substituir a etapa da medicação intracanal intersessões,

diferentes estratégias antimicrobianas suplementares pós-preparo químico-

mecânico têm sido propostas na otimização da desinfecção de canais

radiculares(SABINSet al., 2003;RUDDLE, 2008; LIM et al., 2009; KLYN et al.

2010; ALVESet al., 2011; DU et al., 2012). Comprovada a eficácia destes

procedimentos suplementares, especialmente no que tange à comparação com

os efeitos da medicação intracanal, seria possível otimizar a desinfecção em

sessão única, aumentando a previsibilidade desta conduta (SIQUEIRA &

RÔÇAS, 2011b).

Para SIQUEIRA & LOPES (2011), o preparo químico-mecânico de canais ovais

ou achatados pode requerer o uso de instrumentos endodônticos através do

movimento de limagem e da energia sônica ou ultrassônica com determinados

dispositivos, a fim de maximizar a limpeza e desinfecção de áreas não tocadas

pelos instrumentos endodônticos durante o movimento de alargamento.

O presente trabalho demonstrou queos efeitos antimicrobianos

adicionais da ativação ultrassônica (PUI) ou da limagem com um instrumento

Hedström nas reentrâncias das faces vestibular e/ou lingual de canais

radiculares ovais ou achatados, pós-preparo químico-mecânico, não foram

significativamente eficazes na redução da quantidade de micro-organismos,

assim como na incidência de culturas positivas. Possivelmente, micro-

organismos remanescentes alojados nas reentrâncias do canal radicular não

foram atingidos pelos instrumentos endodônticos por limitações de ordem

física, tampouco pelas substâncias irrigadoras, devido a limitações de tempo.

Apesar de estudos terem revelado que PUI pode melhorar a limpeza

nas irregularidades do canal radicular, muitos desses estudos também

demonstraram que juntamente com outros dispositivos de irrigação testados,

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PUI não foi capaz de remover completamente detritos na região apical do canal

(RODIG et al.,2010a; 2010b). Quanto à desinfecção, os achados ex vivo

avaliando a eficácia da PUI na redução da população bacteriana têm sido de

certo modo inconclusivos. Um estudo (HUQUE et al.,1998) demonstrou que

PUI foi superior à irrigação convencional com seringa,enquanto que em outro

estudo não se encontrou diferença significativa entre as duas técnicas

(SIQUEIRA et al.,1997). TARDIVO et al. (2010), utilizando NaOCl a 5,25% na

eliminação de E. faecalis em canais radiculares de dentes extraídos

comprovaram que PUI não foi superior quando comparado com a irrigação com

seringa ou com a ativação sônica passiva.

Uma variação da PUI combombeamento do irrigantesob um fluxo

elevado através de uma agulha fixada a uma peça de mão ultrassônica tem

sido proposta (GUTARTS et al., 2005; CARVER et al., 2007). Os estudos

demonstraram uma melhora na limpeza (GUTARTS et al., 2005) e na

desinfecção (CARVER et al., 2007, HARRISON et al., 2010). Os efeitos

antibacterianos da manobra PUI com irrigação contínua em canais radiculares

ovais necessitam seravaliados em estudos futuros.

No presente estudo, aativação ultrassônica (PUI) do NaOCl utilizada

isoladamente não produziu redução bacteriana estatisticamente significante.

No entanto, os efeitos antimicrobianos cumulativos da combinação de PUI

comirrigação final com clorexidina promoveram uma redução na contagem de

células microbianas a níveis significativamente menores quando comparados

aos observadosimediatamente após o preparo químico-mecânico. A razão para

estes resultados da combinação PUI e clorexidina pode estar relacionada a um

efeito antibacteriano sinérgico. A desorganização dos biofilmes microbianos

abrigados nas reentrâncias promovida pela PUI tornaria esses mais

susceptíveis à ação da clorexidina. No entanto, a ausência de diferenças

significativas nas amostras entre o uso da PUI e da clorexidina sugere um

efeito antimicrobiano aditivo.

A clorexidina em baixas concentrações é bacteriostática, enquanto que

em concentrações mais elevadas é bactericida. Pelo fato de ser uma molécula

catiônica, a clorexidina é atraída e adsorvida à superfície bacteriana, a qual é

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carregada negativamente. Isto pode causar um distúrbio nas membranas

bacterianas e consequente lise celular. Consequentemente, componentes

citoplasmáticos de baixo peso molecular, como, por exemplo, íons potássio são

liberados. Além disso, ao nível de membrana, a clorexidina pode inibir a

atividade de determinadas enzimas, como a adenosina trifosfatase (ATPase).

Caso o efeito da clorexidina devido à baixa concentração para nesse ponto, a

substância assume um efeito bacteriostático (LOPES & SIQUEIRA, 2010c). O

efeito bactericida da clorexidina é observado em concentrações mais altas.

Quando a concentração da substância é suficientemente elevada, não há mais

extravasamento do conteúdo do citoplasma bacteriano, ficando o mesmo

“congelado” ou precipitado. Isto ocorre devido àformação de complexos entre a

clorexidina e compostos fosfatados, como adenosina trifosfato e ácidos

nucléicos. Neste caso, o efeito bactericida é extremamente rápido. A maioria

das soluções de clorexidina usadas na clínica endodôntica possui efeito

bactericida(LOPES & SIQUEIRA, 2010c).

O presente estudo também avaliou a eficácia antibacteriana de um

sistema de instrumentação com instrumento único quando comparada a um

sistema usando uma série de instrumentos. Alguns estudos ex vivo(YARED et

al., 2008; METZGER et al., 2010; BÜRKLEIN et al., 2012; KIM et al.,

2012;PLOTINO et al., 2012) revelaram previamente resultados animadores

para um novo conceito de instrumentação mecanizada, no qual o preparo

químico-mecânicoé realizado através de sistemas compostos por um único

instrumento. Todavia, as evidências sobre a capacidade de limpeza e

desinfecção desses sistemas são ainda preliminares e, na maioria delas,

desprovidas de comprovação quanto à eficácia e segurança para uso clínico.

De DEUS et al. (2010), em um estudo in vitro, compararama técnica

ProTaper utilizandoapenas o instrumento F2, com o sistema ProTaper

completo. Apesar de não encontrarem diferenças quanto à limpeza, em canais

ovais, os resultados ficaram até certo pontosubótimos. Outro sistema de

instrumentação mecanizadabaseado na utilização deum único instrumento é

aself-adjusting file (SAF) (ReDent-Nova, Ra’anana, Israel), a qualapresenta um

designdiferente dos instrumentos endodônticos convencionais. Apesar de

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recentemente lançada no mercado, vários estudos têm demonstrado um bom

desempenho da SAF quanto à limpeza (DEUS et al., 2011; METZGER et al.,

2010) e à desinfecção (SIQUEIRA et al., 2010c; ALVESet al., 2011).

Uma das preocupações em relação às técnicas de instrumentação que

utilizam um único instrumento refere-se à sua capacidade de desinfecção do

canal radicular. Isto porquea simplificação e o menor tempo despendido na

instrumentação como anunciada pelos fabricantes pode gerar uma redução no

volume da solução química auxiliar usado e no tempo de ação desta no interior

do canal, consequentemente, reduzindo seu efeito solvente e antimicrobiano.

No presente estudo ex vivo,foicomparada a eficácia de duas técnicas de

instrumentação na reduçãoda população microbiana intracanal em canais

ovais. Canais inoculados com Enterococcus faecalis foram instrumentados pelo

sistema BioRaCe (FKG Dentaire, La Chaux-de Fonds, Switzerland) ou pelo

sistema Reciproc (VDW, Munich, Germany), o qual utiliza um único

instrumento. Nenhuma diferença significativa foi observada entre os dois

protocolos de desinfecção. É importante ressaltarque nesse estudoo sistema

Reciproc foi ajustado com o mesmo volume de solução irrigadora e

basicamente com o mesmo tempo de operação do sistema de instrumentação

rotatória de NiTi convencional. Contudo, foi difícil padronizar a frequência da

irrigação devido à variação no número de instrumentos entre cada técnica.

Quanto à geometria, os instrumentos comparados (Reciproc R40 e BR5)

apresentaram apenas pequena diferença no preparo apical, devido à

conicidade maior do R40 nos três milímetros finais da ponta. Portanto, o

sistema Reciproc pode ser comparado a outros sistemas desde que, o

diâmetro do preparo apical, o volume de substância irrigadora e o tempo de

irrigação sejam também similares.

O desenvolvimento de métodos moleculares que se baseiam na

detecção de sequências genômicas específicas para cada espéciepermitiu a

identificação de espécies microbianas em canais radiculares infectados,até

então, não observadas pelo método de cultura.Real-time PCR (quantitative real

time polymerase chain reaction - qPCR)vem sendo amplamente utilizado como

um método de quantificação e,a este respeito, é normalmente bem superior ao

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método de cultura. Isto ocorre devido ao fato de que os métodos moleculares

são mais sensíveis e específicos que o método de cultura. Essa alta

sensibilidade possibilita detectar e quantificar não apenas bactérias cultiváveis,

mas também, espécies de difícil cultivo, bactérias viáveis, mas não passíveis

de cultivo (VBNC) e espécies ainda não cultiváveis (SIQUEIRA & ROÇAS,

2009c). O uso de métodos moleculares baseados na detecção do DNA

também pode detectar células mortas (BRUNDIN et al., 2010). Esta pode ser

uma grande desvantagem quando se analisa amostras coletadas

imediatamente após os procedimentos de tratamento (ROÇAS & SIQUEIRA,

2010; 2011).

Os resultados demonstraram que, enquanto a contagem inicial (S1)

das amostras pelo método qPCR foi significativamente maior quando

comparado pelo método de cultura, em S2 não foram observadas diferenças

significativas. Isso é interessante, porque essas são amostras coletadas pós-

tratamento e como o qPCR baseado no DNA é capaz de detectar células

mortas, os números obtidos nessas amostras deveriam ter sido muito mais

elevados, possivelmente próximos dos resultados encontrados em S1. Esses

resultados podem estar relacionados com o fato de que as bactérias mortas

foram removidas do canal juntamente com seus respectivos DNAs e/ou o

NaOCl degradou o DNA liberado das células mortas,tornando-o não detectável.

A razão pela qual a contagem em S1 por qPCR foi significativamente

maior do que por cultura pode estar relacionada à alta sensibilidade do método,

bactérias no estado VBNC e/ou vieses introduzidos na etapa de diluição

necessária para a contagem pelo método de cultura (devido ao maior número

de células bacterianas, as amostras S1 necessitaram de maior diluição do que

S2).

No presente estudo, os resultados encontrados em amostras coletadas

pós-tratamentoforam semelhantes nos dois métodos de identificação

microbiana e ambos podem ser usados em estudos ex vivo para avaliar a

eficácia de protocolos contra espécies cultiváveis. Contudo, por apresentar um

desempenho confiável na detecção de bactérias viáveis após o tratamento,

além de detectar bactérias não cultiváveis ou no estado VBNC, a técnica qPCR

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pode ser bem mais adequada para estudos clínicos dessa natureza envolvendo

uma comunidade bacteriana mista.

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7. CONCLUSÕES

Com base nos resultados obtidos, concluímos que:

1) A associação da ativação ultrassônica (PUI) do NaOCl, seguida pela

irrigação de clorexidina após a conclusão do preparo químico-mecânico em

canais radiculares ovais ex vivo, reduziu a quantidade de micro-organismos e a

incidência de culturas positivas, portanto, demonstrando benefícios como

estratégia antimicrobiana suplementar no tratamento de canais radiculares

infectados;

2) O uso dos sistemas mecanizados BioRaCe e Reciproc no preparo químico-

mecânico de canais radiculares ovais promoveu uma redução significativa na

contagem de micro-organismos. Assim, sistemas mecanizados que utilizam um

único instrumento podem proporcionar resultados comparáveis com outros

sistemas que utilizam uma série instrumentos, contanto que o diâmetro do

preparo apical, o volume de substâncias irrigadoras antimicrobianas e o tempo

de irrigação sejam semelhantes.

3) Os métodos de quantificação bacterianareal-time PCR e de cultura podem

ser seguramente utilizados em estudos ex vivo na avaliação da eficácia

antibacteriana de protocolos terapêuticos.

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ANEXO – Documentode aprovação pelo comitê de ética e pesquisa da

instituição