monergismo - john hendryx

31
John Hendryx

Upload: victor-silva

Post on 24-Jul-2015

305 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: Monergismo - John Hendryx

John Hendryx

Page 2: Monergismo - John Hendryx

1

Uma Explicação Simples de Monergismo

Por John Hendryx

Monergismo simplesmente significa que é Deus quem faz com que os ouvidos ouçam e os olhos

vejam. É Deus somente quem dá iluminação e entendimento de Sua palavra para que possamos

crer; é Deus quem nos ressuscita dos mortos, que circuncida o coração; abre os ouvidos; é Deus

somente quem pode nos dar um novo senso para que possamos, por fim, ter a capacidade

moral de contemplar Sua beleza e excelência inigualável. O apóstolo João registrou Jesus

dizendo a Nicodemus que nós naturalmente amamos as trevas, odiamos a luz e NÃO VAMOS

para a luz (João 3:19,20). E visto que nossa dura resistência a Deus está assim fixada em nossas

afeições, somente Deus, por Sua graça, pode amavelmente mudar, sobrepujar e desarmar nossa

disposição rebelde. O homem natural, aparte da obra despertadora do Espírito Santo, não virá a

Cristo por si mesmo, visto que ele está em inimizade com Deus e não pode entender as coisas

espirituais. Lançar luz nos olhos cegos de um homem não o capacitará a ver, visto que, como

todos sabemos, a vista requer novos olhos ou alguma restauração de sua faculdade visual. Da

mesma forma, ler ou ouvir a palavra de Deus por si mesmo não pode produzir fé salvadora no

leitor (ou ouvinte), a menos que o Espírito primeiro ―germine‖ a semente da palavra no

coração, por assim dizer, que então infalivelmente originará a nossa fé e união com Deus. Como

Lídia, a quem ―o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia ‖ (Atos

16:14), Ele deve também dar ao Seu povo vida e entendimento espiritual se seus corações hão

de ser abertos e assim se voltar (atender, responder) a Cristo em fé.

Definição

A definição do dicionário Century de monergismo pode ser útil:

―Na teologia, [monergismo é] a doutrina de que o Espírito Santo é o único agente eficaz

na regeneração [o novo nascimento] — que a vontade humana não possui inclinação

para a santidade até ser regenerada [nascida de novo] e, portanto, não pode cooperar na

regeneração‖.

Etimologia

A palavra ―monergismo‖ consiste de duas partes principais. O prefixo grego ―mono‖ significa

―um‖, ―único‖, ou ―sozinho‖, enquanto o sufixo ―ergon‖ significa ―trabalhar‖. Tomando juntos

significa ―o trabalho de um [indivíduo]‖.

Então, para simplificar, monergismo é a doutrina de que o nosso novo nascimento (ou

―despertamento‖) é obra de Deus, o Espírito Santo somente, com nenhuma contribuição do

homem, visto que o homem natural, de si mesmo, não tem nenhum desejo por Deus e não pode

entender as coisas espirituais (1 Coríntios 2:14, Romanos 3:11,12; Romanos 8:7; João 3:19, 20). O

homem permanece resistente a todos os chamados externos do evangelho até que o Espírito

venha para nos desarmar, nos chamar internamente e implantar em nós novas e santas afeições

por Deus. Nossa fé vem somente como o resultado imediato do Espírito operando em nós ao

ouvir a proclamação da palavra. Mas assim como Deus não nos força a ver contra a nossa

Page 3: Monergismo - John Hendryx

2

vontade quando Ele nós dá olhos físicos, assim também Deus não nos força a crer contra a nossa

vontade quando nos dá olhos espirituais. Deus nos dá o dom da visão e nós desejosamente o

exercitamos.

Aplicação

Monergismo tira toda a esperança de nós mesmos, revela nossa falência espiritual, aparte de

Cristo, e assim nos leva a dar toda a glória a Deus pela nossa salvação. Enquanto pensarmos

que contribuímos com algo, mesmo com algo muito pequeno (como boas intenções), então

ainda pensaremos que Deus nos salva por algo bom que Ele vê em nós e não em nosso próximo.

Mas este não é claramente o caso. Nós somos todos pecadores e não podemos nos vangloriar

em nada diante de Deus, incluindo o desejo de ter fé em Cristo (Filipenses 1:29, Efésios 2:8, 2

Timóteo 2:25). Pois, por que nós temos fé e o nosso próximo não? Considere isto. Nós fizemos

um uso melhor da graça de Deus do que ele o fez? Nós somos mais espertos? Mais sensíveis?

Alguém ama naturalmente a Deus?

A resta é ―não‖ a todas as perguntas acima. É a graça de Deus que nos faz diferir do nosso

próximo e é a graça de Deus que origina a nossa fé, não porque sejamos melhores ou tenhamos

mais discernimento.

O fato é que quando o Espírito nos capacita para ver que falhamos em cumprir a santa lei de

Deus, o homem se desesperará totalmente de si mesmo Então, como C.H. Spurgeon disse:

―... o Espírito Santo vem e mostra ao pecador a cruz de Cristo, lhe dá olhos ungidos com

colírio celestial, e diz, ―Olhe para aquela cruz. Aquele Homem morreu para salvar

pecadores; você sente que é um pecador; Ele morreu para te salvar‖. E então o Espírito

Santo capacita o coração para crer, e para vir a Cristo‖.

Para concluir, ―...ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor! senão pelo Espírito Santo‖ (1 Coríntios

12:3). ...que é o depósito que garante o que há de vir (2 Coríntios 5:5). Assim, deveria ser claro

para nós que nem todos recebem esta benção redentora de Cristo. Deus a concede

misericordiosamente a quem Ele quer, segundo o Seu soberano e bom propósito (Romanos 9:15-

18; Efésios 1:4, 5). O resto continuará em sua rebelião deliberada, fazendo escolhas segundo os

seus desejos naturais e assim recebendo a ira da justiça de Deus. Este é o porquê dela ser

chamada ―misericórdia‖ — não leva em conta o que merecemos. Se Deus fosse obrigado a dá-la

a todos os homens, então ela não mais seria misericórdia por definição. Isto não deveria nos

surpreender...o que deveria nos surpreender é o amor maravilhoso de Deus, ou seja, que Ele

salve um pecador como eu.

Page 4: Monergismo - John Hendryx

3

Monergismo

Por John Hendryx

Monergismo (regeneração monergística) é uma bênção redentora adquirida por Cristo para

aqueles que o Pai Lhe deu (1 Pedro 1:3; João 6:37,39). Ela comunica aquele poder na alma caída

pelo qual a pessoa que deve ser salva é eficazmente capacitada a responder ao chamado do

evangelho (João 1:13, Atos 13:48). Ela é aquele poder sobrenatural de Deus somente pelo qual

nos é concedido a capacidade espiritual para cumprir as condições do pacto da graça; isto é,

para apreender o Redentor por uma fé viva, para se achegar aos termos da salvação, se

arrepender dos ídolos e amar a Deus e o Mediador supremamente. O Espírito Santo, ao vivificar

a alma, misericordiosamente capacita e inclina o eleito de Deus ao exercício espiritual da fé em

Jesus Cristo (João 6:44, 1 João 5:1). Este processo é o meio pelo qual o Espírito nos traz à viva

união com Ele.

A Confissão de Westminster, usando o mesmo tipo de linguagem, observa que a fé é tanto um

requerimento do pacto como algo pelo qual Deus capacita o homem a cumprir, concedendo-lhe

novas capacidades e afeições espirituais:

Sob os termos do pacto da graça, Deus ―livremente oferece aos pecadores a vida e a

salvação por Jesus Cristo, exigindo deles a fé nEle para que sejam salvos; e prometendo

dar a todos os que estão ordenados para a vida o seu Santo Espírito, para dispô-los e

habilitá-los a crer‖. - Confissão de Fé de Westiminister, Capítulo VII — DO PACTO DE

DEUS COM O HOMEM (ênfase minha).

Em outras palavras, o que Deus requer de nós (fé, arrependimento, amar a Ele supremamente),

Ele nos concede em Cristo (2 Timóteo 2:25; Efésios 2:5,8). Isto significa que embora haja muitas

promessas preciosas nos declaradas no evangelho (Romanos 10:4), todavia, o Senhor entende

que a carta externa, mesmo que pregada vigorosamente, não capacita espiritualmente por si

mesma os pecadores para receberem a Jesus para justiça e salvação. Um mandamento e uma

promessa é estabelecida no evangelho de que todo aqueles que recebem Jesus será aceito e

justificado. Todavia nenhum de nós, de nossos desejos autônomos, é inclinado a receber o

evangelho, devido ao nosso amor natural pelas trevas (João 3:19). Portanto, em Sua grande

misericórdia, Jesus envia Seu Espírito Santo para nos despertar (João 6:63; João 1:13, 3:6) para

uma fé viva que apreende a Cristo e aos Seus benefícios. Aos mortos em pecado é concedida

vida (João 5:25) pelo Espírito que opera em nós tudo o que é requerido para nos fazer

participantes de Sua justiça, para que possamos ser reconciliados com Deus. Quando o Espírito

ilumina e regenera a alma, a fé e obediência perfeita de Cristo são nos computadas pela graça

de Deus, e por causa dEle somos aceitos como justos diante dEle. O que nós pecadores somos

incapazes devido ao orgulho e inclinações más, Cristo comprou para nós e o Espírito nos une a

Ele em Sua vida, morte e ressurreição. É assim que a justiça da lei pode ser encontrada em nós.

É assim que a graça que inclui nossa regeneração, justificação e santificação e todo o poder e

justiça que Cristo obteve para nós e do qual Ele nos fez participantes, é adquirida.

Page 5: Monergismo - John Hendryx

4

De fato, todos os benefícios de nossa salvação podem ser traçados até Cristo e Sua obra

consumada sobre a cruz. A regeneração, um desses benefícios da redenção (1 Pedro 1:3), é

concedida àqueles sobre quem Deus colocou Sua afeição antes dos tempos eternos (Efésios 1:5),

para que eles possam se apropriar dessas bênçãos. Portanto, é importante não confundir os

conceitos de regeneração e justificação. Regeneração é o que produz a fé em Cristo, a qual se

apropria da bênção da justificação. Todas essas são bênçãos que Cristo adquiriu para nós ao

cumprir o nosso lado no pacto em perfeita obediência tanto passiva como ativa às demandas da

lei de Deus. Ele viveu a vida que deveríamos ter vivido e morreu a morte que merecíamos. Ao

pecador, que era deliberadamente cego para com a amabilidade de Deus e assim,

impossibilitado de ter afeição por Deus ou compreender as coisas espirituais (1 Coríntios 2:14),

é agora concedido o Espírito Santo, que circuncida o seu coração (Ezequiel 36:26, Colossenses

2:11), cura a sua cegueira, lhe dá novas afeições por Deus para que ele possa apreender a beleza

de Deus e Sua excelência sem igual, e ilumina a sua mente para entender o conhecimento de

Cristo nas Escrituras (João 6:45; 1 João 5:20). Pelo Espírito somente podemos apreender a beleza

e a inigualável excelência de Deus que produz novas afeições por Ele, infalivelmente

conduzindo a uma fé viva em Cristo. Para vir a Cristo devemos entender e desejá-Lo e tais

desejos e entendimentos santos requerem uma obra sobrenatural da graça de Deus. Aparte da

obra do Espírito Santo, não temos nenhum conhecimento espiritual e assim, nosso orgulho e

nossa bem-enraizada afeição pelo pecado nos impede de crer no evangelho.

―...se alguém faz a assistência da graça depender da humildade ou obediência do homem

e não concorda que é um próprio dom da graça que sejamos obedientes e humildes,

contradiz o Apóstolo que diz, ―E que tens tu que não tenhas recebido?‖ (1 Coríntios 4:7),

e, ―Pela graça de Deus sou o que sou ‖ (1 Coríntios 15:10) — Concílio de Orange, 529 D.C.

Por que isto é tão vitalmente importante? Simplesmente porque exalta a glória de Jesus Cristo.

A Escritura ensina que tudo relacionado ao evangelho é designado a glorificar Cristo e

humilhar o homem. Assim, segue-se que tudo quanto diminua a glória de Cristo é inconsistente

com o verdadeiro evangelho. Portanto, aqueles que ensinam que a fé dos homens naturais é o

que lhes faz diferentes dos outros, e não a graça de Deus que causa a fé neles, estão

indevidamente exaltando o papel do homem na salvação.

Monergismo é a doutrina bíblica de que a regeneração (o novo nascimento) tanto precede como

produz a fé em Cristo naqueles que o Espírito Santo determina soberanamente dispensar Sua

graça (João 1:13; 6:63-65; Atos 16:14b; 1 João 5:1). Quando pregada no poder do Espírito Santo, o

evangelho (Tiago 1:18, 1 Pedro 1:23, 25) tem o poder de abrir os olhos cegos e os ouvidos

surdos. Paulo, quando falando aos eleitos da igreja dos Tessalonicenses disse, ―porque o nosso

evangelho não foi a vós somente em palavras, mas também em poder, e no Espírito Santo, e em

plena convicção‖ (1 Tessalonicenses 1:5). Em outras palavras, a palavra de Deus não opera ―ex

opere operato‖ (automaticamente), pelo contrário, ela é a obra do Espírito Santo soberanamente

dispensando graça (João 3:8), despertando o coração através da palavra para trazer vida. Assim,

a palavra escrita não é o material do novo nascimento espiritual, mas antes é o seu meio ou

intermédio. ―A palavra não é o princípio gerador em si mesma, mas somente aquele pelo qual

ele opera: o veículo do mistério germinando poder‖ [Alford]. É porque o Espírito de Deus a

Page 6: Monergismo - John Hendryx

5

acompanha que a palavra carrega nela o germe de vida. A vida está em Deus, todavia ela é nos

comunicada através da palavra.

O evangelho declara que arrependimento e fé (mandamentos de Deus) são eles mesmos Deus

operando em nós o desejo tanto para querer como para fazer (2 Timóteo 2:25; Efésios 2:5,8) e

não algo que o próprio pecador contribua para o prêmio de sua salvação. Arrependimento e fé

podem somente ser exercidos por uma alma após, e em conseqüência imediata de, sua

regeneração pelo Espírito Santo (1 João 5:1,10; Atos 16:14b; Atos 13:48; João 10:24-26; Ezequiel

36:26-27; João 6:37; João 1:13; 1 Coríntios 4:7; 1 Coríntios 15:10; Tiago 1:17; João 3:27; 1 Pedro

1:3). Deus regenera, e nós, no exercício da nova capacidade graciosa dada, nos arrependemos.

Deus desarma a oposição do coração humano, subjuga a hostilidade da mente carnal, e com

irresistível poder (João 6:37;63-65), traz Seus escolhidos a Cristo. O evangelho confessa ―Nós O

amamos porque Ele nos amou primeiro‖. Enquanto que antes não tínhamos nenhum desejo por

Deus, agora a graça regeneradora de Deus nos deu o desejo, a disposição e o deleite em Sua

pessoa e nos Seus mandamentos, que infalivelmente se originam da fé. Fé e obras são ambas

evidências do novo nascimento, não a causa dele.

Suporte Bíblico

Fora os dois lugares onde a palavra regeneração é realmente usada no texto da Bíblia (Tito 3:5;

Mateus 19:26), a mesma noção doutrinal é elaborada em muitos lugares sob várias

terminologias tais como (1) ressurreição espiritual (João 5:21; Romanos 6:13; Efésios 1:19-20; 2:5;

Colossenses 2:13; 1 João 3:14) e nossa (2) re-criação em Cristo (2 Coríntios 5:17; Gálatas 6:15;

Efésios 2:10; 4:24 ). O apóstolo João, aparte do famoso discurso de Jesus sobre o novo

nascimento em João 3, refere-se a ser nascido de Deus onze vezes. Interessantemente, embora o

ser nascido de novo seja necessário para a salvação, ele nunca é falado no modo imperativo,

como se o ouvinte pudesse independentemente produzi-lo. Antes, ele é sempre falado como

uma obra de Deus somente. Por exemplo, João 1:13 (como se para enfatizar este ponto) diz que

nós ―não nascemos do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de

Deus‖. Enquanto que João 1:12 ensina que fé é a pré-condição crucial da justificação, o verso 13

ensina que a regeneração é uma pré-condição necessária e eficaz da fé em Jesus Cristo. O verso

13, portanto, qualifica o verso 12, deixando claro que a regeneração causalmente e

imediatamente precede a fé.

Particularmente, note o apóstolo João falar da nossa ressurreição espiritual (João 5:21; Efésios

2:5). O texto (João 5:21) mostra o próprio Jesus claramente exercendo soberanamente sobre

aqueles a quem Ele deseja conceder a ressurreição espiritual: ―Pois, assim como o Pai levanta os

mortos e lhes dá vida, assim também o Filho dá vida a quem ele quer‖. Efésios 2:5, da mesma

forma, diz que estávamos mortos em pecados até que Deus, que é rico em misericórdia, ―nos

vivificou juntamente com Cristo‖. As palavras de Paulo para ―nos vivificou‖ ou ―despertou‖ é o

termo grego que Paulo usa para a regeneração com Cristo. Em ambos os exemplos devemos

concluir que a obra regeneradora do Espírito Santo causalmente precede e possibilita a resposta

do homem de uma fé salvadora ao chamado de Deus.

Page 7: Monergismo - John Hendryx

6

Outro texto crítico que devemos olhar mais de perto é 1 João 5:1,10:

―Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus... Quem crê no Filho de

Deus, em si mesmo tem o testemunho [de Deus]‖.

Antes de qualquer coisa, quero que você observe o claro aspecto seqüencial de causa e efeito da

regeneração e fé nesta passagem. Importante para nós notar é que João fala das nossas ações

que acontecem como o resultado da regeneração por diversas vezes nesta epístola (1 João 2:29, 1

João 3:9, 1 João 4:7, 1 João 5:1, 1 João 5:18 ). Por exemplo, em 1 João 3:9 ele diz, ―Aquele que é

nascido de Deus não peca habitualmente; porque a semente de Deus permanece nele, e não

pode continuar no pecado, porque é nascido de Deus‖. Aqui encontramos um relacionamento

de causa e efeito entre a causa do novo nascimento e o efeito que o cristão não continua numa

vida de pecado. 1 João 5:18 nos dá um padrão similar de discurso. Ambos mostram que a causa

da regeneração traz o efeito de uma vida que não continua pecando. Assim, não somente o

tempo do verso de 1 João 5:1 mostra a fé sendo realizada como o resultado da regeneração, mas

isto é também uma continuação de um padrão de fala que João usa durante toda a epístola.

Portanto, é extremamente improvável que o Apóstolo queria dizer algo além disto: que a fé é o

resultado do nosso nascimento espiritual...que a obra regeneradora do Espírito Santo é a causa

dos desejos que se originam da fé. O verso 10 ainda demonstra a realidade disto quando ele diz

que ―quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho [de Deus]‖. Considere se é ao

menos possível para um homem não regenerado, que não tem o testemunho de Deus em si

mesmo, realmente entender ou crer no evangelho. Não é possível. Pelo contrário, uma pessoa

deve primeiro ter o testemunho de Deus nela, se ela há de crer. Em outras palavras, devemos

ser ensinados por Deus, iluminados na mente, recebermos um novo entendimento...e uma vez

que tenhamos aprendido e entendido, chegaremos infalivelmente à fé em Cristo. Note que 1

João 5:20 nos dá a seguinte segurança:

―Sabemos também que já veio o Filho de Deus, e nos deu entendimento para

conhecermos aquele que é verdadeiro; e nós estamos naquele que é verdadeiro, isto é, em

seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna‖.

Jesus deu ao Seu povo entendimento para que eles pudessem conhecê-Lo. Em outras palavras, o

verdadeiro entendimento espiritual e o conhecimento de Deus (salvação), que é único para os

santos, estão inextricavelmente ligados. Um ocasiona o outro e, portanto, todos aqueles a quem

este conhecimento é dado, virão infalivelmente a conhecê-Lo. ―Porque Deus, que disse: Das

trevas brilhará a luz, é quem brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da

glória de Deus na face de Cristo‖ (2 Coríntios 4:6). Destas e de passagens similares há, portanto,

uma certeza de que este mesmo tipo de entendimento nunca será dado aos não-eleitos. Antes, o

entendimento das coisas espirituais concedido por Deus somente, infalivelmente trará aqueles

que foram iluminados por ele a uma fé viva em Cristo. Uma demonstração real disto está

registrado no livro de Atos, quando Paulo está pregando e uma mulher chamada Lídia ,

―...estava ouvindo; e o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia‖ (Atos

16:14). Isto deveria remover todas as dúvidas com respeito a natureza bíblica desta doutrina.

Page 8: Monergismo - John Hendryx

7

Conclusão

Para sumarizar, aqueles mortos em pecado (Efésios 2:1,5,8), não têm nenhuma parte em seu

novo nascimento (Romanos 3:11,12; 8:7) e são tão passivos no ato regenerador como um bebê

recém-nascido fisicamente. Contudo, uma vez restaurados com um novo senso e entendimento

espiritual através da Palavra e do Espírito, a nova disposição da alma imediatamente executa

um papel ativo na conversão (arrependimento e fé). Assim, o homem não coopera em sua

regeneração mas, pelo contrário, ele responde infalivelmente em fé ao evangelho quando o

Espírito Santo muda a disposição do seu coração (João 3:6-8; 19-21). A fé não é, portanto, algo

produzido por nossa natureza humana não regenerada. O pecador caído não tem a capacidade

ou inclinação moral para crer antes do novo nascimento. Pelo contrário, o Espírito Santo deve

abrir os ouvidos da pessoa à pregação do evangelho para que ela possa atender à mensagem

(veja o caso de Lídia em Atos 16:14). Embora não haja seqüência temporal, a regeneração causa

todos os outros aspectos da nossa salvação. Todos eles ocorrem simultaneamente como o ligar

de uma luz. Regeneração, portanto, é a causa direta da fé, justificação, santificação e das santas

afeições. Em outras palavras, a fé e os outros benefícios que recebemos da redenção de Cristo,

brota da nova capacidade nos dada por Deus.

Dicionário Secular

Monergismo: ―Na teologia, A doutrina de que o Espírito Santo é o único agente eficaz na

regeneração - que a vontade humana não possui inclinação para a santidade até ser regenerada

e, portanto, não pode cooperar na regeneração‖.

Abaixo, alguns Cristãos na história da Igreja que defenderam a doutrina bíblica do

monergismo:

Jonathan Edwards, Charles Spurgeon, Martinho Lutero (que considerava esta doutrina o

coração da Reforma), João Calvino, John Knox, John Owen, os Puritanos do século XVII, John

Bunyan, Agostinho, George Whitefield, John Gill, Arthur W. Pink e alguns pastores e teólogos

contemporâneos tais como Martyn Lloyd-Jones, John Piper, Wayne Grudem, R.C. Sproul,

Michael Horton, J.I. Packer, James Montgomery Boice, Johyn MacArthur, etc.

Page 9: Monergismo - John Hendryx

8

A Vontade é Livre por Natureza ou pela Graça?

Por John Hendryx

Você pode ficar surpreso ao descobrir que este assunto é muito mais simples do que muitas

pessoas tendem a torná-lo. A verdade é que pode ser facilmente provado a todos os cristãos que

o homem caído não tem livre-arbítrio, como a Bíblia o define. Pergunte a muitos evangélicos,

entretanto, se o homem tem um livre-arbítrio, e muitos responderão ―sim, é claro!‖. Aqui estão

duas questões simples que removerão estas falsas pressuposições e provarão, de uma vez por

toda, que o homem natural não tem livre-arbítrio:

• Você acredita que o Espírito Santo desempenha algum papel quando o pecador é

levado à fé em Cristo? (Todos os verdadeiros evangélicos responderão ―sim‖);

• Você acredita que, sem qualquer obra do Espírito Santo, o pecador virá a Cristo, isto é,

tem o desejo e a habilidade naturais para vir a Cristo? (Todos os verdadeiros evangélicos

responderão ―não‖).

Assim você desarmou, com duas questões simples, qualquer argumento contra o livre-arbítrio

autônomo do homem. Aqui está a prova simples de que todos os cristãos, sem exceção, crêem

que nenhum homem se encontra NATURALMENTE desejoso de se submeter aos humilhantes

termos do Evangelho de Cristo, fora da obra do Espírito Santo. O homem natural, sem o

Espírito Santo, não tem livre-arbítrio porque, necessariamente, devido à sua natureza caída, ele

nunca se submeteria naturalmente aos humilhantes termos do Evangelho. A Escritura descreve

os homens como escravos do pecado, levados cativos por Satanás a fazer sua vontade (2 Tm

2.25), até que o Filho os liberte (João 8.36). Porque o Filho precisaria libertá-los se eles fossem

livres, isto é, não fossem escravos do pecado? Quando nós falamos do homem não ter livre-

arbítrio, não estamos dizendo que a vontade do homem não é auto-determinada, porque ela é.

Não é apenas por causa de uma coerção externa que a vontade não é livre, porque ela não é

mesmo. Nós não acreditamos nisso. Pelo contrário, a Escritura simplesmente diz que a vontade

é má por uma corrupção de sua natureza, mas somente se torna boa pela graça do Espírito

Santo. Não é devido a uma força natural que cremos. Não podemos, em nosso estado não-

regenerado, converter-nos sozinhos. Com todos os nossos esforços, fora do Espírito Santo, não

podemos conseguir isto, porque Jesus diz que ―sem MIM nada podeis fazer‖. A Escritura

claramente testifica que ―ninguém pode dizer que Jesus é o SENHOR, senão pelo Espírito

Santo‖ (1 Coríntios 12.3) e que o homem natural não entende as coisas do Espírito porque elas

são espiritualmente discernidas. Elas parecem loucura a ele (1 Co 2.14), e ele age somente como

ele está debaixo, de acordo com a medida da graça que recebeu.

As pessoas geralmente tendem a confundir coerção com necessidade. Recentemente, ouvi uma

entrevista com Ron Rhodes numa rádio local, e ele dizia que Deus não nos criou como robôs... e

isto é correto. Então ele disse que Deus nos deu livre-escolha (entre o bem e o mal) – o que é

correto quando aplicado a Adão. Mas ele comete um erro fatal quando diz que nossa vontade é

tão livre quanto a vontade de Adão, o que não faz sentido. Nossa vontade é corrompida e

escrava até que Cristo nos liberte. O que Rhodes queria dizer, acredito, é que nós não somos

Page 10: Monergismo - John Hendryx

9

robôs, e isto é verdade, mas não é assim que a Escritura define uma vontade que não é livre.

Portanto, é errado ensinar que o homem tem um livre-arbítrio. Isto destrói todo o Evangelho

que pregamos.

A definição bíblia de ―livre-arbítrio‖ é o poder escolher livremente (auto-determinar) o que nós

mais preferimos ou desejamos de acordo com nossa natureza, afeição e predisposição. O

homem natural ou não-regenerado, que por natureza é hostil a Deus, ama o pecado e portanto,

se não for pela graça da regeneração, não buscará a Deus nos termos de Deus (1 Co 2.14, Rm

8.7). Ele invariavelmente usará seu ―livre-arbítrio‖ para fugir e suprimir a verdade de Deus (Rm

1.18). Os regenerados (aqueles que o Espírito transformou), por outro lado, garantiram um

senso ou disposição renovados, que tem um novo entendimento, desejos e afeições santas por

Deus. Assim, nossa hostilidade natural a Deus (João 3.19,20) é desarmada e então livremente

exercemos nossa vontade de crer em Jesus, que agora tem a suprema afeição sobre todos os

outros ídolos. A Escritura dá claro testemunho sobre isto:

―O Espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos disse são

espírito e vida. Mas há alguns de vós que não crêem. Porque bem sabia Jesus, desde o

princípio, quem eram os que não criam, e quem era o que o havia de entregar. E dizia:

Por isso eu vos disse que ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lhe for

concedido.‖ (João 6.63-65) [nota: a frase ―vir a mim‖ é um sinônimo para ―fé‖ ou ―crer‖].

―Por seus frutos os conhecereis. Porventura se colhem uvas dos espinheiros, ou figos dos

abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos

maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons‖

(Mateus 7.16-18) [nota: uma pessoa produz fruto de acordo com sua natureza].

―Ou fazei a árvore boa, e o seu fruto bom, ou fazei a árvore má, e o seu fruto mau;

porque pelo fruto se conhece a árvore. Raça de víboras, como podeis vós dizer boas

coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca. O

homem bom tira boas coisas do bom tesouro do seu coração, e o homem mau do mau

tesouro tira coisas más.‖ (Mateus 12.33-35).

―Porventura pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Então

podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.‖ (Jeremias 13.23).

―Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho dito. As

minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem‖ (João 10.26-27).

―Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete

pecado é servo do pecado. Ora o servo não fica para sempre em casa; o Filho fica para

sempre. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres. Bem sei que sois

descendência de Abraão; contudo, procurais matar-me, porque a minha palavra não

entra em vós.‖ (João 8.34-37).

Em outras palavras, um rio não corre em direção à sua fonte.

Page 11: Monergismo - John Hendryx

10

João 3:16, Desejos do Homem e Novo Nascimento

Por John Hendryx

―Tendo Deus ressuscitado o seu Servo, enviou-o primeiramente a vocês, para abençoá-

los, convertendo cada um de vocês das suas maldades‖ (Atos 3:26).

―Uma pessoa só pode receber o que lhe é dado dos céus‖ (João 3:27) .

Freqüentemente me pego debatendo com cristãos que acreditam que homem e Deus têm papéis

iguais na regeneração (sinergistas) e que nossa escolha é o sine qua non do novo nascimento.

Eles argumentam que Deus dá a todos a graça preveniente, mas o homem pode exercer seu

livre-arbítrio autônomo para fazer a graça eficaz. Estes cristãos ensinam que o homem escolhe a

Cristo apesar de seus desejos e isso é o que faz sua vontade livre. Escolher algo diferente de

seus desejos constitue verdadeira liberdade para eles, já que a liberdade está acima e é

independente de todas as outras influências. Mas é isto o que a Bíblia ensina?

O primeiro alvo deste texto é provar pelas Escrituras que nós sempre escolhemos o que nós

queremos (desejamos) mais e que isso é baseado em nossa natureza. Nós escolhemos alguma

coisa porque nós a desejamos. Em outras palavras, nós acreditamos em Jesus porque nosso

desejo por Cristo se torna maior que nosso desejo pelo pecado. O segundo alvo é explorar de

onde esse desejo vem. Ele vem de nossa natureza degenerada (como os sinergistas crêem) ou ele

é um dom incondicional de Deus? Meus amigos sinergistas dizem que, utilizando a graça de

Deus, apesar de nossos desejos, nossa vontade autônoma definitivamente determinará nosso

destino final. Eu argumentarei porque essa posição é fatal para seu sistema teológico inteiro.

Nós Escolhemos O Que Nós Desejamos Mais

Vamos começar com alguns textos bíblicos que ensinam que nossa natureza determina nossos

desejos e nossos desejos determinam nossas escolhas. Cristo diz:

―O homem bom tira coisas boas do bom tesouro que está em seu coração, e o homem

mau tira coisas más do mal que está em seu coração, porque a sua boca fala do que está

cheio o coração‖ (Lucas 6:45).

O que Jesus diz aqui é claro – a água não corre contra a correnteza. Nossa decisão de dizer algo

bom ou ruim é somente determinada pela condição de nosso coração. Há uma grande evidência

para o mesmo conceito em Mateus 7:18.

―A árvore boa não pode dar frutos ruins, nem a árvore ruim pode dar frutos bons‖.

Aqui, Jesus está ensinando que é a natureza da árvore que determina o que virá dela. Somente

aquele que tem uma boa natureza é capaz de criar um pensamento correto, gerar uma afeição

correta, ou originar uma volição correta. Jesus martela novamente o mesmo conceito nos judeus

incrédulos, quando discute se eles são ou não descendentes de Abraão:

Page 12: Monergismo - John Hendryx

11

―Por que a minha linguagem não é clara para vocês? Porque são incapazes de ouvir o que

eu digo. Vocês pertencem ao pai de vocês, o Diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele

foi homicida desde o princípio e não se apegou à verdade, pois não há verdade nele.

Quando mente, fala a sua própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira (...) Aquele

que pertence a Deus ouve o que Deus diz. Vocês não o ouvem porque não pertencem a

Deus‖. (João 8:43,44,47)

Na passagem acima, os judeus não puderam ouvir a palavra de Deus porque eles pertenciam ao

diabo (suas naturezas) e isso aumentou suas vontades de fazer o que desejavam. Suas naturezas

os tornaram moralmente impotentes para ouvir as palavras de Jesus. Mais tarde, Jesus ensina

que antes de alguém ouvir as palavras de Deus, ele deve ser de Deus. Em outras palavras, uma

pessoa não entenderá o evangelho enquanto permanecer em seu estado não-regenerado e

decaído.

Deus Exige Perfeição

Na história do jovem rico, Jesus o ensina que se ele obedecer todos os mandamentos, ele terá a

vida eterna. Todos nós sabemos que esta história foi contada para expôr nossa inabilidade de

cumprir tudo isso. Mas o jovem (equivocadamente) confiava que ele guardou tudo desde sua

juventude. Jesus, conhecendo seu coração e onde ele vacilaria, ordena que o rapaz venda todas

suas posses, dê aos pobres e o siga. Em outras palavras, Jesus lhe disse que o arrependimento

de sua ganância e a fé em Cristo eram onde ele ainda falhava. Mas ele se afastou entristecido.

Jesus então diz a seus discípulos que é mais difícil que um homem rico entre no Paraíso que um

camelo passar por um buraco de agulha. ―Quem então poderá ser salvo?‖, os discípulos

perguntam, sabendo que Jesus está dizendo que o caminho para o céu está fechado a todos os

homens – um padrão santo que ninguém poderia alcançar. A resposta que Jesus dá é ―Para o

homem é impossível [arrependimento e fé], mas para Deus todas as coisas são possíveis‖. A

natureza do jovem não poderia se colocar acima de seus desejos e Jesus diz que isso é

impossível para todos os homens. Apenas Deus tem a capacidade de fazer isto. A Bíblia é

recheada com exemplos assim. É realmente um mito que o homem em seu estado natural está

genuinamente buscando a Deus. Homens podem procurar um deus, mas eles não procuram o

verdadeiro Deus, revelado nas Escrituras. Exceto pelo novo nascimento, ninguém vem à luz do

verdadeiro Deus, mas suprimi a verdade pela injustiça.

A Bíblia, por esta razão, ensina além de qualquer dúvida que nós agimos ou escolhemos de

acordo com nosso maior desejo, que é baseado é nossa natureza. Jesus, como notamos acima,

ensina que é impossível ser de outra forma. Mais ainda, como uma conseqüência da morte física

de Adão e seus descendentes (Gn 2:17) existem muitos outros problemas com a natureza do

homem em seu estado decaído, incluindo sua incapacidade de entender Deus (Salmos 50:21; Jó

11:7,8; Rm 3:11); ver coisas espirituais (Jo 3:3); conhecer seu próprio coração (Jr 17:9); direcionar

os próprios passos no caminho da vida (Jr 10:23; Pv 14:12); libertar a si mesmo da maldição da

Lei (Gl 3:10); receber o Espírito Santo (Jo 14:17); nascer por si só na família de Deus (Jo 1:13; Rm

9:15,16); produzir arrependimento e fé em Jesus Cristo (Ef 2:8,9; Jo 6:64.65; 2 Ts 3:2; Fp 1:29; 2

Tm 2:25); ir a Cristo (Jo 10:26; Jo 6:44); e agradar a Deus (Rm 8:5,8,9). Estas conseqüências da

Page 13: Monergismo - John Hendryx

12

desobediência de Adão em seus descendentes são o que os teólogos freqüentemente se referem

como a total depravação do homem. Sem uma mudança de disposição, o amor de Deus e Sua lei

não é a mais profunda motivação e princípio do homem natural.

O Que Tudo Isso Tem a Ver com João 3:16?

Sinergistas freqüentemente me dizem: ―Predestinacionistas acreditam em um Deus que requer

mais do que Ele capacita ou permite os homens alcançarem. Este é o tipo de Deus em quem eles

acreditam‖. Nisto eles estão parcialmente corretos, mas a falha está no homem, não em Deus...

porque a natureza de Deus nunca mudou, mas a nossa muda. A Lei de Deus é perfeita porque

Ele é perfeito. Ele não pode diminuir Seus padrões por nós ou Ele não mais seria Deus. Por esta

razão, Deus teve um propósito específico em exigir perfeição moral em nós e isso inclui o

mandamento de crer em Cristo. Declarações bíblicas como ―se tu o buscares‖ e ―todo aquele

que nele crer‖ como em João 3:16 estão num modo hipotético. Um gramático explicaria que há

uma declaração condicional, que não expressa nada de forma indicativa. Nesta passagem o que

nós ―deveríamos‖ fazer não implica necessariamente que nós ―podemos‖ fazer. Os dez

mandamentos, da mesma forma, falam do que nós deveríamos fazer mas eles não implicam que

nós temos a habilidade moral de cumprí-los. Os mandamentos de Deus nunca serviram para

nos fortalecer, mas para arrancar nossa confiança em nossas próprias capacidades de tal forma

que seria o fim de nós mesmos. Com uma clareza pungente, Paulo ensina que este é o intento da

legislação divina (Rm 3:20, 5:20; Gl 3:19,24). Se alguém está tentado a argumentar que essa

crença é meramente um convite, e não um mandamento, leia 1 João 3:23: ―E este é o seu

mandamento: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo...‖. Então, eu creio que aqueles

que sustentam a idéia de que Deus ordena aos homens decaídos e não-regenerados a fazerem

algo que já são capazes de fazê-lo estão impondo uma teoria antibíblica no texto. Um

mandamento ou convite com uma afirmação abertamente hipotética , como João 3:16 faz não

implica na capacidade de cumprí-lo. Isto é especialmente verdadeiro à luz de textos como Jo

1:13, Rm 9:16, Jo 6:37, 44, 63-65, Mt 5:16-16, 1 Co 2:14 e muitos outros que mostram a

incapacidade moral do homem no estado decaído em crer no Evangelho. Em nosa natureza

não-regenerada nós não podemos fazer nada a não ser amar as trevas e nunca nos

aproximarmos da luz.

Na Cruz Deus Nos Dá o que Ele Exige de Nós

Como isso pode ser boa-nova se os homens nunca se encontrarão naturalmente desejando se

submeter em fé aos humilhantes termos do Evangelho de Cristo? (Rm 3:11; Jo 6:64,65; 2 Ts 3:2).

Porque Deus nos deu graciosamente o que Ele exige de nós. No evangelho, Deus nos revela a

mesma justiça e fé que Ele exige de nós. O que nós deveríamos ter, mas não poderíamos criar ou

alcançar ou cumprir, Deus nos garante livremente, como é chamada, a justiça de Deus (2 Co

5:21) e a fé de Cristo. Ele revela, como um dom em Cristo Jesus, a fé e a justiça que antes era

somente uma exigência. Fé não é algo com que o pecador contribui para pagar o preço de Sua

salvação. Jesus já pagou todo o preço por nós. Fé é nosso primeiro fôlego na respiração de nosso

novo nascimento, antes de falar. É uma testemunha da obra da graça de Deus que tomou seu

lugar dentro de nós (Ef 2:5,8; 2 Tm 2:25).

Page 14: Monergismo - John Hendryx

13

Romanos 3:11,12 diz ―não há ninguém que busque a Deus, ninguém‖ e 1 Co 2:14 diz que o

homem natural não consegue entender as coisas do Espírito, que são loucura para ele e não é

possível que sejam aceitas porque devem ser discernidas espiritualmente. Mesmo Pedro teve de

ser revelado pelo Pai que Jesus era o Cristo. Os arminianos e nós concordamos que ―todo aquele

que crer‖ tem a vida eterna, mas a questão vai além disso – o que leva alguém a crer?

C.H. Spurgeon, em seu sermão Incapacidade Humana expõe isso com grande clareza:

"Oh", diz o Arminiano, "os homens podem serem salvos se quiserem." Nós replicamos:

"Meu querido senhor, todos nós cremos nisto; mas é precisamente no se eles quiserem

onde está a dificuldade. Afirmamos que ninguém quer vir a Cristo, a menos que ele seja

trazido; pelo contrário, nós não afirmamos isto, mas o próprio Cristo o declara: "Mas não

quereis vir a mim para terdes vida"; e enquanto este "não quereis" permanecer registrado

na Santa Escritura, não seremos inclinados a crer em qualquer doutrina da liberdade da

vontade humana. É estranho como as pessoas, quando falam sobre o livre-arbítrio,

discutem de coisas que eles não tem nenhum entendimento. "Ora", diz alguém, "eu creio

que os homens podem ser salvos se eles quiserem." Meu querido senhor, de modo algum

é esta a questão. A questão é: os homens alguma vez são encontrados naturalmente

dispostos a submeterem-se aos termos humilhantes do evangelho de Cristo? Declaramos,

sob a autoridade das Escrituras, que o homem está tão desesperadamente em ruína, tão

depravado, e tão inclinado a tudo o que é mal, e tão oposto a tudo o que é bom, que sem

a poderosa, sobrenatural e irresistível influência do Espírito Santo, nenhum ser humano

quererá jamais ser constrangido para Cristo. Você replica, que os homens algumas vezes

estão desejosos, sem a ajuda do Espírito Santo. Eu respondo: Você encontrou alguma vez

alguma pessoa que estivesse?

Eu argumentaria que este é o porquê de Jesus enfatizar o novo nascimento durante toda a

passagem de João 3. Nicodemos não podia entender a linguagem de Jesus: ―O que nasce da

carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito‖. Assim como somos passivos em nosso

nascimento físico, também no nascimento espiritual o somos. Nós não participamos ativamente

de qualquer nascimento com nossos esforços. O Espírito é semelhante ao vento nesta passagem,

que não se sabe se está indo ou vindo – assim é todo aquele nascido em espírito. O trabalho do

Espírito é soberano e sobrenatural. Assim como um cego não enxergará se você lançar uma luz

nos seus olhos, ordenando a ele tudo que você quiser. Não é de luz que ele precisa, mas de um

novo par de olhos. É assim que o novo nascimento parece. Antes da regeneração, Satanás nos

tornou cativos de sua vontade. Ele nos cegou para a verdade. Nós devemos ser libertos de

nossos próprios desejos e o cativo somente é completamente livre pelo dedo de Deus através do

trabalho final de Cristo.

Em João 3:19-20, no mesmo contexto de 3:16 (três versos depois), Jesus qualifica Seu ―todo

aquele que crê‖ com a seguinte afirmação: ―Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os

homens amaram as trevas, e não a luz, porque as suas obras eram más. Quem pratica o mal

odeia a luz e não se aproxima da luz, temendo que as suas obras sejam manifestas‖. (Isto é para

todos nós anterior à regeneração)

Page 15: Monergismo - John Hendryx

14

Mas todos nós sabemos que alguns virão para a luz. Leia o que João 3:20-21 diz sobre eles. ―Mas

quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que seja manifesto que as suas obras são feitas

em Deus‖. Então, veja que existe aqueles que vêm para a luz; e suas obras são o trabalho de

Deus. ―Feitas em Deus‖ significa trabalhado em e por Deus. A não ser pelo gracioso trabalho

divino de regeneração, todos os homens odeiam a luz de Deus e não irão até ela.

Ao invés de balançar nossas cabeças para o versículo que se encaixa em nosso sistema particular

de teologia, nós devemos interpretar escritura com escritura, especialmente no contexto da

passagem. Agora que nós vimos João 3 por completo, o verdadeiro significado do texto se torna

claro. João 1:10-12 é também um dos favoritos dos sinergistas quando anunciam o evangelho:

―Ele estava no mundo, e o embora mundo tenha sido feito por intermédio dele, o mundo

não o reconheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. Contudo, aos

que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos

de Deus‖.

Grande passagem, eu também adoro usar estes versos, mas nós não podemos parar aqui. Nós

precisamos reconhecer que devemos adicionar a qualidade do verso 13:

―os quais não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da carne nem pela

vontade de algum homem, mas nasceram de Deus‖ (João 1:13).

Eu acho estranho muitos deixarem esse versículo de fora de sua evangelização: todos os

versículos caminham juntos. Isso repete um tema constante nas Escrituras: que nós somos

ordenados a nos arrepender e crer no evangelho, mas adicionalmente, que nós somos

moralmente incapazes de fazer tanto sem o eficaz trabalho do Espírito Santo. A oferta de ―todo

aquele que nele crer‖ é para todos os homens e verdadeiramente oferecida a todos os homens,

mas nenhum homem natural deseja a Deus. TODOS rejeitam este dom, mas o que nós não

podemos fazer por nós mesmos, Deus faz por nós. Aqueles que vêm a Deus dão glórias a Ele

porque Ele tem preparado seu coração, dando-lhes um desejo por Cristo que é maior que o

desejo de permanecer no pecado. Isto é o que Ele fez por Lídia através da pregação de Paulo, no

livro de Atos: ―O Senhor abriu seu coração para atender à mensagem de Paulo‖. O que

aconteceu a Lídia é o que acontece a todo aquele que vem para a fé em Cristo. Se o Senhor abrir

nosso coração, nós desejaremos crer, e nenhuma resistência existe, porque nós não desejaremos

resistir. Nossas novas naturezas vivificadas pelo Espírito Santo têm novos desejos e disposições,

que não poderíamos produzir por nós mesmos. Se o Senhor abriu o coração de Lídia para ela

atender à mensagem e ela resistisse, isto seria uma afirmação contraditória. Note que Deus

abriu seu coração para ―atender à mensagem‖. Se Deus desarmou a hostilidade de Lídia de

forma que ela creria, então não deveria haver mais debates de como Ele faz com todos aqueles

que têm fé. Apesar do fato de nós termos uma crença real em nós mesmos, pelo esquema

sinergista, no entanto, o homem volta sua afeição e fé para Deus enquanto ainda está em sua

caída e degenerada condição de coração petrificado. Mas o homem deve primeiro ter uma nova

natureza para crer – ou seja, a Escritura ensina que o homem sem o Espírito não deseja, entende,

tampouco é capaz de obedecer ou se voltar a Deus (1 Co 2:14, Rm 8:7, Rm 3:11). Se nós iremos

Page 16: Monergismo - John Hendryx

15

acreditar, Deus deve primeiramente transformar nosso coração de pedra em um coração de

carne:

―Darei a vocês um coração novo e porei um espírito novo em vocês; tirarei de vocês o

coração de pedra e lhes darei um coração de carne. Porei o meu Espírito em vocês e os

levarei a agirem segundo os meus decretos e a obedecerem fielmente às minhas leis‖

(Ezequiel 36:26,27).

Os sinergistas acreditam que o grande desejo por fé, pelo qual nós creremos no Deus que

justifica pecadores, pertence a nós por natureza e não por um dom da graça, que está, pela

inspiração do Espírito Santo, aumentando nossa vontade e tirando ela da descrença para fé e da

falta de Deus para Deus. Mas o Apóstolo Paulo diz: ―Estou convencido de que aquele que

começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus‖ (Fl 1:6). E novamente,

―Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus‖ (Ef

2:8). Pior ainda, os sinergistas ensinam que Deus tem misericórdia de nós quando, a partir da

graça regeneradora, nós acreditamos, queremos e desejamos, mas não confessam que é através

do trabalho e inspiração do Espírito Santo em nós que teremos a fé, a vontade ou força para

fazer todas estas coisas. Se eles fazem a ajuda da graça depender de nossa humildade ou

obediência, mas não concordam que é um dom da própria graça que nós sejamos obedientes e

humildes, eles contradizem a Bíblia, que diz ―O que você tem que não tenha recebido?‖ (1 Co

4:7) e ―Mas, pela graça de Deus, sou o que sou‖ (1 Co 15:10).

Então vamos perguntar a nossos amigos sinergistas porque um homem crê e outro não?

Pelo esquema arminiano, Deus dá ao homem graça suficiente para colocá-lo numa posição de

decidir por si mesmo se irá ou não crer. Então um homem será mais inteligente, mais sábio e

mais humilde? Se este fosse o caso, Deus nos salvaria com base na personalidade gerada por

nós mesmos e não pela graça. Pergunte a eles como seus olhos se voltaram a Deus. Um homem

usa a graça dada a ele e outro não. O que no homem determina sua escolha e por quê? Isso nos

deixa com salvação pelo mérito, desde que um homem que tem pensamentos e afeições por

Deus O escolhe enquanto o outro não. Não já provamos que as Escrituras ensinam que fazemos

nossas escolhas baseados no que mais desejamos? Onde o homem conseguiu sabedoria e

inclinação a Deus, enquanto o outro permaneceu endurecido? Como um homem criou um

pensamento reto, afeição reta, ou originou volição reta? Se não veio de seus desejos, então veio

de onde? As escolhas são baseadas no que nós somos. Um homem natural nunca escolheria a

Deus por si mesmo sem a graça regeneradora. Então Deus sobrenaturalmente enxerta a obra

regeneradora do espírito ao despertar a fé de Seus eleitos.

Então, porque alguns homens rejeitam a Deus?

Resposta muito simples: Porque eles são malignos. ―Ele fará uso de todas as formas de engano

da injustiça para os que estão perecendo, porquanto rejeitaram o amor à verdade que os poderia

salvar‖ (2 Ts 2:10). Eles odeiam a Deus e não O querem, como toda pessoa sem o Espírito. Cristo

diz ―vocês não crêem, porque não são minhas ovelhas‖. Jesus claramente mostra que a natureza

da pessoa determina as escolhas que faz. Ele não diz ―vocês não crêem, por isso não são minhas

Page 17: Monergismo - John Hendryx

16

ovelhas‖ . Não, Ele diz ―vocês não são minhas ovelhas, (POR ISSO) vocês não crêem‖. A Bíblia

afirma claramente porque alguns crêem e outros não. Nossa natureza determina nossas

escolhas. Descrença é conseqüência da maldade, segundo as Escrituras. Crer é conseqüência da

misericordiosa mudança na disposição do coração (em direção a Deus) através da rápida ação

do Espírito Santo. O esquema sinergista deixa cada pesoa decidir por elas mesmas enquanto

ainda estão em sua natureza decaída. O homem em seu estado não-regenerado decide baseado

em um princípio dentro dele. Nossa vontade por si só não é autônoma, mas controlada por

quem somos naturalmente. Nós nunca escolhemos o que nós não queremos ou odiamos. Em

nosso estado não-regenerado nós ainda somos hostis para com Deus, amamos as trevas e somos

cegos pelo diabo, tomados cativos para fazer a vontade dele, e não desejamos ou queremos

coisas espirituais.

Se a graça preveniente dos arminianos somente faz o coração neutro, como eles admitem, então

o homem não é motivado nem desmotivado para crer ou descrer – conseqüentemente a única

opção é pelo acaso que alguém creia ou não. Eles irão argumentar ardentemente contra isso mas

não encontrarão outra alternativa bíblica. Nossa escolha, qual seja, é baseada em nosso caráter

interior, não pelo acaso. Um homem escolhe e o outro não, porque um foi renovado pelo

gracioso trabalho de Deus. Apenas isso dá toda glória a Deus pela salvação.

―‗O Espírito dá vida; a carne não produz nada que se aproveite. As palavras que eu lhes

disse são espírito e vida. Contudo, há alguns de vocês que não crêem‖ (...) E prosseguiu:

"É por isso que eu lhes disse que ninguém pode vir a mim, a não ser que isto lhe seja

dado pelo Pai‖ (João 6:63-65).

Concluindo, minha oração é que a igreja do século XXI finalmente aprenda a doutrina ―somente

pela graça‖ corretamente. Oh! Que nós entendamos a pobreza da condição do homem perdido e

a glória da misericórdia e graça divinas, e que não nos preocupemos em proclamá-las. Acredito

que percorreremos um longo caminho parar criarmos uma postura de adoração que dê

completa honra a Deus, em que Seu povo terá pensamentos corretos sobre Ele e alcançará um

estágio de verdadeiro reavivamento. Esta tem sido uma longa batalha desenhada através da

História da igreja (Agostinho/Pelágio, Lutero/Erasmo, Calvino/Armínio, Wesley/Whitefield)

mas eu permaneço muito otimista quanto ao futuro crescimento do reino de Deus.

Page 18: Monergismo - John Hendryx

17

Deus Elege Pessoas Baseado na Presciência da Fé?

Por John Hendryx

As Escrituras ensinam que tudo relacionado ao evangelho tem o propósito de glorificar Cristo e

destruir o orgulho do homem, ao pensar que pode salvar a si próprio. Por conseqüência,

alguma coisa que diminui a glória de Cristo é inconsistente com o verdadeiro evangelho. Então,

meu propósito nesta questão não é ser contencioso, mas glorificar a Deus ao alinhar nossos

pensamentos com o dEle. Este pequeno artigo se propõe a desafiar a posição antibíblica que

alguns evangelistas modernos insistem em pregar: a ―presciência da fé‖ . Eu gostaria

especificamente de confrontar essa posição, sustentada por alguns, que crêem que Deus observa

de fora os corredores do tempo tentando ver quem crerá e então os escolhe baseado na sua

resposta positiva a Ele. Eu entendo que um dos grandes motivos para alguns cristãos

acreditarem neste conceito é que eles desejam preservar o amor irrestrito de Deus a todos e não

podem imaginar um Deus que ―arbtitrariamente‖ escolhe alguns e condena o resto. Se a eleição

incondicional fosse verdade, argumentam, então porque Deus não salvou todo mundo?

Escolher alguns e deixar outros não tornaria Deus arbitrário em Sua escolha? Essas são objeções

compreensíveis que eu espero responder no que se segue:

Se entendo corretamente a ideía da ―presiciência da fé‖ , os próximos três pontos expressam

corretamente o conceito central que esta posição sustenta:

1. A salvação dos homens é definitivamente o resultado de suas escolhas ao contrário de

uma escolha divina, unicamente.

2. A eleição é baseada pela presciência divina da fé de certas pessoas e não somente por

estar de acordo com Seu desejo e misericordiosa vontade.

3. A eleição é condicional, baseada na aceitação de Jesus Cristo e não na determinação de

Deus, mesmo quando a graça de Deus está certamente envolvida neste processo.

Antes de entrarmos numa discussão dos méritos da racionalidade (lógica), devemos considerar

primeiramente que o Cristianismo não é algo que nós deduzimos de uma mera filosofia

especulativa. Deus decidiu nos dar faculdades racionais e as ferramentas da lógica; mas, como

cristãos, isto deve sempre ser usado dentro dos parâmetros bíblicos que Ele graciosamente nos

concedeu. Pensar cristologicamente é reconhecer que podemos saber de Deus somente da forma

que Ele revelou-se a nós nas Escrituras; e as Escrituras não dão evidência da doutrina da

―presciência da fé‖. Portanto, sustentar uma teologia apenas numa inútil lógica humana não é

nada mais que tirar os mais profundos fundamentos da nossa fé de fontes extrabíblicas.

Visão Bíblica do Conhecimento

De fato, as Escrituras dizem ―...aqueles que [Deus] de antemão conheceu, também os

predestinou‖ , mas seria uma exegese pobre concluir que isto deve significar uma ―fé prevista‖.

É ir bem mais além do que o texto realmente quer dizer. Todos devemos admitir que isto é ler

um conceito adicional que simplesmente não está lá, pelo motivo de o texto em questão não

Page 19: Monergismo - John Hendryx

18

dizer que Deus prevê algum evento (nossa fé) ou as atitudes que as pessoas tomam. Pelo

contrário, ele diz ‖ aqueles que de antemão conheceu...‖. Em outras palavras, Paulo informa que

Deus prevê pessoas . As Escrituras, toda vez que citam Deus ―conhecendo‖ pessoas, referem-se

àqueles em quem o Senhor imputou seu amor. Isto expressa a intimidação do conhecimento

pessoal.

Por exemplo, o Senhor diz a Jeremias: ― Antes que eu te formasse no ventre te conheci ‖. Deus

determinou de antemão separar certas pessoas por amor, mas não pelas decisões delas (Amós

3:2; Mt. 7:23; João 10:14; 2 Tm 1:19). Na verdade, a Bíblia ensina que a graça de Deus em nos

escolher é livre, baseada unicamente em Sua vontade, e não influenciada por capacidades natas,

desejo espiritual (Rm 9:16, João 1:13), mérito religioso ou a presciência da fé das pessoas que ele

escolheu para Si (Ef 1:5; 2:5,8). Pelo contrário, Deus atua de acordo com Seu supremo propósito,

que é Sua própria glória.

―A todo aquele que é chamado pelo meu nome, e que criei para minha glória, e que

formei e fiz.‖ (Isaías 43:7)

Inconsistências Lógicas

A partir da falta de evidência bíblica para os defensores da ―presciência da fé‖, eu também

gostaria de evidenciar a falha fatal e a lógica inconsistente da própria pressuposição antibíblica.

Enquanto alguns retratam a ―fé prevista‖ como uma dádiva de grande liberdade à livre escolha

de todos os homens, após uma reflexão mais profunda, esta idéia mostra que nenhuma

liberdade é dada ao homem no final. Ora, se Deus pode olhar o futuro e ver que uma pessoa A

virá a Cristo e que a pessoa B não irá crer em Cristo, então esses fatos já estão consumados, eles

já foram determinados. A presciência divina da fé e arrependimento dos crentes implica a

certeza, ou ―necessidade moral‖ desses atos, tanto quanto um decreto soberano. ― Porque aquilo

que é certamente previsto deve ser certo‖ (R.L. Dabney). Se nós assumirmos que o

conhecimento divino do futuro é correto (ponto pacífico entre todos os evangélicos), então é

absolutamento certo que a pessoa A crerá e a pessoa B não crerá. Não existe qualquer forma de

suas vidas tornarem-se diferente disso. Conseqüentemente, é mais que correto dizer que seus

destinos já estão determinados, porque não poderiam ser diferentes. A questão é: pelo que seus

destinos são determinados? Se o próprio Deus os determina, então nós não temos eleição

baseada na presciência da fé, e sim na vontade soberana do Senhor. Porém, se Deus não

determina seus destinos, então quem ou o que os determina? É claro que nenhum cristão diria

que existe um ser mais poderoso que Deus controlando o destino dos homens. Portanto, a única

alternativa possível é dizer que seus destinos são determinados por alguma força impessoal,

algum tipo de sorte, operante no Universo, fazendo todas as coisas agirem como elas agem.

Mas, qual o benefício disso? Trocamos, então, a eleição sacrificial em amor, de um Deus pessoal

e compassivo, por um tipo de determinismo guiado por uma força impessoal; e Deus deixa de

receber a autoridade final para nossa salvação. (Wane Grudem, Systematic Theology).

Além disso, ninguém poderia argumentar consistentemente que Deus previu aqueles que

creriam e seriam salvos e também pregar que Deus está tentando salvar todo o mundo. Se Deus

sabe quem será salvo, então seria um absurdo Ele acreditar que mais pessoas podem ser salvas

Page 20: Monergismo - John Hendryx

19

que aquelas que Ele previamente sabia que o escolheriam. Seria inconsistente afirmar que Deus

está tentando fazer alguma coisa que Ele já sabia que nunca aconteceria. Da mesma forma,

ninguém pode consistentemente dizer que Deus previu aqueles que seriam salvos e em seguida

ensinar que o Espírito Santo faz tudo que pode para salvar todos os homens do mundo. Por este

sistema, o Espírito Santo estaria perdendo tempo e esforço na tentativa de converter um homem

que Ele sabia desde o princípio que não O escolheria. O sistema antibíblico desaba por si

mesmo.

Alguns poderão responder que não é nem eleição nem fé previstas, mas alguma coisa no meio .

Esta opção é excluída, por definição, a não ser que você acredite que Deus não conhece o futuro.

Em outras palavras, a única forma da ―posição de meio-termo‖ ser verdade é o caso de

limitarmos a onisciência de Deus (uma impossibilidade). Ou Deus sabe e decreta o futuro ou

não. Se Deus sabe o futuro e sua posição da fé prevista é verdadeira, então Deus nos deixou nas

mãos de um acaso impessoal. Nossas escolhas seriam pré-arranjadas por um determinismo

impessoal. Sua posição ―coluna do meio‖ poderia teoricamente ser correta se você afirmar a

ignorância de Deus em relação ao futuro, mas então Deus não saberia quem iria escolhê-lo e a

teoria inteira se desmancharia pelo fato da ―presciência da fé‖ gerá-la. Concluindo, a não ser

que você deseje acreditar que uma força impessoal determina nossa salvação, e que Deus não

conhece o futuro (a heresia do Teísmo Aberto ), a posição da fé prevista é, ao mesmo tempo,

biblicamente e logicamente impossível. Com o propósito de honrar a Deus, nós devemos, neste

assunto, originar nossa autoridade das Escrituras e ser cuidadosos para não nos apoiarmos

meramente naquilo que nos foi ensinado em nossa igreja.

Antecipando o contra-argumento que isto faria Deus ―arbitrário‖...

Primeiramente, eu gostaria de desafiá-lo a confrontar a seguinte passagem. Paulo encontrou a

mesma argumentação contra a eleição – que isto faria Deus injusto e arbitrário.

Romanos 9:18-23 18

18 Portanto, Deus tem misericórdia de quem ele quer, e endurece a quem ele quer.

19 Mas algum de vocês me dirá: ―Então, por que Deus ainda nos culpa? Pois, quem

resiste à sua vontade?‖

20 Mas quem é você, ó homem, para questionar a Deus? ―Acaso aquilo que é formado

pode dizer ao que o formou: ‗Por que me fizeste assim?‖

21 O oleiro não tem direito de fazer do mesmo barro um vaso para fins nobres e outro

para uso desonroso?

22 E se Deus, querendo mostrar a sua ira e tornar conhecido o seu poder, suportou com

grande paciência os vasos de sua ira, preparadosj para a destruição?

23 Que dizer, se ele fez isto para tornar conhecidas as riquezas de sua glória aos vasos de

sua misericórdia, que preparou de antemão para glória,

Page 21: Monergismo - John Hendryx

20

Para começar, Paulo não faria esta questão hipotética a não ser que ele acreditasse que a

determinação final da salvação estava apenas nas mãos de Deus. Paulo está dizendo que Deus

tem o o direito supremo de fazer conosco o que Ele quiser. Você irá condená-lo por este direito?

Além disso, como nós conhecemos a personalidade de Deus, nós não devemos pensar que, a

Seu modo, Deus não tinha razões ou causas para salvar a alguns e outros não – ―o propósito

divino sempre conspira com a sabedoria de Deus e nada ocorre sem motivos ou

despropositadamente, apesar destas razões e causas não terem sido reveladas a nós. Nos Seus

conselhos e obras nos quais nenhum propósito é perceptível, este propósito ainda está oculto

com Deus. Logo, o que Ele decretou nunca está fora de uma justa e sábia concordância com Seu

beneplácito, fundamentado em Seu gracioso amor que nos envolve‖ (Heppe, Reformed

Dogmatics ). Apenas não saber o porquê de Ele escolher alguns para a fé e outros para a

descrença não é razão suficiente para rejeitar isto. Na falta de dados relevantes, nós, portanto,

não temos razão, ou o que for, para assumir o pior, portanto não há base legítima para duvidar

da benignidade de Deus aqui. Conseqüentemente, duvidar que Deus pode escolher-nos

baseado somente no seu bel consentimento não é duvidar da bondade de Deus. Os defensores

da ―presciência da fé‖ estão, na verdade, dizendo que são incapazes de crer na escolha de Deus

e preferem dá-la a seres decaídos, como se eles pudessem tomar uma decisão melhor que Deus.

Vamos resumir então a resposta à acusação de Deus ser arbitrário:

―As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, o nosso Deus, mas as reveladas pertencem a nós

e aos nossos filhos para sempre, para que sigamos todas as palavras desta lei.‖ (Deuteronômio

29:29)

1. A eleição é baseada nas qualidades morais de Deus (por exemplo: bondade,

compaixão, empatia, integridade, não-fingimento, imparcialidade, justiça, etc.)

2. Deus tem ―causas e razões‖ para Suas escolhas, mesmo que estas sejam ―intímas‖ dEle

(ou seja, desconhecidas nas criaturas). Nós sabemos que o Senhor é bom e portanto

podemos confiar que Ele faria uma escolha melhor que as nossas.

3. Deus não faz nada sem razão. Ele não faz nada despropositadamente. Ele

simplesmente não nos revelou estas razões e causas, apesar de elas certamente existirem.

Como elas não foram reveladas, estamos proibidos de tentar adivinhá-las. Porém, como

conhecemos a fidelidade de Deus, podemos nos regozijar em Sua sabedoria. Deus não

falta com razões justas para Seus atos. Estas ―razões justas‖ estão simplesmente ocultas

para nós.

4. Salvação não é condicionada por algo que Deus vê em nós e que nos torna dignos de

Sua escolha. NENHUM dos Seus decretos são feitos sem justiça e sabedoria.

Devemos sempre ter em mente que Deus não é obrigado a salvar ninguém e que todos nós

somos justamente merecedores de Sua ira. Assim, se Deus salva alguém, é puramente um ato de

Sua misericórdia. Todos os evangélicos concordam que seria justiça de Deus pôr toda a

humanidade em julgamento. Por que, então, seria injustiça de Sua parte julgar alguns e ter

misericórdia do resto? Se seis pessoas me devessem certo valor, por exemplo, e eu perdoasse

Page 22: Monergismo - John Hendryx

21

quatro deles, mas ainda quisese o pagamento dos outros dois, eu estaria totalmente dentro de

meu direito. Quanto mais Deus está? (Leia A Parábola dos Trabalhadores na Vinha – Mateus

20:1-16) .

―Portanto, isso não depende do desejo ou do esforço humano, mas da misericórdia de

Deus.‖ (Romanos 9:16)

Page 23: Monergismo - John Hendryx

22

Duas Visões de Regeneração

Por John Hendryx

Monergismo : Na teologia, A doutrina de que o Espírito Santo é o único agente eficaz na

regeneração - que a vontade humana não possui nenhuma inclinação à santidade até ser

regenerada e, portanto, não pode cooperar na regeneração. Monergismo é quando Deus

comunica aquele poder na alma caída pelo qual a pessoa que deve ser salva é capacitada a

receber a oferta da redenção. Isto se refere ao primeiro passo (regeneração) que precede, e

causa, a capacidade espiritual de cumprir com todos os outros aspectos do processo de ser

unido a Cristo, (isto é, a capacidade de apreender ao Redentor por uma fé vida, se arrepender

dos pecados e amar a Deus e o Mediador supremamente). Isto se refere não ao processo inteiro

que é originado (justificação, santificação), mas somente à concessão da capacidade espiritual

para cumprir os termos do pacto da graça.

Sinergismo: "...a doutrina de que há dois agentes eficazes na regeneração, a saber, a vontade

humana e o Espírito divino, os quais, no sentido estrito do termo, cooperam. Esta teoria

conseqüentemente sustenta que a alma não perdeu na queda toda inclinação para a santidade,

nem todo o poder de buscá-la sob a influência de motivos ordinários". Esta visão anti-

escriturística é a maior ameaça ao verdadeiro entendimento da salvação na Igreja hoje.

O quadro abaixo destaca alguns dos maiores pontes de diferença nestes sistemas:

Sinergismo Monergismo

Causa da Regeneração

A fé é a causa da regeneração. A regeneração é a causa da fé.

A fé e as afeições por Deus são produzidas pela velha natureza.

A fé não é produzida por nossa natureza humana não regenerada. Ela é o produto imediato e inevitável da nova natureza.

Deus e o homem trabalham juntos para produzir o novo nascimento. A graça de Deus nos leva até uma parte do caminho da salvação, a vontade não regenerada do homem deverá determinar o resultado final.

Deus, o Espírito Santo, sozinho produz a regeneração, sem nenhuma contribuição do pecador. (Uma obra de Deus)

Deus está esperando avidamente pela vontade do pecador.

Deus eficazmente capacita a vontade do pecador.

As pessoas da Trindade têm objetivos conflitantes na realização e aplicação da redenção: O Pai elege uma pessoa em

particular; o Filho morre pelas pessoas em

geral e o Espírito Santo aplica a expiação condicionalmente naqueles que exercem o seu livre-arbítrio autônomo.

As pessoas da Trindade trabalham em harmonia - O Pai elege uma pessoa em particular, Cristo morre por aqueles que o Pai Lhe deu e o Espírito Santo semelhantemente aplica os benefícios da expiação aos mesmos.

A restauração das faculdades espirituais vem após o pecador exercer fé com suas

A "luz" em si mesma não é suficiente para que um cego veja, sua visão deve primeiro ser

Page 24: Monergismo - John Hendryx

23

capacidades naturais (inatas). Ele tem a capacidade para ver a verdade espiritual mesmo antes de ser curado (veja 1 Coríntios 2:14). Tem a capacidade espiritual para receber a verdade, antes de uma concessão de Deus de qualquer capacidade espiritual.

restaurada. (João 3:3,6). Necessariamente a capacidade espiritual para receber a verdade antecede ao recebê-la.

Visão da Humanidade

O pecador caído tem a capacidade e a inclinação potencial para crer mesmo antes do novo nascimento.

O pecador caído não tem a capacidade e a inclinação para crer antes do novo nascimento.

Há um bem remanescente no homem caído suficiente para voltar suas afeições para Cristo.

O homem caído tem uma mente em inimizade com Deus; ama as trevas, odeia a luz e não tem o Espírito Santo. "Não há quem busque a Deus" (Romanos 3:11); o pecador nunca se voltará para Deus sem uma divina capacitação e sem novas afeições infundidas nele.

O pecador necessita de ajuda, é espiritualmente limitado.

O pecador espiritualmente morto necessita de uma nova natureza (mente, coração, vontade), regeneração.

O homem natural está doente e incapacitado como um homem se afogando, de forma que Deus seria insensível se não o ajudasse arremessando uma corda.

O homem natural é espiritualmente impotente e moralmente culpado tanto pelo pecado original como pelos seus próprios pecados cometidos. Nossa inabilidade não é como a de um obstáculo físico ou a de um homem se afogando, porque dessa forma não seríamos culpados, mas, antes, é como a de um homem que não pode reembolsar um gasto financeiro, uma dívida. A incapacidade de reembolsar, portanto, não nos isenta da responsabilidade moral de assim fazer.

Necessita de salvação por causa das conseqüências do pecado - infelicidade, inferno, sofrimento psicológico.

Necessita de salvação para remover a ofensa que temos feito contra um Deus santo e nos livrar do poder e da escravidão ao pecado.

O homem natural é soberano sobre sua escolha para aceitar ou rejeitar Cristo - Deus condicionalmente responde à nossa decisão.

O homem natural não pode contribuir com nada para sua salvação. A fé é uma reação certa produzida pela obra eficaz do Espírito Santo. Nós respondemos à decisão incondicional de Deus (Atos 13:48).

Alguns homens caídos tanto criam um pensamento reto, geram uma afeição correta como também originam uma volição certa que levam a sua salvação, enquanto outros homens caídos não têm os recursos naturais necessários para chegar à fé que Deus requer deles para obterem a salvação. Portanto, a salvação é dependente de algumas virtudes ou capacidades que Deus vê em certos homens.

Nenhum homem caído criará um pensamento reto, gerará uma afeição correta ou originará uma volição certa que o levará à sua salvação. Nunca poderemos crer, a menos que o Espírito Santo venha e desarme nossa hostilidade a Deus. Portanto, a salvação é dependente do beneplácito de Deus somente (Efésios 1:4,5,11), não de algo que Ele veja em nós.

Page 25: Monergismo - John Hendryx

24

A natureza e afeições do homem não determinam ou causam suas escolhas. Ele ainda pode fazer uma decisão salvadora antes do novo nascimento, embora ainda esteja em seu estado não regenerado. Neste esquema Deus dá graça suficiente para colocar o homem numa posição neutra que pode pender tanto para ou contra Jesus. (Um ato de sorte?)

A natureza do homem determina seus desejos/afeições e causa as escolhas que ele faz. "Nenhuma árvore boa dá frutos ruim, nenhuma árvore ruim dá fruto bom" (Lucas 6:43). Somente Cristo pode "fazer uma árvore boa e seus frutos serem bons" (Veja também 8:34 , 42-44; 2 Pedro 2:19).

Visão do Evangelho

O Evangelho é um convite. O Evangelho não é meramente um convite, mas uma ordem (1 João 3:23).

Cristo morreu por todos os pecados, exceto a incredulidade.

Cristo morreu por todos os pecados, incluindo a incredulidade.

Os pecadores têm a chave em suas mãos. A vontade do homem determina se a morte de Cristo será ou não eficaz.

Deus tem a chave em Suas mãos. O conselho eterno de Deus determina a quem os benefícios da expiação serão aplicados.

Seria injustiça de Deus não dar a cada um uma chance igual.

Se Deus exercesse Sua justiça, então, nenhum de nós permaneceria, visto que cada um de nós tem se rebelado contra um Deus infinitamente santo. Ele não nos deve nada e não está sob obrigação de salvar ninguém. Regeneração é, portanto, um ato de misericórdia pura e imerecida, porque a justiça que merecíamos, Ele derramou sobre Seu Filho (através disso a Sua ira se apartou de nós).

Depois de Deus transformar o coração de pedra de alguém num coração de carne, o chamado do Espírito Santo à salvação ainda pode ser resistida.

Depois de Deus transformar o coração de pedra de alguém num coração de carne, nenhuma pessoa desejará resistir. Por definição nossos desejos, inclinações e afeições terão mudado de forma que desejosa e alegremente nos voltaremos em fé para com Cristo.

Salvação é dada aos pecadores caídos (não regenerados) que escolhem e desejam a Cristo por seu próprio livre-arbítrio.

Aparte da graça, não há pecador caído (não regenerado) que satisfaça esta descrição. Um desejo por Deus não faz parte da velha natureza.

A graça de Deus é conferida como um resultado da oração humana.

É a própria graça que nos faz orar a Deus (Romanos 10:20; Isaías 65:1).

Deus tem misericórdia de nós quando cremos, queremos, desejamos, aspiramos, labutamos, oramos, esperamos, estudamos, buscamos, pedimos ou batemos, aparte de sua graça regenerativa.

Desejar e buscara Deus antes do novo nascimento é uma suposição impossível (Romanos 3:11; 1 Coríntios 2:14). É pela infusão e vivificação do Espírito Santo dentro de nós que temos até a fé ou força de querer, desejar, aspirar, labutar, orar, esperar, estudar, buscar, pedir ou bater e crer na obra consumada de Cristo.

A ordem de arrepender e crer no evangelho A ordem para que os pecadores se

Page 26: Monergismo - John Hendryx

25

implica na capacidade do pecador de assim o fazer.

arrependam e creiam não implica capacidade. A intenção divina é revelar nossa impotência moral parte da graça (Romanos 3:20; 5:20; Gálatas 3:19,24). A Lei não foi designada para nos conferir qualquer poder, mas para nos esvaziar do nosso próprio.

Deus ajuda aqueles que se ajudam. Deus ajuda somente aqueles que não podem se ajudar. (João 9:41).

O homem não regenerado contribui com sua pequena parte.

Nada trago em minhas mãos, simplesmente a Tua cruz me apego.

Arrependimento é considerado uma obra do homem.

Arrependimento é um dom de Deus. (2 Timóteo 2:25)

Um dos maiores dons que Deus dá aos homens é nunca interferir no seu livre-arbítrio.

O maior julgamento que Deus pode infligir sobre um homem é deixá-lo nas mãos de seu próprio livre-arbítrio. Se a salvação fosse deixada nas mãos de pecadores não regenerados, deveras deveríamos nos desesperar e perder toda a esperança de que alguém fosse salvo. É um ato de misericórdia, portanto, que Deus desperte à vida o morto em pecado, visto que sem o Espírito não podemos entender as coisas de Deus. (1 Coríntios 2:14 )

Com a vontade do homem a salvação é possível.

Com a vontade do homem a salvação é impossível, mas com Deus todas as coisas são possíveis (Mateus 19:26; Romanos 9:16; João 6:64,65). "O que é nascido da carne é carne, mas o que é nascido do Espírito é espírito" (João 3:6).

Nota: Deus age de forma unilateral, tomando a iniciativa única num livre ato de graça soberana

para com o pecador - graça que é inteiramente anterior a, e eficazmente produz, a fé justificadora.

A resposta de fé do pecador é penúltima visto que ela permanece próxima à graça soberana final de

Deus no monergismo. Como o primeiro ato de um bebê recém-nascido é respirar assim, o ato de fé é

o primeiro ato do pecado regenerado, em seu novo nascimento em Cristo.

Page 27: Monergismo - John Hendryx

26

A Inconsistência dos Sinergistas sobre Eleição e Presciência

por John Hendryx

Os Sinergistas ensinam que a ELEIÇÃO é como se segue: Deus previu quem se renderia ao

Espírito, e então elegeu para a salvação todos aqueles que Ele previu que assim o fariam. Neste

esquema, o absoluto livre-arbítrio do homem natural é necessário para preservar a

responsabilidade humana. Mas este conceito de presciência realmente reduz a mesmo à nada.

Não há nenhum Sinergista vivo que possa consistentemente crer nesta teoria de presciência, e

ainda continuar ensinando suas visões com respeito à salvação. Por que então? Considere o

seguinte:

1. Nenhum Sinergista pode consistentemente dizer que Deus previu quem seria salvo e

então pregar que Deus está tentando salvar todos os homens. Certamente se Deus sabe

quem Ele pode salvar ou quem quer ser salvo, então, quem ousará dizer que Ele está

tentando salvar alguém mais? Certamente é tolice dizer que Deus está tentando fazer

algo que Ele sabe que nunca poderá ser realizado. Eu tenho ouvido alguns Sinergistas

acusarem aqueles que crêem no monergismo de que o Evangelho pregado para os não-

eleitos é zombaria, visto que Deus não lhes elegeu. Se há algo válido nesta objeção, então

ela igualmente se aplica a eles também, que pregam para aqueles que Deus sabe que não

serão salvos. Deus ordena que o Evangelho seja pregado a todos, se claramente

entendemos ou aceitamos Seu motivo no assunto.

2. Nenhum Sinergista pode consistentemente dizer que Deus previu que pecadores se

perderiam e então dizer que não está dentro da vontade de Deus permitir que aqueles

pecadores se percam. Porque Ele os criou então? Que os Sinergistas considerem esta

questão. Deus poderia ter da mesma forma facilmente Se privado de criar aqueles que

Ele sabia que iriam para o Inferno. Ele sabia que eles iriam para o Inferno antes dEle os

criar. Visto que Ele foi em frente e os criou com total conhecimento de que eles se

perderiam, está evidentemente dentro da providência de Deus que alguns pecadores se

percam, e Ele evidentemente tem algum propósito nisto, o qual nós seres humanos não

podem discernir completamente. O Cristão humanista pode reclamar o quanto quiser da

verdade que Deus escolheu permitir que alguns homens tivessem como destino final o

Inferno, mas esta verdade continua sendo um problema tanto para eles como para

qualquer outra pessoa. Na realidade, este é um problema que os Sinergistas devem

encarar. Se eles encararem isto, terão que admitir ou o erro de sua teologia ou negar

juntamente com isto a presciência de Deus. Mas eles poderão dizer que Deus criou

aqueles para perecer, mesmo contra Sua vontade. Isto faria Deus sujeito ao Destino.

3. Nenhum Sinergista pode consistentemente dizer que Deus previu quem seria salvo e

então ensinar que Deus puniu a Cristo com o propósito de redimir cada homem em

particular que já viveu. Certamente deveríamos creditar a Deus como tendo tanto senso

quanto um ser humano. Que ser humano faria um grande, porém inútil e imprestável

sacrifício? Os Sinergistas dizem que Deus puniu a Cristo pelo pecados daqueles que Ele

Page 28: Monergismo - John Hendryx

27

sabia que iriam para o Inferno. Esta teoria da expiação – embora os Sinergistas não

mencionem isto – envolve o assunto do sofrimento de Cristo exclusivamente para o

propósito da salvação do homem – o aspecto substitutivo. Eles falham em ter qualquer

apreciação do aspecto da propiciação.

4. Nenhum Sinergista pode consistentemente dizer que Deus previu quem seria salvo e

então pregar que Deus o Espírito Santo faz tudo o que Ele pode para salvar todos os

homens no mundo. O Espírito Santo estaria desperdiçando tempo e esforço para tentar

converter um homem que Ele sabe desde o principio que irá para o Inferno. Você ouve os

Sinergistas dizerem sobre como o Espírito tenta alcançar os homens e, se eles não se

entregarem a Ele, eles ―cruzam a linha‖ e ofendem ao Espírito, de forma que Ele nunca

tentará salvá-los novamente. No fundo, o Sinergista transforma a Deidade Divina numa

criatura finita.

Page 29: Monergismo - John Hendryx

28

Responsabilidade, Inabilidade e Graça Monergística

Por John Hendryx

―Todo o que o Pai me dá virá a mim...‖ (João 6:37)

A verdade da palavra de Deus é honrada não em se sustentar unicamente uma verdade à custa

da exclusão de outra verdade, mas em se crer em todo o conselho de Deus. A Bíblia claramente

ensina que o homem é responsável por se arrepender e crer no evangelho, assim como ela é

claramente clara que ele é moralmente indisposto e incapaz de assim o fazer. Estas duas

declarações aparentemente contraditórias podem ser reconciliadas quando entendemos que até

mesmo o desejo pela fé, pela qual cremos no Cristo que justifica pecadores, pertence a nós, não

por natureza mas por um dom da graça, isto é, pela inspiração do Espírito Santo subjugando

nossa vontade e voltando-a da incredulidade para a fé e da impiedade para a piedade. O

Apóstolo Paulo diz, ―Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a

aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo‖ (Filipenses 1:6). E novamente, ―Porque pela graça sois

salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus‖ (Efésios 2:8).

Além do mais, alguns ensinam que Deus tem misericórdia de nós quando, aparte da Sua graça

regeneradora, nós cremos, queremos e desejamos; mas estes não confessam que é pela obra e

inspiração do Espírito Santo dentro de nós que temos a fé, a vontade ou o desejo de fazer todas

estas coisas. Se fazemos a assistência da graça depender da nossa humildade ou obediência,

mas não concordamos que seja um dom da própria graça que sejamos obedientes e humildes,

então contradizemos a Escritura que diz, ―Que tens tu que não tenhas recebido?‖ e ―Mas pela

graça de Deus sou o que sou‖ (1 Coríntios 15:10).

O quadro abaixo mostra que a Bíblia ensina claramente tanto a responsabilidade do homem de

crer no evangelho como a sua inabilidade de assim o fazer. A terceira coluna nos ajuda a

entender como aqueles sobre quem Deus coloca a Sua afeição virão infalivelmente à fé, a

despeito desta inabilidade e, principalmente, como isto dá toda a glória a Deus na obra da

salvação:

(Este gráfico é ligeiramente baseado num gráfico de Lamar McKinney)

A Responsabilidade do Homem

A Incapacidade do Homem Graça Monergística de Deus

Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Mateus 11:28

Ninguém pode vir a mim...

João 6:44a

... se o Pai que me enviou o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia. João 6:44b

...para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.

João 3:16

Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz...

João 3:20,21

Mas quem pratica a verdade vem

para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.

Page 30: Monergismo - John Hendryx

29

João 3:21

Nota: há, realmente, aqueles que vêm para a luz — a saber, aqueles cujas obras são a obra de Deus. “Feitas em Deus” significa operada por Deus. Aparte destga obra graciosa de Deus todos os homens odeiam a luz de Deus e não virão a Ele para que as suas obras más não sejam expostas.

Buscai ao SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.

Isaías 55:6

Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus.

Romanos 3:11

...Fui achado pelos que não me buscavam, Fui manifestado aos que por mim não perguntavam.

Romanos 10:20b

E o seu mandamento é este: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o seu mandamento.

1 João 3:23

Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser.

Romanos 8:7

Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; por isso vós não as escutais, porque não sois de Deus.

João 8:47

E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou.

João 8:30

E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna.

Atos 13:48

Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam;

Atos 17:30

O Espírito de verdade, que

o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós.

João 14:17

Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade.

2 Timóteo 2:25

E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida.

Apocalipse 22:17

Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece.

Romanos 9:16

O teu povo será mui voluntário no dia do teu poder; nos ornamentos de santidade, desde a madre da alva, tu tens o orvalho da tua mocidade.

Salmo 110:3

Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos

...aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino

...O Deus de nossos pais de antemão te designou para que

Page 31: Monergismo - John Hendryx

30

da terra; porque eu sou Deus, e não há outro.

Isaías 45:22

de Deus.

João 3:3

conheças a sua vontade, e vejas aquele Justo e ouças a voz da sua boca.

Atos 22:14

Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome.

João 1:12

Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.

1 Coríntios 2:1

Mas, a todos quantos o receberam...Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.

João 1:12-13

...Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.

Romanos 10:9

...ninguém pode dizer que Jesus é o SENHOR...

1 Coríntios 12:3b

...senão pelo Espírito Santo.

1 Coríntios 12:3b

... fazei-vos um coração novo e um espírito novo; pois, por que razão morreríeis, ó casa de Israel?

Ezequiel 18:31

Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?

Jeremias 17:9

E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne.

Ezequiel 36:26

Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me.

Mateus 19:21

Disse então Jesus aos seus discípulos: Em verdade vos digo que é difícil entrar um rico no reino dos céus.

Mateus 19:23

Os seus discípulos, ouvindo isto, admiraram-se muito, dizendo: Quem poderá pois salvar-se? E Jesus, olhando para eles, disse-lhes: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível.

Mateus 19:25-26