métodos e técnicas de ensino

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MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO

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Este livro contempla os recursos multissensoriais no ato de aprender, na dinâmica de grupo, em métodos e técnicas de ensino. O conteúdo enfatiza os métodos de ensino, os objetivos da educação moderna e a relação entre a tecnologia e o ensino.

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Page 1: Métodos e Técnicas de Ensino

MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO

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MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO

Page 3: Métodos e Técnicas de Ensino

5Métodos e técnicas de ensinoApresentação

Apresentação

Um conteúdo objetivo, conciso, didático e que atenda às expectativas de quem leva

a vida em constante movimento: este parece ser o sonho de todo leitor que enxerga

o estudo como fonte inesgotável de conhecimento.

Pensando na imensa necessidade de atender o desejo desse exigente leitor é que

foi criado este produto voltado para os anseios de quem busca informação e

conhecimento com o dinamismo dos dias atuais.

Com esses ideais em mente, nasceram os livros eletrônicos da Cengage Learning,

com conteúdos de qualidade, dentro de uma roupagem criativa e arrojada.

Em cada título é possível encontrar a abordagem de temas de forma abrangente,

associada a uma leitura agradável e organizada, visando facilitar o aprendizado e

a memorização de cada disciplina.

A linguagem dialógica aproxima o estudante dos temas explorados, promovendo a

interação com o assunto tratado.

Ao longo do conteúdo, o leitor terá acesso a recursos inovadores, como os tópicos

Atenção, que o alertam sobre a importância do assunto abordado, e o Para saber mais, que apresenta dicas interessantíssimas de leitura complementar e curiosida-

des bem bacanas, para aprofundar a apreensão do assunto, além de recursos ilustra-

tivos, que permitem a associação de cada ponto a ser estudado. Ao clicar nas palavras-

-chaveemnegrito,oleitorserálevadoaoGlossário,parateracessoàdefinição

da palavra. Para voltar ao texto, no ponto em que parou, o leitor deve clicar na

própria palavra-chave do Glossário, em negrito.

Esperamos que você encontre neste livro a materialização de um desejo: o alcance

doconhecimentodemaneiraobjetiva,concisa,didáticaeeficaz.

Boa leitura!

Page 4: Métodos e Técnicas de Ensino
Page 5: Métodos e Técnicas de Ensino

7Métodos e técnicas de ensinoPrefácio

Prefácio

Certamente, em algum momento da nossa vida, nos deparamos com aquele

professor ou professora que nos ensinou determinado conceito de maneira ímpar:

seja por meio de um macete, um lembrete qualquer, seja por meio da paixão pela

arte de ensinar que aquela aula, aquela explicação nunca mais nos saiu da cabeça!

Nem sempre, entretanto, o mestre consegue prender a atenção do aprendiz...

Principalmentecomachegadadefinitivadatecnologia,essamissãosetornacada

vez mais difícil.

Nesse contexto, o que pode ser feito para que o ensinamento possa ser transmitido

de maneira plena e satisfatória? De quais meios o professor deve se valer para

passar adiante o aprendizado da matéria sem que o aluno se disperse ou de

modo ele e interesse por cada palavra dita, por cada experiência transmitida? A

criatividade e a formação técnica facilitará a escolha da melhor alternativa.

Métodosetécnicasdeensinoémaisumadisciplinadesenvolvidacomafinalidade

de formar o educador que pretende otimizar o seu dom de repassar conhecimento.

Na Unidade 1, o leitor vai entender melhor como funciona a memória no processo

de armazenamento de informações e o importante papel da atenção nesse cenário.

Vai conhecer, também, algumas práticas adotadas que estimulam o aprendizado.

A Unidade 2 explora a importância do trabalho em grupo no processo de

aprendizagem e os métodos de ensino utilizados nos conjuntos, como as dinâmicas

em grupo.

Ospensadoresqueinfluenciaramnacriaçãodemétodosetécnicasdeensinosão

revisitadosnaUnidade3, que trata, inclusive,dos reflexosdas transformações

na educação brasileira, a profissão do professor contemporâneo e o docente

universitário.

Já a Unidade 4 abordará as ferramentas tecnológicas e a sua utilização como

técnica de transmissão de conhecimento aos alunos.

É preciso se reciclar. Prender a atenção do aluno não é tarefa fácil. Compreendendo

essadificuldade,esperamostransmitirconceitosimportantesparaoeducadorpossa

executar aquilo que ele sabe fazer de melhor: transmitir sabedoria e aprendizagem.

Page 6: Métodos e Técnicas de Ensino
Page 7: Métodos e Técnicas de Ensino

9Unidade 1 – Metodologias de ensino: possibilidades educacionais

UNIDADE 1METODOLOGIAS DE ENSINO: POSSIBILIDADES EDUCACIONAIS

Capítulo 1 Métodos, técnicas e estratégias de ensino: do educador ao educando, 10

Capítulo 2 A memória e o processo de armazenamento, 11

Capítulo 3 Ensino e aprendizagem: processos educacionais, 15

Capítulo 4 Metodologia no ensino superior, 18

Capítulo 5 Estratégias e técnicas: práticas estimuladoras, 20

Capítulo 6 Tendências e abordagens pedagógicas, 24

Glossário, 30

Page 8: Métodos e Técnicas de Ensino

10 Métodos e técnicas de ensino

1. Métodos, técnicas e estratégias de ensino: do educador ao educando

Durantemuitosanos,nossosantepassadosfizeramusodeartefatosparafacilitar

atividades cotidianas. Pedras e galhos eram materiais para construção de objetos

de sobrevivência, como martelos e pontas de lança. Em determinado momento,

também se fez necessário contar animais, plantas e, em busca de novos recursos

para facilitar esse processo, novamente utilizaram elementos que estavam à dis-

posição, como pedras, gravetos e desenhos no chão. Esse procedimento, apesar de

fazerpartedavidadenossosancestraise,portanto,serumaexemplificaçãodemi-

lhões de anos atrás, continua sendo muito presente no que diz respeito à evolução.

O celular pode ser um exemplo para a análise desse processo: há dez anos pen-

sava-se nesse equipamento especialmente para comunicação verbal pela linha

telefônica. Atualmente, entretanto, ele é utilizado como último recurso para fazer

ligações, pois são realizadas desde as mais complexas ações matemáticas e co-

municativas até as tecnológicas. A educação também faz parte dessas experiên-

cias históricas evolutivas.

Há dez ou vinte anos Dias atuais

Podemos analisar tal evolução ao retomarmos nossos ancestrais, que, durante o

cultivo da terra e a criação de animais, tinham a preocupação de transmitir os co-

nhecimentos aos mais jovens com o objetivo de prepará-los para a sobrevivência da

Page 9: Métodos e Técnicas de Ensino

11Unidade 1 – Metodologias de ensino: possibilidades educacionais

comunidade. Desse modo, a imitação, a parti-

cipação e a exposição oral foram ferramentas

utilizadas para que houvesse a transmissão

de conhecimento, e eles faziam uso desses re-

cursos como aprendizado diário do grupo. A

memorização, por meio da transmissão oral

e da imitação das ações dos mais velhos, era

a única ferramenta de aprendizagem que os

mais jovens tinham para adquirir as informa-

ções recebidas. A tarefa, entretanto, não era

fácil para todos.

Dessa forma, aquele que conseguisse memo-

rizar com mais facilidade as tarefas transmiti-

das era escolhido para repassar conhecimento

aos demais. Para tanto, utilizava-se da dra-matização, personalização e narração. Tais

elementos foram colocados nesse processo de

ensino-aprendizagem para estimular a memória dos jovens, de forma que estes,

consequentemente, repassassem o cultivo da terra e dos animais por gerações.

O cuidado em propagar o conhecimento e a criação de novos estímulos para realizar

o processo de transmissão é uma preocupação até os dias atuais, que instiga e

questiona educadores de todas as áreas sobre as práticas educativas.

Oprocessodeensino-aprendizagemmodificou-secomotempo,orapelaevolução

da humanidade, ora pela própria necessidade dessa evolução.

O conhecimento que anteriormente era transmitido por meio de dramatização

hoje se faz com uso da tecnologia e de práticas fundamentadas em estudos do

comportamento e compreensão humana. Enfim, compreender o ser humano

antecede qualquer ação pedagógica.

2. A memória e o processo de armazenamento

Todoprofissionalda educação reconhecea importânciadamemórianodecorrer

da vida acadêmica de seus alunos. Conforme Helene e Xavier (2003), “memória

compreende um conjunto de habilidades mediadas por diferentes módulos do

sistema nervoso, que funcionam de forma independente, porém cooperativa” (p. 13).

Para aprender novos conceitos, o indivíduo mobiliza suas vivências anteriores por

meio da memória ao buscar conexões entre os saberes, ampliando-os. Esse processo

é ativado a todo o momento nas diferentes situações e de maneira concomitante.

Estudos e pesquisas oferecem informações e subdivisões a respeito da memória.

Page 10: Métodos e Técnicas de Ensino

12 Métodos e técnicas de ensino

Xavier(2003)afirmaqueváriasdistinçõesdicotômicasentreostiposdememória

foram realizadas. Por exemplo, memória de curto e de longo prazo, memória recente

e remota, memória implícita e explícita, episódica e semântica, entre outras.

Igualmente, alguns pesquisadores divergem sobre o período de armazenamento

e a capacidade de memorizar determinadas informações, no entanto mantêm a

opinião a respeito das distinções existentes.

Para compreender melhor esse processo de armazenamento, a memória de longo

prazo é praticamente ilimitada, pois armazena todo o conhecimento e recupera-o

quando necessário. Por sua vez, a memória de curto prazo é armazenada por um

período de tempo limitado, podendo ser descartada ou não, como a leitura de uma

receitadebolo,averificaçãodeumnúmerodeumtelefoneetc.(Xavier,2003).

A memória recente está relacionada à dimensão temporal, na qual se analisa a

capacidade de retomada dos acontecimentos recentes, como os fatos ocorridos

no dia de hoje, ontem, agora há pouco, e assim por diante. Já a memória remota

refere-se às dimensões mais distantes, como o ano passado, o primeiro ano

escolar, entre outras.

Memória episódica é aquela relacionada às situações vivenciadas e é capaz de

retomar datas, descrever lugares e pessoas, entre outros.

No que diz respeito às memórias expostas por Xavier (2003), a memória semântica é

aquela adquirida nas primeiras décadas de vida, sendo particularmente resistente

Page 11: Métodos e Técnicas de Ensino

13Unidade 1 – Metodologias de ensino: possibilidades educacionais

à desorganização. Essa memória é utilizada quando o sujeito realiza determinada

ação e tem, como base, o conhecimento prévio.

P ARA SABER MAIS! Existem filmes interessantes que dão ênfase à memória ou à perda dela. Listamos algumas opções para entretenimento e reflexão: Amnésia

(Memento, EUA, 2000); Brilho eterno de uma mente sem lembranças (Eternal Sunshine of the Spotless Mind, EUA, 2004); Rashômon (Japão, 1950); Procurando Nemo (Finding Nemo, EUA, 2003); Cidade dos Sonhos (Mulholland Drive, EUA, 2001); O Vingador do Futuro (Total Recall, EUA, 1990); A identidade Bourne (Bourne Identity, EUA, 2002); Efeito Borboleta (ButterflyEffect, EUA, 2004); Quando fala o coração (Spellbound, EUA,

1945); e Cidade das Sombras (Dark City, Austrália/EUA, 1998). Bom divertimento!

A memória de procedimento envolve to-

das as habilidades motoras, sensitivas e

intelectuais e é adquirida mediante a re-

petição. Nesse caso, o indivíduo é capaz de

realizar uma atividade complexa e manter

o pensamento em outra situação. A me-

mória declarativa, por sua vez, armazena

informações recebidas por meio dos sen-

tidos e de processos internos do cérebro,

como os fatos vivenciados (memória epi-

sódica) e as informações adquiridas pela

transmissão do saber de forma escrita,

visual e sonora (memória semântica). Por

fim,memóriadeclarativaéqueestáemní-

vel consciente e torna-se mais fácil de ser

adquirida quando associada a imagens,

sons, diálogos, leituras e outros.

A atenção e os fatores da aprendizagem

A atenção é um mecanismo que põe em andamento uma série de processos e

operações que tornam o sujeito receptivo às demandas do ambiente e levam-no

adesempenharmaiseficazmenteumaatividadeoutarefa.DeacordocomSevilla

(1997) apud Wagner (2003, p. 10), a atenção apresenta quatro características: a

amplitude, a intensidade, a oscilação e o controle.

A amplitude, como o próprio nome sugere, refere-se à capacidade de atenção

que o ser humano pode dar às informações, até ao receber vários estímulos ao

mesmo tempo.

Quanto à intensidade, refere-se à condição de não mantermos a mesma atenção

diante do mesmo assunto, em todos os momentos.

Page 12: Métodos e Técnicas de Ensino

14 Métodos e técnicas de ensino

A oscilação ocorre quando se altera o grau de atenção contínuo para poder

processar as informações recebidas.

O controle atencional está relacionado ao vigor de se manter atento.

O indivíduo mantém ou não a atenção de acordo com os fatores internos e externos

a que está submetido em determinado tempo, e possui a versatilidade de alterar

sua atenção de maneira abrupta.

Os estímulos podem diminuir de acordo com a sensação de calor ou frio excessivo,

como ao assistir a uma palestra em um dia quente, sem refrigeração adequada.

O mesmo acontece quando o ambiente externo é agradável, porém há algum

desconforto, como enxaqueca, fadiga, sono etc.

Sevilla (1997) apud Wagner (2003, p. 11) apresenta os tipos de atenção. São elas:

• seletiva, dividida e sustentada;

• externa ou interna;

• visual, seletiva e auditiva;

• global ou seletiva;

• concentrada ou dispersa;

• aberta ou encoberta;

• voluntária ou involuntária; e

• consciente ou inconsciente.

Page 13: Métodos e Técnicas de Ensino

15Unidade 1 – Metodologias de ensino: possibilidades educacionais

Esses tipos de atenção estão intimamente relacionados à capacidade de se manter

atento a determinadas situações, seja a atençnao estimulada por fatores internos

ou externos.

A atenção involuntária se manifesta a partir do estímulo e admite situações do

presente, enquanto a voluntária pode estar associada a memórias anteriores,

como o cheiro de livro novo, que imediatamente poderá despertar as lembranças

da infância e de seu primeiro contato com uma publicação nova. Além disso, o

tempo de permanência da atenção de cada indivíduo tende a ser aprimorado.

ATENÇÃO! Uma criança de 12 anos de idade consegue manter a atenção em determinada situação, mesmo havendo outros estímulos, enquanto crianças de 5

anos apresentam dificuldades em ignorar estímulos diferentes.

Inúmeras pesquisas são realizadas em diferentes pacientes com o intuito de notar

a reação do córtex temporal e frontal, responsáveis pelas estruturas cerebrais que

envolvem a atenção, como se pode observar na ilustração a seguir.

3. Ensino e aprendizagem: processos educacionais

O processo de ensino-aprendizagem, portanto, torna-se muito mais complexo

do que duas palavras. Embora contextualizado na primeira parte deste e-book

em relação ao seu processo evolutivo, o ensino-aprendizagem designa duas

ações individuais que devem ser salientadas. Por exemplo, o ato de ensinar

consiste não apenas na ação de o professor passar ensinamento ao aluno, mas

na relação que é estabelecida entre aluno, assunto e professor.

Santos (2001) apresenta características desse tripé, relativas a cada um desses

elementos, que podem compromenter o processo de ensino. A motivação, os co-

nhecimentos prévios, a relação com o professor e a atitude perante o conteúdo da

disciplina são fatores que podem vir a afetar a aprendizagem do aluno. A necessi-

dade de estruturar o assunto, os tipos de aprendizagem e a ordem de apresentação

destes são abordados como relevantes de acordo com a temática a ser tratada.

A respeito do posicionamento do docente, Santos (2001) argumenta que a criação

de situações estimuladoras, a comunicação no ato de instruir, informações sobre

o próprio trabalho como docente, o relacionamento entre alunos e professor e a

posturaperanteoconteúdoaserdisciplinadosãoaspectostambéminfluenciadores

como prática pedagógica.

Apesar de utilizar-se da estrutura com o objetivo de posicionar o educador em

relação à sala e sua ação como professor, o ensino não deve ser tratado de maneira

técnica, como uma construção do aprendizado, pois esse processo se fundamenta

Page 14: Métodos e Técnicas de Ensino

16 Métodos e técnicas de ensino

a partir de experiências pessoais, fundamentadas no cotidiano e na individualidade

dossujeitos,eessassãoinfluenciadorasnoatodeeducar.OsautoresCunha,Brito

eCicillini(2006)concluemsobreaprofissãodoprofessorquesebastavano“[...]

conhecimento objetivo, no conhecimento das disciplinas, em muito semelhantes

àsoutrasprofissões,hoje,apenasdominaressesaberéinsuficiente,umavezque

o contexto das aprendizagens não é o mesmo” (p. 5).

É possível perceber que o ensino, portanto, não é uma ação que parte do professor

em relação ao sujeito, mas é contextualizado por meio de diversas ações que

envolvem a sala de aula – professor, aluno e assunto. Portanto, o processo de

aprendizagem surge de uma ação direta com o sujeito principal: o aluno.

Santos (2001) apresenta fatos relevantes para conhecimento do docente, como a

aprendizagemdemaneirasignificativaaoaluno,relacionadadiretamenteaexpe-

riências cotidianas, de sua própria vivência.

De acordo com Cosenza e Guerra (2011), podemos simplesmente decorar uma

nova informação, mas o registro se tornará mais forte se procurarmos criar ati-

vamente vínculos e relações daquele conteúdo com o que já está armazenado em

nosso arquivo de conhecimentos (p. 62).

Page 15: Métodos e Técnicas de Ensino

17Unidade 1 – Metodologias de ensino: possibilidades educacionais

Dessa maneira, a aprendizagem está associada às interpretações das percepções

de cada indivíduo e sua capacidade de resgatar o conhecimento adquirido por

meio da memória. É importante ressaltar que aprender não é somente memorizar

as informações recebidas, mas também saber relacioná-las ao conhecimento pré-

vioerefletir,ampliandooconhecimento.

Quandoaaprendizagemsetornasignificativaaosujeito,suaschancesaumentam

em relação à retomada desse conhecimento nas diversas situações durante sua

vida. Conforme Maiato e Carvalho (2011), quando o conteúdo discutido na sala de

aula é relacionado com as experiências do indivíduo, as redes neuronais formadas

são ainda mais fortes (p. 4).

Com base em Saint-Onge (1999), o processo de aprendizagem é conceituado

segundo quatro definições: é uma atividade – forma em que se processa as

informações,porémapenasporsuasagacidadeépossíveldefiniraqualidadedo

aprendizado; é um processo de construção – o processo de aprendizado se dá por

meio da construção da estrutura cognitiva, portanto é a partir da elaboração dessa

estruturaqueocorreaaprendizagem;écumulativo–porserdefinidacomouma

construção, a aprendizagem busca antigas estruturas para se agrupar e, assim,

acumular aprendizado; persegue um objetivo – quando temos objetivos a serem

traçados e metas a serem cumpridas, nos empenhamos mais para aprender.

Há de se considerar também que o conteúdo escolar a ser aprendido tem de ser

potencialmente e psicologicamente significativo. O significado lógico depende

somente da natureza do conteúdo. Já o significado psicológico é a experiência

que cada indivíduo vivencia e as relações que foram estabelecidas durante essa

experiência.Cadaaprendizfazumafiltragemdosconteúdosquetêmsignificado

ou não para si próprio, por isso a importância de o aluno querer aprender.

O conhecimento prévio do aluno deve ser uma estratégia para que o processo se

reflitacomessacaracterísticasignificativa.Pormeiodessaintervenção,oeducador

age como ferramenta que possibilita problematizar situações não apenas em sala

de aula, mas na vida dos alunos. Ao deparar com um problema, o aluno deverá

refletirebuscarsoluções,exercitandooconhecimentoemseuprópriocotidiano.

Desse modo, essa contextualização tão subjetiva acaba por tornar pessoal o

processo de aprendizado, com a ressalva de que toda essa ação ocorrerá ou terá a

possibilidade de ocorrer se todos os integrantes da turma respeitarem os colegas e

os professores, mantendo-se o bom relacionamento entre todos.

Com base nessa contextualização teórica sobre o processo de ensino-aprendizagem,

ao levantar questões sobre o comportamento humano, a metodologia, a técnica e

a estratégia fazem-se cruciais como procedimentos para atingir com sucesso essa

ação educacional. Antes mesmo de apresentá-las como possibilidades em sala

deaula,faz-senecessáriotrazerconcepçõesesclarecedoras,dandosignificadoa

esses termos que fazem parte do dia a dia escolar.

Page 16: Métodos e Técnicas de Ensino

18 Métodos e técnicas de ensino

O método define-se comoumcaminhoa ser percorrido embuscade objetivos

claros, previamente estabelecidos, tendo em vista a busca por sentidos no âmbito

educacional. A técnica determina como esse caminho será traçado, com base em

procedimentos a serem tomados.

A estratégia, por sua vez, toma-se com base na escolha de técnica(s) para

acionar o método. Embora os autores utilizem nomenclaturas variadas, os

significados e os direcionamentos desses três elementos referem-se à mesma

ação descrita anteriormente.

4. Metodologia no ensino superior

Machado(1994)apudBerbel(1995,p.9)refletesobreaexpectativadosdocentes

sobre o posicionamento dos estudantes universitários como:

Interessados, estudiosos, dedicados, assíduos que demonstrem ter

iniciativa [...] que participem ativamente das aulas teóricas e práticas e

procuremcomplementaçãoembibliografiarecomendada [...]quesejam

responsáveis, muito inteligentes, educados, e, além dessas qualidades,

assimilem bem o que é ensinado.

Essas características, no entanto, são tão esperadas pelos docentes como por

estudantes ingressantes, pois é com base na experiência universitária que esses

elementos são atribuídos à vida cotidiana do universitário, prolongando-se para

seu futuro.

Page 17: Métodos e Técnicas de Ensino

19Unidade 1 – Metodologias de ensino: possibilidades educacionais

Cunha e Carrilho (2005) descrevem a fase de inserção do estudante na universidade

como uma “transição da adolescência para a vida adulta”, o que exige desafios psicossociais que devem contar com o apoio universitário na adaptação do

aluno.Essesdesafiosestãoligadosàsdificuldadeseàsexigênciasdasatividades

acadêmicas, interpessoais e sociais, à identidade e ao desenvolvimento vocacional

dos alunos, conforme ensinam Pires, Almeida e Ferreira (2000) apud Cunha e

Carrilho (2005, p. 216). As autoras ainda salientam que o processo de superação

desses desafios, se tiver resultado negativo, pode influenciar no rendimento

acadêmico e até mesmo ocasionar a evasão do aluno.

Em busca de melhores condições de adaptação e do desenvolvimento dos alunos

universitários no curso superior, procuram-se possibilidades de caminhos a serem

percorridos com esse intuito. A metodologia de ensino seria uma delas.

Berbel (1995) levanta pontos-chave na elaboração de metodologias com argumentos

significativos sobre esse processo também educacional. O primeiro momento,

descrito pela autora, sugere que o professor faça uso da metodologia de ensino

com base no reconhecimento de suas características:

Omelhordeconhecerévivenciaroprocesso,parapoderrefletirsobresua

utilidade, a relação teoria-prática nela presente e encontrar suas próprias

razões para decidir pela importância e possibilidade ou não de utilização

com seus alunos. (p. 9.)

Ao buscar a utilidade e o possível resultado para esse processo metodológico, o

docente acaba por encontrar inspiração para seguir adiante.

Em um segundo momento, Berbel (1995) relata que, com base no reconhecimento

da maneira de ensinar, os docentes devem ter claramente as consequências de

sua escolha, pois é a partir dessa decisão que será traçado o relacionamento

entre docente e alunos e vice-versa, ao fazer trocas de experiências, vivências

e conhecimentos que farão parte de inúmeras situações improváveis e não

controladas,quepodemterinfluêncianavidadeoutrosindivíduos.

Ousodametodologiadeveserflexível,deformaquehajaapossibilidadedeuma

assimilação pelos participantes e que os objetivos sejam preestabelecidos.

O esforço de mudanças nos métodos de trabalho do docente como postura para o

melhor desempenho, dos alunos é apresentado como quarto ponto-chave descrito

por Berbel (1995). Além disso, de acordo com a autora, essa alteração é estabelecida

como empenho do professor em relação a uma ampliação da compreensão dos

fundamentos teórico-metodológicos do ensino, que contam com explicações

filosóficas,políticas,psicológicas,históricasetc.(p.11).

O professor de Ensino Superior é responsável não somente pela continuação da

formação social do aluno, mas da sociedade da qual ele não apenas fará parte, mas

Page 18: Métodos e Técnicas de Ensino

20 Métodos e técnicas de ensino

será sujeito passivo, participando de decisões sociais, uma vez que a sociedade se

renova a cada nova geração e são esses alunos, atuais e futuros cidadãos, que vão

continuar a fazer dessa sociedade um ambiente de relações.

Assim, é analisado o papel do ser humano na sociedade que se mantém como

estrutura e da abertura para a formação de relações que fazem parte da própria

formação da sociedade, com base nesse conceito de ação social do indivíduo que

recria a sociedade a todo momento, atuando de maneira própria, criando por si e

não reproduzindo um papel já estabelecido mediante a educação.

Berbel (1995) apresenta em seu último argumento um tema relevante na sociedade

atual: a desvalorização político-econômica da educação. As condições precárias a

que são submetidos os docentes não abalam sua vontade de ensinar. No entanto,

tal quadro social acaba por gerar no professor o impulso para lutar contra o

descaso de órgãos governamentais, levando a uma batalha política e pedagógica

comointuitodedifundiroreconhecimentosocialeprofissionaldodocente.

Esses pontos a que Berbel (1995) se refere são quesitos a serem levantados duran-

te a elaboração do processo da metodologia, não necessariamente seguidos, mas

refletidoscomoestratégiasdemelhordesempenhododocenteedoaluno.

5. Estratégias e técnicas: práticas estimuladoras

Ao citar as estratégias e técnicas na educação, uma variante de termos utilizados

para descrever o processo da aprendizagem acaba por confundir, em diversos

Page 19: Métodos e Técnicas de Ensino

21Unidade 1 – Metodologias de ensino: possibilidades educacionais

momentos, o próprio professor, pois, a despeito dessa variação, o que deve ser

relevante é como esse processo se justifica. De acordo com Fernandes (2002),

“as estratégias são as opções, os meios disponíveis. As técnicas, as maneiras

específicasparaaexecuçãodaestratégiaescolhida”(p.13).

Esse conceito não é único a respeito dessas duas ações pedagógicas, mas é o

utilizado no momento para compreender a realidade dos fatos educacionais.

Portanto,combasenessesignificado,oautorapresentasimulaçõesbaseadasnas

técnicas e estratégias educacionais, descrevendo características e ações para os

dois processos.

A dinâmica de grupo, por exemplo, é uma estratégia que pode ser seguida pelo

professor. É denominada uma técnica “sensibilizadora e vivencial”, que articula o

contatodiretocomarealidadedosindivíduos,possibilitandoreflexãoeconheci-

mento sobre o próprio sujeito e os demais.

Para tanto, Fernandes (2002) dispõe de um roteiro descritivo sobre como essa

prática educacional deve ser apresentada, mantida e direcionada pelo educador.

Inicia-se com a apresentação da dinâmica, ao explicar quais serão os métodos

abordados, assim como os temas, acompanhando as fases do desenvolvimento

do grupo, ao buscar a participação dos integrantes por meio de depoimentos e

finalizandocomumareflexãoarespeitodoexercício.

O jogo também é uma estratégia, conhecido como uma prática estimuladora,

espontânea e divertida que produz sensações de expectativa, liberdade e prazer

aos sujeitos que participam, desde crianças até adultos. Esse tipo de estratégia,

apesar de se apresentar em contexto infantil, aborda técnicas interessantes para o

controle dos participantes e pode ser contextualizada em um ambiente universitário,

apresentando proximidade em relação aos resultados adquiridos. Por exemplo,

ao decidir tomar essa estratégia como ponto de partida para o desenvolvimento

educacional, o docente apresenta o jogo e, em seguida, as regras que são cruciais

para a condução da atividade e do próprio comportamento dos indivíduos.

Os jogos podem ser muito variados em relação às suas características, como

objetivos, meios, recurso; entretanto, sugerem um único objetivo que cabe a

praticamente todos eles – relativamente ao direcionamento dado, a vitória de um

dos participantes. No entanto, o jogo não necessariamente precisa se apresentar

comocompetitivo.Apartirdasuperaçãodosdesafiosimpostospelasregrasdojogo,

sem a penalização ou o constrangimento dos participantes, este pode se revelar

integrador, sugerindo a participação de todos. Nesse processo, o encerramento

pode vir por meio dos resultados obtidos durante o jogo, dos depoimentos dos

participantes,daavaliaçãodocomportamentodossujeitosedeumareflexãosobre

todos os pontos argumentados.

Page 20: Métodos e Técnicas de Ensino

Este livro contempla os recursos multissensoriais no ato de aprender, na dinâmica de grupo, em métodos e técnicas de ensino. O conteúdo enfatiza os métodos de ensino, os objetivos da educação moderna e a relação entre a tecnologia e o ensino.

MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO