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CEPPE Curso de Pós Graduação, Pesquisa e Extensão MESTRADO EM ENFERMAGEM LUCIANA SILVA GARRIDO UTILIZAÇÃO DA TERAPIA POR PRESSÃO NEGATIVA EM PACIENTES COM QUEIMADURA: REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA GUARULHOS 2012

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CEPPE

Curso de Pós Graduação,

Pesquisa e Extensão

MESTRADO EM ENFERMAGEM

LUCIANA SILVA GARRIDO

UTILIZAÇÃO DA TERAPIA POR PRESSÃO NEGATIVA EM

PACIENTES COM QUEIMADURA: REVISÃO SISTEMÁTICA DA

LITERATURA

GUARULHOS

2012

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LUCIANA SILVA GARRIDO

UTILIZAÇÃO DA TERAPIA POR PRESSÃO NEGATIVA EM

PACIENTES COM QUEIMADURA: REVISÃO SISTEMÁTICA DA

LITERATURA

GUARULHOS

2012

Dissertação apresentada a Universidade de

Guarulhos para obtenção do título de Mestre

em Enfermagem.

Área de Concentração: Enfermagem

Orientador: Dra Viviane Ferreira de Carvalho

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Ficha catalográfica elaborada pela

Biblioteca Fernando Gay da Fonseca.

Garrido, Luciana Silva

G238u Utilização da terapia por pressão negativa em pacientes com

queimaduras: revisão sistemática da literatura / Luciana Silva, Guarulhos,

2012.

116. : il. ; 31 cm

Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Centro de Pós – Graduação

e Pesquisa, Universidade Guarulhos, 2012.

Orientador: Prof. Dr. Viviane Ferreira de Carvalho

Bibliografia: f. 99-112

1. Terapia de pressão negativa. 2. Cicatrização de feridas 3.

Queimadura. I. Título. II. Universidade Guarulhos.

CDD – 617

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Dedico este trabalho A meu esposo Carlos Garrido

faróis de minha jornada. Reservo-lhes uma página inteira, em

branco, para que possamos juntos continuar escrevendo nossas histórias,

cheias de letrinhas e infinitas possibilidades.

AMO MUITO VOCÊ!

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AGRADECIMENTOS

À Deus, por Sua presença constante em todos os dias de minha vida. Conduzindo-me, orientando-me e muitas vezes me carregando. Por presentear-me com uma família maravilhosa, proporcionar-me saúde para seguir em busca dos meus objetivos. Agradeço-Lhe, ainda, por colocar no meu caminho muitos anjos para segurarem minha mão todas as vezes que estremeci. Ao meu marido Carlos, você participou intensamente desta pesquisa, sempre incentivando minhas conquistas. Não me deixou desanimar nem desistir, mesmo nos “meus momentos” da mais pura tristeza. Obrigada pela tolerância, compreensão e paciência. Muito mais do que um marido, você é um companheiro e amigo muito, muito amado. À minha mãe Isabel, você é um presente de Deus em minha vida!!!!.Tenho certeza de que esta dedicatória não é suficiente para compensar minha ausência em vários momentos de sua vida. Sua presença, incontáveis vezes, me renovou o espírito. Você é meu espelho, é tudo pra mim. Ao meu pai Antonio, devo não só respeito, mas carinho. Receba minha admiração e gratidão. Obrigada por tudo! Sem você e a mamãe eu nada seria. Aos meus irmãos, Bere, Najara, Marinez e Nadiara minha profunda gratidão. Vocês são essenciais em minha vida. Amo muito a vocês! Às minhas crianças, Agatha, Bianca, Isabela, Angrey e Pedro Henrique, pelas ausências e tantos momentos de “não posso”. É também por vocês esse trabalho. Vocês me cativam todos os dias. À Profª. Drª.Viviane Fernandes de Carvalho, sou inteiramente grata pela atenção, pelo tempo dedicado na orientação, por junto comigo ter construído este sonho. Agradeço, sobretudo, o privilégio de haver trabalhado em um tema para o qual você tanto vem contribuindo. Principalmente, por me dar a oportunidade de participar deste curso de pós graduação, enriquecendo para sempre a minha vida. Aos meus familiares, agradeço o apoio, afeto, reconhecimento e compreensão por tantos momentos de ausência. Em especial, à Srª. Rosilene Bezerra , que muito me incentivou; à Silvana Lenz, Simone Lessa que sempre torceram por mim. Queridos cunhados e cunhadas, sobrinhos, sobrinhas e irmãos.... Aos professores do departamento de Enfermagem da Universidade Guarulhos , sempre compreendendo as ausências. Agradeço especialmente à Coordenadora do Curso de Mestrado, Profª. Drª Ana Lonch Sabatés, pelo seu incentivo, sua compreensão e preocupação. Muito mais que uma coordenadora, uma amiga, que vibrou comigo em cada conquista nesta caminhada. O seu “Vamos em frente” muitas vezes fez a diferença. Agradeço imensamente a Enfermeira Diana Vilella, ou simplesmente Diana, sempre com palavras de otimismo, pelo carinho e principalmente bom humor.

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Obrigada por disponibilizar a sua atenção e apoio para realização desta pesquisa.

“Muitas pessoas irão entrar e sair da sua vida, mas somente verdadeiros amigos deixarão

pegadas no seu coração...”

Serei eternamente grata a vocês.

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RESUMO

Dentre os traumas ocorridos na pele, a queimadura é um dos mais graves e

impactantes. Estima-se que no Brasil ocorram em torno de 1.000.000 de

acidentes por queimaduras ao ano, sendo que 100.000 pacientes procurarão

atendimento hospitalar e, destes, cerca de 2.500 pacientes irão falecer direta

ou indiretamente de suas lesões. A queimadura é definida como uma lesão dos

tecidos orgânicos em decorrência de um trauma de origem térmica, química,

elétrica ou radioativos. Para o tratamento do queimado, é indicado hidratação

com solução fisiológicas, controle de infecção e escarotomia para prevenir o

garroteamento em queimaduras circulares. Outra terapia tópica mais recente é

denominada de “terapia de pressão negativa”, sendo utilizada para auxiliar

drenagem de exsudato, redução das taxas de infecção e aumento do fluxo

sanguíneo local. Este estudo objetiva avaliar a evidência científica sobre o uso

da terapia de pressão negativa em queimaduras por meio de uma revisão

sistemática segundo as recomendações Cochrane. As bases de dados

utilizadas para esta revisão foram Cochrane, Lilacs, Cinahl, Embase e

Medline/Pubmed, até o ano de 2012. Foram recuperados 327 artigos, sendo

incluídos na revisão 15 artigos. Quanto ao ano de publicação, os estudos foram

publicados de 2004 a 2011, sendo que em 2009 ouve o maior número de

publicações com 5 (33,3%) artigos. Em relação ao tipo de estudo de cada

artigo, percebe-se que a maioria das publicações (40%) são do tipo “relato de

caso”, ou seja, descrevem a utilização da terapia de pressão negativa em 01

paciente, e apenas 1 (6,6%) estudo do tipo ensaio clínico randomizado. Com o

desenvolvimento desta revisão sistemática sobre a eficácia da TPN no preparo

de leito de lesões causadas por queimaduras, bem como a promoção da

integração do enxerto de pele parcial nestas lesões, conclui-se que não há

evidência científica sobre os benefícios da TPN em queimados.

Palavras-chave: Terapia de pressão negativa, Cicatrização de feridas,

queimadura.

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ABSTRACT

Among the traumas in the skin, the burn is one of the most serious and

impactful. It is estimated that in Brazil occur around 1,000,000 for burning

accidents a year, with 100,000 patients seek hospital treatment and, of these,

approximately 2,500 patients will die directly or indirectly from their injuries. The

burn is defined as an injury to the tissues due to trauma of thermal, chemical,

electrical or radioactive. For the treatment of burned hydration is indicated with

physiological solution, infection control and to prevent the tourniquet

escharotomy burns circulars. Another more recent topical therapy is called

"negative pressure therapy" and is used to assist drainage of exudate, reduction

of infection rates and increase local blood flow. This study aims to evaluate the

scientific evidence on the use of negative pressure therapy in burns through a

systematic review according to Cochrane recommendations. The databases

used for this review were Cochrane, Lilacs, Cinahl, Embase and Medline /

Pubmed, by the year 2012. We retrieved 327 articles, of which 15 articles

included in the review. Regarding the year of publication, the studies were

published from 2004 to 2011, and in 2009 hears the largest number of

publications with 5 (33.3%) articles. Regarding the study type of each article, it

is noticed that most of the publications (40%) are of the "report of a case", that

is, describe the use of negative pressure therapy in 01 patients, and only one

(6.6%) study randomized clinical trial. With the development of this systematic

review on the efficacy of TPN in the preparation of bed injuries caused by burns

and to promote integration of skin graft partial these lesions, it is concluded that

there is no scientific evidence of the benefits of TPN in burn .

Keywords: negative pressure therapy, healing of wounds, burns.

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RESUMEN

Entre los traumas en la piel, la quemadura es uno de los más graves e

impactante. Se estima que en Brasil ocurren alrededor de 1.000.000 para la

grabación de accidentes al año, con 100.000 pacientes buscan tratamiento

hospitalario y, de éstos, aproximadamente 2.500 pacientes morirán directa o

indirectamente de sus lesiones. La quemadura se define como una lesión a los

tejidos debido a un traumatismo de la térmica, química, eléctrica o radiactivos.

Para el tratamiento de hidratación quemada se indica con solución fisiológica,

control de la infección y prevenir que el escharotomy de torniquete quemaduras

circulares. Otro tratamiento tópico más reciente se llama "terapia de presión

negativa" y se utiliza para ayudar a drenaje de exudado, reducción de las tasas

de infección y aumentar el flujo sanguíneo local. Este estudio pretende evaluar

la evidencia científica sobre el uso de la terapia de presión negativa en

quemaduras a través de una revisión sistemática según las recomendaciones

de Cochrane. Las bases de datos utilizadas para esta revisión fueron

Cochrane, Lilacs, Cinahl, Embase y Medline / Pubmed, para el año 2012.

Hemos obtenido los 327 artículos, de los que 15 artículos incluidos en la

revisión. En relación con el año de publicación, los estudios fueron publicados

entre 2004 y 2011 y en 2009 se oye el mayor número de publicaciones con 5

artículos (33,3%). En cuanto al tipo de estudio de cada artículo, se advierte que

la mayoría de las publicaciones (40%) son del "informe de un caso", es decir,

se describe el uso de la terapia de presión negativa en pacientes 01 y sólo uno

(6.6%) estudio clínico aleatorizado. Con el desarrollo de esta revisión

sistemática sobre la eficacia de la alimentación parenteral total en la

preparación de las lesiones de cama causada por quemaduras y a promover la

integración del injerto de piel parcial de estas lesiones, se concluye que no

existe ninguna evidencia científica de los beneficios de la RPT en quemaduras.

Palabras clave: negativo presoterapia, cicatrización de heridas, quemaduras.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................. 10 2 QUEIMADURA.................................................................................. 11 2.1 Definição..................................................................................... 11 2.2 Classificação............................................................................... 12 2.3 Epidemiologia.............................................................................. 15 2.4 Cálculo da Área Total da Superfície Queimada (ATSQ)............. 16

3 FISIOLOGIA DA CICATRIZAÇÃO................................................... 18 3.1 Fase inflamatória........................................................................ 18 3.2 Fase proliferativa........................................................................ 20 3.3 Fase remodeladora.................................................................... 23

4 TRATAMENTO DA FERIDA POR QUEIMADURA.......................... 25 4.1 Enxerto de pele........................................................................... 26 4.2 Terapia por pressão negativa (TPN)........................................... 31 4.3 Mecanismo de Ação.................................................................... 33 4.3.1 Força mecânica....................................................................... 33 4.3.2 Redução do edema.................................................................. 34 4.3.3 Controle do exsudato............................................................... 34 4.3.4 Fluxo sanguíneo....................................................................... 35 4.3.5 Tecido de granulação............................................................... 35

5 OBJETIVO......................................................................................... 37 6 MATERIAL E MÉTODO.................................................................... 38 6.1 Tipo de estudo............................................................................. 38 6.2 Questão do estudo...................................................................... 38 6.3 Local do estudo........................................................................... 38 6.4 Amostra....................................................................................... 38 6.4.1 Critérios de inclusão................................................................. 39 6.4.2 Critérios de exclusão................................................................ 39 6.5 Coleta de dados.......................................................................... 39 6.5.1 Instrumento de coleta de dados............................................... 40 6.6 Desenvolvimento do estudo........................................................ 41 6.7 Análise dos dados....................................................................... 41

7 RESULTADOS.................................................................................. 44 8 DISCUSSÃO...................................................................................... 47 9 CONCLUSÃO................................................................................... 50

10 REFERÊNCIAS.................................................................................. 51 APÊNDICE A..................................................................................... 59

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1. INTRODUÇÃO

A humanidade deve sua existência aos mecanismos de reparação

tecidual, pois com essa capacidade o homem pôde “resolver” seus ferimentos.

Estudos recentes permitem a compreensão cada vez melhor da fisiologia da

cicatrização, e têm possibilitado o avanço tecnológico no tratamento das

feridas.1

A pele íntegra reveste o corpo humano protegendo contra agressões

externas como, diversos tipos de traumatismos decorrentes da exposição a

agentes químicos, físicos ou biológicos, é formada por três camadas sendo a

epiderme, derme e tecido subcutâneo. 2

Dentre os traumas ocorridos na pele, a queimadura é um dos mais

graves e impactantes. Estima-se que no Brasil ocorram em torno de 1.000.000

de acidentes por queimaduras ao ano, sendo que 100.000 pacientes

procurarão atendimento hospitalar e, destes, cerca de 2.500 pacientes irão

falecer direta ou indiretamente de suas lesões. 1

As queimaduras, quando extensas e profundas representam uma das

formas mais graves de traumatismo. A partir deste trauma podem surgir

complexas alterações metabólicas, hormonais e imunológicas. A queimadura

caracteriza-se pela ação causada por agentes térmicos, químicos, elétricos ou

radioativos que agem no tecido epitelial e são classificadas de acordo com a

profundidade em queimaduras de primeiro, segundo e terceiro grau.3

A reparação tecidual é sistêmica, sendo necessário favorecer

condições locais que deem suporte e viabilizem o processo fisiológico, por

meio de terapias tópicas adequadas. A causa da ferida tem de ser tratada e os

fatores sistêmicos que retardam este processo devem ser corrigidos.4

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Os curativos são uma forma de tratamento das feridas e sua escolha

depende de fatores intrínsecos e extrínsecos que visam favorecer um processo

de cicatrização eficaz e mais rápido. 5

A terapia por pressão negativa tem sido citada na literatura como

alternativa para o tratamento de feridas e tem sido indicado para uma

variedade de lesões que incluem feridas agudas, como queimaduras, lesões

extensas de partes moles, entre outras. 6

Desse modo, pretende-se realizar uma revisão sistemática da literatura

sobre o uso de terapia por pressão negativa no processo de restauração

tissular. Certamente, esta permitira conhecer não somente os resultados

clínicos no tratamento de queimadura mas também o conceito de qualidade do

TPN e contribuindo para o aprofundamento do conhecimento na área do

tratamento tópico em queimadura com uma nova opção terapêutica.7

2. QUEIMADURA

2.1 Definição

A queimadura é definida como uma lesão dos tecidos orgânicos em

decorrência de um trauma de origem térmica, química, elétrica ou radioativos.

Podendo variar de um simples hiperemia na pele a perda de tecido

subcutâneo, capaz de desencadear um grande número de respostas

sistêmicas, proporcionais á extensão e a profundidade das lesões, são usados

também os termos superficial, parcial e perda total 8 (Figura 1).

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Figura 1- Queimaduras na pele. Adaptado de: http://www.helathcentral.com/common/images/

1/1078_6205_5.jpg

2.2 Classificação

As queimaduras são classificadas de acordo com o grau de destruição

celular causada na pele, sendo:

Queimadura de 1ª grau: é superficial, atinge apenas a camada

mais externa da pele, a epiderme caracteriza-se por ser uma lesão

hiperemiada, úmida, com edema e dolorosa. Não provoca alterações

hemodinâmicas, nem é acompanhada de alterações clínicas (Figura 2).

Figura 2- Queimadura de 1º grau. Disponível em: http://caretheskin.com/what-is-first-degree-

burn

Queimadura de 2ª grau: são de espessura parcial e que atinge

tanto a epiderme como a derme. Clinicamente caracteriza-se pela formação de

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bolhas que podem estar íntegras ou rompidas. Estas lesões podem ser

divididas em “2ª grau superficial” (toda a epiderme e porção superior da derme

– dor acentuada, flictenas, eritema e umidade – Figura 3), e “2ª grau profundo”

(toda a epiderme e quase toda a derme – menos dolorosas e mais pálida –

Figura 4).

Figura 3- Queiamdura de 2º grau superficial. Disponível em: http://www.islamicmedicine.org/

medmiraclesofquran/medmiraclesng.htm

Figura 4- Queimadura de 2º grau profundo. Disponível em: http://www.soyouwanna.com/

treatment-burns-1079.html

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Queimadura de 3ª grau: acomete toda a epiderme e derme,

atingindo o subcutâneo. Em muitos casos, outros tecidos como músculos e

ossos podem ser comprometidos (Figura 5). Clinicamente o tecido apresenta

um aspecto esbranquiçado ou marmóreo, rígido, inelástico com estruturas

carbonizadas, podendo ter aparência de couro (alguns autores classificam as

áreas carbonizadas como 4º grau – Figura 6). 9 É a mais grave de todas as

lesões térmicas, provocando lesões deformantes.

Figura 5- Queimadura de 3º grau. Disponível em: http://minoletti11.wikis.birmingham.k12.

mi.us/Burns

Figura 6- Queimadura de 4º grau. Disponível em: http://caretheskin.com/what-is-fourth-degree-

burn

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15

A grande dificuldade prática está na diferenciação entre

queimadura de 2º grau profundo e a de 3º grau. Além disso, a presença de

infecção ou uma grave instabilidade hemodinâmica pode provocar uma

“depleção” da lesão. Em decorrência disso, o grau da queimadura não pode ser

classificado em uma primeira avaliação, sendo importante a reavaliação do

paciente decorridas 48-72 horas após a lesão. 10-11

Segundo a “American Burn Association”, para avaliar-se a

gravidade da queimadura é necessário avaliar não só a lesão local na pele,

mas também a porcentagem do corpo que foi queimado (Superfície Corporal

Queimada – SCQ) (Quadro 1). 12

Quadro 1- Classificação resumida de gravidade das queimaduras da American

Burn Association.

Grande Lesão por Queimadura Lesão por Queimadura

Moderada Não-complicada

Lesão por Queimadura de

Menor Gravidade

-Queimadura de 2º grau >25%

SCQ de adultos ou crianças.

-Queimadura de 3º grau >10%

SCQ.

-Maioria envolve mãos, pés,

olhos e períneo.

-Lesões por inalação,

eletricidade e queimaduras

associadas a outros traumas

graves.

-Queimadura de 2º grau de 15 a

25% SCQ de adultos.

-Queimadura de 2º grau de 10 a

20% SCQ de crianças.

-Queimadura de 3º grau <10%

SCQ.

-Queimadura de 2º grau <15%

SCQ de adultos.

-Queimadura de 2º grau <10%

SCQ de crianças.

-Queimadura de 3º grau <2%

SCQ.

FONTE: Lima Jr 2008 p. 51 13

2.3 Epidemiologia

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16

As queimaduras constituem-se relevante causa de morbimortalidade na

população mundial 14. Dois terços dos acidentados com queimaduras

acontecem em casa, atingindo a maioria dos adolescentes e crianças, sendo

os adolescentes com líquidos combustíveis e as crianças com líquido

superaquecidos. Em crianças acima de 3 anos, as queimaduras são

ocasionadas por chama direta relacionada a combustão de álcool,

responsáveis por quase 20% de todas as queimaduras em nosso país. 10

O Brasil é o único país no mundo que utiliza álcool líquido diariamente,

como produto de limpeza, dentre outros. A Agencia Nacional de Vigilância

Sanitária (ANVISA) em conjunto com a sociedade Brasileira de Queimados

baixou uma portaria de proibição do álcool liquido visando a redução dos

índices de queimaduras com esse produto. 14

2.4 Cálculo da Área Total da Superfície Queimada (ATSQ)

Vários métodos são usados para estimar a ATSQ afetada por

queimaduras; entre eles estão à regra dos nove, o método Lund e Browder e o

método palma da mão.

Regra dos nove: O sistema designa percentuais em múltiplos de

nove para principais superfícies corporais (Figura 7).

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Figura 7- Regra dos nove para determinar a porcentagem da área corporal queimada em

adultos. http://s3.amazonaws.com/magoo/ABAAAAUIgAC-0.png

Método de Lund e Browder15: um método mais exato de estimar a

extensão de uma queimadura reconhece o percentual da ATSQ de diversas

regiões anatômicas, principalmente a cabeça e as pernas e as alterações com

crescimento. Ao dividir o corpo em áreas muito pequenas e ao fornecer uma

estimativa da proporção confiável da ATSQ queimada. A avaliação inicial é

feita na admissão do paciente ao hospital e é revisada no segundo e terceiro

dia pós queimadura, porque comumente demarcação não está clara até este

período. O esquema de Lound e Browder consiste em avaliar as proporções do

corpo atingidas em relação à idade (Quadro 2).

Quadro 2– Método de cálculo da Área Total da Superfície Queimada, segundo

Lund e Bowder.

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18

FONTE: Traduzido de GOMES (2006)1

Método palma: nos pacientes com queimaduras disseminadas, o

tamanho da palma do paciente é de aproximadamente de 1% da ATSQ.

A queimadura é considerada uma ferida aguda, porém pode cronificar-

se de acordo com a profundidade da lesão e da gravidade clínica do paciente,

visto o processo cicatricial depender dos fatores intrínsecos do individuo.

3. FISIOLOGIA DA CICATRIZAÇÃO

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19

O processo de cicatrização têm sido dividido em três fases, onde se

sobrepõem de forma contínua e temporal, sendo: inflamatória, proliferativa e de

remodelagem. 16

3.1 Fase inflamatória

Após a ocorrência da lesão, inicia-se o extravasamento sanguíneo que

preenche a área lesada com plasma e elementos celulares, principalmente

plaquetas. A agregação plaquetária e a coagulação sanguínea geram um

tampão, rico em fibrina, que além de restabelecer a hemostasia e formar uma

barreira contra a invasão de microorganismos, organiza matriz provisória

necessária para a migração celular. Essa matriz servirá também, como

reservatório de citocinase, fatores do crescimento que serão liberados durante

as fases seguintes do processo cicatricial. 17-18

As plaquetas, essenciais à formação desse tampão hemostático,

também secretam múltiplos mediadores na área lesada. Induzidas pela

trombina, ainda sofrem a degranulação e liberam vários fatores de crescimento,

como o fator de cresicmento derivado de plaquetas (PDGF), o fator de

crescimento transformador-β (TGF-β), o fator de crescimento epidérmico

(EGF), o fator de crescimento vascular (VEGF), além de glicoproteínas

adesivas como a fibronectina e trombospondina, que são importantes

constituintes da matriz extracelular provisória. Mas ainda, a ativação da cascata

de coagulação e do complemento, juntamente com a liberação dos fatores de

crescimento e ativação de células parenquimatosas pela lesão, produz

numerosos mediadores vasoativos e fatores quimiotáticos que auxiliam o

recrutamento das células inflamatórias no local da ferida. 16

Após a saída das plaquetas de dentro do leito vascular, neutrófilos e

monócitos, em resposta aos agentes quimiotáticos, migram em direção ao leito

da ferida. A ausência dos neutrófilos no sangue, porém, parece não afetar o

processo de reparo na ausência de infecção. 17-19

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20

Além da função de fagocitose de bactérias, fragmentos celulares e

corpos estranhos, essas células inflamatórias produzem fatores de

crescimento, que preparam a ferida para a fase proliferativa, quando

fibroblastos e células endoteliais também serão recrutados. 20

Os monócitos do sangue periférico, tanto inicialmente quanto durante

o transcorrer do processo cicatricial, continuam a infiltrar-se no local da ferida

em resposta a agentes quimiotáticos para monócitos, como PDGF, por

exemplo. A liberação dos fatores provenientes das plaquetas, assim como a

fagocitose dos componentes celulares, como fibronectina ou colágeno,

contribui também para a ativação dos monócitos, transformando-os em

macrófagos que são as principais células envolvidas no controle do processo

de reparo. 16,20

O macrófago ativado é a principal célula efetora do processo de reparo

tecidual, degradando e removendo componentes do tecido conjuntivo

danificado, como colágeno, elastina e proteoglicanas. Além desse papel na

fagocitose de fragmentos celulares, os macrófagos também secretam fatores

quimiotáticos que atraem outras células inflamatórias ao local da ferida e

produzem prostaglandinas, que funcionam como potentes vasodilatadores,

afetando a permeabilidade dos microvasos. 17,20,21

Os macrófagos produzem vários fatores de crescimento , tais como o

PDGF, o TGF-B, o fator de crescimento de fibroblastos (FGF) e o (VEGF), que

se destacam como as principais citocinas necessárias para estimular a

formação do tecido de granulação. 20

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21

FIGURA 8- Representação esquemática da especificidade celular imunológica

correlacionada temporalmente com as fases da cicatrização. 22

3.2 Fase Proliferativa

A proliferação é a fase responsável pelo fechamento da lesão

propriamente dito. Compreende: reepitelização, que se inicia horas após a

lesão, com a movimentação das células epiteliais oriundas tanto na margem

como de apêndices epidérmicos localizados no centro da lesão; fibroplasia e

angiogênese, que compõem o chamado tecido de granulação responsável pela

ocupação do tecido lesionado cerca de quatro dias após a lesão. Os

fibroblastos produzem a nova matriz extracelular necessária ao crescimento

celular enquanto os novos vasos sanguíneos carreiam oxigênio e nutrientes

necessários ao metabolismo celular local. 19

A fase de proliferação epitelial, no caso da pele, inicia-se por

estimulação, mitogênica e quimiotática dos queratinócitos pelo TGF-α e EGF.

Tão importante quanto a epitelização, que começa nessa fase do processo de

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22

reparo, é a formação do chamado tecido de granulação, nome atribuído

sobretudo pela características granular devida á presença de novos capilares

neoformados essenciais ao processo de reparo. 23

Antes de descrever a angiogênese, cabe salientar que o aumento da

permeabilidade microvascular é o primeiro estádio desse processo,

apresentando-se como etapa importante, que permite, através do

extravasamento de proteínas, citocinas e elementos celulares, a formação da

matriz extracelular próvisoria necessária à migração e proliferação das células

endoteliais. 24 A produção de novos vasos sanguíneos a partir de vasos

preexistentes é acompanhada, na maioria das vezes, por aumento da

permeabilidade vascular. 24,25

Na angiogênese patológica, o aumento da permeabilidade vascular à

agua e ás macromoléculas apresenta importante função no processo, sendo o

responsável direto pela formação do edema. Esse aumento da permeabilidade

capilar parece ter menor efeito durante a angiogênese fisiológica, porém, causa

danos consideráveis em determinadas patologias, como a retinopatia diabética,

por exemplo. 26

Os mecanismos básicos da regulação da permeabilidade vascular,

causada principalmente pelos fatores de crescimento, não foram ainda

completamente elucidados. 24,27. Alguns pesquisadores, porém, acreditam que

as células endoteliais tenham sua contração induzida pelos agentes

permeabilizantes, formando espaços intercelularesde tamanho suficiente para

permitir o extravasamento de proteínas plasmáticas em resposta a fatores de

permeabilidade. 28,29

A angiogênese é a etapa fundamental do processo de cicatrização, na

qual novos vasos sanguíneos são formados a partir de vasos preexistentes. 30

Os novos vasos participam da formação do tecido de granulação

provisório e suprem de nutrientes e de oxigênioo tecido em crescimento. 31 De

forma diferencial, a vasculogênese refere-se aos primeiros estádios do

desenvolviemnto vascular, durante o qual as células precursoras do endotélio

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23

vascular sofrem diferenciação, expansão e coalescência para formar a rede de

túbulos primitivos do organismo. 32

Em resposta a lesão tecidual, a angiogênese é processo dinâmico,

finalmente regulado por sinais presentes tanto no soro quanto na matriz

extracelular local. Durante o processo cicatricial, a formação de novos vasos

sanguíneos torna-se necessária para a formação de novo tecido de

granulação, correspondendo as células dos vasos sanguíneos a cerca de 60%

do tecido de reparo. 21. A angiogênese ocorre na matriz extracelular do leito da

ferida com a migração e estimulação mitogênica das células endoteliais.Para

que ocorra a migração das células endoteliais e o desenvolvimento de novos

capilares de estrutura tubular há dependência não só das células e citocinas

presentes, mas também de uma produção e organização dos componentes da

matriz extracelular, incluindo fibronectina, colágeno, vibronectina , tenascina e

laminina, tanto no tecido de granulação quanto na membrana endotelial basal.

A matriz extracelular é importante para o crescimento e manutenção normal

dos vasos, pois além de agir como “plataforma” que dá suporte à migração

celular, age também como reservatório e modulador da liberação de fatores de

crescimento, como o FGF2 e o TGF-β. 33

A proliferação das células endoteliais adjacentes e dentro da ferida leva

a deposição, de forma transitória, de grandes quantidades de fibronectina na

parede do vaso. Assim, a angiogênese requer a expressão de receptores para

fibronectina pelas células endoteliais, 34 organizando a fibronectina como um

canal, de modo a permitir o movimento das células endoteliais. Expressão e

atividade de proteases também são necessárias à angiogênese,

principalmentena fase de remodelagem. 17

3.3 Fase de Remodelagem

Nessa fase do processo de cicatrização ocorre uma tentativa de

recuperação da estrutura tecidual normal. É fase marcada por maturação dos

elementos e alterações na matriz extracelular, ocorrendo o depósito de

proteoglicanas e colágeno. Em fase tardia, os fibroblastos do tecido de

granulação transformando-se em miofibroblastos comportando-se como um

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24

tecido contrátil responsivo aos antagonistas que estimulam o músculo liso.

Ocorre, concomitantemente, reorganização da matriz extracelular, que se

transforma de provisória em definitiva, cuja intensidade fenotípica, observada

nas cicatrizes, reflete a intensidade dos fenômenos que ocorreram, bem como

o grau de equilíbrio ou desequilíbrio entre eles. 35

Com o decorrer do processo de maturação e remodelagem, a maioria

dos vasos, fibroblastos e células inflamatórias desaparece do local da ferida

mediante processos de emigração, apoptose ou outros mecanismos

desconhecidos de morte celular. Esse fato leva a formação de cicatriz com

reduzido número de células . Por outro lado, se persistir a celularidade no local,

ocorrerá a formação de cicatrizes hipertóficas ou queloides. 21

As principais citocinas envolvidas nessa fase são: fator de necrose

tumoral (TNF-α), interleucina (Il-1), PDGF e TGF-β produzidas pelos

fibroblastos, além das produzidas pelas células epiteliais como EGF e TGF-β 36

A reepitelização, que é o recobrimento da ferida por novo epitélio e

consiste tanto na migração quanto na proliferação dos queratinócitos a partir da

periferia da lesão, também ocorre durante a fase proliferatica. Esses eventos

são regulados por três principais agentes: fatores de crescimento, integrinas e

metaloproteases. 37

Durante a fase inflamatória a liberação de fatores de crescimento por

plasma, fibroblastos e macrófagos/neutrófilos ativa os queratinócitos

localizados nas margens e no interior do leito da ferida. Dentre os fatores de

crescimento destacam-se o PDGF, que induz a proliferação de fibroblastos

com consequente produção da matriz extracelular durante a contração da

ferida e reorganização da matriz, o KFG7, que é considerado o principal

regulador da proliferação dos queratinócitos , assim como o TGF-β,

principalmente responsável pelo estímulo inicial da migração das células

epiteliais. A ativação de receptores de integrinas pelos queratinócitos permite a

interação com uma variedade de proteínas da matriz extracelular na margem e

no leito da ferida. Por outro lado, a expressão e ativação de metaloproteases

promovem a degradação e modificação das proteínas da matriz extracelular no

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25

sítio da ferida, facilitando a migração celular. A própria atividade proteolítica

dessas enzimas pode liberar fatores de crescimento ligados à matriz

extracelular,de forma a manter constante o estímulo à proliferação e migração

dos queratinócitos, acelerando o processo de reepitelização. 38

Várias são as doenças que interferem negativamente no processo de

reparo tecidual, como diabetes, esclerose sistêmica, anemia, desnutrição, entre

outras. Muitas também são as condições que tornam esse processo de difícil

resolução, impedindo ou retardando a completa restauração dos tecidos.

Dentre essas condições podem ser ressaltadas as ressecções

extensas da parede abdominal, como aquelas em que a peritoniostomia se faz

necessária. Por dificultarem, de alguma maneira, o reparo tecidual, essas

doenças contribuem potencialmente para o aumento da morbidade e

mortalidade. 38,39

Nas últimas décadas, vários estudos têm sido realizados no sentido de

identificar substâncias capazes de favorecer o processo de reparo. Também a

busca de substâncias com atividade angiogênica tem sido intensa, por seu

grande potencial de aplicação clínica.

Dentre as substâncias que possuem ação direta no processo de reparo

destacam-se alguns fatores de crescimento que, aplicados topicamente sobre a

ferida, demonstram boa capacidade de acelerar o reparo tecidual em

experimentos animais. 40,41

4. TRATAMENTO DA QUEIMADURA

As queimaduras são tratadas por meio de produtos tópicos de acordo

com a classificação (1º, 2º ou 3º grau) e a etiologia (térmica, química, elétrica,

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26

radioativa), além do controle algico por meio de medicamentos endovenosos,

orais ou tópicos; e tratamento cirúrgico por meio de desbridamentos e

enxertias.

O primeiro cuidado da área queimada é remover a fonte da

queimadura, desde que não esteja aderida a pele. Em seguida, providencia-se

o resfriamento da área queimada com aguá fria corrente por cerca de 10

minutos (em queimaduras >15% SCQ não é recomendado pelo risco de

hipotermia), com a finalidade interromper a progressão do calor limitando a

aprofundamento da lesão. 42

Em 1990, um grupo de profissionais que estudavam/tratavam

queimaduras no Brasil criaram o “Sistema Integrado de Procedimento de Alta

Complexidade em Queimados – SIPAC/Queimados”, pelo Ministério da Saúde.

Embora não tenha sido implantado, serviu como base para a fundação da

“Sociedade Brasileira de Queimados”. 42

Para o tratamento do queimado, é indicado hidratação com solução

fisiológicas, controle de infecção e escarotomia para prevenir o garroteamento

em queimaduras circulares. 42

O tratamento tópico da queimadura era inicialmente realizado sem

nenhuma evidência científica, com aplicações locais de diversas substâncias

como erva, cinza, leite, dentre outros. Em papiro egípcio, há relato de uso

tópico de uma mistura de cola, pêlos de cabra e leite humano, e nas feridas

infectadas o uso de mel. 42

Em uma revisão sobre a efetividade da terapia tópica de lesões por

queimaduras, identificou 26 artigos com relatos de uso de sulfadiazina de prata,

hidrocoloide, filme de poliuretano, mel, aloe vera e outros agentes tópicos

contendo prata e curativos biológicos; porém necessita-se de mais pesquisa

para avaliação aplicabilidade clínica destes agentes devido a baixa qualidade

metodológica. 43

Outra terapia tópica mais recente é denominada de “terapia a vácuo”,

sendo utilizada para auxiliar drenagem de exsudato, redução das taxas de

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27

infecção e aumento do fluxo sanguíneo local. O uso de curativo a vácuo em

queimadura de espessura parcial não possui evidência científica positiva na

literatura. Há apenas um artigo randomizado e controlado sobre o tema, o que

nos mostra a escassez de ensaios clínicos do curativo a vácuo para tratamento

de queimadura de espessura parcial 45. Porém, a terapia a vácuo é utilizada na

área queimada com a finalidade de preparar o leito para a enxertia.

O tratamento cirúrgico da queimadura inclui desbridamentos e

cobertura cutânea por autoenxertia de pele parcial das áreas queimadas de 2º

grau profundo e 3º grau. Para queimaduras de espessura parcial, o uso de

substitutos de pele através de bioengenharia, como o Biobrane®,

o TransCyte®, o Dermagraft®, e o Apligraf®. Para que haja integração entre o

enxerto e o leito, este deve ser preparado adequadamente, ou seja, o leito

deve estar livre de infecção, com boa vascularização e com tecido de

granulação de boa qualidade – e a terapia a vácuo tem se mostrado como

primeira escolha para esta finalidade.

4.1 Enxerto de pele

Os enxertos são classificados e diferenciados conforme a sua espessura.

Um enxerto de pele de espessura parcial refere-se à remoção de toda a

epiderme e parte da derme, que pode ser ainda classificado como fino, médio

ou grosso, dependendo da quantidade de derme contida no enxerto (Tabela 1

e Figura 9) 44

Tabela 1 - Espessura dos enxertos segundo sua denominação.

Espessura do enxerto Polegadas Milímetros

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28

Fino 0,005 a 0,012 0,12 a 0,30

Médio 0,012 a 0,018 0,30 a 0,45

Grosso 0,018 a 0,030 0,45 a 0,76

Fino

Médio

Grosso

Espessura Total

Espessura ParcialEpiderme

Derme

Tecido

Subcutâneo

Fino

Médio

Grosso

Espessura Total

Espessura ParcialEpiderme

Derme

Tecido

Subcutâneo

Figura 9- Demonstração esquemática de pele segundo a espessura do enxerto de pele.

Adaptado de: http://www.accesssurgery.com/loadBinary.aspx?name=dohe13&filename=ohe

13_c041f001t.gif

O enxerto de espessura total contém a epiderme e toda a derme, sem o

tecido subcutâneo. Este último tipo de enxerto é utilizado mais em reparações

pequenas e a cicatrização da área doadora faz-se por primeira intenção

(Figuras 10 e 11), sendo de menor a probabilidade de complicações estéticas.

Ambos os tipos de enxerto contêm folículos pilosos, glândulas sudoríparas,

glândulas sebáceas e capilares. O que os diferencia é a quantidade de cada

estrutura – dependente da espessura do enxerto. 44

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29

Figura 10- Demonstração da técnica de remoção do enxerto de pele de espessura total.

Adaptado de: http// www.atlasofpelvicsurgery.com/.../chap2sec13.html

Área doadora

Sutura

Área doadora

Sutura

Figura 11- Demonstração do aspecto da área doadora do enxerto de pele de espessura total e

de sua cicatrização por primeira intenção. Adaptado de:

http://www.scielo.br/img/revista/ibju/v34 n5/5a09f01b.jpg

Sempre que possível, a pele deve ser retirada de uma parte do corpo com

textura, firmeza, cor e quantidade de pêlos semelhantes às do local receptor. A

pele pode ser retirada de qualquer parte do corpo sendo coxas, braços e

glúteos (os locais mais comuns), embora o couro cabeludo e o dorso também

possam ser utilizados. 44

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30

Os enxertos de pele parcial podem ser retirados utilizando-se uma lâmina

simples, como a faca de Blair ou com um dermátomo elétrico (Figura 12), que é

uma lâmina com um rolo projetor ajustável capaz de obter enxertos de várias

espessuras. Os enxertos são geralmente aplicados em forma de placas ou

redes. 45

Figura 12- Dermátomo elétrico (A) e forma de utilização (B).Fonte: http://s-

integra.com/images/productos_gd/dermatozimmer.jpg, Adaptado de: A.D.A.M. Medical

Illustration Team

O enxerto de pele colocado sobre a área a ser reparada, recebe

incialmente nutrição por osmose, e gradualmente desenvolvem capilares que

penetram e progressivamente revascularizam o enxerto 45 (Figura 13 e 14).

Figura 13- Enxerto de pele na área a ser reparada. Disponível em: http://www.vetsurgerycentr

al. com/skin_grafts.htm

A B

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31

Figura 14- Representação do contato estreito entre o enxerto de pele e a área receptora, e a

integração do enxerto ao leito. (Arquivo próprio)

Nas primeiras 8 horas, o enxerto apresenta importante adesão. O

preparo do leito receptor e a fixação do enxerto são fatores determinantes na

integração. O leito precisa estar vascularizado e livre de infecção. Uma das

causas de perda do enxerto, é a não adesão por perda de contato entre o leito

e o enxerto, seja por mobilização ou hematomas 46 (Figura 15).

Figura 15- Representação da perda de contato entre o enxerto de pele e a área receptora.

(Arquivo próprio)

A vascularização do enxerto se dá por duas etapas:

Embebição plasmática: após a enxertia, inicia-se a formação de

exsudato de aspecto plasmático sendo absorvido pelo enxerto. Forma-

se uma malha entre o enxerto e o leito receptor, com a função de mantê-

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32

lo em posição. O enxerto é nutrido por este exsudato nas primeiras 48

horas. 46,47 Neste períodos, a nutrição ocorre por dois mecanismos,

sendo (a) os vasos remanescentes no enxerto apresentam-se dilatados

permitindo a entrada de plasma da área receptora para o enxereto, e (b)

pela própria estrutura do colágeno do enxerto, há uma diferença de

pressão osmótica entre esses, propiciando a passagem da área

receptora para o enxerto.

Vascularização: após 48 horas, os condutos vasculares são

estabelecidos na rede de fibrina entre o leito e o enxerto. Há uma

neovascularização entre o quarto e sétimo dia sendo a sistema linfático

restabelecido no quinto dia. 48

Associado a vascularização, a fibrina é infiltrada por fibroblastos que

transforma a adesão feita pela fibrina em uma conexão definitiva de tecido

fibroso. Após 4 dias, com esta conexão finalizada, há uma firmeza no enxerto

que permite o manuseio seguro. 49

No nono dia, o infiltrado começa a ser reabsorvido promovendo a

cicatrização entre o leito e o enxerto. A epiderme começa a apresentar

alterações regenerativas e a derme neoformação vascular. 48 Quanto mais

espesso for o enxerto, mais lenta será a vascularização. 49

4.2 Terapia por Pressão Negativa (TPN)

A terapia de pressão negativa tem sido utilizada para acelerar a

regeneração dérmica por estimular a angiogênese.

O tratamento de feridas deve seguir uma seqüência lógica de

eventos. Deve-se otimizar o microambiente, seja de forma espontânea

utilizando mecanismos intrínsecos do organismo, ou permitindo o sucesso de

intervenções cirúrgicas como a integração de enxertos e retalhos cutâneos.

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33

Esta sequência de eventos caracteriza-se pela remoção do tecido

necrótico, controle do edema, redução do exsudato, diminuição da população

bacteriana e aumento da vascularização no leito da ferida.

Há dezesseis anos, o primeiro paciente portador de ferida complexa foi

tratado com o método a vácuo e desde então o sucesso da utilização de

pressão negativa tem sido atribuído ao controle do edema, redução do número

de colônias de bactérias e aumento do fluxo sanguíneo local. A partir desta

data, estudos têm sido desenvolvidos, com o objetivo de esclarecer o

mecanismo de ação de pressões abaixo da pressão atmosférica no leito da

ferida 50,51

Há disponível no mercado 4 aparelhos que promovem pressão

negativa para tratamento de feridas, sendo (Figuras 16, 17, 18 e 19):

Figura 16- Terapia por Pressão Negativa - VAC® - KCI

®.

Figura 17 – Terapia por Pressão Negativa – SIMEX® - Curatec

®

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34

Figura 18– Terapia por Terapia por Pessão Negativa – Renasys EZ Care® - Smith&Nephew

®

Figura 19 – Terapia por Terapia por Pessão Negativa – WoundAssist® - Huntleigh

®

4.3 Mecanismo de Ação

4.3.1. Força mecânica

Estudos in vitro têm demonstrado que células podem entrar em fase de

mitose e proliferarem-se na presença de fatores de crescimento solúveis.

Porém, não só a presença destes fatores é suficiente para iniciar o ciclo de

proliferação celular. É necessária a existência de estrutura física apropriada,

como presença de matriz extracelular (MEC) normal para suportar as respostas

originadas a partir do estímulo químico dos fatores de crescimento. 52

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35

A força gerada pela pressão negativa aplicada ao leito da ferida, em

conjunto com outros benefícios de sucção, pode substituir a perda de

integridade tissular pela base estrutural exigida para proliferação celular. 52

As proteínas quinase, receptores específicos da membrana celular, ao

perceberem mudanças na conformação do citoesqueleto, traduzem o estímulo

mecânico para o interior da célula por meio da produção de segundo

mensageiro. Este por sua vez, é responsável pela alteração da expressão

genética, mitogênese e aumento da síntese proteica, por exemplo, colágeno. 52

4.3.2. Redução de edema

O edema e a congestão vascular perilesional estão freqüentemente

associados às feridas complexas. A aspiração exercida pela pressão negativa

sobre a ferida é também distribuída aos tecidos adjacentes. Esta força é capaz

de remover o excesso de fluido no espaço intersticial, promovendo desta forma

redução do edema e restabelecimento do fluxo vascular e linfático.52

Assim, a oferta de oxigênio e nutrientes trazidos pelo fluxo sangüíneo e

a retirada de catabólitos pela circulação linfática volta ao funcionamento

normal. 52

4.3.3. Controle do exsudato

Feridas complexas sejam de natureza aguda ou crônica apresentam

altos níveis de enzimas proteolíticas (metaloproteinases) e citocinas

inflamatórias no exsudato produzido. 52

A mesma força de sucção capaz de reduzir o edema e promover efeito

sistêmico, tem sua ação local na aspiração do exsudato removendo as

metaloproteinases e citocinas pró-inflamatórias, responsáveis pela apoptose e

degradação da matriz extra-celular, respectivamente. 52

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36

4.3.4. Fluxo sangüíneo

Estudos realizados no tecido adjacente às feridas demonstram

aumento localizado de fluido intersticial, comprometimento mecânico da

microcirculação e do sistema linfático regional.52

Poucos ainda são os estudos relativos à pressão negativa e fluxo

sanguíneo 53, através de ultrasonografia Doppler, utilizou cinco porcos nos

quais foram feitas feridas circulares no dorso, estas regiões submetidas a

aumento gradual de 25 mmHg a cada 15 minutos, para avaliar a velocidade do

fluxo sanguíneo. 52

O resultado do estudo mostrou que o fluxo sanguíneo ao redor das

feridas aumenta gradativamente, quanto maior a intensidade da força aplicada

maior é a velocidade de fluxo, com a pressão de 125 mmHg. E em pressões

com valores iguais ou superiores a - 400 mmHg, verificou-se diminuição do

fluxo sangüíneo abaixo do valor basal.

A pressão negativa promove aumento tanto de componentes

vasodilatadores quanto vasoconstritores, todavia a vasoconstrição é

compensada pela vasodilatação, visto ocorrer um aumento do fluxo sanguíneo

no local. 52

4.3.5. Tecido de granulação

O tecido que preenche a ferida é denominado de tecido de granulação,

sendo uma mistura de pequenos vasos sanguíneos e tecidos conectivos no

leito da ferida. Essa estrutura forma uma matriz rica em nutrientes importantes

para o crescimento celular no leito da ferida. 52

Sabe-se que lesões causadas por queimaduras são complexas e

demandam intervenção ativa, visto a gravidade e a necessidade de reabilitação

dos pacientes. Existem diversos produtos utilizados no tratamento das

queimaduras, de pomadas a base de prata à coberturas biológicas. Como

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descrito, a TPN é uma terapia relativamente nova quando comparada com as

demais possibilidades de tratamento, e não é todo o serviço de saúde que

possui esta alternativa como terapia para tratamento de queimaduras.

As publicações com metodologias do tipo ensaio clínicas que utilizam

TPN em queimados são restritas, assim o objetivo deste estudo é investigar a

eficácia de TPN em queimaduras, e se esta terapia pode ser indicada nestas

com benefícios para a cicatrização.

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5. OBJETIVO

Buscar as evidências científicas da utilização terapia de pressão

negativa no preparo do leito de feridas traumáticas por queimadura.

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6. MATERIAL E MÉTODO

6.1 Tipo de estudo

Trata-se de um estudo de revisão sistemática da literatura científica

acerca do uso da terapia de pressão negativa no preparo do leito de feridas por

queimaduras, segundo a metodologia Cochrane.

6.2 Questão do estudo

Quais as evidências da utilização tópica de terapia de pressão no

preparo do leito de feridas por queimaduras?

6.3 Local do estudo

O estudo será realizado por meio de busca eletrônica nas bases de

dados, sendo utilizada a Biblioteca da Universidade.

6.4 Amostra

A amostra será constituída de artigos de científicos publicados sobre o

uso da terapia de pressão negativa para preparo do leito de feridas por

queimaduras, indexados nas bases de dados: Cochrane, Lilacs, Cinahl,

Embase e Medline/Pubmed, até o ano de 2012.

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6.4.1 Critérios de inclusão

Os critérios estabelecidos para nortear a inclusão dos artigos são:

Artigos publicados, disponíveis na íntegra, independente da

metodologia;

Artigos publicados nos idiomas português, inglês e espanhol;

Artigos que descrevam a utilização da terapia de pressão negativa em

feridas por queimadura.

6.4.2 Critérios de exclusão

Para a exclusão, foram estabelecidos os seguintes critérios:

Estudos que utilizem a terapia de pressão negativa para preparo do leito

que de feridas traumáticas de outra etiologia;

Estudos não publicados.

6.5 Coleta de Dados

A coleta de dados foi realizada no 1º semestre de 2012, por meio de

busca eletrônica (internet), sendo consultadas as bases de dados previamente

estabelecida. Para a estratégia de busca, utilizou-se a estratégia PICO54,

sendo: P= population (população, história clínica, paciente), I= intervention

(indicador ou intervenção), C= comparison (controle ou comparação) e O=

outcome (resultado ou desfecho clínico). Aplicando esta estratégia, considerou-

se os seguintes descritores indexados (Quadro 3):

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Quadro 3- Descritores utilizados para a busca segundo MeSH/DeCS, e descritores não

indexados.

Idioma P (paciente) I (intervenção) C (comparação) O (desfecho)

Português Queimadura

Tratamento de ferimentos com

pressão negativa

OR

Terapia de pressão negativa

x Cicatrização

Inglês Burns

Negative-pressure wound therapy

OR

Vacuum-assited

x Wound healing

Espanhol Quemadura

Terapia de presión negativa para

heridas

OR

Presión negativa

x Cicatrización de

heridas

Foi elaborado um instrumento de coleta de dados para facilitar o registro

dos dados publicados.

6.5.1 Instrumento de coleta de dados

Os dados foram registrados meio de um instrumento de coleta específico

(Apêndice A). Este é composto de: dados referente ao periódico (ano, volume,

número, idioma original, país, revista), ao pesquisador (nome, profissão e local

de atuação), e ao estudo (título, ano, amostra, metodologia, resultados e

conclusão).

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42

6.6 Desenvolvimento do Estudo

Foi realizada uma busca eletrônica nas bases de dados Cochrane,

Lilacs, Cinahl, Embase e Medline/Pubmed utilizando descritores indexados e

não indexados para assegurar de que todos os artigos possíveis fossem

recuperados.

Após realizada a busca, foi lido o título e o resumo dos artigos

recuperados por cada uma delas, sendo excluídos ou selecionados para a

leitura na íntegra de acordo com os critério de inclusão e exclusão. O principal

foco desta etapa foi identificar no título e/ou resumo se o artigo referia-se a

“queimaduras” e “terapia de pressão negativa” (independente da indicação do

uso da terapia por pressão negativa).

Após esta etapa, os artigos selecionados foram lidos na íntegra para

verificar se seriam incluídos no estudo, de acordo com os critérios de inclusão

e exclusão.

Os artigos incluídos, foram separados de acordo com a metodologia de

cada estudo, e tabulados as demais variáveis dos artigos, como ano, autor,

país, revista, etc.

6.7 Análise dos dados

Os artigos forma analisados em quatro etapas: (a) caracterização dos

processos de seleção dos estudos- onde foram analisados os dados referentes

ao número total de estudos recuperados por base de dados, e aqueles que

forma incluídos na revisão; (b) caracterização dos estudos incluídos- onde os

dados referentes ao estudo foram analisados; (c) avaliação da qualidade e da

evidência dos estudos incluídos- análise da evidência segundo proposto por

Nobre e Bernardo (2006) 55, e Escala de qualidade de Jadad 56 (para ensaios

clínicos randomizados).

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A avaliação do nível de recomendação dos estudos foi realizada

segundo os seguintes critérios (Quadro 4):

Quadro 4- Graus de recomendação e níveis de evidência dos estudos terapêuticos

em função do desenho de pesquisa.

Grau de

recomendação

Nível de

evidência Estudos terapêuticos

A

1a

1b

1c

-Revisão sistemática (com homogeneidade) de ensaios clínicos

controlados e randomizados.

-Ensaio clínico controlado e randomizado com intervalo de

confiança estreito.

-Resultados terapêuticos do tipo “tudo ou nada”.

B

2a

2b

2c

3a

-Revisão sistemática (com homogeneidade) de estudos de coorte.

-Estudos de coorte (incluindo ensaio clínico randomizado de menor

qualidade)

-Estudo observacional de resultados terapêuticos (outcome

research) e estudos ecológicos.

-Revisão sistemática (com homogeneidade) de estudos caso-

controle.

C 4 -Relato de caso (incluindo coorte ou caso controle de menor

qualidade)

D 5 -Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos,

estudos fisiológicos, com materiais biológicos ou modelos animais.

FONTE: Nobre e Bernardo (2006)55

.

A avaliação da validade interna dos ensaios clínicos randomizados pode

ser norteada por meio da Escala de Jadad, a qual avalia a descrição do autor

quanto ao método de randomização e cegamento, bem como a descrição das

perdas ou exclusões dos sujeitos. O escore da Escala de Jadad pode variar de

0 a 5 pontos, sendo: (a) o estudo recebe 1 ponto para cada uma das

condições- randomizado, cegado ou exclusões atendidas, e 0 para as não

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atendidas; (b) recebe 1 ponto adicional se o método de randomização for

descrito e apropriado e se o método de cegamento (duplo-cego) for descrito e

apropriado; (c) perde 1 ponto adicional se o método de randomização for

descrito e inapropriado e se o método de cegamento (duplo-cego) for descrito e

inapropriado.

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7. RESULTADOS

Foram recuperados 327 artigos segundo a estratégia de busca, e deste,

15 foram incluídos segundo os critérios de inclusão, conforme tabela 2:

Tabela 2- Artigos recuperados segundo as bases de dados.

Base de Dados

Nº estudos Recuperados

Pré-selecionados

Excluídos Incluídos

PubMed/MEDLINE 98 39 24 14

CINAHL 56 10 1 9

EMBASE 71 16 8 8

LILACS 76 2 0 0

COCHRANE 26 2 1 1

TOTAL 327 48** 32 15

**Há artigos repetidos nas bases de dados. No total, foram lidos 48 artigos na

íntegra.

A base de dados que recuperou o maior número de artigos foi a

PubMed/MEDLINE com 93,3% dos estudos, seguida pela CINAHL com 60,0%,

EMBASE com 53,3% e COCHRANE com 6,6%.

Muitos estudos se repetiram entre as bases de dados eletrônicas e

alguns estudos foram citados mais de uma vez na mesma base de dados.

Do total de publicações recuperadas, 48 foram pré-selecionadas para a

leitura na íntegra, e após, apenas 15 foram incluídos no estudo para uma

análise mais criteriosa, sendo descritos no Quadro 4.

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Quadro 4- Estudos incluídos para a revisão sistemática, segundo os dados de

publicação.

Nº Autor

principal Título Fonte Origem Ano

32 Kamolz LP Use of subatmospheric pressure therapy to prevent burn wound progression in human: first experience.

Burns Austria 2004

25 Nugent N Vacuum-assisted closure: a management option for the burns patients with exposed bone.

Burns Irlanda 2005

52 Schintler M The use of topical negative pressure in a paediatric patient with extensive burns.

Burns Austria 2005

21 Argenta LC Vacuum-assisted closure: state of clinic art. Plast Reconstr Surg

EUA 2006

22 Morykwas MJ

Vacuum-assisted closure: state of basic research and physiologic foundation.

Plast Reconstr Surg

EUA 2006

23 Parrett BM Fourth-degree burns to the lower extremity with exposed tendon and bone: a ten year experience.

J Burn Care Res

EUA 2006

10 Koehler C Wound therapy using the vacuum-assisted closure device: clinical experience with novel indications.

J Trauma Suiça 2008

7 Psoinos CM Use of gauze-based negative pressure wound therapy in a pediatric burn patient.

J Pediatric Surg

EUA 2009

11 Foo A The hand-in-gloves technique: vacuum-assisted closure dressing for multiple finger wounds.

J Plast Reconstr

Aesthetic Surg Singapura 2009

17 Weinand C The vacuum-assisted closure (VAC) devide for hastened attachment of a superficial inferior-epigastric flap to third-degree burns on hand and fingers.

J Burn Care Res

EUA 2009

51 Edwards J Managing skin grafts with TNP and Wound Assist®. Wound Care Inglaterra 2009

3 Si Jack Chong

Use of multiple VAC devices in the management of extensive burns: the total boby wrap concept.

Burns Singapura 2010

44 Wasiak J Topical negative pressure (TNP) for partial thickness burns: review.

The Cochrane Library

Australia 2010

2 Krug E Evidence-based recommendations for the use of negative pressure wound therapy in traumatic wounds and reconstructive surgery: steps towards na international consensus.

Injury Int J Care Injured

Alemanha 2011

45 Petkar KS A prospective randomized controlled trial comparing negative pressure dressing and conventional dressing methods on split-thickness skin grafts in burned patiets.

Burns India 2011

Embora as origens das publicações sejam diversificadas, 5 (33,3%)

dos artigos tem como país de origem os Estados Unidos. Em relação ao

periódico publicado, a revista “Burns” possui também 5 (33,3%) artigos,

seguido da “Plastic Reconstructive Surgery” e “Journal of Burn Care &

Research “com 2 (13,3%) artigos cada.

Quanto ao ano de publicação, os estudos foram publicados de 2004 a

2011, sendo que em 2009 ouve o maior número de publicações com 5 (33,3%)

artigos.

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Em relação ao tipo de estudo de cada artigo, percebe-se que a maioria

das publicações (40%) são do tipo “relato de caso”, ou seja, descrevem a

utilização da terapia de pressão negativa em 01 paciente. Nos estudos do tipo

“série de casos”, o E23 descreve as aplicações da terapia retrospectivamente

em 21 pacientes com queimaduras de 4º grau, e o E25 e E51 descrevem 3

pacientes cada (Tabela 3).

Tabela 3- Distribuição dos estudos incluídos na revisão sistemática segundo o tipo

de estudo.

Tipo de estudo Nº do estudo Total

N %

Ensaio clínico randomizado E45 1 6,7

Ensaio clínico não controlado E32 1 6,7

Série de casos E23, E25, E51 3 20,0

Revisão E2, E21, E22, E44 4 26,6

Relato de caso E3, E7, E10, E11, E17, E52 6 40,0

TOTAL 15 100

Dentre os 15 artigos, 5 utilizaram a TNP antes da enxertia e 7 sob o

enxerto para promover a integração ao leito, sendo que o E25 descreve a

utilização antes e depois do enxerto (Tabela 4).

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8. DISCUSSÃO

Os enxertos de pele parciais são indicados no tratamento de

queimaduras, e a TPN pode ser aplicada na lesão queimada para preparar o

leito com aumento de granulação e vascularização (facilitando a integração do

enxerto de pele), e/ou após a enxertia parcial com a finalidade de aproximar o

enxerto no leito e promover a integração do mesmo. A perda do enxerto ocorre

devido a hematomas, seromas ou infecção. A aplicação da TPN previne estas

complicações.

Neste estudo, identificou-se que 33,3% dos artigos incluídos utilizaram

a TPN para preparar o leito com resultados satisfatórios apesar dos estudos

terem fraca evidência. No relato de caso do E3, o autor cita a utilização da TPN

em 3 pacientes, mas não descreve os casos. O autor enfatiza a técnica de

aplicação da TPN denominada de “sandwich”.

O E11 é um relato de caso que também enfatiza a técnica de aplicação

denominada “em forma de luva”, visto a área queimada ser 3 dedos da mão.

Neste estudo, o autor descreve o caso e relata que mesmo com a utilização da

TPN em forma de luva, o paciente conseguiu manter a mobilidade dos dedos

sem interferir na terapia.

Há um estudo retrospectivo em um centro de queimados que descreve

a utilização da TPN nos últimos 10 nos de atendimento em queimaduras de 4º

grau. Este estudo, E23, relata que foram 21 pacientes atendidos (de 18 a 82

anos, com TBSA de 2 a 90%, sendo 16 casos por fogo) e que a partir do

paciente “14” (primeiro a utilizar a TPN em 2001), todos os demais utilizaram.

Descreve com mais detalhes 3 pacientes (8, 20 e 21- porém não foi utilizado no

paciente 8), relata aumento na granulação e integração do enxerto no paciente

20; no paciente 21 a TPN foi aplicada por 114 dias devido a comorbidades

como diabetes, desnutrição, tabagismo e a não aderência ao tratamento. Foi

realizado retalho apresentando isquemia e infecção do mesmo.

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49

Já o estudo E32 descreve um ensaio clínico com 7 pacientes, onde o

critério de inclusão foi queimadura nas duas mãos e admissão no pronto

socorro em até 6 horas. Foi aplicada a TPN na mão que apresentava lesão

mais grave, e aplicado sulfadiazina na mão contralateral. No dia 2, realizaram

um teste em ambas as mãos onde o aparelho, por meio de cores, identifica as

áreas com mais/menos perfusão, e observou-se que nas mãos com TPN houve

um aumento significativo da perfusão periférica e redução do edema quando

comparado com o grupo controle. Não foi avaliado se o enxerto integrou mais

ou menos, apenas que nas mãos com TPN houve menos necessidade de

enxertia.

O estudo E25 descreve 3 casos, mas com ênfase na possibilidade da

utilização da TPN em queimaduras de 4º grau com exposição óssea. Relata

que nestes casos há necessidade de uma intervenção ativa, e em um dos

casos o paciente possuía diversas comorbidades que impossibilitavam a

cobertura com retalhos, e a TPN permitiu o controle de infecção e evolução

satisfatória da lesão. Descreve a utilização antes da enxertia a após a mesma.

Em relação a utilização da TPN sob o enxerto com a finalidade de

promover a integração, identificou-se 46,6% dos estudos incluídos utilizaram

com esta finalidade.

O estudo E7 e o E52 enfatizam a aplicação de TPN em pacientes

pediátricos, onde o E7 descreve um caso de uma criança de 8 meses com

queimadura em dorso e glúteo e aplicação da TPN sob o enxerto com

integração de 100%, e o E52 uma criança de 6 anos com 40% TBSA em região

de pescoço, tórax e braços. Foi realizado enxertia e posterior aplicação da TPN

com 100% de integração.

Os estudos E10 e E51 descrevem a aplicação de TPN em 3 casos

cada, sendo que no E10 há 2 pacientes com queimadura de 3º grau (37%

TBSA e 25% TBSA) e 1 com fasceíte. Nos casos de lesão por queimadura,

relata a redução do edema, aumento de granulação, controle de infecção,

menor tempo de hospitalização e redução da área de necrose. No E51

descreve 3 casos sem muitos detalhes, citando apenas que são “queimaduras”.

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50

Conclui que houve boa integração do enxerto e que a aplicação da terapia é

fácil com necessidade mínima de treinamento.

Há 1 estudo que descreve a aplicação de TPN pós enxeria de retalho

abdominal, onde o E17 descreve um caso de queimadura em mão, onde esta

foi fixada no abdomem por meio de um retalho abdominal e a TPN aplicada sob

a mão e os dedos, e no 4º pós operatório apresentava 80% de integração.

Em um ensaio clínico com 40 pacientes com necessidade de enxertia

de pele (E45) , descreve a comparação da TPN versus gaze vaselinada nas

lesões, porém são de etiologias diferentes: queimaduras agudas e sub-agudas,

úlceras crônicas devido a queimadura há mais de 3 meses, excisão de

cicatrizes e dermoabrasão. Em uma tabela o autor descreve que dos 40

pacientes, 17 são queimaduras agudas (sendo 8 utilizando a TPN e 9 gaze

vaselinada), mas ao descrever os resultados não separa esta categoria.

Descreve apenas que no grupo dos 21 pacientes com TPN houve melhora na

integração do enxerto com redução do tempo (p<0,001), impossibilitando

identificar o real benefício em queimaduras.

Nesta revisão sistemática, identificou 4 (26,6% )artigos de revisão

sobre a utilização da TPN, onde os estudos E2 e E22 tem como objetivo

identificar a aplicação em feridas, independente da etiologia e descrevem a

aplicação da TPN em lesões causadas por queimaduras. E o estudo E22,

objetiva a revisão da TPN desde sua descoberta, também citando a

queimadura como lesão passível de tratamento pela TPN.

Estas 3 revisões citam que um dos tipos de feridas onde a TPN pode

ser indicada é a lesão causada por queimadura, apesar de enfatizarem mais as

feridas traumáticas de outras etiologias e as feridas crônicas.

E a quarta revisão (E44), trata-se de uma revisão sistemática segundo

as recomendações da Cochrane Collaboration (e publicada pela Cochrane em

2010), com o objetivo de avaliar as evidências do tratamento das queimaduras

de espessura parcial com a TPN. Conclui que não há evidência que comprove

sua eficácia devido a ausência de estudos de forte evidência e com análises

estatísticas.

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9. CONCLUSÃO

Com o desenvolvimento desta revisão sistemática sobre a eficácia da

TPN no preparo de leito de lesões causadas por queimaduras, bem como a

promoção da integração do enxerto de pele parcial nestas lesões, conclui-se

que não há evidência científica sobre os benefícios da TPN em queimados.

Foi identificado apenas um ensaio clínico randomizado (E45), mas o

mesmo não trata as queimaduras de uma forma diferente, os autores aplicam a

TPN em feridas de diversas etiologias e no momento da análise tabulam todas

como se fossem semelhantes.

Assim, ainda há necessidade de novos estudos clínicos randomizados

sobre a TPN em queimados para que esta possa ser uma recomendação (ou

não) no tratamento destas feridas.

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APÊNDICE A

Nº do artigo:________ Fonte consultada:_______

1. Título: ____________________________________________________

2. Autores: ___________________________________________________

3. Revista/ref:_______________________________Ano: ______________

4. País do autor principal: _________________

5. Tipo de estudo: ____________________________________________

6. Objetivo: __________________________________________________

__________________________________________________________

__________________________________________________________

7. Amostra: __________________________________________________

8. Metodologia: _______________________________________________

__________________________________________________________

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9. Resultados: ________________________________________________

__________________________________________________________

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10. Conclusão: ________________________________________________

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