mediação-apropriação jesúsbarbero

Upload: anacarolinaarenhardttomaz

Post on 08-Jul-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/19/2019 mediação-apropriação jesúsbarbero.

    1/10

    150Revista Novos Olhares - Vol.3 N.2

     A Tradição dos Estudos

    Culturais na Perspectiva

    das Contribuições

    Latino-americanas

    Ana Carolina Rocha Pessôa

    Temer

    Docente do PPG da Faculdade deInformação e Comunicação – FIC-UFG.Doutora e Mestre em ComunicaçãoSocial pela UMESP. DiretoraRegional Centro Oeste da Intercom.Coordenadora do GT Estudios dePeriodismo da ALAIC. Publicações: Paraentender as Teorias da Comunicação( 2013) e A televisão em buscada interavidade (2009). E-mail:[email protected]

    Marcia Perencin Tondato

    Docente do PPGCom-ESPM. Doutoraem Comunicação pela ECA-USP (2004),Mestre em Comunicação pela UMESP(1998). Pesquisadora do OBITEL.Membro da Rede CRICC - South AfricanCrical Research in Consumer CultureNetwork. Publicações: A telenovela nasrelações de Comunicação e Consumo(org.) (2013); Mulheres do Sol e daLua (2012); A televisão em busca dainteravidade (2009). Pós-doutorandana UnB. Email: [email protected]

    Resumo: este argo é uma reexão sobre os vínculos dos Estudos Culturais comabordagens dos estudos sobre mídia massiva na América Lana, cuja base está napercepção sobre como as mídias arculam conteúdo e recepção por meio de uma

    estrutura técnica-tecnológica que atravessa a imaterialidade daqueles conteúdos,e que interferem na questão da cultura e nas relações entre o homem e seuambiente social. Trata-se de um olhar sobre a importância dos Estudos Culturaise do conceito de Cultura nos estudos comunicacionais sobre uma sociedadecaracterizada pelo uso intensivo da tecnologia que amplia e acelera a circulaçãode informações sem, entretanto, promover grandes avanços de inclusão social ecultural. Fazemos uma retrospecva da origem dos Estudos Culturais conforme foiapreendida na região na interface com as contribuições do estudo das Mediaçõesde Marn-Barbero e a Folkcomunicação.

    Palavras-chave: Estudos Culturais; Marn-Barbero; Folkcomunicação; Cultura.

    Title: The Tradion of Cultural Studies from the Perspecve of the Lan

    American Contribuons

    Abstract:  this arcle brings a discussion on Birmingham Cultural Studies asan approaching to the mass media studies in the Lan America, based on thepercepon of how media arculate content and recepon through a technological-technical structure that crosses the immateriality of such contents, and thatinterfere in culture and in the relaons between man/woman and his/her socialenvironment. Here we present a view on the importance of the Cultural Studiesas well as the concept of Culture in the communicaon studies about a societycharacterized by the intensive use of technology that enlarges and accelerates

    informaon circulaon, however, without promong great advancement of socialand cultural inclusion. We do a retrospect on the origin of the Cultural Studies asthey were apprehended in the region in the interface with the mediaons theoryby Marn-Barbero as well as the Folk Communicaon approach.

    Keywords: Cultural Studies; Marn-Barbero; Folk Communicaon; Culture.

    Introdução

    Ainda que tenha despertado a atenção dos estudiosos desde a Grécia Clássica, osestudos da comunicação ainda suscitam problemazações complexas, sobretudoligadas aos aspectos materiais e imateriais, ou ainda à compreensão de quemesmo nascendo da percepção humana, da capacidade imaterial de arcularsignos, uma ação só se concreza por meio de um suporte material, ou seja, aparr de delineamentos e contextos socioculturais únicos, que determinam

  • 8/19/2019 mediação-apropriação jesúsbarbero.

    2/10

    151Revista Novos Olhares - Vol.3 N.2

    não apenas a sua apreensão, mas também o olhar lançado para a compreensãocienco-acadêmica dos processos comunicavos.

    Comunicação, nessa perspecva problemazadora, é uma avidade sensorialque se desenvolve a parr da coleta de informações de diferentes partes doambiente, e diferentes partes do corpo, ocorrendo o restabelecimento destainformação na forma de representações que possam ser percebidas no mundosico de outro/outros indivíduo(s), que reprocessam/re-signicam a mesma e, aparr disso, reagem intelectual ou sicamente.

    Os estudos da comunicação têm como objeto teórico a própria comunicação – conceito desenvolvido no interior desses estudos em um processo que, sendoauto-referente1, também é dinâmico, pois sofre um deslocamento espaço-tempo.Por estar ao mesmo tempo no mundo das ideias e no mundo sico, delimitar oslimites da comunicação, enquanto um domínio ou campo de um conhecimento oumesmo enquanto objeto de estudo acadêmico, envolve algumas considerações.

    Desta forma, embora os estudos sobre a comunicação (ou sobre os processoscomunicavos) estejam relacionados com a Filosoa e a Sociologia, além de

    ligações conceituais e metodológicas com a Antropologia e a Psicologia, seucaráter ao mesmo tempo uido e real e a origem interdisciplinar dos primeirosestudos sobre a questão implicou em uma dispersão cogniva que possibilitoudiferentes caminhos de desenvolvimento.

    De fato, se considerarmos os estudos fundadores desta área na modernidade,cujo marco foi os trabalhos pioneiros da Escola de Chicago no início do séculoXX, a preocupação com a centralidade que as mídias têm assumido nas relaçõessociais, uma situação à qual atualmente soma-se a presença dos meios digitais edas redes sociais, tem sido analisada a parr de diferentes olhares.

    Não é surpreendente, portanto, que diferentes grupos de pensadores, a parr

    do contexto socioeconômico em que os processos de comunicação, únicos em simesmos se desenvolveram, tenham criado seus próprios estatutos e deniçõesde comunicação, suas Teorias da comunicação, delineando, de acordo com umafundamentação teórica oportuna, uma epistemologia própria.

    Na realidade brasileira, em que o próprio surgimento da imprensa (e,consequentemente, dos meios de comunicação) foi intencionalmente retardadopelas posturas polícas coloniais adotadas pelo colonizador português,também o Estudo sobre a Comunicação cresce e toma forma anos depois doseu desenvolvimento nos Estados Unidos e Europa. Logo, os pesquisadoresque se iniciaram nesta área cedo tomaram conhecimento de abordagens

    diferenciadas, escolas, linhas de pensamento e saberes diversos, constuídospor conceitos e visões de mundo homogêneas. Ocorre que estes pesquisadoresnão eram depositários vazios de conhecimento e, além de ulizarem os conceitosfundamentais das escolas ou linhas de pensamento longe da realidade em que foidesenvolvida, criando novas interpretações e conceitos em relação a estas escolas,eventualmente a elas acrescentaram sua própria percepção da comunicação, nãoraro criando uma “corrente alternava” para estes estudos.

    Nesse processo foram fundamentais também as condições estruturais doconnente “abaixo do Rio Grande”, a relação desigual do acesso ao trabalho eda obtenção de renda, a resistência (muitas vezes silenciosa) das culturas navase/ou marginais, e da necessidade de transformar indivíduos não inseridos nosprocessos produvos capitalistas em trabalhadores e consumidores.

    É a parr desta percepção que os estudos centrados na questão da culturaganham força na America Lana e no Brasil, voltados para a percepção de que acultura não existe na sua forma singular, pois se trata de uma realidade múlpla,

    1 Também a sociologia, cujo objeto é osocial, a sociedade, é auto-referenciada,uma vez que foi a própria sociologia quedeniu o conceito de sociedade.

    ARTIGOS | A Tradição dos Estudos Culturais na Perspecva das Contribuições Lano-americanas

  • 8/19/2019 mediação-apropriação jesúsbarbero.

    3/10

    152Revista Novos Olhares - Vol.3 N.2

    na qual conhecimentos e valores sobrepõem-se e se entrelaçam, exigindo umolhar diferenciado para a sua compreensão. Um olhar cuja adoção se deu a parraspectos especícos, que devem ser analisados não só de forma comparavaao próprio desenvolvimento dos Estudos Culturais em outras localidades, mastambém com mais especicidade e aprofundamento.

    Estudos Culturais – histórico e caracteríscas

    A centralidade do receptor como construtor do sendo da mensagem nunca foicompletamente aceita nos primeiros estudos sobre comunicação de massa, umaquestão delineada nas abordagens iniciais do que hoje chamamos Escola de Chicago,mas que foi colocada em segundo plano nos estudos desenvolvidos na América doNorte na primeira metade do século XX. Curiosamente, como um reverso da mesmamoeda, também os frankfuranos adotaram uma posição de desprezo pela capacidadecríca do receptor em selecionar e reelaborar o conteúdo dos meios massivos.

    A centralidade do receptor como construtor do sendo só se torna um temacentral a parr da década de 1960, no Centre of Cultural Contemporary Studies,ligado à Universidade de Birmingham. Estes estudos delimitaram um novo

    paradigma de pesquisa que, ao mesmo tempo em que revia as posições crícasfrankfuranas e a perspecva estruturalista dos estudos franceses, se opunha aoparadigma funcionalista norte americano. Desta forma:

    os Estudos Culturais surgem como consequência do esforço de algunsinvesgadores ingleses em romper com a perspecva behaviorista caracteríscada Sociologia da Comunicação, que vê a inuência dos meios como ummecanismo de esmulo e resposta. Eles recusam tanto uma concepção daaudiência como passiva e indiferenciada quanto a noção de que os textosmidiácos são portadores de um sendo transparente. (GOMES, 2007: 167)

    Os Estudos Culturais buscaram nos autores neomarxistas a noção de que a culturanão é diretamente dependente das relações econômicas, mas inuenciada porelas, entendendo que a Comunicação tem um sendo ideológico compreensívelsomente por meio do estudo dos receptores. Uma nova abordagem que tevecomo aspecto inicial a constatação de alteração dos valores tradicionais daclasse operária inglesa, e que nha como objevo confesso estudar a relaçãoentre a sociedade e as mudanças sociais, observando as avidades prácase as instuições culturais de indivíduos e grupos sociais e suas relações com asociedade e a transformação da cultura.

    As bases teóricas da perspecva marxista dos Estudos Culturais têm como princípio a

    valorização de aspectos históricos, recorrendo aos conceitos de autores neomarxistas(Louis Althusser, Pierre Bourdieu, Mikhail Bakhn, Jean Paul Sartre, Lucien Goldman eAntonio Gramsci, entre outros). A parr desta base, se fundamentam na tese de que odesenvolvimento do capitalismo e o esquema industrial de produção de bens culturaissão fatores que têm um efeito pernicioso sobre as formas culturais tradicionais, seja acultura acadêmica ou da elite, seja a cultura popular.

    Uma vez que o desenvolvimento do capitalismo e o esquema industrial deprodução de bens culturais têm este efeito, o ponto fundamental dos EstudosCulturais é o estudo da cultura “própria da sociedade contemporânea”,caracterizada pela produção industrial, disnguindo os aspectos da vida sociale cultural mais relevantes e a relação entre consumidor e objeto de consumo,

    além das maneiras como os diferentes grupos reagem às “intervenções” dacultura dominante. Isso visto como “um campo de análise conceptual relevante,pernente e teoricamente fundamentado”, preocupado com “as relações entrelinguagem e ideologia” (WOLF, 1987: 94).

    ARTIGOS | A Tradição dos Estudos Culturais na Perspecva das Contribuições Lano-americanas

  • 8/19/2019 mediação-apropriação jesúsbarbero.

    4/10

    153Revista Novos Olhares - Vol.3 N.2

    Assim, os Estudos Culturais partem da análise sobre “como os sujeitos empíricosnegociavam os sendos ideológicos das mensagens e resisam aos seus apelos”(GOMES, 2007: 196), entendendo os meios como elementos avos da estruturasocial, e buscando compreender o papel dos produtos culturais industrializadosna construção da idendade, além de serem os meios de comunicação de massaelementos avos da estrutura social, que só podem ser interpretados por meiode estudos sobre seus efeitos no público. Nos estudos ligados especicamente àquestão da comunicação cresce o interesse pela reexão sobre o papel dos meiosde comunicação na construção da idendade - do grupo, do gênero2, da nação, dacomunidade ou do indivíduo - e o uso de produtos (inclusive produtos culturais)nas diferentes etapas dessa sua construção.

    A parr disso foram desenvolvidos trabalhos sobre a produção dos meios decomunicação dentro de um sistema complexo de prácas dominantes para aelaboração da cultura e da imagem da realidade social, e estudos sobre o consumoda comunicação de massa enquanto espaço de negociação, lugar de prácasdiferenciadas, armando a condição do receptor como sujeito avo. Nestaperspecva, são desenvolvidos principalmente estudos de recepção com basesetnográcas – etnograas de audiência e etnograas da produção da mídia – com as

    descobertas analisadas no contexto de mudanças nas estruturas internacionais demídia e nas culturas codianas que a mídia ajuda a nutrir (DROTNER, 1997: 185).

    No âmbito da audiência, grupos minoritários são o principal objeto empírico destalinha de estudo, focalizando de forma mais radical a questão da capacidade de ação/reação dos grupos sociais a parr da década de 1990. Também são objeto de estudoas relações de poder dentro do espaço domésco e os processos que determinamtomadas de decisão e a questão da absorção das novas tecnologias pelos diferentesgrupos étnicos e sociais. No âmbito conceitual, os aportes têm origem em áreasdiversas: media studies, teorias da linguagem, subjevidade, literatura, e sociedade,entre outras. A eleição da etnograa para o estudo dos fenômenos de interesse,

    entretanto, é absorvida de forma diferente pelos pesquisadores, com posições denegação total até defesas apontando que o importante “é responder as questões depesquisa”. Junto aos mais resistentes encontramos posições argumentando que “oque fazem em comunicação não é etnograa”.

    O argumento central dos “opositores” pode ser sintezado no que Durham (1997: 26)diz sobre a intensicação da parcipação dos invesgadores que reduz a pesquisa àdenúncia e transforma o pesquisador em porta-voz do grupo e, como consequência,elimina um dos aspectos importantes da pesquisa parcipante, que é o estranhamentocomo forma de compreender o outro. Os quesonamentos fundamentam-se tambémna fragilidade dos “compromissos teóricos que cada método supõe”, e no indisfarçadopragmasmo (eventualmente confundido com polização) que faz com que o

    interesse dos estudos concentre-se na relevância do tema estudado e na forma como oinvesgador nele se engaja, sendo “o critério para avaliar as pesquisas principalmentesua capacidade de fotografar a realidade vivida” (CARDOSO, 1997: 95).

    O uso da etnograa e de métodos qualitavos é apontado como um avançoteórico-metodológico, pois permite arcular categorias de análise idencadasteoricamente, ligando o espaço empírico entre texto e audiência. (GOMES, 2007;DROTNER, 1997): “os etnógrafos de mídia situam suas análises dentro de umaestrutura mais ampla das vidas codianas”, enquanto “os pesquisadores derecepção se concentram em uma situação imediata de decodicação” (DROTNER,1997: 175). Diferenciação a que se refere Gomes (2007: 169) quando crica

    os procedimentos dos estudos de recepção que percebe na pesquisa empíricaqualitava de audiência modos de se conhecer a audiência, e não uma capacidadereal de compreender os processos recepvos.

    Na práca, podemos dizer que os procedimentos idencados por Drotner (1997:175) junto à “maioria dos etnógrafos de mídia anglo-americanos” se repete no

    2Gênero aqui entendido no sendosociológico e ligado a questão daidendade sexual: o masculino, o feminino,grupos homossexuais, travess, etc.

    ARTIGOS | A Tradição dos Estudos Culturais na Perspecva das Contribuições Lano-americanas

  • 8/19/2019 mediação-apropriação jesúsbarbero.

    5/10

    154Revista Novos Olhares - Vol.3 N.2

    contexto brasileiro, ou seja, “fazem observação parcipante por um curto períodode tempo e regularmente combinam isto com entrevistas em profundidade epossivelmente diários mandos pelos informantes”.

    Tendo em vista que a base analíca de abordagem para compreensão do processocomunicacional deve possibilitar responder sobre a construção do signicado:pelos produtores, pelo texto ou pela audiência, tendo denido como contextoanalíco a situação real de decodicação ou suas ramicações mais abrangentes, apesquisadora dinamarquesa salienta que “os estudos etnográcos de mídia devemser uma alternava epistemológica a outras formas de estudos qualitavos e não suaextensão” (DROTNER, 1997: 175). Tal abordagem deve ter como “ponto de pardaanalíco um grupo especíco de pessoas, não um po especíco de meio”. Comogrupo são denidos os usuários de mídia, tanto como receptores quanto comoprodutores de comunicação mediada que devem ser acompanhados a diferenteslugares por um período de tempo que permita “a desnaturalização dos preconceitose seu enquadramento em novos padrões culturais” (DROTNER, 1997: 176).

    Um conceito de Cultura

    Cultura e Comunicação são fenômenos indissociáveis e complexos, a cultura é vistacomo um sistema de comunicação, enquanto a comunicação é um processo no qualaquela encontra terreno para seu desenvolvimento. A análise envolve a disnçãoentre a estrutura social e a superestrutura ideológica e políca. Tal concepçãoprevê a análise cultural como o estudo das formas simbólicas como ações, objetose expressões signicavas de vários pos e em relação a contextos e processoshistoricamente especícos e socialmente estruturados dentro dos quais, e pormeio dos quais, são produzidas, transmidas e recebidas essas formas simbólicas.Relações assimétricas de poder, acesso diferenciado a recursos e oportunidades emecanismos instucionalizados de produção, transmissão e recepção constuem-se, neste caso, os aspectos estruturantes destes contextos e processos.

    Os estudos desenvolvidos a parr disso têm como conceito básico a funçãoideológica da mídia – como aparelho de difusão - cujo objevo é a reprodução daordem social dominante. Na grande estrutura social, a imprensa e as empresas decomunicação de massa em geral são meios ecientes de difusão ideológica, poissão rápidas, têm amplo raio de ação e têm potencial de impactos emovos muitomaiores que os possíveis por processos ulizados anteriormente (GRAMSCI, 2001).

    Usando conceitos como o de hegemonia, os pesquisadores que trabalham a parrdo paradigma Culturológico ou Culturalista3, também se aproximaram da AntropologiaCultural e da Análise Estrutural, que são usadas para entender como a cultura de massainterfere nas estruturas sociais e na vida social e domésca de grupos e indivíduos.

    Estes estudos pretendem entender a inuencia dos meios de comunicação emum âmbito sócio antropológico mais abrangente, incluindo a dimensão da cultura.Desse ponto de vista, as mensagens dos meios de comunicação de massa adquiremdiferentes signicados a parr da subjevidade dos diferentes grupos sociais.

    Uma vez que no conceito de Cultura estão englobados quer os signicados e os valores,quer as prácas efevas através das quais esses valores se manifestam, a cultura demassa não pode ser reduzida a um ou a alguns dados essenciais, pois constui-se deum conjunto de símbolos, valores, mitos e imagens que dizem respeito tanto à vidapráca quanto ao imaginário colevo, inseridos no conjunto de cultura, civilização ehistória, interagindo para a denição de uma nova forma de cultura, caracterísca da

    sociedade contemporânea. Ou seja, para os Estudos Culturais a noção de cultura vaialém da ideologia, englobando também ações subjevas e prácas do codiano.

    Resultados de pesquisas a parr deste enfoque apontam que os meios decomunicação de massa não têm uma capacidade de manipulação para provocarmudanças radicais no comportamento do receptor. Isso mostra que na realização e

    3 Os dois termos são denidos porMauro Wolf no livro Teorias daComunicação (1999) que, apesar de

    impresso em Portugal, foi largamenteulizado como texto básico nos Cursosde Comunicação Social no Brasil. Ambosdizem respeito aos Estudos sobre aComunicação que têm como base aquestão da Cultura – o que inclui oschamados Estudos Culturais - e é nestesendo que é ulizado neste texto.

    ARTIGOS | A Tradição dos Estudos Culturais na Perspecva das Contribuições Lano-americanas

  • 8/19/2019 mediação-apropriação jesúsbarbero.

    6/10

    155Revista Novos Olhares - Vol.3 N.2

    reinterpretação da cultura popular não existe apenas submissão, mas também umaforma de resistência à cultura dominante, ponto de vista basilar de Marn-Barbero.

    As contribuições de Jesús Marn-Barbero

    O aporte teórico mais signicavo tendo como ponto central a questão da culturana América Lana está na obra do espanhol naturalizado colombiano, Jesús Marn-Barbero, autor que forneceu os elementos para pensar a recepção a parr das

    mediações. Para Marn-Barbero, a comunicação se desenvolve a parr de cadeiasde relação ou de relacionamento, nas quais as ações dos produtores, produtos ereceptores, propiciam deslocamentos de signicados. Como nos Estudos Culturaiseuropeus, no trabalho deste autor há um deslocamento da questão da produçãoe do conteúdo para aspectos relacionados à recepção, que passa a ser entendidacomo o espaço no qual ocorre uma ressignicação dos sendos sociais.

    As mediações funcionam como elementos de apoio para integração da cultura aosprocessos comunicavos da vida codiana, dando à própria cultura uma dinâmicacomunicava. As mediações dinamizam a cultura, recriando sendos funcionalizadospela comunicação e assim sucessivamente, em uma permanente retroalimentação.

    Desse ponto de vista impossível dissociar comunicação e cultura, uma vez quecomunicação é um processo simultâneo e co-dependente das formações culturais.Assim, seus elementos básicos (emissor, receptor, canal e mensagem) só podem sercompreendidos a parr dos contextos culturais nos quais estão inseridos.

    O sendo da comunicação deixa, então, de constuir-se pelos elementos nelaenvolvidos, mas sim pelos indivíduos que parcipam do processo. Marn-Barbero(1997) apresenta exemplos de ressignicações nas quais o receptor atua a parr deformas de resistência surpreendentes, com a apropriação de signicados imprevistos,e por meio dos quais as classes populares “se vingam” secretamente do que lhes éimposto (MARTÍN-BARBERO, 1997: 318), criando e negociando sendos entre osdiferentes blocos sociais que reconguram e recodicam o próprio produto cultural.

    Ao apontar a interdependência entre a cultura e comunicação, Marn-Barbero secoloca em uma perspecva diferente dos estudos desenvolvidos pela abordageminformacional tradicional, pois valoriza a ação humana de mediação como ponto focaldo sendo dos processos comunicavos. As mediações atuam como elementos deapropriações, recodicações e ressignicações dos receptores, não sendo possívelpensar produção, recepção, meio e mensagem de outra forma a não ser como umprocesso connuo de mediações. Somente por meio do estudo das mediações épossível compreender o intercâmbio entre produção e recepção.

    Do ponto de vista da produção, nestes estudos ca claro que o produto cultural

    não se estrutura apenas a parr das normas técnicas ou de roteiros elaboradospelos produtores, mas envolve também toda uma circulação de informações,ações diárias de relações sociais e de construção de signicados. A produção nãoimpõe signicados, pois a mediação desestabiliza o consenso social, trazendo àtona a contestação, estabelecendo o conito.

    Do contexto da obra de Marn-Barbero ca claro que o autor incorporou osconceitos ulizados por Raymond Williams e em menor escala o arcabouço teóricode Richard Hoggart, especialmente em sua obra paradigmáca - Dos Meios àsMediações - (ESCOSTEGUY, 2006). É possível dizer, portanto, que a abordagemdas Mediações tem uma relação direta com a proposta dos Estudos Culturais eque assume a noção de experiência e de construção do sendo como elementoprincipal da pesquisa em comunicação.

    Na proposta desenvolvida pelo autor, entender a comunicação como processosignica a construção do sendo em cada etapa de mediação, o que inviabilizaa redução da comunicação à cultura ou da cultura à comunicação. É importante

    ARTIGOS | A Tradição dos Estudos Culturais na Perspecva das Contribuições Lano-americanas

  • 8/19/2019 mediação-apropriação jesúsbarbero.

    7/10

    156Revista Novos Olhares - Vol.3 N.2

    destacar, no entanto, que apesar de relevante, a proposta de estudo do autor seenfraquece pelo pouco destaque dado por ele ao conceito de Sendo, além denão se aprofundar na questão de classes sociais, elemento presente desde osprimeiros momentos dos Estudos Culturais.

    A perspecva da Folkcomunicação

    O marco inicial dos estudos de Folkcomunicação ocorre em 1965, quando Beltrão4 

    assume este termo como o processo de intercâmbio de informação e manifestaçõesde opiniões, ideias e atudes de massa através de agentes e meios ligados direta ouindiretamente ao folclore. A Folkcomunicação situa-se entre os estudos sobre folcloree comunicação de massa, entre os resgates da relação entre a cultura popular e asformas comunicacionais massivas, entendendo os processos folkcomunicacionais aíatuando como mediadores entre o emissor e o receptor.

    [...] a linguagem (linguagens) do folclore se nos apresenta como enigmáca,a desaar, num estudo de conjunto, a nossa capacidade de descobrir osegmento semânco codicável, no emaranhado de sons, ritos, movimentos eimagens que o encobrem, constuindo o segmento estéco, não decodicávelracionalmente (BELTRÃO, 2004: 69).

    Para Beltrão, os processos folkcomunicacionais ulizam-se de um mediadorentre o emissor e o receptor, o chamado “líder de opinião”, caracterizando umadiscreta inuência da teoria de Lazarsfeld sobre comunicação em dois tempos.Entretanto, ao aproximar-se do aporte teórico dos Estudos Culturais, os estudoscom base na Folkcomunicação se ampliam para pesquisas sobre a relação entrea comunicação de massa e manifestações da cultura popular, a mediação dasmanifestações populares na recepção de conteúdos da comunicação de massa, aapropriação de aspectos da tradição popular pelos meios de comunicação e, nocaminho inverso, a apropriação pela cultura popular de aspectos da cultura de

    massa, uma perspecva impensável do ponto de vista funcional.

    A Folkcomunicação parte da ideia de que (já) não existe uma população decultura folk  (ou folclórica) totalmente popular, desvinculada da cultura de massada sociedade, da qual faz parte. Ao mesmo tempo, os processos comunicacionaistradicionais, dominados por sociedades/grupos ou nações tecnologicamentemais poderosos, reforçam as desigualdades do mundo atual e interferem nasmanifestações culturais e folclóricas. Tais desigualdades estão intensamentepresentes na América Lana, onde a expansão econômica e comunicacionalpropiciada pelas indústrias culturais não beneciaram de forma igualitária atodas as pessoas. Nesse contexto existem indivíduos e grupos interagindo de

    forma e em graus diferenciados com duas culturas e duas sociedades que nuncase interpenetraram ou fundiram totalmente.

    O cenário lano americano, que soma a convivência de indústrias culturaiseconomicamente poderosas com tradições folclóricas fortemente enraizadas, é, portantoum laboratório de relações sociais a serem compreendidas. Isso posto, os estudospassam então a se centrar em populações rurais marginalizadas e populações urbanassem o pleno acesso ao consumo, grupos de trabalhadores pobres, desempregados,migrantes, minorias raciais e étnicas que se alimentam de sua própria cultura e nela seidencam. O elemento denidor dessa abordagem é a noção de que populações dediferentes padrões culturais parciparam de um processo de permanente interação, eisso connua a ocorrer por meio da ação da comunicação de massa.

    Nesta abordagem, os canais populares atuam como “intermediários” ou“mediadores” entre a elite e as massas, reelaborando e retransmindo mensagens.Seria o caso, por exemplo, de folhetos populares e literatura de cordel 5, quedivulgaram e divulgam assuntos de interesse instucional, como mudanças de

    4 Luiz Beltrão é considerado um

    pioneiro da pesquisa cienca sobreos fenômenos comunicacionaisnas universidades brasileiras. Foifundador do Instuto de Ciências daInformação - ICINFORM, primeirocentro acadêmico nacional de estudosmidiácos, e da primeira revista deciências da comunicação, Comunicações& Problemas (Universidade Católicade Pernambuco, 1963). Considera-seigualmente que este pesquisador é oprimeiro Doutor em Comunicação do

    Brasil, com tulo obdo na Universidadede Brasília-UnB -1967. Portal LuizBeltrão. Cátedra Unesco Metodista daComunicação para o DesenvolvimentoRegional .hp://www2.metodista.br/unesco/luizbeltrao/luizbeltrao.htm.Acesso em 21/03/2014.

    ARTIGOS | A Tradição dos Estudos Culturais na Perspecva das Contribuições Lano-americanas

    5Literatura de Cordel são pequenashistórias ilustradas de forma rudimentarvendidos em feiras populares na regiãonordeste do Brasil.

  • 8/19/2019 mediação-apropriação jesúsbarbero.

    8/10

    157Revista Novos Olhares - Vol.3 N.2

    moeda ou prevenção de doenças. A apropriação destas mensagens por gruposligados à cultura folk  passa por fatores selevos próprios, vinculados a aspectosculturais. Também é objeto de estudo da Folkcomunicação a maneira como acomunicação de massa enfoca, divulga e até mesmo, transforma a cultura  folk ,eslizando e comercializando alguns de seus aspectos.

    Atualmente como temas relevantes das pesquisas com esta abordagem é possívelcitar a comunicação (interpessoal e grupal) ocorrente na cultura folk ; a mediaçãodos canais  folk  para a recepção da comunicação de massas; a apropriação detecnologias da comunicação de massas e o uso dos canais massivos por portadoresda cultura folk ; a presença de traços da cultura de massas absorvidos pela cultura

     folk ; a apropriação de elementos da cultura  folk  pela cultura de massas e pelacultura erudita (projeção do folclore) e a recepção na cultura folk  de elementos desua própria cultura reprocessados pela cultura de massas (BENJAMIN, 1999).

    Conclusão

    Além da análise das Mediações de Marn-Barbero e das abordagens centradasna Folkcomunicação serem exemplares no conjunto de trabalhos desenvolvidos

    na América Lana, o aspecto principal em comum nas duas abordagens é acentralidade da Cultura. Ambas as perspecvas teóricas combinam elementosdiversos da cultura com a comunicação, entendendo que o estudo os meiosmassivos envolve a análise das estruturas de poder.

    Além da óbvia idendade, as perspecvas das Mediações e da Folkcomunicaçãosão conectadas pela interpretação neomarxista do conceito de hegemonia, e pelapercepção das ressignicações populares como uma forma de “resistência” aouxo de conteúdos da cultura industrializada. As abordagens igualmente partem danoção de que os meios de comunicação parcipam da produção e da reprodução daestrutura da sociedade, e são fundamentais para a formação da consciência socialque fundam as estruturas ideológicas essenciais para a coesão social. Também nasduas abordagens, os estudos sobre a comunicação envolvem o dimensionamentode avidades simbólicas invisíveis, que determinam a construção de sendo, quepor sua vez delimitam o entendimento dos discursos e das prácas do poder,orientando a leitura do mundo e das relações sociais, polícas, econômicas, etc.

    No Brasil, inicialmente tanto os estudos das Mediações, quanto da Folkcomunicaçãoe dos Estudos Culturais abandonaram progressivamente a noção de classe,perdendo o enfoque na capacidade de emancipação e interpretação das mensagensdos meios massivos, centralizando-se apenas na questão da recepção na dinâmicasocial ou familiar, sem uma análise do quadro social mais amplo. Embora tenhamacompanhado as tendências internacionais, a compreensão de que estavam se

    afastando da possibilidade de “[...] ajudar a compor o estatuto cienco em seuencontro com a matéria viva e ava da memória, do gesto e da luta” (ALVES, 1997:241), tem levado a uma progressiva retomada desta questão. Contribui para issoas transformações socioeconômicas, inclusive (ou principalmente) nos aspectosrelavos ao consumo dos grupos sociais de menor poder aquisivo, que adentraramcom maior vigor no mundo do consumo de produtos midiácos e bens materiais.Essa movimentação gerou diferentes pos de discursos polícos e comerciais,que destacam e/ou são voltados para a chamada nova classe média - camadas dapopulação que nos úlmos anos ampliaram de forma signicava o seu acesso aosbens materiais, com claras consequências não só nos processos de comercialização,mas também afetando formas tradicionais de produção e de organização social.

    Uma armação feita a parr do entendimento de que produção e consumo sãofaces da mesma moeda, um não exisndo sem o outro.

    Em parte, isso resultante de uma tradição de pesquisa que valoriza resultados,ou seja, do próprio processo de pesquisa que se implantou no país, para o qualo pesquisador é instado por seus vínculos com os órgãos nanciadores – em

    ARTIGOS | A Tradição dos Estudos Culturais na Perspecva das Contribuições Lano-americanas

  • 8/19/2019 mediação-apropriação jesúsbarbero.

    9/10

    158Revista Novos Olhares - Vol.3 N.2

    geral governamentais ou a ele indiretamente ligados – a apresentar resultados“aplicáveis”, ou que resultem na possibilidade de uma intervenção mais explícita,concreta, no cenário sócio-políco. Em parte, um aspecto resultante de umarelava indenição no campo da Comunicação no que diz respeito à denição de“classe” e aos conceitos ligados à Sociologia.

    Nos Estudos Culturais clássicos, a noção de “classe” denia culturas alternavase opositoras das conformistas ou consensuais. Os Estudos Culturais desenvolvidosno Brasil, no entanto, sofrem um progressivo abandono da noção de “classe”(perdendo a questão valorava da capacidade de emancipação e interpretação dasmensagens vindas dos meios de comunicação de massa), de desaparecimento dosocioeconômico em detrimento do cultural, ou seja, não estão presentes nos estudoslano-americanos, e em especial, brasileiros, as análises das relações de propriedadee dos interesses econômicos sobre os quais se sustenta a circulação de informação.Em função disso, têm como foco apenas a questão da recepção midiáca na dinâmicasocial ou familiar, relegando a análise de um quadro social mais amplo.

    Implicitamente com relação aos aspectos acima citados, também contribuia pouca disponibilidade de tempo do pesquisador, a pressa pelos resultados

    e o vínculo da pesquisa com o ensino universitário. Esse conjunto de fatoreseventualmente não permite uma real pesquisa de campo, deixando apenas apossibilidade de uma pesquisa do “po etnográco”, mas não uma etnograareal, que envolva um aprofundamento das relações com os grupos pesquisados.

    O exercício comparavo entre as duas abordagens demonstra também queambas têm como ponto de parda a noção de que para entender os meiosde comunicação é necessário também entender o contexto histórico, social e,sobretudo cultural no qual eles se inserem. Os meios de comunicação são vistoscomo elementos que parcipam da produção e da reprodução da estrutura dasociedade, atuando como elemento básico de uma consciência social sobre a

    qual se fundam as estruturas ideológicas essenciais para a coesão social.Na perspecva dos estudos sobre a comunicação, a recepção implica em elementos

    que vão além do sendo tradicional de cultura, pois envolvem o dimensionamentode avidades simbólicas invisíveis, que determinam a construção de sendo. Aconstrução de sendo atua como forma de delimitação e entendimento que osreceptores fazem dos discursos e das prácas do poder, mas também orientam aprópria leitura do mundo no qual o indivíduo vive e tece as suas relações sociais,polícas, econômicas e muitas outras. Dessa forma estes estudos, “embora tenhamacompanhado os modos de fazer internacionalmente dados, perderam nominaçãopara ajudar a compor o estatuto cienco em seu encontro com a matéria viva eava da memória, do gesto e da luta” (ALVES, 1997: 241).

    Reforçando essa linha de pensamento, é possível observar que os pesquisadoresque trabalham com os conceitos dos Estudos Culturais na América Lana operam aparr de uma idencação mais objeva do seu objeto de análise, eventualmentese apropriando de um discurso de defesa do consumo: consumir cultura seria aprópria celebração desta cultura. Da mesma forma, há um uso maior da retóricano sendo de preencher eventuais lacunas resultantes do que acima comentamosem relação às demandas instucionais, tempo de campo, que possam vir a limitaro desenvolvimento do saber cienco.

    Por m, é importante quesonar até que ponto os estudos propostos pelos

    dois autores lano-americanos citados se inserem na denição de Culturae nos aspectos de entendimento dos processos culturais/sociais propostosoriginalmente pelos Estudos Culturais. Uma análise preliminar permite apontarque tanto a abordagem das Mediações de Marn-Barbero como a propostade estudo centrada na Folkcomunicação são elementos de recriação de umaabordagem teórico-metodológica por si só bastante fecunda, mas que não

    ARTIGOS | A Tradição dos Estudos Culturais na Perspecva das Contribuições Lano-americanas

  • 8/19/2019 mediação-apropriação jesúsbarbero.

    10/10

    159Revista Novos Olhares - Vol.3 N.2

    responde totalmente aos quesonamentos sobre as signicações a que osprodutos culturais são objeto dentro de diferentes grupos sociais. Como certezanal ca a observação de que os Estudos Culturais Lano Americanos consolidama noção de que o tripé conceitual “políca, cultura e comunicação” torna visível acomplexa compleição da sociedade atual.

    Referências Bibliográcas

    ALVES, Luiz Roberto. Uma relação ainda incômoda: os estudos culturais e as culturasbrasileiras. In LOPES, Maria Immacolata Vassalo de. Temas contemporâneos emcomunicação. São Paulo: EDICON, 1997.

    BELTRÃO, Luiz. Folkcomunicação: teoria e metodologia. São Bernardo do Campo:Universidade Metodista de São Paulo, 2004.

    BENJAMIN, Roberto. A nova abrangência da folkcomunicação. Revista PensamentoComunicacional Lano Americano. PCLA. São Bernardo do Campo: Cátedra Lano-

    Americana da Comunicação para o Desenvolvimento/UMESP, Volume 1 - número1: outubro/novembro/dezembro, 1999.

    CARDOSO, Ruth C. L. Aventuras de antropólogos em campo, ou como escapar dasarmadilhas do método. In: CARDOSO, Ruth C. L. (org.) A aventura antropológica –teoria e pesquisa. São Paulo: Paz e Terra, 1997.

    DROTNER, Kirsten. Menos é mais: estudos etnográcos de mídia e seus limites. InLOPES, Maria Immacolata Vassalo de. Temas contemporâneos em comunicação.São Paulo: EDICON, 1997.

    DURHAM, Eunice R. A pesquisa antropológica com populações urbanas: problemas

    e perspecvas. In: CARDOSO, Ruth C. L. (org.) A aventura antropológica – teoria epesquisa. São Paulo: Paz e Terra, 1997.

    ESCOSTEGUY Ana Carolina. D. Os estudos culturais em debate. UNIrevista. SãoLeopoldo (RS): Unisinos/Alaic. Vol. 1, n° 3, julho/2006.

    GOMES, Itania Maria Mota.  A noção de gênero televisivo como estratégia deinteração: o diálogo entre os Cultural Studies e os Estudos da Linguagem. In:MARTINO e FERREIRA. Teorias da Comunicação. Salvador: EDUFBA, 2007.

    GRAMSCI, Antonio. Cadernos do cárcere. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.

    MARTÍN-BARBERO, Jesús. Dos meios às mediações: comunicação, cultura ehegemonia. Rio de Janeiro: UFRJ, 1997.

    WOLF, Mauro. Teorias da comunicação. 5ºed. Lisboa: Presença, 1999.

    ARTIGOS | A Tradição dos Estudos Culturais na Perspecva das Contribuições Lano-americanas