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MATIZES CULTURAIS NAS AULAS DE (LÍNGUA INGLESA) LI: MANEIRAS DE ABORDAR OS BENS CULTURAIS
Denise de Andrade Santos Oliveira (Mestrado Profissional – UEL) Claudia Cristina Ferreira (orientadora)
Palavras-chave: matizes culturais, língua inglesa, leitura
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Introdução
Aprender uma língua estrangeira (LE) não significa estudar somente sobre
as estruturas gramaticais, lexicais, fonético-fonológicas da língua-alvo. Sabemos que esses
conhecimentos são relevantes para o processo de aprendizagem, mas não são suficientes para
tornar o ensino completo. Temos que contemplar também outros elementos tão importantes
quanto estes para que a comunicação em Língua Estrangeira (LE) seja eficaz.
Dentre eles podemos citar, por exemplo, os costumes, os gestos, as crenças
e as características peculiares que representam e identificam um determinado povo. O aluno
deve não só aprender a língua, mas ter a oportunidade de conhecer o que está relacionado a
ela.
Por esta razão, como professores, precisamos considerar que “Ensinar uma
língua estrangeira é permitir uma abertura para o mundo desconhecido” (PARANÁ, 2003, p.
170), um mundo em que nossos estudantes devem compreender, respeitar e refletir para que
possam entender e valorizar a sociedade do outro e também aquela em que eles vivem.
Para que o ensino deste “mundo desconhecido” seja completo e eficaz é
necessário que os docentes contemplem em suas aulas o ensino das características culturais
específicas da LE em estudo.
É por este motivo que acreditamos que a apresentação da cultura deva estar
presente nas aulas de LE em todos os momentos deste processo de ensino e aprendizagem, ou
seja, desde os semestres iniciais até os mais avançados. O confronto entre a cultura do aluno
com a da língua em aprendizagem pode ser um aspecto positivo não só na aquisição da LE,
mas também relevante para o seu crescimento como cidadão.
Sobre a importância deste confronto Paraná corrobora com o tema dizendo que
através do confronto com o novo, com a língua do outro, e vale dizer, com a cultura do outro, esse aluno terá mais facilidade em se posicionar, reconhecendo a situação geográfica, econômica e cultural de seu próprio país ao enxergar e respeitar as diferenças entre duas culturas. (PARANÁ, 2003, p.164)
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Pensando neste aspecto e no que os matizes culturais podem trazer de
benefício aos alunos que decidimos apresentar, neste artigo, propostas de atividades baseadas
em textos autênticos195 para que professores de língua inglesa possam desenvolvê-las em suas
aulas com seus aprendizes. O objetivo destes exercícios é fazer com que os alunos possam
compreender a língua de uma maneira mais contextualizada e, ao mesmo tempo, aprender a
respeitar, combater seus preconceitos e a desmistificar ideias concebidas sobre a cultura
daqueles que falam a LE em estudo.
Neste artigo apresentamos, primeiramente, a definição de cultura baseada
nas diversas teorias já apresentadas até hoje. Em seguida, explicamos sobre a importância de
se trabalhar os matizes por meio de textos autênticos. Após esse momento, sugerimos três
propostas de atividades que podem ser desenvolvidas ou adaptadas para sala de aula.
Mas afinal o que seria cultura?
Diante das várias definições de cultura já elaboradas até o momento
apresentaremos, a partir de agora, algumas publicadas nas atuais literaturas. A nosso ver
cultura, palavra que vem do latim colere e que significa cultivar, é tudo aquilo que adquirimos
ao longo de nossas experiências e cultivamos como características que compõem nossa
maneira de ser tais como: nossos hábitos alimentares, nossa forma de nos vestir, além das
nossas escolhas literárias, musicais, entre muitos outros aspectos que podem ser semelhantes
ou distintos entre s pessoas que compõem uma mesma sociedade.
Burns (1995, p. 20) define a cultura como “o conjunto de comportamentos e
ideias características de um povo, que pode ser transmitido de uma geração a outra e que
resulta da socialização e aculturação verificadas no decorrer de sua história”.
Zanatta (2009) corrobora com o tema dizendo que
195 Leffa (1998) define como material autêntico os textos escritos que não se restringem aos livros ou artigos de revista, mas abrangem todas as formas de impressos: jornais (notícias, manchetes, fotos com legendas, propagandas, anúncios, classificados, etc), cartas formulários, contas catálogos, rótulos, cardápios, cartazes, instruções, mapas, programas, bilhetes, contratos, cartões, lista telefônicas, tudo que o falante nativo é exposto diariamente.
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O homem vê o mundo por meio de sua cultura, segundo sua moral e seus valores. Para se compreender melhor o conceito de cultura é importante pensarmos nela como um processo acumulativo, que se desenvolve em um sistema de símbolos e significados e cujos componentes são interdependentes (ZANATTA, 2009, p. 161).
A autora ainda salienta que a cultura tem como característica a
dinamicidade, pois ela está em constante mutação, visto que ela possui uma lógica própria e
que os hábitos que ela cria no homem só poderão ser compreendidos no contexto cultural ao
qual ele pertence.
Do ponto de vista de Lado (1957, p. 110-111, tradução nossa) a cultura pode
ser um sinônimo de “maneiras de viver das pessoas”196 e também como “sistemas
estruturados de comportamento padronizado”197.
Já na visão de visão de Vigotsky (1989, apud ÁLVAREZ; SANTOS, 2010,
p. 198)
a cultura é um produto da vida social e da atividade do homem, sendo, portanto, parte da natureza de cada pessoa. Não há como excluir o aspecto cultural do processo de desenvolvimento humano, pois a dinâmica interna presente nas relações pessoais é totalmente mediada pelas formas da cultura.
Para Oliveras Vilaseca (2000, p.11, tradução nossa) a cultura é:
[…] o meio de comunicação do homem e não existe nenhum aspecto da vida humana que a cultura não esteja relacionada. Representa a personalidade dos membros de uma comunidade. Tem muita relação com a maneira como as pessoas se expressam emocionalmente, a forma pensar, de se movimentar, de resolver problemas [...]198
De acordo com Durão, Ferreira e Pérez (2006, p. 182, tradução nossa)
a cultura revela características da sociedade em que se vive, pela qual é determinada de acordo com o processo histórico vivido por uma nação. Por isso, pode-se dizer que a cultura é tudo o que faz parte da vida e das características de um povo. A cultura é a maneira pela qual o homem percebe ou interpreta o mundo.199
196 (do original) synonymous with the ways of a people. 197 (do original) structured systems of patterned behavior. 198 (do original) […] el medio de comunicación del hombre y no existe ningún aspecto de la vida humana que la cultura no abarque. Enmarca la personalidad de los miembros de una comunidad. Tiene mucha relación con la manera en que las personas se expresan emocionalmente, la forma pensar, de moverse, de resolver problemas [...]. 199 (do original) La cultura revela rasgos de la sociedad en la que se vive, la cual es determinada de acuerdo con el proceso histórico vivido por una nación. Por eso, se puede decir que cultura es todo lo que forma parte de la vida y de las características de un pueblo. La cultura es la manera mediante la que el hombre percibe o interpreta el mundo.
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Ferreira e Sanches (2005, p. 203, tradução nossa) entendem como cultura
“tudo aquilo que faz parte da vida e das características de um povo: língua, valores espirituais
e materiais, roupas, músicas, literatura, festas, artesanato, leis, momentos de lazer.” 200
Enquanto García (2012, p.1) afirma que a cultura pode ser caracterizada por
diversas variáveis. Dentre elas destacamos: as características climáticas e atmosféricas, as
condições demográficas, os parâmetros de conduta associados com cerimônias, festividades,
as crenças religiosas; os hábitos diários de uma sociedade (as comidas, transportes, compras);
as superstições, o nível de desenvolvimento social e tecnológico de diversas sociedades, entre
muitos outros aspectos.
Apesar de todas as definições apresentadas acima para classificar e explicar
o termo “cultura”, alguns estudiosos ainda sentiram a necessidade de desmembrá-la de forma
mais plausível.
Adashkou; Britten e Fashi (1990 apud LIMA, 2009, p. 181, grifos dos
autores), por exemplo, apresentam uma definição mais peculiar. Esses autores, ao defini-la,
levam em consideração quatro aspectos distintos tais como: o estético, do qual fazem parte o
cinema, a literatura, a música, a mídia; o sociológico, que é aquele que incorpora a natureza
organizacional da família, as relações interpessoais, costumes, condições materiais, etc.; o
semântico que abarca e condiciona as concepções perceptivas e os processos de pensamento
e, por fim, pragmático ou sociolinguístico, que lida com o conhecimento e experiências
práticas, e com o código linguístico necessário para uma comunicação eficiente.
Além desta definição, faz-se necessário explicar também que o termo
cultura pode classificado como: “Cultura” (com grifo no “C”) e “cultura” (com grifo no “c”).
Enquanto a primeira refere-se aos eventos do dia a dia de uma comunidade, a segunda, é
considerada como aquela que se elucida os fenômenos culturais ligados ao artístico,
intelectual, político e arquitetura (KRAMSCH 1988, p. 64 apud ÁLVAREZ; SANTOS, p.
197).
200 (do original) todo aquello que es parte de la vida y de las características de un pueblo: lengua, valores espirituales y materiales, vestimentas, músicas literatura, fiestas, artesanía, leyes, ocios.
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Qual cultura devemos introduzir no processo de ensino e aprendizagem da LE: cultura ou
Cultura?
A nosso ver, tanto a cultura quanto a Cultura são importantes e devem ser
inseridas no processo de ensino e aprendizagem, pois enriquecerão e ampliarão o
conhecimento do aprendiz nas mais variadas formas.
Infelizmente a utilização da literatura no ensino como a leitura de obras
clássicas, muitas vezes, se torna limitada e acaba não sendo inserida no ensino da língua-meta
em alguns contextos, como o ensino regular, devido ao pouco tempo em que o professor tem
para trabalhar com a LE. Desta forma, para desenvolver atividades com a Cultura em sala os
docentes teriam como possibilidade a apresentação de textos menores, como poemas,
crônicas, contos curtos e fábulas.
Em contrapartida, sobre a cultura, acreditamos que os professores têm,
atualmente, diversas formas de introduzi-la em sua disciplina desenvolvendo trabalhos por
meio de atividades como um quiz, apresentação de filmes, exercícios de warm ups, vídeos
retirados da internet, leitura de textos verbais e não verbais (tirinhas, charges, anúncios
publicitários, fotos, etc.) veiculados em revistas, jornais recorrentes na atualidade, entre
muitos outros.
Com a utilização da web e o fácil acesso aos textos veiculados pela internet
os docentes podem utilizar desta ferramenta para buscar materiais autênticos e levá-los para
sala para trabalhá-los com seus alunos, caso as escolas não apresentem em suas bibliotecas
opções diversificadas de materiais.
Por que ensinar os matizes culturais por meio de textos autênticos?
Sabemos que o trabalho com a leitura vem sendo, nestes últimos anos,
preconizado no processo de ensino e aprendizagem de uma LE. Embora seja mais comum a
utilização de textos nos estágios mais avançados, acreditamos que o uso deles no início do
processo também pode ser realizado com os estudantes, desde que apresentem vocabulário e
estrutura gramatical de acordo com o nível de aprendizagem deles.
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Desta maneira, o docente poderá utilizar de sua autonomia para elaborar
atividades usando textos retirados de revistas, jornais e muitas outras fontes para explorar em
sala com seus alunos.
Consideramos que o ensino da língua inglesa (LI) com as “várias formas de
discurso que compõem dentro de uma sociedade (PARANÁ, 2003, p. 164)” torna-se mais
interessante e motivador para o aprendiz, pois ele poderá perceber, por exemplo, que a leitura
de um texto desenvolvida em sala faz parte do cotidiano do falante nativo.
Sendo assim, o docente poderá mostrar aos seus alunos, por meio das
atividades com os textos, que o contato com a LI em estudo pode ir muito além do livro
didático e que este não é a única fonte de aprendizagem de uma língua.
Foi pensando neste aspecto e no estímulo da leitura em LI por meio de
textos e gêneros diversificados que propomos atividades com diferentes fontes que possam ser
utilizadas em sala. Ao sugerirmos os exercícios com textos autênticos levamos em
consideração que:
A língua está permanentemente em evolução, ela precisa respirar, viver, se transformar, se multifacetar. É por isso que não temos, segundo Bakhtin, uma língua a ensinar, mas sim as várias formas de discurso que a compõem dentro de uma sociedade — o discurso publicitário, o jurídico, o político, a fala comum de todo dia, etc. Fazer o aluno tomar consciência dessa realidade, que ele vive ao entrar em contato com vários discursos, deveria ser um dos nossos objetivos. Durante o aprendizado da língua estrangeira, o aluno pode perceber que esse fato não só é válido para sua língua, mas também para a língua do outro, do estrangeiro [...] (PARANÁ, 2003, p.164).
Apreciando as diferentes formas de discurso que circulam em nossa
sociedade e concordando com os preceitos de Bakhtin que decidimos apresentar propostas de
atividades que têm como objetivo trabalhar com a leitura utilizando textos que são
comumente apresentados em nosso cotidiano.
Nos exercícios sugeridos temos como objetivo, além de apresentar os
matizes culturais, trabalhar com a habilidade da leitura, interpretação textual e com a proposta
de desenvolver a aquisição lexical e gramatical da língua.
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Atividade 1:
Leitura e interpretação de Comics
Nível: Intermediário
Duração: 20 minutos
Materiais necessários: fotocópia da tirinha para cada aluno. Se não for possível providenciar
a cópia para os estudantes e a escola disponibilizar de um projetor ou data-show, utilize estas
ferramentas para projetar as imagens em sala.
Competências trabalhadas:
(x) cultural (x) lexical (x) gramatical
Objetivo: trabalhar com o léxico e a gramática da língua inglesa e, ao mesmo tempo,
fazer com que os alunos reflitam sobre os estereótipos relacionados com uma determinada
cultura. Na primeira comic uma possibilidade de trabalhar com a gramática seria a de revisar
os verbos da língua inglesa no passado simples. Já a segunda comic poderia ser utilizada para
apresentar as diferenças entre os pronomes “everything” e “nothing”.
Comic 1201
201 Imagem disponível em: <www.cartoonstock.com/directory/j/japanese_culture.asp>. Acesso em: 24 jul. 2012.
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Comic 2202
Desenvolvimento: Primeiramente entregue aos alunos a primeira tirinha para que eles possam
fazer a leitura da mesma. Em seguida verifique se eles têm alguma dúvida de vocabulário e,
por último, pergunte o que eles compreenderam do texto. Dê oportunidade para que vários
deles exponham suas interpretações, assim eles vão ajudando uns aos outros a entender o
sentido da comic.
Caso eles não compreendam o humor e o que a tirinha expressa, vá dando
pistas e perguntando se eles sabem que tipo de arte os japoneses costumam praticar.
Se eles não tiverem nenhum conhecimento sobre as artes do Japão, leve para
a sala textos que possam explicá-las para que os alunos possam saber que este país apresenta
muitas expressões artísticas diferentes das nossas e que elas estão muito presentes nas
comunidades japonesas aqui do Brasil.
Em seguida, desenvolva a leitura com o segundo texto. Explore bem não só
a leitura e interpretação textual, mas também verifique o que eles sabem sobre os bens
culturais dos países islâmicos. Como na primeira tirinha, se julgar conveniente, leve para sala
de aula textos que explicam sobre as tradições e aspectos destes países.
202 Imagem disponível em: <http://beingsakin.wordpress.com/2011/08/10/into-your-eyes-ii/>. Acessado em: 28 jul. 2012.
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Após este momento, converse com os alunos sobre os estereótipos que eles
conhecem sobre as outras culturas e se eles acham que os estrangeiros também têm uma visão
estereotipada da sociedade brasileira.
Vá escrevendo no quadro o que eles vão mencionando. Caso os estudantes
não lembrem nenhum exemplo, dê algumas dicas como os apresentados abaixo:
a) Todos os ingleses tomam chá às cinco da tarde;
b) Todos os italianos falam alto, gesticulam muito no momento de comunicar-se;
c) Todos os espanhóis gostam de touradas;
d) Todos os brasileiros sambam e pulam carnaval.
Depois de apresentar estes estereótipos, verifique se os aprendizes
concordam ou discordam e se acreditam que podemos classificar as pessoas de outras culturas
desta maneira. Em seguida, como tarefa, peça a eles que pesquisem sobre a cultura de outros
países e que tragam as informações para a aula seguinte para que todos possam explicar o que
aprenderam e discutir uns com os outros sobre as diferenças culturais encontradas.
O trabalho com a leitura e interpretação das tirinhas é uma maneira simples
de despertar a curiosidade do aluno sobre a cultura do outro, compreendê-la e respeitá-la
mesmo que ela tenha algo semelhante ou não com a do nosso país.
Atividade 2:
Cardápio Original
Nível: intermediário
Duração: 2 aulas de 45 minutos
Público: esta atividade pode ser desenvolvida com alunos do ensino fundamental e/ou médio.
Materiais necessários: imagens de fotos que podem ser apresentadas por meio de um
projetor ou data-show, fotocópias de menus retirados da internet e folhas de papel sulfite.
Competências utilizadas:
(x) cultural (x) lexical ( ) gramatical
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Objetivo: desenvolver o conhecimento reflexivo e principalmente o conhecimento lexical dos
alunos fazendo-os adquirirem e ampliarem o vocabulário relacionado com o tema.
Desenvolvimento: antes de iniciar a atividade, pergunte aos alunos o que eles costumam
comer nas refeições diárias como o café da manhã, almoço e jantar. Vá anotando no quadro o
que eles vão falando. Verifique se há semelhanças ou muita diferença do cardápio entre um e
outro.
Aproveite o momento e veja se eles têm o hábito de ir para casa para
almoçar ou se costumam comer em algum restaurante com os pais. Depois desta conversa
inicial, pergunte como eles acham que é a rotina das pessoas que vivem nos países que falam
a língua-alvo. Veja se eles sabem quais são os alimentos consumidos, por exemplo, pelos
americanos, britânicos, australianos nas três refeições básicas do dia. Vá anotando também,
em língua portuguesa, os vocabulários que os alunos vão falando.
Depois desta etapa inicial, apresente aos alunos fotos que representam as
comidas típicas203 de cada país ou imagens que possam mostrar a diferença nas refeições
básicas como o café da manhã para que eles possam compará-las. As imagens também podem
ser retiradas da web e mostradas em um projetor para facilitar a visualização de todos.
Após a apresentação delas, vá perguntando se eles sabem os nomes dos
alimentos que aparecem nas fotografias. O objetivo aqui é ativar o conhecimento prévio deles
e verificar se eles sabem como falar estas palavras em inglês. Conforme forem falando, vá
escrevendo no quadro o que foi dito e introduzindo aqueles que eles não sabem.
Ao finalizar esta etapa, pergunte-lhes o que acham das diferenças das
alimentações e questione-os se eles acostumariam a modificar seus hábitos alimentares caso
fossem viver em algum país que fala a LI como língua-alvo.
203 Se julgar interessante compare as comidas típicas brasileiras com as de outros países como a Austrália, Inglaterra, Nova Zelândia, Escócia. Leve para sala de aula imagens de comidas do nosso país, como feijoada, prato de arroz com feijão, uma foto de leite com café e um pão francês e compare-as com as refeições dos países que falam a língua inglesa. Na Austrália e também na Nova Zelândia, por exemplo, um doce típico é chamado de Pavlova. Os australianos também gostam muito de uma torta salgada conhecida como Meat pie enquanto os britânicos têm como prato típico Fish and cheaps.
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Em seguida, apresente-lhes exemplos cardápios de restaurantes de outros
países. Veja, logo abaixo, o exemplo204 de um cardápio retirado da web. Este gênero pode ser
facilmente encontrado na internet e faz parte do cotidiano das pessoas nas mais variadas
sociedades.
Após lerem e compreenderem os textos, proponha aos alunos, em duplas,
como atividade a elaboração de um cardápio. Eles deverão decidir o nome do restaurante, o
que será oferecido, os preços dos alimentos, etc.
Ao finalizarem a produção textual, caso a escola disponibilize de um painel,
exponha os menus produzidos para que outros estudantes possam ver e ter a curiosidade de
aprender o novo vocabulário e sobre a cultura de outros países.
Atividade 03:
Beijo, abraço ou um aperto de mão?
204 Texto disponível em: <http://brothermelsbbq.com/menu>. Acesso em: 25 jul. 2012.
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Nível: básico, intermediário ou avançado
Duração: de 20 a 30 minutos
Público: essa atividade pode ser desenvolvida com alunos do ensino fundamental, médio ou
em qualquer nível de aprendizagem.
Materiais necessários: uma cópia da atividade para cada aluno.
Competências utilizadas:
(x) cultural ( ) lexical ( ) gramatical
Objetivo: desenvolver o conhecimento sobre características culturais de outros povos,
valorizar e respeitar essas diferenças. Com esta atividade o professor poderá mostrar e discutir
com os alunos sobre a maneira como as pessoas de outros países se cumprimentam.
Desenvolvimento: inicie a atividade mostrando fotos de pessoas se cumprimentando de
maneiras distintas, como pessoas se abraçando, se felicitando com um aperto de mão, dando
beijos no rosto, tocando um nariz no outro, como costumam fazer os esquimós, etc.
Em seguida, pergunte como eles costumam cumprimentar seus amigos,
familiares e pessoas que acabaram de conhecer. Depois deste momento, entregue para a
turma a atividade apresentada a seguir. Peça para que façam uma leitura silenciosa
relacionando as colunas com suas respectivas respostas corretas.
Apesar de ser uma atividade em língua portuguesa, a discussão sobre o tema
pode ser feito tanto em LM como em LI. Por estar na língua materna, essa atividade pode ser
desenvolvida com alunos de diversos níveis de aprendizagem. O intuito é despertar, em
qualquer fase do processo de ensino e aprendizagem, a curiosidade e desenvolver o
conhecimento sobre a cultura de outros povos.
Depois que os alunos terminarem de fazer a atividade205, faça a correção
com eles e verifique qual foi o resultado da turma. Veja se eles já sabiam as diferenças de
205 As informações para a produção dessa atividade foram retiradas de: Viagem e Turismo, ano 06, n.02 São Paulo, Abril, fev. 2000.
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cumprimentos apresentadas no exercício ou se o que foi apresentado é novidade para eles. Dê
a oportunidade para que os aprendizes possam falar suas opiniões sobre o assunto.
Relacione as colunas abaixo206.
01. Indianos e tailandeses...
02. Inclinar-se para frente é uma saudação...
03. Amigos russos...
04. O tradicional aperto de...
05. No Oriente Médio, principalmente nos países islâmicos...
( ) ... cumprimentam-se curvando ligeiramente o corpo, com as mãos reunidas em prece, na
altura do peito.
( ) ... mão nasceu para mostrar que a pessoa estava desarmada.
( )... se abraçam com força e se beijam, o que ocorre também entre os gregos, turcos,
marroquinos, com menos frequência.
( ) ... , o cumprimento tradicional é feito só com a mão direita.
( ) ...tradicional entre japoneses, chineses e coreanos. Quanto maior o respeito, mais o corpo
se dobra, numa curvatura que obedece também às hierarquias profissional e familiar.
Considerações Finais:
Tivemos como proposta neste artigo mostrar que no processo de ensino e
aprendizagem de uma LE não basta ensinar nossos alunos a serem somente competentes
linguisticamente. O ensino se torna mais completo e relevante se nossos aprendizes puderem
ter acesso aos bens culturais e compreender o modo de vida daqueles que utilizam a língua-
meta como língua materna.
Saber compreender e respeitar o que o outro tem de diferente é
extremamente necessário e enriquecedor. Além do mais, aquele que aprende a respeitar os
bens culturais de outros povos irá, consequentemente, começar a valorizar a sua própria
cultura e ver seu país de maneira diferente, desmistificando e eliminando preconceitos.
206 Resposta da atividade: 01, 04, 03, 05 e 02.
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Considerando que os livros didáticos, muitas vezes, não apresentam em seu
conteúdo informações culturais da LE, acreditamos que cabe ao professor utilizar de sua
autonomia para propor, aos seus aprendizes, atividades que eles possam debater, refletir e se
posicionar sobre os matizes culturais não só da língua em estudo, mas de culturas de muitos
outros países.
Esperamos que nossas propostas de atividades sejam apenas inspirações
iniciais para que muitas outras possam ser desenvolvidas nas aulas de língua inglesa com o
intuito de elucidar cada vez mais os matizes culturais nas aulas de línguas.
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