martlia breder amarosio i

89
ESTUDO A PRECISA0 E VALIDADE Dos ESCORES tNTROVERSllo- EXTROVERSAo DE U"A,ADAPTAÇAo BRASI- LEIRA 00 MAUOSLEY PERSONALITV IN- VENTORV DE H. J. EVSéNCK. MARtLIA BREDER AMaROSIO , ;, . -J I

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ESTUDO ~XPERIMENTAl SOBR~ A PRECISA0 E VALIDADE Dos ESCORES tNTROVERSllo­

EXTROVERSAo DE U"A,ADAPTAÇAo BRASI­LEIRA 00 MAUOSLEY PERSONALITV IN­VENTORV DE H. J. EVSéNCK.

MARtLIA BREDER AMaROSIO

, ;, .

-J I

ESTUDO EXPERIMENTAL SOBRE A PRECISA0

E VALIDADE DOS ESCORES INTROVERSAo­

EXTROVERSAo DE UMA ADAPTAÇAo BRASI­

LEIRA DO MAUDSLEY PERSONALITY INVEN­

TORY DE H. J. EYSENCK

Marília 'Breder Ambrósio

Tese ~ubmetida como requisito

parcial para obtenção do grau

de Mestre em Educação.

Rio de Ja~eiro, dezembro de 1976

FUNDAÇAo GETOLIO VARGAS INSTITUTO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM EDUCAÇAO

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA DA EDUCAÇAo

11

PREFAcIO

O presente trabalho vem cemprov~r nGaBO interesse

em pa~aar na teoria e suas aplicações práticas. Por isso

escolhemos para nossa dissertação o estudo experimental de

Eysenck, o Maudsley Personality Inventory (M.P.I.). Esse

Inventário é o resultado de muitos anos de trabalho do au­

tor e de seus colaboradores. Pretende medir duas importa~

tes dimensões da personalidade: Neuroticismo e Introversão

-Extroversão.

Sua utilização se estende a vários campos de ação.

tais como: o clínico, os problemas de seleção e, sobretudo.

o campo educacional. Este último é o que nos interessa

mais particularmente.

Usamos o Maudsley Personality Inventory, traduzido

e adaptado para utilização experimental pela professora

Riva Bauzer na orientação de normalistas do Instituto de

Educação, com expressa permissão do autor.

Acreditamos haver tido essa nossa experiência o

mérito de iniciar estudos associados ao processo enaino­

aprendizagem no Colégio Batista Shepard, onde trabalhamos.

Acreditamos também que esse trabalho experimental

·realizado já representa uma contribuição para a literatura

especializada e uma prova de nossa -dedicação a uma tarefa

de grande importância na área de PSicologia Educacional.

A dissertação foi realizada graças ae

de várias pessoas:

incentive

- Meu professor-orientador, Octávio A. L. Martins,

que com dedicação e paciência, levou-me a executá-la e con­

cluí-la.

- Meu irmão, Ulisses Breder Ambrósio. sem cujo

apoio e generosidade não poderia chegar ao final do traba

lho.

111

- ~ professora Riva Bauzer que regeu a cadeira de

psicologia da personalidade, na qual meinsp1rei graças ao

seu talento e sua arte em ministrar aulas.

- Meus alunos do Colégio Batista Shépard, pelo i~

teresse revelado em se conhecerem melhor, possibilitaram­

me a aplicação repetida dos testes.

- ~ Direção e Coordenação do referido Estabeleci­

mento de Ensino, pelo incentivo dado ao progresso da pes­

quisa experimental.

- Meu irmão, Vicente Ambrósio Júnior, pela sua

i~iciativa de colaborar na seleção da literatura especial!

zada.

- Meu amigo, Vivaldo Barbosa, em cujo entusiasmo

e coragem vislumbrei grahdes possibilidades nesse trabalho.

- Meu amigo. o professor Rubem de SOUza Josgri!

berg que me auxiliou na parte expositiva do trabalho.

- Minha cunhada, Selma Jussara Denadai Ambrósio,

pela valiosa colaboração nos cálculos estatisticos.

A todos. os meus agradecimentos.

Marilié Breder Ambrósio

Rio de Janeiro

IV

SUMARIO

1 • PREFAcIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.1. Justificativa, objetivo e problema . . . . . . . . . . . . . 1.2. Pnde-se med~r a personalidade? • I· •• & ••••••• a .••••

1-.. 3-.- Pl'ecisão e validade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2. FUNOAMENTAÇAO TEORICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Pgs.

111

2

3

6

11

2.1l Teoria das dimens5es da pe~sonalldade de Eysenck. Z9

2.2. Comparação entre 09 -mode.los estruturais-de Catell

e E y s e n c k • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •• 32'

2.3. Determinantes dos fatoreo bio16gicós da personal!

dade, segundo Eysenck •••••••••••••••••••••••••• 34

3. DESCRIÇAo DA METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.1. Amostra . . . . . . , . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

" •. 31

3.2. Instrumentos .................................. ,~Z

3.3. Resultados dos cálculos •••••••••••••••••••••••• 38

3.4. Perspectivas para futuras pesquisas para o aper­

feiçoamento da versão brasileira do Maudsley Per-

sona li ty Inventory • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •• 43

CONCLUSOES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

B I B L I O 't-R-A-F--IA--. • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •• 4 8

ANEXOS . . . . . . .. ~./. ............................. .

v

RESUMO

O propós~t~ das ~ohalhG& ~imeftt.16 e~peet~s

na ~re&ente d1asertaç80 foi o de estudar a versão brasilei

ra do Maudaley Personality Inventory. de Eysench. no que

diz respaito à sua dimens80 bipolar introvers80-extrover­

são. A adaptação brasileira (devida ã Professora Riva Bau­

zer) foi aplicada por duas vezes a 70 estudantes, de qua­

tr~ turmas do Colégio Batista Shepard, que são nossos alu

nos de pSicologia.

Paralelamente a esta aplicação. foi aplicadO por

duas vezes sucessivas. aos mesmos alunos, um questionário

por nós organizado. Nele era pedida a cada um uma avalia- -

Ç80 subjetiva do grau de introversão-extroversão dos res­

pectivos colegas de classe.

Desse modo tivemos a possibilidade de avaliarJ

a) o coeficiente de precis80 do questionárioJ

b) o coeficiente de precisão do Maudeley peraona

lity InventorYJ

c) o coeficiente de validade do Maudaley Person~

lity Inventory, tomando o questionário como critério de va

lidação.

Entretanto. nao terminaram ai nossos trabalhos.

Por meio do coeficiente de correlação bisserial, foi esti­

mado o poder discriminante de cada uma das questões do

Maudsley Personality Inventory, assim como seu grau de

"popularidade". Esta é uma denominação por nós atribuida

8 porcentagem de sujeitos que assinalaram a questão no sen

tido de extrouersão. Estes elementos abrem caminho para a

realização de pesquisas ulteriores com a finalidade de

aperfeiçoar a versão brasileira do Maudsley Personality In

ventory.

VI

SUMMARY

The aim of the experimental work descr1bed

1n this d1ssertat1on was the study of m Brazil1an adapta­

tion of Eysenck's Mauds1ey Personal1ty Inventory regard-

1ng introvers1on-extraversion dimensiono

The Braz1lian vers10n by Professor R1va

Bauzer was twice adminIstered to 70 students of four of

our classes of psychology at the Colégio Batista Shepard.

BesIdes thIs. to the same students a ques­

tIonnaIre was adm1nistered in wh1ch we asked to each pup1l

to g1ve his subject1ve evaluation of the degree of extra­

vers10n present 1n each of h1s classmates.

We were thus enabled to evaluate experime~

tally:

a) the re11abIlIty coefficlent of the que~

tIonnaIreJ

b) the relIabI11ty coeff1c1ent of the Bra­

z1l1an Version of the Maudsley Personality InventorYJ

c) the valIdity coeff1cIent of the Mauds­

ley Personallty Inventory, takIng the questIonna1re as a

crIterIon.

Our work was not l1mited to thIs. The d1s­

cr1minat1ng ab1lity of each item of the Maudsley Persona­

lity Inventory was determIned by means of the b1ser1al

correlatlon coefficient. together with the percentage of

responses 1ndIcative of extravers1on.

VII

The various experimental data now available

open the way to further research aimed at the improvement

of the Brazilian version of the Maudsley Personality Inven

tory.

VIII

1.1. JUSTIFICATIVA. OBJETIVO E PROBLEMA

Todo educador se defronta freq6entemente com

uma série de problemas que exigem dele soluções a curto. m!

dio e longo prazo. Isso acontece porque os principais recu~

sos com que lida sãó sem dúvida alguma. o material humano

constituído pelo grupo de educandos com que trabalha.

Muitas vezes o relacionamento educador-educan

do torna-se difícil por circunstãncias variadas. como o am­

biente. nível sócio-cultural e econômico. Enfim. nem sempre

e possível ao educador proporcionar tudo aquilo de que ele

é capaz. no sentido de criar condições para que o educando

realize suas potencialidades e supere seus problemas mais

importantes.

Por outro lado. o relacionamento educador­

educando é facilitado quando o educador consegue conhecer

melhor seus alunos. verificando suas necessidades. suas ex­

pectativas. seus conflitos. ~ nessa direção que o educador

pode tornar seu trabalho mais profícuo ao possibilitar ao

educando voltar- •• para si mesmo e ao orientá-lo para o au­

to-conhecimento e para a reflexão.

Foi pensando nisso que iniciamos esse estudo.

depois de apreciar criticamente a importância teórica e prá

tica do tema escolhido: Pesquisa experimental sobre a prec!

são e validade dos escores Introversão-Extroversão de uma

adaptação brasileira do Maudsley Personality Inventory de

H. J. Eysenck.

Sabemos que os testes sao ótimos auxiliares

para nos dar informações seguras e dignas de confiança a

nosso respeito. Eles nos possibilitam verificar nossa posi­

ção dentro de um grupo e diante de nós mesmos. Por isso us~

mos o Maudsley Personality Inventory por ser um instrumento

psicológico de inegável valor e dele nos servirmos para me­

lhor atingir nossos objetivos.

Não nos limitamos somente a este Inventário

2

nesse estudo experimental. Utilizamos outras provas. cujos

resultados foram analisados em conjunto. Diante desses mes­

mos resultados tomamos conhecimento daqueles alunos que ne­

cessitam de mais atenção dos professores e do serviço espe­

cializado. ou seja. o Serviço de Orientação Educacional.

Para esse nosso estudo experimental tomamos

alguns cuidados especiais. a fim de minimizar as fontes de

er:os:

1 9 ) Buscamos um grupo homogêneo quanto ã fai­

xa de idade e nível sócio-econômico.

2 9 ) Repetimos duas vezes cada prova referente

ao planejamento. isto ~. 'o question6rio por nós organizado

e o Maudsley Personality Inventory.

3 9 ) Para cada aluno distribuimos a mesma tare

fa em prazo igual para sua execução. com instruçôes e mate­

riais semelhantes.

05 resultados foram criteriosamente verifica­

dos e com o auxílio da estatística pudemos chegar aos resul­

tados com as informaçôes mais rigorosas possíveis.

Nosso objetivo nesse estudo foi o de abrir no­

vos rumos para a experimentação em nossa escola. Como não p~

demos medir a personalidade em seu todo. trabalhamos apenas

com a vari6vel extroversão. Outras vari6veis poderão ser

abordadas com a continuação deste estudo experimental j6 ini

ciado por nos.

3

1.2. PODE-SE MEDIR A PERSONALIDADE?

A personalidade é um setor de estudo caracter!

zado por um ponto de vista particular. Não podemos medir a

personalidade toda. assim como não podemos medir o universo.

mas certos aspectos da personalidade e do ~iverso. O probl!

ma da medição é baatante complexo e muito técnico. A medida

tem sido definida como atribuição de valores numéricos a ob­

jetos ou fatos. de acordo com regras estabelecidas. (Eyeenck.

'957).

Vejamos alguns métodos usados para medidas de

personalidade segundo 'Eysenck (1957):

1. MtTOOO DE AVALIAÇAo - Atribuem-se caracterís

ticas. aptidões. atitudes a outras pessoas com base na obser­

vação de seu comportamento. Estamos a lidar ~om um processo

de interação entre duas pessoas e o que temos a fazer é anali

sar mais essa interação do que aceitar qualquer parte dela co

mo sendo objetivamente verdadeira.

Um indivíduo julgando outro. em relação a uma

dada característica. será definido no seu juízo. não só pela

realidade objetiva como também pela sua própria posse dessa

característica. Uma das dificuldades desse método é o chamado

efeito aureolar (halo effect). Esse termo é usado para expri­

mir uma tendência comum entre os juízes humanos para simpati­

zar ou não com um indivíduo e atribuir-lhe qualidades que só

existem subjetivamente.

2. MtTOOO DE ENTREVISTA - Curtas entrevistas com

vários sujeitos foram gravadas num filme sonoro e passadas p~

ra o grupo de classificadores. Estes deveriam responder per­

guntas ~obre a personalidade dos entrevistados. As respostas

a estas perguntas. que se ligam ao comportamento verbal. e em

parte ao procedimento em várias situações da vida. foram co­

nhecidas a partir de um estudo sério da vida de cada sujeito.

Desta forma os classificadores puderam ser com­

parados com a realidade. Novamente verificou-se existirem di­

ferenças consideráveis na aptidão dos classificadores para ju!

gar a personalidade das pessoas. A capacidade psicológica pare-

4

cia ser uma característica proeminente de um dado classifica­

dor, independentemente dos muitos indivíduos que estavam a

classificar.

3 - M~TOOO 00 QUESTIONARIO - Neste o indivíduo

é interrogado por escrito e das suas respostas tentamos che­

gar a algumas conclusões sobre sua personalidade. Este tem si

do o método mais usado, sobretudo, em vista do grande número

de pessoas que podem ser interrogadas simultâneamente.

Um aspecto que tem criado dificuldade na aceita

ção do valor das respostas de questionário consiste na facil!

dade que oferecem suas respostas de serem falseadas pelos su-

jeitos. A maioria das pessoas quer ser bem vista.

tende a se apresentar do melhor modo possível.

por isso

4 - T~CNICAS PROJETIVAS - Essas diferem dos mé­

todos já mencionados por serem mais subjetivas do que objeti­

vas. Procuram não tratar de certas características isoladas,

mas da personalidade total.

O resultado típico de um exame por meio de uma

das técnicas projetivas não é a classificação de uma dada ca­

racterística, ou um conjunto de características, mas uma des­

crição da personalidade com a qual se tenta colher uma impre~

são total da pessoa que foi examinada.

Recentemente o termo projeção caracteriza a ten

dência do indivíduo para expressar pensamentos-o sentimentos e

emoções, conscientes ou não. ao estruturar algum material re­

lativamente não estruturado. ~ nisto que os testes projetiVOS

mais diferem dos testes objetivos. Nestes há respostas exatas,

maneiras certas de agir e no teste projetivo isso. desaparece.

Uma das formas de teste projetivo consiste em se mostrar um

quadro a uma pessoa e pedir-lhe que escreva uma história so­

bre esse mesmo quàdro. A hipótese básica desse método e que

ao contar essa história o indivíduo exporá inevitavelmente as

suas próprias esperanças e receios. Também seus complexos

emocionais, conscientes ou não, serão revelados no seu relato.

Essa técnica é exemplificada pelo teste de Apercepção Temáti-

ca.

5

4.1. Outro teste que se tornou muito conhecido foi o

chamado teste de Rorschach. Mostra-se ao sujeito um conjunto

de borrões de tinta colorida ou nao. A interpretação dos re­

sultados é feita notando-se várias particularidades indicadas

pelos especialistas no assunto.

A tendência para as respostas serem dominadas

pela cor parece indicar caráter impulsivo, excentricidade, c~

pacidade para experiência emocionais intensas, e em casos ex­

tremos~ violência e inconst6ncia. Mais atenção pela forma do

que pela cor parece indicar firmeza intelectual ou introver­

sao. A determinação das respostas pelas características do

sombreado da mancha revelam um considerável grau de repressao.

4.2. Outro método bastante semelhante ao Teste de

Apercepção Temática é o de contar histórias. Pede-se ao suje!

to que conte histórias sobre pessoas ou situações que lhe sao

descritas. Pode ser sobre obras musicais ou mesmo odores, usa

dos para estimular a fantasia.

4.3. A análise da escrita é outra das chamadas técni

cas projetivas, em que várias características da escrita de

um indivíduo são usadas para alcançar uma descrição da sua

personalidade. A grafologia merece estudo mais profundo,

pois é sujeita a controvérsias quanto a sua validade.

4.4. Desenhar, pintar e tocar tem sido usado como

técnica projetiva. Fazem-se interpretações a partir dos dese­

nhos ou pinturas das crianças. Podem ser espont6neos ou limi­

tados a determinados assuntos.

Sabemos que a medição da personalidade oferece

uma série de dificuldades. Antes porém, de falar sobre isso,

vamos deixar bem claro aqui que há diferenças entre medir e

avaliar.

Segundo a professora Ethel Bauzer Medeiros -

(1976), "medir consiste em atribuir números a seres ou fenôme

nos, de acordo com regras preestabelecidas, a fim de indicar

6

a extensão em que apresentam certo atributo. Avaliar implica

conferir valores a objetos (pessoas, coisas, fatos) conforme

pareçam mais ou menos importantes ou úteis para os fins visa­

dos". A avaliação é mais ampla. pois depende de uma hierar­

quia dos critérios de valoração. No entanto. entre medir e

avaliar há um ponto comum que consiste na dependência da med!

da e da avaliação aos propósitos que se tem como objetivo.

Uma das dificuldades de se medir a personalida­

de consiste na AMOSTRA 00 COMPORTAMENTO (Tyler. 1967). Não p~

demos padronizar situações nas quais haverá mais probabilida­

de dos indivíduos manifestarem suas características de perso­

nalidade. Muitas dessas características são de natureza so

cial e só se revelam quando o indivíduo se encontra em um ti­

po de grupo. Para realmente obtermos amostra de uma caracte­

rística como o autodomínio. por exemplo. teriamos de padroni­

zar situações desagradáveis e frustrantes.

Outra dificuldade apresentada ainda por Tyler

(1967) e a INCAPACIDADE DE DESCREVER SEUS PROPRIOS MOTIVOS E

CARACTERtSTICAS EMOCIONAIS. mesmo que o indivíduo tenha inte~

ções de fazê-lo honestamente. Isso acontece, porque grande

parte de nossas motivações e desejos. sendo inconscientes.po~

sibilitam ao indivíduo a chance de não saberem opinar sobre

seus motivos e suas emoçoes,

Uma terceira dificuldade mostrada ainda pela

mesma autora é a FALTA DE CRITtRIOS PARA AVALIAR A VALIDADE

DOS TESTES DE PERSONALIDADE. Se desejarmos medir a maior par­

te das qualidades de um indivíduo, a dificuldade estará em se

obter da vida real as medidas de "critério". isto é. uma medi

da externa suficientemente válida. para termo de comparaçao.

Se solicitarmos a um sujeito. por exemplo, que qualifique as

pessoas baseando-se no sucesso e no otimismo. o resultado não

sera satisfatório por várias razões como:

1a.) as pessoas tendem a refletir suas próprias

atitudes ao classificar outras pessoas;

7

2a.) isso torna seu julgamento tendencioso pois

dará pontos altos à pessoa de quem gostar mais e pontos mais

baixos à pessoa de quem gostar menos.

A medida e avaliação da personalidade através

de instrumentos psicológicos é de suma importância na área da

educação. Eles informam sobre casos. por exemplo. de desajus­

tamentos por motivos variados como incompatibilidade com os

pais. professores. colegas. problemas de saúde. econômicos.

etc. No entanto, o educador precisa estar atento à qualidade

ou a adequação do instrumento que deseja utilizar. ~ importa~

te então considerar os seguintes aspectos: precisão e valida­

de.

. / .

8

1.3. PRECISA0 E VALIDADE

Pondo de parte aspectos de natureza prática (c~

mo tempo e facilidade de aplicação), as mais importantes qua­

lidades de um instrumento de medida psicológica sao sua ~

cisão (ou fidedignidade) e sua validade.

A precisão e a "exatidão com que o teste mede

aquilo que realmente mede" (Novaes e Martins, 1968). Sua ava­

liação é em geral dada pelo coeficiente de precisão (reliabi­

lity coefficent) ou pelo erro padrão dos escores (standard

errar of seores).

o primeiro é constituido pelo coeficiente de

correlação entre duas aplicações, ao mesmo grupo. do mesmo

teste ou de formas equivalentes do teste. Há várias maneiras

de determiná-lo experimentalmente. como a aplicação sucessiva

de duas formas do teste, (método das formas paralelas), a

aplicação. com intervalo conveniente, da mesma forma do teste

(método do retestel e a correlação entre duas metades equiva­

lentes do mesmo teste (método do seccionamento). No presente

estudo, foi utilizado o método de reteste, tanto para avaliar

o coeficiente de precisão do M.P.I •• como o do nosso questio­

nário.

Entretanto, o coeficiente de precisão tem um i~

conveniente: como todo coeficiente de correlação, seu valor e

influenciado pela maior ou menor heterogeneidade do grupo, e

deste modo não pode caracterizar de forma estável a precisão

do teste.

Para evitar esse inconveniente, pode-se lançar

mão de outra estatística, o erro padrão dos escores. que e o

erro padrão que se pode temer para cada escore individual.

A relação existente entre o coeficiente de pre­

cisão e o erro padrão dos escores é dado pela fórmula

9

na qual e e o erro padrão procurado~ s o desvio padrão dos

escores obtidos pelo grupo, e r é o coeficiente de precisão

do teste.

A validade de um instrumento de medida psicoló­

gica é a "exatidão com que mede aquilo que pretendemos medir"

(Novaes e Martins, 1968).

Há vários aspectos pelos quais se pode avaliar

a validade dos testes, inclusive alguns de natureza subjetiva.

No presente estudo, consideraremos apenas a validade estatisti

camente avaliada pela comparação entre os resultados obti­

dos no teste por doterminado grupo, com os obtidos pelo mesmo

grupo no critério. Este último é uma avaliação extorna ao tes­

te, obtida por meio de um instr~mento considerado fundamental­

mente válido para apreciação daquilo que se tem em vista.

o coeficiente de validade (validity coefficient)

e o coeficiente de correlação entre os escores obtidos no tes­

te por determinado grupo de sujeitos, e os escores obtidos pe­

lo mesmo grupo no critério. Apresenta o mesmo inconveniente

que o coeficiente de precisão porque seu valor é influenciado

pela heterogeneidade do grupo. Além disso é também influencia

do pela maior ou menor precisão do critério. elemento inteira­

mente estranho às qualidades do teste propriamente dito.

Esse último inconveniente pode ser removido por

meio da técnica. denominada por Piéron e Fessard (1931) de

correção da validade semi-atenuada, pelo uso da fórmula:

Rxy = rxy

\/ ryy

na qual rxy e o coeficiente de validade obtido experimental­

mente: ryy é o coeficiente de precisão do critério e Rxy e

uma estimativa da correlação entre o teste e o critório,

este último fosse isento de erros experimentais,

sua precisão fosse perfeita.

isto e.

caso

se

10

Por meio da fórmula indicada para o erro padrão

dos escores. chega-se ao que pode ser chamado erro padrão de

validade dos escores. Seu valor pode ser interpretado como o

erro padrão a temer no escore de um indivíduo em relação aqu!

10 que desejamos realmente medir •

. / ·

11

2. FUNDAMENTAÇAo TEORICA

Como preâmbulo à exposição do presente estudo

-experimental sobre o M.P.I. cabe situar as teorias do autor,

Eysenck, entre as principais teorias da personalidade que

tem prevalecido no presente século. Para isso, apoiar-nos­

emos sobretudo no livro Theory of Personality, de Calvin S.

Hall e Gardner Lindzey, em sua tradução brasileira por Lauro

Bretones (1973).

No prefácio desse livro declaram os autores

que "não é fácil especificar, com precisão, o que é uma teo­

ria da personalidade. Mais difícil ainda é determinar quais

sao as teorias mais importantes" (pag. 9). Em nossa expos!

ção, forçosamente abreviada, mencionaremos apenas

das teoriaê expostas no livro.

algumas

A primeira figura a considerar é a de Sigmund

Freud (1856-1939), que no século atual exerceu uma das mais

relevantes influências na psicologia e em todo pensamento m~

derno. Introduziu, na linguagem corrente, muitas expressões

como "recalque", "subconsciente", "sublimação", etc.

DiscípulO de Charcot, suas teorias devem muito

a sua formação médica e a seus trabalhos clínicos em psicot~

rapia, resumidos sob a designação de psicanálise. Freud foi

o primeiro a salientar a importância relevante do subconsci­

ente no comportamento diário de todos nós. Para ele a perso­

nalidade é composta de três grandes sistemas: o~, o ~ e

o superego. "O id é o sistema original da personalidadeJ ~é

a matriz dentro da qual o ego e o superego se diferenciam. O

id consiste em tudo o que é psicologicamente herdado e que

está presente no nascimento, inclusive os instintos. t o re­

servatório da energia ~!sica que põe em funcionamento os ou­

tros sistemas" (Hall e Lindzey, 1973, pág. 47).

"O ego existe porque as necessidades do orga­

nismo requerem as transações apropriadas com o mundo objeti-

12

vo da realidade. ( ••• ) O ego é o executivo da personalidade

porque controla as direções na ação, seleciona

do meio aos quais reagirá e decide quais são os

os aspectos

instintos a

serem satisfeitos e de que modo" (Ibid, pág. 48).

"O superego é a arma moral da personalidade

( ••• ) Sua preocupação principal é decidir se alguma coisa é certa ou errada, de modo a poder a pessoa agir em harmonia

com os padrões autorizados pelos agentes da sociedade".(Ibid

pág. 49).

Dentro da mesma corrente. vamos encontrar a teo

ria analítica de Carl Jung (1875-1961). Considerado um dos

maiores pensadores da atualidade. sua teoria difere da de

Freud por combinar teleologia (alvos e aspirações) com a cau

salidade (história individual e racial). Jung estrutura a p~r

sonalidade através de vérios sistemas isolados. mas atuantes

entre si. Os principais são: o ~ é o centro da personali­

dade. é a mente em seu estado consciente. O inconsciente in­

dividual e seus complexos consiste em experiências que foram

reprimidas. suprimidas. esquecidas ou muito fracas a ponto de

não impressionar o consciente do sujeito. Os complexos são

constituídas dos sentimentos. percepções. pensamentos e memó­

rias no inconsciente do indivíduo. O inconsciente coletivo e

transpessoal é formado por traços de memória que remontam ao

passado do indivíduo. Inclui a sua história racial com seus

antepassados pré-humanos e animais. O arquétipo é originado

de experiências repetidas durante gerações e gerações. Um ar­

quétipo é uma fo~ma de pensamento universal (idéia) contendo

uma grande parte da emoção. Persona é a personalidade pÚbli­

ca em oposição à personalidade privada do indivíduo.

Anima e o animus.referem-se a bissexualidade do

indivíduo. A sombra constitui os instintos animais herdados

pelo homem em sua escalada da evolução. O self é o núcleo da

personalidade. é o alvo da vida. pode ser encarado como a mais

importante descoberta de Jung. Ele distingue duas principais

atitudes. a de extroversão. que dirige o indivíduo para o ex-

13

terior. para o objetivo e a" de introvers~o. que o orienta para

o mundo subjetivo e interior.

Segundo Hall e Lindzey (1973) a influ~ncia da

teoria de Jung sobre a psicologia científica faz-se notar

através do teste de Associação de Palavras (criado por Gal­

ton) e vários outros testes de 1nt~~rsão e e~troversão. 05

resultado& dos últimos testes mencionados indicam que os ind!

víduos n~o estaõ classificados rigidamente como introversos

ou extroversos. No entanto. estas mesmas atitudes estão pre­

sentes em todos os indivíduos.

As id~ias de Jung estão muito em evidência e

sua teoria da personalidade é um dos grandes acontecimentos

no pensamento moderno.

As teorias culturalistas t~m como principais s~

guidores Alfred Adler (1~70-1937). Erich Fromm (1900). Harry

Stack Sullivan (1892~1949) e Karen Horney (1885-1952).

Adler atribuiu à sociedade a origem dos fatores

mais significativos para a formação da personalidade do homem.

Fromm atribuiu à dinâmica da sociedade, bem co­

mo a sua estrutura, os moldes através dos quais os indivíduos

ajustam seus valores e suas necessidades.

Sullivan considerou a grande importância do re­

lacionamento mãe-filho, tanto na infância como na adolesc~n­

cia.

Horney atribuiu grand9 significação a vida fami

1iar do indivíduo.

E~ses te6ricos apresentam diverg~ncias em rela­

ç~o à teoria do instinto de Freud e confirmaram as influ~n­

cias hereditárias e ambientais na formaç~o da personalidade.

Segundo eles, o homem pode criar o tipo de sociedade que su­

põe ser mais benéfico para si.

Assim. Adler lutou por escolas melhores. por

centros de orientação infantil. Fromm e Horney mostraram o ca

14

minho de uma sociedade nova. Sullivan sugeriu a cooperaç~o

internacional.Todos eles sustentaram a idéia de que a ansi~

dade é causada por problemas sociais como desempregos. into

lerãncias. injustiças e guerras.

Os críticos, segundo Hall e Lindzey (1973), afi~

mam que as teorias pSico-sociais n~o têm estimulado muito a

pesquisa, mas favorecem oportunidades para este trabalho.No

entanto. deram grande contribuiç~o ao considerar o homem co

mo ser social, uma imagem relevante para a psicologia con

temporânea.

Lançada por três psicólogos a19m~es, Wertheimer,

KOhler e Koffka, apareceu a psicologia da Gestalt e e den­

tro desta corrente que deve ser situada a teoria do campo ,

de kurt Lewin.

As principais características da taoria de Kurt

Lewin (1890-1947) sao:

1a.) o comportamento e funç~o do campo que exis­

ta no momento em que ale ocorre;

2a.) a análise começa com a situação como um to­

do, da qual são diferenciadas as partes componentes;

3a.) a pessoa concreta, em sua situação concre­

ta. pode ser representada matematicamente. (Hall e Lindzey,

1973, pago 234).

Os principais conceitos dinâmicos de Lewin sao

os seguintes: Energia - o indivíduo é um complexo sistema

de energiaJ esta realiza o trabalho psicológico 8, portanto,

é chamada energia psíquica Tensão - é o relacionamento de uma

ou mais regiões intrapessoais do indivíduo. Necessidade

refere-se as condições fisiológicas, desejos e intenções: e

portanto, um conceito mot1vacional. Valência - e a proprie­

dade conceptual de uma região do meio psicológico, e o va­

lor dessa região para a pessoa. Esse valor pode ser: posit!

vo (quando há redução da tens~o) ou negativo (quando há au­

mento da tensão). "Força - cujas proptiedades conceptuais

15

sao: direção. energia. ponto de aplicação. representadas m~

tematicamente por um vetor. A direção dada pelo vetor repre­

senta a energia da força e o ponto de aplicação é aquele lu­

gar fora da delimitação da pessoa atingida pela seta.

A teoria de campo de Lewin tem sido bastante

criticada nos últimos vinte anos. Segundo os críticos ela

não apresenta nada de novo sobre o comportamento humano. além

de não levar em consideração ü história passada do indivíduo.

No entanto. a sua teoria põe em relevo a posição do homem c~

mo um complexo campo de energia. motivado por forças fisioló

gicas e tornando-o repleto da necessidades. (Hall e lindzey.

1973. pago 283).

A teoria do indivíduo de Gordon Allport (1897-)

é derivada. em parte. da psicologia gestaltista e de Stern.

William James e McOougalll. Allport deu grande importância

ao estudo quantitativo do indivíduo e a motivação consciente.

Interpretou a maioria dos fenômenos do comportamento em ter­

mos de self e ~. funções próprias da personalidade que re~

nidas formam o proprium. Considerou a personalidade como a

"organização dinâmica dos sistemas pSicofíSicos que determi­

nam os ajustamentos peculiares de cada indiv{dao ao meio".

Segundo Allport. "o caráter e a personalidade

avaliada: personalidada é o caráter naO avaliado e tempera­

mento são as disposições biológicas e fisiológicas que se

apresentam no indivíduo com pouca possibilidade de se modifi

car e de se desenvolver". A teoria de Allport é mais conheci

da como uma psicologia de traços. que ele considerou como uma

predisposição do indivíduo para responder aos estímulos. Os

traços são mais gerais do que os hábitos e representam o re­

sultado da combinaçâo de dois ou mais hábitos. Ele faz dife­

rença entre traços e tipos, Estes últimos "são construtos re

alizados pelo observador podendo o indivíduo adaptar-se a

eles ou não". O traço pode ser revelador da originalidade do

indivíduo e o tipo pode atuar contrariamente.

Allport distinguiu os traços individuais dos tra

ços comuns. Diz ele que somente os traços individuais sao

1,6

verdadeiros. porque "estão sempre no indivíduo e nao na co­

munidade e se transformam em disposições dinâmicas de mane!

ra muito individual". Enquanto isso. "o traço comum nao e

verdadeiro. por~m. um aspecto mensur~vel dos traçofo indivi­

duais mais complexos".

Por outro lado. Allport dividiu o processo de

desenvolvimento da personalidade em' três etapas. P~im~ira -

o Infante. que nào tem personalidade. mas potencialidades

físicas e de temperamento. A criança vai se desenvolvendo

motivada pela necessidade de diminuir a dor e aumentar o

prazer. Então. a lei do efeito. o princípio do prazer. uma

teoria baseada em'recompensa ou_um modelo~biológico de com­

portamento sao aceit~veis como guias para os primeiros anos

de vida da criança. Segunda - o da transformação do Infante.

quando v~rios mecanismos ocorrem em favor das mudanças en­

tre a infância e a idade adulta. Allport menciona esses me­

canismos como sendo a diferenciação. a integração. a matur~

ção. a aprendizagem. a autonomia funcional e a extensão do

self. Terceira - á a fase adulta. quando o indivíduo est~ ma

duro e seu comportamento "á um conjunto de traços organiza­

dos e coerentes". Para alcançar essa maturidade.Allport acre

dita que o indivíduo deve ter "auto-objetivação". sendo o hu

mor e o discernimento 05 componentes básicos desse atributo.

Um dos aspectos mais importantes da teoria de

Allport ~ o valor que lhe dão os teóricos da psican~lise.Ele

d~ ênfase às funções ativas do ego e ao conceito de autonomia

17

funcional apresentando elevada correlação com os recentes pr~

gressos da psicologia pSicanalítica do ego.

Hall e Lindzey (1973. pág. 323) afirmam que. se

gundo os críticos. um dos pontos negativos da teoria de

Allport consiste no Tata de dispensar muita importância ao

que ocorre dentro do organismo humano em oposição ao que ocor

re fora dele.

A teoria organ!smica tomou emprestado vários

conceitos da psicologia g9B~8Itista. por isso e considerada

como uma extensão da Gestalt. tomando o organ!sm~ como um to­

do.

A figurs de maior destaque da teoria organísmi­

ca é Kurt Goldstein (~878 -) entretanto. Aristóteles. Goethe.

Spinoza. William James marecem ser lembrados e destacados. p~

lo menos como precursores.

Durante a primeira guerra mundial, Goldstein

trabalhou com soldados portadores de lesão cerebral e com dis

tQrbios de linguagem. Concluiu que "um sintoma não pode ser

compreendido a partir de certa lesão cerebral. mas do organi~

mo como um todo unificado e nao como um conjunto de partes".

As principais características da teoria orga­

n!smica. no que diz respeito à pSicologia da pessoa, podem

ser assim resumidas:

1a.) necessidade de auto-realização;

2a.) unidade em relação à coerência da pessoa

normal, a integração;

16

3a.) o organismo como um todo (ponto de vista

holístico);

4a.) inclusão da parte biológica e psíquica do

organismo.

Os principais conceitos dinâmicos da teoria o~

ganísmica apresentados por Goldstein 5ao: o processo de equa­

lização ou de centragem da organismo - há uma provisão de

energia no organismo que se distribui igualmente. Este é o as

tado de tensão parmal. a que o indiv!du~ procure retornar de­

pois que um estímulo muda a tensão. Esse retorno é a equaliz~

çao. A auto-realização - através da qual o indivíduo tende a

se realizar à medida que vai satisfazendo as suas necessida­

des. Pôr~6e em acordo com p meio ambiente - o indivíduo pro­

cura no ambiente em que vive os recursos mais necessários pa­

ra seu equilíbrio interior. Para Goldstein o indivíduo deve

estar harmonizado com o ambiente em que vive e isso significa

domínio sobre o mesmo. Caso isso não seja possível, o indiví­

duo terá de aceitar as suas dificuldades e ajustar-se da me~

lhor maneira possível à realidade do seu mundo exterior.

A respeito dos distúrbios da linguagem. Golds -

tein apresenta quatro sintomas de acordo com a sua origem:

1 9 ) sintomas diretos, resultam de uma desinte­

graçao ou "desdiferenciação" da uma função do organismo. oca­

sionando a SU3 involução;

2 7 ) sintomas indiretos. surgem do fato de uma

area cerebral nao lesada isolar-se de uma lesada. com a qual

19

esteve estreitamente associada.

3 9 ) sintomas devidos a condições traumáticas e

a mecanismos contra o trauma. produzidos pelo efeito da subs

tituição da are a lesada por outras partes do sistema nervoso)

4 9 ) sintomas devidos à fadiga e a perseverança.

quando o indivíduo se serve da fadiga como uma espécie de m~

canismo protetor para escapar de uma situação que lhe pareça

desagradável.

Várias críticas têm sido feitas a Goldstein.

como. por exemplo. ele não distinguiu claramente entre o que

é inerente ao organismo e o que ne~foi posto pela cultura.

No entanto, ele orienta o investigador no sen­

tido de considerar o indivíduo como um todo e não como um

acontepimento isolado (Hall e Lindzey, 1973. pago 368).

William Sheldon (1899 -) aluno de Jung, Freud.

'Kretschmer. em sua psicologia constitucional. deu grande im­

portância à estrutura física do corpo como determinante pri­

mário do comportamento. No entanto. os fatores biológicos ti

veram também seu destaque na psicologia constitucional de

Sheldon. Após estudos cuidadosos com fotografias. Sheldon e

seus colaboradores identificaram três componentes para deter

minar a estrutura física do indivíduo:

1 9 Endomorfia. nesse tipo o indivíduo apresen­

ta vísceras digestivas muito desenvolvidas e é de aparência,

"balofa e esférica". Os elementos funcionais dessa estrutura

evoluem a partir da camada endodérmica.

, .

20

2 9 ) Mesomorfia. é o atleta de tipo forte. re-

sistente e dado ao trabalho físico. Sua estruta provém da

camada embrionária do endoderma.

3 9 ) Ectomorfia. é o tipo frágil. em geral ma­

gro e de pouca musculatura. ~ muito propenso à estimulação

externa. Esse tipo é con5tituído predominantemente de teci­

dos da camada embrionária do ectoderma.

De posse desses elementos para avaliar os as­

pectos físicos da estruture humana. Sheldon criou ~m ~todo

para avaliar o comportamento do indivíduo em relaQão a seu

temperamento. Uma pesquisa de intercorrelação com cem indi

víduos. utilizando 68 traços. resultou na seleção de vinte

traços para cada um dos três grupos: t a escala de temper~

mentos. A primeira componente de temperamento foi denomina

da viscerot~nia - é o individuo com característica de amor

ao conforto. sociável. afetivo. moderado. tolerante. A se-

gunda componente é chamada somatotonia - é o indivíduo dado

à aventura física. agressivo. barulhento. corajoso. A ter­

ceira componente é a chamada cerebrotonia - e o indivíduo

reservado. a~o-consciente. que dorme pouco e

solidão.

prefere e

Dentre os psicólogos que valorizaram os méto

dos quantitativos e procuram comparar os componentes de

Sheldon com vários estudos fatoriais. mencionaremos Thurs­

tone (1946). Eysenck (1947) e Howells (1952).

Sem dúvida. ao estudar os livros de Sheldon.

se apreciarmos as elevadíssimas correlações por ele aprese~

21

tadas entre os componentes da constituição física I de um

ladol e os componentes do temperamento de outro l ficamos

surpresos pelos valores relativos dos grupos endomorfia -

viscerotonia. mesomorfia-somatotonia e ectomorfia-cerebro

tania. Deve-se salientar que outros pesquisadores indepe~

dentes encontraram correlações muito mais baixas entre es­

tes três pares de variáveis.

Dutra teoria que ebordaremos é a do self de

Carl Rogers (1902-). A sua teoria representa uma síntese

das teorias fenomenológicas de Snygg e Combs; da holista

e organísmica vistas por Goldstein. Maslow e Angyal; da

interpessoal de Sullivan e da Self vista pelo próprio Rogers

com a contribuição de Raimy (1943) e Lecky (1945).

Os principais elementos da teoria de Rogers

sao:

1 9 )0 organismo. representado pelo indivíduo

todo;

2 9 ) o campo fenomenológico. todas as experiê~

cias do indivíduo;

3 9 ) o self l o resultado da interação com o

meio.

O self. segundo Rogers (1942) possui algumas

propriedades. tais como: a) estabelece interação entre o

organismo e o meio; b) introjeta valores dos outros e pe~

cebe-os de qualquer forma; c) procura sua coerência; d) o

organismo reage relativamente ao self; e) essas experiên­

cias podem ser ameaçadoras ou nao; f) o self pode mudar

22

conforme a maturidade e aprendizagem do indivíduo.

Recentemente introduziu mais três elementos

novos que são (Hall e Lindzey, 1973, pago 533):

1 9 ) necessidade de apreço positivo

2 9 ) necessidade de auto-apreço

3 9 ) condições de valor.

o objetivo desses novos elementos é o auxí­

lio na explicação das discrepâncias entre o self e as ex~~

riências, discrepâncias no comportamento, experiências ame~

çadoras e processos de defesa e o processo de reintegração.

Rogers tem sido figura de destaque no ' aconse­

lhamento e na psicoterapia.O essencial da terapia de Rogers

e a relação de pessoa a pessoa, onde o cliente esquece que

e paciente e que o terapeuta é terapeuta. Isto faz o clien­

te sentir a todo momento o que ele é para depois encontrar

-se a si mesmo.

A teoria do self de Rogers ainda nao está con­

cluída. Seja qual for o seu futuro ela muito tem feito no

sentido de "tornar o self como objeto de predições e inves­

tigações". Nisso ela tem sido extremamente ~til.

Nosso próximo enfoque é o das teoriasfatori­

ais. Antes de abordarmos o assunto, cabe indicar que a ana­

lise fatorial é um método matemático geral. Sua finalidade

consiste em, diante de elevado n~mero de variáveis correla­

cionadas entre si, traduzí-las por meio de um n~mero muito

23

menor de "fatores". suficientes para explicar. pelo menos de

modo aproximado. as correlações verificadas entre as variã •

veis originais. Suaaplicaç~o ~ muito ampla e pode incidir

sobre variáveis psicológicas de natureza intelectual, variá­

veis de caráter puramente físico. já tendo mesmo sido empre­

gado para variáv~is de natureza diplomática entre os países

do globo.

Sem entrar nas t€cnicas matematicamente muito ela

boradas de que lançam mao os que se dedicam à análise fato­

rial. bastará salientar que oS resultados obtidos podem ser

divididos em dois grandes grupos: os que chegam a um sistema

de fatores "ortogonais". isto ~. a fatores que n~o apr-esen­

tam correlaç~o entre si. e os que chegam a fatores "obli­

quos". isto e, a fatores que apresentam entre si maior ou me

nor grau de correlação.

N~o seria, pois. de surpreender que um processo de

análise tão fecundo n~o fosse também explorado pelos que se

dedicam ao estudo da personalidade. Cabe notar que. para nos­

so trabalho, as "teorias fatoriais da personalidade" n~o con~

tituem uma escola uniforme: seu ponto de éontato é represent~

do pelos processos matemáticos utilizados e n~o pela essência

dos resultados obtidos. Nas palavras de Hall e Lindzey (pag.

415), a essência das teorias fatoriais consiste .em obter-se

"um conjunto de fatores determinados que constituem o funda­

mento, bem como a tentativa de explicação do comportamento hu

mano e sua complexidade".

Esses fatores são o resultado de numerosas pesqui­

sas sobre o comportamento e a utilizaç~o de várias medidas

que permitam avaliações quantitativas. graças a psicometria.

O interesse por medidas objetivas. que s~o traduzidas em nume

ros. levou vários teóricos a fazer análises estatísticas dos

dados quantitativos. As id~ias fundamentais da análise fato­

rial foram expostas por Spearman (1927). conhecido pelos seus

trabalhos em habilidades mentais. Muitos outros autores deram

suas contribuições à pesquisa de personalidade atrav~s da aná

24

lise fatorial. Destacaremos Thurstone (1947), Thomson (1951),

Cate11 e Eysenck (19521 e Guilford (1954), sendo que Catell

e Eysenck ofereceram as contribuições mais importantes sob

o ponto de vista da personalidade.

Raymond Catell (1905-), como pesquisador. inte -

ressou-se nao só pelos métodos quantitativos. como também

pelos fatos e problemas psicológicos. Em relação aos traços

da personalidade sua posição é semelhante a de Allport e no

que se refere à análise fatorial seu trabalho deve muito a

Spearman. Thurstone e McDougall.

Os conceitos mais usados por CateI 1 em relação à

natureza da personalidade são os traços. Ele concorda com

Allport sobre os traços comuns e admite os traços únicos.

aplicáveis a determinados indivíduos. Podem ser divididos

em relativamente únicos. que decorrem de uma "disposição le

vemente diferente dos elementos que constituem o traço" e

intrinsecamente únicos. onde o indivíduo possui um traço

"genuinamente diferente", não encontrado em outras pessoas.

Ele apresenta também os traços de superfície.

produzidos pela interação dos traços de profundidade. são

menos estáveis e podem ser inferidos à base da observação.

Mostra também os traços de profundidade. identificáveis so­

mente por meio da análise fatorial. O pesquisador pode est!

mar as variáveis ou fatores que são a base do comportamento

de superfície. são os mais úteis na avaliação da personal!

dade: ~, é um traço constitucional. dinâmico, de profund!

dade e é em grande parte adquirido no nascimento. Metaerg.

é traço de profundidade dinâmico moldado pelo ambiente. ap~

rece com o desenvolvimento do indivíduo. Self - a visão de

Catell sobre o seIf é baseada no id, ego e superego de

Freud. Além desse self estrutural. CateIl distingue o self

ideal. que representa o indivíduo como ele gostaria de ser

visto. Há também o self real, é o indivíduo tal como teria

de se admitir conscientemente. A equação de especificação.

~traduz o comportamento do indivíduo quando este pode ser

25

predito com exatidão atrávés de uma dada equaçao.

Catell explica o processo de aprendizagem através

de seis cruzamentos dinãmicos "que os eventos que se se

guem à ativação de algum conjunto érgico do comportamento".

O primeiro cruzamento dinâmico ocorre quando o indivíduo faz

sua tentativa inicial para a satisfação de um ergo O segundo.

quando o indivíduo se encontra diante das seguintes alterna­

tivas:

1a.) aumento de atividades e satisfação;

2a.) ira para vencer a barreira e satisfação:

3a.) ira que leva a um resultado ineficaz

O terceiro cruz~mento dinâmico. quando o indivíduo

nao supera a barreira. embora tenha experimentado a ira. O

guarto. relacionado com o abandono do ergo quando ocorre o

aj~stamento interno. O quinto. quando o indivíduo apresenta um

comportamento desajustado. O sexto. é o estado de repressao

instável.

No sistema de Catell esses seis cruzamentos. junt~

mente com os conceitos ido ego e superego de Freud. sao usa­

dos para mostrar a linha de desenvolvimento normal da person~

lidade. assim como suas formas neuróticas e pSicóticas.

Sejam quais forem as críticas feitas à análise fa­

torial, a ênfase dada às medidas representa uma influência be

néfica ao estudo da personalidade.

Eysenck é considerado uma das figuras mais destaca

das nas teorias fütoriais juntamente com Catell. Sobre ele fa

laremos de maneira mais detalhada em capítulos especiais. co~

siderando ser ele o autor do tema principal de nossa disserta

çao.

Em seu capítulo final 'do livro. Hall e Lindzey

(1973) fazem comparações entre as teorias abordadas. Ao com­

pará-las. os autores mencionados. afirmam que todas as teo­

rias possuem características diferentes. embora a maioria dos

26

das teóricas concebam a homem "cama um ser datada de propo­

sita".

Freud dá em sua teoria psicanalítica grande en­

fase aos fatores inconscientes. enquanto Jung procede da

mesma mOda em sua teoria anal!tica. Noutra extrema Lewin.

Allport. Goldstein e Rogers conaidaram aqueles fatoras mui­

ta impDrtantes. mas em relação aos indivíduos anormais.

Alguns psicólogos americanos redu~1ram ao míni­

ma a papel das fatores hereditárias como determinantes da

comportamento. No entanto. muitos teórioos evidenciaram a

importância desses fatores como Sheldon. Eysenck. Catell.

Jung. Freud. Em menor escala Horney. Fromm~ Lewin. Rogers e

Sullivan.

o maior relevo dado à continuidade da desenvol­

vimento aparece nas teorias de Freud. Adler e Sulli~an. Es~

ses teóricos explicam que as fatos presentes estão ligados

ao passado e que o desenvolvimento e um processo ordenada e

coerente em termos somente de uma série de princípios. Ao

contrário. Allport. Lewin e Rogers enfatizam a descontinui­

dade na desenvolvimento e a relativa independência do adul­

ta em r8laç~e aos fatos ligados a sua inf~ncia.

Um das aspectos que. sob o ponto de vista histó­

rica. distingue as teorias da personalidade de outras é a

holismo. Para Hall e lindzey a maioria dos teóricos contem­

porâneos pode ser considerada como organísmica. Assim. AII­

port. Goldstein. Rogers e Sheldon afirmam que "um só eleme~

ta da comportamento não deve ser estudado isoladamente da

totalidade da pessoa. inclusive do seu aspecto biológica".

Lewin e Sullivan salientam a importãncia da cam­

pa; Allport é o que mais insiste em considerar a importân­

cia da individualidade.

As teorias da personalidade empregam a conceito

de self em várias sentidos. t visto como um "grupo de pro­

cessas psicológicas que servem como determinantes da compo~

27

tamento". e visto tamb~m como um "agrupamento de atitudes

e sentimentos que o indivíduo possui de si mesmo". Tanto de

um como de outro modo o self é visto ocupando um papel mui­

to importante nos conceitos de personalidade. Entre os teó­

ricos que fazem uso do ego e do self estão Rogers. Adler.

Allport. Catell. Freud. Goldstein. Jung e Sullivan. No en­

tanto. Eysenck e Sheldon não atribuiram a mesma importãncia

ao self.

Os determinantes do comportamento relativos a

participação no grupo são considerados muito importantes.

principalmente pelas teorias que foram influenciadas· pela

sociologia e pela antropologia. Fromm e Sullivan são exem­

plos dessa posição.

"Apesar das limitaç5es das teorias da personal!

dade como geradoras de pesquisa". a grande maioria delas

deu lugar a muitas pesquisas.

Acerca da atual teoria da personalidade. Hall e

Lindzey (1973), apresentam algumas reflex5es. Afirmam que o

campo da personalidade seria favorecido com:

1 9 ) "o incremento da sofisticação.

dos psicólógos. no que diz respeito à natureza e

da formulação teórica". Dessa reflexão o aspecto

portante para os autores é o fato de ser a teoria

e estimuladora de pesquisas".

por parte

a função

mais im­

geradora

2 0 ) "uma discriminação mais sensível entre o es

tilo literário e a poderosa teorização". Isto significa que

a utilidade da pesquisa é mais importante que seu "brilhan­

tismo literário".

3 9 ) "um aumento tanto do radicalismo quanto do

conservadorismo". O teórico deve se dedicar mais à investi

gaçao empírica do que à polêmica ou a discussão.

4 9 ) "a isenção de serem os teóricos obrigados a

justificar as formulaç5es teóricas que se distanciam dos as

28

pectos normativas ou habituais da comportamento". Essa re­

flexeo serve mais para revelar a posição da teórica da que

para avaliar a sua teoria.

Hall e Lindzey (1973) afirmam que comparando e~

sas teorias com as das três ou quatro últimas décadas a pr~

gresso é evidente. Durante as últimas vinte e cinco anos sur

giram pesquisas empíricas em grande volume com desenvolvi­

mento da sofi~ticação. A amplitude de idéias sabre a com­

portamento aumentou grandemente. Não obstante as deficiên­

cias dessas teorias elas têm influenciada produtivamente a

psicologia ag~ra e influenciará na futura.

i

2.1. TEORIA DAS DIMENSOES DA PERSONALIDADE DE

EYSENCK

29

As pesquisas in1c1ais de Eysenck a respeito das

dimensões da personal1dade foram baseadas na popUlação do

Hospital de Emergência Mill H1ll, em Londres. Começou com

um grupo de aproximadamente dez mil soldados normais e neu­

róticos. selecionados por psiquiatras que reuniram grande

número de informações sobFe suas doenças.

Valendo-se da análise ~atorial. Eysenck (1952)

identificou a variável nevroticismo e a variável bjpolar

introversão-extroversão.

Como nosso trabalho levou em conta somente a

variável bipolar introverseG-extroversão. deixar~8 de la­

do os elementos que caracterizam o neuroticismo, para des­

crever apenas os dois tipos opostos: os totalmente intro­

vertidos e os totalmente extrovertidos. t clero que a maio­

ria das pessoas se situam em algum ponto da dimensão intro­

versão-extroversão, sem apresentar todas as característi­

cas dos d~is tipos extremos. Cada um deles pode ser repre­

sentado por um modelo hierárquico (Figuras 1 e 2), no qual

o nível mais alto é representado pelo nível do tipo (intro­

verso ou extroverso).

No nível mais baixo, temos atos específiCOS de

comportamento ou RESPOSTAS ESPECIFICAS. denominadas SR1'

SR2, SR3 ••••• SRn. Estas são as respostas às experiên -

cias da vida diária, observadas uma vez e que podem ser ou

não características do indivíduo.

No segundo nível temos as RESPOSTAS HABITUAIS.

HR 1 • HR2. HR3 •••• HRn' são respostas que tendem a repe­

tir-se sob condições semelhantes, quer dizer. se a situa­

ção ocorre outras vezes, o indivíduo reage. em geral, da

mesma maneira.

30

No terceiro nível temos a organização dos atos

habituais em TRAÇOS TR1' TR2' TR3 .•• ' TRn' como sociabili­

dade. impulsividade. atividade, excitabilidade (que se re­

ferem à extroversãol e os traços persistência, rigidez. d~

sequilíbrio autônomo. precisão. irritabilidade {que se re­

ferem à intro~rsão). Esses conceitos teóricns são basea­

dos em interoo~relações observadas em um carta número de

diferentes respostas habituais.

No quarto nível temos a organização de traços

num TIPO geral: extroversão e introversão.

(NOTA: As figuras 1 e 2. reprodUZidas de li­

vros diferentes, variam quanto às notações: enquanto na

primeira as designaçõss sao S.R. e H.R.. na segunda elas

aparecsm como R.E. e R.A.l.

Os conceitos de tipo e traço -sao importantes

para Eyaenck. no que se rSTsre à obgerveção do eomportame~

to dos indivíduos. Traço, ele define como "uma constela­

ção de tendências para a ação". ou seja. uma confirmação

obser~ada nos hábitos ou atos que um sujeito tende a repe­

tir. O tipo é "uma constelação de slndromes de traços, é

um conceito mais amplo, mais generalizado porque inclui o

traço". Por isso. o autor define personalidade como um

Ncomposto de atos e disposições. organizados de modo hie­

rárquiCO segundo sua generalidade e importância N• Então,

podemos observar que 05 tipos. introvertido e extrovertido,

representam o nível mais elevado de generalidade. As respo~

tas específicas estão em nível mais específico e menos g~

ralo Entre estas e o tipo estão as respostas habituais e

os traços. Estes últimos organizam-se em uma estrutura

mais geral, resultando num tipo de personalidade.

A maneira mais usual que temos para descrever

um tipo de personalidade de um indivíduo é identificar

seus padrões de comportamento e chamá-los de traços. As-

31

sim, identificamos uma pessoa como sociável, impulsiva.

ativa, viva. ou persistente, rígida, irritada. etc. Quanto

mais coerente for o comportamento e sua ocorrência mais

freqOente. tanto melhor se pode concluir que esses traços

são característicos do indivíduo. Isto é o que se chama

CRITtRIO DE TRAÇOS para definir personalidade. Clazarus.

1969).

o modelo de critério de traços da personalida­

de e o PSICOGRAMA. Este consiste num esquema organizado

de vários traços de uma pessoa em comparação com outras

pessoas.

Um instrumento psicológico elaborado por Gough

(19571. o California Psychological Inventory. é utilizado

para avaliação da personalidade. Baseia-se na contagem de

pontos obtidos com as respostas que uma pessoa dá a pergu~

tas numa série de subtestes.cada um medindo diTerentes tra

ços da personalidade.

A figura 3 é exemplo de um psicograma ou per­

fil de personalidade. baseado no California Psychological

Inventory. Trata-se de uma pessoa do sexo masculino. com

18 anos de idade. Podemos observar índices altos em auto­

confiança. seguidos de índices baixos em socialização, ma­

turidade e responsabilidade. t de se esperar, portanto,

que esse indivíduo seja opinioso. sociável, egoista, rebe!

de, impulsivo e preocupado com as coisas materiais. Em fa­

ce de seus dotes sociais poderá ter um bom desempenho em

direção aos seus objetivos. Em contraposição, seus índi­

ces baixos em responsabilidade e maturidade interpessoal

podem levá-lo à dificuldades e atritos sociais. Foi identi

ficado pelo diretor de sua escola como tendo problemas.sé­

rios de disciplina.

2.2. COMPARAÇAo ENTRE OS MODELOS ESTRUTURAIS DE

CATELL E EYSENCK

32

Em nível relativamente superficial. a diferençe

mais aparente entre esses dois modelos é que. partindo

de tipos essencialmente similares de medida. Catell (1950)

isolou cerca de 16 ou 21 fatores e Eysenck isolou somente

duas variáveis: a introversão-extroversão e o neuroticismo.

As diferenças dos fatores estruturais de Catell

e Eysenck decorrem principalmente disto:

1 9 ) Diferenças entre os tipos de população in­

vestigados. Em relação a isso. Eysenck e seus colaborado­

res fizeram grande uso de grupos neuróticos e psicóticos.

Catell fez opção por pesaoas de grupos normais.

2 9 ) Ao determinar a natureza da estrutura da

personalidade. Catell usou a técnica analítica de fatores

com resultados em fatores oblíquos ou correlacionados en­

tre si. Eysenck usou mais as técnicas que produzem fato­

res independentes.

A diferença nos tipos de população explica par­

cialmente as diferenças de tipos ou identidade dos fatores

isolados. As diferenças na técnica analítica de fatores.

explicam a disparidade no número de fatores isolados.

As duas dimensões mais importantes de Eysenck.

extroversão e neuroticismo. correspondem tanto em nível

quanto em tipo. aos fatores de segunda ordem (extroversão

e ansiedade) da análise dos dados de questionário de Ca­

tell. As diferenças estruturais dos modelos de Catell e

Eysenck são basicamente mais diferenças técnicas

substanciais.

do que

Catell baseia seu modelo estrutural no nível

de traços de grupo ou fatores de' primeira ordem. Ele acre­

dita que esses fatores melhorem o prognóstico da maioria

33

dos critérios da vida real.

Eysenck prefere lidar com fatores de segunda

ordem em nível de tipos. Ele acredita que. enquanto os f~

tores de primeira ordem podem provar um diagnóstico melhor

para critérios. os fatores de ordem mais alta. contribuem

mais para a teoria da estrutura da personalidade. Essa di­

vergência de abordagem se re~lete também nos tipos de ins­

trumentos de medidas que foram desenvolvidos por esses

dois investigadores.

Catell (1950) desenvolveu. entre outros. ates

te 16 Personality Factor QU96tionnaire. Esse mede a pers~­

nalidade ao longo dos traços de 16 fontes diferentes. Ey­

senck e seus colaboradores desenvolveram o Maudsley Perso­

nality Inventory (1959) e o Eysenck Personality Inventory

(1964). Esses medem as diferenças de personalidade ao lon­

go das duas principais dimensões de neuroticismo a extro-

versao.

Eysenck e Catell concordam que a única t8or1a

de personalidade válida é aquela que é baseada no uso de

sofisticados métodos múltiplo-fatoriais para mapear as ca­

racterísticas da estrutura da personalidade. Ambos rejei­

tam enfaticamente qualquer abordagem que comece com exces­

siva teorização. Eles acreditam também que um corpo de te­

orias clínicas está agora surgindo diretamente de seus ex­

perimentos.

Os conceitos de introversão e extroversão de

Eysenck e Catell estão em grande concordância. Isso é ind!

cado pela escala de extroversão do Maudsley Personality In

ventory e o escore de extroversão obtido dos fatores de

primeira ordem no teste 16 Personality Factor Questionnaire.

34

2.3. DETERMINANTES BIOL~GICOS DA PERSONALIDADE,

SEGUNDO EYSENCK

Grande parte do trabalho oe Eysenck na última

década concentrou-se em dQéenvolver e

sais. Elas serviram para explicar as

elementos descritivos de personalidade.

testar t9Q~ias cau­

relações entre os

Segundo o autor, as diferenças individuais sao

derivpdas de determinantes heredit~rios operando dentro das

estruturas b~sicas neurais do corpo humano. A posição de um

indivíduo ao longo da dim9nsão neuroticismo depende da ins­

tabilidade relativa ou da excitabilidade do sistema nervoso

autônomo. O posicionamento ao longo da dimensão extrover-

são é baseada em propriedades características do sistema

nervoso central, isto é, o equilíbrio Qntre p~ocessos exci­

tatórios e inibitórios no c6rtex cerebral.

Excitação é a atividade de, formação da conexao

envolvida na transmissão de impulsos neurais entre regiões

diferentes do córtex. Inibição é um processo similar à fa­

diga, Que se desenvolve como uma conseqaência da excitação

e age para impedir a passagem futura de impulsos neurais ex

citatórios (Eysenck, 1959).

As noções de excitação e inibição provêm de Jung

bem como as di~ensões da personalidade introversão-extrover

são. Segundo esse autor os neuróticos extro~e~tidos aprese~

tam sintomas de histeria e os neuróticos int~o~ertidos apr~

sentam sintomas de natureza distímica (psicastenia).

Isso concorda com a observação de Pavlov (1927)

de que paciente~ histéricos apresentam sintomas semelhantes

aos modelos de comportamento de seu tipo inibitório de cães.

De acordo com as observações empíricas feitas por

Eysenck (1953) e seus colaboradores. formaram-s8 as bases

do seu postulado tipclóg1co:

35

1 9 ) Sempre que é feita uma conexçao estimulo­

resposta em um organismo (excitação), ocorre também simul­

tãneamente uma reação nas estr~turas nervosas mediando es­

ta conexão, a qual opõe seu reaparecimento (inibição reati­

va) durante certo tempo.

2 9 ) Seres humanos diferem a respeito da veloci

dade com a qual a inibição reativa é produzida. da força

da inibição reativa e da velocidade com que ela é dissipada.

As diferenças são propriedades das estruturas físicas envol­

vidas na evocaçao das respostas.

3 9 ) Indivíduos nos quais a inibição reativa é

gerada rapidamente e dissipada lentamente . sao· predispostos

ao desenvolvimento de comportamentos padronizados.

A teoria da inibição cortical total de Eysenck,

ligando os construtos da excitação e da inibição com os pa­

drões de comportamento relativos à extroversão e introversão,

está indicada sob forma diagramática na Figura 4.

Pode-se ver no diagrama que a teoria de Eysenck

e vista em quatro níveis diferentes. O primeiro (em baixo).

é o nível neural e é determinado constitucionalmente. Como

vimos no postulado tipológico uma pessoa pode estar predis­

posta a desenvolver potenciais excitatórios fortes e inibitó

rios frpcos (introvertido). Pode também desenvolver poten-

ciais excitatórios fracos e inibitórios fortes Cextrover -

tido) • Isto é o nível do construto ·teórico N,. Baseando-se

no postulado tipológico, os extrovertidos deveriam ser condi

cionados menos rapidamente e descondicionados mais rapidame~

te, apresentando maior reminiscência (Eysenck, 1957).

o relacionamento N2 e N3 , isto é. entre fenôme

nos experimentais observáveis e fenômenos comportamentais

observáveis é complexo e crucial para a estrutura teórica

total. Originariamente esse ligamento é baseado na suposi-

36

ção de que o processo de socialização inicial é mediado p!

lo condicionamento do tipo 1 ou pavloviano. Se os indivíduos

introvertidos são facilmente condicionados em virtude de seus

potenciais corticais de alta excitatoriedade e baixa inibito­

riedade, eles responderão mais prontamente às práticas socia­

lizantes na infância até ao ponto de se tornarem socializados

em excesso. Os introvertidos são indivíduos que aprendem as

lições de socialização muito bem. Por isso. tendem a prefe­

rir o pensamento à ação e voltarem-se para dentro de 51 com

satisfação.

O contrário acontece com os indivíduos extro­

ver~1dos. Em virtude de seu potencial de baixa exc1tato~ieda­

de e alta inibitoriedade absorvam inadsquadamQnte as lições

de socialização. Como resultado preferem a satisTação ime­

diata de seus impulsos através da ação em vez do pensame~

to. Neste nível. portanto. diferenças na formação cortical ex

pressam-se em padrões diferentes de comportamento. t importa~

te notar a ligação lógica entre N1 • N2 , N3

, que é prouenien­

te do processo de socialização do meio ambiente. Assim. o ter

ceiro N3 , representa traços ou hábitos comportamentais do ti­

po usualmente chamado personalidade. Variações na sociabili-

dade. 1mpulsividade, atividade, etc podem ser

pelos escores obtidos da escala de extroversão

Personality Inventory.

exemplificados

do Maudsley

No quarto nível - N4

- estão as atitudes ou há

bitos de pensamento: dura obstinação versus suave obstinação.

punição, etnocentrismo, etc. Esses são mais determinados pe­

lo meio-ambiente do que qualquer um dos três primeiros níveis.

Será notado que ao mover-se de N1

para N4 • encontram-se modi­

ficações ambientais ampliando-se (Eysenck. 1963).·

As idéias de Eysenck sobre os determinantes b10

lógiOos da personalidade estão aqui resumidos pelo seu inte­

resse teórico e mesmo prático. são todavia inteiramente estra nhas ao escopo do trabalho experimental que constitue a essen

cia da presente dissertação.

3. DESCRIÇAD DA METODOLOGIA

3.1. AMOSTRA

37

Trabalhamos com 70 alunos do Colégio Batista

Shepard, situado a rua José Higino 416, na Tijuca. Usamos

quatro turmas de alunos de 1a .• 2a., 3a •• séries do 2 9

grau, com respectivamente. 29. 20.9 e 12 elementos.

3.2. INSTRUMENTOS

Inicialmente aplicamos um questionário onde

solicitávamos aos alunos que fizessem um julgamento ~obre

seus colegas Quanto a sua introversão, ambiversão ou ex­

troversão. Esse mesmo questionário foi aplicado duas ve­

zes. o que constituiu a fase preliminar do nosso expe~i­

mento.

Após havermos consultado a literatura e pes­

soas especializadas no assunto. aplicamos o Maudsley Per­

sonality Inventory, de Eysenck. em sua forma brasileira.

traduzida e adaptada pela professora Riva Bauzer.

versao se encontra em anexo.

Este

o escore de extroversão consiste na soma das

respostas SIM às questões:

1 2 3 6 9 13 14 20 23 31 37 41 44 46 47 51

56 57 61 66 69 73 75 79

e das respostas NAo ~

questões: as

4 10 11 16 17 18 25 26 27 32 35 38 39 42 48

50 54 59 63 64 65 68 71 76

Na pesquisa foram adotados os seguintes proce-

dimentos:

1 9 ) Os alunos deveriam responder ao Maudsley

38

Personality Inventory em classe. individualmente. sem trocar

ideias com os colegas. para evitar-se a mútua influenciação

nas respostas.

2 9 ) Procuramos obter que todos os alunos. que

eram originalmente 74. fossem submetidos as quatro provas

conforme nosso planejamento. Apenas quatro alunos. por moti­

vos justificados. não puderam ir até ao final da pesquisa.

reduzida portanto. a 70 casos.

3.3. RESULTADOS DOS CALCULaS

A TABELA 1 mostra as estat!sticas referentes a

primeira aplicação do questionário e do Maudsley Personality

Inventory. enquanto que a TABELA 2 mostra as estatísticas re

ferentes à segunda aplicação dos mesmos instrumentos.

Os vários coeficientes de correlação obtidos en­

tre a primeira e a segunda aplicações do questionário. entre

a primeira e segunda aplicações do Maudsley Personality In­

ventory. entre a soma dos valores obtidos em cada instrumento

e a soma dos valores obtidos no segundo. constam das TABELAS

3. 4 e 5. Para cada turma. a letra N indica o número de seus

alunos e a letra r os coeficientes de correlação.

Para obtermos resultados globais para todos os 70

alunos nao seria correto avaliar diretamente as médias ponde­

radas dos valores obtidos nas diversas turmas. mas sim as me­

dias ponderadas dos coeficientes depois de submetidos à trans

formação z de Fisher (1938). tomando-se para peso os valo­

res de N-3.

A tabela 6 mostra os resultados da primeira e se­

gunda aplicações do questionário. A média ponderada dos valo­

res de z encontrada foi 0.793 e o valor correspondente de r

foi 0.660.

39

A tabela 7 mostra os resultados da primeira e

da segunda aplicação do Maudsley Personality Inventory. A

m~dia ponderada dos valo~as de ~ encontrada fol 1.0347 e o

valor ~r~6spondente de r Toi O~776.

A tabela 8 mostra as ccr~elaçõQs entra a sarna

dos escores no questionário e a dos escores do Maudsley

Personality Inventory. A média ponderada dos valores de z

encontrada foi O~492e e o valor correspo~ente de r foi

0.456.

Como foi dito~ uma das ~neiras de obter o coe

ficiente de precisão (ou fidedignidade) de um instrumento

de medida ~ representada pelo Coeficisnte de correlação e~

tre duas aplicações sucessivas desta instrumQ~to aos mes­

mos sujeitos.

o coeficiente dQ validade ~ definido como o co

eficiente de correlação entre o instrumento e uma medida

independente daquilo que se deseja avaliar. medida esta de

nomihada crit~rio. Deve-se notar. entretanto. que o valor

deste coeficiente é atenuado pela influênc~ de dois ele­

mentos:

1 9 ) a fa~ta de precisão do próprio instrumento

e

2 9 ) a falta de precisão do critério decorrente

ambos dos erros experimentais inerentes a todas as medidas.

Ora, se a imprecisão do instrumento e um fator

que lhe é inerente, a imprecisão do critério e um fator in

teiramente estranho ao instrumento. devendo. pois, ser el!

minada. Existe uma fórmula simples que permite esta elimi­

nação e que conduz a uma estimativa do coeficiente de cor­

relação que existiria entre o instrumento e o crit~rio, se

este último fosse isento de erros de medida. o que dá. na

nomencl~tura de Pi~ron e Fessard (1931)

validade corrigido da semi-atenuação.

o coeficiente de

40

. Chamando r o coeficiente de precisão do ins-xx trumento, ryy o coefic1e~te de precisão do critério, rxy o

coeficiente de correlação entre o instrumento e o critério

e Rxy o coeficiente de validade real (isto é, o coeficien­

te de correlação que existiria entre o instrumento e b cri­

tério se esse último fosse isento dos erros de medida), a

fórmula a empregar a

Rxy = rxy

\/ ryy

Ora. 05 trabalhos experimentais realizados per­

mitem a obtenção dos valores desejados. poiS no caso

Rxy = rxy 0.456 = 0,5613

v ryy v 0,660

Temos portanto, os elementos numéricos para

avaliar as qualidades fundamentais do Maudsley Personality

Inventory:

Coeficiente de precisão - - - - - - 0,776

Coeficiente de precisão do critério - - 0.660

Coeficiente bruto de validade - - - - - 0.456

• Coeficiente de validade corrigido da

semi-atenuação ~ - - - - - - - - - 0.561

Com estes resultados estava terminada a primei­

ra fase de nosso trabalho: a versão brasileira do Maudsley

Personality Inventory (M.P.I.) apresentou um coeficiente

de precisão igual a 0,776 e um coeficiente de validade

igual a 0.561.

A primeira vista tais resultados podem parecer

medíocres. Um estudo mais acurado do assunto indica que.

pele contrório~ elge ~e mOQtram sUPQriores ao qUQ seria

de esperar.

Realmente, o M.P.I. foi comunicado pelo seu a~

tor, Eysenck, à professora Riva Bauzer quando o original

se encontrava ainda em fase experimental. Por outro lado.

a tradução de um inventário de personalidade apresenta di­

ficuldades intrínsecas de difícil solução. A primeira de­

las e a da própria tradução: uma língua nao pode reprodu­

zir com exatidão conceitos expressos em outra língua. Mais

importante ainda e o fato de que, em determinado ambiente

social (no caso, o ambiente britânico), as características

da personalidade não se manifestam do mesmo modo que em o~

tro ambiente (no caso, o ambiente brasileiro, onde os cos­

tumes são bem diversos).

Mas isto não e senao um primeiro resultado e a

finalidade mais importante da presente pesquisa é justame~

te a de propiciar elementos para o aperfeiçoamento da ver­

são brasileira do M.P.I., pelo menos no que diz respeito à

medida da introversão-extroversão.

Quando se trata de um teste de conhecimentos

escolares, ou análogo, a técnica para isso empregada e a

da análise dos itens (ou análise das questões). Consiste

em determinar, para cada questão, seu grau de dificuldade

e de seu poder discriminante (ou validade). De posse des­

sas informaç~es, procede-se a uma dupla eliminação de que~

tões defeituosas:

• quanto à dificuldade - sao suprimidas aque­

las que se mostram demasiadamente fácel~ ou demasiadamente

dificeis para o grupo ao qual o teste é destinado •

• quanto ao poder discriminante das questões

(qualidade que lhes permite discriminar entre os bons e

maus alunos) - as que demonstram baixo poder discriminante

42

&ôo ~ubstjtuídee ~~p out~aa OU elte~Bdas em sua redação.

quando esta se mostra defeituosa.

QuandO se trata de um inventário de personalid~

de. não existem respostas certas ou erradas nem bons ou

maus alunos. Mas quanto aos aspecto! matemáticos do pro­

blema. podem ser consideradas arbitr~riamente "certas" as

que indicam. por exemplo. extroversão. ConseqOentemente. se

rao considerado~ "bons" 0$ sujeitos que demonstram elevado

grau de extroversão.

Num teste escolar. a porcentagem de respostas

certas a uma questão constitue um índice da dificuldade (ou

melhor da facilidade) da questão. No nosso caso. a mesma

porcentagem. representada por E' sera designada a "popula­

ridade" da questão.

Um dos melhores métodos para avaliar o poder

discriminante de uma questão de um teste é o coeficiente de

correlação bisserial entre a questão e o escore total no

teste. No presente caso. calculamos o coeficiente de corre

lação bisserial entre cada questão e o e!iCOre total em ex­

troversão. Os resultados obtidos estão registrados na TABE

LA 9. onde as questões estão ordenadas segundo a ordem de­

crescente de seu poder discriminante.

Os dados mostram que os valores oscilam. no que

se refere à popularidade. entre 14.3% e 88.1%. havendo oito

questões com valores de E iguais ou superiores a 57.9% e

mais oito questões com valores iguais ou superiores a 40.7%.

Se observarmos 05 valores dos coeficientes de correlação

bisserial, estes variam entre 0,092 e 1.028.

Vamos explicar a existência desse valor supe­

rior a unidade. fato que Jamais pode ocorrer com o coefici­

ente de Pearson. em vista da própria natureza da fórmula

que usamos para seu cálculo. Acontece que o coeficiente de

correlação bisserial não está sujeito às mesmas restrições

43

matemáticas. Quando seu valor na pOPulação for próximo

da unidade, as flutuações da amostragem podem fazer com que

o valor encontrado ultrapasse a unidade, sobretudo quando a

amostra não foi grande, como no caso, que á de 70 alunos. -

(MARTINS, Octávio, sobre o coeficiente de correlação bisse­

rial. p. 20-21).

Podemos portanto, afirmar que isto neo consti­

tui nenhum erro de nossa parte, pois todos os cálculos fo­

ram rigorosamente verificados.

Continuando nossa observação relativa aos exa­

mes de valores desse coeficiente, veremos que doze deles

são iguais ou superiores a 0,488 e seis, iguais ou superio­

res a 0,587. Podemos então, considerar esses resultados

muito bons em seu conjunto.

3.4. PERSPECTIVAS PARA FUTURAS PESQUISAS PARA O

APERFEIÇOAMENTO DA VERSAo BRASILEIRA DO

MAUDSLEY PERSONALITY INVENTORY

Os dados experimentais obtidos e anteriormente

expostos na presente dissertação abrem perspectivas diver­

sas para o aperfeiçoamento de versão brasileira do Maudsley

Personality Inventory. Estas podem ser classificadas em duas

grandes categorias: as que se ocupam unicamente da dimensão

bipolar introversão-extroversão e as que incluem também a

dimensão neuroticismo. Falaremos inicialmente das primeiras.

Eysenck (1964) elaborou outro inventário o Ey­

senck Personality Inventory, no intuito de obter uma forma

mais abreviada. Trata-se de um inventário contando apenas

24 questões destinado a medir as duas dimensões da personal!

dade por ele considerado fundamentais. Seu escore consiste

na soma das respostas SIM às questões:

1 3 8 10 13 17 22 25 27 39 44 46 49 53 56

44

e NAo às questões:

5 15 20 29 32 37 41 51

Um procedimento paralelo para o caso da forma

brasileira do inventário consistiria em reduzir o escore

em extroversão à soma (positiva ou negativa) das questões

da TABELA 9 que apresentam maior poder discriminante, isto

é, as 12 primeiras da lista. por exemplo.

Muito mais aconselhável que este trabalho ele­

mentar, seria organizar um inventário que contivesse, além

destas 12 questões. um numero bastante grande de outras.

digamo~ 40. elaboradas por um psicólogo. .u um grupo de

psicólogos e redigidos da maneira que parecesse mais ade­

quada para a medida da introversão.extroversão em nosso

meio. Um inventário assim organiz~do seria então aplicado

a certo número de amostras suficientemente representativas

de nossa sociedade e submetida depois a uma análise deta­

lhada. A principal finalidade de uma tal análise seria a

determinação dos coeficientes de crrrrelação bis serial en­

tre cada questão e a soma dos escores nas 14 questões pri­

mitivas. as quais se pode desde já atribuir um grau, sufi­

cientemente aceitável, de validade.

Desse modo obter-se-ia um elenco de 52 ques­

tões de poder discriminante que deveria variar entre muito

bom e bastante medíocre. Com o aproveitamento das melho-

res (cujo número variaria conforme a extensão que se qui­

ser dar ao inventário), ter-se-ia assegurado um bom instru

mento para medir a introversão-extroversão. Esse processo

seria muito mais recomendável (embora mais trabalhoso) que

simples conservação das 12 melhores questões originais.

Se entretanto, quisermos obter um inventário

destinado a medir as duas principais dimensões da persona-

45

lidada estarema~ diante as vm t~ebalho bem mais árduo. Ele

exige a cooperação de um ou mais psiquiatras para diagnost!

car o grau de neuroticismo dos sujeitos.

Todavia um trabalho inicial elementar poderia

ser tentado. considerando·se simplesmente as questões da

versão brasileira do inventário tidas como indicativas de

neuroticismo. Com isto. estariamos com uma aproximação de

um inventário destinado a medir também a neuroticidade. mas

sem uma comprovante adequada da validade dos resultados

(que Toi possível obter no caso da extroversãol.

~ possível que a imaginação criadora de

para

outros

soluções pesquisadores encontre outros meios simples

adequadas. Entretanto. o ideal seria seguir no Brasil os

passos essenciais adotados na Inglaterra por Eysenck.

Uma grande equipe da qual constariam psicólogos

da personalidade. psiquiatras. estatísticos e especialistas

em medidas psicológicas e em computação eletrônica. teriam

a incumbência de repensar todo o problema desde os seus Tun

damentos, bem como de planejar e realizar uma pesquisa de

grande magnitude. Será utopia pensar num trabalho desta en

vergadura entre nós?

. / .

46

4. CONCLUSOES

1a.) Os primeiros resultados do trabalho expe­

rimental realizado indicaram que a versão brasileira do

Maudsley Personality Inventory apresentou um coeficiente

de precisão (reliability coefficient) igual a 0.776 e um

coeficiente de validade (validi ty coefficient) igual a 0.561.

tomando-se como critério um questionário por nós organiza­

do. Cabe notar que estes dados se referem apenas a dimen­

sao introversão-extroversão do M.P.I.

Comentários - Estes resultados podem ser consi

derados muito satisfatórios pelos seguintes motivos:

a) A forma do M.P.I. comunicada por Eysenck a

Professora Riva Bauzer ainda estava em estágio experimen­

tal.

b) A adaptação brasileira teve que lutar com

as dificuldades da tradução de um para outro idioma. A di­

ferença das tradições e dos comportamentos entre os dois

países obrigou a alterações na natureza das questões em­

pregadas.

c) O grupo com o qual foi feito o trabalho

(alunos de uma mesma escola) é bastante homogêneo em rela­

ção à população total. t sabido que a homogeneidade de uma

amostra conduz a coeficientes mais baixos que os que se­

riam encontrados com uma amostra formada por elementos he­

terogêneos.

2a.) O cálculo feito do poder discriminante das

questões por meio do coeficiente de correlação bisserial

apresentou. como seria de esperar. valores que vão de mui­

tos altos até muito baixos. Entretanto. 58% desses valo-

res se mostraram superiores a 0,400. Isto indica que, en-

47

tre as questões. há muitas que devem ser consideradas de bom

valor preditivo para a organização de um inventário para me

dida conveniente da dimensão introversão-extroversão.

Comentários - A presente pesquisa. de nature­

za pioneira. abre caminho para aperfeiçoamento da versao

brasileira do Maudsley Personality Inventory. Conforme in­

dicado no capItulo 3. item 3.4 desta dissertação. as pes­

quisas desej5veis neste sentido podem ser de ámbito elemen­

tar ou de grande envergadura. ~ de se desejar que outros

pesquisadores se interessem pelo assunto. Isto concorreria

para a obtenção de um instrumento de grande utilidade em va

rios campos. Cabe-nos assinalar especialmente o campo do

relacionamento professor-aluno. o da orientação educacional.

bem como o da orientação e o da seleção profissionais.

. / .

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Metodologia das pesquisas educacionais. Curso

extraordinário de extensão universitária. Out .• nov .•

1963. 18 p.

Sobre o coeficiente de correlação bisserial.

Rio de Janeiro. SENAI. 1948, 55 p.

O método fatorial de investigação das faculda­

des mentais. Rio de Janeiro. SENAI. 1948. 55 p.

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IN: . Testes e medidas na educação. Rio de Janei-

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McKEACHIE. J. & OOYLE. C. Psychology. New York.

1966. 615 p.

Addison.

51

MEDEIROS, Ethel Bauzer. Vale a pena usar testes de aptidão?

Rio de Janeiro. FGV - ISOP. 1969, 52 p.

As provas objetivas: técnica de construção.

Rio de Janeiz:-0, FGV. 1972. 184 p.

t possível medir as aptidões? Rio de Janeiro.

FGV. 1972, 83 p.

Medida psicológica: princípios e prática. Rio

de Janeiro, FGV, 140 p.

MEDINICK. Sarnoff. Aprendizagem. Rio de Janeiro, Zahar.

1967.156 p.

NOVAES. Maria Helena & MARTINS. Octávio. Glossário de ter-

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WALKER, Helen & LEV, Joseph. Statistical inference. New

York, Henry Holt e Company, 1953, 487 p.

WRIGHT, Ann Taylor et alii. Introducing psychology: An ex­

perimental approach. England, Penguin. 1970. 587 p.

NlvEL TIPOLÓGICO

NIVEL DE TRAÇO CARACTERIsTICO L-_~_~

NrVEL DE REAÇAO HABITUAL

·NIVEL DE ~NC'J..;t REAÇAO E5- w w w w

PECrFICA a: a: a: a:

I.

EXTROVERSAo

Füwra I A concepçúo hierárquica da persollalidade

(EYSENCK. H. J. A DESIGUALDADE DO HOMEM p. 179)

.. ~

52

nível do tipo

Nível do traço

Nível da re~po:;la

h;,bi,ual

Nível da resposta ,específica. - . ~..., .....

ri 'ri a: ri ui .. v) U; ui

INTROVERSfi..

Fig. 2 - Diagrama ilustrativo da organização hierárquica da personalidade segundo H. Eysenck (H. Eysenck. Les dimensions de la personnàlité. tr. fr .• 1950. p. 36).

\

53

/

f···· ~.:.

~", 1_--~~~------~~~~--~~------~============::::::::~~--------------------~~--------~--1 116+ ~ ._

'HORIH,S IHSCULlHAS

,",--i·. j .. eo ---:=~-- -~ --=~

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L.:.. "~~-~_oo

FIGURA 3 - EXEMPLO DE UM PSICoGRAMA. OS DADOS FORAM OBTIDOS ATRAV~S 00

CALIFoRNIA PSYCHoLoGICAL INVENToRY DE GoUGH.

(LAZARUS. R. - PERSONALIDADE E ADAPTAÇÃO. p. 99)

\

/

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~Dt.1I1

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P~

F.

hedonismo

nltlvldade I . mllltarlsm~

I etnocentrlsmo

L4: fenômenos observavel~: hábl· t05 de pensamcnlo (atitudes)

L31 fenõmeno. observáveis: há· bllos do conduta (Ir aços)

L2, 11ln6menol obser.ávolS : uporlmlntal,

dura obsl;nação versus suave obstinação

1 Pb = Pc x E

Influêncl.. . ..... extroversão • da lImblonla (E) (PS) introviJrsão

I vigilância ill!1õII!!f--.1 romlnlscênela

,...........-~:--~ duràç:lo do Imnoum poo. lorlor

LI: construção teórica

excitação • inibição (Pc) equilíbrio

I nacionalismo

traços prlm;irlos

soclôlbllldade

Impulsividade

ratlml.

ascEndência

atlvldnde

etc.

FIGURA 4 ~ REPRESENTAÇÃO DIAGRAMATICA DA TEORIA DA

PERSONALIDADE DE EYSENCK

( EYSENCK •. H. J. FACTOS E MITOS DA PSICOLOGIA p. 80)

55

\

/

TABELA 1

ESTATíSTICAS REFERENTES A PRIMEIRA APLICAÇAo DO QUESTIONAR lO

E 00 MAUDSLEY PERSONALITY INVENTORY (M.P.I.)

QUESTIONARIO M. P. I.

ESTATfSTICAS TURMAS TURMAS

1 2 3 4 1 2 3

Número de casos ---29 20 9 12 29 20 9

Médias ------------46,3 35.5 15.6 21.2 27.8 26.2 28.8

Desvios. padrão ---18.3 10.5 4.8 6.7 6.6 6.9 3.5

TABELA 2

ESTATíSTICAS REFERENTES A SEGUNDA APLICAÇAo DO QUESTIONARIO

E DO MAUDSLEY PERSONALITY INVENTORY (M. P. I.)

QUESTIONARIO M. P. I.

ESTATfSTICAS TURMAS TURMAS

1 2 3 4 1 2 3

Número de casos --- 29 20 9 12 29 20 9

Médias ------------ 50.2 36.5 16.0 27.6 29.1 26.2 29.3

Desvios padrão ---- 15.3 10.4 6.1 8.7 5.7 6.2 3.6

56

4

12

29.0

8.5

4

12

28.4

8.6

TABELA 3

COEFICIENTES DE CORRE LAÇA0 ENTRE A

PRIMEIRA E A SEGUNDA APLICAÇAo

00 M. P. I.

TURMAS N r -

1 29 0,834

2 20 0,615

3 9 0,707

4 12 0,850

TABELA 4

COEFICIENTES DE CORRE LAÇA0 ENTRE A

SOMA DOS ESCORES NO QUESTIONARIO

E A SOMA DOS ESCORES NO M. P. I.

TURMAS

1

2

3

4

N

29

20

9

12

r

0,478

0,468

0,219

0,512

57

TABELA 5

COEFICIENTES O~ CORRE LAÇA0 ENTRE A

PRIMEIRA E A SEGUNDA APLICAÇAo

00 QUESTIONARIO

TURMAS N r

1 29 0.633

2 20 0.555

3 9 0.804

4 12 0.799

58

TABELA 6

TRANSFORMAÇÃO ~ DE FISHER APLICADA As CORRELAÇOES ENTRE A PRIMEIRA E A SEGUNÓA'APLICAÇÃO DO QUESTIONARIO

TURMAS N-3 r z

1

2 3

4

- -

26 0.632 0.7447

17 0.556 0,6256 6 0.804 1,1098

9 0.799 1.0058

TABELA 7

TRANSFORMAÇÃO ~ DE FISHER APLICADA As CORRELAÇOES ENTRE A PRIMEIRA E A

SEGUNDA APLICAÇÃO DO M. P . I.

TURMAS N-3 r z - -

1 26 0,834 1,2011

2 17 0.615 0,7169

3 6 0,707 0.8812

4 9 0.850 1,2569

TABELA 8

TRANSFORMAÇÃO ~ DE FISHER APLICADA As CDRRELAÇOES ENTRE AS SOMAS DOS ESCORES DO

QUESTIONARIO E AS SOMAS DOS ESCORES NO M. P. I.

TURMAS N-3 r z - -1 26 0.478 0.5204

2 17 0.468 0.5075

3 6 0.219 0.2226

4 9 0.512 0.5654

59

60

TABELA 9

PODER DISCRIMINANTE DAS QUESTaES DO MAUDS~EY PERSDNALIry INVEN

TORY REFERENTES A EXTROVERSAo, CLASSIFICADAS SEGUNDO SEU PODER

DISCRIMINANTE.

--------------------------------------------------------------NÚMERO DA

QUESTAo

51

61

6

13

54

37

75

14

69

79

44

66

47

41

23

56

46

9

3

1

2

20

73

31

POPULARIDADE

46,2

51 ,4

53,6

88,1

67,9

37,1

66,4

70,0

70,7

48,6

27 , 1

42,9

40,7

52,1

25,0

29,6

44,3

14,3

40,7

62.1

57,9

33,4

36,4

77.1

(E.) r bis

1,028

0,724

0,665

0,659

0,645

0,587

0,581

0,573

0,547

0,514

0,507

0,488

0,458

0,425

0,379

0,357

0,349

0,346

0,326

0,298

0,152

0,122

0,118

0,092

A N E X O I

ANEXO I

(QUESTIONARIO)

Prezado Aluno

Durante esse semestre estudamos persona­

lidade e tivemos oportunidade de descobrir coisas diferen

tes que acontecem conosco e suas causas.

62

Vimos também. num enfoque especial de

Eysenck. que os individuos se diferenciem através do eixo:

Introversão - são aqueles voltados para

dentro de si mesmos e

Extroversão - os individuos voltados p~

ra o mundo exterior.

Agora. gostaríamos de solicitá-lo a no­

mear seus colegas que. segundo seu julgamento. voce clas­

sificaria como introvertido e extrovertido.

Agradecemos sua colaboração

MARílIA

A N E X O i J

64

ANEXO II

Inventário Maudsley

Tradução e adaptação de Riva Bauzer

Nome: Turma ........ .

Data:

Instruções: Responda às perguntas que se seguem. passando um

traço em volta da palavra "Sim" ou da palavra "Não" que apa­

recem à direita. adiante de cada questão. Se você não conse­

guir decidir-se entre o "Sim" e o "Não u• passe um traço em

volta do ponto de interrogação ("?").

Trabalhe rapidamente sem se preocupar com a ana

lis8 detida do sentido exato de cada questão. Neste questio­

ná~io não há respostas certas nem erradas.

NÃO DEIXE QUESTOES EM BRANCO~

1 - Você costuma limitar seus conhecidos a um

pequeno grupo selecionado? Sim ? Não

2 - Você prefere a açao ao planejamento da

açã,,? Sim ? Não

3 - Quando lhe fazem alguma observação voce

tem. quase sempre. uma resposta "na ponta

da língua"? Sim ? Não

4 - Freql1entemente voce sonha acordada com

coisas irrealizáveis? Sim ? Não

5 Quando criança. sempre obedecia imediata-

mente sem resmungar? Sim ? Não

6 - Em geral. voce se mostra rápida e segura

em suas ações? Sim ? Não

7 Você tem dificuldade em fazer novas amiza­

des?

8 As vezes voce "deixa para amanh~" o que de

veria fazer hoje?

9 - Você costuma encarar seu trabalho sem

maior cuidado, isto e, voce e das que "v~o

levando"?

10 FreqOentemente voce se sente irritada,

aborrecida?

11 - Você costuma meditar sobre seu passado?

12 - Depois de se comprometer a fazer alguma coi

sa, voce mantem sempre sua promessa, quais­

quer que sejam as inconveniências que essa promessa acarrete?

13 - Você aprecia atividades que oferecem oport~

nidades para contatns sociais?

14 - Você costuma sentir-se acanhada na presença

de pessnas do outro sexo?

15 - As vezes voce se encoleriza?

16 - FreqOentemente você tem que enfrentar perí~

dos de solid~o?

17 - Você e muito sensível com relaç~o a vários

assuntos?

18 - FreqOentemente voce descobre que se decidiu

tarde demais?

19 - Você tem preconceitos de qualquer espéCie?

20 - Você costuma ser muito desconfiada?

21 - FreqOentemente voce se diverte "a valer~

em festas?

22 - Acontece voce passar da alegria para a tris

teza, ou vice-versa, sem motivo?

65

Sim ? Não

Sim ? N~o

Sim ? Não

Sim ? Não

Sim ? Não

Sim ? N~o

Sim ? Não

Sim ? Não

Sim ? N~o

Sim ? N~o

Sim ? N~o

Sim ? N~o

Sim ? N~o

Sim ? Não

Sim ? Não

Sim ? Não

66

23 - Você gosta de "pregar peças" aos outros? Sim ? Não

24 - Você sempre ri de uma piada pesada? Sim ? Não

25 - Freqtlentemente seus pensamentos vagueiam

quando voce procura concentrar-se? ("'.

~ ... l.m ? Não

26 - Você se classificaria corno uma pessoa ten-

sa. parecida com urna "corda esticada" Sim ? Não

27 - Depois de ultrapassado um momento crítico,

freqCentemente voce se lembra de algo que

pOderia ter feito e nao fez? Sim ? Não

28 Num jogo, prefere ganhar . perder? Sim ? Não - vece a

29 - Em geral. voce acha fácil travar novos co-

nhecimentos? Sim ? Não

30 - Você . ~ sentiu impressão esquisita de Ja a

nao ser mais a mesma pessoa que era? Sim ? Não

31 - Algum dia voce . ~ Ja encarou seu trabalho co

mo se fosse questão de vida ou morte? Sim ? Não

32 - Freqaentemente voce se perde em reflexões.

mesmo quando deveria estar participando

de uma conversa? Sim ? Não

33 - Você fica. sempre. realmente contente qua!!.

do um inimigo cruel alcança um sucesso me

recido? Sim ? Não

34 - As atividades sociais proporcionam-lhe

maior satisfação que outra coisa qualquer? Sim ? Não

35 - As idéias afluem a sua mente a ponto de

impedí-Ia de dormir? Sim ? Não

36 - Às vezes voce faz um pouco de "farol"?

37 - Em uma festa voce consegue nentregar-se"

de corpo e alma" a alegria, divertindo­

se a grande?

38 - Você gosta de sonhar acordada?

39 - FreqOentemente voce se sente sem rumo e

cansada, sem motivo aparente?

40 - Todos os seus hábitos sao bons e desej~

veis?

41 - Você costuma conservar-se quieta quandO

em um grupo de pessoas?

42 - Às vezes você se sente cheia de energia

e outras vezes sem vontade Cheia de

preguiça?

43 - Você sempre responde as suas cartas pe~

soais logo que pode, depois de lê-las?

44 - Você se classificaria como uma pessoa

tagarela?

45 - Às vezes ocorrem-lhe pensamentos ou

idéias que voce nao gostaria que se tor

nassem conhecidos por outras pessoas?

46 - Você se sentiria muito infeliz se a im­

pedissem de estabelecer numerosos conta

tos sociais?

47 - Você se sente mais feliz quando tem que

participar de um plano que exige rapi -

dez de ação?

48 - Você gasta muito tempo ~ecordando bons

momentos vividos no passado?

49 - Às vezes conversa

desconhece?

sobre assuntos que

67

Sim ? Não

Sim ? Não

Sim ? Não

Sim ? Não

Sim ? Não

Sim ? Não

Sim ? Não

Sim ? Não

Sim ? Não

S :'.,') ? Não

Sim ? Não

Sim ? Não

Sim ? Não

Não

50 - Alguma vez vecê já se sentiu amolada pelo

fato de um pensamentn inútil voltar vezes

repetidas a sua mente?

51 - Os outros a consideram como uma pessoa

cheia de vivacidade?

52 - Voc~ participa, as vezes, de »mex8ric~s~?

53 - Em geral seu humor e estável?

54 - Seus sentimentos são facilmente feridos?

55 - Você já pregou mentira, alguma vez?

56 - Em geral v~cê prpfere assumir a lideran­

ça em atividades de grupo?

57 - Você se classificaria como uma pessoa

alegre e feliz?

58 - Às vezes v~cê se preocupa com dinheiro?

59 - Às vezes voce se" ~ente irrequieta que

nao pode ficar sentada muito tempo na

mesma cadeira?

60 - Em geral. voce se dá bem cf1m "tMd mundo"?

61 - Você se classificaria como uma pessoa

dotada de vivacidade?

62 - Alguma vez vocs já chegou atrasada ao

trabalho mu a um encontro?

63 - Às vezes voce se sente profundamente in

feliz sem motivo?

64 - FreqOentemente voce se sente perseguida

p,r sentimentós de culpa?

65 Você costuma ser melanc6lica?

66 - Vccê g~~ta de ter muitos cnmpromissos sociais?

67 - Urna vez ou outra v~ce perde o controle e encoleriza-se?

68 "

Sim ? Não

Sim ? Nãà

Sim ? Nã~

Sim ? Não

Sim ? Nãe

Sim ? Não

Sim ? Não

Sim ? Nãd

Sim ?

Sim ? Não

Sim ? Não

Sim ? Nãe

Sim ? Não

Sim ? Nâ".

Sim ? Não

Sim ?

Sim ? Não

Não

68 - As vezes voc~ se_~ente feliz. outras vezes

deprimida. sem motivo aparente?

69 - Você acha difícil divertir-se Ma valer".

mesmo numa festa animada?

70 - Em geral você é uma pessoa despreocupada?

71 - Seu humor sofre freqOentes altos e baixos.

com ou sem motivo aparente?

72 - Você declararia sempre- e Alf~ndega tudo

que traz. mesmo sabendo que nunca- desco­

bririam?

73 - voeê gosts de trabalhos que exigem consi­

derável atenção para detalhes?

74 - Há BCBs16esem q~e voca busca e solidão.

nio podendo tolerar a compa~hia d~ quem

quer que Qeja?

75 - Voes costuma manter-se apagada em

n16es sociais?

reu-

76 - FreqUentemente voce perde o sono por cau­

sa de preocupaç6es?

77 - Entre todas as pessoas que voce conhece

há alguma de quem voce positivamente nao

gosta?

78 - Em gerai voce sente desapontamentos tão

profundamente q~e nao consegue osquecê-los?

79 - Em geral parte de voce a iniciativa para

fazer novos amigos?

80 - Voci gosta de participar de uma "torcida"

organizada. cheia de entusiasmo?

. / .

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Si~

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

69

? Não

? Não

? Nã~

? Não

? Não

? Não

? ~ão

? Não

? Não

? Não

? Não

? Não

? Não

A N E X O I I I

71

ANEXO 111

GLOssARIO

1. AMOSTRA - "Conjunto de elementos selecionados dentre os

de uma população. para ser estudado com o fim

de fornecer informações sobre a população de

onde foi selecionado".

NOVAES. M. HELENA- Glossário de termos refe­

MARTINS. OCTAvIO rentes aos testes de medi-

das psicológicas.

Rio. FGV-ISOP. 1968. p.OS.

2. ANALISE DAS QUESTOES - "Processo estatístico de avaliar

as qualidades das questões de um teste. incl~

indo pelo menos a determinação da dificulda­

de de cada questão e seu poder discriminante".

NDVAES. ~. HELENA- Glossário de termos refe­

MARTINS. OCTAvIO rentes aos testes de medi-

das psicológicas.

Rio. FGV-ISOP. 1968.

p. 06 - 07.

3. ANALISE FATORIAL - "Processo matemático de analisar um

grupo de variáveis correlacionadas entre si.

de modo a explicar suas correlações pela in­

fluência de um numero menor de outras variá­

veis. chamadas fatores. aos quais se pode em

geral atribuir uma significação psicológica".

NOVAES. M. HELENA -Glossário de termos refe­

MARTINS. OCTAvIO rentes aos testes de medi-

das psicológicas.

Rio. FGV-ISOP. 1968. p.7.

4. ANSIEDADE - "Mal estar físico e psíquico. caracteriza­

do por temor difuso. sentimento de insegu-

rançaM.

LIMA. LEONARDO. PEREIRA - Dicionário de Psi

cologia Prática.

são Paulo. Honor.

1971. V. I p. 32.

5. ANGOSTIA - "Sentimento de forte apreensao a uma amea­

ça vaga e tida como inevitável de uma for­

ça interior (opondo-se portanto ao medo e

a ans~edade. que aparecem diante de um ob­

jeto concreto e exterior)".

LIMA. LEONARDO PEREIRA - Dicionário de Pai -cologia Prática.

são Paulo. Honor,

1971. V.I p. 30.

6. APRENDIZAGEM - "Processo que conduz à aquisição de cer

ta capacidade para responder de forma ade­

quada ~ uma situação nova ou já conhecida".

LIMA. LEONARDO PEREIRA - Dicionário de Psi-

cologia Prática.

são Paulo. Hcnor.

1971. V.I p. 35.

7. AVALIAÇAO - "~rocesso qualquer de exprimir por meio de

números ou categorias lógicas as modalida­

des de um fen6meno".

N~VAES, M. HELENA - Glossário de termos re

MARTINS, OCTAVIO ferentes aos testes de

medidas psicológicas.

Rio, FGV-ISOP. 1968.

p. 7.

72

73

8. COEFICIENTE DE CORRELAÇAo - "De um modo geral. um coefi-~ ,',

ciente que indica o grau de relação ou inter-

dependência entre duas variáveis. Destes. o

mais empregado e de maior interesse é o coefi

ciente pearsoniano de c.orrelaçãn linear (---)

Além d. coeficiente de Pearson. cabe assina­

lar (---) o coeficiente de correlação bisse­

ria1. em que uma das variáveis se apresenta

sob forma dicot5mica".

NOVAES, M. HELENA - Glossário de termos refe­

MARTINS. OCTAvIO rentes aos testes de medi

das psicológicas.

Rio. FGV-ISOP. 1968.

p. 8-9.

9. COEFICIENTE DE PRECISA0 - "Coeficiente que mede a p1"8ci­

sao de um teste. PHde ser obtido por vários

métodos:

a) pela correlação entre duas fOrmas parale­

las do mesmo teste aplicadas ao mesmo gru­

po (mét"do das formas paralelas);

b) pela cl'.rrelaçãe entre duas ap11caçõea su­

cessivas. c~m intervalo cftnveniente.do mes

ma teste ao mesmo grupo (métoao do re-tes

te) ;

cl pelo seccianamen~6 do teste em duas meta­

des equivalentes. c~rr1gind~-se o coefici­

ente de correlaçãA entre os escores nas

duas metades pela fórmula Spearman-Brown

(método do seccionamento)".

NOVAES. M. HELENA - Glossário de termos re

MARTINS. OCTAvIO ferentes aastestes de

medidas'psi601ógicas.

Rio. FGV~ISOP, 1968.

p.9. '

74

--,.. 10. COEFICIENTE DE VALIDADE - "Coeficiente de correlação en­

tre ~~ resultados da aplicação de um teste a

um grupo e os da aplicação ao mesmo grupo do

critério de validação. isto é. de uma avalia­

ção tão perfeita quant~ possível daquilo que

se quer avaliar",

NOVAES. M. HELENA - Glossário de termos refe-

MARTINS. oCTAVIo rentes aos testes de medi­

das psicológicas.

Rio. FGV-ISoP, 1968. p.10.

11. CORRE LAÇA0 - "Grau de ligação ou interdepend~ncia entre

dois fenômenos ou variáveis.

elevada indica a tend~ncia

Uma correlação

apresentada pelos

dois fenômenos a variarem concomitantemente

no mesmo sentido, mas não indicam necessaria­

mente uma relação de causa e efeito entre

eles".

NoVAES, M. HELENA - Glossário de termos refe­

rentes aos testes de medi­

das psicológicas.

Rio, FGV-ISoP, 1968.

p.10-11.

12. CoRREÇAo DA ATENUAÇAo - "Correção a introduzir no coefi­

ciente de correlação entre duas variáveis,

quando se tem o propósito de obter uma estima

tiva de sua correlação intrínseca, isto é, da

correlação que existiria entre elas, se ambas

fossem isentas de erros de medidas".

NOVAES, M. HELENA - Glossário de termos refe­

MARTINS, oCTAvIo rentes aos testes de me-

didas psicológicas.

Rio, FGV-ISoP. 1965,

p. 10.

/

75

13. DESVIO PADRAo - PMedida de variabilidade ou dispers~o

de uma distribuição de frequências.cujo va­

lor é igual à raiz quadrada da média dos

quadrados dos desvios. contados à partir da

média da distribuiçã~».

NOVAES. M. HELENA - Glossário de termos re­

MARTINS. OCTAvIO ferentes aos testes de

medidas psicológicas.

Rio. FGV-ISOP, 1968.

p. 12.

14. DEPRESsAo - "Estado mental mérbida que se caracteriza

por lassidãn, desânimo. fadiga e freqOente­

mente é 600mpanhada de ansiedade ma1~ ou m~­

nos acp~tuada".

LIMA, LEONARDO PEREIRA - Dicionário de Psicn a= 10gia Prática.

são Paulb. H~nor.

1971. V.I. p. 129.

15. D!STfMICO - MPaciante neurótico que sofre de ansiedade,

depressão e sintomas ~bcessiv~-tompulfivo".

LIMA, LEONARDO PEREIRA - Dicibná~iM de Psi­

cologia Prática.

sã~ Paulo, Honor.

1971. V.I. p.162.

16. EXTROVERSAo-INTROVERSAo - "t uma dimensão que se este~

de entre deis extremns e poesui uma região

média. cujaa características não pertencem nem a um. nem a nutro. Os dados empíric~6

fazem-nos crer que a maior parte das pessoas se l~caliza na região média".

EYSENCK. HANS JURGEN - Fact~s e mitos da ps! cnlogia.

sâ6 Paulo, IBRASA. 1968', p. 6·1.

76

17. EXCITAÇAo - »~ a etividade de formaç~o da conexao envol

vida na tranemiss~o de impulsos neurais en­

tre regi5es diferentes do c6rtex».

WRIGHT, ANN TAYLOR - Introducing psychology.

ET ALII An oxperimental appro­

acho

England, Penguin, 1970

p. 538.

18. FLUTUAÇAo DE AMOSTRAGEM - "Variaç8es, devidas ao acaso,

dos valores das Estatfsticas:de uma p~ra ou'

tra amostra tiradas da mesma populaç~on.

NOVAES. M. HELENA - Glossário de termos re­

MARTINS, OCT~VIO ferentes aos testes de

medidas psico16gicas.

Rio. FGV-ISOP, 1968,

p. 19.

19. HISTERIA - "Neurose causada por conflitos pSicol6gi­

cos e que se caracteriza pela hiperexpres­

sividade somática das idéias, das imagens

e dos atos inconscientes".

LIMA, LEONARDO PEREIRA - Dicionário de Psi­

cologia Prática.

S~o Paulo, Honor,

1971. V.II. p.274.

77

20. INIBIÇAo -"~ um.processo similar ~ fadiga. que se de­

senvolv~ cemo uma consequincia da excitaç~ci e

age para impedir a passagem futura de impul­

sos neurais excitat6rios".

W~IGHT. ANN TAYLOR - Introducing psychology.

An experimental approach.

England. Penguin. 1970.

p. 5:38.

21. INTERCORRELAÇAo - "Expres~~o geralmente aplicada ao con­

junto das correlações observadas entre um gr~

p~ de testes ou outras variáveis, considera­

das duas a duas".

NOVAES. M. HELENA - Glossário de termos refe­

MARTINS, OCTAvIO tentes aos testes de medi

das psicol~gicas.

Rio. FGV-ISOP. 1968. p.21.

22. NEUROSE - "Afecç;o mentel caracterizada po~ transtornos

funcionais que ";0 alcançam a per9óhalidade~

As principais neur~ses sao a histéria 8 a ps!

castenia".

LIMA, LEONARDO PEREIRA - Dicionário de Psico­

logia Prática.

são Paulo, Honor, 1971,

V.IL p. 383.

23. PSICOSE - "Alteraç~o grave na fuMç~n psico16gica do indi

v!duo que acarreta defici~ncias na capacidade

pa.ra distinguir. avaliar e apreciar a r8alid~

de".

LIMA. LEONARDO PEREIRA - Dicionário de Psico­

logia Prática.

são Pauln, Horr~r. 1971.

V.IL p. 518.

78

24. PSICASTENIA - »Ansiedade. sensaçao de incapacidade e pe~

da de personalidade. fraqueza intelectual

e tendência mórbida para dúvidas e hesita­

ções».

LIMA. LEONARDO PEREIRA - Dicionário de Psi

cologia Prática.

são Paulo. Honor. 1971.

V.II. p. 462.

25. PRECIS~D - "Chama-se precisãa de um teste. ou qualquer

26. QUEST~O

27. TIPO

outro instrumento de medida. a exatidãn

com que ele mede aquilo que realmente mede.

Distingue-se da validade. que é exatidão com

que o teste mede aquilo que queremos medir . ou avaliar. SlnõniffiQ: fidedgnidade".

~. . NDV~ES. M. HELENA - Glossario de termbs re-

MARTINS. OCT~VIO ferentes aos testes de

medidas psicológ~oas.

Rio. FGV-ISOP.1968. p.26.

"Qualquer uma das perguntas bu pr~blemas. cujo

cnnjunto constitui um teste N•

NOVAES. M. HELENA - Glossário de termos re­

MARTINS. OCTAvID ferentes ans testes de

medidas psicológicas.

Rio. FGV-ISOP. 1968. p.27.

-·"Cla5siflca~;~ racional dos individuos hu­

m~riQs, ~egundo a sua personalidade~.

LIMA. LEONARDO PEREIRA - Dici~nári~ de Psi­

cologia Prática.

são Paulo. Honor. 1971.

V.III p .. 690.

28. TRAÇO - uConslderando a personalidade do indivíduo. e

certa qualidade particular do seu comportame~

to. caracterizando o indivíduo em relação ao

seu campo de atividades e mantendo-se cons­

tante durante certo período de tempo".

LIMA. LEONARDO PEREIRA - Dicionário de Psico­

logia Prática.

são Paulo. Honor.

1971. V.III. p.701.

29. TESTE INVENTARIO - "Deslgnaç~o frequent~mente aplica­

da a certos queetionirios de 'interesse ou de

personalidade. bem dorn~ ate~tes destinados

a verificar a pr~ficiencia dn examinandr numa

área ampla de conheclme"t~a".

NOVAES. M. HELENA - Gles~ãrici de termos refe­

MARTINS. OCTAvIO rentes aos te~te~ de medi

das psico16g1cas.

79

Rio. FGV-ISOP. 1968.p.33.

30. TRANSFORMAÇAO DE Z DE FISHER - "Transfnrmaç~h d~ cdefi-

ciente pearsoniano de cnp~81ação por

equaçÇlo:

Z c arg t~h r = 1 2

log e 1 + r

1 r

meio da

A variável z apresenta dist~ibuiçãA de amos

tra que. com apr~xlmação qua~B sempre ~ufician

te. pode ~er considerada~ ~esmopara pequena~

amostras. c~mo distribuição nrrroal com desvio

padrão igual a

1/\/n-"3.' independente do valor da correlação

no universo".

MARTINS. OCTAvIO - Sobre o cl1'sficiente de cor­

relaçã".

Rio. SENAI. 1948. p. 62.

31. VALIDADE • "E~atidio cem que o teste avalia aquilo que

se ~retende avaliar. A validade é expressa

numericamente pelo coeficiente de validade.

quando é possível obter um critério satisf~

tório. isto é. outra medida tio exata. qua~

to possível. do que se pretende avaliar".

NDVAES. M. HELENA - Glossário de termos re­

MARTINS. DCT~VIO ferentes aos testes de

medidas psicológicas.

Rio. FGV-ISOP. 196B.

p. 34.

32. VARIANCIA - "Quadradn do desvio padr~o de uma distri­

buiçio. ou. em outras palavras. a média dos

quadrados dos desvios, contados a partir da

média de distr1buiç~o~.

NOVAES. M. HELENA - Glossário de termos re­

MARTINS. OCT~VIO ferentes aos testes de

medidas psicológicas.

Rio. FGV-ISOP. 1968.

p. 35.

80

Nomes dos

componentes

da banca

examinadora

Tese apresentada aos senhores:·

Visto e permitida a impressão . -.r

Rio de Janeiro. /4/ ]L /197'1-

Coordenador Geral de E sino