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Maria de Fátima Madureira Pinto O Desenho Humorístico como recurso didático na aula de ELE Relatório realizado no âmbito do Mestrado em Ensino de Português e Espanhol no 3º ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário orientada pelo Professor Doutor Rogelio Ponce de León Romeo Orientador de Estágio, Dra. Ana Rute Silva Supervisor de Estágio, Dra. Miriam Fernández Ávila Setembro de 2015 Faculdade de Letras da Universidade do Porto

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Maria de Fátima Madureira Pinto

O Desenho Humorístico como recurso didático na aula de ELE

Relatório realizado no âmbito do Mestrado em Ensino de Português e Espanhol no 3º ciclo

do Ensino Básico e Ensino Secundário orientada pelo

Professor Doutor Rogelio Ponce de León Romeo

Orientador de Estágio, Dra. Ana Rute Silva

Supervisor de Estágio, Dra. Miriam Fernández Ávila

Setembro de 2015

Faculdade de Letras da Universidade do Porto

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III

Índice

AGRADECIMENTOS ........................................................................................................................ V

RESUMO .......................................................................................................................................... VII

ABSTRACT ..................................................................................................................................... VIII

LISTA DE SIGLAS/ACRÓNIMOS .................................................................................................. IX

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 10

1. O Desenho Humorístico ............................................................................................................ 12

1.1. O Conceito de Desenho Humorístico ................................................................................ 12

1.2. O Desenho Humorístico nos Documentos Oficiais Reguladores da Prática do ensino ...... 15

1.3. O desenho humorístico como material autêntico ............................................................... 17

1.4. A relação do desenho humorístico com o ensino ............................................................... 20

1.4.1. A aplicabilidade do DH nas aulas de ELE (vantagens/desvantagens) ........................ 28

1.4.2. A aplicabilidade do DH nas aulas de ELE (finalidades) ............................................ 34

2. Intervenção no contexto educativo ............................................................................................ 37

2.1. Caracterização do Contexto educativo ............................................................................... 38

2.1.1. O perfil dos alunos ..................................................................................................... 39

2.2. Planificação, desenvolvimento e cronograma das atividades ............................................. 40

2.2.1. ¿Qué es el arte? ......................................................................................................... 42

2.2.2. ¿Cómo vivíamos antes y cómo vivimos ahora?.......................................................... 44

2.2.3. Las estrellas del cine español .................................................................................... 50

2.2.4. Los peligros en Internet ............................................................................................. 54

2.2.5. La literatura - el poder de las palabras ..................................................................... 58

2.2.6. Crónica de una muerte anunciada de GGM .............................................................. 60

2.3. Opções metodológicas ....................................................................................................... 63

2.3.1. Inquéritos ................................................................................................................... 64

2.3.2. Fichas de autoavaliação ............................................................................................. 70

2.3.3. Observações de aulas ................................................................................................. 76

2.3.4. Inquérito aos docentes ............................................................................................... 79

CONCLUSÃO .................................................................................................................................. 82

BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................. 85

ANEXOS .......................................................................................................................................... 93

Anexo 1 ......................................................................................................................................... 93

Anexo 2 ......................................................................................................................................... 95

Anexo 3 ......................................................................................................................................... 96

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IV

Anexo 4 ......................................................................................................................................... 97

Anexo 5 ......................................................................................................................................... 98

Anexo 6 ......................................................................................................................................... 99

Anexo 7 ....................................................................................................................................... 100

Anexo 8 ....................................................................................................................................... 101

Anexo 9 ....................................................................................................................................... 102

Anexo 10 ..................................................................................................................................... 103

Anexo 11 ..................................................................................................................................... 104

Anexo 12 ..................................................................................................................................... 105

Anexo 13 ..................................................................................................................................... 106

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V

AGRADECIMENTOS

Após esta longa e árdua jornada, é com muito orgulho que agradeço a todos os que

sempre me apoiaram, que me incentivaram, que não me deixaram desistir e principalmente

que tiveram a paciência, o carinho, a compreensão que me ajudaram a sonhar, a partir e a

chegar.

O meu agradecimento muito sentido à minha família e amigos!

Agradeço ainda ao Professor Doutor Rogelio Ponce de León Romeo por toda a

disponibilidade e ajuda.

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VI

Cada vez que un hombre ríe,

añade un par de días a su vida.

Curzio Malaparte

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VII

RESUMO

Pretende o presente trabalho estudar e refletir sobre as práticas no processo ensino-

aprendizagem da Língua Estrangeira (LE) com recurso ao desenho humorístico.

Como todos nós sabemos, na atualidade, é cada vez mais difícil motivar os alunos

para a aprendizagem (escola), não só devido ao largo leque de solicitações externas como

também pelo desinvestimento e desacreditação dos próprios perante a escola.

Urge, portanto, criar estratégias e métodos por parte dos professores que devolvam o

interesse e a motivação aos alunos para a sua própria formação.

Assim, iremos refletir sobre a importância deste recurso como estratégia didática. A

problemática que se levanta refere-se ao contributo do desenho humorístico para o sucesso

das aprendizagens.

Neste sentido, este recurso pode ser um instrumento fundamental, até mesmo

decisivo, quando se visa criar condições e um ambiente propício à aprendizagem.

Palavras-chave: humor; desenho humorístico; língua estrangeira.

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VIII

ABSTRACT

This work aims to study and reflect on the practices in the Teaching–Learning

process of a Foreign Language (FL) using comic strips.

As we all know, currently, it is very hard to motivate students to learn (school), not

only because of all the external diversions but also because of the loss of investment and

lack of faith of the students themselves regarding school.

For this reason it is of utter importance for teachers to create strategies and methods

that bring back the student’s interest and motivation for their own training.

Hence, we will think over the importance of this resource as a teaching strategy. The

issue arisen refers to the contribution of the comic strips for the success of the learning

process.

Therefore this resource may be a key instrument, even decisive, when you aim to

create an environment suitable for learning.

Key Words: humour; comic strips; foreign language.

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IX

LISTA DE SIGLAS/ACRÓNIMOS

BD — Banda Desenhada

DH — Desenho Humorístico

ELE — Español Lengua Extranjera / Espanhol Língua Estrangeira

LE — Lengua Extranjera / Língua Estrangeira

PCIC — Plan Curricular del Instituto Cervantes

QECR — Quadro Europeu Comum de Referência para as línguas

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INTRODUÇÃO

O presente relatório, que finaliza o estágio, surge no âmbito da conclusão do ciclo de

estudos conducente ao grau de mestre em ensino do Português no 3.º Ciclo do Ensino Básico

e no Ensino Secundário e de Língua Estrangeira nos Ensinos Básico e Secundário, na

especialidade de Espanhol.

O tema que decidi aprofundar ao longo deste intenso ano de estágio relaciona-se com

o uso do desenho humorístico como recurso didático nas aulas de Espanhol Língua

Estrangeira. A escolha deste tema justifica-se, essencialmente, por dois motivos: o primeiro é

a minha convicção de que o riso, o bom humor são fundamentais para a criação de um

ambiente favorável à aprendizagem, pois tal como refere Sancho citado por Morant (2006, p.

89) “todo con humor es más llevadero; si el humor está en la vida cotidiana, ¿por qué vamos a

excluirlo de la clase? Su presencia en el aula es importante, deseable, útil y beneficiosa. Sirve

para todo, rebaja el ambiente, reduce tensiones y ¿por qué no? También se aprende con él.”; a

segunda justificação prende-se com a vontade de ir ao encontro do contexto escolar do

estabelecimento em que estagiei – a Escola Artística Soares dos Reis – cuja vertente de ensino

tem por base o ensino das artes plásticas. Assim, e desde o início, procurei ter em conta, o

facto de estar a estagiar numa escola artística, onde há um foco nas artes plásticas e no

desenho e daí ter optado, de entre as diferentes formas de humor, pelo humor gráfico e mais

precisamente pelo desenho humorístico, já que os alunos com os quais tive o prazer de

trabalhar são alunos que se interessam pelas artes, pela pintura, pelo desenho e acima de tudo

pelo processo de criação pautada pela imaginação.

Após ter definido que iria aprofundar os meus conhecimentos sobre o uso do desenho

humorístico no ensino de ELE, canalizei a minha atenção para a questão da motivação, pois

confesso que, no início, apenas pretendia verificar a sua aplicabilidade como recurso para

motivar os alunos para a aprendizagem de Espanhol. No entanto, rapidamente, deduzi que

estava a restringir todas as possibilidades que um material como o desenho humorístico

apresenta e além do mais, seria pouco original e denotaria alguma falta de imaginação se

iniciasse todas as aulas utilizando o desenho humorístico como motivação. Tal como

Menéndez (2002, pp. 116-117), acredito que o ensino com recurso a este tipo de material

humorístico “tiene un marcado carácter holístico: confronta al aprendiz con estímulos no

solamente de índole lingüística sino con otros muchos que suponen niveles de profundización

en su comprensión del tejido de interrelaciones sociales, resultando por ello un proceso

eminentemente educativo”.

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É por este motivo que o principal objetivo deste trabalho é comprovar as

potencialidades de materiais autênticos como o desenho humorístico nas aulas de ELE, já que

não só permitem criar um ambiente propício ao processo de ensino-aprendizagem, como

também podem ser utlizados de muitas maneiras diferentes no processo educativo e, em

concreto no ensino de ELE.

Na primeira parte deste trabalho, será feita uma abordagem ao conceito de desenho

humorístico, centrando a minha atenção nos géneros: banda desenhada, cartoon e caricatura.

Além disso, serão analisados o Programa Nacional de Espanhol (referentes aos níveis a que se

dirige o Mestrado no qual este relatório está integrado), o Plano Curricular do Instituto

Cervantes e o Quadro Europeu Comum de Referência para as línguas (QECR) sob o ponto de

vista de recomendações do uso do desenho humorístico (tiras cómicas, vinhetas, cartoon,

caricatura e BD). De seguida, serão expostas as vantagens e desvantagens pelas quais

devemos ou não usar este tipo de recurso nas aulas, mencionando diferentes pontos de vista

de diferentes autores, assim como serão apresentadas as finalidades que pode ter este recurso

nas aulas de ELE.

Na segunda parte deste trabalho, a mais prática deste estudo, visto que caracteriza a

escola e as turmas com as quais trabalhei ao longo da Iniciação à Prática Profissional e

apresenta uma série de atividades que visam provar a eficácia e as vantagens de usar o

desenho humorístico nas aulas de ELE.

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1. O Desenho Humorístico

1.1. O Conceito de Desenho Humorístico

Em primeiro lugar, gostaria de esclarecer que o objetivo deste trabalho não passa por

apresentar uma perspetiva histórica do desenho humorístico e muito menos tem por finalidade

entrar em debate sobre a adequação terminológica. Apenas, pretendo identificar quais os tipos

de desenho que foram utilizados nas minhas aulas e que tinham por base a união de dois

elementos: o desenho, por um lado e o humor, por outro. Aliás, é fundamental referir que nem

sempre estes desenhos eram acompanhados por texto linguístico.

Assim, gostaria de explicar que quando me refiro ao termo desenho humorístico (DH),

este pode ser um exemplo de caricatura ou de tira cómica, vulgo cartoon ou de tiras de banda

desenhada. Esta seleção foi uma escolha baseada nas finalidades por mim traçadas que, para

além de privilegiar a presença do humor nestes materiais, teve em conta a sua adequação aos

conteúdos lecionados e aos objetivos delineados.

Do meu ponto de vista, o desenho humorístico é como o próprio nome indica um certo

tipo de desenho com intenção humorística, que se caracteriza pela distorção dos seus

elementos para dar ênfase às qualidades mais significativas do tema abordado, onde a piada, a

ironia, o alegre e o triste se reúnem para alcançar um efeito engraçado que provoca diversão.

Este tipo de material como o cartoon apresenta características próprias e diferenciadoras de

outros géneros humorísticos e “Su esencia multimodal combina la representación icónica con

la índole simbólica propia del lenguaje. Su potencial reside en la apelación que ejerce de

forma simultánea a nuestra naturaleza cognitiva y a la emocional” (Carbajal, 2013, p. 45). Foi

este carácter apelativo, que não só provoca uma reação emocional por parte do leitor, mas

também implica uma ativação de conhecimentos, que influenciou a minha decisão de utilizar

o DH nas minhas aulas e que determinou a minha vontade de aprofundar os meus

conhecimentos sobre este tipo de material.

Todavia, será importante não esquecer que:

no existe un consenso acerca del alcance del término “dibujo humorístico”.

La variedad terminológica y conceptual es tal que muchas veces “dibujo

humorístico” es empleado indistintamente, a pesar de hacer referencia a una

caricatura, por ejemplo. Los límites entre uno y uno no quedan del todo

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claros a la hora de establecer una clasificación que dé cuenta de las

características inherentes a cada uno. (Chamorro, 2005, p. 228)

Gostaria, então, de reafirmar que, ao longo deste trabalho, se entenderá que o conceito

de desenho humorístico ou humor gráfico serão conceitos mais gerais, cuja amplitude e

características inerentes se prendem com o uso do desenho e do humor (com ou sem texto).

Por sua vez, a caricatura, o cartoon ou vinhetas ou tiras cómicas e as tiras de banda desenhada

serão uma espécie de subgénero dentro deste conceito mais abrangente que entendo por

desenho humorístico. Deste modo, poderei mencionar que quando faço referência ao termo

desenho humorístico, este não é mais do que “un neologismo con que se designa a una gama

diversa de obras gráficas realizadas para la prensa, desde chistes de una sola viñeta y

caricaturas hasta verdaderas historietas, tiras cómicas e incluso planchas enteras”

(Méndez 2011, p. 216). O humor gráfico pode, assim, apresentar-se de “muy diversas

formas, de acuerdo con la técnica elegida para realizarlo, el medio de comunicación empleado

para difundirlo y los fines que motivan al autor” (Méndez, 2011, p. 216).

No fundo, o conceito de desenho humorístico implica a existência de dois elementos: o

humor e o desenho. Tal como Pelayo (s.d., para. 22), também defendo que para que algo

possa ser catalogado como “humor gráfico” deve ser um exemplo dos significados das

palavras “humor” e “gráfico”, sendo que por “humor” se entende que “la obra tenga intención

de provocar risa o sonrisa (y hasta sonrisa interior, por supuesto); y ‘gráfico’ (…) que sea una

imagen en un plano creada con cualquier técnica adecuada, para que esté dentro de las artes

gráficas”. A presença destes dois elementos (o humor e o gráfico) é, sem dúvida, o que nos

permite caracterizar e definir o desenho humorístico, já que “el chiste gráfico está compuesto

por dos elementos: (a) un dibujo o caricatura y (b) un texto escrito con contenido jocoso,

irónico, sarcástico” (Padilla (2010, p. 17). Para este autor, é a junção destes dois elementos

que confere ao desenho humorístico características de um género multimodal, onde o

elemento principal para a interpretação da mensagem podem ser o desenho ou o texto

(Padilla, 2010).

Tal como já tinha mencionado anteriormente, não é fácil fazer a distinção entre

conceitos como o cartoon, a tira cómica e por isso há autores que os consideram sinónimos,

definindo-os como “un género humorístico que aparece en una publicación diária o semanal,

y cuyo propósito es analizar un suceso o acontecimento actual con humor” (Padilla, 2010, p.

17). Este género de desenho humorístico, normalmente com autoria identificada, tem por

objetivo comentar “de manera sintética y crítica los acontecimientos sociopolíticos y

culturales de un país o los internacionales del momento, esas noticias diarias que conforman

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la sección de Opinión de los periódicos, o que circulan como parte del rumor y caldo público

que los ciudadanos, en su vida privada o pública, comparten y debaten en tertulias y

encuentros habitualmente distendidos” (Menéndez, 2002, p. 102).

Assim e por último, parece-me crucial realçar que o humor gráfico está normalmente

relacionado com a imprensa e considero que, nestes dias em que as novas tecnologias de

informação têm cada vez mais um papel predominante na nossa sociedade, será importante

alargar o canal de publicação deste género de desenho para as diferentes formas relacionadas

com as novas tecnologias e não o restringir apenas à imprensa escrita.

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1.2. O Desenho Humorístico nos Documentos Oficiais Reguladores da Prática

do ensino

Apesar de, nos últimos anos, terem surgido vários estudos sobre o uso do humor

gráfico no ensino e em especial no ensino de línguas estrangeiras e também no ensino de

Espanhol como língua estrangeira, sendo evidente a preocupação dos investigadores em

aprofundar os conhecimentos sobre as vantagens de um recurso tão holístico como o desenho

humorístico, a verdade é que são muito poucas as referências a este tipo de recurso nos

documentos oficiais reguladores da prática do ensino. Aliás as poucas referências existentes

restringem-se à banda desenhada, sendo inexistentes as menções ao cartoon e à caricatura.

Nos Programas de Espanhol de 10º ano Iniciação e Continuação é sugerida a banda

desenhada aquando da leitura, indicando que “(…) os textos a utilizar na sala de aula deverão

ser, sempre que possível, autênticos.” Além disso, sugere-se que:

os alunos leiam diferentes tipos de texto adaptados à sua idade, aos seus

interesses e, logicamente, aos diversos níveis de domínio da língua

espanhola. A título de exemplo, os textos que os alunos poderão ler serão:

notícias, anúncios, programas, guias, etiquetas, instruções, reportagens,

contos, histórias, narrativas breves, folhetos turísticos, banda desenhada,

cartas, poemas. (Fernández, 2001a, pp. 25-26)

Além disso, nos programas de Iniciação do 10º, 11º e 12º ano também se faz

referência à banda desenhada aquando da compreensão escrita como exemplo de texto que

pode ser lido com apoio visual (Fernández, 2001b, p. 33).

Por último, a banda desenhada surge no tópico da abordagem sociocultural como

proposta de material trabalhado na aula para “relacionar as suas próprias experiências com as

dos jovens dos países da língua alvo” (Fernández, 2001b, p. 34).

Nos Programas de Continuação do 11º e 12º ano não há qualquer referência ao uso da

banda desenhada ou do cartoon ou da caricatura.

A minha pesquisa restringiu-se aos programas em vigor para o ensino secundário, já

que a minha experiência ao longo deste ano de estágio teve lugar numa escola apenas com

alunos do ensino secundário.

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Quanto ao Quadro Europeu Comum de Referência também se menciona apenas o

término banda desenhada, excluindo a referência ao cartoon ou à caricatura como materiais

de eleição. É no ponto 4, no qual se enumeram os diferentes usos da língua e mais

concretamente no subtópico 4.3.5. referente aos usos estéticos da língua, que se propõe a

“audição, a leitura, a escrita ou a narração oral de textos criativos (histórias, rimas, etc.),

incluindo textos audiovisuais, banda desenhada, fotonovelas, etc.” (Conselho da Europa,

2001, p. 88). Além disso e no subtópico 4.6.3. relativo aos tipos de texto, é sugerido o uso da

banda desenhada e dos jornais/revistas na escrita.

Quanto ao Plano Curricular do Instituto Cervantes faz-se referência às tiras cómicas y

cómics no ponto sobre géneros discursivos e produtos textuais relativo ao inventário sobre

géneros orais e escritos e mais concretamente no subtópico género de transmissão escrita para

os níveis B1, B2, C1 e C2 (Instituto Cervantes, 2006).

Também consultei o Portefólio Europeu de Línguas e constatei que não há qualquer

referência aos términos da banda desenhada, caricatura ou cartoon.

Após ter consultado todos os documentos anteriormente mencionados, pude concluir

que apenas a banda desenhada é apontada como exemplo de material a utilizar nas aulas de

ELE. Todavia, este facto não me parece inibidor do uso do desenho humorístico nas aulas de

ELE, pois não devemos esquecer que nenhum destes documentos tinha por finalidade servir

como diretriz dos materiais a utilizar em aula por parte de professor.

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1.3. O desenho humorístico como material autêntico

Nos dias de hoje, é fundamental ter em conta que “el maestro de idiomas busca

diferentes estrategias, dinámicas y actividades para hacer amena la enseñanza de un idioma.

Por tal motivo, tiene que despertar el interés de sus estudiantes al momento que ellos están

aprendiendo una lengua extranjera” (Martínez, 2010, p. 597). Na ampla oferta de recursos que

podem e devem ser utilizados pelo professor de LE, encontra-se o desenho humorístico cujas

características como a originalidade, criatividade e consequente fator surpresa devem ser

exploradas para motivar os alunos e planificar e proporcionar aprendizagens significativas e

por significativa entendo uma aprendizagem útil, onde o aluno aprenda conteúdos que possam

vir a ser utlizados em situações reais e diárias tanto a nível pessoal como a nível profissional,

pois não nos devemos esquecer que cada vez mais o conhecimento de línguas estrangeiras

influencia o êxito no mercado de trabalho. Além disso, convém ter presente que “Desde el

enfoque comunicativo, el protagonismo del profesor se va difuminando a favor de la

presencia activa del alumno. Esto ha obligado al primero a la búsqueda, análisis y

organización de materiales auténticos, amenos, didácticos y atrayentes para guiar al alumno

en su proceso de aprendizaje” (Escudero, 2007, pp. 59-60). Ao fazer esta pesquisa de

materiais, o professor de LE depara-se com uma “infinidad de recursos para poder crear

materiales didácticos interesantes a la hora de enseñar cultura” (Brines, 2012, pp. 1-2) e eu

acrescento na hora de ensinar qualquer conteúdo inerente à aprendizagem de uma língua

estrangeira. De entre esses materiais, Brines (2012) destaca a banda desenhada, justificando

não só pelo lado artístico deste género textual mas também por ser um elemento indicador da

cultura do país cuja língua se está a aprender.

O uso de materiais autênticos sempre que seja possível é, desde já há algum tempo,

visto como um dos fatores determinantes para o desenvolvimento da aquisição de línguas, já

que tal implicará a aprendizagem de uma língua de acordo com o contexto em que é usada

(Álvarez Montalbán, 2007).

Parece-me crucial perceber, assim, o que se entende por materiais autênticos e

comprovar que o desenho humorístico se enquadra nesse mesmo conceito.

De uma forma geral, reconhece-se que se trata de um material autêntico quando a sua

criação não teve por finalidade o ensino de línguas e quando é dirigido para os falantes

nativos. Poderíamos dizer que o conceito de material autêntico pode ser entendido como:

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Las muestras del lenguaje, ya sean orales o escritas, que, en su origen,

fueron producidas para la comunicación entre hablantes nativos en un

contexto no docente, y por tanto, no están graduados de ninguna manera,

desde el punto de vista lingüístico, ni organizados para mostrar el uso de un

punto gramatical concreto. (García Arreza et al. citado por Álvarez

Mennuto, 2009, p. 22)

Estas amostras de língua podem apresentar diferentes formas, já que podem ser vistas

como “el vehículo de la comunicación diaria que es usado en conversaciones, libros, eslogans,

señales de tráfico, menús, programas, posters, anuncios, etc. (Scarcella & Oxford citados por

Cancelas, 1998, para.17). Para além desta associação do conceito de material autêntico a

objetos com amostras de língua real, é importante não esquecer que os materiais autênticos

também podem ser elementos tipicamente característicos dessa cultura (Cancelas, 1998).

Tendo em conta esta definição de “material autêntico”, parece-me óbvio que o

desenho humorístico seja incluído neste conceito, pois trata-se de um material real que foi

criado para os nativos de uma língua. Assim, não está organizado com o intuito de explorar ou

demonstrar qualquer conteúdo linguístico ou gramatical, mas apresenta amostras de língua em

contexto real para além de fornecer informações importantes sobre a cultura desse mesmo

país.

É nesta perspetiva que Cancela (1998, para. 28) defende que os materiais autênticos

são muito adequados para trabalhar aspetos socioculturais da língua, pois “acercan la lengua y

la cultura al alumno mostrándoles muestras de la vida real del país donde se habla la lengua

objeto de estudio”.

Além disso, e como procurarei demonstrá-lo ao longo deste relatório, acredito que o

uso de materiais autênticos pode influenciar o nível de interesse por parte do aluno, o que faz

com que a sua motivação para aprender uma língua aumente. Por outro lado, não nos devemos

esquecer que o uso de materiais auténticos é crucial, já que nos permite “despertar la

motivación integradora, que es aquella en la que el alumno empieza a estudiar una lengua

para formar parte de la comunidad de hablantes de dicha lengua” (Cancelas, 1998, para. 40).

O objetivo de um estudante de línguas não é só aprender uma nova língua, mas também

aprender uma nova cultura.

De facto, são muitas e variadas as possibilidades e vantagens que os materiais

autênticos trazem quando utilizados no ensino das línguas estrangeiras, pois está provado que

podem ser fatores decisivos na hora de aprender uma língua estrangeira, pois não só “ayudan

a crear un ambiente rico en linguaje”, mas principalmente têm um papel decisivo “en el

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aumento de actitudes positivas hacia el aprendizaje, promoviendo el desarrollo de las cuatro

habilidades básicas (escuchar, hablar, leer y escribir)” (Colorado & Ángel, 2011, p. 18).

Por outro lado, é essencial ter em conta que os materiais autênticos que aumentam o

interesse, a motivação e a confiança dos alunos, também permitem uma maior familiarização

dos alunos com o uso real da língua e por isso podem servir de modelo para a produção de

enunciados tanto escritos como orais, aproximando os alunos a uma realidade fora da sala de

aula, a situações da vida real, já que potenciam a interação e o uso eficaz da língua em

situações comunicativas reais (Andrijević, 2010).

De acordo com o já exposto, à semelhança de outros materiais autênticos e como

iremos verificar mais à frente neste relatório, o desenho humorístico pode ser utilizado na aula

de ELE com diferentes finalidades, desde a motivação, a prática efetiva da língua tanto a nível

escrito como oral, o alargamento do vocabulário e dos conhecimentos gramaticais e claro o

conhecimento de aspetos culturais.

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1.4. A relação do desenho humorístico com o ensino

Antes de me centrar na análise da relação do desenho humorístico com o ensino,

considero que é importante fazer uma pequena menção ao uso do humor na sala de aula de

língua estrangeira, já que a dimensão humorística é um dos elementos fundamentais do

desenho humorístico.

Krashen, citado por Alves (2014, pp. 8-9), considera que o humor é “um dos veículos

para o ensino das línguas e o seu valor motivacional não pode ser sobrestimado (…). Neste

sentido, o humor: alivia a tensão; cria um ambiente divertido na sala de aula; potencia a

motivação” e “introduz uma lufada de ar fresco nos processos de aprendizagem das línguas”

(Medgyes citado por Alves, 2014, p. 9). Ainda, segundo o último autor, citado por Alves

(2014), o humor é potenciador de motivação, produzindo um ambiente relaxado na aula, o que

facilita a vontade de aprender e participar na aula. Wagner e Urios-Aparisi, citados por Alves

(2014), corroboram esta ideia salientando que o humor introduz uma variedade que melhora a

motivação e reduz a monotonia e o tédio na aula. O humor pode, assim, ser visto como motor

de motivação para os alunos, já que “ l’humour apparaît non plus comme un outil de gestion

de la classe, mais comme un véritable savoir être en classe ouvrant au plaisir de

l’apprentissage. Et à travers cela il apparaît comme un véritable moteur de l’investissement et

de la motivation des apprenants” (Pradeilles, s.d., p. 16).

Para além desta possibilidade de poder dar ritmo e interesse a uma aula “el humor y la

risa son instrumentos especialmente indicados para disminuir el miedo y los nervios

provocados por la ansiedad y ayudar a la facilitación del proceso de aprendizaje” (Alonso,

2011, p. 8). Aliás, será essencial referir que através do humor se envolve o aluno na

aprendizagem bem como se estimula o seu desejo de aprender, uma vez que através do lado

humorístico “se capta más fácilmente la atención del estudiante, se mejora la comprensión de

los conceptos más difíciles y a la hora de perpetuar los conocimientos impartidos, se logra un

grado de memorización mayor, de ahí el dicho ‘lección divertida, lección que no se olvida’”

(Morant, 2006, p. 89).

Esta possibilidade que o humor traz ao ensino de ajudar a que os alunos não se

esqueçam dos conteúdos trabalhados em aula é, sem dúvida, uma-mais-valia e tudo, porque

“La sorpresa, el chiste, ya sea sutil o evidente, estimulan al alumno en su propia creatividad, y

haciendo uso de ésta, las nuevas estructuras aprendidas en la clase teórica se fijan de una

manera lúdica, casi sin esfuerzos” (Krahan, 2010, p. 48).

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O humor é, sem dúvida, um elemento crucial no processo educativo, pois não nos

podemos esquecer que "la efectividad del mensaje depende, en alto grado, de un buen canal

para transmitirlo y, en este caso, el humorismo es un excelente vehículo para transferir el

mensaje del comunicador al receptor y producir en él la reacción que completa el ciclo de la

comunicación” (Guitart, 2008, p. 1).

Na verdade, a presença do humor na sala de aula permite ao professor de língua

estrangeira encontrar "nuevas fórmulas para que el aprendizaje sea realmente ameno,

atrayente y divertido. El humor ayuda a descubrir nuevas vías de trabajo. Abre canales de

comunicación y horizontes desconocidos en el campo educativo”, ou seja, “gracias a una

pedagogía del humor se agilizan y enriquecen los procesos de enseñanza y aprendizaje”

(García &Fernández, 2010, p. 12).

De facto, o humor pode ser um excelente aliado dos professores na hora de ensinar

línguas estrangeiras, já que como questiona Padilla (2010):

¿Es posible dar una clase de español como lengua extranjera (ELE) con

humor? La respuesta, obviamente, es sí. Pero la pregunta quizás esté mal

formulada, en realidad deberíamos preguntarnos lo siguiente: ¿es posible dar

una clase de ELE sin humor? Seguramente no. Cualquiera que se haya

plantado ante un grupo de alumnos, que asisten por primera vez a una clase de

ELE, estará de acuerdo en esto. El humor es una herramienta, un recurso y

hasta una necesidad para conseguir que la cosa funcione, es decir, para que

esos ojos abiertos como platos dejen de mirarte fijamente y comiencen a

hablar. (p. 16)

Em resposta a estas questões aqui levantadas, eu considero difícil ou até impossível

excluir o humor da sala de aula, não só pelas vantagens que a sua presença pode trazer para o

processo de ensino-aprendizagem e que serão apresentadas posteriormente neste trabalho, mas

acima de tudo, porque é algo que faz parte da vida, da comunicação e por isso tem de estar

presente na hora de ensinar a comunicar numa língua distinta da materna. Na verdade, é

importante não esquecer que o humor pode ser um elemento fundamental na recolha de

informação sobre costumes e características culturais, mas também “potencia las relaciones

afectivas entre los estudiantes, desarrolla la memoria visual y auditiva, facilita la adquisición

del vocabulario y favorece en general la práctica oral de la lengua” (Padilla, 2010, p. 17).

Esta ligação do humor à aquisição de conteúdos culturais é evidente, pois:

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éste, en muchas ocasiones, se sirve de los estereotipos, los lugares comunes,

etc. propios de cada cultura y, por tanto, reflexionar sobre ellos y establecer

comparaciones ayuda en gran medida a formar este tipo de hablantes e

intermediarios interculturales que huyan de las visiones superficiales,

estereotipadas y etnocéntricas sobre los aspectos culturales propios de cada

comunidad de habla. (Alemán, citado por Leontaridi & Peramos, 2010, p. 35)

Por outro lado, o humor desempenha um papel fundamental enquanto facilitador do

sentimento de pertença a um grupo, ou seja, o humor pode ajudar os alunos a integrarem-se de

forma mais rápida e eficaz no grupo turma e sala de aula.

É deste modo, que se podem justificar as quatro componentes que comprovam os

benefícios do humor na educação sugeridas por Oppliger, citado por García e Fernández

(2010):

1. La emoción positiva que acompaña al humor provocaría un aumento de

motivación.

2. Las propiedades de novedad y excitación emocional atraen la atención y la

mantienen.

3. El humor genera asociaciones mentales incongruentes que permiten un

mejor almacenamiento y retención da la información.

4. El uso de claves humorísticas en clase asociada a los conocimientos

contribuiría a una mejor recuperación de la información. (p. 11)

Outro fator importante que a presença do humor possibilita é a diminuição da

ansiedade por parte dos alunos e o aumento da participação nas tarefas propostas, uma vez

que “Humorous situations allow your students to express themselves without fear of ridicule

and criticism. Anxiety and stress is reduced and your students are encoureged to take more

risks in using their second language” (Chiasson, citado por Fernández Medina, 2010, p. 41).

Para concluir verificamos que é na linha deste pensamento que García e Fernández

(2010) apresentam dez funções do humor na educação:

1. Función motivadora: se consigue despertar el interés y el entusiasmo

por la temática que se esté trabajando.

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2. Función de camaradería y amistad: ayuda a establecer sanas y correctas

interacciones entre las personas. Posibilita un clima de cordialidad y de

confianza.

3. Función de distención: el humor y la risa funcionan como válvula de

escape ante situaciones imprevistas o conflictivas. Ayuda a liberar la tensión

acumulada y a desdramatizar las preocupaciones.

4. Función de diversión: mediante el humor se experimentan sensaciones

de alegría.

5. Función defensiva: el humor se utiliza para defenderse y desarmar a sus

adversarios.

6. Función intelectual: la utilización del humor ayuda a desterrar los

pensamientos distorsionados y las creencias irracionales.

7. Función creativa: estimula el pensamiento lateral o divergente. Se

potencia la imaginación como elemento fundamental en la resolución de

problemas.

8. Función pedagógica: facilita al educador la enseñanza e instrucción de

la materia. Sirve de apoyo en la construcción y selección de materiales de

ayuda que refuercen el aprendizaje elegido.

9. Función terapéutica: el humor sirve para tratar y resolver los trastornos

y/o perturbaciones emocionales desde planteamientos psicológicos.

10. Función social: ayuda a analizar la realidad con el objeto de transformar

la misma desde una perspectiva humorística. (pp. 12-13)

Centrando agora toda a atenção no desenho humorístico e nos diferentes estudos que

analisam o seu uso na sala de aula e no ensino de línguas estrangeiras, será fundamental não

esquecer que, antes de tudo, “El humor gráfico en la educación ayuda a los educadores a ser

unas personas lúcidas, observadoras, libres y con mejor ánimo para enfrentarse a los

contratiempos y las situaciones cotidianas” (García & Fernández, 2010, p. 12).

De facto, cada vez mais se nota a preocupação dos professores em encontrar soluções

criativas para combater o desinteresse dos alunos pelo ensino e pela escola e o humor gráfico

apresenta-se como uma excelente opção, pois “gracias a la atractiva combinación de imágenes

y texto, motiva y entretiene, estimula la creatividad y favorece el aprendizaje” (Flores, 2008,

p. 90). Esta capacidade do desenho humorístico motivar os alunos para a aprendizagem não é

algo que deva ficar restrito ao ensino das línguas estrangeiras, uma vez que “prácticamente

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todas las disciplinas son susceptibles de ser explotadas mediante viñetas o actividades

planteadas en forma de cómics” (Flores, 2008, p. 96).

Na verdade, não nos podemos esquecer de que é a partir da banda desenhada e da sua

estrutura tão peculiar que “el lector de imágenes puede vivir el tema ofrecido como historieta

con todo tipo de transferencias de sensaciones, sueños y fantasías”, uma vez que “mediante el

prodigioso fenómeno sinestésico, el cerebro humano interpreta los mensajes icónico-visuales

como recibidos por otros umbrales sensitivos: gusto, tacto, olfato u oído” (Lorente, citado por

Leontaridi & Peramos, 2010, p. 9).

A ideia de que a banda desenhada tenha como um dos elementos principais o desenho

e por isso poder ser mais cativante e eficaz para o aluno na hora de aprender uma língua

estrangeira está relacionada com a criação de “conexiones significativas entre las imágenes y

la afectividad (…) pues las palabras se codifican generalmente con algún tipo de imagen,

haciendo que se recuerden con mayor facilidad” (Arnold, citado por Leontaridi & Peramos,

2010, p. 14).

Também convém salientar que as atividades com recurso à banda desenhada permitem

“desarrollar la imaginación y la creatividad del alumno, además de favorecer la

comunicación, la integración y la cohesión grupal” (Alonso, 2011, p. 6).

Por outro lado, o uso do desenho humorístico favorece o facto de o aluno passar a ser

“un elemento activo del proceso de aprendizaje, convirtiéndose en protagonista” (Alonso,

2011, p. 6). Assim, poderíamos afirmar que o DH é um material que “fomenta el aprendizaje

significativo, ya que su carácter visual facilita cumplir con las categorías de la taxonomía

revisada de Anderson y Krathwohl (2001): remember, understand, apply, analyze, evaluate y

create” (García Martínez, 2013, p. 16).

No fundo, poderíamos referir que:

las viñetas humorísticas constituyen un medio de comunicación de gran

efectividad en el ámbito de la enseñanza de lenguas, en la medida que se trata

de textos inmediata y fácilmente decodificables por los lectores; (…). Los

dibujos, como representaciones icónicas primarias de la realidad, sitúan al

estudiante de manera directa e inmediata, con muchísima mayor facilidad, ante

la realidad que el creador desea transmitir, y constituyen un instrumento de

enorme valor para la contextualización de informaciones o la ejemplificación

(Vera, 2010, p. 6).

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Além disso, o desenho humorístico ajuda a ultrapassar situações de insegurança ou

falta de confiança por parte dos alunos e que originam comportamentos rígidos e com níveis

de participação muito fracos, já que o desenho humorístico permite introduzir “en la dinámica

de la clase temas, perspectivas y tonos favorecedores de la distensión” (Vera, 2010, pp. 6-7).

Em geral, o desenho humorístico apresenta uma visão atípica de observar a realidade

e por isso “Obliga (…) a detenerse, a reflexionar y, por lo mismo, añade a nuestra memoria

una experiencia nueva y desautomatizada que perdurará a lo largo del tiempo, sirviendo de

soporto a aquellos componentes y mecanismos de la lengua estudiada con los que estaba

vinculada” (Vera, 2010, p.7).

O humor presente em materiais como o DH permite que a aprendizagem da língua

estrangeira seja feita de forma mais agradável e prazerosa, pois “El uso de la historieta puede

llegar a proporcionarle al estudiante una forma más amena para aprender el idioma español,

dado que, puede aprender diferentes aspectos del idioma, por ejemplo: vocabulario en

contexto, frases coloquiales, cuestiones lingüísticas, culturales, etc.” (Martínez, 2010, p. 599).

Como vimos até ao momento, são várias as razões apontadas por diferentes autores

para justificar o uso do DH no ensino e em especial no ensino de LE. Todavia, gostaria de

destacar as seguintes razões para o uso do humor gráfico como elemento insubstituível nos

processos educativos:

1- Porque es necesario lanzar un guiño humorístico ante una sociedad en

donde reina la desilusión, la amargura y el pesimismo.

2- Porque es un elemento de análisis y comprensión de la realidad desde

otra mirada lúdica y divertida. El humor gráfico ayuda a comprender mejor el

mundo en el que vivimos. Ello nos hace personas lúcidas y, por lo tanto,

personas críticas ante personas, hechos o acontecimientos.

3- Porque nos ayuda a ver la realidad desde múltiples puntos de vista.

Mediante la libre e imaginativa interpretación de los humoristas gráficos

obtenemos nuevas visiones y estrategias para contemplar la realidad desde

diferentes ópticas sociales y culturales.

4- Porque genera un estilo de comunicación fluida, rápida y efectiva que

llega a todo tipo de lectores.

5- Porque nos estimula y motiva en la toma de conciencia. Nos da fuerza,

despierta el ánimo para afrontar con otro talante la tarea constructiva y

socioeducativa de transformar la realidad.

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6- Porque motiva la búsqueda de nuevas y originales materiales creativos,

humorísticos y únicos.

7- Porque sirve como recurso pedagógico y didáctico tanto dentro como

fuera del aula. (García & Fernández, 2010, p. 9)

Creio que, de forma sucinta e ao mesmo tempo abrangente, estes sete pontos podem

resumir eficazmente os motivos pelos quais devemos recorrer ao DH no ensino de ELE.

Por outro lado, será importante relembrar que o humor gráfico, para além da

potencialidade que apresenta no desenvolvimento de atividades relacionadas com a ação

social, permite que haja uma consciência crítica perante a sociedade por parte dos alunos,

ajudando-os a olhar para os problemas através de uma perspetiva diferente e por isso favorece

o pensamento lateral, possibilita a integração social e cultural e beneficia o trabalho em grupo

e a motivação (García & Fernández, 2010).

O desenho humorístico também pode servir de comentário, explicação ou anotação a

um tema específico, permitindo, deste modo, o desenvolvimento das competências da

oralidade e da leitura. No fundo, poderíamos referir que também possibilita que os professores

levem até à aula de ELE o humor e a cultura espanhola, uma vez que “Llevar las viñetas

cómicas al aula es, pues, aprender lengua y aprender cultura de una forma creativa y

motivadora” (Padilla, 2010, p. 31).

Esta ideia de que o humor gráfico pode contribuir para a aquisição não só de aspetos

linguísticos, mas também culturais é defendida por vários autores como Omaggio, citada por

Fernández Medina (2010, p. 42), que vê o desenho humorístico “como una manera de

contextualizar la cultura y la lengua, dando lugar a la disminución del filtro afectivo y

contribuyendo no solo a la adquisición del lenguaje, sino relacionándolo también con la

adquisición de una conciencia cultural”.

Barbieri, citado por Grande (2005, p. 344), também corrobora esta ideia, afirmando

que “Partimos de la hipótesis de que al exponer los aprendices de español a ese género

textual, de una forma pedagógicamente planeada, ellos no solamente los leerán de un modo

más productivo, sino que también tendrán acceso a un input que fomentará su interlingua en

construcción en ese idioma de una forma motivadora y agradable”.

Não menos importante é a influência do material humorístico com a memorização dos

conteúdos trabalhados em aula a partir de discursos humorísticos, já que quando conseguimos

fazer rir o aluno ao mesmo tempo que lhe oferecemos um input linguístico, aumentamos

significativamente as possibilidades de que se recorde com maior facilidade dos conteúdos

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trabalhados, pois “la risa dispara la producción de catecolaminas (adrenalina y noradrenalina),

hormonas que facilitan la retención en la memoria a largo plazo” (Arroyo, 1999, p. 84).

Para finalizar, parece-me importante sublinhar que o desenho humorístico é um “acto

comunicativo pleno”, pois se não existisse o desenho a contextualizar a mensagem

comunicativa, teríamos que recorrer à linguagem verbal para fazer uma explicação, o que

“retardaría la comprensión del chiste” (Rascón, 2010, p. 34).

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1.4.1. A aplicabilidade do DH nas aulas de ELE (vantagens/desvantagens)

a) Vantagens

Quando se pretende comprovar a eficácia de um material autêntico como o desenho

humorístico na sala de aula é fundamental fazer referência às vantagens e aos inconvenientes

que este material pode apresentar.

Assim, são vários os autores que, nestes últimos anos, têm vindo a analisar a utilização

do desenho humorístico no ensino e em especial no ensino de línguas estrangeiras,

nomeadamente, no ensino do espanhol.

Este tipo de recurso apresenta várias vantagens, pois, para além de ser uma oferta

variada e reutilizável, também é de fácil acesso, já que pode ser encontrado ou retirado de

diferentes meios como a imprensa e a Internet e além disso pode apresentar diferentes formas

como o cartoon ou vinhetas de banda desenhada (Grande, 2005, p. 344).

Aliás, até poderíamos dizer que “El cómic es un medio de comunicación, y como tal,

constituye un material fidedigno (es una experiencia real), ya que forma parte de la vida

diaria” (Valle, 2014, p. 10).

Por outro lado, ajuda a diminuir a ansiedade dos alunos, contribuindo para a criação de

um ambiente propício à aprendizagem e uma maior participação por parte dos estudantes

(Pareja, 2014). Na verdade, o DH permite criar um ambiente mais relaxado e por isso

"nuestros estudiantes pueden aprender los contenidos de cualquier tipo de una manera mucho

más rápida y eficaz” (Grande, 2005, p. 343), até, porque este tipo de material contribui para

que os conteúdos perdurem na memória dos alunos (Pareja, 2014).

Além disso, o DH pode servir de pretexto para apresentar diferentes conteúdos, pois

tem uma grande maleabilidade (Grande, 2005) e por isso permite que sejam trabalhados

conteúdos socioculturais e linguísticos (Pareja, 2014). Não nos podemos esquecer que um

recurso como o DH serve, muitas vezes, para expressar a crítica a uma realidade social

determinada e por isso traduz o pensamento e o modo de estar de um povo, ao mesmo tempo

que nos oferece contacto com o uso real da língua (Grande, 2005), onde predomina uma

“sintaxis sencilla y muy accesible para cualquier tipo de lector” (Brines, 2012, p. 2) e onde

predomina “la variante coloquial” e por isso “refleja siempre un estado de lengua actual y

próximo, lo que favorece un uso auténtico de la lengua por parte de los aprendices de ELE”

(Rojas, citado por Ares, 2005, p. 33).

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Assim, o humor gráfico possibilita que sejam realizadas atividades com vista ao

desenvolvimento de diferentes competências comunicativas, nomeadamente a leitura, a

oralidade, a mediação intercultural, a escrita (Pareja, 2014; Brines, 2012; Rojas, citado por

Ares, 2005). Poderíamos referir que o DH é um excelente exemplo de materiais “muy

eficaces tanto para desarrollar las cuatro destrezas básicas (expresión oral, expresión escrita,

comprensión lectora y comprensión auditiva), como para trabajar las distintas áreas de

habilidad que articulan la competencia comunicativa” (Iglesias, 2000, p. 445).

Este carácter holístico do DH está relacionado também com a variedade de temas que

podem ser tratados ou abordados em aula através de atividades baseadas no DH e permite

chegar a um universo de alunos mais amplo, pois é “un material que se moldea y/o satisface

los intereses de diversos tipos de público” (Valle, 2014, p. 10).

Os materiais humorísticos como o DH são, portanto, um material de grande

flexibilidade, pois:

presentan un amplísimo espectro de posibilidades didácticas porque podemos

dotarlos de la flexibilidad suficiente para que respondan en cada momento

concreto a nuestros intereses, desarrollando una buena planificación que las

vincule estrechamente a los contenidos que estemos trabajando. Las

posibilidades de explotación de los materiales humorísticos son múltiples

porque implican de forma constante a los alumnos, a quienes se propone

trabajar tanto los efectos expresivos como los aspectos estéticos de la lengua.

(Iglesias, 2000, p. 445)

Será também crucial relembrar que o DH une a imagem ao texto e esta conjugação

permite que o aluno faça uma leitura do movimento, da mensagem gestual, (Brines, 2012) já

que “en el ejemplo seleccionado, aparece una variedad de sentimientos y reacciones bien

caracterizados (alegría, amabilidad, satisfacción, atención, enfado, desconcierto, sorpresa,

asombro, terror…)” (Escudero, 2006, p. 31). A presença da imagem e do texto é muito

importante “para despertar interés y motivación, para activar la imaginación y los mecanismos

creativos a la hora de expresarse” (Rojas, citado por Ares, 2005, p. 33). De facto, o DH

revela-se como um material exímio no fomento da criatividade dos alunos, da imaginação

(Valle, 2014) e da capacidade de abstração (Barrero, 2002).

Para além de todas estas vantagens, o DH também motiva os alunos para a leitura

(Barrero, 2002), fomenta o trabalho em grupo, aumenta a concentração e participação dos

alunos, ajuda a ativar conhecimentos prévios e potencia o valor afetivo, reforçando a

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aprendizagem autónoma (Valle, 2014). Este fator afetivo, juntamente com a componente

lúdica, o humor, a criatividade e a interculturalidade são, sem dúvida, elementos

determinantes para o uso do DH no ensino de ELE (Alonso, 2011), para além de que a

presença do humor neste tipo de materiais ajuda na consciencialização social, contribuindo

para a criação de um mundo mais “justo, solidário, tolerante y ‘divertido’” (García &

Fernández, 2010, p. 14).

No fundo, poderíamos destacar que “El cómic es un vehículo didáctico que se sitúa

con ventaja entre la enseñanza puramente verbalista, afortunadamente superada, y la

exclusivamente icónica, con carencias difíciles de superar, tomando ambas sus virtudes

expresivas para obtener una equilibrada síntesis” (Rollán & Sastre, citados por García

Martínez, 2013, pp. 13-14).

Não poderia terminar a apresentação das vantagens do uso do desenho humorístico

sem mencionar que este tipo de recurso vai ao encontro das necessidades do professor e das

limitações causadas pelo fator tempo, devido às características de “condensación, rapidez de

lectura y atractivo visual” (Catalá, 2007, p. 23) inerentes a este género textual.

Como podemos constatar, são várias as vantagens que o desenho humorístico

apresenta e, na minha opinião, há três que se destacam: a possibilidade de criar um ambiente

propício ao processo de aprendizagem por ser capaz de diminuir fatores afetivos como a

ansiedade e a insegurança por parte dos nossos alunos; a possibilidade de os alunos

lembrarem de forma mais eficaz os conteúdos trabalhados em aula, o que estará certamente

relacionado com o facto de o desenho humorístico favorecer a aprendizagem significativa e

permitir: trabalhar todo o tipo de conteúdos: fonético-fonológicos, linguísticos ou gramaticais,

léxico-semânticos, funcionais e comunicativos, culturais ou estratégicos e desenvolver as

cinco competências: compreensão oral, leitura, interação oral, expressão oral e expressão

escrita.

b) Desvantagens

Quanto às desvantagens, estas estão, por vezes, aliadas ao preconceito e

desconhecimento sobre a forma como podemos explorar todas as potencialidades que um

material autêntico como o desenho humorístico pode ter, pois só assim se aceita que ainda se

veja o uso do desenho humorístico como uma atividade lúdica onde o objetivo não é a

aprendizagem, mas a simples diversão.

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Esta visão redutora do desenho humorístico surge até no meio dos alunos, pois

“también podemos encontrarnos con algunos estudiantes (si no todos, al principio) que

consideren el cómic como un entretenimiento para niños” (Catalá, 2007, p. 26).

Aliás, não são raras as vezes em que “el humor en el aula suele ser mal entendido y

visto como una desviación de los contenidos lingüísticos; por esa razón no se ha utilizado en

los métodos de enseñanza regular” (Fernández Medina, 2010, p. 42).

Assim, se compreende a listagem de obstáculos apresentada por Tambly, citado por

García e Fernández (2010), para que o humor não seja utilizado na sala de aula:

a- El temor a perder el control y, por lo tanto, la autoridad de profesores o

educadores.

b- La persona se considera sin gracia y no tiene recursos para apreciar y

crear humor.

c- C- la seriedad implícita que conllevan algunos contenidos, materias o

asignaturas.

d- El riesgo de herir, lesionar… a los educandos. (p. 10)

De facto, materiais de caráter humorístico como o DH são, muitas vezes, considerados

“un producto banal y de mero entretenimiento” (Valle, 2014, p. 10) e, assim, são evitados no

ensino.

Por outro lado, algumas desvantagens apontadas a este tipo de recurso estão

relacionadas não só com as dificuldades que podem ter os alunos ao nível da compreensão dos

enunciados por conterem vocabulário desconhecido, mas também por desconhecimento do

contexto político, social, económico, etc. aí representado e ainda pelo “Desconocimiento de la

idiosincrasia, las reglas sociales y los valores culturales reflejados en el humor de cada cultura

y cada época” (Valle, 2014, p.11).

Entre as justificações mais frequentes para excluir o humor da sala de aula e até dos

manuais escolares está a "idea de que el humor es una pérdida de tiempo que rebaja la

autoridad del docente y la seriedad de la materia. Si a esto le añadimos la posibilidad de que

un uso incorrecto del humor puede causar problemas, entenderemos su escasa presencia en el

entorno académico” (Morant, 2006, p. 89).

Além disso, há, nos dias de hoje, um crescente receio generalizado em relação à

“diversidad y subjetividad del sentido del humor” que aliado ao crescimento da

“multiculturalidade” e do “movimiento de lo políticamente correcto” (Morant, 2006, p. 90)

leva a que os professores evitem o uso do humor na sala de aula. Todavia, esta inibição pode

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ser facilmente ultrapassada caso se tenha em conta algumas premissas essenciais na hora de

planificar atividades recorrendo ao humor e em especial ao desenho humorístico e por isso é

vital que o professor esteja consciente do seu papel, uma vez que o objetivo é aplicar um

humor positivo baseado no conceito de “reírse ‘con’ y no en el reírse ‘de’” (Morant, 2006, p.

90).

Na verdade, quando se usa o humor na aula de LE, o professor e os alunos têm que

perceber que :

Il ne s’agit pas de divertir, de distraire après un travail «sérieux» (grammaire,

conjugaison, analyse) mais de mettre le rire au service d’une éducation à la

perception sémiolinguistique du quotidien. Les justifications didactiques à la

constitution de l’humour en objet à enseigner relèvent du simple constat: la

seule maîtrise des composantes fonctionnelles de la langue conduit à la lisière

de la communication, à l’exclusion de la connivence culturelle. (Bougherra,

citado por Rémon, 2013, p. 16)

O uso do humor no ensino é uma “modalidad discursiva que puede inquietar o

perturbar la formalidad de la enseñanza” e por isso é necessário que haja “tacto en su

elección, mesura en su inclusión y funcionalidad en su aplicación didáctica” (Laborda, 2006,

p. 39).

Tal como qualquer material autêntico que não tenha sido criado propositadamente para

ser aplicado no ensino, o desenho humorístico exige que o professor prepare e planifique

muito bem as suas aulas e isso implica uma boa seleção de materiais adequados ao nível dos

seus alunos, estruturar atividades também adequadas e contextualizar os conteúdos culturais

presentes nos desenhos humorísticos utlizados para que seja mais fácil a compreensão por

parte dos alunos.

Assim, os professores devem estar conscientes de que por si só o uso do desenho

humorístico não garante o sucesso de uma atividade. Para que o tão desejado êxito seja

alcançado é necessário que haja uma preparação do material para a aula (Rascón, 2010).

No fundo, devemos ter em conta que:

Como cualquier herramienta, es preciso aprender a emplear el humor de la

manera más inteligente. Los beneficios del humor en cuanto a la motivación, la

comunicación, la creatividad, etc., sólo se producen de manera consistente si el

humor es adecuado al momento y el lugar, pertinente al tema que se trate y

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evita las variedades más agresivas, ofensivas o potencialmente volátiles. Con

sentido común, tacto, y sobre todo, experiencia, podemos emplear esta valiosa

herramienta de una manera segura y eficaz, obteniendo todos sus beneficios y

minimizando el riesgo de accidentes. (Jáuregui & Fernández, citados por

Morant, 2006, p. 90)

O professor de ELE ao querer implementar nas suas aulas atividades com recurso ao

DH deve ter em consideração a aplicação de algumas etapas, nomeadamente:

- Contextualización, presentar el tema y el vocabulario, motiva y presenta

el tema.

- Trabajo de los documentos: formular la tarea, actividades centradas en

el texto, autoevaluación de la tarea.

- Tareas después de las actividades. (Pareja, 2014, p. 232)

Creio que podemos concluir que à semelhança do que deve ser feito em relação a

outro tipo de materiais, o professor deve ter a capacidade de seleção, de adaptação do desenho

humorístico mais adequado aos seus alunos e planificar de forma consciente e eficaz as suas

aulas para que este tipo de material possa proporcionar a obtenção dos resultados esperados,

ou seja, “el profesor debe ‘manufacturarlo’ bien para evitar esfuerzos innecesarios tanto al

alumno como al profesor y para que el humor de la historieta facilite el difícil aprendizaje y la

ardua enseñanza de un idioma” (Rascón, 2010, p. 39).

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1.4.2. A aplicabilidade do DH nas aulas de ELE (finalidades)

Pelo já exposto, pode-se afirmar que o desenho humorístico pode ser utilizado na aula

de ELE para desenvolver a competência comunicativa dos alunos proporcionando situações

que levem ao “uso de la lengua, como se haría en una situación extraacadémica” (Fernández,

2001c, p. 28) e cabe ao professor selecionar a melhor forma de proporcionar a aprendizagem

de ELE. De facto, na minha perspetiva, o ensino de uma língua estrangeira não pode ser visto

como o ensino de algo estático e finito, antes pelo contrário deve levar o aluno a avançar no

seu processo de aprendizagem, isto é, “hacer que los estudiantes desarrollen las capacidades,

conocimientos y estrategias que les permitan manejarse en un entorno lingüístico y cultural

diferente al suyo” (Cerrolaza, M. & Cerrolaza, O.1999, p. 37).

É dentro desta perspetiva que o desenho humorístico pode ser o material escolhido

para estruturar diferentes atividades com vista a desenvolver todas as competências,

independentemente do nível etário e linguístico dos alunos, uma vez que “aunque exista una

tendencia a servirse del cómic solo en los niveles elementales, en realidad se puede utilizar en

cualquier nivel y para enseñar casi cualquier contenido, tanto lingüístico como cultural”

(Sáez, citado por Del Rey, 2013, p. 184).

Tal como já mencionei anteriormente, o DH é, na minha perspetiva, um material

holístico que pode ser utilizado em diferentes atividades e com várias finalidades. Sem

dúvida, que a primeira finalidade que nos vem à ideia quando pensamos em usar um DH é

pedir aos alunos que reflitam, comentem e expressem a sua opinião perante o observado,

desenvolvendo, assim, a expressão oral. De facto, é até usual que a apresentação de um DH

possa servir de mote para um debate sobre um tema específico (González, citado por García

Martínez, 2013; Krhan, 2010). Aliás, também me parece pertinente a sugestão de que o

professor de ELE pode “Proponer viñetas de actualidad y desarrollar así el pensamiento

crítico del alumnado. De igual manera, el alumnado puede aportar viñetas desarrollando su

competencia de autonomía e iniciativa personal” (García Martínez, 2013, p. 29).

Além deste tipo de atividades, os alunos também podem ser convidados a formular

hipóteses (Krhan, 2010) ou a adivinhar informação que tenha sido suprimida (González,

citado por García Martínez, 2013) seja o final, o início (García Martínez, 2013) ou

simplesmente uma legenda ou um balão de uma personagem no caso da BD.

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Outro tipo de atividade que me agrada particularmente é aquela que, através do DH,

permite o alargamento de léxico (Krhan, 2010) que pode ser feito através da descrição ou do

relato (González, citado por García Martínez, 2013; Krhan, 2010).

O DH também permite pedir aos alunos que se coloquem no lugar das personagens

presentes (Krhan, 2010) e assim podemos levar a cabo atividades de role-plays (González,

citado por García Martínez, 2013) ou inventar diálogos (Krhan, 2010).

As atividades que têm por objetivo trabalhar conteúdos gramaticais também podem ser

realizadas a partir do DH, já que este material pode ser um bom exemplo de estruturas

gramaticais e permitir por exemplo a realização de exercícios sobre a conjugação e aplicação

de determinados tempos verbais (González, citado por García Martínez, 2013).

Na verdade, considero que “las viñetas de tebeos pueden servir como punto de partida

para desarrollar cualquier tipo de contenido lingüístico; gramatical, léxicosemántico,

funcional, cultural, o bien servir como base de debate en el aula de español” (Ruppl, citado

por Leontaridi & Peramos, 2010, p. 37), e é esta ideia que, na segunda parte deste relatório,

tentarei provar, isto é, que o desenho humorístico pode ser utlizado para desenvolver todas as

atividades linguísticas defendidas pelo QECR como a “receção, a produção, a interação e a

mediação” (Conselho da Europa, 2001, p. 35).

Rodríguez (2010), professor de ELE e diretor do centro Málaga Sí fez um resumo de

todos os usos numa apresentação denominada “¿Por qué recorto las viñetas? De las revistas,

los periódicos y de las páginas web a la clase de ELE”. Para este autor, as vinhetas podem ser

usadas:

- Para introducir una explicación gramatical

- Para apoyar una explicación gramatical

- Para divertirnos con la gramática

- Para hablar de temas de actualidad

- Para discutir en clase

- Para introducir léxico en contexto

- En un curso de fines específicos

- Para argumentar

Esta listagem de diferentes usos que um professor pode dar ao desenho humorístico é,

talvez, a que mais me interessa, pois, ao longo deste ano de estágio, e após analisar as

diferentes atividades que levei a cabo com o desenho humorístico pude concluir que o meu

trabalho se enquadra com a proposta de Rodríguez.

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Todavia, considero que esta listagem é redutora, já que considero que as

potencialidades do desenho humorístico podem e devem estar ligadas às atividades de

produção escrita.

Além disso e de acordo com o exposto na obra Español con humor citada por Pareja

(2014, pp. 228-229) há cerca de 100 manuais de espanhol que incluem e utilizam o cartoon

para 6 finalidades:

1) Desarrollo de expresión oral

2) Tratamiento de los signos de puntuación en la expresión escrita

3) Léxico

4) Gramática

5) Costumbres y expresiones españoles

6) Temas de actualidad

Deste modo e para concluir é importante realçar que materiais como o DH “pueden

resultar igual de aptos para el desarrollo de actividades de la lengua de diferente tipo:

expresión, comprensión, mediación o interacción” (Alonso, 2011, p. 8), pois tudo depende do

tipo de atividades que se desenvolvam a partir dos mesmos. Aliás, também acredito que o DH

pode ser utilizado para desenvolver diferentes competências e que para isso basta o professor

utilizar a criatividade, o bom senso na hora de selecionar que DH utilizar nas suas aulas e

decidir de forma ponderada que atividades desenvolver a partir dessa escolha.

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2. Intervenção no contexto educativo

Ao longo deste ano de estágio pedagógico pude, mais uma vez constatar, que a prática

letiva é, sem qualquer sombra de dúvida, o local indicado para experimentar, inovar e arriscar

a implementação das metodologias, dos modelos de ensino-aprendizagem nos quais

acreditamos e com os quais nos identificamos por considerarmos serem os mais eficazes para

que os nossos alunos desenvolvam a sua competência comunicativa.

Tal como já referi anteriormente acredito que o humor é um elemento enriquecedor

não só para a nossa vida pessoal, mas também para a nossa vida profissional e obviamente

para o nosso percurso académico. Assim, sempre que possível, procuro implementar o humor

nas minhas aulas de modo a que os alunos se sintam mais relaxados, mais motivados e

interessados em tudo o que lhes estou a ensinar.

Este ano letivo não foi uma exceção e ao ter conhecimento de que iria estagiar na

Escola Artística Soares dos Reis, uma escola dedicada ao ensino das artes e em especial das

artes plásticas, decidi que dentro de todas as formas de humor que poderia utilizar nas minhas

aulas, o desenho humorístico por aliar o humor à imagem, ao desenho, à pintura poderia ser a

escolha acertada.

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2.1. Caracterização do Contexto educativo1

A Escola Secundária Artística Soares dos Reis situa-se na Rua Major David Magno,

número 139 na cidade do Porto e está vocacionada para o ensino e a prática das artes visuais e

oferece atualmente quatro cursos artísticos especializados - Curso de Comunicação

Audiovisual, Curso de Design de Comunicação, Curso de Design de Produto e Curso de

Produção Artística.

Este estabelecimento de ensino público é frequentado por alunos com mais de 15 anos,

oriundos de toda a zona norte do país, mas sobretudo da zona metropolitana do Porto.

As instalações da escola centram-se num só edifício, para além do pavilhão

gimnodesportivo, constituído por cerca de sessenta salas distribuídas pelos três pisos do

edifício. Esta escola funciona desde 2008 nestas novas instalações e por isso apresenta um

tipo de construção moderna. Quanto aos recursos materiais, todas as salas estão dotadas de

computador, de internet, projetor e colunas.

Por ser uma escola especializada no ensino de artes são vários os projetos em que a

escola participa e dinamiza, dos quais destaco Pilar Moreno: melhor cartaz para uma visita

cultural a Espanha; revista Nós-Otros; Exposição Itinerante de Joalharia Europeia PLE.

Para além disso, existem também alguns clubes como o Clube de Leitura e o Clube de Saúde.

1 Informação retirada dos documentos disponíveis no site oficial da escola https://www.essr.net/

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2.1.1. O perfil dos alunos

A turma do 10º12 era constituída por 17 alunos: 15 alunas e 2 alunos, dos quais 5

alunos já ficaram retidos uma vez e há um aluno com duas retenções. Os pais têm habilitações

académicas maioritariamente ao nível do 2ºe 3º ciclo e em alguns casos só têm o 1º ciclo de

escolaridade. O horário de espanhol era 2º feira das 17:05 às 18:35 e 5º feira das 12:00 às

13:30. Dos dezassete alunos, onze tiveram notas inferiores a 14 e seis alunos tiveram acima de

14 à disciplina de Espanhol. Eram alunos simpáticos, curiosos e interessados, mas

conversadores e que se distraíam facilmente, revelando, por vezes, uma postura imatura e até

irresponsável. Creio que o facto de estes alunos terem sempre aula de Espanhol ao fim da

manhã ou da tarde e após as aulas de Educação Física também influenciou a sua postura na

aula, pois sentiam-se mais cansados e facilmente se dispersavam.

A turma do 11ºC1/C2/C3 era constituída por cinco alunos: 2 alunos e 3 alunas e mais

uma aluna assistente, sendo que 2 alunos já ficaram retidos uma vez. Os pais têm habilitações

académicas ao nível do 2ºe 3º ciclo. O horário de espanhol era 2º feira das 10:20 às 11:50 e 5º

feira das 15:15 às 16:45. O aproveitamento destes alunos à disciplina de Espanhol foi bastante

bom, sendo que três alunos tiveram notas superiores a 14, 1 aluno teve nota superior a 17 e

uma aluna terminou o ano letivo com a classificação de 20 valores. Eram alunos muito

simpáticos, interessados e participativos, revelando trabalho e gosto pela disciplina.

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2.2. Planificação, desenvolvimento e cronograma das atividades

Em primeiro lugar, parece-me fundamental referir que, ao longo deste ano de estágio,

apenas tive a oportunidade de dar 11 aulas a estes alunos: 8 aulas à turma do 10º ano e 3 aulas

aos alunos do 11º ano. Este número de aulas apesar de até ultrapassar o exigido pela

Faculdade de Letras é de igual modo reduzido e por isso não foi possível colocar em prática

todo um leque bem exemplificativo das várias potencialidades do DH nas aulas de ELE.

Antes de iniciar a descrição das diferentes atividades levadas a cabo com o DH,

considero muito relevante referir que todas as aulas e unidades didáticas por mim estruturadas

tiveram por base a abordagem baseada na realização de tarefas, numa perspetiva comunicativa

da língua.

Assim, as propostas das diferentes unidades didáticas que planifiquei ao longo deste

ano são propostas baseadas numa abordagem orientada para a ação onde se privilegia a

realização de uma tarefa final, pois acredito que este método proporciona o desenvolvimento

da competência comunicativa dos estudantes de uma língua estrangeira de um modo mais

global e integrador. Aliás não nos podemos esquecer que o Conselho da Europa (2001)

sublinha a importância de um método baseado na ação onde:

o utilizador e o aprendente de uma língua como actores sociais, que têm que

cumprir tarefas (que não estão apenas relacionadas com a língua) em

circunstâncias e ambientes determinados, num domínio de actuação específico.

Se os actos de fala se realizam nas actividades linguísticas, estas, por seu lado,

inscrevem-se no interior de acções em contexto social, as quais lhes atribuem

uma significação plena. Falamos de 'tarefas' na medida em que as acções são

realizadas por um ou mais indivíduos que usam estrategicamente as suas

competências específicas para atingir um determinado resultado. (p. 29)

Deste modo, cada unidade didática planificada estava baseada num tema e incluía um

conjunto de atividades preparatórias e uma tarefa final, que consistia num ato social. Na

preparação desta tarefa final é importante ter em atenção o que diz Estaire (2008) sobre a

mesma. Para a autora “la tarea final es una tarea de comunicación que representa el punto de

mayor potencial comunicativo dentro de la unidad a un nivel realista y alcanzable para los

alumnos, y que servirá de indicador del desarrollo de las competencias conseguidas como

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resultado realizado en la unidad” (Estaire, 2008, p. 39). Assim, o objetivo de cada unidade

didática é permitir “a los alumnos demonstrar y demostrarse a sí mismos, al final de la unidad

didáctica, su capacidad de hacer algo concreto que no eran capaces de llevar a cabo

anteriormente, o que eran capaces de realizar pero de otro modo, probablemente con menor

nivel de competencia comunicativa” (Estaire, 2008, p. 39).

Tal como já referi anteriormente, quando descobri a listagem proposta por Rodriguez

Martin de imediato me identifiquei com as sugestões e creio que o trabalho por mim

desenvolvido ao longo deste ano com o DH vai de algum modo ao encontro da proposta deste

autor.

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2.2.1. ¿Qué es el arte?

2.2.1.1.(Actividad para “hablar de temas cercanos al alumno”)2

A primeira aula lecionada aos alunos do 10º ano esteve subordinada ao tema da arte e

pretendia dar uma resposta a ¿Qué es el arte?. A escolha deste tema não foi feita ao acaso e

pretendeu ter em conta os gostos dos alunos e por isso a primeira vez que usei o DH numa

aula de ELE foi numa abordagem a um tema que é do agrado dos alunos (não nos podemos

esquecer que são estudantes de belas artes).

Assim, e para introduzir o tema que viria a ser trabalhado em aula e provocar uma

pequena discussão entre os alunos sobre o que é arte, foi-lhes proposto que tentassem

adivinhar qual seria o tema de que iríamos falar nesta aula. Para tal, os alunos observaram

uma série de imagens de animais na vida selvagem e depois algumas imagens de animais que

fazem parte das obras de Damien Hirst (um artista plástico muito controverso nos dias de

hoje). Os alunos tiveram que descrever o que iam vendo e explicar as diferenças entre elas,

nomeadamente que nas imagens das obras de Damien Hirst havia pessoas a ver esses animais

e que estavam numa galeria de arte. A partir daqui surgiu a questão o que é a arte e se tudo

pode ser considerado arte.

Neste momento, os alunos foram confrontados com o cartoon de Zapa, mas de forma

parcial (figura 1) e foi-lhes pedido que fizessem um comentário ao que viam.

Após uma breve discussão entre os alunos sobre o conceito de arte e sobre o cartoon,

foi revelado aos alunos o cartoon na íntegra (figura 2) e foi-lhes pedido que apresentassem

sugestões para a intenção do autor.

Figura 1 Figura 2

(fonte: http://www.homodefectus.com/2012/02/20/arte-moderno/)

2 Nomenclatura baseada na proposta de Rodriguez Martin (2010)

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Esta forma de introduzir o tema da aula teve por objetivo principal captar a atenção

dos alunos e assim motivá-los para a participação nas atividades propostas. Aliás e segundo

Padilla García (2010, p. 21) este cartoon poderia ser visto como uma “(…) apostilla

ilustrativa, es decir, aquella en la que la viñeta ilustra el tema general de forma humorística”.

Esta opção de recorrer ao humor tem também, como já expliquei anteriormente, por finalidade

a criação de um ambiente mais relaxado e propício à aprendizagem, incentivando a

participação dos alunos, pois tal como diz Chiasson, citado por Fernández Medina (2010, p.

41), “Humurous situations alow your students to express themselves without fear of ridicule

and criticism.” Através do uso do DH, foi possível ouvir nesta aula uma chuva de ideias e de

opiniões sobre um tema que ia ao encontro dos interesses e preferências destes alunos de arte.

Assim, poderíamos deduzir que o uso deste cartoon nesta aula teve por finalidade ou

serviu para “hablar de temas cercanos al alumno” (Rodríguez, 2010).

Para além da criação do ambiente favorável, o uso do DH permitiu através da

crescente participação dos alunos o desenvolvimento da expressão oral e também do espírito

crítico, já que como refere Yang, citando Morrison, Bryan, e Chilcoat, “the inclusion of

popular media promotes media literacy. It encourages students to become critical consumers

of media messages, having developed the ability through exposure to accurately appraise

media content or quality and accuracy" (Yang, 2003). Deste modo, podemos concluir que é

benéfico que os alunos contactem com este género de materiais, já que esta exposição vai

incentivar os alunos a desenvolverem o seu espírito crítico e a sua capacidade de observação e

reflexão em relação ao mundo que os rodeia. Ou seja, não só se consegue “mantener la

atención del estudiante” como também “estimular su creatividad y su capacidade crítica”

(Sieiro & Cobo, 2010, p. 124).

Por último, parece-me importante realçar que o uso deste cartoon permitiu aproximar

os alunos de um dos mais conceituados cartoonistas espanhóis da atualidade, Zapa, trazendo

até ao ambiente da sala de aula aspetos culturais que me parecem importantes.

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2.2.2. ¿Cómo vivíamos antes y cómo vivimos ahora?

2.2.2.1.(Actividad para “introducir léxico en contexto”)3

A primeira unidade didática lecionada neste ano de estágio teve como tema as

diferenças/ mudanças entre o antes e o agora a nível da tecnologia, dos brinquedos e dos

hábitos saudáveis.

Após uma primeira aula dedicada às mudanças a nível da tecnologia entre a sociedade

de há 30 anos e os nossos dias, nesta segunda aula procurou desenvolver-se a temática

relacionada com as mudanças ao nível dos brinquedos.

Deste modo, a aula iniciou-se com a apresentação do cartoon de José Orcajo (figura 3)

e foi pedido aos alunos que fizessem uma descrição do que estavam a ver, identificando as

personagens, descrevendo o que estavam a fazer, indicando os objetos presentes e por último

tiveram que referir qual a mensagem que o autor queria transmitir com este DH.

Figura 3 (fonte: http://orcajohumor.blogspot.pt/2011_01_01_archive.html)

À medida que os alunos iam descrevendo a vinheta, foi feito um registo de

vocabulário no quadro que permitiu mais tarde fazer uma listagem de léxico relacionado com

o universo de brinquedos e que se revelou fundamental para a atividade seguinte que foi fazer

a legenda das imagens de brinquedos que acompanhavam a crónica de Mari Carmen Diez

Navarro subordinada ao tema “os brinquedos de antes e de hoje.“

3 Nomenclatura baseada na proposta de Rodriguez Martin (2010)

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Assim, considero que esta vinheta teve por finalidade não só introduzir o tema de uma

forma mais criativa, mas também “introducir léxico en contexto” como sugere Rodríguez

(2010).

Além disso e mais uma vez, o uso do DH permitiu desenvolver com os alunos a

expressão oral, pois tiveram que descrever e apresentar a sua opinião sobre o que estavam a

ver nesta vinheta e ao mesmo tempo estiveram em contacto com elementos culturais próprios

do país da língua meta. Neste ponto, refiro-me à importância das personagens presentes no

cartoon, os três Reis Magos, e do simbolismo que estes representam na cultura espanhola. Tal

como é referido na obra Español con humor “la descripción de viñetas permite mostrar las

diferencias y semejanzas, acuerdos y desacuerdos entre las culturas de origen y meta” (Sieiro

& Cobo, 2010, p. 50).

Por último, é de mencionar que estes alunos de artes tiveram a oportunidade de

conhecer mais um cartoonista espanhol contemporâneo.

2.2.2.2.(Actividad para “apoyar una explicación gramatical.”)4

Ainda nesta segunda aula sobre as diferenças entre os brinquedos de ontem e de hoje,

foi lecionado o tempo verbal do Pretérito Perfecto e para introduzir uma explicação

gramatical sobre este tempo verbal, utilizei vinhetas da Mafalda de Quino. Estas duas vinhetas

(figuras 4 e 5) foram introduzidas depois de ter sido perguntado aos alunos se gostavam de

BD, se tinham o hábito de ler BD e se conheciam alguns exemplos, nomeadamente as

histórias da Mafalda. Os alunos apresentaram respostas muito diversas: uns liam, outros não,

mas todos sabiam quem era a Mafalda. Nesta altura, também aproveitei para dar a conhecer

que em 2014 esta personagem tinha feito 50 anos e quis indagar os seus conhecimentos sobre

o autor e para isso perguntei aos alunos se sabiam quem era o seu autor, qual a sua

nacionalidade. Foi curioso perceber o total desconhecimento sobre a nacionalidade de Quino

(imaginavam-no americano ou inglês) e como ficaram surpreendidos com a sua origem latino-

americana. Além disso, também relembramos o nome das restantes personagens e só depois

foi pedido aos alunos que lessem as vinhetas e descrevessem o que ali viam.

A partir destas duas vinhetas, os alunos: em primeiro lugar, contactaram com o uso do

Pretérito Perfecto e descobriram alguns marcadores temporais associados a este tempo

verbal; depois refletiram sobre a relação entre o Pretérito Perfecto e o presente.

4 Nomenclatura baseada na proposta de Rodriguez Martin (2010)

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Assim, podemos classificar esta atividade como um exemplo “para introducir una

explicación gramatical” (Rodríguez Martin, 2010).

Para além disso, é importante não esquecer que muitas vezes os alunos olham para o

estudo da gramática como algo aborrecido e completamente desinteressante e o facto de ter

associado o humor e o desenho a este estudo desde logo permitiu que os alunos encarassem a

abordagem dos conteúdos gramaticais como algo que também pode ser divertido, pois “con el

humor, la gramática pierde ese carácter formal y serio y nos aleja de las interminables listas

de verbos y conjugaciones, y se convierte en algo divertido” (Sieiro & Cobo, 2010, p. 92).

Não nos devemos esquecer que acima de tudo o humor gráfico “es un recurso auxiliar

más para la explicación y la prática” (Rascón, 2010, p. 39) de uma língua estrangeira.

Aliás e como refere Fernández (2001c, p. 20) “en clase, se provocan situaciones

comunicativas en las cuales el aprendiz, a partir de un material auténtico, seleciona los

recursos necesarios, ‘negocia el significado’, interactua con sus compañeros y descubre

progresivamente los usos de la lengua”, ou seja, o DH possibilitou que os alunos aprendessem

contéudos gramaticais de uma forma contextualizada.

Por último, devo acrescentar que esta vinheta também foi útil, já que permitiu

estabelecer uma ligação na aula seguinte entre os brinquedos, a comida e os hábitos

alimentares abordados na terceira aula desta unidade didática.

Figura 4 (fonte: http://www.taringa.net/posts/humor/14505055/Mafalda-es-Taringuera-Super-

Mega-post.html)

Figura 5 (fonte: http://www.taringa.net/posts/humor/13635156/Mafalda-humor-

inteligente.html)

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2.2.2.3.(Actividad para “discutir en clase.”)5

Na terceira aula desta unidade didática foram abordadas as diferenças a nível dos

hábitos saudáveis da sociedade de há 30 anos e da sociedade de hoje. Para tal, os alunos foram

convidados a adivinhar de que diferenças iriam trabalhar nesta aula, tendo em conta de que

nas aulas anteriores já tínhamos falado sobre a tecnologia e sobre os brinquedos. Várias

sugestões foram apresentadas pelos alunos até que foi-lhes pedido que relembrassem de que

falava Mafalda com a mãe numa das vinhetas apresentadas na aula anterior e facilmente os

alunos chegaram ao tema dos hábitos alimentares e de saúde.

Figura 6 (fonte: http://desmotivaciones.es/carteles/ahorraros)

De seguida, os alunos viram a vinheta parcial alusiva ao uso do tabaco (figura 6) e foi-

lhes pedido que fizessem a descrição do que viam. Esta atividade permitiu, mais uma vez,

elaborar uma listagem de vocabulário que seria fundamental para atividades posteriores. Para

além de fazerem a descrição, os alunos também tiveram que inferir sobre a mensagem que o

autor queria transmitir.

Tal como argumenta Woodward (2002, p. 75) “Al no revelar el estímulo entero

inmediatamente, los estudiantes aprenderán a partir de la predicción y de la especulación” e

por isso considero que esta possibilidade de os alunos adivinharem informação omitida e de

puderem usar a sua imaginação e criatividade é sempre favorável ao aumento da participação,

pois denota-se que os alunos, em geral, querem mostrar os seus pontos de vista e tentam

ultrapassar as barreiras linguísticas sem qualquer tipo de inibição. Neste sentido, compreende-

se o que nos é afirmado por Sieiro e Cobo (2010, p. 50) “Los dibujos permiten, además, dar

rienda suelta a la imaginación de los alumnos que pueden ver en ellos detalles que ayuden a

5 Nomenclatura baseada na proposta de Rodriguez Martin (2010)

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generar hipótesis de lo que ocurre en la escena. Sirven así, como elemento motivador y de

apoyo para la inclusión del lenguaje no verbal y el desarrollo de las actividades orales.”

A seguir, os alunos viram a vinheta completa e puderam comprovar se as suas

sugestões para mensagem a acompanhar a vinheta estavam ou não em conformidade com a

original. Neste momento, os alunos também foram convidados a apresentar justificações para

a mensagem escolhida pelo autor e, claro, tiveram sempre que justificar os seus pontos de

vista.

Esta atividade com recurso ao DH cumpriu com o que defende Padilla (2010, p. 22)

quando afirma que “las viñetas favorecen el aprendizaje, introducen el lenguaje coloquial en

el aula, hacen reflexionar a los estudiantes sobre los dobles sentidos o simplemente propician

la conversación y el uso oral de la lengua”, já que os alunos não ficaram indiferentes à

mensagem aqui veiculada e todos quiseram manifestar a sua opinião.

A partir desta vinheta, os alunos concluíram que as mudanças que existem entre a

sociedade de há 30 anos e de hoje são muitas, nomeadamente em relação à publicidade e à

legislação existente para a regulação de alguns produtos como o tabaco, mas também bebidas

alcoólicas, comida “basura”.

Esta pequena reflexão por parte dos alunos serviu de mote para introduzir a próxima

vinheta e mais uma vez conseguiu-se atiçar a curiosidade e a vontade dos alunos de expressar

o que a visualização deste DH lhes causou. Assim que os alunos viram a vinheta que faz

alusão a duas marcas de produtos alimentares (figura 7), foi-lhes pedido que comentassem o

que estavam a ver e que indicassem qual era a mensagem que o autor queria transmitir. O uso

deste DH revelou-se muito pertinente, pois, mesmo sem terem acesso a qualquer legenda, os

alunos perceberam facilmente qual era a crítica e puderam entre eles dar a sua opinião,

justificando sempre os seus pontos de vista.

Figura 7 (adaptada; fonte: http://thefunniestpictures.com/funny/cartoon/page/7/)

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Posteriormente, foi revelada aos alunos a vinheta completa e adaptada, já que a o

original apresentava-se em inglês. Deste modo, os alunos puderam confirmar as suas opiniões

quanto à crítica que o autor queria divulgar.

Esta atividade para além de permitir o desenvolvimento da expressão oral, o

alargamento do léxico e a reflexão sobre o que deve fazer um cidadão responsável e um

governo responsável para diminuir os comportamentos de risco, também permitiu antecipar o

assunto da notícia “Catorce preguntas y respuestas sobre la nueva ley del alcohol” que foi

trabalhada mais tarde e preparar os alunos para a atividade final: realização de um teste sobre

hábitos de saúde (interação em pares). Assim, creio que podemos classificar esta atividade

como um exemplo “para discutir en clase” (Rodríguez, 2010).

Por último, creio que esta atividade por abordar um assunto atual e que preocupa os

jovens vai ao encontro da ideia defendida por Mata (2003, p. 884) quando afirma que os

professores devem “proponérsele tareas que partan de materiales con un alto potencial

comunicativo, que planteen un situación realista, y cuyo contenido sea relevante para la

experiencia vital del alumno y para sus necesidades comunicativas”.

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2.2.3. Las estrellas del cine español

2.2.3.1. (Actividad para desarrollar la expresión escrita)

A segunda unidade didática que lecionei à turma do 10º ano teve por tema “Las

estrellas del cine español” e na última aula como atividade final os alunos tiveram que redigir

um comentário sobre uma vinheta relacionada com o cinema espanhol publicada num blog

sobre cinema.

Para que os alunos fossem capazes de realizar esta tarefa, ao longo das três aulas

foram trabalhados diferentes conteúdos procedimentais, conceptuais y actitudinais. No que

diz respeito aos conteúdos pragmático-discursivos, os alunos expressaram opiniões

justificadas, sentimentos e emoções e fizeram comentários utilizando o Presente de

Subjuntivo e sequenciaram ações através do uso de orações temporais. Em relação aos

conteúdos gramaticais, os alunos trabalharam as orações temporais e o Presente de Subjuntivo

para expressar opiniões. No que concerne aos conteúdos nocionais, os alunos fizeram uma

revisão e até ampliaram o seu vocabulário sobre cinema, imprensa e respeito pela privacidade.

Quanto aos conteúdos culturais, foi suscitada a curiosidade dos alunos sobre o cinema

espanhol, sobre algumas das suas personalidades mais conhecidas e respetivos trabalhos

cinematográficos. Além, disso também foi feito um alerta para os problemas provocados por

alguns tipos de imprensa, sobretudo a invasão da privacidade pela imprensa cor-de-rosa.

Para desenvolver a expressão oral, os alunos foram convidados a expressar os seus

sentimentos, a dar sugestões e a fazer comentários justificados a partir do visionamento de

imagens, de trailers e de entrevistas.

Depois de terminadas todas as tarefas possibilitadoras, os alunos já estariam

preparados para realizar a tarefa final centrada numa atividade de expressão escrita: escrever

um comentário a propósito de uma vinheta sobre cinema, onde ativaram os seus

conhecimentos sobre os conteúdos linguísticos e funcionais para elaborar um texto coerente.

Deste modo, os alunos foram convidados a ler a vinheta sobre Woody Allen (figura 8)

e a dar a sua opinião sobre o que estavam a ler. Parece-me importante explicar que este

realizador aparece numa unidade didática dedicada às estrelas de cinema espanhol por ter sido

com a interpretação no seu filme Vicky Cristina Barcelona, cujo trailer foi visualizado pelos

alunos na primeira aula desta unidade didática, que Penélope Cruz foi galardoada com o oscar

para melhor atriz.

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Considero que o facto de esta atividade ter partido da leitura de uma vinheta para

depois se desenvolverem outras competências, nomeadamente a produção escrita, vai ao

encontro do que defende Alonso (2011, p. 8), quando salienta que o DH “posee un gran valor

como activador de las estrategias de comprensión lectora, pero también como punto de partida

para la integración de las demás destrezas, en un intento de conseguir una comunicación lo

más real posible en el aula de ELE”.

Posteriormente, foram apresentadas as possíveis respostas que o comentário de Woody

Allen poderia provocar e mais uma vez os alunos foram convidados a revelar os seus pontos

de vista.

Figura 8 (fonte: https://educomunicacioncreativa.wordpress.com/page/16/)

De seguida, os alunos foram confrontados com uma ficha de trabalho (Anexo 10) com

as vinhetas/ caricaturas sobre Pedro Almodóvar (figuras 9,10 e 11) e foi-lhes explicado que

em pares teriam que escolher uma das vinhetas apresentadas e que a partir desse DH teriam

que redigir um comentário que seria publicado num blog sobre cinema, aplicando não só as

expressões de opinião, as orações temporais mas também o Presente de Subjuntivo.

Figura 9 (adaptada, fonte: http://www.caricaturadigital.com/profesional/?p=536)

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Figura 10 (adaptada, fonte: https://www.pinterest.com/pin/364439794816514233/)

Figura 11 (adaptada, fonte: http://www.risasinmas.com/caricatura-de-pedro-almodovar/)

Podemos, assim verificar que, enquanto trabalhavam, os alunos desenvolveram não só

a competência da leitura (ao ler e reler a vinheta), mas também a competência comunicativa e

as suas competências linguística, discursiva, sociolinguística e estratégica e ainda a expressão

escrita (ao redigir os textos).

Para a elaboração dos textos, os alunos tiveram que utilizar estratégias de interação e

de negociação, essenciais para o uso correto da língua num contexto real. Assim, o produto

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final só foi possível depois de uma negociação entre os membros dos pares e, deste modo, é

fundamental que a língua de trabalho dos pares seja sempre o espanhol.

Ao longo de toda esta unidade didática, os alunos tiveram que decidir, eleger,

comentar, questionar, argumentar e escolher, ou seja, pôr em prática um conjunto de

estratégias cognitivas muito importantes. Como afirma Zanón (1999, p. 16) “Mediante el

trabajo con las tareas los alumnos crean en la clase un espacio de comunicación real en

español al hablar de sus preferencias, tomar decisiones, opinar sobre lo que piensan o hacen

los otros alumnos”.

Por último, parece-me importante referir que quando os alunos perceberam que teriam

que realizar uma atividade de expressão escrita pude constatar alguma resistência por parte de

alguns alunos por considerarem que uma atividade de expressão escrita é sempre complicada.

Todavia, todos os grupos realizaram a atividade com êxito e foram pertinentes os comentários

que conseguiram redigir, o que me leva a pensar que o uso do DH teve alguma influência para

que a tarefa fosse realizada com sucesso. Talvez, de todas atividades implementadas ao longo

deste ano de estágio com recurso ao DH, esta tenha sido a mais ousada, pois é, infelizmente,

habitual que os alunos revelem alguma resistência ao trabalho relacionado com a produção

escrita. No entanto, considero que foi reconfortante ver o trabalho realizado pelos alunos, o

progresso (mesmo que ligeiro) e desenvolvimento das competências e aplicação dos

conhecimentos que os alunos tiveram que demonstrar para realizarem esta tarefa.

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2.2.4. Los peligros en Internet

2.2.4.1. (Actividad para “hablar de temas de actualidad.”)6

Na unidade didática subordinada ao tema “Los peligros en Internet”, a motivação

escolhida para dar início ao trabalho desta temática foi o uso da vinheta (figura 12) aos

alunos, primeiro de forma parcial e só mais tarde na íntegra.

Figura 12 (fonte: http://lavinetasatirica.blogspot.com.es/2012/09/me-gusta-no-me-gusta.html)

Esta minha opção justifica-se pelo facto de também acreditar que “El uso de imágenes

de la vida cotidiana para generar conversaciones sobre temas comunes permite que el

estudiante sea capaz de poner en práctica sus conocimientos del idioma a través de la

expresión oral.” (Sieiro & Cobo, 2010, p.50)

Antes de revelar a vinheta, informei os alunos de que precisava da sua ajuda para

resolver um pequeno mistério: tinha recebido uma imagem por email que me tinha deixado

bastante intrigada, pois não tinha conseguido saber o que se tinha passado e queria saber se

eles seriam capazes de me ajudar a dar uma resposta para a pergunta que surgia na imagem.

Esta abordagem inicial teve por objetivo motivar os alunos e envolvê-los na atividade

apresentada, pois tal como já referi são alunos interessados e curiosos.

Ao ver a vinheta de forma parcial, os alunos levantaram muitas hipóteses sobre o que

estavam a ver e, mais uma vez, foi interessante e produtiva a interação que, de forma natural e

6 Nomenclatura baseada na proposta de Rodriguez Martin (2010)

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espontânea se criou entre os alunos, pois, em geral, todos queriam manifestar a sua opinião e

argumentavam e contra-argumentavam entre eles, defendendo os seus pontos de vista.

O facto de ter apresentado esta atividade como uma missão em que os alunos iriam

ajudar-me a dar uma resposta à questão colocada na vinheta revelou-se um desafio ao qual

aderiram com entusiamo, pois tal como argumentam Busto e Bedoya (2009, p. 4) “El uso de

imágenes en el aula consigue evocar estas emociones, a la vez que estimula la creatividad y la

capacidad imaginativa, propiciando a su vez una relación positiva entre la lengua meta y el

grupo de clase”.

Quando visualizaram a vinheta na íntegra para além de poderem confirmar a

veracidade das suas sugestões também manifestaram a sua concordância ou discordância com

a mensagem veiculada.

Creio que esta vinheta é bom exemplo de como um DH pode ajudar a desenvolver nos

alunos um sentido crítico sobre a sociedade como defendem García e Fernández (2010, p. 14)

quando afirmam que “el humor gráfico ayuda a la concienciación social de cara a implicarnos

en la realidad y contribuir a la transformación social buscando un mundo más justo, solidário,

tolerante y ‘divertido’”.

O uso deste DH provocou a curiosidade e o riso dos alunos e por isso considero que

cumpriu com sucesso o objetivo de que:

Su mensaje debe llegar a la mente del extranjero como un rayo que le

sorprenda y le regocije; sólo así, lograremos integrarlos en el aula de tal modo

que cumplan con su función básica de crear un ambiente distendido que facilite

el aprendizaje. (Arroyo, 1999, p. 84)

2.2.4.2. (Actividad para “divertirnos con la gramática.”)7

As vinhetas seguintes (figuras 13, 14, 15, 16 e 17) foram utilizadas numa ficha de

trabalho (anexo 11) onde os alunos puderam colocar em prática o Condicional Presente. O

objetivo desta ficha era que os alunos conjugassem diferentes verbos no Condicional em

diferentes pessoas e depois aplicassem esses mesmos verbos no exercício seguinte nas

diferentes frases que serviam de legenda às vinhetas anteriormente mencionadas.

7 Nomenclatura baseada na proposta de Rodriguez Martin (2010)

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Ao mesmo tempo, estes exercícios permitiram não só a prática de conteúdos

gramaticais de uma forma mais lúdica ou divertida, pois creio que permitiu mostrar aos alunos

que “es posible aprender un idioma mientras se divierten” (Sieiro & Cobo, 2010, p. 92.), mas

também a consciencialização por parte dos alunos sobre os problemas que a Internet e as

redes sociais podem esconder ou provocar e que cuidados devem ter ao lidar com estas novas

formas de comunicar.

Para além da realização desta primeira ficha, os alunos também realizaram os

exercícios propostos numa segunda ficha de trabalho sobre o uso do Condicional para dar

conselhos (anexo 12) onde não só puderam deduzir as estruturas utlizadas para dar conselhos

com recurso ao Condicional como também puderam, em pares, redigir os seus próprios

conselhos, aplicando as estruturas e o Condicional anteriormente apreendidos.

Por outro lado, também me parece importante mencionar que a adesão dos alunos a

esta atividade foi muito boa, pois todos queriam apresentar os seus conselhos, o que leva a

pensar que viram na realização desta atividade algo útil e interessante, pois como defende

Álvarez Mennuto (2009, p. 23) quando “Los adultos necesitan ver la relevancia de lo que ven

en el aula con lo que necesitan hacer por fuera de ella y si se hace uso de este material real las

conexiones serán más obvias”. Apesar de não estar a trabalhar com alunos adultos, considero

que esta ideia também se aplica a alunos mais jovens, pois se houver uma maior identificação

com o que estão a fazer e se virem utilidade e aplicabilidade no mundo extraescola, mais

facilmente se sentem motivados e interessados.

O recurso ao DH teve também por objetivo ser uma espécie de estímulo para a escrita,

já que o uso destas diferentes imagens serviu de motivação ou incentivo à criatividade dos

alunos de modo a que estes inventassem frases que fossem conselhos adequados a cada uma

das situações apresentadas. Esta ideia também é defendida por Busto e Bedoya (2009, p. 2)

quando afirmam que “La importancia de la imagen en el proceso de aprendizaje de una lengua

extranjera (LE) está relacionada con la capacidad humana para crear imágenes mentales a

través de visualizaciones que atraigan nuestra atención, que nos estimulen, o nos provoquen

emoción”.

Por último, parece-me muito importante referir que o uso destes diferentes DH não

passou despercebido aos alunos que de forma espontânea e imediata reagiram assim que lhes

foi entregue a ficha com os DH. Não nos podemos esquecer que uma imagem vale mais do

que mil palavras e as situações representadas em cada uma destas vinhetas são polémicas e

até assustadoras o que leva a que os alunos reajam e queiram exprimir os seus sentimentos e

opiniões, pois “las illustraciones ofrecen un recurso sencillo y atemporal que motiva al

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estudiante a implicarse, no solo en el processo de enseñanza-aprendizaje, sino también en la

actividad que desarrolla” (Sieiro & Cobo, 2010, p. 124).

Figura 13 (fonte: http://arturogardea.blogspot.pt/)

Figura 14 (fonte: https://mambre.wordpress.com/2012/10/14/otros-peligros-sobre-los-que-no-

se-habla-mucho-de-las-redes-sociales/)

Figura 14 (fonte: http://www.projectocaerus.org/tag/seguranca-na-internet/)

Figura 15 (fonte: http://burjanatura613.blogspot.pt/)

Figura 16 (fonte: http://www.delazonaoriental.net/2010/02/14/el-gran-peligro-del-amor-por-

internet/)

Figura 17 (fonte: http://drgeorgeyr.blogspot.pt/2010/12/peligros-de-internet-ciberacoso-

y.html)

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2.2.5. La literatura - el poder de las palabras

2.2.5.1. (Actividad para introducir el tema de clase)

A primeira aula lecionada à turma do 11º ano teve por tema “la literatura - el poder de

las palabras”. Esta aula teve por objetivos estabelecer um primeiro contacto com estes alunos

e também permitir fazer uma ligação com as aulas seguintes que foram dedicadas ao estudo

da obra Crónica de una muerte anunciada de Gabriel García Márquez.

Assim, no início da aula foi dito aos alunos que a professora estava a fazer uma

pequena pesquisa sobre os hábitos dos jovens e para tal precisava da sua ajuda para

comentarem a imagem seguinte (figura 18), referindo se se indentificavam com a reação da

personagem Miguelito ou se estavam de acordo com a sugestão da Mafalda.

Estes alunos do 11º ano são muito interessados e participativos e por isso ao verem a

tira da Mafalda todos quiseram dar o seu contributo e opinião sempre de forma justificada.

Tal como afirma Alonso (2011, p. 6), as tiras cómicas “Forman parte de nuestras vidas, por lo

que, al incorporarlos al aula, partimos de un material conocido que, por un lado les interesará

más, constituyendo un vínculo entre el aprendiente y la lengua objeto (LO) y, por otro,

ayudará a facilitar la tarea, requisito fundamental”.

Figura 18 (fonte: http://elcomercio.pe/blog/universocomic/2010/08/miguelito-el-pensador)

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Após uma pequena auscultação de opiniões e de uma pequena interação entre os

alunos sobre a importância dos livros, foi-lhes pedido que apresentassem razões para

considerarmos que o livro é um bom amigo tal como refere a personagem Mafalda.

A elaboração desta listagem foi apoiada pela visualização das imagens seguintes

(figura 19) o que contribuiu para que rapidamente e com êxito os alunos terminassem esta

tarefa.

Mais uma vez, o uso do DH vai ao encontro da definição de “apostilla ilustrativa”

apresentada por Padilla (2010, p. 21) em que o objetivo do uso do DH é ilustrar de forma

humorística o tema que se vai abordar na aula.

Por último, parece-me que também é importante mencionar que o facto de ter

recorrido a tiras da Banda Desenhada da personagem Mafalda criada por Quino foi benéfico,

pois os alunos conhecem esta personagem e por isso, geralmente, a sua reação é positiva, ou

seja, reagem com agrado a este tipo de material. Tal como argumenta González-Espada

(2003, pp. 58-59). “(…) the combination of the students’ familiarity and acceptance of them,

along with careful pedagogical integration, makes of this resource an excellent and refreshing

complement to instruction.”

Figura 19 (adaptada, fonte:

http://mafalda.dreamers.com/Imagenes/imagenes_de_mafalda2.htm)

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2.2.6. Crónica de una muerte anunciada de GGM

2.2.6.1. (Actividad para introducir el tema de clase)

A última unidade didática lecionada durante este ano de estágio foi dedicada ao estudo

da obra Crónica de una muerte anunciada de Gabriel García Márquez e fez parte de uma

macro unidade que tinha por finalidade o estudo desta obra literária. As duas aulas desta UD

foram as primeiras aulas dedicadas à análise desta obra e, por isso, era importante familiarizar

os alunos com o autor (vida, obra, características literárias, movimento literário) e explorar o

título, o início da obra e a intriga.

Para suscitar a curiosidade dos alunos sobre este autor e aferir os conhecimentos que já

tinham sobre GGM, a primeira aula teve início com a distribuição de borboletas de papel

amarelas pelos alunos que foram questionados sobre o motivo desta associação entre as

borboletas amarelas e GGM. Desde logo se levantaram muitas hipóteses e criou-se um

espírito curioso e animado entre os alunos. Após esta pequena interação, os alunos foram

confrontados com algumas questões (anexo 13) que pretendiam verificar o que já sabiam

sobre o autor.

Tal como argumentam Óscar e Matilde Cerrolaza (1999, p.64).a fase inicial da aula é

muito importante, já que serve para “motivar al/la estudiante respecto al contenido de la clase;

para ello, se intentará poner en movimiento todos los conocimientos activos y pasivos del/ de

la aprendiente, no sólo los lingüísticos, sino también su conocimiento del mundo y sus

experiencias”.

Assim e após estas duas pequenas atividades, os alunos foram convidados a saber

algumas curiosidades sobre a vida deste autor e para isso procedeu-se à visualização de várias

imagens nas quais se incluem as caricaturas abaixo apresentadas (figuras 20, 21 e 22).

A primeira caricatura (figura 20) teve por objetivo os alunos fazerem inferências sobre

como seria GGM: simpático, alegre, generoso…; sobre o significado dos braços abertos,

sobre as borboletas amarelas (relacionar com a obra Cem anos de solidão) e sobre o que tinha

vestido. Assim, foi pedido aos alunos que descrevessem o vestuário de GGM e foi-lhes

explicado que se tratava de um traje tradicional de Llanos colombo-venezolanos (uma região

do norte da América do Sul) que se chama liquilique e que foi vestido desta forma que GGM

recebeu o prémio Nobel em 1982, fugindo, assim, ao tradicional fraque que, na opinião deste

escritor supersticioso, lhe dava azar.

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Figura 20 (fonte: http://www.mirartegaleria.com/2013/10/caricaturas-chistosas-obras-de-

jorge.html)

A partir da segunda vinheta (figura 21), os alunos foram convidados a explicar a

simbologia da caneta em forma de continente sul-americano, ou seja, tiveram que apresentar

sugestões sobre o que queria dizer o autor desta vinheta ao desenhar a caneta com esta forma.

Por outro lado, também tiveram que fazer inferências para explicar o estado de espírito do

escritor.

Figura 21 (fonte: http://zachary-jones.com/zambombazo/caricaturas-homenajes-a-gabriel-

garcia-marquez/)

A parir da última vinheta (figura 22), os alunos puderam constatar todas as diferentes

atividades que GGM exerceu ao longo da sua vida e tiveram que adivinhar qual o nome pelo

qual GGM era conhecido entre os seus amigos (Gabo) e daí que primeiro viram a vinheta de

forma parcial e depois puderam visualizá-la na íntegra.

Parece-me importante referir que esta atividade com recurso a estes DH entre outras

imagens cumpriu o objetivo de suscitar o interesse dos alunos pelo escritor GGM e pela sua

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obra, pois todas as atividades apresentadas posteriormente que pretendiam dar a conhecer a

vida, obra e movimento literário foram acolhidas com entusiamo pelos alunos.

Figura 22 (fonte: http://zachary-jones.com/zambombazo/caricaturas-homenajes-a-gabriel-

garcia-marquez/)

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2.3. Opções metodológicas

Após a seleção do tema para esta pequena investigação (O Desenho Humorístico como

recurso didático na sala de ELE), defini que os objetivos para esta reflexão seriam:

1) Demonstrar que o uso do DH pode ajudar a criar um ambiente propício à

aprendizagem;

2) Demonstrar que os alunos se sentem mais motivados para o ensino de ELE com

atividades que recorrem ao DH;

3) Oferecer propostas para o uso do DH como um recurso para trabalhar diferentes tipos

de conteúdos, integrando as conclusões de um conjunto de várias atividades e

materiais criados por mim.

Para conseguir dar resposta a estes objetivos, recorri a diferentes formas de recolha de

dados. A primeira delas é a utilização de inquéritos aos quais os alunos responderam em

momentos diferentes, a segunda prende-se com as fichas de autoavaliação que os alunos

preencheram após cada unidade didática e/ou aula e por último a reflexão por parte dos

colegas de estágio, por mim e pelas orientadoras baseada na observação das aulas.

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2.3.1. Inquéritos

Os dois inquéritos aplicados ao longo deste ano letivo realizaram-se em dois

momentos distintos. Ambas as turmas responderam ao primeiro inquérito (Anexo 1) antes de

eu ter dado qualquer aula assistida às respetivas turmas. No caso da turma do 10º ano, tal

aconteceu a meados do 1º período e no caso do 11º, turma que só conheci no início do 3º

período, o inquérito só foi aplicado nesta altura. Devo ainda acrescentar que estes inquéritos

foram realizados de forma anónima através da estrutura da plataforma do

DOCS.GOOGLE.COM.

A maioria dos alunos inquiridos é do sexo feminino e têm idades compreendidas entre

os 16 e 18 anos como se vê nos gráficos mais abaixo.

A primeira pergunta colocada aos alunos no primeiro inquérito queria saber se estes se

sentem mais motivados para a aprendizagem da língua espanhola quando o professor utiliza o

desenho humorístico nas aulas. Os resultados são claros, pois 100% dos alunos respondeu

afirmativamente e estes dados vão ao encontro de uma das premissas desta pequena

investigação que tinha por base a relação favorável entre o uso do DH na aula de ELE e a

motivação dos alunos para a aprendizagem.

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De igual modo, a segunda questão, que questionava os alunos sobre a possibilidade do

DH tornar as aulas mais apelativas obteve uma resposta que não deixa margem para dúvidas:

93,8% dos alunos considera que o DH torna as aulas mais apelativas.

Estes primeiros dados foram decisivos para que todas as possíveis dúvidas que poderia

ter em relação à assertividade da escolha do tema para este estudo fossem dissipadas. Estes

alunos, tal como eu, acreditavam nas potencialidades do DH na sala de ELE e agora caber-

me-ia a mim a difícil tarefa de não defraudar as expectativas destes alunos, ou seja, ao longo

das minhas aulas, teria que comprovar que a presença do DH tornaria as aulas mais

interessantes e apelativas e que por isso mesmo os alunos estariam mais participativos e

motivados para trabalhar e participar nas tarefas propostas.

A terceira questão colocada aos alunos pretendia saber se no ano letivo anterior os

alunos já tinham tido contacto com o DH nas aulas de ELE: 56,3% respondeu de forma

negativa e 43, 8% respondeu que sim.

Destes 43,8%, 42,9% indicou que o DH tinha sido usado entre 1 a 3 vezes e 28,6%

referiu que o DH tinha sido usado 10 ou mais vezes, o que pode indicar que o DH continua a

não ser um dos recursos mais utlizados pelos professores de ELE. Para além disso, também se

pôde constatar que o DH mais utilizado foi a Banda Desenhada com 85,7%, seguido do

cartoon com 42,9% e que a caricatura não tinha sido utilizada nenhuma vez.

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As perguntas seguintes procuravam indagar os alunos sobre o uso do DH nas aulas de

ELE ao longo deste ano letivo e as respostas foram também surpreendentemente agradáveis.

Quando questionados sobre se gostariam que o DH fosse mais utlizado nas aulas de

ELE, 87,5% dos alunos respondeu de forma positiva e apenas 12,5% respondeu de forma

negativa.

No que diz respeito às preferências dos alunos em relação ao tipo de DH que gostaria

que fosse utilizado nas aulas de ELE, 80% indica a Banda desenhada, 53,3% indica o cartoon

e 40% escolhe a caricatura.

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Por último, os alunos foram questionados sobre que tipo de atividades gostariam de

ver desenvolvidas com a ajuda do DH: 76,9% indicou a expressão escrita; 69,2% referiu a

expressão oral, 46,2% indicou o alargamento de léxico e apenas 23,1% selecionou as

atividades relacionadas com a gramática (explicitação de conteúdos gramaticais e exercitação

de conteúdos gramaticais).

No final deste ano letivo, foi pedido a todos os alunos que respondessem ao mesmo

inquérito (Anexo 2) para recolher dados após toda a implementação de atividades com recurso

ao DH nas aulas de ELE.

Em primeiro lugar, devo referir que tal como me ia apercebendo com o decorrer das

aulas, os alunos mostraram-se sempre recetivos ao uso do DH e o fator surpresa provocado

pelo lado humorista do DH provocou sempre uma reação por parte dos alunos que se traduziu,

em geral, numa maior participação e interesse pelas atividades apresentadas.

A corroborar estas minhas impressões após cada aula surge a informação recolhida a

partir das primeiras questões colocadas aos alunos neste segundo inquérito. Todos os alunos

confirmaram o seu agrado pelo uso do DH nas aulas de ELE e todos os alunos consideraram

que o DH tornou as aulas mais apelativas.

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Todavia, nem todos os alunos se sentiram mais interessados e motivados para aprender

pelo facto do professor ter utilizado o DH nas aulas. Considero que apesar de não ser a

totalidade dos alunos e apenas a maioria (78,6%) não deixa de ser um número significativo e

favorável a esta ideia de que o DH pode ser uma ferramenta pedagógica muito válida e

interessante na hora de ensinar uma língua estrangeira. De facto até teria sido interessante

saber se esta resposta negativa por parte dos alunos estaria justificada pelo facto de os alunos

se sentirem normalmente bastante motivados e interessados para aprender. Não nos podemos

esquecer de que os inquéritos foram respondidos de forma anónima e temos de ter em atenção

de que, em especial, na turma do 11º ano, os alunos eram muito interessados e obtiveram

classificações muito boas e até excelente (uma das alunas terminou o ano letivo com 20

valores à disciplina de Espanhol).

No que diz respeito à preferência relativamente às diferentes atividades levadas a cabo

com o DH, os alunos revelaram algumas mudanças de opinião desde o 1º inquérito. Neste

segundo inquérito, os alunos mostraram preferência pelas atividades relacionadas com a

expressão oral (78,6%), seguida das atividades relacionadas com a expressão escrita e

alargamento do léxico (ambas com 71,4%) e por último, à semelhança do que responderam da

primeira vez, surgem as atividades relacionadas com a gramática: explicitação de conteúdos

gramaticais (64,3%) e exercitação de conteúdos gramaticais (57,1%). Todavia é de realçar de

que apesar de continuarem no fim da lista de preferências, o número de alunos que agora

também mostra o seu apreço pelo uso do DH neste tipo de atividades mais do que duplicou

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(relembremos que no 1º inquérito estas atividades apenas tinham sido apontadas por 23,1%

dos alunos).

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2.3.2. Fichas de autoavaliação

Ao longo deste ano letivo e tendo em conta tudo o que aprendi nas aulas de Didática, a

autoavaliação fez parte integrante da tarefa final delineada para cada aula ou unidade didática.

Assim e para além das informações obtidas por procedimentos informais como a observação

intuitiva da reação dos alunos e do trabalho do aluno, pude fazer uma avaliação interna das

aulas com todas as informações recolhidas, inclusive a partir da ficha de autoavaliação dos

alunos.

A partir das questões colocadas aos alunos nestas diferentes fichas de autoavaliação,

pude fazer uma recolha de dados importante para esta pequena investigação sobre o uso do

DH nas aulas de ELE.

A primeira ficha de autoavaliação (Anexo 4) preenchida pelos alunos está relacionada

com a aula lecionada sobre o conceito de arte apresentada no ponto 2.2.1.1. e para a qual

utilizei como referi anteriormente um cartoon como motivação. Após a recolha de dados pude

verificar que 52,9% considerou o visionamento do cartoon muito útil e 47% considerou-o útil.

Além disso, 82,3% considerou o visionamento muito útil e sobre a interação realizada a partir

deste cartoon 47% considerou-a útil e 41,1% classificou-a de muito útil. A maioria, 70,5%

também considerou esta atividade como interessante. Parece-me bastante significativo o facto

de nenhum aluno ter classificado estas atividades como pouco úteis ou pouco interessantes,

pois indicia o gosto dos alunos pelo tipo de material como o cartoon.

47,06%

52,94%

Visionado de la viñeta

poco útil

útil

muy útil

82,35%

17,65%

Visionado de la viñeta

poco interesante

interesante

muy interesante

11,76%

47,06%

41,18%

Interacción sobre la viñeta

poco útil

útil

muy útil

70,59%

29,41%

Interacción sobre la viñeta

poco interesante

interesante

muy interesante

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As conclusões retiradas a partir da segunda ficha de autoavaliação (Anexo 5) sobre as

aulas da unidade apresentada no ponto 2.2.2. deste trabalho são, na sua essência, muito

semelhantes às já apresentadas. Todavia, existe até uma evolução favorável para o uso do DH

nas aulas de ELE, pois a maioria dos alunos, 64,7%, classifica o visionamento do cartoon

como muito útil e 35,2% como útil. Por outro lado, 76,4% considera este visionamento como

útil e 58,8% classifica a interação como útil e 52,9% classifica-a como interessante. Mais uma

vez, nenhum aluno classificou estas atividades como pouco úteis ou pouco interessantes.

A terceira ficha de autoavaliação (Anexo 6) está relacionada com a unidade didática

sobre “Las estrelas del cine español” apresentada no ponto 2.2.3. e a pergunta mais relevante

para o nosso estudo prende-se com a realização da tarefa final que consistia em escrever um

comentário a partir da visualização de uma caricatura de Pedro Almodóvar para ser publicado

num blog de cinema. Ao contrário do já apresentado anteriormente, pela primeira vez, 23,5%

dos alunos consideraram esta atividade pouco útil e também pouco interessante. Parece-me

fundamental refletir um pouco sobre o surgimento destes dados menos favoráveis e talvez isto

esteja relacionado com o facto de se tratar de uma atividade mais complexa do que as

anteriores. Todavia, é de ressaltar que a maioria 52,9% considera esta atividade como útil e

35,29%

64,71%

Visionado de la viñeta

poco útil

útil

muy útil

76,47%

23,53%

Visionado de la viñeta

poco interesante

interesante

muy interesante

58,82%

41,18%

Interacción sobre la viñeta

poco útil

útil

muy útil

52,94%

47,06%

Interacción sobre la viñeta

poco interesante

interesante

muy interesante

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23,5% como muito útil. Também a maioria, 58,8% classificou-a de interessante e 17,6% de

muito interessante.

Com os dados recolhidos a partir da quarta ficha de autoavaliação (Anexo 7) referentes

à aula sobre os perigos da Internet apresentada no ponto 2.2.4. já foi possível não só ter uma

perceção do agrado por parte dos alunos no uso do DH como motivação, alargamento de

léxico, mas também o seu uso nas atividades relacionadas com a aprendizagem da gramática e

com uma pequena atividade de expressão escrita. Quanto ao visionamento do DH, a maioria

dos alunos continuou a considerar útil (64,7%) e interessante (70,5%). Também a interação é

vista como útil por 58,2% e como interessante por 52,9% ou muito útil (41,1%) e muito

interessante (47%), sendo que nenhum aluno a classificou como pouco útil ou pouco

interessante.

23,53%

52,94%

23,53%

Producción de un comentario para un blog de cine

poco útil

útil

muy útil

23,53%

58,82%

17,65%

Producción de un comentario para un blog de cine

poco interesante

interesante

muy interesante

64,71%

35,29%

Visionado de la viñeta

poco útil

útil

muy útil

70,59%

29,41%

Visionado de la viñeta

poco interesante

interesante

muy interesante

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Quanto ao trabalho efetuado com conteúdos gramaticais descritos no ponto 2.2.4.2., a

maioria continuou a classificá-lo como útil (58,8%) e como interessante (35,2%) ou muito

interessante (35,2%). Claro que sobre este ponto, será importante refletir que a questão

colocada aos alunos não faz uma alusão direta e explícita ao uso do DH. Todavia e como já

foi descrito anteriormente, toda a atividade esteve sempre relacionada, ou melhor, apoiada no

uso do DH.

No que diz respeito à pequena atividade de escrita em que os alunos tiveram que dar

conselhos para alertar para os perigos da Internet as respostas dadas pelos alunos permitem-

nos concluir a atividade foi muito bem aceite: 58,8% classificou-a como útil, 41,1% como

muito útil e 64,7% considerou-a interessante e 35,2% como muito interessante. E mais uma

vez nenhum aluno classificou esta atividade como pouco útil ou pouco interessante.

58,82%

41,18%

Interacción sobre la viñeta

poco útil

útil

muy útil

52,94% 47,06%

Interacción sobre la viñeta

poco interesante

interesante

muy interesante

11,76%

58,82%

29,41%

Trabajo sobre el condicional

poco útil

útil

muy útil

29,41%

35,29%

35,29%

Trabajo sobre el condicional

poco interesante

interesante

muy interesante

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Em relação aos dados obtidos a partir da quinta ficha de autoavaliação (Anexo 8)

referente à aula sobre literatura apresentada no ponto 2.2.5., a reação favorável dos alunos ao

uso do DH é mais evidente, pois 66,6% considerou muito útil o visionamento da vinheta e

33,3% classificou-a de útil. Além disso, 83,3% considerou esta atividade muito interessante e

apenas 16,6% classificou-a de interessante. Por outro lado, 83,3% dos alunos considerou a

interação sobre a vinheta muito útil e todos os alunos consideraram esta atividade como muito

interessante.

Por último, os dados obtidos a partir da última ficha de autoavaliação (Anexo 9)

referente à unidade dedicada ao estudo da obra Cronica de una muerte anunciada e

apresentada no ponto 2.2.6. também estão em sintonia com os dados apresentados até ao

momento. Assim, 66,7% classificou de útil o visionamento de caricaturas e cartoons

referentes a Gabriel García Márquez e todos os alunos consideraram como muito interessante.

58,82%

41,18%

Trabajo en parejas: dar consejos

poco útil

útil

muy útil

64,71% 35,29%

Trabajo en parejas: dar consejos

poco interesante

interesante

muy interesante

33,33%

66,67%

Visionado de la viñeta

poco útil

útil

muy útil

16,67%

83,33%

Visionado de la viñeta

poco interesante

interesante

16,67%

83,33%

Interacción sobre la viñeta

poco útil

útil

muy útil

100,00%

Interacción sobre la viñeta

poco interesante

interesante

muy interesante

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Além disso, 83,3% dos alunos considerou útil a interação e revelaram a sua divisão entre

decidir por classificar esta atividade como interessante (50%) ou como muito interessante

(50%).

66,67%

33,33%

Visionado de viñetas/ imágenes / caricaturas

poco útil

útil

muy útil

100,00%

Visionado de viñetas/ imágenes / caricaturas

poco interesante

interesante

muy interesante

83,33%

16,67%

Interacción sobre las viñetas/ imágenes/ caricaturas

poco útil

útil

muy útil

50,00% 50,00%

Interacción sobre las viñetas/ imágenes/ caricaturas

poco interesante

interesante

muy interesante

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2.3.3. Observações de aulas

Em relação à análise realizada após cada aula observada e mais em concretamente em

relação ao uso de materiais com recurso ao DH, posso mencionar que em geral as opiniões

sempre foram positivas.

Quanto ao uso da primeira vinheta (figura 1) apresentada no ponto 2.2.1.1. alusiva ao

conceito de arte, todos os comentários (da orientadora, das colegas de estágio e o meu)

realçaram a reação muito positiva dos alunos ao início da aula (parte em que foi utilizada este

vinheta), já que se mostraram entusiasmados e participativos. Todos os alunos intervieram e

apresentaram a sua opinião sobre o que estavam a visualizar e mesmo quando tinham dúvidas

em relação a vocabulário ou até na conjugação de certos verbos, os alunos arriscaram e

quando corrigidos pela professora, mostraram-se confiantes o suficiente para continuar a

participar. Para além disso, também se destacou o facto de os materiais serem apelativos e

bem elaborados.

No que diz respeito à utilização da segunda vinheta (figura 3) apresentada no ponto

2.2.2.1. foi realçado o aproveitamento desta para fazer o registo no quadro de uma listagem de

vocabulário relacionada com brinquedos. Além disso, também se mencionou o nível de

participação dos alunos que, mais uma vez, reagiram ao visualizado e portanto quiseram dar a

sua opinião. Aliás, no comentário a esta aula, foi-me sugerido que continuasse a apostar nos

materiais com humor, pois denotava-se uma excelente adesão dos alunos a este tipo de

recursos.

Quanto ao uso das vinhetas da Mafalda (figuras 4 e 5) apresentadas no ponto 2.2.2.2.

para introduzir conteúdos gramaticais - o uso do Pretérito Perfecto - também foi avaliado de

forma positiva, pois permitiu o ensino de gramática contextualizada e ajudou a que os alunos

identificassem os marcadores temporais, estabelecessem a relação entre este tempo verbal e o

momento presente e claro o tempo verbal em estudo. A maioria dos alunos reagiu bem à

visualização destas vinhetas, mostrando interesse e atenção e quando questionados sobre o

que estavam a ver, foram muitos os alunos que quiseram responder. Ou seja, o uso do DH

nesta atividade revelou ser uma forma eficaz para introduzir o estudo de conteúdos

gramaticais, já que captou a atenção dos alunos.

No que concerne à utilização das vinhetas alusivas aos hábitos saudáveis (figuras 6 e

7) apresentadas no ponto 2.2.2.3., a apreciação também foi favorável, já que os comentários

foram unânimes ao destacar que a boa seleção de materiais relacionados com o humor levou a

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que os alunos estivessem muito participativos, interagindo entre eles, argumentando e contra-

argumentando.

Tal como já tinha mencionado no ponto dedicado à descrição das aulas, os alunos

reagiram, inicialmente, com alguma resistência à realização da tarefa final da unidade didática

dedicada ao cinema espanhol. Creio que o facto de ter sido uma tarefa relacionada com a

escrita esteve na origem desta reação menos entusiasmante por parte dos alunos. No entanto, é

de salientar que tanto eu como as colegas e orientadora registamos uma boa participação dos

alunos ao que estavam a visualizar: primeiro ao verem a vinheta de Woody Allen (figura 8)

apresentada no ponto 2.2.3.1. e depois quando viram as vinhetas de Pedro Almodóvar (figuras

9, 10 e 11) na ficha de trabalho (anexo 12). Nestes dois momentos, a turma reagiu de forma

positiva e todos quiseram dar a sua opinião., o que me leva a concluir que a presença do DH

contribuiu para um maior interesse por parte dos alunos. Um dos comentários que apresentei

na altura foi que não deveria ter explicado a tarefa antes de ter entregado a ficha, pois, assim,

talvez, os níveis de interesse e entusiamo não tivessem diminuído. É ainda de salientar que

apesar de não ser uma tarefa muito fácil, os alunos revelaram imaginação e tal como foi

referido nos comentários realizados a tarefa foi cumprida com êxito e os alunos revelaram

satisfação pelo trabalho feito aquando da leitura dos mesmos perante a turma.

Em relação à aula dedicada aos perigos das redes sociais, tanto a orientadora como as

colegas realçaram o uso do cartoon (figura 12) apresentado no ponto 2.2.4.1. como atividade

de motivação, pois os alunos mostraram curiosidade e todos queriam encontrar a resposta

certa à pergunta formulada na vinheta. Assim, o nível de participação esteve muito alto e o

interesse e atenção também foi grande.

Quanto ao uso das vinhetas (figuras 13,14, 15, 16 e 17) apresentadas no ponto 2.2.4.2.

nas fichas de trabalho (anexos 11 e 12) também foram um dos pontos positivos desta aula

mencionados no comentário pós-aula, já que os alunos reagiram de forma emotiva às

situações aí representadas e por isso revelaram empenho na realização das tarefas,

nomeadamente no exercício em que lhes foi pedido para dar conselhos. Concluiu-se a partir

destas atividades que o uso do DH em tarefas relacionadas com o estudo de conteúdos

gramaticais de revelou eficaz, já que capta a atenção dos alunos.

Relativamente à atividade com recurso a uma vinheta da Mafalda (figuras 18 e 19)

apresentada no ponto 2.2.5.1. para introduzir o tema da literatura, esta também foi avaliada de

forma positiva, pois, mais uma vez, os alunos reagiram com sorrisos (o que revela que

compreenderam a mensagem escrita) e principalmente com “dedos no ar”, já que todos

quiseram participar e expressar as suas opiniões. No comentário pós-aula, salientou-se esta

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participação e também a utilidade das imagens de Mafalda (figura 19) para os alunos

apresentarem justificações para a ideia de que um livro é um bom amigo.

Por último, também a atividade com as vinhetas sobre Gabriel García Márquez

(figuras 20, 21 e 22) apresentadas no ponto 2.2.6.1. foi avaliada de forma positiva, pois estas

caricaturas despertaram nos alunos o interesse e a curiosidade pelo autor. Além disso, o facto

de estarem aliadas a questões que apelavam à sua capacidade “divinatória” também reforçou o

interesse e a vontade de participar dos alunos, pois queriam encontrar justificações ou

respostas para o que lhes era perguntado. A partir deste momento de motivação inicial, os

alunos mantiveram sempre entusiamo e participação em todas as atividades apresentadas

nesta aula.

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2.3.4. Inquérito aos docentes

Durante a realização deste pequena investigação, senti curiosidade em saber o que

pensavam outros docentes de ELE sobre o uso do DH nas suas aulas: se utilizavam ou não,

que tipo de DH preferiam, se consideravam que o uso DH motivava os alunos.

Assim, através de diferentes tipos de contacto (via Facebook, email) pedi a professores

de ELE que respondessem a um pequeno inquérito (Anexo 3) sobre o uso do DH nas aulas e

obtive 88 respostas.

A maioria (90,6%) dos professores que responderam a este inquérito é do sexo

feminino, sendo que apenas 9,6% é do sexo masculino.

No que diz respeito à experiência profissional: 37,6% tem 10 ou mais anos de

experiência, 24,7% tem entre 6 e 9 anos, 20% tem entre 0 e 2 anos e 17,6% tem entre 3 e 5

anos.

Quando questionados sobre o uso do DH nas aulas de ELE, a resposta deste grupo de

professores foi clara: 89,5% respondeu de forma afirmativa e apenas 10,5% informou que não

costuma usar o DH nas suas aulas.

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Em relação à preferência pelos diferentes tipos de DH, a maioria (74,7%) deste grupo

de professores revelou que usa a Banda Desenhada, seguida pelo cartoon que foi escolhido

por 60,8% e apenas 19% indicou que também costuma usar a caricatura.

A pergunta seguinte também contribui para a fundamentação desta pequena

investigação na medida em que 95% destes professores considerou que os alunos estão mais

motivados para a aprendizagem quando utilizam o DH nas suas aulas. Tal como eu, estes

professores sentem, observam e verificam que o DH torna as aulas mais apelativas para os

alunos e que por consequência estes ficam mais motivados.

A última questão colocada a estes professores pretendia saber se o DH era muito ou

pouco utilizado nas aulas e as respostas acabam por ser surpreendentes, pois 43,9% indica que

utiliza entre 4 a 6 vezes em média por ano; 22% refere que apenas utiliza entre 1 a 3 vezes;

19,5% indica que utiliza o DH entre 7 a 9 vezes por ano e apenas 14,6% refere que utiliza o

DH 10 ou mais vezes. Considero que de alguma forma estes resultados são surpreendentes,

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pois se 95% considerou que o uso do DH nas aulas tornou os alunos mais motivados, parece-

me pouco que apenas 14,6% utilize o DH 10 ou mais vezes por ano.

Talvez fosse interessante perceber as razões que justificam esta opção por parte destes

professores. Tentar saber se de alguma maneira estas escolhas assentam nas desvantagens por

mim já apresentadas e nos preconceitos associados a este tipo de material. Ou perceber se é

apenas uma adequação ao tipo de alunos, conteúdos que os professores têm que ensinar.

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CONCLUSÃO

Este trabalho teve por finalidade mostrar, ainda que de forma modesta e reduzida, as

potencialidades que um material autêntico como o desenho humorístico pode ter na aula de

línguas estrangeiras.

Assim e numa primeira parte, procurou-se apresentar uma fundamentação teórica

relacionada com este recurso, na qual destaco a reflexão sobre as vantagens e finalidades do

DH no ensino e em especial nas aulas de ELE. Vários são os autores que recentemente se têm

debruçado sobre a análise da utilização de um material autêntico como o humor gráfico e

cujos estudos apontam para os benefícios deste recurso para a criação de um ambiente

favorável à aprendizagem, para o desenvolvimento da competência comunicativa dos alunos e

para a possibilidade de o DH ser usado em atividades tão distintas como o alargamento de

léxico, a consolidação de conteúdos gramaticais, o desenvolvimento da leitura e da expressão

escrita, mas principalmente o desenvolvimento da expressão oral.

Na segunda parte desta pequena investigação, foram apresentadas sugestões de

atividades que tendo por base o uso do DH procuraram desenvolver as diferentes

competências inerentes ao estudo de uma língua estrangeira. As atividades implementadas ao

longo deste ano letivo e a recolha de dados feita junto dos alunos quer através da forma de

inquéritos, quer através das fichas de autoavaliação permitiram apresentar uma resposta aos

objetivos inicialmente delineados.

Estas diferentes atividades são uma pequena e muito modesta amostra do que pode ser

feito a partir de um material de tão fácil acesso como é o caso do DH. Apenas foram afloradas

algumas das potencialidades do DH nas aulas de ELE, já que o número limitado de aulas foi

uma condicionante para a implementação de mais tarefas com este tipo de material. Contudo,

considero que podem servir de exemplo e de inspiração para a criação de novas e mais

extensas e complexas atividades ou tarefas, pois será sempre enriquecedor continuar este

caminho da planificação e execução de atividades que recorram ao DH.

Desde o primeiro momento em que os alunos foram questionados sobre o uso do DH

que se percebeu que era um recurso que agradava à maioria dos alunos e eram os próprios a

reconhecer os seus benefícios e a sua utilidade. Além disso, desde a primeira vez em que foi

utilizado este recurso na sala de aula e de forma continuada em todas as outras atividades

levadas a cabo ao longo do ano, foi percetível a adesão dos alunos a este material, já que

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nunca se mostraram indiferentes ou sem terem nada para expressar ou comentar aquando da

visualização dos diferentes exemplos de DH.

Após uma análise aos dados recolhidos junto dos alunos, colegas de estágio e

orientadora, é possível concluir que o uso do DH permitiu criar um ambiente propício à

aprendizagem, já que este material captou a atenção dos alunos e por apresentar um lado mais

provocador levou a um aumento do interesse dos alunos e consequentemente a uma maior

participação.

O facto de os alunos classificarem quase sempre a visualização das vinhetas como algo

útil ou muito útil e ainda como interessante ou muito interessante leva-nos a concluir que este

material vai ao encontro das suas preferências e se se sentem mais interessados têm tendência

a estar mais participativos e motivados.

Parece-me também importante realçar que, em geral, os alunos mostraram o seu

apreço pelo uso deste material nas aulas de ELE e agradou-lhes a ideia de poderem realizar

atividades de expressão oral, alargamento de léxico e de expressão escrita e até de prática de

conteúdos gramaticais, o que salienta o carácter holístico deste material. Claro que o facto de

se ter recorrido várias vezes ao cartoon pode explicar a preferência dos alunos para a

realização de atividades de expressão oral. Não nos podemos esquecer que um dos objetivos

do cartoon é levar à reflexão, é provocar uma reação por parte dos leitores e por isso será

normal que os alunos prefiram expressar oralmente estes seus sentimentos e opiniões.

Todavia, também me parece fundamental referir a alteração de opinião de alguns

alunos perante a possibilidade de usar o DH em atividades relacionadas com o ensino da

gramática, já que, no primeiro inquérito, eram poucos os alunos que as apontavam como

atividades em que gostariam de ver o DH, no entanto, no segundo inquérito, realizado no final

do ano, o número de alunos que também sinalizou este tipo de atividades como aquelas onde

gostariam de ver o DH quase que duplicou. Estes dados podem revelar que as atividades

levadas a cabo com o DH ao nível do ensino da gramática podem ter influenciado a modo

como os alunos avaliam este tipo de atividades.

Talvez, este seja um indício de que devemos nós, os professores e alunos, colocar de

parte alguns preconceitos que ainda existem em relação ao uso do DH no ensino e cada vez

mais recorrer a este material sem receio, pois se toda a atividade for bem planeada, se a

escolha for a mais adequada aos interesses e nível dos alunos, certamente, o êxito será

alcançado.

Por último, creio que seria muito interessante e enriquecedor que fosse feito um estudo

do uso do DH nas aulas de ELE mais alargado do aqui apresentado, nomeadamente ao nível

da aquisição de conteúdos gramaticais e em especial no desenvolvimento da produção escrita,

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já que foram as áreas em que estes alunos revelaram mais resistência e porque acredito que o

DH pode ser uma ajuda preciosa na hora de ensinar uma língua estrangeira, pois, tal como diz

a sabedoria popular espanhola, “lección divertida, lección que no se olvida”.

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93

ANEXOS

Anexo 1

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Anexo 2

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Anexo 3

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Anexo 4

Reflexiona un momento sobre el trabajo realizado en esta clase sobre el arte y responde con

sinceridad a las siguientes cuestiones

Interesante Útil

Poco Muy Poco Muy

Visionado de imágenes/ viñetas

Interacción sobre las imágenes/viñetas

Visionado de las imágenes

Trabajo en parejas : fichas de trabajo sobre

las imágenes

Trabajo individual sobre las estructuras

gramaticales

Trabajo en parejas : interacción

¿Qué has aprendido sobre el concepto de arte?

¿Qué te ha resultado más difícil? ¿Porqué?

¿Qué aspectos crees que has aprendido/ mejorado?

¿Te has sentido motivado para hacer este tipo

de trabajo? Razona tu respuesta

Da algunas sugerencias sobre lo que puedes hacer para

mejorar tu trabajo.

AUTOEVALUACIÓN

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Anexo 5

Reflexiona un momento sobre el trabajo realizado en estas últimas clases sobre “¿Cómo vivíamos

antes y cómo vivimos ahora?” y responde con sinceridad a las siguientes cuestiones

Interesante Útil

Poco Muy Poco Muy

Visionado de imágenes

Interacción sobre las imágenes

Visionado de viñetas

Interacción sobre las viñetas

Visionado de vídeos

Trabajo en parejas : fichas de trabajo sobre

los vídeos

Trabajo en parejas sobre la noticia

Trabajo individual sobre las estructuras

gramaticales

Trabajo en parejas : interacción –

cuestionario sobre los hábitos de salud

¿Qué has aprendido sobre las diferencias entre la vida de antes y de ahora?

¿Qué te ha resultado más difícil? ¿Porqué?

¿Qué aspectos crees que has aprendido/ mejorado?

¿Te has sentido motivado para hacer este tipo

de trabajo? Razona tu respuesta

Da algunas sugerencias sobre lo que puedes hacer para

mejorar tu trabajo.

AUTOEVALUACIÓN

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Anexo 6

Reflexiona un momento sobre el trabajo realizado en las últimas clases sobre “Las estrellas del cine”

y responde con sinceridad a las siguientes cuestiones

Interesante Útil

Poco Muy Poco Muy

Visionado de los videos

Trabajo en parejas : fichas de trabajo sobre

los videos

Interacción sobre lo visionado

Trabajo individual sobre las estructuras

gramaticales

Trabajo en parejas : elaboración de un

comentario para un blog de cine

¿Qué has aprendido sobre las estrellas del cine español?

¿Qué te ha resultado más difícil? ¿Porqué?

¿Qué aspectos crees que has aprendido/ mejorado?

¿Te has sentido motivado para hacer este tipo

de trabajo? Razona tu respuesta

Da algunas sugerencias sobre lo que puedes hacer para

mejorar tu trabajo.

AUTOEVALUACIÓN

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Anexo 7

Reflexiona un momento sobre el trabajo realizado en estas últimas clases sobre “Los peligros en

Internet” y responde con sinceridad a las siguientes cuestiones

Interesante Útil

Poco Muy Poco Muy

Visionado de imágenes/ viñetas

Interacción sobre las imágenes

Visionado de vídeos

Trabajo en parejas : fichas de trabajo sobre

los vídeos

Trabajo en parejas sobre el condicional

Trabajo en parejas : dar consejos

¿Qué has aprendido sobre los peligros en Internet?

¿Qué te ha resultado más difícil? ¿Porqué?

¿Qué aspectos crees que has aprendido/ mejorado?

¿Te has sentido motivado para hacer este tipo

de trabajo? Razona tu respuesta

Da algunas sugerencias sobre lo que puedes hacer para

mejorar tu trabajo.

AUTOEVALUACIÓN

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Anexo 8

Reflexiona un momento sobre el trabajo realizado en esta clase sobre la literatura y responde con

sinceridad a las siguientes cuestiones

Interesante Útil

Poco Muy Poco Muy

Visionado de la viñeta

Interacción sobre la viñeta

Visionado del vídeo

Trabajo en parejas sobre el vídeo

Audición de la canción

Trabajo en parejas sobre la canción

Redacción de una historieta

¿Qué has aprendido sobre la literatura y sobre la obra D, Quijote de la Mancha?

¿Qué te ha resultado más difícil? ¿Porqué?

¿Qué aspectos crees que has aprendido/ mejorado?

¿Te has sentido motivado para hacer este tipo

de trabajo? Razona tu respuesta

Da algunas sugerencias sobre lo que puedes hacer para

mejorar tu trabajo.

AUTOEVALUACIÓN

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Anexo 9

Reflexiona un momento sobre el trabajo realizado en las últimas clases sobre Crónica de una muerte

anunciada y responde con sinceridad a las siguientes cuestiones

Interesante Útil

Poco Muy Poco Muy

Visionado de imágenes/

viñetas/caricaturas

Audición de una canción

Visionado de los vídeos

Trabajo en parejas : fichas de trabajo

sobre los vídeos/ la canción

Interacción sobre lo visionado/

escuchado

Trabajo individual sobre las estructuras

gramaticales

Trabajo en parejas : elaboración de final

diferente

¿Qué has aprendido sobre Gabriel García Márquez y sobre su obra Crónica de una muerte anunciada?

¿Qué te ha resultado más difícil? ¿Por qué?

¿Qué aspectos crees que has aprendido/ mejorado?

¿Te has sentido motivado para hacer este

tipo de trabajo? Razona tu respuesta

Da algunas sugerencias sobre lo que puedes hacer para

mejorar tu trabajo.

AUTOEVALUACIÓN

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Anexo 10

1) En parejas, escoge una de las viñetas y escribe un comentario basado en lo que has aprendido en estas clases. No te olvides de utilizar los marcadores temporales y las expresiones de opinión del cuadro más abajo.

Marcadores Modo

Temporales

Tan pronto como

Indicativo

Subjuntivo

En cuanto

Tan pronto como

En cuanto

Acciones que hacen referencia al presente o al pasado

Acciones que hacen referencia al futuro

Mientras

Mientras

Al

Después de

Antes de

Infinitivo

No creo que No pienso que No me parece que Es absurdo que Es inevitable que

Es útil/ inútil que Es una lástima que Es una pena que Es sorprendente que Está mal que

+ Subjuntivo

Ficha de trabajo – ¿Qué te parecen estas viñetas?

Viñeta B Viñeta A

Viñeta C

____________________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

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Anexo 11

A) Coloca los verbos siguientes en el condicional, según el ejemplo.

Infinitivo/persona Condicional Infinitivo/persona Condicional

1) Dar/ 2ª p. singular darías 2) Estar / 3ª p. singular

3) Ser / 1ª p. plural 4) Hablar / 2ª p. singular

5) Aceptar/ 2ª p. singular 6) Tener / 1ª p. singular

7) Venir / 2ª p. plural 8) Quedarse / 2ª p. singular

9) Saber / 3ª p. plural 10) Valer/ 2ª p. plural

11) Poner / 2ª p. singular 12) Decir/ 2ª p. singular

2) Escoge de los verbos de arriba, los más adecuados para completar los huecos de las frases

siguientes.

A) ¿ ____________ de tus problemas con cualquiera de la calle ? Pues, ¡tampoco lo hagas en Internet!

B) ¿ ____________ una foto tuya en un cartel de la calle? Pues, ¡tampoco lo hagas en Internet!

C) A cualquiera de la calle, ¿ le ____________ tus datos personales? Pues, ¡tampoco lo hagas en Internet!

D) ¿ ____________ a cenar con cualquiera de la calle si te invitara? Pues, ¡tampoco lo hagas en Internet!

E) De cualquiera de la calle, ¿ ____________ un regalo? Pues, ¡tampoco lo hagas en Internet!

F) A cualquiera de la calle, ¿ le ____________ el número de tu tarjeta de crédito? Pues, ¡tampoco lo hagas en Internet!

Ficha de trabajo – el Condicional

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Anexo 12

A) El Condicional se puede utilizar para dar consejos. Completa las frases siguientes, colocando los

verbos en Condicional y descubre las estructuras.

Ejemplo Estructura

13) Yo que ella, no __________________ (hablar) con desconocidos en Internet.

Yo que… (ella/ tú…) + ___________________

14) Si yo fuera ella, yo ________________ (tener) más cuidado a la hora de aceptar amigos en las redes sociales.

___________________ + Condicional

15) Yo _________________ (reflexionar) muy bien antes de aceptar a cualquiera como amigo en Facebook.

_____________________ + ______________

2) ¿Qué harías, si estuvieras en el lugar de estas personas? Dales dos consejos, utilizando las

estructuras que has aprendido antes.

1) ____________________________________________________________________________________

2) __________________________________________

__________________________________________

3) _____________________________________________

_____________________________________________ 4) _____________________________________________

_____________________________________________

Ficha de trabajo – el Condicional – para dar consejos

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Anexo 13

1) Escoge la opción correcta. ( S = Sí ; N = No; NS = No lo sé)

S N NS

a) ¿Gabriel García Márquez era un hombre supersticioso?

b) ¿Era un apasionado de los caracoles?

c) ¿Su color preferido era el amarillo?

d) ¿Era un gran fan de Shakira?

e) ¿Recibió el premio Nobel de la literatura?

f) ¿A él le gustaba llevar frac?

g) ¿Su mayor enemigo político fue Fidel Castro?

Ficha de trabajo – ¿Qué sabes sobre Gabriel García Márquez?