manual de boas praticas de governanca corporativa - ibgc

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1 Esta é uma versão preliminar e não deve ser utilizadapara apresentações ou tomada de decisão. Alterações podem ser realizadas após os comentários durante a consulta pública (04 de fevereiro de 2014 a 07 de março de2014). Introdução às Boas Práticas de Governança Corporativa para Empresas de Capital Fechado Minuta para audiência pública – Sujeita à revisão. Não deve ser utilizada para apresentações ou tomada de decisão. Também disponível no website: www.ibgc.org.br. Sugestões podem ser enviadas até 07 de março de 2014 para [email protected], contendo: (i) a identificação do trecho (página e item); (ii) redação sugerida; e (iii) explicação dos motivos e sugestão.

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Manual de Governança Corporativa - IBGC

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    Esta uma verso preliminar e no deve ser utilizadapara apresentaes ou tomada de deciso. Alteraes podem ser realizadas aps os comentrios durante a consulta pblica (04 de fevereiro de 2014 a 07 de maro de2014).

    Introduo s Boas Prticas de Governana Corporativa para Empresas de Capital Fechado

    Minuta para audincia pblica Sujeita reviso. No deve ser utilizada para apresentaes ou tomada de deciso.

    Tambm disponvel no website: www.ibgc.org.br.

    Sugestes podem ser enviadas at 07 de maro de 2014 para [email protected], contendo:

    (i) a identificao do trecho (pgina e item);

    (ii) redao sugerida; e (iii) explicao dos motivos e sugesto.

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    Esta uma verso preliminar e no deve ser utilizadapara apresentaes ou tomada de deciso. Alteraes podem ser realizadas aps os comentrios durante a consulta pblica (04 de fevereiro de 2014 a 07 de maro de2014).

    Introduo s Boas Prticas de Governana Corporativa para Empresas de Capital Fechado

    Coordenao

    Roberto Faldini

    Grupo Relator Alexis Novellino

    Maria Cristina Archilla

    Roberta Nioac Prado

    Roberto Faldini

    Membros da Comisso de Governana em Empresas de Capital Fechado

    Alexis Novellino, Anbal Xavier, Armando de Santi Filho, Carlos Ebner, Carlos Ernesto de Oliveira, Demtrio

    Souza, Dietmar Frank, Eduardo Chehab, Eduardo Lemos, Fernando Bagnoli, Flvio Buschinelli, Floreal

    Rodriguez, Francisco D'orto, Joo Manuel Dias da Silva, Jos Abramovicz, Josino Fonseca, Manoel Belem,

    Maria Cristina Archilla, Mariana Dedini, Paulo Evaristo U. da Carvalhinha, Paulo Simas, Pedro Maziero, Raul

    Papaleo, Ricardo de Carvalho Destro, Ricardo Guimares, Roberta Nioac Prado, Roberto Faldini, Rogrio

    Goes, Sara Hughes e Thomas Gatti.

    Participao Especial

    Armando de Santi Filho, Carlos Ernesto de Oliveira, Dietmar Frank, Eduardo Chehab, Floreal Rodriguez, Paulo

    Evaristo U. da Carvalhinha e Sara Hughes.

    Agradecimentos A Joo Baptista Fraga, pela iniciativa da criao de um grupo de estudos de empresas de capital fechado,

    Leonardo Viegas, pela redao do item mediao e arbitragem, Richard Doern, pela bibliografia

    disponibilizada Comisso Leonardo Palhuca, Rodrigo Lima e ao Centro de Conhecimento do IBGC, pelo

    suporte e apoio ao longo de todo o projeto.

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    Esta uma verso preliminar e no deve ser utilizadapara apresentaes ou tomada de deciso. Alteraes podem ser realizadas aps os comentrios durante a consulta pblica (04 de fevereiro de 2014 a 07 de maro de2014).

    Sumrio APRESENTAO ....................................................................................................................................................7

    1- CONCEITOS E PRINCPIOS .................................................................................................................................8

    2- MOTIVAO PARA ADOO DE MELHORES PRTICAS DE GOVERNANA CORPORATIVA .............................9

    2.1 Preservar e Otimizar seu Valor ...................................................................................................................9

    2.2 Obter Melhorias de Gesto ........................................................................................................................9

    2.3 Facilitar o Acesso a Recursos Financeiros e No Financeiros .................................................................. 10

    2.4 Contribuir para a Longevidade ................................................................................................................ 10

    2.5 Administrar os Conflitos de Interesse de Forma Mais Efetiva ................................................................ 10

    2.6 Avaliar, de Forma Permanente, o Propsito da Empresa ....................................................................... 11

    3- INTRODUO AO SISTEMA DE GOVERNANA .............................................................................................. 12

    4- PROPRIEDADE ................................................................................................................................................ 16

    4.1 Patrimnio Social e Patrimnio dos Scios ............................................................................................. 16

    4.1.1 Confuso Patrimonial / Desvio de Finalidade ................................................................................... 16

    4.2 Forma Jurdica, Formas e Tipos de Controle ........................................................................................... 17

    4.2.1 Forma Jurdica: Sociedade Limitada (Ltda.) e Sociedades por Aes (S/A) ...................................... 17

    4.2.2 Formas de Controle .......................................................................................................................... 18

    4.2.3 Tipos de Controle.............................................................................................................................. 19

    4.3 Assembleias ou Reunies de Scios ........................................................................................................ 19

    4.3.1 Convocao e Realizao da Assembleia Geral ou Reunio de Scios............................................. 19

    4.3.2 Pauta e Documentao .................................................................................................................... 20

    4.3.3 Propostas dos Scios ........................................................................................................................ 20

    4.3.4 Perguntas Prvias dos Scios............................................................................................................ 20

    4.3.5 Regras de Votao e Registro de Scios ........................................................................................... 20

    4.3.6 Conflito de Interesses nas Assembleias Gerais / Reunies de Scios .............................................. 21

    4.3.7 Assembleia Geral Ordinria (AGO) ou Reunio de Scios ................................................................ 21

    4.3.8 Assembleia Geral Extraordinria (AGE) ou Reunio Extraordinria de Scios ................................. 21

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    4.4 Direitos, Deveres e Responsabilidades dos Scios .................................................................................. 22

    4.5 Direitos de Fiscalizao dos Scios .......................................................................................................... 23

    4.6 Direito Poltico de Voto dos Scios .......................................................................................................... 23

    4.6.1 Voto Controlador Direitos e Deveres ............................................................................................ 23

    4.6.2 Conceito Uma Ao = Um Voto e Excees nas Empresas Fechadas ........................................... 24

    4.6.3 Exemplos de Compensaes para Minoritrios Ordinaristas ou Preferencialistas .......................... 24

    4.7 Direitos Patrimoniais dos Scios ............................................................................................................. 25

    4.7.1 Direito de Remunerao de Capital.................................................................................................. 26

    Poltica de Dividendos ............................................................................................................................... 26

    4.7.2 Remunerao do Capital versus Remunerao do Trabalho ............................................................... 26

    4.8 Condies de Sada de Scio ................................................................................................................... 27

    4.8.1 Metodologia de Avaliao de Empresas .......................................................................................... 27

    4.8.2 Direito de Sada de Scio .................................................................................................................. 28

    4.8.3 Liquidez das Cotas e Aes ............................................................................................................... 29

    4.8.4 Direito de Preferncia ...................................................................................................................... 29

    4.8.5 Transferncia de Controle ................................................................................................................ 29

    4.8.6 Acordos de Scios ............................................................................................................................. 29

    4.8.7 Mediao e Arbitragem .................................................................................................................... 30

    4.9 Planejamento Sucessrio da Propriedade ............................................................................................... 31

    4.9.1 Holdings para Planejamento Sucessrio .......................................................................................... 32

    4.10 Conselho de Scios ................................................................................................................................ 32

    4.11 Conselho de Famlia ou Assembleia de Famlia ..................................................................................... 33

    5- CONSELHO CONSULTIVO E CONSELHO DE ADMINISTRAO ....................................................................... 35

    5.1 Estgios de Amadurecimento na Formao do Conselho ....................................................................... 36

    5.1.1 Estgio Inicial .................................................................................................................................... 36

    5.1.2 Estgio de Amadurecimento do Conselho ....................................................................................... 36

    5.1.3 Estgio final Consolidao do Conselho ........................................................................................ 37

    5.2 Orientao para Formao e Boas Prticas do Conselho ........................................................................ 38

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    Esta uma verso preliminar e no deve ser utilizadapara apresentaes ou tomada de deciso. Alteraes podem ser realizadas aps os comentrios durante a consulta pblica (04 de fevereiro de 2014 a 07 de maro de2014).

    5.2.1 Composio ...................................................................................................................................... 38

    5.2.1.1 Classes de Conselheiros ............................................................................................................. 39

    5.2.1.2 Importncia do Conselheiro Independente .............................................................................. 41

    5.2.1.3 Presidente do Conselho ............................................................................................................. 41

    5.2.1.4 Separao de Papis .................................................................................................................. 41

    5.2.1.5 Avaliao do Conselho ............................................................................................................... 42

    5.2.1.6 Remunerao ............................................................................................................................. 42

    5.2.2 Organizao ...................................................................................................................................... 42

    5.2.2.1 Datas e Pautas das Reunies ..................................................................................................... 42

    5.2.2.2 Regimento Interno..................................................................................................................... 43

    5.2.2.3 Secretaria do Conselho .............................................................................................................. 44

    5.2.3 Relacionamento ................................................................................................................................ 44

    5.2.3.1 Relacionamento com os Scios ................................................................................................. 44

    5.2.3.2 Relacionamento com o Diretor-presidente e seus Subordinados............................................. 45

    5.2.3.3 Relacionamento com os Comits .............................................................................................. 45

    5.2.3.4 Relacionamento com a Auditoria Independente, Auditoria Interna e Conselho Fiscal ............ 45

    5.3 Processo Sucessrio da Gesto ............................................................................................................... 46

    6- INSTRUMENTOS E ORGOS DE CONTROLE ................................................................................................... 47

    6.1 Contabilidade ........................................................................................................................................... 47

    6.2 Sistemas e Processos de Controles Internos ........................................................................................... 47

    6.3 Auditoria .................................................................................................................................................. 48

    6.3.1 Auditoria Externa Independente ...................................................................................................... 48

    6.3.2 Auditoria Interna .............................................................................................................................. 48

    6.3.3 Comit de Auditoria ......................................................................................................................... 49

    6.3.4 Conselho Fiscal ................................................................................................................................. 49

    7- CONDUTA E CONFLITO DE INTERESSES ......................................................................................................... 50

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    Esta uma verso preliminar e no deve ser utilizadapara apresentaes ou tomada de deciso. Alteraes podem ser realizadas aps os comentrios durante a consulta pblica (04 de fevereiro de 2014 a 07 de maro de2014).

    7.1 Cdigo de Conduta da Empresa .............................................................................................................. 50

    7.1.1 Abrangncia ...................................................................................................................................... 50

    7.2 Conflito de Interesses .............................................................................................................................. 51

    7.2.1 Operaes com Partes Relacionadas ................................................................................................ 51

    7.2.2 Afastamento das Discusses e Deliberaes .................................................................................... 52

    7.3 Uso de Informao Privilegiada ............................................................................................................... 52

    7.4 Poltica sobre Contribuies e Doaes .................................................................................................. 52

    7.5 Poltica de Combate a Atos Ilcitos .......................................................................................................... 52

    8- POR ONDE COMEAR .................................................................................................................................... 53

    Instrumentos e rgos de Controle .......................................................................................................... 53

    Propriedade ............................................................................................................................................... 54

    Conselho Consultivo e Conselho de Administrao .................................................................................. 54

    Conselho de Famlia ................................................................................................................................... 54

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    Esta uma verso preliminar e no deve ser utilizadapara apresentaes ou tomada de deciso. Alteraes podem ser realizadas aps os comentrios durante a consulta pblica (04 de fevereiro de 2014 a 07 de maro de2014).

    APRESENTAO 1

    Desde 1999, com o lanamento do primeiro Cdigo de Melhores Prticas de Governana 2

    Corporativa, o IBGC tem feito vrias publicaes, que se aprofundam em temas especficos, 3

    sempre dentro do escopo de Governana Corporativa. 4

    O propsito deste Caderno aprofundar as recomendaes do atual Cdigo das Melhores 5

    Prticas de Governana Corporativa em empresas de capital fechado, aquelas que no acessam 6

    o mercado de capitais via listagem de aes em Bolsa ou de outros valores mobilirios. Tais 7

    empresas envolvem enorme diversidade, no que diz respeito natureza jurdica, composio 8

    societria, porte e maturidade na implementao de governana, entre outros pontos. 9

    As empresas de capital fechado podem apresentar desafios especficos, como a necessidade de 10

    planejamento da sucesso da propriedade, delimitao clara entre a propriedade e a gesto, 11

    proteo, avaliao e eventual liquidez de seus ativos, melhor acesso s informaes e 12

    recursos, formalizao de processos em geral e, destacadamente, do processo de gesto 13

    estratgica. 14

    A adoo das boas prticas tem carter voluntrio e cabe aos principais agentes das 15

    organizaes scios, conselheiros (se existentes) e diretores-executivos familiarizar-se com 16

    as polticas e boas prticas de governana e compreender seu alcance e a melhor forma de sua 17

    implementao, considerando a realidade de cada empresa. 18

    So inmeras as vantagens promovidas com o crescente reforo no ambiente de governana, 19

    enfatizando os princpios bsicos promovidos, ou seja, transparncia, equidade, prestao de 20

    contas e responsabilidade corporativa. 21

    Neste Caderno, busca-se tambm tratar, de forma organizada, os benefcios da boa governana 22

    e suas melhores prticas nas empresas de capital fechado. No existe aqui a ambio de uma 23

    abordagem completa, devendo sempre haver uma adaptao s caractersticas e ao momento 24

    de cada empresa, equilibrando o tempo e os recursos a serem investidos. 25

    Visando tornar a leitura deste Caderno mais simples, utilizaremos a palavra scios para 26

    designar tanto os detentores das cotas das sociedades limitadas, normalmente denominados 27

    scios ou cotistas, como os acionistas das sociedades por aes. 28

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    Esta uma verso preliminar e no deve ser utilizadapara apresentaes ou tomada de deciso. Alteraes podem ser realizadas aps os comentrios durante a consulta pblica (04 de fevereiro de 2014 a 07 de maro de2014).

    1- CONCEITOS E PRINCPIOS 30 31

    Conforme o Cdigo de Melhores Prticas de Governana Corporativa do IBGC, em sua 4. 32 edio, Governana Corporativa o sistema pelo qual a empresa dirigida, monitorada e 33 incentivada, envolvendo o relacionamento entre proprietrios, Conselho de Administrao / 34 Consultivo, Diretoria e rgos de controle. As boas prticas de Governana Corporativa 35 convertem princpios em recomendaes objetivas, alinhando interesses, com a finalidade de 36 preservar e otimizar o valor da organizao, facilitando o seu acesso a recursos e contribuindo 37 para a sua longevidade. 38

    Os princpios bsicos de Governana Corporativa so: 39

    40

    Transparncia 41

    42

    Mais do que a obrigao de informar o desejo de disponibilizar para as partes 43

    interessadas (stakeholders)1 informaes que sejam do seu interesse e no apenas 44

    aquelas impostas por disposies de leis ou regulamentos. A adequada transparncia 45

    resulta em um clima de confiana, tanto internamente quanto nas relaes da empresa 46

    com terceiros. No deve restringir-se ao desempenho econmico-financeiro, 47

    contemplando tambm os demais fatores (inclusive intangveis) que norteiam a ao 48

    gerencial e conduzem criao de valor. 49

    50

    Equidade 51

    52

    Caracteriza-se pelo tratamento justo de todos os scios e demais stakeholders. Atitudes 53

    ou polticas discriminatrias, sob qualquer pretexto, so inaceitveis. 54

    55

    Prestao de Contas (accountability) 56

    57

    Os agentes de governana (scios, conselheiros e gestores) devem prestar contas de 58

    sua atuao, assumindo integralmente as consequncias de seus atos e omisses. 59

    60

    Responsabilidade Corporativa 61

    62

    Os agentes de governana devem zelar pela sustentabilidade das empresas, visando 63

    sua longevidade e incorporando consideraes de ordem social e ambiental na definio 64

    dos negcios e operaes. 65

    66

    1 Partes interessadas ou stakeholders so entidades ou indivduos que assumem algum tipo de risco, direto ou indireto, relacionado atividade da organizao. So eles, alm dos scios [colaboradores], clientes, fornecedores, credores, governo e comunidades do entorno das unidades operacionais, entre outros.

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    Esta uma verso preliminar e no deve ser utilizadapara apresentaes ou tomada de deciso. Alteraes podem ser realizadas aps os comentrios durante a consulta pblica (04 de fevereiro de 2014 a 07 de maro de2014).

    2- MOTIVAO PARA ADOO DE MELHORES PRTICAS DE GOVERNANA 67 CORPORATIVA 68 69

    Muitas so as motivaes que levam a empresa de capital fechado a adotar melhores prticas 70

    de Governana Corporativa. Dentre elas preservar e otimizar seu valor, obter melhorias de 71

    gesto, facilitar o acesso a recursos financeiros e no financeiros, contribuir para a sua 72

    longevidade, administrar conflitos de interesses de maneira mais efetiva e avaliar, de forma 73

    permanente, o propsito da organizao. 74

    75

    2.1 Preservar e Otimizar seu Valor 76

    A preservao e a otimizao do valor econmico da empresa constituem-se em condies 77

    necessrias para sua viabilidade em longo prazo. 78

    As boas prticas de Governana Corporativa podem potencializar a capacidade de formulao 79

    estratgica da empresa, permitindo explorar melhor suas oportunidades de mercado e mitigar 80

    os riscos aos quais est sujeita. 81

    A adoo das boas prticas tambm facilita e contribui para a tomada de decises empresariais 82

    e reduo da ocorrncia de fraudes, agregando valor empresa e reduzindo seu custo de 83

    capital. Finalmente, contribui para sua longevidade. 84

    A organizao tende a ser vista de forma positiva por seus stakeholders (scios, colaboradores, 85

    clientes, financiadores, fornecedores, comunidade, etc.) quando adota as boas prticas de 86

    Governana Corporativa. 87

    88

    2.2 Obter Melhorias de Gesto 89

    O alinhamento da gesto estratgia fundamental para atingir os objetivos e metas 90

    empresariais e est relacionado diretamente com as condies e caractersticas do modelo de 91

    gesto. 92

    A eficincia do modelo de gesto depende da qualidade das decises, eficincia dos processos e 93

    comprometimento dos recursos humanos envolvidos e dos mecanismos e estruturas de 94

    monitoramento e controle existentes na empresa. 95

    O desenvolvimento de uma estrutura organizacional seguindo as boas prticas de governana, 96

    qualquer que seja o estgio, grau de maturidade e caractersticas da empresa, contribui para 97

    uma maior eficincia administrativa. 98

    A clara separao dos fruns, para tratar temas relacionados propriedade do capital, famlia e 99

    gesto, obtida com a assembleia de scios, criao e efetivo funcionamento de um Conselho de 100

    Famlia (no caso das empresas de controle familiar), Conselho de Administrao / Consultivo e 101

    Diretoria- Executiva, no mbito da empresa em si, propicia melhoria na qualidade das decises 102

    e reduz a confuso de papis, evitando conflitos. 103

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    Esta uma verso preliminar e no deve ser utilizadapara apresentaes ou tomada de deciso. Alteraes podem ser realizadas aps os comentrios durante a consulta pblica (04 de fevereiro de 2014 a 07 de maro de2014).

    A implementao do Conselho, Consultivo ou de Administrao, com conselheiros 104

    independentes que sejam profissionais experientes, traz vises externas complementares 105

    focadas no longo prazo da empresa, isentas e imparciais em relao ao negcio e vnculo 106

    familiar. 107

    A contratao de uma auditoria independente e a criao da funo de auditoria interna 108

    contribuem com a melhoria dos controles, na medida em que levam formalizao e 109

    padronizao dos processos e permitem explicitamente o mapeamento e a gesto de riscos. 110

    111

    2.3 Facilitar o Acesso a Recursos Financeiros e No Financeiros 112

    A adoo de princpios e boas prticas de Governana Corporativa, tais como maior 113

    transparncia, refora a confiana dos financiadores e facilita o acesso a recursos financeiros 114

    e a identificao de melhores condies de negcio junto a clientes, fornecedores, Bancos, 115

    investidores e potenciais parceiros. 116

    Alm disto, caso a empresa considere acessar recursos no mercado de capitais, uma boa 117

    estrutura de Governana Corporativa acelera e facilita tal iniciativa. 118

    Na categoria de recursos no financeiros, as boas prticas de governana auxiliam no 119

    recrutamento e reteno de colaboradores e melhoram a importncia da marca, imagem e de 120

    outros intangveis empresariais, produzindo valor em longo prazo organizao. 121

    122

    2.4 Contribuir para a Longevidade 123

    Longevidade empresarial refere-se ao perodo de tempo em que a empresa mantm a sua 124

    existncia. A boa governana contribui para sua longevidade na medida em que: 125

    Propicia uma reflexo sobre os ciclos de crescimento, maturidade e reorientao de suas 126

    atividades e promove uma gesto alinhada com valores e viso estratgica no longo 127

    prazo; 128

    Facilita a identificao, monitoramento e mitigao de riscos; 129

    Desenvolve, inova e antecipa tendncias de ordem ambiental, social, legal e 130

    institucional. 131

    132

    2.5 Administrar os Conflitos de Interesse de Forma Mais Efetiva 133

    Em todo tipo de empresa, sob qualquer forma de controle, a existncia de conflitos uma 134

    realidade que pode comprometer o seu resultado e a prpria sobrevivncia. 135

    Boas prticas de Governana Corporativa ajudam a mitigar a ocorrncia de conflitos relativos s 136

    questes sucessrias da gesto e propriedade. 137

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    Esta uma verso preliminar e no deve ser utilizadapara apresentaes ou tomada de deciso. Alteraes podem ser realizadas aps os comentrios durante a consulta pblica (04 de fevereiro de 2014 a 07 de maro de2014).

    Regras claras de separao entre gesto e propriedade, por um lado, e remunerao do capital 138

    e do trabalho, por outro, so fundamentais para alinhar interesses e evitar a confuso de 139

    papeis, auxiliando a proteger a empresa de conflitos organizacionais, societrios e familiares, 140

    que, muitas vezes, so a causa do seu fim prematuro. 141

    A prestao de contas e a transparncia das informaes tendem a reduzir a desconfiana e os 142

    abusos entre administradores e scios e, no caso de empresas de controle familiar, entre seus 143

    membros. A estrutura de Governana Corporativa cria mecanismos que permitem a discusso e 144

    encaminhamento adequado de opinies divergentes. 145

    146

    2.6 Avaliar, de Forma Permanente, o Propsito da Empresa 147

    A implementao de boas prticas de Governana Corporativa contribui para que o conjunto de 148

    valores, princpios e propsitos da empresa seja formalmente explicitado e permanentemente 149

    avaliado e permeie toda a organizao, para que sua estrutura seja constantemente ajustada, 150

    auxiliando na continuidade e gerao de valor para o negcio. 151

    152

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    Esta uma verso preliminar e no deve ser utilizadapara apresentaes ou tomada de deciso. Alteraes podem ser realizadas aps os comentrios durante a consulta pblica (04 de fevereiro de 2014 a 07 de maro de2014).

    153

    3- INTRODUO AO SISTEMA DE GOVERNANA 154 155

    A maioria dos estudos e cdigos que tratam de Governana Corporativa volta-se a empresas 156

    que tm suas aes listadas em Bolsas de Valores (empresas de capital aberto), familiares ou 157

    no, e inserem-se em um contexto no qual a propriedade e/ou controle das aes de emisso 158

    da companhia so detidos por pessoas que no exercem a sua gesto. Neste contexto, no qual 159

    h separao entre capital (scios investidores) e gesto (administradores em geral), surgem 160

    conflitos de governana, que, em suma, significam o seguinte: 161

    162

    Conflitos de Governana So os potenciais conflitos existentes entre: (i) os 163 scios e os gestores da empresa, (ii) scios controladores e os demais e (iii) a 164 empresa e a sociedade civil. Exemplo tpico o conflito decorrente da ao do gestor, 165 visando aumentar sua remunerao e prestgio, em detrimento dos interesses, no 166 longo prazo, da empresa ou dos scios de terem seu capital remunerado 167 adequadamente. Este tipo de conflito mais comum nos pases anglo-saxes (EUA e 168 Inglaterra), onde os mercados de capitais so bastante desenvolvidos e a maioria 169 das empresas no tem controlador definido. 170

    171

    172

    173

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    175

    176

    177

    No Brasil, em virtude de ainda grande parte das empresas, inclusive aquelas de capital aberto, 178 possuir controlador definido e majoritrio, ou seja, haver maior concentrao de aes com 179 direito a voto nas mos de um ou de poucos scios, o conflito, comumente, desloca-se para 180 interesses divergentes entre tais scios controladores (de modo geral tambm, administradores 181 das empresas) e scios minoritrios (no controladores). Em suma, podemos definir esse 182 conflito da seguinte forma: 183

    184

    Conflito entre scios controladores e minoritrios. Pode ocorrer por abuso do 185 poder de controle do scio controlador, atuando como principal administrador em 186 desconsiderao aos interesses dos demais scios no controladores, usando ativos 187 da empresa em seu benefcio particular (utilizar o caixa para pagamento de despesas 188 pessoais dos scios, funcionrios para realizao de servios particulares e recursos 189 em benefcio particular, etc.). Ou seja, indiretamente se apropria de receita que 190

    Propriedade Gesto

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    Esta uma verso preliminar e no deve ser utilizadapara apresentaes ou tomada de deciso. Alteraes podem ser realizadas aps os comentrios durante a consulta pblica (04 de fevereiro de 2014 a 07 de maro de2014).

    poderia vir a transformar-se em lucro distribuvel a todos os scios. Outra forma 191 comum de abuso do scio controlador decorre do uso de seu poder para realizar 192 negcios privados com a empresa em condies vantajosas para si (porm, 193 prejudiciais para a empresa). Para mais detalhes, ver item 7.2 - Conflito de 194 Interesses, neste Guia. Tal conflito pode ocorrer tanto em sociedades por aes, 195 fechadas ou 196 abertas, quanto em 197 sociedades limitadas. 198

    199

    200

    201

    202

    203

    204

    Nas empresas de controle familiar, sejam elas de capital aberto ou fechado, sociedades por 205 aes ou limitadas, soma-se, igualmente, aos conflitos j mencionados, oriundos dos crculos da 206 propriedade e da gesto, outro crculo de interesses, que representa a famlia, aumentando 207 ainda mais a potencial gama de conflitos que podem surgir entre as partes envolvidas. 208

    209

    210

    211

    212

    213

    214

    215

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    217

    1 Familiares no gestores e no proprietrios

    2 Gestores no familiares e no proprietrios

    3 Proprietrios no gestores e no familiares

    4 Gestores familiares no proprietrios

    5 Proprietrios familiares no gestores

    6 Gestores proprietrios no familiares

    7 Gestores familiares proprietrios (em geral, o fundador)

    218

    Gesto Propriedade

    Propriedade Gesto

    Famlia

    1

    2 3

    4 5

    6

    7

    Fonte: GERSICK, K. et al. Generation to Generation: life cycles of family business. Boston: Harvard Business School Press,1997, p.6. (Adaptado)

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    Esta uma verso preliminar e no deve ser utilizadapara apresentaes ou tomada de deciso. Alteraes podem ser realizadas aps os comentrios durante a consulta pblica (04 de fevereiro de 2014 a 07 de maro de2014).

    219

    Como exemplos de conflitos potenciais nesse mbito, que inclui trs esferas de interesse, 220 proprietrios, gestores e famlia, podemos citar: 221

    os gestores familiares que prezam a meritocracia, em oposio a alguns membros da 222 famlia que defendem o nepotismo; e proprietrios/familiares no gestores que 223 buscam maior remunerao do seu capital investido (distribuio de lucros) versus 224 gestores no proprietrios que buscam maior remunerao pelo trabalho; 225

    o clssico conflito do fundador, que usa trs chapus e quer preservar os interesses 226 da empresa e, ao mesmo tempo, atender s demandas financeiras e pessoais da sua 227 famlia (quer investir na empresa, mandar o filho estudar fora, trocar o carro, ajudar 228 o sobrinho que est desempregado, etc.). 229

    Um bom sistema de Governana Corporativa busca lidar com toda essa gama de conflitos de 230 forma mais eficaz, preservando e otimizando o valor da organizao e garantindo os legtimos 231 interesses de todos os scios, da empresa e das demais partes interessadas. 232

    Este sistema clarifica as fronteiras entre algumas partes interessadas scios, gestores e 233 famlia (quando for o caso) e cria fruns (ou rgos) de discusso e deciso especficos, 234 possibilitando que cada frum discuta, de forma qualificada e interessada, as solues para os 235 desafios que so de sua competncia. 236

    Alm disto, um bom sistema de governana deve prever e estruturar processos de interao 237 entre os diversos rgos, indicando, por exemplo, como os scios devem eleger os gestores, 238 como os familiares podem entrar na empresa, como os membros da famlia viram scios, etc. 239

    A figura2, a seguir, ilustra os principais rgos, processos e documentos da Governana 240 Corporativa: 241

    2 Disponvel em: PRADO, R. N. (coord.). Aspectos relevantes da empresa familiar, governana e planejamento patrimonial

    sucessrio. So Paulo: Saraiva, Srie Direito em Contexto, Direito GV, 2012, p. 26.

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    242

    Nos prximos captulos, descreve-se uma srie de rgos e processos de boas prticas 243

    aplicveis s empresas de capital fechado de diversos portes, familiares ou no. Comeamos 244

    pela propriedade do capital, pois entendemos que os scios so os responsveis por aprovar as 245

    mudanas na estrutura de governana. 246

    247

    248 249

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    250

    4- PROPRIEDADE 251

    A proposta deste captulo proporcionar uma orientao em relao a conceitos bsicos sobre 252

    questes societrias relevantes, para compreender os direitos e responsabilidades dos scios, 253

    endereando algumas particularidades das empresas de capital fechado. 254

    O contexto no tem a inteno de servir como guia jurdico, nem supre a necessidade de cada 255

    empresa analisar com mais profundidade sua situao e necessidade especfica. 256

    4.1 Patrimnio Social e Patrimnio dos Scios 257

    Uma empresa regularmente constituda e registrada na Junta Comercial possui personalidade 258

    jurdica prpria, ou seja, pode contrair direitos, obrigaes e responsabilidades em nome 259

    prprio. Alm disto, seu patrimnio distinto do de seus scios. 260

    O Capital Social da empresa representado por cotas ou aes, isto indica que os scios so 261

    titulares de parcela do Capital Social da empresa, ou seja, de cotas ou aes. 262

    Os bens sociais e o patrimnio da empresa (ativos e passivos sociais) so distintos dos bens 263

    particulares dos scios e no podem confundir-se uns com os outros. Se houver confuso entre 264

    bens particulares dos scios e da empresa, o Judicirio pode declarar, em situaes especficas, 265

    a desconsiderao da personalidade jurdica da organizao, o que vale dizer: responsabilizar 266

    pessoalmente seus scios por dvidas da companhia. 267

    268

    4.1.1 Confuso Patrimonial / Desvio de Finalidade 269

    A gesto da empresa deve ser claramente apartada da administrao dos bens e interesses 270

    pessoais dos scios, sob pena de caracterizar confuso patrimonial e, como consequncia, 271

    levar os scios e administradores a serem pessoalmente responsabilizados por dvidas da 272

    sociedade, como, por exemplo, tributrias, trabalhistas, ambientais, etc., em processos judiciais 273

    que determinem a desconsiderao da personalidade jurdica (Artigo 50 do Cdigo Civil - 274

    quando os scios so responsabilizados por dvidas da sociedade), o que pode ocorrer em vrias 275

    circunstncias, dentre as quais: 276

    1) por abuso da personalidade jurdica com desvio da finalidade, sendo a empresa utilizada 277

    como fachada ou em desacordo com o que est previsto na lei, no seu Contrato ou Estatuto 278

    Social; 279

    2) por confuso no uso de contas pessoais dos scios com a conta e os ativos da pessoa 280

    jurdica. 281

    Nestes casos, o Poder Judicirio poder desconsiderar a existncia da personalidade jurdica da 282

    empresa e alcanar o patrimnio pessoal dos scios e/ou administradores para pagamento de 283

    credores da sociedade cobrir passivos de ordem trabalhista, contratual, tributria, ambiental e 284

    do direito do consumidor, entre outros. 285

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    Ao desrespeitar a autonomia patrimonial, a responsabilidade direta e pessoal recai, 286

    ilimitadamente, sobre os scios, por obrigao que, originariamente, caberia sociedade. A 287

    desconsiderao da personalidade jurdica um instrumento de coibio do mau uso da pessoa 288

    jurdica. 289

    Exemplos prticos de confuso patrimonial e desvio de finalidade: 290

    Pagamento de contas pessoais pelo caixa ou outros recursos financeiros da empresa (por 291

    exemplo: a empresa pagar mesada de familiares ou cartes de crdito pessoal dos 292

    scios etc.); 293

    Aquisio de bens e servios pela empresa para benefcio ou uso pessoal dos scios e 294

    seus familiares; 295

    Usufruir o servio de funcionrios ou fornecedores para benefcio pessoal, de familiares 296

    ou de terceiros, sem a contraprestao de trabalho ou valor para a empresa; 297

    Distribuio de dividendos independentemente da apurao de resultados e lucro lquido 298

    distribuvel. 299

    Tais prticas podem, inclusive, levar desconsiderao das demonstraes contbeis com 300

    consequncias tributrias. 301

    Um dos objetivos das boas prticas de Governana Corporativa criar um conjunto eficiente de 302

    mecanismos, tanto de incentivos quanto de monitoramento, que assegure a separao de 303

    papis entre a propriedade do capital e a gesto, alinhando o comportamento dos profissionais 304

    encarregados e destes o interesse social. 305

    306

    4.2 Forma Jurdica, Formas e Tipos de Controle 307

    As empresas podem ser classificadas de acordo com sua forma jurdica, estrutura de controle e 308

    tipos de controlador. Na sequncia, abordamos as categorias e os aspectos mais importantes de 309

    cada uma dessas classificaes, para os fins deste Guia. 310

    311

    4.2.1 Forma Jurdica: Sociedade Limitada (Ltda.) e Sociedades por Aes (S/A) 312

    No Brasil, as empresas de capital fechado, em sua maioria, so constitudas sob a forma de 313

    Ltda. ou S/A. Na opo entre uma e outra, devem ser considerados vrios aspectos, dentre os 314

    quais: a quantidade de scios e quruns de deliberao especficos, participaes desiguais em 315

    capital e trabalho dos scios, regime de publicaes obrigatrio, segurana jurdica buscada 316

    para determinados institutos, Capital Social e estrutura de financiamento, entre outros. 317

    318

    319

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    Sociedade Limitada 320

    prevista e regulada pelo Cdigo Civil Lei n 10.406/2002 (artigos 1.052 ao 1087). No 321

    havendo previso expressa no Contrato Social, aplicam-se, subsidiariamente, as regras sobre 322

    sociedade simples (artigos 997 ao 1.037 do Cdigo Civil). Pode haver disposio expressa no 323

    Contrato Social de que a regra supletiva seja a da Lei das SA (Artigo 1.053, Pargrafo nico do 324

    Cdigo Civil), o que proporcionar maior segurana jurdica, transparncia, etc. 325

    As sociedades limitadas podem ser de pessoas (nas quais est presente o elemento de afinidade 326

    entre os scios: affectio societatis) ou de capital (nas quais o elemento determinante o aporte 327

    de recursos). Em nenhum caso, permitido o acesso a recursos por meio do mercado de 328

    capitais, a menos que sejam transformadas em Sociedades por Aes. 329

    Mesmo com menos exigncias legais que as Sociedades por Aes, as Sociedades Limitadas 330

    devem objetivar a melhoria de sua estrutura administrativa e dos controles internos, bem como 331

    a adoo de um maior nvel de transparncia e de outras boas prticas de Governana 332

    Corporativa. 333

    334

    Sociedades por Aes 335

    Reguladas pela Lei n 6.404/76 com alteraes posteriores. 336

    Em geral, so sociedades de capital. Entretanto, quando fechadas e de controle familiar, em 337

    alguns casos, podem ser consideradas sociedades de pessoas. So empresas em que a 338

    distribuio de resultados e direitos polticos esto vinculados participao no capital. Podem 339

    ser de capital aberto ou fechado, conforme os valores mobilirios de sua emisso estejam ou 340

    no admitidos negociao no mercado de capitais. Para tal, preciso que essas sociedades 341

    sejam registradas na CVM Comisso de Valores Mobilirios. 342

    343

    4.2.2 Formas de Controle 344

    Nas sociedades descritas (Ltda. ou S/A fechadas), consideram-se duas principais formas de 345

    controle acionrio para os fins deste Guia: 346

    Majoritrio e individual O controle exercido por um scio / acionista que possui 347

    formalmente mais de 50% das aes ou cotas com direito a voto; 348

    Majoritrio em conjunto ou compartilhado O controle exercido por um grupo de 349

    scios, vinculado por um acordo entre eles (escrito ou tcito), que possui formalmente 350

    mais de 50% das aes ou cotas com direito a voto. 351

    Os controles mencionados podem ser exercidos de forma direta ou indireta: 352

    Direta controle exercido por uma ou mais pessoas fsicas, individualmente ou por meio 353

    de Acordo de Scios; 354

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    Esta uma verso preliminar e no deve ser utilizadapara apresentaes ou tomada de deciso. Alteraes podem ser realizadas aps os comentrios durante a consulta pblica (04 de fevereiro de 2014 a 07 de maro de2014).

    Indireta controle exercido por uma ou mais pessoas jurdicas, em geral uma holding 355

    sob a forma de Ltda. ou S/A e/ou fundos de investimento. 356

    357

    4.2.3 Tipos de Controle 358

    Com relao caracterizao do controlador, as empresas tratadas neste Guia podem ser 359

    classificadas entre os seguintes tipos: 360

    Familiar / Multifamiliar Controle majoritrio, individual ou conjunto, em que uma ou 361

    mais famlias detm o poder de controle; 362

    No Familiar / Sociedade de Scios Controle definido ou compartilhado, em que um ou 363

    mais indivduos ou grupos empresariais detm o poder de controle; 364

    Estrangeiro Controle definido ou compartilhado, em que o scio controlador 365

    estrangeiro. 366

    367

    4.3 Assembleias ou Reunies de Scios 368

    Do ponto de vista legal, denominam-se Reunies de Scios aquelas que acontecem nas 369

    sociedades limitadas com at dez (10) membros. Acima deste total, tais reunies so 370

    denominadas Assembleias e, assim como nas S/A, podem ser ordinrias ou extraordinrias. 371

    Todas as referncias feitas neste Guia Assembleia Geral so extensivas Reunio de Scios e 372

    vice-versa. 373

    Recomenda-se que a empresa realize Assembleias ou Reunies de Scios com maior frequncia 374

    do que a obrigatria por lei, por exemplo, no mnimo uma vez a cada semestre, para que todos 375

    possam acompanhar com maior regularidade as atividades da empresa. 376

    Para efeitos legais, toda Assembleia Geral / Reunio de Scios deve ser documentada por Ata e 377

    registrada na Junta Comercial. 378

    379

    4.3.1 Convocao e Realizao da Assembleia Geral ou Reunio de Scios 380

    A convocao da Assembleia Geral ou da Reunio de Scios, com indicao do local, data e 381

    hora, deve ser feita de forma a favorecer a presena do maior nmero possvel de scios e 382

    oferecer tempo suficiente para que se preparem adequadamente para a deliberao. 383

    Quanto maior for a complexidade dos assuntos a serem tratados e o nmero de scios, mais 384

    extenso deve ser o prazo. De preferncia, a convocao deve ocorrer com, no mnimo, 30 dias 385

    de antecedncia. 386

    387

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    4.3.2 Pauta e Documentao 388

    A pauta da Assembleia Geral ou da Reunio de Scios e a documentao pertinente, com o 389

    maior detalhamento possvel, devem estar disponibilizadas, na data da primeira convocao, 390

    para que os scios possam ler, analisar e posicionar-se a respeito dos assuntos a serem 391

    votados. 392

    A pauta no deve incluir itens genricos, a exemplo do usual Outros Assuntos, para evitar que 393

    temas importantes no sejam revelados com a necessria antecedncia. 394

    O Estatuto / Contrato Social deve prever que assuntos no constantes da ordem do dia somente 395

    podero ser votados caso haja a presena de todos os scios, includos os eventuais detentores 396

    de aes preferenciais, no caso de Sociedades por Aes, que tenham direito de voto sobre a 397

    matria em discusso. 398

    A existncia de votos dissidentes dever constar sempre da Ata. 399

    As pautas e as Atas de Assembleias nas empresas de capital fechado devem ser enviadas a 400

    todos os scios, recomendando-se a previso expressa da forma de envio em Estatuto / 401

    Contrato Social. 402

    403

    4.3.3 Propostas dos Scios 404

    Devem ser estimulados mecanismos que permitam empresa receber, antes da convocao da 405

    Assembleia Geral, propostas de matrias que os scios tenham interesse de incluir na pauta, de 406

    modo a existir tempo hbil para sua deliberao e eventual incluso. 407

    408

    4.3.4 Perguntas Prvias dos Scios 409

    Os scios devem sempre ter a faculdade de pedir informaes Diretoria, ao Conselho (quando 410

    existente) ou, mesmo, ao Conselho Fiscal, se instalado, e receb-las em tempo hbil. 411

    As perguntas devem ser feitas por escrito e dirigidas ao executivo principal. 412

    A empresa deve disponibilizar as respostas para as perguntas mais frequentes ou relevantes 413

    recebidas, para todos os scios, antes de ocorrer a Assembleia ou Reunio de Scios. 414

    415

    4.3.5 Regras de Votao e Registro de Scios 416

    As regras de votao devem ser claras, objetivas e definidas com o propsito de facilitar a 417

    votao, inclusive por procurao ou outros canais, alm de estarem disponveis para todos os 418

    scios. 419

    Os procuradores devem votar de acordo com as instrues expressas dos scios, previstas no 420

    respectivo instrumento de mandato. Tanto as procuraes como os documentos comprobatrios 421

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    da condio de scios devem ser analisados, utilizando-se do princpio de boa-f, com o mnimo 422

    de exigncias burocrticas. 423

    boa prtica que a empresa procure facilitar a interao entre os scios. O registro de todos, 424

    com a indicao das respectivas quantidades de cotas / aes, deve ser disponibilizado pela 425

    sociedade para qualquer um deles. 426

    427

    4.3.6 Conflito de Interesses nas Assembleias Gerais / Reunies de Scios 428

    O scio que, por qualquer motivo, tiver interesse particular ou conflitante com o da empresa em 429

    determinada deliberao dever comunicar imediatamente o fato e abster-se de participar da 430

    discusso e votao daquele item. A mesma regra deve ser observada por procuradores 431

    representando scios. 432

    O Estatuto / Contrato Social e/ou o Acordo de Scios devem conter mecanismos para resoluo 433

    de casos de conflito de interesses. 434

    435

    4.3.7 Assembleia Geral Ordinria (AGO) ou Reunio de Scios 436

    A Assembleia Geral Ordinria ou Reunio de Scios ordinria obrigatria por lei, ao menos 437

    uma vez por ano, at o quarto ms seguinte ao trmino do exerccio social, e tem como 438

    objetivos: 439

    tomar as contas dos administradores, examinar, discutir, deliberar e votar as 440

    demonstraes financeiras; 441

    deliberar sobre a destinao do lucro lquido do exerccio e a distribuio de dividendos; 442

    aprovar a remunerao anual dos administradores; 443

    eleger executivos e membros do Conselho de Administrao e Fiscal, quando for o caso. 444

    445

    4.3.8 Assembleia Geral Extraordinria (AGE) ou Reunio Extraordinria de Scios 446

    Entre as principais competncias da Assembleia Geral Extraordinria ou Reunio Extraordinria 447

    de Scios destacam-se: 448

    aumentar ou reduzir o Capital Social e reformar o Estatuto / Contrato Social; 449

    deliberar sobre limites de investimento e endividamento da empresa; 450

    eleger ou destituir, a qualquer tempo, conselheiros tanto de administrao como fiscais; 451

    deliberar sobre transformao, fuso, incorporao, ciso, dissoluo e liquidao da 452

    sociedade; 453

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    deliberar sobre a avaliao de bens que venham a integralizar o Capital Social. 454

    455

    4.4 Direitos, Deveres e Responsabilidades dos Scios 456

    A titularidade de aes ou de cotas de uma sociedade garante a seus titulares alguns direitos, 457

    bem como atribui a eles deveres e responsabilidades. 458

    Os direitos, deveres e responsabilidades dos scios, alm das disposies obrigatrias por Lei, 459

    devem ser previstos no Estatuto Social e Acordo de Acionistas, nos casos de sociedades por 460

    aes, ou no Contrato Social e Acordo de Scios, para sociedades limitadas. 461

    A reflexo e o estabelecimento de regras e princpios que regero a empresa, sua estrutura 462

    administrativa e de controle, bem como a relao entre os scios, seus direitos polticos, 463

    patrimoniais, de fiscalizao e de sada do quadro social, incluindo deveres e responsabilidades, 464

    so fundamentais para evitar riscos jurdicos e econmicos considerveis, 465

    Os direitos, deveres e responsabilidades previstos no Estatuto / Contrato Social valem para 466

    todos os scios da empresa, j no Acordo de Scios, que deve ser pblico a todos, os deveres e 467

    responsabilidades valem apenas para os signatrios deste documento. Recomenda-se que tais 468

    Acordos tenham prazo determinado e adequado a seus objetivos, sob pena de serem 469

    rescindidos unilateralmente a qualquer momento. 470

    Recomenda-se que os Estatutos / Contratos Sociais sejam redigidos, preferencialmente, com o 471

    auxlio de profissional competente que conhea a legislao, levando em considerao na sua 472

    redao as caractersticas da empresa e as de seus scios, a realidade e o contexto presente e 473

    futuro da atividade empresarial e da sociedade, bem como os direitos e responsabilidades que 474

    se pretende estabelecer. 475

    A escolha de regramentos mais especficos quanto aos direitos e deveres dos scios, seja em 476

    Estatuto / Contrato Social ou Acordo de Scios, deve ser avaliada e acordada entre os scios, 477

    caso a caso, no havendo uma estrutura geral que configure sempre e, em sentido absoluto, 478

    como melhores prticas de Governana Corporativa. 479

    Alm de integralizar no prazo previsto o capital que subscreveu, sob pena de sofrer 480

    cobrana judicial e ser excludo da sociedade, o scio, ainda que no controlador, deve exercer 481

    seu voto, sempre no melhor interesse da empresa e do cumprimento de sua funo social. 482

    Espera-se que um scio exera seus direitos com responsabilidade, conhecimento, de forma 483

    refletida, informada e isenta. E, para tal, recomenda-se, entre outras coisas: 484

    manter-se informado sobre o desempenho da empresa; 485

    analisar as demonstraes financeiras e relatrios gerenciais de modo a conhecer a real 486

    situao financeira e econmica da organizao; 487

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    Esta uma verso preliminar e no deve ser utilizadapara apresentaes ou tomada de deciso. Alteraes podem ser realizadas aps os comentrios durante a consulta pblica (04 de fevereiro de 2014 a 07 de maro de2014).

    comparecer s Assembleias / Reunies de Scios e questionar construtivamente o 488

    Conselho e/ou a Diretoria- Executiva, dirigindo-se sempre ao presidente da Assembleia 489

    ou Reunio; 490

    entender as qualificaes necessrias a um conselheiro ou administrador / gestor da 491

    empresa; 492

    dever de buscar o interesse social; 493

    dever de colaborao com a sociedade e de agir de boa-f; 494

    dever fiducirio do controlador de votar no interesse da empresa/scios. 495

    496

    4.5 Direitos de Fiscalizao dos Scios 497

    Independentemente dos direitos de fiscalizao previstos na lei (acesso aos livros contbeis 498

    Artigo 105 da Lei das S/A e artigos 1.190 e 1.191 do Cdigo Civil), boa prtica que os 499

    administradores disponibilizem aos scios de uma empresa fechada informaes do negcio de 500

    forma sistemtica e transparente e de fcil acesso. 501

    Em termos da boa Governana Corporativa, a fiscalizao, prevista em lei ou acordada entre os 502

    scios e administradores, ampliando os direitos legais, deve ser conduzida por profissionais 503

    capacitados de maneira adequada e tcnica, em benefcio da empresa e de todos os scios. 504

    Esta prtica contribui para criar um ambiente de harmonia, confiana e transparncia e tende a 505

    prevenir desconfortos entre scios e administradores, principalmente conflitos societrios que 506

    possam culminar em aes judiciais. 507

    508

    4.6 Direito Poltico de Voto dos Scios 509

    O direito poltico de voto dos scios de extrema relevncia na medida em que pode 510

    proporcionar aos seus titulares a possibilidade de eleger os administradores (conselheiros de 511

    administrao, quando houver, e diretores) e orientar o funcionamento de seus rgos de 512

    governana e gesto. Destaca-se que, na ausncia de Conselho, o processo de planejamento e 513

    sucesso da gesto deve ser conduzido pelos scios (ver item 5.3 Processo Sucessrio da 514

    Gesto, adiante). 515

    516

    4.6.1 Voto Controlador Direitos e Deveres 517

    Participaes societrias (aes ou cotas) em quantidade suficiente para garantir o poder de 518

    controle proporcionam aos seus titulares, individual ou conjuntamente, de modo permanente, a 519

    maioria dos votos nas deliberaes da Assembleia Geral / Reunio de Scios e o poder de eleger 520

    a maioria ou a totalidade dos conselheiros, quando houver Conselho de Administrao 521

    constitudo, e os diretores da empresa, quando no houver. 522

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    Esta uma verso preliminar e no deve ser utilizadapara apresentaes ou tomada de deciso. Alteraes podem ser realizadas aps os comentrios durante a consulta pblica (04 de fevereiro de 2014 a 07 de maro de2014).

    O scio acionista controlador deve usar o seu poder com o fim de fazer a empresa realizar o 523

    seu objeto social e cumprir a sua funo tambm social, observando seus deveres e 524

    responsabilidades para com a organizao e os demais scios, para com os que nela trabalham 525

    e a comunidade em que atua, cujos direitos e interesses tem que lealmente respeitar e atender. 526

    527

    4.6.2 Conceito Uma Ao = Um Voto e Excees nas Empresas Fechadas 528

    A Lei das S/A permite que sociedades por aes (abertas ou fechadas) emitam at metade do 529

    seu capital em aes preferenciais, sem direito a voto. Alm disto, em companhias fechadas, as 530

    ordinrias podem ser de classes diversas, em funo de conversibilidade em aes 531

    preferenciais, exigncia de nacionalidade brasileira do acionista ou direito de voto em separado 532

    para o preenchimento de determinados cargos de rgos administrativos. A Lei das S/A 533

    tambm permite que o Estatuto Social assegure a uma ou mais classes de aes preferenciais o 534

    direito de eleger, por votao em separado, um ou mais administradores. 535

    Em termos de boas prticas de Governana Corporativa, o poder poltico representado pelo 536

    direito de voto deve estar em equilbrio com o direito econmico (participao no Capital 537

    Social). Isto quer dizer: o direito de voto deve ser proporcional ao capital investido, com vistas 538

    a favorecer o alinhamento de interesses entre todos os scios. 539

    Por outro lado, uma participao minoritria em uma empresa fechada, mesmo contando com 540

    direito a voto, pode no conseguir eleger administradores, no gozar de vantagens patrimoniais 541

    (dividendo fixo, mnimo ou ambos), ter dificuldade de fiscalizar a empresa e, tampouco, contar 542

    com qualquer forma de liquidez (bolsa de valores ou mercado de balco), ou seja, alguma 543

    maneira de sair do quadro societrio de forma clere e por preo justo. 544

    Assim, embora excees regra uma ao = um voto devem, em geral, ser evitadas, em 545

    empresas de capital fechado, por vezes, pode ser mais interessante ao minoritrio no ter 546

    direito a voto, mas em troca ter alguma outra compensao de natureza patrimonial. 547

    548

    4.6.3 Exemplos de Compensaes para Minoritrios Ordinaristas ou Preferencialistas 549

    (a) Direitos Polticos: 550

    Aes preferenciais sem voto ou scios minoritrios com poder de eleger em votao em 551

    separado um ou mais membros dos rgos de administrao ou poder de veto (qurum 552

    qualificado) em algumas deliberaes que o Estatuto Contrato Social especificar (Artigo 18 da 553

    Lei das S/A). 554

    Recomenda-se, ademais, que todos os scios tenham a prerrogativa de, no mnimo, votar 555

    matrias de interesse estratgico da empresa, como, por exemplo: 556

    (i) transformao, ciso, incorporao, fuso e alienao de ativos relevantes, devendo o 557

    Estatuto / Contrato Social definir, caso a caso, o conceito de relevncia; 558

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    Esta uma verso preliminar e no deve ser utilizadapara apresentaes ou tomada de deciso. Alteraes podem ser realizadas aps os comentrios durante a consulta pblica (04 de fevereiro de 2014 a 07 de maro de2014).

    (ii) aprovao de contratos relevantes entre empresas do mesmo grupo e outras situaes 559

    que possam gerar conflitos de interesses, bem como aprovao de matrias relativas a 560

    programas de remunerao de administradores e scios; 561

    (iii) aprovao de laudo de avaliao de bens a serem incorporados ao Capital Social, 562

    alteraes de objeto social e reduo de dividendo obrigatrio. 563

    Finalmente, vale ressaltar que, em havendo na sociedade scios sem direito a voto, os mesmos 564

    tm o direito de participar das Assembleias Reunies de Scios, discutir os assuntos 565

    constantes da pauta e, inclusive, fazer constar em ata suas manifestaes. 566

    (b) Direitos Patrimoniais: 567

    Aes preferenciais sem voto ou scios minoritrios, com o direito de receber um dividendo fixo 568

    ou mnimo prioritrio e cumulativo, caso haja lucro apurado e caixa disponvel para distribuio 569

    dos resultados, e ter direito de venda das aes nas mesmas condies do grupo de controle 570

    (tag along). 571

    C) Direitos de Fiscalizao: 572

    Aes preferenciais sem voto ou scios minoritrios, com possibilidade de acesso a 573

    determinados documentos, informaes das auditorias ou demonstraes financeiras da 574

    empresa e direito de pedir a instalao e indicar a maioria dos membros do Conselho Fiscal, 575

    caso este esteja instalado, etc. No Acordo de Acionistas, podem estar previstos a forma, 576

    periodicidade e limites dessa fiscalizao para no prejudicar as atividades da organizao. 577

    d) Opes de Sada do Quadro Societrio (liquidez): 578

    Alm das hipteses de pedido de dissoluo parcial e de exerccio do direito de recesso, 579

    recomenda-se aos scios sem voto ou no controladores que negociem em Acordos de Scios 580

    opes de compra ou venda de suas participaes societrias. recomendvel tambm que 581

    parte dos dividendos seja destinada a um fundo de liquidez que possa fazer frente ao 582

    pagamento dos haveres dos scios que se retiram da sociedade. 583

    Recomenda-se ainda, em havendo aes com direitos e deveres distintos, que sempre seja 584

    dada ampla transparncia sobre as razes dessa escolha, para que os scios possam conhecer e 585

    avaliar suas vantagens e desvantagens. 586

    Ademais, recomenda-se igualmente s sociedades por aes que tm planos de abrir o capital 587

    que contemplem apenas aes ordinrias com direito a voto. 588

    589

    4.7 Direitos Patrimoniais dos Scios 590

    O patrimnio lquido da pessoa jurdica formado pelo capital social aportado pelos scios, mais 591

    as eventuais reservas e resultados gerados por ela prpria no desenvolvimento da sua 592

    atividade. 593

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    Esta uma verso preliminar e no deve ser utilizadapara apresentaes ou tomada de deciso. Alteraes podem ser realizadas aps os comentrios durante a consulta pblica (04 de fevereiro de 2014 a 07 de maro de2014).

    594

    4.7.1 Direito de Remunerao de Capital 595

    Caso a empresa tenha obtido lucro, o scio tem direito a receber dividendos, respeitadas as 596

    determinaes legais, estatutrias e contratuais. 597

    O Contrato Social (Ltda.) ou o Estatuto Social (S/A) dever prever as regras para gerao de 598

    reservas, poltica de investimentos e distribuio de lucros. 599

    Alm dos dividendos, a legislao permite s empresas que optem pelo regime de pagamento 600

    de imposto de renda com base no lucro real, em determinados casos, e pela remunerao do 601

    capital por meio do pagamento de juros sobre o capital prprio JCP, o que gera benefcio fiscal 602

    para a companhia e seus scios. 603

    604

    Poltica de Dividendos 605

    A empresa deve divulgar a todos os scios, de forma clara, a sua Poltica de Distribuio de 606

    Dividendos e a frequncia com que este documento revisado. 607

    Tal poltica, proposta, preferencialmente, definida pelo Conselho de Administrao ou Consultivo 608

    e, necessariamente, aprovada pela Assembleia ou Reunio de Scios, deve conter, entre outros 609

    aspectos: frequncia dos pagamentos; parmetro de referncia a ser utilizado para definio do 610

    montante (percentuais do lucro liquido ajustado e do fluxo de caixa livre, entre outros); 611

    processo e instncias responsveis pela proposio da distribuio de dividendos; 612

    circunstncias e fatores que podem afetar a distribuio. 613

    importante ressaltar que, na ausncia de lucro lquido apurado na demonstrao de resultado 614

    do exerccio (DRE), a distribuio de dividendos implica responsabilidade solidria dos 615

    administradores (...), que devero repor ao caixa social a importncia distribuda, sem prejuzo 616

    da ao penal que no caso couber (Artigo 177 do Cdigo Penal). 617

    Ou seja, a distribuio de dividendos deve ter sempre como base a gerao de lucro lquido 618

    distribuvel e a disponibilidade de caixa, sendo legalmente vedadas distribuies ou retiradas 619

    de scios ou de seus familiares, de acordo com suas necessidades pessoais, sob pena de 620

    submeter os administradores s penalidades civis e criminais e os scios desconsiderao da 621

    personalidade jurdica. 622

    623

    4.7.2 Remunerao do Capital versus Remunerao do Trabalho 624

    Duas so as formas legtimas de remunerao que devem ser consideradas pela empresa: 625

    a) Remunerao do capital (ao titular de aes ou de cotas) o retorno que um scio deve 626

    receber por ter investido seus recursos no capital da empresa. Essa remunerao pode 627

    acontecer na forma de distribuio de lucros, dividendos e juros sobre capital prprio e/ou na 628

    prpria valorizao da companhia. 629

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    Esta uma verso preliminar e no deve ser utilizadapara apresentaes ou tomada de deciso. Alteraes podem ser realizadas aps os comentrios durante a consulta pblica (04 de fevereiro de 2014 a 07 de maro de2014).

    Neste particular, deve-se considerar o adequado equilbrio entre distribuio de dividendos, 630

    disponibilidade de caixa e total de reinvestimento, levando em conta o que a empresa precisa e 631

    sua estrutura de capital e no as necessidades de caixa dos scios ou de seus familiares. Ou 632

    seja: o interesse da empresa deve prevalecer sobre o individual de seus scios. 633

    b) Remunerao do trabalho a contrapartida que um administrador (scio ou no) ou 634

    terceiro contratado (gerente, diretor, conselheiro, etc.) recebe por dedicar seu trabalho e 635

    competncias em benefcio da empresa. Essa remunerao pode ser fixa (pro labore ou salrio), 636

    varivel (bnus ou participao nos resultados), direta ou indireta (benefcios adicionais) ou, 637

    mesmo, mista, combinando estas modalidades. Para fixar a remunerao dos seus 638

    administradores, a empresa deve considerar as responsabilidades do cargo, atuao de cada 639

    administrador, contribuio efetiva para a empresa, etc. 640

    Independentemente da forma de pagamento, esta deve ser divulgada de maneira clara e 641

    acessvel a todos os scios. 642

    A confuso entre a remunerao do capital e a do trabalho constitui um ponto crtico a ser 643

    revisado, especialmente em empresas fechadas, de controle familiar ou de scios. 644

    O problema em geral comea quando os scios confundem as duas modalidades de 645

    remunerao (capital e trabalho) na forma de retirada, benefcios, adiantamentos, etc. 646

    Os conflitos multiplicam-se, sobretudo no caso das empresas de controle familiar, quando 647

    outros membros da famlia passam, tambm, a reivindicar suas retiradas. 648

    Remunerar membros da famlia utilizando como critrio o grau de parentesco ou as 649

    necessidades pessoais faz-lo de maneira inadequada, tanto para o scio como para o 650

    trabalhador, podendo levar scio e administrador responsabilizao civil e criminal. 651

    652

    4.8 Condies de Sada de Scio 653

    O Estatuto /Contrato Social e o Acordo de Scios devem prever com clareza todas as situaes 654

    nas quais o scio ter o direito de sair da sociedade, bem como as condies para que isto 655

    acontea, alm da metodologia de avaliao e da forma de pagamento dos respectivos haveres 656

    sociais ou da sua participao societria (aes ou cotas). 657

    658

    4.8.1 Metodologia de Avaliao de Empresas 659

    O processo de avaliao do valor econmico de uma empresa ou do percentual societrio de um 660

    scio que se retira da sociedade ou aliena sua participao a terceiro, scio ou no scio, 661

    complexo e a qualidade das informaes utilizadas condio bsica para a eficincia do 662

    clculo. 663

    Nas empresas fechadas, importante a previso da forma de avaliao do valor econmico da 664

    empresa (da participao societria do scio que se retira) e da de pagamento dos haveres, 665

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    Esta uma verso preliminar e no deve ser utilizadapara apresentaes ou tomada de deciso. Alteraes podem ser realizadas aps os comentrios durante a consulta pblica (04 de fevereiro de 2014 a 07 de maro de2014).

    quando da sua retirada, seja ela voluntria (exerccio de direito de recesso, pedido judicial de 666

    dissoluo parcial de sociedade ou exerccio de opo de venda) ou involuntria (morte ou 667

    excluso), em Estatuto / Contrato Social eou no Acordo de Scios. 668

    Antes da avaliao propriamente dita, fundamental a elaborao preliminar de um diagnstico 669

    preciso da empresa e o contexto macroeconmico do momento, setor de atuao, mercado, 670

    desempenho passado e atual , aspectos econmicos e financeiros, sociais, jurdicos, fiscais, 671

    comerciais, tecnolgicos e tcnicos, dentre outros relevantes, caso a caso. 672

    Diferentes so os mtodos de avaliao do valor econmico de uma empresa, cada qual com 673

    suas vantagens e desvantagens, e, em geral, a aplicao de vrios deles na mesma organizao 674

    poder resultar em distintos valores financeiros apurados. 675

    Dentre os diversos mtodos de avaliao de participaes societrias, em casos de retirada 676

    voluntria ou involuntria do scio, o mais recomendado o do valor econmico da empresa. 677

    Tambm as reorganizaes societrias (incluindo incorporao, ciso e fuso) devem ser 678

    realizadas a valores condizentes ao valor econmico da companhia, alm de sempre serem 679

    feitas no sentido de atender aos interesses das empresas envolvidas. 680

    681

    4.8.2 Direito de Sada de Scio 682

    O reembolso do valor das cotas ou das aes de scio que se retira da sociedade, com 683

    pagamento pela prpria empresa e eventual reduo do Capital Social, decorre das seguintes 684

    hipteses: 685

    a) Exerccio de direito de recesso ou retirada Qualquer scio tem o direito de retirar-se da 686

    sociedade quando em desacordo com a deciso tomada pela maioria em determinadas 687

    hipteses previstas em lei (artigos 45 e 137 da Lei das S/A e 1.077 do Cdigo Civil); 688

    b) Excluso de scio Nas sociedades limitadas, os scios, por maioria do capital, podem 689

    excluir outro scio por falta grave no cumprimento de suas obrigaes ou incapacidade, desde 690

    que prevista tal possibilidade no Contrato Social (Artigo 1.085 do Cdigo Civil); 691

    c) Falecimento ou divrcio No caso de sociedades limitadas de pessoas, poder haver previso 692

    especfica no Contrato Social ou, mesmo, em Acordo de Scios (artigos 1.027 e 1.028 do 693

    Cdigo Civil) para apurao de haveres de herdeiros e/ou daqueles que se separaram / 694

    divorciaram; 695

    d) Dissoluo parcial da empresa pode ser pleiteada em Juzo quando qualquer dos scios, 696

    normalmente minoritrios, decide no continuar no quadro social por divergir das decises 697

    majoritrias ou por ruptura nas relaes, sem possibilidade de ceder suas cotas/aes a outros 698

    scios ou a terceiros (Artigo 1.029 do Cdigo Civil e jurisprudncia para Sociedades Limitadas e 699

    S/A fechadas e de controle familiar). 700

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    Esta uma verso preliminar e no deve ser utilizadapara apresentaes ou tomada de deciso. Alteraes podem ser realizadas aps os comentrios durante a consulta pblica (04 de fevereiro de 2014 a 07 de maro de2014).

    Para os casos citados, recomenda-se a previso no Contrato Social (Ltda.) ou Estatuto Social 701

    (S/A), em regra, da avaliao pelo valor econmico da empresa, da forma mais especfica 702

    possvel. 703

    Alm disto, recomendvel que se preveja, se contemplada no Contrato Social, a forma do 704

    pagamento dos haveres do scio que se retirou da sociedade, sob pena de os mesmos serem 705

    liquidados em dinheiro, no prazo de 90 (noventa) dias (Artigo 1.031 do Cdigo Civil). 706

    707

    4.8.3 Liquidez das Cotas e Aes 708

    Os scios, a fim de aumentar a liquidez das suas participaes societrias, podem prever 709

    opes de compra e de venda, acordadas em funo de interesses especficos, expressamente 710

    descritos em Acordos de Scios. 711

    Em todos os casos, recomenda-se que sejam previstas as regras para a frmula de avaliao 712

    dessas cotas / aes que esto sendo negociadas e a forma de quitao / pagamento. 713

    Recomenda-se tambm como parmetro de negociao a opo pelo valor econmico da 714

    empresa, levando em considerao o contexto especfico da companhia a ser avaliada. 715

    716

    4.8.4 Direito de Preferncia 717

    Respeitadas as condies legais e as acordadas no Contrato Estatuto Social ou no Acordo de 718

    Scios, aes ou cotas podem ser alienadas a terceiros no scios. 719

    Sugere-se que em quaisquer circunstncias de retirada parcial ou total de scios, bem como nas 720

    situaes de excluso ou falecimento de scio, os demais tenham direito preferencial de 721

    aquisio das mesmas, proporcional s respectivas participaes sociais, observando-se as 722

    previses especificadas em lei. 723

    724

    4.8.5 Transferncia de Controle 725

    Em caso de transferncia de controle, ainda que de forma indireta, recomenda-se que a oferta 726

    de compra de aes / cotas seja dirigida a todos os scios nas mesmas condies (tag along), 727

    para garantir a equidade. 728

    Esta previso deve constar, preferencialmente, no Contrato / Estatuto Social (valendo para 729

    todos os scios) ou no Acordo de Scios (valendo somente entre os signatrios). 730

    731

    4.8.6 Acordos de Scios 732

    Os Acordos de Acionistas esto regulados na Lei das S/A, Artigo 118, que assim dispe: Os 733

    Acordos de Acionistas, sobre a compra e venda de suas aes, preferncia para adquiri-las e 734

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    Esta uma verso preliminar e no deve ser utilizadapara apresentaes ou tomada de deciso. Alteraes podem ser realizadas aps os comentrios durante a consulta pblica (04 de fevereiro de 2014 a 07 de maro de2014).

    exerccio do direito a voto ou do poder de controle, devero ser observados pela companhia 735

    quando arquivados na sua sede. Esses acordos, quando existentes, devero ser acessveis a 736

    todos os acionistas da empresa, sejam eles signatrios ou no dos mesmos. Devem, tambm, 737

    ter prazos determinados, para evitar sua invalidao unilateral, compatveis com a estratgia 738

    dos negcios e de seus scios. 739

    A Sociedade Limitada que tenha a aplicao subsidiria da Lei das S/A permite aos seus scios 740

    que negociem direitos e deveres em Acordo de Scios, nos mesmos termos previstos na 741

    legislao. 742

    Recomenda-se que os Acordos de Scios em sociedades que j possuem Conselho de 743

    Administrao no vinculem ou restrinjam o exerccio do direito de voto de quaisquer membros 744

    do Conselho, nem prevejam a indicao de diretores-executivos para a sociedade, tarefa esta 745

    que cabe ao Conselho de Administrao. 746

    747

    4.8.7 Mediao e Arbitragem 748

    A Governana Corporativa envolve a distino clara de poderes entre scios, conselheiros de 749

    administrao e executivos. Alm deles, outras partes interessadas so importantes para as 750

    operaes da empresa, tais como empregados, fornecedores, clientes, credores e a 751

    comunidade. Neste ambiente, disputas so naturais e frequentemente resolvidas por 752

    negociao direta entre as partes. Se a negociao no for bem-sucedida e as disputas no 753

    forem adequadamente administradas, podem degenerar em conflitos que prejudiquem o 754

    desempenho e reduzam o valor da empresa. 755

    O custo e a durao do litgio so frequentemente subestimados, especialmente quando a 756

    disputa levada esfera judicial. Alm de honorrios advocatcios e custas judiciais, a empresa 757

    deve considerar a demora no julgamento, perda de tempo de conselheiros e executivos, desvio 758

    de recursos humanos e financeiros, retrao de investidores e credores, paralisia de decises 759

    estratgicas, perda de confiana nos lderes, destruio de relacionamentos e abalo na imagem 760

    da empresa. A soma de tais custos pode ser superior ao valor da causa em questo. 761

    Disputas entre scios e administradores e entre estes e a empresa devem ser resolvidas, 762

    preferencialmente, por mediao e, se no houver acordo, por arbitragem. As principais 763

    caractersticas desses mecanismos so as seguintes: 764

    Mediao um processo privado de resoluo de disputas em que um terceiro, denominado 765

    neutro ou mediador, ajuda na discusso entre as partes e facilita a tomada de deciso. As 766

    partes tm a oportunidade de descrever seus pontos de vista, interesses e sentimentos, trocar 767

    informaes e explorar ideias para a soluo da disputa. O processo voluntrio e o mediador 768

    no tem o poder de tomar uma deciso pelas partes. Os nicos que podem decidir so as 769

    prprias partes, o que pode preservar o relacionamento entre elas. Esta vantagem 770

    especialmente significativa no caso de empresas de controle familiar, quando questes de 771

    famlia se confundem com assuntos da companhia. Se as partes chegarem a um acordo, este 772

    formalizado em contrato e pode ser executado. 773

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    Esta uma verso preliminar e no deve ser utilizadapara apresentaes ou tomada de deciso. Alteraes podem ser realizadas aps os comentrios durante a consulta pblica (04 de fevereiro de 2014 a 07 de maro de2014).

    Arbitragem um processo privado em que as partes em litgio concordam em submeter a 774

    deciso a um rbitro ou a um painel de arbitragem, selecionado entre especialistas de 775

    reconhecida competncia e imparcialidade, que, depois de receber provas e ouvir argumentos 776

    das partes e/ou de seus advogados, toma uma deciso. O processo de arbitragem semelhante 777

    ao judicial, porm mais rpido e menos formal. A deciso normalmente acatada em mbito 778

    judicial, no cabendo recurso. 779

    O quadro a seguir resume as modalidades e caractersticas de resoluo alternativa de 780

    disputas: 781

    782

    Recomenda-se a incluso de clusulas de Arbitragem e de Mediao no Estatuto / Contrato 783

    Social, no Acordo de Scios e/ou em qualquer contrato ou compromisso a ser firmado entre as 784

    partes. 785

    786

    787

    4.9 Planejamento Sucessrio da Propriedade 788

    O processo sucessrio da propriedade das aes e cotas no deve ser confundido com o da 789

    gesto. Este ser tratado no Captulo 5, item 5.3, embora ambos sejam cruciais para a 790

    continuidade da empresa. 791

    Vrias so as formas de se planejar a sucesso no mbito da propriedade, tais como a escolha 792

    de regimes no casamento e unio estvel, elaborao de testamentos, holdings de controle, de 793

    participaes e/ou patrimoniais, acordos de scios, fundos de investimento fechados, trusts e 794

    fundaes no Exterior, entre outros, devendo cada sociedade empresria estudar a melhor 795

    estratgia para o seu caso. 796

    Alm disto, importante que os scios se preocupem com a preparao dos seus herdeiros e 797

    sucessores, para que, no futuro, estes estejam prontos para atuar como proprietrios. 798

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    Esta uma verso preliminar e no deve ser utilizadapara apresentaes ou tomada de deciso. Alteraes podem ser realizadas aps os comentrios durante a consulta pblica (04 de fevereiro de 2014 a 07 de maro de2014).

    799

    4.9.1 Holdings para Planejamento Sucessrio 800

    Uma forma frequente de planejamento sucessrio no mbito da propriedade do capital a 801

    criao de uma empresa holding, cuja finalidade a participao em outras organizaes (como 802

    scia ou acionista), em geral detendo o controle societrio e, por conseguinte, determinando 803

    suas estratgias e polticas empresariais. 804

    As holdings proporcionam a vantagem de que, independentemente da sucesso ou de 805

    separaes dos scios, a participao societria seja exercida em voto nico e proporcional s 806

    cotas/aes nas empresas operacionais, consolidando-a e facilitando a administrao. 807

    importante que tais holdings sejam criadas apenas para fins sucessrios, como mecanismos, 808

    de facilitao de transferncia de propriedade societria (aes ou cotas), visando dar mais 809

    celeridade ao processo de sucesso ou de divrcio. Com isto, evitam-se disputas judiciais e 810

    proporciona-se maior estabilidade administrao, alm de isolar a empresa operacional dos 811

    conflitos familiares e pessoais dos scios. No recomendvel, contudo, a criao de holdings 812

    ou estruturas piramidais 3 com o intuito de alavancar o controle da companhia em detrimento 813

    dos demais scios. 814

    815

    4.10 Conselho de Scios 816

    O Conselho de Scios, que pode ser formado por todos os scios ou por um grupo 817

    representante de todos escolhido pelos mesmos, tem como objetivo ser um frum para 818

    discusso aprofundada dos interesses no longo prazo da sociedade nas questes relacionadas 819

    propriedade do capital, envolvendo o exerccio do direito de voto e do poder de controle, 820

    compra e venda de participao societria e direito de preferncia, nos casos em que houver 821

    um Acordo de Scios, verbal ou escrito. Nesta situao, o Conselho de Scios funciona como 822

    uma reunio prvia Reunio de Scios ou Assembleia. 823

    As principais atribuies do Conselho de Scios so: 824

    elaborar o Acordo de Scios e zelar pelo seu cumprimento; 825

    administrar o processo de pulverizao acionria, visando evitar instabilidades no 826

    controle societrio, inclusive propondo mecanismos de proteo e liquidez da 827

    participao societria; 828

    3 Estrutura piramidal uma estrutura de sobreposio de empresas, geralmente holdings, uma com controle sobre a outra,

    o que permite que o controlador diminua sua exposio econmica na empresa, preservando ou ampliando seu poder de

    controle.

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    Esta uma verso preliminar e no deve ser utilizadapara apresentaes ou tomada de deciso. Alteraes podem ser realizadas aps os comentrios durante a consulta pblica (04 de fevereiro de 2014 a 07 de maro de2014).

    propor, para aprovao em Assembleia ou Reunio de Scios, exemplificativamente: 829

    o diretrizes quanto ao perfil de risco e retorno esperado do capital, 830

    o critrios para distribuio de lucros ou remunerao do capital, 831

    o diretrizes para decises de investimentos relevantes, inclusive fuses e 832

    aquisies, e 833

    o indicaes para o Conselho de Administrao ou Consultivo. 834

    835

    4.11 Conselho de Famlia ou Assembleia de Famlia 836

    Assembleia = todos os familiares, eventualmente com regras de idade, consanguinidade e 837

    outras definidas pela famlia. 838

    Conselho = grupo de pessoas, eleito pelos familiares, que os representa para discutir assuntos 839

    da famlia. 840

    A empresa familiar ou multifamiliar deve considerar a implementao de um Conselho de 841

    Famlia para discusso e alinhamento dos familiares sobre assuntos do seu interesse, para que 842

    questes familiares no contaminem a sociedade e a companhia, e criar um clima de confiana 843

    entre os familiares. 844

    Entre as principais atribuies desse Conselho de Famlia esto: 845

    definir e preservar os valores coletivos da famlia (histria, cultura e viso 846

    compartilhada); 847

    promover a comunicao, integrao e formao dos familiares, prevenindo conflitos 848

    entre eles e buscando visualizar a empresa como fator de unio e continuidade da 849

    famlia; 850

    transmitir as expectativas e aspiraes da famlia para os demais rgos de governana 851

    da empresa; 852

    preparar os membros da famlia para eventual atuao na gesto da empresa e/ou na 853

    sucesso patrimonial das cotas ou aes, considerando os aspectos vocacionais, o futuro 854

    profissional e a educao continuada, criando regras de ingresso e sada dos familiares 855

    na empresa em cargos de gesto ou no Conselho; 856

    elaborar polticas e critrios para proteo patrimonial de bens pessoais dos familiares, 857

    separando-os dos da empresa, alm de tomar decises referentes s questes de 858

    investimentos, imveis, casamentos e unies estveis, partilha e herana que possam 859

    afetar o patrimnio comum da famlia; 860

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    Esta uma verso preliminar e no deve ser utilizadapara apresentaes ou tomada de deciso. Alteraes podem ser realizadas aps os comentrios durante a consulta pblica (04 de fevereiro de 2014 a 07 de maro de2014).

    elaborar e propor para aprovao pelos scios mecanismos de liquidez da participao 861

    societria de familiares. 862

    As atribuies do Conselho de Famlia no devem ser confundidas com as do Conselho de 863

    Administrao ou do Conselho Consultivo, que so voltadas para a empresa. No devem 864

    tambm confundir-se com as Reunies de Scios ou as Assembleias Gerais da Sociedade. 865

    Como objetivo inicial do Conselho de Famlia, recomenda-se a elaborao de um Cdigo de 866

    Conduta Familiar ou protocolo/acordo/pacto ou ainda constituio familiar, consolidando a 867

    misso, viso, valores e regras j recomendados e que devem reger a relao da famlia com a 868

    sociedade e a empresa. Tal documento no deve ser confundido com o Acordo de Scios, ainda 869