lucas de lucena simÕes e silva - teses.usp.br
TRANSCRIPT
LUCAS DE LUCENA SIMÕES E SILVA
Efeito do treinamento físico na doença hepática gordurosa não alcoólica
(DHGNA) em camundongos obesos: aspectos relacionados com a
inflamação e resistência insulínica
Dissertação apresentada à Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo para
obtenção do título de Mestre em Ciências
Programa de Ciências em Gastroenterologia
Orientador: Prof. Dr. José Jukemura
São Paulo
2020
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Preparada pela Biblioteca daFaculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
©reprodução autorizada pelo autor
Responsável: Erinalva da Conceição Batista, CRB-8 6755
Silva, Lucas de Lucena Simões e Efeito do treinamento físico na doença hepáticagordurosa não alcoólica (DHGNA) em camundongosobesos : aspectos relacionados com a inflamação eresistência insulínica / Lucas de Lucena Simões eSilva. -- São Paulo, 2019. Dissertação(mestrado)--Faculdade de Medicina daUniversidade de São Paulo. Programa de Ciências em Gastroenterologia. Orientador: José Jukemura.
Descritores: 1.Fígado gorduroso 2.Exercício3.Camundongos obesos 4.Resistência à insulina5.Inflamação 6.Fígado 7.Pâncreas
USP/FM/DBD-275/19
A todos aqueles qυе dе alguma forma
estiveram е estão próximos dе mim, fazendo
esta vida valer cada vеz mais а pena.
Agradecimentos
É chegado então o momento de expressar os mais sinceros agradecimentos a
muitos e tantos adorados familiares, amigos e colegas de trabalho.
Ao meu orientador, Prof. José Jukemura, por suas orientações, pelo seu
otimismo e senso de humor para enfrentar os momentos de dificuldades durante
esta jornada e que no alto de sua sabedoria, soube ser tão humilde ao repassar
todo o seu conhecimento e que esteve comigo até a sua completa conclusão.
À Prof.ª Claudia Oliveira pela sua diferenciada visão e perspectiva com as
diferentes áreas da saúde, por me acolher em seu grupo de pesquisa quando
ainda estava na graduação e ter dedicado um pouco da sua rotina agitada para
ouvir minhas ideias, além de suas orientações e contribuições não só para o
trabalho mas também para vida.
Ao Prof. Stefano Tadeu pelas boas e descontraídas conversas durante aquelas
tardes no laboratório, além de compartilhar seus conselhos e experiências de
vida para engrandecimento profissional e principalmente pessoal.
À Prof. Márcia Kubrusly, por suas orientações e experiências de vida, além de
conselhos e experiências de laboratório, por sempre estar me motivando a
continuar em frente de cabeça erguida principalmente nos momentos de
dificuldades.
Ao meu colega de mestrado e amigo Matheus Santos, por estar no dia-a-dia na
pesquisa ao meu lado, sempre visando o sucesso profissional e pessoal.
A todos os integrantes do grupo de pesquisa em NASH da prof.ª Claudia, em
especial ao Mauro Duarte por compartilhar um pouco de sua rotina não só no
grupo mas também suas experiências na USP, reforçando ainda mais a
importância e o papel das diversas áreas da saúde no tratamento multidisciplinar.
Aos integrantes do grupo de pesquisa da EACH e em especial a Fabiana
Evangelista por dividir seus conhecimentos profissionais e vivências de
laboratório para o treinamento dos animais.
À Vilma por sua disposição e sua paciência, por sempre me atender com aquele
sorriso descontraído e alegre mesmo em momentos corridos.
A todos os professores que contribuíram diariamente com seu conhecimento e
dedicação e que foram importantes na minha jornada acadêmica.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo
apoio financeiro.
À Deus, por permitir que tudo isso acontecesse e pelo imenso prazer que é viver
amparado por suas mãos, por sua proteção e suas bênçãos.
À meus queridos pais e familiares por suas sábias lições de vida e de esperança,
sempre alimentando meus sonhos e me enchendo de amor e carinho,
depositando a confiança necessária para realizar meus sonhos.
À minha querida noiva Eline Autran por estar comigo desde o início desta jornada
sempre me dando forças e depositando suas esperanças, por me aguentar nos
momentos de raiva e angústia, por respeitar minhas vontades e necessidades
durante este processo, por sua compreensão, força de motivação e apoio moral
para a execução deste trabalho.
Há muito mais a quem agradecer. A todos aqueles que, embora não nomeados,
me brindaram com seus inestimáveis apoios em distintos momentos e por suas
presenças afetivas e inesquecíveis, o meu reconhecido e carinhoso muito
obrigado!
Todos vocês foram partes fundamentais para execução deste trabalho!
Sumário:
Lista de Abreviaturas
Lista de Símbolos
Lista de Siglas
Lista de Tabelas
Lista de Figuras
Resumo
Abstract
1.0 – INTRODUÇÃO: ....................................................................................... 19
2.0 – OBJETIVOS: ........................................................................................... 25
2.1 – Objetivo Geral: ..................................................................................... 25
2.2 – Objetivos Específicos: .......................................................................... 25
3.0 – MATERIAIS E MÉTODOS: ..................................................................... 27
3.1 – Local: ................................................................................................... 27
3.2 – Aspectos Éticos: .................................................................................. 27
3.3 – Procedimentos experimentais e delineamento do estudo:................... 27
3.3.1 – Modelo experimental: .................................................................... 27
3.3.2 – Delineamento experimental: .......................................................... 27
3.4 – Avaliações metabólicas ....................................................................... 28
3.5 – Teste de esforço físico máximo ........................................................... 28
3.6 – Protocolo de treinamento físico ........................................................... 28
3.7 – Eutanásia e Coleta de materiais para análise: ..................................... 29
3.8 – Avaliação Histológica ........................................................................... 29
3.9 – Extração do RNA Tecidual ................................................................... 30
3.10 – Quantificação e Análise da Integridade do RNA Total ....................... 31
3.11 – PCR quantitativo em tempo real (RT-qPCR): .................................... 31
3.12 – Método de análise da expressão gênica............................................ 32
3.13 – Análises Estatísticas: ......................................................................... 33
4.0 – RESULTADOS ........................................................................................ 35
4.1 – Avaliações metabólicas: ...................................................................... 35
4.2 – Teste de esforço físico máximo ........................................................... 38
4.3 – Histologia Hepática: ............................................................................. 40
4.4 – Histologia Pancreática: ........................................................................ 40
4.5 – Expressão genica: ............................................................................... 45
5.0 – DISCUSSÃO: .......................................................................................... 50
6.0 – CONCLUSÃO: ......................................................................................... 60
REFERÊNCIAS
Lista de Abreviaturas:
ad libitum à vontade
AKT Proteína quinase B
DHGNA Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica
E. coli Escherichia coli
EHNA Esteato Hepatite Não Alcoólica
et.al. e outros
EUA Estados Unidos da América
Fig Figura
foz/foz fat aussie
GLUT-2 Transportador de Glicose 2
gr Gramas
IL-10 Interleucina 10
IL-1b Interleucina 1 beta
IL-6 Interleucina 6
IRS-1 Receptor Substrato de Insulina 1
IRS-2 Receptor Substrato de Insulina 2
m Metros
máx Máximo
mín Mínimo
min Minutos
mRNA Ácido ribonucleico mensageiro
ob/ob obeso/obeso
OT-NP cardiac oxytocin natriuretic peptide
RNA Ácido Ribonucleico
SED Sedentário
seg Segundos
TF Treinados
TLR Receptores do Tipo Toll
TNF-a Fator de Necrose Tumoral alfa
Lista de Símbolos:
km/h Quilômetros por hora
% Porcentagem
mL/kg Mililitros por quilograma
µL Microlitros
® Marca Registrada
™ Trade Mark
ºC Graus Celsius
β Beta
ΔCt Delta Ct
ΔΔCt Delta Delta Ct
p Nível de Significância
< Menor que
Lista de Siglas:
ACSM American College of Sports Medicine
CEUA Comissão Ética do Uso de Animais
DP Desvio Padrão
EACH – USP Escola de Artes, Ciências e Humanidades da
Univesidade de São Paulo
FMUSP Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo
HC – FMUSP Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo
HE Hematoxilina – Eosina
LIM – 07 Laboratório de Investigação Médica 07 (Laboratório
de Gastroenterologia Clínica e Experimental)
LIM – 37 Laboratório de Investigação Médica 37 (Laboratório
de Transplante e Cirurgia do Fígado)
QR Quantificação Relativa
rpm Rotações por minuto
RT – qPCR Real Time quantitative Polymerase Chain Reaction
Lista de Tabelas:
Tabela 1 – Ganho de peso corporal e consumos ao final do protocolo
experimental ..................................................................................................... 37
Tabela 2 – Peso dos órgãos e tecidos adiposos de camundongos ob/ob de
ambos os grupos ao final do protocolo de treinamento físico (peso absoluto e
peso relativo) .................................................................................................... 38
Tabela 3 – Tabela de caraterísticas histológicas do tecido hepático de
camundongos obesos (ob/ob) .......................................................................... 40
Tabela 4 – Tabela de descrição da análise histológica pancreática realizada em
ambos os grupos de estudo após o procotolo de treinamento físico ................ 41
Lista de Figuras:
Fig 1: Gráficos de comparação da média de peso corporal entre os grupos e de
evolução de peso corporal dos grupos de estudo frente ao protocolo de
treinamento físico aeróbio de 8 semanas. ........................................................ 36
Fig 2: Gráficos de consumo de água e ração de ambos os grupos de estudo
frente ao protocolo de treinamento aeróbio de 8 semanas .............................. 37
Fig 3: Resultados de ambos os grupos de estudo obtidos através do teste de
esforço físico máximo frente às variáveis ligadas ao protocolo de treinamento
físico aeróbio .................................................................................................... 39
Fig 4 Histologia pancreática de camundongos ob/ob: Gordura Visceral
adjacente (ampliação original X 10) ................................................................. 42
Fig 5 Histologia pancreática de camundongos ob/ob (ampliação original X 20)
......................................................................................................................... 42
Fig 7: Gráfico de comparação entre os animais sedentários e treinados frente
as análises de resistência à insulina no tecido hepático .................................. 45
Fig 8: Gráfico de comparação entre os animais sedentários e treinados
referente as análises de expressão gênica referentes à inflamação no tecido
hepático ............................................................................................................ 46
Fig 9: Gráfico de comparação dos grupos de estudo frente as análises de
expressão gênica referentes à resistência insulínica no tecido pancreático .... 47
Fig 10: Gráfico de comparação dos grupos de estudo frente as análises de
expressão gênica referentes à inflamação no tecido pancreático .................... 48
RESUMO
Silva LLS. Efeito do treinamento físico na doença hepática gordurosa não
alcoólica (DHGNA) em camundongos obesos: aspectos relacionados com a
inflamação e resistência insulínica [dissertação]. São Paulo: Faculdade de
Medicina, Universidade de São Paulo; 2019.
A Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA), compreende um amplo
espectro de condições que variam desde uma esteatose simples, às condições
mais graves como Esteatohepatite Não Alcoólica (EHNA) fibrose hepática e
cirrose. Entre os fatores relacionados a progressão da doença, a inflamação e a
resistência à insulina são apontados como fundamentais. Além disso, o recente
aumento considerável no número de casos desta doença se deve em parte, ao
comportamento sedentário e reduções drásticas no nível de atividade física.
Mudanças nos hábitos de vida são essenciais para prevenção e controle da
DHGNA. Objetivo: Avaliar o efeito do treinamento físico aeróbio de 8 semanas
em aspectos relacionados com a resistência à insulina e resposta inflamatória
em camundongos obesos com DHGNA Métodos: Foram utilizados 14
camundongos ob/ob com 6 semanas de vida divididos em dois grupos de estudo:
sedentário e treinado. Os animais do grupo treinado realizaram 5 sessões
semanais de 60 minutos de treinamento físico em esteira rolante com
intensidade constante de 60% da velocidade máxima obtida através do teste de
esforço físico. Os animais do grupo sedentário não realizavam o treinamento
físico. Após o período de 8 semanas, os animais foram submetidos a eutanásia
e amostras de tecido hepático e pancreático, foram coletadas para verificar
características histológicas, avaliação dos genes relacionados com a resposta
inflamatória e resistência à insulina. Foram coletados os tecidos adiposos para
verificar a diferença na quantidade de gordura encontrada em cada região do
animal. Para obtenção do material genético, foi realizado a extração do RNA por
TRIzol® e após a verificação de quantidade e integridade do material, foi
realizado a reação em cadeia polimerase, através do equipamento Rotor Gene
RG – 3000. Foi utilizado o teste-t, ANOVA one way e pós teste de Bonferroni de
comparações múltiplas para os dados paramétricos e testes de Mann-Whitney
com pós-teste Dunn's de comparações múltiplas para dados não paramétricos.
Em relação aos escores histológicos foi utilizado o teste Qui-quadrado com exato
de Fisher. Foram consideradas variáveis significativas quando o p< 0,05. Todos
os cálculos e análises foram realizados com o software GraphPad Prism V6.0
(GraphPad Software Inc). Resultados: Foram observadas diferenças
significantes para peso corporal (p=0.008), evolução de peso (p=0.03), consumo
de ração (p<0.0001) além de diminuição no conteúdo de gordura da região
retroperitonial (p=0.03). Além disso, foram observadas diferenças significantes
para velocidade pico (p=0.03), distância (p=0.01) e tempo (p=0.006). A análise
histológica não mostrou diferenças estatísticas entre os grupos em ambos os
órgãos. Nas análises de expressão gênica, foram observadas diferenças
significantes nos genes de GLUT-2 (p=0.03), IL-6 (p= 0.01) e IL-10 (p=0.03)
hepáticos. Em relação ao pâncreas, foi observada diferença significante para os
genes de IRS-2 (p=0.004), GLUT-2 (p=0.03), IL-6 (p=0.002) e IL-10 (p=0.008).
Conclusão: Um protocolo de treinamento físico de 8 semanas foi capaz de
atenuar o ganho de peso corporal, consumo alimentar e gerar efeitos positivos
na expressão de genes relacionados com resistência à insulina e inflamação no
fígado e pâncreas de camundongos ob-ob.
Descritores: Fígado gorduroso; Exercício; Camundongos obesos; Resistência
à insulina; Inflamação; Fígado; Pâncreas.
ABSTRACT
Silva LLS. Physical training effect in obese mice with non-alcoholic fatty liver
disease: aspects related to insulin resistance and inflammation (dissertation).
São Paulo: “Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo”; 2019.
Non-alcoholic Fatty Liver Disease (NAFLD) encompasses a wide spectrum of
pathologies from hepatic steatosis, nonalcoholic steatohepatitis (NASH), fibrosis
and cirrhosis. Insulin resistance and inflammation are reported as the main
factors for disease progression. Moreover, the increase in the number of new
cases of NAFLD can be explained by sedentary behavior and drastic reductions
in physical activity levels, therefore, lifestyle modifications are essencial for
prevention and control of the disease. Objective: Evaluate the effect of 8 weeks
of aerobic training on insulin resistance and inflammatory response in obese mice
(ob/ob) with NAFLD. Methods: Male ob/ob mice were randomly divided into
sedentary (n=7) and trained (n=7) groups. Aerobic training consisted of 5 weekly
sessions, 60 min per session at 60% of the maximum speed of the running test.
Hepatic and pancreatic samples were collected to evaluate histological features
and gene expression associated with insulin resistance and inflammatory
response after 8 week experiment protocol. RNA was performed by TRIzol®.
PCR experiments were performed using the Rotor Gene RG – 3000. Parametric
data were assessed by t-test, ANOVA one way and Bonferroni test for multiple
comparisons. Non-parametric data were assessed by the Mann-Whitney tests
with Dunn's post-test of multiple comparisons. Histological analysis was
assessed by chi-square test with Fisher's exact test. Significant variables were
considered when p <0.05. All the analyzes were performed by GraphPad Prism
V6.0 software (GraphPad Software Inc). Results: Reductions in body weight (p
= 0.008), weight evolution (p = 0.03), food intake (p <0.0001) and fat content were
observed in trained group. Moreover, the trained group showed better results in
peak velocity (p=0.03) physical effort tolerance (p=0.006) and distance (p=0.01).
Histological analysis showed no statistical differences between groups in both
organs. Gene expression showed differences in IL-6 (p= 0.01), IL-10 (p=0.03)
and GLUT-2 (p=0.03) in hepatic analysis, between groups. Pancreatic gene
expression showed difference between groups in IRS-2 (p=0.004), GLUT-2
(p=0.03), IL-6 (p=0.002) and IL-10 (p=0.008) analysis. Conclusions: An 8-week
physical training protocol was able to attenuate body weight gain, food intake and
generate positive effects on gene expression related to insulin resistance and
inflammation in both liver and pancreas of ob/ob mice.
Descriptors: Fatty liver; Exercise; Mice, Obese; Insulin resistance; Inflammation;
Liver; Pancreas.
INTRODUÇÃO
19
1.0 – INTRODUÇÃO:
A Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA) engloba um
espectro de modificações hepáticas que vão desde um simples depósito de
gordura no interior do hepatócito, sem inflamação ou fibrose, o que caracteriza
um processo de esteatose simples, até casos de esteatohepatite não alcoólica
(EHNA), cirrose e, carcinoma hepatocelular em pacientes sem histórico de
etilismo. Atualmente é considerada uma das formas mais frequentes de
manifestação hepática, geralmente associada a quadros clínicos de obesidade,
resistência à insulina e diabetes mellitus tipo ll [1].
A real prevalência da DHGNA é desconhecida, pois a maioria dos
indivíduos acometidos por esta doença, mesmo aqueles com diabetes,
apresentam aminotransferases hepáticas normais e os médicos não suspeitam
da possível presença de DHGNA [2]. Estima-se que a prevalência global da
doença seja em torno de 24%, sendo a população obesa a mais afetada,
podendo variar entre 70 – 90% [3]. Em todos os continentes, é possível observar
um número considerável de indivíduos afetados por esta doença sendo as
maiores taxas reportadas na América do Sul (31%) e no Oriente Médio (32%),
seguidas pela Ásia (27%), EUA (24%) e Europa (23%), enquanto que o
continente Africano apresenta a menor prevalência (14%) [4]. No Brasil, cerca
de 30% da população é afetada pela doença, no entanto, este número pode
variar devido ao método de avaliação utilizado e pela grande diversidade étnica
da população brasileira [5 6].
A DHGNA tem se tornado cada vez mais comum em todas as populações,
principalmente no ocidente, devido ao processo de industrialização e mudanças
inadequadas no estilo de vida. Além disso, espera-se que o número de
indivíduos afetados aumente nos próximos anos, em consonância com o
aumento da obesidade devido à adoção de uma dieta rica em gordura e
inatividade física. Nos EUA, tornou-se a segunda causa mais comum de
transplante hepático e provavelmente se tornará a principal causa nos próximos
10 anos [7].
20
Os princípios fisiopatológicos da DHGNA, principalmente os fatores que
contribuem para sua progressão, evoluíram significativamente ao longo dos
anos, fazendo com que a teoria dos “múltiplos hits” [8] se tornasse obsoleta.
Vários eventos podem resultar na esteatose hepática. O desenvolvimento desta
condição é dependente do fluxo de ácidos graxos livres (AGL), que podem ser
derivados da lipólise periférica, ou seja, ácidos graxos liberados do tecido
adiposo, diminuição da oxidação de AGL, aumento da de novo lipogênese (DNL)
e diminuição da exportação de lipídios hepáticos via lipoproteínas de densidade
muito baixa (VLDL), além de fatores externos como dietas hiperlipídicas e / ou
consumo exacerbado de alimentos ricos em açúcares simples [9]. Dentre os
fatores que contribuem para a progressão e gravidade da doença, a resistência
à insulina tem sido caracterizada como o fator fisiopatológico crucial na DHGNA
[10]. Tanto a resistência à insulina hepática quanto a periférica, apresentam
estreita correlação com a DHGNA, independente da gravidade da doença [11].
A resistência à insulina é um fator fundamental para o desenvolvimento e
progressão da DHGNA. O excesso de ácidos graxos, cuja produção é induzida
pela lipogênese e síntese de ácidos graxos, assim como pelos ácidos graxos
oxidados, circula nos tecidos periféricos, incluindo o fígado e o tecido adiposo,
onde se acumulam, resultando em resistência à insulina [12]. O tecido adiposo
é um mediador do armazenamento sistêmico de lipídeos, além de ser um órgão
endócrino que secreta hormônios e o grupo de citocinas conhecidas como
adipocinas, como adiponectina e leptina. Na condição de DHGNA, o excesso de
lipídios intrahepáticos é responsável por mudanças na atividade macrofágica,
que por sua vez, secretam mediadores inflamatórios como fator de necrose
tumoral alfa (TNF-a), e interleucina 1 beta (IL-1b), levando a resistência à insulina
sistêmica e progressão para EHNA.
No fígado, a resistência à insulina é definida pela supressão na produção
de glicose, mediada pelo comprometimento da insulina, resultando no aumento
da gliconeogênese e diminuição da síntese hepática de glicogênio. A síntese de
glicogênio hepático estimulada por insulina, por sua vez, correlaciona-se
negativamente com o conteúdo de gordura no fígado [13]. Em pacientes obesos
e portadores de DM2, a presença de DHGNA está associada a hiperinsulinemia,
dislipidemia e resistência insulínica mais graves no tecido hepático e adiposo do
21
que em pacientes sem DHGNA [14]. Vários conceitos podem explicar a
associação entre DHGNA e resistência à insulina: o acúmulo de gordura no
fígado pode ter origem na resistência à insulina e hiperinsulinemia [15] ou
diretamente na disponibilidade excessiva de lipídios.
Outro fator que contribui não só para o aumento da resistência à insulina,
mas também para a fisiopatogênese e progressão da DHGNA é o processo
inflamatório e suas vias. As vias inflamatórias têm sido cada vez mais
reconhecidas como criticamente envolvidas no desenvolvimento da resistência
à insulina [16 17]. No entanto, a etiologia da resistência à insulina é complexa e
envolve muitas vias diferentes além da inflamação [18]. Atualmente, ainda não
está claro em quais locais os processos inflamatórios são iniciados. Além do
tecido adiposo, o trato gastrointestinal, com sua microbiota marcadamente
alterada, pode refletir um dos primeiros eventos na evolução da resistência à
insulina e da DHGNA [19].
Estudos em camundongos com depleção hepática de AKT e FOXO1, que
adaptam seus fluxos de glicose adequadamente a jejum e alimentação [20],
revelaram que a IL-6, liberada dos macrófagos do tecido adiposo, inibe a lipólise
mediada pela insulina no tecido adiposo branco e leva a maior entrega de AGL
e glicerol para o fígado [21]. Como resultado, as concentrações hepáticas de
acetil-CoA são elevadas, devido ao aumento da β-oxidação dos ácidos graxos,
que estimula a gliconeogênese hepática através da ativação alostérica da
piruvato carboxilase mitocondrial. Da mesma forma, os adolescentes que são
obesos e resistentes à insulina apresentam maiores concentrações de IL-6
derivadas do tecido adiposo em comparação a indivíduos magros [21]. A rápida
redução mediada por insulina na produção de glicose hepática [22] e a falta de
qualquer relação entre a expressão hepática de proteínas gliconeogênicas e
hiperglicemia de jejum em indivíduos obesos, com ou sem DM2 [23], corroboram
a relevância clínica deste mecanismo.
Atualmente, os estudos que avaliam os processos fisiopatológicos da
DHGNA mostram que outros órgãos e sistemas também estão envolvidos,
dentre eles o pâncreas. Similar a condição do fígado, o acúmulo excessivo de
gordura ectópica no pâncreas é referido como esteatose pancreática ou doença
22
pancreática gordurosa não alcoólica (DPGNA) [24]. Nos últimos anos, tornou-se
uma condição cada vez mais reconhecida, estando presente em cerca de 67%
dos pacientes com DHGNA [25]. Além disso, a DPGNA está associada a outros
fatores de risco como resistência à insulina, diabetes, hiperlipidemia, síndrome
metabólica e obesidade [26 27].
Estudos com ratos demonstram que a exposição a longo prazo a uma dieta
hiperlipídica induz acúmulo de gordura interlobular e intralobular, infiltração de
células inflamatórias e fibrose no pâncreas, danificando a morfologia das ilhotas
pancreáticas [28]. Da mesma forma, camundongos C57BL/6 expostos a dieta
rica em gordura desenvolveram obesidade e resistência à insulina,
acompanhados por características da DHGNA e da DPGNA [29 30]. Além disso,
é visto também que uma maior duração da dieta rica em gordura aumentou o
conteúdo de triglicerídios no pâncreas, mas não no fígado, sugerindo que o
pâncreas é particularmente susceptível à deposição de gordura ectópica [31].
Mudanças dos hábitos de vida têm sido utilizadas no combate da DHGNA
e dos processos fisiopatológicos associados, tais como diabetes mellitus,
obesidade, hiperglicemia, hipercolesterolemia e síndrome metabólica. Assim,
dentre as recomendações instituídas, o exercício físico e a diminuição do peso
corporal são eficazes para promover melhora na qualidade de vida dos
indivíduos [32]. Parte dos benefícios gerados pela prática regular de exercício
físico é decorrente do aumento da oxidação de ácidos graxos livres (AGL),
contribuindo diretamente para melhorar o fenótipo metabólico hepático na
DHGNA [33].
Rector et al [34], demostraram, que a prática de atividade física aeróbia
com intensidade de 85% do volume de oxigênio máximo por 12 semanas, foi
capaz de melhorar os níveis de triglicerídeos intra-hepáticos, tendo a quantidade
de gordura visceral medida por ressonância magnética em pacientes com
DHGNA. Além disso o mesmo artigo demonstra que é possível obter
modificações positivas causadas pela atividade física nos níveis de lipídios intra-
hepáticos, sensibilidade e resistência à insulina, mesmo sem mudanças no peso
corporal dos indivíduos, mas quando a prática regular de atividade física gera
perda de peso, os benefícios são duplamente potencializados. Apesar dos
23
estudos demonstrarem efeitos positivos da prática regular de atividade física,
uma das principais limitações para novos estudos com humanos está ligada a
falta de adesão e a ausência de programas de promoção à saúde e prevenção
de doenças.
Com isso estudos em modelo experimental aparecem como alternativa,
pois apresentam a possibilidade de controlar variáveis fisiológicas e ambientais,
além disso este modelo possui um custo menor e, é capaz de mimetizar
condições humanas. O modelo experimental com camundongos obesos (ob/ob)
que foi descoberto em 1949 em Roscoe B. Jackson Memorial Laboratory, no
estado de Maine, EUA, se caracteriza, por um consumo excessivo de nutrientes
e por sua deficiência à leptina, que por sua vez, atua nesses animais na
determinação do fenótipo da obesidade, hiperglicemia e hiperinsulinemia [35 36].
Estes camundongos são utilizados em modelos para diversos tipos de estudo
com doenças e condições fisiopatológicas como: diabetes, obesidade, resposta
inflamatória e resistência à insulina.
A condição metabólica dos camundongos ob/ob provocam uma
redistribuição no armazenamento de gordura corporal, hepática e de outros
tecidos não-adiposos. Este aumento da captação de lipídios induz ao dano e
apoptose celular. Haczeyni et al., [37] demonstraram que o exercício físico
aeróbico realizado na roda, resulta em um efeito metabólico protetor, aumento
da fosforilação de proteina kinase B (AKT) em nível muscular, além de oferecer
efeito de prevenção sobre a resposta inflamatória, obesidade e diabetes em
camundongos obesos foz/foz. Outro achado importante deste estudo encontra-
se na modulação realizada pelo exercício físico aeróbio sobre a morfometria de
adipócitos, tal fenômeno diminui o tamanho destas células, sua hipertrofia e
conteúdo. Apesar dos estudos demonstrarem efeitos positivos oriundos do
exercício físico, e de haver um amplo campo de investigações acerca da
DHGNA, os mecanismos subjacentes associados a progressão da doença não
estão totalmente esclarecidos. Além disso, os dados encontrados na literatura
acerca da deposição de gordura pancreática, seus mecanismos fisiopatológicos
e a relevância clínica da esteatose pancreática não estão bem elucidados.
24
OBJETIVOS
25
2.0 – OBJETIVOS:
2.1 – Objetivo Geral:
• Avaliar o efeito do treinamento físico sobre marcadores de resposta
inflamatória e resistência à insulina em modelo DHGNA de
camundongos ob/ob.
2.2 – Objetivos Específicos:
• Avaliar o efeito do treinamento físico aeróbio em marcadores de
inflamação (IL-6; TNF-α; IL-10) em amostras de tecido hepático e
pancreático.
• Avaliar o efeito do treinamento físico aeróbio em marcadores
relacionados com a resistência à insulina (IRS-2; GLUT-2) em
amostras de tecido hepático e pancreático.
• Avaliar o efeito do treinamento físico aeróbio sob as variáveis ligadas
ao treinamento físico, peso corporal e consumo alimentar.
26
MATERIAIS E MÉTODOS
27
3.0 – MATERIAIS E MÉTODOS:
3.1 – Local:
O estudo foi desenvolvido nos Laboratórios de Gastroenterologia Clínica
e Experimental (LIM-07), Laboratório de Transplante e Cirurgia do Fígado (LIM-
37) do Departamento de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (FMUSP) e no Laboratório de Biomedicina da Escola
de Artes, Ciências e Humanidades da USP (EACH-USP).
3.2 – Aspectos Éticos:
Esse estudo seguiu as orientações recomendadas da Declaração de
Helsinki de 1975 (publicada por "US National Institute of Health-Guide for care
and use of laboratory animals" (NIH Publication, n° 85-23, revisada em 1996)) e
do Serviço de Experimentação em animais da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo. O estudo foi submetido à Comissão de Ética para
Análise de Projetos de Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo (FMUSP) aprovado com número 930/17 pela Comissão de Ética no
Uso de Animais (CEUA).
3.3 – Procedimentos experimentais e delineamento do estudo:
3.3.1 – Modelo experimental:
Foram utilizados camundongos ob/ob, machos, com 6 semanas de vida,
provenientes do Biotério do Laboratório de Gastroenterologia Clínica e
Experimental (LIM-07) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
(FMUSP). Os animais foram mantidos no Biotério da EACH-USP durante todo o
protocolo experimental, com temperatura e ventilação controladas, com ciclos de
luz / escuro de 12 horas. Além disso, os animais tiveram livre acesso à água e
ração ad libitum. Foi utilizada dieta padrão e ração da marca Nuvilab CR1.
3.3.2 – Delineamento experimental:
Os animais foram distribuídos de forma aleatória em dois grupos:
Grupo sedentário (SED): constituído por sete animais machos
que não foram submetidos ao treinamento físico.
28
Grupo treinado (TF): constituído por sete animais machos que
foram submetidos ao treinamento físico
3.4 – Avaliações metabólicas
Ao longo de todo protocolo experimental, a pesagem corporal foi realizada
semanalmente em balança digital (Gehaka/modelo BG4001, São Paulo, Brasil),
no mesmo dia e horário. Além da evolução, foi calculado o ganho de peso
através da diferença entre o peso corporal final (semana 8) e o peso corporal
inicial (semana pré-treinamento). O consumo de ração foi avaliado em grupos de
animais mantidos na mesma gaiola ao longo de todo protocolo experimental,
durante períodos de 24 horas, por 3 dias consecutivos de cada semana. Foi
utilizado a média dos 3 dias avaliados para determinar o consumo de ração
semanal e após a obtenção deste resultado, o valor foi dividido pela quantidade
de animais por caixa para obter o consumo médio por animal.
3.5 – Teste de esforço físico máximo
A capacidade máxima de execução de exercício físico foi avaliada no
momento pré treinamento, na semana 4 e após o treinamento físico através de
um teste progressivo até a exaustão em esteira rolante. Foram mensuradas as
seguintes variáveis de treinamento: tempo máximo de execução do teste,
velocidade máxima atingida no pico do exercício e a distância total percorrida. A
velocidade inicial da esteira foi de 0,2 km/h sem haver inclinação da mesma. A
cada três minutos, a velocidade da esteira foi aumentada em 0,2 km/h até serem
observados sinais de exaustão do animal. O teste é finalizado quando o
camundongo entrar em fadiga, ou seja, não conseguir manter o padrão de
marcha. Na semana 4, foi realizado o teste somente nos animais treinados para
reajuste da velocidade do treinamento físico.
3.6 – Protocolo de treinamento físico
O protocolo de treinamento físico foi realizado em esteira rolante, 5 vezes
por semana, durante 8 semanas. Todas as sessões de treinamento tiveram
intensidades estabelecidas de 60% da velocidade máxima atingida no teste de
tolerância ao esforço físico, com o tempo sendo progressivamente aumentado,
iniciando com 30 minutos na primeira semana e atingindo 60 minutos na quarta
29
semana, conforme descrito por Ferreira et al. [38]. Após a quarta semana de
treinamento, o tempo de 60 minutos foi mantido até o término do protocolo. Os
camundongos sedentários foram submetidos à caminhada na esteira, 1 vez por
semana, durante 10 minutos. Esse procedimento se faz necessário para evitar
qualquer interferência do estresse gerado pela esteira no momento da realização
do teste de tolerância ao esforço físico.
3.7 – Eutanásia e Coleta de materiais para análise:
Após período de 8 semanas de treinamento físico, os animais foram
anestesiados utilizando-se cloridrato de cetamina (0,1mL/Kg) intraperitoneal.
Após a administração do anestésico, foram retirados os órgãos de cada animal
para as análises propostas. Amostras de tecido hepático e pancreático foram
coletados para verificar possíveis diferenças no peso de cada órgão, avaliação
histológica, avaliação dos genes relacionados com a resposta inflamatória (TNF-
a, IL-6, IL-10), resistência à insulina (IRS-1, IRS-2, GLUT-2) e análise do
conteúdo de mRNA dos genes citados anteriormente. Também foram coletados
os tecidos adiposos nos diferentes compartimentos de cada animal apenas para
comparar a diferença na quantidade de gordura encontrada em cada grupo de
estudo. Foram coletados tecidos adiposos da região retroperitoneal, inguinal e
periepididimal. Após a coleta de todos os materiais, as carcaças dos animais
foram enviadas para incineração, conforme às normas de descarte da FMUSP.
3.8 – Avaliação Histológica
Após a remoção do fígado, foram coletadas amostras de tecidos referentes
aos segmentos II e III do lobo esquerdo, o qual está mais relacionado com o
surgimento e progressão da DHGNA [39 40]. Para análises de histologia no
pâncreas, foi removido o tecido pancreático das porções próximas ao duodeno.
Os fragmentos coletados de cada tecido, foram fixados em solução de
formol a 4%, processados e submetidos às colorações de hematoxilina-eosina
(HE) segundo a rotina adotada na divisão de Anatomia Patológica do HC-
FMUSP. As lâminas histológicas de cada tecido foram avaliadas de maneira
“cega” por um patologista experiente. Em relação a avaliação histológica, no
fígado, foi utilizado um sistema modificado para roedores proposto por Liang et
30
al. [41]. As variáveis histológicas presentes neste sistema são: esteatose
macrovesicular (0-3), esteatose microvesicular (0-3), hipertrofia hepatocelular (0-
3) e focos de inflamação (0-3). A soma para esteatose varia entre 0-9. Para o
diagnóstico da DHGNA é necessário que o valor para esteatose seja entre 1-9 e
ausência de focos inflamatórios. Caso haja presença de focos inflamatórios,
independente do valor de esteatose encontrado, é feito o diagnóstico para
esteatohepatite não alcoólica (EHNA). Este sistema de pontuação não inclui a
fibrose em sua análise, pois não é requisito para diagnóstico da EHNA, embora
seja frequente nesta população. Além disso, este modelo animal não apresenta
fibrose, sendo o escore bastante adequado para comparação entre os grupos.
No pâncreas, foi utilizado um sistema de avaliação semelhante ao trabalho
de Van Geenem et al. [42]. As variáveis histológicas utilizadas neste sistema
foram: gordura interlobular, gordura intralobular, fibrose, edema, necrose acinar,
infiltrado inflamatório, hemorragia e necrose de gordura.
3.9 – Extração do RNA Tecidual
O material recebido em nitrogênio líquido foi fragmentado manualmente
utilizando-se almofariz e pistilo. Após a fragmentação, foi adicionado 1,0 mL de
TRIzol® (Invitrogen Life Technologies, Carlsbad, CA, USA), e essa mistura foi
incubada por 5 min à temperatura ambiente em tubos de microcentrífuga de 1,5
mL. Foram adicionados 200 µL de clorofórmio (Merck), sob agitação vigorosa
por 15 seg, seguido por um período incubatório de 5 min à temperatura ambiente
e centrifugada a, 12.000 rpm, por 15 minutos e temperatura de 4 ºC. Em seguida,
o sobrenadante foi transferido para um novo tubo estéril de 1,5 mL e o RNA foi
precipitado com 500 µL de isopropanol (Merck). A mistura foi deixada em
repouso durante 10 min e centrifugada por 15 min, 12.000 rpm, a 4 ºC. O
sobrenadante foi removido e o pellet de RNA lavado com 1,0 mL de etanol
(Merck) 75%, centrifugado novamente e ressuspendido em volume apropriado
de água estéril (UltraPure™ DNase/RNase-Free Distilled Water (Invitrogen Life
Technologies, Carlsbad, CA, USA)).
31
3.10 – Quantificação e Análise da Integridade do RNA Total
A concentração dos RNAs totais extraídos foi determinada por
espectrofotometria (NanoDrop ND-1000 (NanoDrop Technologies, Wilmington,
DE, USA)). A preparação do RNA é considerada livre de contaminantes
(proteínas e fenol) quando a relação A260/280 encontra-se entre 1,8 e 2,0. Para
as amostras que não atingiram estes valores, foram realizadas purificações
utilizando-se o kit RNeasy® Mini Kit (Qiagen, Hilden, Alemanha). A integridade
e a pureza dos RNAs foram analisadas por eletroforese em gel de agarose 1%.
Somente foram utilizadas as amostras cujas bandas correspondentes ao RNA
ribossomal 18 e 28 S mostraram-se íntegras à analise sob luz ultravioleta. Os
RNAs foram mantidos a -80 °C até sua utilização.
3.11 – PCR quantitativo em tempo real (RT-qPCR):
As reações de RT-qPCR foram realizadas no equipamento Rotor-Gene
RG-3000 (Corbett Research, Sidney, Austrália), utilizando-se reagentes
SuperScript™ III Platinum® One-Step Quantitative RT-PCR System (Invitrogen
Life Technologies, Carlsbad, EUA), conforme recomendação do fabricante. A
intensidade de expressão de cada gene foi obtida pelo valor de limiar do ciclo,
no qual o aumento no sinal associado à fase exponencial de amplificação do
fragmento começa a ser detectada. A reação para cada gene analisado foi
cuidadosamente padronizada com a finalidade de evitar qualquer amplificação
inespecífica. A temperatura de anelamento para a amplificação dos genes IRS-
2, GLUT-2 IL-6 e IL-10 foi 55 ºC, enquanto que para o gene de TNF-a foi de 57
ºC. Todas as reações de RT-q PCR foram realizadas em duplicata para cada
amostra de tecidos hepático e pancreático tanto para o gene alvo quanto para o
controle endógeno (β-actina).
32
Sequência dos primers (forward/reverse) utilizados na reação de qRT-PCR
para cada gene estudado
Genes Sequência
IRS-2 F: CGG CTG GAG TAC TAC GAG AG
R: CGC GCT TGT TGA TGT TCA GA
GLUT-2 F: TCA GAA GAC AGG GTA CAG CGA
R:TCC AGT GCC AGC GTA TAA GT
TNF-α F: CCA CCA CGC TCT TCT GTC TA
R: TCC TTC TTG CCC TCC TAA CC
IL-6 F: TTC TTG GGA CTG ATG CTG GT
R: CAG GTC TGT TGG GAG TGG TA
IL-10 F: TGC TGC TCC TCC CCT ATT TC
R: TTC GGA TGT GCC TGG GTT TA
Β-actina F: TGT CAC CAA CTG GGA CGA TA
R: GGG GTG TTG AAG GTC TCA AA
F= forward; R= reverse
3.12 – Método de análise da expressão gênica
Para o cálculo do nível de expressão de cada gene alvo, utilizou-se o
método 2-delta delta Ct para a quantificação relativa [43], onde Ct (“threshold
cycle”) é o ciclo da PCR em tempo real, no qual a amplificação atinge a fase
logarítmica, onde delta Ct é a diferença de expressão entre gene alvo e controle
endógeno de uma determinada amostra e delta delta Ct corresponde à diferença
entre o delta Ct da amostra e o delta Ct do controle.
A fórmula utilizada para a quantificação relativa (QR):
QR= 2-ΔCt
ΔCt= Ct gene alvo-Ct gene referência
ΔΔCt= ΔCt amostra-ΔCt controle
33
3.13 – Análises Estatísticas:
Todos os dados foram expressos como média ou mediana (dependendo
do padrão de distribuição das variáveis) e seus respectivos valores mínimos
(min), máximos (máx) e de desvio padrão (DP). Para variáveis de distribuição
paramétrica foram utilizados teste-t, one-way ANOVA e o pós-teste Bonferroni
de múltiplas comparações. Para variáveis de distribuição não-paramétrica foram
utilizados os testes de Mann-Whitney, Kruskal-Wallis e o pós-teste Dunn's de
comparações múltiplas. Para comparação dos escores histológicos entre os
grupos foram utilizados os testes de Qui-quadrado com exato de Fisher. Foram
consideradas variáveis significativas aquelas em que o p<0,05. Todos os
cálculos e análises foram realizados com o software GraphPad Prism V6.0
(GraphPad Software Inc).
34
RESULTADOS
35
4.0 – RESULTADOS
4.1 – Avaliações metabólicas:
4.1.1 – Peso corporal:
No momento inicial do protocolo de treinamento, não foram observadas
diferenças significativas entre os grupos de estudo, porém, ao final do protocolo,
foram observadas diferenças significativas da média de peso corporal do grupo
treinado em comparação ao grupo sedentário (12.9±2.9 VS 9.6±2.1 p= 0.008). Em
relação a evolução de peso corporal, a partir da terceira semana de treinamento,
foram observadas diferenças estatísticas entre os grupos sedentário e treinado
(Figura 1). Ainda sobre este resultado, os animais sedentários obtiveram um
ganho de peso médio de 35% durante todo o protocolo experimental enquanto
que os animais submetidos ao treinamento aeróbio obtiveram um ganho médio
de 26%.
P e s o C o r p o r a l
Gra
ma
s (
gr)
SE
DT
F
0
5
1 0
1 5
2 0
p = 0 .0 0 8
* *
36
E v o lu ç ã o d e P e s o C o r p o r a l
S e m a n a s
Pe
so
Co
rp
ora
l (g
r)
0 1 2 3 4 5 6 7 8
3 0
3 5
4 0
4 5
5 0
5 5
S E D
TF
p = 0 .0 0 0 3
******
Fig 1: Gráficos de comparação da média de peso corporal entre os grupos e de evolução de peso corporal dos grupos de estudo frente ao protocolo de treinamento físico aeróbio de 8 semanas.
4.1.2 – Consumo alimentar:
Em relação ao consumo de água e ração, foram encontradas diferenças
significativas do grupo sedentário em comparação ao grupo de animais treinados
(Figura 2). Em ambas as variáveis, os animais sedentários apresentaram
maiores valores em comparação aos animais treinados (Tabela 1).
C o n s u m o d e Á g u a
mL
/an
ima
l/2
4h
SE
DT
F
0
2
4
6
8
1 0
p = 0 .0 0 1
**
37
C o n s u m o d e R a ç ã o
gr/a
nim
al/
24
h
SE
DT
F
0
2
4
6
8
1 0
p < 0 .0 0 0 1* * * *
S E D
T F
Fig 2: Gráficos de consumo de água e ração de ambos os grupos de estudo frente ao protocolo de treinamento aeróbio de 8 semanas
Tabela 1 – Ganho de peso corporal e consumo alimentar ao final do protocolo experimental
Sedentários
(n=7) Treinados
(n=7) P
Ganho de peso corporal (g)
12.9±2.9 9.6±2.1 0.008
Ganho de peso (%) 35.6±10.1 26.8±6.5 0.03
Consumo de Água 6.6±1.5 4.9±1.2 0.001
Consumo de Ração 5.6±1.1 4.4±0.9 < 0.0001
p<0,05
4.1.3 – Tecidos Adiposos e Peso Hepático:
Em relação aos tecidos adiposos foram observadas diferenças para o
tecido retroperitoneal sendo os menores valores encontrados nos animais
pertencentes ao grupo TF (Tabela 2). No fígado foram encontradas diferenças
estatísticas sendo o grupo treinado com os menores valores em comparação aos
sedentários. Em relação aos outros tecidos foram encontradas diferenças
significativas no peso absoluto e peso relativo do fígado do grupo treinado em
comparação ao grupo sedentário.
38
Tabela 2 – Peso dos órgãos e tecidos adiposos de camundongos ob/ob de ambos os grupos ao final do protocolo de treinamento físico (peso absoluto e peso relativo)
Sedentários (n=7)
Treinados (n=7)
p
Peso absoluto
Fígado (gr) 2.5±0.3 2.2±0.2 0.04
T. adiposo peritonial (gr) 2.5 (2.0–5.5) 1.5 (1.5–4.0) 0.03
T. adiposo inguinal (gr) 2.4±0.6 1.8±0.8 0.10
T. adiposo periepididimal (gr) 3.0±1.3 2.9±0.9 0.87
Peso relativo
Fígado (mg) 54.0±4.8 50.3±5.3 0.04
T. adiposo peritonial (mg) 59.5 (40.0–103.1) 36.1 (32.6–93.0) 0.04
T. adiposo inguinal (mg) 51.5±15.9 42.5±20.1 0.49
T. adiposo periepididimal (mg) 64.4±32.1 66.4±18.9 0.88
p<0,05
4.2 – Teste de esforço físico máximo
No que diz respeito às variáveis ligadas ao treinamento físico, no momento
pré treinamento não foram observadas diferenças significativas para velocidade
pico, distância percorrida e tempo de exposição ao teste de esforço entre os
grupos de estudo, no entanto, ao final do protocolo foram observadas diferenças
significativas dos animais treinados no momento pré treinamento em
comparação ao momento pós treinamento do grupo sedentário (Fig 3).
39
V e lo c id a d e P ic o (k m /h )
Ve
loc
ida
de
(k
m/h
)
S E D P ré T F P ré S E D P ó s T F P ó s
0 .0
0 .5
1 .0
1 .5
2 .0S E D P ré
T F P ré
S E D P ó s
T F P ó s
p = 0 .0 3 1 0
*
D is tâ n c ia (k m )
Dis
tân
cia
(k
m)
S E D P ré T F P ré S E D P ó s T F P ó s
0 .0
0 .1
0 .2
0 .3
0 .4
0 .5
S E D P ré
T F P ré
S E D P ó s
T F P ó s
*
p = 0 .0 4 5 5
T e m p o (m in )
Te
mp
o (
min
)
S E D P ré T F P ré S E D P ó s T F P ó s
0
5
1 0
1 5
2 0
2 5S E D P ré
T F P ré
S E D P ó s
T F P ó s
p = 0 .0 0 6 9
*
Fig 3: Resultados de ambos os grupos de estudo obtidos através do teste de esforço físico máximo frente às variáveis ligadas ao protocolo de treinamento físico aeróbio
40
4.3 – Histologia Hepática:
Para as análises de avaliação histológica no fígado, não foram encontradas
diferenças significativas para esteatose macrovesicular, esteatose
microvesicular, hipertrofia hepatocelular e focos inflamatórios.
Tabela 3 – Tabela de características histológicas do tecido hepático de camundongos obesos (ob/ob)
Sedentários* Treinados* P
1 2 3 4 5 6 7 8
Esteatose
macrovesicular (0–3) 0 2 1 2 1 2 2 0
0.965
Esteatose
microvesicular (0 – 3) 0 3 2 3 2 3 2 3
Hipertrofia
hepatocelular (0 – 3) 0 2 2 2 1 2 1 2
Focos inflamatórios
(0 – 3) 0 2 3 3 2 2 3 0
*Identificação realizada por microchip;
4.4 – Histologia Pancreática:
Em relação ao pâncreas, devido à ausência de um escore específico para
este órgão, o grupo realizou uma tabela descritiva no qual foram analisadas as
seguintes variáveis: gordura interlobular, gordura intralobular, fibrose, edema,
necrose acinar, infiltrado inflamatório, hemorragia, e necrose de gordura. A
tabela a seguir descreve as características de cada animal avaliado.
41
Tabela 4 – Tabela de descrição da análise histológica pancreática realizada em ambos os grupos de estudo após o procotolo de treinamento físico
ID Gordura
interlobular
Gordura
Intralobular Fibrose Edema
Necrose
Acinar
Infiltrado
Inflamatório Hemorragia
Necrose
de
Gordura
Escore
Final
Grupo
Sedentário
0354 0 (5%) 0 0 0 0 0 0 0 0
1010 3 (40%) 0 0 0 0 11 – 15
pmn 0 0 0
0493 3 (40%) 0 0 0 0 0 0 0 0
1840 0 (5%) 0 0 0 0 11 – 15
pmn 0 0 0
0253 0 (5%) 0 0 0 0 0 – 1 pmn 0 0 2
1053 0 (5%) 0 0 0 0 0 – 1 pmn 0 0 0
2118 0 (2%) 0 0 0 0 0 – 1 pmn 0 0 0
Grupo
Treinado
0370 0 (0%) 0 0 0 0 0 0 0 0
0678 1 (10%) 0 0 0 0 0 0 0 1
0957 0 (0%) 0 0 0 0 0 0 0 0
0420 – – – – – – – – –
0529 1 (10%) 0 0 0 0 0 – 1 pmn 0 0 1
1581 3 (40%) 0 0 0 0 0 – 1 pmn 0 0 0
7796 3 (40%) 0 0 0 0 2 – 5 pmn 1 0 –
Identificação realizada por microchip
42
Fig 4 Histologia pancreática de camundongo ob/ob sedentário sem infiltração de gordura. 1= Ilhota de Langerhans; 2= vaso sanguíneo (ampliação original X 40)
Fig 5 Ácino pancreático de camundongo ob/ob sedentário. Presença de raros linfócitos (seta) em tecido frouxo periacinar. (ampliação original X 40)
43
Fig 6: Pâncreas de camundongo ob/ob treinado com gordura visceral adjacente (seta) ao parênquima pancreático sem sinais de infiltração lobular. (ampliação original X 5)
Fig 7: Visão panorâmica do pâncreas de camundongo ob/ob sedentário com morfologia e tecido preservados. (ampliação original X 20)
44
Fig 8: Histologia hepática de camundongos ob/ob. A e B: Histologia hepática de animais sedentários (Escala de 100 µm). C e D: Histologia hepática de animais treinados (Escala de 100 µm)
45
4.5 – Expressão genica:
4.5.1 – No tecido hepático:
Em relação a expressão gênica no tecido hepático, para os genes
relacionados com a resistência à insulina (Fig 9), foram observadas diferenças
significativas para o gene GLUT-2 (1.5±0.6 VS 0.7±0.3), e em relação aos genes
relacionados com inflamação foram encontradas diferenças signficativas para IL-
6 (1.1(0.3–1.9) VS 3.6 (0.7–5.3)) e IL-10 (0.7 (0.2–2.7) VS 1.3 (0.6–3.6)). Para
os outros genes do estudo, não foram observadas diferenças significativas.
IR S 2
F íg a d o
Un
ida
de
s A
rb
itrá
ria
s
SE
D TF
0 .0
0 .5
1 .0
1 .5
2 .0
2 .5
S E D
T F
p = 0 .0 8 1 9
G L U T 2
F íg a d o
Un
ida
de
s A
rb
itrá
ria
s
SE
D TF
0 .0
0 .5
1 .0
1 .5
2 .0
2 .5
S E D
T F
p = 0 .0 3 3 6
*
Fig 9: Gráfico de comparação entre os animais sedentários e treinados frente as análises de resistência à insulina no tecido hepático
46
T N F -a
F íg a d o
Un
ida
de
s A
rb
itrá
ria
s
SE
D
TF
0
2
4
6
8
S E D
T F
p = 0 .6 4 2 9
IL -6
F íg a d o
Un
ida
de
s A
rb
itrá
ria
s
SE
D TF
0
2
4
6
S E D
T F
p = 0 .0 1 4 0
*
IL -10
F íg a d o
Un
ida
de
s A
rb
itrá
ria
s
SE
D TF
0
1
2
3
4
S E D
T F
p = 0 .0 3 5 5
*
Fig 10: Gráfico de comparação entre os animais sedentários e treinados referente as análises de expressão gênica de inflamação no tecido hepático
47
4.5.2 – No tecido pancreático:
No pâncreas, para os genes relacionados com a resistência à insulina
foram encontradas diferenças significativas para IRS-2 (0.3 (0.1–0.9) VS 1.7
(0.7–5.2)) e GLUT-2 (0.5±0.3 VS 1.8±1.3). Para os genes relacionados com a
resposta inflamatória, foram encontradas diferenças significativas para IL-6 (0.07
(0.04–0.10) VS 3.1 (0.9–3.9)) e IL-10 (0.7 (0.4–1.7) VS 6.1 (1.1–14.3)). Não
foram observadas diferenças significativas para análise de TNF-a.
IR S 2
P â n c re a s
Un
ida
de
s A
rb
itrá
ria
s
SE
D TF
0
2
4
6
S E D
T F
p = 0 .0 0 4 1
**
G L U T 2
P â n c re a s
Un
ida
de
s A
rb
itrá
ria
s
SE
D TF
0
1
2
3
4
5
S E D
T F
p = 0 .0 3 1 4
*
Fig 11: Gráfico de comparação dos grupos de estudo frente as análises de expressão gênica referentes à resistência insulínica no tecido pancreático
48
‘
T N F -a
P â n c re a s
Un
ida
de
s A
rb
itrá
ria
s
SE
D TF
0
2
4
6
8
1 0
S E D
T F
p = 0 .8 1 3 5
IL -6
P â n c re a s
Un
ida
de
s A
rb
itrá
ria
s
SE
D TF
0
1
2
3
4
5
S E D
T F
p = 0 .0 0 2 2
**
IL - 10
P â n c re a s
Un
ida
de
s A
rb
itrá
ria
s
SE
D
TF
0
5
1 0
1 5
2 0
S E D
T F
p = 0 .0 0 8 7
**
Fig 12: Gráfico de comparação dos grupos de estudo frente as análises de expressão gênica referentes à inflamação no tecido pancreático
49
DISCUSSÃO
50
5.0 – DISCUSSÃO:
O exercício físico tem sido empregado como uma das principais estratégias
profiláticas e terapêuticas no tratamento de diversos agravos a saúde e também
no tratamento e prevenção de doenças crônicas. Em muitos casos, o
treinamento físico pode incrementar o limiar de tolerância fisiológica além das
variáveis ligadas ao treinamento como melhoria da aptidão cardiorrespiratória,
aumento da velocidade pico e maior tolerância ao esforço físico. Além disso, o
treinamento físico é capaz de modular a dinâmica dos ácidos graxos intra e
extracelulares que são utilizados na produção de energia de acordo com o
estado nutricional e a aptidão física do praticante, além da intensidade e duração
do exercício. A quantidade de ácido graxo usada durante o exercício leve ou
moderado aumenta exponencialmente quando comparado em condições de
repouso [44 45]. Portanto, o exercício físico é uma ferramenta importante para o
controle e redução de peso corporal e tecido adiposo. No presente estudo, o
treinamento físico atenuou a evolução no ganho de peso corporal dos animais
treinados a partir da 3ª semana mostrando um importante impacto metabólico
nestes animais. Além disso, ao final do protocolo, os animais sedentários
apresentaram um percentual de 35% de ganho de peso enquanto os animais
treinados apresentaram um percentual de 26%, ou seja, uma diferença na
evolução do ganho de peso de 9%, mostrando que o treinamento físico é capaz
de estabilizar o ganho de peso em camundongos ob/ob.
Em um estudo realizado por Evangelista et al. [33] foi observado que o
treinamento físico foi capaz de melhorar aspectos relacionados ao controle de
peso corporal e equilíbrio energético em camundongos ob/ob, mostrando que os
animais treinados obtiveram um aumento no ganho de peso de 23% enquanto
os animais sedentários 41%. Em estudos realizados anteriormente pelo grupo,
foi observado que o treinamento físico foi capaz de controlar o ganho de peso
corporal em camundongos selvagens e em animais alimentados com dietas de
lanchonetes e com alto teor de gordura [46 47].
Gollisch et al. [48] mostraram em seu estudo que o exercício físico foi capaz
de melhorar a resistência à insulina, causar mudanças positivas no metabolismo
de lipídios e gerar uma maior tolerância ao esforço físico. Além disso, este
51
estudo, fornece novos dados e perspectivas sobre as respostas da gordura
subcutânea e visceral para dieta rica em gordura e treinamento físico neste
modelo animal, e que a obesidade induzida por dieta hiperlipídica e a resistência
à insulina podem ocorrer sem inflamação detectável.
Embora as reduções no ganho de peso corporal possam melhorar a
qualidade de vida e prevenir o desenvolvimento de complicações relacionadas à
obesidade, como resistência à insulina, diabetes tipo 2 e hipertensão, Broderick
et al. [49] mostraram que houve atenuação no ganho de peso corporal.
Entretanto, a atividade física voluntária não resultou na ativação do sistema
cardioprotetor peptídeo natriurético de ocitocina cardíaca (OT-NP) no modelo
ob/ob de obesidade e camundongos db/db, predispondo a fatores de risco para
doença cardiovascular. No entanto, este resultado é questionável, pois durante
o protocolo de exercício, os camundongos ob/ob, apesar de atingirem a
recomendação mínima de tempo exigida pelo American College of Sports
Medicine (ACSM) [50-52] , não foi possível verificar em que intensidade estes
animais atingiam durante as sessões diárias.
A diferença entre o consumo de energia e gasto energético são fatores
determinantes para o controle do peso corporal, e que quando há uma exposição
ao exercício físico de forma contínua, o organismo começa a responder de
maneira a obter mais energia com a finalidade de compensar os gastos
energéticos, visando a manutenção do metabolismo do praticante [53 54].
Portanto, é esperado observar um aumento compensatório na ingestão de
alimentos [55]. Além disso, os camudongos ob/ob são conhecidos pela sua
deficiência na produção de leptina funcional, consequentemente, levando ao
desenvolvimento acelerado da obesidade, aumento no consumo alimentar
(hiperfagia), hiperglicemia e hiperinsulinemia [56 57]. Em relação ao consumo
médio de água e ração por animal, esperávamos encontrar um aumento no
consumo alimentar dos animais submetidos ao treinamento físico, no entanto, foi
visto que os animais treinados obtiveram valores significativamente menores em
comparação aos animais sedentários. Uma das possíveis explicações para este
fenômeno pode ser o impacto que o exercício físico contínuo causa nos
processos fisiológicos. Como o exercício produz ajustes no fluxo sanguíneo, na
resposta hormonal gastrointestinal, no esvaziamento gástrico, no metabolismo
52
celular muscular, na bioquímica do tecido adiposo e na atividade cerebral, esta
mudança pode ter causado uma interferência em alguns dos mecanismos
envolvidos no controle do apetite [58 59]. Além disso, acreditamos que o
exercício físico, pode ter causado mudanças positivas na produção de leptina
funcional, gerando um menor consumo alimentar devido a esta melhoria. No
entanto, mais estudos são necessários para confirmar tal hipótese, pois os
mecanismos entre a prática regular de exercício físico, produção e manutenção
de leptina ainda não estão bem elucidados.
Em relação à velocidade pico, distância percorrida e tempo de tolerância
ao esforço, esperávamos encontrar uma diferença significativa no momento pré
treinamento do grupo sedentário em comparação ao momento pós treinamento
do grupo treinado. Apesar de não ter sido encontrado tais diferenças
significativas, a média de valores dos animais treinados para estas variáveis
foram maiores em relação aos sedentários, e que os animais do grupo sedentário
tiveram um decréscimo em relação ao teste de esforço físico. Baseado neste
resultado, podemos afirmar que o comportamento sedentário causa um
descréscimo em relação a velocidade pico, distância percorrida e tempo de
tolerância ao esforço, contribuindo para a progressão e gravidade da doença,
além de baixa aptidão cardiovascular, que por sua vez apresenta uma alta
prevalência em pacientes acometidos por esta doença [60]. Apesar de não terem
sido encontradas diferenças significativas do momento pré e pós treinamento no
grupo treinado, recomenda-se que a prática regular de exercício físico seja
encorajada para a população acometida pela DHGNA.
Sabe-se que o excesso de tecido adiposo visceral e hepático está
independentemente associado ao risco cardiometabólico, além de serem fatores
agravantes não só em relação a parâmetros da doença, mas tambem o
comprometimento da atividade de outros órgãos. Devido a alta variabilidade no
que diz respeito ao que se chama de histórico natural da DHGNA e apesar dos
avanços tecnológicos na área clínica contribuirem para um melhor tratamento da
doença, não há uma metodologia precisa para a prevenção das condições mais
severas como EHNA, fibrose, cirrose e carcinoma hepatocelular (CHC). A perda
de peso através de modificações no estilo de vida pode reduzir tanto o tecido
adiposo visceral como a gordura do fígado, mas a perda de peso de 5 a 15% é
53
desejável para reduções clinicamente significativas no tecido adiposo visceral
[50] e para melhorias histológicas no fígado (65% de melhoria na pontuação do
NAS com perda de peso > 10%) [61 62]. Em nosso estudo, acreditamos que a
não visualização de diferenças significativas para as análises de histologia
hepática e pancreática entre os grupos, foi devido ao fato destes animais não
apresentarem perdas de peso ao longo do protocolo de treinamento físico, sendo
observado apenas a atenuação de peso corporal dos animais treinados. É
necessário mais estudos relacionando o comportamento de diferentes
intensidades, duração e volume do treinamento físico com aspectos ligados a
histologia destes órgãos, visto que este campo de pesquisa, não está
completamente elucidado. Os camundongos ob/ob, apresentam um fenótipo da
obesidade bastante agressivo no que diz respeito as características físicas e
histológicas, sendo difícil de observar perdas de peso significativas, no entanto,
alguns estudos apontam que apesar de não haver perdas de peso através do
exercício físico, é possivel observar efeitos positivos em características da
DHGNA [63-65]. Apesar dos animais do grupo treinado apresentarem mudanças
positivas nas variáveis de treinamento físico, em relação à histologia hepática,
não foram observadas diferenças significativas entre os grupos de estudo, sendo
os resultados encontrados semelhantes em todas as variáveis analisadas, ou
seja, em nosso estudo, 8 semanas de treinamento físico aeróbio em intensidade
moderada não foi capaz de atenuar os escores histológicos do fígado, em
camundongos ob/ob treinados.
Em relação histologia pancreática, devido à ausência de um escore
específico para este órgão, o grupo realizou uma tabela descritiva dos dados
analisados visto que os estudos envolvendo a infiltração de gordura pancreática
e aspectos da DHGNA, são escassos. Além disso, trata-se de uma área
relativamente nova, se comparada com o campo de investigação das doenças
hepáticas. Um estudo realizado por Mathur et al. [66] comparou as diferenças
entre as características pancreáticas de camundongos ob/ob e seu simliar
C57BL/6J (modelo magro). Nos resultados histopatológicos, apesar de não ter
sido encontrada diferenças significativas para as análises de gordura interlobular
e outros aspectos, foi visto que os animais obesos apresentaram maiores valores
no conteúdo de gordura pancreática. Baseado nos achados de Mathur e de Van
54
Geenen [42 66], esperávamos encontrar características semelhantes em nosso
estudo, no entanto, tanto os animais sedentários quanto os animais treinados
apresentaram valores semelhantes. Além disso, estudos com intervenções
ligadas a prática regular de atividade fisica e exercício físico relacionados com
histologia pancreática são escassos. Mais estudos investigativos são
necessários para melhor compreensão da infiltração de gordura pancreática e
sua relação com a DHGNA, neste modelo animal.
Sabe-se que tanto a resistência à insulina, quanto a inflamação são
elementos chave para a progressão da DHGNA e surgimento da EHNA. A
insulina possui um papel importante na regulação da homeostase de glicose em
vários níveis, reduzindo a produção hepática de glicose (via diminuição da
gliconeogênese e glicogenólise) e aumentando a captação periférica de glicose,
principalmente nos tecidos muscular e adiposo. Geralmente as membranas
celulares não são permeáveis a glicose, com isso, é necessário que haja
estruturas especializadas no transporte deste substrato para dentro da célula,
sendo denominado de transportadores de glicose (GLUT’s). O GLUT-2 é
expresso predominantemente no fígado, rim e pâncreas e desempenha um
papel importante na homeostase da glicose [67 68]. A insulina é secretada pelas
células-beta pancreáticas em resposta a níveis aumentados de glicose na
circulação sanguínea, sendo transportada para as células β através deste
transportador. Portanto, o GLUT-2 pode ser usado como um marcador para
avaliar a eficiência da atividade de glicose, e a diminuição da expressão está
associada à disfunção secretora de células β [69]. Sabe-se que quando há uma
exposição ao treinamento físico, independente de modalidade, há uma melhoria
nos aspectos relacionados a este hormônio [70]. De fato, nosso grupo encontrou
diferenças significativas na expressão dos genes IRS-2 e GLUT-2 no pâncreas,
ou seja, a exposição ao exercício físico foi capaz de aumentar a expressão de
tais genes, gerando melhorias tanto nos receptores quanto na captação e
utilização da glicose.
Por outro lado, o aumento na expressão de IRS-2 e GLUT-2 no fígado,
podem ter significados diferentes quando comparados ao pâncreas. Foi relatado
em estudos com ratos que a expressão de GLUT-2 é aumentada em resposta à
hiperglicemia [71 72] ] e diminuída pela hiperinsulinemia [73]. Em ratos Wistar
55
com diabetes, foi observado um aumento do RNAm do GLUT2 hepático, e esta
alteração era restaurada pela correção da glicemia por florizina, vanádio ou
insulina [74 75]. Outros estudos realizados em fígado de ratos, mostraram que a
proteína e o RNAm do GLUT-2 aumentaram 1,6 e 2 vezes, respectivamente,
após 3 semanas de diabetes [76 77] sendo este quadro revertido quando os
animais eram expostos ao tratamento com insulina por 5 dias apresentando
níveis de do gene semelhantes a animais não diabéticos [77].
Em um estudo realizado por Silva et al. 2011 [76], após 20 dias de
tratamento com aloxana, os ratos Wistar mostraram um ganho de peso inferior
ao grupo controle, o que está relacionado ao quadro catabólico decorrente da
hipoinsulinemia. No tecido hepático, o diabetes também promoveu aumento da
expressão do GLUT-2, sendo este quadro revertido com a administração de
insulina. Em nosso estudo, o grupo treinado apresentou menores valores da
expressão de GLUT-2 em comparação ao grupo sedentário, resultando em
valores de expressão deste gene semelhantes a condições de não diabetes.
Além disso, tais resultados corroboram com os achados de Silva et al.,
mostrando que a prática regular de exercício físico, apesar de não ter
apresentado melhorias significativas na histologia hepática, atua neste órgão
com o mesmo efeito da insulina sintética, contribuindo, a longo prazo para
melhorias em aspectos da DHGNA tanto no fígado quanto no pâncreas.
O exercício regular tem sido considerado uma poderosa ferramenta anti-
inflamatória quando realizado em intensidades controladas [78 79]. Na DHGNA,
a prática regular do exercício físico está associada à redução de citocinas pró-
inflamatórias, adipocinas e outros marcadores relacionados a lesões hepáticas
[80 81] , sendo observado um crescimento relevante no campo de investigações
acerca da inflamação e exercício físico na última década [82]. O treinamento
físico de intensidade moderada a alta induz a ativação de vias anti-inflamatórias
através de vários mecanismos, incluindo a supressão de citocinas pró-
inflamatórias [83], melhoria do estado anti-inflamatório do endotélio [84], e
melhorias na expressão de toll-like receptors (TLR’s) [85]. Os efeitos anti-
inflamatórios do exercício não são apenas mediados pela redução da gordura
visceral, mas também pela indução da cascata anti-inflamatória após cada
sessão de exercício [86 87].
56
A IL-6 é uma importante citocina pró-inflamatória secretada pelos
adipócitos sendo o tecido adiposo branco, o principal contribuinte com os níveis
circulantes desta citocina e está associada a condições como obesidade,
resistência à insulina, e um fator preditivo para diabetes mellitus tipo ll. No fígado
esta citocina apresenta um papel protetor, sendo capaz de suprimir a reação de
estresse oxidativo e prevenir a disfunção mitocondrial. No entanto, uma
exposição prolongada à IL-6 pode sensibilizar o fígado a lesões e contribuir para
a inflamação [88]. Os níveis circulantes de IL-6 estão aumentados em pacientes
com DHGNA comparados aos grupos controle, e níveis elevados de IL-6 estão
associados aos achados histopatológicos avançados [88]. Dessa forma, a IL-6
pode ser útil como único biomarcador não invasivo para distinguir a EHNA de
esteatose simples.
Durante o exercício físico, a IL-6 é uma das primeiras citocinas detectáveis
liberada através da contração muscular e liberada na corrente sanguínea. A IL-
6 derivada desta contração muscular aumenta a medida que o indivíduo é
exposto ao exercício de maneira frequente ou por longos períodos de tempo, no
entanto, a grande diferença entre a endotoxemia e a produção de citocinas
induzida pelo exercício é a ausência no aumento de outras citocinas como TNF-
a e IL-1b. Tal fenômeno foi observado no estudo de Starkie et al. [89] em que foi
administrado uma dose de E. coli para induzir um aumento nas concentrações
plasmáticas de TNF-a em indivíduos saudáveis, que foram randomizados para
repouso ou exercício antes a administração desta endotoxina. Em seus
resultados, a endotoxina foi responsável pelo aumento nos níveis circulantes de
TNF-a. No entanto, os participantes do grupo exercício conseguiram diminuir
totalmente os níveis de TNF-a, mostrando que os efeitos da prática regular de
exercício físico foram semelhantes ao tratamento com infusão de IL-6 para
supressão de TNF-a induzida por endotoxina.
O treinamento físico regular reduz a produção basal de IL-6, bem como a
magnitude da resposta aguda à IL-6, equilibrando vários estímulos potenciais da
IL-6. Portanto, é possível afirmar que uma das adaptações ao exercício físico
seria a redução na produção basal desta citocina, bem como a magnitude da
resposta aguda à IL-6 [90]. Além disso, enquanto que as concentrações
plasmáticas de IL-6 diminuem com a adaptação ao treinamento físico, os níveis
57
de expressão do seu receptor parecem estar aumentado, sugerindo que a
sinalização de IL-6 pode ser aumentada em indivíduos treinados [91]. Em nosso
estudo, os resultados encontrados para IL-6 em ambos os órgãos estavam
aumentados em comparação aos animais sedentários. Acreditamos que este
aumento foi devido a exposição ao exercício físico. Além disso, os resultados
encontrados de TNF-a dos animais treinados, em ambos os órgãos, foram
menores em relação aos sedentários, apesar de não terem sidos evidenciadas
diferenças signifcativas. Acreditamos que o aumento na expressão de IL-6 foi
responsável por estimular a atividade de IL-10, que por sua vez, é capaz de inibir
a produção exarcebada de TNF-a circulante. No entanto, esta hipótese não pode
ser comprovada por não ter sido objetivo do presente estudo. Além disso, não
foram realizadas dosagens de IL-6 no momento pré exercício para verificar se
houve alguma diferença antes e após a exposição ao porotoclo de treinamento,
portanto, não sabemos ao certo se este aumento no grupo treinado se deve ao
fato da exposição ao exercício físico ou aos achados histopatológicos destes
animais.
A IL-10 é uma citocina imunomoduladora potente cujo papel na DHGNA
não foi completamente elucidado [92 93]. Em camundongos exibindo doença
hepática gordurosa induzida por dieta, a inibição seletiva de IL-10 foi associada
com lipogênese aumentada, bem como aumento na expressão de TNF-a e
comprometimento da sensibilidade à insulina no fígado [94]. Além disso, estudos
adicionais em roedores alimentados com dieta hiperlipídica demonstraram que
a presença de DHGNA e hiperglicemia é acompanhada por baixos níveis
sistêmicos de IL-10, o que levou a propor que a IL-10 pode ter a capacidade de
prevenir a esteatose hepática e outras anormalidades metabólicas [95].
Estudos apontam efeitos benéficos da prática regular de exercício físico em
parâmetros não só da DHGNA mas também de doenças crônicas não
transmissíveis. No estudo de Batista et a. [96], a IL-10 parece responder de
maneira positiva à prática regular do exercício físico aeróbio, podendo atuar
como fator central na atenuação e/ou modulação da resposta inflamatória. Além
do aumento local na produção de IL-10, esse efeito poderia ter impacto
sistêmico, reduzindo, ou até mesmo evitando, o aumento de citocinas pró-
inflamatórias, como TNF-a, condição que, no caso da DHGNA está relacionada
58
à maior severidade dessa doença. Speretta et al. [97] avaliou o efeito de oito
semanas de treinamento de força de alta intensidade/curta duração e do
treinamento aeróbio de moderada intensidade/longa duração sobre a expressão
gênica de TNF-a e IL-10, e perfil lipídico. Independente de modalidade de
exercício, os animais submetidos ao treinamento físico apresentaram melhorias
significativas tanto na expressão de TNF-a, IL-10, além de melhorias no perfil
lipídico e conteúdo de gordura visceral em seus diferentes compartimentos. Tais
achados reforçam a ideia que a prática regular de exercício físico gera potenciais
benefícios no controle e manutenção não apenas do perfil lipídico, mas também
na melhoria da expressão de IL-10 e inibição na expressão de TNF-a.
Em nosso estudo, os animais treinados apresentaram níveis de expressão
de IL-10 maiores em comparação aos sedentários, corroborando com os
achados de Batista e Speretta. Além disso, os animais treinados apresentaram
menores valores na expressão de TNF-a em comparação ao grupo sedentário,
apesar de não ter sido evidenciado diferenças significativas. Baseado nos
achados da literatura, acreditamos que tal resultado poder ter sido influenciado
pela melhoria da citocina IL-10, visto que possui um papel importante na inibição
e controle da expressão de citocinas pró-inflamatórias. A partir dos resultados
encontrados em nosso estudo e nos achados da literatura, é possível afirmar
que o protocolo de treinamento físico aeróbio gerou efeitos positivos na resposta
anti-inflamatória, principalmente no pâncreas de animais ob/ob treinados e
consequentemente, a melhoria na expressão de IL-10 nestes animais também
favoreceu para a melhoria e manutenção da sensibilidade à insulina, visto que
esta citocina apresenta forte relação com tal fenômeno.
59
CONCLUSÃO
60
6.0 – CONCLUSÃO:
Na condição em que o estudo foi realizado, podemos concluir que:
• O protocolo de treinamento físico aeróbio realizado por 8 semanas foi
capaz de promover modificações positivas nos genes IRS-2 e GLUT-2
tanto no fígado quanto no pâncreas, além de melhorias na expressão de
citocinas anti-inflamatórias, conferindo um fator protetor em ambos os
órgãos.
• O estudo também mostrou que através deste protocolo, houve atenuação
no ganho de peso corporal de camundongos obesos, melhorias no
consumo alimentar e aumento da tolerância ao exercício físico.
• Quanto às características histopatológicas, não foi possível observar
diminuição nos escores para fígado enquanto que no pâncreas, apesar
de não ter sido evidenciada diferenças estatísticas, os camundongos
submetidos ao protocolo de treinamento aeróbio apresentaram menores
valores histológicos, principalmente em aspectos de infiltrado inflamatório.
61
REFERÊNCIAS
62
Referências Bibliográficas: 1. Townsend S, Newsome PN. Non-alcoholic fatty liver disease in 2016. British medical bulletin. 2016;119(1):143. 2. Kotronen A, Juurinen L, Tiikkainen M, Vehkavaara S, Yki–Järvinen H. Increased liver fat, impaired insulin clearance, and hepatic and adipose tissue insulin resistance in type 2 diabetes. Gastroenterology. 2008;135(1):122-30. 3. Bellentani S. The epidemiology of non‐alcoholic fatty liver disease. Liver international. 2017;37:81-4. 4. Younossi ZM. Nonalcoholic fatty liver disease and nonalcoholic steatohepatitis: Implications for liver transplantation. Liver Transplantation. 2018;24(2):166-70. 5. Chalasani N, Younossi Z, Lavine JE, Charlton M, Cusi K, Rinella M, et al. The diagnosis and management of nonalcoholic fatty liver disease: practice guidance from the American Association for the Study of Liver Diseases. Hepatology. 2018;67(1):328-57. 6. Kallwitz ER, Daviglus ML, Allison MA, Emory KT, Zhao L, Kuniholm MH, et al. Prevalence of suspected nonalcoholic fatty liver disease in Hispanic/Latino individuals differs by heritage. Clinical Gastroenterology and Hepatology. 2015;13(3):569-76. 7. Wong RJ, Aguilar M, Cheung R, Perumpail RB, Harrison SA, Younossi ZM, et al. Nonalcoholic steatohepatitis is the second leading etiology of liver disease among adults awaiting liver transplantation in the United States. Gastroenterology. 2015;148(3):547-55. 8. Day CP, James OF. Steatohepatitis: a tale of two “hits”? : Elsevier; 1998. 9. Tilg H, Moschen AR. Insulin resistance, inflammation, and non-alcoholic fatty liver disease. Trends in Endocrinology & Metabolism. 2008;19(10):371-9. 10. Torres DM, Harrison SA, editors. Nonalcoholic steatohepatitis and noncirrhotic hepatocellular carcinoma: fertile soil. Seminars in liver disease; 2012: Thieme Medical Publishers. 11. Gaggini M, Morelli M, Buzzigoli E, DeFronzo RA, Bugianesi E, Gastaldelli A. Non-alcoholic fatty liver disease (NAFLD) and its connection with insulin resistance, dyslipidemia, atherosclerosis and coronary heart disease. Nutrients. 2013;5(5):1544-60. 12. Haas JT, Francque S, Staels B. Pathophysiology and mechanisms of nonalcoholic fatty liver disease. Annual review of physiology. 2016;78:181-205. 13. Krssak M, Brehm A, Bernroider E, Anderwald C, Nowotny P, Dalla Man C, et al. Alterations in postprandial hepatic glycogen metabolism in type 2 diabetes. Diabetes. 2004;53(12):3048-56. 14. Lomonaco R, Bril F, Portillo-Sanchez P, Ortiz-Lopez C, Orsak B, Biernacki D, et al. Metabolic impact of nonalcoholic steatohepatitis in obese patients with type 2 diabetes. Diabetes care. 2016;39(4):632-8. 15. Utzschneider KM, Van de Lagemaat A, Faulenbach MV, Goedecke JH, Carr DB, Boyko EJ, et al. Insulin Resistance Is the Best Predictor of the Metabolic Syndrome in Subjects with a First‐Degree Relative with Type 2 Diabetes. Obesity. 2010;18(9):1781-7. 16. Johnson AM, Olefsky JM. The origins and drivers of insulin resistance. Cell. 2013;152(4):673-84.
63
17. Tilg H, Moschen AR. Inflammatory mechanisms in the regulation of insulin resistance. Molecular medicine. 2008;14(3):222-31. 18. Moller DE, Kaufman KD. Metabolic syndrome: a clinical and molecular perspective. Annu Rev Med. 2005;56:45-62. 19. Moschen AR, Kaser S, Tilg H. Non-alcoholic steatohepatitis: a microbiota-driven disease. Trends in Endocrinology & Metabolism. 2013;24(11):537-45. 20. Lu M, Wan M, Leavens KF, Chu Q, Monks BR, Fernandez S, et al. Insulin regulates liver metabolism in vivo in the absence of hepatic Akt and Foxo1. Nature medicine. 2012;18(3):388. 21. Perry RJ, Camporez J-PG, Kursawe R, Titchenell PM, Zhang D, Perry CJ, et al. Hepatic acetyl CoA links adipose tissue inflammation to hepatic insulin resistance and type 2 diabetes. Cell. 2015;160(4):745-58. 22. Roden M. Mechanisms of disease: hepatic steatosis in type 2 diabetes—pathogenesis and clinical relevance. Nature Reviews Endocrinology. 2006;2(6):335. 23. Kumashiro N, Erion DM, Zhang D, Kahn M, Beddow SA, Chu X, et al. Cellular mechanism of insulin resistance in nonalcoholic fatty liver disease. Proceedings of the National Academy of Sciences. 2011;108(39):16381-5. 24. Lee JS, Kim SH, Jun DW, Han JH, Jang EC, Park JY, et al. Clinical implications of fatty pancreas: correlations between fatty pancreas and metabolic syndrome. World journal of gastroenterology: WJG. 2009;15(15):1869. 25. Wang CY, Ou HY, Chen MF, Chang TC, Chang CJ. Enigmatic Ectopic Fat: Prevalence of Nonalcoholic Fatty Pancreas Disease and Its Associated Factors in a C hinese Population. Journal of the American Heart Association. 2014;3(1):e000297. 26. Hori M, Takahashi M, Hiraoka N, Yamaji T, Mutoh M, Ishigamori R, et al. Association of pancreatic fatty infiltration with pancreatic ductal adenocarcinoma. Clinical and translational gastroenterology. 2014;5(3):e53. 27. Ou H-Y, Wang C-Y, Yang Y-C, Chen M-F, Chang C-J. The association between nonalcoholic fatty pancreas disease and diabetes. PloS one. 2013;8(5):e62561. 28. Zhang X, Cui Y, Fang L, Li F. Chronic high-fat diets induce oxide injuries and fibrogenesis of pancreatic cells in rats. Pancreas. 2008;37(3):e31-e8. 29. Fernandes-Santos C, Carneiro RE, de Souza Mendonca L, Águila MB, Mandarim-de-Lacerda CA. Rosiglitazone aggravates nonalcoholic Fatty pancreatic disease in C57BL/6 mice fed high-fat and high-sucrose diet. Pancreas. 2009;38(3):e80-e6. 30. Fraulob JC, Ogg-Diamantino R, Fernandes-Santos C, Aguila MB, Mandarim-de-Lacerda CA. A mouse model of metabolic syndrome: insulin resistance, fatty liver and non-alcoholic fatty pancreas disease (NAFPD) in C57BL/6 mice fed a high fat diet. Journal of clinical biochemistry and nutrition. 2010:1004080019-. 31. Pinnick KE, Collins SC, Londos C, Gauguier D, Clark A, Fielding BA. Pancreatic ectopic fat is characterized by adipocyte infiltration and altered lipid composition. Obesity. 2008;16(3):522-30. 32. Romero-Gómez M, Zelber-Sagi S, Trenell M. Treatment of NAFLD with diet, physical activity and exercise. Journal of hepatology. 2017;67(4):829-46. 33. Evangelista FS, Muller CR, Stefano JT, Torres MM, Muntanelli BR, Simon D, et al. Physical training improves body weight and energy balance but does not
64
protect against hepatic steatosis in obese mice. International journal of clinical and experimental medicine. 2015;8(7):10911. 34. Rector RS, Thyfault JP, Morris RT, Laye MJ, Borengasser SJ, Booth FW, et al. Daily exercise increases hepatic fatty acid oxidation and prevents steatosis in Otsuka Long-Evans Tokushima Fatty rats. American Journal of Physiology-Gastrointestinal and Liver Physiology. 2008;294(3):G619-G26. 35. Garthwaite T, Martinson D, Tseng L, Hagen T, Menahan L. A longitudinal hormonal profile of the genetically obese mouse. Endocrinology. 1980;107(3):671-6. 36. Mayer J, Andrus S, SILIDES DJ. Effect of diethyldithiocarbamate and other agents on mice with the obesehyperglycemic syndrome. Endocrinology. 1953;53(5):572-81. 37. Haczeyni F, Barn V, Mridha AR, Yeh MM, Estevez E, Febbraio MA, et al. Exercise improves adipose function and inflammation and ameliorates fatty liver disease in obese diabetic mice. Obesity. 2015;23(9):1845-55. 38. Ferreira JC, Rolim NP, Bartholomeu JB, Gobatto CA, Kokubun E, Brum PC. Maximal lactate steady state in running mice: effect of exercise training. Clinical and Experimental Pharmacology and Physiology. 2007;34(8):760-5. 39. Ashworth W. A computational model of hepatic energy metabolism: Understanding the role of zonation in the development and treatment of non-alcoholic fatty liver disease (NAFLD): UCL (University College London); 2017. 40. Bedossa P. Pathology of non‐alcoholic fatty liver disease. Liver International. 2017;37:85-9. 41. Liang W, Menke AL, Driessen A, Koek GH, Lindeman JH, Stoop R, et al. Establishment of a general NAFLD scoring system for rodent models and comparison to human liver pathology. PloS one. 2014;9(12):e115922. 42. van Geenen E-JM, Smits MM, Schreuder TC, van der Peet DL, Bloemena E, Mulder CJ. Nonalcoholic fatty liver disease is related to nonalcoholic fatty pancreas disease. Pancreas. 2010;39(8):1185-90. 43. Livak KJ, Schmittgen TD. Analysis of relative gene expression data using real-time quantitative PCR and the 2− ΔΔCT method. methods. 2001;25(4):402-8. 44. Gonçalves IO, Oliveira PJ, Ascensão A, Magalhães J. Exercise as a therapeutic tool to prevent mitochondrial degeneration in nonalcoholic steatohepatitis. European journal of clinical investigation. 2013;43(11):1184-94. 45. Higa TS, Bergamo FC, Mazzucatto F, Fonseca-Alaniz MH, Evangelista F. Physical training prevents body weight gain but does not modify adipose tissue gene expression. Brazilian Journal of Medical and Biological Research. 2012;45(10):988-94. 46. Higa TS, Spinola AV, Fonseca-Alaniz MH, Evangelista F. Remodeling of white adipose tissue metabolism by physical training prevents insulin resistance. Life sciences. 2014;103(1):41-8. 47. Vieira VJ, Valentine RJ, Wilund KR, Antao N, Baynard T, Woods JA. Effects of exercise and low-fat diet on adipose tissue inflammation and metabolic complications in obese mice. American journal of physiology-endocrinology and metabolism. 2009;296(5):E1164-E71. 48. Gollisch KS, Brandauer J, Jessen N, Toyoda T, Nayer A, Hirshman MF, et al. Effects of exercise training on subcutaneous and visceral adipose tissue in normal-and high-fat diet-fed rats. American Journal of Physiology-Endocrinology and Metabolism. 2009;297(2):E495-E504.
65
49. Broderick TL, Wang D, Jankowski M, Gutkowska J. Unexpected effects of voluntary exercise training on natriuretic peptide and receptor mRNA expression in the ob/ob mouse heart. Regulatory peptides. 2014;188:52-9. 50. Ratziu V. Non‐pharmacological interventions in non‐alcoholic fatty liver disease patients. Liver International. 2017;37:90-6. 51. Riebe D, Franklin BA, Thompson PD, Garber CE, Whitfield GP, Magal M, et al. Updating ACSM's recommendations for exercise preparticipation health screening. 2015. 52. Zhang H-J, He J, Pan L-L, Ma Z-M, Han C-K, Chen C-S, et al. Effects of moderate and vigorous exercise on nonalcoholic fatty liver disease: a randomized clinical trial. JAMA internal medicine. 2016;176(8):1074-82. 53. Müller M, Bosy-Westphal A, Later W, Haas V, Heller M. Functional body composition: insights into the regulation of energy metabolism and some clinical applications. European journal of clinical nutrition. 2009;63(9):1045. 54. Stubbs RJ, Sepp A, Hughes DA, Johnstone AM, King N, Horgan G, et al. The effect of graded levels of exercise on energy intake and balance in free-living women. International journal of obesity. 2002;26(6):866. 55. Whybrow S, Hughes DA, Ritz P, Johnstone AM, Horgan GW, King N, et al. The effect of an incremental increase in exercise on appetite, eating behaviour and energy balance in lean men and women feeding ad libitum. British Journal of Nutrition. 2008;100(5):1109-15. 56. Lindström P. The physiology of obese-hyperglycemic mice [ob/ob mice]. The scientific world journal. 2007;7:666-85. 57. Ribeiro AC, Ceccarini G, Dupré C, Friedman JM, Pfaff DW, Mark AL. Contrasting effects of leptin on food anticipatory and total locomotor activity. PLoS One. 2011;6(8):e23364. 58. Blundell J, Gibbons C, Caudwell P, Finlayson G, Hopkins M. Appetite control and energy balance: impact of exercise. Obesity reviews. 2015;16:67-76. 59. Bouassida A, Chamari K, Zaouali M, Feki Y, Zbidi A, Tabka Z. Review on leptin and adiponectin responses and adaptations to acute and chronic exercise. British journal of sports medicine. 2010;44(9):620-30. 60. Petta S, Gastaldelli A, Rebelos E, Bugianesi E, Messa P, Miele L, et al. Pathophysiology of non alcoholic fatty liver disease. International journal of molecular sciences. 2016;17(12):2082. 61. Chaston TB, Dixon J. Factors associated with percent change in visceral versus subcutaneous abdominal fat during weight loss: findings from a systematic review. International journal of obesity. 2008;32(4):619. 62. Harrison SA, Fecht W, Brunt EM, Neuschwander‐Tetri BA. Orlistat for overweight subjects with nonalcoholic steatohepatitis: a randomized, prospective trial. Hepatology. 2009;49(1):80-6. 63. Hashida R, Kawaguchi T, Bekki M, Omoto M, Matsuse H, Nago T, et al. Aerobic vs. resistance exercise in non-alcoholic fatty liver disease: A systematic review. Journal of hepatology. 2017;66(1):142-52. 64. Johnson NA, Sachinwalla T, Walton DW, Smith K, Armstrong A, Thompson MW, et al. Aerobic exercise training reduces hepatic and visceral lipids in obese individuals without weight loss. Hepatology. 2009;50(4):1105-12. 65. Musso G, Gambino R, Cassader M, Pagano G. A meta‐analysis of randomized trials for the treatment of nonalcoholic fatty liver disease. Hepatology. 2010;52(1):79-104.
66
66. Mathur A, Marine M, Lu D, Swartz-Basile DA, Saxena R, Zyromski NJ, et al. Nonalcoholic fatty pancreas disease. HPB. 2007;9(4):312-8. 67. Kellett GL, Brot-Laroche E, Mace OJ, Leturque A. Sugar absorption in the intestine: the role of GLUT2. Annu Rev Nutr. 2008;28:35-54. 68. Mueckler M, Thorens B. The SLC2 (GLUT) family of membrane transporters. Molecular aspects of medicine. 2013;34(2-3):121-38. 69. Schuit F, Flamez D, De Vos A, Pipeleers D. Glucose-regulated gene expression maintaining the glucose-responsive state of β-cells. Diabetes. 2002;51(suppl 3):S326-S32. 70. Goodyear LJ, Kahn BB. Exercise, glucose transport, and insulin sensitivity. Annual review of medicine. 1998;49(1):235-61. 71. Kim J-w, Kim Y-k, Ahn Y-h. A mechanism of differential expression of GLUT2 in hepatocyte and pancreatic β-cell line. Experimental & molecular medicine. 1998;30(1):15. 72. Postic C, Burcelin R, Rencurel F, Pegorier J-P, Loizeau M, Girard J, et al. Evidence for a transient inhibitory effect of insulin on GLUT2 expression in the liver: studies in vivo and in vitro. Biochemical Journal. 1993;293(Pt 1):119. 73. Brichard S, Ongemba L, Henquin J-C. Oral vanadate decreases muscle insulin resistance in obese fa/fa rats. Diabetologia. 1992;35(6):522-7. 74. Burcelin R, Eddouks M, Kande J, Assan R, Girard J. Evidence that GLUT-2 mRNA and protein concentrations are decreased by hyperinsulinaemia and increased by hyperglycaemia in liver of diabetic rats. Biochemical Journal. 1992;288(Pt 2):675. 75. Oka Y, Asano T, Shibasaki Y, Lin J-L, Tsukuda K, Akanuma Y, et al. Increased liver glucose-transporter protein and mRNA in streptozocin-induced diabetic rats. Diabetes. 1990;39(4):441-6. 76. Silva AD. O diabetes altera a expressão do RNAm do GLUT2 em fígado e rim: participação dos fatores transcricionais Hepatic Nuclear Factor-(HNF-) 1a, 3b e 4a: Universidade de São Paulo; 2011. 77. Yamamoto T, Fukumoto H, Koh G, Yano H, Yasuda K, Masuda K, et al. Liver and muscle-fat type glucose transporter gene expression in obese and diabetic rats. Biochemical and biophysical research communications. 1991;175(3):995-1002. 78. Gjevestad GO, Holven KB, Ulven SM. Effects of exercise on gene expression of inflammatory markers in human peripheral blood cells: a systematic review. Current cardiovascular risk reports. 2015;9(7):34. 79. Rodriguez-Miguelez P, Fernandez-Gonzalo R, Almar M, Mejías Y, Rivas A, de Paz JA, et al. Role of Toll-like receptor 2 and 4 signaling pathways on the inflammatory response to resistance training in elderly subjects. Age. 2014;36(6):9734. 80. Guo R, Liong EC, So KF, Fung M-L, Tipoe GL. Beneficial mechanisms of aerobic exercise on hepatic lipid metabolism in non-alcoholic fatty liver disease. Hepatobiliary & Pancreatic Diseases International. 2015;14(2):139-44. 81. Peppler WT, Anderson ZG, Sutton CD, Rector RS, Wright DC. Voluntary wheel running attenuates lipopolysaccharide-induced liver inflammation in mice. American Journal of Physiology-Regulatory, Integrative and Comparative Physiology. 2016;310(10):R934-R42. 82. Gleeson M, Bishop NC, Stensel DJ, Lindley MR, Mastana SS, Nimmo MA. The anti-inflammatory effects of exercise: mechanisms and implications for the
67
prevention and treatment of disease. Nature reviews immunology. 2011;11(9):607. 83. Byrkjeland R, Nilsson BB, Westheim AS, Arnesen H, Seljeflot I. Inflammatory markers as related to disease severity in patients with chronic heart failure: limited effects of exercise training. Scandinavian journal of clinical and laboratory investigation. 2011;71(7):598-605. 84. Lamina S, Okoye CG, Dagogo TT. Therapeutic effect of an interval exercise training program in the management of erectile dysfunction in hypertensive patients. The Journal of Clinical Hypertension. 2009;11(3):125-9. 85. Mathur N, Pedersen BK. Exercise as a mean to control low-grade systemic inflammation. Mediators of inflammation. 2008;2008. 86. Prokopchuk O, Liu Y, Wang L, Wirth K, Schmidtbleicher D, Steinacker JM. Skeletal muscle IL-4, IL-4Ralpha, IL-13 and IL-13Ralpha1 expression and response to strength training. Exercise immunology review. 2007;13:67-75. 87. Tarantino G, Conca P, Pasanisi F, Ariello M, Mastrolia M, Arena A, et al. Could inflammatory markers help diagnose nonalcoholic steatohepatitis? European journal of gastroenterology & hepatology. 2009;21(5):504-11. 88. Grigorescu M, Crisan D, Radu C, Grigorescu M, Sparchez Z, Serban A. A novel pathophysiological-based panel of biomarkers for the diagnosis of nonalcoholic steatohepatitis. J Physiol pharmacol. 2012;63(4):347-53. 89. Starkie R, Ostrowski SR, Jauffred S, Febbraio M, Pedersen BK. Exercise and IL-6 infusion inhibit endotoxin-induced TNF-α production in humans. The FASEB Journal. 2003;17(8):884-6. 90. Fischer CP. Interleukin-6 in acute exercise and training: what is the biological relevance. Exerc immunol rev. 2006;12(6-33):41. 91. Pedersen BK. Anti‐inflammatory effects of exercise: role in diabetes and cardiovascular disease. European journal of clinical investigation. 2017;47(8):600-11. 92. Rabelo F, Oliveira CP, Faintuch J, Mazo DF, Lima VM, Stefano JT, et al. Pro-and anti-inflammatory cytokines in steatosis and steatohepatitis. Obesity surgery. 2010;20(7):906-12. 93. Saraiva M, O'garra A. The regulation of IL-10 production by immune cells. Nature reviews immunology. 2010;10(3):170. 94. Cintra DE, Pauli JR, Araújo EP, Moraes JC, de Souza CT, Milanski M, et al. Interleukin-10 is a protective factor against diet-induced insulin resistance in liver. Journal of hepatology. 2008;48(4):628-37. 95. Zhou D, Liang Z, Qin Q, Zhang M, Li S. Therapeutic efficacy and mechanisms of quercetin in a rat model of nonalcoholic fatty liver disease. Zhonghua gan zang bing za zhi= Zhonghua ganzangbing zazhi= Chinese journal of hepatology. 2013;21(2):134-7. 96. Batista JM, Lopes R, Seelaender M, Lopes A. Anti-inflammatory effect of physical training in heart failure: role of TNF-alpha and IL-10. Arquivos brasileiros de cardiologia. 2009;93(6):643-51, 92-700. 97. Speretta GFF, Rosante MC, Duarte FO, Leite RD, Lino ADdS, Andre RA, et al. The effects of exercise modalities on adiposity in obese rats. Clinics. 2012;67(12):1469-77.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Preparada pela Biblioteca daFaculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
©reprodução autorizada pelo autor
Responsável: Erinalva da Conceição Batista, CRB-8 6755
Silva, Lucas de Lucena Simões e Efeito do treinamento físico na doença hepáticagordurosa não alcoólica (DHGNA) em camundongosobesos : aspectos relacionados com a inflamação eresistência insulínica / Lucas de Lucena Simões eSilva. -- São Paulo, 2019. Dissertação(mestrado)--Faculdade de Medicina daUniversidade de São Paulo. Programa de Ciências em Gastroenterologia. Orientador: José Jukemura.
Descritores: 1.Fígado gorduroso 2.Exercício3.Camundongos obesos 4.Resistência à insulina5.Inflamação 6.Fígado 7.Pâncreas
USP/FM/DBD-275/19
A todos aqueles qυе dе alguma forma
estiveram е estão próximos dе mim, fazendo
esta vida valer cada vеz mais а pena.
Agradecimentos
É chegado então o momento de expressar os mais sinceros agradecimentos a
muitos e tantos adorados familiares, amigos e colegas de trabalho.
Ao meu orientador, Prof. José Jukemura, por suas orientações, pelo seu
otimismo e senso de humor para enfrentar os momentos de dificuldades durante
esta jornada e que no alto de sua sabedoria, soube ser tão humilde ao repassar
todo o seu conhecimento e que esteve comigo até a sua completa conclusão.
À Prof.ª Claudia Oliveira pela sua diferenciada visão e perspectiva com as
diferentes áreas da saúde, por me acolher em seu grupo de pesquisa quando
ainda estava na graduação e ter dedicado um pouco da sua rotina agitada para
ouvir minhas ideias, além de suas orientações e contribuições não só para o
trabalho mas também para vida.
Ao Prof. Stefano Tadeu pelas boas e descontraídas conversas durante aquelas
tardes no laboratório, além de compartilhar seus conselhos e experiências de
vida para engrandecimento profissional e principalmente pessoal.
À Prof. Márcia Kubrusly, por suas orientações e experiências de vida, além de
conselhos e experiências de laboratório, por sempre estar me motivando a
continuar em frente de cabeça erguida principalmente nos momentos de
dificuldades.
Ao meu colega de mestrado e amigo Matheus Santos, por estar no dia-a-dia na
pesquisa ao meu lado, sempre visando o sucesso profissional e pessoal.
A todos os integrantes do grupo de pesquisa em NASH da prof.ª Claudia, em
especial ao Mauro Duarte por compartilhar um pouco de sua rotina não só no
grupo mas também suas experiências na USP, reforçando ainda mais a
importância e o papel das diversas áreas da saúde no tratamento multidisciplinar.
Aos integrantes do grupo de pesquisa da EACH e em especial a Fabiana
Evangelista por dividir seus conhecimentos profissionais e vivências de
laboratório para o treinamento dos animais.
À Vilma por sua disposição e sua paciência, por sempre me atender com aquele
sorriso descontraído e alegre mesmo em momentos corridos.
A todos os professores que contribuíram diariamente com seu conhecimento e
dedicação e que foram importantes na minha jornada acadêmica.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo
apoio financeiro.
À Deus, por permitir que tudo isso acontecesse e pelo imenso prazer que é viver
amparado por suas mãos, por sua proteção e suas bênçãos.
À meus queridos pais e familiares por suas sábias lições de vida e de esperança,
sempre alimentando meus sonhos e me enchendo de amor e carinho,
depositando a confiança necessária para realizar meus sonhos.
À minha querida noiva Eline Autran por estar comigo desde o início desta jornada
sempre me dando forças e depositando suas esperanças, por me aguentar nos
momentos de raiva e angústia, por respeitar minhas vontades e necessidades
durante este processo, por sua compreensão, força de motivação e apoio moral
para a execução deste trabalho.
Há muito mais a quem agradecer. A todos aqueles que, embora não nomeados,
me brindaram com seus inestimáveis apoios em distintos momentos e por suas
presenças afetivas e inesquecíveis, o meu reconhecido e carinhoso muito
obrigado!
Todos vocês foram partes fundamentais para execução deste trabalho!
Sumário:
Lista de Abreviaturas
Lista de Símbolos
Lista de Siglas
Lista de Tabelas
Lista de Figuras
Resumo
Abstract
1.0 – INTRODUÇÃO: ....................................................................................... 19
2.0 – OBJETIVOS: ........................................................................................... 25
2.1 – Objetivo Geral: ..................................................................................... 25
2.2 – Objetivos Específicos: .......................................................................... 25
3.0 – MATERIAIS E MÉTODOS: ..................................................................... 27
3.1 – Local: ................................................................................................... 27
3.2 – Aspectos Éticos: .................................................................................. 27
3.3 – Procedimentos experimentais e delineamento do estudo:................... 27
3.3.1 – Modelo experimental: .................................................................... 27
3.3.2 – Delineamento experimental: .......................................................... 27
3.4 – Avaliações metabólicas ....................................................................... 28
3.5 – Teste de esforço físico máximo ........................................................... 28
3.6 – Protocolo de treinamento físico ........................................................... 28
3.7 – Eutanásia e Coleta de materiais para análise: ..................................... 29
3.8 – Avaliação Histológica ........................................................................... 29
3.9 – Extração do RNA Tecidual ................................................................... 30
3.10 – Quantificação e Análise da Integridade do RNA Total ....................... 31
3.11 – PCR quantitativo em tempo real (RT-qPCR): .................................... 31
3.12 – Método de análise da expressão gênica............................................ 32
3.13 – Análises Estatísticas: ......................................................................... 33
4.0 – RESULTADOS ........................................................................................ 35
4.1 – Avaliações metabólicas: ...................................................................... 35
4.2 – Teste de esforço físico máximo ........................................................... 38
4.3 – Histologia Hepática: ............................................................................. 40
4.4 – Histologia Pancreática: ........................................................................ 40
4.5 – Expressão genica: ............................................................................... 45
5.0 – DISCUSSÃO: .......................................................................................... 50
6.0 – CONCLUSÃO: ......................................................................................... 60
REFERÊNCIAS
Lista de Abreviaturas:
ad libitum à vontade
AKT Proteína quinase B
DHGNA Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica
E. coli Escherichia coli
EHNA Esteato Hepatite Não Alcoólica
et.al. e outros
EUA Estados Unidos da América
Fig Figura
foz/foz fat aussie
GLUT-2 Transportador de Glicose 2
gr Gramas
IL-10 Interleucina 10
IL-1b Interleucina 1 beta
IL-6 Interleucina 6
IRS-1 Receptor Substrato de Insulina 1
IRS-2 Receptor Substrato de Insulina 2
m Metros
máx Máximo
mín Mínimo
min Minutos
mRNA Ácido ribonucleico mensageiro
ob/ob obeso/obeso
OT-NP cardiac oxytocin natriuretic peptide
RNA Ácido Ribonucleico
SED Sedentário
seg Segundos
TF Treinados
TLR Receptores do Tipo Toll
TNF-a Fator de Necrose Tumoral alfa
Lista de Símbolos:
km/h Quilômetros por hora
% Porcentagem
mL/kg Mililitros por quilograma
µL Microlitros
® Marca Registrada
™ Trade Mark
ºC Graus Celsius
β Beta
ΔCt Delta Ct
ΔΔCt Delta Delta Ct
p Nível de Significância
< Menor que
Lista de Siglas:
ACSM American College of Sports Medicine
CEUA Comissão Ética do Uso de Animais
DP Desvio Padrão
EACH – USP Escola de Artes, Ciências e Humanidades da
Univesidade de São Paulo
FMUSP Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo
HC – FMUSP Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo
HE Hematoxilina – Eosina
LIM – 07 Laboratório de Investigação Médica 07 (Laboratório
de Gastroenterologia Clínica e Experimental)
LIM – 37 Laboratório de Investigação Médica 37 (Laboratório
de Transplante e Cirurgia do Fígado)
QR Quantificação Relativa
rpm Rotações por minuto
RT – qPCR Real Time quantitative Polymerase Chain Reaction
Lista de Tabelas:
Tabela 1 – Ganho de peso corporal e consumos ao final do protocolo
experimental ..................................................................................................... 37
Tabela 2 – Peso dos órgãos e tecidos adiposos de camundongos ob/ob de
ambos os grupos ao final do protocolo de treinamento físico (peso absoluto e
peso relativo) .................................................................................................... 38
Tabela 3 – Tabela de caraterísticas histológicas do tecido hepático de
camundongos obesos (ob/ob) .......................................................................... 40
Tabela 4 – Tabela de descrição da análise histológica pancreática realizada em
ambos os grupos de estudo após o procotolo de treinamento físico ................ 41
Lista de Figuras:
Fig 1: Gráficos de comparação da média de peso corporal entre os grupos e de
evolução de peso corporal dos grupos de estudo frente ao protocolo de
treinamento físico aeróbio de 8 semanas. ........................................................ 36
Fig 2: Gráficos de consumo de água e ração de ambos os grupos de estudo
frente ao protocolo de treinamento aeróbio de 8 semanas .............................. 37
Fig 3: Resultados de ambos os grupos de estudo obtidos através do teste de
esforço físico máximo frente às variáveis ligadas ao protocolo de treinamento
físico aeróbio .................................................................................................... 39
Fig 4 Histologia pancreática de camundongos ob/ob: Gordura Visceral
adjacente (ampliação original X 10) ................................................................. 42
Fig 5 Histologia pancreática de camundongos ob/ob (ampliação original X 20)
......................................................................................................................... 42
Fig 7: Gráfico de comparação entre os animais sedentários e treinados frente
as análises de resistência à insulina no tecido hepático .................................. 45
Fig 8: Gráfico de comparação entre os animais sedentários e treinados
referente as análises de expressão gênica referentes à inflamação no tecido
hepático ............................................................................................................ 46
Fig 9: Gráfico de comparação dos grupos de estudo frente as análises de
expressão gênica referentes à resistência insulínica no tecido pancreático .... 47
Fig 10: Gráfico de comparação dos grupos de estudo frente as análises de
expressão gênica referentes à inflamação no tecido pancreático .................... 48
RESUMO
Silva LLS. Efeito do treinamento físico na doença hepática gordurosa não
alcoólica (DHGNA) em camundongos obesos: aspectos relacionados com a
inflamação e resistência insulínica [dissertação]. São Paulo: Faculdade de
Medicina, Universidade de São Paulo; 2019.
A Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA), compreende um amplo
espectro de condições que variam desde uma esteatose simples, às condições
mais graves como Esteatohepatite Não Alcoólica (EHNA) fibrose hepática e
cirrose. Entre os fatores relacionados a progressão da doença, a inflamação e a
resistência à insulina são apontados como fundamentais. Além disso, o recente
aumento considerável no número de casos desta doença se deve em parte, ao
comportamento sedentário e reduções drásticas no nível de atividade física.
Mudanças nos hábitos de vida são essenciais para prevenção e controle da
DHGNA. Objetivo: Avaliar o efeito do treinamento físico aeróbio de 8 semanas
em aspectos relacionados com a resistência à insulina e resposta inflamatória
em camundongos obesos com DHGNA Métodos: Foram utilizados 14
camundongos ob/ob com 6 semanas de vida divididos em dois grupos de estudo:
sedentário e treinado. Os animais do grupo treinado realizaram 5 sessões
semanais de 60 minutos de treinamento físico em esteira rolante com
intensidade constante de 60% da velocidade máxima obtida através do teste de
esforço físico. Os animais do grupo sedentário não realizavam o treinamento
físico. Após o período de 8 semanas, os animais foram submetidos a eutanásia
e amostras de tecido hepático e pancreático, foram coletadas para verificar
características histológicas, avaliação dos genes relacionados com a resposta
inflamatória e resistência à insulina. Foram coletados os tecidos adiposos para
verificar a diferença na quantidade de gordura encontrada em cada região do
animal. Para obtenção do material genético, foi realizado a extração do RNA por
TRIzol® e após a verificação de quantidade e integridade do material, foi
realizado a reação em cadeia polimerase, através do equipamento Rotor Gene
RG – 3000. Foi utilizado o teste-t, ANOVA one way e pós teste de Bonferroni de
comparações múltiplas para os dados paramétricos e testes de Mann-Whitney
com pós-teste Dunn's de comparações múltiplas para dados não paramétricos.
Em relação aos escores histológicos foi utilizado o teste Qui-quadrado com exato
de Fisher. Foram consideradas variáveis significativas quando o p< 0,05. Todos
os cálculos e análises foram realizados com o software GraphPad Prism V6.0
(GraphPad Software Inc). Resultados: Foram observadas diferenças
significantes para peso corporal (p=0.008), evolução de peso (p=0.03), consumo
de ração (p<0.0001) além de diminuição no conteúdo de gordura da região
retroperitonial (p=0.03). Além disso, foram observadas diferenças significantes
para velocidade pico (p=0.03), distância (p=0.01) e tempo (p=0.006). A análise
histológica não mostrou diferenças estatísticas entre os grupos em ambos os
órgãos. Nas análises de expressão gênica, foram observadas diferenças
significantes nos genes de GLUT-2 (p=0.03), IL-6 (p= 0.01) e IL-10 (p=0.03)
hepáticos. Em relação ao pâncreas, foi observada diferença significante para os
genes de IRS-2 (p=0.004), GLUT-2 (p=0.03), IL-6 (p=0.002) e IL-10 (p=0.008).
Conclusão: Um protocolo de treinamento físico de 8 semanas foi capaz de
atenuar o ganho de peso corporal, consumo alimentar e gerar efeitos positivos
na expressão de genes relacionados com resistência à insulina e inflamação no
fígado e pâncreas de camundongos ob-ob.
Descritores: Fígado gorduroso; Exercício; Camundongos obesos; Resistência
à insulina; Inflamação; Fígado; Pâncreas.
ABSTRACT
Silva LLS. Physical training effect in obese mice with non-alcoholic fatty liver
disease: aspects related to insulin resistance and inflammation (dissertation).
São Paulo: “Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo”; 2019.
Non-alcoholic Fatty Liver Disease (NAFLD) encompasses a wide spectrum of
pathologies from hepatic steatosis, nonalcoholic steatohepatitis (NASH), fibrosis
and cirrhosis. Insulin resistance and inflammation are reported as the main
factors for disease progression. Moreover, the increase in the number of new
cases of NAFLD can be explained by sedentary behavior and drastic reductions
in physical activity levels, therefore, lifestyle modifications are essencial for
prevention and control of the disease. Objective: Evaluate the effect of 8 weeks
of aerobic training on insulin resistance and inflammatory response in obese mice
(ob/ob) with NAFLD. Methods: Male ob/ob mice were randomly divided into
sedentary (n=7) and trained (n=7) groups. Aerobic training consisted of 5 weekly
sessions, 60 min per session at 60% of the maximum speed of the running test.
Hepatic and pancreatic samples were collected to evaluate histological features
and gene expression associated with insulin resistance and inflammatory
response after 8 week experiment protocol. RNA was performed by TRIzol®.
PCR experiments were performed using the Rotor Gene RG – 3000. Parametric
data were assessed by t-test, ANOVA one way and Bonferroni test for multiple
comparisons. Non-parametric data were assessed by the Mann-Whitney tests
with Dunn's post-test of multiple comparisons. Histological analysis was
assessed by chi-square test with Fisher's exact test. Significant variables were
considered when p <0.05. All the analyzes were performed by GraphPad Prism
V6.0 software (GraphPad Software Inc). Results: Reductions in body weight (p
= 0.008), weight evolution (p = 0.03), food intake (p <0.0001) and fat content were
observed in trained group. Moreover, the trained group showed better results in
peak velocity (p=0.03) physical effort tolerance (p=0.006) and distance (p=0.01).
Histological analysis showed no statistical differences between groups in both
organs. Gene expression showed differences in IL-6 (p= 0.01), IL-10 (p=0.03)
and GLUT-2 (p=0.03) in hepatic analysis, between groups. Pancreatic gene
expression showed difference between groups in IRS-2 (p=0.004), GLUT-2
(p=0.03), IL-6 (p=0.002) and IL-10 (p=0.008) analysis. Conclusions: An 8-week
physical training protocol was able to attenuate body weight gain, food intake and
generate positive effects on gene expression related to insulin resistance and
inflammation in both liver and pancreas of ob/ob mice.
Descriptors: Fatty liver; Exercise; Mice, Obese; Insulin resistance; Inflammation;
Liver; Pancreas.
INTRODUÇÃO
19
1.0 – INTRODUÇÃO:
A Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA) engloba um
espectro de modificações hepáticas que vão desde um simples depósito de
gordura no interior do hepatócito, sem inflamação ou fibrose, o que caracteriza
um processo de esteatose simples, até casos de esteatohepatite não alcoólica
(EHNA), cirrose e, carcinoma hepatocelular em pacientes sem histórico de
etilismo. Atualmente é considerada uma das formas mais frequentes de
manifestação hepática, geralmente associada a quadros clínicos de obesidade,
resistência à insulina e diabetes mellitus tipo ll [1].
A real prevalência da DHGNA é desconhecida, pois a maioria dos
indivíduos acometidos por esta doença, mesmo aqueles com diabetes,
apresentam aminotransferases hepáticas normais e os médicos não suspeitam
da possível presença de DHGNA [2]. Estima-se que a prevalência global da
doença seja em torno de 24%, sendo a população obesa a mais afetada,
podendo variar entre 70 – 90% [3]. Em todos os continentes, é possível observar
um número considerável de indivíduos afetados por esta doença sendo as
maiores taxas reportadas na América do Sul (31%) e no Oriente Médio (32%),
seguidas pela Ásia (27%), EUA (24%) e Europa (23%), enquanto que o
continente Africano apresenta a menor prevalência (14%) [4]. No Brasil, cerca
de 30% da população é afetada pela doença, no entanto, este número pode
variar devido ao método de avaliação utilizado e pela grande diversidade étnica
da população brasileira [5 6].
A DHGNA tem se tornado cada vez mais comum em todas as populações,
principalmente no ocidente, devido ao processo de industrialização e mudanças
inadequadas no estilo de vida. Além disso, espera-se que o número de
indivíduos afetados aumente nos próximos anos, em consonância com o
aumento da obesidade devido à adoção de uma dieta rica em gordura e
inatividade física. Nos EUA, tornou-se a segunda causa mais comum de
transplante hepático e provavelmente se tornará a principal causa nos próximos
10 anos [7].
20
Os princípios fisiopatológicos da DHGNA, principalmente os fatores que
contribuem para sua progressão, evoluíram significativamente ao longo dos
anos, fazendo com que a teoria dos “múltiplos hits” [8] se tornasse obsoleta.
Vários eventos podem resultar na esteatose hepática. O desenvolvimento desta
condição é dependente do fluxo de ácidos graxos livres (AGL), que podem ser
derivados da lipólise periférica, ou seja, ácidos graxos liberados do tecido
adiposo, diminuição da oxidação de AGL, aumento da de novo lipogênese (DNL)
e diminuição da exportação de lipídios hepáticos via lipoproteínas de densidade
muito baixa (VLDL), além de fatores externos como dietas hiperlipídicas e / ou
consumo exacerbado de alimentos ricos em açúcares simples [9]. Dentre os
fatores que contribuem para a progressão e gravidade da doença, a resistência
à insulina tem sido caracterizada como o fator fisiopatológico crucial na DHGNA
[10]. Tanto a resistência à insulina hepática quanto a periférica, apresentam
estreita correlação com a DHGNA, independente da gravidade da doença [11].
A resistência à insulina é um fator fundamental para o desenvolvimento e
progressão da DHGNA. O excesso de ácidos graxos, cuja produção é induzida
pela lipogênese e síntese de ácidos graxos, assim como pelos ácidos graxos
oxidados, circula nos tecidos periféricos, incluindo o fígado e o tecido adiposo,
onde se acumulam, resultando em resistência à insulina [12]. O tecido adiposo
é um mediador do armazenamento sistêmico de lipídeos, além de ser um órgão
endócrino que secreta hormônios e o grupo de citocinas conhecidas como
adipocinas, como adiponectina e leptina. Na condição de DHGNA, o excesso de
lipídios intrahepáticos é responsável por mudanças na atividade macrofágica,
que por sua vez, secretam mediadores inflamatórios como fator de necrose
tumoral alfa (TNF-a), e interleucina 1 beta (IL-1b), levando a resistência à insulina
sistêmica e progressão para EHNA.
No fígado, a resistência à insulina é definida pela supressão na produção
de glicose, mediada pelo comprometimento da insulina, resultando no aumento
da gliconeogênese e diminuição da síntese hepática de glicogênio. A síntese de
glicogênio hepático estimulada por insulina, por sua vez, correlaciona-se
negativamente com o conteúdo de gordura no fígado [13]. Em pacientes obesos
e portadores de DM2, a presença de DHGNA está associada a hiperinsulinemia,
dislipidemia e resistência insulínica mais graves no tecido hepático e adiposo do
21
que em pacientes sem DHGNA [14]. Vários conceitos podem explicar a
associação entre DHGNA e resistência à insulina: o acúmulo de gordura no
fígado pode ter origem na resistência à insulina e hiperinsulinemia [15] ou
diretamente na disponibilidade excessiva de lipídios.
Outro fator que contribui não só para o aumento da resistência à insulina,
mas também para a fisiopatogênese e progressão da DHGNA é o processo
inflamatório e suas vias. As vias inflamatórias têm sido cada vez mais
reconhecidas como criticamente envolvidas no desenvolvimento da resistência
à insulina [16 17]. No entanto, a etiologia da resistência à insulina é complexa e
envolve muitas vias diferentes além da inflamação [18]. Atualmente, ainda não
está claro em quais locais os processos inflamatórios são iniciados. Além do
tecido adiposo, o trato gastrointestinal, com sua microbiota marcadamente
alterada, pode refletir um dos primeiros eventos na evolução da resistência à
insulina e da DHGNA [19].
Estudos em camundongos com depleção hepática de AKT e FOXO1, que
adaptam seus fluxos de glicose adequadamente a jejum e alimentação [20],
revelaram que a IL-6, liberada dos macrófagos do tecido adiposo, inibe a lipólise
mediada pela insulina no tecido adiposo branco e leva a maior entrega de AGL
e glicerol para o fígado [21]. Como resultado, as concentrações hepáticas de
acetil-CoA são elevadas, devido ao aumento da β-oxidação dos ácidos graxos,
que estimula a gliconeogênese hepática através da ativação alostérica da
piruvato carboxilase mitocondrial. Da mesma forma, os adolescentes que são
obesos e resistentes à insulina apresentam maiores concentrações de IL-6
derivadas do tecido adiposo em comparação a indivíduos magros [21]. A rápida
redução mediada por insulina na produção de glicose hepática [22] e a falta de
qualquer relação entre a expressão hepática de proteínas gliconeogênicas e
hiperglicemia de jejum em indivíduos obesos, com ou sem DM2 [23], corroboram
a relevância clínica deste mecanismo.
Atualmente, os estudos que avaliam os processos fisiopatológicos da
DHGNA mostram que outros órgãos e sistemas também estão envolvidos,
dentre eles o pâncreas. Similar a condição do fígado, o acúmulo excessivo de
gordura ectópica no pâncreas é referido como esteatose pancreática ou doença
22
pancreática gordurosa não alcoólica (DPGNA) [24]. Nos últimos anos, tornou-se
uma condição cada vez mais reconhecida, estando presente em cerca de 67%
dos pacientes com DHGNA [25]. Além disso, a DPGNA está associada a outros
fatores de risco como resistência à insulina, diabetes, hiperlipidemia, síndrome
metabólica e obesidade [26 27].
Estudos com ratos demonstram que a exposição a longo prazo a uma dieta
hiperlipídica induz acúmulo de gordura interlobular e intralobular, infiltração de
células inflamatórias e fibrose no pâncreas, danificando a morfologia das ilhotas
pancreáticas [28]. Da mesma forma, camundongos C57BL/6 expostos a dieta
rica em gordura desenvolveram obesidade e resistência à insulina,
acompanhados por características da DHGNA e da DPGNA [29 30]. Além disso,
é visto também que uma maior duração da dieta rica em gordura aumentou o
conteúdo de triglicerídios no pâncreas, mas não no fígado, sugerindo que o
pâncreas é particularmente susceptível à deposição de gordura ectópica [31].
Mudanças dos hábitos de vida têm sido utilizadas no combate da DHGNA
e dos processos fisiopatológicos associados, tais como diabetes mellitus,
obesidade, hiperglicemia, hipercolesterolemia e síndrome metabólica. Assim,
dentre as recomendações instituídas, o exercício físico e a diminuição do peso
corporal são eficazes para promover melhora na qualidade de vida dos
indivíduos [32]. Parte dos benefícios gerados pela prática regular de exercício
físico é decorrente do aumento da oxidação de ácidos graxos livres (AGL),
contribuindo diretamente para melhorar o fenótipo metabólico hepático na
DHGNA [33].
Rector et al [34], demostraram, que a prática de atividade física aeróbia
com intensidade de 85% do volume de oxigênio máximo por 12 semanas, foi
capaz de melhorar os níveis de triglicerídeos intra-hepáticos, tendo a quantidade
de gordura visceral medida por ressonância magnética em pacientes com
DHGNA. Além disso o mesmo artigo demonstra que é possível obter
modificações positivas causadas pela atividade física nos níveis de lipídios intra-
hepáticos, sensibilidade e resistência à insulina, mesmo sem mudanças no peso
corporal dos indivíduos, mas quando a prática regular de atividade física gera
perda de peso, os benefícios são duplamente potencializados. Apesar dos
23
estudos demonstrarem efeitos positivos da prática regular de atividade física,
uma das principais limitações para novos estudos com humanos está ligada a
falta de adesão e a ausência de programas de promoção à saúde e prevenção
de doenças.
Com isso estudos em modelo experimental aparecem como alternativa,
pois apresentam a possibilidade de controlar variáveis fisiológicas e ambientais,
além disso este modelo possui um custo menor e, é capaz de mimetizar
condições humanas. O modelo experimental com camundongos obesos (ob/ob)
que foi descoberto em 1949 em Roscoe B. Jackson Memorial Laboratory, no
estado de Maine, EUA, se caracteriza, por um consumo excessivo de nutrientes
e por sua deficiência à leptina, que por sua vez, atua nesses animais na
determinação do fenótipo da obesidade, hiperglicemia e hiperinsulinemia [35 36].
Estes camundongos são utilizados em modelos para diversos tipos de estudo
com doenças e condições fisiopatológicas como: diabetes, obesidade, resposta
inflamatória e resistência à insulina.
A condição metabólica dos camundongos ob/ob provocam uma
redistribuição no armazenamento de gordura corporal, hepática e de outros
tecidos não-adiposos. Este aumento da captação de lipídios induz ao dano e
apoptose celular. Haczeyni et al., [37] demonstraram que o exercício físico
aeróbico realizado na roda, resulta em um efeito metabólico protetor, aumento
da fosforilação de proteina kinase B (AKT) em nível muscular, além de oferecer
efeito de prevenção sobre a resposta inflamatória, obesidade e diabetes em
camundongos obesos foz/foz. Outro achado importante deste estudo encontra-
se na modulação realizada pelo exercício físico aeróbio sobre a morfometria de
adipócitos, tal fenômeno diminui o tamanho destas células, sua hipertrofia e
conteúdo. Apesar dos estudos demonstrarem efeitos positivos oriundos do
exercício físico, e de haver um amplo campo de investigações acerca da
DHGNA, os mecanismos subjacentes associados a progressão da doença não
estão totalmente esclarecidos. Além disso, os dados encontrados na literatura
acerca da deposição de gordura pancreática, seus mecanismos fisiopatológicos
e a relevância clínica da esteatose pancreática não estão bem elucidados.
24
OBJETIVOS
25
2.0 – OBJETIVOS:
2.1 – Objetivo Geral:
• Avaliar o efeito do treinamento físico sobre marcadores de resposta
inflamatória e resistência à insulina em modelo DHGNA de
camundongos ob/ob.
2.2 – Objetivos Específicos:
• Avaliar o efeito do treinamento físico aeróbio em marcadores de
inflamação (IL-6; TNF-α; IL-10) em amostras de tecido hepático e
pancreático.
• Avaliar o efeito do treinamento físico aeróbio em marcadores
relacionados com a resistência à insulina (IRS-2; GLUT-2) em
amostras de tecido hepático e pancreático.
• Avaliar o efeito do treinamento físico aeróbio sob as variáveis ligadas
ao treinamento físico, peso corporal e consumo alimentar.
26
MATERIAIS E MÉTODOS
27
3.0 – MATERIAIS E MÉTODOS:
3.1 – Local:
O estudo foi desenvolvido nos Laboratórios de Gastroenterologia Clínica
e Experimental (LIM-07), Laboratório de Transplante e Cirurgia do Fígado (LIM-
37) do Departamento de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (FMUSP) e no Laboratório de Biomedicina da Escola
de Artes, Ciências e Humanidades da USP (EACH-USP).
3.2 – Aspectos Éticos:
Esse estudo seguiu as orientações recomendadas da Declaração de
Helsinki de 1975 (publicada por "US National Institute of Health-Guide for care
and use of laboratory animals" (NIH Publication, n° 85-23, revisada em 1996)) e
do Serviço de Experimentação em animais da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo. O estudo foi submetido à Comissão de Ética para
Análise de Projetos de Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo (FMUSP) aprovado com número 930/17 pela Comissão de Ética no
Uso de Animais (CEUA).
3.3 – Procedimentos experimentais e delineamento do estudo:
3.3.1 – Modelo experimental:
Foram utilizados camundongos ob/ob, machos, com 6 semanas de vida,
provenientes do Biotério do Laboratório de Gastroenterologia Clínica e
Experimental (LIM-07) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
(FMUSP). Os animais foram mantidos no Biotério da EACH-USP durante todo o
protocolo experimental, com temperatura e ventilação controladas, com ciclos de
luz / escuro de 12 horas. Além disso, os animais tiveram livre acesso à água e
ração ad libitum. Foi utilizada dieta padrão e ração da marca Nuvilab CR1.
3.3.2 – Delineamento experimental:
Os animais foram distribuídos de forma aleatória em dois grupos:
Grupo sedentário (SED): constituído por sete animais machos
que não foram submetidos ao treinamento físico.
28
Grupo treinado (TF): constituído por sete animais machos que
foram submetidos ao treinamento físico
3.4 – Avaliações metabólicas
Ao longo de todo protocolo experimental, a pesagem corporal foi realizada
semanalmente em balança digital (Gehaka/modelo BG4001, São Paulo, Brasil),
no mesmo dia e horário. Além da evolução, foi calculado o ganho de peso
através da diferença entre o peso corporal final (semana 8) e o peso corporal
inicial (semana pré-treinamento). O consumo de ração foi avaliado em grupos de
animais mantidos na mesma gaiola ao longo de todo protocolo experimental,
durante períodos de 24 horas, por 3 dias consecutivos de cada semana. Foi
utilizado a média dos 3 dias avaliados para determinar o consumo de ração
semanal e após a obtenção deste resultado, o valor foi dividido pela quantidade
de animais por caixa para obter o consumo médio por animal.
3.5 – Teste de esforço físico máximo
A capacidade máxima de execução de exercício físico foi avaliada no
momento pré treinamento, na semana 4 e após o treinamento físico através de
um teste progressivo até a exaustão em esteira rolante. Foram mensuradas as
seguintes variáveis de treinamento: tempo máximo de execução do teste,
velocidade máxima atingida no pico do exercício e a distância total percorrida. A
velocidade inicial da esteira foi de 0,2 km/h sem haver inclinação da mesma. A
cada três minutos, a velocidade da esteira foi aumentada em 0,2 km/h até serem
observados sinais de exaustão do animal. O teste é finalizado quando o
camundongo entrar em fadiga, ou seja, não conseguir manter o padrão de
marcha. Na semana 4, foi realizado o teste somente nos animais treinados para
reajuste da velocidade do treinamento físico.
3.6 – Protocolo de treinamento físico
O protocolo de treinamento físico foi realizado em esteira rolante, 5 vezes
por semana, durante 8 semanas. Todas as sessões de treinamento tiveram
intensidades estabelecidas de 60% da velocidade máxima atingida no teste de
tolerância ao esforço físico, com o tempo sendo progressivamente aumentado,
iniciando com 30 minutos na primeira semana e atingindo 60 minutos na quarta
29
semana, conforme descrito por Ferreira et al. [38]. Após a quarta semana de
treinamento, o tempo de 60 minutos foi mantido até o término do protocolo. Os
camundongos sedentários foram submetidos à caminhada na esteira, 1 vez por
semana, durante 10 minutos. Esse procedimento se faz necessário para evitar
qualquer interferência do estresse gerado pela esteira no momento da realização
do teste de tolerância ao esforço físico.
3.7 – Eutanásia e Coleta de materiais para análise:
Após período de 8 semanas de treinamento físico, os animais foram
anestesiados utilizando-se cloridrato de cetamina (0,1mL/Kg) intraperitoneal.
Após a administração do anestésico, foram retirados os órgãos de cada animal
para as análises propostas. Amostras de tecido hepático e pancreático foram
coletados para verificar possíveis diferenças no peso de cada órgão, avaliação
histológica, avaliação dos genes relacionados com a resposta inflamatória (TNF-
a, IL-6, IL-10), resistência à insulina (IRS-1, IRS-2, GLUT-2) e análise do
conteúdo de mRNA dos genes citados anteriormente. Também foram coletados
os tecidos adiposos nos diferentes compartimentos de cada animal apenas para
comparar a diferença na quantidade de gordura encontrada em cada grupo de
estudo. Foram coletados tecidos adiposos da região retroperitoneal, inguinal e
periepididimal. Após a coleta de todos os materiais, as carcaças dos animais
foram enviadas para incineração, conforme às normas de descarte da FMUSP.
3.8 – Avaliação Histológica
Após a remoção do fígado, foram coletadas amostras de tecidos referentes
aos segmentos II e III do lobo esquerdo, o qual está mais relacionado com o
surgimento e progressão da DHGNA [39 40]. Para análises de histologia no
pâncreas, foi removido o tecido pancreático das porções próximas ao duodeno.
Os fragmentos coletados de cada tecido, foram fixados em solução de
formol a 4%, processados e submetidos às colorações de hematoxilina-eosina
(HE) segundo a rotina adotada na divisão de Anatomia Patológica do HC-
FMUSP. As lâminas histológicas de cada tecido foram avaliadas de maneira
“cega” por um patologista experiente. Em relação a avaliação histológica, no
fígado, foi utilizado um sistema modificado para roedores proposto por Liang et
30
al. [41]. As variáveis histológicas presentes neste sistema são: esteatose
macrovesicular (0-3), esteatose microvesicular (0-3), hipertrofia hepatocelular (0-
3) e focos de inflamação (0-3). A soma para esteatose varia entre 0-9. Para o
diagnóstico da DHGNA é necessário que o valor para esteatose seja entre 1-9 e
ausência de focos inflamatórios. Caso haja presença de focos inflamatórios,
independente do valor de esteatose encontrado, é feito o diagnóstico para
esteatohepatite não alcoólica (EHNA). Este sistema de pontuação não inclui a
fibrose em sua análise, pois não é requisito para diagnóstico da EHNA, embora
seja frequente nesta população. Além disso, este modelo animal não apresenta
fibrose, sendo o escore bastante adequado para comparação entre os grupos.
No pâncreas, foi utilizado um sistema de avaliação semelhante ao trabalho
de Van Geenem et al. [42]. As variáveis histológicas utilizadas neste sistema
foram: gordura interlobular, gordura intralobular, fibrose, edema, necrose acinar,
infiltrado inflamatório, hemorragia e necrose de gordura.
3.9 – Extração do RNA Tecidual
O material recebido em nitrogênio líquido foi fragmentado manualmente
utilizando-se almofariz e pistilo. Após a fragmentação, foi adicionado 1,0 mL de
TRIzol® (Invitrogen Life Technologies, Carlsbad, CA, USA), e essa mistura foi
incubada por 5 min à temperatura ambiente em tubos de microcentrífuga de 1,5
mL. Foram adicionados 200 µL de clorofórmio (Merck), sob agitação vigorosa
por 15 seg, seguido por um período incubatório de 5 min à temperatura ambiente
e centrifugada a, 12.000 rpm, por 15 minutos e temperatura de 4 ºC. Em seguida,
o sobrenadante foi transferido para um novo tubo estéril de 1,5 mL e o RNA foi
precipitado com 500 µL de isopropanol (Merck). A mistura foi deixada em
repouso durante 10 min e centrifugada por 15 min, 12.000 rpm, a 4 ºC. O
sobrenadante foi removido e o pellet de RNA lavado com 1,0 mL de etanol
(Merck) 75%, centrifugado novamente e ressuspendido em volume apropriado
de água estéril (UltraPure™ DNase/RNase-Free Distilled Water (Invitrogen Life
Technologies, Carlsbad, CA, USA)).
31
3.10 – Quantificação e Análise da Integridade do RNA Total
A concentração dos RNAs totais extraídos foi determinada por
espectrofotometria (NanoDrop ND-1000 (NanoDrop Technologies, Wilmington,
DE, USA)). A preparação do RNA é considerada livre de contaminantes
(proteínas e fenol) quando a relação A260/280 encontra-se entre 1,8 e 2,0. Para
as amostras que não atingiram estes valores, foram realizadas purificações
utilizando-se o kit RNeasy® Mini Kit (Qiagen, Hilden, Alemanha). A integridade
e a pureza dos RNAs foram analisadas por eletroforese em gel de agarose 1%.
Somente foram utilizadas as amostras cujas bandas correspondentes ao RNA
ribossomal 18 e 28 S mostraram-se íntegras à analise sob luz ultravioleta. Os
RNAs foram mantidos a -80 °C até sua utilização.
3.11 – PCR quantitativo em tempo real (RT-qPCR):
As reações de RT-qPCR foram realizadas no equipamento Rotor-Gene
RG-3000 (Corbett Research, Sidney, Austrália), utilizando-se reagentes
SuperScript™ III Platinum® One-Step Quantitative RT-PCR System (Invitrogen
Life Technologies, Carlsbad, EUA), conforme recomendação do fabricante. A
intensidade de expressão de cada gene foi obtida pelo valor de limiar do ciclo,
no qual o aumento no sinal associado à fase exponencial de amplificação do
fragmento começa a ser detectada. A reação para cada gene analisado foi
cuidadosamente padronizada com a finalidade de evitar qualquer amplificação
inespecífica. A temperatura de anelamento para a amplificação dos genes IRS-
2, GLUT-2 IL-6 e IL-10 foi 55 ºC, enquanto que para o gene de TNF-a foi de 57
ºC. Todas as reações de RT-q PCR foram realizadas em duplicata para cada
amostra de tecidos hepático e pancreático tanto para o gene alvo quanto para o
controle endógeno (β-actina).
32
Sequência dos primers (forward/reverse) utilizados na reação de qRT-PCR
para cada gene estudado
Genes Sequência
IRS-2 F: CGG CTG GAG TAC TAC GAG AG
R: CGC GCT TGT TGA TGT TCA GA
GLUT-2 F: TCA GAA GAC AGG GTA CAG CGA
R:TCC AGT GCC AGC GTA TAA GT
TNF-α F: CCA CCA CGC TCT TCT GTC TA
R: TCC TTC TTG CCC TCC TAA CC
IL-6 F: TTC TTG GGA CTG ATG CTG GT
R: CAG GTC TGT TGG GAG TGG TA
IL-10 F: TGC TGC TCC TCC CCT ATT TC
R: TTC GGA TGT GCC TGG GTT TA
Β-actina F: TGT CAC CAA CTG GGA CGA TA
R: GGG GTG TTG AAG GTC TCA AA
F= forward; R= reverse
3.12 – Método de análise da expressão gênica
Para o cálculo do nível de expressão de cada gene alvo, utilizou-se o
método 2-delta delta Ct para a quantificação relativa [43], onde Ct (“threshold
cycle”) é o ciclo da PCR em tempo real, no qual a amplificação atinge a fase
logarítmica, onde delta Ct é a diferença de expressão entre gene alvo e controle
endógeno de uma determinada amostra e delta delta Ct corresponde à diferença
entre o delta Ct da amostra e o delta Ct do controle.
A fórmula utilizada para a quantificação relativa (QR):
QR= 2-ΔCt
ΔCt= Ct gene alvo-Ct gene referência
ΔΔCt= ΔCt amostra-ΔCt controle
33
3.13 – Análises Estatísticas:
Todos os dados foram expressos como média ou mediana (dependendo
do padrão de distribuição das variáveis) e seus respectivos valores mínimos
(min), máximos (máx) e de desvio padrão (DP). Para variáveis de distribuição
paramétrica foram utilizados teste-t, one-way ANOVA e o pós-teste Bonferroni
de múltiplas comparações. Para variáveis de distribuição não-paramétrica foram
utilizados os testes de Mann-Whitney, Kruskal-Wallis e o pós-teste Dunn's de
comparações múltiplas. Para comparação dos escores histológicos entre os
grupos foram utilizados os testes de Qui-quadrado com exato de Fisher. Foram
consideradas variáveis significativas aquelas em que o p<0,05. Todos os
cálculos e análises foram realizados com o software GraphPad Prism V6.0
(GraphPad Software Inc).
34
RESULTADOS
35
4.0 – RESULTADOS
4.1 – Avaliações metabólicas:
4.1.1 – Peso corporal:
No momento inicial do protocolo de treinamento, não foram observadas
diferenças significativas entre os grupos de estudo, porém, ao final do protocolo,
foram observadas diferenças significativas da média de peso corporal do grupo
treinado em comparação ao grupo sedentário (12.9±2.9 VS 9.6±2.1 p= 0.008). Em
relação a evolução de peso corporal, a partir da terceira semana de treinamento,
foram observadas diferenças estatísticas entre os grupos sedentário e treinado
(Figura 1). Ainda sobre este resultado, os animais sedentários obtiveram um
ganho de peso médio de 35% durante todo o protocolo experimental enquanto
que os animais submetidos ao treinamento aeróbio obtiveram um ganho médio
de 26%.
P e s o C o r p o r a l
Gra
ma
s (
gr)
SE
DT
F
0
5
1 0
1 5
2 0
p = 0 .0 0 8
* *
36
E v o lu ç ã o d e P e s o C o r p o r a l
S e m a n a s
Pe
so
Co
rp
ora
l (g
r)
0 1 2 3 4 5 6 7 8
3 0
3 5
4 0
4 5
5 0
5 5
S E D
TF
p = 0 .0 0 0 3
******
Fig 1: Gráficos de comparação da média de peso corporal entre os grupos e de evolução de peso corporal dos grupos de estudo frente ao protocolo de treinamento físico aeróbio de 8 semanas.
4.1.2 – Consumo alimentar:
Em relação ao consumo de água e ração, foram encontradas diferenças
significativas do grupo sedentário em comparação ao grupo de animais treinados
(Figura 2). Em ambas as variáveis, os animais sedentários apresentaram
maiores valores em comparação aos animais treinados (Tabela 1).
C o n s u m o d e Á g u a
mL
/an
ima
l/2
4h
SE
DT
F
0
2
4
6
8
1 0
p = 0 .0 0 1
**
37
C o n s u m o d e R a ç ã o
gr/a
nim
al/
24
h
SE
DT
F
0
2
4
6
8
1 0
p < 0 .0 0 0 1* * * *
S E D
T F
Fig 2: Gráficos de consumo de água e ração de ambos os grupos de estudo frente ao protocolo de treinamento aeróbio de 8 semanas
Tabela 1 – Ganho de peso corporal e consumo alimentar ao final do protocolo experimental
Sedentários
(n=7) Treinados
(n=7) P
Ganho de peso corporal (g)
12.9±2.9 9.6±2.1 0.008
Ganho de peso (%) 35.6±10.1 26.8±6.5 0.03
Consumo de Água 6.6±1.5 4.9±1.2 0.001
Consumo de Ração 5.6±1.1 4.4±0.9 < 0.0001
p<0,05
4.1.3 – Tecidos Adiposos e Peso Hepático:
Em relação aos tecidos adiposos foram observadas diferenças para o
tecido retroperitoneal sendo os menores valores encontrados nos animais
pertencentes ao grupo TF (Tabela 2). No fígado foram encontradas diferenças
estatísticas sendo o grupo treinado com os menores valores em comparação aos
sedentários. Em relação aos outros tecidos foram encontradas diferenças
significativas no peso absoluto e peso relativo do fígado do grupo treinado em
comparação ao grupo sedentário.
38
Tabela 2 – Peso dos órgãos e tecidos adiposos de camundongos ob/ob de ambos os grupos ao final do protocolo de treinamento físico (peso absoluto e peso relativo)
Sedentários (n=7)
Treinados (n=7)
p
Peso absoluto
Fígado (gr) 2.5±0.3 2.2±0.2 0.04
T. adiposo peritonial (gr) 2.5 (2.0–5.5) 1.5 (1.5–4.0) 0.03
T. adiposo inguinal (gr) 2.4±0.6 1.8±0.8 0.10
T. adiposo periepididimal (gr) 3.0±1.3 2.9±0.9 0.87
Peso relativo
Fígado (mg) 54.0±4.8 50.3±5.3 0.04
T. adiposo peritonial (mg) 59.5 (40.0–103.1) 36.1 (32.6–93.0) 0.04
T. adiposo inguinal (mg) 51.5±15.9 42.5±20.1 0.49
T. adiposo periepididimal (mg) 64.4±32.1 66.4±18.9 0.88
p<0,05
4.2 – Teste de esforço físico máximo
No que diz respeito às variáveis ligadas ao treinamento físico, no momento
pré treinamento não foram observadas diferenças significativas para velocidade
pico, distância percorrida e tempo de exposição ao teste de esforço entre os
grupos de estudo, no entanto, ao final do protocolo foram observadas diferenças
significativas dos animais treinados no momento pré treinamento em
comparação ao momento pós treinamento do grupo sedentário (Fig 3).
39
V e lo c id a d e P ic o (k m /h )
Ve
loc
ida
de
(k
m/h
)
S E D P ré T F P ré S E D P ó s T F P ó s
0 .0
0 .5
1 .0
1 .5
2 .0S E D P ré
T F P ré
S E D P ó s
T F P ó s
p = 0 .0 3 1 0
*
D is tâ n c ia (k m )
Dis
tân
cia
(k
m)
S E D P ré T F P ré S E D P ó s T F P ó s
0 .0
0 .1
0 .2
0 .3
0 .4
0 .5
S E D P ré
T F P ré
S E D P ó s
T F P ó s
*
p = 0 .0 4 5 5
T e m p o (m in )
Te
mp
o (
min
)
S E D P ré T F P ré S E D P ó s T F P ó s
0
5
1 0
1 5
2 0
2 5S E D P ré
T F P ré
S E D P ó s
T F P ó s
p = 0 .0 0 6 9
*
Fig 3: Resultados de ambos os grupos de estudo obtidos através do teste de esforço físico máximo frente às variáveis ligadas ao protocolo de treinamento físico aeróbio
40
4.3 – Histologia Hepática:
Para as análises de avaliação histológica no fígado, não foram encontradas
diferenças significativas para esteatose macrovesicular, esteatose
microvesicular, hipertrofia hepatocelular e focos inflamatórios.
Tabela 3 – Tabela de características histológicas do tecido hepático de camundongos obesos (ob/ob)
Sedentários* Treinados* P
1 2 3 4 5 6 7 8
Esteatose
macrovesicular (0–3) 0 2 1 2 1 2 2 0
0.965
Esteatose
microvesicular (0 – 3) 0 3 2 3 2 3 2 3
Hipertrofia
hepatocelular (0 – 3) 0 2 2 2 1 2 1 2
Focos inflamatórios
(0 – 3) 0 2 3 3 2 2 3 0
*Identificação realizada por microchip;
4.4 – Histologia Pancreática:
Em relação ao pâncreas, devido à ausência de um escore específico para
este órgão, o grupo realizou uma tabela descritiva no qual foram analisadas as
seguintes variáveis: gordura interlobular, gordura intralobular, fibrose, edema,
necrose acinar, infiltrado inflamatório, hemorragia, e necrose de gordura. A
tabela a seguir descreve as características de cada animal avaliado.
41
Tabela 4 – Tabela de descrição da análise histológica pancreática realizada em ambos os grupos de estudo após o procotolo de treinamento físico
ID Gordura
interlobular
Gordura
Intralobular Fibrose Edema
Necrose
Acinar
Infiltrado
Inflamatório Hemorragia
Necrose
de
Gordura
Escore
Final
Grupo
Sedentário
0354 0 (5%) 0 0 0 0 0 0 0 0
1010 3 (40%) 0 0 0 0 11 – 15
pmn 0 0 0
0493 3 (40%) 0 0 0 0 0 0 0 0
1840 0 (5%) 0 0 0 0 11 – 15
pmn 0 0 0
0253 0 (5%) 0 0 0 0 0 – 1 pmn 0 0 2
1053 0 (5%) 0 0 0 0 0 – 1 pmn 0 0 0
2118 0 (2%) 0 0 0 0 0 – 1 pmn 0 0 0
Grupo
Treinado
0370 0 (0%) 0 0 0 0 0 0 0 0
0678 1 (10%) 0 0 0 0 0 0 0 1
0957 0 (0%) 0 0 0 0 0 0 0 0
0420 – – – – – – – – –
0529 1 (10%) 0 0 0 0 0 – 1 pmn 0 0 1
1581 3 (40%) 0 0 0 0 0 – 1 pmn 0 0 0
7796 3 (40%) 0 0 0 0 2 – 5 pmn 1 0 –
Identificação realizada por microchip
42
Fig 4 Histologia pancreática de camundongo ob/ob sedentário sem infiltração de gordura. 1= Ilhota de Langerhans; 2= vaso sanguíneo (ampliação original X 40)
Fig 5 Ácino pancreático de camundongo ob/ob sedentário. Presença de raros linfócitos (seta) em tecido frouxo periacinar. (ampliação original X 40)
43
Fig 6: Pâncreas de camundongo ob/ob treinado com gordura visceral adjacente (seta) ao parênquima pancreático sem sinais de infiltração lobular. (ampliação original X 5)
Fig 7: Visão panorâmica do pâncreas de camundongo ob/ob sedentário com morfologia e tecido preservados. (ampliação original X 20)
44
Fig 8: Histologia hepática de camundongos ob/ob. A e B: Histologia hepática de animais sedentários (Escala de 100 µm). C e D: Histologia hepática de animais treinados (Escala de 100 µm)
45
4.5 – Expressão genica:
4.5.1 – No tecido hepático:
Em relação a expressão gênica no tecido hepático, para os genes
relacionados com a resistência à insulina (Fig 9), foram observadas diferenças
significativas para o gene GLUT-2 (1.5±0.6 VS 0.7±0.3), e em relação aos genes
relacionados com inflamação foram encontradas diferenças signficativas para IL-
6 (1.1(0.3–1.9) VS 3.6 (0.7–5.3)) e IL-10 (0.7 (0.2–2.7) VS 1.3 (0.6–3.6)). Para
os outros genes do estudo, não foram observadas diferenças significativas.
IR S 2
F íg a d o
Un
ida
de
s A
rb
itrá
ria
s
SE
D TF
0 .0
0 .5
1 .0
1 .5
2 .0
2 .5
S E D
T F
p = 0 .0 8 1 9
G L U T 2
F íg a d o
Un
ida
de
s A
rb
itrá
ria
s
SE
D TF
0 .0
0 .5
1 .0
1 .5
2 .0
2 .5
S E D
T F
p = 0 .0 3 3 6
*
Fig 9: Gráfico de comparação entre os animais sedentários e treinados frente as análises de resistência à insulina no tecido hepático
46
T N F -a
F íg a d o
Un
ida
de
s A
rb
itrá
ria
s
SE
D
TF
0
2
4
6
8
S E D
T F
p = 0 .6 4 2 9
IL -6
F íg a d o
Un
ida
de
s A
rb
itrá
ria
s
SE
D TF
0
2
4
6
S E D
T F
p = 0 .0 1 4 0
*
IL -10
F íg a d o
Un
ida
de
s A
rb
itrá
ria
s
SE
D TF
0
1
2
3
4
S E D
T F
p = 0 .0 3 5 5
*
Fig 10: Gráfico de comparação entre os animais sedentários e treinados referente as análises de expressão gênica de inflamação no tecido hepático
47
4.5.2 – No tecido pancreático:
No pâncreas, para os genes relacionados com a resistência à insulina
foram encontradas diferenças significativas para IRS-2 (0.3 (0.1–0.9) VS 1.7
(0.7–5.2)) e GLUT-2 (0.5±0.3 VS 1.8±1.3). Para os genes relacionados com a
resposta inflamatória, foram encontradas diferenças significativas para IL-6 (0.07
(0.04–0.10) VS 3.1 (0.9–3.9)) e IL-10 (0.7 (0.4–1.7) VS 6.1 (1.1–14.3)). Não
foram observadas diferenças significativas para análise de TNF-a.
IR S 2
P â n c re a s
Un
ida
de
s A
rb
itrá
ria
s
SE
D TF
0
2
4
6
S E D
T F
p = 0 .0 0 4 1
**
G L U T 2
P â n c re a s
Un
ida
de
s A
rb
itrá
ria
s
SE
D TF
0
1
2
3
4
5
S E D
T F
p = 0 .0 3 1 4
*
Fig 11: Gráfico de comparação dos grupos de estudo frente as análises de expressão gênica referentes à resistência insulínica no tecido pancreático
48
‘
T N F -a
P â n c re a s
Un
ida
de
s A
rb
itrá
ria
s
SE
D TF
0
2
4
6
8
1 0
S E D
T F
p = 0 .8 1 3 5
IL -6
P â n c re a s
Un
ida
de
s A
rb
itrá
ria
s
SE
D TF
0
1
2
3
4
5
S E D
T F
p = 0 .0 0 2 2
**
IL - 10
P â n c re a s
Un
ida
de
s A
rb
itrá
ria
s
SE
D
TF
0
5
1 0
1 5
2 0
S E D
T F
p = 0 .0 0 8 7
**
Fig 12: Gráfico de comparação dos grupos de estudo frente as análises de expressão gênica referentes à inflamação no tecido pancreático
49
DISCUSSÃO
50
5.0 – DISCUSSÃO:
O exercício físico tem sido empregado como uma das principais estratégias
profiláticas e terapêuticas no tratamento de diversos agravos a saúde e também
no tratamento e prevenção de doenças crônicas. Em muitos casos, o
treinamento físico pode incrementar o limiar de tolerância fisiológica além das
variáveis ligadas ao treinamento como melhoria da aptidão cardiorrespiratória,
aumento da velocidade pico e maior tolerância ao esforço físico. Além disso, o
treinamento físico é capaz de modular a dinâmica dos ácidos graxos intra e
extracelulares que são utilizados na produção de energia de acordo com o
estado nutricional e a aptidão física do praticante, além da intensidade e duração
do exercício. A quantidade de ácido graxo usada durante o exercício leve ou
moderado aumenta exponencialmente quando comparado em condições de
repouso [44 45]. Portanto, o exercício físico é uma ferramenta importante para o
controle e redução de peso corporal e tecido adiposo. No presente estudo, o
treinamento físico atenuou a evolução no ganho de peso corporal dos animais
treinados a partir da 3ª semana mostrando um importante impacto metabólico
nestes animais. Além disso, ao final do protocolo, os animais sedentários
apresentaram um percentual de 35% de ganho de peso enquanto os animais
treinados apresentaram um percentual de 26%, ou seja, uma diferença na
evolução do ganho de peso de 9%, mostrando que o treinamento físico é capaz
de estabilizar o ganho de peso em camundongos ob/ob.
Em um estudo realizado por Evangelista et al. [33] foi observado que o
treinamento físico foi capaz de melhorar aspectos relacionados ao controle de
peso corporal e equilíbrio energético em camundongos ob/ob, mostrando que os
animais treinados obtiveram um aumento no ganho de peso de 23% enquanto
os animais sedentários 41%. Em estudos realizados anteriormente pelo grupo,
foi observado que o treinamento físico foi capaz de controlar o ganho de peso
corporal em camundongos selvagens e em animais alimentados com dietas de
lanchonetes e com alto teor de gordura [46 47].
Gollisch et al. [48] mostraram em seu estudo que o exercício físico foi capaz
de melhorar a resistência à insulina, causar mudanças positivas no metabolismo
de lipídios e gerar uma maior tolerância ao esforço físico. Além disso, este
51
estudo, fornece novos dados e perspectivas sobre as respostas da gordura
subcutânea e visceral para dieta rica em gordura e treinamento físico neste
modelo animal, e que a obesidade induzida por dieta hiperlipídica e a resistência
à insulina podem ocorrer sem inflamação detectável.
Embora as reduções no ganho de peso corporal possam melhorar a
qualidade de vida e prevenir o desenvolvimento de complicações relacionadas à
obesidade, como resistência à insulina, diabetes tipo 2 e hipertensão, Broderick
et al. [49] mostraram que houve atenuação no ganho de peso corporal.
Entretanto, a atividade física voluntária não resultou na ativação do sistema
cardioprotetor peptídeo natriurético de ocitocina cardíaca (OT-NP) no modelo
ob/ob de obesidade e camundongos db/db, predispondo a fatores de risco para
doença cardiovascular. No entanto, este resultado é questionável, pois durante
o protocolo de exercício, os camundongos ob/ob, apesar de atingirem a
recomendação mínima de tempo exigida pelo American College of Sports
Medicine (ACSM) [50-52] , não foi possível verificar em que intensidade estes
animais atingiam durante as sessões diárias.
A diferença entre o consumo de energia e gasto energético são fatores
determinantes para o controle do peso corporal, e que quando há uma exposição
ao exercício físico de forma contínua, o organismo começa a responder de
maneira a obter mais energia com a finalidade de compensar os gastos
energéticos, visando a manutenção do metabolismo do praticante [53 54].
Portanto, é esperado observar um aumento compensatório na ingestão de
alimentos [55]. Além disso, os camudongos ob/ob são conhecidos pela sua
deficiência na produção de leptina funcional, consequentemente, levando ao
desenvolvimento acelerado da obesidade, aumento no consumo alimentar
(hiperfagia), hiperglicemia e hiperinsulinemia [56 57]. Em relação ao consumo
médio de água e ração por animal, esperávamos encontrar um aumento no
consumo alimentar dos animais submetidos ao treinamento físico, no entanto, foi
visto que os animais treinados obtiveram valores significativamente menores em
comparação aos animais sedentários. Uma das possíveis explicações para este
fenômeno pode ser o impacto que o exercício físico contínuo causa nos
processos fisiológicos. Como o exercício produz ajustes no fluxo sanguíneo, na
resposta hormonal gastrointestinal, no esvaziamento gástrico, no metabolismo
52
celular muscular, na bioquímica do tecido adiposo e na atividade cerebral, esta
mudança pode ter causado uma interferência em alguns dos mecanismos
envolvidos no controle do apetite [58 59]. Além disso, acreditamos que o
exercício físico, pode ter causado mudanças positivas na produção de leptina
funcional, gerando um menor consumo alimentar devido a esta melhoria. No
entanto, mais estudos são necessários para confirmar tal hipótese, pois os
mecanismos entre a prática regular de exercício físico, produção e manutenção
de leptina ainda não estão bem elucidados.
Em relação à velocidade pico, distância percorrida e tempo de tolerância
ao esforço, esperávamos encontrar uma diferença significativa no momento pré
treinamento do grupo sedentário em comparação ao momento pós treinamento
do grupo treinado. Apesar de não ter sido encontrado tais diferenças
significativas, a média de valores dos animais treinados para estas variáveis
foram maiores em relação aos sedentários, e que os animais do grupo sedentário
tiveram um decréscimo em relação ao teste de esforço físico. Baseado neste
resultado, podemos afirmar que o comportamento sedentário causa um
descréscimo em relação a velocidade pico, distância percorrida e tempo de
tolerância ao esforço, contribuindo para a progressão e gravidade da doença,
além de baixa aptidão cardiovascular, que por sua vez apresenta uma alta
prevalência em pacientes acometidos por esta doença [60]. Apesar de não terem
sido encontradas diferenças significativas do momento pré e pós treinamento no
grupo treinado, recomenda-se que a prática regular de exercício físico seja
encorajada para a população acometida pela DHGNA.
Sabe-se que o excesso de tecido adiposo visceral e hepático está
independentemente associado ao risco cardiometabólico, além de serem fatores
agravantes não só em relação a parâmetros da doença, mas tambem o
comprometimento da atividade de outros órgãos. Devido a alta variabilidade no
que diz respeito ao que se chama de histórico natural da DHGNA e apesar dos
avanços tecnológicos na área clínica contribuirem para um melhor tratamento da
doença, não há uma metodologia precisa para a prevenção das condições mais
severas como EHNA, fibrose, cirrose e carcinoma hepatocelular (CHC). A perda
de peso através de modificações no estilo de vida pode reduzir tanto o tecido
adiposo visceral como a gordura do fígado, mas a perda de peso de 5 a 15% é
53
desejável para reduções clinicamente significativas no tecido adiposo visceral
[50] e para melhorias histológicas no fígado (65% de melhoria na pontuação do
NAS com perda de peso > 10%) [61 62]. Em nosso estudo, acreditamos que a
não visualização de diferenças significativas para as análises de histologia
hepática e pancreática entre os grupos, foi devido ao fato destes animais não
apresentarem perdas de peso ao longo do protocolo de treinamento físico, sendo
observado apenas a atenuação de peso corporal dos animais treinados. É
necessário mais estudos relacionando o comportamento de diferentes
intensidades, duração e volume do treinamento físico com aspectos ligados a
histologia destes órgãos, visto que este campo de pesquisa, não está
completamente elucidado. Os camundongos ob/ob, apresentam um fenótipo da
obesidade bastante agressivo no que diz respeito as características físicas e
histológicas, sendo difícil de observar perdas de peso significativas, no entanto,
alguns estudos apontam que apesar de não haver perdas de peso através do
exercício físico, é possivel observar efeitos positivos em características da
DHGNA [63-65]. Apesar dos animais do grupo treinado apresentarem mudanças
positivas nas variáveis de treinamento físico, em relação à histologia hepática,
não foram observadas diferenças significativas entre os grupos de estudo, sendo
os resultados encontrados semelhantes em todas as variáveis analisadas, ou
seja, em nosso estudo, 8 semanas de treinamento físico aeróbio em intensidade
moderada não foi capaz de atenuar os escores histológicos do fígado, em
camundongos ob/ob treinados.
Em relação histologia pancreática, devido à ausência de um escore
específico para este órgão, o grupo realizou uma tabela descritiva dos dados
analisados visto que os estudos envolvendo a infiltração de gordura pancreática
e aspectos da DHGNA, são escassos. Além disso, trata-se de uma área
relativamente nova, se comparada com o campo de investigação das doenças
hepáticas. Um estudo realizado por Mathur et al. [66] comparou as diferenças
entre as características pancreáticas de camundongos ob/ob e seu simliar
C57BL/6J (modelo magro). Nos resultados histopatológicos, apesar de não ter
sido encontrada diferenças significativas para as análises de gordura interlobular
e outros aspectos, foi visto que os animais obesos apresentaram maiores valores
no conteúdo de gordura pancreática. Baseado nos achados de Mathur e de Van
54
Geenen [42 66], esperávamos encontrar características semelhantes em nosso
estudo, no entanto, tanto os animais sedentários quanto os animais treinados
apresentaram valores semelhantes. Além disso, estudos com intervenções
ligadas a prática regular de atividade fisica e exercício físico relacionados com
histologia pancreática são escassos. Mais estudos investigativos são
necessários para melhor compreensão da infiltração de gordura pancreática e
sua relação com a DHGNA, neste modelo animal.
Sabe-se que tanto a resistência à insulina, quanto a inflamação são
elementos chave para a progressão da DHGNA e surgimento da EHNA. A
insulina possui um papel importante na regulação da homeostase de glicose em
vários níveis, reduzindo a produção hepática de glicose (via diminuição da
gliconeogênese e glicogenólise) e aumentando a captação periférica de glicose,
principalmente nos tecidos muscular e adiposo. Geralmente as membranas
celulares não são permeáveis a glicose, com isso, é necessário que haja
estruturas especializadas no transporte deste substrato para dentro da célula,
sendo denominado de transportadores de glicose (GLUT’s). O GLUT-2 é
expresso predominantemente no fígado, rim e pâncreas e desempenha um
papel importante na homeostase da glicose [67 68]. A insulina é secretada pelas
células-beta pancreáticas em resposta a níveis aumentados de glicose na
circulação sanguínea, sendo transportada para as células β através deste
transportador. Portanto, o GLUT-2 pode ser usado como um marcador para
avaliar a eficiência da atividade de glicose, e a diminuição da expressão está
associada à disfunção secretora de células β [69]. Sabe-se que quando há uma
exposição ao treinamento físico, independente de modalidade, há uma melhoria
nos aspectos relacionados a este hormônio [70]. De fato, nosso grupo encontrou
diferenças significativas na expressão dos genes IRS-2 e GLUT-2 no pâncreas,
ou seja, a exposição ao exercício físico foi capaz de aumentar a expressão de
tais genes, gerando melhorias tanto nos receptores quanto na captação e
utilização da glicose.
Por outro lado, o aumento na expressão de IRS-2 e GLUT-2 no fígado,
podem ter significados diferentes quando comparados ao pâncreas. Foi relatado
em estudos com ratos que a expressão de GLUT-2 é aumentada em resposta à
hiperglicemia [71 72] ] e diminuída pela hiperinsulinemia [73]. Em ratos Wistar
55
com diabetes, foi observado um aumento do RNAm do GLUT2 hepático, e esta
alteração era restaurada pela correção da glicemia por florizina, vanádio ou
insulina [74 75]. Outros estudos realizados em fígado de ratos, mostraram que a
proteína e o RNAm do GLUT-2 aumentaram 1,6 e 2 vezes, respectivamente,
após 3 semanas de diabetes [76 77] sendo este quadro revertido quando os
animais eram expostos ao tratamento com insulina por 5 dias apresentando
níveis de do gene semelhantes a animais não diabéticos [77].
Em um estudo realizado por Silva et al. 2011 [76], após 20 dias de
tratamento com aloxana, os ratos Wistar mostraram um ganho de peso inferior
ao grupo controle, o que está relacionado ao quadro catabólico decorrente da
hipoinsulinemia. No tecido hepático, o diabetes também promoveu aumento da
expressão do GLUT-2, sendo este quadro revertido com a administração de
insulina. Em nosso estudo, o grupo treinado apresentou menores valores da
expressão de GLUT-2 em comparação ao grupo sedentário, resultando em
valores de expressão deste gene semelhantes a condições de não diabetes.
Além disso, tais resultados corroboram com os achados de Silva et al.,
mostrando que a prática regular de exercício físico, apesar de não ter
apresentado melhorias significativas na histologia hepática, atua neste órgão
com o mesmo efeito da insulina sintética, contribuindo, a longo prazo para
melhorias em aspectos da DHGNA tanto no fígado quanto no pâncreas.
O exercício regular tem sido considerado uma poderosa ferramenta anti-
inflamatória quando realizado em intensidades controladas [78 79]. Na DHGNA,
a prática regular do exercício físico está associada à redução de citocinas pró-
inflamatórias, adipocinas e outros marcadores relacionados a lesões hepáticas
[80 81] , sendo observado um crescimento relevante no campo de investigações
acerca da inflamação e exercício físico na última década [82]. O treinamento
físico de intensidade moderada a alta induz a ativação de vias anti-inflamatórias
através de vários mecanismos, incluindo a supressão de citocinas pró-
inflamatórias [83], melhoria do estado anti-inflamatório do endotélio [84], e
melhorias na expressão de toll-like receptors (TLR’s) [85]. Os efeitos anti-
inflamatórios do exercício não são apenas mediados pela redução da gordura
visceral, mas também pela indução da cascata anti-inflamatória após cada
sessão de exercício [86 87].
56
A IL-6 é uma importante citocina pró-inflamatória secretada pelos
adipócitos sendo o tecido adiposo branco, o principal contribuinte com os níveis
circulantes desta citocina e está associada a condições como obesidade,
resistência à insulina, e um fator preditivo para diabetes mellitus tipo ll. No fígado
esta citocina apresenta um papel protetor, sendo capaz de suprimir a reação de
estresse oxidativo e prevenir a disfunção mitocondrial. No entanto, uma
exposição prolongada à IL-6 pode sensibilizar o fígado a lesões e contribuir para
a inflamação [88]. Os níveis circulantes de IL-6 estão aumentados em pacientes
com DHGNA comparados aos grupos controle, e níveis elevados de IL-6 estão
associados aos achados histopatológicos avançados [88]. Dessa forma, a IL-6
pode ser útil como único biomarcador não invasivo para distinguir a EHNA de
esteatose simples.
Durante o exercício físico, a IL-6 é uma das primeiras citocinas detectáveis
liberada através da contração muscular e liberada na corrente sanguínea. A IL-
6 derivada desta contração muscular aumenta a medida que o indivíduo é
exposto ao exercício de maneira frequente ou por longos períodos de tempo, no
entanto, a grande diferença entre a endotoxemia e a produção de citocinas
induzida pelo exercício é a ausência no aumento de outras citocinas como TNF-
a e IL-1b. Tal fenômeno foi observado no estudo de Starkie et al. [89] em que foi
administrado uma dose de E. coli para induzir um aumento nas concentrações
plasmáticas de TNF-a em indivíduos saudáveis, que foram randomizados para
repouso ou exercício antes a administração desta endotoxina. Em seus
resultados, a endotoxina foi responsável pelo aumento nos níveis circulantes de
TNF-a. No entanto, os participantes do grupo exercício conseguiram diminuir
totalmente os níveis de TNF-a, mostrando que os efeitos da prática regular de
exercício físico foram semelhantes ao tratamento com infusão de IL-6 para
supressão de TNF-a induzida por endotoxina.
O treinamento físico regular reduz a produção basal de IL-6, bem como a
magnitude da resposta aguda à IL-6, equilibrando vários estímulos potenciais da
IL-6. Portanto, é possível afirmar que uma das adaptações ao exercício físico
seria a redução na produção basal desta citocina, bem como a magnitude da
resposta aguda à IL-6 [90]. Além disso, enquanto que as concentrações
plasmáticas de IL-6 diminuem com a adaptação ao treinamento físico, os níveis
57
de expressão do seu receptor parecem estar aumentado, sugerindo que a
sinalização de IL-6 pode ser aumentada em indivíduos treinados [91]. Em nosso
estudo, os resultados encontrados para IL-6 em ambos os órgãos estavam
aumentados em comparação aos animais sedentários. Acreditamos que este
aumento foi devido a exposição ao exercício físico. Além disso, os resultados
encontrados de TNF-a dos animais treinados, em ambos os órgãos, foram
menores em relação aos sedentários, apesar de não terem sidos evidenciadas
diferenças signifcativas. Acreditamos que o aumento na expressão de IL-6 foi
responsável por estimular a atividade de IL-10, que por sua vez, é capaz de inibir
a produção exarcebada de TNF-a circulante. No entanto, esta hipótese não pode
ser comprovada por não ter sido objetivo do presente estudo. Além disso, não
foram realizadas dosagens de IL-6 no momento pré exercício para verificar se
houve alguma diferença antes e após a exposição ao porotoclo de treinamento,
portanto, não sabemos ao certo se este aumento no grupo treinado se deve ao
fato da exposição ao exercício físico ou aos achados histopatológicos destes
animais.
A IL-10 é uma citocina imunomoduladora potente cujo papel na DHGNA
não foi completamente elucidado [92 93]. Em camundongos exibindo doença
hepática gordurosa induzida por dieta, a inibição seletiva de IL-10 foi associada
com lipogênese aumentada, bem como aumento na expressão de TNF-a e
comprometimento da sensibilidade à insulina no fígado [94]. Além disso, estudos
adicionais em roedores alimentados com dieta hiperlipídica demonstraram que
a presença de DHGNA e hiperglicemia é acompanhada por baixos níveis
sistêmicos de IL-10, o que levou a propor que a IL-10 pode ter a capacidade de
prevenir a esteatose hepática e outras anormalidades metabólicas [95].
Estudos apontam efeitos benéficos da prática regular de exercício físico em
parâmetros não só da DHGNA mas também de doenças crônicas não
transmissíveis. No estudo de Batista et a. [96], a IL-10 parece responder de
maneira positiva à prática regular do exercício físico aeróbio, podendo atuar
como fator central na atenuação e/ou modulação da resposta inflamatória. Além
do aumento local na produção de IL-10, esse efeito poderia ter impacto
sistêmico, reduzindo, ou até mesmo evitando, o aumento de citocinas pró-
inflamatórias, como TNF-a, condição que, no caso da DHGNA está relacionada
58
à maior severidade dessa doença. Speretta et al. [97] avaliou o efeito de oito
semanas de treinamento de força de alta intensidade/curta duração e do
treinamento aeróbio de moderada intensidade/longa duração sobre a expressão
gênica de TNF-a e IL-10, e perfil lipídico. Independente de modalidade de
exercício, os animais submetidos ao treinamento físico apresentaram melhorias
significativas tanto na expressão de TNF-a, IL-10, além de melhorias no perfil
lipídico e conteúdo de gordura visceral em seus diferentes compartimentos. Tais
achados reforçam a ideia que a prática regular de exercício físico gera potenciais
benefícios no controle e manutenção não apenas do perfil lipídico, mas também
na melhoria da expressão de IL-10 e inibição na expressão de TNF-a.
Em nosso estudo, os animais treinados apresentaram níveis de expressão
de IL-10 maiores em comparação aos sedentários, corroborando com os
achados de Batista e Speretta. Além disso, os animais treinados apresentaram
menores valores na expressão de TNF-a em comparação ao grupo sedentário,
apesar de não ter sido evidenciado diferenças significativas. Baseado nos
achados da literatura, acreditamos que tal resultado poder ter sido influenciado
pela melhoria da citocina IL-10, visto que possui um papel importante na inibição
e controle da expressão de citocinas pró-inflamatórias. A partir dos resultados
encontrados em nosso estudo e nos achados da literatura, é possível afirmar
que o protocolo de treinamento físico aeróbio gerou efeitos positivos na resposta
anti-inflamatória, principalmente no pâncreas de animais ob/ob treinados e
consequentemente, a melhoria na expressão de IL-10 nestes animais também
favoreceu para a melhoria e manutenção da sensibilidade à insulina, visto que
esta citocina apresenta forte relação com tal fenômeno.
59
CONCLUSÃO
60
6.0 – CONCLUSÃO:
Na condição em que o estudo foi realizado, podemos concluir que:
• O protocolo de treinamento físico aeróbio realizado por 8 semanas foi
capaz de promover modificações positivas nos genes IRS-2 e GLUT-2
tanto no fígado quanto no pâncreas, além de melhorias na expressão de
citocinas anti-inflamatórias, conferindo um fator protetor em ambos os
órgãos.
• O estudo também mostrou que através deste protocolo, houve atenuação
no ganho de peso corporal de camundongos obesos, melhorias no
consumo alimentar e aumento da tolerância ao exercício físico.
• Quanto às características histopatológicas, não foi possível observar
diminuição nos escores para fígado enquanto que no pâncreas, apesar
de não ter sido evidenciada diferenças estatísticas, os camundongos
submetidos ao protocolo de treinamento aeróbio apresentaram menores
valores histológicos, principalmente em aspectos de infiltrado inflamatório.
61
REFERÊNCIAS
62
Referências Bibliográficas: 1. Townsend S, Newsome PN. Non-alcoholic fatty liver disease in 2016. British medical bulletin. 2016;119(1):143. 2. Kotronen A, Juurinen L, Tiikkainen M, Vehkavaara S, Yki–Järvinen H. Increased liver fat, impaired insulin clearance, and hepatic and adipose tissue insulin resistance in type 2 diabetes. Gastroenterology. 2008;135(1):122-30. 3. Bellentani S. The epidemiology of non‐alcoholic fatty liver disease. Liver international. 2017;37:81-4. 4. Younossi ZM. Nonalcoholic fatty liver disease and nonalcoholic steatohepatitis: Implications for liver transplantation. Liver Transplantation. 2018;24(2):166-70. 5. Chalasani N, Younossi Z, Lavine JE, Charlton M, Cusi K, Rinella M, et al. The diagnosis and management of nonalcoholic fatty liver disease: practice guidance from the American Association for the Study of Liver Diseases. Hepatology. 2018;67(1):328-57. 6. Kallwitz ER, Daviglus ML, Allison MA, Emory KT, Zhao L, Kuniholm MH, et al. Prevalence of suspected nonalcoholic fatty liver disease in Hispanic/Latino individuals differs by heritage. Clinical Gastroenterology and Hepatology. 2015;13(3):569-76. 7. Wong RJ, Aguilar M, Cheung R, Perumpail RB, Harrison SA, Younossi ZM, et al. Nonalcoholic steatohepatitis is the second leading etiology of liver disease among adults awaiting liver transplantation in the United States. Gastroenterology. 2015;148(3):547-55. 8. Day CP, James OF. Steatohepatitis: a tale of two “hits”? : Elsevier; 1998. 9. Tilg H, Moschen AR. Insulin resistance, inflammation, and non-alcoholic fatty liver disease. Trends in Endocrinology & Metabolism. 2008;19(10):371-9. 10. Torres DM, Harrison SA, editors. Nonalcoholic steatohepatitis and noncirrhotic hepatocellular carcinoma: fertile soil. Seminars in liver disease; 2012: Thieme Medical Publishers. 11. Gaggini M, Morelli M, Buzzigoli E, DeFronzo RA, Bugianesi E, Gastaldelli A. Non-alcoholic fatty liver disease (NAFLD) and its connection with insulin resistance, dyslipidemia, atherosclerosis and coronary heart disease. Nutrients. 2013;5(5):1544-60. 12. Haas JT, Francque S, Staels B. Pathophysiology and mechanisms of nonalcoholic fatty liver disease. Annual review of physiology. 2016;78:181-205. 13. Krssak M, Brehm A, Bernroider E, Anderwald C, Nowotny P, Dalla Man C, et al. Alterations in postprandial hepatic glycogen metabolism in type 2 diabetes. Diabetes. 2004;53(12):3048-56. 14. Lomonaco R, Bril F, Portillo-Sanchez P, Ortiz-Lopez C, Orsak B, Biernacki D, et al. Metabolic impact of nonalcoholic steatohepatitis in obese patients with type 2 diabetes. Diabetes care. 2016;39(4):632-8. 15. Utzschneider KM, Van de Lagemaat A, Faulenbach MV, Goedecke JH, Carr DB, Boyko EJ, et al. Insulin Resistance Is the Best Predictor of the Metabolic Syndrome in Subjects with a First‐Degree Relative with Type 2 Diabetes. Obesity. 2010;18(9):1781-7. 16. Johnson AM, Olefsky JM. The origins and drivers of insulin resistance. Cell. 2013;152(4):673-84.
63
17. Tilg H, Moschen AR. Inflammatory mechanisms in the regulation of insulin resistance. Molecular medicine. 2008;14(3):222-31. 18. Moller DE, Kaufman KD. Metabolic syndrome: a clinical and molecular perspective. Annu Rev Med. 2005;56:45-62. 19. Moschen AR, Kaser S, Tilg H. Non-alcoholic steatohepatitis: a microbiota-driven disease. Trends in Endocrinology & Metabolism. 2013;24(11):537-45. 20. Lu M, Wan M, Leavens KF, Chu Q, Monks BR, Fernandez S, et al. Insulin regulates liver metabolism in vivo in the absence of hepatic Akt and Foxo1. Nature medicine. 2012;18(3):388. 21. Perry RJ, Camporez J-PG, Kursawe R, Titchenell PM, Zhang D, Perry CJ, et al. Hepatic acetyl CoA links adipose tissue inflammation to hepatic insulin resistance and type 2 diabetes. Cell. 2015;160(4):745-58. 22. Roden M. Mechanisms of disease: hepatic steatosis in type 2 diabetes—pathogenesis and clinical relevance. Nature Reviews Endocrinology. 2006;2(6):335. 23. Kumashiro N, Erion DM, Zhang D, Kahn M, Beddow SA, Chu X, et al. Cellular mechanism of insulin resistance in nonalcoholic fatty liver disease. Proceedings of the National Academy of Sciences. 2011;108(39):16381-5. 24. Lee JS, Kim SH, Jun DW, Han JH, Jang EC, Park JY, et al. Clinical implications of fatty pancreas: correlations between fatty pancreas and metabolic syndrome. World journal of gastroenterology: WJG. 2009;15(15):1869. 25. Wang CY, Ou HY, Chen MF, Chang TC, Chang CJ. Enigmatic Ectopic Fat: Prevalence of Nonalcoholic Fatty Pancreas Disease and Its Associated Factors in a C hinese Population. Journal of the American Heart Association. 2014;3(1):e000297. 26. Hori M, Takahashi M, Hiraoka N, Yamaji T, Mutoh M, Ishigamori R, et al. Association of pancreatic fatty infiltration with pancreatic ductal adenocarcinoma. Clinical and translational gastroenterology. 2014;5(3):e53. 27. Ou H-Y, Wang C-Y, Yang Y-C, Chen M-F, Chang C-J. The association between nonalcoholic fatty pancreas disease and diabetes. PloS one. 2013;8(5):e62561. 28. Zhang X, Cui Y, Fang L, Li F. Chronic high-fat diets induce oxide injuries and fibrogenesis of pancreatic cells in rats. Pancreas. 2008;37(3):e31-e8. 29. Fernandes-Santos C, Carneiro RE, de Souza Mendonca L, Águila MB, Mandarim-de-Lacerda CA. Rosiglitazone aggravates nonalcoholic Fatty pancreatic disease in C57BL/6 mice fed high-fat and high-sucrose diet. Pancreas. 2009;38(3):e80-e6. 30. Fraulob JC, Ogg-Diamantino R, Fernandes-Santos C, Aguila MB, Mandarim-de-Lacerda CA. A mouse model of metabolic syndrome: insulin resistance, fatty liver and non-alcoholic fatty pancreas disease (NAFPD) in C57BL/6 mice fed a high fat diet. Journal of clinical biochemistry and nutrition. 2010:1004080019-. 31. Pinnick KE, Collins SC, Londos C, Gauguier D, Clark A, Fielding BA. Pancreatic ectopic fat is characterized by adipocyte infiltration and altered lipid composition. Obesity. 2008;16(3):522-30. 32. Romero-Gómez M, Zelber-Sagi S, Trenell M. Treatment of NAFLD with diet, physical activity and exercise. Journal of hepatology. 2017;67(4):829-46. 33. Evangelista FS, Muller CR, Stefano JT, Torres MM, Muntanelli BR, Simon D, et al. Physical training improves body weight and energy balance but does not
64
protect against hepatic steatosis in obese mice. International journal of clinical and experimental medicine. 2015;8(7):10911. 34. Rector RS, Thyfault JP, Morris RT, Laye MJ, Borengasser SJ, Booth FW, et al. Daily exercise increases hepatic fatty acid oxidation and prevents steatosis in Otsuka Long-Evans Tokushima Fatty rats. American Journal of Physiology-Gastrointestinal and Liver Physiology. 2008;294(3):G619-G26. 35. Garthwaite T, Martinson D, Tseng L, Hagen T, Menahan L. A longitudinal hormonal profile of the genetically obese mouse. Endocrinology. 1980;107(3):671-6. 36. Mayer J, Andrus S, SILIDES DJ. Effect of diethyldithiocarbamate and other agents on mice with the obesehyperglycemic syndrome. Endocrinology. 1953;53(5):572-81. 37. Haczeyni F, Barn V, Mridha AR, Yeh MM, Estevez E, Febbraio MA, et al. Exercise improves adipose function and inflammation and ameliorates fatty liver disease in obese diabetic mice. Obesity. 2015;23(9):1845-55. 38. Ferreira JC, Rolim NP, Bartholomeu JB, Gobatto CA, Kokubun E, Brum PC. Maximal lactate steady state in running mice: effect of exercise training. Clinical and Experimental Pharmacology and Physiology. 2007;34(8):760-5. 39. Ashworth W. A computational model of hepatic energy metabolism: Understanding the role of zonation in the development and treatment of non-alcoholic fatty liver disease (NAFLD): UCL (University College London); 2017. 40. Bedossa P. Pathology of non‐alcoholic fatty liver disease. Liver International. 2017;37:85-9. 41. Liang W, Menke AL, Driessen A, Koek GH, Lindeman JH, Stoop R, et al. Establishment of a general NAFLD scoring system for rodent models and comparison to human liver pathology. PloS one. 2014;9(12):e115922. 42. van Geenen E-JM, Smits MM, Schreuder TC, van der Peet DL, Bloemena E, Mulder CJ. Nonalcoholic fatty liver disease is related to nonalcoholic fatty pancreas disease. Pancreas. 2010;39(8):1185-90. 43. Livak KJ, Schmittgen TD. Analysis of relative gene expression data using real-time quantitative PCR and the 2− ΔΔCT method. methods. 2001;25(4):402-8. 44. Gonçalves IO, Oliveira PJ, Ascensão A, Magalhães J. Exercise as a therapeutic tool to prevent mitochondrial degeneration in nonalcoholic steatohepatitis. European journal of clinical investigation. 2013;43(11):1184-94. 45. Higa TS, Bergamo FC, Mazzucatto F, Fonseca-Alaniz MH, Evangelista F. Physical training prevents body weight gain but does not modify adipose tissue gene expression. Brazilian Journal of Medical and Biological Research. 2012;45(10):988-94. 46. Higa TS, Spinola AV, Fonseca-Alaniz MH, Evangelista F. Remodeling of white adipose tissue metabolism by physical training prevents insulin resistance. Life sciences. 2014;103(1):41-8. 47. Vieira VJ, Valentine RJ, Wilund KR, Antao N, Baynard T, Woods JA. Effects of exercise and low-fat diet on adipose tissue inflammation and metabolic complications in obese mice. American journal of physiology-endocrinology and metabolism. 2009;296(5):E1164-E71. 48. Gollisch KS, Brandauer J, Jessen N, Toyoda T, Nayer A, Hirshman MF, et al. Effects of exercise training on subcutaneous and visceral adipose tissue in normal-and high-fat diet-fed rats. American Journal of Physiology-Endocrinology and Metabolism. 2009;297(2):E495-E504.
65
49. Broderick TL, Wang D, Jankowski M, Gutkowska J. Unexpected effects of voluntary exercise training on natriuretic peptide and receptor mRNA expression in the ob/ob mouse heart. Regulatory peptides. 2014;188:52-9. 50. Ratziu V. Non‐pharmacological interventions in non‐alcoholic fatty liver disease patients. Liver International. 2017;37:90-6. 51. Riebe D, Franklin BA, Thompson PD, Garber CE, Whitfield GP, Magal M, et al. Updating ACSM's recommendations for exercise preparticipation health screening. 2015. 52. Zhang H-J, He J, Pan L-L, Ma Z-M, Han C-K, Chen C-S, et al. Effects of moderate and vigorous exercise on nonalcoholic fatty liver disease: a randomized clinical trial. JAMA internal medicine. 2016;176(8):1074-82. 53. Müller M, Bosy-Westphal A, Later W, Haas V, Heller M. Functional body composition: insights into the regulation of energy metabolism and some clinical applications. European journal of clinical nutrition. 2009;63(9):1045. 54. Stubbs RJ, Sepp A, Hughes DA, Johnstone AM, King N, Horgan G, et al. The effect of graded levels of exercise on energy intake and balance in free-living women. International journal of obesity. 2002;26(6):866. 55. Whybrow S, Hughes DA, Ritz P, Johnstone AM, Horgan GW, King N, et al. The effect of an incremental increase in exercise on appetite, eating behaviour and energy balance in lean men and women feeding ad libitum. British Journal of Nutrition. 2008;100(5):1109-15. 56. Lindström P. The physiology of obese-hyperglycemic mice [ob/ob mice]. The scientific world journal. 2007;7:666-85. 57. Ribeiro AC, Ceccarini G, Dupré C, Friedman JM, Pfaff DW, Mark AL. Contrasting effects of leptin on food anticipatory and total locomotor activity. PLoS One. 2011;6(8):e23364. 58. Blundell J, Gibbons C, Caudwell P, Finlayson G, Hopkins M. Appetite control and energy balance: impact of exercise. Obesity reviews. 2015;16:67-76. 59. Bouassida A, Chamari K, Zaouali M, Feki Y, Zbidi A, Tabka Z. Review on leptin and adiponectin responses and adaptations to acute and chronic exercise. British journal of sports medicine. 2010;44(9):620-30. 60. Petta S, Gastaldelli A, Rebelos E, Bugianesi E, Messa P, Miele L, et al. Pathophysiology of non alcoholic fatty liver disease. International journal of molecular sciences. 2016;17(12):2082. 61. Chaston TB, Dixon J. Factors associated with percent change in visceral versus subcutaneous abdominal fat during weight loss: findings from a systematic review. International journal of obesity. 2008;32(4):619. 62. Harrison SA, Fecht W, Brunt EM, Neuschwander‐Tetri BA. Orlistat for overweight subjects with nonalcoholic steatohepatitis: a randomized, prospective trial. Hepatology. 2009;49(1):80-6. 63. Hashida R, Kawaguchi T, Bekki M, Omoto M, Matsuse H, Nago T, et al. Aerobic vs. resistance exercise in non-alcoholic fatty liver disease: A systematic review. Journal of hepatology. 2017;66(1):142-52. 64. Johnson NA, Sachinwalla T, Walton DW, Smith K, Armstrong A, Thompson MW, et al. Aerobic exercise training reduces hepatic and visceral lipids in obese individuals without weight loss. Hepatology. 2009;50(4):1105-12. 65. Musso G, Gambino R, Cassader M, Pagano G. A meta‐analysis of randomized trials for the treatment of nonalcoholic fatty liver disease. Hepatology. 2010;52(1):79-104.
66
66. Mathur A, Marine M, Lu D, Swartz-Basile DA, Saxena R, Zyromski NJ, et al. Nonalcoholic fatty pancreas disease. HPB. 2007;9(4):312-8. 67. Kellett GL, Brot-Laroche E, Mace OJ, Leturque A. Sugar absorption in the intestine: the role of GLUT2. Annu Rev Nutr. 2008;28:35-54. 68. Mueckler M, Thorens B. The SLC2 (GLUT) family of membrane transporters. Molecular aspects of medicine. 2013;34(2-3):121-38. 69. Schuit F, Flamez D, De Vos A, Pipeleers D. Glucose-regulated gene expression maintaining the glucose-responsive state of β-cells. Diabetes. 2002;51(suppl 3):S326-S32. 70. Goodyear LJ, Kahn BB. Exercise, glucose transport, and insulin sensitivity. Annual review of medicine. 1998;49(1):235-61. 71. Kim J-w, Kim Y-k, Ahn Y-h. A mechanism of differential expression of GLUT2 in hepatocyte and pancreatic β-cell line. Experimental & molecular medicine. 1998;30(1):15. 72. Postic C, Burcelin R, Rencurel F, Pegorier J-P, Loizeau M, Girard J, et al. Evidence for a transient inhibitory effect of insulin on GLUT2 expression in the liver: studies in vivo and in vitro. Biochemical Journal. 1993;293(Pt 1):119. 73. Brichard S, Ongemba L, Henquin J-C. Oral vanadate decreases muscle insulin resistance in obese fa/fa rats. Diabetologia. 1992;35(6):522-7. 74. Burcelin R, Eddouks M, Kande J, Assan R, Girard J. Evidence that GLUT-2 mRNA and protein concentrations are decreased by hyperinsulinaemia and increased by hyperglycaemia in liver of diabetic rats. Biochemical Journal. 1992;288(Pt 2):675. 75. Oka Y, Asano T, Shibasaki Y, Lin J-L, Tsukuda K, Akanuma Y, et al. Increased liver glucose-transporter protein and mRNA in streptozocin-induced diabetic rats. Diabetes. 1990;39(4):441-6. 76. Silva AD. O diabetes altera a expressão do RNAm do GLUT2 em fígado e rim: participação dos fatores transcricionais Hepatic Nuclear Factor-(HNF-) 1a, 3b e 4a: Universidade de São Paulo; 2011. 77. Yamamoto T, Fukumoto H, Koh G, Yano H, Yasuda K, Masuda K, et al. Liver and muscle-fat type glucose transporter gene expression in obese and diabetic rats. Biochemical and biophysical research communications. 1991;175(3):995-1002. 78. Gjevestad GO, Holven KB, Ulven SM. Effects of exercise on gene expression of inflammatory markers in human peripheral blood cells: a systematic review. Current cardiovascular risk reports. 2015;9(7):34. 79. Rodriguez-Miguelez P, Fernandez-Gonzalo R, Almar M, Mejías Y, Rivas A, de Paz JA, et al. Role of Toll-like receptor 2 and 4 signaling pathways on the inflammatory response to resistance training in elderly subjects. Age. 2014;36(6):9734. 80. Guo R, Liong EC, So KF, Fung M-L, Tipoe GL. Beneficial mechanisms of aerobic exercise on hepatic lipid metabolism in non-alcoholic fatty liver disease. Hepatobiliary & Pancreatic Diseases International. 2015;14(2):139-44. 81. Peppler WT, Anderson ZG, Sutton CD, Rector RS, Wright DC. Voluntary wheel running attenuates lipopolysaccharide-induced liver inflammation in mice. American Journal of Physiology-Regulatory, Integrative and Comparative Physiology. 2016;310(10):R934-R42. 82. Gleeson M, Bishop NC, Stensel DJ, Lindley MR, Mastana SS, Nimmo MA. The anti-inflammatory effects of exercise: mechanisms and implications for the
67
prevention and treatment of disease. Nature reviews immunology. 2011;11(9):607. 83. Byrkjeland R, Nilsson BB, Westheim AS, Arnesen H, Seljeflot I. Inflammatory markers as related to disease severity in patients with chronic heart failure: limited effects of exercise training. Scandinavian journal of clinical and laboratory investigation. 2011;71(7):598-605. 84. Lamina S, Okoye CG, Dagogo TT. Therapeutic effect of an interval exercise training program in the management of erectile dysfunction in hypertensive patients. The Journal of Clinical Hypertension. 2009;11(3):125-9. 85. Mathur N, Pedersen BK. Exercise as a mean to control low-grade systemic inflammation. Mediators of inflammation. 2008;2008. 86. Prokopchuk O, Liu Y, Wang L, Wirth K, Schmidtbleicher D, Steinacker JM. Skeletal muscle IL-4, IL-4Ralpha, IL-13 and IL-13Ralpha1 expression and response to strength training. Exercise immunology review. 2007;13:67-75. 87. Tarantino G, Conca P, Pasanisi F, Ariello M, Mastrolia M, Arena A, et al. Could inflammatory markers help diagnose nonalcoholic steatohepatitis? European journal of gastroenterology & hepatology. 2009;21(5):504-11. 88. Grigorescu M, Crisan D, Radu C, Grigorescu M, Sparchez Z, Serban A. A novel pathophysiological-based panel of biomarkers for the diagnosis of nonalcoholic steatohepatitis. J Physiol pharmacol. 2012;63(4):347-53. 89. Starkie R, Ostrowski SR, Jauffred S, Febbraio M, Pedersen BK. Exercise and IL-6 infusion inhibit endotoxin-induced TNF-α production in humans. The FASEB Journal. 2003;17(8):884-6. 90. Fischer CP. Interleukin-6 in acute exercise and training: what is the biological relevance. Exerc immunol rev. 2006;12(6-33):41. 91. Pedersen BK. Anti‐inflammatory effects of exercise: role in diabetes and cardiovascular disease. European journal of clinical investigation. 2017;47(8):600-11. 92. Rabelo F, Oliveira CP, Faintuch J, Mazo DF, Lima VM, Stefano JT, et al. Pro-and anti-inflammatory cytokines in steatosis and steatohepatitis. Obesity surgery. 2010;20(7):906-12. 93. Saraiva M, O'garra A. The regulation of IL-10 production by immune cells. Nature reviews immunology. 2010;10(3):170. 94. Cintra DE, Pauli JR, Araújo EP, Moraes JC, de Souza CT, Milanski M, et al. Interleukin-10 is a protective factor against diet-induced insulin resistance in liver. Journal of hepatology. 2008;48(4):628-37. 95. Zhou D, Liang Z, Qin Q, Zhang M, Li S. Therapeutic efficacy and mechanisms of quercetin in a rat model of nonalcoholic fatty liver disease. Zhonghua gan zang bing za zhi= Zhonghua ganzangbing zazhi= Chinese journal of hepatology. 2013;21(2):134-7. 96. Batista JM, Lopes R, Seelaender M, Lopes A. Anti-inflammatory effect of physical training in heart failure: role of TNF-alpha and IL-10. Arquivos brasileiros de cardiologia. 2009;93(6):643-51, 92-700. 97. Speretta GFF, Rosante MC, Duarte FO, Leite RD, Lino ADdS, Andre RA, et al. The effects of exercise modalities on adiposity in obese rats. Clinics. 2012;67(12):1469-77.