logística - paginas.fe.up.ptprojfeup/submit_15_16/uploads/relat_1... · mestrado integrado em...
TRANSCRIPT
Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Indústria 4.0
Logística
Projeto FEUP 2015/2016 -- Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão:
P. Armando Sousa P. Luís Guimarães
P. Manuel Torres
P. Sara Ferreira
Turma2 Grupo1:
Supervisor: P. Armando Leitão Monitor: Sofia Cunha
Estudantes & Autores:
Sofia Pinto [email protected] José Ribeiro [email protected]
Bernardo Gomes [email protected] Mariana Fecha [email protected]
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão 1
1. Resumo
Este relatório não só tem como finalidade definir as palavras-chave do grande
tema - Indústria 4.0 e Logística - mas também mostrar as aplicações que estes
conceitos têm no mundo atual e no futuro.
Abordaremos a evolução da indústria ao longo do tempo e o conceito de
Indústria 4.0. Este termo corresponde a uma nova maneira de organizar os métodos
de produção de um modo mais eficiente e eficaz. Esta “Quarta Revolução” trouxe ao
mundo o conceito de smart factories, sendo estas fábricas capazes de uma maior
adaptação às necessidades do Homem.
Dentro deste abrangente tema, decidimos focar a nossa atenção na área da
Logística que consiste em gerir de um modo responsável os recursos,
equipamentos e informações para a execução de todas as atividades de uma
empresa ou fábrica. Iremos abordar tópicos a diversos níveis como a definição do
próprio conceito, as suas aplicações a nível geral e particularmente na indústria, os
diferentes tipos de logística, First In First Out (FIFO) e Last In First Out (LIFO) e
respetivas vantagens, o projeto “Future Cities”, a inovação da “Internet das Coisas”
(IoT) e a tecnologia M2M (Machine to Machine). Para terminar o nosso relatório
usaremos alguns exemplos onde o uso da logística teve sucesso como o caso da
empresa KUKA e da DHL.
2. Palavras-Chave
Indústria 4.0
Logística
First in First Out (FIFO)
Last in First Out (LIFO)
“Internet das Coisas” (IoT)
Machine to Machine (M2M)
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão 2
3. Agradecimentos
“Na Indústria 4.0, as respostas devem
preceder às perguntas.” Ray Kurzwell
À Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto por nos dar a
oportunidade de desenvolver as nossas competências a nível da organização e
apresentação formal.
À nossa monitora e, acima de tudo, amiga, Sofia Cunha, por toda a simpatia,
dedicação e disponibilidade demonstrada.
Aos coordenadores do projeto por acreditarem e confiarem nas capacidades
dos alunos para desenvolver um trabalho desta dimensão.
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão 3
4. Índice
1. Resumo ............................................................................................................... 1
2. Palavras-Chave ................................................................................................... 1
3. Agradecimentos ................................................................................................... 2
4. Índice ................................................................................................................... 3
5. Lista de Figuras ................................................................................................... 4
6. Introdução ............................................................................................................ 5
7. Indústria 4.0 ......................................................................................................... 6
a) Evolução da indústria .......................................................................................... 6
b) Conceito .............................................................................................................. 6
8. Logística .............................................................................................................. 9
c) Definição .............................................................................................................. 9
d) Logística Industrial – objetivo e tipos ................................................................. 10
i. Sistema de armazém centralizado .............................................................. 10
ii. Sistema de armazenamento descentralizado ............................................. 11
iii. First In First Out (FIFO) ............................................................................ 12
iv. Last In First Out (LIFO) ............................................................................ 13
9. Logística na Indústria 4.0 ................................................................................... 15
e) IoT (Internet of Things) ...................................................................................... 15
f) M2M (Machine to Machine) ............................................................................... 16
g) Exemplos ........................................................................................................... 18
10. Discussão ....................................................................................................... 21
11. Conclusão ...................................................................................................... 22
12. Referências Bibliográficas .............................................................................. 23
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão 4
5. Lista de Figuras
Figura 1 -Evolução da Indústria ................................................................................. 8
Figura 2 - Sistemas de armazenamento .................................................................. 11
Figura 3 - Armazenamento em FIFO........................................................................ 12
Figura 4 - Armazenamento em LIFO ........................................................................ 13
Figura 5 - Condições propícias à expansão da IoT .................................................. 16
Figura 6 - Gestão de frotas (PT Empresas) ............................................................. 17
Figura 7 - Localização de ativos (PT Empresas) ...................................................... 18
Figura 8 - Linha de prodção (KUKA Robotics) ......................................................... 19
Figura 9 - Distribuição DHL ...................................................................................... 20
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão 5
6. Introdução
A unidade curricular Projeto FEUP visa desenvolver as aptidões para a
realização e estruturação de um relatório escrito e posterior apresentação, avaliando
também a capacidade de expor e apresentar de forma clara o tema proposto. Para
além disso, é também desenvolvida a capacidade de síntese e de organização de
um tema bastante abrangente, sendo avaliado no poster.
O tema a desenvolver ao longo deste relatório é Indústria 4.0, mais centrado na
vertente da Logística.
No mundo atual, onde a sociedade é cada vez mais competitiva, evolutiva e
interativa, as empresas são obrigadas a recorrer ao uso da logística para que
consigam ter maior controle e identificação de oportunidades para rentabilizar os
investimentos, reduzir os custos de produção, cumprimento e programação das
entregas, a contagem de stocks, facilidade na gestão dos pedidos, entre outros.
O conceito de logística tem evoluído ao longo dos anos devido ao progresso
das tecnologias da informação e pela constante exigência de desempenho por parte
dos consumidores em diversos aspetos, tais como, a qualidade e a rapidez. Sendo
assim, as empresas são obrigadas a uma gestão eficiente a todos os níveis.
Este trabalho tem por objetivo, não só expor alguns conceitos importantes no
mundo atual e futuro, mas também mostrar algumas das inúmeras aplicações da
logística, bem como as suas vantagens e importância para o avanço a nível mundial.
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão 6
7. Indústria 4.0
a) Evolução da indústria
O conceito de indústria surgiu em meados do século XVIII com a invenção da
máquina a vapor, que deu origem à Primeira Revolução Industrial. Esta revolução
caracteriza-se pela substituição dos métodos de produção artesanais pela produção
mecânica.
Com as novas evoluções tecnológicas, teve lugar uma nova revolução na
indústria - a Segunda Revolução Industrial - marcada pelo início da produção em
série. Graças à energia elétrica, foi possível diminuir os custos de produção e
aumentar a eficiência do processo.
No final do século XIX, assistiu-se à Terceira Revolução Industrial, possibilitada
pelos avanços na área da eletrónica, automatizando cada vez mais o processo de
fabrico de bens. (Lee 2015)
Com o passar do tempo, os países desenvolvidos passaram a focar mais os
seus recursos económicos no setor terciário, deixando de lado o setor industrial. A
Europa seguiu um rumo oposto ao dos países emergentes (como os BRIC),
resultando num fenómeno de desindustrialização, que se refletiu numa perda da
competitividade dos países com um pobre setor industrial.
Com o intuito de solucionar este problema, está em curso uma nova revolução
na indústria, conhecida como Indústria 4.0. (Roland Berger Strategy Consultants
2014)
b) Conceito
O termo Indústria 4.0 ganhou força na Alemanha, onde foi lançado um projeto
para modernizar a indústria já desenvolvida com o envolvimento de empresas,
universidades e do governo. Para a chefe do governo da Alemanha, Angela Merkel,
a definição de Indústria 4.0 é “a fusão do mundo online com o mundo da produção
industrial”.
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão 7
O surgimento da Indústria 4.0 não é definido como uma nova tecnologia, mas
sim como o aproveitamento daquela já existente para fins industriais, através da
criação de fábricas inteligentes, de modo a tornar os sistemas de produção
informatizados e autónomos, ou seja, sem a intervenção física do Homem.
Por fábrica inteligente entende-se uma fábrica na qual computadores, máquinas
e robôs interagem remotamente através de uma rede wireless. Para além disso,
todos os movimentos das máquinas são feitos de modo sincronizado e preciso,
sendo apenas supervisionadas pelo Homem à distância e programadas por este
mesmo.
Estima-se que em poucos anos o conceito de Indústria 4.0 se espalhe por
inúmeros países e, consequentemente, o perfil da mão de obra deverá mudar
totalmente. Segundo Cezar Taurion, da consultoria Litteris Consulting, especializada
em tecnologia da informação e transformação digital, “quem quiser trabalhar nas
fábricas do futuro terá de desenvolver habilidades técnicas e interpessoais bem
específicas”. De entre as várias características que um profissional técnico terá de
desenvolver as mais relevantes são a formação multidisciplinar, ou seja, os
profissionais terão de ser capazes de desenvolver mais áreas do que aquelas nas
quais se formaram, de modo a terem capacidade de pensar em novas formas de
gerar riqueza e de adaptação no manuseamento das máquinas e dos robôs
inteligentes. (Lenovo 2015)
São inúmeras as vantagens que esta “quarta revolução” pode trazer ao mundo
atual, nomeadamente na vertente financeira: o derradeiro objetivo da indústria 4.0 é
efetivamente diminuir os custos de fabrico e aumentar a eficiência, algo que se
insere na questão da logística que será abordada mais adiante.
O crescente relacionamento entre infraestruturas industriais e fábricas
inteligentes resulta numa notável redução do gasto energético. Vários grupos de
pesquisas sobre este tema afirmam que “muitas fábricas gastam enormes
quantidades de energia durante as pausas de produção, que ocorrem aos fins de
semana e feriados, algo que poderia ser evitado com o advento das fábricas
inteligentes.”
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão 8
Segundos os defensores da implantação de fábricas inteligentes, o trabalho será
visto de uma forma diferente, dado que as máquinas efetuarão tarefas repetitivas de
um modo muito mais eficaz do que do que um simples trabalhador. Este tema dá
asas ao problema do desemprego de inúmeras pessoas. No entanto, este poderá
ser combatido pois dar-lhes-á possibilidades de executarem trabalhos mais criativos
e elaborados, salvando-os desses serviços repetitivos. Para além disso, visto que os
sistemas serão autónomos, os trabalhadores serão obrigados a passar menos
tempo nos seus locais de trabalho, e poderão supervisionar a fábrica via Internet.
(Lenovo 2015)
Figura 1 -Evolução da Indústria
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão 9
8. Logística
c) Definição
Inicialmente, a Logística surgiu no contexto militar, através da necessidade de
transporte, quer de tropas, quer de recursos. Assim sendo, era vital o planeamento
de rotas, bem como de outras tarefas importantes, tais como a distribuição,
manutenção e armazenamento de diversos alimentos e equipamentos (armas,
roupas, para melhorar as condições físicas dos militares).
De acordo com o Council of Supply Chain Management Professionals, a
logística é a parte da gestão da cadeia de abastecimento que planeia, implementa e
controla o eficiente e eficaz fluxo e armazenamento de bens e serviços, bem como
as informações a eles relativas, desde o ponto de origem até ao ponto de consumo,
com o propósito de atender às exigências dos clientes.
Atualmente, a logística é responsável pela organização e planeamento de
todas as atividades de uma empresa, daí envolver vários recursos de diversas áreas
como engenharia, contabilidade, economia, marketing, entre outras.
O conceito de logística pode ser definido como a “organização e gestão de
meios e materiais para uma atividade, para uma ação ou para um evento”.
(Dicionário Priberam da Língua Portuguesa s.d.)
O conceito de logística está presente no nosso quotidiano, nas mais diversas
áreas, especialmente no que diz respeito à organização de tarefas e otimização do
tempo. Como tal, existem vários exemplos onde podemos ver a importância de um
bom sistema de logística, de destacar o caso de sucesso implementado na cidade
do Porto.
Através do uso das novas tecnologias, em particular de sensores espalhados
pela cidade, os responsáveis pelo projeto “Future Cities” (implementado em 2013)
têm como objetivo melhorar a qualidade de vida dos portuenses. A aplicação da
logística, neste caso, está patente na recolha de lixo, onde as novas tecnologias
tentam otimizar o processo, de forma a poupar tempo e dinheiro. Segundo o
coordenador do projeto, João Barros, investigador da Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto (FEUP), "Os contentores vão ter instalados sensores que
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão 10
permitem a comunicação com os camiões do lixo, que, devido a algoritmos de
cálculo de rotas, passam a poupar tempo e combustível se se dirigirem apenas aos
contentores que estão mesmo cheios". (Brito 2015)
Como é visível, a logística não só otimiza os processos de produção nas
industriais, mas também constitui um importante contributo para a melhoria da
qualidade de vida da população, em inúmeras áreas do quotidiano.
d) Logística Industrial – objetivo e tipos
A nível industrial, podemos então afirmar que a logística é o elo que faz a
ligação entre o lado da produção e a exigente procura do mercado. O seu derradeiro
objetivo é, consequentemente, propiciar condições para oferecer ao cliente o
produto certo, no sítio certo, à hora certa, bem como ao menor custo possível, de
modo a otimizar lucros. (Sople 2007)
Para corresponder a tal procura do mercado, é necessário implementar várias
estratégias que levem ao sucesso de uma empresa, nomeadamente a decisão de
optar por um sistema centralizado ou descentralizado no que toca ao
armazenamento de produtos.
i. Sistema de armazém centralizado
Neste sistema de armazenamento, o stock de produtos encontra-se
centralizado num único armazém. Optar por esta estratégia implica uma máxima
utilização de espaço, equipamento e recursos humanos, levando a uma otimização
deste processo, o que pode aumentar a produção sem, com isso, aumentar
proporcionalmente os custos da mesma, sendo que, desta forma, o custo médio de
produção baixa, algo que se denomina como economia de escala.
Ainda assim, ao concentrar todo o armazenamento num único armazém,
existem desvantagens associadas como, por exemplo, o aumento do tempo de
resposta ao cliente e o risco de existir uma catástrofe, como um incêndio, que possa
inutilizar ou destruir todos os bens armazenados. (Ticon Logistics Park CO., LTD.
2012)
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão 11
ii. Sistema de armazenamento descentralizado
No caso deste sistema, o armazenamento do stock multiplica-se por uma
diversidade de armazéns, estrategicamente colocados, com o principal intuito de
criar uma maior proximidade com o cliente, de modo a ter tempos de resposta mais
curtos. Porém, os custos deste sistema acabam por ser mais elevados, dada a
existência de um maior número de executivos para gerir cada armazém e ainda a
necessidade de uma quantidade mínima de stock em cada um dos armazéns.
(Ticon Logistics Park CO., LTD. 2012)
Fator Centralização Descentralização
Tempo de resposta Elevado Baixo
Custos de fabrico Baixo Elevado
Linha de produção Diversa Limitada
Figura 2 - Sistemas de armazenamento
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão 12
iii. First In First Out (FIFO)
Tal como o seu nome indica, no caso do FIFO, o primeiro produto a ser
armazenado deve ser o primeiro a sair para o cliente, reduzindo-se os tempos de
espera em armazém desse mesmo produto, fazendo-o chegar o mais cedo possível
ao destino final. É o processo indicado e mais vantajoso para guardar produtos
perecíveis, com um curto prazo de validade, como é o caso de uma indústria
alimentar, ou produtos que possam passar de moda de uma forma relativamente
rápida, como pode suceder na indústria têxtil ou mesmo tecnológica.
Ainda assim, este método implica uma maior complexidade na organização da
área de armazenamento de produtos, visto que pressupõe a existência de duas
áreas para o fluxo de stock: uma área de entrada e outra de saída do lado oposto.
Figura 3 - Armazenamento em FIFO
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão 13
iv. Last In First Out (LIFO)
Por outro lado, ao aplicar o LIFO, e seguindo uma lógica contrária
relativamente ao processo anterior, os produtos recém-armazenados numa fábrica
são os primeiros a ser enviados para o cliente, fazendo com que o stock mais
recente tenha prioridade sobre o mais antigo. Contudo, apenas poderá ser utilizado
este método em indústrias que fabriquem produtos homogéneos e que não percam
a sua validade com o tempo, sendo um exemplo disso uma fábrica que produza
tijolos ou placas de mármore.
Uma grande vantagem deste processo é que possibilita uma menor
preocupação com a área de armazenamento, sendo apenas necessário um só
corredor com uma dupla utilidade: descarregar produtos, empilhando-os, e
retirando-os pouco tempo depois para seguirem para o cliente.
Figura 4 - Armazenamento em LIFO
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão 14
Nos dias de hoje, através da Indústria 4.0, a ótima e mais eficiente aplicação
destes dois métodos referidos pode ser bastante facilitada com o auxílio da
tecnologia e da automatização das fábricas. Entenda-se que esta importância é
ainda maior no caso do First In First Out, uma vez que este pressupõe um controlo
dos tempos de espera em fábrica de um produto, bem como uma constante
supervisão da sua localização na área de armazenamento.
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão 15
9. Logística na Indústria 4.0
e) IoT (Internet of Things)
O conceito de Indústria 4.0, como já foi referido anteriormente, baseia-se numa
interligação dos vários componentes responsáveis pelo processo de fabrico. Essa
ligação é possível graças a uma das grandes inovações deste século aplicada à
indústria: a “Internet das Coisas” (IoT).
A “Internet das Coisas” consiste na ligação entre vários aparelhos e sensores,
possibilitando uma melhor leitura da situação do negócio, rentabilizando o processo.
Contudo, o verdadeiro potencial económico da “Internet das Coisas” só pode ser
alcançado se as empresas conseguirem perceber onde e como utilizar esta nova
ferramenta, aproveitando ao máximo todos os seus benefícios. (McKinsey Global
Institute 2015)
Atualmente, a IoT encontra-se num ponto de inflexão, graças a inúmeros
desenvolvimentos no campo tecnológico, que permitem um crescimento
exponencial da sua utilização e relevância. As condições que viabilizam este
crescimento são:
● Diminuição dos custos do hardware - Para além da melhoria da qualidade do
hardware, o custo de microchips e sensores tem caído significativamente;
● Software mais avançado - Software especializado na análise e tratamento de
dados, acessível a um vasto leque de empresas;
● Mais e melhores condições de conectividade - Com o apoio das operadoras
móveis e empresas de telecomunicações, a cobertura e a rapidez de banda
são cada vez maiores;
● Sistemas cloud - Com este tipo de sistemas cada vez mais acessíveis e
flexíveis, é possível o armazenamento dinâmico de uma grande quantidade
de informação;
● Grande retorno económico - Estima-se, segundo McKinsey Global Institute,
que o impacto da IoT pode chegar aos 11,1 biliões de dólares por ano, até
2025. (Edson 2015)
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão 16
O setor industrial é um dos que pode vir a representar uma grande parte da
riqueza originada pela “Internet das Coisas”, com um valor estimado de 1,2 a 3,7
biliões de dólares por ano. Neste grupo, o estudo da McKinsey Global Institute inclui
todos os ambientes de produção em série. Para além do impacto económico, a IoT
tem como consequência a diminuição dos gastos energéticos e o incremento da
eficácia laboral na ordem dos 20%.
f) M2M (Machine to Machine)
O termo M2M é, sem dúvida, uma expressão que iremos ouvir cada vez mais
frequentemente no mundo empresarial e industrial com os avanços tecnológicos e
com a progressiva afirmação da “Internet das Coisas” a nível mundial.
Este conceito baseia-se na conecção de aparelhos através de ligações sem
fios, aparelhos estes que são capaz de comunicar entre si, detetando problemas e
otimizando-se, sem qualquer intervenção humana.
Figura 5 - Condições propícias à expansão da IoT
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão 17
A implementação desta tecnologia serve de base para a IoT e,
consequentemente, para a Indústria 4.0. As aplicações do M2M são inúmeras, como
por exemplo nas máquinas de venda automáticas: com a instalação desta
tecnologia, sempre que um certo produto estiver a acabar, um conjunto de sensores
deteta-o e a máquina irá comunicar (por wi-fi, por exemplo) com o distribuidor que,
ao ser informado da falta do produto em questão, irá repor o stock. (Rouse 2010)
As implicações da implementação do conceito M2M à Indústria são colossais e
terão um enorme impacto na redução de custos e no aumento da produtividade das
empresas. Contudo, para que esta tal seja possível são necessárias algumas
condições para a comunicação entre as máquinas. Essas condições são
asseguradas pelas empresas de telecomunicações, como a Meo, em particular a PT
Empresas.
A PT Empresas oferece já soluções para que as empresas possam tirar o
máximo partido do M2M, agilizando os processos de distribuição e produção, o que
facilita a logística empresarial. Algumas das vantagens destes pacotes que a Meo
oferece residem localização de ativos e na gestão de frotas. (PT Empresas s.d.)
Figura 6 - Gestão de frotas (PT Empresas)
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão 18
Com esta tecnologia é possível às empresas conhecerem a localização das
suas unidades de distribuição e minimizar os custos e o tempo necessário para os
processos de transporte. Este trata-se de um exemplo claro da importância das
inovações tecnológicas para a melhoria da logística na Indústria 4.0.
g) Exemplos
“We manufacture a complete car body every 77 seconds…. (using an)
intelligent system (...).” Jake Ladouceur, Managing Director, KUKA Toledo
Production Operations
Para satisfazer as necessidades de produção em série, de forma mais rápida e
eficiente, a empresa KUKA (empresa ligada ao setor automóvel) serviu-se da
“Internet das Coisas” para otimizar o processo. O diretor da empresa definiu como
objetivo a capacidade de serem produzidos 8 modelos diferentes e 830 carros por
dia. Para que tal se verificasse, era necessário criar uma rede que ligasse todos os
componentes responsáveis pela manufatura. Esta empresa conseguiu atingir essas
metas usando as potencialidades do software criado pela Microsoft, o que permitiu
agilizar e diversificar a linha de produção.
Figura 7 - Localização de ativos (PT Empresas)
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão 19
Figura 8 - Linha de produção (KUKA Robotics)
A KUKA Systems trata-se de um exemplo pioneiro na implementação dos
recursos criados pela “Internet das Coisas” na indústria. Em parceria com a
Microsoft, um dos principais responsáveis pela divulgação deste novo conceito, a
automatização e interligação entre todos os sistemas na linha de produção foram
alcançadas com sucesso.
“The Internet of Things is not
a futuristic technology; it’s
here today.”
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão 20
A Logística não se aplica unicamente ao processo de manufatura, mas
também à organização de produtos. Um caso de sucesso é a empresa DHL
(indústria do transporte de cargas), que graças ao seu desempenho a nível de
armazenamento e distribuição especializados, tornou-se líder europeu no transporte
terrestre de mercadorias. O seu sucesso tem maioritariamente origem na sua
consideração por aqueles que requerem os seus serviços e pela preocupação em
prestá-los exemplarmente.
A DHL assegura-se de todo o transporte dos produtos, desde que acabam de
sair da linha de montagem até ao consumidor. Esta empresa utiliza maioritariamente
a via terrestre como meio de transporte de mercadorias, usufruindo das vantagens
que este tipo de deslocação traz, como a elevada cobertura geográfica, fraco
investimento por parte do operador, menores custos das embalagens e a
flexibilidade do serviço. Por outro lado, visto que o modo rodoviário apresenta
também algumas falhas como o peso e dimensões da carga ser limitado e estar
sempre dependente das condições atmosféricas e do tráfico, esta empresa apostou
também no transporte via meio aéreo, marítimo e ferroviário.
De modo a tornar o seu método de distribuição mais eficiente, a DHL apostou
em fazer algumas melhorias com o uso da logística, entre as quais o uso de
sistemas de comunicação por rádio e a localização por GPS. Sendo assim, toda a
pontualidade, controlo de cargas, administração de veículos de distribuição e
redução de custos está controlada e segura devido ao progresso que tem vindo a
realizar ao longo dos anos. (DHL s.d.)
Figura 9 - Distribuição DHL
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão 21
10. Discussão
Como foi possível perceber ao longo do trabalho, a Logística é parte integrante
em todas as áreas da vida do ser humano. Com as inovações tecnológicas
aplicadas ao setor industrial, a ligação entre Logística e indústria é reforçada.
Em resumo, o ideal proposto pela Indústria 4.0 assenta na interligação e
conectividade entre os vários dispositivos e máquinas usados numa fábrica. Graças
à tecnologia M2M e ao conceito da “Internet das Coisas”, esta conectividade pode
ser alcançada. Estas inovações vêm permitir às empresas aumentar
exponencialmente a produtividade e alcançar um considerável retorno económico a
longo prazo, como já foi referido anteriormente.
Existem inúmeros exemplos demonstrativos das vantagens resultantes da
aplicação destas novas tecnologias à logística da empresa. As fases de
armazenamento e de distribuição são cruciais para o sucesso das empresas ligadas
à indústria e só com uma boa estratégia de organização (potenciada pela IoT e pela
M2M) é possível obter bons resultados.
As vantagens desta Quarta Revolução Industrial são bem visíveis e foram
enumeradas ao longo deste trabalho. Como tal, o grupo considera essencial este
progresso para o aumento da competitividade entre as empresas, melhorando a
qualidade e eficácia da produção.
Apesar desta Revolução não se caracterizar por uma inovação tecnológica,
trata-se da criação de um novo conceito de organização e conectividade, tornando a
Indústria 4.0 no culminar de todas as revoluções anteriores.
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão 22
11. Conclusão
No mundo atual, o Homem é cada vez mais competitivo, perfecionista e
exigente tentando por isso melhorar cada vez mais as suas técnicas de trabalho,
desenvolvendo assim uma nova era - a era da Industria 4.0. No futuro, a indústria
tornar-se-á cada vez mais dependente da informática e da comunicação, mas
sobretudo da internet que será o elo de ligação entre máquinas e trabalhadores.
A fusão da tecnologia com o mundo virtual possibilitou a criação das fábricas
inteligentes, permitindo assim um nível de produção e de fabrico mais equiparável
às necessidades humanas atuais. Estas fábricas ainda não abrangem todos os
países desenvolvidos devido ao valor do custo inicial e a sua manutenção, mas
pode prever-se que com a evolução da tecnologia, no futuro o homem terá cada vez
mais tendência a investir neste tipo de fábricas, pois liberta-o de trabalhos
repetitivos e que requerem extrema precisão, oferecendo-lhe também oportunidade
para inovar noutro tipo de projetos.
Graças à elaboração deste relatório, podemos concluir que devemos
contribuir para a formação de profissionais prontos para fazer parte da “quarta
revolução”, cujo objetivo é proporcionar uma nova indústria, mais flexível, mais
rápida e principalmente levar a aumentos de produtividade de modo a aumentar a
competitividade no mercado atual.
Com base no tema Logística, concluímos que são imensas as tarefas que
compõe um sistema de gestão que é responsável por controlar recursos,
equipamentos e informações para a execução de todas as atividades de uma
empresa. Este controlo abrange a coordenação de mercadorias, transporte,
movimentação e distribuição, tudo para fazer uma gestão mais eficiente da
empresa.
O alcance da excelência da logística está em conseguir ao mesmo tempo
reduzir os custos e melhorar o nível de serviço ao cliente.
Em suma, verificamos que a tecnologia está extremamente desenvolvida e
será uma realidade que mudará de forma positiva a maneira como lidamos hoje com
a produção de bens e com a gestão de empresas.
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão 23
12. Referências Bibliográficas
Brito, Filipa. O portal de notícias do Porto. 25 de setembro de 2015.
http://www.porto.pt/noticias/porto-cidade-com-tecnologia-de-ponta (acedido em 28
de setembro de 2015).
Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Priberam. s.d.
http://www.priberam.pt/dlpo/log%C3%ADstica (acedido em 5 de outubro de 2015).
DHL. DHL Logística. s.d. (acedido em 12 de outubro de 2015).
Edson, Barb. “Creating the Internet of Your Things.” 2015.
file:///C:/Users/UTILIZADOR/Downloads/Creating_the_Internet_of_Your_Things.pdf
(acedido em 6 de outubro de 2015).
Lee, Tom. BCM Blog. 25 de junho de 2015.
http://www.bcmpublicrelations.com/blog/what-is-industry-4-0/ (acedido em 30 de
setembro de 2015).
Lenovo. Think Progress. 15 de maio de 2015. http://www.think-
progress.com/es/blog/posts/la-industria-4-0-que-es-y-por-que-tiene-
importancia/#sthash.OLpa6t6m.dpuf (acedido em 9 de outubro de 2015).
McKinsey Global Institute. junho de 2015.
http://www.mckinsey.de/sites/mck_files/files/unlocking_the_potential_of_the_internet
_of_things_full_report.pdf (acedido em 1 de outubro de 2015).
PT Empresas. Eficiência Operacional e TI. s.d.
https://www.ptempresas.pt/corporate/solucoes-de-negocio/eficiencia-operacional-e-
ti/m2m/localizacao-de-ativos (acedido em 12 de outubro de 2015).
Roland Berger Strategy Consultants. Jornal de Negócios. 11 de maio de 2014.
http://www.jornaldenegocios.pt/opiniao/detalhe/industria_40___a_nova_revolucao_in
dustrial_da_europa.html (acedido em 4 de outubro de 2015).
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão 24
Rouse, Margaret. WhatIs. junho de 2010.
http://whatis.techtarget.com/definition/machine-to-machine-M2M (acedido em 14 de
outubro de 2105).
Sople, Vinod V. Logistics Management. Índia: Pearson Education India, 2007.
Ticon Logistics Park CO., LTD. “TPARK - right warehouses... winning locations.”
setembro de 2012. http://www.ticon.co.th/Uploads/Web/Attachment/070c610e-0cfc-
4932-86e7-6015d8aab704.pdf (acedido em 27 de outubro de 2015).