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Lesões cáusticas do TGI superior

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Lesões cáusticas do TGI superior

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Como as substãncias cáusticas produzem lesões

• Por contato destruindo as membranas celulares, causando necrose

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Como podem ser ingeridas?

• Acidentalmente (geralmente crianças)• Com finalidade de auto-extermínio (adultos)

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Quais os principais cáusticos ingeridos?

• De acordo com o seu pH, diferenciam-se em ácidas ou alcalinas.

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Por que tem aumentado a incidência de lesões cáusticas?

• Devido à grande variedade e disponibilidade, particularmente em substâncias de uso corrente no dia a dia

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Quais são mais graves, as ingestões acidentais ou voluntárias?

• Nos adultos, é mais freqüente a ingestão voluntária, num contexto suicida, associando-se geralmente, a maior gravidade das lesões (ingestão de volumes maiores)

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Em que idade são mais freqüentes as ingestões?

• A idade média de ocorrência é variável, sendo apontada a 4ª década como a mais afetada

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Quais os fatores relacionados ao cáustico interferem na gravidade?

• O tipo (ácido, base), a concentração, a quantidade, o estado físico e a potencial ocorrência de efeitos sistêmicos

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Quais os fatores relacionados ao paciente interferem na gravidade?

• Existência de intenção suicida (maior volume),• Tempo de exposição• Repleção gástrica• Características prévias do aparelho

gastrointestinal (tempo de trânsito, refluxo gastroesofágico, alterações estruturais) e as co-morbilidades

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Que tipo de necrose produzem as bases?

• As bases produzem necrose de liquefação. • Grande poder de penetração

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Por que as lesões gástricas por bases são geralmente menos graves?

• No estômago, verifica-se uma neutralização parcial pelo ácido clorídrico, limitando a gravidade das lesões.

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Qual o porcentual de lesões esofágicas, gástricas e duodenais?

• Esofágicas, em quase 100%• Gástricas, em 94%• Duodenais, em 30%

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Qual a importância do estado físico do cáustico?

• Cristais e sólidos aderem à mucosa, dificultam a deglutição, causam lesões menos extensas.

• Líquidos são deglutidos facilmente, geralmente inodoros, insípidos, ingeridos em maior quantidade, causam lesões mais graves

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Que tipo de necrose produzem os ácidos?

• Os ácidos produzem tipicamente necrose de coagulação.

• Consolidam o tecido conjuntivo, formam uma escara, o que limita a progressão da lesão

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Por que outros motivos os ácidos geralmente lesam menos?

• Provocam dor na orofaringe, e são ingeridos em menor quantidade

• Ao contrário dos alcalinos são menos viscosos, passam rapidamente ao estômago, lesando menos o esôfago

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Fisiopatologia

• O trajeto destes segue ao longo da pequena curvatura, em direção ao piloro, resultando em piloroespasmo, que habitualmente impede o esvaziamento gástrico e agrava as lesões

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Quando e o que ocorre na Fase I, pós ingestão de cáusticos?

• Do 1º ao 3º dia observa-se ocorrência de necrose e intensa reação inflamatória.

• O diagnóstico deve ser realizado nesta fase, assim como estabelecido o prognóstico e dar início às medidas terapêuticas

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Quando e o que ocorre na Fase II, pós ingestão de cáusticos?

• Do 3º ao 7º dia ocorre ulceração, resultante de descamação da mucosa e ulceração focal ou difusa, com invasão bacteriana, resposta inflamatória e aparecimento de tecido de granulação

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Quando e o que ocorre na Fase III, pós ingestão de cáusticos?

• Do 8º ao 14º dia dá-se o início dos mecanismos de reparação.

• O edema inflamatório é substituído por tecido de granulação.

• É nesta fase que a parede é menos• resistente (pela descamação e deposição de• colágeno ter início apenas no final da 2ª semana), não

devendo ocorrer a sua manipulação para evitar complicações iatrogênicas, como perfuração.

• É por este motivo que a maioria dos autores contra-indica a realização de endoscopia entre o 5º e 15º dia após a ingestão

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Quando e o que ocorre na Fase IV, pós ingestão de cáusticos?

• Do 15º ao 30º dia, podendo prolongar-se até ao 45º dia, verifica-se consolidação do processo de cicatrização.

• É nesta fase que se estabelece a conseqüência mais importante, a fibrose e a estenose.

• A probabilidade da ocorrência de estenose depende da profundidade e intensidade da produção de colágeno.

• Quanto maior a gravidade das lesões, mais precoce o aparecimento de estenose

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Quais as manifestações agudas, pós ingestão de cáusticos?

• A apresentação clínica pode ser variável. • O sintoma mais precoce e freqüente é dor na

orofaringe, que pode limitar a ingestão. • Podem também existir lesões visíveis nos

lábios, língua, face e tórax.

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Manifestações agudas

• Os sinais e sintomas podem não se correlacionar com a gravidade e extensão das lesões.

• Até 30% dos doentes com lesões esofágicas não apresentam lesões da orofaringe (mais freqüente no caso de bases) ou podem mesmo ser assintomáticos.

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Manifestações agudas

• Podem ocorrer náuseas, vômitos, odinofagia, sialorréia, dispnéia, disfonia, estridor, diarréia, febre, taquicardia, dor retroesternal e/ou epigástrica.

• Esta última, assim como a existência de hematêmeses, são indiciadoras de lesão gástrica

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Manifestações agudas

• Hematêmeses de grande volume devem levantar a suspeita de fístula aorto-esofágica.

• Dor intensa, retroesternal ou dorsal, especialmente se associada a enfisema subcutâneo, são indicadores de perfuração esofágica com mediastinite

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Manifestações agudas

• Podem existir, na observação física, sinais de irritação peritoneal, na ausência de perfuração.

• A ocorrência de disfagia é devida inicialmente a espasmo ao nível da lesão e obliteração quase completa do esôfago, secundária a edema e inflamação (primeiras 48H)

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Manifestações agudas

• Este pode facilitar a aspiração e infecção bacteriana, assim como o vômitos, que re-expõe a mucosa à ação do cáustico.

• Também a ausência de sintomatologia respiratória, não exclui a presença de lesões que podem justificar a entubação oro-traqueal (EOT), tais como edema glótico ou laríngeo

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Manifestações agudas

• Podem existir disfonia, dispnéia e estridor, observando-se lesões de eritema e ulceração da epiglote, cordas vocais e laringe, ou mesmo traqueíte, pneumonite química (secundária a aspiração de cáustico durante a ingestão ou vômitos) ou síndrome de dificuldade respiratória do adulto (SDRA).

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Manifestações clínicos

• Estas manifestações podem surgir várias horas após a ingestão, pelo que se impõe uma rigorosa vigilância inicial.

• A presença de febre, taquicardia e sepsis ou choque, são geralmente indicadoras de lesões mais extensas e graves

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Manifestações clínicas

• Podem também surgir acidose metabólica, necrose tubular aguda, insuficiência renal, pancreatite, coagulação intravascular disseminada, anemia (secundária a hemorragia e hemólise), além de insuficiência respiratória por pneumonite química ou SARA.

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Manifestações agudas

• Existem vários fatores associados a mau prognóstico, como intenção suicida, sexo masculino, ingestão de ácido, maior tempo decorrido entre a ingestão e admissão, presença de lesões graves da orofaringe, leucocitose, gravidade das lesões gastrointestinais (critério endoscópico) e existência de perfuração na admissão.

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Quais as manifestações tardias da ingestão de cáusticos?

• A mais comum é a ocorrência de estenose esofágica, cujo pico de incidência se verifica aos 2 meses, embora possa surgir passados vários anos.

• O processo cicatricial pode resultar, só por si em estenose, podendo também conduzir a alterações anatômicas, como “encurtamento” do esôfago e alteração funcional do esfíncter esofágico inferior, com refluxo gastro-esofágico, favorecedor de estenose

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Manifestações tardias

• A estenose deve ser suspeitada em doentes que desenvolvem disfagia, confirmando-se por estudo radiológico contrastado do esôfago.

• A disfagia pode também resultar apenas de alterações motoras do segmento fibrosado

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Manifestações tardias

• A estenose antro-pilórica, manifestada por síndrome de obstrução gástrica, deve suspeitar-se em doentes com queixas de vômitos, saciedade precoce e emagrecimento.

• Esta complicação é mais rara que a estenose esofágica, podendo ocorrer desde poucas semanas até vários anos após a ingestão

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Manifestações tardias

• Estes doentes apresentam um risco aumentado de aparecimento de carcinoma pavimento-celular do esôfago, cerca de 1.000 a 3.000 vezes superior à população geral.

• Aproximadamente 3% dos doentes com carcinoma do esôfago admitem ingestão de cáustico no passado e cerca de 1-7% dos doentes com esta neoplasia, têm história prévia de lesão cáustica

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Manifestações tardias

• O intervalo médio de aparecimento é de 40 anos, com períodos mais curtos nos casos de ingestão mais tardia.

• O carcinoma gástrico ocorre raramente. • Outras complicações tardias, mais raras, são a

estenose jejunal, hipo/acloridria, mucocele esofágica e disfonia

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Como deve ser a abordagem na fase aguda?

• Avaliar existência, localização e gravidade das lesões.

• Estabilização do doente, tanto do ponto de vista respiratório como hemodinâmico

• Se existirem sinais de dificuldade respiratória, poderá ser necessária administração de corticóides

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Abordagem da fase aguda

• Laringoscopia para avaliar a gravidade das lesões e necessidade de entubação orotraqueal; nalguns casos pode mesmo ser necessária traqueostomia ou cricotiroidectomia, para garantir a permeabilidade da via aérea

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Abordagem na fase aguda

• Acessos endovenosos (com colheita de sangue para avaliação laboratorial) e proceder-se à estabilização hemodinâmica, se necessário.

• A avaliação laboratorial deve incluir gasimetria arterial, hemograma com plaquetas, coagulação, PCR, função renal, eletrólitos, provas hepáticas, LDH e amilasemia

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Abordagem na fase aguda

• Deve ser elevada a cabeceira do leito para evitar o refluxo e a aspiração, realizada analgesia se necessária e mantido o doente em jejum, sob monitorização da temperatura, parâmetros vitais, oximetria e diurese

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Abordagem na fase aguda

• A indução do vômito está formalmente contra-indicada, assim como a tentativa de diluição ou neutralização do cáustico, visto que as conseqüentes relações exotérmicas também agravam as lesões e favorecem o vômito

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Abordagem na fase aguda

• Administração de um anti-emético sempre que necessário.

• Não deverá ser administrada qualquer substância por via oral, exceto no caso de substâncias sólidas, em que se recomenda administrar 150ml de água, para evitar que o cáustico permaneça aderente à mucosa da orofaringe e esôfago

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Abordagem na fase aguda

• O carvão ativado não tem lugar terapêutico, além de poder induzir o vômito e prejudicar a visão durante a realização de endoscopia digestiva alta

• No caso de substâncias ácidas está descrita a tentativa de aspiração e lavagem com água dentro da 1ª hora de ingestão, utilizando uma sonda bem lubrificada e de pequeno calibre, quando se trata de casos de maiores volumes ingeridos, como nos casos de intenção suicida

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Abordagem na fase aguda

• O ideal será a aspiração e lavagem sob visão endoscópica, se esta for possível dentro da 1ª hora.

• Deverá ser drenada a maior quantidade de ácido possível (a retenção gástrica é facilitada pelo pilorospasmo associado) e, seguida de lavagem com água ou leite frio, para minimizar o risco de lesão exotérmica

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Abordagem na fase aguda

• Em todos os outros casos, está contra-indicada em qualquer momento a colocação de sonda nasogástrica, mesmo para aspiração e lavagem gástrica, já que o ácido neutraliza as bases, e pode haver lesão pela sonda.

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Abordagem na fase aguda

• Seguidamente, deve ser obtido um RX de tórax e abdômen e, se houver suspeita clínica de perfuração, TC tóraco-abdominal

• Excluída perfuração ou lesões graves da oro/hipofaringe, o doente deverá ser submetido a EDA, cujo objetivo é a avaliação da extensão das lesões esofágicas e gástricas, permitindo estabelecer um prognóstico e orientar a abordagem do doente

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Abordagem na fase aguda

• As lesões de grau I e IIa não evoluem para estenose; as lesões de grau IIb e IIIa e IIIb, pelo contrário, associam-se a estenose em 15-30% e mais de 90% dos casos, respectivamente.

• Nas lesões de grau III está descrita uma taxa de mortalidade 78%.

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Abordagem na fase aguda

• Constituem contra-indicações para EDA, a existência de lesões graves da hipofaringe, obstrução da via aérea superior, sinais e/ou sintomas de perfuração, instabilidade hemodinâmica/choque, período entre 5º e 15º dia após a ingestão

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Abordagem na fase aguda

• O timing da EDA não é consensual, devendo idealmente ser realizada entre as primeiras 12 a 24 H.

• Nos casos de realização precoce, a indução do vômito pode levar a re-exposição da mucosa e nos casos mais tardios (> 48H), a probabilidade de perfuração é significativa

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Abordagem na fase aguda

• A realização de EDA é controversa nos casos de doentes assintomáticos com ingestão acidental (pequena quantidade) e sem lesões ORL devendo, no entanto o limiar de decisão para a sua realização ser baixo.

• Com a utilização de aparelhos flexíveis, apenas está recomendada a entubação orotraqueal para realizar EDA, nos casos de dificuldade respiratória e/ou risco de aspiração

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Abordagem na fase aguda

• Durante a realização do exame, é importante que a progressão do aparelho seja lenta e suave, com a insuflação mínima necessária para a observação.

• Perante o achado de lesões profundas circunferenciais ou necrose extensa, é aconselhado por vários autores, a suspensão do exame

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Suporte nutricional

• As opções possíveis descritas são a colocação de sonda nasoentérica (SNE), alimentação parenteral total ou jejunostomia

• Benefícios da via enteral:– Trofismo da mucosa– Evita translocação bacteriana– Certa proteção contra estenose

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Suporte nutricional

• Uso da sonda naso-enteral:– Mantém a permeabilidade do lúmen– Contudo, produz refluxo, associa-se a estenoses

mais longas e irregulares– Evitar nas lesões extensas (IIIa)

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IBPs

• Previne o aparecimento de úlceras de stress e parece acelerar a cicatrização da mucosa, justificando o seu uso empírico

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Corticoterapia

• As únicas indicações consensuais para o seu uso são o edema laríngeo e a epiglotite

• Apesar de um efeito potencialmente positivo (mas discutível) na prevenção de estenose nas lesões IIb e IIIa, a sua eficácia não está claramente demonstrada

• O seu uso pode associar-se a complicações infecciosas, aumento de morbilidade (hemorragia, perfuração, ocorrência de fístulas) e mortalidade

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Antibióticos

• O uso de antibióticos, de forma empírica, não é consensual.

• Devem ser apenas instituídos nos casos identificados de infecção, ou quando é decidido iniciar corticoterapia

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Sucralfato

• Está associado a um efeito citoprotetor da mucosa, atuando a vários níveis: formação de complexos com as proteínas dos tecidos ulcerados, absorção da pepsina e sais biliares, aumento da síntese e libertação de prostaglandinas, estimulação da renovação celular e aumento da produção de muco e bicarbonato.

• Existem relatos isolados que associam este fármaco a uma diminuição da ocorrência de estenose e melhoria da mucosite induzida por ácidos, sem papel na cicatrização ou prevenção de complicações

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Dilatação endoscópica e colocação de próteses

• Existem autores que recomendam estes procedimentos como forma de prevenir a estenose.

• No entanto, ambos os procedimentos são controversos podendo inclusivamente, aumentar o risco de complicações (perfuração)

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Quais as indicações cirúrgicas na fase aguda?

• Constituem indicações cirúrgicas, na fase aguda, a evidência clínica e/ou imaginológica de perfuração, lesões de grau IIIB e fistulização esôfago-traqueal

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Qual a classificação endoscópica das lesões por cáusticos?

Grau 0 NormalGrau I Edema e hiperemiaGrau IIA Úlceras superficiais, friabilidade,

exsudadosGrau IIB Úlceras profundas focais ou

úlceras circunferenciaisGrau IIIA Necrose focalGrau IIIB Necrose extensa

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Qual o protocolo a ser seguido na fase aguda?

1. Lesões mínimas ou ausentes:O doente poderá ter alta com dieta geral.

2. Lesões grau I:Vigilância em Enfermaria nas primeiras 24 horas,sob inibidor da bomba de prótons e anti-eméticos em SOS. Deve iniciar-se dieta líquida após a EDA e dieta ligeira às 24 horas.Alta hospitalar se ausência de disfagia

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Protocolo na fase aguda

3. Lesões grau IIA:Vigilância em Enfermaria nas primeiras 24 a 48horas, sob inibidor da bomba de prótons e antieméticos. Pode iniciar-se dieta líquida após EDA e dieta ligeira às 24-48 horas (mantida cerca de 7 dias). Alta se ausência de disfagia/odinofagia

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Protocolo na fase aguda

4. Lesões grau IIB:Vigilância em Unidade de Cuidados Intensivos,com suporte nutricional. Deverá ser efetuada terapêutica com inibidores da bomba de prótons e anti-eméticos. No final da 1ª semana, de acordo com a evolução do doente, deve ponderar-se o início de dieta oral

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Protocolo na fase aguda

5. Lesões grau IIIA:Vigilância em Unidade de Cuidados Intensivos ,com suporte nutricional. Deverá ser efetuada terapêutica com inibidores da bomba de prótons e anti-eméticos em SOS . O uso de corticóides ou antibióticos não está indicado, excetuando no caso destes últimos, quando existe evidência de infecção, broncoaspiração ou suspeita de perfuração. Face à existência de necrose, deve existir um maior índice de suspeição de perfuração e a decisão de introdução de dieta oral poderá ser mais tardia que nas lesões IIB.

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Protocolo na fase aguda

6. Lesões grau IIIB:Por definição, existe necrose extensa do esôfago,com elevado risco de perfuração com mediastinite e peritonite. Estes casos, pela sua elevada mortalidade, deverão ser referenciados de forma precoce a Cirurgia. A existência de necrose gástrica extensa constitui uma indicação formal para referenciação cirúrgica

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FIM