lentes progressivas com tecnologia free-form

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UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS MÉDICAS Lentes Progressivas Estudo Comparativo de Lentes Progressivas com Tecnologia Free-Form Mestrado em Optometria em Ciências da Visão Diana Maria Morais de Almeida Covilhã 2010

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Este trabalho tem o intuito de providenciar informação sobre lentes progressivas free-form de diferentes fabricantes, facilitando aos optometristas um aconselhamento sobre as mesmas.Com o aumento da esperança média de vida, no século XXI, o número de presbitas é cada vez maior e a boa compensação da presbiopia atinge uma importância fundamental. A compensação mais utilizada é as lentes progressivas sendo então necessário que os optometristas tomem a posição de compreender as diferentes opções que o presbita possa ter, estudando essas várias possibilidades e comparando-as.Foi realizado um estudo populacional para comparar e avaliar o desempenho clínico de lentes progressivas de várias marcas (Essilor, Prats, Indo) com tecnologia free-form em presbitas ametropes. Foram avaliados diferentes parâmetros como altura de montagem, grau de satisfação, tempo de adaptação, tipo de utilização. Estes parâmetros foram comparados com as diferentes marcas.Os resultados deste estudo evidenciam diferenças entre as marcas, que podem ser usadas para seleccionar um tipo de lente, que se melhor se adapte às exigências do paciente.AbstractThis paper aims to provide information on free-form progressive lenses from different manufacturers, making it easier for Optometrists to advice on them.With increasing life expectancy in the XXI century, the number of presbyopes is growing and the good compensation of presbyopia has a greater fundamental importance. The most frequent compensation used are the progressive lenses, it is then necessary for the optometrists to take the position to understand the different options that the presbyopic patients may have, studying these various possibilities and comparing them.It was conducted a population-based study to compare and evaluate the clinical performance of progressive lenses of various brands (Essilor, Prats, Indo) of free-form technology in presbyopes. It was evaluated different parameters such as fitting height, degree of satisfaction, adaptation time and type of use. These parameters were compared with the different brands.The results of this study revealed differences between brands, that can be used to select a type of lens that has a preferred feature that is most important for the patient.

TRANSCRIPT

  • UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR

    FACULDADE DE CINCIAS DA SADE

    DEPARTAMENTO DE CINCIAS MDICAS

    Lentes Progressivas

    Estudo Comparativo de Lentes Progressivas com

    Tecnologia Free-Form

    Mestrado em Optometria em Cincias da Viso

    Diana Maria Morais de Almeida

    Covilh

    2010

  • Dissertao apresentada ao Departamento de Cincias Mdicas

    da Faculdade de Cincias da sade

    da Universidade da Beira Interior,

    para obteno do grau de

    Mestre em Optometria em Cincias da Viso

    Orientador: Professor Doutor Joo Paulo Castro de Sousa

  • Agradecimentos

    Aps a concluso deste trabalho, gostaria de agradecer a todos

    aqueles que contriburam para a realizao deste trabalho.

    Ao Prof. Doutor Joo Paulo Castro de Sousa pela sua orientao,

    estmulo e incentivo realizao deste estudo.

    Ao Pedro Ramos pela disponibilidade, pelos conhecimentos

    partilhados e pela sua amizade e ajuda.

    Ao Antnio pela pacincia e estmulo.

    Ao Fernando e Telma pela ajuda e disponibilidade.

    E a todos aqueles que directa ou indirectamente me ajudaram a

    tornar possvel este trabalho.

  • CONTEDO

    1. REVISO BIBLIOGRFICA .............................................................................. 1

    1.1 PRESBIOPIA............................................................................................................ 1

    1.2 INTRODUO HISTRICA DAS LENTES PROGRESSIVAS ........................................... 8

    1.2.1 CONCEITO ......................................................................................................... 8

    1.2.2 NASCIMENTO .................................................................................................. 11

    1.2.3 EVOLUO ..................................................................................................... 12

    1.3 GEOMETRIA ........................................................................................................ 20

    1.4 FABRICAO FREE-FORM ................................................................................... 30

    1.5 PRISMAS OFTLMICOS E EFEITOS PRISMTICOS .................................................. 35

    1.6 ABERRAES ....................................................................................................... 41

    1.7 PROBLEMAS DE ADAPTAO ............................................................................... 47

    1.8 VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS LENTES PROGRESSIVAS ................................ 54

    2. MATERIAL .......................................................................................................... 57

    3. MTODOS: .......................................................................................................... 58

    4. RESULTADOS ..................................................................................................... 60

    5. CONCLUSO ....................................................................................................... 66

    6. CONSIDERAES FINAIS E SUGESTES DE TRABALHO FUTURO ... 67

    7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS................................................................ 68

    8. ANEXOS ............................................................................................................... 71

    8.1 TRATAMENTO DE ERROS .................................................................................... 71

    8.2 QUESTIONRIO ................................................................................................... 84

  • Lista de figuras

    Figura 1.1 Incapacidade de formao de imagens ntidas na retina devido

    falta de elasticidade do cristalino (presbiopia). Adaptado de [3] 1

    Figura 1.2 Diminuio da acomodao em funo da idade. Adaptado de

    [2] . 2

    Figura 1.3 Zonas de viso da superfcie das lentes progressivas.

    Adaptado de [7] . 9

    Figura 1.4 Campos visuais obtidos com uma lente progressiva com

    adio 2.00D. [8] 10

    Figura 1.5 Pontos de referncia numa lente progressiva exemplificados

    numa lente varilux physio 2.0 de ltima gerao. [8] 11

    Figura 1.6 Concepo da superfcie da varilux 1. [8] . 13

    Figura 1.7 Prncipio das lentes progressivas multi-design comparado com

    o mono-design. [13] 16

    Figura 1.8 Descentramento varivel com a adio da zona de viso de

    perto(varilux comfort). [8] . 18

    Figura 1.9 Rgua de marcao para lentes personalizadas da Essilor

    (Varilux Physio f-360). [8]..23

    Figura 1.10 Sistema de registo visual. [8] .....24

    Figura 1.11 A figura a) mostra curvas de isoastigmatismo e a figura b)

    curvas de isoesfera. [13] 26

  • Figura 1.12 Diagrama da aberrao astigmtica efectiva com uma lente

    da Zeiss (GradalTop). [7] ..27

    Figura 1.13 Diagrama da aberrao astigmtica efectiva com a Gradal

    RD. [7] ... 28

    Figura 1.14 Desbaste da lente atravs do disco de desbaste. [7]32

    Figura 1.15 Aumento da curvatura na lente progressiva. [17] . 35

    Figura 1.16 Remoo da espessura equivalente a prisma de base superior.

    [17] 37

    Figura 1.17 Utilizao da tcnica slab-off. [7] .. 39

    Figura 1.18 Polinmios de Zernique. [22] ............................................ 45

    Figura 1.19 Progresso da adio sobre a pupila induzindo a aberrao

    coma. [16] 46

    Figura 2.1 Equipamento de gabinete: tonmetro de sopro; coluna de

    refraco com forptero, lmpada de fenda e projector; autorefractmetro

    57

    Figura 2.2 Frontofocmetro 57

    Figura 4.1 Tempo de adaptao em dias relacionado com a altura de

    montagem, em milmetros, de cada lente. 60

    Figura 4.2 Relao entre o grau de satisfao geral que cada usurio tem

    sobre cada lente, e o tipo de utilizao, ou seja se o usurio dinmico ou

    no . 61

  • Figura 4.3 Grau de satisfao geral em relao a cada marca de lente

    utilizada. 62

    Figura 4.4 Tempo de adaptao do usurio lente, comparando com o

    tipo de utilizao. 63

    Figura 4.5 Tempo de adaptao relacionado com a marca da lente.64

    Figura 4.6 Grau de satisfao geral para cada lente, relacionando com a

    altura de montagem das lentes para cada usurio. . 65

  • Lista de tabelas

    Tabela 1.1 Relao entre a AA e a idade. [4] 5

    Tabela 1.2 Comparao da potncia prismtica. [7] .. 40

    Tabela 1.3 Tempo de adaptao em dias relacionado com a altura de

    montagem, em milmetros, de cada lente. 72

    Tabela 1.4 Grau de satisfao geral para cada lente, relacionando com a

    altura de montagem das lentes para cada usurio. 74

    Tabela 1.5 Tempo de adaptao relacionado com a marca da lente. 76

    Tabela 1.6 Grau de satisfao geral em relao a cada marca de lente

    utilizada. 78

    Tabela 1.7 Relao entre o grau de satisfao geral que cada usurio tem

    sobre cada lente, e o tipo de utilizao, ou seja se o usurio dinmico ou

    no. 80

    Tabela 1.8 Tempo de adaptao do usurio lente, comparando com o

    tipo de utilizao 82

  • Resumo

    Este trabalho tem o intuito de providenciar informao sobre

    lentes progressivas free-form de diferentes fabricantes, facilitando aos

    optometristas um aconselhamento sobre as mesmas.

    Com o aumento da esperana mdia de vida, no sculo XXI, o

    nmero de presbitas cada vez maior e a boa compensao da presbiopia

    atinge uma importncia fundamental. A compensao mais utilizada as

    lentes progressivas sendo ento necessrio que os optometristas tomem a

    posio de compreender as diferentes opes que o presbita possa ter,

    estudando essas vrias possibilidades e comparando-as.

    Foi realizado um estudo populacional para comparar e avaliar o

    desempenho clnico de lentes progressivas de vrias marcas (Essilor,

    Prats, Indo) com tecnologia free-form em presbitas ametropes. Foram

    avaliados diferentes parmetros como altura de montagem, grau de

    satisfao, tempo de adaptao, tipo de utilizao. Estes parmetros foram

    comparados com as diferentes marcas.

    Os resultados deste estudo evidenciam diferenas entre as marcas,

    que podem ser usadas para seleccionar um tipo de lente, que se melhor se

    adapte s exigncias do paciente.

  • Abstract

    This paper aims to provide information on free-form progressive

    lenses from different manufacturers, making it easier for Optometrists to

    advice on them.

    With increasing life expectancy in the XXI century, the number

    of presbyopes is growing and the good compensation of presbyopia has a

    greater fundamental importance. The most frequent compensation used

    are the progressive lenses, it is then necessary for the optometrists to

    take the position to understand the different options that the presbyopic

    patients may have, studying these various possibilities and comparing

    them.

    It was conducted a population-based study to compare and

    evaluate the clinical performance of progressive lenses of various brands

    (Essilor, Prats, Indo) of free-form technology in presbyopes. It was

    evaluated different parameters such as fitting height, degree of

    satisfaction, adaptation time and type of use. These parameters were

    compared with the different brands.

    The results of this study revealed differences between brands, that

    can be used to select a type of lens that has a preferred feature that is most

    important for the patient.

  • Abreviaturas

    F Frequncia

    C Velocidade da luz no vcuo

    Comprimento de onda

    PPC Ponto prximo de convergncia

    AA Amplitude de acomodao

    DPT/D Dioptria

    DNP Distancia naso-pupilar

    AV Acuidade visual

    CNC Computador numericamente controlado

  • 1

    1. Reviso bibliogrfica

    1.1 Presbiopia

    A presbiopia afecta quase 100% da populao acima dos 45 anos e

    a sua incidncia tende ao crescimento com o aumento da expectativa de

    vida da populao [1]. O facto de perder viso ao perto com a idade tem

    um impacto psicolgico no indivduo pois denota o estigma de

    envelhecimento. medida que a perda de acomodao gradual, o ponto

    prximo vai-se afastando cada vez mais e os braos comeam a ficar

    curtos [2].

    Figura 1.1 Incapacidade de formao de imagens ntidas na retina devido

    falta de elasticidade do cristalino (presbiopia). Adaptado de [3].

    A acomodao um mecanismo que nos permite ver um objecto

    focado ao longe e rapidamente focar outro ao perto, ou vice-versa, no qual

    essa medio a amplitude de acomodao. Enquanto isto acontece cada

    olho acomoda e converge simultaneamente para permitir a viso

    binocular e as pupilas contraem-se [2, 4].

    Ponto focal da viso de perto

  • 2

    Causas

    No sistema acomodativo participam o cristalino, as fibras da

    znula de Zinn e o msculo ciliar. O contedo em gua do cristalino

    diminui com a idade enquanto o contedo de protenas insolveis

    (albumina) do cristalino, aumenta, ficando depositadas no mesmo. O

    cristalino fica mais duro e menos elstico e a sua capacidade de mudar de

    forma diminui, ou seja, do-se alteraes qumicas e fsicas que tendem a

    aumentar a resistncia da massa interna do cristalino. A amplitude de

    acomodao vai-se perdendo com a idade e quando for menor que

    3diopetrias (dpt) apresenta-se a presbiopia como se verifica na seguinte

    figura [2].

    Figura 1.2 Diminuio da acomodao em funo da idade. Adaptado de

    [2].

    Em pessoas emtropes e hipermtropes a presbiopia manifesta-se

    por volta dos 40 anos, os mopes ainda conseguem uma viso ao perto

    razovel, porm nesta idade tambm tm uma diminuio da amplitude de

    acomodao.

    Am

    pli

    tud

    e d

    e ac

    om

    od

    ao

    Idade em anos

  • 3

    Quando a presbiopia prematura est afectada por certas

    condies geogrficas, de temperatura mdia, genticas e alimentares [4].

    Sintomas

    A sintomatologia caracteriza-se pelo comeo da dificuldade em

    focar os objectos prximos, seguido de cansao visual durante a leitura

    (devido ao uso excessivo da amplitude acomodativa que no deixa

    metade de reserva), ardor ocular, lacrimejo, dor de cabea frontal ou

    occipital, diplopia (tendncia ao aumento da exoforia e reduo da

    amplitude de vergncia fusional), sensao de sono durante a leitura mais

    ao final do dia, viso desfocada ao longe ocasionalmente depois do

    trabalho ao perto devido a resposta lenta do cristalino para desacomodar.

    Estes sintomas melhoram com o aumento da luminosidade, pois a pupila

    contrai logo aumenta a profundidade de foco [4].

    Sinais

    Mudanas nas relaes acomodao convergncia (aumento da

    convergncia acomodativa em casos de presbiopia parcialmente no

    compensada, tentando produzir mais acomodao, o que pode produzir

    endoforia ao perto; diminuio do PPC); diminuio da amplitude de

    acomodao (AA) - comea a decrescer at cerca de 4D aos 40anos, o que

    torna insuficiente a viso ntida de objectos a 40cm.

  • 4

    Mtodos de anlise

    Esta condio compensada atravs de uma lente esfrica positiva

    que requer primeiro o clculo da potncia em viso ao longe (se for

    amtrope). Esta lente positiva servir para aproximar o ponto prximo a

    uma distncia til para tarefas de perto. Como normalmente a

    acomodao igual para os dois olhos a adio para perto tambm

    igual. Ter em ateno o estado binocular.

    Os seguintes mtodos so para determinar a adio:

    - Mtodo por tentativas -adicionar lentes esfricas positivas de potncia

    crescente sobre a prescrio de longe at que o indivduo veja o teste de

    perto ntido distncia requerida;

    - Mtodo baseado na amplitude de acomodao para determinar a

    adio necessrio ficar de amplitude de acomodao de reserva.

    Deve-se medir a amplitude de acomodao aproximando um teste de

    leitura at que o paciente no distinga as letras, o inverso dessa distncia

    em metros a AA. A adio ADD = 1/d - AA/2, em que d = distncia

    em metros da distncia de leitura;

    - Mtodo baseado na idade do indivduo:

  • 5

    Tabela 1.1 Relao entre a AA e a idade [4].

    Idade Amplitude de

    acomodao

    Adies aos seguintes

    cm

    25 35 40

    40 6 1.00 0.00 0.00

    45 4 2.00 0.75 0.50

    50 2 3.00 1.75 1.50

    55 1.5 3.25 2.00 1.75

    60 1 3.50 2.25 2.00

    65 0.5 3.75 2.50 2.25

    - Cilindros cruzados estacionrios - colocar em cada olho os cilindros

    cruzados estacionrios sobre a compensao de longe, com o indivduo a

    observar o teste de rede distncia de trabalho; adicionar lentes esfricas

    positivas at se verem as linhas verticais mais negras e de seguida reduzir

    at ver as linhas iguais. A adio a subtraco da viso de longe viso

    de perto;

    - Teste bicromtico - colocar distncia de trabalho um teste bicromtico

    e se a pessoa vir melhor sob o fundo verde, adicionar lentes positivas at

    ficarem ambos os fundos iguais.

  • 6

    Factores influentes:

    -Tipo de erro refractivo: Miopia - o inicio dos sintomas mais tarde

    que nos emtropes; se a miopia for menor

    que 2.50D o individuo pode tirar os culos

    para viso de perto, se for maior ter de ter

    uma adio;

    Hipermetropia - indivduos mais precoces,

    pois j utilizam grande parte da acomodao

    para viso de longe, com adies geralmente

    superiores que os mopes.

    - Condies ambientais: o aumento da temperatura mdia anual e a

    exposio a raios ultravioleta pode afectar a

    flexibilidade do cristalino e antecipar a

    idade de incio da presbiopia.

    - Condies fisiolgicas: a presbiopia mais precoce nos indivduos

    desnutridos, com hipertenso, obesidade e

    diabetes - o metabolismo do cristalino e o

    funcionamento do corpo ciliar afectado.

    - Um indivduo que utilize muito as tarefas de perto tem mais

    probabilidade em desenvolver mais cedo os sintomas da presbiopia.

    - Aparece mais cedo em mulheres.

  • 7

    Compensao

    A correco da presbiopia alvo de grandes avanos de vrias

    tcnicas que vem sido a ser pesquisadas ao longo dos anos. Algumas

    dessas tcnicas so as cirrgicas, o uso de lentes de contacto (monofocais,

    progressivas) e o uso de culos (unifocais, bifocais, progressivos,

    progressivos para tarefas intermdias e de perto (lentes regressivas).

    Embora o uso de auxlios pticos seja visto como incmodo para alguns,

    a forma mais utilizada para compensar a presbiopia, com respostas

    bastante positivas para o uso de lentes progressivas em particular.

  • 8

    1.2 Introduo Histrica das Lentes Progressivas

    1.2.1 Conceito

    Na sociedade actual o aumento do tempo a realizar tarefas de

    viso de perto, as condies de vida e as adversidades do meio podem

    prejudicar o funcionamento do sistema visual e reduzir a sua eficcia,

    neste caso antecipar a presbiopia. Vrios estudos demonstram que os

    presbitas ocupam uma grande parte da populao. Relativamente a um

    estudo feito nos Estados Unidos da Amrica, um tero da populao que

    usa culos presbope e em 2002 de todas as lentes que foram vendidas,

    52.4% eram monofocais e 47.6% eram multifocais (incluindo bi/trifocais

    e progressivas) [5].

    Frente a esta situao encontrou-se um meio de ajudar o sistema

    visual para se adaptar s exigncias - as lentes progressivas. Este

    mercado de lentes vai-se desenvolver cada vez mais e ter mais vantagens

    no futuro, na substituio de lentes bifocais e unifocais. No so s os

    presbitas que podem usufruir de lentes progressivas, pois estas facilitam

    em muitos casos, comprovados por alguns estudos, o aumento do

    rendimento em pacientes com miopia progressiva [6].

    As lentes progressivas possibilitam uma passagem gradual da

    viso sem linhas visveis a demarcar, com uma variao na potncia em

    sentido positivo, de longe para perto, com viso ntida a todas as

    distncias. A superfcie ptica das lentes progressivas apresenta trs zonas

    diferentes: longe - zona que tem como ponto de referncia o centro ptico

    da potncia de longe, intermdia - corredor com uma progresso de

    potncia at zona de perto, perto - zona da potncia de perto calculada

  • 9

    pelo fabricante. Estas zonas so rodeadas por zonas perifricas que

    contm erros astigmticos, geralmente com ngulos oblquos, que variam

    com a adio (quanto maior a adio, mais evidente sero os erros

    perifricos).

    Figura 1.3 Zonas de viso da superfcie das lentes progressivas.

    Adaptado de [7].

    A melhor forma de compensar a presbiopia atravs de lentes

    progressivas. Estas so as nicas lentes com uma superfcie que permite

    obter uma viso ntida a todas as distncias apenas com um pequeno

    reposicionamento da cabea.

    Zona de viso de longe

    Corredor de progresso

    Zona de viso de perto

    Zonas perifricas

  • 10

    Princpio base

    Figura 1.4 Campos visuais obtidos com uma lente progressiva com

    adio 2.00D [8].

    A potncia da lente progressiva aumenta de forma contnua de

    cima para baixo, com uma progresso obtida atravs de uma variao

    contnua da curvatura da lente, obtida por curvas horizontais sucessivas,

    sem separao visvel entre as vrias zonas, beneficiando o utilizador de

    uma viso contnua de longe para perto.

  • 11

    Figura 1.5 Pontos de referncia numa lente progressiva exemplificados

    numa lente varilux physio 2.0 de ltima gerao [8].

    Os pequenos crculos a branco so permanentes a todas as lentes

    progressivas e so feitos a laser. Podem ser crculos, tringulos,

    quadrados etc, dependendo do fabricante. Esto separados por 34mm

    independentemente da marca. Por baixo dessas marcas esto tambm

    gravadas a adio do lado temporal e a identificao do fabricante do lado

    nasal. Estas marcas s so visualizadas atravs de uma luz forte ou

    atravs de luz ultravioleta. A distncia entre o centro da zona de perto e o

    centro da zona de longe de 2.5mm.

    1.2.2 Nascimento

    Owen Aves um optometrista Ingls patenteou o primeiro design

    da lente progressiva em 1907 mas nunca chegou a ser

    comercializada [9].

  • 12

    As lentes progressivas tiveram a sua grande evoluo por Bernard

    Maitenaz da Socit ds Lunetiers(que posteriormente se

    tornaria na Essel e por fuso com a empresa Silor, daria origem

    Essilor)em Frana (1953), que patenteou a primeira lente

    progressiva que iria ser produzida - Varilux I -[8,10]

    Varilux I(1959) lanada pela empresa Essel na Frana - 1sistema

    com aceitao pelos usurios [5,10].

    1.2.3 Evoluo

    As lentes progressivas possuem superfcies complexas que so as

    responsveis pela progresso dos valores diptricos observados e que por

    serem complexas so dotadas de incontveis focos; so diferentes das

    lentes multifocais que so trabalhadas com superfcies clssicas (esfrica

    ou cilndrica) e como tal podem ser denominadas de acordo com a

    quantidade de focos nelas existentes (bifocal, trifocal e quadrifocal) [11].

    At aos dias de hoje, as lentes progressivas registaram vrias evolues:

    1Gerao

    - Lente progressiva com desenho simtrico.

    - No era definido o lado da lente.

    - O centro ptico de perto estava centrado com o centro ptico de longe,

    ou seja, no contemplava a convergncia.

  • 13

    - Progresso dura de 1/4dpt.

    - Zona de viso de longe e de perto esfrica, aproximando-se das lentes

    bifocais, apenas com uma ligao entre essas duas superfcies - a

    concepo da superfcie era atravs de crculos.

    Figura 1.6 Concepo da superfcie da varilux 1 [8].

    - Fortes aberraes laterais exigindo grande esforo de adaptao por

    parte dos utilizadores [8,12].

    2 Gerao

    Por volta de 1970 surgem vrias concepes de superfcies

    alternativas. Umas concentrando-se nas zonas de longe e de perto e outras

    nas aberraes das zonas perifricas.

  • 14

    - Desenho assimtrico - a maior parte da distoro indesejada na rea de

    leitura empurrada na direco da lateral nasal do canal progressivo. Na

    viso lateral, os dois olhos vem atravs de reas que oferecem qualidade

    similar de imagem.

    - A geometria contemplava a convergncia.

    - Progresso dura de Dpt.

    - Passa a ser definido o lado da lente.

    - Introduzido um prisma de reduo de espessura (2/3 do valor da adio).

    - Tentativa da reduo de aberraes atravs de um ligeiro aumento da

    potncia nas zonas laterais da zona de viso de longe e diminuio da

    potncia nas partes laterais da zona de viso de perto. Isto resulta numa

    transio mais suave entre as partes laterais superiores e inferiores, com

    uma diferena menor entre os raios de curvatura das respectivas zonas.

    - Manter constantes os componentes horizontais dos efeitos prismticos,

    para que na viso lateral os objectos no sejam vistos deformados.

    - Para explicar as curvas geomtricas dos raios nas lentes progressivas a

    concepo de superfcie descrita atravs de: elipse, seguida pelo circulo,

    elipse, parbola e hiprbole, que reproduz o trabalho de Arbenz em 1975.

    Estas figuras geomtricas transportadas para um corpo slido transparente

    so as responsveis pela progresso dos valores diptricos nas lentes

    progressivas [11].

  • 15

    Umas lentes ainda contemplavam:

    - Desenho simtrico - onde era efectuada uma rotao da lente entre 8 a

    10, descentrando o centro ptico de perto do de longe.

    - Concepo esfrica [ 8,12].

    3 Gerao

    - Geometria assimtrica.

    - Introduo da superfcie asfrica.

    - Progresso suave de 1/8dpt.

    - Introduo de design mono-multi:

    O design mono define uma lente progressiva com a mesma forma

    para qualquer adio, sem alterar as zonas de viso. Porm podia-

    se alterar a progresso entre a zona de viso de longe e a zona de

    viso de perto, escolhendo entre uma progresso suave (corredor

    longo - menor distoro e menor viso desfocada, ou seja, menos

    aberraes de alta ordem em toda a lente) com uma adaptao

    mais rpida devido viso dos objectos perifricos com menos

    distores, ou uma progresso dura (corredor curto - maior

    campo de viso de perto) que seria melhor para um utilizador

    snior pois a potncia de perto alcanada rapidamente e as

    aberraes so concentradas na periferia.

  • 16

    Para um design multi era tida em considerao a adio, e a

    modificao do desenho para cada adio maximizava a amplitude

    do campo visual perto. Quanto maior o corredor da lente, menor o

    efeito indesejvel do cilindro, porm o olho ter de baixar mais

    para atingir a mxima potncia de perto [13].

    Figura 1.7 Prncipio das lentes progressivas multi-design comparado com

    o mono-design. Adaptado de [13].

  • 17

    4 Gerao

    No mundo da moda das armaes, a altura mnima de ajuste

    tornou-se um componente importante das lentes progressivas modernas.

    - Encurtar o comprimento de progresso da lente, proporcionando uma

    postura mais confortvel em viso de perto, porm este design elimina o

    benefcio de uma transio suave e resulta em altos nveis de

    astigmatismo perifrico.

    - Geometria asfrica-atrica:

    Para lentes asfricas as suas bases so entre 2 e 3, para lentes

    esfricas entre 4 e 5. A base da lente a medida da curvatura da lente, ou

    seja, se a lente for plana a sua base ser zero. Quanto mais curva for a

    lente, maior ser a sua base. Estas novas lentes progressivas aumentam a

    acuidade visual do usurio, ao mesmo tempo em que alarga o campo de

    viso distncia, de perto e intermediria. Os usurios geralmente notam

    uma melhora imediata da viso.

    A superfcie posterior asfrica aumenta o desempenho visual da

    lente. Esta geometria permite aumentar a potncia at zona inferior da

    lente limitando as aberraes pticas na periferia e mantm uma transio

    de foco suave.

    A geometria asfrica usada para lentes com potncia esfrica e

    para lentes com potncia astigmtica. Nas lentes com potncia esfrica, as

    manchas que ocorrem nas zonas perifricas so facilmente corrigidas com

  • 18

    uma geometria asfrica. Entretanto, nas lentes com poder astigmtico, a

    asfera pode ser optimizada somente para um meridiano principal sendo

    este problema solucionado com o desenvolvimento do toride. O desenho

    de superfcie do toride especialmente adaptado para cada poder

    diptrico, de maneira que a correco ideal sempre obtida para ambos

    os meridianos principais [7,8].

    - Descentramento varivel com a adio da zona de viso de perto, devido

    ao facto de que os presbitas diminuem a distncia de leitura medida que

    a adio aumenta.

    Figura 1.8 Descentramento varivel com a adio da zona de viso de

    perto(varilux comfort) [8].

    5 Gerao

    Considera-se a anlise de duas situaes:

  • 19

    Jovens presbitas lente progressiva foi aperfeioada na viso

    perifrica (reduzindo deformaes), na viso binocular (reduo

    dos efeitos de oscilao), na viso foveal (respeitando a posio

    natural da cabea e dos olhos).

    Presbitas seniores aperfeioamento na viso perifrica

    (suavizao da superfcie, para reduzir tempo de identificao de

    um objecto perifrico), na viso binocular (variao suave dos

    efeitos prismticos), na viso foveal (aumento das zonas de viso

    intermdias e de perto).

    - Variao do descentramento da viso de perto em funo da viso de

    longe, e no s em funo da adio como at aqui se fazia. O

    descentramento dever ser menor para os mopes que para os

    hipermtropes.

    - A superfcie progressiva produzida na parte cncava, s algumas

    que repartem a superfcie progressiva pela parte convexa e a face

    cncava.

    - Lente progressiva para armaes pequenas: necessrio uma altura

    suficiente da ocular para incluir a viso de longe, de perto, e a progresso

    da lente. Seria necessrio ento criar uma lente com curta progresso e

    zona de viso de longe ampla, pois o usurio de armaes pequenas baixa

    mais a cabea para usar a viso de perto, e menos os olhos [14].

  • 20

    1.3 Geometria

    Como j foi referido as lentes progressivas so compostas por 3

    zonas: viso de longe, corredor de viso intermdia e viso de perto.

    Normalmente, a zona de longe tem um bom campo de viso, no

    entanto, a zona intermdia e perto, costumam ser pequenas. Nas zonas

    laterais, a lente tem aberraes pelo que a viso no ntida.

    Para conceber o design das lentes progressivas necessrio avaliar:

    Viso foveal

    As reas da lente que vo ser utilizadas para as actividades que

    necessitem de preciso, tm de produzir imagens de qualidade mxima

    correspondendo estas viso foveal.

    Tem de se ter em conta o seguinte:

    - A coordenao dos movimentos dos olhos no plano horizontal

    determina a largura da lente varrida pelo olhar, determinando a largura da

    zona da lente utilizada para a viso foveal (geralmente

  • 21

    Viso Perifrica

    Em viso extra-foveal o usurio tem a percepo das formas e do

    espao envolvente, sendo directamente afectada pelos efeitos prismticos

    da lente progressiva, afectando sensivelmente o conforto visual. Apesar

    de nesta zona as exigncias de qualidade de imagem serem menores, estes

    efeitos prismticos devem ser distribudos de uma maneira regular para

    que a percepo do movimento seja confortvel [8,9].

    Viso Binocular

    Quando o usurio baixa os olhos para ver ao perto, estes

    convergem, logo a progresso da potncia na lente deve ter em conta o

    seguimento da trajectria da convergncia inferior-nasal.

    Os efeitos prismticos verticais devem ser iguais para todos os

    pares de pontos correspondentes das lentes direitas e esquerdas para

    promover a fuso motora das imagens [8,9].

    A concepo das lentes lateralmente assimtrica para permitir

    uma correcta fuso nos movimentos laterais.

    Existem vrios critrios que podem definir as lentes progressivas

    em quatro grandes grupos:

    Lentes progressivas convencionais bsicas - so as lentes que tm mais

    aberraes laterais. O corredor de viso intermdia relativamente

    estreito, sendo que a maioria tem corredor longo havendo algumas marcas

  • 22

    que tambm apresentam corredor curto. Esta geometria de lentes

    generaliza os comportamentos dos presbitas em relao s suas

    necessidades visuais. Estas lentes so indicadas para quem vai usar lentes

    progressivas pela primeira vez e prefere as mais econmicas.

    Lentes progressivas convencionais avanadas J tm em conta a

    graduao e a adio de forma a minimizarem as aberraes laterais.

    Normalmente, tem um amplo campo de viso de longe. Geralmente todas

    as marcas tm as duas verses: corredores longo e curto.

    Lentes progressivas com tecnologia free-form O free-form a mais

    recente tecnologia utilizada no fabrico de lentes oftlmicas progressivas

    (e em algumas unifocais). Esta tecnologia traduz-se na colocao da parte

    progressiva na parte interior da lente, o que produz uma viso intermdia

    e de perto mais larga e na viso de longe minimiza as distores

    /aberraes e aumenta a sensibilidade e contraste.

    Vantagens da tecnologia Free-Form

    O free-form reduz as aberraes laterais e produz uma menor

    distoro para alm de aumentar o campo visual nas zonas de leitura,

    viso intermdia e de longe o que produz uma maior sensao de

    equilbrio do olho. O desenho da lente optimizado para a distncia inter-

  • 23

    pupilar do paciente, altura de montagem, desenho da armao e potncia

    da lente.

    Lentes progressivas totalmente individualizadas Tambm so lentes

    free-form porm algumas marcas desenvolveram lentes personalizadas

    que, para alm dos parmetros anteriores incorporam tambm a distncia

    vertex, o ngulo pantoscpico.

    Estas medidas devem ser controladas utilizando uma carta de

    centragem e uma rgua fornecida pelo fabricante, verificando tambm a

    altura pupilar em viso de longe e opcionalmente a posio dos olhos em

    viso de perto.

    Figura 1.9 Rgua de marcao para lentes personalizadas da

    Essilor (Varilux Physio f-360).

  • 24

    Existem tambm lentes progressivas personalizadas, em que para a

    sua fabricao, alm dos dados anteriores, entram em considerao a

    forma do paciente olhar, ou seja, se o utilizador movimenta os olhos ou se

    movimenta a cabea, de forma a adaptar as zonas de viso ntida s suas

    posies personalizadas, isto , individualizam os valores das

    necessidades visuais. Estas medidas so feitas usando um aparelho

    prprio de cada marca que depois so comunicadas ao laboratrio para as

    incorporar no design da superfcie.

    Figura 1.10 Sistema de registo visual [8].

  • 25

    No haver dois usurios com a mesma prescrio nas lentes,

    quando produzidas pela tecnologia free-form.

    No de forma alguma aconselhvel que um utilizador passe a

    usar um tipo de geometria mais antiga se j estiver a usar uma lente com

    tecnologia mais recente.

    Representao grfica das lentes progressivas:

    Grfico de curvas isomtricas

    A quantidade e distribuio de cilindro e de esfera pode ser

    demonstrada por curvas isomtricas (isoesfera ou isoastigmatismo) num

    mapa bidimensional da lente. Verifica-se que as linhas isoastigmticas

    esto nas zonas menos utilizadas da lente (perifricas).

  • 26

    Figura 1.11 A figura a) mostra curvas de isoastigmatismo e a figura b)

    curvas de isoesfera. Adaptado de [13].

    Est demonstrado pelas linhas isoastigmticas as zonas onde vai

    haver desfocagem na viso, que so as zonas menos utilizadas da lente.

    Nos designs duros existem mais aberraes do que nos designs suaves,

    como se pode verificar. Estes grficos permitem delimitar o tamanho da

    zona de longe, da zona intermdia e da zona de perto [13].

  • 27

    Diagramas

    As aberraes das lentes tambm podem ser demonstradas por

    grficos tridimensionais (diagramas).

    Diagramas de astigmatismo podem ser usados para demonstrar as

    propriedades pticas das lentes progressivas, por exemplo, a aberrao

    astigmtica. Apresentam a distribuio diferente da aberrao astigmtica

    e o tamanho das zonas visuais. Entretanto, diagramas deste tipo no

    indicam a facilidade que o usurio ter em se adaptar e aceitar estas

    lentes, uma vez que isto depende de muitos factores: erro astigmtico,

    aberraes esfricas, efeitos prismticos, distoro, poder diptrico

    prescrito, centragem, inclinao da armao (ngulo pantoscpico), a

    distncia vertex e a avaliao subjectiva do usurio [7].

    Estes diagramas assim como os grficos de curvas isomtricas

    podem ser usados para comparar vrios tipos de lentes progressivas.

    Figura 1.12 Diagrama da aberrao astigmtica efectiva com uma lente

    da Zeiss (Gradal Top) [7].

  • 28

    Figura 1.13 Diagrama da aberrao astigmtica efectiva com a Gradal

    RD [7].

    Estes tipos de representao grfica podem ser usados, por

    exemplo, para distinguir uma lente progressiva convencional de uma lente

    progressiva free-form, como demonstram as imagens, porm s os

    estudos clnicos que podem comparar qualitativamente os vrios tipos

    de lentes.

    A representao tridimensional pode ser utilizada tambm para

    apresentar a distribuio da potncia e dos efeitos prismticos.

    Existem certas caractersticas das lentes progressivas que para

    respeitar a fisiologia da viso tm de obedecer a certos critrios e algumas

    tm de ser mantidas abaixo de certos limites. Neste captulo vo ser

    abordados alguns, pois outros sero abordados nos captulos seguintes.

  • 29

    Parmetros pticos especficos para o design das lentes progressivas:

    - Posio da altura da zona de viso de perto

    Situar a zona da viso de perto para um abaixamento do olhar da

    ordem dos 25, respeita geralmente a fisiologia dos olhos e da viso [8].

    - Progresso da potncia

    Deve permitir explorar o campo objecto sem o utilizador ter de

    mexer a cabea, relacionando tambm com a inclinao dos documentos

    durante a leitura.

    - Posio da horizontalidade da zona de viso de perto

    Tem de ser definida atravs da convergncia natural dos olhos de

    cada usurio baseando-se no valor da adio, da correco de longe, da

    distncia naso-pupilar (DNP) e da distncia mdia de leitura. Tem de se

    dar importncia tambm idade do presbita pois quanto maior for, mais

    descentrada a zona de perto ter de ser, devido diminuio da distncia

    de perto para haver um efeito de lupa [8].

    Para usurios presbitas que no convergem na viso de perto, pode

    ser solicitada a lente progressiva sem o descentramento da zona de viso

  • 30

    de perto. Esta opo s possvel em algumas marcas (ex: Carl Zeiss com

    a designao de inset 0)

    1.4 Fabricao free-form

    O fabrico de uma lente progressiva free-form apresenta as

    seguintes etapas:

    1- Design da superfcie

    utilizado um equipamento informtico com um sofisticado

    software (cada fabricante tem o seu) para fazer o clculo da topografia da

    superfcie da lente progressiva e do design. So feitos os clculos

    matemticos de acordo com o tamanho, tipo e formato da armao para

    determinar a espessura e a curvatura interna da lente. Para descrever uma

    superfcie progressiva so necessrios milhares de pontos relacionados

    com cada pedido individual feito ao fabricante com base nos parmetros

    especficos pedidos pela fbrica:

    - Graduao

    - Adio

    - Pr-calibragem digital - forma mais eficaz, atravs de digitalizao da

    forma das lentes, de reduzir a espessura das lentes convexas, pois

    transmite estes dados ao fabricante que calcula a espessura mnima no

    centro da lente em funo da espessura mnima requerida no ponto mais

    fino do respectivo bordo; Este sistema solicita-se sempre que se pedem

  • 31

    lentes progressivas, pois estes dados tambm so importantes para a

    optimizao da lente.

    - Distncias naso-pupilares para viso de longe

    - Alturas pupilares (com o paciente a olhar para longe)

    - ngulo pantoscpico

    - Distncia vertex

    O ajuste da armao deve ser feito antes de se proceder s

    medies referidas anteriormente.

    O software utilizado transmite os dados para o equipamento

    (CNC) que vai desbastar a lente.

    2 - Desbaste da superfcie

    As lentes convencionais so originadas atravs de uma patela

    (semi-acabada) que tem uma superfcie com uma base pr-definida a

    superfcie anterior, sendo a superfcie posterior trabalhada. As lentes

    progressivas semi-acabadas so produzidas em grandes quantidades.

    Estas tm a adio moldada e incorporada na superfcie anterior, e esto

    disponveis em 12 adies, resultando em centenas de lentes semi-

    acabadas para cada curva de base especfica. Por vezes para prescries

    muito altas a curva de base disponvel no a ideal, ficando por vezes a

    lente com uma qualidade ptica baixa.

    Felizmente a introduo das lentes free-form facilitaram a

    fabricao das lentes, esta nova gerao fabricada na superfcie

  • 32

    posterior da lente em tempo real para cada usurio em especfico [15]. A

    lente ento originada, diminuindo o bloco, para aproximar a espessura e

    criar a curva posterior necessria para produzir a prescrio adequada. O

    desbaste realizado com CNC (computador numericamente controlado).

    O disco de desbaste, tambm chamado de cortador de diamante de

    ponto nico (zeiss) vai-se deslocar nos eixos x, y e z, enquanto est em

    rotao em torno do eixo y. A lente gira em torno do eixo z e os

    movimentos so realizados na ordem das milsimas de milmetro. O

    desbaste iniciado a partir do centro da lente e a superfcie vai sendo

    trabalhada em espiral [7].

    Figura 1.14 Desbaste da lente atravs do disco de desbaste. Adaptado de

    [7].

    A tecnologia CNC permite que o design desejado para a lente seja

    transferido directamente do gerador CNC para o polimento CNC,

    mantendo-se sempre a forma da superfcie desejada.

    Lente

    Disco de desbaste

  • 33

    3- Polimento

    A lente polida para suavizar a superfcie. Durante este processo

    importante monitorar a presso pois com o aumento desta podem-se criar

    micro-aberraes na superfcie da lente que se manifestam em halos

    volta das luzes [8].

    4- Gravao a laser da superfcie da lente: Esta etapa realizada logo aps

    ao polimento, para que depois seja permitida a centragem das lentes para

    a inspeco. Estas gravaes j foram referidas anteriormente (2 crculos

    ou outras formas, distanciados de 34mm no eixo horizontal, com a adio

    sob o crculo temporal e o logtipo, que representa a marca e design da

    superfcie, sob o crculo nasal).

    5- Aplicao dos tratamentos solicitados para a lente

    6- Controlo da lente:

    As lentes vo para a inspeco e controlo antes do recorte.

    utilizado um aparelho chamado frontofocmetro computadorizado, que

    tem por objectivo conferir tridimensionalmente a potncia e o eixo que foi

    determinado no pedido, ou seja, analisa a topografia da superfcie dos

    quais se obtm dados que podem ser directamente comparados s

    equaes tericas da superfcie verificando a sua correspondncia. Neste

    sector tambm conferida a espessura central e das bordas das lentes.

    O poder medido diferente do poder prescrito porque:

  • 34

    - A anlise da potncia da lente pelo frontofocmetro feita reproduzindo

    a posio da lente como se estivesse nos culos de prova durante a

    refraco, ou seja, sem inclinao na armao, o que no acontece com as

    armaes dos pacientes. Quando a lente colocada na armao final do

    usurio, posicionada em relao ao olho com inclinao e com uma

    distncia vertex que vai influenciar a potncia da lente usada pelo

    paciente. Estando a lente final com o centro ptico de perto mais prximo

    do olho, a potncia medida vai ser maior [16].

    - A inclinao produz tambm um astigmatismo oblquo e uma variao

    do cilindro.

    - A geometria da lente de prova diferente da lente dos culos - Uma

    lente de prova apresenta uma espessura central menor que a de uma lente

    de culos com mesmo poder de vrtice.

    Estes valores de correco so calculados na fbrica

    informaticamente, e introduzidos automaticamente na fabricao da lente.

    Quando a lente vem do laboratrio, o envelope indica dois valores:

    a descrio da potncia medida e a da potncia prescrita, para uma

    correcta verificao de potncia pelo frontofocmetro. Estas mudanas

    podem afectar a esfera, o cilindro, o eixo e o prisma.

    O software necessrio para executar todos estes clculos seja

    para determinar como compensar a posio de uso ou para atingir campos

  • 35

    ampliados de viso e uma adaptao mais fcil so de propriedade de

    cada empresa.

    1.5 Prismas oftlmicos e efeitos prismticos

    Prisma de reduo de espessura

    A Essilor designa este prisma de prisma allg. As lentes

    progressivas tm um aumento constante da curvatura da superfcie na

    zona inferior. Isto torna esta zona mais fina que o resto da lente.

    Figura 1.15 Aumento da curvatura na lente progressiva. Adaptado de

    [17].

    Para impedir ento que essa zona inferior fique muito fina, a zona

    inferior ter de aumentar de espessura sem que afecte a zona superior.

    Para conseguir este efeito adiciona-se um prisma de base inferior a toda a

    lente. Verifica-se ento que a parte superior e inferior da lente tem a

    mesma espessura, logo a totalidade da lente pode ser reduzida.

  • 36

    Esta tcnica conhecida por prisma de base inferior. As lentes

    direita e esquerda tm de receber a mesma quantidade de prisma de base

    inferior, caso contrrio, o utilizador vai sofrer de viso dupla. A

    quantidade de prisma necessria varia de acordo com a adio, o tamanho

    e a forma da lente e o desenho. O mais comum o valor do prisma ser

    dois teros da adio. Esta tcnica tem um efeito muito positivo na

    reduo de espessura e do peso da lente sendo considerada um elemento

    de esttica [18].

    O prisma de reduo de espessura pode ser medido no ponto de

    referncia do prisma da lente. Numa prescrio prismtica, o valor

    medido o prisma resultante dos poderes do prisma de reduo de

    espessura e o prisma prescrito.

    A maioria dos mtodos de reduo de espessura envolvem

    adicionar um prisma de base inferior lente progressiva procedendo de

    seguida reduo de espessura, como j foi mencionado. Porm em

    alguns casos, retirar o equivalente a um prisma de base superior pode ser

    apropriado, como demonstrado na figura seguinte.

  • 37

    Figura 1.16 Remoo da espessura equivalente a prisma de base superior.

    Adaptado de [17].

    Este prisma no prescrito, pois no programa de computador do

    laboratrio que se determina se esta tcnica ir reduzir a lente

    uniformemente.

    Adaptao do usurio reduo de espessura

    Alguns pacientes podem demonstrar dificuldade na adaptao das

    lentes progressivas com reduo de espessura, que apresentam sintomas

    como: dizer que o cho parece ter altos, a necessidade de inclinar a cabea

    para baixo para ver atravs da zona de viso de longe.

    As causas para esta dificuldade podero ser:

    - O paciente est a usar pela primeira vez lentes progressivas.

    - O paciente nunca usou lentes progressivas com reduo de espessura.

    Espessura

    diferente

    Espessura

    igual

    Remoo do prisma

  • 38

    Porm, na maioria dos casos as causas esto relacionadas com erro

    na potncia da lente ou um posicionamento errado da lente em frente do

    olho. Deve ento ser sempre verificada a potncia da lente e a quantidade

    de prisma de reduo de espessura presente na lente comparada com as

    lentes que o paciente usava anteriormente para evitar estas situaes de

    desconforto ao paciente.

    Efeito prismtico induzido pela anisometropia

    Quando um paciente anisometrpico afasta o olhar da zona de

    referncia de longe, so induzidos efeitos prismticos, principalmente se o

    paciente usar lentes progressivas. Normalmente em usurios de lentes

    progressivas isto s se pronuncia, quando existe uma diferena maior que

    1.5D entre os dois olhos. Quando a anisometropia causa desconforto

    visual, nomeadamente viso dupla, tem de ser colocado um prisma numa

    das lentes para cancelar o efeito prismtico induzido pela diferena de

    potncias entre as duas lentes. ento incorporado um prisma de base up

    na lente progressiva mais negativa. Esta tcnica denominada de slab-off.

    Tcnica slab-off

    Com a incorporao do prisma de compensao na lente mais

    negativa, quando o usurio olhar pela zona de viso de perto, vai haver

    um desvio do raio principal atravs desta lente, da mesma maneira que na

    lente mais positiva. Logo, os efeitos prismticos sero os mesmos para os

  • 39

    dois olhos e as imagens estaro mesma altura para as duas lentes

    produzindo uma imagem binocular sem defeito [18].

    Figura 1.17 Utilizao da tcnica slab-off [7].

    A tcnica slab-off necessria para poder compensar a diferena

    prismtica nos pontos de referncia das vrias zonas de viso da lente.

  • 40

    Tabela 1.2 Comparao da potncia prismtica [7].

    Sem slab-off Com slab-off

    Direita Esquerda Direita Esquerda

    Crculo de

    medio da

    viso de

    longe

    3,3 b.i. 4,5 b.i. 4,5 b.i. 4,5 b.i.

    Ponto de

    medio

    prismtica

    1,2 b.i. 1,2 b.i. 2,4 b.i. 1,2 b.i.

    Crculo de

    medio da

    viso de

    perto

    4,7 b.s. 7,2 b.s. 7,2 b.s. 7,2 bs.

    Exemplo de poder prismtico numa lente progressiva:

    Dir.: +3,0; Esq.: +5,0; Adio: 2,0

    b.i.:base inferior

    b.s.: base superior

    Hipteses para substituir o slab-off:

    - Dois pares de culos

  • 41

    - Aumentar a altura de montagem das lentes progressivas

    - Prisma de Fresnel.

    O valor do prisma slab-off determinado no laboratrio.

    Para alm destes prismas que so includos nas lentes

    progressivas, continuam a existir efeitos prismticos indesejveis em toda

    a superfcie da lente. Estes variam ao longo do corredor de progresso de

    potncia consoante a prescrio de longe, a prescrio de perto e a

    extenso do corredor. Sendo importante medir sempre o valor prismtico

    em cada lente progressiva e compar-lo, para verificar se existe

    incongruncia. Para esta verificao tambm importante um

    aberrmetro para comparar os diagramas da superfcie das lentes [19].

    1.6 Aberraes

    Antes de abordar as aberraes pticas necessrio mencionar

    alguns conceitos bsicos referentes s frentes de onda.

    Frente de onda

    A luz propaga-se uniformemente a partir de um ponto luminoso,

    com a mesma velocidade e em todas as direces, porm pode ser alterada

    pela difraco e pela interferncia. A posio da luz em determinado

    momento a unio dos pontos em esfera numa mesma fase de vibrao,

    chamada de frente de onda. Os raios so uma alternativa de representar

    luz. As propriedades bsicas desta frente de onda so o comprimento de

    onda, a velocidade e a frequncia.: f=c/.

  • 42

    Quando a luz viaja atravs de meios pticos diferentes como gua

    e vidro, a sua velocidade diminui mas a sua frequncia no se altera,

    porm a forma da frente de onda altera-se denominando-se frente de onda

    aberrante [20].

    Aberraes pticas

    Aberraes pticas podem ser definidas como caractersticas de

    um sistema que impedem que a imagem de um ponto seja a reproduo

    exacta desse ponto, o que limita a visualizao de detalhes mais precisos

    para o olho humano.

    Conhecida uma frente de onda e as suas aberraes possvel

    estimar a qualidade da imagem produzida. Hoje em dia isso pode ser

    demonstrado pelos vrios aberrmetros.

    Desde que foram lanadas as lentes progressivas que se tm feito

    muitas tentativas para solucionar o problema das aberraes. Porm h

    que distinguir as aberraes do olho das aberraes da lente. Para os

    presbitas que tm aberraes de baixa ordem, muito complicado

    conseguir usar lentes progressivas, pois comprometem muito a qualidade

    visual [21].

    A tecnologia da frente de onda utilizada para conceber as lentes

    progressivas tem como base reduzir a onda luminosa forma mais regular

    possvel, ou seja, minimizando e controlando as aberraes. Esta

    tecnologia teve a sua aplicao na concepo da varilux physio.

  • 43

    A aberrao de onda pode ser ajustada atravs de equaes

    matemticas, sendo os polinmios de Zernique os mais utilizados. So um

    conjunto de funes das quais se obtm as formas das frentes de onda. A

    empresa Essilor assegura o emprego dos polinmios de Zernique (usando

    10 dos 36 polinmios), sobre sistemas pticos optimizados. Esta

    tecnologia utilizada e patenteada pela Essilor (Wavefront Advanced

    Vision Enhancement).

    Podemos dividir as aberraes em vrios tipos, mas as mais

    importantes so as pticas, que se podem subdividir em quatro: disperso,

    difraco, aberrao cromtica e aberrao monocromtica (ou

    geomtrica). Entre estas quatro, podemos apontar como mais relevantes

    as aberraes cromticas e as monocromticas (ou geomtricas), pois elas

    aparecem mesmo quando se usa uma luz com comprimento de onda nico

    (chamada de luz monocromtica).

    A aberrao cromtica a separao da luz branca nas cores que

    a compem e est ligada ao nmero Abbe do material, ao ndice de

    refraco dele e suas caractersticas quanto transmisso luminosa.

    Aberraes monocromticas:

    Aberraes de Baixa ordem - hipermetropia, miopia e astigmatismo

    regular so funes de Zernike de segunda ordem.

    Aberraes de alta ordem - Quando a superfcie da frente de onda

    alterada de forma irregular, provoca aberraes de alta ordem ou de

    3ordem, conhecidas como astigmatismos irregulares, que no podem ser

  • 44

    corrigidas com lentes esfero-cilndricas. impossvel corrigir aberraes

    alta ordem com lentes de culos, pois seria necessria a correspondncia

    ponto a ponto da rea pupilar com as lentes desses culos [20]. Este tipo

    de aberraes no tem tanto impacto na qualidade visual.

    A natureza permite ao olho humano compensar parcialmente as

    aberraes monocromticas, dando crnea uma forma menos curva na

    periferia que no centro. A forma asfrica da crnea, em conjunto com a

    asfericidade do prprio cristalino, contribui para atenuar estas aberraes

    pticas geomtricas.

    As aberraes pticas tornam-se mais complexas com o aumento

    de ordem e dependem do dimetro da pupila. Como existe forte relao

    entre as aberraes pticas e o tamanho da pupila, as medidas de

    aberraes tm sentido somente nas pupilas maiores que 6 mm uma vez

    que nas pupilas menores os raios centrais so pouco afectados. Ento, em

    condies normais de iluminao, durante o dia ou em ambientes bem

    iluminados, as aberraes de alta ordem, como o Coma, tm seus efeitos

    minimizados, ou at mesmo suprimidos, devido condio natural do

    olho, que ao adaptar-se a esta luminosidade, faz com que a pupila

    apresente aberturas menores que 6 mm [16].

    O sistema dos polinmios de Zernique utilizado para traduzir

    matematicamente uma superfcie complexa pela soma de uma srie de

    polinmios especficos. Os polinmios dependem de dois parmetros n e

    f, a ordem que n so as linhas e f as colunas. Os dez primeiros

    polinmios permitem notveis aplicaes matemticas e fsicas: o 5 d

  • 45

    acesso curvatura mdia da superfcie, o 4 e o 6 ao cilndrico e ao eixo

    e o 7 e o 10 ao declive da variao da curvatura.

    Figura 1.18 Polinmios de Zernique. Adaptado de [22].

    Aberraes de onda em lentes progressivas:

    As lentes progressivas tambm podem produzir aberraes de alta

    ordem adicionalmente s de baixa ordem. As de baixa ordem so devidas

    aos efeitos astigmticos produzidos e adio alta que causa desfoque.

    Consequentemente so produzidas aberraes de alta ordem como o

    coma e o trefoil. O coma ocorre quando a pupila (com dimetro de 6mm)

    vai rodar para baixo pelo corredor de viso intermdia, e fica a parte

    N=

    ord

    em ra

    dia

    l

    F= frequncia angular

  • 46

    superior da pupila coberta por uma potncia diferente da parte inferior,

    que j tem a progresso de potncia [16].

    Figura 1.19 Progresso da adio sobre a pupila induzindo a aberrao

    coma. Adaptado de [16].

    Ento, as aberraes de alta ordem nas lentes progressivas

    concentram-se nas zonas onde existe uma variao maior de astigmatismo

    e de esfera, ou seja, perto das zonas de viso central e ao longo do

    corredor de viso intermdia [23].

    Quanto melhor for a qualidade da lente menos aberraes haver.

    Isto vlido quando se comparam lentes com os mesmos parmetros:

    graduao, adio, corredor, altura de montagem, armao, etc. O mesmo

    tipo de lente com corredor curto ter mais aberraes laterais do que se

    tiver corredor longo. Quanto maior for a graduao (sobretudo se houver

    astigmatismos) mais aberraes existiro. Adies mais elevadas tambm

    originam mais aberraes. Lentes progressivas em armaes de tamanho

    lateral maior tambm podem apresentar mais distores.

  • 47

    No de forma alguma aconselhvel que um utilizador passe a

    usar um tipo de geometria mais antiga se j estiver a usar uma lente com

    tecnologia mais recente.

    O coma e o trefoil, so aberraes comuns nos olhos de todos ns

    principalmente nos presbopes, logo para algumas zonas da superfcie das

    lentes progressivas podem-se anular e ficar compensadas, no

    prejudicando muito a qualidade visual [16].

    1.7 Problemas de adaptao

    Antes da adaptao dos culos ao paciente tem de se proceder s

    seguintes etapas:

    - Verificar a graduao das lentes quando a lente chega da fbrica

    verificao no frontofocmetro da potncia de longe, da potncia de

    perto, da adio (tambm pode ser lida nas gravaes a laser na lente do

    lado temporal) e do prisma.

    - Controlar a montagem das lentes na armao - com a carta de

    centragem, a horizontalidade da montagem atravs da verificao dos

    crculos gravados a laser, as distncias naso-pupilares e as alturas

    pupilares.

  • 48

    Aps ajustar a armao ao rosto do usurio verifica-se:

    - Centragem das lentes atravs das marcaes das alturas e distncias

    naso-pupilares (coincidentes com o centro das pupilas)e a viso de perto

    atravs do reflexo corneano (coincidente com o circulo de viso de perto).

    - Qualidade da viso atravs de teste de AV.

    - Confirmar ngulo pantoscpico.

    Aps estas etapas, e algum tempo para adaptao se o paciente

    manifestar dificuldades na adaptao, ter de se realizar novo

    procedimento para solucionar o problema, rectificando primeiro todos os

    ajustes anteriores.

    Se estes estiverem correctos, ter de se proceder a uma

    investigao mais aprofundada.

    Existem vrias causas que provocam dificuldades de adaptao

    nos usurios. De seguida apresento as mais comuns.

    - Prescries elevadas

    No caso de lentes de altas graduaes, quanto maior o erro de

    centralizao e/ou graduao da lente, maiores sero os efeitos

    prismticos provocados segundo a regra de Prentice, em que:

    Prisma = descentramento * Dioptria

  • 49

    Quanto maior a potncia de longe, maior vo ser os efeitos

    astigmticos na periferia da lente, logo uma maior rejeio do usurio

    [24]. Para o usurio de lentes com potncia positiva alta, uma variao na

    distncia vertex por mais pequena que seja vai afectar muito a potncia

    efectiva de longe e de perto. Logo se aumentam os efeitos prismticos,

    vai ser afectada a convergncia, criando uma dificuldade no alinhamento

    da viso com a zona de viso de perto.

    Se a pessoa se queixar de campo de viso de perto pequeno, tenta-

    se aumentar a inclinao pantoscpica, pois com uma diminuio da

    distncia vertex de perto, aumenta o campo visual [25].

    - Anisometropia

    A anisometropia induz efeitos prismticos quando o usurio

    desvia o olhar do centro ptico. A nica soluo para este problema nas

    lentes progressivas a tcnica slab-off, que j referi anteriormente.

    Contudo, a viso do usurio estar limitada altura do ponto de medio

    prismtica nas lentes. Outra soluo ser usar lentes bifocais.

    - Prescries astigmticas

    Os usurios de lentes astigmticas altas tm uma alta tolerncia s

    aberraes astigmticas das lentes progressivas, pois esto habituados a

    elas.

  • 50

    Porm se a prescrio cilndrica for de eixo oblquo, pode

    encontrar algumas dificuldades quando olhar pela zona de viso de perto

    pois vai encontrar prismas de base out, que por sua vez dependem da

    direco do eixo do astigmatismo. No haver problema com os prismas

    de base up pois anulam-se sempre binocularmente, mas os prismas de

    base out so cumulativos. Essas dificuldades podem-se pronunciar como

    distores na viso perifrica em situaes que necessrio utilizar estas

    zonas, como conduzir [24,25].

    - Monoviso

    Quando se trata de pacientes com viso num s olho tem de se ter

    uma srie de consideraes antes de prescrever lentes progressivas. A

    maior ateno ter de incidir na viso de perto, pois se o paciente tiver

    monoviso h muito tempo, vai posicionar os objectos visualizados ao

    perto em frente ao olho que possui viso. Quando isto acontece, a zona de

    viso de perto das lentes no pode ter em considerao a convergncia.

    Normalmente, os pacientes que possuem monoviso recentemente,

    vo colocar os objectos de perto como se convergissem normalmente.

    Ento, nestes casos, tem-se sempre de determinar se o paciente converge

    ou no.

  • 51

    - Baixa miopia

    Os pr-presbopes com baixa miopia vo notar que com lentes

    progressivas vo ter um campo de viso de perto ntido mais pequeno do

    que se retirarem os culos para ver ao perto, logo, ao inicio vo preferir

    esta ultima situao. Todavia, com o uso das lentes progressivas vo

    contrariar essa preferncia gradualmente.

    - Adies altas

    Quando um paciente tem uma adio alta (>=1.5) e vai usar lentes

    progressivas pela primeira vez, tem de se verificar que o paciente percebe

    que o seu campo de viso de perto vai ser menor do que com qualquer

    outra forma de compensao que utilizava anteriormente e porque quanto

    maior a adio menor o campo visual de perto [24]. Para este tipo de

    situao ser mais sensato optar por uma lente progressiva de design

    duro, embora estas lentes sejam pouco usuais. Como j se referiu, este

    design vai aumentar o campo visual de perto que o necessrio neste

    caso.

    Quando existe um grande aumento na adio das lentes

    progressivas do usurio, este j est habituado a utilizar a zona de viso

    de perto para visualizar objectos a distncias intermdias. Tem de se

    informar o paciente que com as novas lentes ter de aprender de novo a

    ver os objectos a distncias intermdias com o corredor de viso

    intermdia, sem levantar a cabea para no abranger a zona de viso de

    perto e evitar dificuldades, principalmente nuseas enquanto caminha.

  • 52

    - Mudana do design da lente

    Muitos pacientes ainda utilizam geometrias de lentes progressivas

    antigas, portanto se se estiver a considerar adaptar uma nova geometria,

    um risco grande, pois pode resultar numa adaptao muito difcil devido

    ao aumento das aberraes na periferia em relao geometria antiga.

    - Mudana na prescrio

    Quando acontecem mudanas na prescrio, tem de se ter mais

    ateno do que se fosse em lentes monofocais, pois vai alterar as

    aberraes em toda a lente. Uma das situaes que proporcionam esta

    mudana na prescrio quando se realiza a operao para retirar as

    cataratas. As alteraes nas lentes progressivas sero tambm em relao

    aos efeitos prismticos.

    - Prisma de reduo de espessura

    Existem alguns casos em que pessoas que no utilizavam lentes

    com reduo de espessura atravs do prisma de base up, sintam

    desconforto ao usar novas lentes com esta espessura reduzida. A soluo

    para esta situao no obviamente pedir umas lentes de geometria

    avanada, ser manter a geometria antiga.

  • 53

    - Altura da pupila

    Verificar sempre a altura a que foram montadas as lentes antigas,

    pois tambm influencia na nova adaptao, se o usurio estava habituado

    a uma altura mais alta ou mais baixa que a pupila.

    - Mudana do tamanho da armao

    Quando h um paciente que usa lentes progressivas de corredores

    longos h muito tempo, devera ser mantida num tamanho similar de

    armao. Porem no quer dizer que no se possam adaptar armaes

    pequenas. Ter de se explicar ao paciente que com um tamanho de

    armao mais pequeno alguma zona visual vai ser comprometida, que

    normalmente a intermdia. No adaptar a pacientes que utilizem muito

    esta distncia [14].

    - Estilo de vida

    Enquanto um paciente de miopia baixa prefere um campo visual

    de longe maior, pois para ver ao perto retira os culos ou olha por baixo

    deles, um paciente com uma baixa hipermetropia que estava habituado a

    utilizar culos de perto prefere um alargado campo visual de perto.

    necessrio ento fazer um pequeno estudo, por questionrio ou aparelho

    prprio da marca, para saber o quotidiano do paciente. Quando o paciente

    utiliza muito o computador e outras tarefas de perto ou intermdio por

    perodos prolongados tem de haver o discernimento de prescrever lentes

  • 54

    que abranjam esses campos de viso mais amplamente. O melhor ser

    continuar a usar lentes progressivas pois para o quotidiano a melhor

    soluo, e para trabalhos prolongados para determinadas distncias, um

    par de culos extra que satisfaam essas necessidades.

    Estas situaes podem-se prevenir se houver uma aprofundada

    investigao sobre o quotidiano do paciente e as suas reais expectativas

    das lentes. necessrio explicar sempre ao paciente as suas limitaes

    nas lentes progressivas relacionadas com as probabilidades de insucesso

    de cada um, se as tiver. bom verificar tambm que algumas destas

    causas para os problemas de adaptao so comuns a outro tipo de lentes.

    Outras situaes onde no se aconselha o uso destas lentes:

    - Pacientes que sofrem de enjoos frequentemente ou tm problemas de

    equilbrio (no aconselhvel prescrever lentes progressivas).

    - Pacientes que tenham certas caractersticas de postura fsica que obrigue

    a pessoa a inclinarem a cabea para trs para olhar para longe.

    1.8 Vantagens e desvantagens das lentes progressivas

    Vantagens

    - Apesar da complexidade das superfcies progressivas, continua a ser a

    soluo mais prtica, obtendo viso ntida a todas as distncias com uma

    nica lente, sem necessidade de retirar os culos nem de mudar de

    armao para visualizar outras distncias.

    - Aps a necessria adaptao inicial, o rendimento e conforto so bons.

  • 55

    - Desde a visualizao de longe at uma distncia prxima, a mudana na

    lente e na viso progressiva, havendo uma viso ntida a todas as

    distncias sem quebras bruscas.

    - O aspecto esttico favorecido em relao s bifocais que contm o

    segmento que delimita a zona de viso de perto, importante a

    motivao.

    - Qualidade de viso subjectiva mais importante do que a acuidade

    visual perfeita.

    - Compensao contnua da acomodao - que no possvel quando se

    utiliza uma lente unifocal para perto, pois a acomodao apenas suprida

    para perto, e numa bifocal existem variaes muito bruscas da

    acomodao (passando de repouso amplitude mxima para viso de

    perto).

    - Percepo contnua do espao envolvente.

    - O progressivo tambm atraente nos casos em que mesmo no tendo

    potncia para longe, o dia-a-dia muito dinmico, tendo que ler, usar

    computador, atender pessoas, assistir a conferncias, etc. Usar culos s

    para perto ou somente longe pode tornar-se enfadonho devido

    necessidade de estar constantemente a tirar e a pr os culos no rosto.

    - Quando o quotidiano do paciente tambm inclui tarefas de viso de

    perto e intermdia, como por exemplo o computador e trabalho de

    secretria, lucrativo a utilizao de lentes progressivas em comparao

    com lentes unifocais, pois o usurio ter de flectir muito menos a cabea

    para realizar estas tarefas do que com uma lente especfica para uma

  • 56

    distncia, obrigando, nestas ltimas, o usurio a olhar pelo centro da lente

    [26].

    Desvantagens

    Apesar das inmeras vantagens que as lentes progressivas

    proporcionam, tambm tm como qualquer material, as suas

    desvantagens.

    - O aumento de curvatura contnua na sua geometria provoca aberraes

    indesejveis, porm ainda inevitveis. Para evitar algumas destas

    desvantagens aconselha-se que os pacientes comecem a usar este tipo de

    lentes, no incio da presbiopia, proporcionando uma adaptao contnua

    comeando com uma adio baixa.

    - Os campos visuais so mais estreitos que em lentes monofocais,

    sujeitando o usurio a evitar as zonas perifricas, onde se encontram a

    maior parte das aberraes.

    - Percepo da profundidade algumas vezes alterada devido diferena

    de graduao entre a zona superior e inferior da lente.

    -No incio do uso de lentes progressivas o tempo de adaptao maior do

    que com outro tipo de lentes.

    - Custo superior ao de outro tipo de lentes devido aos custos profissionais.

  • 57

    2. Material

    Figura 2.1 Equipamento de gabinete: tonmetro de sopro; coluna de

    refraco com forptero, lmpada de fenda e projector; autorefractmetro.

    Figura 2.2 Frontofocmetro

  • 58

    3. Mtodos:

    Foi realizado um estudo clnico com 25 prsbitas amtropes em

    que todos foram submetidos a exame optomtrico ou oftalmolgico

    completo e receberam os novos culos com lentes progressivas de vrias

    marcas e tecnologia free-form. Todos foram submetidos a uma avaliao

    objectiva da AV, tanto de longe como de perto utilizando as novas lentes

    progressivas com a sua graduao actualizada, e a uma avaliao

    subjectiva do grau de satisfao dessas mesmas lentes.

    Os pacientes foram avaliados atravs de questionrio fechado,

    dirigido de mltipla escolha e respeitante avaliao que o utilizador

    fazia das suas novas lentes, comparando tambm com o grau de satisfao

    das lentes anteriores. Este questionrio foi realizado depois de 2 semanas

    de uso das novas lentes progressivas. Estas avaliaes foram feitas em

    gabinete e em entrevista para a avaliao do desempenho clnico das

    lentes progressivas, durante a qual se anotavam os resultados.

    O grau de satisfao (GS) tem um intervalo de avaliao

    compreendido entre 1 e 5, sendo 1 muito mau e 5 excelente.

    Parmetros usados:

    - Distncia inter-pupilar

    - Altura - centro da pupila

    - Pr-calibragem digital (desenho da armao)

    Avaliou-se cada paciente subjectivamente em:

    - Viso de longe, viso intermdia, viso de perto (satisfao em

    geral)

  • 59

    -Transio de zonas (longe - intermdio - perto), facilidade de

    mudana de plano

    - Tempo de adaptao

    - Grau de satisfao geral

    Todos os participantes foram esclarecidos do objectivo e

    finalidade do estudo em causa e concordaram fazer parte do mesmo.

    Indivduos:

    N=25

    Idade mdia=53,72 (45 at 66 anos de idade)

    Distribuio segundo o sexo : Feminino=12

    Masculino=13

    Mdia da correco ptica para longe : + 1,54esf (0,25 at 7,5esf)

    - 1,75esf (0,25 at 3,25esf)

    - 0,97cil (0,25at 2,75cil)

    Mdia da adio = 2,24D (1 at 3,25D)

    Critrios de incluso :

    AV>= 8/10 em cada olho com a Rx actualizada

    Critrios de excluso :

    Condio sistmica que influencie a AV (ex: diabetes)

    Tratamento/medicao que influencie a AV

    AV

  • 60

    4. Resultados

    Figura 4.1 Tempo de adaptao (dias) relacionado com a altura mnima

    de montagem (milmetros) de cada lente.

    Deste grfico pode-se concluir que a adaptao s lentes

    progressivas foi mais rpida em alturas de montagem mais pequenas com

    um tempo de adaptao de 2 dias. Esta deve-se provavelmente ao factor

    esttico, pois as pessoas que usam lentes com um corredor mnimo de

    montagem mais curto, do grande importncia esttica o que predispe

    a uma adaptao mais rpida. Para alturas de 18mm e 21mm, o tempo de

    adaptao foi de 4,5 e 5,4 respectivamente.

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    16mm 18mm 21mm

    Tempo de adaptao/Altura mnima de

    montagem

  • 61

    Figura 4.2 Relao entre o grau de satisfao geral que cada usurio tem

    sobre cada lente, e o tipo de utilizao, ou seja se o usurio dinmico

    (D) ou no dinmico (ND).

    Neste grfico pode-se concluir que os pacientes cuja utilizao

    mais dinmica, ou seja utilizam uma maior parte da lente e em situaes

    mais activas esto mais satisfeitos, com um grau de satisfao de 4,29.

    Isto devido ao facto destes pacientes apresentarem uma maior

    necessidade de uma lente progressiva, pois o seu estilo de vida no se

    coaduna com a correco com lentes unifocais que no caso dos prsbitas

    so muito mais limitativas no que diz respeito mudana de foco. Outra

    utilizao mas de forma inversa, a maior necessidade de uma focagem

    ntida por um maior perodo de tempo e numa maior rea de lente, para os

    utilizadores menos dinmicos, como o caso de um empregado de

    escritrio cuja principal distncia focal que utiliza o perto, que no caso

    4,26

    4,265

    4,27

    4,275

    4,28

    4,285

    4,29

    D ND

    Grau de satisfao/Tipo de utilizao

  • 62

    da lente progressiva tem uma rea de viso muito mais reduzida quando

    comparada com uma lente unifocal. Verifica-se que estes tm um grau de

    satisfao menor de cerca de 4,27, no sendo no entanto uma diferena

    significante devido ao nmero baixo de inquiridos.

    Figura 4.3 Grau de satisfao geral em relao a cada marca de lente

    utilizada.

    De acordo com os resultados obtidos, existe uma maior satisfao

    para as lentes progressivas da Essilor relativamente s outras marcas, com

    uma satisfao de 4,5. Deve-se ter em conta que as outras marcas tambm

    tm um elevado grau de satisfao, de 4,29 para a Prats e 4 para a Indo.

    Tendo em conta que as lentes utilizadas so de tecnologia free-form, era

    de esperar este elevado valor de satisfao.

    3,7

    3,8

    3,9

    4

    4,1

    4,2

    4,3

    4,4

    4,5

    Essilor Prats Indo

    Grau de satisfao/Marca da lente

  • 63

    Figura 4.4 Tempo de adaptao (dias) do usurio lente, comparando

    com o tipo de utilizao dinmica (D) e no dinmica (ND).

    Relacionando os resultados deste grfico com o grfico do grau de

    satisfao/tipo de utilizao, verifica-se uma equidade. Os usurios que

    tm uma utilizao das lentes pouco dinmica demoram mais tempo a

    adaptarem-se s suas novas lentes (tempo de adaptao de 4,82 dias), logo

    a satisfao menor em relao aos usurios com uma utilizao

    dinmica, como verificado em resultados anteriores.

    Os usurios com uma utilizao dinmica demoraram cerca de

    4,14 dias para se adaptarem.

    3,8

    4

    4,2

    4,4

    4,6

    4,8

    5

    D ND

    Tempo de adaptao/Tipo de utilizao

  • 64

    Figura 4.5 Tempo de adaptao (dias) relacionado com a marca da lente.

    Analisando os resultados deste grfico pode-se concluir que para a

    marca de lentes Indo a mdia do tempo de adaptao s lentes

    progressivas maior (6,4 dias) em relao s outras duas marcas,

    seguindo-se a Essilor com 5,5 dias e por fim a Prats com 3.29 dias. Estes

    resultados divergem em relao ao grau de satisfao, pois seria de

    esperar que a lente com maior grau de satisfao tivesse um menor tempo

    de adaptao. Pode-se concluir ento que os usurios no relacionam o

    grau de satisfao com o tempo de adaptao.

    Tempo de adaptao/Marca da lente

    Essilor 5,5dias

    Prats 3,29 dias

    Indo 6,4 dias

  • 65

    Figura 4.6 Grau de satisfao geral para cada lente, relacionando com a

    altura de montagem (mm) das lentes para cada usurio.

    Em anlise com a figura 4.1, verifica-se uma congruncia entre o

    grau de satisfao e o tempo de adaptao, ou seja, existe uma adaptao

    mais rpida e mais satisfatria (grau de satisfao de 5) para alturas de

    montagem mais baixas, enquanto que para as alturas 18mm e 21mm o

    grau de satisfao foi de 4,17 e 4,12 respectivamente.

    Tambm se pode concluir que o design de lentes free-form tem

    uma boa resposta para alturas mnimas baixas/armaes pequenas.

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    16mm 18mm 21mm

    Grau de satisfao/Altura mnima de

    montagem

  • 66

    5. Concluso

    Neste estudo verifica-se que os valores da amostra nem sempre

    so simtricos, pois o nmero de inquiridos relativamente baixo,

    havendo assim uma grande necessidade de novos estudos nesta rea.

    Existem diferenas pticas entre as lentes de diferentes fabricantes

    que contemplam o tamanho das zonas de viso da superfcie da lente, a

    quantidade e disposio de efeitos prismticos e astigmticos, as alturas

    mnimas de montagem. Porm muito difcil estabelecer uma relao

    formal entre o clculo das caractersticas das lentes e a satisfao dos

    utilizadores. ento necessrio estudar essa relao, realizando estudos

    que contemplem vrias marcas de lentes para a mesma gama de lente.

    Este estudo contesta uma ideia preconcebida relativamente ao

    progressivo com uma altura ideal de montagem, pois as lentes com uma

    altura mnima de montagem 16mm tm tendncia a ser preteridas s de

    alturas mnimas de montagem de 18mm ou 21mm.

    Pode-se tirar tambm concluses relativamente influncia da

    marca no grau de satisfao geral do paciente, verificando-se com maior

    importncia a Essilor.

    Verificou-se tambm que o tempo de adaptao no est

    directamente relacionado com o grau de satisfao, estando este mais

    ligado marca e ao tipo de armao utilizado (altura mnima de

    montagem), o que poder indicar que a confiana na marca e a esttica

    so factores de grande importncia para o usurio.

  • 67

    6. Consideraes finais e sugestes de trabalho futuro

    As perspectivas futuras so vrias, uma vez que muito est por

    estudar e compreender, para melhorar a adaptao s lentes progressivas.

    No que diz respeito s aberraes, devero ser maior alvo de

    estudo para melhorar as suas combinaes. Como o controlo das

    aberraes feito atravs do clculo das superfcies, ser o

    aperfeioamento desta tcnica o futuro das lentes progressivas. Tambm

    existe um crescimento de novos aberrmetros permitindo uma melhor

    investigao nesta rea, pois nem todas as aberraes tm o mesmo

    impacto na percepo visual.

    A funo dos Optometristas o constante conhecimento de novos

    designs que possam aparecer seja em termos da geometria seja em termos

    de adaptao, porque como se verificou neste estudo, um parmetro no

    implica propriamente o outro.

    A maioria dos estudos que existem comparam lentes da mesma

    marca, e com a crescente oferta de marcas importante saber as

    diferenas entre as vrias marcas, para podermos tambm clarificar os

    pacientes e oferecer a soluo mais adequada, sendo ento importante

    haver estudos neste sentido.

  • 68

    7. Referncias Bibliogrficas

    [1] Ferraz, Caroline A.; Allemann, N. ; Tcnicas cirrgicas para correco

    da presbiopia em pacientes fquicos. Arquivo Brasileiro de Oftalmologia.

    2004, 67, 559-62.

    [2] Lang, Gerhard K.; Oftalmologia texto y atlas en color, 2edio. 2006.

    [3] www.visionsource.sheridaneyecare.com , acedido a 7-06-2010.

    [4] Mogo, S.; Optometria I Apontamentos verso 2 S.A.. Universidade da

    Beira Interior. 2001, 429-433;.

    [5] Black, A.; Realizing the potential of Progressive Lenses. Review of

    Optometry. 2003,140, 12, 31-34.

    [6] Pavillon, Michel; Las lentes bifocals y el no prsbitas;

    coleccion:Optometria de la conduta Acedido na biblioteca principal da

    Universidade da Beira Interior.

    [7] www.zeiss.com, acedido a 10-04-2010.

    [8] Informao cedida pela Essilor.

    [9] Meister, Darryl J.; Fisher, Scott W.; Progress in the spectacle

    correction of presbiopia Part 1:Design and development of progressive

    lenses. Clinical and experimental optometry.2008, 91, 240-250.

    [10] K.G., Wakefield; Bennets ophthalmic prescription work 3th edition.

    1994, 177-212.

  • 69

    [11] Arajo, M.; Monte, F.;Lentes Progressivas x Lentes Multifocais-

    Estudo Baseado na Geometria Analtica do cone. Arquivo Brasileiro de

    Oftalmologia. 2004, 67, 393-5.

    [12] Informao cedida pela Prats.

    [13] www.eyemdny.com, acedido a 22-05-2010

    [14] Ostrom, Kristina; Review of ophthalmology. 2005, 12, 12, 84-85.

    [15] Gennaro, Arthur; Advances in free-form lens technology(and what

    they promise for you).Optometry times. 2010.

    [16] Meister, Darryl J.; Fisher, Scott W.; Progress in the spectacle

    correction of presbiopia Part 2:Modern progressive lens technologies.

    Clin. Exp. Optom. 2008, 91, 3, 251-264.

    [17] www.opticampus.com, acedido a 3-05-2010

    [18] Brooks, Clifford W.; Borish, Irvin M.; system for ophthalmic

    dispensing 2th edition. 1996, 320-321, 460-463.

    [19] Monte, Fernando; Filho, Cleanto; Proposta para uma viso clnica

    das lentes progressivas. Rev. Bras. Oftalmol. 2008, 67, 2.

    [20] Frentes de onda e limites da viso humana Parte 1-Fundamentos.

    Arq. Bras. Oftalmol. 2002, 65, 6.

    [21] Walker, II, Phernell, C.; Putting the progress in progressive lenses.

    Ophthalmology times. 2006, 31, 12-14.

    [22] www.clspectrum.com, acedido a 13-05-2010.

  • 70

    [23] Villegas, E. A.; Artal, P.; Visual acuity and optical parameters in

    progressive power lenses. Optom. Vis. Sci. 2006, 83, 672-681.

    [24] Khan, Y. Ali; Multifocals: Yesterday, today and tomorrow-Part 2.

    Academy for ophthalmic education. 2007.

    [25] Mcarthy, Paul; Progressive power lenses Part 1: Avoiding patient

    non tolerance.Optometry today. 2006.

    [26] Horgen, Gunnar; Aars, Arne; Fagerthun, Hans; Larsen, Stig; Is

    there a reduction in postural load when wearing progressive lenses during

    VDT work over a three month period. Applied Ergonomics. 1995,26,

    165-171.

  • 71

    8. Anexos

    8.1 Tratamento de erros

    Varincia:

    Desvio Padro:

    Sabendo que para que a distribuio dos valores da amostra seja

    razoavelmente simtrica necessrio que:

    - O intervalo contenha aproximadamente 68% dos

    elementos da amostra.

    - O intervalo contenha aproximadamente 95% dos

    elementos da amostra.

  • 72

    Tempo de adaptao/Altura mnima de montagem

    Tabela 1.3 Tempo de adaptao em dias relacionado com a altura de

    montagem, em milmetros, de cada lente.

    Altura de montagem 16mm 18mm 21mm

    3 5 5

    1 10 1

    1 3 3

    2 3 4

    3 2 10

    Tempo de adaptao 3 6

    (dias) 7 15

    7 3

    4

    3

    4

    3

    Media do tempo

    adaptao

    2,0 4,5 5,4

    16mm

    18mm

    21mm

    16mm:

    - Intervalo ; =

    - Intervalo ; (2-1.74;2+1.74) = (0.26;3.74)

  • 73

    - Intervalo de valores (1.00;3.00) 60.00% dos valores esto dentro do

    intervalo e 100% dentro do intervalo (0.26;3.74)

    18mm:

    - Intervalo ; =

    - Intervalo ; (4.50-4.62;4.50+1.74)=(-0.12;9.12)

    - Intervalo de valores (2.00;10.00) 66.67% dos valores esto dentro do

    intervalo e 91.67% dentro do intervalo (-0.12;9.12)

    21mm:

    - Intervalo ; =

    - Intervalo ; (5.44-8.96;5.44+8.96)=(-3.52;14.40)

    - Intervalo de valores (1.00;15.00) 75.00% dos valores esto dentro do

    intervalo e 87.50% dentro do intervalo (-3.52;14.40)

  • 74

    Grau de satisfao/Altura mnima de montagem

    Tabela 1.4 Grau de satisfao geral para cada lente, relacionando com a

    altura de montagem das lentes para cada usurio.

    Altura de montagem 16mm 18mm 21mm

    5 4 4

    5 5 5

    5 4 4

    5 3 4

    5 5 3

    4 4

    Grau de satisfao 3 5

    5 4

    4

    4

    4

    4

    Mdia do grau de

    satisfao

    5,00 4,17 4,12

    16mm

    18mm

    21mm

    16mm:

    - Intervalo ; =

  • 75

    - Intervalo ; (5.00-0.00;5.00+0.00)=(5.00;5.00)

    - Intervalo de valores (5.00;5.00) 100.00% dos valores esto dentro do

    intervalo e 100.00% dentro do intervalo (5.00;5.00)

    18mm:

    - Intervalo ; =

    - Intervalo ; (4.17-1.34;4.17+1.34)=(2.83;5.51)

    - Intervalo de valores (3.00;5.00) 58.33% dos valores esto dentro do

    intervalo e 100.00% dentro do intervalo (2.83;5.51)

    21mm:

    - Intervalo ; =

    - Intervalo ; (4.12-1.28;4.12+1.28)=(2.84;5.40)

    - Intervalo de valores (3.00;5.00) 58.33% dos valores esto dentro do

    intervalo e 100.00% dentro do intervalo (2.84;5.40)

  • 76

    Tempo de adaptao/Marca de lente

    Tabela 1.5 Tempo de adaptao relacionado com a marca da lente.

    Marca da lente Essilor Prats Indo

    3 7 10

    1 3 5

    5 3 4

    3 3 10

    15 2 3

    6 1

    Tempo de adaptao 1

    (dias) 2

    7

    3

    4

    4

    3

    3

    Media do tempo

    Adaptao

    5,50 3,29 6,40

    ESSILOR

    PRATS

    INDO

    ESSILOR:

    -Intervalo ; =

  • 77

    - Intervalo ; (5.50-9.94;5.50+9.94)= (-4.44;15.44)

    - Intervalo de valores (1.00;15.00)83.33% dos valores esto dentro do

    intervalo e 100.00% dentro do intervalo (-4.44;15.44).

    PRATS:

    - Intervalo ; =

    - Intervalo ; (3.29-3.64;3.29+3.64)= (-0.35;6.93)

    - Intervalo de valores (1.00;7.00) 71.43% dos valores esto dentro do

    intervalo e 85.71% dentro do intervalo (-0.35;6.93).

    INDO:

    - Intervalo ; =

    - Intervalo ; (6.40-6.72;6.40+6.72)= (-0.32;13.12)

    - Intervalo de valores (3.00;10.00) 80.00% dos valores esto dentro do

    intervalo e 100.00% dentro do intervalo (-0.32;13.12).

  • 78

    Grau de satisfao/Marca da lente

    Tabela 1.6 Grau de satisfao gera