jornal s. bento março 2016

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Órgão Oficial da Irmandade de São Bento da Porta Aberta · Rio Caldo Março 2016 Ano LVII. n.º 639 0,50(IVA INCLUIDO) SÃO BENTO da PORTA ABERTA Ano Santo da Misericórdia 08 DE DEZEMBRO 2015 A 20 DE NOVEMBRO DE 2016 AS OBRAS DA MISERICÓRDIA OBRAS CORPORAIS: 1.ª Dar de comer a quem tem fome; 2.ª Dar de beber a quem tem sede; 3.ª Vestir os nús; 4.ª Dar pousada aos peregrinos; 5.ª Assistir aos enfermos; 6.ª Visitar os presos; 7.ª Enterrar os mortos. OBRAS ESPIRITUAIS: 1.ª Dar bons conselhos; 2.ª Ensinar os ignorantes 3.ª Corrigir os que erram; 4.ª Consolar os tristes; 5.ª Perdoar as injúrias; 6.ª Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo; 7.ª Rogar a Deus por vivos e defuntos.

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Page 1: Jornal S. Bento Março 2016

Órgão Oficial da Irmandade de São Bento da Porta Aberta · Rio Caldo

Março 2016Ano LVII. n.º 639

0,50€ (IVA INCLUIDO)

SÃO BENTOdaPORTA ABERTA

Ano Santo da Misericórdia08 DE DEZEMBRO 2015 A 20 DE NOVEMBRO DE 2016

AS OBRAS DA MISERICÓRDIA

OBRAS CORPORAIS:

1.ª Dar de comer a quem tem fome;2.ª Dar de beber a quem tem sede;3.ª Vestir os nús;4.ª Dar pousada aos peregrinos;5.ª Assistir aos enfermos;6.ª Visitar os presos;7.ª Enterrar os mortos.

OBRAS ESPIRITUAIS:

1.ª Dar bons conselhos;2.ª Ensinar os ignorantes3.ª Corrigir os que erram;4.ª Consolar os tristes;5.ª Perdoar as injúrias;6.ª Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo;7.ª Rogar a Deus por vivos e defuntos.

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EDITORIALCARLOS AGUIAR GOMES

“Quando faltavam seis dias para a sua morte, mandou que lhe abrissem a sepultura. E logo, atacado de febres, começou a sentir-se prostrado pela

violência das mesmas. Como dia a dia, o mal estar se agravasse, ao sexto dia fez com que os discípulos o levassem para o oratório, onde se preparou para a morte com a recepção do Corpo e Sangue do Senhor;

e sustentando os membros debilitados nos braços de dos seus discípulos, de pé,

mãos erguidas para o céu, entre pa-lavras de oração exalou o último

suspiro.” (in "II Livros dos Diá-logos de S. Gregório, Vida de S. Bento”, pág. 151, livro à ven-da na nossa Casa das Estam-pas). Assim descreve a morte de S. Bento o Papa S. Gregório Magno, de que se celebra o

acontecimento em 21 de Mar-ço, em toda a Igreja. Na nossa

BASÍLICA é festa grande, como se pode ver no programa que se apre-

sente neste número deste Boletim. A Morte ou Trânsito de S. Bento, tal como

ocorreu e é descrita por S. Gregório Magno, merece ser tema de uma profunda reflexão, sobretudo para os muitos devotos do Santo Patriarca e que aqui, à Basílica, chegam todo o ano, há 400 anos.Para cada um de nós, baptizado, peregrino agora ou noutras ocasiões, devoto ou simples admirador, a descrição da morte do Pai e Padroeiro da Euro-pa, dá-nos algumas pistas para nosso uso quando a morte nos bater à porta. Bento quis receber o Sa-grado Viático, o Corpo e Sangue de nosso Salvador. Rezou. E rezou de pé (provavelmente já não conse-guia estar de joelhos, pois estava amparado pelos seus discípulos, os monges de Monte Cassino. De mãos erguidas para o céu. Viveu rezando. Morreu

rezando. A sua vida, desde menininho, foi uma bus-ca incessante de Deus. Fez do silêncio e da solidão habitada por Deus o seu habitat. De vida equilibra-da entre a oração e o trabalho manual de que vivia e viviam e vivem os seus filhos espirituais, deixou um testamento que ainda hoje é modelar, a sua Re-gra. Esta, apesar de ter sido escrita para monges, também, em muitos aspectos, pode ser vivida por leigos no mundo e na família (recordemos os artigos aqui publicados com o título genérico de “Passa-das com S. Bento" ou o magnífico trabalho de Dom Massimo Lapponi OSB, monge beneditino italiano, na obra que a Irmandade traduziu e publicou – “S. Bento e a vida familiar", cuja leitura recomenda-mos vivamente).Neste ANO DA MISERICÓRDIA, graça concedida a toda a Igreja pelo Papa Francisco, e aqui, nesta Basíli-ca, também igreja jubilar por decisão do Senhor Arce-bispo de Braga e Primaz das Espanhas, ao entrarmos pela Porta do Jubileu, acompanhados por S. Bento, a quem queremos fazer algum pedido ou agradecer gra-ças que Deus concedeu por seu intermédio, façamos um esforço por conhecer mais profundamente a vida de S. Bento, a sua herança, a história deste templo. E que em tudo Deus seja louvado. A exemplo do San-to Patriarca, vivendo as obras de misericórdia, tanto as corporais como as espirituais. Assim, com S. Ben-to, viveremos um tempo forte para a nossa conver-são, processo que só acaba na eternidade, com o co-ração cheio de misericórdia e que irradia, malgrado as dificuldades dos nossos quotidianos, essa mesma misericórdia. Sem nunca esquecer que “o nome de Deus é MISERICÓRDIA” e que Jesus é o seu rosto, tal como nos quis chamar a atenção ao convocar a ANO SANTA DA MISERICÓRDIA com a Bula “MISERICOR-DIAE VULTUS".O hino oficial do Ano da Misericórdia, no refrão , “Mi-sericordes sicut Pater", isto é, misericordiosos como o Pai, lembra-nos o que devemos esforçar por ser.

SÃO BENTO da PORTA ABERTA . MARÇO 2016

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SÃO BENTO da PORTA ABERTA . MARÇO 2016

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“É preciso, pois , abeirar-se da vida beneditina

com uma ternura particular, como se faz com

um património familiar. Ela foi e é ainda um

meio de conquista para os cumes do espírito,

um método de cultura sensível que quer ser

saboreada para se ver apreciada .” (Scheneider,

Edouard – “Les Heures Bénédictines",

Ed. Grasset , Paris, 1925 , pág.IX).

S. Bento , nascido em Núrsia em 480, é o

Pai desta vida. Hoje, continua válida a sua

mensagem e ele continua a abençoar-nos e a

acolher-nos como parece significar esta estátua

que podemos apreciar na sua terra natal. Esta

mensagem está plasmada na Regra que nos

legou e na herança que seus filhos espirituais

construíram por todo o mundo, particularmente

na Europa, e chegou até nós.

A nossa devoção e carinho para com o Santo Pai

e Patrono da Europa, Bento, deve impelir-nos

a conhecer mais e melhor a Regra e o imenso

legado que veio até hoje.

Luísa

Vas

conc

elos

A morte de S. Bento Mosteiro de Monte Cassino, Itália

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SÃO BENTO da PORTA ABERTA . MARÇO 2016

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S. Bento e o património agrícola

O Santo Patriarca ao impor uma localiza-ção bem definida para a fundação de

cada mosteiro , estava, prova-velmente, a fazer uma verda-deira revolução no campo da Agricultura. De facto, com esta obrigação e, simultaneamente com a disseminação por toda a Europa, da Atlântico aos Urais, do Mediterrâneo à Escandi-návia, da vida inspirada pela sua Regra, quer na tradição de Cluny (monges negros) quer na de Cister (monges brancos) e até nas Ordens de Cavalaria, S. Bento é o Pai não só da Eu-ropa como dos fundamentos de uma maior quantidade e diversidade de produtos agrí-colas, de técnicas de irrigação dos campos, de secagem de pântanos, entre outros contributos que os filhos espirituais de S. Bento de-ram e continuam a dar neste campo da cultura hu-mana.

Um monge beneditino brasileiro, Dom Lourenço de Almeida Prado, no seu livro bem interessante - “São Bento e a Sua Obra“ ( ed.Lumen Christi” , Rio de Ja-neiro, 1978 )- escreveu:”… tornou-se norma comum , a partir do século VI, que os mosteiros, apenas construí-dos, fossem rodeados de actividades produtivas. O tra-balho era distribuído entre os monges: uns tomavam a foice, a enxada e o podão e se embrenhavam pelas flo-restas, que sulcavam de caminhos, abrindo , de espaço a espaço,grandes clareiras. Os pântanos eram drenados e secos, açudes eram construídos , a terra preparada e, assim, aos poucos iam surgindo os prados e as cul-turas. Outros dedicavam-se a aclimatar as essências, a introduzir os cereais e a organizar as hortas e os poma-

res (… ) Não se ignora também o trabalho dos monges no aprimoramento das culturas e , particularmente, na arte da enxertia e da irrigação (… ) A piscicultura e a api-cultura mereceram espacial atenção (… ) “. De facto, até à actualidade, onde há monges / monjas de S. Bento ( beneditinos ou cisterciences ) cada mosteiro vive do

seu trabalho e quase todos pos-suem terrenos agrícolas.

Na paisagem agrícola portu-guesa, o contributo para o de-senvolvimento da riqueza agrí-cola está bem patente, mesmo para os mais distraídos , todos reconhecemos Alcobaça e as suas frutas, Lafões e os seus vi-nhos, Amares ou, até, o peque-no mosteiro de Ermelo ( Arcos de Valdevez ) deixou a sua mar-ca nas afamadas laranjas. E que dizer do vale do Douro onde Cis-ter esteve tão presente ( Tarou-ca, Salzedas, etc) e que deixou vinhos de altíssima qualidade?

Durante séculos os monges , filhos de S. Bento, trabalharam as terras e ensinaram a fazê-lo aos vizinhos. Quem, por exem-plo, consultar as actas dos Ca-pítulos trienais da Congregação Portuguesa de S. Bento, pode

sem dificuldade, constatar a enorme preocupação dos monges em cultivar as suas propriedades e no investi-mento nas melhorias das mesmas. Triénio a triénio, até 1834, podemos ver como os monges negros se ocupa-vam das produções agrícolas. O mesmo para os Cister-cienses, monges e monjas.

Na realidade, a Agricultura actual deve muito a S. Bento, àquele pedacinho da Regra com que se inicia este curtíssimo texto. Refiro novamente Alcobaça importante centro frutícola, que de pântano passou à cidade que é hoje conhecida, sobretudo, pela sua fruta. E como não re-ferir Amares, aqui bem perto desta Basílica, a influência de dois grandes mosteiros, Rendufe e Santa Maria de Bouro, ambos de filiação em S. Bento ( Rendufe, monges negros e Santa Maria de Bouro de cistercienses ), na qualidade das excelentes laranjas desta zona?

Carlos Aguiar Gomes

“O mosteiro, se possível ,deve ser construído de tal maneira que todas as coisas necessárias, isto é, água, moinho, horta, as diversas oficinas e ateliês, existam no interior do mosteiro, de tal modo que os monges não tenham necessidade de sair dela”. (Regra de S. Bento, cap. 66)

Estátua de S. Bento em Núrsia, Itália

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Vida no Santuário

PEREGRINAÇÃO DA MISERICÓRDIA

DIA 06 DE MARÇO

(4º DOMINGO DA QUARESMA)

PROGRAMA:

14:30H - CONCENTRAÇÃO JUNTO AO

CRUZEIRO, CAMINHADA PARA A BASÍLICA

PELA PORTA SANTA, CELEBRAÇÃO

PENITENCIAL E CONFISSÕES.

16:00H – EUCARISTIA, PRESIDE O

ARCIPRESTE DE TERRAS DE BOURO.

MÊS DE MARÇOMÊS DE S. JOSÉ, MÊS DO PAI10H00 – ORAÇÃO E REFLEXÃO PELOS PAIS10H30 – EUCARISTIA DIA 19 – DIA DO PAI. BENÇÃO A TODOS OS PAIS PRESENTES E AUSENTES.

SÃO BENTO da PORTA ABERTA . MARÇO 2016

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LISTA DE ASSINANTES QUE PAGARAM ASSINATURA ENTRE 01/FEV/16 E 29/FEV/16.FAMALICÃO: Lucinda Castro Moreira, Artur Costa Leitão, Mª Fer-nanda Gonçalves Araújo; TABUAÇAS: Mª Antónia Rebelo, Ama-deu Leite Cardoso; PORTO: Luís Gonçalves Mota; PÓVOA DE LANHOSO: Isabel Maria Rodrigues Silva; FAFE: Álvaro Brochado Mendes; LISBOA: Mª Zaida Gonçalves Neves Matos; BRAGA: Ar-mando Ferreira Martins; BORNES DE AGUIAR: Mª Eugénia da Silva; PÓVOA DE VARZIM: Manuel Alberto Gomes Serra; VILA POUCA DE AGUIAR: José Maria Jorge Carvalho; CABECEIRAS DE BASTO: Mª Deolinda Sousa Miranda; VIANA DO CASTELO: Mª Fá-tima Silva Melo.

OFERTAS DE VALORES A SÃO BENTO RECEBIDAS POR CORREIOLisboa: Mª Gabriela Silva Gaspar Martins / 40.00€ Povoa de Varzim: Manuel Aberto Gomes Serra / 12.50€Viana do Castelo: Mª de Fátima Melo / 5.00€

(Liliana Barbosa) 29 Fevereiro 2016.

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Dia

PAIdo

Desejo de um filho

Quando ao fim do diaTecido de cansaçoEu queriaPapá, que o jornal,Aquele que devoras cheio d`interesse,E trazes debaixo do braço(Fala do teu clubeLogo na primeira página!)Ficasse pousado no sofáOnde te sentas,E láMe ouvisses.Te dissesse que em InglêsAs coisas vão difíceis.Na Matemática e na BiologiaTenho tantos porquêsSem resposta.Que a Ritinha me riscouA vermelho o meu caderno...(Sabes que o Pedro me beliscouontem o traseiro?)Papá, por que não me sentasNo teu coloE não me deixas um beijo no cabelo?Bem sei que o dia foi difícil...Que nem tudo te correuComo queriasE merecias.Mas já reparaste, Papá,Que o que de mais precioso tensSou eu?Mais importante do que o futebolÉ dares-me a mão,

Correres comigo ao pôr do solNos últimos minutos do diaAntes que a noite caiaSobre mimE deixe de ver, talvez para sempre,Que o céu é azulA relva da cor do teu clube...Bem sei que queres o meu melhor.Mas, o pior,Aquilo que me apoquenta,É , temo-o tanto!..., se o jornalContinua a ser o principalCentro do teu lazerE não tens o prazerDe me aturares.De me escutares.Não receias que um diaMe arraste pelas ruas d`amargura,Pesadamente,Até a um fim que não desejas(O mal nem sempre dura!)?Ainda há pouco lamentasteQuando tal sucedeuAo filho do teu melhor amigoE que tanto se parece comigo!...Bem sei, bem seiComo é difícil ser Pai...Mas, também não te peço muito:Um beijo.Um pouco de atenção.Sentir o teu coração! Carlos Aguiar Gomes

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PRIMEIRA ROMARIA DO ANO

E M H O N R A D E SÃO BENTO DA PORTA ABERTA

CELEBRA-SE O TRANSITO DO SANTO PATRIARCA

// 07h30 //Celebração da Eucaristia

// 09h30 //Eucaristia

// 11h30 //Solene Eucaristia presidida pelo Sr. Bispo Auxiliar D. Nuno Almeida

Solenizada pelo Grupo Absolute Vocem Ensemble

// 15h30 //Oração de Vésperas e Bênção do Santíssimo

N.B. das 09H00 as 12H00 estarão presentes Sacerdotes para atender os fieis no Sacramento da Reconciliação (Confissões). Estamos no ano da Misericórdia

Dia 3 de Abril de 2016

FESTA DA MISERICÓRDIA

PROGRAMA15H00 ÀS 16H00 Exposição do Santíssimo e bênção, orientada pela comunidade de Cristo Betânea.

16h00 Eucaristia presidida pelo Sr. Bispo auxiliar D. Francisco Senra.

DOMINGO DA PASCOELA

21.MAR.2016

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CÍRCULO “SHAHBAZ BHATTI” (CSB)

As intenções do Papa para este mês de Março são claras, inequívocas e fortemente interpelativas para toda a

Igreja: “Para que os cristãos, discriminados ou perseguidos por causa da sua fé, permaneçam fortes nas provações e fiéis ao Evangelho graças à oração incessante de toda a Igreja“. Este apelo tem de encontrar eco

nesta Igreja adormecida ou cansada de ser cristã. Os ecos que nos chegam dos países onde a perseguição ou descriminação são constantes são eloquentes: os cristãos dessas zonas geográficas são fortes na fé ao contrário do que se observa

no chamado mundo livre, onde já rareiam os exemplos de fortaleza e de convicções firmes. Por isso, pela fragilidade e debilidade da nossa fé, ainda não se sentem

as comunidades cristãs decididas a rezar pelos irmãos que sofrem perseguição e discriminação! É lamentável esta tibieza. O nosso Círculo, de oração pelos cristãos perseguidos, alegra-se com este pedido do Papa, um Papa particularmente atento

aos sofredores, como é o caso dos mártires contemporâneos. Faz, pois, todo o sentido fazermos eco das palavras - apelo do Santo Padre. Em tempo de Quaresma, vivido em Ano Santo da Misericórdia, tenhamos sempre diante

de nós e no nosso coração este chamamento à oração pelos cristãos perseguidos que o Papa Francisco nos lançou. Façamos do dia 7

de cada mês, um dia especial de oração por esta intenção ao longo do ano.

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Durante meio século, em África, as Filhas da Ressurreição testemunharam massacres, violência, ódio em estado puro. Conheceram até o martírio. Nunca, em momento algum,

abandonaram a sua missão. Todos os dias, estas mulhe-res de Deus realizam milagres de amor. Agora, precisam de si. Como negar-lhes ajuda?

Ruanda, República Democrática do Congo, Cama-rões e Brasil. Nestes quatro países é possível seguir o rasto do trabalho das Filhas da Ressurreição, uma or-dem religiosa iniciada em 1966 pela Madre Hadewych, com a ajuda do padre Werenfried van Straaten, o fun-dador da AIS. São 50 anos de uma entrega diária aos mais pobres da comunidade. Essa disponibilidade total faz parte do carisma destas mulheres que acompanham e tratam doentes com SIDA, trabalhando em hospitais, tantas vezes substituindo os médicos e as enfermei-ras que não existem. São elas que cuidam também de crianças desamparadas, ensinando-as a ler e a escrever, retirando-as das ruas, oferecendo-lhes algum futuro. São elas que cuidam dos idosos e doentes, dão aulas de catequese em locais improvisados, muitas vezes até ao ar livre. São elas que, todos os dias, distribuem alimen-tos a mais de cinco mil pessoas. São as famosas “sopas dos pobres” das irmãs que salvam milhares de morre-rem à fome.

Dia de infâmiaA história desta congregação é a história concre-

ta destas irmãs. De todas e de cada uma delas. É, por

exemplo, a história de Epiphanie, de Felicitas, de Cesa-rine, de Xavera, de Berthilde e Devota. Todas elas foram brutalmente assassinadas à catanada em 1998, em Bu-sasamana, junto ao Ruanda. Morreram por serem de Deus. Antevendo o perigo que corriam, pelos violentos conflitos que eclodiam no país, o Bispo ordenou que a comunidade abandonasse a região. Elas desobede-ceram. Epiphanie, então a Madre Superiora, escreveu uma carta ao Bispo. Foram as suas últimas palavras. “Temos medo… mas não há nenhum padre na paró-quia, os cristãos só contam connosco. Não consegui-mos deixá-los sem comunhão e fugir. (…) Nós ficamos com o nosso povo. Não fazemos mal a ninguém. Espe-remos que nada de grave nos aconteça.” Foram todas assassinadas nessa quarta-feira, 7 de Janeiro. Mas a his-tória desta congregação é também escrita pelas noviças que em breve vão juntar também os seus sorrisos às outras duas centenas de Filhas da Ressurreição… Esta congregação – apoiada pela Fundação AIS – continua a ser, nos dias de hoje, o único sinal visível do amor de Deus em tantas regiões onde a pobreza extrema está de braço dado com a violência, a exploração e a misé-ria. Sem a presença delas, o mundo seria mais frio, mais triste, mais perigoso. Elas pedem especialmente as nos-sas orações. As suas orações. Ajudar cada uma destas irmãs é mesmo um assunto muito sério. E um desafio. Seria capaz de adoptar uma destas irmãs das Filhas da Ressurreição com a sua oração?

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

FILHAS DA RESSURREIÇÃO: VIDAS AO SERVIÇO DOS MAIS POBRES

MILAGRES DE AMOR

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Era aquilo de que os Hebreus estavam à espe-ra. Jesus começou a anunciar o Reino de Deus logo que se pôs a percorrer aldeias e cidades: «O Reino de Deus está próximo» (cf. Lc 10, 9).

E, imediatamente depois: «O Reino de Deus já chegou até vós»; «O Reino de Deus está entre vós!» (Lc 17, 21). Na pessoa de Jesus era o próprio Deus que vinha para o meio do seu povo e, com decisão e com força, reto-mava a História nas suas mãos para a conduzir até à sua

meta. Os milagres que Jesus realizava eram o sinal disso mesmo.

Na passagem do Evangelho, de onde é tirada a Palavra de Vida, Ele tinha acabado de curar um mudo libertando-o do demónio que o mantinha prisioneiro. Foi a prova de que Ele veio para vencer o mal, todo o mal, e instaurar finalmente o Reino de Deus.

Esta expressão, “Reino de Deus”, na linguagem do povo hebraico, indicava que Deus age em favor de Is-rael, o liberta de todas as formas de escravidão e de todo o mal, o guia para a justiça e a paz, o inunda de alegria e de bem. Aquele Deus que Jesus revela como “pai” misericordioso, amoroso e cheio de compaixão, é sensível às necessidades e aos sofrimentos de cada um dos seus filhos.

Também nós precisamos de escutar o anúncio de Jesus: «O Reino de Deus já chegou até vós».

Olhando à nossa volta, muitas vezes temos a im-pressão de que o mundo é dominado pelo mal, e que os violentos e os corruptos levam a melhor. Por vezes, sentimo-nos à mercê de forças adversas, de aconteci-mentos ameaçadores que nos ultrapassam. Sentimo--nos impotentes diante de guerras e calamidades am-bientais, de massacres e alterações climáticas, de mi-grações e crises económicas e financeiras.

É aqui que se coloca o anúncio de Jesus, que nos convida a acreditar que Ele, já desde agora, está a ven-cer o mal e está a instaurar um mundo novo.

No mês de março de 1990, falando a milhares de jovens, Chiara Lubich confiou-lhes o seu sonho: «Tor-nar o mundo melhor, como se fosse uma única família,

como se pertencêssemos a uma só pátria, a um mundo solidário, aliás, a um mundo unido». Naquela altura, como hoje, isso parecia uma utopia. Mas para que o sonho se tornasse realidade, ela convidou-os a viver o amor recíproco, na certeza de que, fazendo assim, te-riam entre eles «o próprio Cristo, o Omnipotente. E po-derão esperar tudo d’Ele».

Sim, é Ele o Reino de Deus.Qual é a nossa tarefa? Fazer de modo que Ele esteja

sempre entre nós. Então, continuou Chiara, «será Ele mesmo que vai trabalhar convosco nos vossos Países, porque é Ele que volta, de certo modo, ao mundo, a to-dos os lugares onde vocês se encontram, e que Se torna presente pelo vosso amor recíproco, pela vossa unida-de. E Ele iluminar-vos-á sobre aquilo que deverão fazer, guiar-vos-á, encorajar-vos-á, será a vossa força, o vosso ardor, a vossa alegria. Pela presença d’Ele, o mundo à vossa volta vai orientar-se para a concórdia, todas as di-visões serão anuladas. (…) Portanto, o amor entre vocês e o amor semeado em muitos lugares da Terra – entre as pessoas, entre os grupos, entre as nações – usando todos os meios. Assim, a invasão de amor, de que fala-mos de vez em quando, pode tornar-se uma realidade.

E a civilização do amor, que todos aguardamos, pode tomar consistência, também através do vosso contributo. É a isto que vocês são chamados. E verão coisas grandes»1.

«O REINO DE DEUS JÁ CHEGOU ATÉ VÓS» (LC 11, 20)

PALAVRA DE VIDA FABIO CIARDI

MARÇO DE 2016

1) IV festival internacional dos “Jovens para um Mundo Unido” (Genfest), Roma (Palaeur), 31 de março de 1990, CN, 34 [1990], 7, pp. 34-39.

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«PARA QUE AS FAMÍLIAS EM DIFICULDADE RECEBAM O APOIO QUE LHES É NECESSÁRIO E QUE AS CRIANÇAS POSSAM CRESCER NUM

MEIO AMBIENTE SÃO E CALMO». Intenções do Papa para Março

Filo

men

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aújo

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Ficha Técnica

Propriedade: Irmandade de São Bento da Porta Aberta (c/aprovação eclesiástica) Rua 1, São Bento, n.º 91/97, 4845-026 Rio Caldo Gerês Tel. 253 390 180 Fax 253 390 181 Presidente: Cónego Fernando Monteiro Reitor de S. Bento da Porta Aberta: Adelino Costa e Sousa Director: Carlos Aguiar Gomes Concepção gráfica e produção: Empresa do Diário do Minho, Lda. Assinatura anual: Portugal 7,5 euros; Estrangeiro 20 euros

Periodicidade mensal Depósito legal n.º 1695/83 Registo ERC: Isento ao Abrigo do Decreto Regulamentar 8/99 de 9/6, artigo 12.º, n.º 1, alínea a.

Aviso Informam-se todos os interessados que o HOTEL S. BENTO DA PORTA ABERTA já abriu. A Mesa

400.o aniversário do nosso Santuário

Vamos comemorar!

1615-2015

INFORMAÇÕES ÚTEISA Basílica tem serviço de enfermagem disponível

Os peregrinos podem fazer refeições, a preços muito acessíveis, no Restaurante Self-Sevice do Hotel. Este também tem serviço de restauração, para visitantes ou festas familiares ou de convívio, além de serviço de quartos com excelentes condições que o tornam hotel de 4 estrelas.Para grupos a Basílica dispõe de casas para reuniões, retiros ou jornadas de estudo ou de oração, adaptadas a diversas modalidades.

Em cada dia 7 do mês, rezar-se-á pelos mártires cristãos contemporâneos e, no dia 15, pelas famílias.

EUCARISTIAS DOMINICAIS

7:30; 9:30; 11:30; 16H15:30 – Rosário

VESPERTINAS

16H – Eucaristia estatutária15:30 – Rosário

N.B – Nos dias de todos os Santos (1 de Novembro), Natal e Páscoa, não há eucaristia às 16H.Durante a semana às 10:30 eucaristia ou celebração da Palavra.

HORÁRIO DAS MISSAS

1.ª QUINTA DE CADA MÊS NA CAPELA DA ADORAÇÃO, das 15H-17H.2.º DOMINGO DE CADA MÊS NO SANTUÁRIO, das 15-16H.SACRAMENTO DA RECONCILIAÇÃO (CONFISSÕES), todos os dias, antes e depois da eucaristia. Fins-de-semana: 9H -12H e 15H-16 H.

EXPOSIÇÃO DO SANTISSIMO SACRAMENTO

Sugestão para peregrinos e simples devotos de S. Bento: Transformem sempre a vossa caminhada numa verdadeira “ BUSCA DE DEUS “, tendo S. Bento como modelo.Livros recomendados, de leitura simples, estão à venda na Casa das Estampas que ajudarão a retirar o maior proveito deste encontro com S. Bento

INFORMAÇÕES GERAIS Basílica de S. Bento da Porta Aberta

A Basílica de S. Bento da Porta Aberta nasceu de uma pequena ermida mandada construir em 1614 pelo Visitador do Arcebispo de Braga, Dom Frei Aleixo de Menezes, Cónego Miguel Figueira. Executou esta ordem o Pároco de Rio Caldo, P. João Rodrigues que dedicou esta ermida a S. Bento, em 1615, em homenagem ao grande monge nascido em Núrsia, Itália, no ano de 480. Em 21 de Março de 2015, Sua Santidade, o Papa Francisco, a pedido de Sua Excia Reverendíssima, o Senhor Arcebispo de Braga e Primaz das Espanhas, Dom Jorge da Costa Ferreira Ortiga, por proposta da Mesa Administrativa, elevou à dignidade de Basílica o santuário de S. Bento da Porta Aberta, assinalando os 400 anos da fundação da primeira ermida. A partir desta data, os peregrinos podem usufruir de inúmeras graças, para si e pelos defuntos, cumprindo os requisitos necessários para obterem as indulgências concedidas por Sua Santidade .

A Basílica está aberta todos os dias do ano das 06h00m às 20h00m. O Trono de S. Bento está acessível todo o ano das 06h00m às 20h00 m Nos meses de Julho e Agosto está acessível 24 horas.

Festas principais: 21 de Março (dia do Trânsito ou Morte de S. Bento em 547); Dia 11 de Julho (S. Bento, Pai e Padroeiro da Europa); 12 de Julho (S. João Gualberto, monge beneditino, Padroeiro das florestas); 12 a 15 de Agosto (grande romaria popular em honra de S. Bento).Ouras celebrações significativas ao longo do ano – 11 de Fevereiro (Dia Mundial do Doente); 19 de Março (Dia do Pai); 1o Domingo de Maio (Dia da Mãe e do Trabalhador); 1 de Junho (Dia Mundial da Criança); 26 de Julho (Dia Nacional dos Avós). Nestes dias haverá sempre uma oração e bênção própria. Cada dia 7 haverá oração pelos cristãos perseguidos e no dia 15, oração pelas famílias.

Reitor da Basílica – P. Adelino Costa e Sousa

SÃO BENTO da PORTA ABERTA . MARÇO 2016

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