jornal illustrado, lltteritrio, scientifico e...

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JORNAL ILLUSTRADO, LlTTERitRIO, SCIENTIFICO E XOTICIOSO. ÂNNO I. A aübora ckarknsií publíca-sc uma vez por semana com duas paginas de (gravura e seis dc texto, além de supplcmentos contendo cstampas,semprc que) fòr possivel. Assigna-so na praça da Municipalidade n. 31 á razão de 5U00O, ^por semestre e lOUooo por anno. Para fora da capital e da provincia a9 as signaturas scrào reguladas á razão dc 6Ü000 por semestre e UUÓOO por an uo. O pagamento é sempre adiantado. Numero avulso —200 reis. NÜMERC 8. domingo DE JULHO isee. AURORA CEARENSE. Dos quatro poderes politicos reconhecidos, pelo art. 10 da nossa constituição o mais importante é o =Legislativo.=W esle um poder soberano. Depois d elle segue-se o=Eocecutivo.=ú primeiro symbolisa a cabeça da soberania; é o elemento pensante, a par- te intelligente. O segundo representa o braço, e é portanto o elemento material. Um concebe e crôa a lei, o outro a executa. .A mão, que desce ao punho da espada do guerrei- ro,obedece ao impulso do pensamento que a impelle. Os aris. 9,10, e 11 do acto addicional com os seus respectivo* mareão e assignalão as importan- tes attribuiçõès das assembléas legislativas provin- eiaes, outr'ora denominadas. Conselhos Geraes. Muito importante.é o fim, nobilissima é por certo a missão do JegisIadW. O povo queo elege, traz nel- le fixos^os olhos, e prestando-lheespontaneo o seu suftragio do voto, confia na sua honra, probidade, independência, solidez e rijeza de caracter, e sobre- tudo no seu amor acrysoladoá provincia, e no mais forte e decidido empenho pelas soas palpitantes ne- cessidades, e vitaes interesses. Si assim é, importa e convém que o deputado nào quebre os seus protestos e juramentos de=candi- dato, feitos solemnemente em face da urna, não desminta o bello e formoso programma apresenta- do nos meetings, ou reuniões políticas anteriores á eleição. Sim, importa que o legislador cure sollicito do bem estar da provincia, e dos seus urgentes melho- ramentos, sern abusar nunca do grandioso fim, que tiveram em vista aquelles que lhe deram ingresso no augusto recinto das leis. O verdadeiro deputado não é aquelle que possue o dom da palavra, ou que sabe fazer um bello discurso recamado de flores, e impregnado dos perfumes ine- briantes da eloqüência: não é aquelle que falia em todas as matérias, em todos os projectos; mas sim aquelle que a aprecia devidamente, que penetra o. fundo, e estuda a substancia delles; indaga, exami-' na, e aprecia o conveniente, o justo, o honesto, e »que vota com a mão na consciência, e a fronte no- bremente erguida para as galerias que c observão. Fora erro suppor qüe stygmatisamos os dotes ora- torios; não: o que reprovamos é o emprego delles como fim único de ostentação parlamentar, e quan- do por meio delles se roube o pouco tempo e tão precioso, que devera ser empregado no exame dos projectos, e confecção de leis úteis á provincia e seus habitantes. E' para lamentar também que os membros de uma assembléa legislativa gastem dias e dias èm se de- finir sectários deste ou daquelle partido, enumerar os serviços prestados e tratar até de politica geral; porque taes discussões não são matéria d-e projecto de lei. Quizeramos igualmente que desaparecessem das nossas assembléas essas maiorias e minorias syste- maticamente caprichosas, em continuo e constante hostilisar á tudo quanto pode vir de bom e provei- toso de lado contrario—formidável Humaitá, pnd-e batem e recuâo as balas das fronteiras inimigas. Isso é deturpar as excellenícs e inestimáveis qua- lidades do legislador consciencioso e imparcial, que deve abraçar e apoiar sempre a idéia razoável evan- tajosa de qualquer dos membros da casa. Alem disto funestos são os resultados dessas lutas intestinas. Elias creâo embaraços, estorvão a marcha. regular dos trabalhos, e fazem esquecer e postar á margem as imperiosas" necessidades da provincia, pondo até tropeços ás benéficas intençõíes da admi- nistração com referencia aos negócios politicos. Findaremos portanto estas saossas breves çonside- rações, dizendo que pelos serviços valiosos e rea es prestados pelos eleitos cio povo, ou pelos bonsírSe- tos dos seus trabalhos legislativos poder-se-ha aqui- laiar o seu mento, alim de que em outra oceasião possão ser aproveitados, Ex fruetibus, eorum cognosceMs eo$. JEneanaisiento doBe_c_afi-c.m. Visitamos a caixa d'agua,.e apíaz-nos confessar ao publico quanta nos agradou o aspecto lisongeiro deste estabelecimento, e a impressão qne actuou em nosso espirito, vendo tão adiantado este melho- ramento material desta bella cidade, cuja população muito breve d'elle gozará com reconhecida vantagem em todas os sentidos. Por certo que muita gente ha ahi para quem a lenbrariça da empreza não passava de uma utopia, pela sua inexequibilidade. Outros, julgando-a pra- tica vel, a suppunhão addiada para as kalendas gre- gas, pois bastava que ella trouxesse ao pove forta- lense um grande beneficio, para não vê-la realiss- da em seus dias. Entretanto hoje estes e aquelles em vista do im- pulso, que a companhia—Cmra (North Brasil) Water Company Limeted—tem dddo ás obras do encana- mento, renegaram de sua descrença e dubiedade, e esperão, eaté contão entrar no numero dos que teem de beber água do Bemfica, fornecida pelos chafarizes das pragas da cidade Nos tíbios a idéa da impraticabilidade da empreza afugentáraa tomada de acções,eaquelles mesmos qoe mais resolutos as havião tomado, mais por uma complacência, do que esperança de resultado, foram

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JORNAL ILLUSTRADO, LlTTERitRIO, SCIENTIFICO E XOTICIOSO.

ÂNNO I.

A aübora ckarknsií publíca-sc uma vez por semana com duas paginas de(gravura e seis dc texto, além de supplcmentos contendo cstampas,semprc que)fòr possivel. Assigna-so na praça da Municipalidade n. 31 á razão de 5U00O,

^por semestre e lOUooo por anno. Para fora da capital e da provincia a9 assignaturas scrào reguladas á razão dc 6Ü000 por semestre e UUÓOO por anuo. O pagamento é sempre adiantado. Numero avulso —200 reis.

NÜMERC 8.

domingo DE JULHO isee.

AURORA CEARENSE.

Dos quatro poderes politicos reconhecidos, peloart. 10 da nossa constituição o mais importante é o=Legislativo.=W esle um poder soberano. Depoisd elle segue-se o=Eocecutivo.=ú primeiro symbolisaa cabeça da soberania; é o elemento pensante, a par-te intelligente. O segundo representa o braço, e éportanto o elemento material. Um concebe e crôa alei, o outro a executa.

.A mão, que desce ao punho da espada do guerrei-ro,obedece ao impulso do pensamento que a impelle.

Os aris. 9,10, e 11 do acto addicional com os seusrespectivo* g§ mareão e assignalão as importan-tes attribuiçõès das assembléas legislativas provin-eiaes, outr'ora denominadas. Conselhos Geraes.

Muito importante.é o fim, nobilissima é por certoa missão do JegisIadW. O povo queo elege, traz nel-le fixos^os olhos, e prestando-lheespontaneo o seusuftragio do voto, confia na sua honra, probidade,independência, solidez e rijeza de caracter, e sobre-tudo no seu amor acrysoladoá provincia, e no maisforte e decidido empenho pelas soas palpitantes ne-cessidades, e vitaes interesses.

Si assim é, importa e convém que o deputado nàoquebre os seus protestos e juramentos de=candi-dato, feitos solemnemente em face da urna, nãodesminta o bello e formoso programma apresenta-do nos meetings, ou reuniões políticas anteriores áeleição.

Sim, importa que o legislador cure sollicito dobem estar da provincia, e dos seus urgentes melho-ramentos, sern abusar nunca do grandioso fim, quetiveram em vista aquelles que lhe deram ingressono augusto recinto das leis.

O verdadeiro deputado não é aquelle que possue odom da palavra, ou que sabe fazer um bello discursorecamado de flores, e impregnado dos perfumes ine-briantes da eloqüência: não é aquelle que falia emtodas as matérias, em todos os projectos; mas simaquelle que a aprecia devidamente, que penetra o.fundo, e estuda a substancia delles; indaga, exami-'na, e aprecia o conveniente, o justo, o honesto, e

»que vota com a mão na consciência, e a fronte no-bremente erguida para as galerias que c observão.

Fora erro suppor qüe stygmatisamos os dotes ora-torios; não: o que reprovamos é o emprego dellescomo fim único de ostentação parlamentar, e quan-do por meio delles se roube o pouco tempo e tãoprecioso, que devera ser empregado no exame dosprojectos, e confecção de leis úteis á provincia eseus habitantes.

E' para lamentar também que os membros de uma

assembléa legislativa gastem dias e dias èm se de-finir sectários deste ou daquelle partido, enumeraros serviços prestados e tratar até de politica geral;porque taes discussões não são matéria d-e projectode lei.

Quizeramos igualmente que desaparecessem dasnossas assembléas essas maiorias e minorias syste-maticamente caprichosas, em continuo e constantehostilisar á tudo quanto pode vir de bom e provei-toso de lado contrario—formidável Humaitá, pnd-ebatem e recuâo as balas das fronteiras inimigas.

Isso é deturpar as excellenícs e inestimáveis qua-lidades do legislador consciencioso e imparcial, quedeve abraçar e apoiar sempre a idéia razoável evan-tajosa de qualquer dos membros da casa.

Alem disto funestos são os resultados dessas lutasintestinas. Elias creâo embaraços, estorvão a marcha.regular dos trabalhos, e fazem esquecer e postar ámargem as imperiosas" necessidades da provincia,pondo até tropeços ás benéficas intençõíes da admi-nistração com referencia aos negócios politicos.

Findaremos portanto estas saossas breves çonside-rações, dizendo que pelos serviços valiosos e rea esprestados pelos eleitos cio povo, ou pelos bonsírSe-tos dos seus trabalhos legislativos poder-se-ha aqui-laiar o seu mento, alim de que em outra oceasiãopossão ser aproveitados,

Ex fruetibus, eorum cognosceMs eo$.

JEneanaisiento doBe_c_afi-c.m.Visitamos a caixa d'agua,.e apíaz-nos confessar

ao publico quanta nos agradou o aspecto lisongeirodeste estabelecimento, e a impressão qne actuouem nosso espirito, vendo tão adiantado este melho-ramento material desta bella cidade, cuja populaçãomuito breve d'elle gozará com reconhecida vantagemem todas os sentidos.

Por certo que muita gente ha ahi para quem alenbrariça da empreza não passava de uma utopia,pela sua inexequibilidade. Outros, julgando-a pra-tica vel, a suppunhão addiada para as kalendas gre-gas, pois bastava que ella trouxesse ao pove forta-lense um grande beneficio, para não vê-la realiss-da em seus dias.

Entretanto hoje estes e aquelles em vista do im-pulso, que a companhia—Cmra (North Brasil) WaterCompany Limeted—tem dddo ás obras do encana-mento, renegaram de sua descrença e dubiedade, ejá esperão, eaté contão entrar no numero dos queteem de beber água do Bemfica, fornecida peloschafarizes das pragas da cidade

Nos tíbios a idéa da impraticabilidade da emprezaafugentáraa tomada de acções,eaquelles mesmos qoemais resolutos as havião tomado, mais por umacomplacência, do que esperança de resultado, foram

2 AUÍIORA CEARENSE.

ovados á partilhar as despezas des le grandioso me-lhoramento. .

Sim, chamamos grandioso, e não st lhe podenegar esta denominação.

Quem oulr'ora, e ainda actualménte, soffre a ca-réstia d'agua potável, e muitas vezes de má quaii-dade, que no mercado apparece ; quem soflria esoffre a escassez deste elemento necessário á exis-tencia, sem duvida reputará beneficio grandioso i\empreza do encanamento, que acabado, lhe daráagoa muilo superior á que temos, alem da van-tagem de menos preço, e maior abundância ; e aeporque liberta-se do pessimismo da actualidadequanto ao modo da prestação deste serviço pelos qued'elle fazião profissão.

Grandiosa ainda é a empreza do encanamento, srconsiderarmos que ella veio dar realce ao nomecearense, mostrando ao mundo quanto os habitan-les desta bella provincia se esforgão por acompa-nhar áquellas de suas irmãs, que marchao navanguarda dc progresso da civilisação, e melhora-mentos materiaes do império da Santa Cruz.

Quanto ao resultado da empreza relativamenteao interesse dos accionistas, entendemos em nossohumilde pensar que não mentirá ao calculo dosque se teem associado nella ; pois ainda quandonos primeiros annos a funecão do encanamentonão dê crescido lucro, depois pelo augmento dapopulagão, vantojosos elevem ser os dividendos; epor isso bem consultará seus interesses o que seresolver a tomar algumas aegões.

Ainda restão algumas que devem ser logo to-madas, attentas as vantagens que resultão dessaempreza, como já dissemos.

Convém que a provincia, que deve será primeiraá animar emprezas d'esta ordem, imite as suasirmãs, comprando também aegões, não sò porquedahi pôde auferir lucros, como também para crearassim um estimulo âquelles que quizerem empre-hender outros trabalhos uteis de cuja falta se resenteo Ceará. ,

A assembléa provincial, quese acha íunccinandocomposta de tantos amantes do progresso materialda provincia, esperamos, tomará em consideragaoa nossa lembrangá ; e então ficar-lhe-ha um dia agrata recordagão de haver concorrido para o incre-mento dessa empreza, e por conseguinte para um dosmais uteis melhoramentos.

Os emprezarios não podiâo confiar as obras doencanamento a melhores agentes. O Sr. Foster eoengenheiro Cook teem sabido comprehender suamissão, e executal-a com zelo, conselho e prompti-

Adultério*

a santidade do matrimônio; viola aquella promes-sa feita solemnemente á face da igreja de se guar-darem uma fidelidade mutua ; introduz naherangaâquelles que lhe nâo pertencem, roubando a sue-cessão aos legítimos. O modelo da paciência, ogrande patriarcha Job, anathematisou o adultériocom as seguintes palavras :=Woc eninnefa* est, etiniquitas máxima. /griis est usquo od perditionemdcvovaiis,

E' o uílrage talvez o mais sensível, que se pôdefazer á humanidade, e com elle se offendem os di-reitosmais santos da natureza. Emfim este crimeé comparável ao assassinio.

Que causa pôde ser mais cruel e mais barbarado que procurar um prazer, que affiige os outros,que os obriga á verter lagrimas, e que muitas vezeslhes rasga o coragão para toda a vida ?!,. ^

Que satisfagão condigna poderá dar o adúltero atantos males, quando a verdade e os remorsos che-gão á abrir-lhes os olhos ? !.. p -,.,;; •r.

Que desordem eterna que elle causa na família !basta que ás vezes é total ruina delia! E hade umdestes cuidar que não é mil vezes mais punivel doque um ladrão e um roubador! ? . .

Ouvi, leitores, uma historia.—Um mancebo, para a escolha da mulher com

quem se ligara â tace de Deus,somente obedecera ávoz eloquente do coragão. Risos, prazeres, gosos,delicias, borbulhavão no interior do lar doméstico.A' tarde, quando voltava á habilagão, sahía-lhe aoencontro meiga, risonha, engragada, a terna com-panheira, e n'um beijo casto de esposa encontravaelle a recompensa dos seus labores, e asa ciedadecíe um desejo, A' noite conversavão ambos no maisdoce e intimo conchego de duas almas gêmeas, e nosbragos um do outro vinha o somno muita vez sur-prehende-Ios. ;

A existência lhes corria tranquilla, branda esuave, qual entre rosas e jasmins costuma desusar-se enamorado zephyro.

Yiva imagem do paraíso ! v>O demônio, porém, que não pode ver sem api-

cagar-lhe a mais torpe inveja saltitar na humanahabitação um dia de prazer, protestou destruir a

Da reunião das pequenas sociedades, que chama-mos^familias, forma-se a grande sociedade, queappellidamos^Estado. Da tranqüilidade e socegod'aquellas depende a ordem e o equilíbrio deste;e das suas desavengas e desharmoniás nascem asdiscórdias c tumultos, que se convertem em revolu-ções, e estas mais tarde em anarchia—baratro me-donho onde sossobrão e submergem-se republicaso inonarchias. :

0 adultério é portanto o inimigo irreconciliavel dafamiíia,'eo conspirador incessante contra a segu-ranoa do estado. Corrompe os costumes,e falsea emsoas bases o systema governamental, por que se

povo

paz, que reinava entre os dois esposos, e romper olago mysterioso, que os ligava na mais estreitaunião.

Tolda-se a razão da mulher. . . uma nuvem ne-ora que passa, lhe obscurece a vista ; estranhalanguidez lhe afrouxa os membros ; e brota e pululae arde-lhe ho seio satânico desejo . .. Seu lábioávido e sedento espontâneo se alonga, e se estendeá um outro lábio que o procura ; mutuas cariciasse dão e se recebem ; seus bragos arroxão em lou-co frenesi um corpo que não o de seu esposo .. ;chorão os anjos . . . ri-se o interno . . . consti-mou-se o adultério !...-...

Silencio ¦!Na habitagão dos cônjuges negreja o cypreste

cia dor! Alguém abi soluga e geme atormentadapelos remorsos; esbraveja efreme ahi alguém bra-dando por vinganga ! Será do amor, será do crimeo filho, que eneerrão as entranhas maternas?!Incerteza homicida ! . . . a fonte das lagrimas es-tancou-se nos olhos da esposa, tanto pranto ha ella*já vertido ! No aspecto austero, e sombrio do tuaridolê-se a inexorabilidade do juiz prestes a castigar:no inferno reíincha de novo convulso, estridente,um riso sarcástico ! Da mão deste ao seio cfaquellavôa a lamina assassina ... um grito se escuta ....após, silencio do túmulo !.-...

rege um r,,-. 1E' elle um crime gravíssimo, offende a magestade

dc Bens; quebranta todas as leis do pejo ; profana

..••***

No dia seguinte- -olhar desvairado, cabellos espar-sos~pelo aclro da igreja vagava úm louco. De es-

AURORA CEARENSE. 3MMM

paço á espaço seus beiços lividos se abrião paradeixar passar estas palavras, únicas também que selhe ouviram :

Matei-a! . .. Matei-a ! . . .Curto e breve porem foi o seu penar aqui no

mundo. O véo sombrio da noite eahio dos ceos so-bre a terra, qual negra mortalha, e nelle envolveuum corpo vasio.

O louco já era cadáver.

R111GBA0..Purgatório.

Estedogma loi declarado e decidido na sessão ó.ado Concilio Tridentino. « Si alguém disser que pela« graça da justificação a culpa tr a pena eterna são« remettidas ao penitente, de tal modo que não« resta a soffrer mais pena temporal ou neste mun-« do ou no* outro em o purgatório, antes de entrar« no reinM('pscéos,seja analhema quem isto disser. »

E na sessão 22 se explica assim. « Si alguém« disser, que o sacrifício da missa não é propicia-o torio, e que não deve ser offerecido pelos vivos e« pelos mortos, pelos peccados, penas, satisfações,« e pelas outras necessidades, seja cxcommungado.

Claríssimo é também o texto sagrado—Sanctoergo et salubris est cogitaiio pro defunetis exorare,nt á pecatis solvatur ; não só pelo dogma do pur-galorio, mas também pelo outro de aproveitaremas almas dos defuntos, que nelle padecem, os sa-crifkios e orações, que lhes applicão os vivos.

Um e outro negão os protestantes, e por isso nãoquerem admittir por canonicos os dous livros dosMaccabêos (L. 2 cap. 2 Mac.)

O concilio,, é verdade, não decide si o purga-torio é um lugar parlipular, em que as almas sejãoencerradas; nem de que modo ellas sejão purifica-das, si por fogo, ou de outra maneira ; qual sejao more duração de suas penas &c. Mas tambémé verdade que a existência de um tal lugar em queas almas se purificassem, depois de sahir deste mun-do, conheceram até os mesmos gentios.

Assim é que Platão distingue 3 classes de homensque morrem: a l.a daquelles que viveram nestemando justamente, os quaes depois da morte erãomandados para as ilhas fortunadas ou bemaventu-radas : a 2.a classe era daquelles que tinhào com-mettido neste mundo culpas curaveis, e estes erãopor algum tempo atormentados com penas tempo-raes, para que limpas das suas manchas pudessempassar para a companhia dos primeiros : a 3.a cias-se era daquelles. que tinhão commeltido culpasincuráveis, e o castigo destes havia de ser eterno.

Com o magistério inbuido desta theologia Pia-tonica,Virgilio claramente falia das penas temporaes,que"padecem as almas que não sahiram purificadase limpas, nos seguintes versos:

Ergo exercentur pcenis, veterum que malorumSupplioia expendunt, aim panduntur, inanesSuspensoe adventos, aliis s b gurgite vasto,infectum eluitur scelus, aut exuritur ignis.Ouisque suospatitur manes, exinde per amplusMittimur Elysum, etpauci loeta arva tenemus.O apóstolo èm uma de suas epístolas (1 cor. 3

13) falia tanto dos justos, quanto dos injustos, quehao de ser provados com o fogo do purgatório queé temporil, ou com o fogo infernal que é eterno ;e S Thomaz distingue quando diz que um eoutro fogo são iguaes quanto a substancia, e diversoquanto ao effeito. O fogo do purgatório é eternoemquanto a substancia, emquanto ao effeito de pu-

rificar é temporal: o do inferno emquanloa subs-tancia e emquanto ao effeito de abrasar 6 eterno,e assim no mesmo fogo com que ardem os condem-nados sáo purificados os escolhidos, como diz S.Gregorio: Eodem igno ardet damnatns, et purgalurelectus

E quando vemos que nós outros filhos do Evan-gelho acreditamos na existência do purgatório, comoos gentios na existência de um lugar somente ondeas álmr.s justas devião purgar suas mais leves culpase pecados, hade ainda uma seila de modernos pen-sadores proclamar que as esmollas,os suffragios, o.sorticios, orações e missas não são meios propieiato-nos para fazer sahir as almas daquelle cárcere depenas para o paraíso, e gloria eterna?

Santo Ambrosio diz, é necessário que, ou nestemundo ou no outro, ainda os mais santos emimo-sos de Deus se purifiquem,e passem pelas chammas,ou pelas chammas das tribulações volumtaiias nestavida, ou pelas chammas do purgatório na outra,chammas estas que o mesmo santo suppõe symbo-usadas naquelle cberudim, que na porta cio paraísovibrava uma espada de fogo para prohibir a en-trada aos que não estivessem de todo puro, comose lê no Gênesis 3, 24. Collocavü ante paradiswnvoluptatis chembim etflamcumgladvum.

Deixemos pois que esses novos hereges estigma-tisein a crença do dogma christão ; seus argumentossão matéria velha, controvertida, e refutada desdemuitos séculos.

tt*j\mUÍD

_F. I. M. Homem dle Mello.

Daremos de hoje ern diante, sob a epigraphe=Ga-leria=a biographia das pessoas mais notáveis e dis-tinetas pelos seus talentos e virtudes, serviços e ca-pacidade, quer de um quer dè outro credo político;certas columnas de nosso jornal só sefranqueão aosescriptos imparciaes e conscienciosos, e a nossa di-visa será sempre:-—Í/M virlus ibi laus. <

Começaremos pois pelo presidente da província.Não é somente o estrangeiro que nos offerece

modelos á imitar, e bustos á contemplar. O Brasil,nossa cara e doce pátria, soberba por tantos donsinveiaveis, que pródiga lhe offertára a natureza,também se orgulha de possuir em seu vasto seioíilhos de subido mérito, vultos eminentes, cidadãosdistinetos e recommendaveis ao respeito dos pre-sentes, e á admiração dos posteros.

Um Paulistano illustre, um nome digno dos mmsinceros -elogios, vai figurar n'umá das paginas denosso jornai. Será defeito, não do pincel, mas damão que o tange, si o quadro ficar descorado ; e,confessando a nossa fraqueza sem esses improvi-sados recatos de fingida modéstia, maior gráo desinceridade revelamos.

Francisco Ignacio Marcondes Homem de Mellonasceu em S. Paulo, e a respectiva faculdade dedireito conferiu-lhe o gráo de bacharelem scienciasjuridicas e sociaes.

Posto que no verdor dos annos, ainda que naprimavera da vida, já conta elle titulos que muitoo recommendão.

Si o consideramos como homem publico, eil-ofigurando primeiramente como representante daprovincia, que o vio nascer, sendo por elle maistarde governada. _

Apreciando os seus talentos e honestidade pro-verbial, o governo imperial entregou-lhe nas mãosas rédeas da administração da provincia que lhe

AURORA CEARENSE.

servio de,berço ; eF. I. M. Homem de Mello, emboramuito joven, soube sustental-as eom vigore dig-nidade. A sua estréa na carreira administrativa foisem duvida feliz, e os seus actos na gerencia dosnegócios públicos mereceram por certo a acquies-cencia, estima e confiança do poder executivo, por-que os destinos de uma outra provincia lhe foramgualmente entregues, e postos sob sua guarda ecuidados. Paliamos da provincia do Ceará.

Não é nosso intento analysar a sua administrarãopresente, porque isto iria ferir opromettido na fa-

citada do nosso jornal, ultrapassando a meta quenos imposemos chegar: diremos unicamente quenesses tempos modernos quando a pátria, ultraja-da em seus brios e pundonores, recorria á pro-teegão dos seus filhos, implorando, senão exigindo,como mãe, o maior dos sacrifícios— o da effusãodo precioso sangue brasileiro—para com elle lavará nodoa do ultrage, F. 1. M. Homem de Mello nãopoupou trabalhos c esforços para a acquisigão devoluntários, não esperdigou nenhum desses meiosestimulantes, mais e.íicazes que o estúpido, emboranecessário, rigor da coacgáo, porque tendo elleso poder mágico de despertar nos coragões o pátrioamor adormecido, fazem,revolvendo Ímpetos dalnia,echpar tremendo o grito horrível da vingança—pahíâo inclyta e nobre,quandoa causa, que a excita,épçagrado dever de castigar o inimigo, que inso-iente calca aos pés o solo precioso da pátria!. . . .

Quando um homem se eleva pelo seu própriomerecimento; quando é a sua intelligencia fértilí* robusta que attrahe as vistas e as attenções das''amadas superiores; quando é a sua honestidadee honradez que despertão o respeito, a admira-çao e estima na opinião publica: esse homem podee deve orgulhar-se de si, porque nestas condiçõesé o orgulho alem de uma necessidade, um dever.

Uns se fazem com o auxilio de um empréstimoalheio, apadrinhando-se com valiosos recursos ;outros, baldòs destes elementos, ou mesmo despre-zando-os por um excesso de nobre vaidade, distin-guem-se, e elevão-se estribados em si próprios;com uma das mãos quebrão as cadeias, rompemosobstáculos, dispersão as coutrariedades,afugentão dsembaraços; com a outra vão colher e agarrar o pre-mio dos seus afans, a palma dos seus labores, a re-compensa das suas fadigas. Aqui hao verdadeiromérito, porque aqui ha o heroísmo na luta.

F. I. M. Homem de Mello pertence ao numerodestes últimos.

Si consideramos como escriptor, ahi está a Cons^iituinte. perante a historia, trabalho de mérito in-contestável, onde o autor revela profundo saber ecariados conhecimentos. E' um padrão de gloriapara o autor, porque attesta o alio quilate de suaelevada inteligência. Ahi estão os Esboços biogra-phioos e outros trabalhos que conspirão* para eno-brecer o nome do seu faelor.

Gomo presidente é F. .(. M. Homem de Mello ho-nesto, imparcial e independente. Gomo escriptorpublico é de nota e de mérito real. Gomo homemparticular é polido, de fino trato, urbano e cava-

.eirò.

W MÍ..4 [«MIA.«Juizo de direito.

Aggravo interposto por Antônio. Neves Sinimbú.

Vistos os autos &c. Não podia o jiik municipal

d'este termo dar cumprimento á precatória do juizmunicipal de Maranguape, seqüestrando como bensde ausentes os deixados por Vicente Joaquim Ne-ves; visto como tendo este reconhecido por testa-mento a Antônio Neves Sinimbu' filho e herdeirouniversal, fora o mesmo testamento mandado cum-prir e registrar como legal pelo referido juiz muni-cipal; e tendo o descendente herdeiro dado a in-ventario a herança no juizo dos feitos da fazenda, cpago a taxa decretada na lei n.<> 1140 de 5 de de-zembro de 1864, como por sentença fora julgadopor aquelle juizo, que adjudicou dita heranga aopredito Sinimbu', de conformidade com o regula-mento de 15 de desembro de 1860 : por tudo istodando,como dou, provimento ao aggravo, por nãoser licito ao juiz municipal, depois de lhe ser pre-sente a sentenga que devolvera aquella heranga aaherdeiro legitimamente habilitado, cumprir a ri-tada precatória, infirmando assim o que julgadofora no juizo superior, mando que se levante o se-queslro abusivamente requisitado, e abusivamentemandado proceder como si fossem esses )^s de au-sentes, e sejão entregues ao seu legitimo donoAntonio Neves Sinimbu', não só os seqüestra-dos n'esta cidade, como em Maranguape ;e pague oaggravante as custas.—Fortaleza, 18 de julho dei866.=z Manoel da Cunha e Figueiredo.

Vistos os autos. &c. Nâo existe matéria criminal no âctoque foi considerado crime pela sentença appellada do subdelc*gado de policia do districto da Pacatuba, nem tão pouco para acondemnação do appellante Lourenço José dos Santos; porquanto para dar-se o crime de desobediência era necessárioque houvesse ordem legal, isto é, emanada de autoridade competente e revestida das soíemnidades externas necessárias parasua validade. O subdelegado nao tem competência paramandar um soldado do destacamento pegar cavallo, e por issonâo commetteu o appellante crime de desobediência, deixandode cumprir a ordem alludida; e quando commettesse, por estaro subdelegado com o mando do destacamento, o delicto é da-quclles que são processados e julgados na forma da lei de 19 desetembro de 1850 por ser o appellante guarda nacional, que fal**tava ao serviço. Alem disto todo o processado è nullo e con-trario ás leis. O appellante nao podia sei .previamente preso,porque o crime que lhe foi imputado é do numero daquelies emque os reos se livrào soltos, art. 100 do código do processo;nem tão pouco competia ao subdelegado a formação da culpa ejulgamento; porque era elle o desobedecido, e o processo só po*dia ser instaurado por seu supplente. Art. 486 do regu-lamento n. í 20 de 31 de janeiro dc 1842, e 203 do mesmo co-digo.

Demais, sendo o processo organisado ex*officio devia o sub-delegado ter mandado lavrar auto circumstanciado do facto comdeclaração das testemunhas que n'elie devião jurar. Art. 206do referido código. Tambem falta no processo termo de audi-encia, donde conste que foi lida pelo subdelegado essa partedo inspector do quarteirão, que aliás não podia servir de baseao processo, nem ainda que fosse permittido ao réo produzirsua defesa, ou apresental-a escripta, segundo dispõe o art.209 do mesmo código. Portanto dando provimento a appella-çao interposta, mando que se passe alvará de soltura em favordo appellante Lourenço José dos Santos, si por ai não estiverpreso, e se lhe dê baixa na culpa, pagas as custas pela cama*ra municipal de Maranguape.—Fortaleza, 21 de junho de 18G6.—Manoel da Cunha e Figueredo.

Juizo de direito da Comarca da capital, em 14 dejulho del866.=Illm,Exn_. Sr.~Cumprindoa ordemdeV. Exc. em officio desta data, sob n. 17, tenho adizer que refiro-me inteiramente á informação jun-ta do Dr. juiz municipal substituto deste termo,' so-bre o requerimento em que Joaquim Francisco daGosta pede ao governo imperial o provimento vitali-

AURORA CEARENSE. Sc

TRANSURÍPCÍO.

cio dos ofiicios de 1.° tabelliao do publico judicial [mais devia entendes isto das igrejas catholicas one notas, Escrivão do crime e civil e official do Re- de reside Jesus Christo d'uma maneira permanentegistro geral de hypothecas desta capital.-Deus guarde onde todos os dias se immola sobre o altar pelo mi-a V. Exc.==Illm. e Exm. Sr. Dr. Francisco Ignacio Mar- nisterio dos sacerdotes, renovando, continuando econde Homem de Mello, D. Presidente da provincia. ==' prolongando de um modo in<3ÍTavel, atravez dos se-O juiz de direito interino, Manoel da Cunha e Fi- culos, até o ultimo dia, do mundo o mysterio ado-gueiredo. ravel da nossa Redempção! D'ahi as mostras exfra-

ordinárias de religioso respeito que testemunhavaás igrejas toda autiguidade Christã. Fleury, Bing-han c outros graves autores qüe se - oecupam doscostumes dos primeiros séculos relatam a tal res-peito particularidades verdadeiramente ediflfícantes.Ficávamos penitentes públicos prostrados da partede fora do limiar; ao entrar depunham os reis suacoroa; os cavalheiros suas armas; os christãos beija-vam com lábios trêmulos de religiosa emoção asportas o as columnas,e curvavam-se reverentes di-ante Ho altar. Velavam os Clérigos na boa policia ee aceio do reciuto sagrado, e nao permittiam que ahise commettesse indecência alguma. Estes edifíciosnunca serviam a uzo algum profano, diz Bergier.Tal é o testemunho rendido pelos livros sagrados doChristinianismo é pela sua historia á santidade denossas igrejas.

Quanto desdiz de tudo isto a funesta pratica cn-troduzida entre nós pela lei de que faílamas? AhfSr. ministro, sinto-me estremecer até o mais pro-fundo de minha alma ao lembrar-me as horrendasprofanações e desacatos que se reproduzem, á som-bra da iei, 4 cada reunião dos comícios eleitoraes.Aquelle entrar dissipado de uma numerosa multi-dão pelo templo sagrado, com idéas, sentimentos epaixões inteiramente alheias á Religião, como sefora o lugar sa neto um bazar ou praça publica;aquelle estrondar confuso de faílas, de reclamações,de gargalhadas, de insultos grosseiros, de palavrasobscenas quebrando o silencio augusto do santuárioaquelle aftrontar a presença de Deos de Verdade eooitantos manejos fraudulentos, praticados eseandalo-samente á vista e face de todo o mundo, no meio dasvociferações e imprecações do partido contrario 1aquelle referver de ódios violentos que estão flaiBe-jando nos olhos, rebentando nos gestos, a troandoem ameaças e gritos descompostps;, aquelle ficaraberto o augusto recinto a noite inteira, muitas;iioi-tes consecutivas para que o povo sobeaano possavelar a urna, que então se mostra rodeada de velasaccesas, como um idolo, no meio do santuário, e osgrupos dos patriotas a passearem pela nave, aí uma-rem, a conversarem, a rirem estrepitpsamente, fa-zendo-se çeatas e orgias cujos restos immundos alas-tram no outro dia o pavimento sagrado! Ahi queinvê isto, não n'um compartimento visinho do tem-pio, separado por uma parede do Santo dos santoscomo as abominações praticadas pelos Judeos, |«em face dos altares do Deus vivo, mas dentro mes-modo santuário perfumado ainda pelo odor do sa-cri fi cio, em presença do Tabernaculo onde reside oSantíssimo Sacramento,quem vê isto, setem fé, nãopode deixar de sentir coníranger-se-lhe dentro dopeito o coração, não pôde deixar de amargurar-seprofundamente e dizer, ferido no que há de mais in-timo e delicado nos sentimentos do homem e dachristão: Não, no Brazil não se respeita a casa deDeos.

Os templos segundo a doutrina do christianismosao logares sanlos, exclusivamente consagrados aoculto da Divindade.

Quem lê o antigo Testamento vê, por assim di-zer o cuidado immenso que tomou Deos de inspirarao povo hebreo a mais profunda veneração pelo lo-«¦ar sagrado. Chama-o a cada passo sua casa, seusatrios santo:?, seu tabernaculo, o solio da sua gloria,o sanetuario que elle enche ^infinita magestade, otem0*m que quer ser adorado, e donde deve serexcluído tudo o que é profano. Ordena aos Judeosmie não se approximem do limiar sagrado senão re-passados de religioso pavor. (Levit. cap. XXVI. 2.)Este logar é terrível, exclama Jacob, depois da visãode Bethei; é a casa de Deus e a porta do céo! (Genes.XXVÍH H.) «Filho do homem, diz Deus ao prophe-ta Ezequiel, este é o lugar do meu throno e o lugarda plantados meus pés, onde eu habito par^sem-pre no meio dos filhos de Israel: eos: da casa d Israelmui profanarão mais para o futuro o meu santonome .» E quaes tinham sido as profanações.'Es-cu temos o propheta que continua:» Elles fizeram asua porta ao pé da minha porta, e os postes da en-trada da sua casa ao pé de meus postes: e havia ummuro entre mim e elles; e profanaram o meu santonome pelas abominações que commetteram; por issoeu os consumi na minha ira.... Tu porém, filho dohomem mostra o templo á casa de Isrnel para queelles se confundam das suas iniquídades.... Esta é aíei que se deve guardar na minha casa sobre o cumedo monte: todo o seu termo em roda é santíssimo:«isto % absolutamente separado de todo uso profa-uo consagrado e applicado ao culto de Deus. «Estaó nois a lei da minha casa.» Lei eterna e immutavelpromulgada também pelo, oráculo dlsaias: «Eu ostrarei ao meu santo monte (diz o Senhor Deus) e osalegrarei na casa de minha oração: os seus holo-caustos e as suas victimas ser-me-hão agradáveissobre o meu altar, porque a minha casa será cha-rnada cosa de oração para todos os povos:(c. LV1. 7.)texto que o divino Salvador applicou ao templo deJerüçalem,imagem e figura dos nossos (Math. XXI.17A casa de meu pai è casa de Oração, disse elle, ex-pellindo com indignação os profanadores do temploe o Verbo Eterno, em cuja intelligencia infinita es-Ião contidos os typos ideaes de todos os entes Crea-dos. creaveisr e possíveis, attingia por como nessaadorável definição a essência mesma da cousa deíl-nida, como se dissera: .4 casa de meu paio essen-clalmeiite casa de oração, nem pode ser outra cousa.Assim a idéa da inviolável santidade da casa de Deosisto é, a idéa de não poder ella servir a uso algumprofano, passa por Jesus Christo de um a outrotestamento e os anima a ambos. Está no espiritomesmo do Christianismo; é uma de suas leis funda-mentaes.

E esta lei vemo-la sempre observada por todasas ^eracões christãs desde os primeiros séculos.Eljas comprehenderam que, se disse Deus pelo pro-iVhcta Aíígeu: Eu encherei de gloria esta casa, (II. 2.)só ior que o Messias entraria nella ura dia, muito

E inda mal, que eu acabo de descrever o quese passa quando as cousas correm pacificamente,,como se diz. Minha penna se recusa a traçar as sce-nas horrorosas, os sacnlegos attentados que temfeito tantas vezes gemer a religião, e que se per-petram ahi em todas as dioceses na quadra vertigi-.nosa das eleições populares. O estrondo das areiasabalando as paredes sagradas ; todo o recinto cheio

6 AURORA CEARENSE.

de fumaça, dc alaridos, de confusão, e o sangue dasvictimas jorrando pelos supedaneos do altar. Mui-tas vezes em falta de armas homicidas as imagenssagradas, os crucifixos arrancados dos altares commãosacrilega para com elles se espedaçarem naquel-las luctas fratricidas. Sr. ministro, onde está a cons-ciência publica, onde está, que não se levanta indig-nada contra tão horrendas profanações !

Nem se diga, que são excessos dos homens. Em-hora ! O que é certo e muito de deplorar, é que es-ses excessos estão brotando da situação feita pelalei, como o effeito da causa, como a conseqüênciado principio. Se o legislador legislasse para anjos,ou pelo menos para homens todos penetrados dosmais profundos sentimentos de religião e temor deDeos, sem paixões ou com ellas sopeadas sob o jugoda razão, passe ainda ! mas postaaquella lei nas con-dicções ordinárias da sociedade humana, é intuili-vo que todas aquellas desordens se devem seguirinevitavelmente. Com effeito, tomando os homenscomo elles são, é moralmente impossível que reu-nidos em grande numero para uma funcção a quepresidem os interesses mais fogosos dos partidos,procedam, no momento supremo que vai decidir daderrota ou do triumplio, com aquella calma e re-iigiosa gravidade que se deve guardar diante dosaltares do Deos vivo. Não, isto não é possivel. Aabominação da desolação no lugar santo, dequefal-la o propheta, é, pois, inevitável no estado ordi-nario dos homens e das cousas. Os legisladores bra-zileiros contaram de mais com a fé e prudência doscidadãos, não bastante com a violência e cega exal-tação das paixões políticas. D'ahi o defeito radical dalei.

Mas nào é só a santidade dos templos que é vio-lada ; a religião toda é compromettida. Do desres-peito das igrejas, Sr. ministro, se passa por umatransição insensível, ao desrespeito dos mysteriosadoráveis quê ahi se celebram. Q desacato do lu-gar sagrado andou sempre vinculado á decadênciada religião em todos ós povos. Como poder conser-var por muito tempo úm povo a vivacidade de suascrenças, acostumando-se com tantos desrespeitose irreverências ás cousas sagradas l Não começaráelle a duvidar da presença de Deos, da realidadedosmvsterios augustos de sua religião, á medidaque se°fôr habituando a considerar os templos comolugares de reunião profana, como arenas para aslutas dos partidos, onde os homens mais illustradossisudos e circumspectos, transmudados de repente,são muitos vezes os primeiros á commetter tantasirreverências ? Os meninos que presenceain essas sa-turnaés, não aprenderão naturalmente o desrespei-to á religião ? Serão elles na igreja mais recolhidosque seus pais ? E quando a lei autorisal-os a levará urna o seusuffragio se mostrarão mais reverentespara o Tabernaculo, para os altares, para as sagni-das imagens, para os symbolos augustos do chns-tianismo ? E eis como vai lavrando insensivelmentea discrença no coração do povo ; e eis como a in-differençâ religiosa vai penetrando, como um frio demorte, as medulas da sociedade ; e eis como vai estabebendo nesse calix deadormecimento,queé o fun-do do calix daindignação do Senhor, na phrase dopropheta Isaias. (c. LI. 22.) Quem considera a forçado exemplo e dos hábitos contrahidos desde a in-íancia, não poderá duvidar da influencia desastrosaque esta abominável pratica das eleições nas igre-jas já vai exercendo, e exercerá um dia inda maispronunciadamente, na situação religiosa do Impe-rio. Aprende o povo o desrespeito de Deos comotudo o mais, eem mal! que esse desrespeito temlogo uma repercução funestissima em todas as es-pheras sociaes. Quando se tiver chegado a não res-

peitar mais a Deos, fiquemos desenganados qne naose respeitará mais nada. Boto aquelle dique, a tor-rente trasborda e vai levando tudo de rojo. Este é oíacto abonado por todos os testemunhos da historia.

Uma consideração me impressiona ainda; permitia

Religião e ao paiz, se ella s'expandisse como umaeflorescencia natural do sentimento religioso e pa-triotico, não é natural que outros povos a concebes-sem antes de nós ou ao menos comnosco? Verdadea quem dos Pyreneus, erro além! Absurdo. A ver-dade é como a luz. Não tem raias, não conhecebarreiras. E' o patrimônio do gênero humano. Per-tencea todas as inlelligencias. Se esta praticaéfun-dada na verdade, porque rasão não a vemos estabe-lecida senão no Brazil ?

Porque rasão tantos povos, igualmente religiososmais religiosos que nós, nem por sombras a temimaginado? Vá se dizer a França, vá-se dizer a lies-panha,á Itália, á Áustria que quebrem com tumultoseleitoraes o silencio solemne de suas velhas basiii-cas; vá-se dizer a Inglaterra que ponha a urna dossuffragios políticos debaixo das abobadas de S. Pau-lo e de Weslminster; um movimento expontâneode horror proromperá do fundo da consciência des-ses povos. Por todos, em todos os séculos, tem sidoolhados os templos como essencialmente imprópriosoara esta sorte de reuniões. Desde S. Pedro de Ro-inaaté oiníimo pagode dos Ídolos immundosd'Asia,não achamos derogação a este principio. Em nen-huma nação civilisada ou barbara, oatholica, seis-matica,protestante ou iníiel,se achará lei authorisan-do reuniões tumultuosas de política dentro dos san-tuarios religiosos: tanto esta idéia é instinctivamen-te repellida pela consciência universal! Tanto todossentem que os templos, sendo cousas santas, devemser tratados santamente: Saneia sanete tratanda eque assim como tora horrendo sacrilégio empregarum vaso sagrado em uso profano, assim nào deve,não se pôde destinara casa de Deos a íins alheiosde sua instituição.

Não, Exm. Sr , nossas igrejas não podem conti-nuara ser assim profanadas. O braço da divina jus-tiça pesaria sobre nossa cara pátria. Os livros sa-grados estão cheios de ameaços tremendas contraos povos que profanam os sanetuarios de Deus. Mo-difique-se essa lei, para que não sueceda que de re-pente saia como fogo a sua indignação e se accendae não haja quem o apague, como falia o propheta.Deus não pode olhar com misericórdia a nossa que-rida pátria, em quanto subsistir esta lei,á cuja sombra se tem preparado tantos sacrilégios. Ouça o go-verno o clamor dos bispos. D. Romualdo, aquellaexplendida gloria da igreja brasileira, levantou aopé do throno voz sentida que vibra ainda no cora-ção de todos. O episcopado é unanime a reclamarcontra esta praxe funestissima.

Temos tomado, para salvar, quanto é possivel, ascousas santas da profanação, medidas que nos fazemsangrar o coração. Logo que se aproximam as'elei-ções, mandamos retirar das igrejas matrizes o San-tissimo Sacramento, para uma capella, para umasala, seja para onde for, com tanto que fique alirodeado de silencio e de adoração: mandamos tam-bem transportar as sagradas imagens, desnudamosos altares, e os deixamos assim desolados e tristespara testemunhas dos desacatos e indecências. De-pois de 8, a 40 dias, quando tudo está concluído,retrazemosao seologer aquelles sacratissimos pe-nhores de nossa crença; fademos preces de desagra-vo derramamos lagrimas entre o vestibuloe o altar,a íim de dobrar em nosso favor a justiça infinita É

AURORA CEARENSE

/¦¥

islo n'uma terra catholica, Exm. Sr., e isto n'umalerra profundamente religiosa, que tem o nome de(erra de santa Cruz!

Não, é impossível que fiquemos sempre neslas hor-riveis torturas., Tempo é já, Exm. Sr. Caberá á V.Exc. e aos eminentes caracteres cívicos <jue sc a-cham a frente dos negócios públicos, a gloria de abrircom a abolição de tão funesta lei, uma novafera pa-ra a Religião no Brasil.

Taes são as medidas de maior momento que jul-guei dever propor ao governo imperial. V. Exc, ins-pirado pelos melhores desejos, as corrobora com suaalta autoridade perante o corpo legislativo, atira-hindo assim as bênçãos e o eterno reconhecimentotanto desta diocese/ corno de toda a igreja brasileira.

SEMANÁRIO.=No vapor Guará, chegado a este porlo no dia

44 do correnle ás 2 horas da tarde, regressaram doPará os venerandosbispos desta diocese D. Luiz An-tonio dos Santos, e da de Pernambuco, D. Emma-nuel de Medeiros, que toram assistir a sagração doExm. bispo de Goyaz, D. Joaquim Gonçalves de Aze-vedo, o qual tambem veio no mesmo vapor, e se-guio com aquelle no dia 15 para as suas dioceses.

Suas Excs. foram recebidos com todas as solemni-dades devidas a sua alta cathegoria.

Junto ao trapiche achava-se postada uma guardade honra com musica, que fez as continências do es-tylo, não só alli, como na residência da familia do il-lustrado bispo de Pernambuco.

S. Exc. o Sr. presidente da provincia e muitas pes-soas gradas assistiram o desembarque dos virtuososdiocesanos, que durante todo o resto do dia rece-beram um numero considerável de pessoas, que osião saudar pelo seu feliz regresso.

A's 8 horas dá manhã embarcaram SS. EExcs. comni mesmas solemnidades, salvando a fortaleza naoceasião de sahir barra fora o vapor que os condu-vãdi.

Conaralulamo-nos com SS. EExc. pela sua felizvrage.m,

--No mesmo vapor regressou tambem o distinetosacerdote o Sr. Lino Rodrigues Deodato de Carvalho,uni dos dignos redactores da Tribuna Catholica:

-=0 Cruzeiro do sul foi portador das seguintes no-iieias do theatro da guerra.

As datas alcançãoá 22 de junho, e até então con-servavão os exércitos belligerantes a mesma posiçãoem frente do acampamento um do outro. Todavia al-gúns incidentes de pouca importância tiverão lugariii aquella data.

Nó dia 14 os paraguayos com suas peças de 68 eHO trazidas de Humailá bombardearam tenazmenteo acampamento do. exercito aluado, quasi sem re-sultado algum; o fogo durou 6 horas, sendo respon-dido pela nossa artilharia, que pouco depois, reco-nhecendu que as balas das nossas peças de campa-nha não alcançavão o inimigo pela distancia emque -cçtavão.e pela conlrariedade do vento, deixaramde continuar o fogo, proseguindo elles no seu bom-bardeamento, e tomando os nossos as cautelas pre-cisas para que os seus projectis não nos fizessemdanino, o que assim suecedeo, porque apenas sein-cèndiaram algumas barracas, podendo escapar onosso parque, que ali estava, junto ao qual reben-taram inumeráveis bombas.

0 bombardeamento não se repetiu talvez por faltade munições e só continuou o fogo de suas peçasgrandes, que foi respondido por uma bateria nossa,que seconsegúio postar em frente delles.

Por dois paraguayos passados para o nossoacampamento, soube-se que com as duas primeirasbombas que mandamos em resposta as do inimigo,voaram um carro de munições com perda de 7 ho-mens, e incendiaram-se alguns ranchos.

No dia 19 ainda vieram ao campo aluado algu-mas bombas, uma das quaes rebentou junto á ten-da do general Flores, sem todavia lhe fazer offensa.

No dia 20 apenas 40 tiros de artilharia disparou oinimigo, sempre correspondido pelos nossos.

Continuava a diserção nas fileiras inimigas, e ca-da dia se passavão alguns para o nosso acampa-mento; entre estes nomeamos o alferes Ignacio Ro-mirez do batalhão 48, que se nos apresentou no dia47 lão andrajoso que não parecia um oflicial, e porelle foi dito que peior andavãoos soldados.

A cavalhada esperada pelo exercito aluado, parase por em marcha nâo era chegada, e por isso seacreditava que só no corrente mez de julho reco-meçariam as operações,salvo si Lopez ou/asse mo-ver-se com o seu exercito; mas que se assim suece-desse, não nos apanharia de surpresa, porque esta-vamos prevenidos para receber, e munidos de largosfossos em frente da artilharia.

Alem do que acima expomos, o inimigo procura-va com torpedos fluetuantese burlotes fazer damnoá nossa esquadra; mas felizmente nenhuma dessasmachinas expedidas da tortaleza de Curupayti con-seguio offendc-la, sendo antes para os nossos umdivertimento pcscal-osA

O primeiro torpedo foi dar ao encouraçado Bahia.Compunha-se de tres caixões concentricos, sendo oprimeiro de madeira forte com chapa de metal, o se-gundo de madeira mais fraca, e o ultimo de metalcheio de pólvora onde attingia o apparelho da percus-são. Poi tirado cuidadosamente d'agua, enconlran-do-se humida a pólvora.

Constava que o almirante Visconde deTamanda-ré tinha ajustado com os generaes de terra atacarCurupayti apenas chegassem as bombardeiras, e osencouráçados que estavão no rio Paraná; e é de espe-rav que já agora esteja arrasada essa fortaleza.

A imprensa inimiga da situação actual tinha feitocorrer boatos de paz, mas estes boatos foram for-malmente desmenttdos pela Nacion Argentina e pe-Ia Tribuna, fazendo ver que os governos argentinoe oriental estão firmes, como sempre, até que seconsigão os fins da tríplice alliança, a saber : ani-quilamanto do poder tyrannico de Lopez, liberta-çãodo Paraguay, e segurança para os estados lirni-trophes.

=Por cartas imperiaes de 27 do passado foramnomeados:

Adelino Antônio de Luna Freire, para o cargo depresidente da provincia do Piauhy, do qual foi exo-nerado, á pedido, por decreto da mesma data o ba-charel Franklim Américo de Meneses Doria; e JoséManoel de Freitas, para o de 2.° vice presidente damesma provincia, por haver sido na mesma dataexonerado Antônio de Sampaio Almendra.

=:Por decretosde 22 do passado foram nomeados:O príncipe Ismail Pachá grã-cruz da ordem da

Rosa ;O visconde de Soveral, enviado extraordinário e

ministro plenipotenciano de sua magestade fidelissi-ma na corte de Madrid, grã-cruz honorário da nies?ma ordem ;

Luiz Agassis, cavalleiro da ordem do Cruzeiro ;O conde Dahbané, cônsul do Brazil em Alexaio

dria, cavalleiro da ordem de Christo ;Gastinel, cavalleiro da mesma ordem.Fez-se mercê do titulo de conselho ao bacharel

André Augusto de Padua Fleury, director geral dasecretaria de estado dos negócios da justiça.

8 AURORA CEARENSE

=Foram concedidos as seguintes pensões ;. A D. Emerenciana Arcilia Silveira de Carvalho,viuva do capitão do 1.° batalhão de infantaria JoaoBaptista Lopes de Carvalho, fallecido no hospitalmilitar do Salto, a de 30U000 mensaes, sem prejuízodo meio soldo ;

A D. Maria Manoela Mousinho, viuva do tenenteJoão Çhristovão Mousinho, e mãi do capitão do 1/batalhão de infantaria Manoel Jcrge Mousinho, tal-lecido em Corrientes, também a de 30Ü mensaes,sem prejuízo do meio soldo; ^

A D. MathildesErmelinda Helena RouhnoRabelio,viuva do major do 3/ batalhão de artilharia a péAntônio Maria Rabello, morto no hospital de Cor-rienles, ade 42U00Q mensaes, ta .bem sem prejuízodo meio soldo. kl.

A D. Anna Joaquina de Medeiros e Albuquerque,viuva do capitão da guarda nacional José florianoTorres de Albuquerque, morto em conseqüênciade moléstias adquiridas em campanha, ade 72DUÜ00annuaes. Jê '.

,.:=A assemblèa provincial continuou no dia 14 osseus trabalhos. Tratou dò projecto n. 9 deste annoque regula os limites dos termos de Mana Pereirae S. João do Principe: foi approvado em 4. * dis-cussão, orando os Srs. Sarmento, Barbosa e üordei-ro. Occupou-se mais corn os de ns. 10 e 11 sobreposturas municipaes. Entrou em 4.» discussão ode n. 12 deste anno, que autorisa a presidência amandar proceder aos reparos da estrada de Maran-çuape: oraram os Srs. Paiva, Paula Pessoa, Rubno(Fe Alencar e Barbosa Cordeiro, íicando a discussãoaddiada. _

No dia 16 approvou o projecto deste anno queautorisa a presidência a mandar fazer os reparosde que precisa a estrada de Maranguape: orou oSr. Barros. Approvou também em 1.» discussão oque approva o compromisso da irmandade de N. i>.da Penha erecta na capella de Sucatinga ; e bemassim o que crêa um districto de paz na povoarãodAssumpgão, districto da villa da Imperatriz.

Nos dias 17 18 nãoíhouve sessão por ialta de numerp.No dia 20 approvou em 2.» discussão o que crea

uma cadeira de l.« letras na villa de Missao-Velha;o que crêa um districto de paz na povoação da La-pa do municipio de Sobrai fo que desliga do car.Rio de orphãos do Aracaty a escrivania do jury ;o que crêa uma cadeira de instrucçao^elementar pa,ra o sexo fermenino na villa de Milagres ; o queránsfere para a villa de Riachuelo sede da de Ja-

guaribe-merim ; o que reúne os olhcios de justiga^e Maranguape ; eo que dá limites aos termos deMaria Pereira e S. João do Príncipe

-^0 Sr. Dr. José Antônio da Silva Vianna foi no-meado para prestar seus servidos médicos no colle-gio de eclucandos artífices e corpo de policia, no 1111-pedimentò do Sr. Dr. Rufino de Alencar, que se achacom assento na assemblèa provincial.

=Foi exonerado, do. cargo de delegado de policiado termo de Qüixeramobim o Sr. Dr. Antônio Pintode Mendonça. ,,7 , 3 ... ¦ rnnX=Sob a denominação áe=Club dramático tea-

«ncesofoi organisada uma sociedade particular,afim de dar algumas recitas no theatro Thahense

As pessoas que compõem o respectivo directorio,' corresponderam perfeitamente a expectativa publi-

ca; pois que tudo envidaram para ser bem desempe-nhada, coma foi, a representarão do drama, da sce-ua comicà e da farga, annunciadaS( para hontem

\ capital do Ceará resentia-se da falta de um entre-tenimento,qüe viesse, ao menos uma vez no mez,sua-visar os nossos trabalhos e fadigas.

Desejamos longa duração a essa útil sociedade.=0 vapor Gurupy, dacompanhia Maranhense

chegou a este porto no dia 17, e rcgresou no dia ti).=Ao Dr. juiz de-direito interino desta comarca

foi apresentada pelo Sr. José de Pontes FernandesVieira uma queixa contra o Dr. juiz municipal deMaranguape, João Antunes de Alencar.

=Foi também apresentada outra queixa pelo Sr.José Paulino Hoonholtz contra o 2. ° substituto dojuiz municipal deste termo, Dr. Gongalode AlmeidaSouto.

?=Consta-nos que o Sr. Etelvino Teixeira Bastosdera a assemblèa provincial uma queixa contra oSr, Antônio Theodorico da Costa, 4.° substituto domesmo juizo.=No lugar competente transcreveremos umaparte de um officio dirigido ao ministro do impériopelo venerando bispo do Pará, em virtude do con-vi te que lhe íôra feito em aviso, para expender aogoverno imperial aquellas medidas, que lhe tíajâosido indicadas, pela experiência como aptas a pro-mover o progresso da religião eo esplendor do cul-to catholico naquella diocese.

Com a forcja da lógica, com acrysolado senti-mento religioso,o illustre bispo combate os arts. 42e 95 da lei de 19 de agosto de 4846, que designãoas igrejas matrizes do império para n'ellas se faze-rem as eleições populares.=Por ser incompalivel o emprego de professar ede iuiz municipal, conforme decidiram os avisosde 7 de outubro de 1843 e 19 de novembro de 4861,o Sr. Dr. Gongalo de Almeida Souto passou o exer-cicio do segundo daquelles cargos ao4.° substituto,o Sr. Anlonio Theodorico da Costa.

=Por portaria de 18 do corrente foi nomeado oSr. José Raymundo de Amorim Garcia para o lugarde 2.° official da cessão central da secretaria do go-verno, vago pelo fallecimento de Francisco Adriãode Paula Freire.

O concurso que teve lugar para preenchimentodessa vaga, e a justiea que taraeterisa os actos doactual administrador da provincia, não podiâo deixarde produzir esse resultado.

=No vapor Cruzeiro do Sul veio o portuguezGraga que havia fugido conduzindo diversos objec-tos de ouro e brilhante de particulares, no valor de10.000U00O.

Foi preso em Pernambuco, á requisição do Dr.chefe de policia interino d'esta provincia, sendoaprehendido quasi todos aquelles objectos.

Si são dignos de elogios as autoridades policiaesdas duas provincias por essa importante diligencia,não o é menos o Sr. João Pedreira Filho, amanuen-se da secretaria de policia, a quem se deve princi-palmente a captura do criminoso.

A^iso.

Nesta typographia vende-se procurações, despa-chos, conhecimentos e letras par pregos mais coni-modos do que em outra qualquer parte.

Faz-se toda e qualquer impressão com nitidez epromptidão, visto achar-se a officina completamentemontada e bem dirigida.

Ceará, 1866—Typ. da Aurora cearense:por Hermino Magno.

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