introdução ao projeto do produto
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1 Introduo ao Projeto do Produto
1.1. Introduo
Este captulo contextualiza o tema no cenrio atual, evidenciando a sua importncia diante das
novas condies de concorrncia. Busca tambm discutir a abordagem a ser adotada no
ensino e na formao de profissionais em Engenharia de Produo. Nosso objetivo o de
estabelecer um pano de fundo para a conduo do tema.
1.2. Produtos e Poltica Industrial
A abertura econmica e conseqente unificao dos mercados; as rpidas mudanas
tecnolgicas; o acesso informao e a costumerizao ou fragmentao de mercados; que
caracterizam a realidade scio-econmica em nosso tempo, determinam para as empresas a
necessidade da produo de produtos word class. Para tanto, as empresas tem adotados
estratgias tecnolgicas e organizacionais que buscam fundamentalmente a flexibilidade dos
sistemas produtivos. No campo organizacional, consolida-se o conceito de network
manufacturing, caracterizado pelo estruturao em rede de pequenas empresas com
capacidade de produzir uma variedade de produtos eficientemente.
Dentro deste contexto, a atividade de desenvolvimento do produto e o projeto do produto1, tem
configurado-se como um dos elementos chave na determinao da competitividade industrial.
no lanamento de um novos produtos que as empresas expem sua real capacidade
competitiva.
No Brasil, apesar das distintas dinmicas de inovao nos diversos setores industriais,
percebe-se uma assimilao tardia desta realidade. Em termos gerais o pas viveu at o final
dos anos 80 sob uma poltica industrial e tecnolgica caracterizada pela substituio deimportaes. Assim os produtos aqui fabricados, protegidos por barreiras tarifrias, no
sofreram, com a mesma intensidade, as presses advindas do acirramento da competio nos
mercados.
1 Os termos desenvolvimento de produto e projeto do produto so tratados as vezes como sinnimos; outras como se o
segundo constituisse um subconjunto do primeiro. Se considerarmos as novas abordagem organizacionais, podemos
trat-los como sinnimos e pens-los como um processo de projeto onde so tratadas das questes do produto e do
seu processo produtivo.
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Para se ter uma idia da defasagem, tomando-se como base os dados referentes
Propriedade Industrial, que refletem o esforo das empresas brasileiras em Pesquisa &
Desenvolvimento (P&D), mostram para o ano de 1992, uma relao de 6/1 nos depsitos de
pedidos de Patente de Inveno entre os no residentes e residentes no pas e de 12/1 nos
pedidos aprovados. Ainda, em termos dos nmeros globais de pedidos encaminhados no
mesmo ano, os dados da OMPI mostram 385000 pedidos encaminhados no J apo, 187000
nos EUA, 115000 na Alemanha, 82000 na Frana e apenas 14000 no Brasil. A tabela 1.1.2
apresenta um levantamento mais recente, cobrindo o perodo de 1979 a 1995 na rea de
Biotecnologia. Fica claro portanto, a pouca nfase dada pelas empresas brasileiras para a
atividade de desenvolvimento e projeto de produtos, no passado recente.
Para muitos o relacionamento entre P&D, Projeto de Produto e Patentes no evidente,
fazendo-se necessrio justificar. Ao meu ver, e como aprofundaremos mais tarde, todo produtoincorpora uma parte reusada e outra de inovadora. A capacidade de inovar, relaciona-se
diretamente aos investimentos em P&D e estes, refletem-se em nmero de privilgios de
patentes obtidos.
Apesar do quadro desfavorvel apresentado em relao ao desenvolvimento de produtos, as
rpidas transformaes em termos de poltica econmica e industrial, pelas quais o pas tem
passado nestes ltimos anos, tem colocado na ordem do dia para as empresas a necessidade
de reformulao das suas estratgias de produto, em termos tecnolgicos e organizacionais.
Tais demandas tem obtido ressonncia em diversas esferas. Cresce o nmero de publicaes
e tradues, bem com o de pesquisadores que se interessam pelo tema; so criados Parques
Tecnolgicos e Incubadoras Industrias, que invariavelmente apresentam uma estrutura
consorciada entre a iniciativa privada, estado e universidades; e, iniciativas como o Programa
Brasileiro de Design3 (PBD)4, buscam incentivar, promover e proteger a inovao5.
2 Perodo: 1979/1995, Total de Pedidos: 552; Fonte: INPI: Margareth Maio Da Rocha. Biloga, Examinadora de
Patentes. In Menegon, 1996. COPPE/UFRJ .3 O termo design fortemente associado no Brasil s atividades relacionadas com o Desenho Industrial, enquanto no
exterior e termo assume um carater mais amplo, associado ao que comumente denominamos Projeto. o prprio PBDreflete esta dicotomia.
4 O PBD apesar de recente, tem promovido aes no sentido de avaliar a competitividade do design brasileiro, bem
como aproximar os diversos agentes envolvidos com a questo.
5 As diferentes realidades intra e intersetores industriais tm demonstrado capacidades distintas de assimilao e
incorporao dos novos paradigmas na atividade de desenvolvimento e projeto do produto. As grandes companhias
nacionais e multinacionais rapidamente tm assimilado as mudanas organizacionais exigidas pela realidade
internacional. O setor automobilstico brasileiro um forte exemplo. Os ltimos desenvolvimentos deste setor, bem
como as novas plantas industriais previstas para o pas, esto em consonncia com as estratgias de produto e de
processos produtivos adotados internacionalmente pelo setor. Num outro grupo, esto as empresas de menor porte,
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Pas Incidncia
Estados Unidos da Amrica
SuaBrasil
Inglaterra
J apo
Alemanha
Frana
Holanda
Dinamarca
Outros*
* Canad, Finlndia, Hungria, Austrlia, Noruega,
Israel, Sucia, ustria, frica do Sul, Espanha e
Blgica.
37,2%
11,1%10,5%
8,4%
7,7%
4,6%
4,4%
4,2%
2,5%
9,4%
Total 100%
Tabela 1.1. Distribuio de Pedidos de Patente no Brasil na rea da Biotecnologia (por pas de
origem)
No que se refere ao setor privado, tenho percebido enquanto pesquisador e membro dos
grupos Ergo&Aco e SimuCad, uma crescente demanda por profissionais na rea de projetos.
Neste campo, dados mais objetivos devem ser buscados, particularmente deve-se avaliar6 o
crescimento de investimentos em P&D, dos pedidos de patentes e dos contratos de
Transferncia de Tecnologia, os quais podem fornecer alguns indicadores para a questo.
que tem sofrido de maneira mais concreta os efeitos da abertura do mercado brasileiro aos produtos internacionais. No
geral, pode-se apontar nestas indstrias debilidades internas, associadas incapacidades gerenciais e tecnolgicas,
determinadas pela inexistncia de um ambiente competitivo no mercado brasileiro durante um longo perodo de tempo.
Destacam-se ento as estruturas organizacionais por funo, pouca padronizao e formalizao nos processos
produtivos, ineficincia de planejamento e controle da produo, inexistncia de uma cultura de projeto de produtos e
ausncia de investimentos e Pesquisa & Desenvolvimento. Ainda, interferem fatores externos s empresas,
particularmente a deficincia da poltica industrial do pas, cujo principal efeito a inexistncia de esforos no campo
da padronizao e normalizao.
6 Tema para Trabalho de Concluso e Pesquisa.
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As iniciativas apontadas corroboram pesquisas promovidas pelas Naes Unidas7 que
apontam demandas por capacitao em Projeto do Produto para a Amrica Latina e Caribe,
como uma das principais barreiras a serem superadas na busca do desenvolvimento.
1.3 Modelos de Projeto e Engenharia de Produo
Considerando que os produtos constituem o centro dos negcios, no contexto da formao de
profissionais em Engenharia de Produo, a questo que nos colocamos : qual abordagem a
ser adotada no ensino de Projeto do Produto? A resposta no evidente. As contribuies
podem ser encontradas nos campos da estratgia, marketing, administrao, qualidade e
projeto, dentre outras. A engenharia de produo tangencia discusses num amplo espectro de
disciplinas com diferentes nveis de aprofundamento e enfoque.
Para elucidarmos a questo, devemos observar que o engenheiro de produo assumir cedo
ou tarde, em sua atividade profissional, funes de gerncia dos processos8 industriais. Assim
deve estar preparado para compreender a natureza das atividades que possa a vir gerenciar.
Tal enfoque nos coloca dentro do campo da Projetao, ou seja, centrado na ao de projetar.
Isto nos remete tambm para o campo da ergonomia. Sem dvida, aspectos como o trabalho
em grupo, trabalho cooperativo ou problemas no estruturados, constituem o dia a dia de uma
equipe de projeto.
No obstante, nosso foco estar sobre a atividade dos projetistas, faz-se necessrio buscar
modelos mais amplos que integrem o projeto do produto e a atividade dos agentes
relacionados, ao contexto dos negcios.
A busca de modelos no constitui interesse de cunho estritamente acadmico. Em ltima
instncia, um modelo terico s nos til quando possibilitar uma melhor compreenso e a
transformao da realidade. Nos interessa uma modelo que possa ser assimilado pela
indstria, indicando qual a abordagem a ser adotada na transposio das estruturas
organizacionais que resultem na eficincia e eficcia do processo de projeto e produo denovos produtos.
7 Estudo da Unido, realizado em 15 pases nos anos de 1992 e 1993, relatado por Maiza Neto, O.; citado por
Stahlberg, P.; em comunicao pessoal, 1996.
8 O termo processos industrias tem aqui o significado apresentado por Tachizawa, T. & Scaico O.; pag. 94, 1997; cujo
modelo integra as estruturas funcionais verticais a processos horizontais cujas principais caractersticas podem ser
enumeradas: i) integrao de clientes, produtos e fluxo de trabalho; ii) explicita o trabalho transpondo as fronteiras
funcionais; e, iii) relacionamentos internos cliente/fornecedor, por meio dos quais so gerados produtos/servios.
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Como ponto de partida, pode-se estabelecer algumas idias globais que envolvem a atividade
de projeto de produto e que so relevantes para a apreciao de um modelo.
1. Existem nas atividades de Pesquisa & Desenvolvimento e Projeto do Produto, aspectos
intangveis, com comportamentos imprevisveis, que reforam a importncia da cultura de
desenvolvimento de produtos. fundamental para a afirmao desta cultura nas empresas,
atividades pragmticas de laboratrio que resultem em saber fazer. Parece impossvel ser
competitivo sem que haja esforos significativos em P&D voltados para o aperfeioamento de
produtos e processos.(atividade);
2. O ambiente exige tambm, sistemas produtivos flexveis com alto grau de integrao das
funes gerenciais e produtivas. Ao mesmo tempo que se acumulam tendncias no sentido
normalizao e padronizao de produtos e processos, intensificam-se tendncias deaprendizado contnuo e trabalho criativo. (gesto).
3. Em termos de competitividade, as tendncias apontam para a necessidade de empresas
focadas em competncias especficas, abandonando reas de competncias no estratgicas
(estratgia).
A importncia de um modelo que responda questo no campo da estratgia, gesto e
atividade de poder integrar o arcabouo de mtodos e tcnicas que vem sendo difundidas
no campo do projeto do produto9. Este conjunto de mtodos e tcnicas deve fazer sentido para
que os aprende e utiliza.
1.4 Ensino de Projeto de Produto
A adoo de um modelo terico por si, no garante o ensino de projeto do produto, ele apenas
estabelece uma rede, um caminho a ser seguido. Como ensinar percorrer este caminho, ou
melhor, como ensinar projeto do produto?. Pugh(1991), no prefcio do livro Total Design
9 Consolidam-se mtodos e tcnicas aplicadas ao desenvolvimento do produto: (1) metodologias organizacionais, como
a Engenharia Simultnea, caracterizada pela transposio das estruturas administrativas funcionais para a
administrao por processos, atravs de equipes multifuncionais realizando atividades de projeto e produo
paralelamente; (2) metodologias de projeto conceitual, como o EQFD, que enfatiza a definio conceitual do produto,
concentrando as alteraes de engenharia nas fases iniciais do processo de projeto, evitando zonas de caos e
buscando planos de estabilidade nas fases de produo e lanamento do produto; (3) metodos estatsticas, como
confiabilidade, FEMEA-Anlise do Efeito e do Modo de Falha e o Planejamento de Experimentos/Mtodo Taguchi, que
buscam fundamentalmente a robustez da tecnologia aplicada; (4) tcnicas diversas, como Projeto Para Manufatura e
CAE/CAD/CAM, que possibilitam a integrao das atividades de projeto e reduo no lead time. (Pugh, S.; 1991;
Toledo,J .C.; 1994; Clausing, D.; 1994; Pahl, G.; & beitz, W.; 1996, QS900, 1994).
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aponta esta dificuldade10: Design em si uma atividade, no uma matria no sentido
tradicional, como matemtica e fsica. Ao mesmo tempo, apresenta uma resposta para a
questo: Voc o leitor, ser apresentado a uma estrutura dentro da qual voc pode praticar o
design e ir incrementando o seu rigor. Ao mesmo tempo, voc vai ser ajudado a colocar dentro
desta rede, os mais tradicionais tpicos de engenharia., pag. viii. A leitura que fazemos de
que deve-se observar alguns aspectos bsicos para o ensino de projeto do produto.
1. No se pode falar de aprendizado de projeto do produto sem pratic-lo. Deve-se percorrer o
processo do estudo da necessidade at a materializao do produto.
2. Utilizar um modelo formal de processo de projeto como rede de relacionamentos a ser
seguido. Objetiva orientar as atividades, compor grupos, dividir tarefas, enfim, fornece a
estrutura para o projeto.
3. introduzir mtodos e tcnicas diversas, sem amarrar uma metodologia especfica. O escopo
de cada projeto pode orientar na escolha do repertrio metodolgico adequado.
4. buscar a aproximao das equipes de projeto atividade dos projetistas. Esta aproximao
envolve tanto a execuo das atividades de projeto, como a busca de relacionamentos com
projetistas que podem ajudar nas tomadas de decises, bem como possibilita compreender
como eles fazem as coisas.
Antes de encerrar a questo em torno da abordagem do tema, deve-se ressaltar que os
projetos no so feitos como so ensinados. As inmeras abordagens que representam o
processo de projeto como uma conjunto de problemas que so resolvidos de maneira
sistemtica e estruturada podem induzir esta viso. Os problemas de projeto so em sua
maioria complexos e resolvidos de formas totalmente alheias aos mtodos e tcnicas
utilizados.
Portanto, estas ferramentas devem constituir o saber fundamental daqueles envolvidos com oprocesso de projeto, a fim de fazer uso das mesmas nas situaes que s requeiram.
1.5. Concluso
Este captulo tratou de justificar a importncia e a relevncia do Projeto do Produto e do
Processo no contexto da Engenharia de Produo, bem como discutiu a abordagem a ser
10Design itself is an activity, not a subject in the traditional sense, like mathematics or fhysics. You, the reader, will be
presented with a framework within which you can practise design with increasing thoroughness. At the same time, you
will be helped to place the more tradicional topics of engineering within this framework., Pugh, S.; 1991,pag. viii.
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adotada no tratamento do tema. Definies, conceitos e demais enunciados que por ventura
no ficaram claros nesta primeira apresentao, sero aprofundados ao longo do texto.
Espera-se que as questes apresentadas sejam suficientes para a motivao dos participantes
nas atividades relacionadas com o tema e possibilite aos mesmos uma viso ampla do
processo de projeto.
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2. Referencial para o Projeto da Tcnica11
.
2.1. Introduo
Neste captulo ser estabelecido, a partir da teoria que fundamenta o projeto de engenharia,
um referencial conceitual para o projeto da tcnica, que em sua dimenso material assume a
forma de artefatos, cujo fim pode estar associados tanto ao consumo como produo.
Objetiva-se de uma forma ampla apresentar um modelo para o projeto de engenharia que
tenha coerncia com o referencial apresentado no Captulo 1, e ao mesmo tempo possa
orientar a compreenso da atividade de concepo.
Partiremos do ponto de vista de Clausing, 1994, Desenvolvimento do produto uma atividadee a nica maneira de aprender completamente esta matria pratica-la, o qual
compartilhados por Back, 1982, Pugh, 1990, e Pahl & Baitz, 1995. Alm deste campo que
busca uma representao a partir da atividade, outras disciplinas tm focado o projeto como
objeto de anlise, particularmente pela nfase dada ao projeto do produto, dentro do contexto
da reestruturao produtiva. As contribuies vm das disciplinas de Estratgia, (Robert,
1995), Marketing, (Gruenwald, 1992), Administrao, (Gurgel, 1995), Qualidade, (J uran, 1992,
Toledo, 1994), dentre outras. No que pese a contribuio destas disciplinas, elas pouco nos
dizem acerca de como os artefatos so concebidos (produto, processo e operaes), ficando,
portanto, na periferia da atividade de projeto.
No campo da engenharia, existe uma ampla literatura do design (projeto) dos artefatos. A
busca em torno de uma teoria, de mtodos e de tcnicas para o projeto, tem razes no setor
metal-mecnico, expandindo-se para o campo da eletro-eletrnica e microinformtica. Pahl &
Beitz, 1995, identifica nos esboos de Leonardo da Vinci, a variao sistemtica de possveis
solues, os primeiros indcios de um mtodo no campo do projeto. Os autores realizam uma
reviso histrica e apresentam os principais mtodos correntes, concluindo que estes so
fortemente influenciados pelos campos de especialidade de onde originam as obras. Noentanto enfatizam: Eles, contudo, assemelham-se uns com os outros muito mais que os
vrios conceitos e termos podem sugerir, pg. 24.
As diversas influncias nas vises metodolgicas podem ser identificadas dentro do setor
metal-mecnico: Clausing (1994), num guia de implementao de engenharia concorrente
alinha-se escola de Relaes Humanas focando as relaes interdepartamentais
11 MENEGON, N. L. Banca de Qualificao: Projeto da Tcnica e do Trabalho.Captulo 2: Referencial para o Projeto da
Tcnica COPPE/RJ , Setembro de 2000.
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(multifuncional product development team); Pugh (1990), com a teoria do Total Design activity
busca uma aproximao com a psicologia social dos grupos (Pugh & Morley, 1988); e, Pahl &
Beitz (1995), cuja obra Engineering design: A systematic Aproach fundamentada na teoria de
sistemas e na resoluo de problemas.
2.2. Uma Abordagem para o Projeto de Engenharia
Para introduzirmos a discusso, partiremos de um modelo proposto por Pugh (1983); e Pugh &
Morley (1986 e 1988). Os autores apresentam uma abordagem para a teoria geral do design
(projeto) que busca integrar a psicologia social dos grupos com trabalhos no campo da design
de engenharia. O que ressalta na viso apresentada a abordagem interdisciplinar
englobando o estudo das pessoas (atividade), dos processos (gesto) e do contexto(estratgia). A figura 2.1. apresenta o template que representa o modelo proposto. O modelo
foi revisado por Pugh, aplicando-o a diferentes produtos e disciplinas, concluindo que as idias
principais foram validadas para o mbito do projeto de engenharia. Seu modelo pode ser
descrito como um delinear da especificao de projeto de produto ou modelo da fronteira do
projeto. Este modelo foi proposto para estabelecer uma base comum entre projetistas e
procura representar a natureza das vrias restries relevantes para o projeto de qualquer
produto.
A figura mostra um ncleo central que delimitada pela natureza das especificaes (Product
Design Specification). Esta parte central a principal rea da atividade de projeto, formada por
fases centrais de: investigao de mercado; especificao do projeto do produto; projeto
conceitual; projeto detalhado; manufatura e vendas. Considera-se neste modelo que, na
prtica, a atividade de projeto deve ser interativa e no linear, de modo que etapas sejam
refeitas ao longo do processo de projeto. As fases centrais so consideradas universais e
comuns para todo tipo de projeto, cabendo s outras reas da atividade dar ao projeto suas
caractersticas distintivas, uma vez que diferentes tipos de projeto podem requerer diferentes
tipos de informao, tcnicas e gerenciamento. Assim, as entradas especficas para a partecentral do projeto necessitam ser reconsideradas para cada caso.
no espao deste ncleo central que se estabelece a f ronte ira pessoal do projetoa qual
representa restries associadas s caractersticas e habilidades pessoais impostas pelo
projeto s pessoas relacionadas a esta atividade. Apesar de poderem existir certas
caractersticas pessoais requeridas para projetistas, em geral diferentes tipos de projeto,
baseados em diferentes contextos e gerenciados de diferentes maneiras, podem requerer
diferentes tipos de habilidades.
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Figura 2.1: Extrada de Pugh & Morley, 1986.
Como j salientado anteriormente, o ncleo central delimitado pela natureza das
especificaes (Product Design Specification-PDS). A figura 2.2. apresenta tal conjunto de
especificaes. O PDS representa a f ronte ira do projeto do p roduto. O autor utiliza-se de
uma analogia interessante para explicar tal fronteira, comparando-a com o malabarismocircense de pratos e varas. Considera que numa equipe interdisciplinar de projeto, cada um de
seus membros deve manter do incio ao fim do projeto um conjunto de pratos girando. O
sucesso ou fracasso das atividades desenvolvidas no ncleo central depender fortemente da
capacidade de interao do grupo, envolvido na resoluo dos conflitos que surgem ao longo
do processo de projeto. Da a importncia do gerenciamento do projeto do produto e dos
mtodos e tcnicas utilizados, os quais devem, acima de tudo, por em evidncia os conflitos e
contribuir para a sua superao, buscando o consenso negociado. A especificao
essencialmente importante, pois estabelece, em detalhes, a ampla variedade de restries,
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tcnicas e no-tcnicas, a serem impostas ao projeto, definindo o seu escopo. Ela deve
estabelecer o status de um produto em um mercado competitivo e assegurar que vale a pena
projetar esse produto.
Figura 2.2: Elementos do Produt Design Specification, Extrado de Pugh, 1988.
importante notar que o modelo at aqui apresentado e denominado Design Act iv i ty Model
(Pugh, 1978, Cap. 2, pg. 21) ainda no incorporava os aspectos estratgicos do negcio.
Esta abordagem inicial foi construda ao longo da dcada de 70, a partir da ruptura do autor
com os modelos baseados na resoluo de problemas representativos do processo de projeto
dentro de uma racionalidade puramente tcnica. A crtica a modelos desta natureza, de que
misturam estrutura e mtodo, (Pugh, 1982, cap. 5 pag.51). O mais importante para o autor buscar uma representao para o processo de projeto que possibilite aos projetistas escolher
os seus prprios mtodos.
A preocupao com a incorporao dos aspectos mais amplos do negcio aoDesign Act iv i ty
Model, aparece a partir da crtica tecida ao livro Competitive Strategy de Porter, 1980, (in
Pugh, 1982 pg. 160). O questionamento surge a partir da constatao de que o produto no
considerado como elemento central de qualquer atividade de negcio, e o projeto, aparece
apenas de forma superficial. a partir desta crtica que o modelo mais elaborado, o Bus iness
Act iv i ty Model, (Pugh, 1983, Cap.10 pg. 125), apresentado. Uma terceira fronteira, a
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f ronte ira do projeto do n egcio, incorporada ao modelo anterior. A viso do autor fica clara
no que segue: O modelo da atividade de Projeto do Negcio tem como tema central o modelo
da atividade de projeto do produto, o qual lgico, desde que sem um produto (e, numa
definio ampla, o produto pode ser um edifcio ou um servio) ns no temos um negcio e
,portanto, nada para gerenciar. Produtos so ento o centro dos negcios, e os modelos
devem enfatizar este fato: isto deve ser bvio., pg. 125.
importante salientar que a incorporao dos aspectos estratgico no modelo de Pugh, no
representa a desconsiderao anterior do tema. Os conceitos de produtos estticos e
dinmicos, (Pugh,1976, pag.212), antecedem o modelo final apresentado e fundamenta a
discusso em torno da estratgia do negcio. A figura 2.3. mostra este entendimento. No
esquema da figura, os extremos notados A e B, representam dois modelos para o projeto de
produto, um para projetos de produtos que envolvem conceitos estticos, com mudanasincrementais dos detalhes de uma mesma base genrica; outro para casos de projetos onde
no foi descoberta sua base genrica, estando assim relacionados com conceitos dinmicos.
No modelo para o caso dinmico, a especificao do projeto de produto gerada a partir da
anlise do mercado e das necessidades dos clientes. Neste estgio no conhecida a
natureza do projeto final. No modelo para o caso esttico, a especificao do projeto de
produto definida com base na considerao de que existe pouca ou nenhuma escolha
conceitual no nvel do sistema total. As especificaes so escritas assumindo-se que existe
uma parte central genrica do projeto.
Figura 3: Extrada de Pugh, 1983.
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O relacionamento entre os conceitos de projeto esttico e dinmico pode ser melhor
compreendido se considerarmos a abordam complementar de Andrade & Clausing, (1997),
para alcanar alta eficincia nos negcios as companhias devem integrar o seu processo de
desenvolvimento de produto com o processo de desenvolvimento de tecnologia e a formao
de competncias centrais., p1. Os autores consideram que, dentro do espectro limitado pelas
inovaes incrementais (esttico) at as radicais (dinmicos), qualquer produto ser a
combinao de uma poro inovativa e outra usada. Os autores propem um o modelo da
integrao do negcio (Business Integration Model), figura 3.4., onde descrevem o
desenvolvimento temporal das linhas de produto suportadas por uma base tecnolgica que por
sua vez suportada pelas competncias centrais do negcio.
O modelo da atividade de projeto do negcio consorciado ao modelo da integrao do negcio
possui um grau de generalidade suficiente para explicar o desenvolvimento do produto, nassuas vrias dimenses, envolvendo a atividade do projetista, a gesto do processo de projeto e
a estratgia do negcio.
O conceito mais importante do modelo de Pugh que a parte central do projeto (fronteira
pessoal do projeto) no restringida apenas pelos elementos da especificao do projeto do
produto (fronteira do projeto do produto), mas tambm pelos elementos da estrutura do
negcio (fronteira do projeto do negcio). A importncia do modelo apresentado est em poder
assimilar as vrias abordagens associadas ao desenvolvimento do produto partindo da
necessria insero desta atividade no mbito dos negcios e portanto, absorvendo as
questes relacionadas com o projeto do produto e a estratgia industrial; apontando a
importncia dos aspectos gerenciais e de gesto do processo de projeto; e, focando a atividade
do projetista. Isto pode ser demonstrado pelo que segue.
Figura 2.4: Extrada de Andade & Clausing (1997, pg. 3.
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O conceito mais importante do modelo de Pugh que a parte central do projeto (fronteira
pessoal do projeto) no restringida apenas pelos elementos da especificao do projeto do
produto (fronteira do projeto do produto), mas tambm pelos elementos da estrutura do
negcio (fronteira do projeto do negcio). A importncia do modelo apresentado est em poder
assimilar as vrias abordagens associadas ao desenvolvimento do produto partindo da
necessria insero desta atividade no mbito dos negcios e portanto, absorvendo as
questes relacionadas com o projeto do produto e a estratgia industrial; apontando a
importncia dos aspectos gerenciais e de gesto do processo de projeto; e, focando a
atividade do projetista. Isto pode ser demonstrado pelo que segue.
2.3. Abordagens Complementares para o Projeto de Engenharia
Considerando o modelo apresentado, na seqncia ser integrado ao mesmo as distintas
abordagens que vm sendo difundidas neste campo. Objetiva-se complementar a discusso
acerca da atividade de concepo trazendo tona a influncia de outras disciplinas que
interagem como o projeto de engenharia.
2.3.1. A Abordagem da Estratgia
A considerao das contribuies advindas do campo da estratgia complementa o modelo
apresentado no sentido de estabelecer um ponto de vista acerca dos aspectos externos ao
negcio. Neste campo, Robert (1995), ...as organizaes prsperas tambm desenvolvem um
processo para gerenciar mudanas contnuas, de modo a gerar uma constante corrente de
novos produtos e novos conceitos de mercado. ... h um processo sistemtico na criao e
lanamento de novos produtos..., pg. 35. A inovao do produto ou processo apresentado
em quatro etapas: busca, avaliao, desenvolvimento e perseguio. O modelo pode ser
sumariamente apresentado. A busca significa que as oportunidades para o lanamento de
novos produtos podem surgir de inmeras fontes e o que se prope uma estrutura aberta
com capacidade de identificar estas novas oportunidades. A avaliao envolve o processo deafunilar as oportunidades apresentadas para aquelas que se enquadram na estratgia do
negcio. O desenvolvimento compreende a transformao de um conceito em uma
oportunidade real para um dado mercado. Finalmente a perseguio que envolve todas as
atividades de prev enoe p romoopara a vida do produto no mercado.
O sucesso no processo apresentado condicionado a dois fatores: i) a determinao darea
es tr atgic aimpulsionadora do negcio; e, ii) as decises de quais reas de excelncia ou
capacidades precisam ser cultivadas para a manuteno da estratgia. O autor conclui a
apresentao do seu ponto de vista acerca da estratgia de inovao do produto, enfatizando
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as questes relativas a orientao para o futuro, apresentando as variveis fundamentais
destes cenrios: i) ambiente econmico; ii) normas e legislaes; iii) tendncias sociais e
demogrficas; iv) perfil e hbito do usurio/cliente; v) competio; vi) evoluo tecnolgica; vii)
Processos e capacitaes da fabricao; e, viii) mtodos de venda/marketing.
Abordagens desta natureza buscam considerar a insero do projeto no contexto mais amplo
dos negcios, passando ao largo dos apectos gerenciais e das atividades projetistas
associados s distintas estratgias, revelando o seu carter complementar ao modelo
apresentado.
2.3.2. A Abordagem da Gesto
Para considerar as contribuies do campo da gesto, particularmente oriundas do TotalQuality Management (TQM), deve-se inicialmente reconhecer que as mesmas no constituem
uma ruptura com os modelos tradicionais em projeto de engenharia, como demonstrado por
Andrade (____) e Beitz, (1997), A abordagem sistmica d a fundamentao essencial para a
engenharia da qualidade. Os mtodos especiais da TQM podem ser vistos como um suporte
adicional abordagem sistmica e no uma outra via para o processo de projeto p. 284.
1. Desempenho Caracterst icas operacionais bsicas
2. Caracterst icas Caracterst icas Secundrias
3. Confiabil idade Possibilidade de Mau func ionamento
4. Conformidade Padres Estabelecidos
5. Durabilidade Vida til do Produto
6. Atendimento Ps Venda
7. Esttica Aparncia do Produto
8. Qualidade Percebida Nvel de Informao e Percepo do Consumidor
Tabela 2.1. Dimenses da qualidade do Produto. Adaptada de Garvin, 1988.
Para considerar as contribuies do campo da gesto, retomaremos a discusso em torno dos
conceitos esttico e dinmico. Os conceitos de projeto esttico e dinmico possibilitam o
desdobramento das diferentes estratgias (decorrentes da dinmica inovacional considerada)
em processos de gerenciamento do projeto. Projetos conceitualmente estticos tendem a ter
um maior grau de detalhamentos, exigindo um maior gerenciamento e coordenao. A base
genrica iguala conceitualmente os produtos, sendo a concorrncia decidida nos detalhes. A
inovao fortemente incremental, envolvendo subsistemas e componentes. Neste campo de
projeto, abordagens de gesto fundadas na simultaneidade do processo e na coordenao de
equipes multifuncionais so amplamente aplicadas. O gerenciamento da qualidade (Garvin,
-
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1988; J uran, 1992; Toledo, 1994) encontra neste campo sua maior aplicao. A base genrica
dos produtos conceitualmente estticos desdobrada nas dimenses da qualidade. Dentro
deste ponto de vista, o processo de projeto resume-se mudana da qualidade do produto
nas suas vrias dimenses. Tabela 2.1.
O problema de tais abordagens que o acirramento da concorrncia e fragmentao de
mercados tendem a impor uma intensificao da dinmica inovacional. O encurtamento do ciclo
de vida dos produtos e a sua desagregao em dimenses da qualidade no responde
possibilidade de surgimento de uma nova base conceitual para o produto. Neste campo, a
abordagem do projeto conceitualmente dinmico, parece ser a resposta a questo. As
implicaes da dinmica inovacional na estratgia so de que diferentes tipos de atividade de
projeto podem requerer diferentes estruturas organizacionais e diferentes caractersticas e
habilidades pessoais. Ao colocar a questo do projeto conceitualmente esttico/dinmico omodelo do Total Design possibilita o deslocamento da discusso a cerca da atividade de
projeto do campo da resoluo de problemas (problemas estruturados) para a tomada de
deciso (problemas no estruturados).
2.3.3. Abordagem da Ativ idade
Lee & Sullivan (1993), propem uma classificao dos elementos que compem o processo de
design de engenharia. Na Tabela 2.2., os autores desdobram as tarefas do ncleo central do
projeto em atividades, metodologias, ferramentas e decises. A taxionomia proposta, pretende
ser um guia para a implantao de processos concorrentes de projeto, integrando
apropriadamente as entidades envolvidas.
Tarefas de
Design
At ividades de
design
Metodologias de
design
Ferramentas de
design
Decises de
design
Translao das
necessidades
em funes doproduto
Definir requisitos
e especificaes
Definir funes
essenciais
Brainstorming
Brainstorming
Engenharia do
valor
Confiabilidade
Economia
Ambiental
Determinao do
design do
produto
Busca de
princpios
funcionais e
realizam as
funes
QFD
Cartas
morfolgicas
Sistemas
especialistas
Qualidade
-
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Determinao do
design do
produto,
e do design doprocesso
Gerao de
alternativas
Design para
manufatura
Design paramontagem
Estimativa de
custo
Carta morfolgicaSimulao
Otimizao
Economia
Qualidade
Ambiental
Determinao do
design do
produto,
design do
processo e
custos do
produto
Avaliao de
alternativas
Engenharia do
Valor
Mtodo Taguchi
Estimativa de
custo
Sistemas
especialistas
Avaliao
multiatributos
Economia
Qualidade
Ambiental
Determinao do
design do
produto,
e do design do
processo
Desenvolvimento
do design do
layout preliminar e
final
Design para
manufatura
Design para
montagem
Mtodo Taguchi
Desenhos
Modelagem slida
Sistemas
especialistas
Confiabilidade
Determinao do
design do
processo
Gerao dos
planos de
produo e
operao
Design para
manufatura
Design para
montagem
Otimizao
Simulao
Sistemas
especialistas
Programao
Economia
Testes de
prottipos e
avaliao da pr-
produo
Desenvolvimento
do prottipo
Prototipagem
rpida
Tabela 2.2: Traduzida de Lee e Sulivan, 1993; pg. 589.
Os autores buscam explicar atividade de design dentro do contexto da engenharia simultnea,
no qual, grupos multifuncionais desenvolvem um conjunto de atividades atravs de mtodos,
tcnicas e deciso (Figura 2.5). interessante notar que os autores no discutem a atividade
do projetista em si. Tratam dos mtodos e tcnicas e alinham-se com as abordagens da
gerncia da qualidade. A deciso circunstanciada s dimenses da qualidade e no aos
aspectos conceituais.
-
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19
Figura 2.5: Relacionamento das entidades de projeto e atividade dos projetistas, extrada de Garvin,
1988.
Dentro de uma abordagem conceitualmente dinmica, a atividade do projetista pode ser
descrita como aquela na qual ... especialistas colaboram na investigao do mercado, seleo
de um projeto, concepo e manufatura de um produto e proviso de vrios tipos de suporte ao
usurio.... (Pugh, pg. 489). Assim trabalho visto como um processo de tomada de deciso
coletiva, de sntese coletiva, o que de certo modo possibilita focar a questo da criatividade fora
do campo individual, deslocando a discusso a cerca das contradies entre criatividade e
mtodo. O primeiro passo notar que a criatividade est relacionada com o design de produtos
que agregam mais valor do que produtos anteriores. Outro salientar que qualquer que seja o
contexto deve-se perceber que a nfase mudou claramente de ter idias criativas para fazer
trabalho criativo. O terceiro passo considerar seriamente a idia de que design criativo e
inovao efetiva so atividades mais sociais que individuais. Um certo ambiente social
naturalmente leva a um interesse em certos tipos de problemas, em certos tipos de mtodos epode proporcionar resultados especficos.
Ao colar os problemas de projeto no campo do no-estruturado (no existe uma base
conceitual para o produto), o modelo apresentado abre espao para novas possibilidades
metodolgicas, particularmente aquelas associadas ao Soft System Metodhology (SSM).
(Rosenhead, 1989). importante notar que a EQFD em consorcio com a Matriz de Seleo de
Conceito de Pugh, 1991; e Pugh & Clausing, 1996; j apontam nesta direo.
2.4. Consideraes Finais
Partindo da compreenso de que o desenvolvimento do produto uma atividade e que a partir
deste pondo de vista ele deve ser entendido, buscou-se apresentar um modelo com
abrangncia o suficiente para integrar as diversas abordagens presentes e transcende-las.
-
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Foram estabelecidos os relacionamentos entre estratgia, gesto e atividade. Enfatizou-se que
em diferentes contextos tais relacionamentos exigiro estruturas organizacionais e
metodologias especficas.
Finalmente, considerando que existe a busca de uma teoria geral para o projeto de produtos,
que possa ser assimilada pela indstria, cujas origens encontram-se no campo dos artefatos,
deve-se buscar expandir as bases destes modelos para outros setores a fim de validar a seu
grau de generalidade. O fato de ter origem no campo dos artefatos deve ser entendido como
uma determinao histrica.
-
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Parte II
3. Mtodos e Tcnicas aplicados ao Projeto de Artefatos
1.1. Introduo
O design de engenharia um processo de integrao e sntese contido dentro do contexto de
um negcio e de um ambiente social regido por regras, normas e valores. Ainda, todo projeto
gerenciado e condicionado por restries de escopo ou metas, tempo e recursos, envolvendo
pessoas com diferentes representaes acerca dos problemas em questo. Durante o
processo de projeto existe uma negociao entre os envolvidos da qual resulta o consenso
materializado no dispositivo tcnico.
Figura 3.1. Etapas, Mtodos e Objetivos do Processo de Desenvolvimento do Projeto.
-
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O modelo para desenvolvimento de produtos apresentado no captulo anterior prope uma
estrutura genrica para o processo de projeto. Neste captulo iremos percorrer o processo de
transformao entre uma demanda manifesta e disponibilizao do produto para o uso. Na
figura 3.1. as etapas e os mtodos a serem discutidos sero apresentados.
O processo ser dividido em trs etapas: Projeto Conceitual, Projeto Detalhado e Difuso. O
Projeto Conceitual engloba as etapas 1 a 3 relativas as questes de Mercado ou Demanda,
Especificao e o Desenvolvimento Conceitual propriamente dito. O Projeto Detalhado trata
das especificaes finais do produto em termos de Processos e Operaes. A Difuso trata da
vida de mercado do produto.
3.2. Projeto Conceitual
O projeto conceitual representa as etapas do projeto onde ainda no esta estabelecida uma
base genrica para o produto, envolvendo desde a anlise da demanda at o estabelecimento
de um conceito para o mesmo.
Nesta fase do projeto o objetivo estabelecer um conceito para o produto que atenda o
conjunto de especificaes derivadas da anlise da demanda e das restries advindas do
contexto do negcio. Trata-se de uma etapa de estruturao de problema.
Figura 3.1. Desenvolvimento da Qualidade Total (Fase Conceitual)
Clausing, 1995, apresenta o projeto conceitual como parte fundamental do processo de
desenvolvimento da qualidade total. A figura 1, ilustra o processo e detalha a fase de design
-
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conceitual. O autor assume que nenhuma nova tecnologia desenvolvida no processo de
projeto. Pelo contrrio, ... usualmente mais produtivo estabelecer um fluxo de tecnologias
genricas que proporciona um alicerce tecnolgico para os novos produtos. Quando um
conceito para um produto especfico desenvolvido, uma tecnologia j amadurecida pescada
(fished out) da base tecnolgica para ser integrada dentro do novo produto, (pag. 106).
Isto nos coloca dentro de um campo de produtos . A fase de design conceitual objetiva
afunilar este campo de produtos para um conceito que atenda s especificaes. O tal
desenvolvimento se d no interior de um conjunto de especificaes as quais serviro de
referncia para todo o processo de projeto. No quadro 3.1., adaptado do captulo 3 de Pugh
(1990), apresentamos os fatores a serem considerados nas especificaes e as questes
tpicas associadas a cada um deles.
Fator Questes
tpicas
Comentrios
1. Desempenho Quo rpido,
quo lento,
quo freqente,
contnuo,
descontnuo?
- O desempenho de um produto pode ser estabelecido em
termos quantitativos ou qualitativos. O importante
buscar desde o princpio qualificar os benefcios que o
produto deva oferecer.
- Tais benefcios podem ser categorizados. Podem ser
identificadas caractersticas bsicas para o desempenho
de uma funo principal, bem como o estabelecimento de
funes secundrias e complementares.
- O importante neste primeiro momento da especificao
buscar estabelecer os fatores de desempenho do ponto
de vista de que ir interagir com o produto.
2. Ambiente Condies
ambientais que
incidiro sobre
o produto em:1. uso,
manufatura,
estocarem,
instalao e
transporte;
2. riscos, tipo
de pessoas
usando o
- As questes ambientais podem ser entendidas tanto sob
o ponto de vista dos efeitos sobre o produto como deste
em relao ao meio ambiente.
- As questes tpicas enumeradas do conta do primeiroaspecto acima apontado.
- No que se refere aos efeitos do produto sobre o meio
ambiente importante desde o princpio buscar
compreender a natureza dos efeitos provocados pelo
produto, seu processo de fabricao, uso e descarte,
sobre o meio.
- Tais efeitos podem ser controlados desde o incio do
processo de projeto e tm assumido grande importncia
-
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equipamento e
grau de abuso.
frente ao movimento consumerista que tende a valorizar
produtos ecologicamente corretos.
3. Expectativa
de Vida
Vida sob um
determinadonvel de
desempenho e
medido contra
qual critrio?
- A expectativa de vida de um produto deve ser
estabelecida identificando-se critrios de desempenhomensurveis.
- Um aspecto importante a ser considerado a reduo
no ciclo de vida dos produtos. Isto significa que um super
dimensionamento resultar em custos adicionais que no
sero transferidos em benefcios para o usurio. O ideal
que a vida do produto seja compatvel com o ritmo das
inovaes. A obsolescncia planejada constitui-se num
caracterstica de qualidade do produto.
4. Manuteno A manutenoregular
desejvel ou
possvel?
O mercado no
qual o produto
ir ser colocado
usualmente
opera com
manuteno
planejada?
A manuteno
esta de acordo
e reconhecida
como um
benefcio na
filosofia do
custo do ciclode vida?
- As questes relacionadas com a manuteno soimportantes tanto do ponto de vista do usurio como do
produtor.
- Do ponto de vista do primeiro as operaes de
manuteno implicam em custos adicionais do ciclo de
vida do produto bem como na sua indisponibilidade
durante estes perodos.
- Do ponto de vista do produtor, a necessidade de
manuteno implica na elaborao de recomendaes
precisas dos procedimentos bem como na
disponibilidades de componentes e mo de obra
especializa.
- Uma tendncia crescente da utilizao de mdulos
substituveis que eliminam a necessidade de
especialidades bem como o tempo de indisponibilidade
dos produtos.
5. Custo alvo do
Produto
Como ele foi
estabelecido e
contra qual
critrio?
Pode-se provar
que o custo
alvo
- Os custos envolvidos no projeto so de dois tipos: o
custo alvo para o produto e o custo do projeto
propriamente dito.
- Os custos do projeto esto relacionados s
horas/homens dedicadas atividade, uso de instalaes
e equipamentos, construo de modelos e testes de
desempenho.
-
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alcanvel? - Tais custo iro influenciar o custo final do produto. Alm
destes, o custo final ir depender da escala de produo,
tecnologia dos processos produtivos e da capacidade dos
projetistas de encontrarem solues compatveis com omercado alvo para o produto.
- Para projeto conceitualmente estticos, o custo alvo
ser determinado em funo dos preos aceitveis no
mercado e da margem esperada pela empresa.
- Para projetos conceitualmente dinmicos, torna-se mais
difcil estabelecer o custo alvo na medida que no se
sabe precisamente quanto o mercado estar disposto a
pagar pelo benefcio.
- De qualquer modo a existncia de um custo alvoconstitui-se numa das principais restries de projeto e
condiciona o campo de solues viveis para o projeto.
6. Embalagem requerida
embalagem?
Qual o efeito do
volume do
produto no
custo de
transporte?
- A embalagem assume diferentes papis dependendo do
tipo de produto.
- Existem setores de mercado onde a mesma constitui-se
num forte diferenciador e referncia no processo de
compra, como no caso dos alimentos, bebidas,
cosmticos dentre outros produtos de consumo freqente.
- Em outros casos a embalagem objetiva apenas proteger
o produto das agresses do meio, at que o mesmo seja
entregue ao consumidor.
- Independentemente da funo a questo da embalagem
deve ser pensada para todo o ciclo de vida do produto,
desde a fabricao at o uso.
- A prpria embalagem constitui-se num projeto especfico
e envolvendo todos os itens da especificao. Aspectos
importantes como o reuso (bebidas, hortalias e frutas..) ea reciclagem devem ser considerados.
7. Transporte O produto
para o mercado
interno ou ser
exportado?
Por qual meio
de transporte?
- A preocupao com o transporte importante e reflete
tanto na integridade do produto quanto no seu custo.
- O transporte pode influenciar tanto as opes de
embalagem como no grau de acabamento do produto na
distribuio. Em muitos casos ser vantajosos deixar as
operaes de montagem final para a ltima etapa da
-
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Como o
produto ser
manuseado?
distribuio a fim de minimizar custos (bicicletas) e riscos
(computadores).
- Da mesma forma, o transporte deve ser pensado ao
longo do ciclo de vida do produto.- Durante a fase de fabricao o transporte dos produtos
determinado pela estratgia de produo adotada e
pelas tecnologias dos processos produtivos e de
movimentao.
- Durante o uso, pode ser um fator importante para muitos
produtos, os quais so levados a campo (mquinas
fotogrficas e similares, ferramentas, equipamentos
esportivos...).
- Finalmente sempre importante considerar ao longo dociclo de vida do produto os aspectos ergonmicos de
usurios e trabalhadores associados ao transporte do
produto.
8. Qualidade e
Manufatura
Massa, Lotes,
Unitrios; efeito
na poltica de
equipamentos;
instalaes de
manufatura e
investimentos
requeridos na
fabricao do
produto.
- As especificaes quanto a qualidade e manufatura
devem ser entendidas como uma das mais importantes
no processo de projeto.
- Constantemente elas constituem-se a partir de uma
base tecnolgica dominada pela empresa cujo universo
delimita as possibilidades do projetista.
- Este universo deve estar muito bem definido desde o
incio do processo de projeto. importante que o
projetista domine a tecnologia dos processos produtivos
para poder explorar ao mximo suas capacidades.
- Quanto s especificaes de qualidade, elas devem ser
vistas sob a tica dos desempenhos esperados para o
produto. Os controles, inspees e a garantia dos
processos s fazem sentido quando avaliados os seusefeitos no desempenho.
- As especificaes devem ser realistas e refletir a
capabilidade dos processos utilizados.
9. Dimenso e
Peso
Existe alguma
restrio de
dimenso e
peso?
muito pesado
- As restries de dimenses e peso esto associadas
tanto ao uso e transporte do produto quanto a sua
disponibilizao na distribuio.
- A dimenso pode ser uma restrio para a distribuio e
uso quando associada determinados tipos de padres
-
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para um
simples
elevador?
Serembarcado em
um avio? De
que tipo?
que determinam os espaos. So exemplo a largura de
portas, altura de prateleiras, dimenses de conteiners ou
consideraes estticas e de sinergia com produtos
similares.- Quanto ao peso, pode interferir tanto no processo de
transporte e uso do produto, quanto na sua performance.
Nestes casos, torna-se importante as consideraes
relativas aos materiais e anlise de tenses.
10. Esttica e
aparncia
Isto sempre
importante
porque o
consumidor
primeiro v oproduto e
depois o coloca
para funcionar.
- As discusses acerca do estilo do produto tendem a
ganhar importncia na medida em que as diversas
tecnologias tendem a igualar do ponto de vista do
desempenho diferentes produtos.
- Vive-se hoje um movimento de valorizao do designcom programas oficiais em diversos pases do mundo, ao
que se tem chamado de design tnico ou antropolgico.
- Em termos de especificaes deve-se buscar entender
a linguagem associada ao produto atravs dos valores
normas e comportamentos caractersticos do pblico alvo.
- As consideraes estticas s fazem sentido dentro do
contexto de uso do produto.
11. Materiais So requeridos
materiais
especiais?
Algum tipo de
material
proibido no
mercado para o
qual o produto
pensado?
- As especificaes em torno dos materiais associam-se
s caractersticas das solicitaes (fsicas, qumicas e
biolgicas) a serem atendidas pelo produto, bem como
aos aspectos estticos e ambientais.
- Os primeiros dizem respeito integridade do produto
diante das condies de uso. Os materiais selecionados
devem atender a estas solicitaes sem comprometer os
desempenhos esperados.
- Quanto aos aspectos estticos importante notar que
os materiais sero percebidos de maneira diferente pelosusurios. Alguns materiais tidos como nobres podem no
atender a um pblico especfico.
- Do ponto de vista ambiental, importante considerar os
efeitos combinados dos materiais no descarte do produto.
O agrupamento de materiais similares facilita o processo
de desmontagem e a reciclagem.
12. Vida
esperada do
O perodo de
tempo
- No se podem confundir a expectativa de vida de um
produto (por quanto tempo ele consegue manter-se
-
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produto esperado para
a vida de
mercado do
produtointerfere na
poltica de
equipamentos e
mtodos de
manufatura.
funcionando dentro das especificaes de desempenho),
com o tempo que um produto permanece em produo.
- A vida de mercado de um produto depende
fundamentalmente da dinmica competitiva do setor e dapoltica de inovacional dos concorrentes.
- Uma tendncia crescente a reduo do ciclo de vida.
Isto fica evidente quando olhamos para o setor de micro
informtica (micros, impressoras e outros perifricos).
- Um planejamento adequado do lanamento de novos
produtos implica na adequao da linha de produtos aos
processos de manufatura, bem como no balanceamento
entre inovao e reuso.
13. Normas epadres
O produtodever atender
s normas de
que pases?
- As especificaes normativas comprem funes tantorelacionadas segurana e ao ambiente, quanto aquelas
relacionadas intercambialidade dos produtos.
- Os aspectos de segurana e ambiente so condies
bsicas para a existncia do produto no mercado. Deve-
se buscar junto aos rgos reguladores (ABNT,
INMETRO, IPT, INT, IDEC, PROCON...) e legisladores
(SIF, Ministrio do Trabalho, Ministrio da Sade...) as
regulamentaes que podem interferir na vida do produto.
- Alm destes rgos, as associaes classistas e
agrupamentos regionais tm buscado estabelecer seus
prprios padres e normas que podem constituir-se em
diferenciadores importantes para os produtos (ABIC,
AMPAC, ABIA, ABRINQ...).
- Quanto aos padres tcnicos, eles devem ser
considerados como condio mnima, visto que por si no
constituem diferencias no mercado.
- As normas tcnicas nacionais (ABNT) e internacionais(ISO, DIN, SAE, AFNOR ...) devem ser obrigatoriamente
consultada em qualquer projeto.
14. Aspectos
Ergonmicos
Todo produto
em alguma fase
da sua vida
interage com
pessoas; a
extenso e a
- Os aspectos ergonmicos devem ser tratados com
extremo rigor. Em muitos casos, deve-se proceder
anlise ergonmica do produto em uso buscando
estabelecer as caractersticas desejveis do ponto de
vista dos usurios.
- Cuidados especiais devem ser tomados em projetos
-
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natureza desta
inter-relao
deve ser
investigada.
cujo mercado consumidor difere daquele ao qual estamos
habituados. As caractersticas especficas de pases e
regies devem ser consideradas.
- importante considerar aspectos relacionados populao de usurios: sexo, idade, formao e
comportamento de quem ir usar o produto.
- O projeto para faixas da populao e a discretizao de
produtos pode ser uma alternativa vivel (sries
escalonadas de produtos como: vesturios, equipamentos
de segurana, mveis...).
15. Consumidor Vises e
preferncias
dosconsumidores.
- Estabelecer como os consumidores enxergam o produto
e as suas preferncias a primeira tarefa de qualquer
projeto.- Esta tarefa extremamente complexa, visto que ainda
muito difcil conseguir extrair dos indivduos os seus
desejos reais e a valorao destes.
- Os testes de conceitos devem ser realizados e
constituiro uma realimentao no processo de projeto,
buscando aproximar-se do posicionamento desejado para
o produto.
- Deve-se tambm considerar as diferentes preferncias
envolvidas: de quem compra, de quem usa, de
manuteno.
- O atendimento isolado de uma destas preferncias no
garante o sucesso do produto.
16.Competio Natureza e
extenso da
competio
existente.
Asespecificaes
esto sendo
formuladas em
desencontro
com os
competidores?
Porque?
- A avaliao da concorrncia fundamental no processo
de projeto. Tcnicas como o benchmarking e a
engenharia reversa possibilitam identificar claramente os
benefcios oferecidos pelos competidores e posicionar o
produto em relao aos mesmos.- importante conhecer o que est sendo feito no setor e
quais as tendncias que iro nortear a competio e
como esto se comportando os produtores.
- preciso considerar que nem sempre as inovaes
advem de dentro do setor em questo. Em muitos casos
inovaes em outros setores podem ser incorporadas,
promovem diferencias que iro tornar-se novos
paradigmas no mercado do produto.
-
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- Cada vez mais, igualar-se concorrncia condio
bsica e no suficiente. Deve-se buscar um benefcio com
algo a mais, que supere aqueles j oferecidos no
mercado.17. Qualidade e
confiabilidade
Nveis de
qualidade e
confiabilidade
esperados pelo
mercado e
necessrios
para assegurar
o sucesso do
produto.Dificuldade
para especificar
em termos
quantitativos,
particularmente
para produtos
novos.
- A qualidade e a confiabilidade esto relacionadas pela
certeza de que o produto exercer suas funes sob as
condies de uso. Confiabilidade significa a probabilidade
do produto no falhar.
- A confiabilidade depende fundamentalmente da robustez
do produto. Mtodos como o de planejamento de
experimentos devem ser utilizados para assegurar que a
variabilidade dos materiais, sistemas tcnicos e das
pessoas possam ser minimizadas quando o produtoestiver em uso.
- Alm da robustez, deve-se buscar sempre que possvel,
incorporar redundncias (sistemas paralelos) que
incrementem a confiabilidade.
- A confiabilidade pode ser incrementada tambm com a
disponibilizao junto com o produto de componentes
sobressalentes, mdulos substituveis e sistemas
alternativos que possibilitem o uso em situaes
adversas. (No break, pneus e correias, baterias, sistemas
de carga de energia, adaptadores...).
18. Vida de
Prateleira
Qual a vida
de prateleira
usual?
Sob que
condies de
estocagem?
Deteriorao doproduto e da
embalagem.
Componentes
perecveis.
- A especificao da vida de prateleira est muito
relacionada aos produtos alimentcios e medicamentos.
- Contudo, outros produtos podem ter sua vida de
prateleira limitada em funo das caractersticas fsico-
qumicas do produto e das condies ambientais (filmes
fotogrficos, por exemplo).
- A correta especificao da vida de prateleira e ascondies sob as quais o produto deva ser armazenado
nas fases finais de distribuio devem estar claramente
estabelecidas.
- Em muitos casos isto implica em projetar embalagens
especiais ou equipamentos que sero usados no
processo de distribuio a fim de garantir pelo tempo
determinado as caractersticas do produto.
-
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19. Processos Processos
especiais sero
usados durante
a fabricao?Pode-se fazer
na companhia
ou a aplicao
muito
especfica.
- Os processos de fabricao constituem uma base
tecnolgica sobre a qual so estabelecidos os negcios.
A seleo de um processo de fabricao e sua
incorporao na base tecnolgica da companhia dizrespeito aspectos da estratgia de manufatura adotada.
- A tendncia de se estruturar os negcios em torno de
competncia tecnolgicas que suportem a linha de
produtos, em consrcio com o fornecimento de partes ou
subconjuntos por terceiros.
- Enquanto em alguns setores tal estratgia tem tido uma
evoluo rpida, outros permanecem ainda totalmente
verticalizados.. A indicao de quanto maior a
concorrncia maiores seriam os esforos de buscarganhos no campo em flexibilidade e na integrao de
fornecedores no processo de projeto,
- A transferncia de partes completas do produto para
responsabilidade de terceiros no pode significar a perda
do controle daquilo que constitua a tecnologia
fundamental do produto.
- Isto justifica, na indstria automobilstica a manuteno
das competncias de estilo e propulso, enquanto outros
subsistemas podem ser modulados e fornecidos por
terceiros.
- Isto importante e refora a manufatura como um dos
elementos chaves da competitividade industrial. Apesar
dos modismos, dominar processos tecnolgicos de
produo continua sendo um dos princpios de
estruturao dos negcios.
20. Testes Todo produto
deve sertestado, ou
usar
amostragem?
Qual o tipo de
equipamento
de teste ser
usado?
Quem
- Os testes com produtos so realizados no processo de
desenvolvimento do produto e durante a vida de mercado.- No processo de projeto, os testes ocorrem desde as
primeiras fases, atravs de representaes icnicas bi
(esboos, layouts, detalhes, animaes grficas...) e
tridimensionais (mockups, maquetes e prottipos), sobre
os quais avaliaes qualitativas e quantitativas podem ser
realizadas.
- Desde o princpio do processo de projeto deve-se
buscar especificar que tipos de testes podem ser
-
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testemunhar
os testes?
Qual o custo
razovel deteste por
produto?
realizados, bem como os mtodos de avaliao a serem
empregados.
- Outros testes estaro associados ao ciclo de vida no
mercado. Estes se configuram como operaes doprocesso de produo. Eles podem ocorrem no produto
acabado ou em suas partes.
- Produtos mais sofisticados j incorporam rotinas de
auto-avaliao que possibilitam diagnosticar desvios em
alguma varivel importante do seu desempenho (os
computadores de automveis cumprem este papel).
- Alm dos testes associados ao processo de projeto e ao
ciclo de vida de mercado, continuamente pode-se manter
produtos em teste atravs do acompanhamento declientes selecionados. Este tipo de prtica parece
importante para uma estratgia de assimilao da
percepo dos consumidores.
21. Segurana Nveis
obrigatrios e
desejveis de
segurana
relacionados
com a rea de
mercado do
produto.
Balano entre
segurana,
acessibilidade e
limitao de
uso.
- Diferentes reas de mercado estabelecero nveis
diferenciados de exigncias em relao aos produtos.
Assim produtos relacionados alimentao humana e de
animais, medicamentos e higiene pessoal, dentre outros,
sero regulamentados e sofrero processos especficos
de verificao de segurana.
- importante notar que nos pases perifricos as
exigncias com a segurana dos produtos so inferiores
quelas estabelecidas nos pases centrais.
- De qualquer forma todo produto deve passar por um
processo de avaliao quanto aos aspectos de
segurana. As pessoas fazem uso indevido de produtos
freqentemente. Produtos manuseados por idosos e
crianas devem ser especialmente estudados.- A segurana deve ser pensada durante os ciclos de
produo, uso e descarte, com vistas aos trabalhadores,
usurios e terceiros que por ventura tenham qualquer
contato com o produto ou possam ser atingidos pelos
seus efeitos.
22. Restries
da Companhia
O produto est
se desviando
da prtica
- Se consideramos desde o princpio que os produtos
esto nos centros dos negcios, as implicaes das
restries que orientam a poltica de produtos devem
-
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corrente da
companhia.
Qual o efeito
disto nopessoal da
companhia?
Restries
advindas da
planta de
produo atual.
estar presentes nas especificaes.
- Toda empresa possui uma representao do seu futuro
que pode assumir a forma de um planejamento
estratgico ou pura intuio. As especificaes nestecampo devem indicar qual o futuro deste produto dentro
da companhia.
- Todos os aspectos importantes que estabelecem a
relao e identidade dos produtos com os demais
produtos da companhia devem ser salientados.
- Ainda deve-se especificar os recursos advindos da
companhia em termos de pessoal e sua qualificao,
equipamentos e testes avaliando a sua adequao.
23. Restriesde mercado
As respostasvindas do
mercado
indicam a
pouca
aceitabilidade
de
componentes.
Condies
relacionadas
com o mercado
externo.
O nvel
tecnolgico
esta adequado
ou no?
O mercado est
pronto para umsalto
tecnolgico.
- Assim como nas restries anteriores (22), as demercado permeiam praticamente todas as demais.
- No entanto preciso frisar aqueles aspectos
diferenciadores que podem atingir um ou outro produto.
sabido, por exemplo, que o mercado argentino no aceita
bem eletrodomsticos no metlicos, particularmente as
mquinas de lavar.
- As especificaes de mercado podem ainda incorporar
informaes relativas ao tipo de distribuio,
consumidores, hbitos de compra, freqncia, produtos
similares...
- Ainda, indicar as tendncias tecnolgicas e a dinmica
com que estas esto sendo introduzidas.
- importante considerar neste campo o possvel
surgimento de produtos substitutivos, advindos de outras
reas de aplicao.
24. Patentes Alguma patente
valida no
campo
especfico do
projeto?
necessria
- As especificaes com relao propriedade industrial
servem como indicao das tendncias tecnolgicas no
campo do produto.
- Em muitos casos as restries apresentam-se para os
projetistas como caminhos que devam ser criados para
contornar patentes existentes.
-
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uma busca de
patente?
- Alm destes aspectos, a documentao de patentes
possui um carter tcnico e deve ser desenvolvida pelos
projetistas.
25. Tempo Quanto tempotem para fazer
o projeto como
um todo, em
partes ou
fases?
- Todo projeto tem restries temporais. Dependendo dotipo de projeto eles podero ocorrer de uma forma mais
ou menos estruturada.
- Dentro do PDS o tempo deve ser especificado para cada
uma das atividades e etapas de projeto, sendo visto como
uma orientao tomada de deciso.
- No contexto da engenharia simultnea, o tempo de
projeto est associado ao desencadeamento dos demais
eventos que concorrem para a produo do produto.
- Nestes casos, a dependncia em relao s demaisatividades envolvidas com o produto torna-se um fator de
inflexibilidade na dinmica do projeto.
- Tendncia de concentrar tempo e tomada de deciso
nas fases precoces do projeto (antes do desenho
conceitual) indicam a possibilidade de estabelecer um
patamar estvel para as fases posteriores.
26. Implicaes
Polticas e
Sociais
O efeito do e no
produto da
estrutura
poltica e social
do mercado ou
pas para o
qual
projetado e
manufaturado?
- As especificaes de carter poltico-social devem ser
entendidas tanto no sentido de compreender o contexto
no qual o produto ser inserido, quanto das restries
derivadas do mesmo.
- Fatores como o movimento de consumidores,
estabilidade do mercado deve ser considerada. Deve-se
evitar que os produtos possam causar transtorno ou mal
estar social. (234-5678).
27. Aspectos
Legais
Defeitos de
especificao,projeto e
manufatura.
- Para qualquer produto, seja um edifcio ou uma tomada,
incorrero implicaes legais caso o produto apresentedefeito em seu funcionamento.
- O cumprimento das normas tcnicas nem sempre
condio suficiente para atender s questes legais.
28. Instalao Interface com
outros
produtos.
- Em inmeros casos a instalao do produto constitui-se
numa das etapas do processo de produo. Nestes o
produto s estar acabado quando integrado dentro dos
sistemas tcnicos mais amplos.
- Em outros casos a instalao constitui-se em servio de
-
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terceiros ou do prprio usurio. Neste a especificao
envolve a forma e o contedo das recomendaes a
serem transmitidas aos instaladores.
29. Descarte Qual o efeito doproduto sobre o
meio ambiente
no momento do
descarte?
- O planejamento do descarte constitui-se cada vez maisnuma tarefa bsica de projeto.
- Algumas legislaes j discutem o princpio de que os
produtores devam ser responsveis pelo recolhimento de
embalagens ou produtos no momento do descarte.
30.
Documentao
Todo projeto
deve ser
documentado.
- A documentao do projeto constitui-se uma das
atividades dos projetistas.
- A formalizao constitui-se em fonte para troca de
informaes entre os envolvidos no projeto bem como
tem relevncia legal.- A documentao possibilita revises no produto e no
processo de projeto. Ela registra a evoluo do produto.
Quadro 3.1: Elementos do Product Design Specifications
O quadro apresentado nos posiciona dentro da complexidade que envolve o desenvolvimento
de um novo produto. Responder s questes levantadas significa estabelecer um conjunto de
indicadores que iro nortear o processo de projeto. importante frisar que o documento de
especificao deve evoluir ao longo do projeto incorporando as decises tomadas
encaminhando no sentido de restringir o escopo do projeto. Guia para a preparao do PDS.
a) Lembre-se que o PDS um documento de controle. Ele representa a especificao
que voc deseja alcanar, e no aquilo j alcanado.
b) Lembre-se que ele um documento de uso (por voc e para outros dentro das
situaes industriais). Ele deve ser escrito sucintamente e claro.
c) Nunca escreva um PDS na forma de ensaio. Use esquemas como o da figura 3. Ele
dever ser amigvel ao usurio.
d) Desde o incio tente quantificar parmetros em cada rea.e) Desde que o PDS nico para cada projeto, voc no precisa apresent-lo sempre
da mesma forma.
f) Sempre apresente a data que o documento foi modificado e numere a edio.
g) Deixe claras as modificaes no documento.
-
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4. Fontes de Informao para a construo do PDS
Todo processo de projeto tem origem em uma demanda ou uma necessidade a ser atendida.
Independente da origem desta demanda o processo de projeto ir promover uma estruturao
do problema de projeto, a qual materializa-se num Product design specification (PDS). Via de
regra o processo de projeto ir responder a uma demanda originria de outras reas quando
no interior de uma organizao produtiva, dos clientes ou mesmo de um sujeito que visualizou
uma possibilidade de introduo de melhorias ou inovao num dado campo de necessidades
humanas. A tarefa dos projetistas ou de qualquer envolvido num processo de projeto
de esclarecer a demanda.
A Figura 3.2. extrada de Pugh (1990) orienta o processo de construo do Product DesignSpecification (PDS). A demanda expressa inicialmente em um briefcujo contedo genrico
e pouco delimitado, cabendo aos projetistas ou grupo de projeto elucid-lo e detalh-lo.
Figura 3.2. reas de pesquisa e busca de informaes para a construo do PDS.
essencial o conhecimento da legislao que afeta o produto. Aspectos de segurana e meio
ambiente so regulamentados assim como as questes de propriedade industrial. Referencias
Bibliogrficas e Catlogos de concorrentes constituem fontes de informao relevante para a
-
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elucidao da demanda. Dados Estatsticos e Publicaes Setoriais so fontes importantes
para a identificao de mercados e tendncias. As informaes coletadas devero ser tratadas
e analisadas.
4.1. Anlise Paramtrica
A Anlise Paramtrica uma tcnica bastante simples, porm eficiente. Os paos para a sua
execuo envolvem:
a) Rena tantas informaes quanto possveis acerca do seu produto e dos produtos
concorrentes;
b) Coloque em grficos com os dados disponveis e procure por relacionamentos entre
parmetros;c) Inicie com relacionamentos lgicos e v aprofundando as anlises em busca de
relacionamentos mais consistentes;
d) Se relacionamentos foram identificados, procure explicar as suas causas;
e) Estabelea correlaes entre os dados encontrados e pesquisas tradicionais de
mercado.
Para ilustrar a tcnica iremos utilizar um
exemplo baseado em um caso real. Trata-se
de investigar as oportunidades de mercado
para Avies Comerciais Regionais frente ao
crescimento deste mercado.
A Figura 3.2. apresenta o crescimento deste
mercado no perodo de 1995 a 2003. No
perodo a aviao regional no mercado
americano evoluiu de 76 para 1874 rotas.
Figura 3.3.Correlacionando o Percentual de Partidas e o
Nmero de Passageiros por Partida
evidencia-se que 27 % dos vos partem com
carga apropriada para aeronaves entre 70 e
80 lugares; e que, 34 % dos vos partem com
carga apropriada para aeronaves entre 100e
110 lugares.
Figura 3.4.
-
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Considerando o nmero de
aeronaves em uso na faixa
de 61 a 120 passageiros
identifica-se que 689
aeronaves possuem mais
do que 20 anos em
utilizao representando
34% das aeronaves em
uso.
Figura 3.5.
Correlacionando as variveis que indicam o crescimento do mercado regional, o nmero de
embarques a taxa de ocupao dos mesmos, as aeronaves em utilizao e a vida em uso das
mesmas, identificou-se uma oportunidade para um novo produto para atender ao mercado de
curtas distncias, com capacidade entre 70 e 120 passageiros.
Figura 3.6.
A identificao, o cruzamento e a anlise dos diferentes parmetros possibilitaram a
identificao de espao no mercado para uma nova aeronave designada E-Jet Model. A letra E
que antecede a designao do produto incorpora outras caractersticas no tratadas pela
anlise paramtrica. Para fechar o exemplo apresentam-se estas caractersticas cujos mtodos
de obteno sero abordados nos itens seqentes.
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Economia.
Para atender as necessidades de rentabilidade da
operao a Famlia foi formatada com 4 modelos:
Modelo 1: Com 78 lugares e ponto de equilbrio para
embarque de 40 passageiros;
Modelo 2: Com 86 lugares e ponto de equilbrio para
embarque de 44 passageiros;
Modelo 3: Com 108 lugares e ponto de equilbriopara embarque de 57 passageiros;
Modelo 4: Com 118 lugares e ponto de equilbrio
para embarque de 62 passageiros.
Ergonomia:
Na Primeira Classe com assentos individuais
confortveis, servio de alimentao, espao para
bagagem,lavatrio exclusivo isolamento da classe
econmica.
Na Classe Econmica eliminando elementos de
desconforto como o assento intermedirio,
ampliando espao do assento, da bagagem, dos
corredores e conseqentemente para refeies e
evitando a sensao de confinamento.
Eficincia:
Ter alcance de vo compatvel com as dimenses
do mercado americano.
Operar em aeroportos de porte pequeno, com
flexibilidade de manobras e reduzido tempos de
subida e descida e taxiamento.
Figuras 3.7., 3.8. e 3.9.
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Numa situao real de Anlise Paramtrica dezenas de grficos sero geradas e alguns
poucos iro produzir relacionamentos significativos para o produto em questo. Pontos fora das
tendncias gerais devem ser cuidadosamente analisados. Tambm a formao de grupos
indicativa importante para a caracterizao das oportunidades bem como a correlao linear
entre parmetros.
4.2. Matriz de Atributos
Uma Matriz de Atributos consiste da tabulao do conjunto de atributos dos competidores na
vertical e os modelos na horizontal. A matriz preenchida para mostrar quais modelos
incorporam ou no quais caractersticas. Do lado direito da matriz uma representao grfica
da porcentagem e a porcentagem de modelos que possuem tal atributo so apresentadas.
Figura 3.10: Microscpio Oftalmolgico.
-
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A matriz cumpre o papel de aprofundar o conhecimento acerca dos produtos existentes. Os
catlogos de fabricantes constituem fonte primordial para a realizao da anlise. Os
conhecimentos advindos de tais atributos sero teis para a interao com consumidores e
para o estabelecimento da sua importncia ou no. A Figura 3.10 ilustra a tcnica.
4.3. Interaes com Consumidores
Existem diferentes formas de interao que podem ser classificadas nas dimenses Nvel de
Interao e Ambiente de Uso como expresso na Figura 3.15. (SHIBA et al, 1993).
~
Figura 3.11.
Pesquisa Aberta: So entrevistas nas quais se fazem perguntas abertas aos usurios ou
clientes, envolvendo grande interao com os clientes e podem ser realizadas perto ou longe
do ambiente de utilizao.
Observao de Processo: Envolve uma interao onde o usurio monitorado em seuambiente e, ocasionalmente, o analista ou projetista paz perguntas ou pede esclarecimentos
para facilitar a compreenso.
Observao Participante: Envolve uma interao explcita muito pequena com o usurio.
Pode ser feita em laboratrio, onde o produto real, mas o ambiente no, em um ambiente de
consumo onde os analistas observam o comportamento do consumidor na hora da compra, ou
pela observao dos consumidores no ambiente de uso do produto.
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Cada um dos mtodos de interao com os clientes tm suas vantagens e desvantagens, mas
os mais efetivos so a Observao de Processo e a Observao Participante. A Observao
Participante em seu extremo implica numa pesquisa etnogrfica onde o pesquisador insere-se
no ambiente do pesquisado e passa a conviver naquele meio incorporando-se comunidade.
Este tipo de pesquisa requer tempo e exige do pesquisador uma empatia com o objeto em
estudo.
Por outro lado, em pesquisas descontextualizadas fica difcil de perceber as questes ocultas
ou podem mudar o significado do que realmente o usurio expressou em sua fala original.
Consumidores nunca iro dizer tudo aquilo que desejam. Algumas coisas so tidas como
certas. Por exemplo, se perguntamos acerca de viagens areas, muitos iro falar sobre
comida, check-in, recuperao de bagagens... Eles podem no especificar o percurso que
voam, o que uma necessidade implcita. Assim como est implcito que eles desejam chegarsalvos e no horrio ao seu destino.Tambm, consumidores no iro usualmente verbalizar
necessidades latentes de uma forma direta. A percepo destas necessidades exige um
cuidadoso processo de questionamento. O que faz o consumidor desejar alguma cosia? Como
isto ser utilizado? O entendimento dos usos que o consumidor faz do produto e as
possibilidades tecnolgicas dos mesmos podem cobrir as necessidades latentes.
Independente do mtodo de pesquisa, o objetivo da interao com o cliente ou usurio
estabelecer as imagens dos consumidores acera do produto e suas necessidades invisveis. O
tratamento dos dados coletados deve construir pontes entre as necessidade invisveis e os
produtos bem como clarear os caminhos que ligam as necessidades expressas com os
atributos do produto. (Figura 3.16).
Figura 3.12.
-
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Outra questo fundamental da interao com os clientes ou usurios a definio do grupo
com quem ser realizada a pesquisa. Inicialmente ns temos de tomar decises importantes
acerca do tipo de usurio: aqueles que so os primeiros a consumir uma categoria de produtos,
consumidores satisfeitos; consumidores insatisfeitos; consumidores que so formadores de
opinio; ou consumidores que nunca compraram os produtos.Tambm consumidores e
usurios tem necessidades diferentes. Para muitos produtos de consumos usurios e
consumidores so as mesmas pessoas. Por outro lado, para outros produtos ns devemos
interagir com grupos separados de usurios e compradores. Isto inclui compradores em todos
os nveis. O produto pode ser vendido para um montador, que revende para um distribuidor, o
qual revende para um revendedor. Existem pelo menos trs dimenses a serem consideradas
(Figura 3.17):
Figura 3.13.
Segmentos de Mercado: Um mesmo produto pode ser consumido ou utilizado em diferentes
classes socioeconmicas (A, B, C e D). Dentro destas classes certo que as necessidades a
serem atendidas pelos produtos sero diferentes.
Relao entre Companhias e Produtos: Existem clientes satisfeitos com os produtos,
clientes satisfeitos com os produtos e clientes que j utilizaram e abandonaram o produto.
certo que cada um deles ir expressar imagens diferentes acerca do mesmo.
Relao s Tendncias: A percepo do usurio acerca do produto depende da sua
experincia pessoal. Uma classe especial de usurio o Usurio Chave (quase profissional)
caracterizada por estar na vanguarda em termos de necessidade e inovao. Este tipo de
usurio antecipa as necessidades dos Usurios Correntes e Usurios Avanados.
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Ainda, um conjunto completo de necessidades estabelecido por regulamentao. Normas
governamentais ou no requerem que o produto incorpore determinadas caractersticas. O
melhor representar tais necessidades como adicionais s dos consumidores. Elas
representam necessidades dos consumidores que so percebidas e regulamentadas pela
sociedade e podem ser codificadas como requisitos sociais.
Tipicamente, o conjunto de exigncias apresentado no obtido em uma interao com
consumidores. Portanto, devem ser planejados um conjunto de interaes para obter todos os
tipos de informaes. A equipe deve ter isto em mente e fazer tais consideraes quando
planeja as interaes. Questionrios e guias para as entrevistas devem ser elaborados. A
equipe pratica usando-os para ganhar habilidade e confiana. Ento a equipe est pronta para
interagir com os consumidores.
4.3.1. Estudo de Caso Patinete
Fase I: Anlise da Demanda
1. Introduo
Este relatrio apresenta os resultados da anlise da demanda para a atividade de distribuio
domiciliar com a utilizao do equipamento patinete, em teste na cidade de Paulnea-SP.
Objetiva-se:
1. estabelecer as demandas no campo da ergonomia;
2. planejar as avaliaes a serem realizadas na segunda gerao de prottipos.
Considerando que a avaliao se dar sobre a primeira gerao do equipamento e que um lote
de 80 patinetes da Segunda gerao ser testado na regional SP, a partir da segunda
quinzena de maio, nos ateremos as aspectos centrais do equipamento, os quais permaneceropresentes na situao futura.
2. Metodologia
O mtodo utilizado para a anlise da demanda foi a realizao de entrevistas semi estruturadas
com tcnicos da fbrica, corpo tcnico da ECT envolvido no projeto, encarregados e carteiros