interesse político se ensina
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Interesse político se ensina
Estamos em ano de eleições municipais. Mas, confessemos: quem de nós, sinceramente, ainda
têm ânimo para envolver-se e participar da política? Hoje ela é sinônimo de escândalos,
discursos, promessas, corrupção, salários exorbitantes e político ladrão. Uma verdadeira
politicagem. Pesquisa recente feita pelo Centro de Pesquisas do Instituto Paulista de
Adolescência (Data Teen) aponta que apenas 19,5% dos jovens de 16 a 18 anos tiraram o título
de eleitor este ano. Em um país em que o sentimento de não-posso-fazer-nada-para-melhorar
predomina, não era de se esperar outro resultado. Afinal, o jovem é reflexo da sociedade, de
seus pais, familiares, e professores.
É claro que, se analisarmos a origem da palavra política, teremos muito mais uma associação ao
governo e aos partidos. Também é o modo de agir de uma pessoa. E se ampliarmos esta noção à
ideia de participação pública e coletiva, muitos jovens não só diriam que gostam, como
indicariam o envolvimento em trabalhos sociais como algumas de suas atividades preferidas. A
mídia também contribui para que tenhamos essa ideia ruim. Valorizam-se atitudes de corrupção
e muito pouco (ou quase nada) as boas ações. Tudo vira “farinha do mesmo saco” e conhecemos
apenas os maus exemplos. Logo, o descrédito dos jovens a esta política será natural.
Outro fator negativo é o afastamento de partidos políticos e sindicatos, do universo juvenil. A
linguagem, a disputa interna e a burocratização das relações partidárias não têm sido nada
atraentes para esta geração. Além disso, é comum ouvir que “o jovem está acomodado”, que “os
problemas estão nos jovens”. Assim, fica complicado para qualquer um se sentir importante ou
disposto para fazer qualquer diferença no mundo. Aliás, é estranho delegarem a este mesmo
jovem, que é tão problemático, a tarefa de mudar o mundo, não? Infelizmente é assim que a
sociedade funciona: não lhe dão seu devido valor, mas na hora de cobrar, de dizer que algo está
errado, a culpa é sempre dele.
Muitos já se cansaram de assistir os teatros e as encenações mostradas pelos meios de
comunicação e fazem do voto um simples ritual. Em véspera de eleições não podemos deixar
que este marasmo atinja os jovens e ensinemos através do exemplo. Grêmios Estudantis podem
ser um deles: estimulam o desenvolvimento da liderança e a tomada de decisões próprias.
Mostrar o verdadeiro papel, significado e importância da política, também. Afinal, o jovem tem
a responsabilidade de decidir o rumo da sociedade em que vive. O Brasil não precisa de uma
legião de revolucionários incandescidos, mas de uma juventude consciente de seus deveres e seu
poder. Todos gostamos de participar, só precisamos tomar gosto pelo que participamos.