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BLOGS: UMA ÁGORA NA NET Catarina Rodrigues * Índice Introdução ...................... 1 Uma nova esfera pública, ou talvez não ....... 4 As cartas íntimas e os blogs ............. 8 Regresso do publicismo? ............... 10 . . . Ou narcisismo? .................. 13 Do “eu” para a comunidade ............. 15 Identidades várias ................... 20 Blogs e jornalismo .................. 22 Classificação de blogs ................ 27 Conclusão ....................... 29 Bibliografia ...................... 32 Introdução O número crescente de blogs constitui um dos fenómenos mais marcantes da Internet na actualidade. Nasceu o mundo da blogosfera, um espaço onde a liberdade de escrita e a troca de opiniões parece ser total, tudo pode ser dito e publi- cado. Blog é uma abreviação que resulta das palavras ingle- sas web (rede) e log (diário de bordo onde os navegadores * Universidade da Beira Interior

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BLOGS: UMA ÁGORA NA NET

Catarina Rodrigues∗

Índice

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1Uma nova esfera pública, ou talvez não. . . . . . . 4As cartas íntimas e osblogs . . . . . . . . . . . . . 8Regresso do publicismo?. . . . . . . . . . . . . . . 10. . . Ou narcisismo?. . . . . . . . . . . . . . . . . . 13Do “eu” para a comunidade. . . . . . . . . . . . . 15Identidades várias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20Blogse jornalismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22Classificação deblogs . . . . . . . . . . . . . . . . 27Conclusão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

Introdução

O número crescente deblogsconstitui um dos fenómenosmais marcantes da Internet na actualidade. Nasceu o mundoda blogosfera, um espaço onde a liberdade de escrita e atroca de opiniões parece ser total, tudo pode ser dito e publi-cado.Blogé uma abreviação que resulta das palavras ingle-sasweb(rede) elog (diário de bordo onde os navegadores

∗Universidade da Beira Interior

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registavam os eventos das viagens). Na realidade osblogspodem ser considerados autênticos diários, mas em formatoelectrónico.

Osblogssão assim o principal elemento de estudo nestetrabalho, uma tarefa complicada numa área em constantemutação, mas que levanta várias questões, talvez impulsio-nadas pelo facto desta temática envolver um número tão ele-vado de pessoas em todo o mundo, de todas as idades e detodos os extractos sociais. O presente trabalho irá centrar-se unicamente na análise deblogsportugueses. Tentaremosperceber se será possível aplicar o conceito de esfera pú-blica defendida por Habermas aosblogsactuais? Recorde-mos as palavras do autor: “Por “esfera pública” entendemosantes de mais um domínio da nossa vida social na qual podeformar-se a opinião pública. O acesso à esfera pública estáem princípio aberto a todos os cidadãos”1. Será importanteperceber que a maioria dosblogsconstitui novas apariçõesdo “eu” no espaço público. A Internet vem permitir umanova forma de mediação entre o público e o privado. Seráque estamos perante o regresso da subjectividade, da afir-mação do “eu” em forma de diário? Não estaremos tambémperante o regresso do publicista, termo que entretanto de-saparecera e que consistia na existência de personalidadesque escreviam nos jornais, e que apesar de não serem jor-nalistas, eram uma espécie deopinion-makers, intelectuaisdo século XIX que se perderam com a profissionalização dojornalismo e com o início da gestão industrial. Remetendopara a actualidade, podemos referir o caso de Pacheco Pe-reira, autor doblogAbrupto, completamente opinativo, quepode assim exemplificar o regresso do publicismo. Mas paraalém dum espaço de liberdade total, osblogs, ou pelo me-

1 Habermas, Jürgencit. por Rheingold, Howard.Comunidade Vir-tual. Lisboa, Gradiva, 1996, p.341.

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nos alguns deles, não serão também um exercício de nar-cisismo? Incluem-se imagens, poemas, entre tantas outrascoisas e o objectivo não é mais que apresentar o próprio“eu” a uma determinada comunidade.Interessante, e em paralelo com as ideias anteriores que abor-dam a afirmação do “eu”, será descortinar o conceito de co-munidade virtual procurando descobrir em que medida po-derá ele ser aplicado à blogosfera. Na verdade, estão cria-das autênticas comunidades que expõem ideias livremente etrocam opiniões sobre os mais variados assuntos. Claro quenem todos osblogspoderão ser apelidados de comunidadesvirtuais. Mas, muitos deles são comunidades virtuais, umavez que ao permitirem comentários e ao criarem links paraoutrosblogsdão origem a uma comunidade que troca opi-niões e faz comentários sobre ideias contidas noutrosblogs.Este conceito de comunidade virtual remete para a ideia deesfera pública.As comunidades virtuais constituem assim um conceito im-portante que deve ser clarificado no intuito de descobrir-mos em que sentido pode ser aplicado aosblogs. Rheingolddefine-as da seguinte forma: “As comunidades virtuais sãoos agregados sociais surgidos na Rede, quando os interve-nientes de um debate o levam por diante em número e senti-mento suficientes para formarem teias de relações pessoaisno ciberespaço2”. Porém, o mesmo autor faz a seguinte ob-servação: “as comunidades virtuais podem ajudar os cida-dãos a revitalizar a democracia, mas também podem estar aatrair-nos para um atraente substituto do discurso democrá-tico3”.

Tentaremos ainda abordar a questão das identidades com

2 Rheingold, Howard.Comunidade Virtual. Lisboa, Gradiva, 1996,p.18.

3 Idem, p. 335.

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base na obra “A vida no ecrã” de Sherry Turkle e tambémna tese de Doutoramento apresentada por Maria João Sil-veirinha “A conformação das identidades nas democraciasliberais. Comunicação e mediações sociais”.

Apesar do universo deblogsexistentes ser extremamentevasto, não deixa de ser aliciante tentar fazer uma classifica-ção dos mesmos por categorias. Uma tentativa que surge noseguimento do trabalho realizado por Paulo Querido e LuísEne no livroBlogs. Os autores dividem esses “sítios” por-tugueses da seguinte forma: humor, informativos, ciência einvestigação, cronistas, literários, políticos e históricos.

O universo da blogosfera será ainda comparado ao mundodo jornalismo. No nosso entender, estas são duas áreas dis-tintas que não devem ser confundidas. Uma das principaiscaracterísticas dosblogsportugueses prende-se com o factode serem muito opinativos e pouco informativos. Muitos co-mentam a actualidade e vivem por isso de outros meios decomunicação, como por exemplo dos jornais e do agenda-mento destes. Para além disso, os jornalistas têm uma for-mação específica para o exercício da sua actividade ao con-trário dosbloggers4.

Uma nova esfera pública, ou talvez não

Um blog ou weblogé um diário publicado na Internet. Nosúltimos tempos tem surgido um número crescente deblogso que só vem provar que não se trata de um simples fe-nómeno passageiro. Qualquer pessoa pode ter o seu pró-prio sítio, dar a sua opinião e tecer comentários sobre osmais variados assuntos. Para isso basta ter um computador

4 Utilizaremos o termobloggerou bloggerspara nos referirmos ao“dono” doblog,a pessoa que o edita e que também pode ser designadopor blogueiro.

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com ligação à Internet e mergulhar no mundo da blogos-fera. Esta tarefa é a facilitada pela simples actualização daspáginas que dispensa completamente os conhecimentos emHTML5, que por exemplo são necessários para a simplesmanutenção de outro tipo de páginas pessoais.

O espaço de liberdade no que diz respeito à troca deideias parece ser total e em determinados pontos faz lem-brar algumas ideias defendidas por Habermas. Na obra,Mu-dança Estrutural da Esfera Pública, o autor fala do declínioda esfera pública burguesa e do surgimento do capitalismoindustrial bem como da democracia de massas. Será por issointeressante, antes de passarmos à análise dosblogs, propri-amente ditos, clarificar o conceito de esfera pública defen-dido por este autor, com especial destaque para a forma-ção do espaço público moderno. Os conceitos modernos depúblico e privado nasceram na época do Iluminismo, ape-sar do conceito de espaço público já ser anterior enquantoforma que permitia a troca de opiniões entre os cidadãos,nomeadamente sobre assuntos de ordem política.

“A esfera pública burguesa pode ser entendida inicial-mente como a esfera das pessoas privadas reunidas em umpúblico; elas reivindicam esta esfera pública regulamentadapela autoridade, mas directamente contra a própria autori-dade, a fim de discutir com ela as leis gerais da troca naesfera fundamentalmente privada, mas publicamente rele-vante, as leis do intercâmbio de mercadorias e do traba-lho social”.6 As primeiras manifestações desta esfera pú-blica burguesa surgem nos chamados “salões” e nos cafés

5 Hypertext Markup Language, linguagem na qual se baseiamgrande parte dos sites da World Wide Web e que permite a navegaçãopor hipertexto.

6 Habermas, Jürgen.Mudança Estrutural na Esfera Pública. Rio deJaneiro, Tempo Brasileiro, 1994, p. 42.

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ou coffee-houses. Segundo o autor, o crescimento do pú-blico burguês foi possível devido à crescente transmissão deinformação, principalmente a nível mercantil e financeiro.

Inicialmente, o público era constituído unicamente porhomens, espaço cortante entre a Polis grega e o espaço do-méstico mergulhado na exclusão. O uso da palavra e da ac-ção era fundamental, o que só demonstra a importância daretórica grega para alcançar a notoriedade. Esta é a origemda ideia de espaço público baseado na dominação e no eli-tismo.

Habermas associa a esfera pública ao plano literário eao plano da arte, apesar de existir um momento na históriado iluminismo em que a arte perde a sua dimensão de poder.Antes das pessoas começarem a discutir questões políticas,discutiam literatura e tudo aquilo que as mobilizava. No sé-culo XVIII, aparece todo um conjunto de obras centradasna vida das pessoas comuns, dos burgueses, que tinham vi-sibilidade na época.

Forma-se uma esfera pública composta por burgueses,que discutem o gosto e exprimem juízos críticos. Esta es-fera pública funciona na prática como um laboratório deopiniões. O papel da arte deixa de ser representativo e liga-se ao quotidiano das pessoas. Os sentimentos começam aser objecto da vida quotidiana. Os autores colocam as suasobras ao juízo crítico das pessoas vulgares e todos, pelo me-nos sob um ponto de vista ideal, podem pronunciar-se.

Segundo Habermas, foi na arte e na literatura que secriou este laboratório de debate, depois transposto para apolítica. A esfera literária politiza-se. As pessoas passam adiscutir assuntos que dizem respeito à vida colectiva. É noséculo XVIII que a palavra público se estende a todos osque discutem a organização da vida colectiva.

Habermas atribui muita importância aos espaços infor-

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mais de discussão. O autor refere algumas característicasimportantes na esfera pública literária como a igualdade deestatuto. Ou seja, para um indivíduo se poder pronunciarnão precisa ter um nome ilustre, apenas precisa ter uma ca-pacidade argumentativa que lhe permita discutir. A liber-dade de problematização é também um aspecto importante,uma vez que não há temas tabus e tudo pode ser discutido.Aqui começamos já a encontrar algumas semelhanças coma blogosfera, um espaço onde também tudo pode ser co-mentado e discutido.

No entanto, e segundo este mesmo autor, a esfera pú-blica burguesa entra em decadência com o início do capita-lismo industrial e da democracia de massas. “Na passagemdo público que pensa a cultura para o público que consomecultura, o que anteriormente ainda se permitia que se dis-tinguisse como esfera pública literária em relação à esferapolítica perdeu o seu carácter específico. “A cultura” difun-dida através dos meios de comunicação de massa é particu-larmente uma cultura de integração”7.

O conceito de esfera pública conheceu assim algumasmudanças, mas apesar de tudo, Habermas acredita nas po-tencialidades dos media em desenvolver públicos, emboraadiante que não tenha sido esse o percurso seguido pelassociedades contemporâneas. O autor introduz os públicoscomo espaços activos. As massas não são a única formade sociabilidade que pode acontecer. Ao lado das massasamorfas existem públicos activos, críticos, participativos eracionais.“A refuncionalização do princípio da esfera pública baseia-se numa reestruturação da esfera pública enquanto uma es-fera que pode ser apreendida na evolução de sua instituiçãopor excelência: a imprensa. Por um lado, na medida mesma

7 Idem, p. 207.

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de sua comercialização, supera-se a diferença entre circula-ção de mercadorias e circulação do público: dentro do sectorprivado, apaga-se a nítida delimitação entre esfera pública eesfera privada. Por outro lado, no entanto, a esfera pública,à medida que a independência de suas instituições só podeser ainda assegurada mediante certas garantias políticas, eladeixa de ser de modo geral exclusivamente uma parte dosector privado”8.À medida que se forma uma escrita especializada e aumentao número de leitores, aumenta também o gosto pela priva-cidade. Se há algo que caracteriza o iluminismo é o indi-vidualismo profundo. O espaço público é uma associaçãopública de pessoas privadas. Habermas acredita que os me-dia têm possibilidade de dar origem ao debate, aos temasque dizem respeito à vida comunitária. A imprensa apareceligada à formação da opinião pública e não é possível pensarem opinião pública sem pensar num espaço público onde osmedia se movimentam.

As cartas íntimas e osblogs

Voltando novamente um pouco atrás no tempo, é bom lem-brar que é no público do século XVIII que aparecem as car-tas e os diários íntimos. Surge a consciência do privado eda autonomia como algo essencial para a formação do pú-blico. O espaço público não é apenas um espaço de regu-lamentação da Polis, ele implica um tratamento da identi-dade. Acredita-se que para a formação de um público sau-dável cada “eu” tem que reconhecer a importância da suarelação com os outros. “O século XVIII é uma época deexpansão das cartas, em que notas íntimas, relatos de via-gens ou mera cortesia, passam a ser essenciais para a troca

8 Ibidem, p. 213.

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de informação”9. Existe um espaço de pessoas privadas queconstituem a sua autonomia individual porque reconhecemque o seu “eu” é resultado do seu relacionamento com o ou-tro. O reconhecimento por parte de outrem assume grandeimportância porque o próprio facto de ser é também ser re-conhecido.

Curiosamente, grande parte dosblogs existentes hojeem dia são, nem mais nem menos que diários íntimos, ondeos seus autores vão, através deposts, expondo a sua vidapessoal, tornando esses relatos públicos. Algunsblogscons-tituem novas aparições do “eu” no espaço público. Emitemopiniões pessoais, muitas vezes sobre a própria vida de cadaum, outras vezes sobre assuntos de ordem política, social oucultural. A Internet vem permitir uma nova forma de me-diação entre o público e o privado. Será que estamos pe-rante o regresso da subjectividade, da afirmação do “eu” emforma de diário? De certo modo sim. Osblogssão na sua gé-nese parecidos com um diário íntimo. Se o seu autor colocarnele exposições sobre a sua vida pessoal, essas informaçõesestarão disponíveis para todo um público que a elas tenhaacesso, graças às potencialidades da Internet.

Reportando a Habermas, “na esfera da intimidade dapequena família, as pessoas privadas consideram-se inde-pendentes também em relação à esfera privada de suas ac-tividades económicas”10. Segundo o autor neste período, aoescrever cartas, o indivíduo desenvolve-se na sua subjecti-vidade. “O diário íntimo torna-se uma carta endereçada aoemissor; a narrativa em primeira pessoa, um monólogo in-terior dirigido a receptores ausentes: experiências equiva-

9 Santos, Rogério.Novos media e o espaço público. Lisboa, Gradiva,1998, p. 10.

10 Habermas, Jürgen.Mudança Estrutural na Esfera Pública. Rio deJaneiro, Tempo Brasileiro, 1994, p. 65

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lentes à subjectividade descoberta no interior das relaçõesda intimidade familiar”11. Porém, o autor pretende ser reco-nhecido por outros. Ao disponibilizar determinadas infor-mações on-line oblogger,espera que um determinado pú-blico venha a ler esses mesmos dados, pessoas que podemou não identificar-se com esse “eu”. “Modificam-se as rela-ções entre autor, obra e público: tornam-se relacionamentosíntimos entre pessoas privadas, onde os interesses de ordempsicológica se orientam para o humano, tanto para a intros-pecção quanto para a empatia mútua entre as pessoas priva-das interessadas”12. A esfera pública, vem assim, segundoHabermas ampliar a esfera da intimidade pessoal e familiar.Também osblogsvêm possibilitar uma enorme ampliaçãode factos que dizem respeito à vida e às ideias defendidaspor cada um. Outra ideia interessante avançada pelo mesmoautor e que pode também ser aplicada ao caso actual verifi-cado na blogosfera, é o facto da subjectividade do indivíduoprivado estar ligada à publicidade. Mas falar deste assuntoimplica fazer uma abordagem ao conceito de publicidadedefendido por Habermas e a todas as mudanças que se lheseguiram com a introdução da indústria de massas.

Regresso do publicismo?

Antes de mais importa dizer que Habermas fala muito doconceito de publicidade, no sentido de atribuição de visi-bilidade, de tornar público e não no conceito comercial depublicidade que temos hoje. “Outrora, a “publicidade” tevede ser imposta contra a política do segredo praticada pe-los monarcas: aquela “publicidade” procurava submeter apessoa ou a questão ao julgamento público e tornava as de-

11 Idem, p. 66.12 Ibidem, p. 67.

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cisões políticas sujeitas à revisão perante a instância da opi-nião pública. Hoje, pelo contrário, a publicidade se impõecom a ajuda de uma secreta política dos interesses: ela con-segue prestígio público para uma pessoa ou uma questão e,através disso, torna-se altamente aclamável num clima deopinião não-publica”13. O mesmo autor adianta ainda que“se, no começo, dentro de uma imprensa diária motivadaem primeiro lugar politicamente, a reorganização de certasempresas sobre uma base exclusivamente comercial podiarepresentar tão somente uma simples possibilidade de in-vestimento capaz de gerar lucros, em breve isto se tornouuma necessidade para todos os editores”14.

Associado ao conceito de publicidade surge o conceitode publicista, ou seja, uma personalidade que escrevia emjornais que, apesar de não ser jornalista, era uma espéciede opinion-maker, um intelectual do século XIX que davaa sua opinião sobre os mais variados temas. Esse publicistaacabou por desaparecer com a profissionalização do jorna-lismo e com o início da gestão industrial. Com o fenómenodosblogs, não estaremos perante o regresso do publicismo?Não estaremos novamente perante personalidades que semserem jornalistas publicam a sua opinião, comentam e dãoinformações sobre variados temas? Veja-se por exemplo ocaso de José Pacheco Pereira, autor doblog Abrupto15, com-pletamente opinativo, com textos em jeito de crónicas, quepode assim exemplificar o regresso do publicismo. O eurodeputado do Partido Social Democrata, figura pública e re-conhecida a nível nacional aderiu à blogosfera. Um temaque chegou a ser notícia nos jornais de referência. O caso

13 Habermas, Jürgen.Mudança Estrutural na Esfera Pública. Rio deJaneiro, Tempo Brasileiro, 1994, p. 235.

14 Idem, p. 217.15 http://abrupto.blogspot.com

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do Abrupto é apenas um exemplo, muitos outros podiamser referidos. Mas oAbrupto ganhou grandes proporçõese acredita-se que fez mesmo aumentar o número deblogsexistentes em Portugal. O seu autor transmite opiniões so-bre vários quadrantes da vida social e cultural, mas curi-osamente pouco sobre política. Os textos, alguns de carizmais pessoal e íntimo, não são publicados nos jornais e di-fundidos pela imprensa, mas são publicados numblog e averdade é que determinados comentários tomam grandesproporções e são novamente comentados noutrosblogs,porvezes passam mesmo para as páginas da imprensa escrita epara os noticiários televisivos. Um desses casos é citado nolivro Blogsde Paulo Querido e Luís Ene, e prende-se como Muito Mentirosoonde durante algum tempo foram publi-cadas informações sobre o processo Casa Pia. José PachecoPereira denunciou desde logo o caso, utilizando para issoo Abrupto. Para além de comentários e ideias próprias, Pa-checo Pereira publica ainda nesteblog, imagens, poemas eaté extractos de livros, o que pode permitir a aplicação dotermo “narcisismo”, de que falaremos mais adiante.

“Não é por acaso que os entusiastas dosblogseweblogsconsideram oself publishingo futuro da Internet: ou seja,haverá, de certo modo, um regresso ao publicismo e ao jor-nalismo opinativo. O século XIX terminou, graças à publi-cidade, com o jornalismo de opinião. Surgiram um conjuntode géneros (a notícia, a reportagem), que implicaram a for-mação de normas organizacionais, convenções narrativas,modelos de gestão industrial e o aparecimento de profissio-nais especializados”16.

16 Correia, João Carlos.Novo jornalismo – CMC e Esfera PúblicainMundo Online da Vida e Cidadania. Informação e Comunicação On-line, Volume III. Covilhã, Universidade da Beira Interior, 2003.

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. . . Ou narcisismo?

Osblogsexistentes actualmente são imensos, e falamos sódo universo português, o que permite múltiplas classifica-ções dada a sua variedade. Já falámos destes sítios comonovas aparições do “eu” no espaço público e abordámoso regresso do publicismo. Há pouco dissemos que existemblogsonde são publicadas imagens, poemas e outras coisas.O objectivo é apresentar o próprio “eu”, o autor apresenta-sea si próprio de forma exaustiva. Não serão por isso algunsblogsum exercício de narcisismo? Para chegarmos a umaconclusão basta dar uma olhadela por alguns exemplos. En-quanto algumas pessoas utilizam esta nova ferramenta pro-porcionada pela Internet como uma forma de debater temasda actualidade, que marcam a agenda política, social, cultu-ral, etc., outros há que fazem dosblogsuma oportunidadepara se apresentarem e apresentarem a sua própria vida.

Ao abordar a questão do narcisismo, Gilles Lipovetsky,diz que ele “não é de modo nenhum a última retracção deum Eu desencantado pela “decadência” ocidental e precipi-tando-se de corpo e alma no gozo egoísta. Nem nova ver-são do “divertimento”, nem alienação – a informação nuncafoi tão desenvolvida -, o narcisismo abole o trágico e surgecomo uma forma inédita de apatia feita de sensibilizaçãoepidérmica ao mundo e de profunda indiferença em rela-ção a ele: paradoxo que explica parcialmente a pletora deinformações que nos assaltam e a rapidez com que os acon-tecimentos mass-mediatizados se expulsam uns aos outros,impedindo toda e qualquer emoção duradoura”17.

Para o autor o narcisismo é um efeito do crescimento deuma lógica social individualista com origem no século XIX.

17 Lipovetsky, Gilles.A era do vazio. Ensaios sobre o individualismocontemporâneo. Lisboa, Relógio d’ Água, 1989, p. 50.

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“O narcisismo é uma resposta ao desafio do inconsciente:instado a redescobrir-se, o Eu precipita-se num trabalho delibertação interminável, de observação, de interpretação”.Lipovetsky acrescenta “cada indivíduo deve “dizer tudo”,libertar-se dos sistemas de defesa anónimos que se opõem àcontinuidade histórica do sujeito, personalizar o seu desejopor meio de associações “livres””18.

Alguns blogsassinalam a importância do “eu” em di-versos domínios, mas curiosamente enquadram-nos na so-ciedade. Trata-se de uma espécie de aproximação do que éprivado ao que é público, proporcionada actualmente pelasnovas tecnologias daweb. Para Lipovetsky, é o inconscienteque abre caminho a um narcisismo sem limites. “Para que odeserto social seja viável, o Eu deve tornar-se a preocupa-ção central: não importa que a relação seja destruída, con-tando que o indivíduo seja levado a absorver-se em si pró-prio. Assim, o narcisismo, realiza uma estranha “humaniza-ção” aprofundando a fragmentação social: solução econó-mica para a “dispersão” generalizada, o narcisismo, numacircularidade perfeita, adapta o Eu ao mundo de onde nasce”19.

O indivíduo ao olhar para si próprio e apresentar-se pro-cura, no entanto ser olhado por outros. Muitas pessoas en-contraram nosblogsum espaço de libertação e uma formade tornar pública uma individualidade, algo privado e pes-soal. “O narcisismo, nova tecnologia de controlo flexível eautogerido, socializa dessocializando, põe os indivíduos deacordo com um social pulverizado, glorificando o reino daplena realização do Ego puro”.20

18 Idem, p. 52.19 Ibidem, p. 53.20 Ibidem

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Do “eu” para a comunidade

Se as considerações anteriores abordaram a afirmação do“eu” como uma das características dosblogs, também nãoesqueceram que eles podem constiuir uma nova esfera pú-blica que faz lembrar as ideias defendidas por Habermas eque permitem a livre discussão e a publicação de ideias so-bre os mais variados assuntos.

As novas tecnologias e as novas formas de comunica-ção reconfiguram espaços. Quase todos osblogs incluemnas suas páginaslinks para muitos outros, em jeito de re-comendação para uma visita. Desta forma criam-se círculosque dão origem a uma rotina e a uma comunidade. O leitorde um determinadoblog acaba por ir espreitar outros, ler oque dizem e se for também autor de um dessessites, talvezaté comente determinadas situações que vê num “espaço”vizinho. Se existir o sistema de comentários, muito bem, senão existir pode comentar com umpostno seu próprioblog.Estão assim constituídas as já denominadaswebrings21.

Para falar emwebringse consequentemente em comuni-dades virtuais é importante que osblogsdisponham da fer-ramenta “comentários” de forma a possibilitar que qualquerpessoa comente o que lê. Um exemplo disso é oPonto Me-dia22, que fala sobre a blogosfera e sobre o mundo dos me-dia e da comunicação. Em Portugal, muitosblogsainda nãodispõe desta opção. Mas como em tudo, há excepções à re-gra. Trata-se de uma ferramenta importante porque permite

21 Segundo Raquel Recuero, o termowebringsserve para definir cír-culos debloggeirosque lêem os seusblogs mutuamente e interagemnestesblogsatravés de ferramentas de comentários. Osblogssão linka-dos uns nos outros e formam um anel de interacção diária, através daleitura e do comentário dospostsentre os vários indivíduos (Recuero,Raquel.Weblogs, webrings e comunidades virtuais, BOCC, 2003).

22 http://www.ciberjornalismo.com/pontomedia.htm

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que os visitantes de um determinadoblogescrevam comen-tários sobre os assuntos que lêem e não só. Apesar de tudo, énecessário ter em conta que, se este sistema de comentáriospode permitir o debate e a troca de ideias, pode também terum lado negativo, uma vez que nem todos os visitantes deum blog contribuem para a discussão saudável. Podem lan-çar confusões, até porque, se assim o desejarem, a sua ver-dadeira identidade muito dificilmente será conhecida. Noentanto, “a quantidade de presenças negativas é muito infe-rior à participação dos que pretendem contribuir para o de-bate ou apresentar uma opinião. Os sistemas de comentáriossão muito importantes para a criação de uma comunidadeentre oblogger e os seus leitores, não sendo, no entanto,indispensável, isto é, o relacionamento pode estabelecer-seatravés de correio electrónico ou de outros meios”23. Não éassim obrigatório o sistema de comentários para que o de-bate seja possível. Quem lê habitualmenteblogsjá reparouque os seus autores se citam frequentemente uns aos outros.Isso deve-se em grande parte à lista delinks que cada umintegra na sua página e que permite uma espécie de viagem,por vários sites, deste modo cria-se uma rotina de visitasque cada vez se vai tornando maior, tal como o número deblogsexistentes.

“À semelhança do que acontece na sociedade, a cria-ção e formação de comunidades é intrínseca à Internet”24.Assim, a ideia de uma afirmação do “eu” não é a única ca-racterística dosblogs, é apenas uma característica de algunsentre tantas outras. Por outro lado, que até parece paradoxal,estão criadas autênticas comunidades que expõem ideias li-vremente e trocam opiniões sobre os mais variados assun-

23 Barbosa, Elisabete e Granado, António.Weblogs – Diário deBordo. Porto. Porto Editora. 2004, p. 47.

24 Idem, p. 41.

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tos. Claro que nem todos osblogspoderão ser apelidados decomunidades virtuais, mas muitos deles são. Ao permitiremcomentários e ao criaremlinks para outros criam uma co-munidade que troca opiniões e faz comentários sobre ideiascontidas noutrosblogs. Este conceito de comunidade virtualremete para a ideia de esfera pública também já abordadaneste trabalho.

Rheingold define comunidades virtuais como “agrega-dos sociais surgidos na Rede, quando os intervenientes deum debate o levam por diante em número e sentimento su-ficientes para formarem teias de relações pessoais no cibe-respaço”25. Ora, osblogsnão podem ser confundidos comchatsonde a conversa decorre em tempo real. Mas osblogspermitem que a discussão aconteça dado o grande númerode pessoas que aderiu a esta nova “moda danet”. Permi-tem mesmo que determinados assuntos se debatam duranteum período considerável de tempo e que as discussões en-trebloggersse tornem uma prática corrente, até porque como tempo se vão estabelecendo relações de cumplicidade oudiscórdia.

“O fenómeno do sucesso dosweblogsestá intimamenterelacionado com a criação de comunidades. Ao contráriodo que muitosbloggersconsideram, todos os que publicaminformação na Internet têm público, ou seja, qualquer au-tor de umweblogacabará, com o tempo, por ter leitores,mais ou menos fiéis26”. Mesmo os autores mais centradosna apresentação do seu “eu” acabam por ter leitores quepodem ou não identificar-se com eles, gerando controvér-sias que ultrapassam os seus interesses imediatos. Osblogs

25 Rheingold, Howard.Comunidade Virtual. Lisboa, Gradiva, 1996,p.18.

26 Barbosa, Elisabete e Granado, António.Weblogs – Diário deBordo. Porto, Porto Editora. 2004, p. 41.

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têm a capacidade de conseguir agregar uma rede à sua voltaque é impulsionada pelos assuntos abordados nos mesmos.É notável a existência deblogssobre jornalismo por exem-plo, sobre política, música, literatura, cinema e tantas outrascoisas. O humor por si só é uma característica que conseguereunir à partida um enorme número debloggerse utilizado-res. À volta de determinados temas reúnem-se verdadeirascomunidades virtuais que partilham, discutem e acrescen-tam ideias e opiniões. Tudo isto acontece graças à facilidadetécnica de manter este fenómeno vivo. No entanto é neces-sária uma actualização constante para que os visitantes nãofiquem defraudados. Quando isso não acontece, a vida deum blog é curta, uma vez que não responde ao requisitomais exigido: a actualização constante. “A comunidade vir-tual é um elemento do ciberespaço, mas é existente apenasenquanto as pessoas realizarem trocas e estabelecerem laçossociais”27.

A troca livre de ideias possibilitada a todos, para alémde remeter para a esfera pública, lembra ainda o conceito dedemocracia. Estes aliás parecem ter nascido em conjunto.“O conceito de esfera pública tal como proposto por Ha-bermas e outros, incorpora diversas provas de autenticidadereconhecidas pelos indivíduos que vivem em democracia:livre circulação, participação voluntária e não instituciona-lizada na vida pública, geração da opinião pública atravésde reuniões de cidadãos envolvidos no discurso racional, li-berdade de exprimir opiniões e de discutir assuntos do Es-tado e de criticar a forma como é organizado o poder do Es-tado”28. Mas o mesmo autor faz a seguinte observação: “as

27 Recuero, Raquel.Comunidades virtuais – Uma abordagem teó-rica. BOCC, 2003.

28 Rheingold, Howard.Comunidade Virtual. Lisboa, Gradiva, 1996,p. 343.

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comunidades virtuais podem ajudar os cidadãos a revitali-zar a democracia, mas também podem estar a atrair-nos paraum atraente substituto do discurso democrático”29. Osblogsparecem de certo modo revitalizar a democracia, na medidaem que, todos os que assim o desejarem (e desde que te-nham acesso à Internet) podem ter um espaço seu, para daropinião sobre os mais diversos aspectos. A liberdade de par-ticipação e expressão é total, desde que cada um tenha o seublog, ou que transmita as suas ideias através do já abordadosistema de comentários que apenas é disponibilizado em de-terminadas páginas. De certo modo, osblogspermitem umanova forma de socialização, algo que vem para renovar ademocracia cuja principal característica é precisamente a li-berdade de expressão. Mas é bom lembrar que, tal como dizMaria João Silveirinha “como qualquer outromédium, pordetrás das promessas de maior participação democrática hácertos riscos para a liberdade e para os valores democráti-cos. A facilidade com que os novos media organizam redesde sociabilidade com potencial positivo também tem, natu-ralmente, o reverso da medalha que é a igual facilidade deorganizar as mais obscuras relações e comunidades”30. Paraalém disso é necessário ter em conta que, no nosso país eem muitos outros, apesar do progresso dos últimos anos, onúmero de pessoas sem acesso à Internet é ainda muito ele-vado o que faz com que as discussões e opiniões reflectidasnosblogsnão sejam mais alargadas e democráticas.

29 Idem, p. 335.30 Silveirinha, Maria João,A conformação das identidades nas demo-

cracias liberais. Comunicação e mediações sociais. Texto policopiado,Tese de Doutoramento em Ciências da Comunicação, Faculdade de Ci-ências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, 2001, p.360.

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Identidades várias

Osblogsoferecem a possibilidade de apresentar, ou não, oseu autor, assim como permitem a criação de novas identi-dades. “Na tradição democrática, o sujeito não é apenas osujeito dos direitos individuais do liberalismo. É tambémalguém que constrói a sua identidade pessoal e colectivaatravés das relações com outros indivíduos. É esta identi-dade fundamentalmente social que o indivíduo constitui eexpressa no processo de reconhecimento que ocorre no es-paço público. O espaço público é, pois, uma arena das rela-ções sociais e políticas onde as identidades colectivas e in-dividuais se constituem e integram”31. Com osblogssurgetodo um conjunto de novas identidades. Se por um lado háautores que assumem a sua identidade real, dão o seu ver-dadeiro nome, responsabilizando-se assim por todas as suasafirmações e comentários, outros há que utilizam nomes fic-tícios, assumem novas identidades e agem como se o seu“eu” fosse aquele que está ali. Todos se perguntavam quemé na realidade “o meu pipi32”, mas a resposta nunca surgiu,mesmo depois de várias hipóteses terem sido avançadas. Averdade é que “o meu pipi” continuou a escrever livrementeno seublog, “escondido” atrás de uma identidade imaginá-ria que podia ser diferente da sua vida real. “A problemáticada identidade conheceu um novo desenvolvimento com asnovas tecnologias da comunicação. A Internet parece feita àmedida de uma modernidade tardia marcada pela emergên-cia do pluralismo e pela ênfase nas particularidades indivi-duais”33.

31 Idem, p. 339.32 http://www.omeupipi.blogspot.com33 Correia, João Carlos.Alice nas janelas do ecrã: algumas reflexões

sobre identidade e género na era da net, Ágora Net – Revista de NovosMedia e Cidadania, n.o 3, 2003.

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Indivíduos ou grupos constroem a sua identidade inte-grando-se numa comunidade ou separando-se dela, afirman-do-se assim pela autonomia e diferença em relação aos ou-tros. “Para se protegerem, alguns autores deweblogsutili-zam uma alcunha ou um nome falso, acabando por preferirnão revelar outras informações como o local onde vivem oupessoas que conhecem”34. Maria João Silveirinha diz que “aidentidade oscila constantemente entre a semelhança e a di-ferença, entre aquilo que nos torna idênticos a nós própriose aos outros e aquilo que, ao mesmo tempo, nos torna indi-víduos únicos. A identidade é construída neste duplo movi-mento de assimilação e diferenciação”35.

No livro A vida no ecrã, Sherry Turkle constata que osutilizadores assumem novos papéis e constroem identidadesna Internet. Não se pense que unicamente as pessoas comdificuldade de inserção em sociedade ou com dificuldadesde comunicação aproveitem anet para assumir uma novaidentidade. Muitos são os que aproveitam a Internet paraassumir um novo “eu”, ou talvez o seu próprio “eu”. Veja-se o grande número deblogscujo autor é desconhecido eque, nem por isso, são menos lidos. Se inspiram mais oumenos confiança ao leitor, isso já é outra questão.

Os blogs representam sempre alguém, alguém que re-vela assim várias facetas da sua personalidade. Oblog pos-sibilita a publicação do “eu” do indivíduo diariamente. “AInternet é outro elemento da cultura do computador quecontribuiu para encararmos a identidade como multiplici-

34 Barbosa, Elisabete e Granado, António.Weblogs – Diário deBordo. Porto, Porto Editora. 2004, p. 47.

35 Silveirinha, Maria João,A conformação das identidades nas demo-cracias liberais. Comunicação e mediações sociais. Texto policopiado,Tese de Doutoramento em Ciências da Comunicação, Faculdade de Ci-ências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, 2001, p.4.

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dade. Nela, as pessoas têm a possibilidade de construir umapersonalidade alternativa entre muitas personalidades dife-rentes”36. Ao adoptarem uma nova identidade, os indiví-duos constroem um mundo à sua maneira, aquele mundoque gostavam que fosse o seu. Osblogspermitem que qual-quer “eu” com qualquer identidade diga o que pensa e que,provavelmente, não diria de outra forma. “Quando atraves-samos o ecrã para penetrarmos em comunidades virtuais,reconstruímos a nossa identidade do outro lado do espelho.Esta reconstrução é o nosso trabalho cultural em curso”37.Um facto importante que convém realçar é que a questãodas identidades implica a partilha de horizontes de identifi-cação com outrem.

Blogse jornalismo

Logo que apareceram osblogshouve quem os identificasse(pelo menos a alguns) com o jornalismo. De facto, existemalguns que se caracterizam sobretudo pela informação quetransmitem, expõem opiniões e chegam mesmo a fazer en-trevistas o que em tudo os aproxima ao jornalismo. No en-tanto, e no nosso entender, estas são duas áreas distintas quenão devem ser confundidas. Uma das principais caracterís-ticas dosblogsportugueses prende-se com o facto de seremmuito opinativos e pouco informativos. Um grande númerode sítios, mesmo que se inclua na área da comunicação, tececomentários sobre a actualidade e vive por isso de outrosmeios de comunicação, como por exemplo dos jornais e doagendamento destes. As principais notícias do dia, que vêma público, através da imprensa, televisões e rádios, são mui-

36 Turkle, Sherry. A vida no ecrã. A identidade na era da Internet.Lisboa, Relógio d’Água, 1997, p. 263.

37 Idem, p. 261.

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tas vezes alvo de análise por parte dosbloggers, análisespor vezes interessantes que dão origem a debates e novoscomentários. Mas a verdade é que nem osblogssão jorna-lismo, nem osbloggersjornalistas, que têm uma formaçãoespecífica para o exercício da sua actividade. Qualquer pes-soa, de qualquer profissão ou área de interesse pode aderirao mundo da blogosfera cuja principal característica é serlivre e aberta a todos. Mas a verdade é que a blogosfera nãoexige técnicos qualificados ou profissionais especializadospara publicar seja o que for. Aos jornalistas é exigido acimade tudo rigor, num processo que deve passar pela pesquisa,selecção de dados e sua confirmação para depois se proce-der à redacção de notícias de forma a que estas sejam difun-didas para um grande público. “Osblogscarecem de algu-mas das capacidades necessárias para o bom desempenhodo jornalismo, tais como o acesso a várias fontes, a ediçãodos textos, a imparcialidade. Num órgão informativo, as no-tícias são editadas e revistas no âmbito da hierarquia exis-tente nas redacções, a informação recolhida é confirmadaem várias fontes”38.

Não devemos no entanto descurar a possibilidade destemeio poder vir a alterar o agendamento dos temas em dis-cussão na sociedade. Uma tarefa, até aqui conferida aos me-dia. Um exemplo disso, e saindo agora um pouco do meioportuguês, foi a segunda guerra do Golfo, em 2003. Algunsblogs assumiram-se como importantes espaços informati-vos e para além de permitirem a multiplicidade de opiniões,lançaram mesmo novas informações sobre o assunto. A ca-pacidade de mobilização da opinião pública para um deter-minado tema pode encontrar nestes sites um meio perfeito,uma vez que se tratam de espaços onde é possível mostrar o

38 Barbosa, Elisabete e Granado, António.Weblogs – Diário deBordo. Porto, Porto Editora. 2004, p. 52

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reverso da medalha, isto é, outros pontos de vista sobre umamesma questão, o que é, sem dúvida saudável. É no entantonecessário ressalvar o facto de estes mesmos espaços nãoreunirem a seriedade e deontologia da restante imprensa. Aforma de acesso às fontes, a imparcialidade e o estado deimpunidade para os autores anónimos dosblogssão factosa ter em conta.

“Percebe-se que, ao disporem pela primeira vez de umaforma de acesso directo às massas, até há pouco tempo re-servada a uma elite (a classe jornalística), os cidadãos seembriaguem com tal poder e se entusiasmem com a pos-sibilidade do acesso directo às fontes, a consulta de visõesdiferentes do enfoque típico dos jornais e a emissão das suaspróprias versões dos acontecimentos”39. Os blogs depen-dem muito da personalidade do seu autor, são escritos poruma ou mais pessoas que se conhecem, que têm qualquerafinidade ou motivação em comum, são sempre um poucopessoais, o que no jornalismo não pode acontecer nos câno-nes actualmente vigentes de profissionalismo.

A aproximação entrebloggerse jornalistas pode ser im-portante uma vez que ambos trabalham com assuntos queinteressam à sociedade, em menor ou maior grau. Os jor-nais eblogstêm algo em comum, para além da actualidade,permitem a aproximação com o público. O interesse dos jor-nalistas pelosblogsé notável, mas também o interesse dosbloggerspelo jornalismo é evidente, uma vez que há imen-sos que tratam assuntos relacionados com os media e como mundo da comunicação. Assumem-se com espaços privi-legiados de opinião, análise e discussão sobre várias áreastemáticas, incluindo o jornalismo. Um desses exemplos é o

39 Querido, Paulo e Ene, Luís. Blogs. Lisboa , Centro Atlântico,2003, p. 26.

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Ponto Media40, umblogde António Granado, onde é possí-vel encontrar informações sobre o mundo da comunicaçãocom ligações a artigos sobre esta temática, para além dis-cussões sobre vários assuntos, um deles debateu por exem-plo: o que são osweblogs? Este sítio dispõe do sistema decomentários, o que permite ao seu autor obter umfeedbackpor parte dos visitantes. Assim sendo, esteblog, à seme-lhança de muitos outros assume-se como um espaço refle-xivo possibilitando a análise e a discussão.

Outra curiosidade interessante na ligação dosblogsaojornalismo é a sua utilização crescente por alunos e pro-fessores desta área.Jornalismo e Comunicação41, foi umadas primeiras experiências realizadas em Portugal na uti-lização deste tipo desitesno sistema de ensino. Trata-sede um trabalho colectivo criado no âmbito do mestrado emInformação e Jornalismo da Universidade do Minho. Cominício em Abril de 2002, tem desde então problematizadovárias temáticas relacionadas com as Ciências da Comuni-cação. Para além disso expõe análises, sobretudo a artigosde imprensa, e permite comentários. “Os weblogs não sósão uma ferramenta muito fácil de pôr em prática, como sepodem tornar num importante instrumento de comunicaçãoentre os seus autores, a comunidade onde se inserem e a so-ciedade em geral. Numa escola, os weblogs podem ajudaralunos e professores a comunicar mais e melhor, sem ne-cessidade de grandes recursos tecnológicos ou financeiros,bastando apenas uma ligação à Internet”42. Outro exemplode umblog utilizado ao nível do ensino, desta vez numa li-cenciatura e também na Universidade do Minho é aAula de

40 http://www.ciberjornalismo.com/pontomedia.htm41 http://www.webjornal.blogspot.com42 Barbosa, Elisabete e Granado, António.Weblogs – Diário de

Bordo. Porto, Porto Editora. 2004, p. 69.

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Jornalismo43 que dá sobretudo informações sobre o cursoe sobre as várias actividades desenvolvidas. Disponibilizaainda ligações para os váriosblogs dos alunos que têm apossibilidade de publicar trabalhos realizados. Experiênciasidênticas a esta parecem continuar, uma delas está tambémjá em vigor na Universidade do Porto, onde noblog-jornalse procura profissionalismo e se esquecemblogsparecidos adiários íntimos ou onde predomina o narcisismo, trata-se doJornalismoPortoNet Weblog44. Associada a esta ideia surgiurecentemente, também na licenciatura em Jornalismo e Ci-ências da Comunicação da Universidade do Porto oJorna-lismoPortoRadio45 cuja novidade reside no facto de preten-der disponibilizar algumas produções radiofónicas realiza-das pelos alunos. Oblogconstitui um instrumento de apoioàs aulas de rádio e disponibiliza textos e artigos de opiniãosobre o tema. Estão também disponíveis entre outras coisas,várias ligações ablogse rádios nacionais, bem comolinkssobre a história da rádio para informar correctamente os fu-turos jornalistas e todos os interessados nesta arte.As vantagens na utilização deblogspara o ensino parecemassim um dado adquirido que promete dar muito que falar.Trata-se de aproveitar todas as potencialidades que a Inter-net pode oferecer, porque esta nova ferramenta é fácil depôr em prática e facilita a transmissão de informação entreprofessores e alunos. Para além disso são um espaço abertoa todos os interessados e à comunidade em geral.

43 http://auladejornalismo.blogspot.com44 http://blog.icicom.up.pt45 http://www.icicom.up.pt/blog/jpr

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Classificação deblogs

Se é difícil analisar osblogs, dada a grande diversidade exis-tente é ainda mais complicado fazer uma classificação dosmesmos. Numa área em constante mutação e crescimento évisível a variedade de temáticas abordadas onde transpare-cem múltiplas identidades e flúem diversas tendências, gos-tos, preocupações, tudo porque cada autor é único e osblogsresultam principalmente da personalidade de quem os criae os alimenta. A todas estas dificuldades acresce-se ainda ofacto de muitos ficarem inactivos enquanto a cada momentosurgem outros novos, e falamos apenas dos portugueses.

Raquel Recuero distinguiu duas grandes categorias deweblogs: diários electrónicos e publicações electrónicas. Osdiários electrónicos dizem respeito à vida pessoal de cadaindivíduo, funcionando como diários íntimos. As publica-ções electrónicas caracterizam-se sobretudo pela informa-ção que transmitem acerca de um determinado assunto (nor-malmente têm um tema central), sendo que os comentáriospessoais são evitados. Recuero fala ainda de uma terceiracategoria deweblogsque são as publicações mistas que re-sultam precisamente da mistura das duas categorias anteri-ores, ou seja, de um misto de informação com comentáriospessoais. Mas, na verdade, se olharmos para um conjuntodeblogsverificamos de imediato novas categorias, que atése podem integrar nas mencionadas anteriormente. Em Por-tugal, os primeiros a aventurarem-se nesta árdua tarefa daclassificação foram Paulo Querido e Luís Ene que separamosblogsda seguinte forma: humor, informativos, históricos,ciência & investigação, literários, cronistas, políticos, direc-tórios e internacionais.De facto, a classificação por categorias transmite uma per-cepção mais real da imensidão que a blogosfera adquiriu,

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os temas são quase tantos como o número de autores exis-tentes. Não é que uma classificação seja necessária, masnão deixa de ser aliciante e até importante para chegar aalgumas conclusões. Com base na divisão feita por PauloQuerido e Luís Ene, avançámos também para uma catalo-gação deblogsa título de exemplo. Existem muitas seme-lhanças com a que foi feita pelos autores mencionados, mastentámos adequar essa classificação a este trabalho. Assimsendo, incluímos na classificação, as seguintes grandes ca-tegorias: diários íntimos, publicistas ou cronistas e jorna-lísticos (jornalismo, comunicação e media). Podemos aindafalar em diferentes temas ou subcategorias que podem ounão integrar-se nas categorias anteriormente mencionadas.São eles: políticos, humor, literatura, ciência e investigação,históricos e cultura. Claro que esta atribuição surge a títuloexemplificativo do universo que podemos encontrar na blo-gosfera portuguesa, que é, sem dúvida alguma, muito maisamplo. Outros temas poderiam aqui ser incluídos, porque acada dia surgem novas iniciativas, novas áreas a que é dadodestaque. Concluímos que nada impede que umblog inse-rido numa determinada categoria não se insira também nou-tra. Por outro lado, todos têm um pouco de histórico porquevão acumulando um arquivo, vão deixando toda uma histó-ria para trás. No entanto, considerámos como históricos al-gunsblogsque se referem a momentos importantes da his-tória de Portugal ou do mundo. Na literatura descobrimosum aspecto interessante que só vem realçar a importânciaque osblogs adquirem a cada dia que passa. Realizou-seo primeiro concurso de literatura parablogs, que segundoo regulamento teve por objectivo “estimular a escrita, bemcomo a livre troca de ideias”. A preocupação e o cuidadocom a escrita são aliás, características que quase todos têmem comum, apesar de haver excepções. Apesar dos facto-

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res que os possam unir, há também sempre alguma coisaque os distingue uns dos outros. Um trabalho muito com-plicado que exige sobretudo tempo e que talvez seja possí-vel aprofundar numa próxima oportunidade. Apresentamosem anexo a lista deblogsque, para além de ter contribuídopara a realização deste trabalho, é exemplificativa de umapossível tipificação futura, mais aprofundada.

Conclusão

Chegados à conclusão deste trabalho é tempo de explicaralgo que ainda não foi feito até aqui, o porquê do seu tí-tulo: Blogs – Uma ágora na net. Recorde-se que aágoraera a praça pública onde se realizavam as assembleias (dopovo e do exército, por exemplo) e reuniões de carácter co-mercial, cívico, político e religioso na Grécia Antiga, umespaço onde todos podiam expor as suas ideias, sugestõese propostas. Para muitos, essaágora foi o verdadeiro berçoda democracia, uma vez que aí os cidadãos praticavam a li-berdade de pensamento e expressão em domínios como asartes, a política e a filosofia. Acontece que osblogsconsti-tuem um espaço onde qualquer pessoa (que tenha acesso àInternet) pode dizer o que pensa sobre um determinado as-sunto, um espaço que proporciona a troca de conhecimentoe muitas vezes impulsiona o debate. Transpomos assim aágora, que ocupava na sua génese um espaço físico, umapraça pública delimitada, para um espaço virtual proporci-onado pela Internet.Esse espaço de liberdade total no que diz respeito à trocade ideias permitiu que aplicássemos o conceito de esferapública defendido por Habermas. A importância atribuídapor este autor aos espaços informais de discussão é atri-buída também por nós aosblogs, que permitem a igualdade

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de estatuto, na medida em que qualquer indivíduo se podepronunciar com liberdade de problematização, uma vez quetodos os assuntos podem ser abordados. Segundo Haber-mas, a esfera pública burguesa entrou em decadência como início do capitalismo industrial e da democracia de mas-sas. Ora com o aparecimento dosblogssão permitidas no-vas aparições do “eu” no espaço público, o que dá origema uma nova forma de mediação entre o público e o privado.Estamos perante a subjectividade da afirmação do “eu” emforma de diário, porque osblogssão isso mesmo, um diá-rio em formato electrónico. É também este fenómeno quevem permitir o regresso do publicismo, que havia desapa-recido com a profissionalização do jornalismo e com o iní-cio da gestão industrial. Os intelectuais que davam a suaopinião nos jornais do século XIX, sem serem jornalistas,parecem estar de volta e assinam verdadeiras crónicas nosblogs, alguns dos textos publicados conseguem ser bem me-lhores do que muitos dos artigos de opinião publicados naimprensa escrita. Observamos também que o principal ob-jectivo de muitosbloggersé apresentarem-se a si própriosde forma exaustiva, por vezes até de forma narcisista e exi-bicionista, utilizando para tal fotografias, poemas e as maisvariadas imagens. Trata-se de uma lógica que tem a sua ori-gem no século XIX e que parece agora repetir-se. O indiví-duo apresenta-se a si próprio, mas no fundo procura que asua individualidade seja reconhecida pelos outros.Os blogspartem sem dúvida da iniciativa pessoal e resul-tam dos gostos e tendências do seu autor ou autores, masacabam por dar origem à existência de verdadeiras comuni-dades. Através doslinks criados na página de cada um des-tessites, que por sua vez, conduzem a outros, e através dosistema de comentários, que cada vez mais é permitido, sur-gem as comunidades a que podemos chamar virtuais. Claro

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que nem todos podem ser chamados ou incluídos em co-munidades virtuais, mas alguns deles são. Finalmente, comos blogssurge todo um conjunto de processos de constru-ção de identidades. Indivíduos ou grupos constroem a suaidentidade integrando-se numa comunidade ou separando-se dela, afirmando-se assim pela autonomia e diferença emrelação aos outros. Osblogspermitem que qualquer “eu”com qualquer identidade diga o que pensa, opiniões quepossivelmente não transmitiria de outro modo.Osblogsnão podem ser considerados jornalismo, apesar deexistirem alguns que se caracterizam essencialmente pelainformação que transmitem. Estes sítios carecem de algu-mas das capacidades necessárias para o bom desempenhodesta actividade, tais como o acesso a várias fontes, a im-parcialidade e a edição dos textos. O estado de impunidadepara os autores dosblogs, muitas vezes anónimos, é tam-bém um facto a ter em conta. Mas, chegámos à conclusãoque a aproximação entrebloggerse jornalistas pode ser im-portante uma vez que ambos trabalham com assuntos queinteressam à sociedade, em menor ou maior grau. Não sepodem é confundir as duas actividades.Os blogsassumem-se como espaços privilegiados de opi-nião, análise e discussão sobre várias áreas temáticas, in-cluindo o jornalismo e têm a possibilidade de ser utilizadosno ensino como já verificámos. Trata-se de um fenómenoque tem cada vez mais adeptos e que parece não parar decrescer. Acreditamos que o nascimento de umblog, sejaele de que natureza for, tem por objectivo, ser lido por al-guém. A sua classificação por categorias torna-se compli-cada, porque envolve cada vezes mais pessoas, cada umacom sensibilidades próprias. Uma classificação, que paraser mais rigorosa, exigiria mais tempo e uma pesquisa in-tensiva. Não será de todo arriscado dizer que osblogssão

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uma área onde ainda há muito por explorar, e que não pa-rará de crescer, porque haverá sempre quem queira apostarmais no seublog. A tecnologia está aí para dar uma ajuda.

Bibliografia

BARBOSA, Elisabete, GRANADO, António.Weblogs – Diá-rio de Bordo. Porto, Porto Editora, 2004.

CASTELLS, Manuel.A era da informação: economia, so-ciedade e cultura. A sociedade em rede. Volume I, Lis-boa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2003.

CASTELLS, Manuel.A era da informação: economia, so-ciedade e cultura. O Poder da Identidade. Volume II,Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2002.

CORREIA, João Carlos.Alice nas janelas do ecrã: algu-mas reflexões sobre identidade e género na era da net,Ágora Net – Revista de Novos Media e Cidadania, n.o

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CORREIA, João Carlos.Novo jornalismo – CMC e EsferaPública in Mundo Online da Vida e Cidadania. Infor-mação e Comunicação Online, Volume III. Covilhã,Universidade da Beira Interior, 2003.

HABERMAS, Jürgen.Mudança Estrutural na Esfera Pú-blica. Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, 1994.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. Lisboa, Instituto Piaget, col.Epistemologia e Sociedade, 2000.

LÉVY, Pierre.As tecnologias da inteligência. O futuro dopensamento na era da informática. Lisboa, InstitutoPiaget, Col. Epistemologia e Sociedade, 1994.

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LIPOVETSKY, Gilles.A era do vazio. Ensaios sobre o indi-vidualismo contemporâneo. Lisboa, Relógio d’ Água,1989.

QUERIDO, Paulo e ENE, Luís.Blogs. Lisboa, Centro Atlân-tico, 2003.

RECUERO, Raquel da Cunha. ComunidadesVirtuais – Umaabordagem teórica. BOCC, 2003.

RECUERO, Raquel da Cunha. Weblogs, webrings e comu-nidades virtuais. BOCC, 2003.

RECUERO, Raquel da Cunha. Warblogs: Os Blogs, a Guerrado Iraque e o jornalismo on-line. BOCC, 2003.

SANTOS, Rogério.Os novos media e o espaço público.Lisboa, Gradiva, 1998.

RHEINGOLD, Howard.A comunidade virtual. Lisboa, Gra-diva, 1996.

SILVEIRINHA, Maria João.A conformação das identida-des nas democracias liberais. Comunicação e media-ções sociais. Texto policopiado, Tese de Doutoramentoem Ciências da Comunicação, Faculdade de CiênciasSociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa,2001.

TONINELO, Carmela.Abrace os blogs: Um estudo empí-rico sobre o processo de recepção em weblogs. Textopolicopiado, monografia de conclusão do curso de Jor-nalismo. Universidade de Vale do Rio dos Sinos, 2003.Disponível em: www.meltoni.com/monografia-carmela-toninelo.htm

Agora.Net # 4

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TURKLE, Sherry.A vida no ecrã. A identidade na era daInternet. Lisboa, Relógio d’Água, 1997.

WOLTON, Dominique.E depois da Internet? Para uma te-oria crítica dos novos medias.Lisboa, Difel, 2000.

ZAMITH, Fernando. Blog-jornais: As experiências da Uni-versidade do Porto, BOCC, 2003.

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Anexos

Lista de Blogs

Grandes categorias:

Diários Íntimos

Nome:Crónicas MatinaisSubtítulo: Pedaços de escrita, ideias e sensações. Coisasde pele.Endereço: http://www.cronicasmatinais.blogspot.com/Autor: AnaSistema de comentários: tem

Nome:Diário de um desconhecidoSubtítulo: “Eu abro-te a porta do voyerismo, porque tunão me conheces. . . Mas, depois de aberta passas aconhecer-me”.Endereço: http://www.diariodesconhecido.blogspot.com/Autor: Rita DuarteSistema de comentários: tem

Nome:MarcianaSubtítulo: não temEndereço: http://www.marciana.org/Autor: Rita DuarteSistema de comentários: tem

Agora.Net # 4

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Nome:Voz do DesertoSubtítulo: não temEndereço: http://www.vozdodeserto.blogspot.com/Autor: Tiago de Oliveira CavacoSistema de comentários: não tem

Nome:VistalegreSubtítulo: Algumas palavras no shaker; plenas desentimentoEndereço: http://vistalegre.blogspot.com/Autor: AnónimoSistema de comentários: tem

Publicistas ou cronistas

Nome:AbruptoSubtítulo:...M’ espanto às vezes, outras m’ avergonho. . .(Sá de Miranda)Endereço: http://abrupto.blogspot.com/Autor: José Pacheco PereiraSistema de comentários: Não tem

Nome:AvizSubtítulo: Comentários e delírios.We have no morebeginnings. George SteinerEndereço: http://aviz.blogspot.com/Autor: Francisco José ViegasSistema de comentários: Não tem

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Nome:BarnabéSubtítulo: O que é que tem o Barnabé que é diferentedos outros?Endereço: http://barnabe.weblog.com.pt/Autor: Barnabé Rebelo de SousaSistema de comentários: Tem

Nome:Contra a CorrenteSubtítulo: "Liberty is liberty, not equality or fairness orjustice or human happiness or a quiet conscience."Isaiah BerlinEndereço: http://www.contra-a-corrente.blogspot.com/Autor: CarlosSistema de comentários: Tem

Nome:Dicionário do DiaboSubtítulo: Um blog de Pedro MexiaEndereço: http://www.dicionariododiabo.blogspot.com/Autor: Pedro MexiaSistema de comentários: Não tem

Nome:Janela IndiscretaSubtítulo: Não temEndereço: http://janela-indiscreta.blogspot.com/Autor: Ana Alves, António Rebelo, Cristina Fernandes,Lídia Pereira, Luís Rei e Marta AlmeidaSistema de comentários: Tem

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Nome:Mar SalgadoSubtítulo: Mar de opiniões, ideias e comentáriosEndereço: http://www.marsalgado.blogspot.com/Autor: AnónimoSistema de comentários: Não tem

Nome:Opinion DesmakerSubtítulo: Desfazedor de rebanhosEndereço: http://www.opiniondesmaker.blogspot.com/Autor: AntónioSistema de comentários: Não tem

Narcisistas

Nome:aDeusSubtítulo: Como dar um beijo nas próprias costasEndereço: http://a-deus.blogspot.com/Autor: AnónimoSistema de comentários: Não tem

Nome:A Espada RelativaSubtítulo: trapézio numa lâmina de dois gumesEndereço: http://espadarelativa.blogspot.com/Autor: anónimoSistema de comentários: tem

Nome:Ana. . .Subtítulo: não temEndereço: http://anafms.weblogger.terra.com.br/Autor: Ana SilvaSistema de comentários: não tem

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Nome:Jazz MortoSubtítulo: Os dias do cãoEndereço: http://www.jazzmorto.blogspot.com/Autor: Ricardo BernardoSistema de comentários: Não tem

Jornalismo, comunicação e media

Nome:Aula de JornalismoSubtítulo: Weblog das turmas de jornalismo daUniversidade do MinhoEndereço: http://aulajornalismo.blogspot.com/Autores: Docentes e alunosSistema de comentários: Não tem

Nome:Indústrias CulturaisSubtítulo: Weblog sobre pesquisas e leituras que estou afazer no domínio das indústrias culturais.Endereço: http://industrias-culturais.blogspot.com/Autor: Rogério SantosSistema de comentários: Tem

Nome:Fim do JornalismoSubtítulo: Não temEndereço: http://fimdojornalismo.blogspot.com/Autor: JoelSistema de comentários: Tem

Agora.Net # 4

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Nome:Jornalismo e ComunicaçãoSubtítulo: Trabalho colectivo criado no âmbito domestrado em Informação e Jornalismo da Universidadedo Minho.Endereço: http://www.webjornal.blogspot.comAutores: Alunos e docentes do mestradoSistema de comentários: Tem

Nome:JornalismoPortoNet WeblogSubtítulo: Licenciatura em Jornalismo e Ciências daComunicação da Universidade do Porto.Endereço: http://blog.icicom.up.ptAutores: Alunos e docentes do cursoSistema de comentários: Tem

Nome:JornalismoPortoRadioSubtítulo: Trabalho colectivo criado no âmbito domestrado em Informação e Jornalismo da Universidadedo Minho.Endereço: http://www.icicom.up.pt/blog/jprAutores: Alunos e docentes do cursoSistema de comentários: Tem

Nome:Ponto MediaSubtítulo: Weblog de António GranadoEndereço: http://cibernalismo.com/pontomedia.htmAutor: António GranadoSistema de comentários: Não tem

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Nome:Teorias da ComunicaçãoSubtítulo: Textos sobre comunicação, apontamentos,notas de leitura e roteiros de aulasEndereço: http://teorias-comunicacao.blogspot.com/Autor: Rogério SantosSistema de comentários: Não tem

Subcategorias

Políticos

Nome:Blogue de EsquerdaSubtítulo: Política, cultura, ideias, manifestos e etc.Endereço: http://bde.weblog.com.pt/Autores: José Manuel Silva e Mário Deniz SilvaSistema de comentários: Tem

Nome:Blogue Social PortuguêsSubtítulo: Alternativus globalisssplusitanicusEndereço: http://blogosocialportugues.blogspot.com/Autor: Paulo PereiraSistema de comentários: Tem

Nome:BloguiticaSubtítulo: Não temEndereço: http://bloguitica.blogspot.com/Autor: Paulo GorjãoSistema de comentários: Não tem

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Nome:De DireitaSubtítulo: Não temEndereço: http://dedireita.blogspot.com/Autor: AnónimoSistema de comentários: Não tem

Nome:GeopolíticaSubtítulo: Não temEndereço: http://geopolitica.weblog.com.pt/Autor: Nuno SousaSistema de comentários: Tem

Nome:O SedentárioSubtítulo: Jornada a jornada, para lá da espumaEndereço: http://osedentario.blogspot.com/Autor: AnónimoSistema de comentários: Tem

Humor

Nome:Blogue dos MarretasSubtítulo: Marretada neles!Endereço: http://marretas.blogspot.com/Autores: Animal, Statler e WaldorfSistema de comentários: tem

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Nome:Gato FedorentoSubtítulo: Um blog com opiniões, nenhuma das quaisdevidamente fundamentada.Endereço: http://www.gatofedorento.blogspot.com/Autores: Tiago Dores, Miguel Góis, Ricardo de AraújoPereira e Zé DiogoSistema de comentários: não tem

Nome:O Meu Pipi (desactualizado)Subtítulo: Blog a pisar o risco do mau gosto, mas sem oultrapassar.Endereço: http://omeupipi.blogspot.com/Autor: AnónimoSistema de comentários: tem

Literatura

Nome:CitadorSubtítulo: Blogue de Divulgação de Citações, Aforis-mos, pensamentos e Opiniões Literárias do SiteCitador.ptEndereço: http://citador.weblog.com.pt/Autor: PNS (Anónimo)Sistema de comentários: Tem

Nome:ENE COISASSubtítulo: Sim, é mesmo isso. Ene coisas sobre ler eescrever. Daqui e dali.Endereço: http://milmaisumaleiturascom.net/Autor: Luís EneSistema de comentários: Tem

Agora.Net # 4

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Nome:Escrita IbéricaSubtítulo: Literatura, terrorismo social e psicoterapiacríticaEndereço: http://escritaiberica.weblog.com.pt/Autor: Fernando Esteves PintoSistema de comentários: Tem

Nome:MARE TRANQUILLITATISSubtítulo: Não temEndereço: http://www.mardatran.blogspot.com/Autor: AnónimoSistema de comentários: Não tem

Nome:O MiradouroSubtítulo: cercar com um muro de palavras um terrenovasto de ideiasEndereço: http://omiradouro.blogspot.com/Autor: CarlosSistema de comentários: Tem

Ciência e Investigação

Nome:A aba de HeisenbergSubtítulo: A incerteza como princípioEndereço: http://abaheisenberg.blogspot.com/Autores: VáriosSistema de comentários: Tem

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Blogs: uma ágora na net 45

Nome:A Formiga de LangtonSubtítulo: Ciência, complexidade, vida artificial,auto-organização, novos media e sociedade.Endereço: http://a-formiga-de-langton.blogspot.com/Autor: AntColonySistema de comentários: Não tem

Nome:A Geo(B)lógiaSubtítulo: Tudo o que nunca quis saber sobregeologia. . .Endereço: http://geoblogia.blogspot.com/Autor: Nelson SantosSistema de comentários: Tem

Nome:Médico explica medicina a intelectuaisSubtítulo: São tantos os dislates que se ouvem e lêem,por vezes inconscientes, que decidi esclarecer quem meprocurar, para que os jornalistas (e outros intelectuais!)sejam o veículo para os ‘media’ não fomentarem eiliteracia científica.Endereço: http://medicoexplicamedicinaaintelectuais.blogspot.com/Autores: UBAR – União dos blogs anónimosresponsáveis.Sistema de comentários: Não tem

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Nome:MetablogueSubtítulo: Espaço de recolha de observações,considerações e reflexões sobre os blogues e o blogging.Endereço: http://www.metablogue.weblog.com.pt/Autores: Joaquim Paulo Nogueira, João L. Nogueira,Bruno Sena Martins, Pedro Fonseca, Paulo Querido eFerran Moreno.Sistema de comentários: Não tem

Nome:SocioblogueSubtítulo: Diário de campo: observações, reflexões einterrogações sociológicas.Endereço: http://a-formiga-de-langton.blogspot.com/Autor: João L. NogueiraSistema de comentários: Não tem

Históricos

Nome:Estudos Sobre ComunismoSubtítulo: Não temEndereço: http://www.estudossobrecomunismo.weblog.com.pt/Autor: José Pacheco PereiraSistema de comentários: Tem

Nome:{Guerra Civil Espanhola}Subtítulo: Estudos sobre a guerra civil espanholaEndereço: http://1936-1939.blogspot.com/Autor: T. RibeiroSistema de comentários: Não tem

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Nome:TemporeSubtítulo: A cronos.Endereço: http://tempore.blogspot.com/Autor: AnónimoSistema de comentários: Tem

Cultura

Nome:Arte-FactosSubtítulo: Weblog sobre cultura dos alunos deJornalismo e Ciências da Comunicaçãoda Universidade do Porto.Endereço: http://icicom.up.pt/blog/artefactos/Autores: Alunos de Jornalismo e Ciências daComunicação da Universidade do Porto.Sistema de comentários: Tem

Nome:Cinema ParaísoSubtítulo: Comentários, críticas e opiniões sobrecinema em geral, neste caso sobre filmes vistos nopassado e no presente.Endereço: http://cinemaparaiso.blogs.sapo.pt/Autor: MarizzaSistema de comentários: Tem

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Nome:É a cultura, estúpidoSubtítulo: Página oficial dos encontros mensais “É acultura, estúpido”. Com um bocado de sorte serátambém o diário cultural que toda a gente tem estadoà espera.Endereço: http://cultura-estupido.blogspot.com/Autor: AnónimoSistema de comentários: Não tem

Nome:Tasca da CulturaSubtítulo: Não temEndereço: http://tascadacultura.blogspot.com/Autor: O Bom SelvagemSistema de comentários: Tem

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