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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES MÁRIO AUGUSTO CHARRO INDICADORES METABÓLICOS NA ESTRUTURAÇÃO E ORIENTAÇÃO DO TREINAMENTO DE FORÇA MUSCULAR MOGI DAS CRUZES, SP 2007

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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES MÁRIO AUGUSTO CHARRO

INDICADORES METABÓLICOS NA ESTRUTURAÇÃO E ORIENTAÇÃO DO TREINAMENTO DE FORÇA MUSCULAR

MOGI DAS CRUZES, SP 2007

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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES MÁRIO AUGUSTO CHARRO

INDICADORES METABÓLICOS NA ESTRUTURAÇÃO E ORIENTAÇÃO DO TREINAMENTO DE FORÇA MUSCULAR

Dissertação apresentada ao curso

de Mestrado em Biotecnologia da

Universidade de Mogi das Cruzes

como parte dos requisitos para a

conclusão do curso.

Prof. ORIENTADOR: Dr. Reury Frank Pereira Bacurau

MOGI DAS CRUZES, SÃO PAULO 2007

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AGRADECIMENTOS

Inicio meus agradecimentos pelos meus pais, Joaquim dos Santos Charro e

Therezinha Prioli Charro, que devido ao seu suor, sacrifício, cobranças, amor,

dedicação e prazer com que me encaminharam nos estudos, desde as primeiras séries

até a conclusão da minha graduação em Educação Física, deram o primeiro grande

passo para minha formação profissional e pessoal. Pai e Mãe, eu os amo muito!!!

Agradeço a minha esposa e amiga Sueli Gomes Charro, por sua determinação e

dedicação, dando o apoio e o suporte necessários para que possamos atingir nossos

objetivos de vida. Alice, você é uma grande companheira.

Aos meus filhos Daniel Charro e Giuliana Charro, por existirem e com isso me

fazerem a pessoa mais feliz do mundo. Filhos, vocês são a razão da minha vida.

Ao meu irmão Marco Antonio Charro, um grande amigo e companheiro de todas

as horas. Guidão tenho muito orgulho de ser seu irmão, você é um cara especial.

Ao meu orientador e amigo Reury Frank Pereira Bacurau, depois de vários anos

de companheirismo, trabalhando um tanto e dando outro tanto de risadas, posso

afirmar com toda certeza que é uma pessoa acima da média. Frank, obrigado pela força

e apoio que sempre dispensou, você é um grande amigo.

Aos meus grandes companheiros desta jornada profissional, Ruy Calheiros e

Paulo Marchetti. Além de grandes parceiros profissionais, dois amigos que dificilmente

nesta vida, ou em outras, encontrarei tanta amizade e companheirismo. É muito

importante saber que vocês estão sempre ao meu lado, para o que der e vier.

Aos meus grandes amigos especiais: Eduardo Aguiar, Aylton Figueira Jr., Denis

Foschini, Marcelo Húngaro, Francisco Navarro, Luciano Pontes Jr, Luis Otávio

Moscatello (Tavicco), Artur Monteiro, Andréa Hernandes, Maurício Teodoro, Zenaide

Galvão, Irene Hernandes, Luciano Nardelli. Amigos vocês fazem a diferença.

A fantástica diretoria (amigos eternos) Alexandre Strauch, Paulo Arid, Isabel

Sampaio e Lílian Franco. A vida com vocês é muito melhor!!!

A todos que ajudaram para a concretização deste (sem vocês este trabalho não

seria possível):

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Dr. Rogério Gentil Bellot (Faculdade de Ciências Biológicas da UMESP);

Dra. Carla Gonçalves Talib (LABMESP);

Dr. Edmar (Laboratório de Analises Clínicas da Universidade IMES);

Drdo. Aylton Figueira Jr. (Universidade IMES);

Drdo. Denis Foschini (UMESP);

Ms. Carlos Eduardo Panfílio (Universidade IMES);

Ms. Fabio Ceschini (Faculdade de Diadema);

Esp. Luciano Nardelli (UMESP);

Prof. Esp. Ricardo Campos de Oliveira (UMESP);

Ac. Mara Ligia Cardoso (Universidade IMES);

Alunos formandos do Curso de Educação Física do IMES (2º semestre de 2007).

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RESUMO

O treinamento de força é utilizado com vários propósitos, mas particularmente para aumentar a massa muscular e a força. Nesse contexto, muitas variações na elaboração de seções de treinamento de força têm sido prescritas. Basicamente, as variações envolvem a ordem dos exercícios ou a manipulação das variações agudas do treinamento de força (sistemas de treinamento). De acordo com a crença popular, isto irá otimizar as respostas fisiológicas (ex. respostas hormonais e metabólicas) a seção de treinamento de força. Uma vez que hormônios e metabólitos “traduzem” o estímulo de treinamento em adaptação, a variabilidade nas seções de treinamento irá otimizar os resultados desse tipo de treinamento. Apesar disso, tal crença carece de evidências científicas. Portanto, o objetivo do presente estudo foi comparar as mudanças metabólicas e hormonais produzidas por duas seções de treinamento de força muito similares quanto à carga total, mas elaboradas de modo a caracterizarem dois sistemas de treinamento diferentes (convencional e piramidal). Dez sujeitos participaram de ambas as seções de treinamento de força sendo a ordem de realização aleatoriamente determinada e observando um intervalo de uma semana entre cada seção. Amostras de sangue foram coletadas antes, imediatamente após, 24, 48 e 72 horas após o término de cada seção de treinamento e a partir das mesmas foram realizadas análises de glicose, lactato, hormônio do crescimento, testosterona, cortisol, insulina e creatina quinase. Nossos dados demonstram que ambas as seções de treinamento promoveram mudanças nas concentrações plasmáticas de todos os parâmetros avaliados; entretanto, não houve diferença significativa nos valores observados entre as duas seções de treinamento. Assim, os resultados do presente estudo sugerem que parâmetros hormonais e metabólicos não são influenciados pela manipulação das variáveis agudas do treinamento de força (isto é, em relação ao sistema de treinamento) quando a carga total é similar.

Palavras chave: Treinamento de força muscular, sistemas de treinamento, musculação, metabólitos, hormônios, dano muscular.

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ABSTRACT

Resistance training is utilized with several proposes but particularly to increase muscle mass and strength. In this context, many variations in the design of resistance training sections have been prescribed. Basically, the variations involve the exercise order or the manipulation of the acute resistance training variables (training systems). According with the popular belief, this will optimize the physiological responses (e.g. hormonal and metabolic responses) to resistance training section. Since hormones and metabolites “translate” the training stimulus into adaptation, the variability in resistance training sections would optimize the results of this type of training. Notwithstanding, such belief has no scientific support. Therefore, the aim of the present was to compare the metabolic and hormonal changes produced by two resistance training sections very similar in their total load but designed in such a way to constitute two different training systems (constant intensity and variable intensity). Ten subjects performed both resistance training sections in an aleatory order with a week of interval between them. Blood samples were collected before, immediately after, 24, 48 and 72 hours after the end of each training section and the analysis of glucose, lactate, growth hormone, testosterone, cortisol, insulin and creatine kinase were performed. Our findings demonstrate that both training sections promoted changes in the plasmatic levels of all parameters evaluated; however, there were no significant differences among the results of the two training systems. These results suggest that metabolic and hormonal parameters are not influenced by the variation of acute resistance training variables (i.e. training system) when total load are similar. Key words: resistance training, training systems, metabolites, hormones, muscular damage.

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LISTA DE FIGURAS

Página

FIGURA 1 – Posição inicial e posição final para a realização do exercício supino regulamentar .......................................................

32

FIGURA 2 – Posição inicial e posição final para a realização do exercício supino regulamentar .......................................................

33

FIGURA 3 – Posição inicial e posição final para a realização do exercício supino regulamentar .......................................................

34

FIGURA 4 – Representação esquemática das coletas de sangue realizadas. Antes e imediatamente após o protocolo de treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de cada sessão de treinamento....................................................................

37

FIGURA 5 – Gráfico 1. representa as variações de insulina na corrente sanguínea antes, imediatamente após os protocolos de treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de cada sessão.............................................................................................

47

FIGURA 6 – Gráfico 2. representa as variações de glicose na corrente sanguínea antes, imediatamente após os protocolos de treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de cada sessão.............................................................................................

47

FIGURA 7 – Gráfico 3. representa as variações de testosterona na corrente sanguínea antes, imediatamente após os protocolos de treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de cada sessão....................................................................................

48

FIGURA 8 – Gráfico 4. representa as variações de cortisol na corrente sanguínea antes, imediatamente após os protocolos de treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de cada sessão.............................................................................................

48

FIGURA 9 – Gráfico 5. representa as variações de creatina quinase na corrente sanguínea antes, imediatamente após os protocolos de treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de cada sessão..................................................................

49

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FIGURA 10 – Gráfico 6. representa as variações na relação testosterona / cortisol antes, imediatamente após os protocolos de treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de cada sessão....................................................................................

49

FIGURA 11 – Gráfico 7. representa as variações de GH na corrente sanguínea antes, imediatamente após os protocolos de treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de cada sessão ............................................................................................

50

FIGURA 12 – Gráfico 8. representa as variações de ácido lático na corrente sanguínea antes, imediatamente após os protocolos de treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de cada sessão....................................................................................

50

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LISTA DE TABELAS

PÁGINA

Tabela 1 – Exemplo dos métodos convencional e piramidal .............. 25

Tabela 2 – Distribuição das variáveis antropométricas e idade .......... 41

Tabela 3 – Estatística do método convencional de treinamento ......... 43

Tabela 4 – Estatística do método piramidal de treinamento ............... 45

Tabela 5 – Estatística da comparação pré-treino ............................... 51

Tabela 6 – Estatística da comparação pós-treino ............................... 52

Tabela 7 – Estatística da comparação após 24 horas ........................ 53

Tabela 8 – Estatística da comparação após 48 horas ........................ 54

Tabela 9 – Estatística da comparação após 72 horas ........................ 55

Tabela 10 – Estatística Comparação Leucograma tradicional vs. piramidal e pré vs. pós exercício ................................

57

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

ADP Adenosina Di-fosfato.

ATP Adenosina Tri-fosfato.

CEP Comitê de Ética em Pesquisa.

CK Cretina quinase.

CVM Contração Voluntária Máxima � Também chamada de 1RM (uma repetição máxima).

DNA Ácido Desoxirribonucléico

GH Hormônio do Crescimento.

IGF Insulin-like Growth Factors (Fatores de Crescimento Semelhantes à Insulina).

LABMESP Laboratório de Análises Clínicas da Universidade Metodista de São Paulo.

mRNA Ácido Ribonucléico Mensageiro

µUI/ml Micro-Unidades por Mililitro.

ng/dL Nanograma por Decilitro.

ng/mL Nanograma por Mililitro.

nmol/L Nanomol por Litro.

RM’s Repetições Máximas.

RTC Relação Testosterona / Cortisol.

S Desvio Padrão.

SGA Síndrome Geral da Adaptação.

U/L Unidades por Litro.

UMESP Universidade Metodista de São Paulo.

VO2Máx. Volume Máximo de Oxigênio.

X Média Aritmética.

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SUMÁRIO

PÁGINA

1. Introdução ....................................................................................... 13

1.1. Treinamento de força ........................................................ 14

1.2. Treinamento de força, metabólitos e hormônios .............. 16

1.3. Sistemas de treinamento de força .................................... 20

1.4. Sistema convencional e sistema piramidal ....................... 23

2. Justificativa e relevância ................................................................. 27

3. Objetivo .......................................................................................... 28

4. Método ............................................................................................ 29

4.1. Seleção dos Sujeitos ........................................................ 29

4.2. Recomendações nutricionais ............................................ 30

4.3. Determinação das Intercorrências Clínicas ...................... 30

4.4. Avaliação da força muscular ............................................. 30

4.4.1. Teste de força máxima (CVM) ....................................... 30

4.5. Protocolo de treinamento .................................................. 31

4.6. Variáveis agudas do treinamento estudadas .................... 35

4.7. Horário de treino proposto ................................................ 36

4.8. Avaliações Antropométricas ............................................. 36

4.9. Coleta do sangue .............................................................. 37

4.10. Análises Sanguíneas ...................................................... 38

4.11. Análise Estatística .......................................................... 39

5. Resultados ..................................................................................... 41

5.1. Caracterização da Amostra .……..………………...………. 41

6. Discussão ....................................................................................... 59

7. Conclusões e sugestões ................................................................ 69

8. Referências bibliográficas .............................................................. 70

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Anexo 1 – Aspectos éticos e legais ................................................ 77

Anexo 2 – Intercorrências clínicas ................................................. 82

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13

1 INTRODUÇÃO

Em várias modalidades esportivas como em levantamentos de peso e

levantamentos básicos na musculação, provas de velocidade no atletismo e na

natação, ou em competições de remo, por muitas vezes o sucesso está condicionado à

produção de mais esforço físico que os indivíduos contra os quais se está competindo.

Assim, o que caracteriza tais modalidades esportivas é a tentativa constante de

aprimorar a capacidade orgânica de produzir um determinado tipo de esforço. O que só

é possível devido ao fato de que independente da capacidade física de um indivíduo

num determinado momento de sua vida, essa mesma capacidade quase sempre pode

ser aumentada por meio da aplicação repetida de estímulos, processo conhecido como

treinamento físico (BOMPA, 2002).

Apesar de permitir aumento no nível de aptidão física e conseqüentemente no

rendimento físico e esportivo, o efeito deste tipo de treinamento não é o mesmo ao

longo do tempo, pois à medida que o organismo melhora, novas adaptações tornam-se

gradualmente mais difíceis de serem obtidas. Nesse sentido, os indivíduos que

trabalham com o treinamento físico se interessam em conhecer os mecanismos por

meio dos quais os estímulos promovem adaptações, o que permitiria estar sempre

interferindo na forma de aplicar o estímulo e continuar obtendo estas adaptações

(FLECK, 2006).

Contudo, esses mecanismos não podem ser identificados apenas por meio de

quanto o desempenho aumentou (VIRU & VIRU, 2001). A constatação de que a

velocidade aumentou em 3%, por exemplo, não explica como isso aconteceu. Se as

adaptações promovidas pela prática regular de exercício tornam o organismo mais

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eficiente para realizar o esforço, torna-se importante investigar onde estas adaptações

ocorrem e por quais motivos. Baechle (2000) sugere que tais adaptações ocorrem não

em sua totalidade, mas em grande parte, nos componentes celulares associados ao

metabolismo energético.

No organismo, a maior produção de energia é organizada pelo chamado controle

metabólico (FELL, 1997). Que por meio da estimulação/inibição da atividade enzimática

influencia as taxas e processos metabólicos. Considerando sua organização, o controle

metabólico é o resultado da interação de três “níveis” diferentes do funcionamento do

organismo: a autoregulação celular, a regulação hormonal e a regulação nervosa (VIRU

& VIRU, 2001). Então, os mecanismos pelos quais o treinamento físico promove

adaptações podem ser investigados, por exemplo, por meio da avaliação do estado

metabólico corporal. O que é feito, por sua vez, pela avaliação de vários metabólitos e

substratos encontrados no sangue, na urina, saliva e/ou suor (TREMBLAY & CHU,

2000; VIRU & VIRU, 2001). Obviamente a utilização de metabólitos e substratos

pressupõem que se saiba em que ponto do metabolismo tais substâncias estão

presentes. Isto é, em quais “pontos” do metabolismo energético elas estão atuando ou

são produzidas.

1.1 Treinamento de Força

O melhor desempenho para um indivíduo também se caracteriza pela maior

capacidade de produzir força e/ou potência muscular (BAECHLE et al., 2000). Uma

forma de induzir aumentos de força conhecida desde a antiguidade é o chamado

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treinamento com pesos, ou simplesmente, treinamento de força (FLECK & KRAEMER,

1997).

Este aumento na força muscular geralmente leva a aumentos no volume

muscular, redução do percentual de gordura corporal, melhoria no desempenho motor e

no desempenho atlético. Como este tipo de força é a capacidade de produzir tensão

muscular contra uma resistência, e esta pode ser para cada ângulo articular ou

movimento específico, entende-se que o treinamento para aumentá-la pode ser

realizado sem a produção de movimento (treinamento estático) ou com a produção de

movimento (treinamento dinâmico). Em relação aos resultados supracitados, a forma

mais utilizada para obtê-los é o treinamento dinâmico.

Durante a execução do treinamento de força, o número máximo de repetições

(RM’s) que o indivíduo consegue realizar, é um dos fatores determinantes da

intensidade caracterizando-a como baixa, média ou alta. Este número máximo de

repetições que uma pessoa pode realizar com determinado peso, corresponde a uma

porcentagem do peso máximo que essa mesma pessoa levantaria uma única vez (sua

contração voluntária máxima – CVM). Assim sendo, foi estabelecida uma relação entre

quantas repetições podem ser realizadas em determinadas porcentagens do máximo

do indivíduo para o exercício em questão (BAECHLE et al., 2000).

Observações realizadas ao longo de anos de prática demonstraram uma

associação entre o número de repetições e a predominância do tipo de adaptação em

função do treinamento de força. Nesse contexto, observou-se que intensidades

elevadas (85-100% da CVM) geralmente promovem aumentos de força e/ou potência

(determinada principalmente pela velocidade de execução), enquanto cargas

moderadas (67-85% da CVM) promovem aumento do tamanho (hipertrofia) da fibra

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muscular e estímulos leves aumentam a resistência muscular localizada (50-66% da

CVM) (BAECHLE et al., 2000; CREWTHER et al., 2006A; CREWTHER et al. 2006B;

CREWTHER et al., 2006C; GABRIEL et al., 2006). Esses diferentes tipos de

adaptações citadas em função da intensidade da carga são as que podem ser

classificadas como predominante dado o fato de ser impossível separar totalmente

adaptações. Assim, mesmo quando há um aumento na hipertrofia muscular ocorre um

aumento de menor magnitude na força e na resistência muscular localizada.

1.2 Treinamento de força, metabólitos e hormônios

Dada a relação entre metabolismo energético e adaptação celular, a existência

de adaptações predominantes, pode estar, pelo menos em parte, relacionada a

modificações específicas no metabolismo energético em função da intensidade. De

modo geral, trabalhos com intensidades mais elevadas, elaborados para o aumento da

força máxima, são realizados com fornecimento energético predominante da via dos

fosfagênios. Enquanto que os trabalhos com intensidades moderadas, elaborados para

promover aumento da massa muscular (hipertrofia), são dependentes principalmente da

utilização anaeróbia de glicose. Uma vez que os substratos não são iguais entre os

diferentes trabalhos, o mesmo ocorre para os metabólitos produzidos nas diferentes

vias metabólicas.

No trabalho de força máxima a produção de lactato é significativamente menor

que a observada durante o trabalho de hipertrofia. Isso devido ao fato da creatina

fosfato ser o substrato com maior contribuição para produção energética ocorrendo

menor participação da via glicolítica, onde é gerado o lactato. Desta forma, o nível de

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lactato no sangue expressa na realidade a taxa entre o influxo a partir dos músculos

ativos e o efluxo a partir do sangue para locais onde o lactato é oxidado, na ressintese

de glicogênio ou na gliconeogênese. Como o lactato aumenta em intensidades maiores

que as correspondentes ao limiar anaeróbio, sua concentração sanguínea pode ser

usada para caracterizar a contribuição da produção anaeróbia de energia em músculos

ativos (VIRU & VIRU, 2001). Conforme já mencionado, o controle metabólico não é

exercido apenas por meio da auto-regulação celular, estando às enzimas intracelulares

submetidas a influências externas, tais como os hormônios. Isso é observado em

trabalhos de força com diferentes intensidades. O trabalho para aumento da força, com

alta intensidade e baixo volume de carga, promove maior alteração nas concentrações

plasmáticas de testosterona, que atravessa o sarcolema na sua forma livre por um

mecanismo de difusão, onde se une a proteínas receptoras de andrógenos que se

dirige para o núcleo da célula, interagindo com o DNA, produzindo mRNA específico

provocando aumento da síntese protéica e estimulando a liberação de GH (hormônio do

crescimento) e de Somatomedina (SCHERMAN, 1984). Enquanto o trabalho com

intensidade moderada e maior volume de carga, afeta de modo marcante a

concentração plasmática de GH (KEUL, 1978; HAKKINEN, 1988; HAKKINEN, 1993;

KRAEMER, 1990), que tem sua principal ação como estimulador de outros hormônios

chamados Somatomedinas ou IGF, aumentando a síntese de proteínas e sua captação

pelos músculos esqueléticos, e reduzindo a utilização de proteínas (BADILLO &

AYESTARÁN, 2001).

O cortisol é o principal hormônio glicorticóide, que são os que favorecem o

catabolismo, ou seja, a degradação das proteínas musculares, deteriorando suas

proteínas contráteis. Isto mostra que uma elevada concentração de cortisol pode levar a

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uma redução no volume muscular, e por conseqüência diminuição da força,

prejudicando o rendimento físico-esportivo. Quando a concentração de cortisol

aumenta, a produção de testosterona é inibida, pois o cortisol irá competir pelos

mesmos receptores que se unem com a insulina e com a somatomedina, mostrando

então que o aumento na intensidade do exercício, leva ao aumento do risco de

degradação de proteínas (KRAEMER, 1992). A insulina que é um hormônio secretado

pelo pâncreas também tem a função de inibir a utilização de proteínas (catabolismo),

ocupando os receptores do cortisol da membrana da célula muscular, evitando a ação

catabólica protéica do cortisol sobre esses receptores (BADILLO & AYESTARÁN,

2001).

A relação testosterona / cortisol (RTC), permite avaliar o equilíbrio anabólico /

catabólico em que se encontra um indivíduo submetido a um treinamento intenso.

Esses estudos demonstram que o treinamento de força afeta o metabolismo

energético e o sistema endócrino de modo diferenciado conforme a intensidade com

que é praticado. Isso sugere que o estudo de substratos, metabólitos e hormônios

podem servir de ferramenta para o acompanhamento da eficácia de um dado regime de

treinamento de força (ALBERNETHY et al., 1994; ENOKA, 2002; GOTO et al., 2005;

KAWADA & ISHII, 2005). O que em última instância é de extrema importância para a

obtenção contínua de resultados. Dentre as substâncias associadas ao estresse

metabólico induzido pelo treinamento de força podem ser citadas então, o ácido láctico

(ou sua forma plasmática, o lactato), a testosterona, o cortisol e o hormônio do

crescimento (LIEBER 1992, 2002; RIZZI et al., 1997; VIRU & VIRU, 2001).

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Fleck & Kraemer (1997) relatam que o ganho de força muscular entre homens e

mulheres é semelhante, já o aumento no volume muscular (hipertrofia) é maior nos

homens.

Vale destacar que a relação entre a intensidade do esforço físico e o sistema

energético prioritariamente acionado, não é exclusividade do treinamento de força

(JANSSEN, 2001). Assim, por exemplo, a corrida ou o salto em alta intensidade

promove ativação do sistema energético do fosfagênio tal qual o treinamento de força

de alta intensidade.

Atualmente os mecanismos responsáveis pelo aumento da massa muscular, por

meio do aumento da secção transversa do músculo (hipertrofia muscular), são muito

discutidos, porém autores como Clarkson & Hubal (2002) e Raastad et al. (2003)

consideram que esta hipertrofia tem como um de seus principais fatores o dano

muscular após a realização do treinamento de força. Este dano ocorre principalmente

em função da fase excêntrica da contração muscular.

A creatina quinase (CK) é uma enzima intracelular que regenera o ADP a ATP, é

liberada na corrente sanguínea quando a fibra muscular é lesionada. Assim, além dos

marcadores ligados ao metabolismo energético, diferentes tipos de treinamento de

força podem ser monitorados quanto à ocorrência de microlesões, conseqüentemente

pela detecção de creatina quinase (GRABINER, 2000; LIEBER, 2002). Sendo ela

citoplasmática e não tendo a capacidade de atravessar a barreira da membrana

sarcoplasmática, se a concentração plasmática dessa enzima estiver aumentada, isto é

um indicativo de dano muscular (NOSAKA, 2002).

Existe uma grande variabilidade da resposta intersujeitos, onde a intensidade do

exercício, o tipo de exercício e a realização de atividade imediatamente após o dano

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20

induzido podem alterar a magnitude da concentração de CK na corrente sanguínea,

sendo assim, a concentração sanguínea de CK pode ser afetada por vários fatores,

incluindo fatores genéticos (FOSCHINI, 2006).

1.3 Sistemas de treinamento de força

A intensidade não é o único fator manipulado no treinamento de força a fim de

que adaptações sejam obtidas. Ao longo dos anos, o treinamento de força foi utilizado

por indivíduos com os mais variados objetivos (ex. alteração da força, da composição

corporal), além disto, a disponibilidade ou a limitação de tempo e de equipamentos para

a realização dos treinamentos estimulou a variação de trabalhos. Assim, surgiram os

chamados sistemas de treinamento de força (KRAEMER & FLECK, 2004).

De modo geral, tais sistemas manipulam variáveis que se acredita serem

importantes para a adaptação, sendo possível a realização de uma infinidade de

combinações. Fry (1999) destaca, por exemplo, que mais de 1.000.000 de tipos de

treino podem ser facilmente elaboradas a partir da combinação das supracitadas

variáveis. Obviamente, um número tão grande de opções dificulta a escolha das formas

mais eficientes para ministrar o treinamento de força (GRAVES & FRANKLIN, 2001;

GABRIEL et al., 2006). Para aumentar tal dificuldade, vale destacar a falta de

embasamento científico na criação dos sistemas de treinamento. Eles foram

estabelecidos por tentativa e erro e geralmente são adotados em função de crenças

e/ou preferências pessoais.

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21

Um esforço no sentido de estabelecer melhoras para a prescrição do treinamento

de força foi feito por Kraemer (1983). Esse autor estabeleceu o conceito de variáveis

agudas do treinamento, que são divididas em variáveis de volume de carga, variáveis

de intensidade de carga, e a freqüência de treinamento.

As variáveis de volume de carga (número de exercícios, número de séries e

número de repetições) são aquelas que podem aumentar ou diminuir a quantidade de

estímulos que são ministrados durante uma sessão de treinamento. Quando uma ou

mais dessas variáveis é alterada a quantidade de estímulo para a musculatura também

muda".

Já as variáveis de intensidade de carga (seleção dos exercícios, ordem dos

exercícios, peso, amplitude de movimento, velocidade de execução, e intervalo entre

séries e exercícios) são aquelas que para um mesmo número de estímulos, ocorre

alteração no grau de dificuldade com que o exercício é realizado. Por exemplo, se o

peso for aumentado, a dificuldade em realizar o mesmo número de repetições será

maior, e da mesma forma se alterar intervalo de recuperação entre as séries, a

amplitude do movimento ou a velocidade de execução, a dificuldade em realizar os

exercícios será diferente.

Existem ainda exercícios que apresentam maior ou menor grau de dificuldade na

hora de sua realização, isto relacionado ao número de articulações envolvidas (e

conseqüentemente número de músculos agonistas) ou a necessidade de utilização de

músculos estabilizadores (coordenação intermuscular), sendo assim, a escolha dos

exercícios ou a ordem com que estes serão realizados (convencional ou pré-exaustão)

podem influenciar na intensidade do trabalho realizado para um determinado músculo

ou grupo muscular.

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Posteriormente, Fleck & Kraemer (2006) indicaram que todo e qualquer sistema

de treinamento de força manipula uma ou mais dessas variáveis agudas. Embora as

propostas desses autores facilitem a prescrição do treinamento de força elas não

contribuem quanto ao acompanhamento das adaptações obtidas, uma vez que não

estabelecem quais seriam os indícios de que mudanças estariam ocorrendo no

organismo.

Se cada sistema de treinamento de força manipula de modo particular as

variáveis agudas, supõe-se que as alterações no metabolismo energético, sistema

endócrino e ocorrência de microlesões também sejam próprias de cada sistema. Uma

vez estabelecido o padrão geral de alterações metabólicas e hormonais promovidas por

cada tipo de sistema de treinamento, esse mesmo padrão poderia ser utilizado como

referencial para o futuro acompanhamento de tal sistema, assim como acontece em

procedimentos de avaliação física (antropometria, medidas neuro-motoras ou

metabólicas), onde existem os “valores de referência”, ou seja, considerados normais.

Estes são os valores que comumente encontram-se na população estudada (GUEDES

& GUEDES, 2006).

O conhecimento sobre o padrão geral de alterações metabólicas e hormonais

promovidos por um dado sistema de treinamento apresentaria ainda a vantagem de

servir de instrumento contra o estabelecimento da síndrome de supertreinamento

(diminuição do desempenho devido a adaptação inadequada ao estímulo do exercício).

Em modalidades esportivas de força, o supertreinamento ocorre quando erros são

cometidos em relação às variáveis agudas do treinamento (KRAEMER et al., 1998).

Além da diminuição no desempenho, o supertreinamento promove alterações nas

concentrações basais de hormônios como a testosterona e o cortisol (FRY et al., 1993;

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23

RAMSEY et al., 1996; FRY & KRAEMER, 1997). É interessante notar que antes do

estabelecimento do supertreinamento há uma fase prévia denominada overreaching na

qual já há alterações hormonais sem comprometimento severo do desempenho (INDER

E WITTERT, 2005). O conhecimento da resposta normal do organismo ao treinamento

pode detectar a ocorrência do overreaching permitindo assim a modificação do

treinamento e evitando que o supertreinamento se instale.

1.4 Sistema convencional e sistema piramidal

Os dois sistemas de treinamento de força mais utilizados são o convencional (ou

tradicional) e o piramidal. O sistema convencional surgiu como uma variação da forma

original de praticar treinamento de força. Inicialmente, os treinamentos eram realizados

em série simples, ou seja, os praticantes realizavam o número estabelecido de

repetições uma única vez em cada exercício. Posteriormente, passou-se a realizar um

dado número de repetições e após breve descanso repetir o procedimento. A

justificativa para isso era a crença de que o novo procedimento aumentaria a fadiga e a

concentração de metabólicos na musculatura. Isso por sua vez propiciaria um maior

aumento da massa muscular. Desde então esta nova metodologia, séries múltiplas, foi

adotada utilizando-se sempre o mesmo número de repetições e com o mesmo

percentual do valor da CVM a cada nova série, sendo denominado “sistema

convencional” ou “sistema tradicional”. De modo semelhante à concepção original,

estes sistemas foram desenvolvidos sem qualquer tipo de verificação experimental.

Provavelmente o segundo sistema mais utilizado é o piramidal. Ele surgiu a partir

da diversificação do sistema convencional uma vez que os praticantes do treinamento

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de força acreditam que variar os sistemas de treinamento consiste numa estratégia

válida para promover novas adaptações e, conseqüentemente, melhorar seu

desempenho. O sistema piramidal pode ser entendido como um sistema de múltiplas

séries, mas com a variação em relação ao convencional que de uma série para outra o

peso será modificado, assim como o número de repetições também.

Em sua versão original o sistema piramidal foi desenvolvido com a característica

completa, ou seja, entre as primeiras séries (de uma para a outra) o número de

repetições diminui e o peso aumenta, e nas últimas séries o número de repetições

aumenta e o peso diminui (ex: em um treinamento com cinco séries, da primeira para a

segunda o executante diminui o número de repetições e aumenta o peso, da segunda

para a terceira, repete o procedimento, da terceira para a quarta, este procedimento é

invertido, ou seja, aumenta o número de repetições e diminui o peso, realizando

novamente este último procedimento da quarta para a quinta série).

Este sistema apresenta variações em relação a sua forma original (completa),

que são: a pirâmide crescente, onde de uma série para a outra sempre o número de

repetições diminui, enquanto o peso aumenta; e a pirâmide decrescente onde de uma

série para a outra sempre o número de repetições aumenta, enquanto o peso diminui.

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Tabela 1 – Exemplo dos sistemas convencional e piramidal (completo, crescente e decrescente) utilizando números de repetições que pertencem a manifestação Força Hipertrófica – adaptado de Uchida e cols, 2006.

Método Convencional

Método Pirâmide Completa

Método Pirâmide Crescente

Método Pirâmide Decrescente

1ª série – 10 rep. com 75% CVM

Descanso 1 min. 2ª série – 10 rep. com 75% CVM

Descanso 1 min. 3ª série – 10 rep. com 75% CVM

Descanso 1 min. 4ª série – 10 rep. com 75% CVM

Descanso 1 min. 5ª série – 10 rep. com 75% CVM

1ª série – 06 rep. com 85% CVM

Descanso 1 min. 2ª série – 08 rep. com 80% CVM

Descanso 1 min. 3ª série – 10 rep. com 75% CVM

Descanso 1 min. 4ª série – 08 rep. com 80% CVM

Descanso 1 min. 5ª série – 06 rep. com 85% CVM

1ª série – 12 rep. com 67% CVM

Descanso 1 min. 2ª série – 10 rep. com 75% CVM

Descanso 1 min. 3ª série – 09 rep. com 77% CVM

Descanso 1 min. 4ª série – 08 rep. com 80% CVM

Descanso 1 min. 5ª série – 06 rep. com 85% CVM

1ª série – 06 rep. com 85% CVM

Descanso 1 min. 2ª série – 08 rep. com 80% CVM

Descanso 1 min. 3ª série – 09 rep. com 77% CVM

Descanso 1 min. 4ª série – 10 rep. com 75% CVM

Descanso 1 min. 5ª série – 12 rep. com 67% CVM

De acordo com Kraemer e Fleck (2004) existe muita especulação a respeito do

porquê vários sistemas são efetivos. Ainda segundo esses autores são necessárias

mais investigações a respeito da efetividade dos sistemas de treinamento de força.

Conforme já mencionado, as alterações metabólicas induzidas pelo treinamento

sinalizam o tipo de proteína a ser produzido enquanto que as alterações hormonais

ampliam a quantidade dessas proteínas (VIRU E VIRU, 2001). Por outro lado, tanto as

alterações metabólicas quanto as hormonais refletem a sobrecarga fisiológica imposta

ao organismo.

Os principais determinantes da sobrecarga fisiológica são a intensidade e o

volume de carga para o treinamento. No treinamento de força muscular (musculação)

conforme citado anteriormente, as variáveis que indicam a intensidade de carga são

prioritariamente o peso utilizado, a amplitude do movimento, a velocidade de execução,

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o intervalo de recuperação (descanso) e a seqüência dos exercícios, já as variáveis que

indicam o volume de carga são: o número de exercícios para o grupo muscular, o

número de séries para cada exercício e o número de repetições para cada série.

Uma vez que a proposta do presente trabalho é verificar se por meio da

quantificação de indicadores metabólicos e hormonais é possível caracterizar um

determinado sistema de treinamento de força, é preciso garantir que a intensidade e o

volume entre os sistemas avaliados sejam os mesmos. Caso contrário, torna-se

impossível determinar se os indicadores metabólicos representam diferença quanto à

forma de ministrar a sobrecarga (estratégia de organização), as variações na

intensidade/volume ou ambos.

Assim, para testar essa hipótese de que os sistemas de treinamento de força

podem ser caracterizados quanto a modificações metabólicas e hormonais, o presente

trabalho avaliou os dois protocolos de treinamento de força mais utilizados

(convencional e piramidal) mantendo-se praticamente o mesmo volume e intensidade

de carga.

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2 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA

Um número crescente de evidências demonstra que o treinamento de força

promove benefícios tanto para o desempenho (ex. aumento da força máxima e da

potência muscular) quanto para a saúde (ex. melhoria de problemas ortopédicos,

hiperlipidemia, hipertensão, bem-estar psicossocial). Contudo, a obtenção de tais

benefícios está atrelada à prescrição adequada do treinamento de força (GRAVES E

FRANKLIN, 2001). Dado a grande variedade de sistemas de treinamento de força e o

fato de desses sistemas terem sido desenvolvidos sem respaldo de pesquisas, faz-se

necessário o estudo de formas mais eficientes de acompanhamento da efetividade do

treinamento de força. A determinação das alterações metabólicas e hormonais

promovidas pelos diferentes sistemas de treinamento de força pode ser uma das formas

de acompanhamento.

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3 OBJETIVO

Comparar algumas das alterações metabólicas induzidas pelo treinamento de

força muscular, quando os sujeitos são submetidos a dois sistemas diferentes em

relação à manipulação de variáveis agudas do treinamento, porém muito semelhantes,

senão iguais, em sua carga total.

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4 MÉTODO

4.1 Seleção dos Sujeitos

Participaram do presente estudo 10 indivíduos do sexo masculino, universitários

e idade média de 26,1 anos. Todos os participantes eram familiarizados aos exercícios

de força, mas classificados como iniciantes, isto é, com menos de seis meses de

treinamento (BAECHLE ET AL., 2000). Os procedimentos a serem utilizados foram

informados detalhadamente a todos os sujeitos e todos concordaram em participar de

maneira voluntária do estudo, assinando termo de consentimento informado e proteção

da privacidade (anexo 1). Foram excluídos do estudo indivíduos com história conhecida

de doença cardiovascular, respiratória, diabetes, hipertensão, desordem hormonal,

lesão muscular (últimos 12 meses), além daqueles que estavam administrando ou

haviam administrado medicação ou suplementos, que alterem o metabolismo, nos 6

meses que antecederam o início do estudo. As características antropométricas dos

sujeitos estão apresentadas na Tabela 2.

O experimento foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

Metodista de São Paulo – CEP - UMESP – sob o parecer no 161256/07 (anexo 1).

Seguindo a resolução específica do Conselho Nacional de Saúde (no 196/96), todos os

participantes foram informados detalhadamente sobre os procedimentos utilizados e

concordaram em participar de maneira voluntária do estudo, assinando termo de

consentimento informado e proteção da privacidade.

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4.2 Recomendações nutricionais

Os participantes do estudo foram orientados a manter sua alimentação

convencional até o almoço, que ocorreu às 12:00 hs, podendo ingerir apenas água até

o horário do treino que ocorreu às 20:00 hs.

4.3 Determinação das Intercorrências Clínicas

Utilizamos como referencial Nieman (1994), o qual sugere um registro das

intercorrências clínicas (Anexo 2). O procedimento foi realizado no momento da

explicação e esclarecimento do estudo aos voluntários, antecedendo o início dos testes,

e antes de cada sessão de treinamento.

4.4 Avaliação da força muscular

4.4.1 Teste de força máxima (CVM – Contração Voluntária Máxima)

Para a determinação da intensidade utilizada em ambos os sistemas de

treinamento a CVM foi determinada (KRAEMER E FRY, 1995).

Nos testes foram padronizadas a posição de início e a amplitude de movimento,

conforme treinamento que será executado posteriormente. O procedimento:

Aquecimento: realizaram 08 repetições com 50% do peso máximo estimado, após

um intervalo de 1 minuto, um leve alongamento. Nova realização de 4 repetições

com 65% do peso máximo estimado, após um intervalo de 2 minutos, leve

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alongamento. Estimou-se um peso próximo do máximo, onde o executante

realizou 2 repetições, e novo intervalo de 3,5 minutos.

Aumentou-se o último peso utilizado no aquecimento em 10% para realizar a

primeira tentativa de determinação de força máxima; realizou um intervalo de 3,5

minutos; repetiu o procedimento (aumentou 10%) para realizar a segunda tentativa

e repetir o intervalo; o procedimento foi repetido novamente até que o executante

não conseguisse realizar a repetição completa. Então o último peso que este

realizou o movimento completo foi considerado o valor da CVM.

As tentativas foram no máximo de 5, caso este número fosse ultrapassado, o

teste seria refeito em outro dia.

4.5 Protocolo de treinamento

Três exercícios para treinar o grupamento muscular ântero-superior do tronco

(prioritariamente peitoral) sendo 2 exercícios multi-articulares e um bi-articular. Os

exercícios propostos foram 1º supino regulamentar, 2º supino inclinado e 3º pec deck.

Nossa intenção foi realizar o treinamento com os principais exercícios utilizados em um

programa de treinamento de força convencional.

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FIGURA 1 – SUPINO REGULAMENTAR – Posições inicial e final para a realização do exercício.

Ajustes do equipamento:

A barra foi posicionada no apoio do suporte, em uma altura compatível com o

comprimento dos membros superiores.

Ajustes corporais:

Deitado, com os pés apoiados no solo. O afastamento da pegada foi ajustado na posição

média entre a amplitude máxima de pegada e a alinhada com os ombros. Ombros,

cotovelos e punhos foram alinhados no plano transversal.

Execução:

Realizaram a flexão horizontal de ombros, retornando a posição inicial.

Músculos Motores Primários:

Flexão horizontal de ombros: Peitoral maior, deltóide (parte anterior) e coracobraquial.

Abdução de escápulas: Peitoral menor e serrátil anterior.

Extensão de cotovelos: Tríceps braquial.

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FIGURA 2 – SUPINO INCLINADO – Posições inicial e final da realização do exercício.

Ajustes do equipamento:

O banco foi inclinado em aproximadamente 30º. A barra foi posicionada no apoio do

suporte, em uma altura compatível com o comprimento dos membros superiores.

Ajustes corporais:

Deitado, com os pés apoiados no solo. O afastamento da pegada foi ajustado na

posição média entre a amplitude máxima de pegada e a alinhada com os ombros.

Execução:

Realizaram a flexão horizontal de ombros, retornando a posição inicial.

Músculos Motores Primários:

Flexão horizontal de ombros: Peitoral maior, deltóide (parte anterior) e

coracobraquial.

Abdução de escápulas: Peitoral menor e serrátil anterior.

Extensão de cotovelos: Tríceps braquial.

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FIGURA 3 – PEC DECK – Posições inicial e final da realização do exercício.

Ajustes do equipamento:

Este equipamento foi ajustado para cada indivíduo, de forma que os cotovelos

permaneceram na mesma altura dos ombros.

Ajustes corporais:

O indivíduo permaneceu sentado, com os pés apoiados em um suporte, de forma que o

ângulo entre tronco e coxas aproximou-se de 90º. As articulações de cotovelos e

ombros ficaram alinhadas no plano horizontal.

Execução:

O movimento foi realizado com a flexão horizontal de ombros até que os braços do

aparelho se tocassem.

Músculos Motores Primários:

Flexão horizontal de ombros: Peitoral maior, deltóide (parte anterior) e

coracobraquial.

Abdução de escápulas: Peitoral menor e serrátil anterior.

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Foram aplicados a estes exercícios propostos, dois sistemas de treinamento:

• O convencional, onde os indivíduos realizaram cada um dos exercícios em 3

séries de 10 repetições com 75% do resultado encontrado no teste de CVM, com

um intervalo de 1 minuto entre as séries, mantendo a velocidade de execução

em 20 ciclos por minuto (moderada à lenta), e a maior amplitude de movimento

sem que isto atrapalhasse seu desempenho.

• O piramidal crescente, onde os indivíduos realizaram cada um dos exercícios em

3 séries, sendo na primeira 12 repetições com 67% do resultado encontrado no

teste de CVM, na segunda 10 repetições com 75% da CVM e na terceira 08

repetições com 80% da CVM, com um intervalo de 1 minuto entre as séries,

mantendo a velocidade de execução em 20 ciclos por minuto (moderada à lenta),

e a maior amplitude de movimento sem que isto atrapalhasse seu desempenho.

4.6 Variáveis agudas do treinamento estudadas

Nos dois sistemas de treinamento propostos (convencional e piramidal

crescente), as duas variáveis agudas que foram modificadas, porém mantendo os

mesmos valores de carga absoluta, foram o número de repetições e o peso (% da

CVM) para observar suas interferências sobre o estresse metabólico. As outras

variáveis foram equalizadas entre os sistemas, sendo estas: a amplitude do movimento;

a velocidade de execução; o intervalo de recuperação entre as séries e os exercícios

(descanso), foram realizados 3 exercícios com 3 séries em cada e a seqüência de

exercícios foi a mesma.

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4.7 Horário de Treino Proposto

O horário para a realização dos treinos (20 horas) foi proposto, levando-se em

consideração o horário de maior procura nas academias de musculação (período

noturno), mesmo sabendo que os indivíduos tem preferências e melhores

desempenhos em horários variados de acordo com suas características individuais.

4.8 Avaliações Antropométricas

A metodologia utilizada para as medidas de espessura de dobras cutâneas foi o

compasso de dobras cutâneas, também conhecido adipômetro da marca Cescorf

(BVE973). O aparelho apresentava uma pressão constante de 10g/mm2 sobre o tecido

a ser medido. As características do aparelho eram: sensibilidade: 0,1mm, pressão nas

mandíbulas: 10mm2, amplitude de leitura: 80mm, massa: 280g e tamanho de eixo

maior: 290mm e eixo menor: 170mm. Os pontos de reparo de dobra cutânea utilizados

foram: peitoral (torácica), tricipital, subescapular, bicipital, axilar medial, supra-ilíaca,

abdominal, coxa e panturrilha medial, conforme procedimentos propostos por Heyward

et al. (2000). A equação (validada) utilizada para a predição da gordura corporal, foi a

de Jackson & pollock (1978) para homens que utiliza o somatório das dobras cutâneas

tórax, abdôme e coxa (18 a 61 anos de idade). Através do percentual de gordura e da

massa corporal total, foram obtidas as massas de gordura e isenta de gordura, com o

auxílio do programa Physical test versão 6.2. A balança utilizada para realizar as

medidas de peso em (Kg) e estatura (cm) foi a balança antropométrica mecânica

Filizola.

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4.9 Coleta do sangue

Foram realizados os testes de 1 repetição máxima nos exercícios estabelecidos,

e 168 horas após (mantendo jejum de 8 horas) foi realizada coleta de sangue, e um

treinamento com exercícios de força que objetivaram desenvolver a hipertrofia

muscular, sendo que um grupo (5 indivíduos) realizou o treinamento seguindo o sistema

convencional e o outro grupo (5 indivíduos) o piramidal crescente. Na semana seguinte

os indivíduos que haviam realizado o treinamento seguindo o sistema convencional,

realizaram o treinamento seguindo o piramidal crescente, e vice-versa. Em ambas as

sessões ocorreram coletas de sangue em repouso (antes do início da sessão), outra

logo após o término da sessão, e após o treinamento em 24, 48 e 72 horas, para

posterior análise. A coleta de sangue seguiu o procedimento conforme a representação

esquemática indicada na figura abaixo (Figura 4).

1ª sessão de treinamento (50% convencional e 50% piramidal crescente)

Pré-treino Pós-treino 24 horas 48 horas 72 horas

Protocolo de treinamento

Coleta 30 ml. Coleta 30 ml. Coleta 30 ml. Coleta 30 ml. Coleta 30 ml. de sangue de sangue de sangue de sangue de sangue

2ª sessão 168 horas após (50% piramidal crescente e 50% convencional)

Pré-treino Pós-treino 24 horas 48 horas 72 horas

Protocolo de treinamento

Coleta 30 ml. Coleta 30 ml. Coleta 30 ml. Coleta 30 ml. Coleta 30 ml. de sangue de sangue de sangue de sangue de sangue

FIGURA 4: Representação esquemática das coletas de sangue realizadas. Antes e imediatamente após o treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de cada sessão de treinamento.

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Os materiais utilizados na coleta eram todos descartáveis, padronizados, e de

reconhecida qualidade, os tubos foram etiquetados adequadamente. A coleta foi

realizada por um técnico habilitado e qualificado na Universidade IMES.

Em cada momento foram coletados 30 ml de sangue, sendo 20 ml em tubo com

EDTA e fluoretado e 10 ml em tubo seco, e após as coletas o material foi acondicionado

sob refrigeração controlada a 4ºC. Em seguida, o sangue foi centrifugado e levado para

armazenamento em -20ºC, onde permaneceu até a realização das análises.

A solução de EDTA e Fluoreto de Potássio (tubo fluoretado) foi adicionada ao

sangue no momento da coleta, torna-o incoagulável, impedindo os fenômenos de

glicólise graças à presença do íon Fluoreto e permitindo o uso do plasma na

quantificação da glicose.

As análises foram realizadas no Laboratório de Análises Clínicas da

Universidade Metodista de São Paulo (LABMESP).

4.10 Análises Sanguíneas

A partir do material coletado, o hormônio insulina foi determinado pelo método de

Quimioluminescência, seguindo as especificações do Kit da Roche, e os hormônios

testosterona, cortisol e GH foram avaliados no soro dos voluntários e determinadas pelo

método de ELISA, seguindo as especificações do fabricante, do Kit Advancing

Diagnostic para testosterona e cortisol e do Kit Simbiosis para GH. Os metabólitos

glicose e ácido lático foram analisados no soro dos voluntários e determinadas pelo

método Colorimétrico, seguindo as especificações do fabricante, do Kit Labtest para

glicose e do Kit Katal para o ácido lático, contudo o ácido láctico foi analisado somente

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pré e pós-exercício, devido ao fato de estar bem consolidado na literatura que a

remoção desse metabólito (e, conseqüentemente o retorno para os valores basais) não

se estende por mais que 1 a 2 horas após o término da sessão de treinamento

(independente da duração e/ou intensidade do esforço) (WILMORE & COSTILL, 2001).

O marcador de dano muscular creatina quinase foi analisado pelo método de

espectrofotometria, utilizando o Kit Bio System.

4.11 Análise Estatística

Realizou-se uma análise descritiva dos dados das variáveis de perfil, para

verificar as características dos elementos do estudo. Estas características foram

apresentadas em forma de tabela. Foram utilizadas estatísticas descritivas de: média e

desvio padrão.

Em relação as variáveis estudadas, devido à natureza quantitativa delas, foram

descritas nas tabelas através da estatística descritiva por meio da média aritmética (X)

e desvio padrão (S). Como a maioria das variáveis não apresentou distribuição próxima

a normal por meio do teste de normalidade Shapiro-Wilk, recorreu-se aos testes não-

paramétricos para comparação dos valores médios.

Foi utilizado a Anova de Friedman para comparação das variáveis entre os

respectivos momentos (pré, pós, 24, 48 e 72 horas) dentro de cada sistema de

treinamento. Quando identificada diferença significativa entre as avaliações, recorreu-se

ao teste de Wilcoxon para localizar as respectivas diferenças entre os momentos

(SIEGEL & CASTELAN JR, 2006).

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40

Quando foram comparados os valores médios entre os tipos de treinamento de

acordo com os respectivos momentos da avaliação, também foi utilizado o teste de

Wilcoxon. O nível de significância adotado foi de p<0,05. O software SPSS versão 10.0

foi utilizado para os cálculos.

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41

5 RESULTADOS

5.1 Caracterização da amostra

As características dos indivíduos participantes estão apresentadas na tabela 2,

sendo estas a idade, a massa corporal total (em Kg), a estatura (em cm), a quantidade

de gordura (em %) e os valores das dobras cutâneas. Após foi determinada a massa

isenta de gordura (em %).

TABELA 2: Distribuição das variáveis antropométricas e idade dos voluntários. Os dados apresentados

na tabela representam a média aritmética (X) e o desvio padrão (S) dos 10 sujeitos que participaram do

estudo.

Variáveis X S

Idade (anos). 26,1 6,3

Massa corporal total (Kg). 76,4 13,3

Estatura (cm). 174,0 5,4

% de gordura. 15,48 5,42

Dobra cutânea bíceps (mm). 4,18 2,68

Dobra cutânea tríceps (mm). 15,92 7,09

Dobra cutânea subescapular (mm). 18,94 8,04

Dobra cutânea toráxica (mm). 7,62 4,08

Dobra cutânea axilar média (mm). 11,38 4,13

Dobra cutânea suprailíaca (mm). 17,22 3,28

Dobra cutânea abdominal (mm). 17,76 5,70

Dobra cutânea coxa medial (mm). 20,94 6,03

Dobra cutânea panturrilha m. (mm). 12,16 4,73

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42

O grupo foi caracterizado com idade média de 26,1 + 6,3 anos, média de peso

corporal de 76,4 +13,3 Kg., e de estatura de 174,0 + 5,4 cm.

Com relação à composição corporal, podemos observar que os indivíduos

apresentam média de 15,48 + 5,42% de gordura e a maior parte da sua constituição de

massa isenta de gordura, perfazendo 84,52%.

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43

Tabela 3 - Valores de média aritmética (X) e desvio padrão (S) segundo a comparação das variáveis bioquímicas pré e pós-

exercício no sistema convencional de treinamento.

SISTEMA CONVENCIONAL Indicadores Bioquímicos

Pré Pós 24h 48h 72h

X±S X±S X±S X±S X±S

Insulina (µUI/ml) 6,5±4,5 7,4±4,6 4,9±2,8 5,4±4,1 3,9±1,9

Testosterona (ng/dL) 506,2±120,5 497,6±137,2 516,4±134,7 414,2±126,4 430,5±84,1

Cortisol (nmol/L) 226,1±172,3 378,7±150,2 229,0±176,8 181,4±83,5# 113,8±157,6##

RTC 3,80±2,79 2,29±1,94* 4,83±3,59## 2,87±1,65 4,51±2,24#

GH (ng/mL) 2,1±1,9 5,12±4,61* 0,6±0,7# 1,4±1,9# 0,4±0,6##

Glicose (mg/dL) 85,2±8,1 79,4±6,7 85,8±4,5 82,1±4,9 81,4±5,4

Àcido lático (mg/dL) 12,1±4,8 71,2±10,9**a — — —

Creatina quinase (U/L) 220,9±99,8 236,2±93,5 480,1±402,4 1236,6±1686,4 2708,9±1936,5*#Ŧ

* p≤0,05 – diferença significativa referente ao pré-exercício. **a p≤0,01 – diferença significativa referente ao pré-exercício. # p≤0,05 – Diferença significativa em relação ao pós-exercício. ## p≤0,01 – Diferença significativa em relação ao pós-exercício. Ŧ p≤0,05 – diferença significativa referente a 24 horas.

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44

No sistema convencional, não foram observadas diferenças significativas entre

os momentos pré-treino, pós-treino, 24, 48 e 72 horas após o treino nos hormônios

insulina e testosterona, nem na concentração de glicose na corrente sanguínea (figuras

1, 2 e 3).

No hormônio cortisol, não foi encontrada diferença entre os momentos pré-treino,

pós-treino ou 24 hs após o treino, porém foi encontrada diferença entre os momentos

48 hs após o treino com o pós-treino, e 72 hs após o treino com o pós-treino (figura 4).

Na relação testosterona/cortisol (RTC) encontrou-se diferença no pós-treino em

relação ao pré-treino, no momento 24 hs após o treino em relação ao pós-treino, e em

72 hs em relação ao pós-treino (figura 6).

No hormônio GH foi encontrada diferença nos momentos pós-treino em relação

ao pré-treino, em 24 hs em relação ao pós-treino, em 48 hs em relação ao pós-treino, e

em 72 hs em relação ao pós-treino (figura 7).

O ácido lático apresentou diferença ente os momentos pré e pós-treino (figura 8).

E ainda na creatina quinase encontrou-se diferença significativa entre 72 hs e os

momentos pré-treino, pós-treino e 24 hs após o treino (figura 5).

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45

Tabela 4 - Valores de média aritmética (X) e desvio padrão (S) segundo a comparação das variáveis bioquímicas pré e pós-

exercício no sistema piramidal de treinamento.

SISTEMA PIRAMIDAL Indicadores Bioquímicos

Pré Pós 24h 48h 72h

X±S X±S X±S X±S X±S

Insulina (µUI/ml) 5,0±3,4 6,1±2,8 5,0±3,0 7,6±5,9 5,8±3,5

Testosterona (ng/dL) 457,3±82,5 478,5±89,9 450,8±83,3 481,9±139,1 381,4±148,1

Cortisol (nmol/L) 162,2±79,8 312,6±130,7** 150,6±82,5# 122,6±45,7## 169,5±123,7#

RTC 3,55±2,14 1,59±1,08* 3,75±1,67## 4,31±1,69## 5,28±6,88

GH (ng/mL) 2,04±2,12 5,06±4,72* 0,39±0,71## 0,59±0,77## 0,62±0,72##

Glicose (mg/dL) 79,6±6,4 80,5±5,2 80,9±4,6 84,1±5,2 81,3±5,1

Àcido lático (mg/dL) 11,8±3,3 73,4±16,6**a — — —

Creatina quinase (U/L) 336,3±206,7 601,2±522,7 1178,2±1109,2 1811,0±2050,1* 2199,4±1747,0*

* p≤0,05 – diferença significativa referente ao pré-exercício. **p≤0,01 – diferença significativa referente ao pré-exercício. **a p≤0,01 – diferença significativa referente ao pré-exercício. # p≤0,05 – Diferença significativa em relação ao pós-exercício. ## p≤0,01 – Diferença significativa em relação ao pós-exercício.

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46

No sistema piramidal, também não foram observadas diferenças significativas

entre os momentos pré-treino, pós-treino, 24, 48 e 72 horas após o treino nos

hormônios insulina e testosterona, nem na concentração de glicose na corrente

sanguínea (figuras 1, 2 e 3).

No hormônio cortisol, foi encontrada diferença entre os momentos pós-treino em

relação ao pré-treino, em 24 hs em relação ao pós-treino, em 48 hs em relação ao pós-

treino, e em 72 hs em relação ao pós-treino (figura 4).

Na relação testosterona/cortisol (RTC) encontrou-se diferença no pós-treino em

relação ao pré-treino, em 24 hs em relação ao pós-treino, em 48 hs em relação ao pós-

treino (figura 6).

No hormônio GH foi encontrada diferença nos momentos pós-treino em relação

ao pré-treino, em 24 hs em relação ao pós-treino, em 48 hs em relação ao pós-treino, e

em 72 hs em relação ao pós-treino (figura 7).

O ácido lático apresentou diferença ente os momentos pré e pós-treino (figura 8).

E ainda na creatina quinase encontrou-se diferença significativa entre o pré-

treino com os momentos 48 hs e 72 hs após o treino (figura 5).

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47

PRE PÓS 24hs 48hs 72hs0

2

4

6

8

10

12

14

16

INS

UL

INA

(u

UI/m

l)

TRADICIONAL PIRÂMIDAL

Figura 5 - representa as variações de insulina na corrente sanguínea antes, imediatamente após os protocolos de treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de cada sessão.

PRE PÓS 24hs 48hs 72hs60

70

80

90

100

110

GL

ICO

SE

(m

g/d

L)

TRADICIONAL PIRÂMIDAL

Figura 6 - representa as variações de glicose na corrente sanguínea antes, imediatamente após os protocolos de treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de cada sessão.

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48

PRE PÓS 24hs 48hs 72hs200

300

400

500

600

700

TE

ST

OS

TE

RO

NA

(n

g/d

L)

TRADICIONAL PIRÂMIDAL

Figura 7 - representa as variações de testosterona na corrente sanguínea antes, imediatamente após os protocolos de treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de cada sessão.

PRE PÓS 24hs 48hs 72hs-100

0

100

200

300

400

500

600

CO

RT

ISO

L (

nm

ol/L

)

TRADICIONAL PIRÂMIDAL

Figura 8 - que representa as variações de cortisol na corrente sanguínea antes, imediatamente após os protocolos de treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de cada sessão.

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49

PRE PÓS 24hs 48hs 72hs-500

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

5500

6000

CR

EA

TIN

AQ

UIN

AS

E (

U/L

)

TRADICIONAL PIRÂMIDAL

Figura 9 - representa as variações de creatina quinase na corrente sanguínea antes, imediatamente após os protocolos de treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de cada sessão.

PRE PÓS 24hs 48hs 72hs-5

0

5

10

15

RT

C

TRADICIONAL PIRÂMIDAL

Figura 10 - representa as variações na relação testosterona / cortisol antes, imediatamente após os protocolos de treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de cada sessão.

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50

PRE PÓS 24hs 48hs 72hs-5

0

5

10

GH

(n

g/m

L)

TRADICIONAL PIRÂMIDAL

Figura 11 - representa as variações de GH na corrente sanguínea antes, imediatamente após os protocolos de treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de cada sessão.

PRE PÓS 24hs 48hs 72hs0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

ÁC

IDO

TIC

O (

mg

/dL

)

TRADICIONAL PIRÂMIDAL

Figura 12 - representa as variações de ácido lático na corrente sanguínea antes, imediatamente após os protocolos de treinamento, e também 24, 48 e 72 horas após o término de cada sessão.

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51

Tabela 5 - Valores de média aritmética (X) e desvio padrão (S) segundo as comparações das variáveis bioquímicas pré-

exercício pelos sistemas convencional e piramidal de treinamento.

PRÉ-EXERCÍCIO Indicadores Bioquímicos

Convencional Piramidal

X±S X±S

p-value

Insulina (µUI/ml) 6,5±4,5 4,9±3,4 0,054

Testosterona (ng/dL) 506,2±120,5 457,3±82,5 0,386

Cortisol (nmol/L) 226,1±172,3 162,2±79,8 0,959

RTC 3,80±2,79 3,55±2,14 0,646

GH (ng/mL) 2,1±1,9 2,0±2,1 0,889

Glicose (mg/dL) 85,2±8,1 79,6±6,4 0,092

Àcido lático (mg/dL) 12,1±4,8 11,8±3,4 0,798

Creatina quinase (U/L) 220,9±99,8 336,3±206,7 0,114

Comparação sem diferença significativa.

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52

Tabela 6 - Valores de média aritmética (X) e desvio padrão (S) segundo as comparações das variáveis bioquímicas pós-

exercício pelos sistemas convencional e piramidal de treinamento.

PÓS-EXERCÍCIO Indicadores Bioquímicos

Convencional Piramidal

X±S X±S

p-value

Insulina (µUI/ml) 7,4±4,6 6,1±2,8 0,241

Testosterona (ng/dL) 497,6±137,3 478,5±89,9 0,799

Cortisol (nmol/L) 378,7±150,2 312,6±130,7 0,386

RTC 2,29±1,94 1,59±1,08 0,139

GH (ng/mL) 5,12±4,61 5,06±4,72 0,760

Glicose (mg/dL) 79,4±6,7 80,5±5,2 0,507

Àcido lático (mg/dL) 71,2±10,9 73,4±16,6 0,959

Creatina quinase (U/L) 236,2±93,5 601,2±522,7 0,005**

**p≤0,01 – diferença significativa entre os sistemas para o mesmo período pós-exercício.

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53

Tabela 7 - Valores de média aritmética (X) e desvio padrão (S) segundo as comparações das variáveis bioquímicas pós-

exercício pelos sistemas convencional e piramidal de treinamento.

24 horas PÓS-EXERCÍCIO Indicadores Bioquímicos

Convencional Piramidal

X±S X±S

p-value

Insulina (µUI/ml) 4,9±2,8 5,0±3,0 0,721

Testosterona (ng/dL) 516,4±134,7 450,8±83,3 0,139

Cortisol (nmol/L) 229,0±176,8 150,6±82,5 0,333

RTC 4,83±3,59 3,75±1,67 0,508

GH (ng/mL) 0,66±0,77 0,39±0,71 0,340

Glicose (mg/dL) 85,8±4,5 80,9±4,6 0,037*

Creatina quinase (U/L) 480,1±402,4 1178,2±1109,2 0,072

* p≤0,05 – diferença significativa entre os sistemas para o mesmo período pós-exercício.

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54

Tabela 8 - Valores de média aritmética (X) e desvio padrão (S) segundo as comparações das variáveis bioquímicas pós-

exercício pelos sistemas convencional e piramidal de treinamento.

48 horas PÓS-EXERCÍCIO Indicadores Bioquímicos

Convencional Piramidal

X±S X±S

p-value

Insulina (µUI/ml) 5,4±4,1 7,6±5,9 0,386

Testosterona (ng/dL) 414,2±126,4 481,9±139,1 0,214

Cortisol (nmol/L) 181,4±83,5 122,6±45,7 0,037*

RTC 2,87±1,65 4,31±1,69 0,013*

GH (ng/mL) 1,4±1,9 0,59±0,77 0,362

Glicose (mg/dL) 82,1±4,9 84,1±5,2 0,168

Creatina quinase (U/L) 1236,6±1686,4 1811,0±2050,1 0,445

* p≤0,05 – diferença significativa entre os sistemas para o mesmo período pós-exercício.

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55

Tabela 9 - Valores de média aritmética (X) e desvio padrão (S) segundo as comparações das variáveis bioquímicas pós-

exercício pelos sistemas convencional e piramidal de treinamento.

72 horas PÓS-EXERCÍCIO Indicadores Bioquímicos

Convencional Piramidal

X±S X±S

p-value

Insulina (µUI/ml) 3,9±1,9 5,8±3,5 0,037*

Testosterona (ng/dL) 430,5±84,1 381,4±148,1 0,575

Cortisol (nmol/L) 113,8±157,6 169,5±123,7 0,139

RTC 4,51±2,24 5,28±6,88 0,445

GH (ng/mL) 0,4±0,6 0,62±0,72 0,497

Glicose (mg/dL) 81,4±5,4 81,3±5,1 0,798

Creatina quinase (U/L) 2708,9±1936,5 2199,4±1747,0 0,799

* p≤0,05 – diferença significativa entre os métodos para o mesmo período pós-exercício.

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56 Na comparação entre os sistemas, observamos que não houve diferença em

relação ao momento pré-treino. No pós-treino encontramos diferença apenas no

marcador de dano muscular (creatina quinase). Em 24 horas após o treino, a diferença

ocorreu apenas para a glicose. No momento 48 horas, houve diferença em cortisol e

RTC. E em 72 horas a diferença ocorreu apenas para insulina.

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57

Tabela 10 – Valores de média aritmética (X), desvio padrão (S) e significância (p) para a comparação das variáveis imunológicas de acordo com o sistema de treinamento de força.

CONVENCIONAL PIRAMIDAL Significância (p)

Pré Pós Pré Pós

Variáveis

Série Branca X±S X±S X±S X±S 1 2 3 4

Leucócitos mm/3 8060,0±1419,1 7795,0±1810,8 7620,0±1905,1 6995,0±1753,9 0,285 0,168 0,415 0,059

Bastonete mm/3 45,1±49,3 47,6±69,1 37,3±42,5 20,9±51,0 0,499 0,225 0,053 0,180

Segmentados mm/3 3927,7±1412,1 3982,8±1889,7 3022,2±1213,6 3408,4±1509,2 0,799 0,241 0,005 0,005

Eosinófilos mm/3 339,5±239,3 294,4±448,4 279,9±323,7 245,2±168,4 0,114 0,959 0,005 0,005

Linfócito mm/3 3199,4±1218,0 2917,3±1294,3 3809,1±789,4 2843,8±408,9 0,575 0,013 0,058 0,114

Monócitos mm/3 537,0±293,3 553,5±181,9 472,1±221,9 476,5±349,2 0,386 0,721 0,005 0,330

* 1-4 o valor de significância (p) foi calculado através do teste não-paramétrico de Wilcoxon (p<0,05) 1 – sistema convencional (pré vs. pós); 2 – sistema piramidal (pré vs. pós); 3 – pré-intervenção (tradicional vs. piramidal); 4 – pós-intervenção (tradicional vs. piramidal).

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58

Leucócitos e bastonetes não apresentaram diferença em nenhuma das

comparações realizadas, segmentados, eosinófilos e monócitos não apresentaram

diferença do pré para o pós-treino no sistema convencional nem no piramidal, apenas

linfócitos apresentaram diferença do pré para o pós-treino no sistema piramidal.

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59

6 DISCUSSÃO

Os resultados do presente estudo demonstram que os dois protocolos mais

utilizados de treinamento de força promovem alterações plasmáticas nas concentrações

de determinados metabólitos e hormônios.

Esse, contudo não foi o caso da insulina. Uma vez que esse hormônio está

envolvido em funções tão diversas quanto o controle central da ingestão alimentar

(NISWENDER et al., 2003), síntese protéica e hipertrofia muscular (HO et al., 2005),

todas fundamentais para o sucesso no treinamento de força, ele é potencialmente um

excelente indicador das alterações provocadas por esse tipo de exercício. Assim,

embora sua mensuração seja justificada no presente estudo, em nenhum dos

protocolos ou intervalos de tempo analisados a concentração plasmática de insulina

alterou-se em função do treinamento de força.

Uma vez que as concentrações basais de insulina não são reguladas pelas

concentrações normais de glicose sérica (ex. 80-100 mg•dl-1) (NATHAN E CAGLIERO,

2001) e os sujeitos do presente estudo estavam em jejum em todas as condições

estudadas, uma das formas da concentração plasmática de insulina aumentar seria em

função do aumento da glicemia induzido pelo treinamento. Kjaer et al. (1986)

demonstraram, por exemplo, que exercícios com intensidade superior a 100% do

consumo máximo de oxigênio (VO2máx) promovem hiperglicemia. Embora os

protocolos de treinamento de força utilizados no presente estudo apresentem

metabolismo predominantemente anaeróbio vale ressaltar que exercícios que solicitam

100% do VO2máx correspondem a um esforço de aproximadamente 30-60% da CVM

(SALE, 1987).

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Em concordância com os dados de insulinemia, não foram observadas

alterações na concentração plasmática de glicose. Isso poderia ser explicado pela

redução dos estoques hepáticos de glicogênio em função do jejum. Assim, ainda que o

exercício intenso promova intensa liberação de glicose a partir do fígado, isso só pode

ocorrer quando os estoques de carboidratos estão preservados.

A testosterona é um hormônio fundamental para que as adaptações induzidas

pelo treinamento de força possam ser implementadas. Isso por causa da sua

reconhecida atividade anabólica (KOCHAKIAN, 1935) e seu efeito anti-catabólico

(MAYER E ROSEN, 1977). Essas atividades são tão significativas que por anos atletas

vem fazendo uso, por vezes excessivo, desse hormônio e seus derivados com o intuito

de aumentar o desempenho esportivo (YESALIS, 2000). Estes estudos têm indicado

que a testosterona (em concentração aumentada) compensa a fadiga das fibras tipo II

(contração rápida), e estas representam o tipo mais utilizado em sessões de

treinamento de força muscular. Isto garante uma maior eficiência neuromuscular,

permitindo assim, aumento na capacidade de trabalho e maior resistência à fadiga.

(BOSCO et al., 2000; TAMAKI et al., 2001). Contudo, os dados do presente estudo

demonstram que nenhum dos sistemas de treinamento de força promoveu alteração

nas concentrações plasmáticas de testosterona.

Alguns autores (GALBO et al., 1977; WILKERSON et al., 1982 ; KRAEMER et

al., 1992) sugeriram que esses aumentos na concentração de testosterona observados

durante o exercício podem ser consequência de mudanças no volume plasmático.

Portanto, a presença aumentada de testosterona no sangue não corresponderia à sua

maior secreção. O principal causador de redução da volemia durante a prática de

exercícios é a transpiração (MAUGHAN, 2000). Neste trabalho, os voluntários

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executaram os exercícios de ambos os protocolos em locais cuja temperatura ambiente

não favorecia perdas significativas de água por meio da transpiração.

O cortisol desempenha vários papéis no organismo tais como controle do

balanço de sódio e água, regulação da pressão arterial, manutenção da homeostase da

glicose, inibição da função de osteoblastos e ações inflamatórias incluindo supressão

da resposta imunológica (STEWART, 2003). Entretanto, com relação ao treinamento de

força esse hormônio tem sido investigado devido à sua capacidade de degradar

proteínas (HICKSON E MARRONE, 1993). Os dados do presente estudo demonstram

que os protocolos de força avaliados promoveram aumento significativo na

concentração de cortisol. Como os voluntários do estudo não eram indivíduos

adaptados ao treinamento de força, a literatura sugere que as alterações verificadas

refletem o estresse metabólico (FLORINI, 1987).

Kraemer e Fleck (2004) destacam que os mecanismos específicos do

catabolismo promovido pelo cortisol não são completamente compreendidos, mas que

em seu conjunto as ações do cortisol sobre o metabolismo protéico representam uma

tentativa de reestabelecer a homeostase celular. Com isso, poderiasse prevenir

quaisquer efeitos deletérios que tenham sido causados pelo estresse agudo no

organismo. Esses autores enfatizam ainda que por essa perspectiva os exercícios de

força podem ser entenditos como um microtrauma adaptativo que pode levar à

inflamação (local ou sistêmcia) e em última análise ao rápido aumento das

concentrações de cortisol na circulação para reparo e remodelação teciduais.

Os dados relativos ao indicador de lesão (creatina quinase). Em ambos os

protocolos de força avaliados foram observados aumentos nas concentrações

plasmáticas dessa substância. Está amplamente estabelecido que em função dos

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microtraumas produzidos pelas contrações musculares, prioritariamente as excêntricas,

ocorre a dor muscular de início tardio. Fenômeno que recebe esse nome por apresentar

sua intensidade máxima 24-48 horas após o exercício (VIRU & VIRU, 2001). Os

pesquisadores têm procurado por marcadores bioquímicos da microlesão, Evans e cols

(1986) foram os primeiros a demonstram o aumento de creatina quinase em função da

realização de exercício excêntrico. Nossos dados demonstram que a creatina quinase

aumentou principalmente 48 e 72 horas após a realização dos sistemas de treinamento

de força. Infelizmente, a concentração de creatina quinase não é um bom indicador da

magnitude da microlesão muscular (LIEBER et al., 1994; FRIDÉN E LIEBER, 2001).

Entretanto, em conjunto com as alterações de cortisol, a creatina quinase sugere

que os protocolos de treinamento foram capazes de induzir microtraumas nos

participantes do estudo. Na realidade, as elevações agudas no cortisol sérico tem sido

altamente correlacionadas (r = 0,84) com marcadores de dano muscular (ex. creatina

quinase) (KRAEMER et al., 1993). O fato desses indivíduos não serem adaptados ao

treinamento reforça essa hipótese (LIEBER, 2002).

As concentrações plasmáticas de cortisol podem ainda ser avaliadas em

conjunto com as concentrações do hormônio testosterona. ADLERCREUTZ et al.

(1986) recomendaram a utilização da razão entre a testosterona livre e o cortisol (T/C)

como um indicador de estresse excessivo. Teoricamente, a redução maior que 30%

dessa taxa representaria uma situação negativa em termos de adaptação ao

treinamento, uma vez que estaria havendo um predomínio da ação catabólica (cortisol)

em relação à anabólica (testosterona). Em casos de diminuição extrema dessa taxa

poderia ocorrer o estabelecimento do supertreinamento no organismo (KUIPERS &

KEIZER, 1988; URHAUSEN et al., 1995). Os dados do presente estudo demonstram

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que houve uma queda da RTC logo após o término do exercício em ambos os

protocolos. Essa queda ocorreu em função do aumento da concentração de cortisol

(sem aumento da testosterona). Por outro lado, observou-se aumento da razão 48 e 72

horas após o término dos protocolos, em geral isso ocorreu em função da queda do

cortisol (sem aumento da testosterona). De modo geral, os resultados referentes a RTC

sugerem que ambos os protocolos avaliados não representaram um estresse excessivo

para os participantes do estudo.

Segundo Kraemer e Fleck (2004) é interessante notar que programas que

promovem resposta aumentada de cortisol também podem induzir maiores respostas

de GH e lactato. Essa informação demonstrou ser válida para os dados obtidos no

presente estudo. A concentração de GH, por exemplo, apresentou-se aumentada após

o término dos exercícios, quando a concentração de cortisol também estava aumentada

(sistema piramidal) ou apresentou tendência de aumento (sistema convencional). A

queda na concentração de GH em outros intervalos de tempo analisados também

apresentou semelhança com a queda do cortisol.

Com relação à concentração de lactato, um indicador da utilização da glicose

pela via glicolítica, o aumento observado ao término de ambos os sistemas avaliados foi

acompanhado de aumento na concentração de cortisol.

A proposta do presente trabalho foi verificar se o treinamento de força pode ser

caracterizado com base nas alterações induzidas nas concentrações plasmática de

metabólitos e hormônios. Os resultados discutidos até o presente demonstram que

ambos os protocolos de treinamento foram capazes de induzir mudanças em alguns

dos indicadores avaliados. Entretanto, esse não é o mais importante achado desse

estudo. De acordo com nosso entendimento, o fato mais importante e inédito verificado

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no presente estudo é a ausência de diferenças quanto ao padrão de alterações

promovidas pelos dois sistemas de força avaliados, o convencional e o piramidal.

De modo geral, todos os indicadores alterados por um dos sistemas

apresentaram-se alterados no outro. Esse achado está em desacordo com a idéia de

que a forma com a qual a carga é ministrada, seja o principal responsável pelos

benefícios obtidos ou não por um determinado sistema de treinamento de força. Essa

crença está implícita na adoção de um sistema com base em preferências ou crenças

pessoais.

A literatura não científica, porém popular entre praticantes de treinamento de

força, chega a classificar treinos de força em metabólicos e tensionais (GENTIL, 2005).

De forma simplificada, os treinos tensionais seriam aqueles onde haveria pouco

acúmulo de metabólitos em função do exercício e predomínio da sobrecarga mecânica

sobre a estrutura exercitada. Os treinos metabólicos, por outro lado, seriam aqueles

onde há grande geração de metabólitos. Com relação ao estresse metabólico é

importante destacar que embora a contribuição do estímulo mecânico e hormonal para

o ganho de força e potência seja bem reconhecida, a contribuição do estímulo

metabólico é amplamente desconhecida (CREWTHER et al., 2006a). Poucos são os

estudos que investigaram o efeito do treinamento de força relacionando mudanças

hormonais às metabólicas e o efeito dessa combinação na adaptação ao treinamento

(AOKI et al., 2003; UCHIDA et al., 2004; UCHIDA et al., 2006).

Uchida e cols. (2006), realizaram um estudo que visava avaliar o impacto de

diferentes sistemas de treinamento de força (tri-set e séries múltiplas) sobre os

diferentes parâmetros de desempenho (hormonais e imunológicos) e dos efeitos

agudos e crônicos em relação ao aumento da força e da resistência muscular

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localizada. Os sistemas estudados têm características bem diferentes, e ainda assim

não perceberam mudanças nos parâmetros avaliados.

Esses estudos indicam que o papel do metabolismo na ocorrência da adaptação

não apoia a hipótese de que a mudança na concentração de hormônios e metabólitos,

particular de cada sistema de treinamento seja uma das causas da adaptação.

A ausência de diferenças no padrão de alterações dos itens avaliados neste

estudo, promovida pelos diferentes sistemas, sugerem que o mais importante não é a

forma de ministrar a carga, mas como a intensidade e volume de um treino se traduzem

em termos de sobrecarga fisiológica, pois a adaptação é provocada pelo somatório dos

treinos, ou seja, o somatório dos resultados obtidos em cada sessão aguda.

O fato do trabalho total em ambos os protocolos avaliados ter sido muito próximo

pode explicar os dados obtidos. Obviamente essa hipótese está de acordo com o fato,

amplamente constatado pela literatura científica, que a intensidade e o volume estão

entre os determinantes mais importantes no resultado obtido pelo treinamento (VIRU E

VIRU, 2005). O terceiro fator importante na determinação dos resultados do treinamento

é o grau de adaptação do indivíduo.

Nossos resultados também estando em concordância com outro fenômeno

amplamente reconhecido, a síndrome geral de adaptação (SGA). Seyle (1950)

demonstrou que o organismo apresenta uma resposta padronizada aos mais diferentes

tipos de estímulos estressores, incluindo o exercício. Assim, de acordo com o conceito

de SGA um exercício jamais é traduzido em função da maneira pela qual a sobrecarga

é ministrada, mas pelo impacto fisiológico que essa sobrecarga representa. Numa

analogia, a SGA seria uma espécie de axioma da comutatividade da multiplicação, isto

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é, a ordem dos fatores (a maneira de organizar a carga) não altera o produto (a

adaptação ao treinamento).

Apesar de auto-evidente, esta constatação em relação ao SGA tem sido

negligenciada nos estudos sobre os efeitos fisiológicos do treinamento de força. Em

decorrência à desconsideração da resposta padronizada a um estressor, a maioria dos

estudos sobre os efeitos do treinamento de força compara diferentes sistemas de

treinamento quanto à sua capacidade de promover ganhos. Quando esses estudos

avaliam parâmetros fisiológicos eles incorrem no erro de utilizar os diferentes sistemas

de treinamento como entidades autônomas e não como formas diferentes de promover

a mesma coisa, a SGA.

Um exemplo da afirmação acima pode ser encontrado na crença amplamente

difundida na área do treinamento esportivo. A de que a fadiga é necessária para a

ocorrência da adaptação ao treinamento de força. Como o próprio termo crença indica,

a relação entre fadiga e adaptação ao treinamento de força foi estabelecida com base

no treinamento de atletas, isto é, sem nenhuma comprovação científica. Nesse sentido,

existem diversos sistemas de treinamento cujo arranjo das cargas foi feito para induzir

maior fadiga muscular. Aqueles capazes de promover maior grau de fadiga seriam

superiores quanto à sua capacidade de induzir adaptações. Ainda que a fadiga fosse

necessária, fato que como já descrito ainda precisa ser provada, a proposta que um

sistema de treinamento seria superior em relação a outro (quando intensidade e volume

estão equalizados) vai contra os princípios da SGA. Ou seja, dois sistemas que

induzissem o mesmo grau de fadiga promoveriam a mesma adaptação,

independentemente, de como as cargas foram ministradas.

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Especificamente em relação à fadiga. Originalmente, substratos e metabólitos

foram associados à adaptação ao treinamento em função de seu acúmulo ou redução

dentro da fibra muscular. Por consequência, tais substâncias foram associadas à

incapacidade de manter o esforço (fadiga) uma vez que o acúmulo ou depleção de

substratos e metabólitos (conforme a via metabólica utilizada) coincidem com a fadiga.

Assim, junto à intensidade, a fadiga tornou-se um parâmetro na prescrição do

treinamento de força, sendo considerada elemento fundamental para a adaptação

(STONE et al., 1996). Não existem dúvidas de que o treinamento de força promove

acúmulo e/ou depleção em fibras musculares, porém, a inferência quanto à

necessidade da fadiga para a promoção da adaptação muscular foi estabelecida sem

base na experimentação. Apesar disso, a fadiga vem sendo utilizada como parâmetro

fundamental na prescrição do treinamento e só recentemente sua relação com a

adaptação começou a ser investigada.

Folland et al. (2002) investigaram a importância do acúmulo de metabólitos e a

ocorrência da fadiga para o aumento de força. Os participantes divididos em dois

grupos, realizaram a mesma quantidade total de trabalho (quarenta repetições) na

mesma intensidade (73% da CVM), porém, em arranjos experimentais diferentes. O

primeiro grupo identificado por HF (high fatigue) realizou as repetições em quatro

conjuntos (séries) de 10 repetições permitindo 30 segundos de intervalo entre as séries.

Em comparação ao grupo LF (low fatigue) que realizou quarenta repetições permitindo

30 segundos de intervalos entre repetições, o procedimento do grupo HF caracterizou-

se por promover maior acúmulo de metabólitos e promover maior fadiga. Entretanto,

após nove semanas de treinamento, os resultados demonstraram que o aumento de

força foi similar para ambos os grupos. Os autores concluíram que a fadiga e o acúmulo

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de metabólitos não são condições necessárias para a adaptação ao treinamento de

força.

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7 CONCLUSÕES E SUGESTÕES

Os resultados do presente estudo sugerem que as alterações metabólicas

induzidas pelo treinamento de força muscular, quando os sujeitos são submetidos a

dois sistemas diferentes, porém muito semelhantes em sua carga total, não apresentam

diferenças significativas, mostrando que estes indicadores não reproduzem as

características de organização da carga.

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ANEXO 1 – ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS

O trabalho cumpriu todos os aspectos éticos e legais de forma que os indivíduos que

participaram do estudo foram informados detalhadamente de todos procedimentos a

serem utilizados e todos concordaram em participar de maneira voluntária assinando

termo de consentimento informado e proteção da privacidade. Conforme modelo

abaixo.

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título do Projeto: Indicadores metabólicos na estruturação e orientação de carga no

treinamento de força muscular.

Este termo de consentimento pode conter palavras que você não entenda. Peça ao

pesquisador que explique as palavras ou informações não compreendidas

completamente.

1) Introdução:

Você está sendo convidado a participar da pesquisa: Indicadores metabólicos na

estruturação e orientação de carga no treinamento de força muscular. Se decidir

participar dela, é importante que leia estas informações sobre o estudo e o seu papel

nesta pesquisa. Você foi selecionado por entrevista e sua participação não é

obrigatória. A qualquer momento você pode desistir de participar e retirar seu

consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com o

pesquisador ou com a instituição. É preciso entender a natureza e os riscos da sua

participação e dar o seu consentimento livre e esclarecido por escrito.

2) Objetivo:

O objetivo deste estudo é verificar se a manipulação das variáveis agudas do

treinamento no sistema piramidal crescente (onde o número de repetições é reduzido

de uma série para a outra enquanto o peso é aumentado) afeta as variáveis

metabólicas, em relação ao treinamento feito segundo o sistema de séries múltiplas

convencional, isto realizado durante os treinos de força hipertrófica (hipertrofia

muscular).

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3) Procedimentos do Estudo:

Se concordar em participar deste estudo você será solicitado a realizar em um dia,

testes de 1 repetição máxima nos exercícios estabelecidos, e 168 horas após

(mantendo jejum de 8 horas) será realizada coleta de sangue, e um treinamento com

exercícios de força que objetivam desenvolver a hipertrofia muscular. Após o

treinamento será realizada outra coleta de sangue para posterior análise. Novas coletas

de sangue serão realizadas 24, 48 e 72 horas após o treinamento proposto. Na semana

seguinte, será realizado outro treinamento, com a aplicação de um sistema diferente,

mas que também objetive hipertrofia muscular, e antes, após, 24, 48 e 72 horas depois

do treinamento, serão realizadas novas coletas de sangue para posterior análise. Estes

testes, exercícios e coletas serão realizados na Faculdade de Educação Física da

Universidade IMES (Campus II).

4) Riscos e desconfortos:

Em relação aos testes e exercícios, pode-se afirmar que os riscos são baixos,

apresentando apenas risco de micro-lesões músculo-esquelética e também dor

muscular de início tardio. A coleta de sangue poderá apresentar ligeira dor localizada.

5) Benefícios:

A participação na pesquisa não acarretará gasto para você, sendo totalmente gratuita.

O conhecimento que você adquirir a partir da sua participação na pesquisa poderá

beneficiá-lo com informações e orientações futuras, beneficiando-o de forma direta ou

indireta. O tratamento poderá ou não trazer benefícios a você, mas as informações

obtidas por meio do estudo poderão ser importantes para a descoberta de novos

tratamentos / técnicas / tecnologias, capazes de auxiliar no desempenho de atletas.

6) Responsabilidade: Efeitos indesejáveis ou lesões são possíveis em qualquer estudo

de pesquisa, apesar de todos os cuidados possíveis, e podem acontecer sem que a

culpa seja sua ou dos profissionais. Os efeitos indesejáveis conhecidos foram descritos

neste termo de consentimento, mas outros efeitos indesejáveis também podem ocorrer.

Se você adoecer ou sofrer efeitos indesejáveis como resultado direto da sua

participação neste estudo, a necessária assistência profissional (médica, odontológica,

de fisioterapia, etc.) será dada a você.

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7) Caráter Confidencial dos Registros:

Algumas informações obtidas a partir de sua participação neste estudo não poderão ser

mantidas estritamente confidenciais. Além dos profissionais de saúde que estarão

cuidando de você, agências governamentais locais, o Comitê de Ética em Pesquisa da

instituição onde o estudo está sendo realizado, o patrocinador do estudo e seus

representantes podem precisar consultar seus registros. Você não será identificado

quando o material de seu registro for utilizado, seja para propósitos de publicação

científica ou educativa. Ao assinar este consentimento informado, você autoriza as

inspeções em seus registros.

8) Participação:

Sua participação nesta pesquisa consistirá em realizar uma bateria de testes de força

muscular, seguir um jejum nas 08 horas que antecedem a execução dos exercícios,

realizar os treinamentos propostos e permitir as coletas de sangue. É importante que

você esteja consciente de que a participação neste estudo de pesquisa é

completamente voluntária e de que você pode recusar-se a participar ou sair do estudo

a qualquer momento sem penalidades ou perda de benefícios aos quais você tenha

direito de outra forma. Em caso de você decidir retirar-se do estudo, deverá notificar ao

profissional e/ou pesquisador que esteja atendendo-o. A recusa em participar ou a

saída do estudo não influenciarão seus cuidados nesta instituição.

9) Para obter informações adicionais:

Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e o endereço do

pesquisador principal, podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto e sua participação,

agora ou a qualquer momento. Caso você venha a sofrer uma reação adversa ou danos

relacionados ao estudo, ou tenha mais perguntas sobre o estudo, por favor, ligue para

Prof. Mario Augusto Charro no telefone 7151-1403 ou através do e-mail:

[email protected].

12) Declaração de consentimento:

Li ou alguém leu para mim as informações contidas neste documento antes de assinar

este termo de consentimento. Declaro que fui informado sobre os métodos e meios de

administração dos exercícios em estudo a ser utilizado, as inconveniências, riscos,

benefícios e eventos adversos que podem vir a ocorrer em conseqüência dos

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procedimentos. Declaro que tive tempo suficiente para ler e entender as informações

acima. Declaro também que toda a linguagem técnica utilizada na descrição deste

estudo de pesquisa foi satisfatoriamente explicada e que recebi respostas para todas as

minhas dúvidas. Confirmo também que recebi uma cópia deste formulário de

consentimento. Compreendo que sou livre para me retirar do estudo em qualquer

momento, sem perda de benefícios ou qualquer outra penalidade. Dou meu

consentimento de livre e espontânea vontade e sem reservas para participar como

paciente deste estudo.

Data ___________________________________

Assinatura do participante ou representante legal: ________________________

Nome do participante (em letra de forma): ______________________________

________________________________________________________________

Atesto que expliquei cuidadosamente a natureza e o objetivo deste estudo, os possíveis

riscos e benefícios da participação no mesmo, junto ao participante. Acredito que o

participante recebeu todas as informações necessárias, que foram fornecidas em uma

linguagem adequada e compreensível e que ele compreendeu essa explicação.

Data: _________________

Assinatura do pesquisador: __________________________________________

O trabalho cumpriu as diretrizes do Conselho Nacional de Saúde, conforme a

Resolução 196 de 10 de outubro de 1996, sendo o projeto encaminhado para análise e

emissão de parecer do Comitê de Ética determinado pela Universidade Metodista de

São Paulo (UMESP). O experimento foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Metodista de São Paulo – CEP - UMESP (Parecer no 161256/07).

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ANEXO 2

INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS

Período (início - fim)

Coriza (nariz escorrendo)

Resfriado

Gripe

Febre

Dor de garganta

Otite (dor de ouvido)

Conjuntivite

Outros (Descrever)

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