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UNIVERSIDE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE FARMÁCIA BRUNA DE SANTO MACIEL MARIA FERNANDA DUARTE IMPLEMENTAÇÃO DO SERVIÇO DE ACOMPANHAMENTO FARMACOTERAPÊUTICO PARA PACIENTES PORTADORES DE HEPATITE C CRÔNICA NA UNIDADE DE SAÚDE FAMILIAR E COMUNITÁRIA DA UNIVALI EM ITAJAÍ – SC Itajaí (SC) Junho de 2013

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UNIVERSIDE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE FARMÁCIA

BRUNA DE SANTO MACIEL MARIA FERNANDA DUARTE

IMPLEMENTAÇÃO DO SERVIÇO DE ACOMPANHAMENTO FARMACOTERAPÊUTICO PARA PACIENTES PORTADORES DE

HEPATITE C CRÔNICA NA UNIDADE DE SAÚDE FAMILIAR E COMUNITÁRIA DA UNIVALI EM ITAJAÍ – SC

Itajaí (SC)

Junho de 2013

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BRUNA DE SANTO MACIEL MARIA FERNANDA DUARTE

IMPLEMENTAÇÃO DO SERVIÇO DE ACOMPANHAMENTO FARMACOTERAPÊUTICO PARA PACIENTES PORTADORES DE

HEPATITE C CRÔNICA NA UNIDADE DE SAÚDE FAMILIAR E COMUNITÁRIA DA UNIVALI EM ITAJAÍ – SC

Monografia apresentada como requisito para obtenção do título de Farmacêutico pela Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências da Saúde. Orientadora: Prof. MSc. Noêmia Liege Maria da Cunha Bernardo.

Itajaí, (SC)

Junho de 2013

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Folha de aprovação

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Dedicamos este trabalho aos nossos pais, Marcelo e Flávia, e Tânia e

Ubiratan. Nossa eterna gratidão por terem acreditado em nós, proporcionando-nos a

oportunidade desta graduação. Por cada incentivo e orientação. Pelas orações em

nosso favor, pelos gestos de carinho e pelo amor incondicional.

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“A mente que se abre a uma nova ideia jamais tornará ao seu tamanho original”

(Albert Einstein)

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IMPLEMENTAÇÃO DO SERVIÇO DE ACOMPANHAMENTO FARMACOTERAPÊUTICO PARA PACIENTES COM HEPATITE C

CRÔNICA NA UNIDADE DE SAÚDE FAMILIAR E COMUNITÁRIA DA UNIVALI EM ITAJAÍ – SC

Bruna DE SANTO-MACIEL e Maria Fernanda SCHMIDT DUARTE

Orientadora: Noemia Liege Maria da Cunha Bernardo

Defesa em: junho de 2013

Resumo: A Hepatite C crônica é uma doença causada pelo VHC representa um importante problema de saúde pública. É a principal causa de cirrose hepática, insuficiência hepática e do carcinoma hepatocelular. O nível de conhecimento que o paciente e seus familiares possuem sobre a doença bem como o preparo que os profissionais de saúde envolvidos tem em manejar esse paciente são essenciais para o bom controle da doença, e resposta ao tratamento, auxiliando na tentativa de evitar suas complicações crônicas. O paciente precisa ser informado sobre os efeitos adversos e os objetivos do tratamento. O tratamento pode proporcionar uma piora na qualidade de vida do portador de VHC, necessitando da presença de uma equipe multiprofissional com estratégias de apoio e motivação, para não ocorrer abandono. A inserção do farmacêutico na equipe clínica mutidisciplinar, no atendimento do paciente com hepatite crônica causada pelo VHC, faz com que o paciente entenda a necessidade de cumprir seu tratamento e contribui para o conhecimento do paciente sobre a enfermidade e suas complicações. Para isso desenvolveu-se um protocolo de acompanhamento farmacoterapêutico para pacientes com o diagnóstico de Hepatite C crônica atendidos em uma unidade docente assistencial no município de Itajaí

Palavras-chave: Hepatite C. Seguimento Farmacoterapêutico. Atenção

Farmacêutica

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Fluxo de serviço farmacêutico .................................................................... 34

Figura 2 Fluxograma de atendimento do Ambulatório de Atenção Farmacêutica ... 36

Figura 3 Fluxograma de atendimento da Primeira Consulta do Ambulatório de

Atenção Farmacêutica ............................................................................................. 39

Figura 4 Fluxo do serviço de seguimento farmacoterapêutico ................................. 41

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LISTA DE ABREVEATURAS

ALT - Alanina Transaminase

AST - Aspartato aminotransferase

APAC - Autorização de Procedimentos de Alto Custo

Beta HCG - Gonadotrofina coriônica humana

CEREDI - Centro de Referencia em Doenças Infecciosas

DIAF - Diretoria de Assistência Farmacêutica do Estado de Santa Catarina

FAISI - Farmácia das Ações Integradas de Saúde de Itajaí

FDA - Food and Drug Administration

GAMA GT- Gama glutamil transferase

OMS - Organização Mundial de Saúde

PRM - Problema Relacionado a Medicamento

PWDT - Pharmacist Workup of Drug Therapy

PCR - Polymerase chain reaction

PEG -IFN - Interferon Peguilado

RAM - Reação Adversa ao medicamento

RBV - Ribavirina

RVP - Resposta Virológica Precoce

RVF - Resposta Virológica Final

RVP - Resposta virológica precoce

RVR - Resposta virológica rápida

RVS - Resposta virológica sustentada

SOAP – S dados subjetivos, O objetivos, A avaliação, P planejamento.

TSH - Hormônio estimulante da tireoide

VHC - Vírus da Hepatite C

UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 17 2 OBJETIVOS ...................................................................................................... 19 2.1 Objetivo Geral ............................................................................................... 19 2.1.2 Objetivos Específicos ............................................................................... 19 3 EMBASAMENTO TEÓRICO ............................................................................. 21 3.1 Hepatite C Crônica ....................................................................................... 21 3.1.1 Agente Etiológico ...................................................................................... 21 3.1.2 Transmissão .............................................................................................. 21 3.1.3 História Natural da doença ....................................................................... 22 3.1.4 Tratamento da Hepatite C Crônica ........................................................... 22 3.1.5 Tratamento das reações adversas ........................................................... 24 3.2 Serviços Farmacêuticos .............................................................................. 25 3.3 Primeira Entrevista ....................................................................................... 27 3.3.1 Fase de Avaliação ..................................................................................... 27 3.3.2 Plano de Ação ............................................................................................ 28 3.3.3 Monitoramento do Tratamento ................................................................. 28 3.3.4 Seguimento dos Resultados .................................................................... 29 3.3.4.1 Pacientes em uso de IFN convencional associado ou não a ribavirina ............................................................................................................................. 30 3.3.4.2 Pacientes em uso de PEG-INF associado ou não a ribavirina ........... 30 4 METODOLOGIA ............................................................................................... 32 4.1 Determinação da estrutura do serviço de Seguimento Farmacoterapêutico ............................................................................................................................. 32 4.2 Desenvolvimento do processo de Seguimento Farmacoterapêutico ...... 32 5 RESULTADOS .................................................................................................. 33 5.1 Estrutura da Assistência Farmacêutica no tratamento da Hepatite C em Itajaí ..................................................................................................................... 33 5.2 Caracterização da Unidade de Serviço Familiar e Comunitária da UNIVALI ............................................................................................................................. 34 5.3 Ambulatório de Atenção Farmacêutica ...................................................... 35

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5.3.1 Primeira Consulta ...................................................................................... 37 5.3.2 Avaliação .................................................................................................... 37 5.3.3 Protocolo de Seguimento Farmacoterapêutico para pacientes em tratamento da Hepatite C crônica no Ambulatório de Atenção Farmacêutica da UNIVALI ............................................................................................................... 40 6 Conclusão ........................................................................................................ 42 Referências ......................................................................................................... 43

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1 INTRODUÇÃO A OMS estima que aproximadamente 180 milhões de pessoas estejam

infectadas pelo vírus da hepatite C crônica no mundo, sendo que no Brasil calcula-

se que de 1% a 3% da população estejam contaminadas (BRASIL, 2009).

Dificilmente o diagnóstico é realizado na fase aguda da doença, já que esta é

assintomática em 80% dos casos. Ainda na fase crônica, o paciente não apresenta

sintomas, ou apresenta sintomas inespecíficos, resultando em um diagnóstico tardio,

onde, muitas vezes, a doença já se encontra em estágio avançado. O diagnóstico

ocorre em grande parte das vezes quando o paciente vai realizar uma doação de

sangue, ou um teste sorológico de rotina, sendo que em 50 a 90% dos casos

verifica-se a cronificação da hepatite aguda (BRASIL,2009).

O tratamento para hepatite C é definido após a realização de exames de

biópsia hepática e biologia molecular, a fim de controlar a replicação viral. É um

tratamento complexo, que tem por objetivo uma melhor qualidade e um aumento da

expectativa de vida do paciente, redução da probabilidade de evolução para

insuficiência hepática, e diminuição do risco de transmissão da doença. A indicação

terapêutica é baseada nos critério de resposta virológica ao tratamento do VHC

(vírus da Hepatite C) considerando genótipo e carga viral. O tratamento consiste na

associação de interferon convencional ou peguilado à ribavirina, (BRASIL, 2011).

Este tratamento ocasiona reações adversas e alterações laboratoriais que

necessitam de um acompanhamento mais rigoroso para uma melhor adesão ao

tratamento, o que pode levar a um grande impacto na vida do paciente, porque

ocorre uma piora da qualidade de vida resultando em uma baixa autoestima e falta

de confiança. É essencial que este paciente receba apoio multiprofissional para que

não abandone o tratamento (BRASIL, 2011).

Sugere-se então um novo modelo de atuação do Farmacêutico que preconize

o cuidado e o acompanhamento ao paciente em tratamento da Hepatite C crônica. É

importante ter um protocolo que insira o trabalho do farmacêutico em concordância

com os demais profissionais envolvidos, a fim criar estratégias para controle dos

efeitos adversos, prevenir complicações e assegurar uma melhor adesão no

tratamento (BRASIL 2011).

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O serviço de acompanhamento farmacoterapêutico deve orientar o paciente

para obter um melhor resultado com os medicamentos, para que se alcancem metas

definidas buscando melhorar a qualidade de vida, como no caso do tratamento da

hepatite C crônica, colaborando para melhorar a adesão, o manejo das reações

adversas e o acesso ao tratamento ((IVAMA et al., 2002)

O objetivo deste estudo é implementar um protocolo que favoreça um trabalho

interdisciplinar de cuidado à saúde com vistas à Atenção Integral à Saúde de

pessoas em tratamento da hepatite C crônica, que frequentam a Unidade de Saúde

Familiar e Comunitária - USFC – UNIVALI USFC-UNIVALI é um ambiente de

formação que permite uma integração entre os alunos e docentes de diversas áreas

da saúde, como enfermagem, farmácia, medicina, nutrição, entre outras

possibilitando o desenvolvimento das atividades em que os profissionais se colocam

em simbiose para a busca de uma abordagem integral do processo saúde-doença e

da promoção de saúde por meio de uma prática clínica integrativa.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Desenvolver um protocolo de acompanhamento farmacoterapêutico para

pacientes com o diagnóstico de Hepatite C Crônica atendidos na Unidade de Saúde

Familiar e Comunitária da UNIVALI em Itajaí – SC.

2.2 Objetivos Específicos

- Descrever a estrutura de assistência ao paciente portador de hepatite viral C

crônica no município de Itajaí/SC.

-Caracterizar a Unidade Docente Assistencial quanto ao acesso,

infraestrutura, recursos humanos e serviços prestados para o cuidado do paciente

com hepatite C crônica.

- Caracterizar o serviço clínico farmacêutico quanto ao acesso, infraestrutura,

recursos humanos e serviços prestados.

- Determinar a estrutura do serviço de seguimento farmacoterapêutico para

pacientes com hepatite C crônica.

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3 EMBASAMENTO TEÓRICO 3.1 Hepatite C crônica

3.1.1 Agente etiológico

A Hepatite C crônica, causada pelo VHC, representa um importante problema

de saúde pública. É a principal causa de cirrose hepática, insuficiência hepática e do

carcinoma hepatocelular. (CONTE, 2000).

O vírus da hepatite C pertence ao gênero Hepacivirus da família Flaviviridae.

No Brasil foram identificados 6 subgrupos principais sendo que os genótipos mais

freqüentes são o 1, 2 e 3. A infecção pelo genótipo 1 apresenta pior prognóstico e

maior resistência ao tratamento (BRASIL, 2002).

3.1.2 Transmissão

O VHC é transmitido pelo contato direto de material contaminado com o

sangue. Os meios de transmissão mais citados são transfusão de sangue,

compartilhamento de agulhas e seringas entre usuários de drogas injetáveis, por

meio de materiais não esterilizados adequadamente, como no caso do serviço de

manicure, agulhas utilizadas em acupuntura, tatuagem, materiais odontológicos e

em acidentes com materiais perfuro-cortantes (COLIN et al., 2005). A transmissão

sexual e perinatal ocorrem com menor frequência (WHO, 2000).

Com o maior controle dos doadores de sangue, a partir da década de 1990, a

hepatite C por transfusão sanguínea tornou-se rara (CONTE, 2000).

Segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), estima-se

mundialmente 170 milhões de infectados pelo VHC e a cada ano 3 a 4 milhões de

pessoas estão se infectando (WHO, 2000).

Isto significa que 3% da população mundial pode estar infectada pelo VHC

(STRAUSS, 2001).

A hepatite C crônica é considerada uma doença silenciosa pelo fato de ser

assintomática, tanto na fase aguda, como crônica, a qual pode permanecer por

várias décadas (BROK, 2005).

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A infecção é considerada crônica quando o paciente apresenta VHC-RNA por

mais de 6 meses (CONTE, 2000).

Entre os pacientes infectados com o VHC, é estimado que 70% a 80%

desenvolverão a infecção crônica desses 20% a 30% irão evoluir para a cirrose

hepática, e 1% a 4% dos pacientes que apresentam cirrose hepática evoluem para o

carcinoma hepatocelular, por esta razão a hepatite C é considerada a principal

causa de transplante hepático (CONTE, 2000).

3.1.3 História natural da doença

A persistência da infecção por mais de seis meses, e a evolução para doença

hepática crônica que ocorre entre 20 a 40 anos após a infecção, definem a Hepatite

viral C crônica. Porém a progressão da doença pode ser influenciada pela carga

viral e genótipo (STRAUSS, 2001; SEEFF, 2009). Diversos fatores do hospedeiro têm influência na progressão da hepatite

crônica pelo vírus C, sendo principais: sexo, idade, alcoolismo, coinfecção com o

vírus da hepatite B e o vírus da imunodeficiência humana (STRAUSS, 2001; SEEFF,

2009).

3.1.4 Tratamento da Hepatite C Crônica

O tratamento da hepatite C crônica objetiva evitar a progressão da doença por

meio da inibição da replicação viral, obtendo a resposta viral sustentada (RVS),

definida como a ausência da detecção do RNA do VHC em nível sérico, após o

término do tratamento, em geral por seis meses (CAINELLI, 2008,STRAUSS 2001).

Após a publicação da Política Nacional de Medicamentos e da Política

Nacional de Assistência Farmacêutica, muitos foram os avanços relacionados ao

acesso a medicamentos via SUS (Sistema Único de Saúde), incluindo o acesso a

medicamentos dos Componentes Básico e Estratégico, e ao tratamento de doenças

estabelecidas em Protocolos Clínicas e Diretrizes Terapêuticas relacionadas no

Componente Especializado de Assistência Farmacêutica. (BELTRAME et al., 2007)

A terapêutica recomendada pelo Ministério da Saúde da hepatite C crônica é

o tratamento combinado com interferon e ribavirina. Primeiramente, o interferon foi

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utilizado como monoterapia, posteriormente, ele foi utilizado em combinação com a

ribavirina, e atualmente é preconizado a combinação de PEG –IFN (interferon

peguilhado) com ribavirina, sendo este o tratamento mais eficaz. Através de

modificações realizadas no interferon convencional por peguilação, obteve-se um

resultado terapêutico superior aos regimes antes utilizados, resultando em maior

comodidade, adesão e melhora na qualidade de vida dos pacientes (ZYLBERGELD

NETO; RUIZ, 2004).

A cura é determinada por uma resposta virológica sustentada, definida pela

ausência de RNA do VHC seis meses após a retirada da terapia. O interferon

peguilado alfa-2a mais ribavirina produz um total de taxa de resposta virológica

sustentada de 56% a 63%, enquanto o interferon alfa-2b peguilado mais ribavirina

produz uma resposta virológica sustentada semelhante taxa de 54% (KOSTMAN,

2005).

Na peguilação, o interferon associado com o PEG, tem maior

biodisponibilidade que o interferon convencional antes de ser metabolizado,

proporcionando um aumento no seu tempo de meia vida, que resulta em uma

ampliação na duração de seus efeitos no organismo (BEZERRA, 2007).

A dosagem recomentada de PEG -IFN alfa-2a, associado a ribavirina ou em

monoterapia é de 180 mcg, independente do peso do paciente. O PEG -IFN alfa-2b

apresenta dose dependente ao peso do paciente, sendo que na monoterapia sua

dose é de 1 µ/kg, e associado a ribavirina é 1,5 µ /kg. O PEG -IFN alfa-2a associado

a ribavina ou em monoterapia, e o PEG -IFN alfa-2b associado a ribavirina ou em

monoterapia, apresentam a comodidade de apenas uma aplicação por semana

(RUIZ, 2004).

As contra indicações no tratamento com interferon peguilado associado a

ribavirina podem ser absolutas ou relativas. As absolutas são gravidez,

amamentação, e reações hipersensibilidade a alguns fármacos. As relativas devido

aos efeitos colaterais dos medicamentos são doença hepática descompensada,

doença neuropsiquiátrica, pulmonar, cérebro-vascular, doenças auto-imunes graves,

doenças malignas neoplásicas, desordens convulsivas e história de transplantes de

órgãos sólidos. Anemia, leucopenia e/ou plaquetopenia, também são considerados

contra indicações (FERREIRA, 2008).

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Os efeitos adversos mais comuns relacionados ao interferon e a ribavirina

incluem fadiga, mialgias, alterações psicológicas (depressão, ansiedade, insônia,

irritabilidade) e a queda nos parâmetros hematológicos (anemia, plaquetopenia,

leucopenia). A ribavirina é teratogênica, e induz a anemia hemolítica (BRASIL,

2008).

O boceprevir e o telaprevir são inibidores da protease, aprovados

recentemente pela (FDA) Food and Drug Administration, para tratamento na hepatite

viral C crônica em adultos, associado a ribavirina e o PEG -IFN. Apresentam eficácia

avaliada por resistência virológica sustentada quando comparados ao tratamento da

ribavirina associada apenas ao interferon (BERSUSA; BONFIM; LOUVISON, 2012).

Através do SUS pelo Componente de Especializado da Assistência

Farmacêutica são fornecidos os medicamentos no Brasil. Segundo a portaria

SVS/MS nº 34 de 28 de setembro de 2007, é recomendada a criação de centros de

referência, que avaliem e acompanhem o tratamento dos usuários. Tem como

objetivo realizar um atendimento especializado que proporcione um aumento na

efetividade do tratamento (BRASIL, 2007).

3.1.5 Tratamento das reações adversas

Com a introdução do tratamento da hepatite C crônica podem ocorrer reações

adversas, como a presença de sintomas psicológicos, podendo ter um impacto

negativo no andamento da doença, prejudicando a adesão, aumentando os

sintomas e reduzindo a qualidade de vida do paciente, pode ate levar ao suicídio em

alguns casos mais graves. Pelo fato de ocasionar transtornos mentais, profissionais

da área médica solicitam que rotineiramente seja feito uma avaliação psicológica

antes de começar o tratamento (MIYAZAKI; DOMINGOS; VALÉRIO, 2005).

O paciente precisa ser informado sobre os efeitos adversos e os objetivos do

tratamento. O tratamento pode proporcionar uma piora na qualidade de vida do

portador de VHC, necessitando da presença de uma equipe multiprofissional com

estratégias de apoio e motivação, para não ocorrer abandono (BRASIL, 2011).

O manejo farmacológico no tratamento das reações adversas constitui em

uma redução na dosagem de interferon convencional, PEG -IFN ou da ribavirina por

tempo indeterminado ou permanente. A descontinuidade do tratamento ocorre em

10% dos pacientes (VIGANI, 2008).

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3.2 Serviços Farmacêuticos:

Os serviços farmacêuticos incluem atividades administrativas e serviços

assistenciais. Os serviços assistenciais compreendem: dispensação, orientação

farmacêutica, seguimento farmacoterapêutico e educação permanente da equipe de

saúde. As atividades administrativas tem por finalidade programação de

medicamentos, processo de solicitação e armazenamento de medicamentos e

atividades relacionadas com o descarte dos resíduos de serviços de saúde (BRASIL,

2009).

Segundo o Consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica, o serviço de

seguimento farmacoterapêutico é “Um componente da Atenção Farmacêutica e

configura um processo no qual o farmacêutico se responsabiliza pelas necessidades

do usuário relacionadas ao medicamento, por meio da detecção, prevenção e

resolução de PRM (Problema Relacionado ao medicamento), de forma sistemática,

contínua e documentada, com o objetivo de alcançar resultados definidos, buscando

a melhoria da qualidade de vida do usuário” (IVAMA et al., 2002, p.19 ).

Entretanto, é imprescindível para um seguimento adequado, uma organização

da equipe e serviços, através de uma abordagem multidisciplinar, e uma inserção do

farmacêutico na equipe, para assim promover o cuidado integral ao usuário devido

ao grande numero de RAM e eventos adversos que acabam dificultando a adesão

ao tratamento da hepatite C crônica (BRASIL, 2010).

É de competência de o Farmacêutico contribuir nas atividades do ciclo

logístico, garantir que o medicamento dispensado seja de qualidade, colaborando na

segurança e eficácia no tratamento (AMARAL, REIS, PICON, 2006).

Em um estudo realizado para descrever as oportunidades de intervenção

farmacêutica no tratamento de pacientes com hepatite viral C crônica no município

de Itajaí realizado por Bernardo (2010), a prática farmacêutica na assistência está

pautada apenas no ciclo logístico, não ocorrendo a intervenção clínica do

profissional de forma sistematizada: o farmacêutico não participa diretamente nas

decisões clínicas do paciente. Para que este processo seja alterado, é necessária

uma adequação tanto na infraestrutura, de pessoal e espaço físico, como na

organização do serviço farmacêutico (AMARAL, REIS, PICON, 2010).

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A partir da publicação da RDC 44 de 2009 se reconheceu a importância do

serviço de Atenção Farmacêutica, que visa a prevenção, detecção e resolução de

problemas relacionados a medicamentos, a fim de melhorar a saúde e qualidade de

vida dos usuários a qual como pode ser observado, no regulamento, um serviço que

vai além da intervenção somente no ciclo logístico (BRASIL, 2009).

Estudos realizados demonstram que a inserção do Farmacêutico na equipe

clínica mutidisciplinar, no atendimento do paciente com hepatite crônica causada

pelo VHC, faz com que o paciente entenda a necessidade de cumprir seu tratamento

e contribui para o conhecimento do paciente sobre a enfermidade e suas

complicações. O trabalho em equipe multidisciplinar colabora para redução dos

custos, aumento na satisfação e obtenção de resultados clínicos positivos na saúde

do paciente com a intervenção farmacêutica (AMARAL, REIS, PICON, 2006).

Amaral e colaboradores (2010) realizaram a implantação de um serviço no

ambulatório do hospital no Rio Grande do Sul, incluindo a intervenção do

farmacêutico em um programa multidisciplinar com a aplicação do interferon,

monitorização e educação individualizada. (AMARAL, REIS, PICON, 2006).

Após 10 meses da implementação houve uma economia estimada de

1.300.000 reais/ano o que demonstrou um melhor gerenciamento dos medicamentos

e com 100% de satisfação do usuário. Vários métodos de atenção farmacêutica ou,

mais especificamente, de acompanhamento farmacoterapêutico vem sendo

propostos nos últimos 20 anos. Entre eles, o PWDT desenvolvido por Cipolle, Strand

e Morley e o Método Dáder, do Grupo de Pesquisa em Atenção Farmacêutica da

Universidade de Granada (CORRER, 2006).

O PWDT consiste no raciocínio clínico desenvolvido pelo Farmacêutico na

identificação das necessidades e problemas farmacoterapêuticos do paciente,

enquanto o processo de atenção consiste nas etapas percebidas pelo paciente

enquanto ele recebe atenção farmacêutica, e este processo tem por base o

relacionamento entre farmacêutico e paciente e divide-se em: 1) avaliação 2)

desenvolvimento de um plano de cuidado e 3) o acompanhamento da evolução do

paciente (CIPOLLE; STRAND; MORLEY, 2004).

O Método Dáder se baseia na obtenção da história farmacoterapêutica do

paciente, isto é, os problemas de saúde que ele apresenta e os medicamentos que

utiliza, e na avaliação de seu estado situacional em uma data determinada a fim de

identificar, resolver e prevenir os possíveis PRM apresentados pelo paciente. Após

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esta identificação, se realizam intervenções farmacêuticas necessárias para resolver

os PRMs e posteriormente se avaliam os resultados obtidos (CORRER, 2006).

O método clínico confere um caráter científico, racional e sistemático para

prática da atenção farmacêutica. Entretanto, apesar de sua importância ele

apresenta certas limitações, pois tem em sua racionalidade o modelo biomédico, o

qual segrega as profissões por especialidades (OLIVEIRA, 2011). Weed (1971)

propõe quatro fases do método clínico: coleta de dados, identificação de problemas,

planejamento e seguimento. Defende, ainda, a utilização do formato SOAP (dados

subjetivos, dados objetivos, avaliação e plano) nas anotações de seguimento.

3.3 Primeira entrevista

Na primeira entrevista o paciente deve comparecer trazendo todos os

medicamentos que utiliza, juntamente com seus exames laboratoriais. A primeira

entrevista tem como objetivo, entender sobre a história farmacoterapêutica do

paciente (DADER; MUNOZ; MARTINEZ, 2007).

3.3.1 Fase de avaliação

Na fase de avaliação identifica-se as suspeitas de RNM, o conhecimento

sobre a doença e sobre os medicamentos, assim como os aspectos relacionados ao

estilo de vida que podem influenciar na resposta ao tratamento, como: alimentação,

atividade física, uso de drogas e álcool, a avaliação realiza-se mediante a um

processo sistemático de perguntas a partir das informações coletadas durante a

entrevista clínica (DADER; MUNOZ; MARTINEZ, 2007).

PRM é definido segundo o Pré consenso brasileiro, (2002) é “ Um problema

de saúde, relacionado ou suspeito de estar relacionado à farmacoterapia, que

interfere nos resultados terapêuticos e na qualidade de vida do usuário.” O

farmacêutico deve prevenir, detectar e resolver o PRM de forma sistemática e

documentada com o objetivo de alcançar resultados concretos na farmacoterapia e

buscar a melhora da qualidade de vida dos pacientes, deve identificar as

necessidades e trabalhar em conjunto com outros profissionais da saúde (DADER;

MUNOZ; MARTINEZ, 2007).

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3.3.2 Plano de ação

O plano de ação é um programa realizado junto com o paciente, com objetivo

de melhorar o estado de saúde do paciente, o qual apresentara todas as atividades

e intervenções realizadas pelo farmacêutico (DADER; MUNOZ; MARTINEZ, 2007).

3.3.3 Seguimento dos resultados

O fechamento do processo de seguimento do paciente ocorre após a fase do

plano de ação e intervenção seguida da realização de entrevistas sucessivas que

possibilita comprovar a continuidade e obter informações sobre o resultado da

intervenção, identificar novos problemas de saúde e a inserção de novos

medicamentos e começar as novas intervenções antecipadas no plano de atenção

(DADER; MUNOZ; MARTINEZ, 2007).

3.3.4 Monitoramento do tratamento

Em pacientes portadores de Hepatite C, para candidatos a tratamento, deve

ser realizada uma avaliação, composta por exames físicos completos, anamnese, e

exames complementares. Os pacientes que estão em tratamento necessitam de

acompanhamento clínico e laboratorial na fase inicial do tratamento. (DUFOUR et

al.,200)

O monitoramento do paciente durante o tratamento visa identificar

precocemente a incidência de reações adversas e assim buscar o seu manejo para

que não ocorra interferência na adesão ao tratamento. Assim como avaliar a

resposta ao tratamento acompanhando a cinética viral (BRASIL, 2011).

Segundo Ramos (2012), o monitoramento dos pacientes deve ser realizado

através dos seguintes parâmetros:

• Resposta Virológica Rápida (RVR): VHC-RNA indetectável na quarta

semana de tratamento, avaliada por método sensível (<50 UI/mL),

neste trabalho, avaliada por meio de método qualitativo.

• Resposta Virológica Precoce (RVP): VHC-RNA indetectável na 12.ª

semana de tratamento ou redução de 2 logaritmos (100x) da carga viral

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em relação ao nível pré-tratamento, realizada por meio de análise

quantitativa.

• Resposta Virológica Precoce Parcial: redução de 2 logaritmos, porém

sem negativação do HCV- RNA na 12.ª semana de tratamento.

• Resposta Virológica Precoce Completa: negativação da carga viral na

12.ª semana de tratamento.

• Resposta Virológica ao final do tratamento (RVT): negativação do VHC-

RNA por PCR (Polymerase chain reaction) qualitativo sensível (< 50

UI/mL) ao final do tratamento.

• Resposta Virológica Sustentada (RVS): manutenção da negativação do

RNA do VHC, avaliada 6 meses após o término do tratamento por meio

de análise qualitativa, com método sensível (< 50 UI/mL)

É realizado o acompanhamento por meio dos seguintes exames laboratoriais:

Quadro 1 - Acompanhamento laboratorial no tratamento da hepatite C Exames Pré

tratamento

Após o início do tratamento

15 dias 30 dias Mensal Trimestral

Hemograma X X X X

Plaquetas X X X X

Creatinina X X X X

ALT, AST X X X X

Fosfatase Alcalina, Gama GT,

Bilirrubina, Albumina

X

Tempo de Protrombina X

Glicose, ácido Úrico X X

TSH X X

Beta HCG X X

ALT: Alanina Transaminase; AST: Aspartato aminotransferase; Beta HCG: gonadotrofina coriônica

humana; TSH: Hormônio Estimulante da Tireóide;

3.3.4.1 Pacientes em uso de IFN convencional associado ou não a ribavirina

O teste quantitativo de detecção do HCV deve ser realizado em pacientes

com indicação de terapia por 24 semanas no final do tratamento para avaliar a

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resposta virológica. Se o resultado apresentar-se negativo deve-se repetir o exame

seis meses após o final do tratamento. Em pacientes com indicação de tratamento

de 48 semanas, deve ser realizado na semana doze do tratamento para avaliar a

RVP. O tratamento deve ser interrompido na semana doze caso os pacientes não

atingirem a RVP parcial ou total (BRASIL, 2011).

3.3.4.2 Pacientes em uso de PEG-IFN associado ou não a ribavirina

Em pacientes portadores dos genótipos 1,4,5, avalia-se a RVP através da

contagem da carga viral do VHC na semana 12 do tratamento. Deve-se continuar o

tratamento em pacientes que atingiram RVP parcial na semana 12 do tratamento,

realizando o VHC RNA na semana 24. Os pacientes portadores do genótipo 1 que

apresentarem resultado indectável devem permanecer com o tratamento ate a

semana 72. O tratamento será interrompido caso o resultado esteja detectável, na

semana 24, ou que não atingirem RVP parcial ou total na semana 12 (VELDT, B. J.

et al).

Para avaliar a RVF (Resposta Virológica Final), os portadores dos genótipos 2

ou 3 não coinfectados pelo HIV, em pré ou pós transplante, e sem cirrose, devem

realizar o VHC-RNA na semana 24, repetindo o VHC-RNA na semana 48 no caso de

apresentarem resultado indetectável. Em pacientes coinfectados a carga viral do

VHC deve ser realizada na semana 12 de tratamento, para avaliar a resposta

virológica precoce (RVP). Assim, se o paciente apresentar RVP total, o tratamento

deve ser mantido ate a semana 48, e se apresentar RVP parcial, deve-se manter o

tratamento realizando o VHC-RNA na semana 24 para definir a continuação do

tratamento (BRASIL, 2011).

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4 METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada no Ambulatório de Atenção Farmacêutica, na unidade

de saúde familiar e comunitária da univali em itajaí-sc o âmbito de atuação do

serviço foi a atenção secundária a partir da integração com o ambulatório de

infectologia, ambos localizados na Unidade de Saúde Familiar e Comunitária na

UNIVALI, campus Itajaí, bloco F7. O estudo foi realizado no período de maio a

novembro de 2012.

4.1 Determinação da estrutura do serviço de seguimento farmacoterapêutico

Foi realizado um levantamento bibliográfico sobre a estrutura preconizada

pelo Ministério da Saúde, publicações científicas e uma análise da estrutura de

assistência ao paciente portador de hepatite viral C crônica no município de Itajaí a

partir de estudos realizados.

4.2 Desenvolvimento do processo de seguimento farmacoterapêutico

Foi desenvolvido a partir da adaptação dos seguintes métodos clínicos:

Método PWT, SOAP e do protocolo utilizado no Ambulatório de Atenção

Farmacêutica da UNIVALI.

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5 RESULTADOS

5.1 Estrutura da Assistência farmacêutica no tratamento da Hepatite C em Itajaí

A assistência farmacêutica aos portadores de Hepatite C crônica no município

de Itajaí/SC é realizada no FAISI (Farmácia das Ações Integradas da Saúde de

Itajai), onde está estruturado o Componente Especializado de assistência

farmacêutica do município. Quanto à estrutura de recursos humanos é composta por

um farmacêutico e dois auxiliares administrativos responsáveis pelo processo

logístico e entrega dos medicamentos, o serviço está vinculado ao centro de

referência de tratamento, onde acontece o acompanhamento médico dos pacientes

monoinfectados pelo VHC e com os pacientes atendidos no CEREDI, serviço

municipal de referência no tratamento do HIV e as co-infecções, como o VHC.

O objetivo do centro de referência é prestar atendimento integral ao paciente

por meio de uma intervenção. É composto por uma equipe multidisciplinar com

profissionais da área da saúde: psicólogos, médicos, enfermeiros e técnicos de

enfermagem. O fluxo do serviço farmacêutico estruturado no município está descrito

na figura 1.

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Figura 1. Fluxo de serviço farmacêutico em Itajaí

Paciente com diagnóstico deHepatite C crônica

Diagnóstico: clínico, laboratorial, biopsia hepática, laudo médico para procedimento de alta complexidade (APAC). Proveniente do Centro de Referência.

Abertura de processo

Avaliação pela DIAF

Aprovado

Ciclo logístico

no município

Realizado no Componente de Dispensação Especializado do Município - FASI

- Programação.Solicitação para a DIAF

- Armazenamento.- Dispensação.

- Renovação de APAC

Realizado no Componente de Dispensação

Especializado do Município –FAISI

DIAF: Diretoria de Assistência Farmacêutica do Estado de Santa Catarina; APAC:

Autorização de Procedimentos de Alto Custo;

5.2 Caracterização da Unidade de Saúde Familiar e Comunitária da UNIVALI

A Unidade de Saúde Familiar e Comunitária da UNIVALI, está localizada no

Bloco F7, campus de Itajaí. Esta unidade funciona o Ambulatório de Infectologia

destinado ao atendimento de doenças infecciosas, dentre elas a hepatite C crônica.

O acesso ao atendimento acontece por referência da atenção primária por convenio

com o SUS. Os atendimentos são realizados as quarta-feira das 08h00min ao

12h00min e sexta-feira das 8:00 as 10:00 horas. A equipe é composta por duas

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médicas responsáveis pelo atendimento aos pacientes. O foco do serviço é o

atendimento médico.

5.3 Ambulatório de atenção farmacêutica

O Ambulatório de Atenção Farmacêutica está inserido na Unidade de Saúde

Familiar e Comunitária da UNIVALI. É um centro de referência regional tornando-se

um importante “laboratório” de ensino, pesquisa e extensão. Além do serviço

prestado à comunidade, o ambulatório é um ambiente de docência no âmbito da

graduação e pós-graduação, proporcionando aos estudantes vivência na prática

clínica farmacêutica.

Este ambulatório é coordenado e supervisionado por uma professora do curso de

Farmácia e coordenadora da Pós Graduação em Atenção Farmacêutica através do

convênio entre Instituto Racine e UNIVALI. Conta com uma estagiária que colabora

nos atendimentos aos pacientes. Inserido na rede de cuidado do paciente. O serviço

tem como objetivo prevenir, detectar e resolver problemas de saúde relacionados

aos medicamentos, buscando melhoria dos resultados em saúde, por meio do

Acompanhamento Farmacoterapêutico.

A referência ao ambulatório de Atenção Farmacêutica é realizada por médicos ou

pela Gerência de Assistência Farmacêutica do Município de Itajaí, não sendo

realizados atendimentos de livre demanda, ou encaminhamento de demais

profissionais de saúde.

O paciente é avaliado por um acadêmico do curso de farmácia ou pelo

Farmacêutico em uma primeira consulta, na qual podem ser realizadas intervenções

farmacêuticas iniciais. O caso é discutido e estudado com a professora e realizado a

avaliação e o plano de ação. Caso seja identificado algum problema relacionado à

farmacoterapia na consulta de retorno será realizada a contra-referência ao médico,

e quando necessário fará intervenções diretamente com o paciente, principalmente

nos casos de uso incorreto dos medicamentos e não adesão ao tratamento. Novas

consultas de retorno poderão ser necessárias para avaliação dos resultados e novas

intervenções, até que o plano de ação alcance os resultados pretendidos.

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Na Figura 2, está esquematizado o fluxograma de atendimento do paciente no

Ambulatório de Atenção Farmacêutica.

Figura 2 – Fluxograma de atendimento do Ambulatório de Atenção Farmacêutica.

Referência do médico assitente

Primeira consultaFarmacêutica

Plano de ação Fase de estudo

Retorno

Contra-referência para médico assistente

Nova inteveção

Avaliação

Avaliação

Novo plano de ação

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5.3.1 Primeira Consulta

A primeira consulta tem como objetivo principal coletar informações sobre os

problemas de saúde do paciente e sua historia farmacoterapêutica. Inicia com a

análise do prontuário do paciente, bem como do encaminhamento médico,

verificando a evolução médica recente e o motivo do encaminhamento.

No primeiro contato com o paciente, o acadêmico ou o Farmacêutico deve

proceder sua apresentação. A recepção deve ser acolhedora, iniciando o vínculo

farmacêutico-paciente.

Em seguida o farmacêutico deve apresentar o ambulatório, explicar

brevemente seus objetivos e o fluxo de atendimento previsto. Salientar a

participação do paciente nas tomadas de decisão e a contra referência ao médico

assistente.

Feitas as devidas apresentações, a consulta começa seguindo o roteiro

proposto na Ficha de anamnese farmacêutica. Cabe ressaltar que a ficha é apenas

um guia para a coleta de dados relevantes, o acadêmico ou o pós-graduando pode

direcionar a consulta conforme sua percepção. Os campos são pequenos visando o

registro apenas de palavras chaves, não sendo interessante que o farmacêutico

desvie a atenção do que o paciente está relatando para preencher a ficha

escrevendo textos elaborados.

A capa destina-se a coleta de dados demográficos de paciente e informações

para contato, esses dados podem ser compilados do prontuário do paciente antes

da consulta, e serem somente confirmados com o paciente.

A seguir o objetivo é coletar dados subjetivos referentes ao motivo da

consulta, informações sobre os problemas de saúde e queixas prevalentes, relações

familiares e sociais, estilo de vida, histórico médico e familiar, experiências com

medicamentos e seu tratamento.

Propõem-se a seguir um método de coleta de dados referentes aos

medicamentos que o paciente esteja utilizando. O paciente é orientado a trazer

todos os medicamentos que utiliza, bem como todas as prescrições médicas. A

coleta de dados deve ser feita conforme as informações fornecidas pelo paciente,

para verificar divergências entre a utilização e a posologia prescrita pelo médico.

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Caso o paciente não traga os medicamentos a coleta pode ser feita através da

prescrição médica e questionamentos ao paciente.

Neste momento é importante perceber problemas de adesão, conhecimento

do paciente sobre os medicamentos que utiliza, bem como queixas de reações

adversas ou intolerância aos medicamentos, principalmente dos medicamentos

utilizados para Hepatite C Crônica. Essas informações podem ser registradas em

campo específico.

A seguir sugere-se realizar a revisão de todos os sistemas para verificar

alguma queixa que esteja presente e uso de medicamentos não descritos

anteriormente, caso o paciente tenha esquecido de mencionar. As duas últimas

etapas desta fase da consulta são registradas na Ficha de Acompanhamento de

Parâmetros. Realiza-se a coleta de dados de exames laboratoriais que o paciente

tenha trazido. Esses dados também podem ser obtidos previamente no prontuário

Para finalizar a primeira fase da consulta, realiza-se exame físico, com

verificação de pressão arterial, peso, altura, circunferência abdominal, glicemia

capilar, bem como pode ser verificado alguma queixa do paciente referente a pele e

anexos.

É importante esclarecer que nessa fase da consulta o paciente é que fornece

as informações, o responsável pela entrevista clínica deve evitar realizar orientações

e intervenções nesse momento, tornando a coleta de dados mais objetiva.

Realizado a coleta de dados, solicita-se que o paciente aguarde na sala de

espera, explicando que será realizada uma avaliação inicial do seu caso com o

farmacêutico supervisor, e que em poucos minutos irão estabelecer um plano de

ação juntos para as próximas semanas.

5.3.2 Avaliação

O farmacêutico ou acadêmico dirige-se à sala de reuniões e elabora a lista de

problemas que identificou no paciente, tanto problemas de saúde (controlados ou

não), quanto problemas na farmacoterapia. Os dados coletados na consulta e a lista

de problemas elaborada são então passados para a professora.

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Figura 3: Fluxograma de atendimento da Primeira Consulta do Ambulatório de

Atenção Farmacêutica.

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5.2.3 Protocolo de Seguimento Farmacoterapêutico para pacientes em tratamento da Hepatite C crônica no Ambulatório de Atenção Farmacêutica da UNIVALI

De acordo com a revisão apresentada no presente estudo e com a estrutura

descrita dos serviços envolvidos, para a implementação de um protocolo de

seguimento farmacoterapêutico à pacientes em tratamento da hepatite C crônica é

necessário a integração entre os serviço do componente especializado de

assistência farmacêutica, o ambulatório de infectologia da UNIVALI, com o serviço

de enfermagem e de farmácia da Unidade de Saúde Familiar e comunitária da

UNIVALI. O objetivo do presente protocolo é melhorar a adesão ao tratamento assim

como promover o uso racional dos medicamentos.

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Figura 4: Fluxo do serviço de seguimento farmacoterapêutico

Diagnóstico: clínico, laboratorial, biopsia hepática, laudo médico para procedimento de alta complexidade (APAC). Proveniente do Centro de Referência.

Avaliação pela DIAF Aprovado

Farmácia de Ações Integradas da Saúde de Itajaí- Programação.- Solicitação para a DIAF- Armazenamento.- Dispensação.- Renovação de APAC

Realizado no Componente de Dispensação Especializado de Assistência Farmacêutica em Itajaí

Atendimento na Farmácia da USFC/UNIVALI

Etapas no atendimento:- Anamense farmacêutica- Avaliação Farmacoterpêutica- Avaliação da Adesão- Contra-referência ao médico assistente (quando necessário).

Conferencia dos documentos para abertura e renovação de processo. Orientação sobre as etapas seguintes.

Reprovado

Paciente com diagnóstico deHepatite C crônica encaminhado pelo

médico assistente

Abertura de processo na Farmácia de Ações Integradas da Saúde de Itajai

Ciclo Logístico

Ao retirar os medis, traze-los a Farmácia UFSC/

UNIVALI

Serviço de Seguimento Farmacoterapêutico na Unidade de

Saúde Familiar e Comunitária

Semanalmente recebe seus medicamentos

orais pelo Farmacêutico

Ecaminhamento para aplicação semanal do

interferon peguilado pela equipe de Enfermagem

da USFC/Univali

O paciente retorna ao médico

DIAF: Diretoria de Assistência Farmacêutica do Estado de Santa Catarina; APAC:

Autorização de Procedimentos de Alto Custo;

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6 CONCLUSÃO Através da implementação de um protocolo de serviço de acompanhamento

farmacoterapêutico, o paciente portador de Hepatite C crônica terá um

monitoramento e acompanhamento do tratamento do inicio ao fim, aumentando

assim a adesão do mesmo. Um dos maiores motivos de descontinuidade do

tratamento é devido as reações adversas ao medicamento

Esse acompanhamento do tratamento possibilita também os profissionais da

saúde identificarem as reações adversas e intervirem na amenização das mesmas

tendo um maior controle sobre o paciente. Desta maneira, o tratamento se torna

eficaz e efetivo tanto ao paciente quanto ao órgão de saúde, garantido uma melhora

no serviço assistencial, conseqüentemente na qualidade de vida do paciente.

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ANEXOS

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