ilê público2
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Os principais dois grandes grupos que
definem as Religiões Afro-brasileiras são o
Candomblé e a Umbanda.
No entanto esses dois grandes grupos
abrigam religiosidades bastante diferentes,
tais como, por exemplo: a Pajelança
(Umbanda), no Norte e Nordeste, com profunda
influência indígena e a Casa das Minas
(Candomblé), no Maranhão, que mantém uma
relação específica com os Voduns (espíritos
ancestrais) da casa real do Daomé.
O CANDOMBLÉ é uma religião
baseada nas crenças que os
africanos trouxeram de suas
terras natais.
Hoje em dia é difundida não
apenas no Brasil, mas também em
vários países norte/latino
americanos e europeus.
Por que estudar o candomblé?
Porque o Candomblé reproduz as características do
ethos africano, isto é, seu modo de viver. Através do
estudo do Candomblé podemos ter uma noção entre
outros dos seguintes aspectos da África:
•organização política, social e familiar dos reinos
africanos;
•a visão ecológica;
•medicina;
•organização geográfica das aldeias;
•culto dos ancestrais e reverencia aos mais velhos;
•Arte africana e afro-brasileira.
O culto do candomblé divide-se em
grupos que seguem tradições de
culturas africanas diferentes, esses
grupos de origem étnicos são
chamados de “nações”.
NAÇÕES
Nação
Angola/Congo:
cultua os Inquices,
divindades
relacionadas às
populações banto
(que falam a língua
banto) de Angola e
Congo da África
Central.
Nação Jeje (Casa
das Minas): cultua
os Voduns,
divindades
relacionadas às
populações do
reino de Daomé
(populações Ewe,
Fon) onde hoje é
Benin, na África
Ocidental.
Segundo Pierre Verger, a Casa das Minas teria sido fundada pela rainha Nan
Agontime, viúva do Rei Agonglô (1789-1797), vendida como escrava por Adondozã
(1797-1818), que governou o Daomé após o falecimento do pai e foi destronado pelo
meio irmão, Ghezo, filho da rainha (1818-1858). Ghezo chegou a organizar uma
embaixada às Américas para procurar a sua mãe, que não foi encontrada.
(…)
O termo “mina”, embora designe o grupo étnico do Gana e esteja associado ao forte
de São Jorge da Mina ou Elmina, na Costa do Ouro, serviu para rotular os negros
sudaneses introduzidos no Brasil à época do tráfico: mina-fanti, mina-mahi, mina-
popo, mina-jeje, mina-nagô, entre outros.
Daí a expressão Tambor de Mina aplicada aos terreiros religiosos oriundos dessas
etnias no Maranhão, e, conseqüentemente, Casa das Minas – onde vivem as negras
minas.
A MITOLOGIA
Os voduns (divindades) cultuados estão dispostos em famílias, que determinam a
divisão física da Casa das Minas, sendo a principal a de Davice, cujo chefe é
Zomadonu, de uma linhagem real do Abomey. Essa família hospeda as outras: a de
Quevioçô e a de Dambirá, cujos membros vivem em quartos ao lado do gume, o
quintal onde está plantada uma secular cajazeira, árvore sagrada.
www.guesaerrante.com.br/2005/11/30/Pagina387.htm
CASAS DAS MINAS NO MARANHÃO
Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(IPHAN), pelo processo nº 1464-T-00, de 2002.
Nações do Candomblé:
Nação Keto:
cultua os ORIXÁS,
divindades
relacionadas às
populações
Yorubás (de
língua Yorubá) da
região da Nigéria,
na África
Ocidental.
CASAS BRANCA DO ENGENHO VELHO (BA)
ILÊ AXÉ IYÁ NASSÔ OKA
Tombado pelo IPHAN em 14 de Agosto de 1986 .
Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico Inscrição:093
Livro Histórico, Inscrição:504, Nº Processo:1067-T-82
ILÊ AXÉ OPÓ AFONJÁ
Tombado pelo IPHAN em 28 de julho de 2000.
Livro Histórico: Insc.:559.
Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico: Insc.:124 Nº Processo:1432-T-98
SOCIEDADE SÃO JORGE DO GANTOIS (BA)
ILÊ IYÁ OMIN AXÉ IYÁ MASSÊ
Tombado pelo IPHAN em 2002,
Processo nº 1471-T-00, 2002
EXU Mensageiro-Dono da comunicação
•Guardião das entradas e saídas
•Cor: vermelho e preto
•Símbolo: ogó (bastão)
OGUM •Ferreiro – Guerreiro - Civilizador
•Desenvolvimento
•Cor: azul; branco; verde
•Símbolo: Espada; Bigorna
OXOSSI •Caçador
•Caça, Floresta, Alimentação
• Cor: Verde ou Azul
•Símbolo: Ofá
OSSAIN •Curandeiro
•Senhor das ervas e plantas
• Cor: Verde
•Símbolo: Haste com pássaro
OMOLU •Senhor do solo, da plantação,
da saúde e das doenças.
• Cor: Palha; Marrom;
•Símbolo: Xaxará
XANGÔ •Rei; Justiça
•Senhor dos raios e trovões
•Cor: Vermelho; Branco
•Símbolo: Oxé (Machado)
YANSÃ
•Guerreira; senhora da morte
•Raios; ventos; tempestades; sensualidade
•Cor: Vermelho; rosa
•Símbolo: faca; alfange; urukere
OXUM •Beleza, Sensualidade e Vaidade
•Águas Doce; Beleza; Amor; riqueza; fecundidade
•Cor: Amarelo; dourado
•Símbolo: espelho
NANÃ
•Mãe senhora; Grande vó
•Raiz; pântano; Lama (Terra e água;
Início e Fim; vida e morte
•Cor: Roxo; Branco; Anil
•Símbolo: ibiri
Os terreiros de candomblé são casas onde são realizados os ritos do culto a divindades da África trazidas com os africanos escravizados que preservaram na memória sua cultura, seus costumes e suas crenças. Assim como os Faraós no Egito, essas divindades eram reis cultuados como deuses e toda a sorte da população, seja na colheita, no comércio, na guerra ou nos fenômenos das estações do ano, era atribuída às suas influências sobre a natureza. O rei geralmente era considerado um pai para a população, pois a estrutura política reproduzia a estrutura familiar e, portanto, ele era um chefe de clãs ligadas por laços de parentesco. Tudo isso se explica pelo fato de a maioria destes reinos terem se desenvolvidos a partir do crescimento de pequenas aldeias de famílias agrupadas. Diferente do que ocorre na África, onde estes reis divinizados estão separados por regiões e cidades, no Brasil, a continuidade de seus cultos pelos africanos só foi possível quando eles se uniram em uma comunidade onde pudessem celebrar seus deuses no mesmo espaço, o terreiro. Essa comunidade, a comunidade-terreiro, chama-se Egbé.
“Na África, principalmente entre os iorubás, as
famílias extensas moravam em habitações coletivas
chamadas de egbes ou compounds. O compound era
um conjunto de casas pequenas construídas lado a lado
na forma de um quadrado ou retângulo. As portas e
janelas das casas ficavam voltadas para o pátio interno
do conjunto, lugar onde se dava o convívio social da
família, e que se ligava por um lado externo ao
corredor. A proteção espiritual do compound era
assegurada pelo altar de Exu, localizada nas
proximidades da entrada do conjunto, e pelas
divindades dos núcleos familiares que os formavam.
Os mortos eram sepultados e cultuados no interior do
compound.” (SILVA, 2005. P.64)
Egbes
Esta é a Casa Branca do Engenho Velho, o mais antigo terreiro de raiz yorubá, cujo nome
africano é Ilê Axé Iyá Nassó Oká. Os povos Yorubás vieram das regiões sudanesas que se
estendem do Benim até a Nigéria e denominam as suas divindades de Orixás. A eles são
relacionadas forças da vida e da natureza que usam para ajudar seu povo, seus fiéis e
filhos. Orixá significa "inteligência da natureza." No Candomblé, cada pessoa tem seu
Orixá e o reconhece como deus e pai ao mesmo tempo.
O terreno fica situado numa encosta que se estende até uma cota de 30.00m com
declividade de 30%, no lado direito da atual avenida da Gama, no sentido de progressão
para o Rio Vermelho, entre as Ladeiras Manoel do Bonfim e do Bogun, na Unidade
Espacial C-5 em Salvador - Bahia. Ocupa uma área de 6.000m². Em redor do Barracão
existem várias casas de Orixás.
Casa Branca do Engenho
Velho.
Tombada em 1986 pelo IPHAN
(Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional.
O Terreiro é de Oxossi e o Templo principal é de Xangô. O Barracão que tem o nome de Casa
Branca, é uma edificação alongada com várias divisões internas que encerram residências das
principais pessoas do Terreiro, como também espaços reservados aos quartos de Orixás, quarto
de Axé, Salão onde se realizam as festas públicas, bem como a cozinha onde se preparam as
comidas sagradas. Uma bandeira branca hasteada no Terreiro indica o carater sagrado deste
espaço. No telhado do Barracão, símbolos de Xangô identificam o Patrono do Templo.
A planta da construção da Casa Branca do Engenho Velho foi adaptada seguindo a mesma
lógica dos egbés, ou compounds, de acordo com a arquitetura colonial e as condições do
geográficas do ambiente, mas certamente a construção principal tem a mesma estrutura. Na
planta abaixo, temos essa estrutura ampliada por todo o terreno.
“No terreiro de candomblé os negros reproduziram no nível mítico alguns desses padrões de
moradia e de culto. Exu continuou guardando a entrada dos terreiros. Os orixás, com seus
quartos individuais, sintetizaram a divisão de culto por família. O culto aos mortos também
permaneceu no quarto de balé ou de egun (espírito dos mortos). E o barracão do terreiro,
funcionando como espaço de culto religioso e da realização das festas públicas, reproduziu o
pátio interno do compound” (SILVA, 2005. P.64-65)
Ilê Axé Opô Afonjá. Fundado em Salvador no ano de 1910. Tombada em
2000 pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Há uma casa para cada um. Estas construções foram assim estruturadas pelas
mães de santo fundadoras, na intenção de criar uma miniatrua da África
Significado dos nomes Yorubás das casas tradicionais de
terreiros de Nação Keto:
YLE – CASA
AXÉ – FORÇA
OPO – SUSTENTAÇÃO (COLUNAS DE SUSTENTAÇÃO)
Acompanhados por nomes de sacerdotes ou Orixás
Além dos quartos, casas ou assentamentos dos orixás, o barracão é um espaço fundamental para o
candomblé. É pátio do Egbé. É o lugar onde ocorre as festas religiosas. Nele, os orixás se encontram para
trazer suas forças para o mundo dos homens. As festas remontam ao mesmo tempo a estrutura política de
um palácio africano e as histórias míticas dos orixás. O Pai e a Mãe de Santo são o rei e a rainha do
palácio e contemplam os orixás que dançam ao rítmo dos atabaques tocados pelos músicos ogans. Os
dançantes a todo momento são pageados auxiliados pelas equedis que sinalizam com uma sineta o percurso
da dança em torno do ixé, a coluna sagrada ao centro do barracão.
BARRACÃO
Yalorixá (Yá = mãe; Ori = cabeça; xá = poder; força; regência)
Babalorixá (Baba= pai; Ori = cabeça; xá = poder; força; regência)
Maria Stella de Azevedo Santos,
Mãe Stella de Oxóssi,
Odé Kayode
Ilê Axé Opô Afonjá
Yao – iniciado; filho de santo
Ebômin – iniciados com 14 anos de iniciação
Abian – frequentador ainda não iniciado
Antropologia do Espaço/Lugar
Marc Augé, ao tratar do significado antropológico do lugar,
conceitua este como um local preenchido de sentidos e
significados pelo grupo que o vivencia e elabora sua visão
de mundo a partir de sua relação com este ambiente, no
qual encontra uma posição, ou seja, um lugar, nele
imprimindo, suas construções simbólicas que ordenam a
organização espacial, construindo assim, um território.
“Reservamos o termo 'lugar antropológico' àquela
construção concreta e simbólica do espaço que
não poderia dar conta, somente por ela, das
vicissitudes e contradições da vida social, mas à
qual se referem todos aqueles a quem ela
designa um lugar, por mais humilde e modesto
que seja.” (AUGÉ: 2005, p.51)
Características do Lugar Antropológico
1) Identitário - enquanto preenchido de significados e
sentidos, o lugar antropológico corresponde e confere
identidade a seus usuários;
2) relacional - a identidade de um lugar pertence a um
conjunto de elementos, dentro do qual se define na sua relação
e distinção com estes demais elementos;
3) histórico - lugar é antropológico é necessariamente um
lugar vivido, um espaço/tempo que somente reconhece seu
significado e encontra seu sentido formando um sistema de
códigos que se sustenta na medida em que é posto em prática
no cotidiano.
“A história de uma cidade é a maneira como os
habitantes ordenaram as suas relações com a terra, o
céu, a água e os outros homens. A História dá-se num
território, que é o espaço exclusivo ordenado das
trocas que a comunidade realiza na direção de uma
identidade grupal.” (SODRÉ: 1988, p. 22)
“Território é, assim, o lugar marcado de um jogo,
que se entende em sentido amplo como protoforma
de toda e qualquer cultura: sistema de regras de
movimentação humana de um grupo, horizonte de
relacionamento com o real.” (SODRÉ: 1988, p. 23)
Território – Muniz Sodré
Do lado dos ex-escravos, o terreiro (de candomblé)
afigura-se como forma social negro-brasileira por
excelência, por que além da diversidade existencial e
cultural que engendra, é um lugar originário de força ou
potencia social para uma etnia que experimenta a
cidadania em condições desiguais. Através do terreiro e
de sua originalidade diante do espaço europeu, obtém-se
traços fortes da subjetividade histórica das classes
subalternas no Brasil. (SODRÉ: 1988, p. 19)
No entanto, a essas concepções espaço-temporais entronizadas (…)
sempre se opuseram outros processos simbólicos, oriundos das
classes ditas subalterna, em geral caudatários de simbolizações
tradicionais, pertencentes a 'espaços selvagens', onde se desenvolvem
culturas de Arkhé ('populares', costuma-se dizer). As comunidades
litúrgicas conhecidas no Brasil como terreiros de culto constituem
exemplo notável de suporte territorial para a continuidade do antigo
escravo em face dos estratagemas simbólicos do senhor, daquele que
pretende controlar o espaço da cidade. Tanto para os indígenas como
para os negros vinculados às antigas cosmogonias africanas, a
questão do espaço é crucial na sociedade brasileira (…) Mas essa
não é uma questão exclusiva de determinados segmentos étnicos.
Para todo e qualquer indivíduo da chamada 'periferia colonizada' do
mundo, a redefinição da cidadania passa necessariamente pelo
remanejamento do espaço territorial em todo o alcance dessa
expressão. (SODRÉ: 1988, p. 17-18)
Assim, o Terreiro se encontra dentro do conceito definido
por Henrique Cunha como “território de maioria
afrodescendente”, o qual observa os espaços de moradia
de uma população com história e cultura comuns
reportadas às estratégias e conhecimentos engendrados
pela população negra. Estes espaços geográficos de
moradia são em sua origem histórica formadas por
populações negras e pobres com as quais se uniram as
populações de outras etnias, caracterizadas pela mesma
condição social. Portanto trata-se de regiões geográficas
da cidade de populações de baixa renda com a maioria
afro-descendente “que determina a dinâmica cultural e
social desses territórios.” (CUNHA JR: 2007, p.71)
Os terreiros se constituiram como espaços
fortalecimento das características africanas de lidar
com o espaço imprimindo-lhe seu próprio
significado, ordenando-o com símbolos sagrados que
não apenas expressam mais orientam os sentidos e
condutas dos adeptos do candomblé. Os terreiros de
Candomblé se tornaram centros acolhedores de uma
população de visões de mundo e comportamentos
avesso ao ideário burguês, que teve sua cidadania
espoliada.
Recursos Metodológicos
• Observação participante;
• Registro fotográfico;
• Registro em caderno de campo;
• Entrevista informal.
Na 'lógica' das religiões afro-brasileiras, a palavra falada é considerada
uma importante fonte de axé (força vital) e veículo de poder sagrado. Falar
é um ato mágico que impregna por contaminação simbólica o sujeito da
fala e do seu ouvinte. Na transmissão do conhecimento litúrgico, o que
dizer, quando, como e para quem são instâncias determinadas pela
hierarquia religiosa. A entrevista etnográfica, por haver transmissão de
conhecimento, também é apreendida pelo grupo através desse contexto
simbólico. Para o pai-de-santo, dar entrevistas ou falar ao antropólogo
adquirem significados que vão além da simples transmissão de
conhecimentos “objetivos”, significando muitas vezes, uma inversão de
procedimentos religiosos. Porque, nessas religiões, o processo de obtenção
do conhecimento raramente se faz através de uma dinâmica de perguntas e
respostas. Perguntar é uma quebra da regra do silêncio e do respeito, pois
acredita-se que o conhecimento deva ser transmitido de acordo com os
méritos de cada um e em função do tempo de iniciação. Nesse ambiente
aprende-se observando, sem questionar ou demonstrar uma excessiva
curiosidade. (SILVA: 2006, p. 44)
A UMBANDA
A UMBANDA É UMA RELIGIÃO PROFUNDAMENTE BRASILEIRA QUE SOMA, NA SUA CONCEPÇÃO
TEOLÓGICA, INFLUÊNCIAS DO CANDOMBLÉ, DO CATOLICISMO POPULAR E DO ESPIRITISMO KARDECISTA.
AS ENTIDADES DA UMBANDA CONTAM A HISTÓRIA DO BRASIL:
MAS DE UM BRASIL DIFERENTE E INVERSO, NO QUAL OS HERÓIS EXEMPLARES E AS AÇÕES TRANSFORMADORAS
DA NACIONALIDADE SE REFEREM ÀS FIGURAS MARGINALIZADAS:
CABOCLOS, BOIADEIROS, ÍNDIOS, PROSTITUTAS, MALANDROS, VELHOS ESCRAVOS E CRIANÇAS.
A Umbanda, apesar dos vários sincretismos e
vertentes que a caracterizam, é considerada uma
religião afro-brasileira que se desenvolveu a partir
das Cabulas, cultos de origem Bantu que são
registradas desde o séc. XVII, mas que se
organizou, na sua forma atual, a partir da década
de 30, para atender às demandas e aflições da
população negra e mestiça das periferias cariocas e
paulistas, sendo, posteriormente, adotada pela
classe média branca urbana. Ora é considerada
como um “branqueamento” das religiões negras,
ora é acentuado seu aspecto mais negro. A palavra
Umbanda vem das línguas Bantu, Umbundo e
Quimbundo, significando “arte de curandeiro” ou
“medicina”.
AS ENTIDADES NA UMBANDA AS ENTIDADES QUE SE MANIFESTAM NA UMBANDA
TÊM DIFERENTES FUNÇÕES:
O ORIXÁ: REPRESENTA O EU IDEAL E NORMATIVO;
O CABOCLO: REPRESENTA A MATURIDADE, A FORÇA, A
CAPACIDADE DE ESCOLHER CAMINHOS E ENFRENTAR
OS PROBLEMAS;
O PRETO-VELHO: REPRESENTA A MEMÓRIA, A
CAPACIDADE DE COMPREENDER E SUPERAR OS
PROBLEMAS;
•EXU E POMBA-GIRA: REPRESENTA A RUPTURA, O
CONFLITO E A CAPACIDADE DE RESOLVER OS
PROBLEMAS;
•AS CRIANÇAS: REPRESENTAM A VIDA, A ALEGRIA E O
PODER DE EXISITIR PLENAMENTE, APESAR DOS
PROBLEMAS
O lugar de culto da Umbanda é chamado templo, terreiro ou Centro, onde os Umbandistas se encontram para realização do culto, denominado Gira. Nas sessões de consulta, onde podemos encontrar Pretos-Velhos, Caboclos, Ciganos e outros Espíritos, as pessoas conversam com essas Entidades a fim de obter ajuda para suas vidas, curas e solução para problemas espirituais e pessoais diversos. As Entidades dão conselhos, dão “passes” (gestos mágicos que “descarregam” as influências hostis) ou defumam (o uso da bebida e do tabaco como meio de cura é de origem indígena). A Umbanda crê que o médium tem o compromisso de servir como um instrumento de Guias ou Entidades espirituais superiores e, portanto, deve se preparar através do estudo, desenvolvendo a sua mediunidade, sempre prezando a elevação moral e espiritual, a aprendizagem conceitual e prática da Umbanda, respeitar os Guias e Orixás; ter assiduidade e compromisso com sua Casa, ter caridade em seu coração, amor e fé em sua mente e espírito.
AS FALANGES
• As entidades da Umbanda se dividem em Falanges: grupos de espíritos individualizados que têm personalidades similares e funções reconhecidas num mesmo padrão.
• As principais Falanges ou Linhas são:
• A primeira linha é chefiada por Oxalá e também é denominada linha de Santo, pois abrange os santos da Igreja Católica em geral.
• A segunda linha é a linha de Iemanjá, que engloba as ondinas, caboclas do mar e outras entidades relacionadas à água.
• A terceira linha, a linha de Oxóssi, é a composta de caboclos e caboclas, ou seja, índios, sendo comandada por São Sebastião.
• Na quarta linha, a de Xangô-Agodô, comandada por São Jerônimo, trabalha Santa Bárbara, caboclos e pretos-velhos.
• A quinta linha é a linha de Ogum ou São Jorge, que lidera caboclos, pretos-velhos e soldados romanos.
• A sexta linha é a linha Africana ou de São Cipriano, onde trabalha todo o povo da Costa do Congo, de Angola e todo povo da África, comandada por Omolu.
• A sétima linha é a de Yori, ou de Cosme e Damião, que lideram as crianças.
• A Umbanda é uma religião autenticamente brasileira, pois conta a história da formação do Brasil de um outro ponto de vista, atribuindo a negros e indígenas, seu valor e participação na sociedade. Outro aspecto importante da Umbanda é o de colaborar com a saúde, além de aconselhamento psicológico e social a comunidades, em sua maioria de baixa renda, que de outra forma não teriam acesso a tais benefícios.
O CABOCLO
• A entidade Caboclo pode vir sob a forma do:
• Caboclo de Pena – o índio, geralmente numa
versão romantizada do índio brasileiro;
• Boiadeiro – seja o vaqueiro nordestino, o boiadeiro
do sudeste ou o peão do sul;
• Marujo ou Marinheiro – seja o jangadeiro ou
pescador ou o marujo embarcado na Marinha;
• O Cangaceiro é, também considerado na linha dos
Caboclos, ainda que seja “cruzado” com a linha
dos Exus.
O CABOCLO DE PENA
• O Caboclo ou Cabocla de Pena representa o índio,
como o “bom selvagem”: corajoso, sábio, caçador,
independente, orgulhoso, honrado e audaz,
conhecedor dos caminhos da mata e dos remédios
tradicionais. Geralmente sua manifestação é séria
e sisuda.
• A função do Caboclo de Pena é indicar o caminho
da vida e restabelecer o equilíbrio perdido.
BOIADEIRO
• O Boiadeiro é representado como um homem do mundo rural, corajoso e sábio, mas alegre, amigo de churrasco, cerveja, cachaça e brincadeiras.
• As Festas de Boiadeiro são cheias de alusões e cantigas ao mundo do agreste, de alegorias ligadas ao trabalho com o gado, de histórias de fé e de persistência.
• Os conselhos do Boiadeiro geralmente são espertos e práticos, apontando para a tomada de responsabilidades.
Pretos(as)-Velhos(as)
• Os Pretos e Pretas-Velhas representam a idade, a experiência e, portanto, a compaixão e a paciência.
• São velhos escravos e escravas que contam suas vidas (às vezes, com impressionante correção antropológica) e retiram dos seus sofrimentos, conselhos de superação das situações e de sabedoria.
• No entanto, os(as) Pretos(as) Velhos(as) não são “bonzinhos”: representam a morte e a memória da escravidão, por isso são sábios – porque é preciso não esquecer a crueldade do sofrimento para que ele não aconteça nunca mais.
AS CRIANÇAS
• As Crianças, também chamadas coletivamente, de Ibejada (Ibeji é uma palavra nagô que significa Criança) são espíritos de crianças que vêm para brincar e para resolver problemas das pessoas.
• Na verdade, na medida em que as crianças representam o espírito da vida, são as entidades mais poderosas, sendo capazes de resolver os problemas mais terríveis.
• A Festa de Cosme e Damião, em várias cidades brasileiras, festeja essas crianças espirituais, com doces e brinquedos, acolhendo e agradando as crianças carnais.
EXU e POMBA GIRA
• Os vários Exus e Pombas Giras são considerados uma Linha a parte, pois “trabalham” para todas as Linhas, realizando os “serviços” espirituais mais pesados.
• No entanto, não podem e não devem ser considerados como representações demoníacas – são perigosos porque precisam ser capazes de enfrentar e resolver os problemas que os seres humanos não conseguem dar conta – sendo, portanto, capazes de “trabalhar” para o bem ou para o mal, conforme forem requisitados.
3- Sacrifício
Sacrificar significa sagrar, isto é, tornar algo
sagrado. No candomblé é preciso tornar o
alimento sagrado para que ele seja abençoado
pelos deuses. O alimento é comido e as bençãos
de deus é juntamente ingerida. Todas as religiões
fazem isso. Os católicos sacrificam o Peru no
Natal e peixe na semana santa, seguindo a mesma
idéia