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Editorial O Mundo da Saúde, São Paulo - 2012;36(3):395-396 396 Humanização na Atenção Primária à Saúde O Sistema Único de Saúde (SUS) representa uma conquista para o povo brasileiro, pois consolida a saúde como um direito do cidadão. Como toda conquista de cidadania, o SUS se constrói nas lutas diá- rias por condições de vida mais compatíveis com nossa dignidade de seres humanos, sendo que um dos grandes desafios nessa construção cotidiana do SUS é a humanização das relações na atenção à saúde. “Um SUS humanizado é aquele que reconhece o outro como legítimo cidadão de direitos, valori- zando os diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde” 1 . Essa frase, que foi o mote condutor da edição deste número de O Mundo da Saúde, dá a dimensão do desafio a ser enfrentado. Por isso, a humanização do SUS não é um programa, mas uma política pú- blica, a Política Nacional de Humanização (PNH), conhecida também como HumanizaSUS. Lançada pelo Ministério da Saúde em 2003, a PNH perpassa todo o SUS, em suas instâncias de atenção e gestão, para efetivar a humanização como política transversal na rede. A Atenção Primária à Saúde (APS), ou Atenção Básica (AB), consolida o direito universal à saúde reconhecido no SUS. Cada cidadão brasileiro tem o direito de ser adscrito a uma equipe de AB que lhe cuide; que se corresponsabilize pelos problemas e necessidades de saúde, individuais e coletivas. Pelo vínculo e proximidade com os usuários do SUS, a APS é um espaço privilegiado para a humanização do SUS, o que não significa que ela já tenha superado esse desafio por completo. Muito se caminhou, como mostram as produções incluídas neste número de nossa revista, mas ainda há longa trilha a percorrer. A humanização da APS requer o redirecionamento da prática clínica e do equacionamento ético dos profissionais, no sentido da valorização dos usuários, profissionais e gestores. Para humanizar a APS, é preciso sensibilidade e compromisso éticos em todos os âmbitos da rede, expressos na organização dos serviços para bem acolher os usuários e cuidar de sua saúde, promovendo-a. Nossos agradecimentos a Dra. Elma Zoboli, que, com carinho e competência, coordenou esta edição de O Mundo da Saúde, reunindo autores das diversas regiões do País e, também, de diversas formações e afiliações institucionais, na tentativa de mostrar as múltiplas facetas do SUS, que se huma- niza. Nossa gratidão aos autores que participam desta edição, especialmente, à doutoranda Mariana Cabral Schveitzer, que, com disposição e responsabilidade, colaborou na tarefa de edição, junto com sua orientadora. Nessa oportunidade, reconhecendo a necessidade do constante aprimoramento exigido pela comu- nidade científica em relação aos aspectos que envolvem a edição de um periódico científico, registramos o novo sistema online de submissão e gestão de manuscritos para O Mundo da Saúde. A submissão deverá ser feita pelo autor no endereço www.revistamundodasaude.com.br, mediante cadastro. Nesse endereço estão também disponíveis todas as informações do periódico e as instruções aos autores. Leo Pessini* REFERÊNCIA 1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. HumanizaSUS: documento base para gestores e trabalhadores do SUS. 4a ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2008. * Doutor em Teologia/Bioética. Pós-graduado em Clinical Pastoral Education and Bioethics at St Luke’s Medical Center. Docente do Pro- grama Stricto sensu em bioética (Mestrado e Doutorado) do Centro Universitário São Camilo, São Paulo. E-mail: [email protected]

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Humanização na Atenção Primária à Saúde

O Sistema Único de Saúde (SUS) representa uma conquista para o povo brasileiro, pois consolida a saúde como um direito do cidadão. Como toda conquista de cidadania, o SUS se constrói nas lutas diá-rias por condições de vida mais compatíveis com nossa dignidade de seres humanos, sendo que um dos grandes desafios nessa construção cotidiana do SUS é a humanização das relações na atenção à saúde.

“Um SUS humanizado é aquele que reconhece o outro como legítimo cidadão de direitos, valori-zando os diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde”1.

Essa frase, que foi o mote condutor da edição deste número de O Mundo da Saúde, dá a dimensão do desafio a ser enfrentado. Por isso, a humanização do SUS não é um programa, mas uma política pú-blica, a Política Nacional de Humanização (PNH), conhecida também como HumanizaSUS. Lançada pelo Ministério da Saúde em 2003, a PNH perpassa todo o SUS, em suas instâncias de atenção e gestão, para efetivar a humanização como política transversal na rede.

A Atenção Primária à Saúde (APS), ou Atenção Básica (AB), consolida o direito universal à saúde reconhecido no SUS. Cada cidadão brasileiro tem o direito de ser adscrito a uma equipe de AB que lhe cuide; que se corresponsabilize pelos problemas e necessidades de saúde, individuais e coletivas. Pelo vínculo e proximidade com os usuários do SUS, a APS é um espaço privilegiado para a humanização do SUS, o que não significa que ela já tenha superado esse desafio por completo. Muito se caminhou, como mostram as produções incluídas neste número de nossa revista, mas ainda há longa trilha a percorrer.

A humanização da APS requer o redirecionamento da prática clínica e do equacionamento ético dos profissionais, no sentido da valorização dos usuários, profissionais e gestores. Para humanizar a APS, é preciso sensibilidade e compromisso éticos em todos os âmbitos da rede, expressos na organização dos serviços para bem acolher os usuários e cuidar de sua saúde, promovendo-a.

Nossos agradecimentos a Dra. Elma Zoboli, que, com carinho e competência, coordenou esta edição de O Mundo da Saúde, reunindo autores das diversas regiões do País e, também, de diversas formações e afiliações institucionais, na tentativa de mostrar as múltiplas facetas do SUS, que se huma-niza. Nossa gratidão aos autores que participam desta edição, especialmente, à doutoranda Mariana Cabral Schveitzer, que, com disposição e responsabilidade, colaborou na tarefa de edição, junto com sua orientadora.

Nessa oportunidade, reconhecendo a necessidade do constante aprimoramento exigido pela comu-nidade científica em relação aos aspectos que envolvem a edição de um periódico científico, registramos o novo sistema online de submissão e gestão de manuscritos para O Mundo da Saúde. A submissão deverá ser feita pelo autor no endereço www.revistamundodasaude.com.br, mediante cadastro. Nesse endereço estão também disponíveis todas as informações do periódico e as instruções aos autores.

Leo Pessini*

REFERÊNCIA1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. HumanizaSUS: documento base para gestores e trabalhadores do SUS. 4a ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2008.

* Doutor em Teologia/Bioética. Pós-graduado em Clinical Pastoral Education and Bioethics at St Luke’s Medical Center. Docente do Pro-grama Stricto sensu em bioética (Mestrado e Doutorado) do Centro Universitário São Camilo, São Paulo. E-mail: [email protected]