historia concisa do brasil part 3 - cap3

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Capitulo 3

A PRIMElRA REPUBLICA

(1889-1930)

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HII

nou-se cbeft: do Go v ']"no Provlsor!o c . , l g l l I J l o l dl.1 till d, nlll ,d~ 101'.1111dl'lill

para 0 Congresso onstituinte, M.1S nao '(lIl~IIIIIUJ II 11111~llIpn J lOlt l()l !, 11 '11

Havia r iv a li da d es en tr e 0 E xercito e a Marinha: cll~I",1I11\l1\ l~x~I'dlu linhu ~idH

a artifice do novo regime, a Marinha era vista como Hg.1da i\ Monarquia,

Exis tiam ainda diferencas pessoais e de concepcocs, separando os par ticlu

rios de Deodoro da Fonseca e de Ploriano Peixoto. Em torno do veIho marech.il

reuniam-se veteranos da Guerra do Paraguai. Muitos desses oficiais nao havi.uu

frequentado a Bscola Militar e dis tanciavarn-se das ideias positivistas , Tinhamajudado a derrubar a Monarquia "para. salvar a honra do Exercito" e nao pm

swam uma visao elaborada da Republica, a nao ser a de que 0Exercito deveri.i

ter ur n papel rnaior do que 0 desempenhado no Imperio.

Embora Ploriano nao fosse posi tivista e t ivesse part icipado tarnbern t I , 1

Guerra do Paraguai, os oficia is que se reuniam a sua volta possuiarn outrus

caracterist icas, Eram os jovens que haviam frequentado a Escola Mili tar e recc

bido a influencia do posit ivismo. Concebiarn sua insercao na sociedade como

soldados-cidadaos, com a missao de dar urn sentido aos rumos do pais. A Rc

publica dever ia ter ordern e tambern progresso, Progresso significava a model'

nizacao da sociedade at r aves da ampliacao dos conhecimentos tecnicos, do

indusrrialismo, da expansao das comunicacoes,

Apesar da profunda rivalidade existente entre as grupos no interior do

Exerciro, eles se aproximavam em um ponto fundamental. N a o e xp re ss av am a s

interesses de urna c1asse social, como era 0 caso dos defensores da Republica I i·

beral. Eram sim, antes de mais nada, os porta-vozes de uma insti tuicao que era

parte do aparelho do Estado. Pela natureza de suas funcoes , pelo tipo de cultura

desenvolvida no inter ior da ins ti tuicaovos oficiais do Exercito , positivistas ou

nao, s ituavam-se como adversaries do Iiberalisrno, Para eles, a Republica deve-

ria ser dotada de urn Poder Execut ive forte ou passar por urna fase mais ou me-

nos prolongada de ditadura. A auronornia das provincias t inha urn sentido sus-

peito , nao s6por servir aos interesses dos grandes proprietaries rurais como por

envolver 0 risco de fragmental' 0pais.

O s partidarios da Republica liberal apressararn-sc em garantir a convocacao

de uma Assembleia Const ituinte, temerosos do prolongamernento de urna se-

miditadura sob 0 comando pessoal de Deodoro. novo regime fora recebido

com desconfiancas na Europa e era necessario dar urna forma consti tucional ao

pais para garantir 0 reconhecimento ci a Republica c a obtencao de credi tos no

III1 11 1 " 1 1' 11 1

II liJlli I til, lilIIIIIJd~lld'l ('III Il'WI~'lro t'il' 11-11)1,

11111114111 Nt · 111I111I"II'lu 1]1.1111 0111 1'1' 1114 1, mn "1\10111<10.1 Rl'publi '[1 f c l i c l ' < l l i v f 1

1 1 1 1 1, 1 1 . ( b E~(l Idm. d l ' \ l I ~ l I o 1 , o I l 1 l l i l t l l d.,t p.II'.1 II I r e n i c a s 1 1 l 1 t i g a s provlncias-,

I 1,11,1111 Ullplldt<lllll'nll' ,illloll'tddCJs II I'Xl.'fU'1' alribui~oes diversas, como as de

"lilt 1.lil cm pr cs tim os n o c xl l' l' lO J Co rg an i zur [ or ca s rnilirares pr6prias: as for-

I p uh l ic n s e st a du a is , A s a tr ib u ic o cs eram do interesse dos grandes Estados e,

! ll ll 1 '1 udo, de Sao Paulo. A poss ibil idade de contrair emprest imos no exter ior

I 11,1 v i ta l p ar a que 0 governo paulista pudesse pe r em pratica os pianos de va-11il1/,u;aodo cafe.

Uma atribuit;:ao expressa importante para os Estados exportadores _ e por-

1 0 1 1 1 1 1 ) para Sao Paulo - fo i a de decretar impostos sabre a exportacao de suas

I ll t· rcadorias. Desse modo, garantiam uma importante fonte de renda que pos-

[hilitnva 0 cxerclcio da autonomia, Os Estados ficaram tarnbem com a facul-

d .t dl ' d e organizar uma justica propria.

o governo federal (Uniao) nao ficou destituldo de poderes. A ideia de um

H it rar~~eralismo, sustentada pelos positivistas gauchos, foi combatida tanto pe-

Ius mil itates quanto pelos paul istas. 0 esfacelarnento do poder centra l era urn

J IM':O que, por razdes diversas, esses setores nao queriam correr, A Uniao ficou

iurn as impostos de importacao, Com 0 direi to de cria r bancos emissores de

rnoeda, de organizar as Forcas Armadas nacionais etc. Picou ainda com a facul-

.l.ule de inte rvir nos Estados para restabe lece r a ordem, para manter a forma

It'j>ublicana federativa.

A Constituicao inaugurou 0 s is tema presidencialista de governo, 0 Poder

lxecutivo, que antes coubera ao Imperador, seria exercido por urn presidente

tl a Republica" elei to por urn periodo de quat ro anos, Como no Imperio, 0 Le-

~is lativo foi dividido em Camara de Deputados e Senado, mas os senadores dei-

Karam de s er v it al ic io s. O s deputados s e ri am e le it os em cada Estado , em mime-

1'0 proporciona l ao de seus habitantes, por urn periodo de t res anos, A e leic;:ao

(los senadores se dava para um periodo de nove anos, em rni rnero fixo: tres se-

nadores representando cada Estado e tres representando 0Distrito Federal, isto

c,a capital da Republica.

Pixou-se a s is tema do voto direto e universal, supr imindo-se 0 censo eco-

nornico. Poram considerados eleitores todos os cidadaos brasi leiros maiores de

11 aIlOS,excluidas cer tas categorias, como os analfabetos , as mendigos, os pra-

cas rnilitares. A Constituicao nao fez referenciaas mulheres, mas considerou-se

i rnpl icit amente que e las estavam impedidas de votar, Excepcionalmente , os

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dllt'lll du A'~l'luhll'I,1 COI1~IIIIIIUlt, II til j'll IIld ,I1IIHIIII,\I I.,

o t cxto const l tucionul 'Cllh,I~]!llllldlllllll,11I hi I UIIIII II IIIII1~dlil II'

sidcntcs 110 pnfs ulihcnJadc, J SC!\lIl"ln~,1 IIIdl\ ulu Ii

a pena de morte , a li as raramentc aplicad.i 1I11 1IIIjlII II, I' III,h, l' 19r1'j" jI,I~~"

ram ~1c r in stitu ic oe s sc para da s. D eixo u a ssim d e ~ ' X . i ~ l il 1111101rdigiao u li . i ll

no B ra si l. I mp or ta nt es f um ;5 es ate cntao m oncpollza dus pc la Ig rc ja C atulu .

f ora m a tr ib uld as a o E sta do , A Republica 56 reconhecer ia 0c as am cn ro c iv il c II

cerniterios passararn a s maos da administ racao municipa l. Ne les ser ia livre II

culto de todas as cr encas r e lig io sas . Uma lei v e io compl e ta r em 1 89 3 e ss es P I' !

ceitos constitucionais, criando 0 registro civiJ para 0 nascimento e a mortc d.1

pessoas. As medidas re flet iam a co nv i cc ao l a ic a dos dirigentes republicanos, .1

necessidade de aplainar os confl itos entre 0 Estado e a Ig reja e 0objetivo dt

faci lit ar a integracao dos i rnigrantes a lemaes, que eram em sua rna ioria lute ra

nos. Ou tra medida dest inada a integrar os imigrantes foia chamada grande 1 1 . 1

turalizacao, Por eta, tornaram-se cidadaos brasileirosos estrangeiros (jUl',

achando-se no Brasi l a 15 de novembro de 1889 , nao declara ram dentro de Sl'l~

rneses ap6s entra r em vigor a Consti tuicao 0 desejo de conservar a nacin

nalidade de origem.

**,.

Recebida com restricoes na Inglaterra, a proclamacao da Republica Ioi

saudada com entusiasmo na Argent ina e aproximou 0 Brasil dos Estados Un i

dos. A mudanca de regime se deu quandoestava em curse, em Washington, a I

Conferenc ia Internacional Americana, convocada par inic ia tiva dos Estados

Unidos. a representante brasileiro a conferencia foi substituido por Salvador

de Mendonca , republicano historico, que coincidiu com mui tos dos pontos de

vista norte-american os.

o nl tido deslocamento do eixo da diplomacia brasi lei ra de Londres para

Washington se deu com a entrada do barao do Rio Branco para 0 Ministerio

clas Relacoes Exteriores, onde permaneceu pa r longos anos, entre 1902 e 1912 ,

,I t r av e ss a nd o v a ri e s s u ce s so e s presidenciais. A politica de Rio Branco na o repre-

wntou urn alinharnento automaticocorn os Estados Unidos, mas urna forte

Ipl'oximaC;ao, com 0 objetivo de alcancar para 0 Brasil a p o si ca o de primeira

1 "I Il 'n ci a, s ul -a rn e ri ca n a.

Os tempos de euforia nas relacoes Brasi l/Argentina haviam passado , e os

.hll~parses entraram em aberta compet icao na esfera militar. a Brasil tratou de

1 ' 1 1 1 I1I1 Iii I 'l l I I I [I I I~ "' J p nl ll III

1 1' 1 1 1. 1 1IILI'ul i,1 ,h , III~ I I' 111111011'1, U 11111111 lit " ! - I " ,Ii I II l 'al .JHlI ,. i , ( ' d l" ,11'111

11 111 1 'II ril l ( hilt- 1',11•1 1 11 1 11 ,1 1 1 i ti ll tl l' I1 ~ I, 1 . ll 'W · I II II Io I. MC~IllO assim, sobrctudo

lit! I I l i 111111/1 . 1 1 1 1 1 , ' til' " I I I gesl.w, Jtio Bran n tentou 1 > ( . ' 1 1 1 ex it o imp la n ta r urn

I uldn (·,I,IVe! entre Aig -utina, B rasil c 'h ile . conhccido C01110 ABC.

N o l'crlodll d ' R io B ranc o, (I Br as il d c fi ni u q u es to e s de limites com varies

I'III~I'~I,1Am er ic a d o S ui . entre des 0Uruguai, 0Peru e a C olo mb ia , U rn confli-

III IH'1I1,Ido opes brasileiros e bolivianos na disputa pelo Acre, na reg iao amaze-

1111.1. suhitamente valor izado pela exploracao da borracha. A area, consideradaI.1I1I6rio boliviano, era ocupada, em grande par te, par migrantes brasi leiros .

,1111,1 so lucao negociada resultou no Tratado de P e tr op ol is ( 19 0 3 ), pelo qual a

1 I 1 1 1 1 V i ureconheceu a soberania brasi lelra no Acre, recebendo em t r o c a u m a in-

~II 'III1.a~ao de 2 ,5 r ni lh o es de libras esterlinas.

***o primeiro ano da Republica foi marcado por uma febre de negocios e de

" 'pccl ilac; :ao financeira, como consequencia de fortes e rn is sc es e facilidade de

• r rd ito . De fato, 0 me io c ir c ul a nt e era incornpatlvel com as novas realidades do

uubalho assalar iado e do ingresso em massa de imigrantes. Porrnararn-se mui-

I,IS cmpresas, algumas reais e outras fantasticas, A especulacso cresceu nas Bo1-

',I~e Valores eo custo de vida subiu forte rnente. No infcio de 1891 veio a crise,

Ielm a derrubada do pre~o das a coe s, a f a le nc ia de estabelecimentos bancarios e

crupresas. a valor da moeda b ra s il ei ra , co tado em relacao it libra inglesa, come-

~'Oll a despencar . .E possivel que para i sso te nh a c on corrido u rn re flu xo n a a pli-

l ',II;:iiode capitais britanicos na America Latina, ap6s uma grave crise financeira

nu Argentina (1890).

Em plena crise, 0 Congresso elegeu Deodoro da Fonseca para a Presidencia

It a Republ ica e Floriano Pe ixoto para a Vice-Presidenc ia Deodoro en trou em

.hoque com 0Congresso ao pretender reforcar 0 Poder Executivo, tendo como

modele 0 extinto Poder Moderador , Fechou 0 Congresso, prometendo para 0

futuro novas eleicoes e uma r ev i sa o d a Co n st it u ic a o visando fortalecer 0 Po del'

Executive e reduzir a autonomia dos Estados. 0 exito dos pianos de Deodoro

dependia da unidade das Forcas Armadas, 0que nao ocorr ia, Ante a reacao dos

f lorianis tas, da oposicao civil e de setores da Marinba, Deodoro acabou renun-

ciando (23-11-1891). Subia ao poder 0 vice-presidente Floriano Peixoto.

a marechal Ploriano encarnava uma visao da Republica nao identi ficada

com as forcas econ6micas dorninantes . Pensava construir run govemo estavel ,

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I I~ til 1,111 I I N ' I 1 1 1 1 1 1 1 1 II

li'I1II.IH ~'H IIt, V I\IIIW 'III\' 11 11 iUII,tli~I'I. h~hl,lIlo 111 III i 111111111

ddnlkd,IH'~IUI,I. UViSI'''lilil:lll',.I\~I,\!I~I'ILhlll I t 11111 Ilil,I1,III].III,I"14'

p "lh lk a d (J. ~C1/l"mk·iro:,",lihcrnl c 11l'~ll'l1lltllI,1II••, '1"1 "111111 ""pdt,ls II II'

[i1J"~() do Excrdlo e as m uu lf cstac ccs d u popllla~',111 II I hili 11 1 dll It to c i l ' J a J l I . . ' i r u ,

Mas, ao contrdrio do qu e l ie poderia prcver, I IOIlVl ' nu [In'~idlnci .. de ]:1011,1

no urn acordo tat ico entre 0 presidentc caPRI', A" raZlll'S b , b L C ' I S para b ~ l I III

ram os riscos reais e a s vezcs imaginaries que corria 0 r 'gimc r ep ub li ca no , , \

eli te polit ica de Sa o Paulo via na figura de Ploriano a possibilidade mais s 'gill ,I

de garantir a sobrevivencia da Republica. Es te, por sua vez; percebia qlle ser II It

PRP nao ter ia base polit ica para governar.

. . . . . .

Uma das regices pol iti camente mais instave is do pai s nos primei ros .lIlt I

da Republica era 0Rio Grande do SuI. Entre a proclamacao da Republica i II

eleicao de Julio de Castilhos para a presidencia do Estado, em novembro ti l

1893, dezessete govern os se sucederam no comando do Estado. Opunhum I.

de urn lado, os republicanos his t6ricos adeptos do posit ivisrno, organizados IIII

Part ido Republicano Rio-grandense (PRR) e, de outro, os libe ra is. Ern 1 1 1 , 1 1 ~I!

de 1892 estes fundararn 0 Partido Federalista, aclamando como seu lldcr !-.ilv.1ra Martins , prest igiosa figura do Part ido Liberal no Imperio.

As bases sociais dos federalistas encontravarn-se principalmente CIIIII II

estanciei .ros da Carnpanha, regiao Iocalizada no sul do Estado, na linha ~k tllill

teira com 0 Uruguai, Eles constiruiam a elite politica tradicional, com nlr1l'~ lill

Imperio. Os republicanos baseavam-se na populacao do litoral e da Serra, lIIil"

se encontravam muitos imigrantes. Formavam uma el ite mais recentc, ( 1 1 " II

rompia na poli tica dispos ta a monopolizer 0poder.

A guerra civil entre os dois grupos, conhecida como Rev ol uc ao F ede r "II II

comecou em fevereiro de 1893 e s6 terrninou mais de dois anos e meio 1 1 1 ' ( 1 1 1 1

ja na presidencia de Prudente de Moraes. A luta foi implacavel , dela result.nul

milhares de mortos . .Muitos deles nao morrerarn ern combate: foram degol ulll

ap6s terem caido prisioneiros,

Desde 0 inicio do confronto, Floriano teve 0 apoio f inanceiro de S il O [ 1, 11 "1

e de sua bern organizada milicia e st ad ua l, A o mesmo tempo, a influenvi.: .h

mil ita res no governo foi declinando. No Ministe rio da Fazenda estava ltlllill

gues Alves, de uma familia paul ista do Vale do Parafba, antigo consclhehn Ii

Imperio convertido a Republica. A presidencia da Camara e a do Seruulu II

contravam-se tambern em maos do PRP.

I III II III I I I' 111" 1 \ j1~~I 1'11111

l) "lIlIdtll.Ullli j'lIl" 11111111111 11.111 pnlltl(,1 dl'1' i.lol'alllllll 'lminuu [lor

III 1~1l!1dlll'~lllllr,1 tit' Wit lit r ~MII I II IHlildu I, poucus bases de apoio, en tre as

'111,11',W ('IIUlI[ Iravn III m IllItlm[)~ llI.rs pouco 'Ii azcs jacobiuos, Floriano nao

It VI' IllrHli~'{ll'Sde clcsigll.ll"MIl c md id a to a s uc e ss or , P r ev a le c eu 0 nome do pau-

II~IIII'nul mte de Moraes, dc ito a !u de marco de 1894.0 marechal demonstrou

, 1 1 0 1 ttJlI!rul'icdadc nao ornparecendo a posse Segundo as era' . fi ._ fi. meas, pre enu -

III em sun a a modesta, cuidando das rosas de seu jardim.

A . NlIC 'ssao presidencial rnarcou 0 fim da presenca de figuras do Exercito na

l 'Il'rt! ncia da Republica, com excecao do marechal Hermes da Fonseca, ele ito

I llhl!l per lodo 1910-1914. Alem disso, a atividade polit ica dos mili tares como

1 1 1 1 1 lodo declinou .. 0 Clube Milit ar, que coordenava essas at ividades, ficou fe-

h.Hlel mtre 1896 c 1901.

No g verno de Prudente de Moraes , tornou-ss aguda a oposicao ja existen-

!, 11,1 I~P()C:l de Flor iano entre a eli te polit ica dos grandes Estados eo republica-

jll·ll1i1 jn oblno, concentrado no Rio de Janeiro. Os jacobinos forrnavam urn

1I1I1 'I IMcntede mernbros da baixa classe media, alguns operarios e mili tares

. 1 11~~ ld ( ) sela carestia e as mas condicoes de vida. Suas motivat; :oes na o e ram

II' lh!~rnateri ais. Acreditavam em urna republica forte , capaz de cornba ter as

IIIII~.I~nonarquistas, que para des estavam em toda parte. Adversarios da

I l'llhlkil l iberal , assumiam tambem a velha tradicao patri6t ica e antilus itana.

11 I I. d, ,! .tOS" , em cujas rnaos estava grande par te do cornercio car ioca, eram alvo

I illll'l110S a taques, Os jacobinos apoiaram Floriano e 0 t ransformaram em

111111 h rnde ira depois de sua morte, ocorrida em junho de 1895.

,. * ..

'Jill ,I ' o~ltecimento muito dis tante do Rio de Janeiro, mas com consequen-

1101Ilillfirca da Republica, assinalou os anos do governo de Prudente de Mo-

~ J I I ~r:rtao norte da Bahia formara-ss, em 1893, em uma fazenda abando-

'1,11111.1 povoacao conhecida como arraial de Canudos. Seu lider era Antonio

1 1 1 1 1V1cndesMaciel, mais conhecido como Antonio Conselheiro. 0Conse-

" I t J. I~ { ,C r ano Ceara, filho de urn eomerciante qu e pretendia fazer dele urn

h, I I t'pois de ter problemas f inanceiros e complicacoes domesticas exerceu, ,

t !'Iolls oes, como professor e vendedor arnbulante, ate se converter em

III t ll rl rnisto de sacerdote e chefe de jaguncos,

I , ~UIIima vida nomade pelo sertao, congregando 0povo para construir e

I ItUl1igrejas , erguer rnuros de cemiterio e seguir 0carninho de uma vida

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1'16 t!l HISTORIA CONC1SA DO BRASIL

asceti ca, Fixou-se depois em Canudos, atraindo a populacao sertane ja, em nu

rnero que alcancou de 20 mil a 30 milhabitantes.

A pregacao do Conselhei ro concorria com a da Igreja; um inc idente SCI.11

maior [mportancia , em torno do corte de madeira, levou 0 govemador da Bahia

a . decisao de dar urna lic;:aonos "fanaticos" Surpreendentemente, a forca baian.i

foi derrotada . 0 governador apelou entao para as t ropas federais, A derrota d~'

duas expedicoes municiadas com canhces e metralhadoras, em uma das quais

rnorreu seu cornandante, provocou uma onda de protestos e de violencia no Rill

de [aneiro.

Os jacobinos viam 0 declo oculto dos polit icos monarquistas em urn epi:~\1

dio ligada a s condicoes de vida do sertao e ao universo menta l dos sertancj os.

Essa fantasia era al imentada pelo fato de 0 Conselheiro pregar a volta da M il

narquia. A Republica ~segundo ele~ s6 podia ser coisa de ateus e rnacons, c011HI

comprovavam a int rcducao do casamento civi l e uma suposta interdicao d d

Cornpanhia de Jesus. _. . , .

Uma expedicao sob 0comando do general Artur Oscar , constituida de 8 1 1 1 ' 1 1

homens e dotada de equipamento moderno, arrasou 0 arraial em agoslotil'

1897, apes run mes e rneio de luta. Seus defensores morreram em combatc ('.

quando prisioneiros, foram degolados. Para os oficiais positivistas e os polilill"~

republicanos, foi uma luta da c ivili zacao contra a barbarie . ~a ver~ade, Ilavl:'

"barbaric" em ambos as lades e mais entre aqueles hornens instruidos q ue II

nham side i .ncapazes de pelo menos tentar entender a gente ser taneja.

. . . . . .

A consolidacao da Republica l iberal-ol igarquica foi completada com a su

cessao de Prudente por outre paulista, Campos Sales (1898-1902) . 0movirncu

to jacobino esfacelou-se depois de alguns de seus mernbros terem-se envolvidu

em uma tentativa de assassinar Prudente de Moraes. Os mili tares voltaram ('III

sua maio r ia para os quarteis,

A eli te polit ica dos grandes Estados, Sao Paulo a frente, ti.nha triunfado, 1 1 II

tava porem criar ins tnunentos para que a Republica oligarquica pudcssc a~M'lI

tar-se em um sistema politico estavel. 0 grande papcl atrihujdo £lOS Estados I'll'

VOCO\.l em alguns deles lutas de grupos rivais, 0AIIVl'l rill ( '( it -r al a f inll'l'villlhl.

uganda d e seus controvcrridcs podcres l'Sl.IIlt'lnldll, 1t.1(·III1...i llli<;.10. [ s s p I i l l

nava in CI'IO o controlc do podcr em 1 1 1 1 1 1 1 1 I I l d " , IIdill Ii II Jlll~~i\lilid'lili

I~ l 1 II II I 1 1 1 I I ( ' 0 1 : 1 1 ( 1 <II' 'I 'Lilil- 1I11\;1 e r+ n ( o l'a ( n uru ~'11 1('.1 II. III II , I

II l 'odl 'l I\XI'llllivn 1'lHlllil1 IV.l111111 , d t l i l i l 111111111 pI III 111'.i~I,ltlVI' 11111111

i\ l'RIMU[RA REPOBUCA (1889·[930) m 147

pre tendia , embora a Constituicao dissesse que "os poderes eram harmonicos e

independentes entre si".

A part ir dessas questoes, Campos Sales concebeu urn arranjo conhecido

como polit ica dos governadores. Par meio de uma alteracao art ificiosa do Regi-

mente Interne da Camara dos Deputados, assegurou-se que a representacao

parlamentar de cada estado corresponderia ao grupo regional dominante. Ao

mesrno tempo, garantiu-se maier subordinacao da Camara ao Poder .Executi-

vo, 0 proposito da poli tica dos governadores, s6 em parte alcancado, foi 0 de

climinar as disputas faccionais nos E-stados e, ao mesmo tempo, reforcar 0 Po-

der Executivo, considerado por Campos Sales 0 "po del' pOl' excelencia"

No plano financei ro, a grave si tuacao que vinha dos tempos da Monarquia

tornou-se drarnat ica. 0 governa republicano herdara do Imperio uma divida

cxterna que consumia anualmente grande par te do saldo da balance cornercial.

() quadro tendeu a se agravar no curso da decada de 1890, com 0 aurnento do

deficit publico, Muitas despesas relacionavam-se com os cus tos das operacoes

mi lita tes naque le incerto periodo. 0 apelo ao credi to externo foi uti lizado com

trcquencia e a divida cresceu em cerca de 30% entre 1890 e 1897, gerando no-V()S ompromissos de pagamento.

POI' ouh'o lado, a extensao das plantacoes de cafe no inicio da decada resul-

la ra m em g ra nd es colhei tas em 1896 e 1897. A ampliacao da oferta do produto

lIn mcrcado internac ional provocou acentuada gueda de precos e uma reducao

,1 0 ingresso de divisas. No fim de seu governo, quando se tornou c lara a impos-

srhilidade de continuar 0service da divida, Prudente de Moraes iniciou conver-

",l~LJCS para chegar a urn acordo com os credo res internaciona is. Houve enten-

. l lmcntos no Rio de Janeiro com 0 london and River Plate B a nk , e nq u an to

I. l[n110sSales - presidente eleito mas ainda nao empossado - foi a Londres para

" cnlcndcr com a Casa Rothschild. Os Rothschild desernpenhavam desde a In-

dl'pt'm (cncia 0 papel de agente f inanceiro do Brasi l na Europa.

Aflnal, j6 110 governo de Campos Sales, foi acertado urn penoso funding

IH lm . om junho de 1898, como lim esquema para dar folga e garantir por meio

.I , 11111 novo c mp re stir no ( ) pn!-ltllllcnto dos juros e do montante de empresti-

11111 11I I1t ' IiO l l 'S .O B ra si l d el l cr u WII',JIl'li.l nos rcdores as rendas da Alfandega

dlll{11ltit' j,llIl'Il'O r Ikllll P i l lih id il d l ' l m ll J. li r novos empr stim s ate junho de

jI Ill. C (lIlljlll1llll'll 'II'" OW "I 111111'11111 1 I11 1 d l l l! 1 prnfJ, l ' i lmn de dl;;'llnyao. inci-

lUIillldli I'll k lill I,.ljlll 111111III " I II ' IIlll." II,() 1 1 1 1 I ~ t " I 1 . l V , \ .1'.sill1 da insol-

\ ' 1 1 1 1 " M.I ' , 1111 11111 " 1 1 1 1 1 1 1 1 M.II I 111111111 pi 111.11111 111111111'111 l's~m lIH'di!lll~ l'

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14 3 m H IS TO Rl A C ON CIS A D O B RA SIL

out ras que se seguiram no governo de Campos Sa les, gcrando a queda da at ivi-

dade economica e a quebra de ban cos e outras empresas,

3 .2 . A S O L IGA RQU lA S E O S C ORON £ IS

A Republica concreti zou a autonomia estadua l, dando plena expressao aos

inte resses de cada regiao, Isto se refle tiu, no plano da polit ica , na formacao dos

par tidos republicanos restri tos a cada Estado. As tentativas de organizar parti-

dos nacionais foram trans itor ias ou fracassaram. Controlados por uma eli te re-

duzida, os par tidos republicanos decidiam os destinos da polit ics nacional e fe-

chavamos acordos para a indicacao de candidatos a Presidencia da Republica.

o que representavam as diversas oligarquias estaduais? 0 que signif icava

falar em nome de Sao Paulo, Rio Grande do S ul o u Minas Gerais, para ficar nos

exemplos mais expressivos? Se havia urn trace comum na forma pe la qual essas

oligarquias monopolizavam 0 poder polit ico, havia tambern diferencas nas suas

relacoes com a sociedade. Em Sao PauJo a eli te polit ica oLigarquica esteve mais

proxima dos interesses dorninantes, ligados a economia cafeeira e, com 0correr

do tempo, tambem a industria, 0 que nao quer dizer que ela fosse urn simples

preposto de grupos. A oligarquia paulista soube organizar 0Estado de Sao Pall-

1 0 com eficiencia, tendo em vista os interesses mais gerais da classe dorninante,

Tanto a oligarquia gaucha quanto a rnineira , que controlavam respective-

mente 0PRR eo PRM , tiverarn bastante autonornia em suas relacoes com a

sociedade. 0 PRR impos-se como uma rnaquina politica forte, inspirada em

urna versao autor itar ia do posit ivismo, arbitrando os interesses de estancieiros

e imigrantes em ascensao, A ol igarquia mine ira nao foi t ambem "pau rnandu

do" de cafeicultores au criadores de gada. Tendo de levar ern conta esses setores

da sociedade , constituiu uma maquina de polit icos profi ssiona is que, em gnm

de medida, o ri g in av a d e1 a pr6pria a fonte do poder, nomeando funcionarios,legali zando a posse de te rras, dec idindo sabre invest imentos em educacao,

transportes etc.

A primeira vis ta, parecer ia que 0 dornlnio das oligarquias poderia SCI' que

brado pe la massa da populacao por meio do vo la. Entre tanto, 0 voto nilll (·J.I

obrigat6ri eo povo, e m re gra , e nc ara va a p oll ti n WlllO urn ;()~O e ntre o s ~rall

des ou uma troca de fnvorcs. Se l l dcsintcrcsse ~n' (ill 1 J 1 l 1 1 l 1 l 1 1 i Illlt-. t'i('i~()es I'ill I

p re si dcnt c o s p nr ti do s cstudu.ris Sl' O J crtnv.nu, 1.111\ IlldlllllJl(lldillllhl~ (llliUIS,lUI

IlL.lI\dl1(l~I.'lIHlidl,psdt·l1PIII\IlC' 11 01 11 11 11 1.,1 11 1(11 11 " I 1 I'"' lhdldllll'di' 'xliii

II 1 1 I 1 I ~ 1 ' 1 l 1 'flilill d, VI,IUIIII' 1I~llliI'l111111 I II 11111111111 I I I"" d.11111'1I1'I~111I

A P RI M EI RA R EP OB tK A (1889-1930) m 149

total do pais (eleicao de Afonso Pcna em 1906) e urn maximo de 5,7% (eleicao

de JUlio Prestes em 1930) .

Outro aspecto a ser ressaltado e 0 de que os resultados eleitorais nao

espelhavarn a rea lidade, 0 vote nao era sec reto e a maioria dos ele itores estava

sujeita a pressao dos chefes polit icos, a quem tratava tambem de agradar , A frau-

de e lei toral constituia prati ca corrente , atraves da fal si ficacao de a tas, do voto

dos mortos, dos estrangeiros etc. Essas distorcoes nao eram al ias novidade , re-

presentando 0prolongamento de urn quadro que vinha da Monarquia ..

Apesar de tudo, comparativarnente, 0comparecimento eleitoral cresceu em

relacao ao Imperio. Confrontando-se as ele icoes para a ult ima legisla tura do

parlamento imperial (1886) corn a prirne ira e leicao para a Presidenc ia da Re-

publica em que votaram elei tores de todos os Estados (1898), verifi camos que a

part icipacao cleitoral aumentou em 400%. Alern di sso, nem todas as eleicoes

para presidente da Republica foram urna simples rat if icacao de urn nome. Hou-

ve bastante di sputa nas ele icoes de 1910, 1922 e 1930, quando se elegeram, res-

pectivamente, Hermes da Fonseca, Artur Bernardes e Julio Prestes,

* * "

E comum denorninar a Primeira Republica "republ ica dos coronets"; em

urna referenda ao s coroneis da antiga Guarda Nacional , que eram em sua maio-

r ia proprietaries rurais, com uma base local de poder . 0 coronelismo represen-

to u LIma variante de uma relacao sociopolitica m ais g eral - 0 clientelismo -,

cxistente tanto no campo quanta nag cidades, Essa relacao resultava da desi-

gualdade social, da impossibilidade de os cidadaos efetivarern seus direi tos, da

precariedade ou inexistencia de services ass is tenciais do Estado, da inexisten-

c ia de uma carreira no service publ ico. Todas essas ca racteristi cas vinham dos

tempos da Colonia, mas a Republica criou condicoes para que os chefes pol it i-

LOS locais concentrassern maior soma de poder . Isso resultou principalmented.l ampl iacao da parte dos impostos at ribuida aos municipios e da eleicao dos

p re fc ito .

1)0 ponto de vista cleitoral, 0 "coronel" controlava os votantes em sua area

Ih' i nf lu en ci u. T ro ca va v ot es , em c an di da te s par e le indicados, por favores tao

V . I I i.ldos C O 1 1 10 u rn p ar d~'> n pn lo s . 1 11 1 1[ 1v a ga no hospital ou urn emprego de pro-

It"o~III". M us u s " rnrnue is '' 11.10 IIHII1I1IHlli/. ram a ccna politica na P rirnelra R e-

1,"l1lh I. Dill I'rlIi l\I'lIPIl~I I' plJ'~ uulu divl'l ~Oli illll·rt·S~cs u rb nn os, tiv era m tim

1 ' ' ' 1 111 ~iHllilll,lIlVllllt' 11111.111\ In II I Ilulilh I AIIIII ~ l i ~ N n . ,IPl'lI,n cit ' sercm impor-

1.11110""1 1 III 'III II 11iU~ 111d 1 1 1 1 1 till I IIIIIIJ 0111\ '111111111, 11.~\OIllIl""il1" d l ' J w l l

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III IIIIIIA II NI 11 1\ 1 11 1 1 1II A II II I II II 1111UII IIII~~ 11III II

3 .3 . R ELA<; OES ENTRE A UNIAO E O S E ST AD OS

.I" I I I l I U . I( 1 111 h i l i II v dill 1 II , II I II 11111 d . I I , I jl~II I II II 1 1 1 1 1 do gnver nu Cam

I" .....l·~, (1I1IWlli,1,. 1 I1t 1 11 '1 ' 11 , 1 \, 111 d 1'1"' Iii il, pH'~'U~ intcrnacionais por urna

11,1'11.) tlhlior ern IUtll'd., IhlllHIIllL

l ', ll l1 I : -\ 'U '"11 I ir ,I r l 'n d .1 t il l 1,1 k it u lu u ,I, surg iram em Sao Paulo, no comcyo

dll '['lldo, v:lrios planus lit· intcrvcncuo governamenral no mercado cafeeiro.

Iii1111,h eg ou-se e m f ev creiro de 1906 a u .m a co rd o, c ha rn ad o de Convenio de

Ilul..lIe, lor tcr s.ido celebrado nessa cidade paul ista . A ssinararn 0 acordo os

I . I" do :. d e Sao Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.() dois pontos basicos do convenio cram os seguintes: negociacao de urn

1111'1" sti rno de 15 rnilhoes de l ibras esterlinas para custear a intervencao do

I ')I ,do no mercado, a tr av es d a c or np ra do produto par urn preyo conveniente

I I. ,ft-icult.uraj criacao de urn mecanismo destinado a estabilizar 0 cambio, im-

Iwdilldo a valorizacao da moeda brasileira, 0 governo deveria comprar com

II, Il'lLIrsos extcrnos assafras abundantes, fazendo estoques da mercadoria para

I, I ld~-Lu no rnercado internacional no momenta oportuno. 0 plano se basea-

II ,1~sil1lna ideia correta da alternancia entre boas e mas colheitas e na expec-

1.11iV.1 de que as compras governamenta is reduz iriam a ofe rta de cafe, fazendo

u hl r o s p re co s,

A resistencias opostas pelo governo federal ao plano e as reticencias dos

IkllL.li Estados integrantes do Convenio levararn 0 Estado de Sao Paulo a agir

"III conta pr6pria, associando-se a urn grupo de importadores dos Estados

I ltddos liderados par Hermann Sielcken , 0 financiarnento desse grupo e em-

I'llvlimos bancarios possibi litou a re ti rada do cafe do mercado. Ent retanto , era

IlIlil[)ssfvel manter a si tuacao por multo tempo sern a ob tencao de urn financia -

1111'11(0 a longo prazo, de rnaior vulto,

No segundo semestre de 1908, 0 presidente Afonso Pena obteve do Con-

" ' . " so autorizacao para que a Uniao fosse fiadora de urn emprestimo de ate 15

uulhocs de Libras que Sao Paulo pretendia contrai l' . A par tir dai , 0Estado de Sao

l'uulu pode prosseguir a operacao valorizadora, entregando 0 controle da ope-I '~,IO aos banqueiros internacionais, Os primeiros resultados do esquema sur-

M",Im em 1 90 9. O s precros Internacionais do cafe cornecaram a subir e se man-

uvrram em alta ate 1912, grac;as a retracao da oferta provocada pela estocagem

II di rninuicao do volume das safras. Em junho de I913, 0ernprestimo foi pago.

I louve duas outras operacoes valor izadoras , sob responsabil idade da Uniao

II 1924 , quando 0 presidente Artur Bernardes , preocupado com 0 orcamento

I dnal, abandonou a defesa do cafe e 0Estado de Sao Pau lo assumiu direta-

1lll'I1te a defesa permanente do produto,

cava-sc, nos g ra nd cs E sta do s, o g ov cru o t ·~ I. lt ll I. ,I , 1(111 11,10 111111 "1lOIHI i .1 , [ L ill i

ajuntarnento de "coronets" Es t es fo rn cc iam vulm , ll l~ 1111 iI' 1'"IIIIW~ do I'c.:~pi:t

tivo Estado, mas dependiam deles para proporcionur nuutoe do;>,hcneffcios cs

perados pelos eleitores , sobrerudo quando os b en ef lc io s e ra rn colctivos,

o coronelismo teve marcas dis tintas , de acordo com a realidade sociopoli

tica de cada regiso do pais. Urn exemplo extrema de poder dos "coroneis" sc

encontr a em areas do interior do Nordeste, em tome do rio Sao Francisco , ondcsurgiram verdadeiras "nacoes de coroneis' , com suas forcas mili tares proprias.

Em contras te, nos Estados mais irnportantes os "coronets" dependiam de estru

turas mais arnplas, ou seja, a maquina do govern a e 0Partido Republicano.

A Primeira Republica e conhecida, no senso cornum, como a epoca do "cafe

com leite" A Frase exprime a ideia de que uma alianca entre Sao Paulo (cafe) c

Minas Gerais (le ite ) comandou, no periodo, a polit ica nac iona l. A realidade ,

porem, e mais diversifi cada . Para entende-la, devemos olhar de perro as rela-

coes entre a Uniao e pelo menos tres Estados - Sao Paulo, Minas Gerais e Rio

Grande do Sul-, bastante diversos entre si.

Sem pretender esfacelar 0 governo federal , Sao Paulo t ratou de assegura r

sua autcnornia, garantida pelas rendas de uma econornia em expansao e por

uma poderosa forca militar. Mas os paulistas nao podiam se dar ao luxe de

conta r apenas consigo mesmos ..Para fica r no exemplo mais relevante, cabia aUniao 0 papel fundamental de def inir a poli ti ca rnone taria e cambia l, que alem

de decidir os rumos financeiros do pais tinha reflexos na sorte dos negocios

cafeeiros.

Na esfera federal , os polit icos paulistas concentraram-se nesses assuntos c

nas iniciativas para obter 0 apo io do governo aos planes de valorizacao do cafe .Desse modo, embora a economia de Sao Paulo se tenha diversif icado no cur su

da Prirnei ra Republica, sua el it e poli tica agiu princ ipal rnente no interesse da

burgues ia do cafe, de onde se originavarn, alias , rnuitos de seus membros.

A poli tica de valorizacao do cafe constiru i urn dos exemplos mais ni tidos

do papel de Sao Paulo na Federacao e das relacoes entre os varies Estados. A

partir da decada de 1890, a producao cafeeira de Sao Paulo cresceu enormemen-

te, gerando problemas para a renda da cafeicul tura. Esses problemas tinham

duas Fontes basicas: a grande oferta do produto faz ia 0 preyO baixar no merca-

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15 2 !:!:I, H[STORIA CONClSA D O B RA S IL

Este breve relata ilustra a tipo de relacoes existentc entre Sao Paulo e a

Uniao, Os pauli st as tive ram rneios de garanti r sua autonomia e ate certo ponto

levar seus planes econornicos adiante mesrno sem contar com 0 apoio do go-

verno federaL Mas a poli tica cambial da Uniao rcpercut ia em sentido desfavo-

ravel na cafeicultura paulista quando eram tomadas rnedidas de valor izacao do

cambio. Alern disso, a garantia do governo federal podia ser imprescindivel ou,

pelo menos , podia facil itar a obtencao de ernprcs timos no exter ior.

***

A postura dos polit icos mineiros era diferente. Eles representavam urn Es-

tado econornicamente fragrnentado entre 0 cafe, 0gada e, de certo modo, a in-

dustria , sem ter urn p610 dominante. Alem disso, Minas nao tinha 0 potencial

economico de Sao Pauloe dependia dos beneftc ios da Uniao. Esse quadro levou

a e lit e polit ica rnineira a guardar certa distancia dos interesses especifi cos do

"cafe" e do " leite" acumulando poder como polit icos profiss ionais. Os rnineiros

exerciam forte inf luencia na Camara do s Deputados, onde t inham uma banc.i

da de 37 membros, enquanto os paul istas eram apenas 22. Bssa proporcao I C l I

estabelecida de acordo com 0 censo de 1890. Depois do censo realizado cut

1920, demonstrando 0 grande crescimento populacional de Sao Paulo, os pall

listas tentaram inutilrnente obter uma revisao da proporcionalidade.

Os politicos de Minas controlaram 0 acesso a rnuitos cargos politicos bit

rais e tiveram exito em um de seus obj etivos priorita rios: a construcao de fe rro

vias em terri torio mineiro, que atendia aos interesses gerais de seu Estado, NI l

an as 20, quase 40% das novas construcoes de estradas de ferro federais ai seul'

centraram. Ao mesmo tempo, buscararn a protecao aos produtos de Minas W II

sumidos no mercado interne e apoiaram, de acordo com as clrcunstanchr- II

valorizacao do cafe.

'" '" . .A presence dos gauchos na polit ica nacional teve a peculiaridadc dc' It 11

cionar-se com a presen¥1. mi li ta r, A ap ro xi rn ac ao na o s ig n if ic a q u e 111111"

identidade entre os m ili ta re s e 0 PRJ{ . En t re !H94 l' 1 9] 0. os gall.clw1> ,I~~HI

como a cupula do E x er ci to - c st iv cr am qllllM' ,1IIwnll:" dil .1dmil1i~ln', m l Ii

ral, Ai rc spa rec era m q ua ndo rl a t· lL 'i~ .11 dn 1111111"h ili I kllil l 'S d.l Pomn.l

H 6 v :\ ri as ra w's p u r u n i l f 1 n i d . H I I ' . 11 ' I l i I , 1 I 1 1 1 I II . 1 1 ' m 1 1 ' 1 1 \1 1 1 1 " d l l 11111 " I 11 I

l{il1 CI,ll l tI{· de! S i l l (O I It C ' Il I II I V .l n 1 11 )1 10 11 , .1 11 1 'II. il ll I- 1 1 11 n . \ ,, 1 11 1 1 11 1 0

1 1' 11 11 11 '1 1, 1 I tl 'p uh ll ll l I l il li ' 1 1 1 1 1 II" II 11111 Ipl l l il l d 4 1 I I III; I "H 111111

A PR lM EIRA REPO BL lC t\ (1889 -19 3 0) ~ 153

Regiao Ml lit ar, cri ada ern 1919, consti tuiu luna ponte para a al ta adrninisrra-

cao, pais var ies de seus comandantes forarn para 0Ministerio da Guerra ..A im-

portancia do setor militar incentivou as gauchos de certo nlvel social a seguir a

carreira das arrnas, contr ibuindo corn 0maier nurnero de ministros da Guerra

e de presidentes do Clube Mili tar na Prirneira Republica.

POl' outro lado, a intermitente luta armada na regiao favoreceu 0 contato

entre as oficiais e os par tidos politicos. Da Revolucao Federalista, por exemplo,

nasceram as laces de var ies oficiais com 0PRR.

Certos traces ideologicos e peculiaridades polit icas concorreram tambem

para a aproximacao. 0positivismo, cuja importancia difusa se manteve no inte-

rior do Exercito, foi 0principal traco ideologico, Alem disso, a politica econemi-

ca e financei ra defendida pelos republicanos gauchos tendeu a coinc idir com a

visao do grupo mil itar, 0 PRR defendia uma poll tica conservadora de gastos do

governo federal e a estabilizacao dos p re cos . A i nf la c ao c ri ar ia problemas para 0

rucrcado de carne-seca. Como a produto era consurnido principalmente pelas

classes popularcs do Nordes te e do Distrito Federal , qualquer reducao do poder

uquis it ivo dessas classes resultava em restricao da demanda. Essa perspectiva,

. lpesor da diferenca de rnotivacoes, estabelecia um a ponte com os militares, que

vum com bons olhos a adocao de urna polnica f inanceira conservadora.

Urn bloco das oligarquias do Nordeste poder ia ter s ido inf luente na polit ica

n.u ional . Mas uma coalizao de Estados da regiao era rnuito dif icultada par exis-

11 1"Ill interesses conflitantes. POl' exernplo, como as recursos obtidos pe lo i rn-

I'll to de exportacao em cada Estado eram escassos , os Estados cornpetiam uns

111111 OS outre pelos favores do governo federal ; envolviam-se ta rnbem em in-

IInuinr iveis disputas acerca do direi to de cobrar impastos interestaduais sobre

IIII 'I! . Id or ia s q u e c ir cu la v am de urn Estado para outro.

A uniao das o l ig a r qu ias paulista e rn in e ir a foi u rn e l ern en to fundamental

1,1 Iil'.lol'ia politica da Primeira Republica. A uniao foi fe ita com a preponde-III 101dl ' lima Ol l de outra das duas forcas. Com 0 tempo, surgiram as discus-

" IIIII grande desacerto final.

' \p~ 'Ml J 'du in fl uenc ia rn il it ar , Sao Paulo saiu a f rente nos prirneiros anos da

I Jlllldh ,I, OS paulistas alcancaram s eu s o bj et iv os n a Constitui..nte C~111 0 apoio

I. . 1I1111l'i rw. (.prcpa ra ram am i11h 0 pa ra as p resi d en ci as c iv is . Foram elei.to s

IIlcll l l l lI 'l l l t· l rl ~ p rc si d t· l 1l l .' s J 1 .l l il i~ r .1 S P ru den te d e Monies, Campos Sales e

Ilit II 1,lIr'! A l v ( ' , "llIJ'l ' I 1 1 t H ! Jill) I, 1 1 1 o 'I ll • mll1(,1 m ais s c rcp etiria. A pre-

..Iilkl, tIt i. t "lIl lIi'.1 iii S Ill 1 ',111111 I ll' ", IIIIt ~II\pli~;l n,h} .ipenas por sua

IlI jl l l l t 1 1 1 11 1 1 '1 1 11 1 1 1 11 1 1 11 th " , 1 1 1 11 i I' ll Il I" I I I I " 1 01 1 11 '. 1 1 ~ l! h \l ll l dl' 11.1 1 '1 ii,,, A gJ.1I1

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154 t!l HISTORlA CONCISA DO BRASIL

de maioria da eli te paulista abandonou rapidamentc SUllS antigas divergencies e

cerrou fi lei ras em torno do PRP ,

A situacao foi diversa em Minas Gerais, onde as divergendas de grupos s6

Sf acalma.ram com a chamada segunda fundacao do PRM, em 1897. Dai para a

frente, a presenca mineira na polit ica nacional cresceu cada vez rnais.

U rn acordo entre Sa o Paulo e Minas Gera is perdurou, a partir de Campos

Sales, ate 1909. Naque le ano, abriu-se a di ssidencia ent re os dois Estados que

faci litou a vol ta provi soria dos mili tares e a volta perrnanente do Rio Grande

do SuI a cena poli tic s naciona l, A campanha para a Presidencia da Republ ica de

1909-19 10foi a prirneira disputa eleitoral efetiva da vida republicana. a mare-chal Hermes da Fonseca, sobrinho de Deodoro, sa iu candida te com 0 apoio do

Rio Grande , de Minas e dos rnili tares, s a o Paulo, na oposicao, lancou a candi-

da tura de Rui Barbosa, em al ianca com a Bahia.

Rui procurou atrair 0 voto da c1assemedia urbana, defendendo as princi-

p io s d em oc ra tic os e 0voto secreto. D eu 11campanha ur n tom de reacao contra a

intervencao do Exerci to na poli tica ..Atacou os chefes rni lit ares e cont rapos a

Forca Publica estadual ao Exercito como modelo a ser seguido. Ernbora a base

polit ica rnais importante de Rui Barbosa fosse naquela altura a oligarquia de Sao

Paulo, sua campanha se apresentou como a luta da intel igencia pelas l iberdades

publicas, pela cultura, pelas tradicoes liberais, contra 0 Brasil inculto, ol igarqui-

co e autor it . .r io . A vit6r ia de Hermes produziu grandes des ilus6es na restri ta in-

telectualidade da epoca.

Aestrela do Rio Grande do Sul comecou a dar sinais de vida por ocasiao

dos entendimentos que levararn a candidature do rnineiro Afonso Pena (1906).

A parti r do governo Hermes, ela passou a brilhar como estrela de te rcei ra gran

deza na conste lacao do "cafe com leit e" Esse fato levou Sao Paulo e Minas a evi

ta r novasdissensoes, Urn pacta nao-escri to foi concluido em 1913, na cidadc

mine ira de Ouro Fino, pe lo qual mine iros e pauli st as tra tariam de se revczar Ild

P re si de nc ia d a Republica. Entretan to , a presencra gaucha na polltica nacional

nao desapareceu. Mesmo sem dar as cartas nas sucessoes do presidentc da Hr

publica, a oligarquia gaiicha ascendeu ap6s J 910, com grande presenca nos 1 1 1 1

nisterios, enq uanto a de Sao P aulo tendcu a sc erurinchcirur e m s cu E st ad o,

Por firn, 0 nao-cumprimCtllO das reg ras do jn~() por p.Il'l • d o p rc si d '1111

Washington L u i s , i n d i c a n d o p a r a sun slln'.~~do 1 II Hili II J t H i L l I'n·llll.~~1 9 , ; N ) ,

f i II11 Falor central d a r up tu r. i polli(.1 OUlllld" IIII 1"111.

A PRIMEIRA REPGSLICA (1889-1930) t!l ISS

A analise dos acordos entre as varias oligarquias indica que 0 governo

federal nao foi um simples clube dos fazendeiros de cafe. a Poder Centra l se

definiu como art iculador de umaintegracao nac ional que, mesmo frag il , nern

lor i sso era inexistente, Tinha de garant ir urna certa estabil idade no pa is, con-

ciliar interesses diversos, atrair investimentos estrangeiros, cuidar da questao da

dlvida externa,

Mas os neg6cios do cafe foram a e ixo da economia do periodo. Ao longo da

l 'r ime i ra R ep ub li ca , 0 cafe manteve de longe 0 primeiro Lugar na pauta das ex -

portacoes brasiJeiras, com uma media em torno de 60% do valor total. No fun

11 0periodo, representava em media 72,5% das exportacoes. Dependiam dele 0

l rcscimento e 0 emprego nas areas rnais desenvolvidas do pais. Pornecia tam-

h~m a maior parte das divi sas necessarias para as i rnportacces e 0 atendimento

. los compromissos no exter ior, especialmente os da divida externa.

Na formulacao de sua politica, 0 governo federal nao podia ignorar 0 peso

do se tor cafee iro, qualquer que fosse a origem regional do presidente da Repu-

hlica, Mas 0 aspecto mais signif icat ive encontra-se no fato de que govemantes

-upostamente ligados aos interesses do cafe nern sempre agi ram como seus de-

kusorcs. Curiosamente , t res presidentes provenientes de Sao Paulo - Campos

, , " , d e s , Rodrigues Alves e Washington Luis - desagradaram 0 setor cafeeiro Oll s e

hocararn corn ele. Esse comportamento na aparencia estranho se deve princi-

[ulmcnte ao fato de que 0presidente da Republ ica tinha de ter uma preocupa-

\ ,In pelo que acrcditava ser os interesses gerais do pals. Esses interesses passa-

. 1 1 1 1 pela estabilizacao das financas e pelo acordo com os credo res extern as,

uot.rdamente os Rothschild - principais agentes financeiros do Brasil no exterior.

3.4. AS MUDAN<;AS SOCIOECONOMICAS

A im ig r a cao em rnassa foi urn dos traces mais importantes das mudancasIII HII'col.lt!micasocorridas no Brasil a partir d as u lt im as d ec ad as d o s ec ul o X IX .

II III,,,ii foi lim dos pai ses reccptores dos milhoes de europeus e asia ticos que

I I,IIII para as Americas em busca de oportunidade de trabalho e ascensao

lit I.d A n Indo de le f ig ura rn e ntre o utro s os Estados Unidos, a Argentina e 0

, 1 1 11 . 11 1 .1 ,

t \'l'l;1 t k J,H 11 ,11h i l l ' s tit' ntl,IIl,~l'iln~ 1'l1tl·ll',lI11no Brasil entre 1887 e 1930.

I I' Illldo IIH17·PJllllllldllllolt 111111101 1IlIIIH'IOdt ' imigruntcs, com a ifra

1 ' l l I ' I l l l h U I . 1 lit' ) , ' 7 ' 1 1 1 1 1 1 1 1 0 " . ' 111111.· 7 I I "illlI'.,I.I.~. l l· ll ll ll ·I lI I" I~ .l n s e cxpli

I .11'llldl Hlillm 1 .1 10 11 • JlIIII 1.11I 1'"1 , "11 ' Ih 1111',11 til ll.lldhu ll,lqlldl'~

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156 I I : . ! J HISTORIA CONCISA DO BRASi l

anos para a lavoura de cafe . A Prirnei ra Guerra Mundial reduziu muito 0 fluxo

de irnigrantes. Ap6s 0 fim do confl ito constatamos urna nova corrente imigra-

toria, que se prolonga ate 1930..

A part ir de 1930., a c rise mundial inic iada em 1929, assim como as mudan-

y a s pollt icas no Brasil e na Europa, fizerarn C0111 que 0 ingresso de imigrantes

como forca de trabalho deixasse de ser signif icat ive, 0 japoneses constitulram a

(mica excecao, pois, tomando-se periodos de tempo de dez anos, foi entre 1931

e 1940. que eles ent rararn no pais em rnaior numero,

As regioes Centro-Sul, Sul e Leste foram as que recebera rn imigrantes rna-

cicamente ..Em 1920., 93,4% da populacao estrangeira vivia nessas regioes, 0

Estado de Sao Paulo se destacou no conj unto, concentrando sozinho a maioria

de todos os r esid ent es es t rang e i ro s no pais (52,4%). Essa preferencia s e ex pl ic a

pelas facil idades concedidas pelo Estado (passagens, alojamento) e pelas opor-

tunidades de traba lho abertas par uma economia em expansao.

Considerando-se 0 periodo 1887-1930.. os italian os formararn 0grupo mais

numeroso, com 35,5% do total, vi .ndo a seguir os portugueses (29%) e os espa

nh6is (14,6%). Grupos re lat ivamente poueo numerosos em termos globa is fo

ram qualitativamente importantes.

Ocaso rnais expressive e 0 dos japoneses , que vieram sobretudo para 0 E~

tado de Sao Paulo. Em 1920,87,3% dos japoneses moravam nesse Estado. A pr i

meira leva chegou a Santos em 1908, com destine as fazendas de cafe. Apesar d .1

difi culdade em fixar os japoneses nas fazendas, a administracao paulista , al(

1925, coneedeu, em varies a.110S, subsidies a imigracao japonesa. No curso tlil

Primeira Guerra Mundia l, corn a inte rrupcao do fluxo europeu, havia 0 t emoi

de que "faltassern braces para a lavoura" A partir de 1925. 0governo japone

passou a f inanciar as viagens, Os japoneses , per essa epoca, ja n ao c ra m CIlI,I

minhados para as fazendas de cafe. Eles se fixaram no campo, por mais lempl!

do que qualquer outra e tnia, mas como pequenos proprie taries, tendo urn I"

pel expressivo na diversificacao das ativ:idades agricolas.

Outros grupos rninori tarios importantes foram os slrio-Iibaneses 'O~ II I

deus, os quais tiveram algumas caracteristicas scmclhantes ..Ao contrario JIl~,I

poneses, dos it alianos e dos espanhois, ambos se conccntra ram desdc SU,I \ III

gada principalmente nas cidadcs, Amhos LOJ1~1tuluuu 1uuhem lima im i ~l 'l l\ 1 1

c sp on ta ne a, n ao -s ub sid ia da , p ois ( ) 'lllxlliu Kllvn11.11111'111.11~I ,'1,1 (m Iwddl'

llllLn1 rOSSl' cncnminhado l S f i l/ ~ ' IH I 'I ~ .

I'" III It u (",1IHIt lin

10\1111111hll.!l! Ii, , , ' 1

A PIUMIlIRA REPUBLICA (1889·1930) m 157

Paulo e representavam 9% de Suapopulacao total . A origem regional se alterou

no curso dos anos. Enquanto os i tal ianos do norte predominaram ate a vi rada

do seculo, os do sul - sobretudo calabreses e napolitanos - passaram a chegar

em maior numero a partir do seculo xx .

Os italianos foram a principal etnia que forneceu mao-de-obra para a la-

voura de cafe. Ent re 1887 e 1900, 73% dos imigrantes que entrararn no Estado

deSao Paulo eram italianos , embora nem todos se tenham fixado na agricultura.

Apobreza dessa gente serevela, entre outros dados, pelo fato de que os subsldios

oferecidos pelo governo paulista representaram urna forte atracao, Problemas

nesse esquema repercutiram diretamente no volume do tluxo de imigrantes .

A s mas condicoes de recepcao dos recem-chegados levararn 0 governo Ita-

l iano a tomar medidas contra 0 recrutarnento de imigrantes, Isso aconteceu,

provisoriaments , entre marco de 1889 e j ulho de 1891. Em marco de 190.2, uma

decisao das autoridades i tal ianas conhecida como "decreta Prinett i" - nome do

ministro das Relacoes Exter iores da I taIia- proibiu a irnigracao subs idiada para

II Brasil . Dal para a frente , quem quisesse emigrar para 0Brasil poderia conti-

nuar a faze- lo I ivrernente, mas sem obter passagens e outras pequenas facil ida-

elt·s.A rnedida resultou de crescentes queixas dos italianos residenres no Brasil a

cus consules sobre a precariedade de sua condicao de vida. agravada pela crise

do afe. ~ possivel que a melhora do quadro socioeconomico na Italia tenha

Iumbem concorrido paraela.

o t luxo da imigracao italiana nao se interrompeu. Entretanto, 0 "decrero

l 'rinctti", a cri se do cafe e a situacao no pai s de origem contribuiram para redu-

II Ill.Considerando as entradas e saldas de imigrantes, sem dist incao de nacio-

l I, d idude. pe lo porto de Santos, verificarnos que, em v ar ie s a no s, 0numero dos

'1111 sairarn fo i maior do que as entradas naquele porto. Par exemplo, em plena

III \. do cafe, em 1900, entraram cerca de 21 mil imigrantes e sairam 22 mil.

I Itl o l l ! apos 0 "decreto Prinetti", em 190.3 , entraram 16500 imigrantes e sa iramI " , 10 0 . ano scguinte tambern regis trou saldo negat ivo .

J luranle 0 perlodo 1901-1930, a .proveniencia etnica dos irnigrantes para

(I I'aulo se tornou bern mais equi librada . A proporcao de i tal ianos caiu para

f l " " . "~'!-\t1idospelos portuguese (23%) e pelos espanh6is (22%). A imigracao

Iltllll~lIcsn c on cc ntr ou -sc n o Di~1ritn F ederal e em Sa o Paulo ..A capital da Re-

I"hlll , I n l ll l in 1 1 0 1o mninr rU1l1il1W'III{' d~· p e l ! t ug u 'ses, mesmo quando a com-

r"I,'~oI0 l; fl:illl Will E~tlld(l~. 111111 I II lit h'r f~li li \ l in imigrn~i\o portugucsa foi

II l11.dol ~Hllll'llllol,'1l III' 14 11111,' • I III p, II) 1 I . ' V i , 1 t, !llil portugucscs 11.1i-

1 .. 1 1 ,I.' Y,ll ' 1 ' 1 1 1 1 1 · 1 , . I·' pll" l'II11111111J1 '1 1 1 1 1 I 1 1 1 'I ' l d ,h . " " tllllll; 11' \ ! I I '! l l h 'I 'OS suhi.un

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I H III 1 , ' 1 0 I l ll~r I II 1111 IIUII II

a 17 2 m il n o R io d e I an ci ro .c on CilllIlllllllIllll I 1 ' , 1 IIdO lpopul wan. I\S~l'S dlld""

nao significarn que imigrantcs portngueses 11.[0 be tenharn dest inado lavou ru

do cafe e a agriculture em geral. Mas Ides I icarum mais conhecidos pOI' scu pa

pel no pequeno e grande comercio, assim como na industria, sobretudo I1Il Rio

de Janeiro.

.0 maior fluxo de imigrantes espanhois concentrou-se entre 1887 e 191<1.

Mas houve urna diferenca, Enquanto os italianos predorninaram largameme

sabre os espanhois de 1887 a 1903, estes as superaram entre 1906 e192.0 .

Apo~osjaponeses, forarn as imigrantesespanhois as que proporcionalrnente mais St'

concentraram no Estado de Sao Paulo. Assim, em 1920 ,78% dos espanhois <II

residiam, Em alguns aspectos, a imigracao espanhola tern traces semelhantcs

aos da japonesa, Como ocorreu com os iaponeses .vierarn para 0Brasil sobre

tudo famil ias com varies f ilhos e nao homens solteiro s, Os espanh6is aprox i

rnaram-se tambem dos japoneses pelo longo tempo de perrnanencia nas ativi

dades agricolas e pela preferencia por viver nas pequenas c idades do interior c

nao na capital de Sao Paulo.

A mobilidade social ascendenre dos imigrantes nas cidades e Dorade duvi

cia,como atesta seu exito em atividades comerciais e Industrials em Estados

como Sao Paulo, Rio Grande do SuI,Parana, Santa Catarina. 0 caso do campoe mais complicado. 'Iornemos 0 exernplo do Estado de Sao Paulo, Nos primei

ros anos da imigracao em massa, os imigrantes foram submetidos a uma dura

existe n cia, resultante das condicoes gerais de tratamento dos trabalhadores 1 1 ' 1 1

pais, onde des quase equ ival iam aos escravos, Atesta esse quadro 0 grande I1LI '

mero de retornados, as queixas dos consules, as medidas tomadas pelo gover

no italiano,

C0111 a carrel' do tempo, muitos imigrantes escalaram posicoes na sociedn

de. Uns poucos tornaram-se grandes fazendeiros. A rnaioria passou a condi

~aode pequenos e medics proprietaries, abrindo caminho para que seus des

cendentes viessem a ser figuras centrais da agroindustria paulista , 0 censn

agricola de Sao Paulo realizado em 1934 revelou que 30,2% das terras esta

varnem rnaos de estrangeiros, cabendo aos italianos 12,2%, aos espanhois

5,2%, aos japoneses 5,1%, aos portugueses 4,3% e 0 restante a outras nacio-

nalidades, Esses numeros exprimem apenas parte da ascensao dos imigrantes,

pois os proprietaries de terras descendentes de estrangeiros foram logicamen

te considerados brasileiros.

I I 1 1 11 11 ", 1 01 '1 11 11 11 Ii 1 1 " ~ ' 1 1 ' 1 1 1 1 1

Nil l III' II' d . t h 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 d 'l I II iI'l I' t 1 1 1 1 1 I l ' . N , W . (1 H ! ' o iS i l WIl'1 lnuou .1

, t 1 1 1 1 1 I l, I 'I ~ Pl'l'dUlllhlollill I lit· It. I \ 1 I I III...I'il'~ul1do o ccnso de 1920. de 9 ., I mi-

1 11 1 " t I L - IW llsmlS CI1III1tvld.Hll·, h , I I l I i I l H I 'S ( ( 1 9 , 7 % 1) se dedicavam J agricultura,

I, t I I1 l lh . 1O (13 ,H l rh ) ~ lindusl,1'i I I .' 1, 5 ruilhao (16 ,5%) aos services,

A rubrica "servicos'' .ngloba atividades urbanas de baiza produtividade,

'Lllll(l os services domesticos remunerados . .0 dado mais revelador e 0do cres-

, 1 1 1 1 1 ' 1 1 1 0 do numero de pessoas em atividade na area industrial, que pelo censo

, 1 , 1 11'172nat) ultrapassava 7% da p op ul ac ao a ti v a. R e ss a lv emos , porem, que rnui-1 · 1 ~ "lndustrias" nao passavam de pequenas oficinas,

() prcdornln io das atividades agroexportadoras, durante a Primeira Repti-

1 1 1 1 1 [ 1 , 1 1 . ( 1 0 foi absolute. Nao s6 a prcducao agricola para 0 mercado interno teve

gl1ifica~aocomo a industria foi-se implantando com forca crescente. 0 Esta-

. I l l d l' S ao Pauloesteve a frente de urn processo de desenvolvimento capitalists

I i ll .rcterizado pela diversificacao agricola, a urbanizacao eo surto industrial. 0

I.Ilil coruinuou a ser 0eixo da economia e constituiu a baseinicial desse proces-

u, Urn ponte importante que assegurou a producao cafeelra se encontra na for-

1 1 1 1 1 1 1 1 encontrada para resolver 0 problema do fluxo de mao-de-obra e estabili-

II ,IS relacoes de trabalho. 0 primeiro aspecto foi resolvido pela imigracao; a

I Hondo, pelo colonato,

o colonato veio substituir a experiencia fracassada da parceria . Os colones,

1111 scja, a familia de trabalhadores imigrantes, se responsabilizavarn pelo trato

till cufezal e pela colheita, recebendo basicarnente dois pagamentos em dinhei-

I tI : 1 1 m anual, pelo trato de tantos mil pe s de c a f e , e ou tre por ocasiao da colhe i-

'.1, I ls te r il timo pagamento var iava de acordo com 0 resultado ciatarefa, em ter-

I I I I I de quantidade colhida. 0 fazendeiro fornecia rnoradia e cedia pequenas

Ihlll'cins de terra onde os colones pcdiarn produzir generos alirnenticios. 0 co-

l,'11.tlo era distinto da parceria porque, entre outras caracteristicas, nao existia

,llyisno de Iucros da venda do cafe. Nao constituia, por outro lado, 'LIma.orma

I I 1 1 ra de trabalho assalar iado, pois envolvia outros t ip os de retribuicao,

No caso das plantacoes novas, que eram objeto dos charnados contratos de

1 1 1 1 maya~, as colonos plantavam 0 cafe e cuidavam da p lan ta durante urn pe-

1 ludo de quatroa seis anos, pois era em geral no quarto ano que as cafeciros

I II 11 1ecavam a produzir, Os formadores praticamente nao recebiarn salarios, po-

d"IIJ porem dedicar-se .a producao de generos alimenticios, entre as f1la,~dl'

.Ikzais novas ..Como essetipo de relacao de trabalho tinha a pr'f!.:n\mi I dil'l

, 111111108, infere-se que a producao de generos abrangia ndo apenr» !lruu I I 1 1 I 1

o i, 'h trabalhadores mas tambem a venda para os mercados Inc.li~.

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If o i l

o {.UIOn •ILO l's l, lbili i '()u .IS Jd.I't(ll·:' dt' 1I,lilollllll, 1111 II hI IIIIIIIIIHI m pro

blcmas entre colones e lazend iros. Ocorrcram wml.llllc' 1 1 1 I I I uulivi luais c

me sr no g r ev es . A l cr n d is so , os colon os n ao c ra m c sc ru vo s l'I',til'I.II'.11ll l ima iIl-

tensa rnobilidade espacial, deslocando-se de uma fazenda pilr;! outra, ou para

os centros urba.nos, em busca de melhores oportunidades. Porcrn, como urn

todo, de urn lado, a oferta de mao-de-obra imigrante e,de outre, cer tas possibi-

l idades de ganho abertas pe lo colona to garanrira rn a producao cafee ira e a rela-

t iva estabil idade das relacoes de trabalho na cafeicultura,Ao mesmo tempo que a producao cafeeira tendeu a aumentar, ocorreu em

Sao Paulo uma diversificacao agricola que se liga a ascensao dos imigrantes. E s-

rimulada pela demanda das cidades em crescimen to, a producao de arroz, fei -

jao e milho expandiu-se, No comeco do seculo XX, sa-,oPaulo importava parte

desses produtos de outros Estados, destacando-se 0arroz do Rio Grande do Sul.

Por volta da Primeira Guerra Mundial, 0 Estado se tornara auto-suficiente nes-

ses i tens, comecando a exporte r. Cornparando-se as medias de 1901-1906 com

asde] 925-1930, consta tamos que a producao de arroz cresceu quase sete vezes,

a de feijao tres vezes e a de milho duas vezes.

oalgodao tarnbem se implantou, Em torno de 1919, Sao Paulo se tornou 0

maior Estado produtor do pais. com aprox imadamente u rn te rce do total. Fica -

va assirn assegurado 0 fornec imento de materia -prima para a indust ria text il.

Alern di sso, a plant io cornbinado de cafe e algodao , com maie r enfase no cafe,

chegou a ser providencial para os fazendeiros, Quando, em 1918, a geada de-

vastou as plantacoes de cafe, muitos deles se salvararn da ruina gracas a produ-

t;:aoalgodoeira.

Todas as cidades cresceram, e 0 sal to mais espetacular se deu na capi tal do

Estado de Sao Paulo , A razao princ ipal desse sa lto se encon tra no afluxo de imi-

grantes espontaneos e de outros que t rataram de sai r das at ividades agricolas. A

cidade of ere cia urn campo aberto ao artesanato, ao comercio de rua, a s fabri-

quetas de fundo de quintal , aos construtores autodenominados "mestres i talia-

nos ': aos profiss ionais I iberais. Como opcao mais precaria, era possivel ernpre-

gar-se nas fabricas nascentes ou no service domestico. A capital paulista era

tarnbem 0 grande centro dis tr ibuidor dos produtos importados, 0 elo entre a

producao cafeeira e 0 por to de Santos e a sede do governo. Ai se encontravam a

sede dos maiores bancos e as principals empregos burocraticos,

II I I I I " 1 1 1 ' 1 II I Ii \ I IM Ii 1 '1 11 11 ltd

Jllillil til IXliII, "III I' IIdli 1 11 11 1','I ii I II UI ernriuno .1~1·I·raJll.A gran

dl' II J .lIk,nl.l ~L .h-u I I ill ( I l'lll l'jC 1!l, [l1'dlldll ern q 11(;a p up ula ca o p au lis ta na

p, '~Ml l l dl' (1·1 m il 1 I. ,h l.ll1lt 1'111,1 J I I) 1 11 1 1, r cg is tr au do u rn a elevacao de 268%

, 'm c lc z anos, .1 11111,' 1,1. .1 WOlmllll-,' de 14% de crcscimento anual,

Em I 1 '1 9(J ,Sa o Pl1l1lo t'l ,1,1 quinta cidade brasileira, abaixo do Rio de Janeiro,

S al va do r, R ec if e e H ele m. N o inicio do secu lo chegari s ao segundo lugar, ernbo-

Iiiainda rnuito distante dos 688 mil habitantes da capital da Republica. Em

comparacao com 0Rio de Janei ro. Sao Paulo continuava a ser apenas a capital

de lima grande provincia.

o crescirnento indus tr ial deve ser vis to em urna perspectiva geognif ica mais

ampla, abrangendo varias regioes, especialmente 0Rio de Jane iro e Sao Paulo.

As poucas fabricas que su rgiram no Brasil em meados do seculo XIX dest i-

navam-se principalrnente a produzir tecidos de a lgodao de ba ixa qualidade ,

consumidos pe la populacao pobre e pelos escravos. A Bahia foi 0 primeiro nu-

cleo das atividades do ramo, reunindo cinco das nove fabricas existentes no pais

1.'111 1866. Por vol ta de 1885, a producao industri al se deslocara para 0 Centro-

SuI. Considerando-se 0 numero de unidades fabris, Minas Gerais assumira 0

prirneiro lugar, mas 0 Distr ito Federal concentrava as fabricas mais importan-

res. Excluindo-se a agroindustria do acucar, em 1889 ele detinha 57% do capital

indus tr ial brasi leiro, A ins talacao de fabricas na capital da Republica deveu-se a

varies fatores. Dentre eles, a concentracao de capi tal s, urn mercado de consu-

rno de proporcoes razoaveis e a energia a vapor, que veio substi tui r ant igas fa-

briquetas movidas pela forca hidraulica.

o crescirnento indus tr ial. paulista data do per lodo poster ior a Abolicao,embora se esbocasse desde a decada de 1870, Originou-se de pe lo menos duas

fontes inter-relacionadas: 0setor cafeeiro e os imigrantes. A Ultima fonte diz res-

pe ito nao apenas a Sao Paulo mas tarnbem a outras areas de irn igracao, notada-

mente 0 Rio Grande do SuI.

Os negoclos do cafe lancaram as bases para 0 primeiro sur to da indus tr ia

po r varias razoes: em primeiro lugar, ao estimular as transacoes em moeda eo

crescimento da renda, criou urn rnercado para produros manufa turados; em

segundo. ao promover 0 inves timento em estradas de ferro, ampliou e integrou

esse rnercado; em terceiro, ao desenvolver 0 cornercio de exportacao e importa-

c;: ao,cont ribuiu para a criacao de urn sistema de distribuicao de produtos rna-

nufa turados: em quarto, ao promover a imigracao, assegurou a oferta de mao-

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III~11111 I I I I I I" I lilt II

de-cbra. [lor ultimo, U Litle l(llllnt'" .1l1.IHN d.IS l'XIHHI,I~'W".II~ II' IIlso~ 1 , . l I d

s e im po rta r m aq uin ari a in du str ia l,

Os imigrantes surgem nas dum; pontas da industriu, C0l110 donos tit: e 1 1 1 1 1 1 1

sas e o pe ra ri os . A l em disso, varies deles f or am t cc ni co s e sp cc ia li zu do », A l li ~1 1I

ria dos trabalhadores estrangeiros e parte da historia dos imigranlcs que VI,

ram "fazer aAmerica" e viram seus SOMOS se desfazerem na nova t er ra . T i V L 'r .1 I II

papel :fundamental na industria manufatureira da capital de Sao Paulo, ondr,

em 1893,70% de seus integrantes eram estrangeiros. Os numeros com reh",.11lao Rio de Janeiro sao rnenos express ivos , mas mesmo ass im ccrrespondiam, em

1890, a 39% do total .

o c am i nh o d os imi g ra nr es para a condicao de industr ial var iou, Algun s pal

t iram quase do nada, benef iciando-se das oportunidades abertas pelo capital is

rna em formacao em Sao Paulo e no Rio Grande do Su .LOu t ros vislumbraram

oportunidades na indust ria por se rem, a principia, importadores. Essa posica«

facil itava contatos para importar rnaquinar ia e era uma fonte de conhecimento

sobre onde se encontravam as possibilidades de inves timento rnais lucrativo no

pa is. Os dois maio res indust riai s ita lianos de Sao Paulo cornecaram como im

portadores,

Considerando-se 0 va lor da producao indust rial , ern 1907 0 Distrito Fedc

ral surgia na frente dos Estados com 33% da producao, seguido de Sao Paulo

com 17% e 0Rio Grande do Su l com 15%. Em 1920,0 Estado de Silo Paulo pas-

sara para 0 primeiro lugar com 32% da producao, 0 Distri to Federal calra para

21%, vindo em terceiro 0 Ri o Grande do Sul com 11%. Estamos comparando

Estados com uma cidade. Ern termos de cidades, as dados sao imprecisos. De

qualquer forma, e cer to que Sao Paulo superou 0Rio de Janeiro em algum rno-

mento ent re 1920 e 1938.

Os principals ramos indust riai s da epoca foram 0 texti l em primeiro lugar

e a seguir a.alimentacao, incluindo bebidas e ves tuar io , A industr ia texti l, sobre-

tudo a de tecidos de algodao, foi a verdade iramente fibril pela concent racao do

capital nela investido e pelo numero de operarios, Varies delas chegaram a tel '

mais de mil trabalhadores, Ja por volta da Primeira Guerra Mundial, 80% dos

tec idos consumidos no pais eram nacionais, indicando urna melhora de sua

qualidade. Apesar desse relat ivo avanco na producao industr ial, havia profunda

carencia de wna industr ia de base (cimento, ferro, aero,maquinas e equiparnen-

tos), Desse modo, grande par te do sur to industrial dependia de importacoes,

E conium a referenda a Prirne i.ra Guerra Mundial como um periodo de in-

centivo a s indus tr ias, dada a interrupcao da concorrencia de produtos importa-

I 't \I ~I IIH UI I' I 11111 n ~ " " 1111111

III 1 \ 11 , I t il ' .11 1• d, ' I " PO lui 11 0 s i l ' , 1 1 1 1 1 Iii .1 tllI.mtl! n unlliro t ;U I '0P ' u, pois

Ii 1 1 , 0 1 1 1 1 ' 1 , 1 1 1 , 1 1 1 1 II . l Im l ' l 'L l ' t' It'llt,llivas de s u p c r u r o s limites t i c e x p a n s a o i n d u s -

ItI Ii I",,'111 iv.\d;l~ pdo 1oI0Vl'J'iiO, surgirarn duas cmpre s as i rnpo rt ant es : em Mi-

II I I 11'lllil>, i\ ~idlirCl'i!oili\Bclgo-M incira, que comecoua produzir em 1924. ;em

H I p.wl." a C omp'- lI lh ia t ic Cimento Port land, cuja producao foi iniciada em

I '1, A 'I I I I 'limo tempo, a partir da exper iencia e dos lucros acumulados du -

I Int.' ,I~lIerra, pequ mas oficinas de consertos forarn-se transformando em in-

hi Ii.l~ de 111, quinas e equipamentos.lhlil 0 E tado facili.tado ou dificultado 0 crescimento industrial? A prin-

I 11.11preocupacao do E stado nao estava voltada para a industria, mas para os

loll' ll '~ses agroexportadores. Entretanto, nao se pode dizer que 0 governo te-

1 1 1 1 . 1nclotado um comportan1ento antiindustrialista. A tendencia de longo p r a z o

II lluuncas hrasi lei ras, no sent ido da queda da taxa de cambio, teve efe itos

I11 1 Idiior ios com relacao a indus tr ia A desvalor izayao da moeda encarecia

I II1Ipnrtaryao dos bens de consume e restringia assim a concorr~ncia. Ao mes-

11111 tempo, tornava mais cara a importacao das maquinas de que 0 parque

nnlustrial dependia. Em certos pertodos houve protecao governamental a im -

1,.,l l,H;ao de maquinaria, reduz indo-se as tarifas da alfandega. Em alguns ca-

Ii;o Estado concedeu emprest imos e isencao de impostos para a insta lacao

. 1 1 . lnchi st rias de base. Resumindo, se 0 Estado nao foi urn adversario da in-

.llIst ria, esteve longe de promover um a politica ddiberada de desenv.olvimen-

IIIil1ciustri,al.

No Rio Grande do SuI, acentuou-se ao longo da Primeira Republica a di-

\ 'L.t '~ifi.ca<;lioa atividade economica destinada ao pr6prio Estado e ao mercado

II11ernOnacional, Os protagonistas dessa diverslficacao forarn os imigrantes que

,. instala ram como pequenos proprie tari es na regiao serrana e, a part ir dai , ex-

I '.mdiram-se para outras regioes . No setor agr icola, des tacaram-se a producao

.II! arroz, em primeiro lugar, do milho, do feij ao e do fumo.

Tal . como acontec ia em outras partes do pai s em termos de capital investi -

do, a industria textil Iiderava na area industrial, vindo a seguir a de bebidas,

Nesta ultima sali entava-se a produeri lo de vinho, que datava do periodo colo-

nial, ganhando impulse com a chegada clos imigrantes i talianos e alernaes.

A instalacao de frigorificos representou urna transformacao nos processos

precarios de conservacao de carne e possibi litou a sua estocagem. Em 1917 as

cmpresas norte-americanas Armour e Wilson estabeLeceram-se no Estado . Uma

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lIlt 11111111 III11 I H I IU I I

r c n t . u i v a dt' 1l1,111It't 11111 IllKllrihl1l I'HI Jl U II Iii

p o r ! :l l t a de r C C L I t ' S O S , A c m p r e s a 1 ( 1 1 v('lIdldllllll I

"d"" I·llullo. h.Ilii~tlll

I III 111'\llIllli'o AIl~lo.

' Io d us e s sa s i ni ci at iv a s o cor rc r am 11(1ql l.1 I le l d., 11111111'1,111\';1 dl'l,Itllll .in d.1

pecuaria , do charquee princ ipalmenrc dos couius, I ~I II I H IJ () , c hurque c courus

juntos representavam cerca de 55% do valor das CXpOII.I~IIt'S. I~m 1927 nan jl"~

savam de 24%, tendo os couros caldo de 37% para apeuas em torno de 7% tI'l

valor das exportacoes. Nesse ano, individualmente , a banha ficou em primciru

Jugar (20%), seguida do charque (18%) e do arroz (13%),

Embora tanto em Sao Paulo como no Rio Grande do Sul tenha havido lima

diversificacao das at ividades economicas, Sao Paulo teve como centro de SU,!S

atividades a agr icultura de exportacao: 0 Rio Grande do Sui desenvolveu ·st'

quase inteirarnente em funcao do mercado interno,

" " " ""

A Amazonia viveu urn sonho t ransitorio de riqueza, gracas a b or ra ch a . (1

avanco da producao, que vinha ocorrendo em decades anteriores, tomou gnl l l

de impulse a partir de 1880, A verdadeira mania pela bicicleta 110S anos 1390 l'

a grada tiva popularizacao do autornovel , a parti r da vi rada do seculo, inccniivaram ainda mais a producao,

Em toda a epoca de seu arogeu] a borracha ocupou folgadamente 0 SCgliII

do lugar entre os produtos brasi leiros de exportacao, alcancando 0ponto max i

mo entre 1898 e 1910. Nesse periodo, correspondeu a cerca de 26% do valor tI.I~

exportacoes, sendo superada apenas pe lo cafe (53%), Ficou muito a f rente du

item que vinha abaixo dela - os couros, com apenas 4%.

o boom da borracha foi responsavel pOl ' l ima significativa migracao para .I

Amazonia . Calcula -se que ent re 1890 e 1900 a migracao liquida para a regia»

foi de cerca de llO mi l pessoas, Elas provieram sobretudo do Ceara, um Esta.lo

per iodicarnente batido pela seca.

A economia da borracha trouxe como consequencia 0 crescimento da pu

pulacao urbana e a melhora das condicoes de vida de pelo menos uma partr

dela, em Belem e Manaus. Entre 1890 e 1900, a populacao de Belem quase dn

brou, passando de 50 mil a 96 mi l pessoas ..As duas majores cidades da Amai'tl

nia contaram com linhas eletr icas de bonde, services de telefone, agua encanad.i ,

i luminacao eletr ica nas ruas, quando tudo isso, em muitas cidades , era ainda ur n

luxo. Entretanto, essas mudancas nao conduziram a rnodificacao das rniseravc!s

condicces de vida dos seringue iros que extra iam borracha no interior. Nao ll'

II I 1111 I I 11111111 1\ 1 t ~ A ~ 1 '1 1 1 1 1 - 110

III Iil l L1 I1 Ii Jl 'l Il , I 11111,1 .11\1I II I I~ II 1 1 Ilil'1I1 «le l'UillOll1i , 1 ~ , "'''1'.11 de sus

l'I!I'11 Illtl'~Lill1l'l\l(l 'Ill 11111.1 IllId~111I til LIh,

,\ L I i~ I' Will, .lVa,,~.It.HII1III, 111"IIII.!l1 I') IIl, tendo como s in io rn a a forte que-

IIIil' pi(','{Iil, Sill! 1',liI.ln h,hh I "J' I I L 1 1 11 1~ 'l !r l' ~ n ci a l nt er na c io n al . A b o rr ac h a na-

11\'11.10 Hrnsi l s cmp r snfrcr,l il concorrcnciu d a e xp orta d a pela America Central

I II Arriell. que era porem de qualidade inferior. As plantacoes realizadas prin-

Ii[llllm~llle por ingleses e holandese em suas colonias da Asia mudaram esse

1j1l,lIl1n. A borracha era de boa qualidade, de baixo custo e seu cultivo podia es-

Ic-I\llcr lie par urna grande area. Enquanto isso, tornava-se cada vez ma i s d is pen -

dhl ..11 cxtrair borracha native nas regioes dis tantes da Amazonia.

1'.111 1910, a borracha asiatica representava pouco de mais de 13% da pro-

""\,h\ mundial; em 1912subira para 28% e em 1915chegava a 68%. As tentati-

1 t I \ . ' plant io da borracha na Amazonia nao foram para a frente, sendo as plan-

I I .uingidas com frequencia pelas pragas. Urn exemplo russo foi a experiencia

Iiu l iz a da p e la Ford - a Pordlandia - em fins d a d ec ad a de 1920, que resultou

I" 1 11 11 imenso fracasso.

"**An longo d a P rim ei ra R e pu bl ic a ocorreram algumas mu da nc as s ig n if ic a-

II,I n a s r el ac ce s internacionais do Brasil no plano econornlco-financeiro. A

,,,.II(II'ia dos ernprestimos e investimentos continuou a se original' da Gra-Bre-

Ill1h.l; os Estados Unidos mantiveram tarnbem sua posicao de principal rnerca-

lit I!"Ira 0mais importante produto brasi leiro de exportacao - 0 cafe, Entretan-

hi, hnuve no correr dos anos uma tendencia a urn rnaior relacionamento com

II hlU.dos Unidos que se tornou mais nltido na decada de 1920. Desde a Pri-

11"'11 ,1 Guerra Mundial, 0 valor das importacoes provenientes daquele pa is ja

"lwl'ura 0das importacoes da Gra-Bretanha,

Em 1928 0 Brasil era 0 pais com a m a ie r divida externa da America Latina,

11111corea de 44% do total. vindo a s eg u ir a Argentina C0111 27% e 0 Chile com

1 1 U . , . Cakula -se que em 19230 service da divida consumia 22% da receita da

kplll 'la~ao. A divida se originara das necessidades de manter 0 Estado, finan-

1 . 11 , I infra-estrutura de portos e ferrovias, valor izar 0 cafe ou, simplesrnente,

"ltd!' a divida existente.

Nas ult imas decadas do Imperio, os inves timentos estrangeiros concentra-

'" se nas ferrovias. N a Republica, esses investimentos tenderam a passar para

1 1 1 1 1 . cgundo plano, sendo superados pelo capita l inicia l das companhias de se-

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166 m H1STORfA CONCISA DO nRASIL

guros , empresas de navegacao, bancos e empresas geradoras e dis tr ibuidoras de

energia eletrica,

Os services basicos das majores cidades estiverarn em maos de companhias

estrangei ras, 0 caso mais notave l foi 0 da Light & Power, empress canadense

fundadaem Toronto em 1899. Ela atuou a principioem Sao Paulo e, a partir de

1905, na capi ta l da Republ ica . A Light desbancou na c idade de Sa o Paulo uma

empresa local de transpor te par bondes e assumiu tambem 0 controle do [01"-

necimento e dis tr ibuicao de euergia eletr ica, a SUT tode industrial izacao da ci-

dade esteve estreitamente associado a seus investimentos de infra-estrutura.

No que diz respeito a econornia exportadora, houve POllCOS Investimentos

estrangeiros na producao. Mas eles est iveram presentes de var ias formas: f inan

ciavam a comercial izacao, controlavam parte do rransporte ferroviar io , prati

camente toda a exportacao, 0 t ransporte marit ime e a seguro das mercadorias,

Nao ha dados seguros sobre a lucre das empresas estrangeiras, An que p i!

rece, os maio res lueros foram realizados pelos bancos, que ganhavamespecu

lando com a instabilidade da moeda brasileira ou com a recessao, Ap6~ II

fu nd in g lo an de 1898 , muitos bancos nacionai s fal ira .m e a posicao dos estrun

geiros se tornou mais forte. 0 maier banco In gle s - 0 London and Brazilian

Bank- tinha muito mais recursos do que 0 Banco do Brasi l. Dados de 1929 l'l'

velam que as estabelecimentos bancarios estrangeiros eram responsaveis [ 1 1 1 1 '

meta de das transacoes,

as invest idores estrangeiros tender am a controlar as areas de sua atuacuo r:

a desalojar os capitais nacionais , Levaram vanta gens der ivadas do vulto dos ill

vestirnentos, tiveram advogados poderosos e olhararn com desdem para urn 1 , · , 1

atrasado ..Seus metodos nao f01"a111porem diferentes dos da el it e local . De q u u l

quer modo, a capital estrangeiro teve urn papel importante nacriacao de 1 1 1 1 \ 1 '

estrutura basica de se rvices e tr ansportes, cont ribuindo assirn para a rnodrr III

zacao do pais.

3 .5 . O S M O V IM E N TO S S O CIA lS

Ao Longo da Primei ra Repuh lica os mnvimt'l1loN socials de trabnlhailun

ganharam certo Impeto, tanto no campo qllOltllll Iln~ ddnd~'~.No pri1l1l'irlll.ml

e lespodem ser divididos em tr~s ~nllldt'N flllli In : I" 11,'1la' cnmhhumuu 1,111

t e nd o r cl ig i o so com cn' l'cnci lt s lHi ll l; , ,, n IJill I II ll lhll ll ll ll ll l 'PIII(' tldo 11'lighl I

com rdvllldic.I~·,ltl :.Ili.i.ll i I"II Ipll • 1 " liN I I 1 11 I1 1 villdh 111,111" ~Ildllis ~1'1l111I1

11 ' , h l l l t't'lifl"'''"

A PR!MEIRA REPOBUCA (1889-1930) m 167

Canudos, cuja hist6ria ja fo i brevemente relatada, e um exemplo do primei-

[0grupo. 0 movimento do Contestado constituiu urn exemplo do segundo .. 0

Contestado era uma regiao I imltrofe entre 0Panna e Santa Catar ina cuja posse

vinha sendo reivindicada por ambos os Estados. 0rnovimento ai surgido em

1911 nao tinha porem por objeto essa disputa ..Nasceu reunindo seguidores de

um "corone l" t ido como amigo dos pobres e pesscas de diversas origens a ting i-

das pelas rnudancas que vinham ocorrendo na area. Entre elas, trabalhadoresrurais expulsos da terra pela construcao de uma ferrovia e Ul1'1a empresa rna-

deireira e gente qLIe t inha side rec rutada na construcao cia ferrovia e ficado de-

sempregada no fim de seus contratos ,

Os rebeldes se agruparam em torno de Jose Maria, LIma figura que morreu

I10S primeiros cheques com a miliciaes tadual e foi santificada, Estabeleceram

var ies acampamentos, organizados na base da igualdade e fraternidade entre os

mcmbros ..Reivindicaram a posse da terra enquanto esperavam a ressurreicao

de Jose Maria ..Pustigados p or t ro pa s estaduais e do Exercito , as rebeldes foram

llq uida do s e m 1 91 5_

o terceiro grupo de movimentos sociais no campo tern como exemplo rnais

uxpressivo as greves por salar ies e m elhores condicoes de trabalho ocorr idas nas

r:,lI,cndas de cafe de Sa o Paulo. Houve centenas de greves localizadas que deixa-

i .un urn reglstro escasso, A mais importante ocorreu em 1913, reunindo milha-

II'S de colones da regiao de Ribeirao Preto por ocasiao da safra, Os colonos pre-

h-Iuliam a revisao de seus contratos de trabalho e paralisaram as gran des

I il /cndas . Houve intervencao da policia e do consul da I talia, que procurou ser-

V ii' como interrnediario nas negociacoes . Afinal, os objet ivos dos colonos nao

II I I , 1111 alcancados,

() c rescimen to das c idades e a diversif icacao de suas atividades foram as re-

111I1~itosmlnirnos de constituicao de urn movimento da classe trabalhadora. A s

I I ILHI 's concentrararn f::'lbricas e se r vices, reunindo centenas de trabalhadores' 1 1 1 1 par ricipavam de uma cond icso cornurn. Sob este ult imo aspec to, nao havia

111111"1i.fcl~cn~a com relacao a s grandes fazendas de cafe. Mas no s centres urba-

Ii iI~.1l ih er da dc d e c i rc l ll a~ ao e rn mul to maier , assirn como era maior a ci rcula -

, I I I dll~ id~ ias , p ur sig nif ka tiv as q ue f csse m as d if ere nca s d e in stru ca o e a au-

11111.1 dl' wlculns t it ' 111111'11 t l jv111l- \. I~ilo.

(l,k"'!lHI H ~~ jl 11 I I movi I I1 ( '11 In d,11 LI~N tl',lIl1dhmlml1 urbana, no curse daPri-

11111111{['Pllhli~1l1 flli liulil Ilin (' II I '' ''~ l'IH Inll.IIIIII'1I1I' Irit'l1I1'rOU ~ xi (o s. A s p rin -

1 1 1 1 1 I 1:1111dl'''~l hUll I' PUt [ 11 11 1 01 11 1 1 11 1 1 11 11 1 1\ d.!11 I ('I,llivlI!i1l l n. lu st rl a, s oh

I 1~111'1111'111111)11111 il, I'II" I IH~~l ll ]ll I' ll lll , ~"I I" Ii 1 ' 1 1 1 11 III!lIpllllli~lI.A~w e

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l68 t!:I Hl5TORlA CONC ISA DO BRASIL

ves so tinham forte repercussao quando eram gerais ou quando atingiarn se-

tores-chave do sistema agrcexportador, como as ferrovias e os portos. Par sua

vez, 0 jogo polit ico oligarquico podia se t fei: to sem necessidade de agradar a

massa operaria nascente. Os operarios se dividiam por rivalidades etnicas e

estavarn poueo propensos a organizar-se, pais a s imples s indicalizacao ja os

colocava na "lists negra" dos industria is. Ale rn di sso, mui tos deles eram i 1 1 1 i -

grantes que ainda nao tinham abandonado as esperancas de "fazer a America"

e vol ta r para a Europa.

Na capi ta l da Republica, quando do surgi rnento dos primeiros partidos

opcrarios, no fun do seculo XIX, predominaram um vago sociali smo e urn sin-

dicalismo pragmatico, tendente a buscar 0 atendirnento de reivindicacoes ime-

diatas, como aumento de salar io , l imitacao da jornada de trabalho, salubridade,

ou de medic alcance, como 0 reconhecimento dos sindicatos pelos pa troes e

pelo Estado.

Contr astando com esse quadro, em Sa o Paulo predominou 0 anarquismo,

OLl rnelhor , uma versao dele: 0 anarco-sindicalismo. Na pratica, tendo em vista

a dis tancia entre seu programa e a realidade social brasi leira, osanarquis tas, apesar de assumirem urna ideologia revolucionaria, foram levados a concentrar es

forces nas rnesmas reivindicacoes sus tentadas por seus adversaries , Isso nao im

pediu que as d ua s t en de nc ia s s e guerreassem, debilitando 0 ja frag il movimento

operario,

As d i fe re n ca s i deo lo g i ca s e de metcdo de a~ao entre 0movimento operario

do Rio de Jane iro e 0 de Sao Paulo se devem a um conjunto de fatores, Eles di

zem respei to as caractertsti cas das duas cidades e a cornposicao da classe traba

lhadora. ..

Em fins do seculo XIX, a capital da Republica t inha um a estrutura social

muito mais complexa do que a existente em Sao Paulo. Ali se concent ravarn sc

tores sociais menos dependentes das classes agrar ias, onde se incluiarn a clus«:

media profiss ional e burocratica, mili tares de carreira, alunos da Escola Militur ,

esrudantes das escolas superio res. A presence dos j ovens rni lit ares e a mt:1101

dependencia da classe media com relacao as classes agrar ias favoreccu ate ccr ln

ponte uma poli ti ca de colaboracao de c lasses. Os rnovimcruos de protcsto Ill!

Ri o de Janeiro ate 1 91 7 iivcram um c on re ud o rnnix Pl1l'llI,U do q u e c sp cc if k n

m en te o pcrario, U rn cxcm plo diss .ulcm do j.u.o luu : um , rui ,," ll 'VI Iia till Villi

IHI"ucnrridu ern 190'1,110 HOW l no de 1{lldllHIII ·\hl II!!IIII I II jll'l'lI(III~'lq (1,1

v II ill.11 01111., ,I v u Iul.t,

A PltlMEIRA REPOBUCA ([889·]930) [;l 16 9

Do angulo da cornposicao da classe trabalhadora, devemos lembrar que ela

sc concentrava principal mente em setores vitais dos services (ferroviarios , ma-

rft imos , doqueiros), t ratados com certa consideracao pelo governo. Ravia tam-

bern no Rio de Jane iro urn rnaior cont ingen te de trabalhadores nacionai s, im-

butdos de urna t radicao pa terna li st a nas relacoes com os pat roes e 0 governo,

Apesar do cresc imento, Sao Paulo t inha a inda uma estrutu ra social menos

diver si ficada. A classe media girava em torno da burguesia do cafe e nao havia

flrupos mili ta res inquie tos, d ispostos a se a li ar com "os de ba ixo" A maior p re-

~l'n\a de operarios estrangeiros, sern ralzes na nova terra, favorecia a influencia

d i fusa do anarquisrno: os patroes e 0 governa, principal mente este ultimo, erarn

u "outre'; 0 inimigo,

Desde a inicio da Prirneira Republica surgiram expressoes da organizacao e

mobilizacao dos trabalhadores: partidos operarios, alias com pO UC OS operarios,

que logo desapareceram, sindicatos, greves. Os anarquistas ten taram mesmo

«rganizar a classe operaria 110 nfvel nacional, com a c ri a ca o da Confederacao

( ll)Cniria Brasi leira em 1906. Mas 0 movi rnento era esparso e rara rnente des-

pcr tava a atencao e a preocupacao da eli te . Obtinharn-se direitos pressionandoll~ patroes, sem que eles fossem assegurados em lei. Passado a momenta de pres-

,Ill, as direitos se perdiam.

Esse quadro foi inte rrompido ent re 1917 e 1920, quando urn cic lo de greves

lk grandee proporcoes surgiu nas principals cidades do pais, especialmente no

I Un d e Janeiro e em Sao P au lo , N a r aiz d es se ciclo estavam dois fatores: primei-

III, o agravamento da carest ia , em consequencia das per turbacoes causadas pela

1IIIII1ci1'aGuerra Mundial e pela especulacao com generos alimenticios; segun-

Ill, ,Iexistencia de uma vaga revolucionaria na Europa, aberta com a Revolucao

d. l 'cvere iro, seguida da Revolucao de Outubro de 1917, na Russia czarist a, 0

uuivimento opera rio passou a ser obje to de preocupacoes e ganhou a prirne ira

I' Ir,hw des jornais.

( )~ trubalhadores nfio pretendiam revolucionar a sociedade, mas melhorar

oI111'Il'IlIldi90es de vida c conquista r u rn minima de di reitos, 0 qll .enao quer di-

1'1 qlll." rnuitos n<10 fossem ernbalados pelo sonho de um a sociedade igualitaria.

I IIIii I\' il~t l ' CS grcvc~ g e ra is d o periodo, a de junho/jnlho de 1917 em Sao Paulo

I' iuuuu-ceu m .iis f ort e n il m em tu iu hi~t6riL't1.1\ t al p o nt e que a a te nc ao t en de a

, 1!l11(('llli i r u cl a, c sqm '\ l;udn .,,'U 'III'HIIII ullli~umplo da s mobil izacocs.

, \ 0 l 1d'1IV t ' v t~111 ,1I'1l'II'!!'IIIII'ul I d I'j 0, I'llP~'I'ldiflcuk lnde dc alca n ar

lit II II I" 1 1 11 1 '1 1 11 1 1 III,' ~n11l!'{)I. dil'iw'nl<.·'

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170 ~ H ISTCRlA cONC1SA D O B RA SI L

operarios estrangeiros. que tinham papel importante como organizadores . Mui-

tos deles foram expulsos do pais.

Ser ia exagerado dizer que, antes da onda grevista de 1917-1920,0 Estado SL'

tenha des interessado inteirarnente de regular as relacoes de trabalho ou a sindi-

calizacao operaria, Foi, enrretanto, so no curso da vaga de greves que se cogitou

consistentemente de 5 1 ; ' ! aprovar uma legislacao. As principals proposras surgi-

ram no Congresso Nacional, reunidas em urn projeto de Codigo de Trabalhoque previa a jomada de oi to horas, 0 l imite ao trabalho de mulheres e menorcs,

a l icenca para as mulheres gravidas. 0 proje to foi bombardeado pelos industri

ai s e pe la maio ria dos congressistas, Restou apenas a le i que regulava a indcni

zacao por acidentes de trabalho, aprovada em 1919.

Na decada de 1920 , enquanto 0 movimento operario arrefecia, surgiram

claros indicios de uma ac;:aodo Estado no sentido de intervir nas relacoes de tra

balho mediante uma legis lacao concessiva de direi tos minimos aos trabalhado

res . Duas leis forarn irr ipor tantes nesse sentido: a lei concedendo quinze dins til'

ferias aos trabalhadores do cornercio e da industria (1925) e a que limitava II

t rabalho dos rnenores. Entretanto, a lei de fer ias dependia de regulamentacao l'

ate 1930 nao foi aplicada na area da industria, pOTpressao dos industriais,

* .. *

No comec;:o dos anos 20 , surgiu urna crise no interior do anarquismo. ()~

POllCOS resultados obtidos pelas greves, apesar de seu Impeto, abr irarn caminhu

para as duv idas sabre as concepcoes dessa corrente, Ao mesmo tempo , no pL I

no i nt er na c io n al , c h eg a v am ao Brasil notlcias da ruptura entre o s a na rq u is t. rs ,

os comunistas, que t inharn t riunfado na Russia.

A Revolucao de Outubro de 1917 parec ia anunc ia r a "aurora de novos I 'Ill

pas" , e as agrupameutos de esquerda que lhes faziam res tr icoes, aparentemcnn

"iarn cont ra a marcha da Historia" Nasceu assim, em marc; :ode 1922,0 Pal'lid.,Comunista do Busil, cujos fundadores, em sua maioria, provinharn do an.n

quismo. Essa origem fo i excepc iona l na America Latina, onde praticarncnlc III

dos os par tidos comunis tas resultararn de cisces do Partido Socialista, < .1 Jl I II

esteve na ilegalidade em quase toda a sua histeria. A l 1 9 3( ), f oi l im part idn d.

q ua dr os p re do min an te rn en tc o pe ra rio s, c uj o 1ll"1I1H'11l nunc u ultrupnssou 111,1

m ern bro s. S ub or di nc u-s e , e st r at t~ ia di l III I l1 t" 11 I IH 1 1 1 1 1 III U1IIl ~('dl' em 1 \ 11 1

COli, que prcgava para os pulses W IOlli,lh I' ,HIIIIIIIIUIIi I 11,\",1,,\,1('tI~'lllOl hI

l ic o hllq.!,IU:Sl1. ~'I,lll.lpn'lil11l1l.11 d., rrvulu '" II I 11 II

A I'R IM E IR A R EP CIB LI CA ( 18 89 -1 93 0) ~ 171

3 .6 . 0 P RO C ES SO rounco N O S A NO S 20

Ap6s a Primei ra Guerr a Mundial , ap resenca da classe media urbana na cena

polit ica tornou-se mais vis ivel . De lim modo gera l, esse se tor da sociedade ten-

dia a apoiar figurase rnovimentos que Ievantassern a bande ira de um l ibera li s-

InO autentico, capaz de levar a pratica as normas da Constituicao e as leis do

pals, transformando a Republica oligarquica em Republica liberal. I s so s ign if i -lava, entre outras coisas, eleicoes l impas e respeito aos direi tos individuais . Fa-

l . rva-se nesses meios de reforma social, mas a maier esperanc;:a era depositada

11<1 educacao do povo, no veto secreta , na criacao de uma Iusti ca Ele itor al.

Urn indicia claro da maim participacao politica da populacao urbana foi a

,·Icic;:aode 1919. Rui Barbosa, candidato derrotado em 19]° e 1914. apresentou-~l'1 \ eleicao, enfrentando Ep it ac io P e ss oa , para realizar um p ro te st o, Me smo nao

1('lIdQ 0 apoio de qualquer maquina eleitoral , obteve cerce de urn ter ce dos vo-

I llSevenceu no Distrl to federal .

Os ajustes e desgastes entre asoligarquias nas su ces soes p r es idenc ia i s ganha-

10'111 novos contornos . Urn born exemplo e a disputa pela sucessao do presidente

I pi tacio Pessoa. 0 eixo Sao Paulo-Minas lancou como candidato, nos prirnei-

IO~ rneses de 1921.0 governador mineiro Artur Bernardes. Contraessa candi-

d , l l u r a levantou-se 0Rio Grande do Sul, sob a lideranca de Borges de Medeiros,

d"l1unciando 0 arranjo politico como uma forma de garantir recursos para os

I '~q t lcmas de valor izacao do cafe, quando 0 pals necessitava de f i na n ca s e q u il i-

III' « la s. O s gauchos t er ni am t ar nb e rn que se concretizasse uma revisao constitu-

'Illna l - real izada efetivamente por Bernardes em 1926 -limitando a autono-

1111.1. Unirarn-se ao Rio Grande do SuI outros Estados, fonnando a "Reacao

Ikpliblicana", que lancou 0nome de Nilo Pecanha como candidate de oposicao ,

N I i I l -r u urn polit ico f lurninense, de origem plebeia e defensor do florianismo,

Fni no curse da disputa eleitoral que veio a ton a a insa ti sfacao mil ita r. AIII ,plt 'S~aDcorrente nos meios do Exercito , de que a candidatura Bernardes era

n uu uil it ar g an ho u d rama ti ci da de com uma carta publicada no jornal Correia

r i , l 1 \ lr1I1JI11,o R io de Ja neiro, em ourubro de 1921. Ap ar en te rn en te , t ra ta va -s e

t I , . ,"! 'IUl> - p ai s h av ia d u as =cnviruins po r Bernardes a urn I ider polit ico de M i-

III (.l'I 'aill, ('(1['I~IHI(]pl 'snda~ ! l l l · I I S . ' ~ .11I1i m il it ar es , A s carras falsas puseram le-

I t h ,1 I I I IIlWI~'in'.() I l h j L o t i v l l dl ' ~l'lI~IHlllln de iudlspor ainda m ais as Forcas

llihllloi~ ~Ulltl 'lI . 1 1 0 l l ll l i d ,, 1 1 1 1 ,111'111,1,,11' t urh u ,i do Ik.IIH;ndo quando, pouco

I" 1 1 1 1 11 11 1 ~ II i ll I J J dnl J . 1 i , II ill~ .issumirnm < I auroriu

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l72 m H TS TO RlA C O NC IS A D O B RA SIL

A situacao continuou a se complicar em juaho de 1922, epoca em que

Bernardes ja era vitorioso, mas ainda nao tomara posse na Pres idencia, 0que s6

ocorreria a 15 de novembro. 0 Clube Mili tar l ancou urn protesto contra a uti li-

zacao pelo governo de tropas do Exerci to para intervir na pollt ica loca l de Per-

nambuco. Como resposta, 0 governo determinou 0 fechamento do Clube Mili-

tar , com fundamento em urna lei contra as associacoes nocivas a sociedade,

Esses fatos precipitararn a eclosao do movimento tenentista, ass im conhe-

cido porque teve como suas principais f iguras of iciais de nive! intermediar io do

Exerci ro - tenentes em primei ro lugar e capitaes,

o primeiro ato de rebeldia foi a revolta do Forte de Copacabana, ocorrida

no Rio de Janeiro a 5 de julho de 1922.0 clirna de ofensas falsas ou verdadei ras

ao Exercito e a repressao contra 0Clube Mili tar levaram osjovens "tenentes" a

se rebelar , como urn protesto dest inado a "salvar a honra do Exercito" A revolta

nao se estendeu a outras unidades. Depois de lancar os prirneiros tiros de ca-

nhao, os rebeldes sofre ram bombardeios e fica rarn cercados, No dia seguinte ,

centenas deles se entregaram, atendendo a urn apelo do governo. Urn gtupO

porem sedispos a resistir, 0 forte voltou a ser bombardeado por mar e por avioes,

Dezessete militares, com a adesao ocasional de urn civil. decidiram sail' pela praia

de Copacabana, indo de encontro as forcas governamentais. Na troca de ti res

morre ram dezesse is, ficando feridos as tenentes Sique ira Campos e Eduardo

Gomes. Os "Dezoito do Forte" comecavam a criar a legenda do " tenentisrno"

Dois anos depois, explodiu 0 charnado segundo 5 de j uJho em Sao Paulo. A

data foi escolhida para homenagear 0 prirneiro rnovimento e 0 local , pela im-

portancia do Estado de Sao Paulo. A revolucao de 1924 foi mais bem preparadu,

tendo como objetivo expresso derrubar 0governo de Artur Bernardes. Nos anos

20, Bernardes personificou 0 6dio que os "tenentes" tinharn da oligarquia do

minante, A lideranca formal do movimento foi atr ibuida ao general reformado

Isidoro Dias Lopes -urn oficial gaucho que se colocara ao lade dos fedcralistaena epoca de Flor iano. Entre os oficiais rnais atuantes encontravarn-se os irrnuos

Tavera (Juarez e Ioaquim), Eduardo Gomes, Estil lac Leal , Joao Cabanas , Miguel

Costa. A presenca de Miguel Costa - oficial de prest igio da Forca Publica puulls

ta - t razia para os rebeldes 0 apoio de lima parte da rnillcia cstadual.

Iniciado 0 movimento com a tornada de OI~1I11NL[lI.Jrtt-is, d .senvolveu ~('

uma batalha pelo controle de Sao Paulo e m Il'vfllllllllih I i ll ,1"~lltlliralll 11lCl

m ando da c id ad c.A p re s 'n~ n clos "tcncntcv" 1111[11]11111111 ,1 11 11 1 .1 dUIUIi .III: (1 di,l

27 <it' julho, N~SS,1 dutn, ,I ba 1 1 1 1 0Il.ll'Ol III ,II 11'11" I iI. III 11011 l III'II! illll'l'illl .I,'

"i,HIII1111011,1 dhl\,IU ol·~h'. 1-1111111111 ~I II ~IIII I 1 11 11 11 1 ,I'l I 1 11 11 1. 1 ',1 1.1 . . 1,(, '1 11 1

A P R IM E IR A R E PUB LI CA ( 18 89 -1 9 30 ) m 17 3

se fixou no oeste do Parana, em umlugarejo proximo a foz do rio Iguacu. Ali astropas vindas de Sao Paulo enfrentaram os legalistas , .30spera de urna outra co-

luna proveniente do Rio Grande do Sul.

Naque1e Estado, estourara uma revolta tenentista em outubro de 1924 na

qual se destacaram 0 tenente Ioao Alberto e 0 capitao Luis Carlos Prestes , Ela

contara com 0 apoio da oposicao gaucha ao PRR, mesc lando assim 0 tenentis-

mo comas divergencias da polit ica estadual, Depois de var ios combates, as gau-

chos se deslocaram em direcao ao Parana, indo ao encontro das forcas paul is-

tas . Iuntaram-se em abril de 1925 e decidiram percorrer 0Brasil para propagar

a ide ia de revolucao e levantar a populacao contra as oligarquias. Tinharn tam-

bern a esperance de chamar para si a atencao do governo, facili tando 0 surgi-

mento de novas revolt as nos centres urbanos.

Assim nasceu a coluna Miguel Costa-Luis Carlos Pres tes, que acabou fican-

do conhecida como Col una Prestes. A Coluna realizou uma incrfvel marcha

pclo interior do pai s, percorrendo cerca de 24 mil qui lomet ros ate feverei ro!

marco de 1927, quando seus rernanescentes deram a movimento por te rmina-

do e se internaram na Bolivia e no Paraguai. Seus componentes nunca passa-ram de 1500 pessoas, osci lando multo com a entrada e saida de parti cipantes

lrans it6r ios. A Coluna evitou entrar em choque com forcas militares pondera-

veis, des locando-se rapidamente de urn ponto para outro, 0 apoio da popula-

\.10 rural nao passou de uma ilusao, As possibil idades de exito mil itar da Colu-

1 1 , 1 cram pra tica rnente nulas, Ent retanto, e la teve urn efeito simb6lico entre os

vctores da populacao urbana insatis feitos com a eli te dir igente. Fosse como fos-

". ',a seus olhos havia esperancas de rnudar os dest inos da Republica, como mos-

tr.ivarn aqueles heroi s que corriam todos os riscos para salvar a nacao.

o tenentisrno foi sobre tudo urn movi rnento do Exerc ito. Na Marinha, 0

nnico episodic de ressonancia envolvendo quadrosintermediar ios foi a revolta

.I,) encouracado S a o P a ul o, l iderada pelo tenente Hercolino Cascardo, em no-

'1'1nbro de 1924. Depois de trocar t iros com as for talezas da bala de Guanabara

II Srw Paulo partiu para 0alto-mar ate chegar a Montevideu, onde os rebelados

I I' ilaram.

A maier revolta o orr-ida na Marinha durante a Prirneira Republica teve

I «ruu protagonisias !IS 111luinlwi I'OS, quasc todos negros e mulatos, recrutados

IIIIIl' ,1\ ull11adal-. muis J lr ll ll l' 1 1 1I 1, 0j ll ll .l \; IO , Po i a c ha ma da R ev olta d a C hi ba ta ,

'"" !.ld ,1 II;' lit' I lI lV . 1 11 11 11I I" III I II () II 11'1d p il il le ., n a o qucriarn derrubar 0

111111110, JlIII~ IIl,tll.1I 1 1 11 1 11 1 '1 I l hl l l II till' I IIVllllilldil <los [llIl igm risicos II qu"

II 1 11 1 ,I Ii11111 l r e l l l '

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171 • III I11111I oNt I "IUIUI! oil

o movim .nto COI11lV)U qua l'SillHllLIII ' .11111'1LI , III' II " 1101\ III til' } lU I' I

r a f un de ad os n a G ua na ba ra , com a rnortc Jl' ~liI'l'll"ll .II \ II III u ln l ni s. [Jill dt '

seus principals lideres era 0 marinheiro loao Cal1d ido, hllb L I" I" l~ 1I ! Il l esquudra

revoltada,o Congresso decretou urna anist ia seos r 'vollm4l~ M' \lIh1l1dCSSCl11 ,Is

autor idades , estabelecendo-se um compromisso de acabar COlli a chibata como

cas tigo f is ico constante do regimento disciplinar da Marinha.

Os rebelados aceitaram as condicoes eo rnovimento seencerrou. Seguiu-sc

uma revol ta de fuzil eiros navais e uma intensa repressao de que nao escapararnJoao Candido e as out ros Iideres da Revolta da Chibata, apesar de njio estarern

envolvidos com as fuzileiros navais. Urn "navio da morte" - a S a te li te - saiu do

Rio de Janeiro com destine it Amazonia, levando marinheiros revoltados, la-

droes, exploradores de mulheres e prosti tutas, Muitos morreram ou foram fu-

z ilados no caminho. Os integrantes da revolta de novembro foram julgados sob

a alegacao de envolvimento no episodic dos fuzileiros navais, Acabararn sendo

absolvidos, mas passaram dezoito rneses na prisao, incomunicaveis e sofrendo

violencias fisicas.

o que representou 0 tenentismo? Quais eram seus objet ivos? Para respon-

der a essas questties, devemos lembrar 0 que se passava no inter ior do Exercito

e na sociedade.

A formacao dos oficiais rnudou rnuito desde os prirneiros tempos da Repu-

blica. A Escola Militar da Praia Vermelha foi fechada defini tivamente em t904,

quando ccorreu sua Ultima revolta. Ate 19110governo manteve apenas a Escola

de Guerra de Porto Alegre . Nessa data c riou-se no Rio de Janeiro a Escola Mil i-

tar do Realengo. 0ensino no Rea lengo era muito diverso do que exist ira em sua

antecessora ..0 curriculo concentrava-se em rnaterias de conhecimento rnili tar,

sem a diversidade da velha escola influenciada pelo positivismo. 0prop6sito da

Escola nao era formar soldados-cidadaos, com um pe no Exercito e a outro na

sociedade civil e na polit ica. Agora tratava-se de formal ' soldados profissionais,

ot reinamento dos oficiais melhorou, com a ida de tres turrnas

aAlemanha

entre 1906 e 1910, Hermes da Fonseca era urn entus iasta da organizacao mili tar

alema, tendo assistido a s grandes manobras rnili tares daquele pais em 1910.

Anos depois, em 1920, a renovacao do Exerc ito se ampl iou com a vinda da Mis-

sao Francesa. A Alemanha perdera a guerra e era inevitavel a procura de um

outro modelo,

Apesar de sua maior profi ssionali zacao, os oficiais do Exerc ito nao pode-

riam deixar de te r uma concepcao sabre a sociedade e sabre 0 sistema de poder

existente. Durante a presidencia do rnarechal Hermes, u.rngrupo de rnili tares c

Ilj'IW'Il'llLlIh\IIIIH''IVIII

dvi~t!"IIII1I'IIIIIIIII"PI I d 11111.,,1. " ', HI'llIlll1IIOUU[lII",ld"1l1i' hIt 1111

dl.1 illlldu", dl' ":. tiV,11 1'1111 II' " Pili I" I " Ildl'l i'lli ~ i1 iV I l' l a s i I 1 S l i t U I \ I ll ' I I' Jl llhl i. ,L

1I'1' .,EJl1qlll'ct ll l~j~li 'l I '"IIv ", III' IIIII.IV,I ~l'dl'rctlllzirClpoJl'l'd'lh!lli!lllllqlli,,~

II,'" , rcns unde is\(I P,II 1'1 hi 111111\ lo lL Ii L' nnde ram m ais t :!10C:lI1lC1o .1\ d'.",il-lll,Ij

dudes sociais, Os "lcl!l'JlIl '~" J!lIdl'lII SCI"vis tos como herdeiros dos "saIVill iOllb

[,IS': em urn contexte de agravanrento de problemas n o in te rior d o ";Xl'I"\i lo t'

l 'ora dele. A l em d is so , quando surgiu 0 tenentismo j, \ n fio h av ia um prcx i ICI11{'

militar, mas presidentes civis encarados com muitas restricocs,

No que diz respe ito ao Exercito, lima das principals razoes de qucixu dll s

quadros intermediarios residia na rigidez da carreira, dificulrando a ab ertura de

vagas para atingi r os postos mais a ltos. Havia ta rnbern criti cas quanta au COl11

portarnento dos quadros superiores, acusados de conivencia corn govcrnos COf-

rompidos , Desse modo, os " tenentes" queriarn purif icar nao apcnas a socicdade

mas tambem a instituicao de onde provinharn.

Nos anos 20,. o s militares rebeldes nao tin h am urna proposta clara de rc

forrnulacao politica. Pretendiarn do tar 0 pais de urn poder centralizado, Com tl

objetivo de educar 0 povo e seguir uma polit ica vagamente nacionalista. Tratu

va-se de reconst ruj r o Estado para construir a nacao, Sustentavam que l im dn s

grandes males do dominio oligarquico consistia na fragmentacan do Brasi l, nu

sua transformacao "em vinte feudos" cujos senhores sao escolhidos pela pollt i

ca dominante.

Embora nao chegassem nessa epoca a formular lim programa antil iberal ,

os "tenentes" !laO acreditavam que 0 "liberaJismo aurentico" fosse 0 caminho

para a recuperacao do pa is. Faziam rest ricoes as eleicoes diretas, ao sufnlgio

universal, insinuando a crenya em uma via autori taria para a re forrna do Esta

d e da sociedade,

Seria 0 tenentisrno, como e cornum afirrnar-se, urn movimento represen-

tat ivo da classe media? Embora contasse com ampla sirnpatia desse setor social

n s anos 20, seria uma simplifi cacao reduz i-lo a uma expressao da c lasse m e -dia. Do ponto de vista da origem social, os "tenentes" provinham em sua

maioria de farnllias rnili tares ou de rarnos empobrecidos de famllias de eli te do

Nordeste. Muito poucos foram os rec rutados ent re a populacao urbana do Rio

on de Sao Paulo. Acirna de tudo, devemos Iernbrar que os "tenentes" eram te-

nentes, au seja, integrantes do Exercito , Sua visao de mundo forrnou-se sobre-

rudo por Sua socia lizacao no interior das Forcas Armadas. Essa visao era espe-

dfica de les, assim como eram especl fi cas as queixas contra a instituicao de que

Iaziam parte.

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176 m H 1S TO R1A C ON CIS A D O B RA SIL

Descontados alguns apoios, os "tenentes" acabararn enfrentando 0 governo

praticamente sozinhos. Nao conseguiram arrastar 0 Exercito arras de si, Ne-

nhum setor ponderavel da e lit e c ivil ate 1930 mostrou-se disposto a j ogar urna

car tada tao radical . 0 radicalismo nao vinha do conteudo das acoes tenentistas ,

mas de seu metodo: a confrontacao armada.

... It

o presidente Artur Bernardes (1922-1926) , originario de Minas Gerais , go-

vernou em meio a uma situacao dificil, recorrendo a seguidas decretacoes do

estado de sitio. Extrernamente irnpopular nas areas urbanas , especialmente no

R io de Janeiro, lancou-se a uma dura repressao para o s p adr oe s cia epoca. A in-

satisfacao popular tinha r ai ze s em urn quadro financeiro complicado. As emis-

soes macicas de moeda fe itas por Epitacio Pessoa ent re 1921 e 1923 para rea li-

zar a te rcei ra valorizacao do cafe fora rn responsavei s pela desva lorizacao do

cambio e pela inf lacao.

No governo Bernardes ocorreu um fate importante no plano da politic:

cafeeira. Entre as preocupacoes centrais do presidents estavam os pagamentos

da divida externa, que se elevariarn com a retomada do pagamento nao s6 dos

juros como do principal, a partir de 1927. Uma missao financeira inglesa.

chefiada por Lorde Montagu, esteve no Brasi l em fins de 1924 e fez urn exarur

da situacao do pais. Em seu reLat6rio a Presidencia da Republica, apontou m

series r iscos decorrentes das operacoes valor izadoras e das emiss6es de papcl

moeda. Obviamente, os credores intemacicnais receavam que 0 Brasil nao I ll!

desse cumprir seus compromissos.

Nesse contexte, a governa federal mostrava pouca dispos icao de arcar 0111

a defesa do cafe . Ao mesmo tempo, as c ri ti cas do setor cafeeiro cont ra uma ('NI

ruacao de abandono" cresc iam. A saida foi t ransferir a defesa do cafe da U u i . t u

para 0Estado de Sao Paulo, que assumiu a d ef es a p er m an en te do produto, Adefesa perrnanente mudava a orientacao da polit ica do cafe. Da i para a frl'llll', II

governo nao se dispunha a abrir 0 guarda-chuva para 0 setor cafeeiro ill1l'lI I

nos momentos de crise. 0 guarda-chuva dever ia f icar permanentcrncnte 'lhl'l

to..0 governo paulista assumia a a tribuicao de regula r a er n rada de cafe 1 10 J lI II

to de Santos e de efetuar compras da rnercackiriu qll,lll( 10 julgassc ncccss.u l»

Aparentementc, a <1<;:30 do Es tado ncabu ri a p:II,1 IU 'Ilipn 1111 pelo mcno« SlIlIV', •

r ia a s c ris es d o c af e.

A SIIH·,'S'IO d~ ' I h ,· r ll .l rdL 'N rl)i II .11It 1 1 \1 1 . , I pi I 1'1 1 1 1 1 ' ',,111 1 ' , 1 1 1 1 1 1 i' f I . · 1il1.1

\ 1I I I1Pl i l1111l11 I l' II ,j ~l il i t il ' WI1~ltlllf'llIlll til I IllllIl II II dllll~IIIII rl ' '11'11111 "11,111

J\ PRtME[RA REPt)nUCA (1889-1930) m )77

lista de Macae", pa r ter nasc ido naquela cidade fluminense. 0 grande sonbo do

novo presidente consist ia na estabil izacao da moeda, tendo como objet ivo f inal

a conversibi lidade de todo 0 papel-moeda em circulacao,

Na decada de 1920, a evolucao politica do Rio Grande do SuI e de Sao Pau-

lo teve sent idos opostos, Enquanto no Rio Grande do SuI a el ite tendeu a apro-

ximacao, depois de urn grande confronto arrnado, em Sao Paulo deu-se a rup-

tura do monopolio partidario detido pelo PRP. Ap6s a guerra civil no RioGrande do Sui , elegeu-se governador do Estado, em 1927, urn ex-rninistro da

Fazenda de Washington Luis : Getulio Vargas. Genil io incentivou urn acordo de-

finitivo entre 0 PRR e a oposicao que teve repercussoes na presenp gaucha no

pJano federal. Ela se reforcou bastante, como os acontedmentos de 1929-1930

iriam demonstrar.

Em Sao Paulo, a d iferenciacao da sociedade , ent re ou tros fa tores, tornou

inviave l abrigar no PRP todos as inte resses - muitos deles pessoa is - e as varias

concepcoes poilt icas. As dissidenc ias no part ido nao eram nov idade , mas seu

impac to foi reduz ido a te os anos 20 ..Poi entao que, em 1926, surgiu 0 Partido

Democrat ico (PD), com ur n programa liberal . Seu objet ivo bas ico era a reforma

pol iti ca a traves do voto secreto e obriga torio, a representacao da minoria, a in-

dependencia dos tres poderes, a atr ibuicao ao Iudiciario da f iscalizacao eleitoral ,

Pelo menos a te 1930, os quadros di rigentes do PO, em sua maio ria, consti -

tuiam-se de profiss ionais l iberais de prest igio e jovens f ilhos de fazendeiros de

cafe. Para presidir 0 partido foi escolhido 0 respeitado conselheiro Antonio Pra-

do, representante da grande burguesia paulista e velho adversario do "perrepis -

mo" 0PD a tr a iu a l g un s imigrantes, mas a l in h a de seu jomal - 0D iar io N a c io -

'U I( - ind ica que suas bases estavam na c lasse media tradicional. Os irnigrantcs,

espcclalrnente os "plutocratas da industria", foram alvo de v io lc nt as c rf i ca s,

PD se diferenciava do P RP p elo se u liberalismo, que 0p artid o no podl'"

ivpudiara na pratica, e pela maier juventude relau va d e scu s inh'W;lI1tl'liIk,

11l'l'lOLI e ntu si as mo em li ma p arc el a p on de ra ve l d a clnsse media l[lll' W in ('1,1 1111

It'lllplada pelos favores do "perrepismo" c a sp ira va a n mp li.u 0;11,1" i1Pllllllllicil

th''> 1 . 1 0 socicdade e na administracao publica. 0 PD nuo (,mlL-l'iol"1'1 dl'llllIdll

'111110 UI11 p art id o r no dc rn o q ue c on tro la va a s g ra ml cs cidadl", 1'1111110111111 It II

I 11111 PRP contrnlavn n .unpo. O s dcmocrr ticos tinh .nn Il·dllim 110. It IIlUI II.

'llilk Ill' utilizuvam d I~ III!' 11l1I~ pl'llil ••~COI'(),IH:lisl,lS til' MII".IlIVII • I ill

No p la ll l1 d ,1 1 '1111111 11 IIIH 11111.11, IIdi\'is,lo pllilld.h ia l'lll S,lo 1'11110 I11111111111 I

1 , ,11 1111111011 1 ' 11 ,1111111111 II 11'" .11 'I' Hi li ' ,1 ,111111111, 1 t VIlItI~,lnI'IIP I'll III I (I

1,'oIlldl .III Iii

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II" _ III II j III I I J I I I III lilt d1

.1.1.11I I VOl tH,; U lJl. Ii) 10

No inlcio de 1929, apos a prcsidencia relativamcutc tral1t) l1i la de Washing

ton LU Is , s ur gi u u rn a c is ao entre as eli tes dos g ra nd cs E sta do s q ue acaburiu pUI

levar ao tim da Prirneira Republica.

Os desentendimentos comepram quando, de forma surpreendentc, Wa

shington Luis insistiu na candidatura de urn paul ista a sua sucessao, COIllO st'

isso nao bastasse, feehou questao em torno do presidente de Sao Paulo, J ulio

Prestes. A atitude de Washington Lu is empur rou rnineiros e gauchos para urn

acordo, reproduzindo ate eer to ponto 0alinhamento de forcas da campanha d '

1909-1910.

Em mead os de 1929, ap6s varias conversacces, as oposicoes lancaram ;I:.

candidaturas de Ge tu li o V a rg a s a Presidencia e de Ioao Pessoa a Vice-Presidcu

cia . Ioao Pes soa era sobrinho de Epitacio Pessoa e presidente da Para fba, For

mararn a Alianca Liberal , em nome da quaI seria fe ita a campanha, Getulio rc

cebeu 0 apoio dos democraticos de Sao Paulo, enquanto em Minas uma cisco

do PR M apoiou JUlio Prestes,

o program a d a A l ia nc a L ib er al r ef le ti a as a sp ir ac oe s d as classes dominan lc s

regionais nao associadas ao nucleo cafeeiro e tinha por objet ivo sensibilizar ;1

classe media. Defendia a necessidade de incentiva r a producao nacional em ge-

ral e nao apenas 0 cafe; combatia os esquemas de valorizacao do produto ern

nome da ortodoxia financeira e, por isso mesrno, nao discordava neste pontn

da polit ica deWashington Luis . Propunha algumas medidas de protecao aos tru

balhadores. Sua insistencia maier concentrava-se na defesa das liberdades indi

viduais, da anist ia (com 0que se acenava para os tenentes) e da reforrna politi

ca para assegurar a chamada verdade eleitoral.

Apesar das reticencias de Genilio, que, por algum tempo, procurou lim

acordo com 0presidente, a campanha ganhou Impeto. As caravan as liberals, [or

madas pelos elementos rnais jovens, percorrerarn as principais cidades do Nor

deste. 0 candidato foi recebido com entus iasmo nos cornicios realizados no Rio

de Janeiro e em Sao Paulo.

Em plena carnpanha eleitoral, estourou em outubro de 1929 a crise mun

dial, lancando a cafeicultura em uma situacao complicada, A defesa perrnancn

te gerara a expectativa de lucros cer tos, garantidos pelo Estado. Ern consequen

cia, as plantacoes se estenderam no Estado de Sao Paulo. Muita gente tomou

emprestimos a juros elevados para planta r cafe. A crise provocou a queda brus

ca dos precos internaciona is, Como houve re tracao do consumo, tornou-se im

II1 11 1 1 11 1'1111111 1111"l 10 Il I) I 'J

i' 11' 1~ IVlll ll ll ll' l' ll ,II .I III" .I t d II .. 1I1111.t '111'Il l t 'I~,t!l do volume dl' cndas .

[) IUIl'lI!Il'il 'l1s tjllt' 1 > 1 ' 1 1 1 1 1 11111 1 1 1 1 1 \ l . t , l t h l , llllll<llldo corn u rcalizacao de l u a u s

hllUl'\)~, 11(,11"1111L"1I1~.Iid.1

o s e to r ca le c iru t' 11 '~!lVl'IIHI I cd cr ul s e dcscnlenderam.Os cafeicultores soli-

l i turum a Washinglll l' l .u ls 0cnfrcntamento da crise pe la concessao de novos

l ln un ci am en to s e ti c u ma m ora to ri a de seus debiros. Preocupado ern manter 0

1 , 1 , 1 1 1 0 de estabil idade cambial, que, alias , acabou indo por agua abaixo, 0 presi-

dcnte recusou. Uma onda de descontentamento se levantou em Sao Paulo. Nao

IHlllVC porem uma ruptura ent re 0 setor cafeeiro e 0 governo federal . 0 rendi-

menta eleitoral da crise foi escasso. Embora 0 PD estivesse integrado na Alian-

~a Liberal, nao havia razoes para acreditar que a vit6ria da oposicao levaria a

lima atencao maior aos interesses cafeeiros.

Julio Prestes venceu as eleicoes de II I de marco de 1930. Os recursos poli ti-

lOS imperantes, condenados verbalmente pela Alianca, foram uti lizados tam-

hem por ela . A s "rnaquinas eleitorais" produziram votos em todos as Estados,

inclusive no Rio Grande do Sul, onde Getulio teria vencido por 298627 votos

contra 982.

o resultado das eleicoes nao foi bem-aceito entre os quadros [ovens da opo-

~i~ao.Estes dispunharn-se a seguir 0 caminho que os tenentes haviarn tornadopraticamente sozinhos. Embora derrotado, 0movimento tenentista continuava

sendo urna forca de importancia por sua experienc ia rnili tar e seu prest igio no

inter ior do Exercito. A aproximacao entre os polit icos mais j ov en s e os militares

rebeldes t inha agora condicoes de realizar-se, 0 que de fato, apesar das restri -

'i0es reciprocas, acabou ocorrendo,

A (mica excecao importante foi Luis Carlos Prestes. Em maio de 1930, 0

nome de rna ior prestigio entre os "tenentes" lancou urn manifesto no qual se

declarava socialista revoluciomirio e condenava 0 apoio as oligarquias dissi-

dentes. Na sua concepcao, as forcas em luta eram apenas urn joguete da luta

maier entre 0 imperialisrno bri tanico eo americano pelo controle da America

Latina.

Pres tes vinha sendo inf luenciado pelos comunistas desde urn encontro que

tivera com um dos fundadores do PCB - Astrogildo Pereira - quando estava

exi lado na Bolivia. A influenc ia c resceu at raves de leituras e de canta tas com 11-

deres comunistas argentinos e uruguaios, Ele nao entrou imediatamente no

PCB. Com urn pequeno grupo, fundou a Liga da A<;aoRevolucionaria. Por al -

Huns anos, 0 PCB condenou 0"personalismo prest is ta" ate que uma ordern vin-

tin de Moscou garantiu 0ingresso de Prestes no partido, em 1934.

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• 1I1~IIIIO" I111111 1I[l11111\~11

E m rneados de lL J3 0, ,I conspirucno rl'vtlhl~" 1 1 1 .1 1 ,, 1 I ll d ,I V I I m.r l, LJm ucontc

c ir ne nt o i ne sp er ad o v ei o d ar -l hc alento, A 16 d~'ju lhn , JI 11\11j l lw~I l~1 em nssnssi

nado em uma confeitaria do Recife par urn de sells adv 'l'Sl\ri.OS polit icos - Iflao

Dantas, 0 c rime combinava razoes privadas e pub licas, Na epoca , s6 se deu des-

taque a s ultimas, po is as primeiras arranhariam a figura de loao Pessoa C0110

martir cia revolucao. A rnorte de loao Pessoa teve grande ressonancia e fo i ex

plorada polit icamente . .Sell enterro na capital d a Rep ub li ca , para onde 0 corpo

foi transladado, reuniu uma grande massa . Os oposic ioni stas recebiam de pre -

sente uma grande anna. Dai em diante , tornou-se rnais facil desenvolver a arti-

culacao revolucionaria.

Urn pon te importante foram as ganhos conseguidos no in terior do Exerci-

to. Tanto ass im que 0 comando geral do movimen to arrnado foi ent regue a urn

hornern cortsiderado representante de setores responsaveis das Porcas Armadas.

Era oentao tenente-co ronel G6is Montei ro, nasc ido em Alagoas, cu ja ca rrei ra

estava l igada ao Rio Grande do SuI. Desde 1906, quando cursava a Escola Mi!i-

tar , Gois conhecia Getulio e outros p o li ti co s g au cho s, com as quaiscolaborara

nas di sputas inte rnas do Estado , Na decada de 1920, nao t inha sido urn revolu-

cionario, Pelo contrario, cornbatera a Coluna Prestes nos Estados do Nordeste.

A revolucao estourouem Minas Gerais e no Rio Grande do S uI n a da ta de 3de outubro de 1930, Em Sa o Paulo 0 PD esteve praticamente 11margem das ar-

ticulacoes revolucionarias e a situacao nao se alt erou. Em Minas houve alguma

resistencia, No Nordeste 0 movimento foi desfechado na madrugada do dia 4,

sob 0 cornando de Juarez Tavera, t endo a Para iba como centro de operacoes,

Para garantir 0 exi to da revolucao em Pernambuco, Juarez contou com 0 apoio

da populacao de Recife. 0 povo ocupou predios federais e urn deposito de ar-

mas, enquanta as fe rrovia rios da Great Weste rn entra ram em greve .

A situacao no Nordeste logo pendeu para os revoluc ionarios e as atencoes

se concentraram nos contingentes militates que, tendo assumido 0 controle do

Sul do pais, preparavam-se para invadir 0Estado de S3".oPaulo..Porem, antes do

c on fro nt o d ec is iv o, a 2 4 d e outubro, integrantes da cupula militar, em nome do

E x er ci to e da Marinha, depuseram 0p re s id ent e c iaR ep u b li ca no R io de Janeiro,

constituindo uma Iunta Provisoria de governo.

A Junta tentou permanecer no poder, mas recuou dian te das mani festacoes

populares e da pressao dos revolucionarios vindos do Sul. Getulio Vargas deslo-

cou-se de trem para Sao Paulo e dai seguin para 0Rio, onde chegou precedida

por 3 mil soldados gauchos. 0 hornern que, 110 comando da nacao, iria ins is tir

no tema da unidade nac iona l, fe z questao de fazer transparecer, naque le rno -

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 '1 III II \ P~II'I I I I I J I I 1 1

1Ill'lllll, i'~I~!1 1~!1 liI'IIIHII II II 11111' HIII I II 1 1 , I I I i I '1111Rl'pllhnLli 1'111 111111111

lilt' I 1 1 1 1 i t l l F , 11~lt'lll,11l!10 1 1 1 1 1 1 ,1 11 11 11 , 1 1 1 1 11 1 .I I II I I~ 1 1 ,1 1 11 1 "1' , (I, S hllll!lhsU lI1 \110 1 1 1 ) 1 J , i )

III l't'giullal ~t·Cll1l.1l 'l!'11111 qllllullill H'IIII fill: ' Iornm amurrar S CW l {\lVlllo~l'II'111'1

o be lis co e xi stc nt e u a ,1\'t'lIldll It II BIIIIIIIl. i\ POSSl' de Ut'lIHiu VllrH.I~ n.1 I 'h'~'1

d~nd<1, II .3 d e no vcmh ro ill' I,') Ill, II1[1cnu o lim da Primciru lh·pllhlk.1 t' 0 ill r

in de [lOVOS te mp os, n aq uc lu ••ltu ra a in da m al . dcfinidos,

O m ov im ento rev olu cion drio d e 1 93 0 no Brasi l inserc-sc em lI l1HI cnnjnn

Iura de i ns ta h il id a de , g e r ad a p e !a c ri se mundi al a b er ta em 1929 , q u e < ; am l l' l i ~ .! ll

toda a America L at in a. O c orre ra m a i o nz e epis6dios r ev o lu c ic na ri os , p lt "l ul id

nantemente militares, entre 193C1-1932.,0 g ol pe r ni li ta r d o general U riburu nu

A r g ent in a ( se t er nb ro de 1.930) teve um efeito de dernonstracao n u H ra si l, Ollti('

fci saudado, nos meios de oposicao, como urn exernplo a ser seguido ,

A Revolucao de 1930 nao foi feita por representantes de lima supostu IlIlVn

c la ss e so ci al, f os se e la a c la ss e m ed ia au a b ur gu es ia i nd us tri al. A c la ss c 111 I : · d i ; i

d eu l as tr o a Aliance Liberal, mas era por d em a is h et er og e ne a e d ep cn de nt c d,l~

forcas agrar ias para que no p lano pol it ico se fo rrnulasse urn pmgl'ama em ~'ll

nome.Quanta a os i nd us tr ia ls , d ev er no s l em b ra r q u e a f or ma ca o social nil Primcl

ra R epublica acenruou em urn prim eiro m em ento a rnarca regional d o s d i. li '

r en te s s e to re s de classe, Tomando-se 0 e xe rn pl o d e S a o P a ul o, e verdadc qUI.' III

lo ng o d os a no s c om ec ou a.ocorrer uma d i fer enciacao entre a burgucsia illdus

trial e 0setal ' agrar io , express a na formacao do Centro das Industr ies do Estnd! l

de Sao Paulo, em 1928. Mas a d i fer enc iacao nao chegou a ponte d e r om p er (I

acordo da classe dominante em nome dos interesses pauli stas, Os grandes ill

dustr iais contavam com a protecso do PRP,onde estavam representados , N.\o

tinham tarnbem razoes para simpatiza r com a oposicao, pai s cram urn des ;II

va s de s ua s c rl ti ca s, P o r isso, na o e de se est ranhar que as associacoes indust ri,lis

tenham apoiado abertarnente a candidature de JUlio Prestes .

N o R io de Janeiro, os industriais estavam organizados no Centro Industrlul

do Brasi l (CIB) . .Nos ult imos anos da decada de 1920 havia names reprcsen ta II

vas da burguesia industrial carioca nos postos de govemo. Por exernplo, em

1929, em meio a crise economica, 0 grande industrial textil Manuel Ouilhcrrne

da Silveira foi eleito presidents do Banco doBrasi l. Quando estourou a Rcvolu

~ao de 1930, 0em expressou sua sclidariedade a Washington Luis e considcrou

a insurreicao urn "fato muito prejudicial Ii SitU3\aO economica do pal s". ~ bCI11

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1M' I I I~II 1 1 1 1 ' " II '~I!I t l ! \ I III 1 1 11 ~ ' 0 1 I

vcrdudc que, logo u p o s a v i l O I ' . i l l des rl'voiLllllIII,U jll!" o~ 1 1 1 1 1 1 1.1 1 i,ds do Itill til'

Janeiro t r a t a r a r n de s e a p ro x ir na r do governo, M.l~ . 1 1 1 1 1 l 1 l 1 Illdkn iI p~n:l!p~'li(1

de que Getulio Vargas ser ia 0 reprcsentante do (,lllpI'C~al lutlo, Mosira sim it pel'

cepcao de que, antes all depois de 1930, a aproximacao emi l 0 Esrado era Iatur

decisivo para 0 fortalecimento da burguesia industrial.

Os vi toriosos de 1930 cornpunham urn quadro hete rogeneo, tanto do pon

to de vista soc ial quanta pol iti co. Tinharn -se unido cont ra urn mesrno advcrsa

rio, com perspectivas diversas: as velhos oligarcas, representantes tipicos da das-se dominante regional, desejavam apenas urn maior atendimento a sua area,

maior soma pessoal de podel ', com urn minimo de transfo rmacces: os quadros

civis rnais jovens inclinavam-se a reformular 0 sistema politico e se associararn

transi toriamente com os tenentes, formando 0 grupo dos charnados " tenentes

civis"; 0 movimento tenent ista - vi sto como uma arneaca pelas a lt as patentes

das FOI'~asArmadas - defendia a centralizacao do poder e a introducao de al-

gumas reformas sociais; 0 Partido Democratico pretendia 0 controle do gover-

no do Estado de Sao Paulo e a efetiva adocao do s princlpios do Estado liberal ,

que aparenternente assegurar ia seu predominio.

A partir de 1930 ocorreu uma troca da eli te do poder sem grandes ruPUI-

ras . Cairam as quadros oligarquicos tradicionais; subiram as mili tares, as teen i-

cos diplomados, os jovens polit icos e, urn POUCD ma:istarde, os industriais.

Desde cedo, 0 novo governo tratou de centralizar em suas maos tanto as

dec isoes economico-finance iras quanta as de na tureza pol it ica . Desse modo,

passou a arbit ral ' as diversos inte resses em logo. 0 poder de tipo oligarqu ico ,

baseado na forca dos Estados, perdeu te rreno, As o liga rquias nao desaparece-

ram, nem 0 padrao de relacoes cllentelistas deixou de exist ir . .Mas a irradiacao

agora vinha do centro para a per ifer ia, e nao da per ifer ia pa.ra 0 centro. Urn novo

tipo de Estado nasceu ap6s 1930, dis tinguindo-se do Estado oligarquico nao

apenas pela centralizacao e pelo rnaiorgrau de autonornia como tambem por

outros elementos: pi a atuacao economica, voltada grada tivamente para as ob-

jetivos de promover a industrializacao, 2ll a atuacao social , tendente a d ar a lg um

tipo de protecao aos trabalhadores urbanos, incorporando-os a uma al ianca de

classes promovida pelo poder estatal , 3 - ! ! 0 papel central atribuido a s Forcas Ar-

madas - em e sp ec ia l 0 Exercito - como sup or te da c1'ia,c;:3.oe uma i nd us tr ia d e

base e como fator de garantia da ordeminterna.

o Estado getulista prornoveu 0 capital ismo nacional, tendo dais suportes:

no aparelho de Estado, as Forcas Armadas; na sociedade, uma alianca entre a

burguesia indust rial e se tores da classe trabalhadora u rbana . Foi desse modo, e

I",

01111]lurqlw IlwN r 1 1 1 1 1 1 1 4 1 1 J 1 1 1 1 1 It, I Ii II '0 I l l ' I' lU, l ]l ll ' I I burgucsln induslrlnl rui

prornovkln, 1'1I'~'''llIdo II II I v 11 r ll l'~ ,1 1 11 1 illll"'jUI' do gOVCnlO.0projcto de in-

t im ! r i a li z il ~ .l l l f i l l lili.l~IImll II IIhil~l l l. ~ ( 1 1 1 1 . 1 1 . . 1 1 '0 : ;i : c n i . c o s governamentais do q u e

dlS emprcsurios,

As LraIlSr(lnl l.l .l·OI.'~aporuadas nao ccorre ram da noi te para 0 dia , nern

cerresponderam a um plano de conjunto do governo revolucionario, Foram

sendo realizadas ao longo dosanos, com enfase maie r neste ou naque le aspec-

to..Desse modo, uma visao de conjunto s6 se tornou clara com a perspectivadada pelo tempo.