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GUIA PARA AGENTES
COMUNITÁRIOS DE
SAÚDE:
PREVENINDO BRUCELOSE E
TUBERCULOSE HUMANA
CHAPECÓ, 2019
Apoiadores:
GUIA PARA AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE:
prevenindo Brucelose e Tuberculose humana
Autores: Co-autores acadêmicas Enfermagem:
Enfermeira/Mestranda Vanesa Nalin Vanassi; Paula Parize;
Profº Dra Lucimare Ferraz; Manuela Borges.
Profº Dra Lenita de Cassia Moura Stefani.
Co-autores – Trabalhadores Rurais: Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC
Lucia Tres Gasparetto; Centro de Educação Superior do Oeste - CEO
Maria Sedoski Lavall; Mestrado Profissional em Enfermagem na Atenção Primária á Saúde - MPEAPS
Simone Pagani;
Anadilce SgarbossaVariane;
Davi Lavall;
Daniela Giuriatti Vanazzi;
Berenice Aparecida Cassaro Rech;
Lidia Finco;
Iraci Colpo Biachi;
Tereza Chiela Giuriatti;
Isabel Ferla Giuriatti.
APRESENTAÇÃO
Este guia aborda a prevenção da brucelose e tuberculose humana, doenças relacionadas a
atividade leiteira que afetam os trabalhadores rurais, através do contato direto com os animais e/ou
pelo consumo de alimentos como o leite por exemplo. Tem por objetivo instrumentalizar o trabalho
de orientações dos Agentes Comunitários de Saúde junto a população rural. Esse material foi
elaborado por meio de uma metodologia participativa, com a colaboração de 11 trabalhadores rurais
do município de Chapecó.
PAPEL DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE NA PREVENÇÃO E
PROMOÇÃO
A profissão de Agente Comunitário de
Saúde (ACS) foi regulamentada pela lei n.
10.507/2002 e está relacionada ao exercício da
atividade de prevenção de doenças e promoção
da saúde através de ações domiciliares ou
comunitárias, individuais ou coletivas,
desenvolvidas em concordância com as
diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) e
sob supervisão do gestor local (GRACIA et al.,
2017).
PAPEL DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE NA PREVENÇÃO E
PROMOÇÃO DA SAÚDE
O ACS desenvolve ações fundamentais para a atenção à saúde da população dentro da
abrangência das Estratégias de Saúde da Família (ESF). Sua atuação em campo permite que os demais
profissionais possam interferir diretamente nas vulnerabilidades, elaborando estratégias frente as
necessidades de prevenção de agravos e promoção de saúde à população.
Os Agentes Comunitários de Saúde atuam como profissionais na Estratégia de Saúde da Família,
desenvolvem atividades relacionadas a prevenção e promoção da saúde, prezando pela individualidade,
pelo ambiente em que estão inseridos e pelas relações sociais. Corroborando, a Organização Mundial da
Saúde (OMS) enfatiza que os Agentes Comunitários de Saúde são profissionais cruciais para a promoção
da saúde, identificando os agravos e interligando a equipe ao território (WHO, 2018).
Zoonoses são doenças transmissíveis, comuns aos homens e aos animais, adquiridas pelo contato
ou ingestão de derivados animais (SANTA CATARINA, 2018).
OS RICOS NA ATIVIDADE LEITEIRA:
Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, a atividade leiteira é considerada insalubre para
zoonoses como Brucelose e Tuberculose humana; principalmente no contato com pelos e dejetos de
animais portadores de doenças infectocontagiosas. Também é considerada insalubre (em grau médio) pelo
trabalho e operações em contato permanente com animais em estábulos. Em sua rotina diária, o trabalhador
expõe-se a zoonoses pelo contato direto com animais contaminados (REIS, 2012).
O QUE SÃO ZOONOSES:
TRANSMISSÃO DAS ZOONOSES
CONTATO DIRETO COM ANIMAIS CONTAMINADOS
CONTATO INDIRETO POR MEIO DE PRODUTOS DERIVADOS DE
ANIMAIS CONTAMINADOS
BRUCELOSE
Trata-se de uma zoonose que acomete várias espécies
de animais domésticos e silvestres, podendo infectar o
homem.
Dentre todas as espécies de bactérias do gênero
Brucella, quatro podem infectar os animais e o
homem, dentre elas Brucella abortus (gado), canis
(incomun), suis (suínos) e melitensis (caprinos).
Essa doença inicia nos rebanhos e dissemina-se pela
ingestão de produtos contaminados (MOINI, 2015).
CONTATO DIRETO COM
PLACENTA CONTAMINADA
CONTATO DIRETO COM FETOS
ABORTOS/SECREÇÕES
CONTAMINADOS
INGESTÃO DE ALIMENTOS DERIVADOS
DE ANIMAIS CONTAMINADOS
MEIOS DE TRANSMISSÃO DA BRUCELOSE AO TRABALHADOR
RURAL
CONTATO DIRETO COM ANIMAIS CONTAMINADOS
CONTATO INDIRETO POR MEIO DE PRODUTOS DERIVADOS DE
ANIMAIS CONTAMINADOS
CONTATO INDIRETO PELA VACINAÇÃO
(ACIDENTES COM AGULHA OU GOTÍCULAS DA
VACINA) E COLETA DE EXAMES
MEIOS DE TRANSMISSÃO DA BRUCELOSE PARA PROFISSIONAIS:
TÉCNICOS E/OU VETERINÁRIOS
CONTATO DIRETO
COM OS ANIMAIS CONTAMINADOS
MEIOS DE TRANSMISSÃO DA BRUCELOSE ENTRE OS ANIMAIS
CONTATO DIRETO COM A BACTÉRIA EM
RESTOS PLACENTÁRIOS (VIA ORAL,
CONJUNTIVAL, PELE)
CONTATO INDIRETO PELA MONTA NATURAL
(SANTA CATARINA, 2018)
DOR ABDOMINAL FEBRE ALTA 38ºC DOR DE CABEÇA DOR ARTICULAR
SINAIS E SINTOMAS DA BRUCELOSE
CANSAÇO FÍSICO
MAL ESTAR
Trata-se de uma doença causada
pelo Mycobacterium tuberculosis.
Se tratando de uma zoonose a doença é causada
pelo Mycobacterium bovis, apresentando desenvolvimento
crônico que acomete especialmente bovinos e bubalinos.
Caracteriza-se pelo aumento progressivo de lesões
nodulares denominadas tubérculos ou granulomas,
localizados em qualquer órgão ou tecido. Essas bactérias
pertencem à família Mycobacteraceae, gênero
Mycobacterium.
TUBERCULOSE
INGESTÃO DE CARNE CRUA/MAL
PASSADA PROVENIETES DE
ANIMAIS CONTAMINADOS
INGESTÃO DE LEITE E DERIVADOS
CRUS PROVENIENTES DE ANIMAIS
CONTAMINADOS
CONTATO DIRETO COM
SECREÇÕES ANIMAIS,
PRINCIPALMENTE SALIVA.
MEIOS DE TRANSMISSÃO DA TUBERCULOSE
CONTATO DIRETO COM ANIMAIS CONTAMINADOS
CONTATO INDIRETO POR MEIO DE PRODUTOS DERIVADOS DE
ANIMAIS CONTAMINADOS
CONTATO INDIRETO POR MEIO DE COLETA DE
EXAMES
MEIOS DE TRANSMISSÃO DA TUBERCULOSE PARA PROFISSIONAIS:
TÉCNICOS E/OU VETERINÁRIOS
CONTATO DIRETO
COM OS ANIMAIS CONTAMINADOS
MEIOS DE TRANSMISSÃO DA TUBERCULOSE ENTRE OS ANIMAIS
ANIMAIS CONTAMINADOS ENTRE O REBANHO, FALTA DE
LIMPEZA DE ESTÁBULOS E LOCAIS DE ALIMENTAÇÃO
CONJUNTA
PRINCIPAIS SINAIS E SINTOMAS DA TUBERCULOSE
TRANSMISSÃO DA BRUCELOSE E TUBERCULOSE
HUMANA
TRABALHADOR RURAL
Por contato direto com materiais contaminados
(fetos abortados, restos
placentários)
Por contato indireto na ingestão de
produtos contaminados (lácteos não
pasteurizados)
PROFISSIONAIS
Por contato direto por meio de visitas
técnicas, avaliações
físicas
Por contato direto em
laboratório na manipulação de secreções
e/ou placentas
Por contato indireto pela
autoinoculação durante a vacinação
ANIMAIS
Contato direto com a bactéria
em restos placentários
Contato indireto
inseminação artificial
QUADRO SÍNTESE
CUIDADOS À PREVENÇÃO DA BRUCELOSE E TUBERCULOSE
HUMANA
Ferver o leite por 3 – 5 minutos;
Cozinhar/Fritar/Assar a carne;
Utilizar luvas para o contato com placentas de animais, em caso de abortos ou com secreções;
Utilizar mascaras ao contato com os animas;
Utilizar luvas e máscaras para o contato com vacinas ou secreções aerossóis;
Utilizar EPI para o trabalho na atividade leiteira;
Torna-se indispensável avaliar a situação sanitária do rebanho;
Vacinação para Brucelose deve ser prescrita pelo médico veterinário em fêmeas de 2 a 8 meses;
Identificar a origem da infecção é imprescindível, sendo realizada por meio da implantação de uma rotina de
testes tuberculínicos;
Caso haja diagnóstico positivo, é obrigatório o abate dos animais. Assim, no momento da compra de animais,
eles devem ser testados na origem e re-testados logo após a entrada no quarentenário da unidade de criação,
respeitando-se o intervalo mínimo de 60 dias entre os testes;
É aconselhada a higienização e desinfecção periódica de todas as instalações, especialmente os bebedouros e
comedouros;
O leite de animais contaminados não deve ser consumido, deve-se ainda ter monitoria veterinária em relação a
saúde do rebanho, diagnóstico nos animais mortos, e controle do trânsito de animais fora da propriedade;
Observar casos repetido de aborto ou repetição de cio em vacas na propriedade.
PERGUNTAS FREQUENTES DOS
TRABALHADORES RURAIS
ATUANTES NA ATIVIDADE LEITEIRA:
Quando me deparar
com uma vaca em
trabalho de parto, o
que devo fazer?
Deve utilizar Equipamentos de
Proteção Individual, como: luvas,
bota, calça e manga longa, boné e
sempre que possível óculos e
máscara. Chame o médico veterinário
de sua confiança!
TRABALHADOR RURAL
ORIENTAÇÕES DO ACS
O que devo utilizar
quando vacino os
animais?
Utilizar Equipamento de Proteção
Individual: luvas, máscara e óculos de
proteção.
TRABALHADOR RURAL
ORIENTAÇÕES DO ACS
Por quanto tempo
devo ferver o
leite?
Manter o leite em fervura de 3 – 5
minutos após iniciar a fervura.
TRABALHADOR RURAL
ORIENTAÇÕES DO ACS
Como sei que posso
comer o que produzo
na propriedade?
Os alimentos devem ser cozidos ou
conservados em baixas
temperaturas.
TRABALHADOR RURAL
ORIENTAÇÕES DO ACS
Como sei que meus
animais podem ter
Brucelose ou
Tuberculose?
Animais que apresentem mais que
três abortos consecutivos em torno
do 6º mês de gestação,
emagrecimento intenso e tosse.
Procure a ajuda do médico
veterinário!TRABALHADOR RURAL
ORIENTAÇÕES DO ACS
O que devo analisar
na compra dos
animais de corte?
Importante verificar a sanidade do
rebanho. Solicitar ao vendedor os
resultados de exames e atestado
veterinário.
TRABALHADOR RURAL
ORIENTAÇÕES DO ACS
Diante dos sintomas
conhecidos de
determinada doença,
o que devo fazer?
Buscar a UBS e relatar os sinais e
sintomas presentes para
investigação
Nos finais e semana e feriados
buscar atendimento de
urgência/emergência.TRABALHADOR RURAL
ORIENTAÇÕES DO ACS
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da saúde. Gabinete do Ministro. Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora. Portaria Nº 1.823, de 23 de
Agosto de 2012. Disponível em:< http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2012/prt1823_23_08_2012.html>. Acesso em: 16 de mai de 2018.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de recomendações para o
controle da tuberculose no Brasil / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – Brasília:
Ministério da Saúde, 2011. Disponível em: < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_recomendacoes_controle_tuberculose_brasil.pdf>
Acesso em: 19 de fev de 2018
ALMEIDA, I B. LIMA, A F. MIRANDA, M V F G M, LIMA, P O. Tuberculose x zoonose: um risco eminente para saúde ocupacional das
comunidades rurais. Revista Científica Rural v19 n 2, 2017. Disponível em: file:///C:/Users/Andr%C3%A9%20Vanazi/Downloads/178-791-1-
PB%20(4).pdf. Acesso em: 10 de fev. de 2018.
REIS, R S. Segurança e Saúde no Trabalho: Normas Regulamentadoras. São Caetano do Sul – SP. Editora Yendis Ltda. 2ª reemissão. 10ª edição,
2012.
DALMAZ, Dayane Santos Silva; HIDALGO, Angela Maria; NUNES, César Aparecido. A proposta de desenvolvimento rural e de educação da fao nos
anos 1950 e na atualidade: forjando consensos como disfarce social. Educ. rev., Belo Horizonte, v. 34, e177436, 2018 . Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-46982018000100125&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 07 jul. 2018. Epub 05-Mar-
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NEVES B M C. Caracterização produtiva e aspectos sanitários relacionados à bovinocultura em Santa Catarina. Dissertação de Mestrado em
Saúde Animal, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, Brasília, DF. 28p. 2014. Disponível em: <
http://www.repositorio.unb.br/bitstream/10482/16584/1/2014_BidiahMarianoDaCostaNeves.pdf> Acesso em: 23 de mar de 2018
Imagens retiradas do Google imagens. Disponível em: https://www.google.com/imghp?hl=pt-BR