grupos operativos_ pichon riviere

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DISCIPLINA: DINÂMICA DE GRUPO PROFESSORA: MARIA VILANI MAIA SEQUEIRA TURMA: PS – 41 e PS 42 GRUPOS OPERATIVOS Pichon Rivière Histórico: A técnica e teoria dos grupos operativos, elaborada por Enrique Pichon- Rivière (1907-1977) criada em 1946; quando estando encarregado do Serviço de Adolescentes do Hospital Psiquiátrico da cidade de Buenos Aires, houve a necessidade de formar, com um grupo de pacientes, uma equipe de enfermeiros para o Serviço. Porém, o momento crucial de suas investigações sobre os grupos operativos ocorreu no Instituto Argentino de Estudos Sociais, em 1958, na cidade de Rosário. Tal estudo ficou conhecido como “Experiência Rosário”. Embora suíço de nascimento, Pichon viveu na Argentina desde os quatro anos de idade. É interessante chamar a atenção de que Pichon-Rivière, nunca publicou suas descobertas e teorias. Os trabalhos que conhecemos sobre o autor, consistem de transcrições de aulas e palestras registradas pelos seus alunos. Tornou-se um importante psicanalista e sua formulação teórica sobre os grupos operativos se constitui numa valiosa contribuição para a psicanálise de grupos. De acordo com Pichon-Rivière (1994), os grupos operativos definem-se como grupos centrados na tarefa. Esta tarefa pode ser tanto a obtenção de uma cura, e o grupo será chamado terapêutico, como a aquisição de novos conhecimentos, e o grupo será de aprendizagem. A técnica nasce: para instrumentar a ação grupal, caracterizando-se por estar centralizada na tarefa, isto é, privilegia a tarefa grupal, a marcha à conquista de seus objetivos. Quem introduziu: Enrique Pichón Rivière introduziu os grupos operativos no estudo da família, principalmente numa concepção mais atualizada de terapia. Partiu da hipótese de que o grupo é um conjunto restrito de pessoas, ligadas entre si por constantes de tempo e espaço, e articuladas por mútua representação interna, que se propõem, de forma explícita ou implícita, a efetuar uma tarefa que constitui sua finalidade. Para ele: Os conjuntos sociais organizam-se em unidades para alcançar maior segurança e produtividade. A unidade grupal tem, em muitos casos, a característica de situação espontânea, mas os elementos desse campo grupal podem ser, por sua vez, organizados e a integração poderá ser regulada para maior eficácia de seu objetivo. 1

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GRUPOS OPERATIVOS

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TEORIA DA EMOCIONALIDADE

DISCIPLINA: DINMICA DE GRUPO

PROFESSORA: MARIA VILANI MAIA SEQUEIRA

TURMA: PS 41 e PS 42

GRUPOS OPERATIVOS

Pichon RivireHistrico:

A tcnica e teoria dos grupos operativos, elaborada por Enrique Pichon-Rivire (1907-1977) criada em 1946; quando estando encarregado do Servio de Adolescentes do Hospital Psiquitrico da cidade de Buenos Aires, houve a necessidade de formar, com um grupo de pacientes, uma equipe de enfermeiros para o Servio. Porm, o momento crucial de suas investigaes sobre os grupos operativos ocorreu no Instituto Argentino de Estudos Sociais, em 1958, na cidade de Rosrio. Tal estudo ficou conhecido como Experincia Rosrio. Embora suo de nascimento, Pichon viveu na Argentina desde os quatro anos de idade. interessante chamar a ateno de que Pichon-Rivire, nunca publicou suas descobertas e teorias. Os trabalhos que conhecemos sobre o autor, consistem de transcries de aulas e palestras registradas pelos seus alunos. Tornou-se um importante psicanalista e sua formulao terica sobre os grupos operativos se constitui numa valiosa contribuio para a psicanlise de grupos.

De acordo com Pichon-Rivire (1994), os grupos operativos definem-se como grupos centrados na tarefa. Esta tarefa pode ser tanto a obteno de uma cura, e o grupo ser chamado teraputico, como a aquisio de novos conhecimentos, e o grupo ser de aprendizagem.A tcnica nasce: para instrumentar a ao grupal, caracterizando-se por estar centralizada na tarefa, isto , privilegia a tarefa grupal, a marcha conquista de seus objetivos.

Quem introduziu: Enrique Pichn Rivire introduziu os grupos operativos no estudo da famlia, principalmente numa concepo mais atualizada de terapia.

Partiu da hiptese de que o grupo um conjunto restrito de pessoas, ligadas entre si por constantes de tempo e espao, e articuladas por mtua representao interna, que se propem, de forma explcita ou implcita, a efetuar uma tarefa que constitui sua finalidade.

Para ele:

Os conjuntos sociais organizam-se em unidades para alcanar maior segurana e produtividade. A unidade grupal tem, em muitos casos, a caracterstica de situao espontnea, mas os elementos desse campo grupal podem ser, por sua vez, organizados e a integrao poder ser regulada para maior eficcia de seu objetivo.

Os conjuntos sociais organizam-se em unidades para alcanar maior segurana e produtividade. A unidade grupal apresenta, em muitos casos, a caracterstica de uma situao espontnea.O grupo operativo o primeiro elemento de uma abordagem do cotidiano. Nele, (o grupo operativo), tendem a reproduzir-se as relaes cotidianas, os vnculos que pem em jogo modelos internos. O enquadramento ou a tcnica operativa do grupo facilitam pela confrontao desses modelos internos com uma nova situao de interao, bem como com a anlise das condies que a produziram a compreenso das pautas sociais internalizadas que geram e organizam as formas observveis de interao.

Onde est alicerado o grupo operatrio: Em esquemas que so os marcos conceptual, referencial e operativo. Inclui, alm disso, os conceitos gerais sobre grupos restritivos, as idias sobre a teoria de campo de Kurt Lewin, a tarefa, o esclarecimento, a aprendizagem, a ambigidade, a comunicao e os desenvolvimentos dialticos em espiral.

Propsitos e as finalidade dos grupos operativos: Esto centrados na mobilizao de estruturas estereotipadas, dificuldades de aprendizagem e comunicao, devidas ao acmulo da ansiedade que qualquer mudana desperta.

O processo de crescimento do grupo operativo fundamenta-se na metodologia que Pichn Rivire chama didtica.

Didtica uma estratgia destinada no s a comunicar conhecimento (tarefa informativa), mas tambm, basicamente, a desenvolver aptides e modificar atitudes(tarefa formativa). A articulao formativa e informativa completa-se com a construo de um instrumento chamado ECRO (esquema referencial, conceptual e operativo)

A tcnica operativa de grupo sejam quais forem os objetivos propostos aos grupos (diagnstico institucional, aprendizagem, criao, planificao, etc), tem por finalidade que seus integrantes aprendam a pensar em uma co-participao do objeto do conhecimento, entendendo que pensamento e conhecimento no so fatos individuais, mas produes sociais. O conjunto de integrantes, como totalidade, aborda as dificuldades que se apresentam em cada momento da tarefa, logrando situaes de esclarecimento, mobilizando estruturas estereotipadas que funcionam tanto como obstculo para a comunicao e a aprendizagem quanto como tcnica de controle da ansiedade ante a mudana.

Caractersticas dos Grupos Operativos Centrados na tarefa

Grupos centrados no indivduo so os psicanalticos e de terapia;A tarefa est centrada sobre aquele que a quem chamamos de porta voz.

a relao que seus integrantes mantm com a tarefa.

Grupo teraputico obteno da cura

Grupo de aprendizagem aquisio de conhecimento

Todo conjunto de pessoas, ligadas entre si por constantes de tempo e de espao e articuladas por sua mtua representao interna, se coloca explcita ou implicitamente uma tarefa, que constitui uma finalidade.

Podemos dizer ento, que estrutura, funo, coeso e finalidade, junto com um nmero determinado de integrantes, configuram a situao grupal, que tem seu modelo natural no grupo familiar.

A funo do grupo operativo a de aprender a pensar, isto , desenvolver a capacidade de resolver contradies dialticas, sem criar situaes conflitantes aprender a pensar.

A tarefa pode ser a aprendizagem, a cura, o diagnstico ... Debaixo dessa tarefa explcita, existe outra implcita, que aponta a ruptura das condutas estereotipadas que dificultam a aprendizagem e a comunicao.

O grupo operativo age, ento, de forma a fornecer aos participantes, atravs da tcnica operativa, a possibilidade de se darem conta e explorar suas fantasias bsicas, criando condies de mobilizar e romper suas estruturas estereotipadas.

Tarefa do grupo

Resoluo de situaes estereotipadas e a obteno de mudanas. Todo grupo teraputico promove aprendizagem. Todo grupo operativo teraputico, embora nem todo grupo teraputico seja operativo.

Denominao.

Resistncia mudana advm de dois medos bsicos: medo da perda e medo do ataque.

Na psicanlise buscou subsdios para compreender o que ocorria com os indivduos no contexto grupal.

Na DG encontrou uma forma de operacionalizar sua abordagem atravs dos laboratrios sociais. Eles criam o clima propcio para indagao ativa a que se propunha os grupos operativos.

Esquema Conceitual Referencial operativo ECRO - Refere-se ao conjunto de experincias, conhecimentos e afetos prvios com que os indivduos pensam e agem em grupos, mas para ser operativos gerador das mudanas pretendidas necessita da aplicao de uma estratgia, de uma ttica ( abordagem grupal) e uma tcnica (centralizao na tarefa proposta). Para Pichn Rivire o coordenador ou compensor busca criar, manter e fomentar a comunicao entre os membros do grupo. O ECRO o esquema de referncia prpria de cada integrante do grupo, suas ideologias, experincias, formas de pensar, afetos etc. que confrontados com os ECROS dos outros membros do grupo, ir atravs de um movimento de espiral dialtica, configurar um ECRO comum, condio bsica para o estabelecimento da comunicao, que se conseguir atravs de um processo de aprendizagem tornado operativo, isto , orientado para a aprendizagem atravs da tarefa.

A tarefa do grupo consistira na elaborao de duas ansiedade bsicas: medo da perda (ansiedade depressiva) e medo do ataque (ansiedade paranide). Essas duas necessidades coexistem e se conjugam, configurando a resistncia mudana que deve ser superada no grupo atravs de trs momentos: tese, anttese e sntese. A resistncia se instala no momento da pr-tarefa, situao de impostura que paralisa o grupo. Parece que o grupo trabalha, mas no o faz. A passagem para a tarefa consiste na abordagem e elaborao das angstias.

Cone invertido: Constitudo de vrios vetores a partir dos quais se baseia a operao dentro do grupo.

Base: se encontram os contedos emergentes, manifestos ou explcitos.

Vrtice: se encontram as situaes bsicas ou universais implcitas

Espirial: representa o movimento dialtico de indagao e esclarecimento que vai do explcito ao implcito, revelando os dois medos subjacentes e permitindo obter a mudana

Unidade de trabalho: formada pelo material colocado pelo grupo (porta-voz); pela interpretao (coordenador ou co-pensador), novo emergente (acontecimento que aparece como resposta a interpretao).

Manifesto ou explicito

Permanncia

Aprendizagem

Pertinncia

Comunicao

Cooperao

Tele

Latente

Vetores de comunicao

A partir da observao sistemtica de alguns fenmenos grupais, Pichon-Rivire construiu uma escala de avaliao, que permite categorizar o grupo de acordo com determinados modelos de conduta, so os chamados vetores de comunicao.A primeira categoria, incluiu os fenmenos de afiliao ou identificao com os processos grupais, com os quais, no entanto, o sujeito guarda uma determinada distncia, sem incluir-se totalmente no grupo. Este primeiro momento da afiliao prprio da histria de todo grupo. A segunda categoria a pertena, que representa uma maior integrao do sujeito no grupo, o que permite aos membros elaborar uma estratgia, uma ttica, uma tcnica e uma logstica. A pertena, o que torna possvel a planificao.

A terceira categoria a cooperao, que consiste na contribuio, ainda que silenciosa, para a tarefa grupal. Estabelece-se sobre a base de papis diferenciados. Atravs da cooperao, que se torna manifesto o carter interdisciplinar do grupo operativo e o inter jogo entre a verticalidade - aquilo que se refere histria pessoal do sujeito - e a horizontalidade o processo atual que acontece no aqui e agora do grupo, na totalidade dos membros. A quarta categoria a pertinncia, que consiste no centrar-se do grupo na tarefa prescrita e no esclarecimento da mesma. Avalia-se a qualidade desta pertinncia de acordo com o montante da pr-tarefa, da criatividade e da produtividade do grupo e suas aberturas para um projeto.

A quinta categoria a comunicao, verbal ou no-verbal, que se d entre os membros do grupo. Nessa categoria leva-se em considerao no s o contedo da mensagem, mas tambm o como e o que dessa mensagem. Quando estes elementos entram em contradio, configura-se um mal-entendido no interior do grupo.A sexta categoria a aprendizagem, que obtida pela somatria da informao dos integrantes do grupo, que produzem juntos uma mudana, e que se traduz em termos da resoluo de ansiedades, adaptao ativa realidade, criatividade, projetos etc.Finalmente, a stima categoria a tel, definida como a disposio positiva ou negativa para trabalhar com um membro do grupo. Isto configura o clima grupal, que pode ser traduzido como a transferncia positiva ou negativa do grupo com o coordenador e pelos membros entre si.

A interseco entre verticalidade e horizontalidade d origem aos diferentes papis que o indivduo assume no grupo. Os papis se formam a partir da representao que cada um tem de si, que reponde s expectativas que os outros tem de ns. Papis so modelos de condutas correspondentes posio dos indivduos na rede de interaes, e esto ligadas s expectativas prprias e s dos outros integrantes. Cada membro do grupo constri seu papel em relao aos outros.

1 ) Porta voz: o membro que em dado momento denuncia (palavra, silncio, gesto) o acontecer grupal, as fantasias que o movem, as ansiedades e necessidades totais do grupo. No fala s por si, mas por todos. o membro do grupo que em determinado momento diz ou enuncia o que at ento permaneceu latente ou implcito, no tendo conscincia de que est expressando algo de significao grupal. Ele denuncia a enfermidade grupal em se tratando de um grupo no teraputico ou num grupo de aprendizagem os elementos bloqueadores da tarefa do grupo. Ele aquele que capaz de sentir uma situao na qual o grupo est participando e a expressa. Nele se conjugam a verticalidade e horizontalidade grupal. 1) Bode expiatrio: membro que de acordo com o processo de distribuio de papis, se faz depositrio dos aspectos negativos e atemorizantes do mesmo ou da tarefa, num acordo tcito onde ele se compromete tanto quanto os outros membros. o depositrio de todas as dificuldades do grupo e culpado de cada um de seus fracassos.

2) Lder: membro que se faz depositrio de aspectos positivos do grupo. Para a compreenso da dinmica do grupo, importante a deteco das lideranas, pois a estrutura e funo do grupo configura-se de acordo com o tipo de liderana assumido pelo coordenador.

a)Lder autocrtico: utiliza uma tcnica rgida, diretiva, regida, favorecendo um esteretipo de dependncia, contribuindo para a resistncia mudana. Sua caracterstica mais marcante a incapacidade de discriminar entre papel e pessoa, confundindo-se com o grupo.

b)Lder democrtico: O lder democrtico o papel ideal que se pode assumir no trabalho grupal. O intercmbio entre o lder-coordenador e o grupo realiza-se na forma de uma espiral permanente, onde se ligam os processos de ensinar e aprender, formando uma unidade de alimentao e realimentao.

d)Lder demaggico: sua caracterstica marcante a impostura. um impostor, na medida em que, com uma estrutura autocrtica, mostra uma aparncia de democracia, caindo s vezes em atuaes laissez-faire, como resultado destas atitudes contraditrias. e) O lder laissez-faire aquele que delega ao grupo sua auto-estima e que assume s parcialmente suas funes de anlise da situao e orientao da ao. 4.Sabotador: o lder da resistncia mudana. aquele que conspira para a evoluo e concluso da tarefa, podendo chegar segregao do grupo.

Emergente grupal a funo do coordenador decodificar para o grupo o material vinculado pelo porta-voz. Porta-voz e emergente grupal designa verticalidade e horizontalidade grupais.

Verticalidade designa a histria, as experincias, circunstncias pessoais de um membro do grupo. Horizontalidade (denominador comum) aquilo que num dado momento compartilhado por todos os membros do grupo consciente ou inconsciente.

Para tornar-se um grupo operativo preciso preencher as condies

Trs momentos do acontecer grupal : Segundo Pichon-Rivire, uma sesso de grupo se desenvolve em trs momentos temporais: a pr-tarefa, a tarefa e o projeto. A pr-tarefa

Na pr-tarefa, pe-se em jogo as tcnicas defensivas do grupo, mobilizadas pela resistncia mudana e destinadas a postergar a elaborao das ansiedades que funcionam como obstculo epistemolgico. Esse perodo caracterizado pela combinao de dois medos bsicos: o medo da perda e o medo ao ataque. O grupo organiza-se para estereotipar-se, como defesa diante das ansiedades que produz a mudana. Neste sentido, o grupo se estrutura como um grupo conspirador para se opor mudana, j que esta vivenciada como um enlouquecer, com um aumento de desamparo, de insegurana e incerteza grupal.

Conforme afirma Pichon-Rivire (1994), a conspirao uma situao constante e latente em todo grupo e tende a deslocar o coordenador (que agente de mudana - bode expiatrio). Quando essa conspirao se elabora, o grupo - no aqui e agora da tarefa - um grupo frgil. Aglutina-se intensamente em funo de sua falta de segurana interna. Adquire uma pertena e uma agressividade maior que a normal, a tal ponto que se torna perigoso do ponto de vista social. A pr-tarefa est, dessa forma, configurada sobre a base de uma conspirao, que tende a imobilizar ainda mais a estrutura pr-existente e a defender-se de toda a mudana.Para Pichon, a pr-tarefa tambm caracteriza-se pela apelao a todos os mecanismos de ciso, com uma instrumentao das tcnicas da posio esquizo-paranide, dissociando o sentir, o pensar e o agir. nesse momento que o coordenador do grupo dever intervir no grupo e conduzi-lo a anlise sistemtica dos fatores que impedem a penetrao no segundo perodo, que o da elaborao da tarefa.

A pr-tarefa com suas tcnicas dissociativas um momento habitual no desenvolvimento do grupo. Porm, se vier a estancar-se, se o esteretipo adquirir uma rigidez crescente, a produtividade do grupo nula. Os mecanismos de defesa que entram em ao na pr-tarefa, como a impostura e a indisciplina, aparecem como destinados a pr o sujeito a salvo do sofrimento, da ambivalncia e da culpa, ao mesmo tempo que o impedem de assumir sua identidade, o eximem do compromisso com um projeto.A tarefa

Entrar em tarefa, significa o grupo assumir o desafio de conquistar o desejo na produo e a produo no desejo. Antes de entrar em tarefa, o grupo passa por um perodo de resistncia, onde o verdadeiro objetivo, da concluso da tarefa, no alcanado. Esta postura paralisa o prosseguimento do grupo. Realizam-se tarefas apenas para passar o tempo, gerando insatisfao entre os integrantes (perodo denominado pr-tarefa). So tarefas sem sentido onde faltam-lhe revelao de si mesmos. Somente passando por esse perodo o grupo, com auxlio do coordenador, entra em tarefa, onde sero trabalhadas as ansiedades e questes do grupo. A partir da, elabora-se o que Pichon chamou de Projeto, com estratgias e tticas para produzir mudana.

A tarefa, por sua vez, consiste na ruptura das pautas estereotipadas. Ao falar da tarefa estaremos nos referindo ao objetivo que o grupo se prope a alcanar, sua meta final, quilo pelo qual o grupo se encontra constitudo como tal, quilo que rene todos os participantes. Nesse sentido, a tarefa est fazendo referncia ao para qu do trabalho grupal. A tarefa , conforme afirma Pichon-Rivire (1994), o lder do grupo operativo. Em outras palavras, isto significa que a tarefa deve estar na mente de todos, como aquilo que dirigi os esforos, tanto individuais como grupais. a tarefa que orienta todas as aes, a tomada de decises, a seleo da metodologia de trabalho, a seleo da temtica e das tcnicas, a diviso do trabalho etc. Do ponto de vista do papel do coordenador, a tarefa que dever guiar todas as suas intervenes frente ao grupo, indicando o tipo, a freqncia e o nvel de profundidade das mesmas.

Alm dos aspectos objetivos do trabalho grupal, existe uma srie de obstculos que impedem o bom funcionamento do grupo. A teoria dos grupos operativos tem-se preocupado em identificar estes obstculos e por buscar os meios para super-los. A superao destes obstculos o que constitui a tarefa implcita do grupo. Segundo Pichon-Rivire (1994), sob a tarefa explcita, subjaz outra implcita, que aponta para a ruptura, atravs do esclarecimento das pautas estereotipadas que dificultam a aprendizagem e a comunicao, significando um obstculo frente a toda situao de progresso e mudana. Desse modo, a tarefa consiste na elaborao de duas ansiedades bsicas: medo perda (ansiedade depressiva) das estruturas existentes e medo ao ataque (ansiedade paranide) diante da nova situao. Estas duas ansiedades, coexistentes e cooperantes, configuram a situao bsica de resistncia mudana que deve ser superada.

Outro elemento importante da tarefa implcita, a elaborao de um esquema referencial grupal, que supere os esquemas referenciais individuais. Em todo o grupo emergem ideologias diversas, que levam ao aglutinamento dos participantes em diversos subgrupos, e que determinam a existncia e manifestao de contradies e enfrentamentos entre eles. Deste modo, as contradies entre os indivduos e entre os subgrupos, tendem a levar o grupo a uma situao de dilema em relao com a tarefa, que funciona como uma defesa frente mudana.Uma das diferenas fundamentais entre a tarefa explcita e a implcita consiste em que o objeto de trabalho da primeira o tema sobre o qual se pretende alcanar uma aprendizagem, medida que o objeto de trabalho da segunda o prprio grupo.

Esta distino tem uma dupla aplicao: em primeiro lugar, permite ressaltar a importncia que assume o processo de constituio do grupo como grupo e o seu papel no ensino e aprendizagem.

Em segundo lugar, permite diferenciar as funes e responsabilidades dos participantes e do coordenador; medida que as responsabilidades dos participantes consistem principalmente em organizarem-se da melhor maneira possvel para a realizao da tarefa explcita, a responsabilidade do coordenador recair principalmente na tarefa implcita.

O projeto

O projeto surge quando se consegue uma pertena dos membros; concretizando-se, ento, uma planificao. Esse perodo alcanado quando o grupo comea a colocar objetivos, que vo alm do aqui e agora do grupo; isto , que transcendem a tarefa imediata e o prprio grupo. Ao longo de sua histria como grupo, este vem trabalhando na realizao de uma tarefa, os seus integrantes vo se adaptando ao trabalho em equipe, conhecendo suas possibilidades e limitaes. Uma experincia deste tipo sempre muito gratificante e o grupo busca, ento, uma maneira de projetar essa experincia de uma forma socialmente til, algumas vezes na instituio, outras em funo de outros grupos similares ao seu.

A elaborao e realizao de um projeto tm uma utilidade em funo da prpria sobrevivncia do grupo. Consiste em uma maneira de canalizar o sentimento de perda, que aumenta progressivamente medida que se aproxima o final do trabalho do grupo. De acordo com Pichon-Rivire (1994), dentro do aqui e agora do grupo, possvel interpretar o projeto, como um mecanismo de defesa destinado a superar a situao de morte ou de perda que vivenciam os membros quando, atravs da realizao da tarefa, percebem a possibilidade da separao ou finalizao do grupo.Este sentimento de perda estar condicionando o trabalho do grupo nos ltimos encontros e este condicionamento ir aumentando medida que se aproxima o final. Deste modo, importante que o coordenador leve em considerao este fenmeno, para que possa ajudar o grupo a compreender, aceitar e canalizar adequadamente este sentimento de perda.

GRUPOS DE TAREFA

Quando os psiclogos sociais falam de grupo de trabalho ou de tarefa, se referem a grupos pequenos e restritos, destinados a resolver problemas ou a executar tarefas.

H, no grupo de trabalho, comportamentos, atitudes, interaes e motivaes funcionais que o distinguem do grupo de formao. Um dos problemas mais discutidos e estudados nos pequenos grupos de trabalho o que trata da autoridade, do desempenho da liderana e do uso do poder.

O estudo dos pequenos grupos de tarefa tem sido realizado principalmente em meios industriais, organizacionais, tanto hospitalares como educacionais.

Fatores Constantes : H tipos de atividades que so comuns a todos os grupos de trabalhos. So as chamadas atividades constantes. A fim de que a tarefa tenha um desenvolvimento funcional, alinham-se os seguintes requisitos, que aparecem de maneira constante em qualquer grupo de trabalho:

Competncia e Socializao.

a. Competncia : Quando voc for organizar um grupo de tarefa, lembre-se de que a escolha de membros competentes um fator de xito no trabalho.

a. A escolha dos membros deve ser feita com base em critrios rigorosos em relao tarefa.

b. A eficcia depende do fato de que todos os membros escolhidos sejam competentes para executar a tarefa que lhes foi confiada.

A competncia leva estima recproca, isto , solidariedade, e estas, integrao.

Quando voc escolheu os membros suficientemente competentes para trabalhar em grupo, dever certificar-se de que esto aptos para o trabalho em grupo.

O que significa aptido ou inaptido para o trabalho em grupo?

A verdade que h indivduos que no se adaptam ao trabalho de grupo. Uns, por questo de temperamento; outros, porque rejeitam determinado grupo, em funo da tarefa, ou da liderana, ou do processo de desenvolvimento do trabalho.

b. Nvel de socializao

Os indivduos com inaptido caracterolgica ao trabalho de grupo apresentam alguns dos seguintes traos de personalidade:

Rejeitam a tarefa;

Rejeitam a liderana;

Tornam-se agressivos;

Quando lderes, so autoritrios;

No tm capacidade de empatia;

No tm capacidade de perceber-se a si mesmos e aos outros;

Manifestam alternadamente traos paranicos e supervalorizao do Eu, como mania de perseguio e megalomania.

Os inaptos situacionais so aqueles indivduos que no conseguem integrar-se tarefa, porque:

A tarefa no lhes parece interessante;

A estrutura do grupo no lhes parece funcional;

O estilo de liderana os irrita;

O clima do grupo o inibe.

Para que o grupo funcione com a competncia necessria para executar a tarefa, preciso que seus elementos atinjam:

Um mnimo de maturidade social;

A aptido que os leve a se integrarem;

A capacidade de desenvolver comportamentos de lealdade para com seus companheiros de equipe.

Fatores Variveis: Todo grupo, quaisquer que sejam seus objetivos, no deve ser considerado um organismo fechado em si. Ele est ligado sociedade como um todo, est inserido num contexto social, num ambiente com o qual mantm laos. O pesquisador dever verificar, por meio de uma anlise, as variveis apresentadas abaixo:a. Participar da comunidade como um todo

O grupo nunca pode esquecer a comunidade qual est ligado. A comunidade condiciona seu funcionamento e traa parte de suas caractersticas.

Essas variveis devem ser conhecidas quando da anlise e do estudo de um grupo, de sua formao, do processo de desenvolvimento, da estrutura de autoridade.

No tem muito sentido um grupo abertamente democrata num regime marcadamente autocrtico.

b. Natureza da tarefa

Quando se trata de estudar a natureza da tarefa, necessrio que se faam as seguintes perguntas:

Qual a natureza da tarefa? Quais os recursos de que dispe o grupo para a realizao da tarefa?

Por que o grupo se rene? Quais so os seus objetivos? A tarefa voluntria ou imposta?

A tarefa adaptada a esse grupo? aceita pelos membros do grupo?

Qual seu contexto de desenvolvimento: Cooperao? Competio?

Respondidas essas questes, podero ser definidos os objetivos do grupo em relao natureza da tarefa. Ento, os elementos podero ser motivados ao trabalho, j que se conscientizaram das questes:

O que? Como? Por qu? Onde? Para qu? Quando? ( e a TAREFA

c. Personalidade dos membros

As pessoas, quando ingressam em determinado grupo, levam consigo o que natural personalidades j definidas, modeladas, e toda uma bagagem de experincias de uma vida social. Ento, no grupo, repetem seu comportamento, principalmente no tocante s atividades iniciais.

BIBLIOGRAFIA:MINICUCCI, Agostinho. Dinmica de grupo: teorias e sistemas. So Paulo:Atlas, 2002.

OSRIO, Luiz Carlos. Grupos: Teorias e prticas: Acessando a era da grupalidade. Porto Alegre:Artes Mdicas, 2000.

PICHON-RIVIRE, E. O processo grupal. So Paulo: Editora Martins Fontes, 2000.ZIMERMAN, D e OSRIO, L.C. Como trabalhamos com grupos. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1997.PAGE 4