gramática e construção de sentido

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Moderna PLUS GRAMÁTICA 1 TEXTO: ANÁLISE E CONSTRUÇÃO DE SENTIDO Volume único MARIA LUIZA M. ABAURRE MARIA BERNADETE M. ABAURRE MARCELA PONTARA Parte I www.modernaplus.com.br Linguagem e língua 16 1 Vemos, na imagem, um jacaré, árvores e uma massa negra, constituída pela impressão de vários carimbos sobrepostos, que avança em direção à floresta. O estra- nhamento é desencadeado pela presença de carimbos em um cenário composto por um animal e árvores. 2 O objetivo desse texto publicitário é levar as pessoas a apoiarem a aprovação de uma lei destinada a garantir a preservação da Mata Atlântica. Nesse sentido, o texto que aparece no canto direito inferior adverte para o impacto negativo da burocracia que dificulta e retarda a aprovação de leis. Os muitos carimbos sobrepostos que compõem a massa negra que avança sobre a floresta são uma alusão à burocracia, já que representam as inúmeras instâncias pelas quais um projeto de lei deve passar antes de ser votado. 3 a) O texto do canto inferior direito que dá um co- mando direto a esse leitor: “Exija que a Lei da Mata Atlântica não fique só no papel”. b) O texto dirige-se mais especificamente a pessoas que se preocupam com a preservação ambiental e estão dispostas a participar de campanhas para diminuir a burocracia envolvida na tramitação de leis importantes para a causa ambiental. 4 O leitor precisa ser uma pessoa preocupada com a preservação ambiental e informada sobre as muitas etapas envolvidas na aprovação de um projeto de lei. Deve saber, ainda, que, entre as florestas brasileiras, a Mata Atlântica é a que foi mais destruída pela ação humana. Portanto, quanto mais longa for a demora na aprovação de uma lei de proteção da Mata Atlântica, maior o risco de as poucas áreas em que ela ainda existe serem devastadas. Texto publicitário 16 Informar aos alunos que, após uma tramitação de 14 anos, a Lei da Mata Atlântica foi aprovada e sancionada em dezembro de 2006. Atividades 18 1 Vemos, no lado esquerdo, umas marcações que pa- recem representar a “planta” de um pequeno apar- tamento ou casa. Nessa planta estão delimitados os espaços de um quarto, banheiro (WC), sala de estar e cozinha. 2 O estranhamento é provocado pelo reconhecimento do espaço no qual essa habitação foi delimitada: trata-se de uma calçada de rua, com alguns degraus e um bueiro. > A produção desse efeito no leitor tem o objetivo de levá-lo a reconhecer um terrível dado da realidade: a rua é “casa” de muitas pessoas. 3 A imagem leva o leitor a reconhecer a existência de pessoas que moram na rua. O texto afirma que cente- nas dessas pessoas deixaram de morar na rua. O que promove a diferença entre um estado e outro (morar na rua ou não) é o fato de existir o abrigo para idosos Bezerra de Menezes. O leitor deve concluir, então, que é importante a existência de instituições como essas para a diminuição do número de pessoas que vivem nas ruas. 4 O texto marca um diálogo entre quem trabalha pelo abrigo (a gente) e o leitor, referido no texto pelo prono- me sua (“Hoje, o que a gente precisa é da sua ajuda para continuar dando dignidade a centenas de velhinhos que vivem no Bezerra de Menezes.”). a) O objetivo do diálogo é transferir para o leitor a responsabilidade pela continuidade do trabalho realizado pela instituição, pedindo-lhe contribuições. b) O anúncio pressupõe um leitor informado sobre as atuais condições de vida de muitos brasileiros nos grandes centros urbanos, onde é comum encontrar pessoas morando nas ruas; em especial, idosos. Deve saber, também, ler plantas habitacionais. Por fim, precisa conhecer a função social de instituições denominadas “abrigos”. As pessoas carentes recebem assistência dessas instituições, cuja existência depende, muitas vezes, da contribuição voluntária dos cidadãos. 5 Vemos, na primeira imagem, um outdoor colocado no chão (do que parece ser uma praça), ao alcance dos passantes. Este outdoor apresenta a sigla aids em gran- des letras amarelas (compostas pela disposição de preservativos) e o enunciado “Pegue a sua camisinha e ajude na luta contra a AIDS”. Vemos, ainda, nesta imagem, que uma pessoa retira um dos preservativos utilizados para compor a primeira letra da sigla. Na segunda foto, vemos, no detalhe, a primeira letra do outdoor já com vários preservativos retirados e uma outra pessoa retirando mais um deles. Na última foto, as letras da sigla aparecem incompletas no outdoor e mais uma pessoa retira outro dos preservativos dispostos para formar a palavra aids. 6 O outdoor vale-se da relação entre a disposição de preser- vativos para formar a sigla aids e a frase que se encontra do lado direito do outdoor: cada letra da sigla é formada pela disposição de preservativos, e o enunciado orien- ta os passantes a pegar uma dessas camisinhas para ajudar na luta contra a aids. Assim, a cada preservativo retirado do outdoor, as letras da sigla que denomina essa temível doença “vão desaparecendo”. 7 O objetivo da campanha publicitária é demonstrar, por meio da associação entre a “construção” da sigla aids com preservativos e a frase “Pegue a sua Unidade I - Linguagem 16 Capítulo 1 Linguagem e variação linguística 16 O trabalho realizado ao longo deste capítulo favorece o desenvolvimento das competências de área 1 e 8 e das habilidades H1, H3, H4, H25, H26 e H27. Para identificá-las, consultar a matriz do Enem 2009, que se encontra no Portal Moderna Plus. COMENTÁRIOS, RESPOSTAS DAS ATIVIDADES E REFERÊNCIAS

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  • Moderna PLUS GRAMTICA1

    TEXTO: ANLISE E CONSTRUO DE SENTIDOVolume nico

    MARIA LUIZA M. ABAURRE

    MARIA BERNADETE M. ABAURRE

    MARCELA PONTARA

    Parte I

    www.modernaplus.com.br

    Linguagem e lngua 16

    1 Vemos, na imagem, um jacar, rvores e uma massa negra, constituda pela impresso de vrios carimbos sobrepostos, que avana em direo floresta. O estra-nhamento desencadeado pela presena de carimbos em um cenrio composto por um animal e rvores.

    2 O objetivo desse texto publicitrio levar as pessoas a apoiarem a aprovao de uma lei destinada a garantir a preservao da Mata Atlntica. Nesse sentido, o texto que aparece no canto direito inferior adverte para o impacto negativo da burocracia que dificulta e retarda a aprovao de leis. Os muitos carimbos sobrepostos que compem a massa negra que avana sobre a floresta so uma aluso burocracia, j que representam as inmeras instncias pelas quais um projeto de lei deve passar antes de ser votado.

    3 a) O texto do canto inferior direito que d um co-mando direto a esse leitor: Exija que a Lei da Mata Atlntica no fique s no papel.

    b) O texto dirige-se mais especificamente a pessoas que se preocupam com a preservao ambiental e esto dispostas a participar de campanhas para diminuir a burocracia envolvida na tramitao de leis importantes para a causa ambiental.

    4 O leitor precisa ser uma pessoa preocupada com a preservao ambiental e informada sobre as muitas etapas envolvidas na aprovao de um projeto de lei. Deve saber, ainda, que, entre as florestas brasileiras, a Mata Atlntica a que foi mais destruda pela ao humana. Portanto, quanto mais longa for a demora na aprovao de uma lei de proteo da Mata Atlntica, maior o risco de as poucas reas em que ela ainda existe serem devastadas.

    Texto publicitrio 16

    Informar aos alunos que, aps uma tramitao de 14 anos, a Lei da Mata Atlntica foi aprovada e sancionada em dezembro de 2006.

    Atividades 18

    1 Vemos, no lado esquerdo, umas marcaes que pa-recem representar a planta de um pequeno apar-tamento ou casa. Nessa planta esto delimitados os espaos de um quarto, banheiro (WC), sala de estar e cozinha.

    2 O estranhamento provocado pelo reconhecimento do espao no qual essa habitao foi delimitada: trata-se de uma calada de rua, com alguns degraus e um bueiro.

    > A produo desse efeito no leitor tem o objetivo de lev-lo a reconhecer um terrvel dado da realidade: a rua casa de muitas pessoas.

    3 A imagem leva o leitor a reconhecer a existncia de pessoas que moram na rua. O texto afirma que cente-nas dessas pessoas deixaram de morar na rua. O que promove a diferena entre um estado e outro (morar na rua ou no) o fato de existir o abrigo para idosos Bezerra de Menezes. O leitor deve concluir, ento, que importante a existncia de instituies como essas para a diminuio do nmero de pessoas que vivem nas ruas.

    4 O texto marca um dilogo entre quem trabalha pelo abrigo (a gente) e o leitor, referido no texto pelo prono-me sua (Hoje, o que a gente precisa da sua ajuda para continuar dando dignidade a centenas de velhinhos que vivem no Bezerra de Menezes.).

    a) O objetivo do dilogo transferir para o leitor a responsabilidade pela continuidade do trabalho realizado pela instituio, pedindo-lhe contribuies.

    b) O anncio pressupe um leitor informado sobre as atuais condies de vida de muitos brasileiros nos grandes centros urbanos, onde comum encontrar pessoas morando nas ruas; em especial, idosos. Deve saber, tambm, ler plantas habitacionais. Por fim, precisa conhecer a funo social de instituies denominadas abrigos. As pessoas carentes recebem assistncia dessas instituies, cuja existncia depende, muitas vezes, da contribuio voluntria dos cidados.

    5 Vemos, na primeira imagem, um outdoor colocado no cho (do que parece ser uma praa), ao alcance dos passantes. Este outdoor apresenta a sigla aids em gran-des letras amarelas (compostas pela disposio de preservativos) e o enunciado Pegue a sua camisinha e ajude na luta contra a AIDS. Vemos, ainda, nesta imagem, que uma pessoa retira um dos preservativos utilizados para compor a primeira letra da sigla. Na segunda foto, vemos, no detalhe, a primeira letra do outdoor j com vrios preservativos retirados e uma outra pessoa retirando mais um deles. Na ltima foto, as letras da sigla aparecem incompletas no outdoore mais uma pessoa retira outro dos preservativos dispostos para formar a palavra aids.

    6 O outdoor vale-se da relao entre a disposio de preser-vativos para formar a sigla aids e a frase que se encontra do lado direito do outdoor: cada letra da sigla formada pela disposio de preservativos, e o enunciado orien-ta os passantes a pegar uma dessas camisinhas para ajudar na luta contra a aids. Assim, a cada preservativo retirado do outdoor, as letras da sigla que denomina essa temvel doena vo desaparecendo.

    7 O objetivo da campanha publicitria demonstrar, por meio da associao entre a construo da sigla aids com preservativos e a frase Pegue a sua

    Unidade I - Linguagem 16

    Captulo 1 Linguagem e variao lingustica 16

    O trabalho realizado ao longo deste captulo favorece o desenvolvimento das competncias de rea 1 e 8 e das habilidades H1, H3, H4, H25, H26 e H27. Para identific-las, consultar a matriz do Enem 2009, que se encontra no Portal Moderna Plus.

    COMENTRIOS, RESPOSTAS DAS ATIVIDADES E REFERNCIAS

  • Moderna PLUS GRAMTICA2

    TEXTO: ANLISE E CONSTRUO DE SENTIDOVolume nico

    MARIA LUIZA M. ABAURRE

    MARIA BERNADETE M. ABAURRE

    MARCELA PONTARA

    Parte I

    www.modernaplus.com.br

    camisinha e ajude na luta contra a AIDS, que a ati-tude consciente da populao, fazendo sexo seguro com o uso de preservativos, contribuir para conter a disseminao do vrus dessa doena.

    > A sequncia de fotos demonstra (metaforicamente) a relao entre a estratgia utilizada e o objetivo da campanha publicitria: medida que as pessoas pegam uma camisinha do outdoor, a sigla vai desaparecendo. Sendo assim, com base nessa sequncia de imagens, o interlocutor levado a concluir que, por meio da estratgia utilizada, a campanha publicitria tem por objetivo demonstrar que a ao consciente da populao, utilizando preservativos, contribuir para conter a disseminao do vrus da aids e de outras doenas sexualmente transmissveis.

    Variao e norma 20

    1 A mulher identifica, na fala do papagaio, diferenas entre a maneira de ele pronunciar certas palavras e a pronncia socialmente aceita como correta das mesmas palavras.

    2 Quando o leitor l a fala da pessoa de quem a mu-lher supostamente comprou o papagaio, identifica o mesmo tipo de pronncia observada no papagaio. Espera-se, portanto, que ele conclua que provavel-mente o papagaio aprendeu, com essa pessoa, a falar do modo como fala.

    3 A reao da mulher, ao classificar como errada a fala do papagaio, deixa implcita uma expectativa carac-terstica dos membros de qualquer comunidade lin-gustica: a de que existe apenas uma forma correta de pronunciar as palavras. O aluno certamente no formular uma resposta nesses termos. provvel, inclusive, que reproduza o mesmo comportamento da personagem e conclua haver, sim, erros na fala do papagaio e do suposto vendedor. Sugerimos que respostas como essa sejam aproveitadas para dar incio discusso sobre normas urbanas de prestgio e variedades lingusticas.

    Variedades regionais e sociais 21

    Traduo da histria escrita em mineirs:

    Sbado passado estava eu na cozinha tomando uma pinga com mel e cozinhando um quilo de carne com extrato de tomate para fazer um macarro com galinha assada. Quase ca de susto, quando ouvi um rudo que vinha de dentro do forno, parecendo um tiro de guerra.

    A receita mandou pr milho de pipoca dentro da galinha para assar. O forno esquentou, o milho estourou e o fiof da galinha explodiu!! Nossa Senhora! Fiquei branco que nem um litro de leite. Foi um trem doido demais! Quase ca dentro da pia! Fiquei sem saber de onde que eu vinha, para onde que eu ia, onde que eu estava. , pra voc ver que loucura! Graas a Deus ningum se machucou!

    Mudana lingustica 22

    O conceito de gnero discursivo ser utilizado ao longo de todos os captulos deste livro, porque pre-

    cisaremos nos referir aos diferentes gneros textuais utilizados como exemplo ou cujo desenvolvimento ser solicitado aos alunos. importante, por esse motivo, garantir que eles compreendam o que um gnero discursivo.

    Atividades 23

    1 O dono reage de forma indignada no primeiro quadri-nho porque ouve uma fala bastante elaborada de seu papagaio. Por isso, questiona a ave de forma rspida. Essa reao produz um efeito imediato no animal, que passa a falar do modo esperado por seu dono, repetindo a frase Louro quer bolacha. A reao do dono, no segundo quadrinho, mostra que ele fica satisfeito com a adequao da fala ao que esperado de um papagaio.

    > A graa da tira est no estranhamento provocado pelo contraste entre a fala bastante sofisticada do papagaio no primeiro quadrinho e a forma simples de expresso que ele utiliza no segundo. Isso se deve, em primeiro lugar, ao fato de o papagaio usar uma frase bastante elaborada no primeiro quadrinho, j que essas aves so conhecidas por serem capazes apenas de repetir frases curtas (como a do segundo quadrinho). Esse contraste revela uma importante questo a respeito do uso que se espera que determinados falantes faam da linguagem: alm de o uso que fazemos da linguagem ser um aspecto importante na determinao da imagem que nossos interlocutores fazem de ns, tambm h expectativas sobre o modo como usamos a linguagem a depender de quem somos. No caso da tira, no se espera que um papagaio seja capaz de falar de modo to articulado. Alm disso, a linguagem utilizada pelo animal extremamente formal em um contexto de informalidade (uma suposta conversa com seu dono, em que a ave reclama de no poder exprimir sua potencialidade lingustica em sua total plenitude. A fluncia lingustica do papagaio e o grau de formalidade de sua fala, no contexto em que ocorrem, contribuem, tambm, para a construo do humor da tira.

    2 O anncio explora como qualidade do jornal o fato de esse veculo de comunicao falar diretamente com a classe C, isto , trata-se de um jornal que consegue atingir de modo eficiente seu pblico-alvo: leitores que pertencem a uma classe social de menor poder aquisitivo.

    a) O recurso utilizado no texto publicitrio para falar direto com a classe C a forma como so registrados os preos dos celulares apresentados no anncio. Nos dois casos, foram utilizadas expresses de uma determinada variedade popular para fazer referncia ao custo de cada aparelho: 70 pila e 9 e uns quebrados.

    b) O uso destes termos e/ou expresses evidencia a maneira como o jornal fala diretamente com seu pblico-alvo: fazendo uso da variedade lingustica supostamente utilizada por aqueles a quem o jornal se dirige. Como os criadores do anncio supem que as pessoas da classe C faam uso de uma variedade popular, utilizaram termos ou expresses que representariam o modo de falar daqueles que pretendem atingir.

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    TEXTO: ANLISE E CONSTRUO DE SENTIDOVolume nico

    MARIA LUIZA M. ABAURRE

    MARIA BERNADETE M. ABAURRE

    MARCELA PONTARA

    Parte I

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    3 A forma como foram registrados os preos dos ce-lulares no anncio permite concluir que a equipe responsvel pela criao do anncio associa ao pblico-alvo do jornal anunciado, a classe C, o uso de uma variedade popular, marcada pela informalidade. Como o anncio dirigido a pessoas de menor poder aquisitivo, os criadores do anncio supem que eles utilizem uma variedade popular, em que frequente a criao de termos ou expresses como pila ou e uns quebrados para fazer referncia a valores monetrios.

    4 Kledir Ramil procura caracterizar cada falar regional pelas diferenas de pronncia (a pronncia de s e r no Rio de Janeiro; do r no interior de So Paulo; do e antes de consoante nasal na cidade de So Paulo; a entonao nordestina; a eliminao de slabas finais em Minas) e de vocabulrio (em Minas, no Nordeste e em Florianpolis).

    5 O autor procura garantir que o leitor reconhea a fala de um carioca a partir da descrio bem humorada da pronncia dos sons /r/ e /s/ pelos cariocas: alm de arranhar a garganta com o erre, voc precisa aprender a chiar que nem chaleira velha. Como acontece com as piadas, a graa da caracterizao desse dialeto deri-va da viso estereotipada do carioca como algum que fora a pronncia desses fonemas (e a merrmo!; vai rol umasch paradasch ischperrtasch.)

    6 O autor afirma que os falantes paulistanos colocam um i a mais na frente do n. A ditongao de e em ei antes de consoante nasal em final de slaba fre-quente nos bairros de forte presena italiana, como a Mooca, o Bixiga e o Brs. A expresso rra meu! tpica desses bairros.

    7 O autor, em primeiro lugar, afirma que, no interior de So Paulo, os falantes pronunciam um erre todo enrolado, que d um n na lngua, referindo-se ao r denominado, comumente, caipira. Para marcar, gra-ficamente, a diferena entre essa pronncia e a dos cariocas, o autor usa uma sequncia de trs erres (a Ferrrnanda marrrc a porrrteira), em lugar de apenas dois utilizados para o erre carioca (merrmo).

    > Ele faz essa afirmao porque, no ingls norte--americano, a pronncia desse r mais marcado (denominado r retroflexo) representativa das normas urbanas de prestgio; portanto, os falantes do interior de So Paulo no teriam dificuldades em aprender esse aspecto da pronncia do ingls norte-americano padro.

    8 Segundo o texto, o falar mineiro seria caracterizado pelo fato de os falantes engolirem letras (na verda-de, na maioria das vezes, eles eliminam slabas intei-ras, na pronncia): Mins em lugar de Minas; Belzonte em vez de Belo Horizonte; Nossenhora em lugar de Nossa Senhora; Doidemais em vez de doido demais. Alm disso, o autor ainda afirma que comum o uso do vocbulo trem para designar coisas ou objetos. Ainda possvel notar as expresses demais da conta e s como caractersticas do falar mineiro.

    9 O autor do texto chama de simpticas as diferenas de vocabulrio que caracterizam a variedade falada em Florianpolis: lagartixa crocodilinho de parede; helicptero avio de rosca (que deve ser lido rschca); carne moda boi ralado; pastel de carne envelope de boi ralado; telefone pblico poste de prosa; ficha de telefone pastilha de prosa; ovo semente de galinha; e motel lugar de instantinho.

    10 Talvez o autor no se d conta, mas sua viso sobre esses falares regionais , sim, preconceituosa. Para percebermos como o preconceito se manifesta no texto, basta recuperarmos a caracterizao que faz de alguns deles: a fala dos cariocas descrita como semelhante ao chiado de uma chaleira velha; os paulistas teriam um erre todo enrolado; os mineiros engolem letras. Em todas essas carac-terizaes, h uma conotao fortemente negativa e estereotipada.

    > No caso da fala de Florianpolis, observamos que o autor faz uma avaliao positiva das suas caractersticas especficas. Chega mesmo a afirmar que eles tm o linguajar mais simptico da nossa lngua brasileira.

    > Calvin faz uma crtica linguagem utilizada em um seriado de polcia a que ele e sua me assistem. Para ele, essa linguagem no corresponderia que ele conhece e que, de fato, deveria ser usada em programas de televiso. Provavelmente, ele percebe, nos seriados da TV, um uso mais formal da linguagem, inadequado ao contexto de dilogo entre as personagens e certamente diferente da que est acostumado a ouvir em seu cotidiano.

    Uso da gria - Pratique 26

    O objetivo desta atividade permitir que os alunos reflitam sobre a necessidade de avaliar o contexto em que a gria utilizada, para determinar se ele admite ou no um uso mais coloquial da linguagem. Desse modo, o texto serve como ponto de partida e chegada para a reflexo sobre os diferentes aspectos relacionados ela-borao dos textos. Assim, espera-se contribuir para que os alunos percebam a importncia da anlise das estru-turas textuais. Alguns alunos podem ler, para a turma, o texto que escolheram e explicar de que modo as grias definem um perfil especfico de interlocutor. Eles devem tambm dizer que interlocutor esse. No momento de avaliar a adequao dos textos escolhidos pelos alunos, importante observar se, de fato, o uso de grias cumpre uma funo ou se somente reflete a incapacidade do autor do texto de se adequar ao contexto de circulao e aos interlocutores de seu texto.

    Se sentir necessidade, existe, no Portal Moderna Plus, uma atividade para os alunos que trabalha os significados do texto Jaws: adrenalina pura.